Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Europa Dos Estados Absolutos: Estratificação Social e Poder Político Nas Sociedades de Antigo Regime
A Europa Dos Estados Absolutos: Estratificação Social e Poder Político Nas Sociedades de Antigo Regime
- Antigo Regime (século XVI – finais do século XVIII): época da História europeia
compreendida entre o Renascimento e as grandes revoluções liberais que corresponde à Idade
Moderna. O Antigo Regime caracteriza-se por uma estrutura fortemente hierarquizada (em
ordens), politicamente, corresponde às monarquias absolutas e, economicamente, ao
desenvolvimento do capitalismo.
Ordem/Estado:
categoria social A sociedade do Antigo Regime era constituída por ordens ou estados.
que goza de um
grau A ordem ou estado era uma categoria social definida pelo nascimento e pelas funções
determinado de
dignidade,
sociais que os indivíduos pertencentes a essa ordem desempenhavam.
correspondente Estratificação
Era uma sociedade fortemente hierarquizada, pelo que a mobilidade social (capacidade de social: divisão
à importância
da sociedade
da função um elemento de um grupo social transitar para outro grupo, superior ou inferior) era escassa.
social que em grupos
desempenha. A As três ordens ou estados em que se dividia a sociedade de Antigo Regime era o Clero hierarquicame
ordem assenta nte
mais no (ordem privilegiada), a Nobreza (ordem privilegiada) e o Terceiro Estado ou Povo (ordem não organizados
nascimento do consoante o
que na riqueza,
privilegiada). Herdada da Idade Média, esta estratificação social mantém vivos muitos dos seu prestígio,
perpetuando-se poder ou
privilégios e atributos que, nessa época, se atribuíam às ordens. No entanto, com o correr dos riqueza.
por via
hereditária e séculos, as ordens foram-se fragmentando numa pluralidade de grupos diferenciados, cada um
admitindo uma
mobilidade com o seu estatuto próprio.
social reduzida.
1 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
2 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
3 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
O Antigo Regime caracterizou-se, a nível politico, pelo sistema de monarquia absoluta, que
atingiu o expoente máximo nos séculos XVII e XVIII. Segundo Bossuet, o poder do rei tinha
quatro características:
1. Era sagrado, porque provém de Deus que o conferiu aos reis para que estes o exerçam
em seu nome;
2. Era paternal, o rei devia satisfazer as necessidades do seu povo, proteger os fracos e
governar brandamente, cultivando a imagem de “pai do povo”;
3. Era absoluto, o que significa independente. O rei assegurava, com o seu poder
supremo, o respeito pelas leis e pelas normas de justiça, de forma a evitar a anarquia
que retira aos homens os seus direitos e instala a lei do mais forte. O rei concentrava em
si os três poderes do Estado – legislativo, executivo e judicial;
4. Era sujeito à razão, isto é, à sabedoria do rei. O rei, escolhido por Deus, possui certas
qualidades: bondade, firmeza, força de caráter, prudência, capacidade de previsão – são
elas que asseguram o bom governo.
Na monarquia absoluta, o rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar a
Nobreza e o Clero. O grupo que rodeava o rei (sociedade de corte) estava constantemente
sujeito à vigilância deste. Em França, o centro da vida de corte desenrolava-se no Palácio de
Versalhes, onde habitavam o rei e a alta nobreza. O Palácio era, simultaneamente, lugar da
governação de ostentação do poder e de controlo das ordens privilegiadas.
Não foi o Absolutismo que inventou a corte mas foi ele que a transformou no espelho do
poder.
Tal como Luís XIV é o paradigma do rei absoluto, Versalhes é o paradigma da corte real.
Quem pretendia um cargo ou uma mercê só podia obtê-los no palácio. O luxo da corte arruinara
a nobreza que rivalizava no traje, nas cabeleiras, na ostentação, assim se esquecendo de que a
sua influência política se esvaíra nas mãos do soberano.
4 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
Nobres, conselheiros, “privados do rei”, funcionários que vivam na corte e para a corte,
seguindo as normas impostas por uma hierarquia rígida e uma etiqueta minuciosa. Esta
sociedade da corte servia de modelo aos que aspiravam à grandeza, pois representava o
cume do poder e da influência.
Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados” de modo a endeusar a sua
pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou político, pelo
que, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um sorriso, um olhar reprovador
assumiam um significado político, funcionando como recompensa ou punição de determinada
pessoa.
5 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
Caracterizar o “cavaleiro-mercador”
Nos séculos XVII e XVIII, os reis portugueses procederam a uma centralização do poder que
se caracterizou pelas seguintes etapas:
1. Século XVII – após o domínio filipino, D. João IV, o primeiro rei da dinastia de Bragança
viu-se na necessidade de restruturar os órgãos da administração central e de enfrentar a
situação de guerra. Assim, não sendo um rei de tipo absolutista, criou órgãos
(secretarias e os conselhos) em que delegava poderes.
Assim, ao longo do século XVII a resoluções tomadas em Cortes tinham cada vez
menos importância para o destino do Reino e a sua convocação foi-se tornando cada
vez mais rara até se extinguirem praticamente a partir de 1697.
2. Século XVIII – a figura mais marcante do absolutismo português, o rei D. João V, teve
um papel muito interventivo na governação, remodelando as secretarias criadas por D.
João IV e rodeando-se de colaboradores de confiança.
6 História
Escola Secundária Jaime Cortesão 2012/2013
Porém, a reforma da burocracia do Estado não se traduziu por uma maior eficiência para
os súbditos: por um lado, faltava estabelecer uma ligação entre a administração central e
a administração local; por outro lado, a dependência, para todas as decisões, da
aprovação do rei, tornava qualquer pedido um processo extremamente lento. Na prática
a burocracia central afastava o povo do seu rei.
7 História