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PERSONAGENS
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Andira: velho guerreiro, irmão de araquém


Caubi: índio tabajara, irmão de Iracema. O nom
e provém do termo tupi ka'aoby, que significa "mat
o verde" (ka'a, mato + oby, verde).[3]
Iracema: índia da tribo dos tabajaras, filha d
e Araquém, velho pajé; era uma espécie de vestal (
no sentido de ter a sua virgindade consagrada à di
vindade) por guardar o segredo de jurema (bebida m
ágica utilizada nos rituais religiosos). A palavra
"Iracema" é um anagrama de "América". Segundo o a
utor José de Alencar, "Iracema" seria uma palavra
com origem na língua tupi que significaria "A virg
em dos lábios de mel". Entretanto, o tupinólogo Ed
uardo de Almeida Navarro contesta tal etimologia,
sustentando que "Iracema" provém do nheengatu e si
gnifica "saída de abelhas, enxame".
Martim: guerreiro branco, amigo dos potiguaras
, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras
; os potiguaras lhe deram o nome de Coatiabo.
Moacir: filho de Iracema e Martim, o primeiro
brasileiro miscigenado. O nome provém do termo tup
i moasy, que significa "arrependimento", "inveja".
Segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro,
a etimologia dada por Alencar ao nome não é corret
a.[4]
Poti: herói dos potiguaras, amigo (que se consi
derava irmão) de Martim.
Irapuã: chefe dos guerreiros Tabajaras; apaixo
nado por Iracema. O nome "Irapuã" é proveniente do
termo tupi eirapu'a, que designa as abelhas melip
onídeas,[1] que são as abelhas tropicais sem ferrã
o, nativas do Brasil.[5]
Jacaúna: chefe dos guerreiros potiguaras, irmão
de Poti.
Araquém: pajé da tribo tabajara. Pai de Iracema
e Caubi.
Batuirité: o avô de Poti. Chama Martim de "Gav
ião Branco". Antes de morrer, profetiza a destruiç
ão de seu povo pelos brancos.
Japi: cão de Martim. "Japi" é o nome de um páss
aro (Cacicus cela).

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RESUMO
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Durante uma caçada, Martim se perdeu dos companhei


ros pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durant
e três dias.

No interior das matas pertencentes à tribo dos tab


ajaras, Iracema se deparou com Martim. Surpresa e
amedrontada, a índia feriu o branco no rosto com u
ma flechada. Ele não reagiu. Arrependida, a moça c
orreu até Martim e ofereceu-lhe hospitalidade, que
brando com ele a flecha da paz.

Martim foi recebido na cabana de Araquém, que ali


morava com a filha. Ao cair da noite, Araquém havi
a deixado seu hóspede sozinho, para que ele fosse
servido pelas mais belas índias da tribo. O jovem
branco estranhou que entre elas não estivesse Irac
ema, a qual lhe explicou que não poderia servi-lo
porque era quem conhecia o segredo da bebida ofere
cida ao pajé e devia prepará-la.
Naquela noite, os tabajaras recepcionavam festivam
ente seu grande chefe Irapuã, vindo para comandar
a luta contra os inimigos pitiguaras. Aproveitando
-se da escuridão, Martim resolveu ir-se embora. Ao
penetrar na mata, surgiu-lhe à frente o vulto de
Iracema.

Visivelmente magoada, ela o seguira e lhe pergunto


u se alguém lhe fizera mal, para ele fugir assim.
Percebendo sua ingratidão, Martim se desculpou. Ir
acema pediu-lhe que esperasse, para partir, a volt
a, no dia seguinte, de Caubi, que o saberia guiar
pela mata. O guerreiro branco voltou com Iracema e
dormiu sozinho na cabana.

Na manhã seguinte, incitados por Irapuã, os tabaja


ras se prepararam para a guerra contra os pitiguar
as, que estavam permitindo a entrada dos brancos.
Martim foi passear com Iracema. Ele estava triste;
ela lhe perguntou se eram saudades da noiva, que
deixara para trás. Apesar da negativa de Martim, a
moça o levou para um bosque silencioso e prometeu
fazê-lo ver a noiva; deu-lhe gotas de uma bebida
que ela preparou.

Após tomá-las, Martim adormeceu e sonhou com Irace


ma; inconsciente, ele pronunciou o nome da índia e
a abraçou; ela se deixou abraçar e os dois se bei
jaram. Quando Iracema ia se afastando, apareceu Ir
apuã, que declarou amor à assustada moça e ameaçou
matar Martim. Diante da reação contrária dela, Ir
apuã se foi, ainda mais apaixonado. Apaixonada, po
rém, estava Iracema por Martim e passou a ficar pr
eocupada pela vida dele.

Na manhã seguinte, Martim achou Iracema triste, ao


anunciar-lhe que ele poderia partir logo. Para fa
zê-la voltar à alegria, ele disse que ficaria e a
amaria. Mas a índia lhe informou que quem se relac
ionasse com ela morreria, porque, por ser filha do
pajé, guardava o segredo da Jurema. Ambos sofriam
com a idéia da separação.
Seguindo Caubi, Martim partiu triste, acompanhado
por Iracema, também triste. Com um beijo, os dois
se despediram e o branco continuou sua caminhada s
omente com Caubi. Irapuã, à frente de cem guerreir
os, cercou os caminhantes para matar Martim. Caubi
se opôs e soltou o grito de guerra, ouvido na cab
ana por Araquém e pela filha.

Esta correu e assistiu à cena; Irapuã ameaçava Mar


tim, que se mantinha calmo. A moça quis persuadi-l
o a fugir; ele não aceitou a idéia, resolveu enfre
ntar Irapuã, apesar de Caubi provocar o enciumado
tabajara para lutar com ele. Quando Irapuã e Caubi
iam começar uma luta corpo a corpo, ouviu-se o so
m de guerra dos pitiguaras, que vinham atacar os t
abajaras. Chefiados por Irapuã, os índios correram
para enfrentar o inimigo. Só Iracema e Martim não
se movimentaram.

Como não encontrasse os pitiguaras – provavelmente


escondidos na mata, Irapuã achou que o grito de g
uerra fora um estratagema usado por Iracema para a
fastá-lo de Martim. Então foi procurá-lo na cabana
de Araquém. Protegendo seu hóspede, o velho pajé
ameaçou matar Irapuã se ele levantasse a mão contr
a Martim. Para afastar o irado chefe, Araquém prov
ocou o ronco da caverna que os índios acreditavam
ser a voz de Tupã quando discordava do que acontec
ia. Na verdade, esse ronco era um efeito acústico
que Araquém forjava. Mediante isso, Irapuã se afastou.

No silêncio da noite, ouviu-se na cabana de Araqué


m o grito semelhante ao de uma gaivota. Iracema di
sse ser o sinal de guerra dos pitiguaras; Martim r
econheceu o som que emitia seu amigo Poti. Iracema
ficou com medo porque a fama da bravura de Poti e
ra conhecida e temida: ele estaria vindo para libe
rtar seu amigo, destruindo os tabajaras? A moça fi
cou triste, mas garantiu fidelidade a Martim, mesm
o à custa da morte de seus irmãos de raça. O branc
o tranqüilizou-a, afirmando que fugiria, para evit
ar o conflito.

A índia foi encontrar-se com Poti para lhe dizer q


ue Martim iria com ele, escondido, a fim de evitar
um conflito das tribos inimigas. Antes de sair, e
la ouviu do pai, em segredo, a recomendação de que
, se os comandados de Irapuã viessem matar Martim,
ela o escondesse no subterrâneo da cabana, vedado
por uma grande pedra.

Não era prudente Martim afastar-se às claras porqu


e poderia ser seguido. Nisso, apareceu Caubi para
alertar a irmã e Martim de que os tabajaras tencio
navam matar o branco. Iracema pediu ao irmão que l
evantasse a pedra para ela e Martim entrassem no e
sconderijo e que ele ficasse de guarda.

Irapuã chegou à porta da cabana, acompanhado de se


us subordinados, todos bêbados, e discutiu com Cau
bi. Nesse instante, reboou o trovão de Tupã. O vin
gativo chefe não se acalmava. Reboou mais uma vez
o trovão, que os índios entenderam como sendo a am
eaça de Tupã. Cercaram o chefe e o levaram de lá,
amedrontados.

No interior da caverna, Iracema e Martim ouviram a


voz de Poti, embora sem vê-lo. Ele lhes declarou
que estava vindo sozinho para levar Martim, seu ir
mão branco. Por sugestão de Iracema, ficou combina
do que Martim fugiria ao encontro de Poti só na mu
dança da lua, ocasião em que os tabajaras estariam
em festa e assim ficaria mais fácil os dois evita
rem o encontro com o irado Irapuã.

À noite, na cabana, ausente Araquém, Martim, ao la


do de Iracema, não conseguia dormir: desejava-a, m
as ela era proibida. Então, ele lhe pediu que trou
xesse vinho para apressar o sono. Dormiu e sonhou
com Iracema, chamando-a; ela acorreu acordada. Ain
da dormindo, sonhou que se abraçavam, sendo que Ir
acema o abraçou de verdade. Na manhã seguinte, Mar
tim se afastou da moça, dizendo que só podia tê-la
em sonho. Ela guardou o segredo do abraço real e
foi banhar-se no rio. Mal sabia Martim que Tupã ha
via acabado de perder sua virgem.

No final da tarde, quando a lua apareceu, os tabaj


aras se reniram em torno do pajé, levando-lhe ofer
endas. Iracema dirigiu-se à cabana do pai para bus
car Martim e conduzi-lo até Poti que o aguardava e
scondido a fim de levá-lo, livrando-o de Irapuã. I
racema os acompanhou até o limite das terras tabaj
aras.

Quando Martim insistiu em que ela retornasse para


a tribo, ela lhe revelou que não poderia fazer iss
o, porque já era sua esposa. Surpreso, Martim fico
u sabendo que tinha sido realidade o que sonhara.
Ao escurecer, interromperam a caminhada e Martim p
assou a noite na rede com Iracema.

Ao raiar da manhã, Poti, preocupado, os chamou, al


ertando que os tabajaras já estavam na sua persegu
ição, informação que ele colheu escutando as entra
nhas da terra. Envergonhado, Martim pediu que Poti
levasse Iracema e o deixasse só, pois ele merecia
morrer. O amigo disse que não o largaria. Iracema
apenas sorriu e continuou com eles.

Irapuã e seus comandados chegaram ao local onde es


tavam os fugitivos. Acorreram também os pitiguaras
, sob a chefia de Jacaúna. Travou-se o inevitável
combate. Jacaúna atacou Irapuã; Caubi, agora com ó
dio do raptor de sua irmã, atacou Martim, mas, a p
edido de Iracema, o branco simplesmente se defende
u, pois ela disse que, se Caubi tivesse que morrer
, isso aconteceria pelas mãos dela. Então, Martim
deixou Caubi por conta de Poti, que já havia matad
o vários tabajaras, e enfrentou Irapuã, afastando
Jacaúna.
A espada de Martim espatifou-se no choque com o ta
cape. Quando Irapuã avançou contra o banco desarma
do, Iracema arrojou-se contra o chefe tabajara e o
impediu de prosseguir a luta. Nesse instante, soo
u o canto de vitória: Jacaúna e Poti haviam vencid
o. Os tabajaras fugiram, levando Irapuã com eles.
Iracema chorou vendo seus irmãos de raça mortos.

Poti retornou à sua taba, às margens do rio, feliz


por ter salvo seu irmão branco. Iracema estava tr
iste por ficar hospedada na trigo inimiga de seu p
ovo. Ciente disso, Martim resolveu procurar um lug
ar afastado para morarem. Puseram-se a caminho o c
asal e Poti, que fez questão de acompanhá-los. Ach
aram um local apropriado. Martim pensava em trazer
seus soldados para se aliarem aos pitiguaras cont
ra os tabajaras.

Na nova rotina diária, Poti e Martim caçavam, Irac


ema colhia frutas, passeava pelos campos, arrumava
a cabana, sempre na expectativa da volta de Marti
m. Grávida, ela aguardava a hora do parto e já não
sentia mais contrariedade por ter saído de sua na
ção. Com festas, Martim foi introduzido na tribo p
itiguara adotando o nome de Coatiabo.

Com o passar do tempo, Coatiabo começou a entrar e


m depressão. Iracema não o fascinava tanto. Ele vi
via mais afastado, tomado pela lembranças do passa
do anterior à vida na selva. Ficava olhando as emb
arcações passando a longe no mar, sem dar muita at
enção à índia.

Certo dia, chegou até à região dos três um índio q


ue, a mando de Jacaúna, convocou Poti para a guerr
a: uns brancos haviam se aliado a Irapuã para comb
ater os pitiguaras. Martim fez questão de ir com o
amigo.

Os dois guerreiros partiram sem se despedir de Ira


cema. Ao caminharem ainda no território de sua naç
ão, à beira de um lago, Poti fincou no chão uma fl
echa de Martim e atravessou nela um goiamum que el
e acabara de abater, sabendo que a índia, ao ver a
seta daquele jeito, entenderia o sinal de que o e
sposo havia partido. Martim entrelaçou nela uma fl
or de maracujá.

De fato, quando Iracema foi se banhar no dia segui


nte, viu a flecha, entendeu seu sinigficado e chor
ou. Voltou triste para a cabana. Todos os dias ela
retornava e tinha confirmação de que Martim estav
a longe. Seus dias passaram a ser muito tristes. N
uma dessas manhãs, ouviu o som da jandaia que a ac
ompanhava quando morava entre os seus. Comoveu-se,
arrependeu-se de havê-la deixado para trás e de n
ovo a tornou sua amiga de todas as horas.

Os dois guerreiros retornaram da batalha, vitorios


os. Graças à participação de Martim, que atuou efi
cazmente, os pitiguaras venceram, pois, sem a coop
eração da raça branca, haveria o empate das forças
indígenas adversárias.

De novo em sua cabana, Martim e Iracema se amaram


como no início de seu relacionamento. Aos poucos,
porém, ele voltou a se isolar triste, olhando para
os horizontes infinitos do mar, com saudade de su
a gente. Iracema se afastava, também triste. Marti
m sabia que, se voltasse para sua terra, ela o aco
mpanharia; então, ele estaria tirando dela um peda
ço de sua vida, que era a convivência com seus par
entes e amigos nas selvas.

Martim negava que estivesse com saudade da namorad


a branca que deixara em sua terra, mas a tristeza
de Iracema crescia porque ela não acreditava na ne
gativa dele; então, a desconsolada índia prometia
que sairia da sua vida tão logo nascesse o filho.

Um dia, apareceu no mar, ao longe, um navio dos gu


erreiros brancos que vinham aliar-se aos tupinambá
s para lutarem contra os pitiguaras. Poti e Martim
armaram uma estratégia de defesa. Esconderam seus
guerreiros e atacaram os inimigos de surpresa. A
vitória foi retumbante.

Enquanto Martim estavacombatendo, Iracema teve soz


inha o filho, a quem chamou de Moacir, filho da do
r. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua frente o
irmão Caubi, que, saudoso, vinha visitá-la, traze
ndo paz. Admirou a criança, porém surpreendeu-se c
om a tristeza da irmã, que pediu a ele que voltass
e para junto de Araquém, velho e sozinho.

De tanto chorar, Iracema perdeu o leite para alime


ntar o filho. Foi à mata e deu de mamar a alguns c
achorrinhos; eles lhe sugaram o peito e dele arran
caram o leite copioso para voltar a amamentar. A c
riança estava se nutrindo, mas a mãe perdera o ape
tite e as forças, por causa da tristeza.

No caminho de volta, findo o combate, Martim, ao l


ado de Poti, vinha apreensivo: como estaria Iracem
a? E o filho? Lá estava ela, à porta da cabana, no
limite extremo da debilidade. Ela só teve forças
para erguer o filho e apresentá-lo ao pai. Em segu
ida, desfaleceu e não mais se levantou da rede.

Suas últimas palavras foram o pedido ao marido de


que a enterrasse ao pé do coqueiro de que ela gost
ava tanto. O sofrimento de Martim foi enorme, prin
cipalmente porque seu grande amor pela esposa reto
rnara revigorado pela paternidade. O lugar onde se
enterrou Iracema veio a se chamar Ceará.

Martim retornou para sua terra, levando o filho. Q


uatro anos depois, eles voltaram para o Ceará, ond
e Martim implantou a fé cristã. Poti se tornou cri
stão e continuou fiel amigo de Martim. Os dois aju
daram o comandante Jerônimo de Albuquerque a vence
r os tupinambás e a expulsar o branco tapuia. De v
ez em quando, Martim revia o local onde fora tão f
eliz e se doía de saudade. A jandaia permanecia ca
ntando no coqueiro, ao pé do qual Iracema fora ent
errada. Mas a ave não repetia mais o nome de Irace
ma. "Tudo passa sobre a terra."

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