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I – DA JUSTIÇA GRATUITA
1
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança e ação popular. 6. ed. São Paulo: RT, 1979, p. 28/32
Nesta tônica, averba Luís Roberto Barroso2 em concisa obra sobre o tema:
“Tal como ocorre nos exemplos citados das normas de direito civil e penal, a
competência legislativa ampla em matéria de transporte não diz respeito apenas à
União como ente central. Muito ao revés, o tema afeta a todos os entes federativos
e à população de um modo geral, assumindo caráter claramente nacional. De fato,
imaginar as competências da União na matéria como algo diverso de competências
nacionais não faria sequer sentido. O ente central não tem uma população ou um
território autônomos e o transporte, referido nos dispositivos transcritos, será
realizado no território de diferentes Estados e Municípios”.
2
BARROSO, Luís Roberto. “Federação, Transportes e Meio Ambiente: interpretação das competências federativas”.
In: André Ramos Tavares, George Salomão Leite e Ingo Wolfgang Sarlet (Orgs.). Estado Constitucional e Organização
do Poder. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 492-493.
I- Legislação sobre trânsito: competência privativa federal: CF, art. 22, XI. II-
Lei 11.766, de 1997, do Estado do Paraná, que torna obrigatório a qualquer veículo
automotor transitar permanentemente com os faróis acesos nas rodovias do Estado
do Paraná, impondo a pena de multa aos que descumprirem o preceito legal:
inconstitucionalidade, porque a questão diz respeito a trânsito7. (grifo nosso)
5
STF. Plenário, RE 227.384-8, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 09/08/2002
6
STF. Plenário, ADI 874, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 28/02/2011
7
STF. Plenário, ADI 3055, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 03/02?2006
8
STF. Plenário, ADI 2.606, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 07/02/2003
Para que não restem dúvidas sobre o que ora se afirma, deitemos olhar bastante
objetivo sobre a Lei 12.468/11, que fixa:
Isto posto, resta clara a diferenciação entre Taxi e UBER, de forma a tornar
incoerente qualquer tentativa – por parte do Poder Público – de submeter o impetrante e
demais motoristas do UBER a normas que são expressamente destinadas aos taxistas!
Seria o mesmo que, mutatis mutandi, exigir da magistratura deveres que são
inerentes aos membros do Ministério Público, ou destes algo que fosse inerente à
Defensoria Pública, e assim por diante. Não é arrazoado cobrar de um o que só pode ser
cobrado de outro, tampouco punir-lhe em virtude deste raciocínio estapafúrdio.
I - quanto ao objeto:
a) de passageiros;
b) de cargas;
a) coletivo;
b) individual;
a) público;
A diferença entre UBER e Taxi tem sido reconhecida nas cortes em que tal
questão fora arguida, seguindo exemplo recente:
Até aqui, vimos que não compete ao Município legislar acerca da atividade do
impetrante; que o impetrante exerce atividade diferente da exercida pelos taxistas; e que o
serviço prestado pelo impetrante carece de diploma que o regule. Isto posto, surge uma
nova indagação: pode um serviço que ainda não fora devidamente regulamentado
funcionar? A resposta é SIM.
9
REALE, Miguel. O Plano Collor II e a intervenção do Estado na ordem econômica. In: Temas de Direito Positivo. São
Paulo: RT, 1992
I - a soberania;
II - a cidadania
Ao passo que é lícito ao agente privado fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, é
igualmente sabido que só compete ao ente público fazer o que a lei permite.
10
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Princípios constitucionais e atividade jurídico-administrativa: anotações em torno de
questões contemporâneas. São Paulo: Resenha Eleitoral - Nova Série, v. 10, n. 1 2003
Assim sendo, não restam dúvidas de que, ao atuar como motorista parceiro do
UBER, não incorrem os impetrantes em nenhuma conduta típica de censura por parte da
Administração; muito pelo contrário: passam os impetrantes tão somente a exercer direito
que lhe é constitucionalmente assegurado.
Outro pronto que vem sendo repisado é que os impetrantes estariam incidindo
na prática de concorrência desleal. Nada obstante, esta alegação não merece progredir, de
forma que, antecipando-se a eventuais ponderações neste sentido, resolvemos trazer
alguns aclaramentos relativos à questão.
(...)
IV - livre concorrência;
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. (grifo nosso)
O fumus boni iuris consiste, aqui, nos dispositivos de ordem constitucional que
asseguram aos impetrantes a prática de sua atividade comercial, haja vista ser facultado
aos mesmos a condução de suas atividades econômicas, ainda que não haja – por hora – a
devida regulamentação.
A Emérita Juíza desta comarca, Nádia Maria Frota Pereira, em decisão até então
inédita, alcançou os noticiários ao deferir liminar de igual teor (em anexo), determinando,
in verbis, que “as autoridades impetradas que se abstenham de praticar quaisquer atos ou
medidas que coíbam o impetrante, João José de Freitas Filho, de exercer sua atividade
livremente”.
Assim, o contrato viabilizado pelo UBER tem natureza privada, motivo pelo
qual, o deferimento da liminar é medida que se impõe. Ademais, a conduta
adotada pela Parte Ré dificulta o exercício da atividade laborativa do Impetrante,
ferindo, em consequência, o princípio da preservação da atividade econômica, bem
como o da razoabilidade. Comprova-se, assim, a existência do fumus boni juris.
Ademais, o perigo de se aguardar a decisão final, caso indeferida a medida
antecipatória, reside nos evidentes prejuízos suportados pela Parte
Impetrante, por estar impossibilitada de praticar suas atividades regularmente.
ISSO POSTO, defiro a liminar pleiteada por LEONARDO MENDES PADILHA contra
ato COMANDANTE DA GUARDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, DIRETOR
DA EMPRESA DE TRANSPORTES E TRÂNSITO DE BELO HORIZONTE-
BHTRANS, COMANDANTE DO BATALHÃO DE POLÍCIA DE TRÂNSITO DE DA
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz,
se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências
que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
IX – DOS PEDIDOS
(Assinado digitalmente)
OAB-CE 35.025