Você está na página 1de 117
Dados Internacionals de Catalogaese na Publieagao (CIP) (Ciara Brasileira do Livo, SP, Brasil) Koch, Ingedore Grunfeld Vilapa. kota Algumoniagtoe nguagom’ Ingedre G. Vlaga Koch. ~ 8. ed, ~ 980 Paulo: Cortez, 2002, Bibliogratia SBN 85-249-0328-5 1. Anise da digcurso, 2. Gramitica comparada egeral~ Sintaxe. 2. Lnguagem e lgiea, 4. Linguistica. 5, Logica 6.Pragialica. 7. Semintea. | Tilo 00-410 401 ‘412 84.0353 415 Indices para catalogo sistemitico: Argumentagao : Toots: Linguistica 410 Discurso: Andlso : Linguistica 410 Gramdlea: Linguistica 415 LUnguagem ologica 401, Pragmatica: Linguagem 401 ‘Soméntica argumeriaiva. 412 Sintaxe © Teoria Linguistica 415 Ingedone G. Villaga Koch Arqumentacio € Linquagem f APRESENTACAO ~~ Estudos que renovam os temas e no apenas sua abordagem, que apresentam posigées tedricas relevantes @ nao simples ino- vagoes terminolégicas so sempre bem-vindos. Bem-vindo, por- lanto, este livia de Ingedore G. V. Koch, uma lingdista cujas preocupagdes vem se concentrando em temas vinculados a and- lise de texto. Area de estudos recentemente introduzida no pa- norama te6rico da Lingiistica no Brasil e uma espécie de cinderela da Linglistica desde o final da década de sessenta, que chega agora a condigao de princesa. Uma princesa que tem mais do que apenas eneantos para admiragdes: tem 0 reconhe- cimento por suas valiosas contribuigdes no melhor conhecimen- to do funcionamento da linguagem. A analise do discurso ou linguistica de texto, a denominagdo nao nos deve desviar do essencial, tem dimens6es que abar- cam 0 que hid longo tempo ver florescendo e se desenvolvendo ‘om varias areas interligadas: a semntica, a pragmatica, a ret6 rica, a teoria da argumentacdo, entre outras. E percorrendo es- es dominios e os problemas neles envolvidos que Ingedore G, V. Koch constréi suas andlises cercando-as de muitos lados, contrando-se sobretudo na semantica argumentativa, por ela de ominada macrossintaxe do discurso. Linguagem e Argumentagao vem escrito em terminologia téc- hica precisa, sempre definida, em estilo despojado, sem requin- ls formais desnecessarios, sem histerias tedricas. Constituldo ° de capitulos de uma tese doutoral defendida na Pontificia Uni- versidade Catolica de Sao Paulo em 1981 e de estudos poste~ riores apresentados em Encontros e Congressos, consegue pre~ servar grande unidade tematica. Situando o leitor no contexto da discussao tedrica, a Autora, apés comparar varias teorias ‘sobre 0 mesma toma, assume posigbes claras € orienta para 0 aproveitamento pratico, Isto da ao livro caracteristicas de um instrumento didético uma vez que, no mais rigoroso estilo anal tico-sistematica, ver recheado de analises ilustrativas. ‘Ao propor, logo de inicio, que “a interagao social por intermédio, da lingua caracteriza-se, fundamentalmente, pela argumentativ dade", a Autora enuncia com precisao a tese central em tomo {da qual constuiré todo 0 lvro. Invertendo a nogao de que a fun- ‘edo comunicativa & a mais importante fun¢ao da linguagem, de- fende a proposta de que “o ato linguistico fundamental" é 0 ato de argumentar. Isto significa que comunicar nao é agir na fexplicitude linglistica e sim montar o discurso envolvendo as intencdes em modas de dizer cuja agao discursiva se realiza ‘nos diversos atos argumentativos construidos na triade do fa- lar, dizer e mostrar. Para tanto a Autora percorre os caminhos desenvolvidos por Austin, Searle, Grice, Strawson, C. Vogt, H. Weinrich e outros, frmando-se nas posigdes de O. Ducrot, que, ‘a0 longo de suas vatias © sucessivas revisdes 6 0 que melhor trabalha 0 problema da argumentatividade na linguagem. Mas se a tese de que a fungi basica da linguagem @ argumen- tar 6 clara, 0 uso dos termos argumentar, argumentagao © ‘argumentatividade merece uma explanacéo, Para que 0 leitor no se desnorteie nas malhas semanticas destes termos, a Au- tora define o uso dos mesmos explicando que neste caso eles 1ndo se inscrevem no contexto légico-formal com o valor de pro- va, mas no ambito da retérica. Com isto, o ato de argumentar & Visto como 0 ato de persuadir que “procura atingir a vontade” envolvendo a subjetividade, os sentimentos a temporalidade, buscando adesao © néo criando certezas. Termos-chave para caracterizar as relacées pragmaticas entre o enunciado e a enun- ciagdo, realizadas num nivel paralégico e nao légico-formal, laqueles termos so estudados como processos de formacao de ‘sentidos. Correta, pois, a observacao inicial que poe argumen- tagdo e retérica como “quase sindnimos", ou seja, como niveis 10 de funcionamento pragmatic ¢ no como encadeamentos 16- gicos detinidos por fungdes veritativas. E com razao, portanto, que Linguagem e Argumentagao se autodefine como uma macrossintaxe discursiva, visando & andlise das relagées prag- mmaticas, ideolégicas ou arqumentativas no discurso endo. a0 nivel frasal Esta compreensao do termo arqumentar torna possivel e fut 0 0 uso de ldgicas nao bivalentes, o que faz as varias incursbes ‘em légicas modais ao longo do livro substancialmente significa- tivas. A andlise das modalidades no discurso evidencia um tipo de funcionamento do enunciado diferente daquele que ocorre nas relacdes formais explicitas, onde o valor-verdade obriga & adogdo de uma semantica referencial simplesmente. Isto 6, 0 Jogo das modalidades serve tanto para determinar uma tipologia do discurso com base nos critérios de eficdcia, ideolagia e von- tade, como para funcionar como marcador de tensées, compro- ‘missos, intengdes e regulador das forgas ilocuciondrias, como por exemplo no estudo da negagao em verbos performativos. Por esta via legitima-se, também, a andlise da linguagem em ‘seu funcionamento concrato, em oposigdio aos estudos do siste- rma In vitro, fazendo do ato de enunciagao a base para a inter- pretagao e compreensao do discurso. Este tipo de exploracao das relagbes discursivas tem a vantagem de poder estender-se para além do estritamente seméntico, permitindo um sistema Integrado para a abordagem da sintaxe-semantica-pragmatica, ‘som recorrer ao artficialismo de apresentar a pragmatica como um nivel a mais ou posterior ao simplesmente linguistico. Em conseqléncia, possiblita uma redefinicao da nogao de extralin- gUistico justilica a integracao da pragmatica & descrigao lin- {aistica, Por este caminho a abordagem das relacdes de coor- denagao e subordinagao ¢ feita com base nas suas funcdes argu- mentativas @ nao no velho esquema das relagbes gramaticais. ‘Assim, o estudo da dependéncia ou interdependéncia de oragdes, ‘2 nogao de completude das coordenadas @ a propria nogao de ‘ragdo principal foge aos critérios meramente formais e sintati- ‘os para se fazer a0 nivel do funcionamento global da linguagem. Na mesma linha 6 visto funcionamento dos tempos verbals, ser vindo eles mais como marcas de atitudes do que indicadores de tempo cronolégico. Este uso “inerentemente argumentativo™ da "1

Você também pode gostar