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Pr.

Ary Queiroz Vieira Júnior 1


A Justificação Pela Fé Somente

A Justificação Pela Fé Somente

Em nosso último encontro, aprendemos verdades valiosas à nossa compreensão do


Evangelho. Sem termos aquelas verdades em mente, não conseguiríamos discernir
sequer o motivo de Cristo ter vindo à cruz. Relembremos as verdades aprendidas no
último estudo:

1. Porque Deus é Santo, Ele está inteiramente livre de contaminar-se com o mal;
que Sua natureza aborrece o mal; e que Ele exige perfeição de Suas criaturas.
2. O PADRÃO da santidade de Deus é o próprio Deus e Sua Lei.
3. A natureza humana, por nascimento, está contaminada com o pecado e
impossibilitada de alcançar o PADRÃO divino. Em verdade, está incapacitada
de cumprir qualquer ponto da Lei de Deus perfeitamente. O melhor da raça
humana não passa de “trapos da imundícia”.
4. Se o único caminho para Deus fosse através do cumprimento de Sua Lei, não
haveria salvação. Ninguém se salvaria.

Agora, o que nos resta? Fazermos como Davi. Na continuação do Salmo 5, citado no
encontro anterior, ele disse: “Porém eu entrarei em Tua casa pela grandeza da Tua
misericórdia” (Salmo 5:7). Não nos resta mais nada, senão atentarmos para a graça
redentora de Deus e ver que providência Ele tomou quanto à salvação dos homens.

Recordemos, pois, onde ficamos: “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei
estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para fazê-las”
(Gálatas 3:10). O homem está debaixo da MALDIÇÃO DA LEI. Quem está debaixo da
maldição? Todos os homens, sem exceção alguma! “(...) Já dantes demonstramos
que (...) todos estão debaixo do pecado” (Romanos 3:9). “A Escritura encerrou
tudo debaixo do pecado (...)” (Gálatas 3:22).

No tempo em que estamos sem o conhecimento salvador do Evangelho de Cristo, a


Escritura (a Lei) cumpre perfeitamente o seu papel de evidenciar o quanto nós somos
pecadores, pois é “pelo mandamento que o pecado se faz excessivamente
maligno” (Romanos 7:13). Noutras palavras, Deus não faz exigências aos homens,
em Sua Lei, por acreditar que eles sejam capazes de cumpri-las. As exigências da Lei
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de Deus são usadas por Ele para tornar evidente a rebeldia da nossa natureza,
sempre disposta a desagradar o Criador.

Os homens estão dispostos a ter uma religião e a confessar e ouvir “coisas bonitas”
sobre Deus. Mas, não suportam suas proibições e mandamentos. O efeito normal da
exigência da Lei de Deus no homem pecador não é levá-lo à obediência, mas
estimulá-lo ao pecado. Não porque haja “problema” na lei! O problema está na
natureza humana. “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu
não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu
conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7:7).

A Lei, portanto, não nos é dada porque sejamos capazes de cumpri-la. Muito ao
contrário, ela nos torna réus, por desobedecermos constantemente seus
mandamentos e proibições, e dignos do castigo nela prescrito. Portanto, malditos!

Mas vejamos o que Deus fez, através da vida e da morte do Seu Filho Jesus Cristo. A
vida terrena de Cristo foi marcada pela perfeita obediência à Lei de Deus. “Não
penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, vim para
cumprir” (Mt 5:17). Em mais de uma ocasião, Ele desafiou os homens à sua volta a
acusar-Lhe de algum pecado, caso encontrassem, ocasião em que se calaram.
“Quem dentre vós me convence do pecado?” (Jo 8:46a). Mesmo acusado pelos
judeus, que pediam a sua crucificação, Pilatos e sua esposa o reconheciam como
“justo” (Mt 27:19,24). O centurião romano que o crucificava reconheceu que
verdadeiramente Ele era o Filho de Deus (Mt 27:54). Em Sua vida, Cristo estava
adquirindo uma santidade humana, uma justiça perfeita, que seria atribuída a
pecadores. “(...) foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado” (Hb 4:15b).

Em Sua morte, "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro"
(Gálatas 3:13). Neste versículo esclarecedor se encontram muitas informações
preciosas. Nele, temos o Salvador compadecendo-se de pecadores indignos e
malditos e colocando-se no lugar deles.
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A palavra “resgatar” era usada para o comércio no mercado de escravos. “Resgatar”


um escravo era libertá-lo, mediante pagamento de preço, do domínio de um senhor. O
homem natural é escravo da maldição da lei! A Lei, para o homem natural, é uma
senhora tirana e cruel, porque, ao passo que lhe promete vida caso este a cumpra, na
prática, apenas revela a malignidade do seu pecado e o condena. A Lei revela ao
homem o quanto ele é pecador e quão digno do castigo eterno ele é.

Todavia, Cristo assume o lugar de pecadores. Notemos as palavras do apóstolo


Paulo: ‘fazendo-se maldição por nós’. Cristo, o bendito de Deus, tomou sobre Si a
maldição dos malditos. O homem sem pecado morreu NO LUGAR de pecadores.
Jesus Cristo colocou em Si as algemas que os prendiam, para que viessem à
liberdade. “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas
dores levou sobre si (...) Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e
moído pelas nossas iniquidades” (Isaías 53:4a,5a).

Demos mais um passo em nossa compreensão. Atentemos para mais um versículo


em Gálatas: "Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas
pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos
justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras
da Lei nenhuma carne será justificada" (Gálatas 2:16).

O versículo é inequivocamente claro. Por três vezes se diz que o homem pecador não
será justificado pela obediência à Lei ou pelas boas obras. Semelhantemente, por três
vezes se diz que o homem pecador é justificado pela fé (somente!). A razão única da
salvação de qualquer homem é a morte de Cristo em seu lugar. Ele se fez maldito
para libertar pecadores da maldição da Lei. Mas, atentemos a isto: a instrumentalidade
com que a salvação de Cristo é aplicada ao pecador é a Fé. Assim, "pela graça sois
salvos, por meio da fé (...)" (Efésios 2:8).

Novamente, se a razão de nossa salvação é a morte na cruz, a fé é o instrumento


mediante o qual os benefícios da cruz nos são apropriados.

De sorte que na cruz houve uma real NEGOCIAÇÃO:


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1. Nela, a maldição imposta pela Lei aos que a desobedecem (a todos, portanto),
foi dada a Cristo - Ele se fez maldição por pecadores! Ele morreu como todo
pecador deveria morrer: como um malfeitor da Lei. Ele morreu a morte que
deveríamos ter morrido, sob a ira de Deus!
2. Por outro lado, a Sua perfeita obediência à Lei adquirida em sua peregrinação
humana - pois Ele veio “para cumprir a Lei” (Mateus 5:17) e viveu como um
homem “sem pecado” (Hb 4:15) - é imputada a pecadores no tempo oportuno,
pela exclusiva instrumentalidade da fé. Ele viveu como deveríamos ter vivo.
Cristo morreu a nossa morte para nos conceder a Sua vida!

Eis o caminho para a aceitação diante de Deus: a perfeição humana de Cristo, a


Sua santidade humana, atribuída ao pecador, por meio da fé. Mais uma vez: Se "é
evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, PORQUE O
JUSTO VIVERÁ PELA FÉ"! (Gálatas 3:11).

Alguém poderia tentar uma forma de conciliação entre a salvação pelas obras da Lei e
pela graça, mediante a fé. Diriam alguns: "Não creio que 'somente' a fé seja suficiente
para a salvação. A fé, sem dúvida, mas somada à nossa obediência à Lei". Este
parece um argumento razoável, mas só aparência. Tentar acrescentar à pura fé as
obras da Lei seria como duvidar da suficiência da obra de Cristo na cruz. Noutras
palavras, seria uma aniquilação da graça de Deus, pois “se é pela graça, já não é
pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11:6). Foi combatendo este
absurdo que o apóstolo Paulo reagiu: "Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a
justiça provém da Lei, segue-se que Cristo morreu debalde [em vão,
inutilmente]” (Gálatas 3:21).

Perguntas para reflexão:


1. Pelo que aprendemos, o que Cristo adquiriu para pecadores em Sua vida
terrena?
2. O que Cristo fez por pecadores na Sua morte de cruz?
3. Quando cremos – exercemos fé salvadora -, o que acontece?
4. Isto acontece pela fé somente?

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