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UFU/FAMAT Geoestatística Básica e Aplicada

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


FACULDADE DE MATEMÁTICA
NÚCLEO DE ESTUDOS ESTATÍSTICOS E BIOMÉTRICOS

GEOESTATÍSTICA BÁSICA E APLICADA

EDNALDO CARVALHO GUIMARÃES

Fevereiro - 2004
Uberlândia - MG

1 Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães


UFU/FAMAT Geoestatística Básica e Aplicada

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 2
2. ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE DADOS............................................................. 3
2.1. Distribuição de freqüências e histograma............................................................... 3
2.2. As estatísticas............................................................................................................. 3
2.3. Outras análises descritivas........................................................................................ 7
2.4. Amostragem........................................................................................................................................... 7
2.5. Exemplos de análise exploratória aplicando o programa GS+............................. 8
3. PRINCÍPIOS DA ANÁLISE GEOESTATÍSTICA.................................................. 14
3.1. Um breve histórico.................................................................................................... 14
3.2. Estacionaridade......................................................................................................... 15
3.3. Krigagem universal................................................................................................... 20
4. ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA ESPACIAL............................................................ 21
4.1. Autocorrelação e Autocorrelograma....................................................................... 21
4.2. Semivariograma......................................................................................................... 25
4.3. O uso do software GS+ na determinação do semivariograma.............................. 36
4.4. Exemplos de aplicação............................................................................................... 41
5. KRIGAGEM................................................................................................................. 50
5.1. O interpolador........................................................................................................... 50
5.2. A krigagem no programa GS+................................................................................. 52
6. SEMIVARIOGRAMA CRUZADO E COKRIGAGEM.......................................... 55
6.1. Semivariograma cruzado.......................................................................................... 55
6.2. Co-krigagem.............................................................................................................. 56
6.3. Variância da estimativa............................................................................................ 60
6.4. Número de vizinhos das estimativas........................................................................ 62
6.5. O uso do programa GS+ na determinação do semivariograma cruzado,
da co-krigagem e no mapeamento da variável....................................................... 64
6.6. Exemplos de aplicação no GS+................................................................................ 67
7. VALIDAÇÃO DE MODELOS DE SEMIVARIOGRAMAS................................... 70
8. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA......................................................................... 74

1 Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães


UFU/FAMAT Geoestatística Básica e Aplicada

1. INTRODUÇÃO

Métodos clássicos de análise estatística de dados geralmente supõem que, as


realizações das variáveis aleatórias são independentes entre si, ou seja, que observações
vizinhas não exercem influências umas sobre as outras.
Fenômenos naturais apresentam-se freqüentemente com uma certa estruturação nas
variações entre vizinhos, desta forma pode-se dizer que as variações não são aleatórias e,
portanto, apresentam algum grau de dependência espacial.
A análise espacial de dados apresenta-se como uma alternativa e/ou como uma
complementação da análise clássica de dados, sendo que este tipo de análise considera as
correlações entre as observações quando se faz estimativas.
A literatura apresenta alguns procedimentos de análise espacial de dados, sendo que,
nos últimos tempos, uma metodologia de análise denominada “geoestatística” ganhou
ênfase neste tipo de estudo.
Neste trabalho serão abordados aspectos básicos da metodologia geoestatística para
a análise espacial de dados, com ênfase na análise do semivariograma como ferramenta de
determinação da dependência espacial.
Inicialmente serão abordados aspectos básicos de uma análise exploratória de
dados; em seguida serão introduzidos conceitos básicos da geoestatística e da análise da
dependência espacial por meio de semivariograma e também de interpolação utilizando a
metodologia da krigagem e, por fim serão abordados conceitos básicos de semivariogramas
cruzados e co-krigagem. Sempre que possível os tópicos serão acompanhados de exemplos
de aplicação.

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2. A ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE DADOS


A análise exploratória de dados é um procedimento de grande importância na
análise estatística e aplica-se para qualquer metodologia que se queira utilizar. Nesta
análise preliminar dos dados tem-se o objetivo de conhecer a variável em estudo e resumi-
la. Basicamente, este tipo de análise se baseia em construção e interpretação gráfica e
cálculos e interpretação de estatísticas.
No presente texto faremos uma revisão dos principais instrumentos de análise
exploratória de dados, sendo que estes procedimentos podem ser encontrados em cursos de
estatística básica e em livros de estatística básica como Costa Neto (1979), Bussab e
Morettin (1987), Triola (1999), Lopes (1999), entre outros.

2.1. A distribuição de freqüências e o histograma


A distribuição de freqüências consiste em agrupar as observações de uma variável
em classes ou categorias e o histograma é uma das representações gráficas dessa
distribuição. A distribuição de freqüências e o histograma podem ser obtidos em programas
computacionais comercias com o Excel, Statistica e em programas específicos para análise
geoestatística, como, por exemplo, o GS+.
A finalidade da distribuição de freqüências e do histograma é a de permitir uma
visualização do comportamento da variável em estudo, com relação à tendência de
concentração de dados (tendência simétrica ou assimétrica). Esta tendência, principalmente
na análise não espacial de dados, pode direcionar procedimentos diferenciados de análise.

2.2. As estatísticas
O cálculo de estatísticas como a média, a variância, o desvio padrão, o coeficiente
de variação, valor mínimo, valor máximo, coeficiente de assimetria e coeficiente de
curtose, colaboram na descrição da variável. Passaremos a rever rapidamente estas
estatísticas.

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- A média aritmética ( X )
A média aritmética é uma medida de posição bastante utilizada na estatística e tem
como características principais à facilidade de cálculo, a sua adaptabilidade ao tratamento
algébrico e, também, geralmente, é uma medida não tendenciosa, precisa, eficiente e
suficiente.
Vale ressaltar que nem sempre a média aritmética é a medida de posição que melhor
representa uma variável, por exemplo, em dados com assimetria à direita acentuada a moda
ou a média geométrica pode representar melhor a variável em estudo.
A fórmula para o cálculo da média é:
n

∑x
i =1
i
X=
n
em que: X é a média aritmética; xi é cada valor observado; n é o número total de
observações.

- Variância (s2) e desvio padrão (s)


A variância e o desvio padrão são estatísticas que nos fornece uma idéia de
variabilidade das observações em torno da média aritmética.
As fórmulas de cálculo são, respectivamente:
n
∑ ( xi − X )2
s 2 = i =1
n −1
s = + s2
Note que em interpretações de dados, ou seja, na análise descritiva a média
aritmética deve estar sempre acompanhada do desvio padrão para que possamos visualizar
a dispersão média dos valores.

- Coeficiente de variação (CV)


O coeficiente de variação fornece a dispersão relativa dos dados, facilitando
visualizar a dimensão da dispersão dos valores observados em relação à média.
O coeficiente de variação é dado por:

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s
CV (%) = 100
X

- Valor Mínimo e Valor Máximo


Estes valores permitem visualizar a menor ocorrência e a maior ocorrência e
podem ser um primeiro indicativo de erros de amostragem, digitação, etc..
A obtenção desses valores se faz a partir da ordenação das observações.

- Coeficiente de assimetria (Cs) e coeficiente de curtose (Ck)


O coeficiente de assimetria mostra o afastamento da variável em relação a um valor
central, ou seja, na distribuição simétrica tem-se 50% dos valores observados acima da
observação central e 50% abaixo. Se a distribuição é assimétrica, esta relação não é
observada.
O coeficiente de curtose mostra a dispersão (achatamento) da distribuição em
relação a um padrão, geralmente a curva normal.
Estes dois coeficientes são utilizados para inferências sobre a normalidade da
variável em estudo.
Antes de definirmos estes dois coeficientes e tecermos comentários sobre eles
vamos definir os momentos estatísticos.
Se x1, x2, ... ,xn são os n valores assumidos pela variável X, definimos o momento de
ordem t dessa variável como:
n

∑x
i =1
t
i
Mt =
n
Note que se t=1 temos a média aritmética, ou seja, a média aritmética é igual ao
primeiro momento em relação à origem.
O momento de ordem t centrado em uma constante K , com K ≠ 0 é definido como:
n

∑ (x
i =1
i − K)t
M tK =
n

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Observe que: se t = 1 e K = X , temos M 1X = m1 = 0 (propriedade da média

aritmética) e, se t =2 e K = X , temos M 2X = m2 = σ2.


Vamos definir agora o coeficiente de assimetria (Cs) e o coeficiente de curtose
(Ck).
O coeficiente de assimetria é utilizado para caracterizar como e quanto à
distribuição de freqüências se afasta da simetria, sendo que: se Cs > 0 temos a distribuição
assimétrica à direita; se Cs < 0 a distribuição é assimétrica à esquerda; e se Cs = 0 a
distribuição é simétrica.
O momento centrado na média de ordem 3 pode ser utilizado como medida de
assimetria, entretanto, é mais conveniente a utilização de uma medida admensional e que
será chamada de coeficiente de assimetria:
m3
Cs =
(m 2 ) 3

Em que m2 e m3 são, respectivamente, o segundo e o terceiro momento centrados


na média.
O coeficiente de curtose é utilizado para caracterizar a forma da distribuição de
freqüências quanto ao seu “achatamento”. O termo médio de comparação é a distribuição
normal e esta apresenta o valor de Ck = 3. A classificação da distribuição quanto à curtose
recebe a seguinte denominação: se Ck = 3 a distribuição é mesocúrtica (distribuição
normal); se Ck < 3 a distribuição é platicúrtica; e se Ck > 3 a distribuição é leptocúrtica. Em
alguns programas computacionais como o Excel, Statistica e GS+ existe uma padronização
do valor de Ck e o valor de comparação é o zero, portanto, se Ck = 0 temos a mesocúrtica,
se Ck < 0 temos a platicúrtica e se Ck > 0 temos a leptocúrtica.
Para verificar o termo de comparação é necessário consultar o manual ou a "ajuda"
do programa.
A fórmula para cálculo de Ck é :
m4
Ck =
(m 2 ) 4

sendo que: m4 é o quarto momento em relação à média aritmética.

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Para uma melhor interpretação do coeficiente de assimetria e do coeficiente de


curtose, alguns programas, como o GS+, calcula também o erro padrão desses coeficientes
e a partir dos valores dos coeficientes associados com seus respectivos erros padrão, pode-
se concluir se os dados tem distribuição normal ou não. Por exemplo: Se o valor obtido na
amostra para Cs = 0,30 com erro padrão de 0,65 e se o valor de Ck = 2,5 com erro padrão de
0,80, podemos dizer que a distribuição tende a normal (simétrica e mesocúrtica), pois
0,3±0,65 e 2,5±0,80, incluem os valores zero e três, respectivamente.

2.3. Outras análises descritivas


As análises descritas acima são as mais comuns e as que freqüentemente são usadas
como análise exploratória dos dados. Entretanto outros recursos podem ser aplicados como,
por exemplo: gráfico box-plot; gráficos da distribuição normal; gráfico h-dispersão, outras
estatísticas (quartil, mediana, moda, etc.); testes de normalidade (Shapiro – Wilk,
Kolmogorov – Smirnov, etc.), etc.. Tais resultados também contribuem para a descrição e
conhecimento da variável em estudo. Os procedimentos para este tipo de análise são
encontrados em programas de estatísticas.

2.4. Amostragem
Um requisito básico na amostragem para fins de análise de dependência espacial
utilizando métodos geoestatísticos é que as observações, ou seja, que as amostras sejam
referenciadas. Não é necessário utilizar coordenadas geográficas, mas algum tipo de
referenciação deve existir.
Exemplos de referenciações são: a) amostras coletadas ao longo do tempo cada
observação é referenciada com relação ao tempo (Ex: Estudo da precipitação anual na
região X); b) amostras coletadas ao longo de uma linha reta em uma certa cultura agrícola
cada observação é referênciada por um único ponto no espaço (Ex: amostras coletadas
em transeções); c) amostras coletadas em uma área cada observação será identificada
por um par ordenado de coordenadas pertencente ao espaço (Ex: amostras coletadas em
uma área X).

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Um tipo de amostragem bastante utilizado em geoestatística é a amostragem


sistemática. Neste tipo de amostragem os pontos avaliados (amostras) são obtidos de forma
equidistantes, quer seja no espaço ou no tempo, formando uma malha de pontos no caso
bidimensional. No entanto esse não é um procedimento obrigatório, basta que se tenha a
referenciação dos dados para se proceder a análise espacial. Um exemplo típico de
amostragem não sistemática é para variáveis climáticas, onde as estações climatológicas,
geralmente, não são equidistantes mas apresentam a referencia geográfica.
Outro questinamento básico da geoestatística é "Quantas amostras devo utilizar para
a análise geoestatística?". Alguns autores recomendam que seja utilizados pelo menos 100
pontos amostrais, entretanto isso não é regra e sim recomenndação, existem trabalhos com
bons resultados de ajuste de semivariogramas usando 45 pontos de amostragem. É sabido
que quanto maior o número de pontos, maior será o número de pares para o cálculo das
semivariâncias e, teoricamnte, maior será a precisão das estimativas das semivariâncias.
Pode-se dizer que o número de observações dependerá dos objetivos que se tem no
trabalho, da escala (ou seja da dimensão), entre os outros fatores que devem ser avaliados
pelo pesquisador. Outro aspecto relacionado com o ajuste de semivariograma e
indiretamente com o tamanho da amostra é a presença de tendência da variável e/ou o uso
de duas populações distintas que abordaremos em tópicos seguintes, mas que, de maneira
geral, dificultam o ajuste de semivariogramas com dados originais, mesmo que o volume
de observações seja grande.

2.5. Exemplos de análise exploratória aplicando programa GS+


Passaremos a descrever exemplos de análise exploratória de dados do GS+. Nestes
exemplos será utilizado a Versão Beta do GS+ (5.0.3) que é de domínio publico, conforme
mostra a Figura 1.

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Figura 1. Programa GS+ Versão 5.0.3

Como ponto de partida vamos descrever a estrutura de arquivos de dados com


vistas a posterior análise geoestatística, pois, na análise geoestatística necessita-se que os
dados observados estejam referenciados, ou seja, tenham coordenadas. Trabalharemos com
a análise bidimensional e, portanto, teremos as coordenadas X e Y para cada observação.
Vale ressaltar que, se o objetivo do estudo não for a geoestatística ou a análise espacial, esta
referenciação não se faz necessária e ainda ressaltamos que a estrutura de dados
apresentada neste tópico é válida para diversos programas de análise espacial.
O arquivo pode ser criado no próprio programa GS+ ou em outro programa como o
Excel, necessitando, neste caso de uma importação de dados ou do famoso "copiar" e
"colar". A Figura 2 mostra o aspecto básico do arquivo de dados.

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Figura 2. Janela inicial do GS+ com exemplo de arquivo de dados contento as coordenadas
(x,y) e 4 variáveis para a análise.

Neste exemplo temos um arquivo de dados editado no GS+. Na primeira coluna


temos a coordenada X, na segunda coluna temos a coordenada Y e da terceira a sexta
colunas temos as variáveis, ou seja, neste caso estamos trabalhando com 4 variáveis.
Se o arquivo for editado em outro programa, deve-se importar os dados para o GS+
utilizando o procedimento padrão do Windows de copiar e colar, ou recortar e colar, ou
ainda, ativar o ícone Import file localizado no canto superior direto da Figura 2.
Para selecionar outra variável a ser estudada basta clicar na coluna correspondente e
selecioná-la como a variável principal. Por exemplo, se o objetivo é a análise da terceira
variável (usatpc), procederíamos da seguinte forma (Figura 3):

Figura 3. Exemplo de mudança de variável para análise

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- clique sobre a coluna de interesse (coluna 5, neste exemplo). A coluna é selecionada e


aparece a segunda janela, indicando a coluna ativa.
- Clique em Z (Primary variable) para selecionar esta coluna como sendo sua variável de
analise.
- Clique em OK para confirmar a opção

Pode-se ainda trabalhar com duas variáveis simultaneamente. Neste caso seleciona-
se uma variável Z2 como covariável. Voltaremos ao assunto no tópico de semivariograma
cruzado.
Voltando à Figura 2 vamos descrever os procedimento da análise exploratória de
dados.
A barra de ferramenta apresenta os seguintes símbolos que são destinados a este tipo
de análise:

Planilha
ativa Principais Posição das observações
Estatística Análise gráfica selecionadas por quartil
s histograma

Os ícones não ativos são destinados a análise com duas variáveis (semivariograma
cruzados, co-krigagem, etc).
Para exemplificar o resultado deste tipo de análise vamos utilizar os dados da
primeira variável (usatpd – coluna 3). Ativando o ícone ∑ e teremos o resultado das
principais estatísticas, conforme Figura 4:

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média

Desvio padrão

variância

mínimo

máximo

Número de dados e
Dados perdidos

histograma

Coeficiente de assimetria
Figura 4. Estatísticas da variável “usatpd”. e erro padrão

Coeficiente de curtose e
erro padrão

Como uma análise geral desses dados verifica-se que a umidade de saturação do
solo no plantio direto (usatpd) apresentou média de 44,0069 (cm3/100cm3), com uma
dispersão média em torno desse valor de 4,3190 (cm3/100cm3) e, portanto, uma
variabilidade de 9,81%, deste modo nota-se que as observações se dispersam relativamente
pouco em torno da média. O menor valor observado (36,27 cm3/100cm3) e o maior valor
observado (54,810 cm3/100cm3) reforçam a idéia de baixa variabilidade das observações e
também mostram que, provavelmente, não temos valores discrepantes que poderiam ser
atribuídos a erros de determinação, digitação ou de amostragem. O histograma mostra uma
tendência dos dados à simetria e este fato também pode ser verificado por meio dos
coeficientes de assimetria e curtose associados aos seus respectivos erros padrão, que são
respectivamente: 0,46±0,30 e 0,34±0,50, ou seja, assimetria e curtose próximos de zero
indicando distribuição normal aproximada dos dados.
Note ainda que existe a possibilidade de se fazer análises com dados transformados.
Um detalhamento da distribuição da variável pode ser obtida clicando o ícone do

histograma na barra de ferramentas. Em um primeiro momento tem-se a visualização


do histograma e posteriormente pode-se fazer análises com distribuição de freqüências
acumuladas e gráfico da distribuição normal, conforme mostra a Figura 5.

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Histograma –
freqüência simples

Gráfico de freqüência
acumulada

Gráfico da distribuição
normal

Figura 5. Análise gráfica dos dados

Uma outra análise utilizada no GS+ é a localização espacial dos pontos amostrados

com relação a intervalos de ocorrência. Este mapa é obtido por meio do ícone . Veja o
exemplo na Figura 6.

Figura 6. Localização espacial das observações

Verifica-se, por meio da Figura 6, que a princípio não há indícios de concentração


de valores altos ou baixos em setores específicos da malha, portanto parece não existir
tendência nos dados e, provavelmente, se existir relação espacial, esta poderá ser
representada por um semivariograma médio (isotrópico).

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3. PRINCÍPIOS DA ANÁLISE GEOESTATÍSTICA


3.1. Um breve histórico
A preocupação com a dependência espacial ou temporal de observações realizadas
para um determinado atributo é bastante antiga, sendo comprovado este fato por trabalhos
científicos datados do início do século XX, conforme mostra Vieira (1995).
Em algumas áreas da ciência, como a agricultura, a partir da metade do século XX
adotou-se a metodologia de análise de dados proposta por Fisher. Esta metodologia
considera, no seu desenvolvimento e aplicação, as seguintes suposições: normalidade da
variável; independência de erros e homocedasticidade de variância (homogeneidade de
variância).
A normalidade da variável e a homogeneidade de variâncias podem ser testadas
facilmente em programas de estatísticas por meio de testes específicos como, por exemplo,
Shapiro-Wilk (W teste) para normalidade e F máximo de Hartley para homogeneidade de
variâncias. Se for observado não normalidade de dados e/ou não homogeneidade de
variâncias, procedimentos como a transformação de dados podem ser adotados para que a
variável atenda estas hipóteses básicas da metodologia de análise não espacial proposta por
Fisher.
Já a independência não pode ser testada por métodos simples e a solução deste
problema, proposta pela metodologia não espacial, é a repetição e a aleatorização das
observações. Esta solução, em muitos casos, não garante a independência entre as
observações, isto porque algumas variáveis apresentam forte dependência espacial
(autocorrelação entre as observações) que não é desfeita com este procedimento.
Krige (1951) citado por Vieira (1995), em seus trabalhos com dados de mineração
da África do Sul, concluiu que a variância dos dados possuía uma estruturação que
dependia da distância de amostragem. A partir desta constatação surgiu os conceitos
básicos de geoestatística.
Os fundamentos teóricos da geoestatística podem ser encontrados nos trabalhos
desenvolvidos por Matheron (1963) e Matheron (1971).
A análise espacial de dados, utilizando a geoestatística, ganhou impulso em áreas
distintas da mineração e da geologia a partir de 1980, com grande aplicabilidade na ciência

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do solo. Uma justificativa para tal fato é a facilidade computacional que viabilizou alguns
cálculos relativamente trabalhosos nesta metodologia.
No Brasil destaca-se trabalhos pioneiros nesta área desenvolvidos pelos
pesquisadores Sidney Rosa Vieira, Paulo Libardi e Klaus Reichardt. Ainda na década de
80.
Atualmente a aplicabilidade e a utilização da geoestatística como metodologia de
análise de dados no espaço ou no tempo esta difundida em vários ramos da ciência,
envolvendo áreas de ciências humanas, biológicas e exatas.
Em linhas gerais podemos dizer que a geoestatística está interessada em determinar
a dependência espacial das observações de uma variável e recebeu tal denominação devido
aos trabalhos desenvolvidos por Krige na África do Sul. Este pesquisador é homenageado
com o nome do método de interpolação utilizado na geoestatística, a krigagem.
Outras metodologias e alternativas de análise de dependência espacial são descritas
em Papadakis (1937), Bartlett (1978), Zimmerman e Harville (1991), Cressie e Hartfield
(1996), Duarte (2000), entre outros autores.

3.2. Estacionaridade
Antes de iniciarmos a discussão sobre a estacionaridade da variável vamos adotar
uma simbologia para a variável em estudo. Ao falarmos da variável Z(t) estaremos falando
de ocorrências da variável Z com uma referenciação t, que pode ser uma posição no tempo
(unidimensional, por exemplo: t1, t2, ...,tk) ou no espaço (unidimensional, por exemplo: x1,
x2, ..., xn; ou bidimensional, por exemplo; (x1,y1),(x1,y2), ..., (xn, yn))
Diz-se que um processo (ou uma variável) é estacionária se o desenvolvimento
desse processo no tempo ou no espaço ocorrer de maneira mais ou menos homogênea, com
oscilações aleatórias contínuas em torno de um valor médio, em que nem a amplitude
média e nem as oscilações mudam bruscamente no tempo ou no espaço. Como exemplo de
processo estacionário pode-se citar as oscilações da tensão em uma rede elétrica.
Note que as características de um processo estacionário independe da origem
adotada.

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Diz-se que um processo é não estacionário quando não apresenta as características


citadas anteriormente e, neste caso, as características do processo dependem da origem que
é tomada como referência. Pode-se utilizar como exemplo de um processo não estacionário
o relevo no estado de Minas Gerais, ou ainda, as chuvas mensais durante um ano no estado
de Minas Gerais.

Observação: Processos não estacionários podem apresentar trechos estacionários.

Pode-se definir uma função aleatória Z(t) como estacionária, se todos os momentos
estatísticos são invariantes para toda mudança de origem.
Estatisticamente pode-se dizer que, se o processo é estacionário de ordem k, então:
E[Z(t)] = m1(t) = constante ∀ t
E[Z2(t)] = m2(t) = constante ∀ t
. . .
. . .
. . .
E[Zk(t)] = mk = constante ∀ t

Observação: Se um processo é estacionário na ordem k ele também será


estacionário para as ordens inferiores a k. Por exemplo, se o processo é estacionário de
ordem 4, ele também será estacionário nas ordens 1, 2 e 3.

Para estudos de geoestatística necessita-se, como restrição máxima, que o primeiro e


o segundo momento em relação à origem sejam constante, ou seja, exige-se no máximo a
estacionaridade de segunda ordem.
Se a esperança matemática de uma variável aleatória é constante,
independentemente da origem que se toma no espaço ou no tempo, podemos dizer que a
variável é estacionária de primeira ordem e, portanto, a média será a mesma para todo o
processo.
E[Z(t)] = m1(t) = µ = constante

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Se o segundo momento em relação à origem é constante, temos então que a


variância é constante independente da origem no espaço ou no tempo e, portanto, o
processo é estacionário de ordem 2.
E[Z2(t)] = m2(t) = constante
Var [Z(t)] = E[Z2(t)] – {E[Z(t)]}2 = m2(t) – [m1(t)]2 = constante
Seja agora a covariância, ou seja, a esperança do produto do que ocorre em t e t’,
com h = t’ – t, definida como:
C(t, t’) = E[Z(t).Z(t’)] - µ2
Se Z(t) é estacionária esta covariância não depende de t e t’, ou seja, da origem, mas
somente da distância h entre os pontos e desta forma:
C(t, t+h) = C(h)
Note que a variância é um caso particular da covariância quando h = 0.
C(0) = E[Z2(t)] - µ2 = Var[Z(t)]
Geralmente utiliza-se a função de covariância normada pela variância:
C (h)
ρ ( h) =
Var[ Z (t )]

Neste caso chamamos ρ de função de correlação ou coeficiente de correlação, que


nada mais é do que a correlação entre seções da variável separadas por um passo h.
Portanto, ρ(0) = 1.
Podemos definir uma variável como estritamente estacionária se seus momentos
estatísticos são invariantes a translações na origem. Isto significa que o processo Z(t) e
Z(t+h) tem a mesma estatística para qualquer h.
Uma variável é chamada de estacionária de segunda ordem se:
A média é constante:
E[Z(t)] = µ
O segundo momento existe:
E[Z2(t)] < ∞
Para cada par {Z(t), Z(t+h)} a função covariância existe e depende apenas de
h.
C(t, t+h) = C(h)

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A estacionaridade da covariância implica na estacionaridade da variância:


Var{Z(t)}= C(0) e do variograma que é definido como:
2γ(h) = E{[Z(t+h) – Z(t)]2} =
= E{[Z(t+h)2}+E{[Z(t)]2}-2E{Z(t+h) Z(t)}=
= E{[Z(t+h)]2}+E{[Z(t)]2}-2µ2 =
= E{[Z(t+h)]2}- µ2+ E{[Z(t)]2}-µ2 =
= C(0) – C(h)
O coeficiente de correlação entre Z(t+h) e Z(t), chamado de correlograma ou
autocorrelograma, é igual a:
C ( h) γ ( h)
r (h) = = 1−
C (0) C (0)
Note que, se ocorre a estacionaridade de segunda ordem, o correlograma
(autocorrelograma) e o variograma (semivariograma) serão ferramentas correspondentes na
determinação da dependência espacial. Mas se a estacionaridade de segunda ordem não é
atendida o autocorrelograma não pode ser usado, pois, o denominador da função
autocorrelação é uma variância e, neste caso, C(0) ≠ constante.

Observação: A existência de estacionaridade permite a repetição de um


experimento, mesmo que as amostras sejam coletadas em pontos diferentes, em relação ao
experimento inicial. Esta fato é justificado em função de que todas as amostras pertencem a
populações com os mesmos momentos estatísticos.

A dependência espacial ou temporal de uma variável Z(t) é definida por uma


amplitude a, sendo que para variáveis com estacionaridade de segunda ordem:
C(h) = 0 se | h | > a
Ou
γ(h) = C(0) = Var [Z(t)] se | h | > a
Quando se trabalha com o tempo a constante a é chamada de tempo de correlação
de Z(t). Se o estudo for espacial, por analogia, podemos chamar a de domínio de
correlação.

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A hipótese de estacionaridade de segunda ordem assume a existência de uma


covariância e assim de uma variância finita. Var[Z(t)] = C(0). A existência do variograma é
uma hipótese mais fraca do que a existência da covariância, e existem muitos fenômenos
que possuem uma grande capacidade de dispersão, isto é, que não possuem uma variância a
priori nem uma covariância, mas um variograma pode ser definido. Uma hipótese mais
fraca (mais abrangente) é a hipótese intrínseca.
Na hipótese intrínseca temos:
a) a esperança Z(t) existe e não depende do ponto t.
E[Z(t)] = µ
b) para todo h, a variância da diferença [Z(t+h) – Z(t)] existe e não depende do ponto t.
Var[Z(t+h) – Z(t)] = E{[Z(t+h) – Z(t)]2} = 2γ(h)

Observação: Se uma variável é estacionária de segunda ordem, então ela é também


intrínseca, mas o inverso nem sempre ocorre.

A hipótese intrínseca é a hipótese mais freqüentemente usada em geoestatística, por


ser menos restritiva e, portanto, o semivariograma é a ferramenta mais difundida na
geoestatística porque exige apenas a hipótese intrínseca, enquanto o autocorrelograma
exige a estacionaridade de segunda ordem.
As Figuras 7A, 7B e 7C ilustram, respectivamente, uma variável estacionária de
segunda ordem, uma variável estacionária de primeira ordem e uma outra não estacionária.
Note que no caso da Figura 7A, para qualquer trecho que selecionarmos e calcularmos a
média e a variância, estas permanecerão aproximadamente constante, já no caso da Figura
7B, apenas a média permanece constante e no caso da Figura 7C nem a media e nem a
variância permanecem constantes.

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28
26 A
24
Y

22
20
18
0 10 20 30 40 50
X

29
27 B
25
23
Y

21
19
17
15
0 10 20 30 40 50
X

30
25 C
20
Y

15
10
5
0 10 20 30 40 50
X

Figura 7. Exemplos de estacionaridade: A) Processo estacionário de segunda ordem; B)


Processo estacionário de primeira ordem e C) Processo não estacionário

3.3. Krigagem universal (tendência)


Na hipótese de tendência (Krigagem universal), a variável Z(t) pode ser decomposta
em dois componentes:
Z(t) = m(t) + e(t)

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em que m(t) é a tendência principal (drift) e e(t) é o resíduo.


Para se trabalhar com essa hipótese é necessário que, para cada posição t se
determine à tendência m(t) e, assim, trabalha-se com o semivariograma dos resíduos.
Note que se m(t) = constante, então o semivariograma da variável Z(t), usando as
observações reais, será igual ao semivariograma dos resíduos e(t), mas, se ocorre algum
tipo de tendência nos dados (tendência linear, quadrática, etc.), o semivariograma dos
resíduos pode-se apresentar com melhor estruturação e definição dos parâmetros,
produzindo estimativas mais confiáveis (com menor variância) na krigagem.

4. ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA ESPACIAL


As duas funções utilizadas com maior intensidade na geoestatística para a
determinação da dependência espacial ou temporal de variáveis são a função autocorrelação
(que gera o autocorrelograma) e a função semivariância (que gera o semivariograma).
Passaremos a descrever rapidamente a função autocorrelação e em seguida, com
maior detalhamento, será descrita a função semivariância e semivariograma com
instrumento de análise espacial de dados.

4.1. Autocorrelação e autocorrelograma


Quando estamos trabalhando com variáveis bidimensionais, temos que a
covariância é uma medida de associação entre as variáveis. Entretanto esta função tem a
desvantagem de possuir as unidades das variáveis que a geram e, também, não ter um
padrão de comparação, por exemplo, se calculamos a covariância entre X e Y e
encontramos o valor de 0,75 não podemos dizer se as variáveis estão com forte associação
positiva ou não.
A covariância é dada por:
cov( x , y ) = E{[ X − µx ].[ Y − µy ]}
O cálculo da covariância pode ser pensada também para a análise espacial. Se
analisarmos a Variável Z nas posições t e t+h temos:

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cov[ Z ( t ), Z ( t + h )] = E [( Z ( t ) − µ z( t ) ).( Z ( t + h ) − µ Z ( t + h ) )]
Se a variável Z é estacionária, esta função poderá ser estimada por:
n( h )
∑ [ Z ( ti ) − Z ] [ Z ( t i + h ) − Z ]
cov( Z ( t ), Z ( t + h )) = i =1 , pois
n( h ) − 1
neste caso a média de Z(t) será igual à média de Z(t+h).
Uma propriedade da covariância diz que "se duas variáveis aleatórias são
independentes então a covariância entre elas é igual a zero". Portanto, ao analisarmos a
variável Z nas posições t e t+h, com h=1,2,...k, espera-se que o valor da covariância comece
alto e depois tenda a zero, sendo que quanto maior for o valor da covariância maior será a
relação espacial e para covariância zero teremos independência. A Figura 9 ilustra uma
função covariância.

3
covariâncias

-1
0 100 200 300 400 500 600
distâncias (m)

Figura 8. Exemplo de uma função covariância

Comentamos, anteriormente, que a autocovariância apresenta algumas dificuldades


de interpretação. Vamos então definir a função autocovariância como uma alternativa de
interpretação da dependência espacial de uma variável Z.
Esta função tem a vantagem de ser adimensional e estar limitada ao valor -1 e 1,
permitindo comparações entre variáveis e também inferências sobre o grau de associação
(dependência).
Vamos inicialmente fazer uma analogia com as variáveis bidimensionais.
Considerando as variáveis X e Y, temos:

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cov[ X ,Y )]
ρ( x , y ) = que pode ser estimada por:
σxσ y
n
∑[ X − X ] [Y −Y ]
i =1
r( x , y ) = n −1
SxS y
Neste caso quanto mais próximo de 1 ou de -1, maior a relação entre as variáveis e
quanto mais próximo de 0, menor a relação linear entre X e Y.
A função autocorrelação é definida como sendo a razão entre a covariância dos
valores assumidos pela variável Z, nas posições t e t+h e a variância dessa variável Z, em
função da distância h, no caso de variável estacionária de segunda ordem. Desta forma tem-
se:
cov[Z (t ), Z (t + h)] Cov[ Z (t ), Z (t + h)]
ρ ( h) = =
Var[ Z (t )] σ2
Trabalhando-se com dados amostrais ρ(h) pode ser estimado por r(h):
n( h )
∑ [ Z ( t i ) − Z ] [ Z ( ti + h ) − Z ]
i =1
n( h ) − 1
r( h ) =
s2
em que:
ρ (h) é a autocorrelação entre os valores da variável Z, separados pela distância h
(autocorrelação populacional);
Cov [Z(t), Z(t+h)] é a covariância entre a variável Z(t) e a variável Z(t+h);
Var[Z(t)] = σ2 é a variância populacional, ou seja, a covariância entre Z(t) e Z(t+h) quando
h=0;
r(h) é a autocorrelação amostral para a distância h;
n(h) é o número de pontos amostrais separados pela distância h;
Z é o valor médio (média amostral) da variável Z(t);
s2 é a variância amostral de Z(t).

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A Figura 9 mostra um exemplo de comportamento da função autocorrelação.

1
0.8
0.6
0.4
r(h)

0.2
0
-0.2
-0.4
0 100 200 300 400 500 600
distância (m)

Figura 9. Exemplo de um autocorrelograma experimental

O uso dessa função no estudo da dependência espacial ou temporal só é válida se a


hipótese de estacionaridade de segunda ordem for atendida.
Teoricamente, para h = O a autocorrelação é máxima, ou seja, r(0) = 1 e este valor
decresce até o zero, ou seja, até uma distância ou tempo que não exista relação entre as
observações. Esta distância define a amplitude de dependência espacial ou temporal (a),
sendo que acima dessa distância os dados são considerados independentes entre si. Este tipo
de comportamento indica que quanto mais próximas estiverem as amostras maior o grau de
semelhança entre elas e este grau de semelhança decresce com o aumento da distância entre
observações.
Podemos ter ainda o autocorrelograma para toda distância com valor de
autocorrelação igual a zero (r(h) = 0), exceto para h=0 em que r(0) = 1, assim temos
independência entre as amostras para toda à distância ou tempo de estudo.
Uma outra possibilidade é o autocorrelograma com autocorrelações flutuando em
torno de zero (indica independência entre as observações) e o autocorrelograma cíclico, que
indica flutuações periódicas na variável estudada, conforme Figura 10A e 10B.

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1.2
1
0.8 A
0.6
r(h)
0.4
0.2
0
-0.2
0 5 10 15 20
h

1.2
1 B
0.8
0.6
r(h)

0.4
0.2
0
-0.2
-0.4
0 5 10 15 20
h

Figura 10. Exemplos de autocorrelogrmas: A) independência entre observações; B)


periodicidade da variável.

4.2. Semivariograma
a) Definição do semivariograma
O semivariograma é definido como:
1
γ (h) = {Var[ Z (t ) − Z (t + h)]}
2
Note que Var[Z(t) –Z(t+h)] é a variância dos dados separados por uma distância h,
mas, na expressão acima, esta variância está sendo divida por dois, então se utiliza o
prefixo “semi” para distinguir da variância e daí vem o nome semivariância para γ(h) e
semivariograma para o gráfico de γ(h) em função de h.

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Observação: O divisor 2 da variância surge das deduções e simplificações


matemáticas.

Sob a suposição de tendência zero, temos: E[Z(t+h)] = E[Z(t)] e, portanto:


1
γ (h) = {E[ Z (t + h) − Z (t )] 2 }
2
^
e uma estimativa de γ(h) chamada de γ (h) é dada por:
n(h)

^ ∑ [ z(t + h) − Z (t )]
i =1
2

γ (h) =
2n( h )
em que n(h) é o número de pares separados pela distância h.
Relembrando a condição de estacionaridade, temos que a utilização do
semivariograma exige que pelo menos a hipótese intrínseca seja atendida, ou seja, exige a
condição de estacionaridade mais fraca quando comparada com a autocorrelação.

b) Caracterização do semivariograma
Analisando a expressão da função semivariância, pode-se imaginar que quanto mais
próximos estiverem os pontos amostrados, maior será a semelhança entre eles e, portanto,
menor a semivariância; e quanto mais distantes estiverem os pontos amostrados menor será
a semelhança e, consequentemente, maior a dispersão (variância). Na teoria temos que para
a distância h=0 a semivariância γ(0) = 0 e, a semivariância γ(h) cresce com o incremento
de h, até atingir um valor constante para γ(h) que corresponde às variações aleatórias, ou
seja, variações que não são justificada pela semelhança de um ponto com outro.
A distância h a partir da qual γ(h) se torna aproximadamente constante é chamada
de alcance da dependência espacial (a) sendo que as medições realizadas a distâncias
maiores que a, tem distribuição espacial aleatória e, portanto, são independentes entre si. O
valor de γ(h) constante é chamado de patamar (C).
A utilização de dados amostrais na estimativa da semivariância e na construção do
semivariograma, revela que, freqüentemente, para h = 0 a semivariância γ(0) difere de zero.
A impossibilidade de se fazer reamostragem exatamente sobre um ponto já amostrado

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(nestes casos pode ocorrer variações a distâncias menores do que a menor distância de
amostragem) e erros como erros de amostragem, erros de análise de laboratório, etc., são
justificativas dessa descontinuidade na origem. Quando γ(0) ≠ 0, surge um novo termo no
semivariograma chamado de efeito pepita (C0) e, neste caso, o patamar é dado por:
C0 + C.

Observação: Pode-se mostrar que o patamar do semivariograma (C0 + C) é uma


estimativa sem tendência da variância (σ2) da variável Z(t).

Nas Figuras 11A e 11B apresentamos o comportamento ideal de um


semivariograma e também são mostrados os parâmetros do modelo descritos acima.
C
C0 + C

(A) (B)
a
INDEP
a INDEP.
DEP. DEP.

C0

Figura 11. Semivariogramas: (A) sem efeito pepita; (B) com efeito pepita

Os semivariogramas apresentados na Figura 11 indicam estacionaridade de segunda


ordem para a variável, porque apresenta patamar claro e bem definido.
Se o semivariograma for constante e igual ao patamar para qualquer valor de h,
temos o efeito pepita puro e, neste caso, temos a ausência total de dependência espacial,
ou seja, a dependência espacial, se existir, será manifestada à distância ou tempo menor do
que o menor espaçamento entre amostras.
Um outro tipo de semivariograma é aquele que apresenta a semivariância com
flutuações. Este semivariograma é chamado de semivariograma periódico ou cíclico e
indica uma periodicidade nos dados que pode ser explicada por algum fator conhecido e
analisada por meio da densidade espectral.

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Também podemos ter um tipo de semivariograma em que as semivariâncias


crescem, sem limites, para todos os valores de h, ou seja, semivariogramas sem patamar
definido. Este semivariograma indica que a hipótese de estacionaridade de segunda ordem
não foi atendida e, provavelmente, estamos trabalhando com a hipótese intrínseca (
fenômeno com capacidade infinita de dispersão). Ele indica também que a máxima
distância h entre as amostras não foi capaz de exibir toda a variância dos dados e
provavelmente existe tendência dos dados para determinada direção. Se for verificada a
tendência remove-se esta tendência e verifica-se se a variável resíduo apresenta
semivariograma com patamar (estacionaridade de segunda ordem). Uma outra alternativa é
trabalhar com a hipótese de tendência nos dados originais. Vale ressaltar que a primeira
alternativa é a mais simples e a mais utilizada. Se o semivariograma dos resíduos apresenta
efeito pepita puro, pode-se dizer que a superfície de tendência é a melhor representação
espacial da variável. Uma metodologia de se ajustar superfícies de tendência é a utilização
de regressão múltipla.
Podemos ter ainda um semivariograma com mais de uma estrutura de variância, que
são chamados de semivariogramas com estruturas entrelaçadas ou semivariogramas
imbricados. Neste caso uma explicação prática poderia estar associada ao fato de estarmos
trabalhando com mais de uma população, ou seja, até uma distância X estamos trabalhando
com uma determinada população e a partir daí outra ou outras populações.
As Figuras 12A, 12B, 12C, 12D e 12E, mostram respectivamente, semivariogramas
experimentais com patamar definido, efeito pepita puro, sem patamar, cíclico e com
estruturas entrelaçadas.

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20

15 A

gama (h)
10

0
0 5 10 15 20
h

20

15
gama (h)

10
B
5

0
0 5 10 15 20
h

20

15 C
gama (h)

10

0
0 5 10 15 20
h

10
8
D
gama (h)

6
4
2
0
0 5 10 15 20
h

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40

30 E

gama(h)
20

10

0
0 5 10 15 20 25 30
h

Figura 12. Semivariogramas: A) Com patamar; B) Efeito pepita puro; C) sem patamar
D)Cíclico e E) Com estruturas entrelaçadas

c) Grau de dependência espacial


Quanto ao grau de dependência espacial da variável em estudo, podemos classifica-
la como:
i) variável com forte dependência espacial – se o efeito pepita for menor ou igual a 25%
 C0 
do patamar  < 0,25  ;
 C0 + C 
ii) variável com moderada dependência espacial – se o efeito pepita representar entre
 C0 
25% e 75% do patamar  0,25 ≤ ≤ 0,75  ;
 C0 + C 
iii) variável com fraca dependência espacial – se a relação entre efeito pepita e patamar
 C0 
estiver entre 75% e 100%  0,75 < < 1,00 
 C0 + C 
iv) variável independente espacialmente – se a relação entre efeito pepita e patamar for
igual a 100%, neste caso temos o semivariograma com efeito pepita puro
 C0 
 = 1,00  .
 C0 + C 

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d) Isotropia e anisotropia
Note que h é um vetor e, consequentemente, o semivariograma depende da
magnitude e da direção de h. Quando o semivariograma é idêntico para qualquer direção de
h ele é chamado de isotrópico e quando o semivariograma apresenta os parâmetros C, C0, a
e/ou modelo diferenciado dependendo da direção de h, ele é chamado anisotrópico
(podemos classificar a anisotropia em anisotropia geométrica ou anisotropia zonal). Se o
semivariograma é anisotrópico ele deve sofrer transformações antes de ser usado. Vieira
(1995) alega que, em geral, a precisão da interpolação ou o tipo de hipótese satisfeita, não
são afetados se, ao invés de se preocupar com a escolha de método de transformação de
anisotropia, apenas limitar a faixa de distância na qual se utiliza o semivariograma. As
principais direções de h que são examinadas são: 0o (na direção X), 90o (na direção Y), 45o
e 1350 (nas duas diagonais principais).
Quando os dados forem coletados em uma transeção (linha), o semivariograma é
unidimensional e nada pode ser dito sobre anisotropia.

e) Os principais modelos de semivariogramas


Dados experimentais são influenciados por uma série de fatores. Um pesquisador,
geralmente, não é capaz de controlar todos os fatores que influenciam um conjunto de
dados. Desta idéia surge a distinção entre modelo matemático e modelo estatístico.
No modelo matemático não temos desvios em relação à função proposta, ou seja,
todos os pontos experimentais devem estar sobre a função proposta para explicar
determinado fenômeno. Por exemplo, se tomarmos os pares ordenados (0,0); (2,4); (3,9);
(4,16) e (5,25) como sendo valores experimentais e propormos o modelo: Yi= Xi2, como o
modelo que explique o comportamento desses dados experimentais, estaremos trabalhando
com um modelo matemático, pois, todas as observações pertencem ao modelo proposto
(Figura 13).

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30
25
y = x2
20
15
Y
10
5
0
-5 0 1 2 3 4 5 6
X

Figura 13. Modelo Matemático

Para o modelo estatístico os valores experimentais apresentam desvios (erros) em


relação ao modelo proposto (ajustado) e estes erros são atribuídos a fontes de variações não
controladas pelo pesquisador. Por exemplo, podemos ter o seguinte modelo estatístico que
explique o comportamento linear de uma variável Y em função de X: Yi = a +bXi +ei,
(Figura 14) em que a e b são as constantes que definem a reta e ei são os erros
experimentais (maiores detalhes podem ser obtidos em textos e livros sobre modelos
lineares ou análise de regressão).

15
y = 2.0286x + 1.4286+ei
10
Y

0
0 1 2 3 4 5 6
X

Figura 14. Modelo Estatístico

Na aplicação da teoria geoestatística a dados experimentais, vamos ajustar modelos


teóricos de semivariogramas as semivariâncias experimentais, e desta forma estaremos
trabalhando com modelos estatísticos de semivariogramas.

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O gráfico da semivariância (γ(h)) em função da distância (h), mostrará uma série de


pontos discretos que é chamado semivariograma experimental. Uma função contínua deve
ser ajustada as semivariâncias experimentais.
A escolha do modelo de semivariograma que será utilizado é um dos aspectos mais
importantes da geoestatística. Todos os cálculos da geoestatística dependem do modelo de
semivariograma ajustado e, conseqüentemente, se o modelo ajustado não for apropriado,
todos os cálculos seguintes conterão erros que poderão afetar as inferências, portanto o
ajuste de semivariograma é uma fase crucial na análise geoestatística e deve receber uma
atenção especial.
Vários métodos são utilizados para verificar a qualidade do ajuste do
semivariograma aos dados experimentais.
Vieira et al (1983) sugerem o método de ajuste por tentativa e erro (ajuste a critério
do observador) associado à avaliação do modelo pela técnica de validação cruzada ou
autovalidação (“jack-Knifing”).
Macbratney e Webster (1986) sugerem o método do Critério de Informação de
Akaike (AIC) para avaliar o modelo. Já Pannatier (1996) sugere a utilização do "Indicação
da Qualidade do Ajuste" (IGF).
A descrição de cada método de seleção pode ser encontrado nos respectivos
trabalhos originais dos autores e cada programa de análise geoestatística de dados apresenta
um critério de seleção.
O programa GS+, com o qual estamos exemplificando este texto, aplica a
metodologia dos mínimos quadrados para os ajustes dos modelos e utiliza como critérios
para seleção do modelo: i) o coeficiente de determinação (R2), que, relembrando os
conceitos de análise de regressão, é uma relação entre a soma de quadrados devido ao
modelo ajustado e a soma de quadrados total (mede a variação dos dados devido ao modelo
ajustado em relação à variação total dos dados) e quanto mais próximo da unidade estiver o
valor de R2 melhor será o modelo ajustado; ii) Soma de quadrados de resíduos (RSS) –
quanto menor for este valor, melhor será o modelo de semivariograma. O GS+ utiliza este
resultado para a seleção do modelo e, por meio de combinações dos parâmetros do modelo,
minimiza esta soma de quadrados de resíduos. O autor do programa alega que a utilização

33 Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães


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desse critério na seleção do modelo é preferido, por ser este mais sensível e mais robusto
quando comparado com o coeficiente de determinação (R2).

Observação: Em muitos casos (talvez na maioria dos casos) a sensibilidade de quem está
trabalhando com os dados e o conhecimento sobre a variável é de fundamental importância
na opção do modelo de semivariograma. Às vezes é preferível selecionar um modelo com
R2 um pouco menor ou RSS um pouco maior que o sugerido pelo programa, mas que
represente melhor os dados. De maneira geral, quanto mais simples puder ser o modelo
ajustado, melhor, e também não se deve dar importância excessiva a pequenas flutuações.

A condição para o ajuste de modelos a dados experimentais é que ele represente a


tendência de γ(h) em relação à h e que o modelo tenha positividade definida condicional.
De maneira geral, um modelo é positivamente condicional se γ(h)> 0 e γ(-h) = γ(h),
qualquer que seja h.
Definindo C0 como efeito pepita, C0 + C como patamar e a como alcance, os
principais modelos de semivariogramas utilizados na geoestatística são:
i) modelo linear com patamar

 C
C 0 + h 0≤h≤a
γ ( h) =  a
 C 0 + C h>a
Neste caso C/a é o coeficiente angular para 0< h < a

ii) modelo esférico

  3  h  1  h 3 
C + C    −    0≤h≤a
γ (h) =  0  2  a  2  a  

 C0 + C h>a

iii) modelo exponencial

[
γ (h) = C0 + C 1 − e[ −3( h / a )] ] 0<h<d

34 Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães


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Neste modelo e no modelo de gaussiano d é a distância máxima na qual o semivariograma


é definido e nestes modelos o patamar (a) é atingido apenas assintoticamente O parâmetro a
é determinado visualmente como a distância após a qual o semivariograma se estabiliza.

iv) modelo gaussiano

[
γ (h) = C 0 + C 1 − e [ −3( h / a )
2
] 0≤h≤d
v) modelos sem patamar

γ( h ) = C0 + Ah B 0<B<2
Os parâmetros A e B são constantes que definem o modelo, sendo que B tem que ser
estritamente maior que zero e menor que dois para garantir a condição de positividade
definida condicional.

Observação: dependendo da escala de trabalho e do espaçamento entre amostras, pode-se


ter mais de um modelo de semivariograma para os dados. Nestes casos temos as estruturas
entrelaçadas.

As Figuras 15A e 15B mostram os aspectos gerais dos modelos de semivariogramas


discutidos anteriormente.
(A) A=8,0; B=0,5
(B)
A=0,9; B=1,0
Linear A=0,1;B=1,5
Gaussiano
Exponencial
Esférico

Figura 15. Modelos de semivariograma: (A) com patamar; (B) sem patamar.

Observação: Nos modelos exponencial e gaussiano, apresentados no programa GS+, a


amplitude a que deve ser considerada como a amplitude de dependência espacial deve ser
igual a três vezes e 3 vezes, respectivamente, o valor de A0, ou seja, a amplitude efetiva

35 Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães


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apresentada na coluna posterior a coluna de A0. Isto ocorre porque os modelos


exponencial e gaussiano utilizados no programa não consideram o fator 3 apresentados nos
modelos anteriores.

4.3. O uso do software GS+ na determinação do semivariograma

No programa GS+ o ícone indica que a análise da dependência espacial será


realizada por meio do semivariograma.

Observação: Existem outras opções de análises que são apresentadas em


“autocorrelation” ou nos respectivos ícones na barra de ferramentas.

Ativando o ícone do semivariograma, o programa apresenta a seguinte janela


(Figura 16):
Cálculo das
Distância máxima semivariâncias e do
para cálculo das Passos para Análise de
cálculo da anisotropia semivariograma
semivariâncias
semivariância

Exibe o
semivar.

Variância
amostral

Semivar.
escalonado

Semivariograma
isotrópico
Semivariogramas
anisotrópicos
Figura 16. Análise da semivariância

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A distância máxima para cálculo da semivariância deve ser no máximo igual à


máxima distância de coleta da amostra. O GS+ adota como critério inicial 80% da distância
máxima, isto se justifica pelo fato de que a grandes distâncias o número de pares para o
cálculo da semivariância reduz-se drasticamente, fazendo com que a estimativa da
semivariância tenha pouca precisão. Este valor pode ser alterado pelo usuário.
Os passos para cálculo das semivariâncias consiste em como as semivariâncias
vão ser agrupadas. Quanto maior for este valor menos pontos teremos no semivariograma.
Vale ressaltar também que, se este passo for muito pequeno, teremos classes de distância
sem pares para cálculo da semivariância.
Para a análise do semivariograma isotrópico o ângulo de tolerância (offset
tolerance) deve ser de 900 e, neste caso, os semivariogramas para as diferentes direções
(anisotrópico) serão iguais ao semivariograma isotrópico. Não abordaremos neste texto a
discussão sobre anisotropia e procedimentos de análise de anisotropia.
A janela apresentada na Figura 9 mostra também as opções de exibição do
semivariograma. Se marcarmos apenas a primeira opção, teremos o semivariograma
experimental e uma proposta de modelo ajustado. Marcando-se a primeira e a segunda
opções, temos o semivariograma experimental, a proposta de modelo e uma linha paralela
ao eixo X que representa a variância dos dados. Na terceira opção é exibido o
semivariograma escalonado, ou seja, o semivariograma onde cada semivariância é dividida
pela variância dos dados.
A Figura 17 ilustra o resultado de um semivariograma.

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Mostra o semivariograma Mostra as opções de modelos


com os respectivos com os parâmetros e ajuste
parâmetros e ajuste

Figura 17. Exemplo de um semivariograma

Note que a Figura 17 apresenta ainda a opção model e a opção expand. O resultado
da execução dessas funções são apresentados nas Figuras 18 e 19.
A Figura 18 exibe as opções de modelos de semivariogramas.
Amplitude Coef.
efetiva (exp Relação Determinação e
Efeito patamar amplitude entre C e
modelos e gaussiano). soma de quadrados
pepita patamar de erros

Refaz o semivariograma Aplica o novo


padrão do GS+ modelo caso haja
modificação

Figura 18. Modelos e análises dos modelos

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O GS+ permite, no comando model (Figura 18), visualizar os modelos com os


respectivos ajuste feito pelo programa (vale relembrar que o GS+ seleciona o modelo com
menor soma de quadrados de resíduos (RSS)). Ao usuário é permitido a modificação do
modelo selecionado pelo GS+ ou, então, dos parâmetros dos modelos e, realizadas
modificações, o comando apply deve ser ativado para que o programa tome este modelo
como o modelo de variabilidade espacial ou temporal daquela variável. Para retornar ao
modelo padrão do GS+ utilize o comando refit.

Observações:
a) O programa não apresenta o modelo de efeito pepita puro. Para obter este modelo
utilize o modelo linear com C0 = C0 +C.
b) A amplitude efetiva é utilizada no GS+ para determinar a amplitude de dependência
espacial dos modelos exponencial e gaussiano, devido a formula de cálculo desses
modelos no programa, A0 ≠ A (Estes modelos no GS+ não consideram o fator
multiplicativo 3).
c) A inclinação no modelo linear e linear com patamar (coeficiente angular) e dado pela
relação entre C e A0, ou seja, C/A0.
d) A relação entre C e C0+C nos dá uma idéia do grau de dependência espacial da variável,
sendo que quanto mais próximo de 1, maior a dependência espacial. Note que
C0 C
= 1− e o primeiro termo já foi discutido no item grau de dependência
C0 + C C0 + C
espacial, classificando a dependência como fraca, moderada e forte.
e) R2 (coeficiente de determinação) e RSS (soma de quadrados de resíduos) nos informa
sobre a qualidade do ajuste do modelo.
f) No ajuste do modelo a sensibilidade do usuário é muito mais importante do que os
valores de R2 e RSS e, portanto, tentativas de ajustes diferentes ao proposto pelo
programa devem ser utilizadas, mesmo que isso cause queda no valor de R2 e acréscimo
no valor de RSS.
g) O programa não apresenta a opção de ajuste de modelo sem patamar diferente do linear.
Neste caso, sugere-se que se copie as semivariâncias calculadas para outro programa e
que o gráfico seja feito neste outro programa, por exemplo, O Excel.

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A Figura 19 mostra o resultado da execução do comando expand.

Semivariograma
experimental e
modelo ajustado

Parâmetros do
modelo
ajustado

Lista semivariância Mostra as diferenças Edita o


calculada, com quadráticas que geram semivariograma
distâncias e número de a semivariância
pares

Figura 19. Semivariograma e opções de edição

Nesta tela temos a exibição das semivariância calculadas, do modelo de


semivariograma ajustado e dos parâmetros desse modelo. A listagem dos valores de
semivariâncias com as respectivas distâncias de cálculo (list values), permite que estes
valores sejam transportados para outros programas e que se faça vários modelos em uma
única figura.

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4.4. Exemplos de aplicação


1) Suponha que os dados abaixo representem a variável Z (por exemplo, % de areia de um
certo solo). A amostragem foi feita em uma transeção e as amostras foram coletadas a
cada 20 m. Faça a análise descritiva da variável, calcule as semivariâncias, monte o
semivariograma experimental e proponha um modelo de ajuste. (note que estes dados
são unidimensionais).
Tabela 1. Dados de % de areia em um solo.
h (m) 0 20 40 60 80 100 120 140
%Areia 16 18 17 20 15 15 15 15
h(m) 160 180 200 220 240 260 280 300
%Areia 17 17 17 18 18 19 18 18
h(m) 320 340 360 380 400 420 440 460
%Areia 18 21 16 20 16 18 18 17
h(m) 480 500 520 540 560 580 600 620
%Areia 18 18 20 17 17 17 17 18
Observação: para ser resolvido sem o uso de programas de geoestatística
Solução:
a) Análise descritiva
Média 17.46875
Erro 0.265581
padrão
Mediana 17.5
Moda 18
Desvio 1.50235
padrão
Variância 2.257056
Curtose 0.129546
Assimetria 0.27713
Mínimo 15
Máximo 21

A análise descritiva mostra que os dados possuem uma distribuição de probabilidade


normal aproximada (média, mediana e moda aproximadamente iguais; curtose e assimetria
próximos de zero; gráfico tendendo à simetria). A variabilidade do dados é relativamente
baixa (desvio padrão = 1,5023 e CV = 8,6%) e os valores mínimo e máximo indicam a não
existência de problemas amostrais com os dados.

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b) Semivariância e semivariograma
Os valores das distâncias h, das semivariâncias (γ(h)) e números de pares(n(h)) utilizados
no cálculo são apresentados abaixo.

Distâncias de cálculo, valores de semivariância e número de pares.


Distância h (m) Semivariância (γ(h)) Número de pares (n(h))
20 2,129 31
40 1,417 30
60 2,500 29
80 2,214 28
100 2,037 27
120 2,327 26
140 2,120 25
160 2,396 24
180 2,065 23
200 2,545 22
220 2,738 21
240 2,825 20
260 2,711 19
280 1,778 18
300 2,735 17
320 1,719 16
340 3,367 15
360 1,857 14
380 2,808 13
400 2,375 12
420 2,318 11
440 2,400 10
460 1,056 9

A representação gráfica (semivariograma) das semivariâncias em função da distância h


(semivariograma experimental) e uma proposta de modelo ajustado aos dados
experimentais são apresentados na figura abaixo.

4.000
semivariância

3.000

2.000

1.000

0.000
0 100 200 300 400 500
h (m)

Semivariograma experimental e modelo ajustado.

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O modelo proposto inicialmente é um modelo exponencial, com efeito pepita (C0)


de 1,0 (%)2, patamar (C0+C) de 2,3 (%)2 e alcance (a) de 120 m. (Observação: não foi
realizado nenhum teste para verificar se este é o melhor modelo de semivariograma para
esta variável).
Neste caso o semivariograma mostra uma dependência espacial para a % de areia
até 120 m, ou seja, amostras coletadas a distância inferiores a 120 m possui dependência
espacial e, no caso da utilização de métodos de análises estatísticas que consideram
independência entre amostras, à distância de amostragem mínima deveria ser de 120 m.
OBS: Exercício resolvido com o auxílio do MS-EXCEL

2) Utilizando os dados do exemplo anterior (exemplo1) refaça a análise utilizando o GS+


Solução:
a) Análise descritiva

b) Semivariograma
O modelo proposto pelo GS+ foi:

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O modelo proposto no exemplo 1 apresenta o seguinte resultado:

Comparando os dois modelos verifica-se ligeiro aumento de r2, mantendo-se o mesmo valor
de RSS, desta forma o modelo proposto no exemplo 1 poderia ser utilizado.
As descrições e discussões seguem o padrão do exemplo 1.
Lembre-se que o modelo adotado foi o exponencial e portanto o alcance efetivo será de
40,80 m no primeiro caso e de 120 m no segundo caso.
Outros modelos poderiam ser sugeridos neste caso.

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3) A seguir apresentamos as coordenadas X (m), Y (m) e a variável silte (%) em uma área
experimental.
X 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10 10 10 10 10 10 10
Y 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
PBPD 12.77 12.84 11.39 12.30 12.43 12.43 12.45 12.74 11.39 12.32 12.16 11.49 10.39 11.32 11.24 12.49
X 20 20 20 20 20 20 20 20 30 30 30 30 30 30 30 30
Y 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
PBPD 11.25 11.97 12.38 12.85 12.55 12.49 12.58 12.82 12.49 11.67 11.59 12.72 11.12 11.18 11.53 11.48
X 40 40 40 40 40 40 40 40 50 50 50 50 50 50 50 50
Y 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
PBPD 11.81 11.19 11.46 11.44 12.39 12.17 11.69 12.32 11.58 11.11 11.55 10.79 11.13 11.29 12.62 12.01
X 60 60 60 60 60 60 60 60 70 70 70 70 70 70 70 70
Y 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
PBPD 12.66 11.49 11.25 12.87 12.77 11.95 11.96 11.11 10.81 11.65 12.36 11.90 12.16 12.56 12.54 11.46

Realizar a análise dos dados e verificar se existe dependência espacial para essa variável.
SOLUÇÃO:
a) Análise descritiva
O resultado das principais estatísticas dessa variável é apresentado a seguir:

Nota-se que a área apresenta, em média, 11,92% de silte, com dispersão média em torno
desse valor de 0,6302%. Esta dispersão em torno da média representa uma variabilidade de
5,29% (CV=5,29%), mostrando que os dados têm uma baixa dispersão. Os coeficientes de
assimetria e curtose com os respectivos erros padrão indicam tendência simétrica dos
dados, mas a curva do tipo platicúrtica, diferindo da curva normal (mesocúrtica). Com base
em uma análise visual do histograma, verifica-se uma distribuição de freqüências bimodal
para esta variável.

A distribuição das amostras na área segundo o valor de ocorrência é a seguinte:

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Não se observa tendências de concentração de valores em posições específicas da área e


também não ocorre sentido preferencial na distribuição dos dados, tal fato é um primeiro
indicativo de que a distribuição espacial dessa variável, nesta área, é aleatória e isotrópica.

b) Análise do semivariograma
A seguir é mostrado o semivariograma dessa variável:

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O modelo apropriado para descrever o comportamento espacial dessa variável foi o modelo
de efeito pepita puro. Nota-se que as semivariâncias experimentais estão em torno da linha
paralela ao eixo x, ou seja, C0 + C = 0,397. Conclui-se, portanto, que a distribuição espacial
do silte nesta área experimental é aleatória e as amostras, para a malha amostrada (com
distância entre pontos de 10 m), são independentes.

4) Os dados apresentados abaixo referem-se a umidade de um solo. As amostras foram


coletadas em uma malha contendo 63 pontos com espaçamento de 20 m entre amostra,
perfazendo 9 colunas e 7 linhas de amostragem.
X 20 40 60 80 100 120 140 160 180 20 40 60 80 100 120 140
Y 20 20 20 20 20 20 20 20 20 40 40 40 40 40 40 40
U 28.16 27.16 26.09 27.27 27.61 26.61 26.13 29.73 31.12 27.52 26.54 26.45 24.98 27.93 26.91 24.13
X 160 180 20 40 60 80 100 120 140 160 180 20 40 60 80 100
Y 40 40 60 60 60 60 60 60 60 60 60 80 80 80 80 80
U 27.80 29.69 28.40 27.63 27.42 26.81 26.37 28.61 27.66 30.17 28.86 26.58 26.03 26.72 27.50 26.44
X 120 140 160 180 20 40 60 80 100 120 140 160 180 20 40 60
Y 80 80 80 80 100 100 100 100 100 100 100 100 100 120 120 120
U 23.63 26.83 25.46 24.17 26.61 24.49 22.35 22.05 22.05 24.98 23.35 26.18 22.30 27.89 24.64 24.20
X 80 100 120 140 160 180 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Y 120 120 120 120 120 120 140 140 140 140 140 140 140 140 140
PBPD 25.36 24.77 27.54 25.49 24.45 24.36 26.39 26.73 29.87 23.63 25.30 23.27 25.82 26.85 25.36

Realizar a análise dos dados e verificar se existe dependência espacial para essa variável.

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Solução:
a) Análise descritiva
As estatísticas e o histograma da variável umidade foram:

Verifica-se que este solo apresentou, na época de coleta, umidade média de 26, 24 g de
água/100g de solo, com desvio padrão de 2,020 g/100g, o que representa uma variabilidade
de 7,7%, considerada uma baixa variabilidade dos dados em torno do valor médio. Os
histogramas, associado à assimetria e à curtose dos dados, mostram que os dados se
distribuem segunda a curva normal.

As posições ocupadas pelos valores de umidade do solo na área experimental (figura


abaixo), mostram tendência de que os valores mais altos de umidade (acima de 27,50
g/100g) se concentrem na metade inferior da malha, considerando o eixo Y como referência
e, conseqüentemente, os valores abaixo de 27,50 g/100g se concentram na parte superior da
malha, mostrando uma distribuição espacial não aleatória dos dados. Não é possível
visualizar tendência de distribuição dos dados nas direções preferencias da malha, ou seja,
provavelmente exista uma isotropia na distribuição da umidade do solo nesta área.

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b) Análise do semivariograma
O semivariograma desta variável é:

Nota-se que a variável umidade do solo apresenta dependência espacial, que pode ser
descrita pelo modelo exponencial com alcance de 81 m, ou seja, amostras de umidade do
solo selecionadas a distâncias inferiores a 81 m estão correlacionadas entre si. A relação
entre o efeito pepita e o patamar de 13,63%, indica que a dependência espacial é forte.

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5. KRIGAGEM
5.1. O interpolador
O semivariograma é a ferramenta da geoestatística que permite verificar e modelar a
dependência espacial de uma variável. Uma aplicação imediata do semivariograma é a
utilização das informações geradas por ele na interpolação, ou seja, na estimativa de dados
e posterior mapeamento da variável. O interpolador que utiliza o semivariograma em sua
modelagem é chamado de krigagem. O nome krigagem é uma homenagem ao engenheiro
sul-africano D. G. Krige.
Para a aplicação da krigagem assume-se: que sejam conhecidas as realizações z(t1),
z(t2), ..., z(tn) da variável Z(t), nos locais t1, t2, ..., tn; que o semivariograma da variável já
tenha sido determinado; e que o interesse seja estimar um valor z* na posição t0.
O valor estimado z*(t0) é dado por:
n
z * (t 0 ) = ∑ λ i z (t i )
i =1

em que: n é o número de amostras de Z(t) envolvidas na estimativa de z*(t0), e λi são os


pesos associados a cada valor medido, z(ti).

Observação: Se existe a dependência espacial, os pesos λi são variáveis de acordo com a


distância entre o ponto a ser estimado z*(t0) e os valores z(ti) envolvidos nas estimativas. Se
ocorre a independência espacial, então : λi = 1/n e, portanto temos a média aritmética
simples.

A melhor estimativa de z*(t0) é obtida quando:


a) o estimador é não tendencioso
E{z * (t 0 ) − z (t 0 )} = 0
b) a variância da estimativa é mínima
Var[ z * (t 0 ) − z (t 0 )] = mínimo
Para que z* seja uma estimativa não tendenciosa de z, a soma dos pesos das
amostras tem que se igualar a 1.

∑λ i =1

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E para obter a variância mínima sob a condição de ∑λi = 1, introduz-se o


multiplicador de Lagrange para a dedução das equações e o sistema de krigagem resultante
é:
n

∑ λ γ (t , t
i =1
i i j ) + µ = γ (t i , t 0 )

em que: µ é o multiplicador de Lagrange.


A variância de estimativa é dada por:
σ E2 = µ + ∑ λ i γ (t i , t 0 )
O sistema de equações da krigagem contém n+1 equações e n+1 incógnitas e uma
única solução produz n pesos λ e um multiplicador de Lagrange µ.
Em notação matricial, chamando de A a matriz das semivariâncias dos valores
amostrados envolvidos na estimativa de z*(t0); λ a matriz coluna que contém os pesos λi e o
multiplicador de Lagrange e b a matriz coluna das semivariâncias entre os valores
amostrados e o ponto a ser estimado, tem-se:
λ=b

E, portanto:
λ=A-1b
A variância da estimativa (σE2) e dada por:
σE2 = btλ
As matrizes A, b e λ são:

γ (t1 , t1 ) γ (t1 , t 2 ) .... γ (t1 , t n ) 1 γ (t1 , t 0 )  λ1 


γ (t , t ) γ (t 2 , t 2 ) .... γ (t 2 , t n ) 1  γ (t , t )  λ 
 2 1  2 0   2
. . . .   .  . 
     
A= . . . .  ; b=  .  ; λ= . 
. . . .  .  . 
     
γ (t n , t1 ) γ (t n , t 2 ) .....γ (t n , t n ) 1 γ (t n , t 0 ) λ n 
 1 0  1  µ 
 1 1    

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Observações:
i) A matriz A é simétrica e possui diagonal principal igual a zero, ou igual ao valor do
efeito pepita.
ii) Os valores 1 que aparecem nas matrizes A e b são conseqüência do multiplicador de
Lagrange.
iii) O sistema deve ser resolvido para cada estimativa z* e para cada variação do
número de amostras envolvidos na estimativa.

5.2. A krigagem no programa GS+


A Figura 20 mostra a janela da krigagem no GS+. Para ativar a krigagem basta ativar o
ícone com a letra k.
Informações sobre a
malha Validação cruzada

Método de
krigagem

Modelo de
semivariograma

Arquivo e tipo de
arquivo para gravar a vizinhos
krigagem

Figura 20. Krigagem no GS+

A krigagem pode ser expressa por meio de mapas, sendo necessário para isto, ativar o ícone
map, tendo como resultado a Figura 21.

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Figura 21. Opções de mapas no GS+

Exemplo: Utilizando os dados no exemplo de umidade do solo (exemplo 4) fazer a


krigagem e o mapeamento da variável umidade.
Solução:
Como exemplo de saída dos resultados da krigagem temos uma pequena parte dos
resultados da krigagem, os resultados apresentam com as coordenadas (x,y), os valores
krigados, os desvios padrão desses valores e o número de vizinhos utilizados na estimativa.

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O mapa da umidade do solo é apresentado a seguir:

Neste mapa são apresentadas as regiões de ocorrência das umidades do solo.

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6. SEMIVARIOGRAMA CRUZADO E COKRIGAGEM


6.1. Semivariograma cruzado
Os semivariogramas cruzados objetivam descrever a variação espacial e/ou temporal
simultânea de duas variáveis aleatórias. Na natureza é comum encontrar variáveis que estão
fortemente associadas entre si, por exemplo, a umidade relativa do ar está intimamente
relacionada à precipitação pluviométrica.
Em algumas situações a determinação de variáveis é cara e difícil e isto pode
comprometer o estudo da variabilidade espacial daquela variável, entretanto se sabemos que
existe uma outra variável de simples determinação e que apresenta boa correlação espacial
com a de difícil determinação pode-se fazer a estimativa de uma delas usando-se informações
de ambas expressas no semivariograma cruzado, por meio do método chamado co-krigagem.
Estaremos, neste caso, trabalhando com a idéia de covariável.
Consideremos duas variáveis {Z1(t1i), i=1,...,n1} e {Z2(t2j), j=1,...,n2}, com as
amostragens feitas no mesmo espaço (área ou tempo), mas que o número de amostras de Z1
seja superior ao número de amostras de Z2 (n1 >n2).
Assumindo que pelo menos a hipótese intrínseca está sendo atendida para cada
variável individualmente e para a distribuição conjunta das variáveis, podemos definir os
semivariograma individuais e os semivariogramas cruzados como:

Ai) Os semivariogramas de Z1(t1i) e Z2(t2j):

1
γ 11(h) = E { Z 1( t 1i + h) - Z 1( t 1i ) }2 B
2
1
γ 22 (h) = E { Z 2 ( t 2j + h) - Z 2 ( t 2j ) }2 C
2
ii) O semivariograma cruzado entre Z1(t1i) e Z2(t2i), igual ao semivariograma cruzado entre
Z2(t2j) e Z1(t1i):

1
γ 12 (h) = γ 21( h ) = E {[ Z 1( t 2i + h) - Z 1( t 1i )][ Z 2 ( t 2j + h) - Z 2 ( t 2j )]}
2
D

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Portanto, a semivariância pode ser estimada por:

1 n(h)
γ 12 (h) = ∑ [ Z 1( t 1i + h) - Z 1( t 1i )][ Z 2 ( t 2j + h) - Z 2 ( t 2j )] E
2n(h) i=1
onde n(h) é o número de valores de Z1 e Z2 separados por um vetor h.
Pode-se notar que o semivariograma é um caso particular do semivariograma
cruzado, quando as duas variáveis são idênticas.
O semivariograma cruzado só será calculado usando as informações existentes para
posições geográficas coincidentes. Isto significa que Z1 e Z2 tem que ser, necessariamente,
definidos para os mesmos locais, e as informações excedentes não são consideradas no
cálculo.
Um semivariograma cruzado com características que podem ser identificadas como
ideais, teria aparência do semivariograma simples (de uma única variável, ou seja, patamar
definido, semivariância crescente para pequenas distâncias, modelo esférico), porém, com
significados diferentes, pelo simples fato de envolver o produto das diferenças de duas
variáveis diferentes. Por exemplo, ao contrário do semivariograma, não é obvio que o valor
do semivariograma cruzado para h=0, deva ser nulo. Assim, além de espaços menores do que
à distância de amostragem, acumulado no mesmo parâmetro, está à falta de correlação entre as
duas variáveis. O alcance aqui representa apenas o final ou a distância máxima de
dependência espacial entre as variáveis. Já o patamar do semivariograma cruzado, se existir,
deve aproximar-se do valor da covariância entre as duas variáveis. Assim, quando as duas
variáveis forem de correlação inversa, isto é, quando aumenta uma a outra diminui, a
covariância será negativa e, conseqüentemente, o semivariograma cruzado será negativo. Os
modelos utilizados para o semivariograma cruzado são os mesmos já discutidos para o
semivariograma simples.

6.2. Co-krigagem
A krigagem é um caso particular do método co-krigagem. Uma vez que exista a
dependência espacial para cada uma das variáveis Z1 e Z2, e que também exista dependência
espacial entre Z1 e Z2, então é possível utilizar a co-krigagem para estimar valores.

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Suponha que se queira estimar valores, Z2*, para qualquer local, t0, e que a estimativa
deva ser uma combinação linear de ambos Z1 e Z2, ou seja,

n n
1 2
z*2 (t0 )= ∑ λ 1i z 1( t 1i ) + ∑ λ 2j z 2 ( t 2j ) F
i= 1 i= 1

onde n1 e n2 são os números de vizinhos de Z1 e Z2, respectivamente, e λ1i e λ2j são os pesos
associados a cada valor de Z1 e Z2. Tomando z1(t1i) e z2(t2i) como sendo uma realização das
funções aleatórias, Z1(t1i) e Z2(t2i), respectivamente, e assumindo estacionaridade de ordem 2,
o estimador pode ser reescrito em:

n1 n2
Z *2 (to )= ∑ λ 1i Z 1( t 1i ) + ∑ λ 2j Z 2 ( t 2j ) G
i= 1 i= 1

Para que o estimador seja ótimo, ele não pode ter tendência e tem que ter variância
mínima. Em outras palavras, para que o estimador seja o melhor possível, é necessário que ele
não superestime nem subestime valores, e que a confiança nas estimativas seja máxima.
O raciocínio básico para dedução do sistema de equações da co-krigagem é idêntico
ao da krigagem, com uma diferença que, neste caso, envolve duas variáveis, e por isto envolve
equações mais longas, com subscritos, complicando um pouco mais a situação. Porém, o
raciocínio e, por conseguinte, a álgebra envolvida, são o mesmo.
Para que a estimativa não tenha tendência, qualquer que seja a distribuição dos pesos,
a soma daqueles associados com a variável estimada deve ser igual a 1, e a soma daquelas
associadas à outra variável, tem que ser nula.
O sistema co-krigagem e a variância da estimativa podem ser escritos em termos de
semivariograma, usando a hipótese de estacionaridade de ordem 2. Assim, o sistema da co-
krigagem, em termos de semivariograma fica:

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n1 n2
∑ λ 1i γ 12 ( t 1i ,t 1k ) + ∑ λ 2j γ 12 ( t 1k ,t 2j ) - µ1 =
i= 1 j=1

= γ 12 ( t 1k ,t 0 ), k = 1,... n1

H
n1 n2
∑ λ1i γ12 ( t 1i ,t 2l ) + ∑ λ 2j γ 22 ( t 2j ,t 2l ) - µ 2 =
i=1 j=1

= γ 22 ( t 2l ,t 0 ), l = 1,... n2
I
N1
∑ λ1i = 0
i=1

N2
∑ λ 2j = 1
j=1

e a variância da estimativa fica:

n1 n2
σ k 2( t 0 ) = µ 1 + µ 2 + ∑ λ 1i γ 12 ( t 1i ,t 0 ) + ∑ λ 2j γ 22 ( t 2j ,t 0 ) J
2
i= 1 j =1
A solução do sistema da co-krigagem produzirá n1 pesos λ1i e n2 pesos λ2j e os
multiplicadores Lagrangeanos, µ1 e µ2.

O sistema da co-krigagem pode ser escrito em notação matricial como,

[ λ ] [ γ ] = [b] K

cuja solução é

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[ λ ] = [ γ ] [b] L
-1

onde [γ]-1 é o inverso da matriz de coeficientes [γ], [λ] é a matriz dos pesos procurados, λ1i e
λ2j, e [b] é o lado direito do sistema de equações (semivariância do ponto a ser estimado (t0) e
o ponto observado (t12 ou t21)).
A variância da estimativa pode ser escrita como:

σ 2 k2 ( t 0 ) = [ λ ] [b] M
t

onde [λ]t é o transposto da matriz [λ].

Suponha então que o número de vizinhos de Z2 usados seja n2=2, e de Z1, n1=4. A
matriz [γ] será então de 8x8 e pode ser escrita como:
γ11 ( t 11 , t11 ) γ11 ( t12 , t 11 ) γ11 ( t 13 , t 11 ) γ11 ( t 14 , t 11 ) γ12 ( t 11 , t 21 ) γ12 (t11 , t 22 ) 1 0

γ11 ( t 11 , t 12 ) γ11 ( t 12 , t 12 ) γ11 ( t 13 , t 12 ) γ11 ( t 14 , t 12 ) γ12 ( t 12 , t 21 ) γ12 ( t 12 , t 22 ) 1 0

γ11 ( t 11 , t 13 ) γ11 ( t 12 , t 13 ) γ11 ( t 13 , t 13 ) γ11 ( t 14 , t 13 ) γ12 ( t 13 , t 21 ) γ12 ( t 13 , t 22 ) 1 0

γ12 ( t 11 , t 14 ) γ11 ( t 12 , t 14 ) γ11 ( t 13 , t 14 ) γ11 ( t 14 , t 14 ) γ12 ( t 14 , t 21 ) γ12 ( t 14 , t 22 ) 1 0

γ12 ( t 11 , t 21 ) γ12 ( t 12 , t 21 ) γ12 ( t 13 , t 21 ) γ12 ( t 14 , t 21 ) γ 22 ( t 21 , t 21 ) γ 22 ( t 21 , t 22 ) 0 1

γ12 ( t 11 , t 22 ) γ12 (t12 , t 22 ) γ12 ( t 13 , t 22 ) γ12 ( t 14 , t 22 ) γ 22 ( t 22 , t 21 ) γ 22 ( t 22 , t 22 ) 0 1


1 1 1 1 0 0 0 0
0 0 0 0 1 1 0 0

A matriz [λ] poderá ser escrita como

λ 11
λ 12
λ 13
λ 14
[λ ] =
λ 21
λ 22
µ1
µ2

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A matriz [b] do lado direito fica,

γ12 ( t 11 , t 0 )
γ12 ( t 12 , t 0 )
γ12 ( t 13 , t 0 )
[b] =
γ12 ( t 14 , t 0 )
γ 22 ( t 21 , t 0 )
γ 22 ( t 22 , t 0 )

6.3. Variância da estimativa


O simples fato de que, através da krigagem ou da co-krigagem, pode-se conhecer
também a variância da estimativa, diferencia-os de qualquer outro método. Esta é uma
propriedade interessantíssima, pois, além de permitir a estimativa de valores sem tendência
para os locais onde estes não foram medidos, ainda se pode conhecer a confiança associada a
estas estimativas, as quais podem ser chamadas de ótimas.
Quanto menor for o efeito pepita do semivariograma, menor será a variância da
estimativa. Mais precisamente, quanto menor for a proporção do efeito pepita para o patamar
do semivariograma, maior a continuidade do fenômeno, menor a variância da estimativa ou
maior a confiança que se pode ter na estimativa.
Examinando-se as equações relativas aos cálculos das variâncias da estimativa de
krigagem e co-krigagem, respectivamente, nota-se que são apenas indiretamente dependentes
dos valores medidos. Isto porque, o semivariograma e semivariogramas cruzados,
representam a maneira como a variável regionalizada varia de um local para o outro no
espaço, e os pesos são conseqüências deste fato. Porém, uma vez que se conhece o
semivariograma de uma propriedade, qualquer tipo de esquema de amostragem pode ser
desenhado para variâncias da estimativa pré-especificadas. Obviamente, a variância da
estimativa sendo uma função da distância ou distribuição espacial das amostras, será máxima

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nos locais mais distantes de valores medidos. Assim, baseado em semivariogramas de


variáveis medidas em caráter de reconhecimento, amostragens definitivas podem ser
desenhadas para satisfazer condições pré-especificadas. A localização ideal de uma rede de
pluviômetros em bacias hidrográficas constitui um exemplo prático desse procedimento. O
mesmo pode também ser utilizado através da co-krigagem, ambos, com algumas complicações
e vantagens. A principal complicação é que neste caso, depende-se de três correlações
espaciais (de cada variável, individualmente, e entre elas), o que não é sempre fácil.
Entretanto, quando as variáveis são amostradas em espaçamentos diferentes, haverão pontos
onde apenas a variável auxiliar foi medida. Para estes pontos, quase sempre a variância da
estimativa da co-krigagem é melhor do que a da krigagem. Com esta vantagem em mente,
pode-se desenhar esquemas de amostragem que envolvam ambas as variáveis, em densidades
de amostragem bem diferentes, de acordo com o grau de dependência espacial encontrado e a
dificuldade de medição.
Qualquer que seja o método, krigagem ou co-krigagem, a variância da estimativa é
extremamente sensível à forma do semivariograma ou semivariograma cruzado. Baseado na
discussão acima, o mapa de isolinhas ou tridimensional de uma variável usando valores
estimados através de um dos métodos geoestatísticos deve ser sempre acompanhado pelo
mapa correspondente da variância da estimativa, para que se possa visualizar os locais onde a
confiança na estimativa é limitada ou é suficiente. Entretanto, uma vez que a variância da
estimativa é uma função indireta da distância dos vizinhos ao redor do local da estimativa,
então em amostragens tomadas em distâncias regulares no reticulado quadrado, o mapa da
variância da estimativa será, simplesmente, uma coleção de círculos, com maiores valores
onde o ponto estimado é mais distante. Nesses casos, o mapa da variância tem pouca utilidade
e o exame de células compostas de vizinhos fechando o primeiro polígono em volta do valor
estimado, mostrando a variância da estimativa, ilustra este ponto suficientemente bem.

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6.4 Número de vizinhos das estimativas

A vizinhança usada na estimativa torna-se um ponto de extrema importância na


krigagem. Vários são os métodos que podem ser utilizados para a determinação do número de
vizinhos na estimativa, cada um com vantagens e desvantagens como será discutido em
seguida. Qualquer que seja o critério usado para a escolha do método, deve-se levar em conta
o ganho de precisão em relação ao aumento de tempo de computação.

a) Vizinhança única

Quando o tamanho do conjunto de dados, em termos de número de amostras


disponíveis tiver tamanho razoável, relativo à quantidade de memória e tempo de
processamento disponíveis no computador, pode-se usar o procedimento chamado vizinhança
única. Neste procedimento todos os valores medidos são considerados vizinhos e serão
utilizados na estimativa. Deve-se sempre lembrar que a decisão de se usar vizinhança única
basea-se em sua praticidade relativa ao tamanho do conjunto de dados e não na precisão obtida
na estimativa. A razão para tanto reside no alcance do semivariograma, pois os pesos
associados a vizinhos separados por distâncias maiores do que o alcance, não devem ter
contribuição significativa no valor estimado. Outro ponto importante é que, para se usar
vizinhança única, é necessário que o semivariograma seja definido até a maior distância
existente no espaço.
A vantagem deste método reside no fato que, uma vez invertida a matriz de
coeficientes, então as estimativas podem ser feitas para qualquer espaçamento com um
pequeno consumo de tempo de processamento de computador. Desse modo, a matriz
invertida pode ser arquivada no computador e usada quantas vezes for necessário, desde que
não mude o modelo do semivariograma e distribuição dos pontos amostrados no espaço.
Existem algumas variáveis que, embora mudem as magnitudes de variação, preservam entre si
a maneira como variam no espaço, apresentando semivariogramas que podem ser agrupados
em um único, quando divididos individualmente, pelas respectivas variâncias. Como exemplo
pode-se incluir umidade do solo amostrada em pequenos espaços de tempo. Nesse caso então,

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as vantagens da vizinhança única aumentam porque modelos de semivariograma escalonados


podem ser usados para obter pesos comuns a todas as variáveis.

b) Distância constante

Neste método, para cada ponto estimado é selecionada uma vizinhança constando de
todos os vizinhos localizados dentro de um circulo de raio especificado. Conseqüentemente,
nos cantos de um campo retangular ocorre 1/4 de círculo, com 1/4 do número de vizinhos. A
grande vantagem deste método está no fato que se conhece exatamente a distância na qual os
vizinhos para estimativa são procurados. Isto é particularmente importante porque se pode
limitar o uso do semivariograma quanto à distância sobre qual ele será calculado. Por outro
lado, o número de vizinhos pode mudar bastante ao longo do campo, fazendo com que o
tamanho do sistema matricial seja variável. Em termos de programação de computador, isto
pode se tornar um problema se exceder o valor usado na dimensão das matrizes.

c) Número constante de vizinhos

Um outro método bastante usado é o que mantém constante o número de vizinhos em


qualquer posição no campo. Para tanto, vizinhos são procurados, primeiramente dentro de um
raio inicial. Se o número de vizinhos encontrados for menor do que o limite especificado, a
distância é incrementada, e o processo é reiniciado. Se, pôr outro lado, o número encontrado
for maior do que o limite, apenas o número especificado mais próximo será usado.
Conseqüentemente, a distância sobre a qual se procura vizinhos varia sobre o campo.
Obviamente, as vantagens deste método são as desvantagens do anterior (distância constante)
e vice-versa. Porém, em situações em que a amostragem foi efetuada em espaçamentos
regulares, a distância de procura por vizinhos não muda muito e as desvantagens deste método
são minimizadas. Devido as amostragens regulares serem as mais usadas e as facilidades
inerentes deste método, fazem dele o mais comumente usado.

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d) Quadrantes

Uma alternativa interessante e bastante fundamentada em termos geoestatísticos é


usar um número especificado de vizinhos em cada quadrante ao redor do valor a ser estimado.
O fundamento reside na distribuição do número de vizinhos ao redor do valor estimado, o que
fará com que a estimativa receba contribuição semelhante em número, de todas as direções.
Muitas vezes quando não se impõe esta restrição, pode-se despercebidamente, utilizar
tendenciosamente sempre um número maior de vizinhos de um lado do que de outro. Porém,
isto ainda apresentaria problemas nos cantos e extremidades da área, e também o problema de
que nunca se sabe qual a distância na qual os vizinhos se localizam. Por estas razões este
método apresenta mais problemas do que vantagens.

6.5. O uso do programa GS+ na determinação do semivariograma cruzado, da co-


krigagem e no mapeamento da variável.
Temos duas variáveis aleatórias Z1 e Z2, suponha que a variável Z1 teve uma
subamostragem em relação a Z2 e que elas apresentam semivariogramas definidos
isoladamente e que também apresentem distribuição espacial conjunta, ou seja, correlação
espacial, então podemos proceder a análise do semivariograma cruzado e da co-krigagem. O
arquivo de dados terá aspecto apresentado na Figura 19.
Os procedimentos gerais da análise de semivariogramas cruzados e de co-krigagem
segue os mesmos procedimentos das análises simples. Deve-se ressaltar que se faz as análises
individuais das variáveis e depois a análise conjunta.

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Figura 19. Aspecto geral do arquivo de dados para a co-krigagem.

As Figuras 20, 21 e 22 mostram os procedimentos básicos para se trabalhar com


semivariogramas cruzados e co-krigagem.

Ferramentas de
análises descritivas Krigagem e
Semivariograma co-
das variáveis Z1, Z2
da variável 1 krigagem

Semivariogram Semivariograma
a da variável 2 Cruzado Mapas

Figura 20. Ícones ativos nas análises descritivas, semivariogramas simples, semivariogramas
cruzados, krigagem/co-krigagem e mapas.

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Figura 21. Janela para a análise do semivariograma cruzado

Figura 22. Janela para realização da co-krigagem

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6.6. Exemplo de aplicação no GS+


Suponha que os seguintes dados represente as observações de macroporosidade e de umidade
de saturação em uma determinada área.

x y macro usat x y macro Usat


0.00 0.00 16.07 43.19 40.00 0.00 24.66 57.30
0.00 10.00 21.98 48.61 40.00 10.00 13.89 47.39
0.00 20.00 35.50 40.00 20.00 15.45 46.03
0.00 30.00 25.11 56.49 40.00 30.00 24.37 52.26
0.00 40.00 33.89 63.62 40.00 40.00 49.29
0.00 50.00 18.52 47.90 40.00 50.00 30.51 58.55
0.00 60.00 37.32 65.89 40.00 60.00 43.89
0.00 70.00 54.11 40.00 70.00 37.08
10.00 0.00 16.91 47.23 50.00 0.00 23.59 52.84
10.00 10.00 10.44 40.70 50.00 10.00 50.27
10.00 20.00 17.80 45.06 50.00 20.00 29.69 58.20
10.00 30.00 22.34 52.04 50.00 30.00 45.85
10.00 40.00 55.95 50.00 40.00 29.01 59.18
10.00 50.00 13.53 45.72 50.00 50.00 22.16 52.06
10.00 60.00 43.26 50.00 60.00 45.67
10.00 70.00 20.88 49.98 50.00 70.00 46.45
20.00 0.00 45.31 60.00 0.00 14.14 40.65
20.00 10.00 20.67 53.27 60.00 10.00 28.29 56.86
20.00 20.00 24.14 59.00 60.00 20.00 26.38 56.04
20.00 30.00 28.47 61.94 60.00 30.00 28.42 57.23
20.00 40.00 25.16 55.59 60.00 40.00 24.91 57.56
20.00 50.00 25.88 53.81 60.00 50.00 26.90 52.29
20.00 60.00 49.60 60.00 60.00 46.55
20.00 70.00 25.65 54.44 60.00 70.00 44.15
30.00 0.00 54.07 70.00 0.00 25.82 52.15
30.00 10.00 11.40 40.00 70.00 10.00 22.30 50.35
30.00 20.00 40.18 70.00 20.00 25.64 53.94
30.00 30.00 21.01 59.21 70.00 30.00 22.79 51.72
30.00 40.00 14.79 46.62 70.00 40.00 18.20 48.55
30.00 50.00 18.03 49.89 70.00 50.00 27.55 53.65
30.00 60.00 50.14 70.00 60.00 45.91
30.00 70.00 14.39 44.43 70.00 70.00 23.37 51.85

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Faça a análise da macroporosidade usando como covariável a umidade de saturação.


Solução:
A análise descritiva geral para as variáveis analisadas é apresentada na Tabela
abaixo.
Verifica-se que a umidade de saturação apresenta maior uniformidade (menor CV)
do que a macroporosidade. Os coeficientes de assimetria e de curtose mostram tendência
simétrica e mesocúrtica das variáveis, portanto, pode-se considerar tais variáveis com
distribuição de probabilidade aproximadamente normal.
Analisando a relação linear entre a macroporosidade e a unidade de saturação,
obteve-se um coeficiente de correlação linear (r) de 0,9132, indicando que existe uma forte
associação positiva entre macroporosidade e umidade de saturação e, portanto, estimativas
da macroporosidade podem ser feitas com base na umidade de saturação.

Análise descritiva dos atributos umidade de saturação do solo (USat) e macroporos


(MACRO).
Estatísticas Atributos
Usat (%) MACRO (%)
n 64 45
Média 50,54 22,50
Desvio Padrão 6,41 5,98
Coef. de Variação 12,68 26,57
Coef. de Assimetria -0,02 -0,02
Coef. de Curtose -0,31 -0,33

As Figuras mostram os semivariogramas individuais para as variáveis umidade de


saturação (USat) e macroporos e o semivariograma cruzado da MACRO, usando como co-
variável a USat.

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Semivariograma para a umidade de Semivariograma para a macroporosidade do


saturação do solo (USat). solo

Semivariograma cruzado da macro em


função da umidade de saturação.

Para a umidade de saturação ajustou-se o modelo exponencial com alcance da


dependência espacial de 34,20 m, efeito pepita de 9,49 (%)² e patamar de 38,59 (%)². Para a
macroporosidade (MACRO) o modelo adotado foi o esférico, com alcance de 45,0 m,
efeito pepita de 19,70 (%)² e patamar de 38,7 (%)². E para o semivariograma cruzados as
estimativas dos parâmetros do modelo exponencial foram: alcance de 23,40 m; efeito pepita
de 6,97 (%)² e patamar de 34,08 (%)².
Verifica-se que a utilização da umidade de saturação, como uma co-variável para a
estimativa da macroporosidade, provocou alteração no alcance da dependência espacial,
mas ainda assim verifica-se que, a correlação espacial deve ser considerada para a
realização das estimativas. A alteração do alcance pode estar relacionado aos modelos
individuais diferenciados.

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As Figuras a seguir mostram os mapas da macroporosidade do solo, construídos a


partir da krigagem e da co-krigagem, ou seja, com base no semivariograma individual e
cruzado.

Mapa da macroporosidade do solo usando Mapa da macroporosidade do solo, usando


semivariograma individual semivariograma cruzado
Verifica-se coincidência relativamente alta entre as áreas de ocorrência da
macroporosidade. Devido ao processo de estimativa por co-krigagem algumas regiões são
subestimatadas e outras regiões são superestimadas.

7. VALIDAÇÃO DE MODELOS DE SEMIVARIOGRAMAS

O ajuste do semivariograma, como já comentamos, é um procedimento que fica a


critério do pesquisador, mas geralmente é feito "a sentimento". Para este tipo de ajuste
podemos utilizar algumas técnicas chamadas de validação cruzada ou de auto validação para
selecionar o semivariograma adequadamente. Recomenda-se que se ajuste vários modelos e
que seja selecionado o que melhor se adeque aos seguintes critérios:

a) O gráfico 1:1 - Medido vs Estimado

Se para cada um dos n locais onde se tem um valor medido Z(xi), estima-se um valor
através da krigagem (ou da co-krigagem), Z*(ti), então poder-se-á fazer um gráfico dos valores
pareados de Z(ti), Z*(ti) e calcular a regressão linear entre eles. A regressão será então:

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Z* ( t i ) = a + b Z( t i )

onde a é a intercessão, b é o coeficiente angular da reta e r2 é o coeficiente de correlação entre


Z*(xi) e Z(xi).
Assim, se a estimativa (Z*(xi)) fosse idêntica ao valor medido (Z(xi)), então a seria
nulo, b e r2 seriam iguais à unidade (um), e o gráfico de Z(xi) vs Z*(xi) seria uma série de
pontos na linha 1:1. Na medida em que os valores de a aumentam de 0 (zero) para valores
positivos, isto indica que estimador Z*(xi) está superestimando valores pequenos de Z(xi) e
subestimando valores grandes. À medida que a decresce de 0 (zero) para valores negativos, o
contrário acontece. Este último caso, porém, não é comum.
Desse modo, a qualidade da estimativa pode ser medida pelo julgamento destes
parâmetros.

b) O erro absoluto

Uma vez que se tem o conjunto de n valores medidos e estimados, Z(xi) e Z*(xi),
então pode-se definir o erro absoluto como:

EA( xi ) = Z* ( xi )- Z( xi ) O

Aplicando-se as condições de não tendência e de variância mínima, nos erros


absolutos, pode-se então dizer que:

EA = E {EA( xi )} = E { Z* ( xi )- Z( xi )} = 0 P

e
2
VAR( EA ) = E {( Z* ( xi )- Z( xi ) ) } = mÍnima Q

Se estas condições não forem satisfeitas, então alguma das condições previamente
assumidas estará sendo violada. Porém, a equação é bastante difícil de ser verificada porque o
conceito de ser mínimo torna-se subjetivo quando não se tem uma referência. O procedimento
seguinte pode contribuir nesse sentido.

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c) Erro reduzido

Lembrando que no cálculo dos valores estimados, Z*(xi), sempre se tem a variância
da estimativa, σ2k(ti), então pode-se definir o erro reduzido como:

ER( t i ) = ( Z* (t i ) - Z( t i ))/ σk ( t i ) R

A divisão pela raiz quadrada da variância da estimativa faz com que os ER(ti) sejam
sem dimensão e que, por isso, as condições de não tendência e de variância mínima, requeiram
que:

ER = E {ER( xi )} = E {( Z* ( xi )- Z( xi )) / σ k ( xi )} = 0 S

VAR( ER ) = E {( Z* ( xi )- Z( xi )) / σ k ( x0 ) } = 1 T
2

Estas propriedades fazem deste tipo de erro uma valiosa ferramenta e de fácil uso,
nas aplicações de geoestatística. O fato de terem valores ideais fixos em 0 (zero) e 1 (um), e
de serem sem dimensão, facilita seu julgamento e estudo, e também permite sua comparação
com outras situações expressas em unidades diferentes.
A Figura 23 mostra uma saída da opção de validação cruzada apresentada pelo
programa GS+. A validação cruzada é ativada na janela da Krigagem, conforme mostram a
Figuras 20 e 22.

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Figura 23. Validação cruzada.

Note, neste caso, que a reta ajustada está praticamente igual a reta a 45º (Gráfico
1:1), o coeficiente de regressão (coeficiente angular) de 0,944 com erro padrão de 0,105
indica que este é estatisticamente igual a 1 e o y intercept (coeficiente linear) de 0,024
mostra que este pode ser considerado estatisticamente igual a zero, condições estas ótimas
para as estimativas. O coeficiente de determinação (r2) de 0,39 é considerado relativamente
baixo, mas devido ao grande número de observações e sabendo-se que este coeficiente é
altamente influenciado pelo número de pares, podemos considera-lo como satisfatório.
Também pode-se verificar, pelo gráfico, que os valores extremos é que estão mais afastados
da reta e podemos associar isto ao fato do semivariograma geralmente apresentar melhores
estimativas para distâncias curtas.
A análise da validação cruzada deve ser feita com base em todos os parâmetros e
não com base em parâmetros isolados.

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http://sc-terre-218.unil.ch/

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