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O AMOR A DEUS

1Jo 4:17-21 (ARA)


Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo,
mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste
mundo. (1Jo 4:17)
No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o
medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.
(1Jo 4:18)
Nós amamos porque ele nos amou primeiro. (1Jo 4:19)
Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele
que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não
vê. (1Jo 4:20)
Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus
ame também a seu irmão. (1Jo 4:21)

INTRODUÇÃO:
O noivo estava extremamente nervoso enquanto ele e a noiva tratavam dos planos
para a cerimônia de casamento com o pastor.
- Gostaria de ver uma cópia dos votos matrimoniais - disse o rapaz, e o pastor lhe
deu uma cópia do roteiro da cerimônia. O jovem leu com atenção e depois devolveu o papel
dizendo: - Não serve! Aqui não diz em parte alguma que ela deve me obedecer!
A noiva sorriu, segurou a mão do noivo e disse:
- Querido, a palavra obedecer não precisa estar escrita num pedaço de papel. Ela já
foi escrita com amor no meu coração.
Essa é a verdade que João tem em mente nesta parte de sua epístola. Até aqui, a
ênfase foi sobre os cristãos amarem uns aos outros; mas agora, a ênfase é em um tópico
mais profundo e mais importante: o amor do cristão pelo Pai. Não se pode amar o próximo
nem o irmão sem antes amar o Pai celestial. Em primeiro lugar, deve-se amar a Deus de
todo o coração; então, seremos capazes de amar o próximo como a nós mesmos.
A palavra-chave desta seção é aperfeiçoar. Deus deseja aperfeiçoar em nós seu
amor por nós e nosso amor por ele. O termo aperfeiçoar dá a ideia de maturidade e de
plenitude. O cristão não deve crescer apenas na graça e no conhecimento (2 Pe 3:18), mas
também no amor pelo Pai. Esse crescimento se dá em resposta ao amor do Pai por ele.
Quão grande é o amor de Deus por nós? Grande o suficiente para ter enviado seu
Filho para morrer por nós (Jo 3:16).
Ele ama seus filhos da mesma forma que ama Cristo (Jo 17:23).
E Jesus diz que o Pai deseja que o amor com o qual ele ama seu Filho esteja em
seus filhos (Jo 1 7:26).
Em outras palavras, a vida cristã deve ser uma experiência diária de crescimento
no amor de Deus. À medida que cresce em amor, o cristão passa a conhecer o Pai
celestial de maneira cada vez mais profunda.
É fácil fragmentar a vida cristã e se preocupar com esta ou aquela parte em vez de
se preocupar com o todo. Um grupo pode enfatizar a "santidade" e instar seus membros a
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conquistar vitória sobre o pecado. Outro pode enfatizar o testemunho ou a "separação do


mundo". Mas, na verdade, cada uma dessas ênfases é apenas o produto de outra coisa: o
amor crescente do cristão pelo Pai. O amor cristão maduro é a grande necessidade universal
no meio do povo de Deus.

1. O AMOR A DEUS É SE CONTRAPÕE AO MEDO (VV. 17-18).


Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo,
mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste
mundo. (1Jo 4:17)
No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o
medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.
(1Jo 4:18)

De acordo com Moody:


Dá-nos ousadia no dia do juízo. 4:17.
17. O amor para conosco, literalmente. É o amor que Deus, que é amor, produziu em
nós, gerando-nos e colocando o Seu Espírito em nós. No dia do juízo mantenhamos
confiança. O crente que tem o perfeito amor de Deus em sua vida terrena pode enfrentar o
tribunal de Cristo sem vexame. Tal segurança não é presunção, porque, segundo ele é,
também nós somos neste mundo. A base para a ousadia é a nossa atual semelhança com
Cristo nesta vida, e particularmente, de acordo com este contexto, nossa semelhança em
amor.
Lança fora o medo. 4:18.
18. A idéia da ousadia traz à mente o seu antônimo, o medo. Uma vez que o amor
busca o mais alto bem para o outro, o medo, que é esquivar-se do outro, não pode ser uma
parte do amor.

Segundo Wiesrbe:
Aqui há duas palavras novas na epístola: "medo" e "tormento". Convém lembrar que
o apóstolo está se dirigindo a cristãos! Pode acontecer de um cristão ter uma vida cheia de
medo e tormento?
Infelizmente, muitos cristãos professos sentem-se amedrontados e
atormentados diariamente. O motivo para isso é a falta de crescimento no amor de
Deus.
O termo confiança pode significar "ousadia" ou "liberdade de expressão". Não quer
dizer impudência nem insolência. O cristão que experimenta o amor de Deus sendo
aperfeiçoado em sua vida cresce na confiança em Deus. Possui temor reverente do
Senhor, não medo atormentador. É um filho que respeita o Pai, não um prisioneiro que se
encolhe de pavor diante de um juiz.
O termo grego usado para "medo" é phobia, uma palavra que faz parte de nosso
vocabulário. Os livros de psicologia relacionam fobias de todo tipo como, por exemplo,
acrofobia, o medo de altura, e hidrofobia, o medo de água. Aqui, João escreve sobre
krisisfobia, o medo do julgamento. O apóstolo já mencionou essa verdade solene em 1 João
2:28 e volta a tratar dela nesta passagem.
Quem sente medo normalmente tem algo no passado que o assombra, algo no
presente que o perturba ou algo em seu futuro que o faz sentir-se ameaçado. Seu medo
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pode resultar, ainda, de uma combinação desses três elementos. O que crê em Jesus
Cristo não precisa temer o passado, o presente nem o futuro, pois experimentou o amor de
Deus, e esse amor está sedo aperfeiçoado em sua vida cada dia.
Eis o segredo de nossa confiança: "segundo ele é, também nós somos neste mundo"
(1 Jo 4:1 7). Sabemos que quando Cristo voltar, seremos "como ele" (1 Jo 3:1, 2), mas essa
declaração refere-se, principalmente, ao corpo glorificado que o cristão receberá (Fp 3:20,
21). Posicionalmente, já somos "como ele". Como membros do corpo de Cristo, somos
identificados com ele de maneira tão próxima que nossa posição neste mundo é como a
posição exaltada de Cristo no céu.
Isso significa que o Pai nos trata da mesma forma que trata seu Filho amado.
Sabendo disso, que motivo há para temer?
Não é preciso temer o futuro, pois nossos pecados foram julgados em Cristo
quando ele morreu na cruz. O Pai não iria julgar nossos pecados novamente sem julgar seu
Filho, pois "segundo ele é, também nós somos neste mundo".
Não é preciso temer o passado, pois "Ele nos amou primeiro". Desde o princípio,
nosso relacionamento com Deus sempre foi definido pelo amor. Não fomos nós que o
amamos; foi ele quem nos amou (ver 1 Jo 4:10). "Porque, se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida" (Rm 5:10). Se Deus nos amou quando não éramos filhos,
vivendo em desobediência a ele, quão maior não é seu amor por nós agora que somos seus
filhos!
Não é preciso temer o presente, pois "o perfeito amor lança fora o medo" (1 Jo
4:18). Ao crescer no amor de Deus, deixamos de temer o que ele fará.
É evidente que existe um "temor de Deus" correto, mas este não causa tormento.
"Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8:15). "Porque
Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (2 Tm
1:7).
Na verdade, o medo é o início do tormento. Fica-se atormentado ao olhar para o
que se encontra adiante. Muita gente sofre intensamente ao pensar na próxima consulta com
o dentista. Pode-se imaginar o sofrimento intenso de um não-salvo ao contemplar o dia do
julgamento. Mas uma vez que o cristão tem confiança no dia do julgamento, também
pode ter confiança ao encarar a vida no presente, pois nenhuma situação nesta vida
sequer chega perto da severidade terrível do dia do julgamento.
Ainda sobre estes versos Hernandes Dias Lopes considera:
Nesses versículos em apreço João retorna ao tema do perfeito amor, conquanto
agora esteja preocupado, não com a perfeição do amor de Deus em nós, mas do nosso amor
por Deus. Porque estamos em Deus e ele em nós, podemos amar a Deus e aos nossos
irmãos. O que cremos desemboca no que fazemos. A teologia promove a prática. Quatro
solenes verdades podem ser aqui destacadas:
O nosso amor é a âncora da nossa confiança no Dia do Juízo (4.17,18).
Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos
confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo;
antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que
teme não é aperfeiçoado no amor.
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Se Deus, que é amor, permanece em nós, seu amor flui por nosso intermédio.
Esta união mística com Deus aperfeiçoa em nós o amor e esse amor aperfeiçoado nos
dá con-fiança no Dia do Juízo. O verdadeiro amor não é inseguro. Ele lança fora o medo.
Ele não é regido pelo tormento, mas governado pela confiança. Não temos medo de Deus,
mas amor. Aqueles que têm medo de Deus se afastam dele atormentados; mas aqueles
que o amam, aproximam-se dele e se deleitam nele.
Simon Kistemaker tem razão quando diz que assim como a fé e a dúvida não
podem caminhar juntas, o amor e o medo também não têm nada em comum. Diz ainda o
mesmo autor que a palavra medo tem dois sentidos: pode significar pavor ou reverência e
respeito. O crente ama e respeita a Deus, mas não tem medo dele (Rm 8.15). Por causa
de seu amor a Deus e da comunhão com ele, o crente não tem medo do dia do
julgamento.
William Barclay tem razão quando diz que o temor é a emoção característica de
alguém que espera ser castigado ao olhar para Deus como Juiz, Rei e Legislador. Devemos
temer a Deus no sentido de reverência e respeito. O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria. Porém, nossa relação com Deus deve ser regida pelo amor e não pelo medo.
Warren Wiersbe tem razão em dizer que João está tratando aqui de uma espécie
específica de medo, ou seja, krisisfobia, medo do julgamento. Neste sentido, quem sente
medo, normalmente tem algo no passado que o assombra, algo no presente que o
perturba ou algo em seu futuro que o faz sentir-se ameaçado. O que crê em Jesus,
porém, não precisa temer o passado, o presente e o futuro, pois experimentou o amor
de Deus, e este amor está sendo aperfeiçoado em sua vida a cada dia.
O cristão não precisa temer o julgamento futuro, pois Cristo já foi julgado por ele na
cruz (Jo 5.24; Rm 8.1). Para o cristão, o julgamento não é futuro, mas sim passado. Seus
pecados já foram julgados na cruz e jamais serão usados para condená-lo outra vez. Não é
preciso temer o passado, pois “Ele nos amou primeiro”. Não é preciso temer o presente, “pois
o perfeito amor lança fora o medo”.

2. O AMOR A DEUS É RESULTADO DO AMOR DELE POR NÓS (V. 19).


Nós amamos porque ele nos amou primeiro. (1Jo 4:19)

De acordo com Moody:


19. Nós o amamos (E.R.C.). A palavra o não se encontra nos melhores textos, e o
verbo está no subjuntivo. Portanto, a tradução é: Vamos amar, porque ele nos amou primeiro.

Segundo Wiesrbe:
Deus foi quem primeiro nos amou. Ele, livre e soberanamente, resolveu escolher
alguns dentre o mundo antes da fundação do mundo para serem filhos adotivos por meio de
Jesus (Ef 1.4). Paulo é claro a esse respeito.
Esse ensino tem fundamental importância na nossa vida cristã visto que ninguém
pode bater no peito e arrogantemente dizer que ama a Deus. A causa do amor a Deus não
reside em nós! Não fomos nós que tivemos a iniciativa de amar ao Senhor. Pelo
contrário, somos o resultado da obra de Cristo. Se amamos a Deus e ao seu Filho, foi
porque Ele nos amou sem que tivéssemos qualquer merecimento.
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Segundo Hernandes:
O nosso amor a Deus e ao próximo ê uma resposta do amor de Deus por nós
(4.19). “Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” Harvey Blaney está correto quando diz
que o amor de Deus pelo homem não é uma reação ao nosso amor. A resposta é nossa.
Nosso amor depende do seu amor e é o resultado desse amor.381
Deus é a fonte do amor, Deus é amor. Isto não significa que o amor é Deus.
Antes significa que Deus é essencialmente amoroso em seu caráter, em suas palavras e em
suas obras. Quando amamos refletimos o amor de Deus. Nosso amor é o refluxo do fluxo do
amor de Deus. Não fomos nós que amamos a Deus primeiro. Nosso amor por Deus é
apenas uma resposta e um reflexo do seu imenso amor por nós. Como já dissemos,
não somos a fonte do amor, mas apenas seus instrumentos. O amor não brota em nós,
ele passa por meio de nós. Somos o canal do amor de Deus. Refletimos o caráter amoroso
de Deus quando amamos.

3. O AMOR A DEUS SE EXPRESSA PELO AMOR AO PRÓXIMO (VV.20-21).


Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele
que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não
vê. (1Jo 4:20)
Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus
ame também a seu irmão. (1Jo 4:21)

Para Hernandes é possível perceber que:


O nosso amor a Deus precisa ser provado pelo nosso amor ao irmão (4.20). “Se
alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu
irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”
E impossível amar ao Deus invisível sem amar o irmão visível. Não há amor no
plano vertical quando não há amor no plano horizontal. Nosso amor endereçado ao céu é
inconsistente se ele não é demonstrado na terra. Nosso amor a Deus é uma mentira se
ele não puder ser demonstrado ao irmão. Provamos nosso amor a Deus a quem não
vemos quando amamos os irmãos a quem vemos.
Toda pretensão de amar a Deus é ilusão, se não vier acompanhada por um
amor altruísta e prático por nossos irmãos (3.17,18). Obviamente é mais fácil amar e
servir a um ho-mem visível do que ao Deus invisível, e se falhamos na tarefa mais fácil, é
absurdo pretender ter sucesso na mais difícil.
John Stott cita Calvino: “E uma falsa jactância quando alguém diz que ama a Deus,
mas negligencia a sua imagem, que está diante dos seus olhos” .
Concordo com John Stott quando diz que o perfeito amor, que lança fora o medo,
lança fora o ódio também. Nesta carta o apóstolo João desmascarou aqueles que
profes-savam ser salvos e viviam de forma incompatível com essa confissão. Aqueles que
alegavam conhecer a Deus e ter co-munhão com ele, mas andavam nas trevas da
desobediência, estavam mentindo (1.6; 2.4). Aqueles que alegavam possuir o Pai, mas
negavam a divindade do Filho, estavam mentindo
. Aqueles que alegavam amar a Deus, mas estavam odiando os irmãos, também
estavam mentindo (4.20).
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Estas são as três trevosas mentiras da epístola: a mentira moral, doutrinária e


social. Somente a santidade, a fé e o amor podem provar a veracidade da nossa alegação de
que conhecemos, temos e amamos a Deus.
O amor a Deus e aos irmãos não pode ser desconectado (4.21). “Ora, temos, da
parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” O
man-damento do amor provém do próprio Deus. O amor a Deus e ao irmão é um único
mandamento. Este mandamento não pode ser desdobrado nem dividido. E impossível
deixar de amar o irmão e ainda assim continuar amando a Deus. As duas tábuas da lei
são a única e a mesma lei. Nosso amor a Deus deve ser provado pelo nosso amor aos
irmãos.

Para Moody:
20, 21. Nosso amor aos irmãos, uma coisa visível, comprova o nosso amor a
Deus, uma entidade invisível. É fácil dizer piedosamente, "eu amo a Deus"; João diz que a
verdadeira piedade se comprova no amor fraternal. Mais ainda, ele insiste na ideia declarando
no versículo 21 que este é um mandamento de Cristo (Jo. 13:34).

Segundo Wiesrbe:
Encontramos aqui, pela sétima vez, as palavras: "Se alguém disser...".
Cada vez que se vê essa expressão, já se sabe o que virá em seguida: uma
advertência sobre o fingimento.
O medo e o fingimento costumam andar juntos. Na verdade, as duas coisas tiveram
origem no pecado do primeiro casal. Quando Adão e Eva sentiram culpa, a primeira coisa que
fizeram foi tentar esconder- se de Deus e cobrir sua nudez. Mas nem a cobertura e nem as
desculpas que criaram podiam escondê-los dos olhos do Deus que vê todas as coisas. Por
fim, Adão admitiu: "Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi"
(Gn 3:10).
Mas quando o coração tem confiança diante de Deus, não há necessidade de fingir
nem para Deus, nem para as outras pessoas. O cristão que não confia em Deus também não
confia no povo de Deus. Parte do tormento decorrente do medo consiste em uma
preocupação constante. "O que será que as pessoas sabem, de fato, a meu respeito?" Mas
quando temos confiança em Deus, esse medo desaparece, e é possível encarar Deus e os
homens sem preocupação.
Um cristão imaturo que não cresce em seu amor por Deus pode pensar que precisa
impressionar outros com sua "espiritualidade". Esse erro o transforma em um mentiroso!
Professa algo que não pratica e desempenha um papel em vez de viver a vida.
Talvez o melhor exemplo desse pecado seja a experiência de Ananias e Safira (At
5). Os dois venderam uma propriedade e levaram parte do dinheiro para o Senhor, dando a
impressão, porém, de que estavam ofertando todo o dinheiro. O pecado desse casal não foi
tomar dinheiro de Deus, pois Pedro deixou claro que ficava a critério deles decidir
como usar o dinheiro (At 5:4). O pecado deles foi a hipocrisia. Tentavam levar as pessoas
a pensar que eram mais generosos e espirituais do que, na verdade, era o caso.
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Outras compreensões:
Como já tem sido dito, João nessa carta combate os gnósticos que espalhavam sua
perigosa mensagem nas igrejas. Apesar de professarem o amor a Deus, desprezavam o
amor ao próximo o que comprovava a incoerência daquela profissão de fé. Para isso,
João deixa claro que a confissão de fé (“Amo a Deus”) deve ser evidenciada pelo amor
ao próximo. Para fundamentar esse argumento, ele usa dois argumentos.
O primeiro está relacionado com a doutrina da imagem e semelhança de Deus.
O cristão é a imagem de Deus (ainda que obscurecida por conta do pecado). Sendo assim,
como alguém pode dizer que ama ao Deus invisível, mas odeia aquele que é imagem de
Deus.
O segundo argumento é a coexistência de amor ao próximo e a Deus. O amor
a Deus e o amor ao próximo andam juntos. Se alguém, de fato, ama a Deus
consequentemente, amará o seu irmão. Por outro lado, quem ama seu irmão, demonstra
que de fato ama a Deus.
O que aprendemos aqui é uma lição básica e que é repetidamente enfatizada por
João. Ou seja, o cristianismo autêntico expressa graça, misericórdia e compaixão.
Aquele que de fato é cristão e foi alvo da misericórdia de Deus, deverá
dispensar graça, misericórdia e compaixão pelo seu próximo. Somente assim, ficará
evidente que essa fé é verdadeira não falsa. É através dos frutos que fica claro o amor a
Deus é verdadeiro. Enfim, a fé genuína é operosa e não inerte.

CONCLUSÃO:

A EXCELÊNCIA DO AMOR (4.19)


A FONTE DO AMOR
1. Deus personifica o seu amor (4.8, 16)
2. Deus nos amou (4.19)
3. Deus deu o seu Filho por nós (4.9·10)
4. Cristo deu a sua vida por nós (3.16)
O EFEITO DO AMOR
1. Nós refletimos o amor de Deus no mundo (4.7)
2. Nós amamos a Deus; o medo é lançado para fora; guardamos os seus
mandamentos (4.18-19; 5.3).
3. Nós damos nosso amor pelos outros {3.17: 4.11}
4. Nós damos as nossas vidas pelos outros (3.16) 1

Não é difícil proferir a frase: “Eu amo a Deus”. É preciso, no entanto, entender que o
amor a Deus tem características claras. O amor a Deus se contrapõe ao medo, é produto do
amor Dele por nós e se evidencia no ato de amar nosso próximo. Que nossa profissão de fé
seja verdadeira! Que nossa fé seja operosa! Que nosso amor a Deus seja demonstrado por
meio de nossos frutos.
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Fonte:
Alguns trechos dessa mensagem foram extraídos dos seguintes comentários:
Hernandes Dias Lopes
Warren Wiersbe
Moody

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