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MÓDULO VI - PROBLEMA II

#OBJETIVOS
EPIDEMIOLOGIA
 ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
Na investigação de um tema, três estratégias independentes de abordagem são utilizadas por profissionais da
área da saúde: o estudo de caso; a investigação experimental em laboratório; e a pesquisa populacional.
1. ESTUDO DE CASO
Observação de um ou poucos indivíduos com a mesma doença e, a partir da descrição dos seus casos traça-se um
perfil de suas principais características. Quando se estuda um numero maior de pessoas (no mínimo 10) caracteriza-se
uma série de casos.
POSITIVOS NEGATIVOS
Fácil Alta seletividade de indivíduos
Baixo custo Observação de situações atípicas
Possibilidade de observação intensiva (ou não)

Os indivíduos observados costumam ser altamente selecionados e a observação se restringe a situações incomuns
ou de evolução atípica ou de resultado terapêutico inesperado.
Certa subjetividade na observação dos fatos, pois depende somente do observador que já pode ter uma idéia
preconcebida dos fatos e a faz predominar. Alem disso tem a falta de indivíduos controle para comparar resultados,
tornando difícil identificar simples coincidências.
2. INVESTIGACAO EXPERIMENTAL DE LABORATÓRIO
São estudos experimentais realizados em laboratório, cujo foco da avaliação geralmente são animais, por motivos
éticos. Exemplos: estudo com camundongos, macacos, entre outros.
 ASPECTOS POSITIVOS
Menor grau de subjetividade devido a adoção de rigorosos controles que também servem de parâmetro
comparativo na comparação dos resultados.
 ASPECTOS NEGATIVOS
Como os estudos são realizados em animais o problema esta na extrapolação dos resultados para humanos.
3. PESQUISA POPULACIONAL
Pesquisa realizada em populações de humanos. É a abordagem central da epidemiologia.
 CRITERIOS PARA A CLASSIFICACAO DOS METODOS EMPREGADOS EM EPIDEMIOLOGIA
Entre os principais critérios utilizados, estão:
1. O propósito geral
Estudos descritivos e analíticos
2. O modo de exposição das pessoas ao fator em foco
Estudos de observação e de intervenção
3. Direção temporal das observações
Estudos Prospectivos (de coorte); retrospectivos (caso-controle); e transversais
4. Unidades de observação
Divide as pesquisas em dois tipos: as que a unidade de observação é o individuo e as que a unidade são um grupo
de indivíduos.
OBS) há outros critérios que geram outras classificações como: Longitudinal x Transversal; Estudo controlado x Não-
controlado; Randomizado x Não-randomizado; Experimental x Quase-experimental.

 ESTUDOS DESCRITIVOS
Esse tipo de investigação tem como objetivo informar quantitativamente sobre a distribuição de um evento na
população. Essas distribuições podem ser de incidência (casos novos) ou de prevalência (total de casos) e não há
formação de grupos-controle para comparação de resultados. A população aqui utilizada pode ser composta de só
doentes (investigações hospitalares), de só sadios (cobertura de uma vacina) ou de uma mistura entre esses (morbidade
domiciliar). Exemplo: a incidência de infecção chagásica em habitantes rurais.
 ASPECTOS METODOLOGICOS
Para traçar o perfil do tema em questão deve-se apenas observar como o evento ocorre, em uma ou mais
populações e expressar essas freqüências apropriadamente. Para isso deve obter uma base de dados (de mortalidade,
morbidade, pessoas expostas aos riscos, etc.) e quanto melhor for a base de dados, em termos de abrangência da
população e qualidade do seu conteúdo, mais precisos os quadros clínicos. Quando as informações inexistem ou são
julgadas imprecisas ou incompletas, realizam-se investigações para obtê-las, seja de forma prospectiva, retrospectiva ou
transversal. Nesse caso uma nova coleta de dados é um processo demorado e dispendioso e para realizá-lo deve se levar
em consideração o custo-benefício.
 USOS DOS RESULTADOS
A inspeção da distribuição das freqüências de um evento, seja disposta em tabelas, gráficos ou outra forma,
possui o objetivo de: identificar os grupos de risco (segmentos da população que poderiam se beneficiar de medidas
saneadoras – prevenção); sugerir explicações para as variações de freqüências nos diferentes segmentos.

 ESTUDOS ANALÍTICOS
Os estudos analíticos são metodologicamente diferente dos descritivos e são a 2º etapa no processo de obtenção
do conhecimento (o descritivo é a primeira). As pesquisas analíticas geralmente estão subordinadas a uma ou mais
questões cientificas, as hipóteses, que relacionam uma causa (exposição) a um efeito (doença). Essas hipóteses podem
ser formuladas previamente (guiar o planejamento, coleta e analise de dados) ou posteriormente (ser testada em uma
base de dados); ou pode não haver hipótese explicita, e sim a busca por fatores que contribuam para o aparecimento da
doença. Exemplos: obesidade-diabetes; fumo-câncer; vacina-prevenção; OBS)
 TIPOS DE ESTUDO ANALITICO
A principal diferença entre os estudos analítico e descritivo é a presença de um grupo-controle, formado
simultaneamente ao grupo de estudo e que serve para comparação de resultados. Porem em muitas situações essa
delimitação é falha, pois as investigações analíticas tem uma fase descritiva, enquanto a base de dados, formada durante
o estudo descritivo, pode ser utilizada para testar uma hipótese, característica analítica. De acordo com a formação dos
grupos-controle gera diversos tipos de estudos analíticos. Observa-se 4 tipos básicos:
 ESTUDO EXPERIMENTAL: O ENSAIO CLINICO RANDOMIZADO
Nesta modalidade inicia-se a investigação a partir da causa/exposição para verificar o aparecimento do
efeito/doença, porem a seleção dos participantes para formar os grupos (de estudo e controle) é aleatória, cujo objetivo
é formar grupos com características semelhantes. Em seguida, em apenas um dos grupos, submete-se uma intervenção, a
qual se tem o objetivo de avaliar os resultados, sendo o outro grupo para comparação de resultados. Exemplo: teste de
vacinas e drogas.
O ensaio clínico randomizado é considerado o padrão de excelência (padrão ouro), ou seja, é o melhor entre
todos os métodos de investigação utilizados em epidemiologia, pois é o que produz evidências mais diretas e inequívocas
para esclarecer uma relação de causa-efeito entre dois eventos. Possui alta credibilidade cientifica. Sua característica
marcante de excelência é a possibilidade de subdividir um grupo de participantes em dois ou mais subgrupos idênticos.
Os dados são interpretados tomando por base o risco relativo (incidência em um grupo dividida pela incidência no
outro grupo). Exemplo: 2 grupos de 100 pessoas aleatórias são expostos a uma doença, em 1 é administrado uma vacina
em 2 não. Observa-se em 1 (2 casos da doença) em 2 (10 casos). Risco relativo= 0,2 ou 20%; eficácia da vacina 80%.
 DELINEAMENTO (ESBOÇO) DE UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
1. SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Uma população, ou uma amostra desta, é selecionada para estudo em função de serem portadores de
características especificadas previamente e de interesse para a hipótese em estudo, se selecionados ele é informado
sobre os detalhes da pesquisa incluindo os riscos envolvidos, se consente em participar ele é incluído no estudo. Termo
de consentimento.
2. RANDOMIZAÇÃO E INTERVENÇÃO
Cada individuo incluído no estudo é colocado por processo aleatório em um dos grupos (estudo/controle), com o
objetivo de formar dois grupos com características semelhantes, onde o grupo estudo recebe uma intervenção e o
controle não.
3. ACOMPANHAMENTO DOS PARTICIPANTES E VERIFICAÇÃO DOS EFEITOS
Cada participante independente do grupo é acompanhado, observado ou examinado de maneira semelhante. Um
dos cuidados essenciais consiste em não promover diferenças entre os grupos pelo simples fato de se acompanharem e
examinarem as pessoas. Seu objetivo é introduzir um único fator de diferença entre os grupos (a intervenção) e verificar o
impacto diferencial dessa através da comparação dos resultados entre os grupos. Exemplo: eficácia de uma vacina.
 VANTAGENS E LIMITAÇÕES
 VANTAGENS
1. Alta credibilidade cientifica
2. Maior probabilidade de grupos comparáveis quanto as variáveis de confundimento
3. Não há dificuldade na formação do grupo controle
4. Intervenções e procedimentos decididos previamente e uniformizados
5. Alta qualidade dos dados sobre a intervenção e efeitos
6. A intervenção e a verificação dos resultados podem ser ocultadas com o uso do placebo e técnicas de aferição duplo-
cega, de modo que os examinadores e examinados não influenciam nos resultados
7. Interpretação simples dos resultados – sem variáveis de confundimento
 LIMITAÇÕES
1. Por dificuldades praticas e éticas algumas situações não pode ser pesquisadas
2. O grupo investigado pode ser altamente selecionado, não representativo, devido as múltiplas exigências quanto as
características para participação do estudo
3. Impossibilidade de ajustar o tratamento em função das necessidades de cada individuo
4. Necessidade de estrutura administrativa e técnica de grande porte
 ESTUDO DE COORTE
Nesta modalidade inicia-se a investigação a partir da causa/exposição para verificar o aparecimento do
efeito/doença, porem a seleção dos participantes para formar os grupos (estudo/expostos e controle/não-expostos) não
é aleatória. Os grupos são formados por observação de situações da vida real ou por distribuição arbitraria de uma
intervenção permitindo comparações entre os grupos, ou seja, não é feita uma intervenção intencional. Exemplo: obeso e
não-obeso. Exemplo: associação entre exercício físico e coronariopatias.
Os dados também são interpretados tomando por base o risco relativo. Tomando o exemplo citado, observa-se
um grupo 1 praticantes de exercício e o 2 sedentários, após a investigação o risco relativo foi de 2 (ou seja, para cada 2
sedentários que morreu por coronariopatias morreu 1 praticante de exercício) dessa forma os sedentários tem o dobro
de chance de morrer por coronariopatias.
OBS) esse estudo (assim como os demais a serem discutidos) possui limitações próprias devido a ausência de
distribuição aleatória, o que significa que os grupos comparados não têm semelhança que permitam a comparação entre
os resultados, podendo ter outros fatores de riscos contribuindo para as diferenças nos resultados, complicando a sua
interpretação, pois confundem as reais relações entre a causa e o efeito, são as variáveis confundidoras.
 TERMO COORTE
Este termo é usado com dois significados: para designar um grupo (significa grupo de pessoas com características
comuns); ou um método (tipo de investigação que parte da causa para investigar os efeitos e contem um grupo controle
interno).
 DELINEAMENTO (ESBOÇO) DE UM ESTUDO DE COORTE
1. SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Uma população, ou uma amostra desta, é selecionada para estudo em função de apresentar características que
possibilitem a investigação exposição-doença.
2. VERIFICAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
Por observação ou exame dos componentes da amostra, determina-se o nível de exposição a que estiveram
submetidos (exemplo: fumantes ou não). Deve-se certificar de que o individuo incluído não seja doente.
3. ACOMPANHAMENTO DOS PARTICIPANTES PARA VERIFICAÇÃO DOS EFEITOS
A incidência de desfechos clínicos em expostos e não expostos é determinada por acompanhamento periódico ou
por exame final dos participantes. Os resultados podem ser medidos em termos de um ou mais desfechos clínicos
(incidência da doença; mortalidade; qualidade de vida).
 VANTAGENS E LIMITAÇÕES
 VANTAGENS
1. Não há problemas éticos quanto a exposição das pessoas a fatores de risco (pois não tem intervenção)
2. A seleção dos controles é relativamente simples
3. Os dados referentes à exposição são conhecidos antes da ocorrência da doença
4. Muitos desfechos clínicos podem ser investigados simultaneamente
 LIMITAÇÕES
1. Falta de comparabilidade entre as características dos grupos expostos e não-expostos (não aleatoriedade)
2. Alto custo
3. Na maioria das vezes os resultados só são obtidos após longo período de seguimento
4. A interpretação dos dados é dificultada devido a presença de variáveis de confundimento
 MODALIDADES DE ESTUDOS DE COORTE
O estudo de coorte pode ser classificado em prospectivo ou retrospectivo e o critério para diferenciá-los é a
posição do investigador frente aos acontecimentos.
No estudo de coorte prospectivo (tipo mais comum) o investigador acompanha o desenrolar da investigação de
corpo presente. Como todo tipo de estudo de coorte determina primeiro a causa e depois o efeito, mas alem disso é em
direção ao futuro.
No estudo de coorte retrospectivo o investigador tem conhecimento de que tanto a exposição quanto a
exposição já ocorreram e que os dados de interesse para o estudo podem ser recolhidos por pesquisas em arquivos por
anamnese. Trata-se de uma investigação sobre o passado, mas conservando o principio de estudos de coorte (causa em
direção ao efeito). Sua maior vantagem é poder ser realizada em tempo reduzido, visto não exigir o seguimento, pelo
próprio investigador, dos indivíduos estudados.
 COMPARACAO ENTRE O ENSAIO CLINICO RANDOMIZADO E O ESTUDO DE COORTE
A principal diferença entre esses dois tipos de investigação esta na formação dos grupos de estudo e controle,
onde no ensaio clinico randomizado, os grupos ao formados com o uso da técnica da randomização (aleatoriamente,
formação de grupos semelhantes), o que não ocorre no estudo de coorte.
OBS) o grande problema das investigações é separar o efeito da exposição principal, dos produzidos pelos demais fatores
(variáveis extrínsecas), que são suspeitos de influenciarem no estudo, e quando influenciam são chamadas de variáveis
confundidoras.
 O ESTUDO DE CASO-CONTROLE
Nesta modalidade inicia-se a partir do efeito/doença para investigar retrospectivamente a causa/exposição,
portanto essa só pode ser realizada após o efeito já ter ocorrido. Nesse caso há a formação de dois grupos iniciais os
doentes/casos e os não doentes/controle. Embora possua o mesmo objetivo do estudo de coorte (esclarecer a relação-
exposição/doença) ele é alcança de maneira oposta. Exemplo: associação entre toxoplasmose e debilidade mental.
Os dados também são interpretados tomando por base o risco relativo. Tomando o exemplo citado, observa-se
que há maior frequencia de toxoplasmose entre os casos (45 de 300) do que nos controles (15 de 300). O que aponta
para a existência de associação entre toxoplasmose e debilidade mental.
 DELINEAMENTO (ESBOÇO) DE UM ESTUDO DE CASO-CONTROLE
1. SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Uma população, ou uma amostra desta, é selecionada para estudo em função de apresentar características que
possibilitem a investigação exposição-doença.
2. ESCOLHA DE CASOS E CONTROLES
Especifica-se, previamente, os critérios de inclusão/exclusão para definir o que seja um caso da doença. Em
condições ideais são todos os casos novos da população selecionada que preencham os critérios; a cada caso são
escolhidos seus controles adequados, cuja principal característica é não possuir a doença em estudo e terem rido a
mesma probabilidade de ser exposto ao fator de risco. Deve se evitar portadores de doenças associadas ao fator de risco
nos grupos controle.
3. VERIFICAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
Diversos meios são utilizados para obtenção de dados sobre a exposição previa das pessoas ao fator de risco,
como: anamnese, pesquisas em prontuários, atestados, resultados de exames laboratoriais. Em geral, se o método de
detecção tiver baixa validade, haverá grandes erros de classificação, ou seja, certo numero de expostos será considerado
não-expostos e vice-versa.
 VANTAGENS E LIMITAÇÕES
 VANTAGENS
1. Os resultados são obtidos rapidamente
2. Baixo custo
3. Muitos fatores de risco podem ser investigados simultaneamente
4. Não há necessidade de acompanhamento dos pacientes
5. O método é pratico para investigação etiológica de doenças raras
 DESVANTAGENS
1. A seleção de grupo controle é de grande dificuldade
2. Falta de comparabilidade entre as características de casos controle
3. Os dados de exposição no passado podem ser inadequados (prontuários incompletos ou falhos)
4. Os dados de exposição podem ser viciados (os casos tem melhor noção de suas possíveis causas do que os controles)
5. A interpretação é dificultada pela presença de variantes de confundimento
 COMPARACAO ENTRE ESTUDO DE COORTE E ESTUDO DE CASO CONTROLE
A estrutura de um estudo de coorte é a inversa daquela de um estudo de caso controle. A diferença fundamental
entre esses métodos deriva da maneira como os grupos são constituídos:
Se o critério para a constituição do grupo for o grau de exposição a um fator de risco é estudo de corte; se o
critério for o efeito e remonta-se no passado das pessoas na busca de fatores de risco é caso controle.
Em principio o estudo de coorte é considerado melhor que o de caso controle, visto que ele oferece maiores
possibilidade de controlar os vieses que podem diminuir a credibilidade das conclusões. Ambos os métodos se aplicados
corretamente podem ser igualmente potentes para alcançar seus objetivos. O que vai ditar a escolha de um ou outro
método são as circunstâncias do momento, onde observa-se as vantagens e limites para os escolher.
 O ESTUDO TRANSVERSAL
Também chamado de seccional, corte ou prevalência representa a forma mais simples de pesquisa populacional.
Nesta modalidade, causa e efeito são detectados simultaneamente em um dado momento e nesse caso é somente a
analise dos dados que permite identificar os grupos de interesse, expostos/doentes e não-expostos/sadios, de modo a
investigar a associação entre a exposição e a doença. É um bom método para detectar freqüências da doença e de fatores
de risco, assim como identificar os grupos mais e menos afetados por essas. Exemplo: associação entre migração e
doença mental.
Os dados também são interpretados tomando por base a razão entre as prevalências. Tomando o exemplo citado
- doença mental mais freqüente em migrantes (6%) do que não-migrantes (3%)-, observa-se uma razão entre as
prevalências de 2, o que significa que naquele momento de coleta e naquela população, a existência de 2 vezes mais
doença mental em imigrantes do que nos não imigrantes.
 DELINEAMENTO (ESBOÇO) DE UM ESTUDO TRANSVERSAL
1. SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Uma população, ou uma amostra desta, é selecionada para estudo em função de apresentar características que
possibilitem a investigação exposição-doença.
2. VERIFICACAO SIMULTANEA DA EXPOSIÇÃO E DA DOENCA
De cada membro que participa do estudo, coletam-se os dados pertinentes e somente após a analise desses
dados (onde se conhece o paciente expostos e não-expostos; sadios e doentes) é que se formam os grupos.
 VANTAGENS E LIMITAÇÕES
 VANTAGENS
1. Simples e de baixo custo
2. Os dados podem ser coletados em baixo intervalo de tempo
3. Não há necessidade de seguimento das pessoas
4. Facilidade de obter amostra representativa da população
5. Único tipo de estudo possível de realizar, em numerosas ocasiões, para obter informação relevante, em limitação de
tempo e recurso
 LIMITACOES
1. Condições de baixa prevalência exigem amostra grande o que implica em dificuldades praticas
2. Possibilidade de erros de classificação (caso e exposição podem não mais ser do momento)
3. Pacientes curados ou falecidos não aparecem na casuística dos casos: viés da prevalência
4. A relação cronológica entre os eventos pode não ser facilmente detectada
 VIES DA PREVALENCIA
Os estudos transversais informam os casos existentes na população, o que pode fornecer uma imagem distorcida
da doença. Os agravos à saúde de curta duração (doenças agudas, de remissão periódica, sazonais) tem menos chances
de aparecerem nos resultados pois suas freqüências variam de acordo com a época de realização da coleta de dados;
ocorrendo assim uma representação excessiva de pacientes com evolução de longa duração, e não são incluídos os
falecidos e os curados. Dessa forma os indivíduos identificados são escolhidos de maneira não aleatória.
 ESCLARECIMENTO DA ORDEM CRONOLOGICA DOS EVENTOS
O estudo transversal indica se existe associação entre a exposição e doença na população investigada em um
determinado momento, dessa forma a associação entre os eventos pode ser diferente de acordo com o momento.
Exemplo: associação entre migração e doença mental. Em um estudo transversal deste caso o problema esta em refazer a
ordem cronológica dos eventos, pois a migração pode ter tido papel importante na etiologia da doença mental (estresse,
fome, perdas, saudade) ou a doença mental pode ter sido o fator que motivou a migração (referencia).
Para evitar essa dificuldade varias alternativas são utilizadas, como: utilização de dados retrospectivos (no intuito
de refazer a seqüência lógica; dados como época da migração, inicio da doença); repetição de estudos transversais
(detecta mudanças com o passar do tempo, monitorando alteração relativas a prevalência); analise de coortes de
nascimento (comparação de coortes por data de nascimento)
 COMPARACAO ENTRE O ESTUDO DE CASO-CONTROLE E O ESTUDO TRANSVERSAL
A principal diferença entre estes estudos esta na forma de incluir os indivíduos na investigação. No estudo de
caso controle o critério para a seleção das pessoas é a presença da doença em foco (caso) ou a sua ausência (controle) e
essa escolha é inclui preferencialmente somente os casos novos. No estudo transversal faz-se a seleção de um único
grupo de pessoas e o critério para reunião dessas é a época definida pelo investigador para realizar a pesquisa.
 ESTUDO ECOLOGICO/DE GRUPOS/ESTATISTICOS/COMUNITARIOS/DE AGREGADOS (não é analítico)
Trata-se de uma pesquisa realizada com estatísticas que, ao invés de ter como unidade de observação ser o
individuo, tem um grupo de indivíduos como unidade de observação. Seu nome tem origem na utilização de áreas
geográficas como unidades de analises o que generalizou para um grupo de indivíduos. Exemplo: pesquisa internacional
de correlação entre o consumo de álcool e a incidência de câncer de estomago em diversos países.
 DELINEAMENTO (ESBOÇO), VANTAGENS E LIMITACOES DE UM ESTUDO DE ECOLOGICO
Neste tipo de investigação não há a fase de coleta de dados, caso a caso, necessárias em estudos individuais;
usam-se estatísticas já prontas, no entanto deve-se saber como tais foram geradas.
 VANTAGENS
1. Simplicidade e baixo custo
2. Os dados estão usualmente disponíveis, sob forma de estatísticas, para serem utilizados
3. As conclusões são facilmente generalizáveis
 LIMITACOES
1. Não há acesso aos dados individuais, somente as informações estatísticas, o que abre a possibilidade de falácia
ecológica, que é a interpretação enganosa por atribuir a um individuo o que se observou em estudos estatísticos
2. Dificuldade em usar técnicas mascaradas de aferição das informações, o que aumenta o risco de viés
3. Dados de diferentes fontes, o que pode significar qualidade de informação variável
4. As correlações são em geral mais altas
5. Dificuldade de controlar os fatores de confundimento
 MODALIDADE DE CORRELACAO ECOLOGICA
 COMPARACOES GEOGRAFICAS
As comparações geográficas são muito utilizadas para identificar associações (levantar hipóteses e investigar
etiológica) como, por exemplo, entre a incidência de luz solar e o câncer de mama, onde comparações regionais, na
antiga união soviética, mostraram correlação negativa entre a incidência de luz solar e esse tipo de câncer. Porem
observa-se algumas variáveis confundidoras dos resultados (nível socioeconômico entre as regiões investigadas, religião,
etnias, padrões de comportamento). Dessa forma para esses resultados adquirirem credibilidade devem ser
constantemente observados e confirmados por outras investigações, principalmente as individuais.
São largamente utilizadas para avaliar o impacto de intervenções, como a avaliação de programas
governamentais.
 COMPARACAO DE SERIES CRONOLOGICAS
A comparação de duas series de dados, de um fator de risco e de um agravo à saúde, dispostas em seqüência
cronológica permite suspeitar a presença ou não de associação entre eles. São altamente úteis para levantar hipóteses e
investigar a etiologia e avaliar intervenções. Exemplo: mortalidade por cirrose hepática (antes e depois da aplicação da lei
seca).
 INTERPRETACAO DOS RESULTADOS
Os estudos ecológico são muito usados para levantar as possíveis relações casuais como também para testar
hipótese, investigar a etiologia e avaliar intervenções. A interpretação dos seus resultados deve levar em consideração: a
qualidade do diagnostico (diferentes critérios de diagnostico invalidam as comparações); as variáveis de confundimento
(dificuldades na interpretação dos resultados); o acaso como explicação (algumas associações significativas podem ser
simplesmente devidas ao acaso).
 ESTUDO ECOLOGICO RANDOMIZADO
Um estudo ecológico pode ser planejado, incluindo no seu planejamento a randomização de áreas ou de
agregados (clientela de médicos, estabelecimentos de saúde). Após a randomização faz-se a intervenção em um grupo,
deixando outro como controle, onde não é realizada a intervenção.
Esse tipo de investigação é o padrão ouro para estudos baseados em estatísticas, pois é de baixo custo, possui
poucos problemas éticos, impossibilidade de realizar um ensaio a nível individual, porem possui um grande problema, a
difícil constituição de um grupo-controle apropriado para a pesquisa.
 COMPARACAO ENTRE DUAS UNIDADES ECOLOGICAS (OU COMUNIDADES)
Utiliza-se com a seleção de apenas duas populações, uma a ser experimental e outra de testemunha. Exemplo:
flúor e carie dentaria.
 COMPARACAO DE MAIS DE DUAS UNIDADE ECOLOGICAS (OU COMUNIDADES)
Utiliza-se um numero de comunidades simultaneamente maior que dois, o que implica em um maior risco de os
grupos (experimental e controle) não serem semelhantes com respeito a importantes características, sendo então
recomendado a utilização de outras técnicas como a estratificação ou o pareamento com o intuito de anular as variáveis
de confundimento.

 CLASSIFICACAO PRATICA DE TIPOS DE ESTUDO


Os principais tipos de estudos são: Estudo de Caso; Serie de Casos; Estudo de Incidência; Estudo Transversal
Descritivo; Estudo Transversal Analítico; Estudo de Caso-Controle; Estudo de Coorte; Ensaio Randomizado; Estudo
Ecológico. Entre esses há estudos em base individual (8 primeiros) e de grupos (último). Entre os de base individual uns
são descritivos (4 primeiros) e outros são analíticos (4 últimos).

 A DIVERSIFICADA TERMINOLOGIA RELATIVA AOS METODOS


 EXPERIMENTACAO x OBSERVAÇÃO
O termo experimentação refere-se ao método e não ao local onde se realiza o trabalho. Estudos experimentais
destinam-se a testar uma associação entre eventos, buscando uma relação causal entre eles. A exposição nesse estudo é
uma intervenção promovida pelo investigador. Exemplo: a administração de um medicamento a diversas pessoas para
observar seu efeito.
Observação refere-se a investigação de situação que ocorrem naturalmente, sem intervenção do pesquisador.
Seus objetivos são: descrever a distribuição de um evento na população, o que serve para formular hipóteses; e testa
uma hipótese sobre a associação de dois eventos. Exemplo: o impacto da obesidade sobra a saúde.
OBS) a grande desvantagem dos estudos observacionais é o não controle do investigador sobre as condições de estudo
(como exposição ao efeito investigado, ou a distribuição dos tratamentos) devido a condições éticas ou praticas. Alem
disso as pessoas se expões de maneira desigual a determinados agentes e fatores, que podem afetar os estudos (variáveis
confundidoras) e raramente é possível eliminar todas as variáveis importantes, sendo então as conclusões desses estudos
aceitas com menor grau de confiança, comparadas com estudo experimental randomizado.
 ESTUDO CONTROLADO x NÃO-CONTROLADO
O termo estudo controlado é usado com dois significados: quando no estudo são tomados os cuidados
necessários para neutralizar as variáveis confundidoras; ou quando há a formação de grupo-controle. Os que não
possuem nenhum dos dois são os estudos não-controlados.
 ESTUDO TRANSVERSAL x LONGITUDINAL
No estudo transversal as observações das variáveis de interesse são feitas simultaneamente, ou seja, são
observações estáticas do que ocorre em um dado momento. Exemplo: prevalência de anemia na data de admissão dos
pacientes em hospital.
O estudo longitudinal (sinônimo de estudo da incidência, de coorte ou de seguimento) refere-se a pesquisa em
que cada individuo é observado em mais de uma ocasião, e tem o sentido de detectar mudanças no individuo com o
passar do tempo. Exemplo: investigações referentes ao crescimento e desenvolvimento de crianças.
OBS) esses tipos de estudos podem ou não ter grupo-controle, formando-se então 4 grupos: Estudo transversal
controlado (analítico) e não-controlado (descritivo); e estudo longitudinal controlado (analítico) e não-
controlado(descritivo).
 ESTUDO PROSPECTIVO x RETROSPECTIVO
O termo prospectivo tem sentido de seguimento, do presente para o futuro. Uma investigação é considerada
prospectiva quando o efeito ainda não ocorreu quando os participantes iniciaram o estudo, podendo ou não ter ocorrido
exposição. Exemplo: efeitos do habito de fumar na saúde. Essa investigação pode ter (estudo de coorte) ou não (serie
prospectiva de casos) grupo-controle.
O termo retrospectivo tem conotação de utilização de dados do passado sobre a exposição, ou sobre a exposição
e a doença. Seus uso levanta suspeitas, pois as informações possuem padronização discutível, já que os dados de
prontuário, atestados e outros, são preenchidos sem caráter uniforme. Essa investigação pode ter (estudo de caso-
controle) ou não (serie retrospectiva de casos) grupo-controle.
 ESTUDO PARALELO x CRUZADO
Em investigações comparativas formam-se pelo menos dois grupos. Quando os indivíduos participantes do estudo
permanecem em seus grupos chama-se estudos paralelos, quando esses indivíduos passam de um grupo para outro após
certo tempo de observação é chamado de estudo cruzado.
 ESTUDO EXPERIMENTAL x QUASE-EXPERIMENTAL
Qualquer investigação na qual o pesquisador decide quais pessoas ou grupos serão expostos ou não a
determinado fator é chamado de experimental. E essas podem ou não ter grupo-controle, sendo classificados em estudo
experimental controlado e não-controlado. Os estudos experimentais podem ser classificados em relação a sua forma de
distribuição em: estudo randomizado e não randomizado. Com estas considerações 3 tipos de estudos experimentais
podem ser caracterizados: estudo experimental controlado e randomizado; experimental controlado e não-randomizado;
experimental não-controlado.
As investigações não experimentais são definidas como experimentos em que o investigador não tem completo
controle sobre a distribuição (não há o emprego da distribuição aleatória na formação dos grupos) ou momento da
intervenção (a exposição é artificialmente aplicada). Seu principal objetivo é o de separar os efeitos da intervenção que se
deseja avaliar daqueles devidos a não-comparabilidade inicial dos grupos. Seu principal problema são as variáveis
confundidoras. Exemplo: verificação do efeito da terapêutica com sangrias.
 ESTUDO PLANEJADO x NÃO-PLANEJADO
Estudo planejado é aquele onde os dados são gerados e coletados segundo instruções de acordo com o estudo,
ou seja, a coleta de dados foi planejada. Exemplo: estudo de coorte prospectivo.
Estudo não-planejado é aquele onde a coleta de dados não foi planejada. Exemplo: investigação onde os dados já
são preexistentes, como em prontuários.
 EXPERIMENTO NATURAL
Investigação quase-experimental, não-planejada, que incide sobre circunstâncias ocorridas naturalmente, com
diferentes graus de exposição na população. Exemplo: Snow e Cólera.

 TRYPANOSOMA CRUZI E DOENÇA DE CHAGAS: O PARASITO


O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado da família Trypanosomatidae agente etiológico da doença de
chagas, antroponose freqüente na America latina. Este protozoário e a doença foram descobertos e descritos por Carlos
Chagas. Ordem cronológica dos eventos: tese sobre controle da malaria; equipe de Oswaldo cruz – combate a malaria
estrada de ferro central do Brasil em MG; em Lassance estudou as patologias da região; encontrou um hemoflagelado no
intestino dos chupões/barbeiros, inseto hematófago comum nas casas daquela região; em 1909 identificou o mesmo
hemoflagelado em Berenice 2 anos, que havia sido sugado por barbeiro; chagas conseguiu descrever a etiologia e o ciclo
parasitário, identificar os insetos vetores, os reservatórios domésticos e silvestres, descrever a doença e o diagnostico.
No Brasil a doença de chagas ainda é um problema médico-social grave, pois essa endemia atinge cerca de 8
milhões de pessoas, principalmente as de baixa condição sócio-econômica. De acordo com a OMS, esta entre as principais
causas de morte súbita em idade produtiva. Alem disso, o doente é marginalizado pela sociedade, sem oportunidade de
emprego.
 MORFOLOGIA
Em seu ciclo biológico o parasito exibe varias formas, todas dotadas de cinetoplasto (uma mitocôndria modificada
rica em DNA), são elas: amastigota, epimastigota e tripomastigota ou a transição entre elas.
 NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO
Nos hospedeiros vertebrados são encontradas as formas amastigotas (intracelularmente) e as tripomastigotas
sanguícolas (extracelular) ambas infectantes para células e para vertebrados.
As tripomastigotas sanguíneas apresentam certo grau de polimorfismo, o qual possuem diversas correlações com
sua fisiologia. Existem dois tipos principais morfológicos, entre os quais podem existir formas intermediarias, são as
formas delgadas e largas. As formas delgadas são as mais infectantes para as células e para camundongos, desenvolvendo
nestes parasitemias mais precoces, porem são mais sensíveis a ação de anticorpos circulantes, já as formas largas são
menos infectantes, ou seja, demoram mais para entrar nas células e por isso desenvolvem parasitemias mais tardias,
porem são mais resistentes a anticorpos circulantes e permanecem mais tempos na corrente sanguínea. Alem disso as
formas mais delgadas são menos capazes de se desenvolver no vetor do que as largas e possuem tropismos diferentes,
onde as delgadas preferem células do SFM do Baco, fígado e medula óssea e as largas têm tropismo por fibras musculares
cardíacas, esqueléticas e lisas.
OBS) as formas delgadas seriam mais freqüentes no inicio da infecção, quando ainda não existe imunidade humoral
especifica contra o parasito e com o tempo são substituídas pelas largas, que são menos sensíveis aos anticorpos,
predominantes na fase mais tardia da infecção.
 NO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO
No hospedeiro invertebrado, são encontradas inicialmente as formas esferomastigotas, presentes no estomago e
intestino do triatomíneo; formas epimastigotas presentes em todo o intestino e tripomastigotas no reto, sendo o
tripomastigota metacíclico a forma infectante humana.
 CICLO BIOLOGICO
 NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO
Naturalmente, são inoculadas, nos hospedeiro vertebrado, as formas tripomastigotas metacíclicos e
epimastigotas, que são eliminados pelas fezes, urina e saliva do vetor. Durante e/ou logo após o repasto sanguíneo elas
penetram no local da picada e interagem com células do SFM ou da mucosa, onde são interiorizadas através de fagocitose
induzida precedida de adesão, onde ficam contido em um fagossomo, nesse as formas epimastigotas são mortas e
digeridas e as tripomastigotas escapam para o citoplasma onde se diferenciam em amastigotas, que se dividem por
reprodução binária se diferenciam em tripomastigota e provocam a ruptura da célula, sendo liberadas no interstício.
Esses caem na corrente circulatória, atingem outras células ou são mortas pelo sistema imunológico ou podem ser
ingeridas por um triatomíneo, onde cumprirão o ciclo extracelular.
No inicio da infecção a parasitemia é mais elevada podendo provocar morte ao hospedeiro, principalmente em
crianças. Quando desenvolvem resposta imune eficaz, a parasitemia diminui e a infecção se torna crônica, onde os
parasitos são detectados por métodos especiais (xenodiagnóstico, hemocultura).
 NO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO
Os triatomíneos se infectam ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente circulatória do
hospedeiro vertebrado durante o pasto sanguíneo. No estomago do inseto eles se transformam em epimastigotas que se
multiplicam por divisão binária simples, sendo então as responsáveis pela manutenção da infecção. No reto, os
epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas sendo eliminado pelas fezes e urinas. Acredita-se também
na existência das esferomastigotas (curtas e longas) responsáveis pela manutenção da infecção ou da própria infecção.
 MECANISMO DE TRANSMISSÃO
1. Transmissão pelo vetor. Maior importância epidemiológica.
2. Transfusão sanguínea. Segundo mais importante epidemiológico, principalmente em cidades onde o índice de
infecção é alta.
3. Transmissão congênita. Mais de 100 casos no Brasil e no Chile. A transmissão se da quando existe rosáceas na
placenta, que liberam tripomastigotas para a circulação fetal. Diagnostico pelo encontro do parasito na placenta, RIFI
ou ELISA.
4. Acidentes de laboratório. Trabalhos com animais ou pessoas infectadas, meios de cultura ou vetor. Contaminação
através do contato do parasito com pele lesada, mucosa oral ou ocular ou auto-inoculação.
5. Transmissão oral. Amamentação (leite materno); ingestão do triatomíneo infectado; canibalismo; ingestão de
alimentos infectados com fezes ou urina; penetração do parasito pela mucosa oral.
6. Coito. Não comprovada. Em sangue de menstruação (mulheres) e esperma (homens).
7. Transplante. Órgãos infectados; causa a forma aguda da doença devido o uso de imunossupressores.
8. Caçadores com mãos feridas em contato com o sangue da caca infectada recém-abatida.
 TRYPANOSOMA CRUZI E DOENÇA DE CHAGAS: A DOENCA
 RESISTÊNCIA AO PARASITISMO
A infecção por T. cruzo mobiliza vários mecanismos humorais e celulares da resposta imune inata e adquirida.
A resposta natural é obtida inicialmente pelas barreiras anatômicas à penetração, representadas pela pele
íntegra. A imunidade natural, por sua vez, depende da reação inflamatória local e da fagocitose, ou de substancias
antiparasitárias do soro e dos tecidos. No soro humano observa-se, por exemplo a imobilização e lise das formas
epimastigotas, em aves e anfíbios, de tripomastigotas. Essa lise dependo do sistema complemento, sem necessidade da
presença de anticorpos (via alternativa do SC). A infecção por T. cruzi induz a produção de INF-2, um fator ativador de
macrófagos e células NK, os macrófagos por sua vez quando ativados produzem TNF, IL-2 e NO, que tanto participam da
destruição do parasito como desencadeiam a reação de proteínas da fase aguda.
A resistência adquirida é observada de diversas formas. A atividade dos anticorpos é observada em infectados, e
começam a aparecer no sexto dia, aumentando ate o 14º e diminuindo logo após. Em pacientes com a fase aguda da
doença observa-se um aumento significativo das IgM, acompanhado de uma elevação das IgG, porem na fase crônica
somente as IgG costumam estar aumentadas. A atividade dos macrófagos é vista aqui também; no interior dos
macrófagos normais observa-se o crescimento e a multiplicação das formas amastigotas que, em vacúolos ou no
citoplasma, resistem a sua capacidade digestiva. Porem a ativação desses por antígenos parasitários leva a ativação de
linfócitos T que passa a excretar INF-gama que induz os macrófagos a produzirem TNF, IL-1 e NO que são produtos
altamente tóxicos responsáveis pela lise das formas tripomastigotas.
OBS) a administração de cortisona ou a intervenção de outros imunossupressores físicos, químicos ou biológicos
aumentam a parasitemia, provavelmente devido a inibição do SFM. Observou-se que inoculando-se culturas de virulência
atenuada se conseguiu desenvolver boa resistência em diversos animais de laboratório.
 MECANISMOS PATOGENICOS

 SINTOMAS E FORMAS CLINICAS


 FASE AGUDA
O inicio da doença pode-se apresentar de forma sintomática ou assintomática, mais freqüente, o que depende do
estado imunológico do paciente. Em crianças predomina a forma aguda sintomática, levando 10% dessas a morte por
meningocefalite e raramente falência cardíaca por miocardite aguda difusa.
As primeiras manifestações da fase aguda são locais, o chagoma de inoculação (inflamação aguda local da derme
e hipoderme), chamado de sinal de Romanã quando a inoculação é na região periorbital; e o comprometimento dos
linfonodos-satélites, formando o complexo conjuntivo-linfonodal.
As principais características do sinal de Romanã são: edema bipalpebral unilateral, congestão conjutival,
linfadema-satélite, com linfonodos pré-auriculares, submandibulares e outros palpáveis, celulite do tecido gorduroso
local e presença de parasitos intra e extracelulares.
As manifestações gerais são: febre, edema localizado e generalizado, podiadenia, hepatomegalia, esplenomegalia
e, as vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas.
 FASE CRÔNICA ASSINTOMATICA (FORMA INDETERMINADA)
Cerca de 50% dos pacientes chagásicos que tiveram a forma aguda passam por um período assintomático de 10 a
30 anos (forma indeterminada - latente) caracterizado por: positividade em exames sorológicos e parasitológicos;
ausência de sintomas e sinais; ECG normal; coração, esôfago e cólon normal; apresentam lesões anatomopatológicas
semelhantes as da fase aguda, porem mais brandas.
 FASE CRÔNICA SINTOMATICA
Após permanecerem assintomáticos por certo tempo alguns chagásicos começam a apresentar sintomatologia
relacionada o sistema cardiocirculatório, digestivo ou ambos, o que se deve a alterações anatomopatológicas do
miocárdio e do tubo digestivo. Nesta fase, a resposta inflamatória é intensamente reativada, com danos aos órgãos
citados nem sempre relacionados ao parasito, que se encontra extremamente escasso nesta fase.
 FORMA CARDIACA
Atinge cerca de 20 a 40% dos pacientes no centro-oeste e sul do Brasil. Sua principal manifestação é a
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e isto se deve à diminuição da massa muscular, que foi substituída por áreas de
fibrose; à destruição do SNA simpático e parassimpático e ao próprio exsudato inflamatório. Ocorre também arritmias
devido ao aneurisma de ponta (lesão encontrada no ápice dos ventrículos, onde há pobreza de células musculares com
consequente herniação do endocárdio). Observa-se também os trombos cardíacos, presentes em 76% dos casos de
insuficiência cardíaca, mas também podem se formar trombos em membros inferiores. A partir desses trombos,
desprendem-se êmbolos que podem originar infartos no coração, pulmões, rins, Baco, encéfalo e outros causando morte
súbita.
O comprometimento dos nódulos sinusal, atrioventricular e do feixe de Hiss, traz varias perturbações, como:
arritmias, extra-sístoles, bloqueio atrioventricular, bloqueio do ramo direito do feixe de Hiss (alteração patognomônica da
doença). Quando o corpo não é mais capaz de suprir as deficiências de contração do coração, surge a ICC.
 FORMA DIGESTIVA
Presente em 7 a 11% dos casos, as manifestação digestivas são representadas pelos megas, alterações
morfofuncionais como a incoordenação motora, característica do megaesôfago e megacólon.
O megaesôfago pode surgir em qualquer idade, é mais freqüente em homens e na zona rural endêmica, seu
principais sintomas são: disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose.
O megacólon são dilatação do cólon (sigmóide e reto), são mais freqüente que o megaesôfago, e ocorrem mais
em adultos homens. Seu diagnostico é tardio devido a obstipação, seu sintoma mais característico ocorrer em outras
patologias intestinais. As complicações mais graves são: obstrução intestinal e perfuração, levando a peritonite.
 FORMA NERVOSA
De existência discutida, esta forma esta presente em pacientes com manifestações neurológicas dominante,
como: alterações psicológicas, comportamentais e perda de memória, diferentes das lesões neurológicas presentes nos
megas. Seu mecanismo patogênico básico é a desnervação (contestada pois não encontra-se o parasito), porem ocorre
perda ou diminuição de neurônios causada pela isquemia devido a ICC e arritmias cardíacas, e processos auto-imunes.
 DOENÇA DE CHAGAS TRANSFUSIONAL
Possui fase aguda semelhante a da transmitida por vetor, exceto pela ausência de chagoma de inoculação. Possui
período de incubação de 20 a 40 dias e a febre é o sintoma mais freqüente, alem de linfadenopatia e esplenomegalia,
pode ocorrer também edema periorbital e de membros, palidez, hepatomegalia e exantema. Muito confundida com
infecção bacterianas. O SNC é raramente afetado e os sintomas gastrointestinais são raros. Em pacientes não-tratados os
sintomas desaparecem em 6 a 8 semanas, podendo evoluir para fase crônica indeterminada ou sintomática.
 DOENÇA DE CHAGAS CONGENITA
Descrita pela primeira vez por Dao, em 1949, mas suspeitada por Chagas. Essa possui uma prevalência variada de
acordo com a região (media de 2 a 10%). Sua transmissão ocorre no momento da gravidez causando abortamentos,
partos prematuros com bebes de baixo peso e natimortalidade. O parasita penetra mais facilmente na placenta devido a
lesões previas nesta ou devido a determinada cepa do parasito. O parasito atinge a circulação fetal atingindo as células e
órgãos do feto.
Nos casos de DCC comprovada com feto atermo, a criança evolui bem sem sintomas da doença, ou pode ter baixo
peso, hepatoesplenomegalia, abdômen distendido, e as vezes sinais de ICC. Nos natimortos, há hidropsia e maceração do
feto, hidrotórax, hidroperitônio, hepatoesplenomegalia. A presença do parasito é mas freqüente no SNC, coração, fígado,
trato esofagogastrointestinal e pele e as principais causa de morte são meningocefalite, miocardite e infecções
intercorrentes. Diagnostico diferencial feito pela pesquisa de IgM no soro do RN.
 DOENÇA DE CHAGAS EM IMUNODEPRIMDOS
Doença com numero de casos descritos crescente é verificada em pacientes com leucemia, após transplantes e
usuários de drogas imunossupressoras, adquirindo a doença aspecto mais grave do que o comum.
Seu fato mais marcante é o envolvimento do SNC com 3 características básicas e diferentes das lesões neuronais
de outros tipos: a encefalite multifocal, tendendo ao aspecto necrotizante; forma tumoral, em alguns pacientes, com
múltiplas lesões necrótico-hemorrágicas no cérebro; abundancia de parasitas no interior de macrófagos, células da glia e
nos neurônios. Diagnostico feito por métodos de detecção de imagem, que pode sugerir toxoplasmose, o diagnostico
diferencial é feito devido a de chagas não ter resposta ao tratamento de toxoplasmose. O tratamento deste caso é
complexo devido a toxidade e os efeitos colaterais das drogas, sendo importante o diagnostico e tratamento precoce.
 DIAGNOSTICO
 CLINICO
O diagnostico clinico é feito observando origem do paciente, observando sinais de entrada (chagoma de
inoculação/sinal de Romanã) acompanhadas de febre irregular ou ausente, adenopatia satélite generalizada,
hepatoesplenomegalia, taquicardia, edema generalizado fazem suspeitar da forma aguda da doença. Alterações cardíacas
com sinais de insuficiência cardíaca, comprovada por ECG, alem de alterações digestivas e do esôfago e cólon
comprovadas pelo Raio x, fazem suspeitar da fase crônica. Diagnostico laboratorial necessário para comprovação.
 LABORATORIAL
Os métodos de diagnostico laboratorial apresentam diferentes resultados se aplicados na fase aguda ou crônica.
Na fase aguda, observa-se alta parasitemia, presença de anticorpos inespecíficos e inicio da formação de
anticorpos específicos (IgM e IgG) que podem atingir níveis elevados. Os principais exames são: os EXAMES
PARASITOLÓGICOS (de sangue a fresco; de sangue em gota espessa; esfregaço sanguíneo corado por Giemsa; cultura de
sangue ou biopsia de linfonodos; inoculação do sangue; métodos de concentração; xenodiagnóstico e hemocultura são os
mais sensíveis); os EXAMES SOROLÓGICOS (reação de precipitação, RIFI e ELISA).
Na fase crônica observam-se baixa parasitemia, presença de anticorpos específicos IgG e de IgM(discutida). Os
principais exames são: EXAMES PARASITOLÓGICOS (xenodiagnóstico; hemocultura; inoculação do sangue); EXAMES
SOROLÓGICOS ( reação de fixação por complemento; RIFI; ELISA; reação de hemaglutinacao indireta e pesquisa de
anticorpos antitripomastígotas); METODO PARASITOLÓGICO-MOLECULAR (PCR).
OBS) segundo levantamentos epidemiológicos, o método mais pratico é a reação de ELISA, por permitir exame de
grande numero de amostras de uma só vez e leitura automatizada. Pode ser usados também a RIFI e a RHA.
 CRITÉRIO DE CURA
Denomina-se critério de cura o conjunto de parâmetros clínicos e laboratoriais utilizados na verificação da eficácia
de tratamento do paciente. Os critérios clínicos são limitados, pois os pacientes podem ter a forma a assintomática ou
lesões viscerais irreversíveis. Os métodos clínicos de exames laboratoriais indicados como critério de cura são: o
xenodiagnóstico e a hemocultura; a PCR; RIFI, ELISA, RHA; entre outros. Considera-se curado os pacientes com
negativação parasitológica e sorológica.
 EPIDEMIOLOGIA
Segundo dados da OMS, a doença de Chagas atinge 16 a 18 milhões de habitantes de 18 países, causando 21 mil
mortes/ano e uma incidência de 300.000 casos/ano. No Brasil ocorre a infecção anual de 6.000 pessoas, distribuídas em 2
zonas distintas: o cone sul (insetos vivem em habitações humanas) e o sul da America do norte (insetos vivem dentro e
fora do domicilio).
Apesar da transmissão por transfusão sanguíneas ocorrer em cidades, a transmissão através dos vetores é a de
maior importância epidemiológica. Devido a essa grande dependência do vetor, a existência desse flagelado esta
intimamente relacionada a presença e os hábitos de vida desse inseto. Pesquisas mostram que Chagas era uma doença
exclusiva de animais e triatomíneos silvestre que posteriormente passou para os humanos a medida que foi se destruindo
o ciclo natural e construindo as cafuas na zona rural, onde os insetos se adaptaram, transformando a doença em uma
zoonose típica. Ultimamente ela tem passado da zona rural para a zona urbana, onde através do êxodo rural o camponês
trouxe consigo os barbeiros e construiu um meio propicio para eles, as favelas.
OBS) não tem Chagas fora do continente americano.
O europeu ao chegar no Brasil, derrubou florestas para explorar a madeira e intensificou o processo ainda mais
para a implantação da agropecuária e procura de ouro e pedras preciosas, destruindo a fauna e a flora a medida que
avançavam na interiorização do pais, sempre construindo as cafuas para moradias. Nessas o barbeiro, ameaçado,
encontrou um abrigo mais próximo, e formou-se então o ciclo domestico.
Hoje essa doença é encontrada em vários estados como: Rio Grande do Sul; SC; Paraná, SP, MG, GO, TO e estados
do nordeste. Na Amazônia a doença de chagas humana é rara, mas é comum entre os animais silvestre, porem devido as
atuais mudanças na região pode se tornar um problema.
 PROFILAXIA
A profilaxia da doença esta intimamente ligada a melhoria das habitações rurais, bem como a modificação do
habito de destruir a fauna e a flora do país. Alem dessas, são outras medidas: o combate ao barbeiro, através de
inseticidas eficientes ou controle biológico; o controle da transmissão congênita através do diagnostico e tratamento
precoce dos nascidos soro positivos de mães com a doença; a vacinação (ainda em fase de estudo, mas com resultados
pouco promissores); identificação e seleção dos doadores de sangue ou sua esterilização pela violeta-de-genciana.
 TRATAMENTO
A terapêutica ainda é parcialmente ineficaz. Diversas drogas vem sendo testadas em animais e humanos, mas
nenhuma delas com capacidade de cura definitiva em todos os pacientes tratados. Entre os principais problemas é o
critério de cura e a diversidade genética do parasito. Duas drogas são usadas, com cautela e acompanhamento criterioso,
são: o Nifurtimox, que age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as teciduais (comprimidos 8 a 12 mg/kg/dia
por 90 dias) e o Benzonidazol, que possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas (comprimidos, 5 a 8 mg/kg/dia por
60 dias) todos os dois com alguns efeitos colaterais.
OBS) Nifurtimox foi recentemente retirada do mercado.

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