Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
1
Remendo do clube no colete.
— E um pouco velho para você. — murmuro de volta.
— Bem, talvez. — ela admite. — Mas não para você.
— Ele é um pouco... tatuado demais para mim. — eu respondo,
mantendo a minha voz leve. — Além disso, ele é um cliente.
Ela bufa. — Não é como se houvesse algum tipo de regra contra
se conectar com alguém para quem você vende café.
— Hailey. — eu aviso. — Pare. Eu tenho um negócio para ser
executado. E eu não estou no mercado para um namorado.
— Psh. — ela me impede de falar com um aceno de sua mão. —
Todo mundo fala isso. Mas todo mundo quer.
Eu balanço minha cabeça, e tento não discutir com ela. Eu sei que
quanto menos eu protestar mais rápido ela abandona o assunto e segue
em frente. E eu realmente não estou interessada em discutir minha vida
amorosa, ou a falta dela, com uma estudante do ensino médio. Ou a
relativa sensualidade do meu cliente regular de motocicleta. Hailey tem
dezessete anos, e é muito intrometida para o bem dela.
Além disso, talvez um pouco perceptiva demais.
Porque no fundo, tenho que admitir que suas tatuagens são super
quentes.
HAILEY PEGA o celular do bolso de trás e olha para a hora. —Eu
tenho que ir. — ela murmura. — Vejo você de tarde. — Ela tira algumas
notas e começa a colocá-las no balcão, mas eu a paro.
— Por conta da casa. — digo a ela. — Boa sorte com o teste de
matemática.
— Obrigada. — ela sorri e lança os olhos na direção de Brick. —
Boa sorte com o Sr. Quente.
Eu resisto à vontade de responder e volto a servir os clientes. A
pressa parece estar diminuindo agora, felizmente. Ninguém entrou na
fila atrás de Brick ainda. Eu faço lattes e mochas o mais rápido possível.
O vapor da máquina me aquece e eu começo a suar. Eu posso sentir
os olhos de Brick em mim, e tenho que resistir ao desejo de levantar e
alisar meu cabelo. Um fio de suor desliza entre meus seios.
No momento em que ele chega à frente da fila, eu tenho ensaiado
demais a nossa conversa na minha cabeça o suficiente para que eu não
consiga parecer um idiota completo.
— Bom dia. — eu digo em um tom excessivamente tagarela. —
O habitual?
Ele me dá um meio-sorriso de derreter calcinha. — Eu sou tão
previsível? — Ele pergunta, sua voz um estrondo profundo.
— Café escuro médio, para levar, não há espaço para creme, no
seu copo. — eu recuo automaticamente. — Um muffin de mirtilo, se
você estiver se sentindo bem.
Ele ri, um rosnado baixo e sexy que começa a descer pela
garganta. Isso me lembra estranhamente o som de seu motor de moto.
— Merda, eu acho que sou bastante previsível. — ele diz, inexpressivo,
e me entrega sua caneca de viagem. — Talvez eu precise mudar um
pouco. O que você recomenda? — Ele olha para a vitrine de bolos.
— Bem... — Eu considero as opções. — Acabei de fazer alguns
bolinhos de gengibre com damasco. É o primeiro dia que sirvo eles.
O bolinho é uma espécie de desafio, na verdade. Na minha
experiência, tipos grandes e musculosos como ele tendem a ter uma
alergia congênita a qualquer coisa que considerem feminina ou “fof”a.
É quase como se achassem que seus testículos encolheriam e cairiam.
Brick definitivamente se qualifica como uma dessas pessoas .Mas, para
minha surpresa, ele considera por um momento e então concorda. —
Parece bom. Ok, você venceu. — Ele olha em direção às mesas. — E
eu vou comer o meu bolinho aqui hoje.
— Oh... hum, claro. — eu digo. Ele nunca ficou aqui para comer
antes. Percebo que estou contando os segundos até ele sair da loja e
eu poder relaxar. — Nesse caso, basta escolher um lugar para sentar.
— Dou a ele meu melhor sorriso profissional, imaginando se é muito
grande e se pareço uma maníaca. — Vou levar o café e o bolinho para
a sua mesa em um segundo.
Ele paga em dinheiro e enfia duas notas no pote de gorjeta, depois
se senta numa pequena mesa no canto que tem um jornal sobre ela.
Quando ele se acomoda, os três velhos se levantam da mesa e se
preparam para sair. Um deles, um homem rechonchudo com aparência
de Wilford Brimley e uma coroa de cabelos brancos prateados, me dá
uma despedida amigável.
— Muito obrigado, senhorita. — ele me chama quando chegam à
porta. — Voltaremos em breve!
— Espero que tenham gostado. — digo de volta enquanto ando
em direção à mesa de Brick com seu bolinho e café.
O cara ranzinza fareja enquanto ele segue seus amigos para fora
da porta. — Eu ainda digo, isso não é nenhum tipo de padaria sem
kolaches. — ele anuncia para ninguém em particular, tocando seu
queixo desafiadoramente.
Brick olha para mim com uma carranca.
— Que diabos é um kolache? — ele pergunta.
Nocaute, essa garota é uma merda. Eu sabia desde a primeira
vez que a vi, claro. Mas de perto, sem um vidro entre nós, eu estou
quase deslumbrado com a visão dela.
Eu entrei na Golden Cup pela primeira vez há algumas semanas,
depois de uma noite de festas intensas com os Lords. Eu estava de
ressaca e a caminho do clube para uma reunião matinal que Rock
montou. Minha cafeteira estava quebrada, minha bunda estava se
arrastando, e eu me sentia uma merda. Então, no meu caminho pelo
centro, notei a nova cafeteria e decidi parar.
Acabou que o café era muito bom. Mas a garota servindo para
mim foi ainda melhor.
Eu comprei uma nova cafeteira no dia seguinte, mas ela ainda
está no balcão da minha cozinha na caixa em que chegou. Desde então,
venho aqui à algumas semanas para pegar meu copo de café a caminho
do garagem. Merda, essa garota me faz comer bolinhos. Os irmãos
tiraram muito sarro da minha cara por causa disso, mas foda-se eles.
Esses bolinhos são bons.
Hoje, quando eu cheguei, havia uma fila maior que os outros dias.
A moça do café está trabalhando como uma louca atrás do balcão. Eu
sou o último da fila, mas não me importo de esperar. Isso significa que
eu posso olhar para ela enquanto trabalha na máquina de café
expresso.
No momento em que chego à frente da fila, não há ninguém atrás
de mim, e a loja praticamente está vazia, exceto por um trio de caras
velhos perto da janela.
A ruiva quente inclina a cabeça para mim e me dá um sorriso
surrado de reconhecimento. — O habitual? — ela pergunta.
— Eu sou tão previsível?
— Café escuro médio, para levar, não há espaço para creme no
seu copo. Um bolinho de mirtilo, se estiver se sentindo bem.
Estou indo na loja, para ajudar Hawk a terminar o trabalho em uma
moto que um cliente quer pegar mais tarde hoje. Mas, por algum motivo,
em vez de tomar meu café habitual e ir embora, decido no calor do
momento sentar e ficar por um tempo.
2
Proteção a Testemunhas.
— Eu percebi. A maioria das pessoas daqui parece conhecer todo
mundo. De onde você é?
— Hum. — Ela ergue um sorriso distraídopega o rabo de cavalo
e começa a brincar com aponta. — Nova Jersey. — Seus olhos se
afastam de mim. Hã. Elarealmentenão parece gostar de perguntas
pessoais. — Você?
— Nova york. Upstate, Perto do lago Seneca.
— Oh, uau, eu estive lá! — A expressão sombria deixa seus olhos
que se tornam repentinamente luminosos. — Meu pai me levo lá uma
vez. É lindo!
— Sim. — eu grunho. Objetivamente, ela não está errada. Minha
mente brilha no lago cristalino da minha infância e imagino como seria
para um estranho: Tranquilo. Calmo. Idílico.
Quase exatamente o oposto da minha infância.
Eu deixo escapar um pequeno bufo enquanto penso nas minhas
principais memórias de morar lá. Meu pai bêbado e idiota. Minha mãe,
que eventualmente começou a beber mais do que ele. As famílias
adotivas que acabei morando porque ela não podia cuidar de minha
irmã e eu depois que meu pai foi para a prisão. A merda da merda que
nossa família foi uma piada. Um gosto amargo sobe na minha garganta,
mas eu o empurro de volta para baixo e tomo um gole do meu café.
Se Sydney percebe qualquer mudança em mim, ela não deixa
transparecer. — Porque você foi embora? — Ela pergunta
inocentemente, e então parece pensar melhor. — Desculpe. — diz ela
com um encolher de ombros. — Isso realmente não é da minha conta.
— Não, está tudo bem. — Eu coloco o copo na mesa. Tenho
certeza de que não vou desfazer minha história de vida para ela, mas
estou acostumado a dar às pessoas a versão limpa. Merda, talvez se
eu lhe der alguns detalhes sobre mim, ela baixará um pouco a guarda e
me contará mais sobre si mesma. — Eu entrei para o serviço militar
após o ensino médio. — eu digo a ela. — Fuzileiros navais. Acabei aqui
em Tanner Springs depois que fui dispensado, porque um amigo meu é
daqui.
Ela levanta uma sobrancelha. — Você era um fuzileiro naval? Por
quanto...
Uma explosão ensurdecedora e um flash ofuscante de luz corta
suas palavras, fazendo-a gritar de susto. Está vindo da cozinha.
E seja o que for, está pegando fogo.
— Jesus. — Brick- Gavin - ruge, pulando de pé. — O que diabos
foi isso?
— Eu não sei! — Eu choro, olhando para trás. Meu coração
começa a correr a cerca de um milhão de milhas por hora. Parece que
está prestes a explodir no meu peito.
Ele está do outro lado da sala em segundos. Atordoadamente, eu
sigo logo atrás, terrivelmente, mas de repente fico feliz por não estar
sozinha na loja. Na cozinha, uma coluna de fogo sai de um dos
queimadores do fogão. Gavin olha em volta e arranca o extintor de
incêndio da parede. Ele puxa o pino, aponta o bocal e aperta a alavanca.
Nada acontece.
— Foda-se. — ele grita. — Onde está o seu bicarbonato de sódio?
Eu começo a contar a ele, mas depois tenho uma ideia melhor. —
Espere! — Eu choro. — Pegue a tampa ali! — Ele olha para onde eu
estou apontando. Eu pego uma luva de forno e cautelosamente estendo
a mão para desligar o queimador, e Gavin pega a tampa grande e plana
e a joga sobre a panela.
E assim, o fogo se apaga, tão rápido quanto começou.
— Puta merda. — eu suspiro, inclinando-me. Eu coloco minhas
mãos em meus joelhos e respiro fundo algumas vezes, desejando não
hiperventilar.
Gavin coloca o extintor no balcão. — Por que diabos você não
tem um extintor funcionando aqui? — ele grita.
Verdade seja dita, eu não sabia que o extintor não funcionava.
Estava bom quando o chefe dos bombeiros testou durante a inspeção.
Mas Gavin falando comigo como se eu fosse uma criança estúpida, e
eu odeio quando as pessoas falam assim comigo. Especialmente
homens.
— Isso teria contaminado toda a cozinha se você tivesse usado.
— eu ofego e respiro fundo para me acalmar.
— Quem diabos é isso? — ele rosna. — Todo esse lugar poderia
ter queimado. Isso também teria sido malditamente - contaminado.
— Bem, isso não aconteceu. — eu respondo com raiva. — Então
estamos bem.
— Jesus Cristo... — ele corre uma mão áspera pelo cabelo
escuro, parecendo que ele está pensando em me estrangular.
— Veja. — Eu me aproximo, inclinando-me para ele e pego um
pequeno objeto de metal do balcão. — Aqui está o culpado. — Eu
estendo minha mão para que ele possa ver. Parece uma grande bala
com uma ponta estourada.
— É um cartucho de óxido nitroso. — explico. — Para o
dispensador de chantilly. Eu devo ter deixado no fogão de alguma
forma. Eu acho que ficou muito perto das chamas e explodiu.
Ele olha para o objeto por um segundo, em seguida, olha para a
parede que tem um buraco do mesmo tamanho na altura do peito. — E
foi ali que bateu quando voou. — diz ele, apontando para o buraco. Pela
primeira vez, noto que a pele nas costas da mão esquerda está
profundamente marcada, como queimaduras que curaram. A cicatriz
continua no meio do seu antebraço, onde é parcialmente obscurecido
por uma elaborada tatuagem, de um crânio meio sombreado.
Eu seguro o objeto até o buraco que ele está apontando e os
comparo. — Sim, aposto que você está certo. — eu digo. — Eu não
lembro daquele buraco estar lá antes.
— Jesus. — ele murmura. — O que diabos você estava fazendo,
Sydney, deixando essa coisa por aí? O que você acha que esse maldito
cartucho teria feito se você estivesse aqui?
— Oh, acalme-se. — eu falo. — Sério, não é grande coisa. Nada
aconteceu. — Ele está me fazendo sentir como uma idiota, e isso só me
deixa mais furiosa.
— Poderia ter pego seu olho. Ou pior.
Eu soltei um suspiro. — Oh meu Deus, acalme-se! Você parece
minha avó.
— Droga, estou falando sério! — Ele me agarra pelo braçoe me
puxa para ele. Estou tão atordoada que nem penso em me afastar. —
E se aquela coisa tivesse te atingido no peito, Sydney? Se fez um
estrago assim na parede, o que teria feito com você? E se tivesse te
atingido aqui? — Seu polegar roça apele logo acima do V da minha
camiseta. — Ou aqui?
— Eu... — eu gaguejo. O choque de seu toque, tão íntimo, envia
uma sacudida através de mim que envia tudo em grande relevo. Com
ele tão perto, seus olhos negros me encarando intensamente, estou um
pouco assustada, e também muito, muito consciente de que estou
completamente sozinha com um homem que mal conheço. Um homem
que irradia absolutamente sexo e poder. Eu posso sentir meu corpo
endurecer, mesmo quando o calor começa a crescer entre as minhas
pernas.
Ele deve sentir que estou com medo dele, porque um segundo
depois ele solta o aperto no meu pulso e empurra um pouco para trás.
— Foda-se. — ele murmura e balança a cabeça. — Olha, me
desculpe. Mas Jesus Você poderia estar a caminho da sala de
emergência agora. Você entende isso, não entende?
Ele está certo, claro. Se eu estivesse na cozinha agora, eu poderia
ter me machucado seriamente, poderia ter me queimado ou pior. Eu
tenho tentado minimizar tudo isso, mas pensar em como eu cheguei
perto de um acidente que mudaria minha vida envia um tremor de
adrenalina atrasada através de mim. De repente, me sinto um pouco
fraca. Meu lábio treme e eu o mordo para que ele não perceba. Eu
respiro fundo.
— Eu entendo que eu poderia ter sido ferida. — murmuro, minha
voz quase quebrando. — Eu só… prefiro não ficar pensando sobre isso.
Isso não aconteceu. Está tudo bem. Essa é aparte importante.OK?
Eu estou esperando que ele grite comigo de novo. Mas ele não
faz. Ele não diz nada, na verdade.
Ele ainda está segurando meu pulso.
Ele me puxa um pouco mais perto. Eu olho para ele para seus
lábios cheios e sensuais. Minha pele começa a zumbir. Meus mamilos
formigam debaixo da minha camisa.
Eu paro de respirar. Eu acho que ele também.
Gavin se inclina para mim. Eu faço um pequeno barulho na
garganta quando minhas pálpebras começam a se fechar.
— Olá? — uma voz chama de fora na loja. Meus olhos se abrem.
Ele não se move. Seus olhos permanecem focadosem mim. Ele
está esperando para ver o que eu vou fazer.
— Já estou indo! — Eu digo de volta. Sem palavras, eu puxo meu
pulso de suas mãos e deslizo para longe dele, com as bochechas
rosadas.
A VOZ na loja pertence à Sra. Bauer, que veio com sua neta
pequena em um carrinho de bebê. Com ela, o fluxo de clientes no meio
da manhã começa, e as mesas começam a se encher com os tipos de
clientes que perduram na conversa e nos doces. Principalmente, são
senhoras mais velhas que entram na loja em pares ou em trios, ou
jovens mãesempurrando carrinhos de bebê em busca de um pouco de
sossego.
É uma pena que o ritmo das pessoas que estão entrando seja
estável o suficiente para evitar ter que enfrentar Gavin novamente,
depois do que quase aconteceu na cozinha.
Porque algo estava prestes a acontecer. E como uma idiota, eu
não faria nada pra parar.
Você pensaria que eu teria aprendido uma ou duas lições sobre
como evitar homens perigosos e situações imprecisas, já que tive
bastante experiência avaliando as pessoas e descobrindo quais delas
eram perigosas e quais não eram. Eu vim para Tanner Springs em
primeiro lugar precisamente para deixar meu passado para trás,
incluindo um erro muito ruim, e começar de novo em algum lugar novo.
Você pensaria que eu estaria melhor agora para não entrar em
situações estúpidas onde de repente eu percebo que é exatamente o
que estou fazendo
Eu sinto a presença de Gavin quando ele aparece atrás de mim e
sai de trás do balcão. Ele pega seu copo de viagem da mesa e sai sem
se despedir. Estou mais aliviada.
E um pouco desapontada.
Enquanto pego o café da Sra. Bauer e ajudo sua neta a pegar um
biscoito, eu silenciosamente me repreendo. O que você estava
pensando, deixando um completo estranho chegar tão perto de você?
Você não sabe coisa alguma sobre ele, além de gostar de café e andar
de moto. Você tem que se defender, Sydney. E você falhou.
Eu ignoro a segunda voz argumentativa na minha cabeça aquela
que está me dizendo para não ser ridícula. Ele estava apenas tentando
ajudar. Mesmo que ele fosse meio rude sobre isso. Você nem
agradeceu a ele, a propósito.
Sim, zomba da primeira voz. Esse tipo de 'ajuda', eu
definitivamente não preciso.
Mais clientes entram. Eu recebo os pedidos deles e trago as
bebidas. Todo o tempo, a imagem do rosto de Gavin na minha cabeça.
Seu olhar de raiva se misturou com preocupação quando ele agarrou
meu pulso.
A maneira sutil como seus olhos mudaram pouco antes de ele se
inclinar em minha direção.
Eu tremo.
Ainda sinto a pele áspera de seus dedos quando eles se agarram
ao meu pulso.
E o suave toque de seu polegar contra a pele nua do meu
pescoço.
Meus olhos se fecham por um momento enquanto imagino a
maciez dos seus lábios nos meus.
Estou feliz que ele tenha ido embora, digo a mim mesma. Estou
feliz que nada tenha acontecido.
Então, por que eu passo o resto do dia esperando é que seja ele
toda vez que soa o sino da loja?
Os olhos são cinza-esverdeados.
A cor do musgo na sombra.
Eles são tudo que posso ver enquanto vou até a garagem com o
que sobrou do meu café.
Porra, no entanto, aqueles olhos pareciam querer me matar, por
implicar que ela não podia cuidar de si mesma. Apesar de ainda estar
chateado, quase rio com a lembrança. Ela é mal-humorada assim como
seu cabelo vermelho ardente. Honestamente, ela parece que poderia
se defender contra praticamente qualquer pessoa. Algo em sua atitude
me faz pensar que ela pode se defender de qualquer coisa em sua vida.
Ela não é como as garotinhas protegidas que eu vejo às vezes ao redor
de Tanner Springs, fazendo sexo com os olhos quando vêem meus
irmãos e eu, e depois fogem aterrorizadas quando olhamos para elas
com os mesmos olhos, como se nós fossemos servos de Satanás.
Sydney não tem essa falsa atitude com ela. Ela é feminina como
o inferno, sem ser feminina. Mas, ao mesmo tempo, ela não tem a
mesma dureza ao redor dos olhos que algumas das garotas que
passam pelo clube têm.
Ela definitivamente não é uma criança de fundo fiduciário, como
eu originalmente imaginei. Algo me diz que ela não teve uma vida fácil,
lá em Jersey. O que me faz pensar mais sobre como ela acabou aqui
no leste de Ohio. Porquê ela estava correndo para cá ou fugindo.
Eu nunca vi olhos da cor dos de Sydney antes.
Eu quero vê-los brilhar para mim. Eu gosto do desafio neles.
Eu quero vê-los se fecharem novamente, como fizeram quando
eu estava prestes a beijá-la.
Mesmo que ela tenha me irritado muito com sua atitude idiota
sobre aquela explosão de óxido nitroso.
Meus pneus percorrem as milhas quando me lembro o quanto
queria momentaneamente sacudir aquela garota para que algum
sentido entrasse naquela cabeça por causa da maneira que ela reagiu
à explosão. Eu não estava brincando quando disse que ela poderia ter
se machucado seriamente. Mesmo agora, a adrenalina ainda está
pulsando em minhas veias. Eu ainda estou ansioso para fazer algo para
protegê-la, mesmo que a coisa toda já tenha terminado praticamente
antes de começar.
Minha mão se fecha firmemente ao redor do acelerador enquanto
penso nisso agora. Eu sei que minha onda de raiva lá atrás foi por causa
da adrenalina da explosão. Foi apenas uma reação química, nada mais,
uma resposta de luta ou fuga. Mas quando fui para a cozinha, a 'luta'
não existia, não havia nada para fazer. Ninguém para socar. Então eu
meio que tirei isso de Sydney. Que foi meio que um movimento idiota.
Eu nunca fui homem para me sentir confortável em situações em
que não posso agir. Sou o Executor do clube por um motivo. Eu sou o
cara que vem te ver quando a conversa acaba. No clube, eu respondo
apenas ao Rock, nosso Prez. Eu me certifico de que suas ordens sejam
cumpridas. Eu sou o punho que soca por ele. Meu punho mantém a
ordem em nosso mundo.
A explosão na cozinha desencadeou algum tipo de reação de
homem das cavernas em mim, para proteger Sydney. E quando o
perigo acabou quando a adrenalina não tinha para onde ir, a
proximidade dela desencadeou outra reação. Algo ainda mais primitivo.
Eu mudo no meu lugar, meu pau ainda tão duro quanto uma
maldita pedra. Aquela garota vai ficar em minha mente a manhã toda.
Eu já posso dizer.
Porra.
EU AINDA ESTOU ME SENTINDO mal quando entro na garagem.
— Você está atrasado. — Hawk rosna.
— Foda-se. — eu grito de volta. Eu pego meu macacão e coloco.
Hawk resmunga, mas não diz mais nada. Apesar do mau humor, Hawk
é um dos irmãos que mais respeito no clube. Ele não fala besteira e
também não a vomita. E ele é um maldito gênio com um motor.
O projeto que estou terminando para a loja hoje é uma
restauração de uma bela motocicleta clássica antiga: uma Harley
Davidson WL de 1946. O cara que trouxe isso é um cara rico, uma rtista
ou algo que eu acho que encontrou a motocicleta no celeiro de seu avô
depois que ele morreu. O dentista é um motoqueiro de fim de semana,
o qual ganhamos muito na loja, mas o dinheiro que as pessoas como
ele estão dispostas a pagar é realmente bom. Esta moto tem sido uma
porra de alegria para trabalhar, exceto por uma coisa: o dentista
especificou que queria uma pintura de dois tons originais na motocicleta
restaurada. Eu tentei argumentar contra isso, e até tentei dizer a Hawk
que não faria isso. Mas na loja, Hawk é o chefe, então estou arranhando
meus dentes e fazendo o que foi pedido.
Eu trabalho sozinho por cerca de uma hora. O trabalho detalhado
da pintura me concentra o suficiente para que eu tenha que dedicar a
maior parte da minha concentração a ela e parar de pensar em Sydney
por um tempo. Em um ponto, eu ouço Hawk no telefone noescritório, e
então ele vem andando até mim e se senta em um balde de cinco galões
virado.
— Rick Pierce está vindo para pegar a moto amanhã. — Hawk
me diz, referindo-se ao dentista motoqueiro de fim de semana.
— Vou fazer isso na hora do almoço. — respondo.
Hawkacena com a cabeça. — Parece bom.
Eu bufo. — Obrigado. — Ele sabe que não sou fã dos dois tons
na pintura.
A pequena porta lateral da loja se abre e Gunner entra. — Ei,
irmãos. — ele anuncia para o grande espaço. Murmúrios de saudação
vêm do outro lado da garagem, onde Striker e Thorn estão trabalhando
em um Chevelle de 66.
— Todo mundo vai se atrasar hoje? — Hawk reclama, olhando
para o relógio na parede.
— Relaxe, chefe. — Gunner sorri para ele. — Ei, Brick.
Eu levanto minha cabeça e aceno para ele. — Gunner.
— Vocês sabem o que aconteceu no Ace Liquors?
Hawk franze a testa. — Não. O que?
— Foi roubado durante a noite. — diz ele. — Eles pegaram o cara
que estava fechando, pegaram todo o dinheiro do caixa e do cofre.
Bateram no cara até ele ficar inconsciente depois que ele abriu o cofre
para pegarem o dinheiro. Tomaram um monte de bebida, quebraram
tudo o que não puderam carregar e saíram. Guy está no hospital agora.
Bateram muito nele mesmo, mas acho que ele está estável.
— Foda-se. — Hawk cospe. Ele se levanta e acende um cigarro.
— Segunda vez em um mês. A vítima consegue reconhecer qualquer
um deles?
— Eu acho que eles estavam usando máscaras. — Gunner
responde, sua expressão ficando escura. — Ele disse que poderia
reconhecer suas vozes, mas não tem certeza.
— Foda-me caralho. — Eu balanço minha cabeça. — Isso não é
bom.
Houve uma onda de assaltos em empresas locais de Tanner
Springs nos últimos meses. A maioria deles, como este, parece
motivado pelo desejo de pegar dinheiro e depois destruir o local para
provocar o máximo de dano e indignação possível. Essa é a primeira
vez que eles realmente machucam alguém. O jornal local, o Tanner
Springs Star, tem publicado histórias cada vez mais histéricas sobre a
onda de crimes, assim como uma série de cartas ao editor exigindo
respostas e justiça para as pessoas que foram vítimas. Quando se entra
em um restaurante ou posto de gasolina hoje em dia, na maioria das
vezes é sobre o que as pessoas estão falando.
Mais de uma das cartas ao editor implica que tem algo a ver com
os Lords of Carnage MC.
— Maldito. — Hawk rosna. — Mais uma desculpa para Holloway
e seus homens nos manterem em sua mira.
— Sim. — eu concordo. — E você sabe o que isso significa. É
provável que tenhamos outra visita do TSPD.
Jarred Holloway é o prefeito de Tanner Springs. Ele é um pedaço
de merda presunçoso e desonesto que tem nosso clube na mira desde
que foi eleito há um ano e meio. Ele foi eleito em uma plataforma de -
plano de limpeza de Tanner Springs - falando de um problema criminal
predominantemente inexistente e insinuando que os Lords of Carnage
eram um elemento ruim na cidade que precisava ser arrancado pela
raíz.
Eu não vou mentir e dizer que os Lords não fizeram o nosso
quinhão de negócios que estava firmemente do lado errado da lei. Mas
nunca fomos estúpidos o suficiente para conduzir esses negócios
dentro dos limites da cidade. Para não mencionar, nós tiramos nossas
bundas daquela merda e fomos legitimos na hora em que Holloway
assumiu o cargo. Isso foi em parte coincidência e em parte porque
pudemos ver a escrita na parede. Sabíamos que Holloway estava
prestes a tornar nossas vidas um inferno para provar a Tanner Springs
que ele era durão em relação ao crime.
O prédio em que estamos agora costumava ser um depósito onde
guardavamos armas, entre outras coisas. Vendemos nossa última
remessa de armas para os Death Devils, outro clube a leste da cidade,
e transformamos o espaço em uma loja personalizada de motocicletas
e carros. Tem sido uma boa fonte de renda para nós até agora, não
tanto quanto a venda de armas, mas mais segura e mais estável. E
ironicamente, desde que abrimos a garagem, os policiais de Holloway
entraram e revistaram o local duas vezes, procurando por contrabando.
A última vez que eles chegaram foi bem na época em que a atual - onda
de crimes - começou.
A coisa fodida é que nenhum desses crimes começou a acontecer
até depois que Jarred Holloway foi eleito. Engraçado, porém, como as
pessoas que votaram nele não pareciam notar isso. Tudo o que eles
veem é que o crime está em ascensão. E por alguma razão, eles
acreditam que ele é o único que pode pará-lo. E ele está determinado a
parecer um maldito herói para eles. Provavelmente à nossa custa.
Com certeza, algumas horas depois, logo depois do almoço, dois
carros estacionaram no estacionamento da frente. Um é um modelo
final do BMW 6 Series branco. O outro ostenta o logotipo do Tanner
Springs PD nas laterais. O motorista desce e porta lateral do BMW se
abre e dela sai o próprio prefeito Jarred Holloway, parecendo
especialmente tranquilo e seguro de si mesmo. Seu cabelo preto tem
um corte curto e conservador, com uma parte lateral profunda tão reta
que parece que ele fez isso com uma régua. Ele está vestindo uma
camisa azul-clara que está sem um único amassado, como se sua vida
dependesse disso, e calça cáqui clara com vincos afiados o suficiente
para lhe dar um corte de papel. Eu considero chegar e dar-lhe um
tapinha nas costas com as minhas mãos tatuadas e manchadas de óleo.
Mas então eu teria que tocar no filho da puta.
O cara que sai do carro policial acaba sendo Brandt Crup, o novo
chefe de polícia, escolhido especialmente por Holloway para ser seu
lacaio.
— Oh, pelo amor de Deus. — resmunga Thorn3, enojado,
enquanto observamos eles se aproximarem. — Eu poderia ter ficado o
dia todo sem ver aquele idiota.
— Aqui vamos nós. — diz Gunner, não se movendo de seu lugar
encostado na lateral do prédio. Nós três estamos aqui fumando. Nós
não nos movemos para cumprimentá-los. Deixe esses filhos da puta
virem até nós.
— Olá. — Holloway fala enquanto eles se aproximam, vestindo
seu habitual sorriso de político de merda.
Thorn me dá uma olhada, mas não diz nada.
— Prefeito. — eu respondo secamente.
3
Thorn – Espinho.
— Nós viemos para ter algumas palavras com o seu Presidente.
— Crup anuncia ofensivamente. Ele é rechonchudo e macio, com uma
linha fina que faz a testa parecer enorme. Os botões da camisa dele
estão puxando um pouco.
— É isso mesmo? — Thorn pergunta. — E nós pensamos que
você estava apenas vindo para uma conversa amigável.
— Rock está por aí? — Holloway pergunta, ainda com aquele
sorriso artificial.
— Ele está lá dentro.
Crup dá um passo à frente, mas Thorn o impede.
— Vocês esperam aqui, agora, senhores. — diz ele em um tom
que é amigável ao ponto de zombaria. — Ele vai estar aqui em um
minuto. — Ele se vira e entra na garagem. Gunner e eu continuamos a
fumar nossos cigarros, sem nos preocupar em fazer toda a conversa.
Nós quatro ficamos em silêncio. O sorriso de Holloway hesita um pouco,
e então ele o coloca de novo, tentando o seu melhor para parecer
completamente imperturbável. Crup zomba e solta uma risada seca.
Um minuto ou mais depois, Thorn retorna com Rock. Hawk está
com eles.
— Holloway. — diz Rock por meio de saudação. Sua voz é
completamente desprovida de qualquer expressão.
— Rock Anthony. — Holloway acena, mostrando os dentes. — Eu
me lembro de falar com você na angariação de fundos da cidade para
a biblioteca um tempo atrás.
— Fico feliz em saber que sou tão memorável. — responde Rock.
— Eu suponho que você não tenha ouvido falar sobre o
arrombamento no Ace Liquors ontem à noite. — interrompe o chefe
Crup. Ele aperta os olhos e examina todos nós, como se estivesse
procurando alguém para quebrar.
— Na verdade, nós ouvimos. — responde Hawk. — Vergonhoso.
— Vocês meninos sabem alguma coisa sobre isso? — Crup
continua.
Hawk imediatamente se irrita ao ser chamado de menino, mas
você teria que conhecê-lo muito bem para ver isso. Um músculo aperta
em sua mandíbula. — Ouvi as notícias através da videira. Você já pegou
alguém?
— Ainda não. — diz Crup. — Mas parece-me que não há muitos
“elementos” na cidade que possam estar invadindo empresas locais,
em busca de dinheiro.
— Provavelmente não. — balança a cabeça. — Deve facilitar para
você encontrá-los, então.
— Uh-huh. — Crup acenapara o interior da garagem. — Você
acha que nós podemos entrar e olhar em volta, para ver se nós
encontramos alguma coisa para nos ajudar a descobrir quem são os
criminosos?
— Não consigo imaginar como. — diz Gunner uniformemente. —
Talvez o seu tempo seja melhor gasto investigando a cena real do crime.
Crup bufa. — Engraçado. Você é um cara engraçado.
— Foi o que me disseram. — Gunner sorri.
Mas Rock está começando a mostrar alguma raiva. — Você tem
algo a dizer, diga logo.
— Estou dizendo que os Lords of Carnage parecem estar indo
muito bem ultimamente. — diz Crup, apontando para a garagem. —
Muito dinheiro parece estar fluindo para o clube.
— Sim. Muito dinheiro limpo. — eu digo.
— Está certo? — Crup retruca, voltando-se para mim. — Você
acha que se tivéssemos um mandado de busca e olhassemos um pouco
ai dentro, veríamos o quanto limpos vocês estão?
— Oh, para alguém tão esperto, nós parecemos o tipo de maldito
bandido que iria roubar uma loja de bebidas alcoólicas? — Thorn cospe,
finalmente perdendo a paciência. — Cristo, por que você não vai
procurar alguns traficantes ou algo assim? É quem mais gosta de fazer
essa merda. Para ter dinheiro rápido para comprar drogas.
— É isso então? — Crup estreita os olhos para Thorn.
— Olha, Holloway. — Rock os corta e se dirige ao prefeito. —
Você está latindo na árvore errada. E sabe o que mais, acho que você
sabe disso.
— Oh, eu não tenho tanta certeza. — diz Holloway suavemente.
Crup levanta um dedo irritado e aponta para Rock. — Você foi
avisado. Você foi avisado. — ele sussurra, como se estivesse em algum
tipo de filme.
Ao meu lado, Gunner começa a rir.
O prefeito lança um olhar irritado para Crup e depois olha para
nós, um a um. — Bem, vocês, garotos, mantenham seus narizes limpos.
— diz ele em tom alegre. — E tenho certeza de que vocês não terão
nenhum problema. O povo de Tanner Springs merece viver em uma
cidade onde eles se sintam seguros. É meu trabalho garantir que eles
façam isso. — Ele acena para Rock e nos dá seu melhor sorriso de
campanha. — Vocês todos tenham um bom dia agora.
Holloway gira nos calcanhares e volta para o carro. Crup segue
logo atrás.
— Cristo, eu adoraria estrangular os dois. — murmura Thorn.
— Anime-se. — eu murmuro. — Crup parece um pouco molhado
atrás das orelhas para ser um chefe de polícia. Talvez tenhamos sorte
e ele se mate enquanto estiver limpando sua arma.
— Você acha que eles realmente acham que temos algo a ver
com essa merda? — Hawk pergunta a Rock enquanto os vemos indo
embora.
— Talvez Crup. — responde Rock. — Ele é um idiota do caralho.
Mas acho que Holloway sabe que isso é besteira. Ele é politico.
Rock decide voltar para o clube para conversar com o nosso vice,
Angel. O resto de nós entramos e voltamos ao trabalho, mas a pequena
visita do Chefe Crup passou uma mortalha durante o dia. Até o
momento cinco horas se passam, todo mundo está mais do que um
pouco fora de ordem. Inclusive eu.
— É isso. — diz Hawk, finalmente, batendo o capô do Chevelle.
— Eu preciso de uma porra de bebida.
— Aleluia. — Gunner concorda. — Você vem para o clube? —
Ele pergunta, virando-se para mim.
— Pode apostar. — Eu pego um pano para limpar minhas mãos.
— Eu encontro com você, assim que eu tirar um pouco dessa tinta.
Eu vou me limpar e depois vou para a minha motocicleta. O ar do
final da tarde é quente e cheira a grama cortada, o que é uma mudança
bem-vinda depois do cheiro de tinta da loja. Quando passo pelo centro
da cidade, diminuo a velocidade da motocicleta quando estou perto da
Golden Cup. Eu olho para dentro, e consigo ver um longo cabelo
vermelho pela janela antes de acelerar e seguir em direção ao clube.
No dia seguinte,mesmo que eu odeie admitir para mim mesma,
eu meio que espero que Gavin entre na cafeteria. Mas a manhã vem e
vai, e ele não aparece. É um sábado, porém, e tenho que me lembrar
que ele nunca veio um final de semana.
Hailey chega no início da tarde para fazer um turno curto para que
eu possa cuidar de alguns papéis. Dá uma diminuída nos clientes
quando ela chega aqui, então eu tenho uma chance de conversar com
ela antes de voltar para o meu escritório.
— Como foi sua reunião depois da escola ontem? — Eu estou
perguntando a ela. — Eu esqueci de perguntar a você ontem à tarde.
— Eu me lembrei do teste de matemática, mas não disso.
— O Comitê de Atividades Sênior? Estava tudo bem. — Ela
levanta um ombro. — Havia um monte de garotos super-populares que
apareceram, não na minha cena, normalmente. Mas acho que vou
continuar por enquanto.
— O que esse comitê faz, exatamente? — Chego ao balcão para
pegar uma pilha de xícaras e coloco-as ao lado da máquina de café.
Ela me dá um sorrisinho sarcástico. — Bem, basicamente
organizamos atividades para os idosos.
Eu bufo. — Certo. Eu entendi. Como o quê?
— Como... — ela começa a contar em seus dedos. — Estamos
pintando a parede principal. E a festa dos senhores e a festa das
senhoras. E um monte de danças. E o sênior para o desfile do baile. E
a festa toda a noite e o último dia de folga.
— Ow. Você vai ter tempo para estudar e aprender coisas entre
os intervalos?
— A sério? — Ela me olha. — Você parece minha mãe.
Deus. Eu meio que faço, percebo. — Desculpa. Mas parece que
há muitas coisas no tempo que você pode precisar fazer… ah, eu não
sei... lição de casa e coisas assim.
Hailey vira uma mão de desprezo para mim. — Por favor. Tanner
Springs High é uma escola tão desleixada. Eu só trouxe livros para casa,
três vezes no ano passado. Eu recebo todos os meus trabalhos de casa
na minha sala de aula. Não se preocupe comigo.
— Ok, então, eu vou preocupar comigo. — eu sorrio. — Você vai
ter tempo para trabalhar aqui na loja, com todas as suas atividades
extracurriculares?
— Bem, na verdade... — ela morde o lábio. — Eu estava vindo
falar com você sobre isso. — Ela franze a testa com desculpas. — Você
acha que há alguma maneira de mudar minha agenda para que eu
pudesse trabalhar as noites, em vez de depois da aula, às vezes?
Temos que nos inscrever para as coisas que vamos ajudar no comitê.
Se eu tivesse pelo menos um par de dias por semana onde eu saiba
que não teria que estar aqui até mais tarde, poderia me inscrever para
mais coisas.
— Para alguém que não está realmente se importando, você
realmente parece estar se jogando nisso. — eu a provoco.
— Bem.... — diz ela maliciosamente. — Há um cara que eu estou
meio que interessada que está no comitê, também.
— Aha! Aí está! — Eu coro — Então, sua amiga Melissa não é
realmente a razão pela qual você se entrou nisso.
— Não, ela é. — protesta Hailey. Seu rosto fica num adorável tom
de rosa. — Mas... quando cheguei à reunião, Teddy também estava lá.
Estou prestes a começar a tirar informações da Hailey em todos
os detalhes de sua paixão, quando uma senhora mais velha, vestida
com roupas escuras, entra na loja. Seu cabelo branco prateado está
curto e penteado perfeitamente, e ela está usando óculos de estampa
de tartaruga redondos e surpreendentemente fashion. Eu a vi aqui uma
ou duas vezes antes. Ela sempre vem sozinha, e ela está sempre
carregando um caderno grosso com ela para ler enquanto ela toma seu
café.
— Olá. — eu a cumprimento. — O que eu posso fazer por você?
Ela sorri distraidamente para mim. — Vou tomar meio café com
leite e baunilha, sem gordura, sem espuma, dose extra. Vou beber aqui.
— Perfeitamente. — Eu digo para ela. — Sente-se, e eu trago sua
bebida para você em apenas um minuto.
Hailey levanta os olhos para mim enquanto ela sai para encontrar
uma mesa. — Uau. Ela realmente abraçou a cultura do café especial.
Eu faço a bebida da mulher e, assim que estou terminando, meu
telefone toca no meu bolso. Eu falo para Hailey trazer o latte para a
senhora e verifico minhas mensagens.
É um texto de um número que eu esperava não ter que ver
novamente.
Pensou que não ia encontrar você, sua vadia cadela? Onde está
meu maldito dinheiro?
4
Attacker – Agressor.
— Isso é verdade. — murmura Tweak5. — Mantendo-nos
ocupados com a lei nos obrigando.
Há silêncio por alguns momentos. Espero que Rock diga alguma
coisa, mas ele não faz nada além de olhar assassino para a mesa.
— Quantos de vocês conhecem homens que vocês acham que
seriam bons para ser um Lord of Carnage? — Angel finalmente
pergunta, olhando em volta. Quase duas dúzias de mãos sobem. Ele
concorda. — Bom. Olha, acho que precisamos nos mover rapidamente
aqui. Vamos recrutar ativamente algumas pessoas, alguns homens que
achamos de alto nível. Todos vocês tentem pensar em pelo menos uma
pessoa que você possa garantir. Mas não me apareçam com crianças
choronas. Precisamos de números, mas os números não são
suficientes. E eu acho que nós precisamos olhar para os prospectos e
ver qual deles estão prontos para avançar.
— Eu acho que Bullet6 e Lug Nut estão prontos. — Geno oferece,
falando sobre os nossos mais recentes prospectos. — Eles são durões
e firmes em uma crise. Eu acho que eles provaram a si mesmos.
— Sim. E Bullet é o único prospecto que eu já vi que pode me por
debaixo da mesa. — Gunner sorri. Um coro de risadas altas vai em volta
da mesa. É um momento bem-vindo de leveza.
— Você acha que devemos colocá-los em votação? — Angel
pergunta, voltando-se para Rock.
— Oh? Minha opinião foi solicitada? — Rock zomba de volta.
Angel o observa niveladamente. — Estou fazendo uma pergunta.
Por um segundo, aparece uma tensão no ar como se fosse cair
um raio.
Rock parece estar esperando que Angel diga mais, mas Angel
não morde a isca.
Finalmente, Rock se afasta e olha para todos nós. — Colocamos
Bullet e Lug para votação na próxima igreja. Mas isso não resolve o
5
Tweak – Ajuste.
6
Bullet – Bala.
nosso problema. Novos prospectos levam tempo. Enquanto isso,
precisamos agir.
— Deveríamos conversar com alguns donos de empresas locais.
— sugiro. — Aqueles que já foram atingidos, para começar. Pergunte
se eles notaram alguma atividade incomum ou qualquer coisa antes da
invasão. Ofereça nossa ajuda.
— Boa idéia. — Gunner acena. — Devemos pensar sobre o que
todos os lugares que já foram atingidos têm em comum. Tente descobrir
quais são os motivos. Pode nos ajudar a ter uma ideia de quais
empresas podem ser as próximas.
— Sim. — concorda Hawk. — E vai ser bom para nós. Devagar
as pessoas que supõe que somos nós, se nos virem tentando ajudar a
lidar com o problema vão passar a confiar.
— Mais uma coisa. — Angel reflete, virando-se para Rock. —
Acho que talvez devêssemos conversar com os Death Devils. — Os
Devils são um clube a leste de nós. Nossos dois clubes fizeram negócios
no passado e estamos fazendo movimentos em direção a uma tentativa
de aliança com eles. — Acho que seria uma boa ideia perguntar se eles
estão vendo algo parecido onde estão. Obter sua opinião sobre o que
os Spiders estão fazendo. Talvez possamos resolver um acordo para
trabalhar juntos nisso. Pelo menos até nossos números aumentarem.
Rock relutantemente acena. — Essa é uma boa ideia. Eu entrarei
em contato com Oz. Ver o que ele tem a dizer. Se ele estiver disposto a
fazer um encontro.
Conversamos por mais alguns minutos sobre quem é que vai
abordar e quais empresas informar, e então Rock encerra a reunião.
Todos os irmãos saem da igreja, exceto por Angel e Rock, que fecham
a porta atrás de nós.
— Porra. — Gunner murmura para mim enquanto caminhamos e
sinalizamos para Jewel, nossa principal garçonete, para tomar uma
cerveja. — Eu não gosto do que está acontecendo entre Rock e Angel.
A última coisa que o clube precisa agora é que os dois se virem um
contra o outro.
Jewel nos olha por um segundo enquanto colocamos banquinhos
no bar, mas ela sabe melhor do que perguntar qualquer coisa.
Silenciosamente, ela pega o topo de um par de garrafas para nós e se
move discretamente para o outro lado.
— Não merda, irmão. — Eu tomo um longo gole do líquido gelado.
— Porra, isso é bom. Seja o que for, é entre eles.
— Sim. — Gunner fala. — Eu com certeza espero que eles
descubram isso.
Nós bebemos nossas cervejas por alguns minutos e tentamos
conversar sobre outra coisa. Eventualmente, eu termino o meu e me
levanto. — Eu acho que vou voltar para casa por um tempo. — digo a
ele.
— Você está voltando para o clube mais tarde?
— Sim, talvez. — digo sem compromisso. — Eu vou te encontrar
mais tarde, tudo bem?
— Claro, irmão. Vejo você quando você voltar.
Eu levanto um dedo, dando adeus, e saio para minha moto,
exalando um pouco quando a tensão sai dos meus ombros.
Normalmente, eu ficava aqui com o resto dos irmãos, e talvez pegasse
um dos apartamentos no andar de cima para dormir aqui hoje à noite.
Mas agora, estou procurando um pouco de tempo para mim mesmo.
Para classificar toda a merda que está na minha cabeça.
Uma hora depois. Estou de volta à minha casa, olhando para o
lago com um frio na minha mão. O sol está apenas começando a descer
no horizonte. Eu observei ele pelo menos uma centena de vezes daqui,
assim, sozinho.
Voltei para o lago depois da igreja porque precisava de um tempo
para relaxar e pensar. Tudo o que está acontecendo nos últimos dias
está zumbindo no meu cérebro, e às vezes eu só preciso de um maldito
silêncio para resolver tudo. Por isso comprei este lugar. Tal como é.
No pouco mais de um ano que eu moro aqui, eu basicamente
reconstruí o que era uma cabana caindo no chão. A casa não valia
muito quando eu a comprei, então o que eu economizei depois de oito
anos na Marinha foi o suficiente para pagar tudo isso em dinheiro.
Mesmo assim, esse lugar é meu maldito orgulho e alegria. É engraçado,
mas mesmo depois de um dia inteiro de trabalho na garagem, muitas
vezes a coisa que eu mais olho para frente quando eu volto para casa
é ligar a serra de fita ou arrancar alguma fiação antiga. É terapêutico de
alguma forma, pegar algo que está abatido e fodido e torna-lo em algo
forte e sólido novamente. Essa é uma das razões pelas quais gosto de
trabalhar na garagem, restaurando motos e carros também. Mas aqui
na minha casa, os resultados do meu trabalho são meus e só meus.
Antes desta casa, eu nunca tive muita coisa para me importar. Na
minha infância, deixei de ser um fardo e uma reflexão tardia para meus
pais, para ser passado de lar adotivo para lar adotivo por pessoas que
deixaram claro para mim que eu não fazia parte de sua família e nunca
faria. Eu me juntei aos fuzileiros navais assim que completei dezoito
anos e passei os oito anos seguintes da minha vida trabalhando duro e
jogando duro, sem nada para voltar para casa durante as minhas férias,
e sem gols, exceto fazer o trabalho que fui enviado com meu regimento
para fazer.
Quando saí dos fuzileiros navais, eu estava sem raízes e sem
objetivo. Eu não tinha ideia de para onde iria quando voltasse para casa,
para os Estados Unidos, e não teria ideia do que faria comigo mesmo.
Tudo o que eu sabia era que eu não queria fazer uma carreira brilhante
nos fuzileiros. Eu me irritava muito com as regras e a hierarquia inerente
ao serviço militar. Embora eu tenha me levantado bastante rapidamente
nas fileiras, a estrutura nem sempre ficava bem comigo, especialmente
sempre que eu via idiotices com as fileiras mais altas dominando os
homens que eram a verdadeira espinha dorsal da unidade. A
camaradagem, porém, e a pura fisicalidade disso eram coisas de que
eu gostava.
Isso é provavelmente o que acabou me trazendo para os Lords of
Carnage, depois que eu saí. Gunner e eu trabalhamos juntos no mesmo
pelotão, e ele sabia que eu estava tendo dificuldades em encontrar meu
caminho no mundo civil, por mais que eu achasse que queria. Foi ele
quem me ligou e me disse para pilotar até Tanner Springs. Disse-me
que ele tinha uma coisa para conversar comigo. Algo que ele achava
que seria um bom ajuste.
Agora, um punhado de anos depois, aqui estou eu. Acontece que
Gunner estava certo. Ele me patrocinou para ser apresentado aos Lords
of Carnage, o clube que ele sempre pensou em se juntar algum dia.
Agora, em vez de um sargento ou um sargento-mor, sou o Executor do
clube. Em vez de impor regras por procedimentos militares, faço isso
com meus punhos. E armas.
É um ajuste muito melhor. Para a maior parte do tempo.
Agora, pela primeira vez, tenho uma família. Um lugar meu, onde
posso trancar a maldita porta à noite e deixar o inferno sozinho. Acima
de tudo, silêncio. E paz. É solitário às vezes, mas é meu.
Distraidamente, puxo um cigarro do maço e o acendo, sentando-
me na cadeira Adirondack7 que tirei de uma lixeira e remodelei. Puxando
uma tragada profunda, deixo sair com um suspiro pesado e perturbado.
7
Marca de cadeira.
A igreja hoje me deixou no limite. Não por causa de algo que foi
decidido. Não por causa dessa onda de crimes em Tanner Springer.
Nem mesmo por causa da ameaça no horizonte representada pelo
crescente clube Iron Spiders, e o que isso significa para a guerra em
curso entre nós.
Estou nervoso porque estou começando a ter sérias dúvidas
sobre o presidente do meu clube.
Um Executor, acima de tudo, tem que ser muito leal ao homem
que é seu presidente. Às vezes eu sou um guarda-costas. Às vezes eu
sou enviado para fazer as tarefas mais violentas que precisam ser feitas:
um hit, ou uma batida, ou até mesmo acabar com alguém, se isso for
pedido. Eu sou o braço da justiça do presidente. Eu faço o que ele me
diz.
Um dos meus trabalhos é manter os outros irmãos sob controle,
se necessário. Não só quando estamos correndo ou em uma situação
de perigo, mas também dentro do próprio clube. Eu tenho que ser capaz
de cumprir as ordens do presidente sem questionar, mesmo e
especialmente se isso significar que eu tenho que enfrentar um dos
meus próprios irmãos para fazê-lo. A insubordinação, assim como nas
forças armadas, não é uma opção.
Mas, ao contrário das forças armadas, nunca tive motivo para
questionar o julgamento do homem cujas ordens devo executar nos
Lords.
Até agora.
Não é nada específico. Nada que eu possa colocar meu dedo.
Mas por um tempo agora, eu não tenho certeza onde está a
cabeça de Rock Anthony. Eu acho que alguns dos outros irmãos estão
sentindo isso também. Eu vejo a maneira como eles olham de Rock para
Angel. Eles estão se perguntando para onde o club vai. Se houver uma
crise no horizonte.
E isso me deixa nervoso. Porque eu nunca fui muito bom em impor
regras nas quais não acredito.
***
***
***
***
***
***
***
***
***
***
***
***
UMA ONDA VERTIGINOSA de adrenalina atingi meu sistema, fazendo-
me sentir que eu poderia vomitar. Merda! Devon está aqui em Tanner
Springs? Ele sabe onde fica a loja? Minha mente corre freneticamente
tentando pensar o que devo fazer, o que devo dizer quando percebo,
com um sobressalto, que o texto está sozinho na tela.
E que o código de área é para Tanner Springs, não para Nova
Jersey.
Fracamente, eu caio no sofá e começo a rir com alívio.
Eu escrevo de volta:
Quer apostar?
Então você não está morta, o que é positivo. Você está em casa
segura?
***
8
Remendo do clube no colete, aqui refere-se ao Bullet se tornar membro oficial do clube.
novo em seu lugar. A coisa toda leva apenas alguns minutos. Enquanto
estou trabalhando, Sydney volta para se juntar a mim.
— É exatamente o que eu sempre quis. — ela sorri. — Como você
sabia?
— Eu sei como tratar uma mulher certo. — digo a ela.
— Você sabe. — ela concorda. — Muito mais romântico que
flores ou doces. Mas como eu sei que você não está apenas tentando
me levar para a cama?
— Eu estou tentando levá-la para a cama. — eu rosno e pego ela
pela cintura. — Ou pelo menos de volta ao escritório.
— É assim mesmo? — Ela pergunta, um desafio em sua voz.
— Com certeza é assim. — Eu a puxo para mim, um pouco
rudemente. Ela levanta a cabeça e olha para mim, os olhos arregalados,
as pupilas grandes.
— E se eu disser não? — ela diz um pouco sem fôlego.
— Então eu deixo você ir. — murmuro, e mergulho minha boca
na direção dela. — Mas você não vai.
Meus lábios cobrem os dela. Sydney geme em minha boca
enquanto seu corpo se funde no meu. Eu a beijo com fome, meu pau
endurecendo. Seus braços enrolam em volta do meu pescoço, o calor
crescendo entre nós. Eu a empurro contra o balcão, e minhas mãos
descem para a sua bunda e a puxam contra mim. Ela choraminga e se
curva para mim, angulando seus quadris para que sua suavidade esteja
contra a minha dureza.
— Porra, Sydney. — eu grito. — Vamos levar isso lá para trás.
— Olá? — uma voz impaciente chama só então. — Posso obter
algum serviço aqui?
— Oh, pelo amor de Deus. — Sydney se afasta de mim. — É o
cara das kolaches.
— Oh, irmão. — murmuro baixinho, lembrando do velho que
nunca está feliz com nada.
Sydney escorrega do balcão e ajusta sua roupa. — É melhor eu ir
servi-lo. — ela murmura. Ela olha para mim conspiratoriamente. — Eu
realmente tenho kolaches hoje. Ele pode apenas desmaiar de surpresa.
Ela se afasta de mim e eu a deixo ir. Eu termino de colocar o
extintor na parede, certificando-me de que esteja seguro o que tem o
benefício adicional de me dar tempo para acalmar a furiosa ereção em
minhas calças. Saio para a loja assim que Sydney está oferecendo ao
velho um kolache.
— Eles parecem parecidos o suficiente dos originais. — ele está
dizendo, olhando para a vitrine com os bolinhos com uma careta
suspeita. — Mas isso não significa nada.
Atrás dele, a senhora mais velha, com os óculos redondos de
carapaça de tartaruga e o prumo de prata, subiu para reabastecer.
Quando ela vê o que ele está olhando, ela abre bem osolhos.
— Oh, eu não tive um kolache em anos! — ela exclama. — Não
desde que eu era uma menina crescendo em Cedar Rapids, Iowa.
— Você gostaria de provar uma? — Sydney oferece gentilmente.
Eu não posso deixar de sorrir para sua ofensiva de charme. É uma
jogada inteligente. Who pode esquecer que esse lugar vá ficar vazio
hoje.
Sydney pega uma kolache com cream cheese, enchendo a caixa
e cortando ao meio. Ela coloca cada metade em um prato separado e
leva em direção ao homem e à mulher. A mulher pega o dela primeiro e
dá uma mordida experimental.
— É bom? — O homem fareja.
— É perfeito. — diz a mulher com um sorriso satisfeito. —
Exatamente a maneira que deveria provar. Meu Deus, isso traz de volta
boas memórias.
O homem pega sua metade e dá uma mordida. Sydney observa
enquanto mastiga e engole.
— Eu sempre digo, uma padaria não vale muito a menos que eles
tenham kolaches. — diz ele à mulher. Ele não observa de uma forma ou
de outra a massa, mas sua voz suaviza apenas um toque. — Eu cresci
perto de Columbus. Às padarias lá, as reais, não as modernas têm
alguns dos melhores kolaches. — Ele faz uma pausa. — Este é muito
bom. — ele admite a contragosto.
— Obrigada. — diz Sydney sobriamente. — Eu vou continuar
tentando.
O homem pede um café e leva o prato com a metade do kolache
para a mesa onde estão seus amigos. Sydney reabastece a bebida da
mulher e ela volta ao livro. Quando ambos são atendidos, ela se vira
para mim e faz um pequeno gesto de vitória.
— Ele gostou! — ela exulta. — Eu não posso acreditar que ele
não foi grosseiro como se eu estivesse servindo veneno de rato!
— Boa coisa, também. — eu sorrio. — Isso foi um grande esforço
que você fez para conquistar um cliente.
— Eu não posso evitar. — ela sorri de volta. — Às vezes eu só
tenho uma ideia na minha cabeça e não posso deixar passar. Eu gosto
de um desafio.
— Eu também. — eu murmuro, chegando apenas um pouco mais
perto dela.
Ela inclina a cabeça. — Você está me chamando de desafio? —
— Você deu um pouco mais de trabalho do que eu estou
acostumado.
Seu sorriso desaparece. — Eu não pedi nada a você, você sabe.
— Ei. — Eu reajoe tiro uma mecha de cabelo do rosto dela. —
Engraçadinha.
Ela relaxa um pouco. — OK.
O sino da porta toca. Eu olho para trás e vejo um grupo de
mulheres entrando no café. — Então, você está trabalhando o dia todo
hoje?
— Na verdade não. Hailey tem o dia de folga da escola hoje.
Algum tipo de trabalho de professores. Então, termino às três e ela vai
fechar hoje à noite.
— Onde você mora? Eu vou buscá-la em sua casa hoje à noite
por volta das sete.
— 'Por acaso você está livre para a noite, Sydney? — ela recita
num tom agudo. — Se você estiver, eu queria saber se você queria
fazer alguma coisa'.
— Você está livre. — eu rosno, inclinando-me perto o suficiente
para que eu possa sentir o cheiro do xampu dela. — Qual o seu
endereço?
— Eu deveria recusar seu convite, você sabe. — Minhabarriga
bate na garganta. — Só por ser um idiota.
— Eu vou compensar você. — Eu me abaixo e deslizo minha mão
entre sua pele e o cós da calça jeans. Mantendo o tecido fino de sua
calcinha entre nós, eu pego um dedo suavemente contra seu clitóris.
Ela ofega e estremece.
— Rua três com a vinte e sete Adams. — ela sussurra.
— Não se vista. — eu digo grosso. — Você pode não precisar de
roupas por muito tempo.
Provavelmente parece inacreditável, mas em todos esses meses
em que estou em Tanner Springs, nunca tive um único visitante dentro
da minha casa.
O que posso dizer? Eu trabalho de manhã, tarde e noite. Eu
literalmente não tenho uma vida fora do café.
Na maior parte, não é algo que me incomoda muito. Eu gosto do
que faço. E de volta a Atlantic City, minha vida social também era
bastante inexistente. Como todo mundo em meu antigo círculo, eu segui
os ritmos bizarros e anti-circadianos do universo do jogo profissional.
Dormia quando podia, comi o que quer que estivesse à mão e passei a
maior parte do meu tempo nas grandes extensões de qualquer número
de cassinos.
A natureza da vida que eu levava significava que eu não estava
exatamente conhecendo muitas pessoas novas e fazendo jantares ou
qualquer outra coisa. Estranhos não eram confiáveis. Inferno,
conhecidos mal eram confiáveis. E quando eu tinha um raro momento
para mim, geralmente tudo o que eu queria fazer era me esconder e me
perder em um livro, ou trancar a porta e cair num sono luxuoso e sem
sonhos até acordar sem um alarme.
Então, dizer que não estou acostumada a ter “amigos” como tal é
um eufemismo. Além das conversas quase superficiais que tenho na
cafeteria, a maior parte da interação que eu tenho em qualquer dia é
com a senhora de óculos e com seu livro, na mercearia ou o ocasional
atendente de posto de gasolina.
Quando chego em casa da Golden Cup às três e meia, já estou
tendo um leve ataque de pânico ao perceber que Gavin estará aqui em
poucas hora. Eu olho em volta da casa minúscula que venho alugando
com uma careta crítica, tentando ver como alguém vendo pela primeira
vez. Tem a aparência de alguém que está se mudando, sem fotos ou
trabalhos de arte na parede, sem bugigangas ou objetos sentimentais
em qualquer lugar. Apenas um sofá genérico em forma de L, de cor
chocolate, uma mesa de centro de vidro e uma TV de tela plana, em
cima de um suporte de madeira escura, que comprei em uma loja de
segunda mão. A única coisa colorida na sala é um tapete com padrão
de chevron que comprei por impulso um dia, numa tentativa
desesperada de deixar a sala menos estéril.
Meu quarto não é muito melhor. A cama queen size praticamente
nunca foi feita, o edredom cinza e branco torcido em uma bola com os
lençóis no meio do colchão.
Não que Gavin seja um designer de interiores ou qualquer coisa.
Mas sabendo que ele vai estar aqui em breve e vai ver tudo isso me faz
sentir auto-consciente, mesmo assim. Eu faço uma varredura
apressada no lugar, arrumo a cama e consigo desenterrar algumas
fotos que eu estava querendo pendurar desde que me mudei. Um par
de horas depois, o lugar não parece tão triste e patético. Satisfeita, não
há muito mais que eu possa fazer, tomo um banho rápido, seco o cabelo
e faço um pouco de maquiagem. Coloco um jeans limpo e meu top
favorito, e tento ignorar o calor que se forma entre minhas pernas
quando me lembro do que ele disse sobre não usar minhas roupas por
muito tempo. Finalmente, quando não consigo pensar em mais nada
para fazer, sirvo-me uma taça de vinho e me sento no sofá com um livro
e um pouco de música, e tento não perder a cabeça até que ele chegue
aqui.
Por fim, por volta das sete, ouço o rumor distante, mas familiar,
de uma Harley. Eu me levanto rapidamente, quase derramando meu
vinho por toda a minha camisa, e respiro fundo algumas vezes. Eu não
sei porque estou tão nervosa, mas sinto que meu coração vai explodir
no meu peito. Pela janela da frente, vejo Gavin parar na frente da minha
casa. Eu abro a porta da frente e saio para encontrá-lo enquanto ele
desliga o motor e desliza para fora da moto.
— Baby. — ele ronca, cruzando a distância entre nós em apenas
alguns passos. — Você parece boa o suficiente para comer.
Ele está usando o colete dele, é claro, e seu rosto está ainda mais
bronzeado do que o normal, como se ele estivesse no sol hoje. — Você
parece muito bom também. — arrisco. Meu lábio inferior desliza
nervosamente entre os meus dentes.
— Você continua a morde o lábio assim, eu vou ter que levá-la
para dentro e morder por você. — ele murmura, me puxando para
perto.
— É isso que você tinha em mente? — Eu meio ofego quando
seus lábios esquentam minha pele. Eu me sinto meio mole como se ele
estivesse me deixando desossada.
— Eu tinha em mente para levá-la para a minha moto. — Ele rosna
contra meu ouvido. — Mas eu acho que vai ter que esperar. Eu não vou
poder andar assim. — Seu calor espesso e duro pressiona contra mim,
me fazendo ofegar. Estou instantaneamente molhada,
embaraçosamente assim. Uma pulsação baixa começa entre as minhas
pernas, o que torna difícil pensar de repente.
— Nós... nós poderíamos ir para dentro. — eu digo, minha voz
tremendo.
Quase antes de as palavras saírem da minha boca, ele me pega
e me carrega para a casa. Eu meio que penso em ficar envergonhada,
no caso de um dos meus vizinhos estar do lado de fora e poder nos ver,
mas estar em seus braços está me deixando meio tonta. Eu envolvo
meus braços em volta do seu pescoço enquanto ele abre minha porta
da frente e me carrega através dela. Lá dentro, ele nem diminui a
velocidade. — Quarto. — ele ordena.
— No final do corredor, à direita. — eu respiro. Meu pulso já está
acelerado. É incrível a rapidez com que eu simplesmente me abandono
para ele. Eu não acho que eu poderia resistir a ele, não importa o preço.
Eu não sei como.
No quarto, ele me tira dos braços e me coloca na cama. Por um
segundo, eu silenciosamente me amaldiçoo por não trocar os lençóis
esta tarde. Ele dá um passo para trás e abre a calça, empurrando a
calça jeans para baixo até que ela caia em suas coxas. Ele pega seu
pau e envolve sua mão ao redor da base. É a primeira vez que eu dou
uma boa olhada nisso, e meu Deus, é enorme. Não admira que ele se
sentiu tão bem dentro de mim da última vez. Eu suprimo um gemido
quando sinto o latejar entre as minhas pernas crescerem.
— Você sabe o que eu quero. — diz ele com voz rouca quando
ele se acaricia. — Tire seu jeans.
Eu faço o que ele pede, deslizando meu jeans e chutando-os no
chão.
— Tire sua camisa e sutiã.
Meus olhos se encontram, puxo a camisa por cima da cabeça e
solto o sutiã. Quando estou nua, a não ser pela minha calcinha, seus
olhos deslizam lentamente pelo meu corpo com uma luxúria
descontrolada. Seu olhar permanece nos meus seios; meus mamilos
ficam tensos.
— Toque-se.
Eu abro minha boca para protestar, mas sei que ele não aceita
um não como resposta. Eu nunca fiz isso na frente de ninguém. Minhas
bochechas ardem vermelhas enquanto meus dedos deslizam sob o
tecido da minha calcinha.
— Empurre a calcinha para o lado. — ele comanda. Eu deslizo
um dedo na minha abertura molhada e deslizo os sucos contra o meu
clitóris latejante. É tão bom que eu suspiro e fecho meus olhos.
— Porra, sim. — ele rosna. Ele está se acariciando lentamente,
da raiz às pontas. Eu estendo a mão para ele, meus dedos circulando-
o perto do topo, amando o calor e a dureza dele. Ele geme ao meu
toque, uma gota de pré-gozo aparecendo na ponta. Minha bocanna
verdade brota com o pensamento de prová-lo, sentindo o veludo de sua
pele contra a minha língua.
— Eu quero chupar você. — eu digo. Eu não sabia que ia dizer as
palavras, não pude detê-las antes que saíssem da minha boca.
— Ainda não. Não essa noite.
Ele move a mão e cobre meu rosto enquanto começo a acariciar,
no mesmo ritmo que estou provocando a mim mesma. Eu me viro e
envolvo meus lábios ao redor da ponta do dedo, sugando-o em minha
boca e gemendo quando imagino que seja o seu pau. — Foda-se,
Sydney. — ele geme enquanto minha língua se agita, mostrando-lhe o
que eu quero fazer com ele. Na minha mão, sinto seu pau pulsar e pular.
Ele se afasta de mim e dá um passo para trás.
Até agora, todo o meu corpo está clamando por seu toque. Eu
choramingo e acaricio meu clitóris, mais rápido, mais rápido, meu corpo
todo dolorido com a necessidade. Ele sabe disso também, eu posso
dizer pelo meio sorriso feral em seu rosto enquanto ele diminui seu
próprio ritmo enquanto o meu acelera.
— Diga-me o que você quer que eu faça com você. — ele diz. Eu
posso ver isso em seus olhos, ele não vai me dar o que eu preciso até
que eu peça por isso.
— Eu quero que você me foda. — eu sussurro. — Eu preciso
gozar.
— Tire a sua calcinha. — diz ele. — Espalhe suas pernas para
mim.
Eu deslizo-as pelas minhas pernas e retiro-as. Hesitando apenas
um momento, abro minhas coxas lentamente. Ele espera. Abro-as mais,
até estar completamente exposto.
— Jesus, porra, é linda. — diz ele, com a voz rouca. Ele enfia a
mão no bolso e tira um preservativo. Saindo de seu jeans, ele desliza
sobre o seu eixo e se abaixa na cama entre as minhas pernas. — Você
é tão foda pra mim, Sydney. Droga, você está tão molhada. — Ele
desliza a cabeça de seu pau através da minha umidade. Eu meio que
grito, minha cabeça caindo para trás enquanto arqueio meus quadris
em direção a ele. Apenas alguns segundos mais assim e eu vou gozar,
e eu quero isso, eu preciso tanto.
— Por favor, me faça gozar. — eu imploro a ele.
— O que você quer, Sydney? Me diga o que você quer.
— Eu quero... seu pau. — eu ofego. — Eu quero o seu pau dentro
de mim.
Suas mãos estão nos meus quadris, em seguida, levantando-me
na vertical e fora da cama, de modo que eu esteja sobre ele. Ele me
guia para baixo em seu eixo, a parte superior de seu pau deslizando
deliciosamente contra o meu clitóris enquanto minha buceta abre e se
estica para levá-lo para dentro. O calor dele quase me manda para o
limite.
— Sydney, Jesus foda, você sente o que você faz comigo? — ele
murmura contra a minha garganta, sua voz grossa. Eu posso sentir o
pulso do meu coração batendo contra seus lábios. — Tudo o que posso
pensar por semanas é o quanto eu quero estar dentro de você. Eu vou
te foder até você desmaiar, e você vai gozar ao redor do meu pau. Eu
quero ver você perder o controle, porque é a coisa mais linda que eu já
vi.
Eu envolvo meus braços em volta de seu pescoço e me agarro a
ele quando ele começa a empurrar dentro de mim, seu pau molhado e
escorregadio com meus sucos. É melhor do que qualquer coisa que eu
possa imaginar quando meus quadris se movem com os dele, me
enviando mais e mais alto.
— Isso é o que você queria. — ele me pede.
— Sim, Gavin. — eu choramingo, cavando minhas unhas em suas
costas enquanto minhas coxas apertam em torno dele. Meus olhos
começam a se fechar.
— Olhe para mim, Sydney. — ele comanda. Meus olhos se abrem
para encontrar os dele. É incrivelmente íntimo, como se ele estivesse
olhando para minha alma. Eu faço o que ele diz, enquanto minha
respiração fica rasa e irregular. Eu estou tão perto, tão perto, e então
está aqui, ele está aqui comigo me fodendo e é tão bom e a qualquer
momento eu vou...
— Oh, Deus, eu vou... — Eu suspiro, e então meu corpo
convulsiona quando meu orgasmo me rasga. Ele cobre minha boca com
a sua, engolindo meus gritos quando as ondas me atingem, e então
todos os seus músculos se apertam de uma vez e ele geme e solta,
vindo dentro de mim em um impulso explosivo.
Ficamos assim, ele enterrado dentro de mim, beijando
profundamente e desesperadamente, ofegando por ar, mas incapaz de
parar. Eventualmente, a corrida do meu coração começa a diminuir, e
o brilho de suor que me cobre começa a esfriar. A mão de Gavin deixa
minhas costas e sobe para o meu rosto. Delicadamente, ele tira meu
cabelo emaranhado do meu rosto, em seguida, passa um dedo caloso
ao longo da minha bochecha.
Ele não diz nada.
Nem eu.
— Eu mereço a verdadeira história do que te trouxe aqui para
Tanner Springs? — Eu pergunto a ela.
Estamos deitados na cama, cobertores em cima de nós. Sydney
está aninhada na dobra do meu braço.
Eu estou lutando contra uma onda de algo que eu não entendo.
O que aconteceu entre nós dois, agora... não foi como qualquer coisa
que eu já experimentei com qualquer mulher.
Eu tive muito sexo. Eu tive mais mulheres do que eu poderia
contar. Metade delas, eu nem sabia seus nomes na época, ou eu me
esquecia assim que elas saiam pela porta.
Quando senti Sydney apertar em torno de mim, seu orgasmo
parecia quase como se fosse uma parte minha. Nós nos juntamos, com
ela estremecendo em meus braços. Isso me fez sentir com um milhão
de dólares.
Pior ainda, isso me fez querer deixar o resto do mundo e ficar aqui
com ela. Não fazendo nada além disso. E talvez ocasionalmente pedir
uma pizza para não morrermos de fome.
Pela primeira vez, acho que entendo como um homem poderia
cair em uma toca de coelho por uma mulher. A cascata suave de seu
cabelo contra o meu peito, os sons que ela faz quando eu me movo
dentro dela, o jeito que ela segura em mim pela sua vida quando ela
começa a gozar... tudo isso está fazendo o seu caminho para os
caminhos da minha mente. Ameaçando ficar lá. Para fazer dela alguma
coisa alguém que eu não quero ficar sem.
Eu quero saber mais sobre o Sydney Banner. Eu quero saber
coisas que ninguém mais sabe sobre ela.
E por melhor que pareça estar com ela, os alarmes começam a
soar no meu cérebro.
Como fuzileiro naval, me acostumei à privação. Para testar os
limites da minha resistência física e emocional. Eu me acostumei a viver
sem uma vida despida de qualquer coisa que não fosse treinamento,
prontidão e estar constantemente alerta para o perigo. Essa foi a parte
que acabei gostando mais, estranhamente. Não havia tempo nem
energia para gastar pensando em coisas que não importavam. O
passado acabou e acabou. O futuro era algo que nunca poderia
acontecer.
Quando eu saí do Corpo, ir para os Lords of Carnage me deu algo
parecido. Havia muito mais festas e muito mais buceta. Mas a premissa
básica era a mesma, pelo menos para mim. Meu papel como membro
e, eventualmente, como o Executor, era claro. Ao contrário de alguns
irmãos, eu não tinha família para falar. Nenhuma old lady, nenhuma
criança, nada para ser exceto um Lord. Quando vejo Ghost com Jenna
e seus filhos, ou Hawk com Samantha, digo a mim mesmo que estou
feliz por eles, mas esse tipo de vida não é para mim. Eu não sou um
homem interessado em construir um futuro, com uma família e toda
essa merda. Tudo o que quero é meu clube e minha casa no lago e ficar
sozinho.
É o que eu digo a mim mesmo.
É por isso que, em vez de mentir aqui perguntando a Sydney
sobre sua infância, eu deveria estar puxando minhas calças e dando o
fora daqui.
***
***
***
S IMS ERA UM FUZILEIRO NAVAL INFERNAL . Ele era o cara que você
queria ao seu lado em uma luta, sólido e confiável como eles vêm, o
cara que você sabia que sempre teria suas costas. Ele também era um
grande atirador do caralho.
E Jesus, ele amava sua esposa. Ele falava dela o tempo todo. O
nome dela era Tina. Lembro-me da foto que ele tinha como tela inicial
em seu telefone, porque ele mostrava para qualquer um e todos que
perguntavam sobre ela. Ela era de cabelos escuros e olhos arregalados,
e mesmo que a foto mostrasse apenas a partir do peito, você poderia
dizer que ela tinha um corpo infernal.
Sims e Tina só estavam juntos há um ano antes de se casarem, e
ele embarcou para o Afeganistão pouco depois disso. Sims se
preocupava muito com Tina sobre como ela estava se adaptando à sua
nova vida em uma base militar sem ele, longe de sua família e dos
amigos que ela deixou para trás. Alguns meses antes de ele ser morto,
Sims me confidenciou uma vez ou duas que estavam brigando muito, e
que às vezes ela não respondia aos e-mails dele depois de uma
discussão, ou não atendia ao telefone quando eles concordavam com
o Skype. Ele sempre a perdoou por isso, no entanto. — Ela é mais rude
do que eu, de muitas maneiras. — ele dizia. — Ela está sozinha, sem
muito o que fazer na base. É mais difícil ser o que ficou para trás.
Pessoalmente, pensei que talvez fosse um pouco mais difícil estar
vivendo em um buraco de cem graus, sendo baleado e explosivos
atirados em você, mas imaginei que manteria essa merda para mim
mesmo.
***
A LGUNS meses depois de Sims ser morto, eu saí para uma licença
de duas semanas. Eu não tinha planejado originalmente voltar aos
Estados Unidos, mas no último minuto decidi que tinha a obrigação de
ir ver a viúva de Sims e oferecer minhas condolências pessoalmente.
Eu imaginei que ela poderia ter algum conforto em saber algo sobre sua
vida como um soldado. Como ele era respeitado por seus
companheiros Marines, e como estávamos arrependidos por ele ter ido
embora.
Descobri que Tina Sims havia se mudado da base militar onde ela
morava para um apartamento a alguns quilômetros de distância, mas
ainda na mesma cidade. Eu peguei o endereço dela e o telefone dela
também. Pensei em ligar para ela para avisá-la que queria visitá-la, mas
nunca fui muito bom no telefone. E para ser honesto, eu não tinha ideia
do que diabos você deveria dizer a uma viúva enlutada de qualquer
maneira. No final, decidi apenas morder a bala, aparecer e esperar pelo
melhor.
O lugar onde a esposa de Sims se mudara era um complexo de
apartamentos de dois andares que precisava muito de uma pintura. O
jardim da frente era pouco mais do que alguns trechos de grama morta
e arbustos marrons. O prédio inteiro e os terrenos ao redor cheiravam
a negligência. Meu primeiro pensamento quando cheguei lá e vi a
condição do lugar era que Sims teria perdido sua maldita mente de
preocupação se soubesse que sua esposa estava vivendo em um
buraco assim. Comecei a tentar descobrir o que eu poderia fazer para
ajudá-la quando fiz o meu caminho até a casa. Eu não sabia nada sobre
os benefícios do sobrevivente no Corpo, mas com certeza pensei que
deveria haver algo melhor para ela do que isso.
No início, quando o homem atendeu a porta dela, achei que tinha
escrito o endereço errado. Ele era da minha idade, magro e arrogante,
com um bigodinho de merda. Suas roupas e cabelos cheiravam a erva.
Em confusão, perguntei se era onde Tina Sims morava.
— Viúva Sims! — ele gritou de volta para o apartamento, uma
risada em sua voz. — Alguém está aqui para te ver!
Quando Tina saiu, parecendo que tinha acabado de sair da cama
mesmo que no meio da tarde, eu a reconheci instantaneamente das
fotos de Sims. Eu disse a ela quem eu era e que era amiga do marido
dela.
— Eu não tenho mais um marido. — ela zombou. — O que eu
tenho agora é um cheque mensal.
Tina Sims não queria falar comigo e não me deixava entrar em
casa. Não que eu quisesse ir até lá, de qualquer forma. Estava bem
claro que ela não estava de luto por Rob, e que ela rapidamente
encontrou alguém para gastar seu tempo e sua pensão de morte com
ele. Se ela não estivesse traindo ele o tempo todo que ele tinha ido
embora, não digo nada.
Isso me matou, nos dias e semanas depois. Me matava que Sims
foi para a morte pensando que sua esposa era fiel. Pensando que ela o
amava. Que ela sentia falta dele, e estava esperando por ele voltar para
casa para ela.
Eu não sei. Talvez fosse melhor que ele nunca descobrisse a
verdade sobre ela. Mas eu não poderia suportar que ele foi ao seu
túmulo mentindo para isso. Ainda me deixa doente pensar nisso.
Eu sempre penso em Sims e sua esposa como um conto de
advertência. Sobre o que acontece quando você deixa seu cérebro
convencê-lo a acreditar em coisas que não são reais. Tina Sims mentiu
para ele e cagou em cima dele, e ele nem sabia disso. E ela nunca
pagará um preço por traí-lo. Seu casamento e sua esposa foram a coisa
mais importante em toda a sua vida, e foi tudo uma mentira. Depois
daquele dia, nunca mais pude olhar para qualquer casal da mesma
maneira. Eu sempre estava me perguntando quem estava transando
com quem. Quem estava mentindo para quem.
Eu olho para baixo agora para a mulher dormindo pacificamente
ao meu lado, e não posso deixar de pensar que Sydney é a coisa mais
distante da Tina “Fodida” Sims que eu posso imaginar.
Não vá por aquele buraco de coelho, filho da puta. Este é apenas
um bom momento mútuo, nada mais.
Mas eu não estou me enganando. Eu não conseguia parar de
pensar em querer mais com Sydney. Toda vez que eu a deixo, mal
posso pensar em outra coisa além de vê-la novamente. Ela é uma
distração do caralho. Eu deveria ter acabado com isso assim que eu
percebi que ela não é uma mulher que eu vou foder algumas vezes e
depois esquecer.
Eu me inclino para trás contra os travesseiros e fecho os olhos,
chateado comigo mesmo por pensar nela assim. Eu não estou no
mercado para ter uma old lady. Eu deveria sair desta cama, dizer-lhe
adeus, e ir afundar meu pau em uma das garotas do clube para tirá-la
da minha cabeça. Mas eu sei que não estou prestes a fazer isso. Não
há nenhuma delas que possa segurar uma vela para Sydney. Inferno,
não há uma mulher em quem eu possa pensar que possa segurar uma
vela para Sydney Banner.
Foda-se. Estou afundando.
No dia seguinte, no trabalho, estou morta de pé, e ainda de
alguma forma positivamentetonta.
Eu não sei quanto Gavin dormiu, mas tenho certeza que é ainda
menos do que o par de horas que consegui. Ele ainda estava acordado
quando adormeci, e quando ele gentilmente me acordou um pouco
antes das cinco da manhã, ele já havia começado a preparar o café da
manhã para nós na minha cozinha.
— Eu não sabia a que horas você precisava para se levantar. —
ele murmurou enquanto deslizava na cama ao meu lado. — Mas eu
percebi que era cedo, então você poderia ir para a loja.
Nós tomamos um café da manhã rápido de ovos e torradas, e
então ele decolou e me disse que ele me veria mais tarde. Andei pela
minha casa me preparando meio aturdida, minha mente ainda cheia
dele e meu corpo agradavelmente dolorido por fazer amor.
Mesmo agora, eu posso senti-lo na dor entre as minhas pernas e
a leve crueza no meu rosto da barba dele, lembranças me lembrando
que passamos a noite juntos. Que ele estava na minha cama. Que nós
compartilhamos nossas histórias no escuro.
Uma pequena pontada de culpa se eleva dentro de mim,
ameaçando arruinar meu bom humor, mas empurro de volta para baixo.
Eu me sinto um pouco mal que a versão que eu disse a Gavin porque
eu deixei Atlantic City deixou de fora alguns detalhes bem importantes.
Eu disse a Gavin que Devon era um dos associados do jogo do
meu pai, então não é como se eu o tivesse deixado completamente fora
da história. O que eu não disse a ele foi que Devon e eu estávamos
juntos por quase um ano antes de eu deixar a cidade.
Devon me levou sob sua asa depois que ele se ofereceu para me
trazer como parte de sua equipe. No início, ele manteve nosso
relacionamento completamente platônico, nunca deixando
transparecer que ele tinha algum interesse sexual em mim. Eu deixei o
meu dinheiro cair, pouco a pouco, chegando a confiar nele tanto quanto
eu confiava em alguém além do meu pai. Quando nos envolvemos, ele
começou a confiar em mim mais sobre o lado ‘negócio’ da casa. Aprendi
sobre algumas de suas relações menos éticas com alguns dos outros
membros da equipe. Eu também acabei sabendo, sem o conhecimento
dele, que ele estava roubando dinheiro do topo da organização antes
de nos pagar.
Eu era um grande jogador para Devon. Eu tinha jeito de me
disfarçar e passar despercebida. Uma vez que eu tinha determinado
que queria sair de Atlantic City e começar em algum lugar novo, calculei
que nos três anos em que trabalhei para ele, ele tinha tirado quase
cinquenta mil dólares de mim. Foi o dinheiro que retirei no dia em que
saí, deixando-lhe uma nota para esse efeito e dizendo que terminara
com Atlantic City e com a equipe.
Eu me sinto mal pulando essa parte com Gavin. Eu sei que deveria
ter dito a ele sobre os textos que recebi de Devon, e que há uma
pequena possibilidade de que ele possa estar falando sério sobre vir
atrás de mim. Eu não posso deixar de balançar a sensação de que
Gavin pensaria que eu estaria mentindo para ele se ele soubesse,
quando não é isso que eu estava fazendo não intencionalmente, de
qualquer forma. É exatamente isso, então, no momento as coisas são
muito boas ao lado dele. Eu não queria estragar o clima, e deixar ele
todo irritado e dizendo coisas como por que diabos você não me disse
isso antes, e nós temos que ir imediatamente comprar quinze câmeras
de segurança para cada ângulo de cada quarto em sua casa. casa, e
eu estou reorganizando minha vida para que eu possa passar vinte e
quatro horas por dia mantendo um olho em você e ter certeza que você
está segura.
Gavin ficaria zangado se soubesse que eu escondi tudo isso dele.
Eu sei disso. Tento dizer à minha consciência para não me sentir tão
culpada por isso. Ele está apenas tentando me proteger, e eu estaria
mentindo se dissesse que isso não me faz sentir meio que... bem, não
amada, exatamente, mas pelo menos valorizada. Mas também sei que
ele se preocuparia muito mais do que o necessário. Na minha opinião,
há uma linha tênue entre proteção e propriedade. E Gavin não me
possui, eu argumento em minha cabeça, projetando meu queixo
desafiadoramente. Ser parte do time em Atlantic City era como ser
possuída. Nosso tempo raramente era nosso, e tudo o que ganhamos
tinha que ser entregue a Devon primeiro, antes que ele nos pagasse
nossa parte.
Eu não quero mais ser possuída. Eu tenho me cuidado
praticamente toda a minha vida. Estou acostumada a fazer tudo
sozinha. É por isso que vim para Tanner Springs. E eu não vou me sentir
culpada por guardar alguns dos meus segredos para mim mesma.
E eu ainda vou continuar guardando.
***
***
Eu enrugo a testa. Eu prefiro não esperar por aqui por mais uma
hora. E além disso, percebo que o atraso me daria tempo para tomar
um banho se eu fosse para casa.
Eu rio.
***
***
— PRONTA PARA IR?
Eu tiro meus pensamentos para ver que Gavin apareceu ao meu
lado.
— Tão cedo? — Eu pergunto, um pouco pesarosa.
— Eu quero te levar em outro lugar. — ele murmura em meu
cabelo. — E então precisamos conversar.
Eu volto para as mulheres, e não posso deixar de notar suas
expressões enquanto elas olham para nós dois. O rosto de Jewel está
cheio de emoção divertida. Samantha está sorrindo conspiratoriamente
para mim. Jenna... bem, seu rosto registra algo além de apenas
felicidade para um novo casal. Enquanto ela olha entre nós, há uma
porção de tensão que aparece em seu rosto. Quase como se ela
soubesse o que Gavin quer falar comigo.
— Vocês dois tenham uma boa noite. — ela diz para nós dois,
estendendo a mão para dar um aperto caloroso na minha mão. — Foi
muito bom conhecer você, Sydney.
— Foi bom conhecer todos vocês também. — eu digo
sinceramente. Brick coloca a mão nas minhas costas e me guia de volta
para sua motocicleta.
— Então, onde você está me levando? — Eu pergunto a ele
provocantemente enquanto ele coloca uma perna sobre sua
motocicleta e faz sinal para eu seguir em frente.
— É uma surpresa. — ele rosna, ligando a moto.
— Tudo sobre você é uma surpresa, Brick Malone. — murmuro
em seu ouvido, envolvendo meus braços em torno dele.
É verdade. Gavin tem sido nada além de surpresas desde o dia
em que nos conhecemos.
E o maior de todos? Estou começando a pensar que gosto disso.
Eu nunca trouxe qualquer mulher para o clube antes de trazer
Sydney esta noite. Mas trazê-la para o meu lugar no lago é ainda mais
louco.
Exceto por Gunner, as poucas vezes que ele esteve aqui
pescando comigo, e os caras ocasionais entregando merda na loja local
de melhorias, ninguém além de mim entrou na minha casa. Eu com
certeza nunca tive uma mulher na minha cama. Este lugar é meu
santuário. A razão pela qual eu comprei em primeiro lugar ERA ficar
sozinho.
Mas por alguma razão, quero Sydney aqui esta noite. Porque o
que tenho para contar é importante. E diabos, Sydney é importante. De
alguma forma, sem que eu perceba, ela ficou sob a minha pele. Ela
quebrou minhas defesas.
Se eu quiser que qualquer tipo de futuro com ela aconteça, eu
tenho que dizer a ela em que ela pode estar entrando. E eu quero fazer
isso em um lugar onde não há mais ninguém além de nós dois. Vou levá-
la de volta ao seu lugar em um piscar de olhos se ela me disser que é o
que ela quer. Mas primeiro, quero deixar o resto do mundo de lado.
Apenas por algumas horas. Só para tê-la comigo, tudo para mim, não
importa o que aconteça depois.
Sinto, em vez de ouvir Sydney, respirar ao virar a esquina do
caminho de cascalho e minha casa aparece pela primeira vez. A casa
em si ainda não é muito boa para olhar do lado de fora, eu vou arrumar
e pintar assim que o interior estiver pronto. Mas a vista do lago atrás é
espetacular. A água é cristalina, com o sol do início da noite olhando
para fora da superfície. Do outro lado do lago, a oeste, um barranco de
nuvens densas está rolando lentamente para cá, prometendo uma
tempestade mais tarde, mas por enquanto o lago está calmo.
— Aqui é onde você mora? — Sydney respira quando eu tomo
sua mão e a conduzo para a varanda da frente.
— Sim. — eu grunho. — Não é muito boM do lado de fora. Mas
estou trabalhando nisso.
— Meu Deus, Gavin. É tão bonito. — Seus olhos estão brilhando
de admiração enquanto ela olha para o lago. — Você deve amar isso
aqui.
Eu não digo nada quando a deixo entrar. Nunca me ocorreu
pensar sobre esse lugar nesses termos. A solidão aqui combina comigo,
é verdade. E ela está certa, o lago parece saido diretamente de um
cartão postal. Observando-a absorver tudo, sinto uma nova apreciação
por tudo isso.
Se ela estivesse aqui com você, você adoraria isso aqui muito
mais.
O pensamento vem espontaneamente. Eu sento com isso por um
segundo, depois afasto.
***