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RICARDO DE ANDRADE
LIMA FAISSOL
JULHO 2017
RICARDO DE ANDRADE LIMA FAISSOL
JULHO 2017
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
CDD 658.4012
RICARDO DE ANDRADE LIMA FAISSOL
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. RICARDO BORDEAUX-RÊGO – Orientador
UFF
___________________________________________________________________________
Prof. MSc JOSE GERALDO LAMAS LEITE
UFF
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. RUBEN HUAMANCHUMO GUTIERREZ
UFF
Niterói, RJ
2017
Dedico este agradecimento aos meus familiares, amigos e
todos que de alguma forma contribuíram para o
desenvolvimento desse trabalho final de curso.
RESUMO
The following work presents the main models of company valuation, among them, the
application of the methodology most used and most respected by professionals working in the
area of fundamental analysis or any other area of business investment: discounted cash flow.
The tool discussed is applied in a case study in the SARAIVA SA LIVREIROS EDITORES
organization.
According to the assumptions adopted and from the results found, it was concluded
that the value of the company is underestimated in relation to the numbers determined in the
"Valuation", and by this line of reasoning, the stock price is relatively cheap compared to the
potential of cash that the company has for the next few years.
In addition, we sought to analyze the internal and external factors of the organization, with the
intention of formulating a strategic plan coherent with the information collected and thus
helping the company to take a more competitive position in the market in which it operates.
3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 14
7. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 39
1. INTRODUÇÃO
“Em um mercado eficiente, o preço de mercado das ações reflete os lucros potenciais
da empresa e seus dividendos, os riscos do negócio, os riscos financeiros decorrentes
da estrutura de capital da empresa e o valor dos ativos, bem como as variáveis
ambientais e outros fatores intangíveis que possam afetar o valor da empresa. Ou seja,
reflete o valor presente do fluxo de caixa para os sócios. (MARTELANC, PASIN E
CAVALCANTE, 2010, p. 184-185)
Naturalmente, por ser um método que trabalha com expectativas futuras, exige-se
muita atenção para driblar as dificuldades em prever com exatidão o complexo de variáveis
nesse caminho. Para isso, a aplicação do método de “Valuation” que mais se aproxime do
valor real de mercado deve se basear em premissas fortes e consistentes que diminua o espaço
entre o futuro e o presente, por exemplo: quanto será o horizonte de projeção, qual será a taxa
de perpetuidade e será o critério utilizado para montar o fluxo de caixa operacional futuro.
Visto isso, para ilustrar com maior precisão o que se deseja mostrar nesse trabalho, será
oferecido essa ferramenta em um estudo de caso da livraria Saraiva, empresa 100% brasileira
de capital aberto, listada na “BM&F Bovespa”. A partir do resultado, será feita uma análise
crítica e comparativa com o que foi obtido com o valor precificado no mercado.
Durante a pesquisa da monografia, foram levantadas outras empresas de capital aberto
para serem avaliadas, no entanto, por possuírem resultados contábeis oriundos também do
mercado internacional, dificultaria bastante a elaboração do método aplicado, uma vez que o
índice Beta, utilizado para achar o custo médio de capital dos acionistas, estaria influenciado
pelo risco do mercado internacional.
Com o objetivo de expandir ainda mais a análise, foi feito uma análise qualitativa do
ambiente de mercado no qual a empresa Saraiva se encontra, demonstrando entender as forças
externas que atuam no segmento das livrarias. A partir dos resultados encontrados no
“Valuation” e na análise, recomendou-se uma proposta estratégica de mercado para a
organização, considerando suas forças e fraquezas, para que a mesma consiga ser mais
competitiva nesse ramo.
‘3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Como foi previamente dito no capítulo anterior, há diversos motivos e razões para a
implementação de um processo de avaliação.
Trata-se de um modelo simples que pode ser explicado pela soma dos ativos com os
passivos exigíveis de acordo com os resultados contábeis. A equação pode ser resumida da
seguinte forma:
O modelo acima pode ser resumido pela razão entre preço e o lucro esperado. O
principal objetivo desse indicador é medir o prazo de retorno se todos os lucros forem
distribuídos na forma de dividendos. Segundo Damodaran (1997), o P/L reflete com maior
probabilidade as percepções do mercado, assim como seus rumores. Já Reilly e Brown (2003)
acreditam que esse lucro pode ser utilizado no cálculo do P/L, mas é mais aconselhável usar o
lucro projetado. Trata-se de um modelo simples que compara o preço de uma ação corrente
dividido pelo lucro da empresa em determinado exercício. Por esse viés, é possível tirar
algumas conclusões, entre elas:
• Quanto menor for o índice, mais alto é o seu risco, enquanto valores elevados
demonstram riscos mais baixos
• Facilitador na hora da decisão de compra de duas ações de empresas
semelhantes que atuam no mesmo setor
No entanto, esse modelo apresenta falhas, pois não considera o valor do dinheiro no
tempo e os riscos atrelados a ele.
Esse tipo de modelo se assemelha ao anterior, porém o lucro contábil é substituído pelo
faturamento da empresa, tornando irrelevantes todas as demais informações contábeis. Essa
metodologia pode ser adequada para empreendimentos que não possuam sistema contábil ou
em que este não seja confiável. Devido a sua simplicidade é facilmente aplicável a pequenos
negócios.
Nos últimos anos, esse modelo vem sendo mais usado que os outros previamente
explicados. Nesse caso, o principal múltiplo de fluxo de caixa é o EV/EBITDA. Nessa
expressão, o EV (Enterprise Value) é o somatório do valor do equity com as dívidas líquidas
da empresa. O valor do equity pode ser considerado como valor da empresa no mercado ou o
seu próprio valor patrimonial. Esse método avalia o tempo que leva para a geração do caixa da
organização pagar o seu próprio equity mais a dívida líquida.
‘5
Os múltiplos de patrimônio líquido usados com maior frequência são o P/E, P/B, P/AS
e P/OCF, que utilizam os números mais significativos das demonstrações financeiras, como o
lucro líquido, valor contábil do patrimônio em comum. No entanto, em relação aos múltiplos
da entidade, os mais amplamente utilizados são o EV/EBITDA (Schreiner, 2007)
𝐸𝑉 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 + 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎
(𝟐) =
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴
Entre todos os modelos explicados acima, aquele que é mais usado e o que melhor
revela a capacidade de geração de caixa ou riqueza ao longo dos anos é o fluxo de caixa
descontado.
De acordo com Soute et.al. (2008, p.5), o fluxo de caixa descontado pode ser analisado
sob três pontos: o fluxo de caixa de dividendos, fluxo de caixa do acionista e fluxo de caixa da
empresa
A seguir, será detalhado cada um dos três tipos de elaboração de fluxo de caixa:
“[...] quando os investidores compram ações, geralmente esperam obter dois tipos de
fluxos de caixa: os dividendos durante o período em que conservam as ações e um
preço esperado ao final deste período. Como esse preço esperado é determinado pelos
dividendos futuros, o valor de uma ação é o valor presente dos dividendos até o
infinito. ” (DAMODARAN, 2007, p.107)
Resumindo:
𝑡=∞
𝐸 ( 𝐷𝑃𝐴(𝑡))
(𝟑) ∑
(1 + 𝑅𝑒)𝑡
𝑡=1
Onde:
‘6
Para o mesmo modelo, é possível avaliar também sob a ótica da perpetuidade, ou seja,
pelo modelo de Gordon.
Segundo Damodaran (1999), existem alguns cenários e dificuldades que o modelo em
questão não avalia, entre eles empresas em dificuldades, empresas cíclicas, empresas com
ativos não utilizados e empresas com patentes ou opções de produtos.
𝐷𝐸1
(𝟒) 𝑃0 =
𝑟 − 𝑔𝑛
Onde,
Damodaran (2007) ressalta ainda que muitos analistas acreditam que esse método não é
muito usado, pois se limita ás ações de empresas estáveis e que pagam esses altos dividendos.
É importante notar que esse método de fluxo de caixa tem o viés totalmente voltado
para a produção, e, portanto, não considera o potencial de investimento em imobilizados.
Nesse sentido, ainda segundo Damodaran (1996), “esse modelo de fluxo de caixa é mais
completo, pois ele trabalha com o fluxo de caixa descontado de todas as despesas financeiras
com juros, incluindo o pagamento de dívida e a cobertura das necessidades de pagamento de
capital”.
Neste método, segundo Martelanc, Pasin e Cavalcante (2010, p.19), “o valor da empresa
é obtido deduzindo-se fluxos de caixa restantes das dívidas após a realização de todas as
despesas e pagamentos de juro, descontados pela taxa exigida pelos investidores sobre o capital
próprio”.
O modelo de fluxo de caixa do acionista pode ser ilustrado da seguinte forma:
Fonte:Damodaran (2007)
Para Costa, Costa e Alvim (2010), o fluxo de caixa livre é o fluxo gerado pelas
operações da empresa, partindo do lucro da atividade projetado líquido de impostos,
retornados com a depreciação do imobilizado e amortização do intangível, deduzidos os
investimentos adicionais no giro e gastos de capital, conforme a tabela abaixo:
Basicamente, esse fluxo de caixa é todo o capital resultante dos abatimentos dos
pagamentos das despesas, custos, imposto de renda e das variações em investimentos e
variações do capital de giro.
‘9
Para avaliação de empresa, os fluxos de caixa livres, assim como o valor futuro da
perpetuidade, deverão ser atualizados, em função de uma taxa de juros que revele o custo de
oportunidade, modelada pela fórmula geral para a estimativa do custo médio ponderado do
capital (WACC) após o imposto de cada fonte de financiamento. (MARTINEZ, 1999;
COPELAND, 2002).
Dessa forma, o fluxo de caixa descontado da empresa é determinado pela média
ponderada do custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros. Em inglês, a expressão
WACC significa Weighted Average Cost of Capital e pode ser calculado a partir da expressão:
𝐸 𝐷
(𝟓) 𝑊𝑎𝑐𝑐 = 𝐸+𝐷 ∗ 𝑅𝑒 + 𝐸+𝐷 ∗ 𝑅𝑑 ∗ (1 − 𝐼𝑅)
Onde:
E = Capital próprio
D = Capital de terceiros
Re = Custo do capital próprio ou o retorno exigido pelos acionistas
Rd = Custo do capital de terceiros
IR = Alíquota do imposto de renda
A seguir, serão discutidos mais a fundo os conceitos por trás do Custo de capital próprio
e do Custo de capital de terceiros, a fim de esclarecer mais a fundo a ideia por trás do capital
envolvido.
Onde:
O modelo do CAPM parte da ideia de que existe um ativo que o retorno seja conhecido e
que possua uma taxa livre de risco, e que em cima disso, o investidor que adquirir um ativo que
possua o risco sistemático exigirá um retorno maior.
A taxa livre de risco utilizada depende dos parâmetros e conceitos adotados pelo
investidor. A melhor forma seria utilizar a taxa de retorno média de um título sem riscos.
Segundo Damodaran (2007), um ativo livre de risco é aquele em que o investidor
conhece o retorno esperado com certeza, e para que isso seja possível, duas condições devem
ser atendidas: não pode haver nenhum risco de inadimplência, o que geralmente implica que o
título deve ser de emissão governamental, nem sobre as taxas de reinvestimento, o que implica
que não há nenhum fluxo de caixa intermediário.
‘11
O risco de qualquer ativo se torna o risco que é atrelado a essa carteira de mercado.
Dessa forma, se um ativo oscila independentemente da carteira do mercado, não
resultará muito risco a ela. Ou seja, todo o risco desse ativo é específico da
organização e pode ser diversificado. Em contrapartida, se um ativo tende a
acompanhar as oscilações de mercado, para cima ou para baixo estará agregando risco
a carteira (...). (DAMODARAN, 2007, p.22)
𝐶𝑜𝑣(𝑅𝑖,𝑅𝑚)
(𝟕) 𝛽𝑖 = 𝑉𝑎𝑟(𝑅𝑚)
Onde:
Dessa forma, o Beta do ativo mede o próprio risco diante do mercado no qual está
inserido:
Sendo assim, quanto mais sensível um negócio for ás normas da economia, mais
elevado será o Beta, pois o este mede o risco de um ativo frente ao mercado.
Um fator relevante que altera o valor do Beta é o grau de alavancagem que determinado
negócio possui, pois, ele deve pagar os juros de empréstimos adquiridos.
Segundo Damodaran (2007), a alavancagem financeira é uma função da estrutura de
capital da empresa, portanto quanto maior a alavancagem adquirida, maior será o Beta,
conforme a equação a seguir:
𝐷
(𝟖) 𝛽𝑎 = 𝛽(1 + (1 − 𝐼𝑅) ∗ 𝐸 )
‘12
Onde,
βa = Beta alavancado
β = Medida de risco sistemático do ativo
IR = Alíquota do imposto de renda
D = Capital de terceiros
E = Patrimônio Líquido
Para Damodaran (2007), o custo do capital de terceiros mede o custo atual da empresa
em financiar os seus ativos. Por isso, trata-se de uma função do risco de inadimplência que os
credores percebem ao financiar o projeto. Portanto, à medida que a percepção do risco de
inadimplência aumenta, os credores exigirão spreads mais elevados.
Ainda, o custo de capital de terceiros pode ser determinado a partir de valores de
mercado correspondentes à taxa que a empresa poderia obter ou obtém em financiamentos a
longo prazo. Considerando que os juros pagos são dedutíveis do imposto de renda e da
contribuição social, o custo da dívida deve ser deduzido da alíquota marginal desses impostos
(MARTELAM, PASIN E CAVALCANTE, p.147).
‘13
“(...) a fase da perpetuidade é aquela em que a empresa alcança o seu estágio máximo
de produtividade operacional, tendo muito pouco a crescer dali em diante. É o que
chamamos de fase de maturidade: a melhor forma de crescer será investindo mais, o
que tem como consequência um declínio de geração de fluxo de caixa. ” (PÓVOA,
p.109)
“Na avaliação de empresas que não tem um período de vida útil estabelecido, que são a
grande parte das organizações, considera-se que elas existirão para sempre. Entretanto,
por razões obvias, não é simples projetar fluxos de caixa para cem anos, por exemplo –
período suficientemente extenso, que reflete a eternidade de uma empresa. Por isso,
nesses casos, as avaliações projetam flxos de caixa por sete, dez ou quinze anos; após
esse período é calculado o valor terminal, também chamado de valor residual. ”
(MARTELANC, PASIN E CAVALCANTE, p.44).
‘14
3. METODOLOGIA
Nesse capítulo, será abordado o plano detalhado de como atingir o objetivo de precificar
corretamente o valor de mercado da SARAIVA S.A. LIVREIROS EDITORES, e assim
comparar com o preço assumido no BM&FBovespa.
Como fonte de dados, para o cálculo do Beta desalavancado, será utilizado a ferramenta
Bloomberg, que determinará a covariância entre ações da SARAIVA S.A. LIVREIROS
EDITORES e as ações das empresas do mesmo setor, assim como a própria variância dessas
ações.
O Ibbotson forneceu a taxa de prêmio pelo risco. Tendo como base um mercado com
liquidez e representatividade, como o dos EUA, conforme metodologia divulgada pela
Morningstar US Ibbotson Associates, no relatório intitulado Duff & Phelps Risk Premium
Report (2016) divulgado anualmente pela Ibbotson Associates, o prêmio de risco de mercado é
calculado em 6,03% ao ano, utilizando o período compreendido entre 1926 a 2015.
As Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) da empresa estão disponibilizadas
no site da BM&FBoverspa, no próprio site e no site da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários).
Além disso, para o cálculo do custo do capital próprio, por se tratar de uma empresa
brasileira, será considerado o Risco país, conforme dito por Damodaran (2007), por se tratar
de uma empresa localizada em um país emergente. O seu cálculo é realizado por agências de
classificação de risco e bancos de investimentos, e a obtenção dessa informação será feita
através do site Portal Brasil.
A taxa livre de risco utilizada será baseada na aplicação considerada mais segura do
mundo: título do tesouro norte americano com vencimento de 30 anos, T-Bonds 30 anos.
Dessa forma a equação do custo do capital próprio será da seguinte forma:
Onde:
Para o cálculo do 𝑅𝑑, utilizado na equação do custo ponderado de capital (WACC), foi
utilizado a taxa ponderada de captação da SARAIVA, divulgada no formulário de referência da
própria empresa.
(1 + 𝑖𝑛𝑓𝑙. 𝐵𝑅)
(𝟏𝟎) (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑅$) = (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑈𝑆$) ∗
(1 + 𝑖𝑛𝑓𝑙. 𝑈𝑆)
Portanto, como se pode observar, com o passar dos anos, a Saraiva expande cada vez
mais seu core business, saindo de um simples negócio que vendia livros jurídicos usados até
uma enorme organização de capital aberto com 113 lojas espalhadas pelo Brasil em mais de 15
estados brasileiros, com mais de 4.500 funcionários e com um faturamento semestral próximo
de 947 milhões de reais.
Hoje o grupo Saraiva foca suas atividades em educação, cultura e entretenimento,
oferecendo uma enorme gama de produtos como, literatura, papelaria, música, filmes, games,
software, telefonia e eletrônicos através das lojas físicas e das plataformas integradas on-line. A
empresa hoje opera por meio do conceito multicanal que consolida uma interface entre as lojas
físicas e o acesso virtual.
As vendas do Varejo são realizadas por meio de Mega Stores, que oferecem até 71 mil
itens cadastrados, nas categorias livros, CDs, DVDs, periódicos, softwares de multimídia, artigos
de papelaria, eletrônicos e brinquedos educativos; Lojas Tradicionais que oferecem até 15 mil
itens cadastrados, dentre os quais livros e artigos de papelaria; Nova tradicional oferecem até 29
mil itens cadastrados; iTowns; Aeroporto; comércio eletrônico e website Saraiva.com, que tem
mais de 300 mil produtos cadastrados em diferentes categorias: livros, papelaria, informática,
jogos eletrônicos, software, brinquedos e revistas.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
‘19
Fonte: Autor
700,00
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Fonte: Autor
Com isso, o modelo de previsão usado será a multiplicação da média centrada móvel
com o índice sazonal de intervalo.
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700,00
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-100,00
Previsão Receita
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
‘23
Sendo assim, serão determinadas duas médias para a projeção das receitas nos próximos
anos: a média utilizada para o ano de 2017; e média para os próximos anos.
Para a projeção dos custos da mercadoria vendida, utilizou-se a razão entre o custo da
mercadoria vendida pela receita ano a ano, com o intuito de determinar a média:
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
‘24
Por fim, para o cálculo do capital de giro da empresa, ou seja, todo o capital necessário
para financiar a continuidade das operações da empresa, como financiamento de clientes,
recursos para manter estoques e recursos para o pagamento dos fornecedores, utilizou-se a
divisão do indicador pela receita líquida, com o intuito de achar a média percentual, para então
projetar o capital de giro para os próximos anos.
Fonte: Autor
Abaixo, está representado a tabela do fluxo de caixa projetada para os próximos 5 anos a
partir da média utilizada baseada nas premissas apresentadas.
Conforme mencionado nos capítulos anteriores, a taxa de retorno adequado para fluxo de
caixa da empresa deve ser o WACC. Para determina-la, deve-se estimar o custo do capital
próprio (Re) e o custo de capital de terceiros (Rd).
‘25
Como foi apresentado no capítulo anterior, para o cálculo do custo do capital próprio,
será utilizado o modelo CAPM acrescido do risco país.
Novamente, a equação pode ser resumida por:
Onde:
A partir dos cálculos, chega-se ao valor do custo do capital próprio nominal em dólares.
Deduzindo a projeção da inflação americana, a qual foi considerada 2%, e utilizando a fórmula
da paridade das taxas de juros apresentada na metodologia, chega-se ao Re em reais.
O demonstrativo dos cálculos encontra-se abaixo:
A partir dos dados dispostos no DFP da empresa, foi possível coletar todas as fontes de
capital de terceiros, assim como seus valores e taxas de juros cobradas. O resultado da
ponderação e a respectiva conversão de dólar nominal para a moeda brasileira real encontram-se
na tabela abaixo:
Fonte: Autor
A partir disso, o cálculo do WACC é dado exatamente pela ponderação calculada acima
com o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros, conforme a equação abaixo, já
previamente demonstrada na revisão bibliográfica:
‘27
𝐸 𝐷
(𝟏𝟐) 𝑊𝑎𝑐𝑐 = 𝐸+𝐷 ∗ 𝑅𝑒 + 𝐸+𝐷 ∗ 𝑅𝑑 ∗ (1 − 𝐼𝑅)
Onde:
E = Capital próprio
D = Capital de terceiros
Re = Custo do capital próprio ou o retorno exigido pelos acionistas
Rd = Custo do capital de terceiros
IR = Alíquota do imposto de renda de 34%
De acordo com as premissas adotadas, esse é o valor presente do fluxo de caixa trazido
nos próximos 6 anos a partir da data-base. Como foi dito anteriormente, para os próximos anos,
será usado a estimativa da perpetuidade com o crescimento esperado em 6,0%, limitado apenas
pela inflação determinado pelo Banco Central.
No quadro a seguir é possível ver o detalhamento da estimativa:
Quadro 22 – Perpetuidade
Perpetuidade (Em Milhões)
Fluxo de caixa da empresa para o ano 2022 23,50
WACC 11,00%
Crescimento na Perpetuidade 6,0%
Valor da Perpetuidade 498,49
Valor Presente da Perpetuidade 266,55
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Nesse capítulo, será discutido um pouco mais sobre o mercado das livrarias e editoras
no qual a empresa estudada está inserida. Além também de sugerir um planejamento estratégico
capaz de superar essas dificuldades, ganhando assim competitividade frente aos concorrentes.
Com o rápido avanço da tecnologia, o cenário estudado anda passando por rápidas
transformações que exigem flexibilidade e uma rápida resposta ao meio externo.
Portanto, percebe-se que a Saraiva vem se adaptando aos novos paradigmas do mercado
de livros. Se antes de 1993 (publicação do primeiro livro digital), toda a produção desse
específico portfólio de produtos devia ser inteiramente impressa, passando por toda a cadeia
logística da fábrica até o consumidor, perdendo significativamente sua margem de lucro, agora
a empresa entra no mercado digital a partir da venda de e-books e de seu novo produto: o
“Lev”.
Segundo o gerente da área da Saraiva, o e-commerce de livros digitais cresceu dois
dígitos entre 2015 e 2016, mostrando ser uma grande aposta da organização frente à
concorrência e a nova mudança da dinâmica no mercado como um todo.
Nesse capítulo será abordado o modelo das 5 forças de Porter, determinado por Michael
Porter em sua publicação no artigo “As cinco forças competitivas que moldam a estratégia” em
1979.
A principal ideia da ferramenta é analisar o ambiente no qual a empresa se encontra,
com o fim de desenvolver uma estratégia empresarial eficiente, ganhando assim
competitividade.
Fonte: portal-administração
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8
13
12
18
114
Fonte: Autor
Quase 70% de todas as lojas dentre as citadas acima, são da Saraiva. Isso demonstra
principalmente seu potencial de faturamento frente as outras.
Apesar desse quadro, a concorrência aposta mais na oferta da experiência ao seu cliente,
e não apenas em seus produtos. Enquanto a Saraiva disponibiliza um portfólio amplo de
produtos, as outras lojas acima oferecem um serviço diferenciado aos seus clientes. Oferecem
espaços destinadas as crianças para o entretenimento; “Pocket shows”, ou seja, pequenos shows
de artistas que animam o espaço da loja; disponibilidade de um ambiente agradável com pufes,
sofás, cafés. Basicamente todo o espaço foi arquitetado para o cliente se sentir em casa.
Nos dias de hoje, o cliente interessado pelo livro físico mudou. Se antes o interesse era
muito mais voltado pelo produto em si, hoje procura-se uma gama de elementos que
extrapolam esse conceito. Grande parte do consumidor está buscando acima de tudo a
experiência de ler um livro dentro de uma livraria. Ele quer passar por um momento relaxante,
agradável e silencioso. Nesse espaço, o cheiro, a iluminação, o atendimento, a música, a
arrumação, a cafeteria e até mesmo os eventos culturais esporádicos são imprescindíveis para a
consolidação de um espaço prazeroso para o cliente. De acordo com o vice-presidente de
operações da Saraiva e de acordo com os balanços financeiros, 30% das vendas de varejo têm
como origem o e-commerce e os outros 70% ainda são da loja física.
Portanto, falando em ramo estratégico, no quadro atual é imprescindível o investimento
no relacionamento com o leitor no longo prazo, principalmente no pós-venda. Trazer a
experiência de um ótimo momento dentro da livraria é o que vai chamar a atenção do
consumidor e fidelizá-lo.
Um dos componentes mais relevantes nesse estudo, o fornecedor é aquele que alimenta
o sistema e por isso é tratado como um “stakeholder” essencial para o negócio.
A seguir, será explicado detalhadamente como funciona o fluxo de negócio entre os
agentes envolvidos na comercialização de livros.
No mercado convencional, o autor, responsável pelo enredo do livro, normalmente
recebe de 5% a 10% de royalties para cada item vendido. Os editores, responsáveis pelos custos
logísticos, operações com os estoques, edições, implementação dos livros e transporte, são os
que mais devem arcar com as despesas, e por isso arrecadam cerca de 40% a 45% da margem.
Já as livrarias são o canal entre o produto final e o cliente, e normalmente trabalham com uma
margem de 50 a 55% dos livros.
Nessa perspectiva, percebe-se claramente a dominância da livraria frente a editora e ao
autor, que mesmo com poucos custos consegue obter uma margem mais significativa sem se
preocupar com fatores operacionais dos livros.
Atualmente a Saraiva é a maior rede de livros do Brasil com mais de 110 lojas cobrindo
todo o território brasileiro e diante disso, consegue ter uma enorme vantagem competitiva
frente aos seus fornecedores.
6. MATRIZ SWOT
A partir das informações discutidas previamente no capítulo anterior, a matriz SWOT será a
ferramenta utilizada para o apoio a formulação da estratégia da empresa Saraiva. Inicialmente
sua função tende a avaliar os ambientes internos e externos no qual a organização está inserida.
• FORÇAS
Como foi dito, a livraria em questão possui atualmente o maior número de lojas e a
maior capacidade logística de entrega do Brasil em relação as outras livrarias, contando com
mais de 100 centros de distribuição espalhados pelo território.
A Saraiva diversifica o seu negócio participando também como editora de livros
educativos de administração, autoajuda, ciências exatas, contabilidade, economia, engenharia,
informática e principalmente no ramo de direito ao qual é referência brasileira.
Possui um amplo portfólio de produtos, passando desde papelaria até óculos de realidade
virtual. Essa gama de produtos impacta diretamente na diminuição do risco diversificável da
empresa.
No setor do e-commerce, a empresa é inovadora e é uma das primeiras lojas de varejo a
adotar essa tecnologia. Recentemente a Saraiva implementou uma ferramenta de interação das
vendas on-line com as redes sociais, no qual fosse possível conhecer e compartilhar opiniões
sobre cinema, música e literatura entre os usuários da rede. A empresa ainda aposta em
estratégias que possibilite integrar as operações on-line e off-line, integrando os sistemas de
tecnologias e estoque. A ideia do plano é usar a rede de livrarias como pequenos centros de
distribuição, onde o consumidor possa também recolher seu pedido sem pagar pelo frete.
Hoje, a livraria tem se notabilizado pelos investimentos no comércio virtual e sendo
reconhecida em premiações desse setor. A organização foi destaque em evento da e-Bit, ao
faturar pela terceira vez, a premiação de melhor e-commerce da categoria, além de ter ganho o
destaque de “A livraria mais querida”. E ainda, na pesquisa do “Ibope”, alcançou o terceiro
lugar entre os principais e-commerces do país segundo a satisfação dos consumidores.
Diante dessa situação, portanto, é perceptível o resultado favorável das somas internas
das forças que a empresa detém, e quanto isso pode ser considerado um diferencial nessa
categoria.
‘37
• FRAQUEZAS
• OPORTUNIDADES
• AMEAÇAS
Talvez a maior ameaça de mercado a Saraiva seja a chegada da Amazon com a venda de
livros físicos no mercado brasileiro. Isso porque a companhia concorrente detém o “know-how”
logístico capaz de oferecer a entrega de seus produtos até a casa do consumidor oferecendo o
melhor preço.
O concorrente ainda fechou contratos com o MEC para operar na digitalização e
distribuição de mais de 200 livros didáticos pela sua rede, oferecendo material para os
professores de ensino médio de rede pública que possuem tablets com Android distribuídos pelo
MEC. Esse mercado editorial de educação representa 35% do montante editorial no país. O
mesmo ainda busca acordos que possibilitam a venda dos e-readers isenta de impostos. Com
isso seria possível abaixar em até 50% o preço do Kindle.
A partir de tudo o que foi levantado e discutido com a ferramenta, é possível sugerir um
plano de apoio a estratégia comparando os pontos fortes com os fracos.
A Saraiva ainda é um nome muito significativo no setor de livros, edição e educação no
cenário brasileiro. Possui uma vasta cadeia logística e centros de distribuição capazes de levar
seus produtos ao consumidor ainda com um preço menor que a concorrência. No entanto, ainda
precisa desenvolver seu potencial de inovação que acompanhe as preferencias do consumidor, e
que explore ainda mais as ferramentas que facilite essa comunicação. É possível que a
implementação do método de análise de dados que automatize o desenvolvimento de modelos
analíticos, como o “Machine Learning”, seja uma saída para ganhar mais competitividade frente
a chegada da Amazon no mercado brasileiro. Por esse caminho é possível oferecer
recomendações on-line aos clientes, entender o que os consumidores estão comentando sobre
seus serviços e produtos, a partir do desenvolvimento de máquinas atreladas a criação de certas
regras linguísticas, entre outros.
Por fim, a companhia estudada ainda sofre dificuldades com os gastos operacionais
acima do normal em suas atividades. O aperfeiçoamento dessas atividades é custoso, uma vez
que seria preciso altos investimentos em infraestrutura, máquinas, instalações e outros ativos.
No entanto a longo prazo, o investimento traria retornos positivos, pois aumentaria a margem
operacional por produto vendido.
A partir do novo cenário macroeconômico favorável nos próximos anos, com a queda
das taxas de juros e da inflação, investimentos custosos como esses seriam ainda mais
vantajosos, já que a dívida vinda desse financiamento estaria mais atrativa financeiramente.
‘39
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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