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1. A OCUPAÇÃO DA TERRA
A segunda hipótese defende que a formação das tribos ocorreu por meio de uma
ocupação pacífica, de uma lenta e progressiva infiltração e imigração de tribos
seminômades. Estas provinham das regiões semiáridas ou das estepes. Aí elas
apascentavam os rebanhos. Como nômades, buscavam pastagens melhores. Todavia,
progressivamente este povo se estabeleceu em terras cultiváveis. Fixaram-se em meio aos
cananeus. Abraão e Sara são exemplos dessa migração (Gn 12,1-9; 13,1-4). Esta corrente
surgiu em 1900. Ela, entretanto, não explica suficientemente a experiencia alternativa na
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formação das tribos de Israel em relação as cidades-estado cananeias, o que a faz cair em
descrédito3.
A terceira hipótese apresenta a união das tribos enquanto uma rebelião aos reis de
Canaã. Ela assevera que regiões desocupadas, foram ocupadas por camponeses e outros
setores excluídos que haviam se revoltado com os reis cananeus. Nas montanhas eles
refugiaram-se e organizaram-se. A este grupo juntaram-se, posteriormente, outros grupos
empobrecidos. Alguns oriundos das estepes e de fora de Canaã. Haviam também grupos
de escravos fugitivos do Egito. O que explicaria a insurreição somente dos hebreus no
Egito e a não menção das revoltas de camponeses de Canaã é a seguinte: a redação da
memória de Israel realizou-se durante a monarquia; logo, a corte não tinha interesse em
conservar rebeliões populares contra reis.4 Esta corrente defenderemos enquanto
explicativa da formação das tribos de Israel, conforme poderemos observar no próximo
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comiam pães sem fermento, simbolizando: cevada nova, farinha nova, pão novo, vida
nova.5 A festa era um rito de passagem. Ulteriormente, na formação do povo de Israel,
esta festa e a páscoa vão se juntar, formando uma só festa.
O segundo grupo que participou na formação das tribos de Israel foram os pastores
seminômades das estepes de Canaã. Eles ficavam acampados em uma região enquanto
houvesse alimentação para o grupo e os animais. Após, mudavam para outras áreas. Estes
pastores são conhecidos por nós como grupo dos pais (Abraão, Isaac e Jacó), bem como
das mães (Sara, Agar, Rebeca, Raquel e Lilia).
O terceiro grupo que participa da formação das tribos de Israel são os escravos do
Egito. Os líderes dessa fuga foram: Moisés, Aarão e Miriam. O êxodo do Egito foi o mais
“espetacular” de todos, dado a façanha de libertar-se justamente onde o poder era mais
forte, no “centro da escravidão”. Este tornou-se símbolo de todos os demais êxodos. A
saída do Egito representa já a própria fundação do povo.7
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serviços pesados, sob muita opressão, em obras do rei faraó. Moisés, como bem sabemos,
assume a luta em defesa de seus irmãos hebreus; contudo, num primeiro momento, pela
sua ação violenta e individual, lhe sobreveio a perseguição. Fugindo para Mediã, Moisés
casou-se com a filha do sacerdote do Deus cujo nome era YHWH (Ex 2,16; 3,1; 18,1-
12). Foi aí que Moisés recebeu a revelação de Deus. Cada vez mais lhe foi ficando claro
que o Deus vivo é uma experiencia misteriosa ligada ao povo, à conquista da vida e da
liberdade. Os hebreus egípcios não conheciam esse Deus.
O Deus YHWH, para esses povos, é o único e não admite outros deuses. É um
Deus fiel, ciumento, exige fidelidade de seu povo (Ex 20, 2-6; Dt 4,24). Os pastores de
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Mediã, como os demais povos supracitados, também fazem sua experiência de êxodo. A
dominação edomita sobre Mediã provocou migrações de grupos excluídos para Canaã.
Na época tribal não haviam leis escritas. As que estão especialmente no pentateu-
co, foram escritas durante a monarquia, o exílio e após o exílio. Muitas dessas leis são tão
antigas que remontam à época tribal. Entre elas se destacam os 10 mandamentos. O
Decálogo pode ser encontrado em: Ex 20, 2-17; Dt 5,6-21. Os mandamentos são referên-
cias importantes na vida de Israel. O Decálogo como conhecemos hoje remonta ao século
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nome de Deus com o Objetivos maléficos e mentirosos: “Não proferirás o nome de
YHWH, teu Deus, para fins fraudulentos” (Ex 20,7).12
O terceiro mandamento pretende impedir que o povo fique sem descanso. Daí que
o sétimo dia é santificado simplesmente não trabalhando: “Lembra-te do dia do sábado,
para santifica-lo [...]” (Ex 20,8-11). Fundamentalmente, portanto, o objetivo primário é o
descanso, não o culto. Este é concedido ao homem livre e a toda a sua casa: escravos,
filhos terra, etc. Ponderamos este mandamento reside numa posição intermediaria entre
os dois primeiros mandamentos cujo foco é o relacionamento com Deus e os mandamen-
tos seguintes que tem como fim o relacionamento com outras pessoas. 13
O quinto mandamento tem como tema a vida: “Não matarás” (Ex 20,13). Este
mandamento está associado a matar um inocente. Aqui ambiciona-se combater todo
comportamento que leva a morte outra pessoa. Quer assegurar tanto a liberdade quanto a
vida concedidas por YHWH.16
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O sexto mandamento tem como fim a proteção da vida dos israelitas livres e de
suas famílias. Destina-se especificamente aos homens, proibindo-os de cometer adultério,
de relacionar-se com mulheres casadas ou legalmente comprometidas: “Não cometerás
adultério” (Ex 20,14). Adulterar era uma questão de vida ou de morte. Tanto o adúltero
quanto o cúmplice penalmente pagavam com a vida.17
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A formação do povo de Israel está associada a grupos excluídos que se organizaram
de forma alternativa. Disso adveio algo novo para a época;
O decálogo almeja defender e promover o sistema igualitário, a vida e a liberdade
conquistadas;
Mandamentos enumeram as condições para preservar a o que YHWH concedeu;
Não se quer o desmantelamento de Israel como povo libre;
O decálogo não quer ser um instrumento de subjugação, de privação de liberdade;
É a partir dá perspectiva de um Deus que concede liberdade que podemos almejar e
trabalhar em vista de um outro mundo;