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Administração Pública, Financeira e Orçamentária

Aula 00 Demonstrativa
Administração Financeira e Orçamentária (AFO)
Professor Fabio dos Santos

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Aula Conteúdo Programático – Receita Federal Data

00 O papel do Estado e a atuação do governo nas finanças públicas 18/08


01 Orçamento público 25/08

02 O orçamento público no Brasil 01/09

03 Programação e execução orçamentária e financeira 08/09

04 Receita pública 15/09

05 Despesa pública 22/09

06 Lei de Responsabilidade Fiscal 29/09

Sumário
Apresentação do Professor Fabio dos Santos ................................... 03
Dicas de Estudo ................................................................................ 04
Planejamento de estudo (estratégia) ............................................... 05
Sobre o concurso para o TRE ............................................................ 11
1 Papel do Estado e atuação do governo nas finanças públicas .................. 14
2 Teoria das Finanças Públicas .............................................................. 14
3 Formas e dimensões da intervenção da administração na economia ........ 18
3.1 Formas de Intervenção do Estado na Economia ................................. 18
3.2 Evolução do estado e a ordem econômica ......................................... 18
3.3 Meios de atuação do estado na economia .......................................... 21
3.3.1 Exploração direta da atividade econômica pelo Estado ..................... 22
3.3.2 Exploração indireta da atividade econômica pelo Estado .................. 26
4 O fomento ao desenvolvimento humano pelas políticas sociais no estado
intervencionista .................................................................................. 32
4.1 Intervenção Direta no domínio econômico ......................................... 33
4.2 Intervenção Indireta no domínio econômico ...................................... 35
5 Funções do orçamento público ........................................................... 43
Questões comentadas ...................................................................... 47
Referências Bibliográficas ................................................................ 73

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Apresentação do professor Fabio dos Santos

Olá, caro aluno. Tudo bem? Antes de mais nada gostaria de dizer que procurei
fazer apostilas diferenciadas para você. Procurei ser minucioso na teoria e nos
exercícios, em uma linguagem acessível. Selecionei muitas questões para você
(muitas mesmo), todas resolvidas e comentadas no detalhe e mostrando mais
de uma resolução quando necessário. Já fui concurseiro, sei como é difícil:
apostilas sem conteúdo e feitas às pressas, exercícios mal explicados, somente
com o gabarito “seco”. Mas não verá isto nestas apostilas, pois farei valer seu
investimento. Lembre-se, vencedores são INCANSÁVEIS.
Uma coisa que gosto de ressaltar: não confie em “resuminhos” ou cursos que
afirmam prometer pôr na apostila “só o que vai cair na prova”, prometendo ao
aluno preparação rápida e fácil, ou “caminho mais curto”. NÃO EXISTE ISSO!!
Existe, sim, estudo planejado, direcionado, sério, com treinamento. Mas ele
nunca será fácil. Não se iluda. Se fosse assim qualquer um passaria.
Minhas apostilas são grandes e completas porque eu não engano o aluno. Eu
ponho teoria detalhada e exercícios, desde simples até complexos. Pois eu viso
a preparação do aluno, para que ele possa competir com os inúmeros
concorrentes altamente preparados. Eu quero que meus alunos passem na
prova com louvor, com certeza de uma boa classificação, para que possam
também escolher boas vagas.

Agora, permita me apresentar. Sou carioca, advogado há 09 anos. Fui oficial


intendente (Administração) concursado da FAB por 6 anos, onde exerci funções
na área de Suprimentos e Logística. Ainda militar me formei em Direito e fiz
pós-graduação em Logística. Sempre tive sonhos fora da vida militar (advogar,
dar aulas, prestar consultorias, cursar mestrado e doutorado...). Fiz prova para
a OAB e, aprovado, abandonei a vida militar e fui advogar na área trabalhista,
fazendo inclusive uma pós-graduação em Direito do Trabalho. Apesar da
advocacia, sempre “tive um pé” na Administração e nas Ciências Exatas,
especialmente na Matemática, a qual me traz nostalgia e saudade dos tempos
de cursinho. Prestando consultorias me vi no desejo de fazer outra pós-

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graduação, desta vez em Gestão de Cadeia de Abastecimento, onde adquiri


novos conhecimentos e uma visão um pouco mais diferenciada. No meio desta
pós-graduação consegui ingressar no tão sonhado mestrado no Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Para tanto, fui aprovado no concurso de
admissão em uma prova chamada GMAT. Mas eu não abandonei a pós-
graduação para iniciar o mestrado, pois O QUE UMA PESSOA COMEÇA, ELA
TEM DE TERMINAR SEM DESISTIR. Então, durante um ano eu cursei uma pós-
graduação e um mestrado ao mesmo tempo e foi muito difícil, mas
sobrevivendo um dia após outro terminei os dois cursos, a Pós em Gestão de
Cadeia de Abastecimento e o mestrado no ITA.
Sim, tudo isso relatado foi penoso, houve glórias e derrotas, sucessos e
percalços. Mas valeu à pena não desistir, e eu faria outra vez, pois “portas se
abriram” para mim, e quando eu vencia desafios novas oportunidades surgiam.
Minha jornada tem mais etapas à frente, pois sou um eterno sonhador e gosto
de desafios.

Dicas de Estudo
Tenha uma estratégia, um estudo muito bem planejado. Cada vez mais as
provas de concursos abrangem um conteúdo maior e mais complexo devido à
crescente competitividade. Não adianta lamentar, é assim. Você tem de se
adaptar e competir também, pois se outros conseguem, você consegue. Por
isso a necessidade de um estudo sem perda de tempo, com foco, seriedade e
perseverança. VOCÊ, CANDIDATO, PRECISA SER INCANSÁVEL! Não se dê
desculpas nem justificativas para desistir, pois isso é o que fazem os fracos,
eles se iludem. Não se iluda, encare a realidade. Você já viu esses barcos,
grandes ou pequenos, em tempestades de ondas gigantes? Muitos atravessam
oceanos por semanas, de um continente a outro, indo e vindo, enfrentando
tempestades inacreditáveis. Sabe o que fazem para não afundar? ENCARAM AS
ONDAS DE FRENTE, pois se eles forem abalroados de trás ou de lado,
afundam. Assim, o melhor que têm a fazer é encarar as ondas de frente. Você,

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candidato, é o capitão desse barco, você tem de encarar os desafios de frente,


vencendo cada onda e cada batalha.
Não se preocupe com o tempo de aprovação. Não se preocupe com a pressão
da família também. Infelizmente, por vezes a família pode até atrapalhar com
pressão e cobrança excessivas. Você já terá cobrança constante lhe
perseguindo até nos sonhos: de você mesmo. Preocupe-se com o objetivo
final. Estabeleça metas realistas em termos de tempo de aprovação. Não se
desespere achando que tem de passar em 6 meses porque ouviu falar de uma
pessoa foi aprovada em poucos meses. Cada um tem seu tempo, para alguns
1 ano, para outros 2 anos, não importa, é a sua vida e seu futuro. Se você tem
dificuldades de aprendizado, se trabalha, se tem filhos, se sustenta família,
não use isso como desculpa. Dificuldades significam simplesmente que você
terá que se dedicar mais, e que talvez precise de um pouco mais de tempo.
Mas você tem perfeitas condições de atingir o objetivo.
Converse com pessoas que foram aprovadas para ouvir suas histórias. Não
somente histórias de vitória, mas de derrota também, pois a aprovação em
concursos é muito difícil, é cair, levantar, aprender com os erros, se
aprimorar... como um ciclo. Essas “lendas” de pessoas que estudavam um
pouquinho, somente com resumos, e logo passavam em concursos, isso não
existe. Após estas palavras de incentivo, vamos ao seu planejamento de
estudo.

Planejamento de estudo (estratégia)


 Imprima o edital do concurso, ou salve no computador, e leia-o inteiro. Pode
ser de concursos anteriores, pois estudar para concursos requer antecipação.
De pouco adianta estudar somente quando o edital for publicado, pois o tempo
até o concurso é curto.
 Se você pretende fazer vários concursos diferentes, saiba que é melhor ter um
foco. Faça concursos cujo conteúdo seja parecido, ou você abrirá muito o
“leque” e irá despender pouca força de estudo em cada concurso. Então, por
exemplo, se você quiser fazer concursos na área administrativa, faça

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concursos somente na área administrativa. Se você fizer concursos muito


diferentes, como Auditor-fiscal, Auditor de Controle Externo do TCU,
Procurador da República, Oficial de Justiça, Analista de tribunal, etc., você vai
se “embananar”, pois serão enfoques muito diferentes. Mire no máximo dois
ou três bem parecidos, dentro da área que você quer, como gestão, auditoria,
justiça...
 Elabore uma agenda de estudo:
2ª feira de manhã: matéria 1
2ª feira à tarde: matéria 2
3ª de manhã(...)
É pouco produtivo ficar o dia inteiro ou dias seguidos em uma matéria apenas.
É enfadonho, cansativo, rende pouco. Mas com o tempo, estudando com
afinco, você vai se autoconhecendo. O estudo tem muito de autoconhecimento.
Com o tempo, você vai percebendo qual o tempo limite para estudar um
assunto ou matéria antes de mudar. Esse ponto de equilíbrio você vai
descobrindo com o tempo.
 Procure adquirir, se possível, todo o material de estudo. É importante você ver
um pouco de cada, alternando. Não tente exaurir um tema ou assunto,
pensando que não precisa estudá-lo mais. É necessário estar sempre vendo e
revendo todo o conteúdo alternadamente, pois tudo precisa estar muito fresco
na mente, a qual esquece facilmente o que foi visto há muito tempo.
 Alterne leitura e exercícios, sejam de ciências humanas ou exatas. Por
exemplo, se você traduz textos em inglês, isto é um bom exercício, mas tem
de ler a gramática também, assim como na língua portuguesa. Se você estuda
matérias ligadas ao Direito, faça exercícios também, mas sempre alternando
leitura e exercícios.
 Há sempre aquela matéria que gostamos muito. Aquela matéria que é terapia.
Infelizmente concurso não se compõe somente de matérias que gostamos.
Matérias de que você gosta menos e sabe menos precisam de reforço. De
pouco adianta, por exemplo, sair da prova dizendo que gabaritou raciocínio
lógico se foi mal em Português ou Inglês. Ficar constantemente reforçando

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matérias e assuntos que você já domina é uma “miragem”, não o ajudará


muito. Você precisa reforçar constantemente as matérias em que você é mais
fraco para atingir o mesmo nível das outras em que você é mais forte.
 Mantenha um tipo controle ou lista com os nomes das matérias e assuntos
mais difíceis, de acordo com suas estatísticas. Por exemplo, Combinatória,
Probabilidade, Função Modular... Com o tempo e autoconhecimento, você vai
saber quanto tempo a mais deve dispensar nestas matérias mais difíceis, e em
conjunto com as estatísticas de erros e acertos você vai perceber evolução no
aprendizado e pontuação nestas matérias e assuntos. Lembre-se: controle o
que está acontecendo com você.
 Faça um acompanhamento estatístico. A cada prova ou simulado, anote para
cada matéria a quantidade e o percentual de erros e acertos. É importante
inclusive acompanhar como evoluem seus erros e acertos. Faça tabelas, por
prova, por assunto, por mês... Você precisa ter um controle absoluto do que
está acontecendo, do que você sabe mais, do que você sabe menos, o quanto
você sabe mais e o quanto você sabe menos. Quanto mais controle você tiver
melhor. Isso parece um exagero, parece que o mais importante é sair
estudando. Não saia estudando tudo de qualquer maneira. Seja sistemático. É
muito comum, após um ano de estudo, o candidato se perder dentre o enorme
universo de assuntos e não saber mais o que já foi visto e o que não foi visto.
Você não pode se dar esse luxo, você tem de controlar tudo. A questão é: os
melhores estudam com uma estratégia e obtém sucesso. Você será a pessoa
que não vai fazer isso? Lembre-se, você tem de ser incansável! Se o seu
concorrente estuda 8 horas/dia, você tem de estudar 10 horas/dia; se o seu
concorrente resolve 50 questões em um dia, você tem de resolver 70, se o
concorrente estuda de 2ª a 6ª, você tem de estudar sábado e domingo; se o
seu concorrente faz controles, você faz controles melhores... É uma corrida.
Com o tempo você vai atualizando as tabelas e controles, na medida em que
seu estudo evoluir.

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Exemplo:
Jan 2017 Erros Acertos
Matemática 12 questões (60%) 8 questões (40%)
Direito Adm. (...) (...)

Fev 2017 Erros Acertos


Matemática 6 questões (30%) 14 questões (70%)
Direito Adm. (...) (...)

Já estudei (PRF): Não estudei (PRF):


Números inteiros, racionais e Razões e Proporções
reais. Problemas de contagem
Sistema Legal de Medias Divisão Proporcional
(...) Regra de Três Simples e
Composta
(...) (...)

 Como você fará muitos exercícios, marque os mais difíceis com algum tipo de
sinal, um asterisco, uma caveirinha... É importante ter estes exercícios
marcados para você ter fácil acesso e refazê-los de tempos em tempos, para
você não esquecer. Também vale copiar em um caderno separado. Eu tinha
um colega que tinha um caderno só com os exercícios mais difíceis de
Matemática e Física. Ele chamava de “caderninho de magia negra”.
 Faça simulados constantemente. Faça simulados grandes (com o tempo total
da prova), mas faça também simulados pequenos. Você precisa se testar o
tempo todo para saber o seu nível e buscar as melhorias. Por exemplo, se uma
prova tem 100 questões em 4 horas (240minutos), faça simulados de 10
questões em 24 minutos, especialmente nas matérias em que você é mais
fraco. Será útil para que você tenha noção do tempo para cada questão.
 Tenha metas de estudo, para cada matéria, para cada assunto. Tenha metas
de leitura e de exercícios também. Esteja sempre testando seus limites. Metas
fáceis não são metas. Se você lê um assunto muito complicado, estabeleça
uma meta de 50 páginas por dia, por exemplo. Na medida em que este
assunto se tornar mais fácil, aumente a meta de leitura diária. Se você faz
exercícios de matemática, por exemplo. Tenha uma meta de acordo com sua
realidade em termos de exercícios diários, e se você melhorar, aumente a
meta, Sempre buscando um novo limite. Obviamente há assuntos e tópicos

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que gerarão metas diferentes, e com o tempo você saberá dosar. Mas esteja
sempre se aprimorando e estabelecendo novas metas, da mesma forma como
faz um atleta. Não entre em “zona de conforto”, achando que já está bom, que
já atingiu o nível da prova.
 Grupos de estudo são um problema, obviamente porque tendem a virar “bate
papo”. Quando eu era de grupos de estudo, sentávamos separados para não
conversar, tínhamos metas diárias, e trocávamos questões resolvidas,
compartilhávamos os caderninhos de “magia negra”, resolvíamos exercícios e
dávamos dicas uns para os outros. Um se espelhava no que o outro tinha de
melhor. Para isso é grupo de estudo, para um puxar o outro para cima (e não
para baixo).
 Fuja de todos os tipos de distrações durante seu período de estudo. Aquela
“rapaziada do chopinho”? Melhor esquecer. A família faz muito barulho em
casa? Ponha ear plugs (tampões) no ouvido, se tranque no banheiro, vá
estudar na pracinha. Qual a importância do seu objetivo para você? Veja, não
me leve a mal, sou um pouco conservador neste sentido, mas Facebook e
WhatsApp não têm serventia para concursos, mesmo aos que dizem trocar
questões, resoluções e experiências. O melhor método para aprovação em
concursos ainda é o de 30 anos atrás: se isolar com caderno, livros e
apostilas. Por mais que haja simulados on line, a internet e o celular são um
“prato cheio para distração”. Se vai usar o PC, tablet ou laptop para resolver
questões, recomendo salvar os exercícios e materiais e desativar a internet.
Eu sou tradicional (para infelicidade da floresta amazônica), gosto de material
impresso, para ler sublinhar, rabiscar, anotar, que possa usar na rua, em
bibliotecas, em casa... Pois o concurseiro estuda em tudo quanto é lugar, ele
almoça em 5 minutos e estuda até na cabine do banheiro, na hora do almoço,
no intervalo... Se ele tem um intervalo de 15 minutos e puder resolver 5
questões neste tempo, isso vale muito!
 Quando a prova estiver próxima, reveja os assuntos destacados como mais
difíceis. Idem para os exercícios mais difíceis, faça-os novamente repetidas
vezes. Cada exercício tem de ser refeito até estar na “massa do sangue”.

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Quanto mais próximo da prova, veja e reveja os assuntos e exercícios mais


difíceis. Com o tempo e autoconhecimento você saberá quais assuntos devem
ser revistos com 2 semanas de antecedência, com 1 semana de antecedência,
com 2 dias de antecedência, com minutos de antecedência da prova... Por
exemplo, algumas fórmulas muito difíceis de Estatística, ou de Matemática
Financeira, minutos antes da prova eu as reescrevia repetidas vezes, para
ficarem bem frescas na memória.
 Estudar por resumos é bom, se for SEU RESUMO, feito por você. Um bom
resumo é um resumo sistematizado, organizado, com as coisas mais difíceis
selecionadas por você. Estudar por estes resumos de banca de jornal ou feitos
por um colega não lhe ajudará, pois é você que deve selecionar o conteúdo do
seu resumo. Da mesma forma que as tabelas de controle, os resumos que
você faz, as suas anotações também devem evoluir, retirando as coisas que se
tornarem fáceis, e acrescentando somente as coisas mais difíceis. Em uma
lista de fórmulas matemáticas é interessante ir retirando as fórmulas que você
já sabe bem e deixar somente as fórmulas mais difíceis, para você se desafiar
e buscar sempre evolução, tentar sempre memorizar mais, entender mais.
 Eu tinha uma lista de fórmulas feitas a lápis (Estatística, Matemática
Financeira, Geometria, Álgebra, etc.), uma fórmula abaixo da outra, separadas
por matéria, bem organizada. Fiz então várias colunas em branco ao lado das
fórmulas. Então eu tirei várias cópias, e todos os dias eu tampava as fórmulas
e ia preenchendo as colunas em branco. Fiz isso muitas vezes por semanas a
fio no início 3 ou 4 folhas por dia. Depois fui diminuindo a frequência, e fazia
uma a cada 2 dias, depois uma vez por semana, na medida em que eu me
aprimorava. E um dia consegui decorar todas elas, mas ainda assim de vez em
quando eu pego para refazer, e me escapa uma ou outra. Isso é porque temos
de estar sempre vendo e revendo tudo. Sim, é bom quando você sabe
desenvolver a fórmula sem decorar, mas na hora da prova, com tempo curto,
você só pode se socorrer disso em uma ou outra questão, quando sua
memória lhe trair. Assim, o ideal é saber cada fórmula na “massa do sangue”.

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 No caso do Direito, eu me confundia muito com artigos que eram parecidos.


Então, de tempos em tempos eu selecionava todos os artigos de lei que eu
achava parecidos e que me confundiam, e punha um embaixo do outro,
indicando de onde eram, destacando com negrito os termos e palavras
parecidas. Fazia isso também para jurisprudência e súmulas. E nesta hora vale
tudo, até regrinhas mnemônicas. E tentava de toda forma reescrever sem
olhar até memorizar tudo. Por exemplo, eu tenho trauma das competências na
CF/88, dos artigos 21 (Exclusiva da União), 22 (Privativa da União), 23
(Comum), 24 Concorrente, 48 (Congresso), 49 (Competências Exclusivas do
Congresso), 51 (Competências Privativas da Câmara), 52 (Competências
Privativas do Senado) e 84 (Competências Privativas do Presidente). E há
vários outros traumas parecidos...

Bem, você tem um objetivo agora. Serei realista: a primeira coisa que você tem
de sacrificar em prol de seu objetivo é o lazer. Se você seguir esse programa
que eu passei, para cada matéria, verá que lhe sobrarão pouquíssimas horas de
lazer. É o preço, e quem paga colhe os frutos no futuro. Agora, MÃOS À OBRA.

Sobre o concurso para o TRE


O concurso anterior para o TRE de Tocantins (analistas e técnicos Judiciário,
expirado em junho de 2015) foi realizado em 2010 pela Fundação Carlos
Chagas, no qual competiram mais de 6 mil candidatos, e ocorreram 42
nomeações.
O próximo concurso para o TRE TO será realizado pela CESPE (Centro Brasileiro
de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos-CEBRASPE).
O edital foi publicado em 18/08, por isso é importante estudar o quanto antes.
São previstas 8 vagas para técnico e analista, níveis médio e superior. Haverá
também a formação de cadastro de reserva na área Administrativa. Entretanto,
há a expectativa de que várias oportunidades sejam preenchidas durante o
prazo de validade, em consequência de aposentadorias e outras
movimentações.

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As provas serão objetivas e discursivas (conhecimentos específicos).


Especificamente para os cargos de Analista Judiciário – Área Administrativa o
tema da prova discursiva será relacionado à Administração Pública. Já para os
cargos de Técnico Judiciário – Área Administrativa, a prova discursiva terá um
tema atual relacionado ao mundo contemporâneo divulgado pelos meios de
comunicação. Portanto, fique atento para direcionar seu estudo. Para concorrer
aos cargos de técnico é necessário possuir ensino médio e a remuneração inicial
será de R$7.044,75, considerando a gratificação de atividade judiciária e vale-
alimentação. Já para os analistas, exige-se nível superior, podendo haver
necessidade de formação específica, dependendo da especialidade de atuação,
e o salário inicial é de R$10.992,07, também já contando gratificação de
atividade e vale-alimentação.
Todas as provas têm previsão de realização em Palmas-TO, e o concurso terá
validade de dois anos, com possibilidade de prorrogação por igual período.

Os cargos ofertados
 Para concorrer ao cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária será necessário
diploma de curso superior, em nível de graduação em Direito, fornecido por
Instituição de Ensino Superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).
Neste cargo, a pessoa terá como função de executar atividades privativas de
bacharel em Direito relacionadas com processamento de feitos e apoio a
julgamentos e execução de mandados.

 Para concorrer ao cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa será


necessário diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de nível
superior em qualquer área de formação, exceto a Licenciatura Curta, fornecido
por Instituição de Ensino Superior reconhecida pelo Ministério da Educação
(MEC). O cargo tem função de executar atividades de nível superior,
relacionadas com as funções de administração de recursos humanos,
administração de recursos materiais e patrimoniais, orçamentários e
financeiros, de controle interno, bem como as de desenvolvimento

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organizacional e de suporte técnico e administrativo às unidades


organizacionais.

 Para concorrer ao cargo de Técnico Administrativo será necessário certificado,


devidamente registrado, de conclusão de curso de ensino médio, expedido por
Instituição de Ensino reconhecida pelo Ministério da Educação, ou curso
equivalente. Neste cargo, a pessoa irá executar atividades de nível médio
relacionadas com as funções de administração de recursos humanos, materiais
e patrimoniais, orçamentários e financeiros, controle interno, bem como as de
desenvolvimento organizacional e suporte técnico e administrativo às unidades
organizacionais.

Sobre a banca
Obviamente, um aspecto importantíssimo a ser levado em consideração na
preparação para qualquer concurso é conhecer os métodos da banca
examinadora. No caso, será a CEBRASPE (CESPE/UNB). Portanto, caro aluno,
torne-se um especialista em questões da CESPE. Pelo que se viu no edital
publicado, as questões serão de múltipla escolha, com 5 alternativas, sem
punição (perda de pontos) para palpites (chutes). Serão 60 questões objetivas,
sendo 20 de Conhecimentos Gerais e 40 de Conhecimentos Específicos. O
CESPE costuma adotar a sistemática de “questões erradas anularem questões
certas”, o que torna pouco atrativo o “chute”, valendo mais à pena deixar a
questão em branco em caso de dúvida, mas neste concurso resolveu adotar o
sistema de alternativas. Atente também para as famosas “pegadinhas”,
especialmente as que utilizam termos ou palavras que mudam completamente
o sentido da questão. Assim, pratique MUITO com questões da CESPE. Também
é usual do CESPE usar provas de Língua Portuguesa longas e exaustivas,
cobrando atualidades, lançando mão de textos adaptados da internet de
autores conhecidos. Por isso, conhecimento de atualidades por meio de leitura
assídua também é importante. Esteja atento também para o peso das matérias
na contagem de pontos, bem como nos critérios de desempate.

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1 Papel do Estado e atuação do governo nas finanças públicas

O Estado, visando ao bem comum da coletividade, executa a atividade


financeira, a qual se vincula à arrecadação de recursos destinados à satisfação
de necessidades públicas básicas inseridas na ordem jurídico-constitucional.
Necessidades estas atendidas mediante a prestação de serviços públicos, a
intervenção no domínio econômico, o exercício regular do poder de polícia e o
fomento às atividades de interesse público/social.
Deveras, o governo intervém na economia para garantir dois objetivos
principais: estabilidade e crescimento. Além disso, busca sanar falhas de
mercado e suas distorções, manter a estabilidade, melhorar a distribuição de
renda, aumentar o nível de emprego etc. Já a política econômica é ferramenta
por meio da qual o governo intervém na economia. E esta intervenção ocorre,
principalmente, por meio das políticas fiscal, monetária, cambial e regulatória, e
tem como principal instrumento de intervenção o Orçamento Público. Tais
ferramentas vêm se fortalecendo devido às sucessivas crises econômicas, não
somente nacionais, mas também mundiais. Assim, intensificou-se o uso, tanto
da intervenção do Estado na economia (com o objetivo de evitar a recessão,
manter a estabilidade e fomentar o crescimento econômico), quanto a utilização
do orçamento público como principal ferramenta de intervenção.
As finanças públicas, por sua vez, fazem parte da economia e se referem
especificamente às receitas e despesas do Estado, as quais são objeto da
política fiscal.
Portanto, Finanças Públicas é o ramo da economia que trata da gestão dos
recursos públicos, compreendendo a gestão e o controle financeiro público.

2 Teoria das Finanças Públicas

A teoria das finanças públicas trata dos fundamentos do Estado e das funções
de governo, bem como provê suporte teórico e fundamentação à intervenção do
Estado na economia. Portanto, a teoria das finanças públicas estuda:

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 As falhas de mercado, que tornam necessária a presença do Governo;


 As funções do Governo;
 A Teoria da tributação e do gasto público.

O fenômeno denominado falhas de mercado impede que a economia atinja o


nível de Welfare Economics (Estado de Bem-Estar Social) por meio de livre
mercado, sem interferência do Governo. Isso porque, conforme Maria da
Conceição Sampaio Pessoa, sob determinadas condições, os mercados privados
não asseguram uma alocação de recursos eficiente no Sentido de Pareto. Em
particular, em presença de externalidades (negativas e positivas) e de bens
públicos, os preços de mercado não refletem de forma adequada o problema da
escolha em condições de escassez que permeia a questão econômica. Abre-se,
assim, espaço para a intervenção do governo na economia de forma a restaurar
as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, uma questão
importante é definir qual o papel do governo na produção e/ou provisão de
bens e serviços. As falhas de Mercado (que impedem o Ótimo de Pareto) são:
1) Existência dos bens públicos
2) Existência de monopólios naturais
3) Externalidades
4) Desenvolvimento, emprego e estabilidade, inflação
5) Mercados incompletos
6) Assimetria (falhas) de informação

Vejamos cada uma delas.


1) Existência dos bens públicos. Pode parecer estranho, mas a existência de
bens públicos é uma falha de mercado. Tais bens são os consumidos por
diversas pessoas ao mesmo tempo (ex.: rua, praça, segurança pública, justiça).
Os bens públicos puros são de consumo indivisível e não excludente (não rival).
Assim, uma pessoa utilizando um bem público não tira o direito de outra
também utilizá-lo. Bens públicos puros são oferecidos diretamente pelo Estado
porque são essenciais ao bem-estar da população, ao mesmo tempo em que

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não são passíveis de comércio pelo mercado (pois são indivisíveis e não
excludentes). Uma característica importante é o princípio da não-exclusão no
consumo desses bens. É impossível impedir que um determinado indivíduo
usufrua de um bem público (policiamento). Já os bens semipúblicos ou
meritórios são oferecidos tanto pelo Estado como pelo mercado porque não
possuem as características de indivisibilidade e de não exclusão. Assim, o
princípio da não-exclusão no consumo torna a solução de mercado, em geral,
ineficiente para garantir a produção da quantidade adequada de bens públicos
requerida pela sociedade. O comércio não pode ocorrer sem que haja o direito
de propriedade que depende da aplicação do princípio da exclusão.

2) Existência de monopólios naturais. A falha de competição se reflete na


existência de monopólios naturais. Os monopólios tendem a surgir devido ao
ganho de escala que o setor oferece (ex.: água e energia elétrica).
Considerando o bem-estar coletivo, o Governo acaba assumindo a produção
desses bens/serviços com vistas a assegurar preços razoáveis e o acesso de
todos a esses bens/serviços – ou, quando transfere para a iniciativa privada,
cria agências para regular/fiscalizar e impedir a exploração dos
cidadãos/consumidores.

3) Externalidades. A ação de um indivíduo ou empresa que afeta direta ou


indiretamente outros agentes do sistema econômico é uma externalidade. Uma
fábrica pode poluir um rio e ao mesmo tempo gerar empregos. Entretanto, a
poluição é uma externalidade negativa porque causa danos ao meio ambiente,
e a geração de empregos é uma externalidade positiva por aumentar o bem-
estar e diminuir a criminalidade. O Governo, por sua vez, deverá agir no sentido
de inibir atividades que causem externalidades negativas e incentivar atividades
causadoras de externalidades positivas.
 Exemplo de Externalidades Positivas: investimento em infraestrutura
garantindo o aumento da oferta de energia elétrica.

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 Exemplos de Externalidades Negativas: lixo de indústrias químicas, poluição


do ar por empresas.

A intervenção do estado então pode dar-se através de


a) produção direta ou concessão de subsídios, para gerar externalidades
positivas;
b) multas ou impostos, para desestimular externalidades negativas e
c) regulamentação (área de não fumantes, estipular um máximo de emissão de
gases por parte das empresas, etc.)

4) Desenvolvimento, emprego e estabilidade, inflação. O livre funcionamento do


sistema de mercado não soluciona problemas como altos níveis de desemprego
e inflação. Assim, há espaço para ações do Estado implementando políticas que
visem estabilidade de preços e pleno emprego. Veja que há regiões que não se
desenvolvem sem a ação do Estado, e principalmente nas economias em
desenvolvimento a ação governamental é muito importante no sentido de gerar
crescimento econômico através de bancos de desenvolvimento, como o BNDES,
criar postos de trabalho e buscar a estabilidade econômica e social.

5) Mercados incompletos. Um mercado é incompleto quando um bem/serviço


não é ofertado, mesmo que seu custo de produção esteja abaixo do preço que
os potenciais consumidores estariam dispostos a pagar. Mas veja que nem
sempre o setor privado está disposto a assumir riscos e pode haver a existência
de um sistema financeiro (mercado de capitais) pouco desenvolvido. A
intervenção do governo pode se dar na forma de concessão do crédito de longo
prazo (BNDES, por exemplo), ou por meio de Industrialização (por exemplo,
com a intervenção do Estado na estreita coordenação entre empresas, bancos e
agentes econômicos).

6) Assimetria (falhas) de informação. Justifica-se a intervenção do Estado em


razão de o mercado por si só não fornecer dados suficientes para que os

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consumidores tomem suas decisões racionalmente. Por exemplo, a exigência de


que balanços contábeis das empresas e bancos com capital aberto sejam
publicados pela imprensa.

3 Formas e dimensões da intervenção da administração na economia

3.1 Formas de Intervenção do Estado na Economia


A intervenção do Estado no domínio econômico é todo ato ou medida legal que
restrinja, condicione ou tenha por fim suprimir a iniciativa privada em
determinada área, visando assim, o desenvolvimento nacional e a justiça
social, assegurados os direitos e garantias individuais. As principais razões
para o surgimento da intervenção estatal na economia são o fracasso do
mercado e a necessidade de recriá-lo por meio de um Estado que assumisse
determinadas responsabilidades. Ou seja, a intervenção teve por fim garantir
a livre competição e a eliminação da desigualdade e por isso o Estado passou
a atuar em prol da justiça social por meio de uma melhor distribuição de
renda. Passou também a atuar na atividade econômica como “empresário”,
buscando atingir metas que seriam muito difíceis de serem atingidas por
particulares.

3.2 Evolução do estado e a ordem econômica

Partindo da ideia de Estado de Direito, pode-se identificar, de acordo com a


doutrina, uma tríplice vertente: liberal, social e pós-social.

1) No Estado Liberal há a evidenciação do indivíduo. O Estado Liberal ressalta


a ideia de que o Estado deve intervir o mínimo possível nas relações
econômicas.
Para Adam Smith, um dos principais representantes do liberalismo econômico,
o Estado possui três deveres:

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 Realização de obras públicas (desde não possam ser realizadas pela


iniciativa privada);
 Defesa da sociedade contra inimigos externos;
 Proteção dos indivíduos contra as ofensas mútuas.
Conforme Dalmo de Abreu Dallari (1991):
“O Estado moderno nasceu absolutista e durante alguns séculos todos os
efeitos e virtudes do monarca absoluto foram confundidos com as
qualidades do Estado. Isso explica porque já no século XVIII o poder
público era visto como inimigo da liberdade individual, e qualquer
restrição ao individual em favor do coletivo era tida como ilegítima. Essa
foi a raiz individualista do Estado Liberal. Ao mesmo tempo, a burguesia
enriquecida, que já dispunha do poder econômico, preconizava a
intervenção mínima do Estado na vida social, considerando a liberdade
contratual um direito natural do indivíduo.”

2) Com o surgimento de novas necessidades sociais, advém o Estado Social,


que tenta atender as queixas de uma sociedade que ansiava por garantias e
pelo cumprimento dos direitos sociais. Com isso, o grupo foi evidenciado, e a
questão social passou a ser a principal preocupação do Estado.
Na doutrina de Norberto Bobbio (2000):
“(...) da crítica das doutrinas igualitárias contra a concepção e a prática
liberal do Estado é que nasceram as exigências de direitos sociais, que
transformaram profundamente o sistema de relações entre o indivíduo e
o Estado e a própria organização do Estado, até mesmo nos regimes que
se consideram continuadores, sem alterações bruscas, da tradição liberal
do século XIX (...) Liberalismo e igualitarismo deitam suas raízes em
concepções da sociedade profundamente diversas: individualista,
conflitualista e pluralista, no caso do liberalismo; totalizante, harmônica
e monista, no caso do igualitarismo. Para o liberal, a finalidade principal
é a expansão da personalidade individual, abstratamente considerada
como um valor em si; para o igualitário, essa finalidade é o

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desenvolvimento harmonioso da comunidade. E diversos são também os


modos de conceber a natureza e as tarefas do Estado: limitado e
garantista, o Estado liberal; intervencionista e dirigista, o Estado dos
igualitários.”
Vale ressaltar que a assistência prestada pelo Estado Social, ou Estado do
bem-estar, é, na verdade, um direito político, não se trata de caridade.

3) Já o Estado considerado pós-social, conforme doutrina de Pedro Lenza


(2011):
“Pode-se afirmar que os institutos clássicos do direito de propriedade e a
autonomia da vontade privada eram suficientes para regulamentar a
atividade econômica, até porque, o capitalismo, primitivo, pregava a
autorregulação, sem qualquer interferência do Estado na economia.”
Entretanto, a partir do século XX, este panorama se altera, especialmente com
os casos frequentes de abuso do poder econômico. Tem início então a
constitucionalização da economia.
Veja o texto constitucional de 1988, em seu artigo 170, caput:
“TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:”.

Veja também que a ordem econômica tem como pilares a valorização do


trabalho humano e a livre-iniciativa, fundamentos da República Federativa do
Brasil, conforme o artigo 1º, inciso IV, da Constituição Federal.
“TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;”

Pode-se perceber, então, que o constituinte privilegiou o modelo capitalista,


sem abandonar a finalidade da ordem econômica, que, nas palavras de Pedro
Lenza (2011), se trata de “assegurar a todos a existência digna, conforme os
ditames da justiça social, afastando-se, assim, de um Estado absenteísta nos
moldes do liberalismo.”

3.3 Meios de atuação do estado na economia

O Estado pode, direta ou indiretamente, interferir na ordem econômica, seja


pela exploração direta da atividade econômica, seja atuando como agente
normativo e regulador da atividade econômica. Portanto, o Estado atua como
agente econômico ou um agente disciplinador da economia. Ao analisar a
CF/88, percebe-se que ela reconhece duas formas de ingerência do Estado na
ordem econômica: a participação e a intervenção.
Vide artigo 173, caput, da CF/88:
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.”
Já o artigo 174, por sua vez:
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e

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planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo


para o setor privado.”

Mas veja que quando se trata de atuação direta, o Estado atua na economia
de na forma de
 Regime de monopólio
 Participação em empresas do setor privado.

Entretanto, na atuação indireta, vigora o princípio da livre-concorrência, em


que o Estado tenta coibir abusos como os decorrentes de cartéis, por exemplo.

3.3.1 Exploração direta da atividade econômica pelo Estado

No Brasil, há duas formas de exploração direta da atividade econômica pelo


Estado. Uma é o monopólio. Outra forma, embora não esteja prevista
expressamente na CF, é a necessária (quando o exigir a segurança nacional ou
interesse coletivo relevante, conforme definidos em lei). Trataremos aqui, por
enquanto, apenas do monopólio, ressalvando desde já que a CF/88 proíbe os
monopólios privados. Sobre isto, elucida José Afonso da Silva (2013) em sua
doutrina:
“Está previsto que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento
arbitrário dos lucros.”. Isto porque, conforme artigo 173 da CF/88:

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a


exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
(...)

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§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos


mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros.”

Porém, existem hipóteses de monopólio estatal elencadas, taxativamente, no


artigo 177 da CF/88. Cumpre destacar a impossibilidade de ampliação deste
rol (mesmo pelo Legislativo), uma vez que a ordem econômica brasileira é
fundamentada na livre-iniciativa. Assim, cabe apenas ao poder constituinte
derivado reformador ampliar os casos de monopólio estatal. Veja o texto
constitucional:
“Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos
resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de
derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o
transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás
natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização
e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme
as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)”
(...)
Perceba que, claramente, o Estado reservou para si apenas o monopólio das
duas principais matrizes energéticas mundiais:
 Combustível fóssil derivado
 Materiais nucleares

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Entretanto, há flexibilização nos monopólios, (mesmo com a limitação


constitucional), por meio de exercício do poder constituinte derivado
reformador. Veja a redação dos § 1º e 2º, do artigo 177 da CF/88:
“1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a
realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo
observadas as condições estabelecidas em lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 9, de 1995)
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 9, de 1995)
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o
território nacional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)
II - as condições de contratação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
9, de 1995)
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais
radioativos no território nacional. (Renumerado de § 2º para 3º pela
Emenda Constitucional nº 9, de 1995)”

Veja que a Emenda Constitucional nº95 vedou a edição de medida provisória


para regulamentar a matéria prevista nos incisos I a IV e dos §§ 1º e 2º do
citado dispositivo:
“Art. 3º É vedada a adoção de medida provisória para a regulamentação
da matéria prevista nos incisos I a IV e dos §§ 1º e 2º do art. 177 da
Constituição Federal.”

Outrossim, outra Emenda Constitucional nº 49/2006, alterou o inciso XXIII, do


artigo 21, e o inciso V do caput, do artigo 177, ambos da CF.
O artigo 21, inciso XXIII, passou a vigorar da seguinte forma:
“Art. 21. Compete à União:

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(...)
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza
e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida
para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização
e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de
culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)”

Já o inciso V do caput, do artigo 177, passou a vigorar com a seguinte


redação:
“Art. 177. Constituem monopólio da União:
(...)
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização
e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme
as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)”

Além disso, ainda tratando-se de monopólio, o artigo 25, §2º, da CF/88, nos
termos da EC nº 05/1995, reserva aos Estados-membros a atividade de
distribuição de gás canalizado. Veja:
“CAPÍTULO III

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DOS ESTADOS FEDERADOS


Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 5, de 1995)”

O artigo 21 da CF/88 prevê ainda a prestação das seguintes atividades, por


parte da União, explorando-as diretamente ou por meio de terceiros, tais
como emissão de moedas, serviço postal, serviços de telecomunicações,
serviços de radiofusão, serviços de energia elétrica, aproveitamentos dos
cursos d’água, navegabilidade aérea, aeroespacial, transporte ferroviário,
aquaviário, rodoviário interestadual e internacional, portos marítimos, fluviais
e lacustres.
Acerca destes tipos de explorações, há atualmente discussões doutrinárias,
pois há quem defenda que tais atividades estariam sob regime de monopólio
da União devido ao cunho econômico e lucrativo sob o qual se apresentam.
Por outro lado, há os que defendem que tais explorações estariam sob regime
de serviços públicos devido à grande relevância destas atividades para a
sociedade.
De toda forma, estudando estes dispositivos, pode-se depreender que o
monopólio constitucionalmente estabelecido foi ampliado, incidindo,
basicamente, em três áreas principais:
 Petróleo,
 Gás natural e
 Minério ou minerais nucleares.

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3.3.2 Exploração indireta da atividade econômica pelo Estado

Em breves linhas (pois isto será detalhado mais adiante), a intervenção


indireta da atividade econômica do Estado encontra fulcro no
artigo 174 da CF/88.
Nesse sentido:
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.”

Assim, como se pode ver, o Estado tem função de agente normativo e


regulador da atividade econômica, exercendo, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado. No magistério de Hely Lopes
Meirelles (2010):
“(...) atuar é intervir na iniciativa privada. Por isso mesmo, a atuação
estatal só se justifica como exceção à liberdade individual, nos casos
expressamente permitidos pela CF e na forma que a lei estabelecer. O
modo de atuação pode variar segundo o objeto, o motivo e o interesse
público a amparar. Tal interferência pode ir desde a repressão a abuso do
poder econômico até as medidas mais atenuadas de controle do
abastecimento e de tabelamento de preços, sem excluir outras formas
que o Poder Público julgar adequadas em cada caso particular. O
essencial é que as medidas interventivas estejam previstas em lei e sejam
executadas pela União ou por seus delegados legalmente autorizados.”

Ocorre que, com a crise econômica gerada pelo Estado social, oriunda do seu
agigantamento no aspecto assistencial, surgiu um Estado regulador, o qual
transfere à iniciativa privada a atividade econômica, mas reserva para si a
função regulatória, com a finalidade de assegurar a livre concorrência dentro

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de uma economia equilibrada. Dessa forma, a intervenção do Estado por meio


de regulação da atividade produtiva de bens e serviços surgiu para aumentar a
eficiência dos serviços públicos. Por isso, com as devidas modificações
constitucionais, o Estado deixa de ser agente protagonista, para ser um
agente fomentador e regulador.
Desta forma, o Estado regulador se apresenta como o novo perfil de um
Estado contemporâneo e se afasta da prestação efetiva de diversas atividades
econômicas (as quais são transferidas a particulares), mas sem abandoná-las
totalmente, pois permanece regulando-as.
Esta regulação pode ser vista como um ato jurídico-político-econômico.
 Jurídico, porque disciplina atividades por meio de normas de ciência
jurídica;
 político, por ser expressão de um Poder Institucional;
 econômico por atuar na atividade produtiva, de circulação, distribuição e
consumo de bens e serviços.

O artigo 174 da CF restringiu a intervenção na economia a 4 funções:


 Regulamentação
 Fiscalização
 Incentivo
 Planejamento

1) A regulamentação ocorre pela intervenção do Estado com o objetivo de


implementar políticas que promovem valores sociais e direitos fundamentais,
sendo utilizada quando houver insatisfação popular ou falhas de mercado.
2) Fiscalização é exercida por meio do poder de polícia, consistindo na
verificação quanto à atuação dos agentes econômicos privados, acerca da
conformidade de suas ações com as disposições normativas.
3) Incentivo referido no texto constitucional traduz a ideia do Estado promotor
da economia, com ações de proteção, fomento, promoção, favorecimento e
auxílio à iniciativa privada.

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4) Planejamento econômico se traduz em um processo técnico de intervenção


do Estado no domínio econômico com a finalidade de organizar as atividades
econômicas e obter os resultados almejados.

Deveras, a imperatividade dos planos para o setor público e facultatividade


para o setor privado tem previsão constitucional, e significa que o Estado
apenas guia, oferece os rumos para o desenvolvimento da atividade
econômica aos agentes privados. Entretanto, não dispõe de força coercitiva
sobre essa atividade, em consonância com o princípio da livre iniciativa e livre
concorrência.

Em resumo, pode-se verificar que a intervenção no domínio econômico,


disposta pelo artigo 174 da Constituição Federal, é indireta na medida em que
o Estado não está atuando na exploração de uma atividade produtiva, mas
fiscalizando o equilíbrio do livre mercado e da livre concorrência. Isto significa
que o Estado incentiva a livre iniciativa e se utiliza de planejamento para
alcançar os fins desejados, baseando-se nos princípios da ordem econômica.
Isso mostra que a intervenção do Estado no domínio econômico é ato que
restringe, condiciona ou suprime a iniciativa privada em determinada área
econômica, tendo como finalidade o desenvolvimento nacional e a justiça
social, assegurando os direitos e garantias individuais.
E o fator determinante para intervenção estatal na economia foi o fracasso do
mercado e a necessidade de recriá-lo com um Estado garantidor da livre
competição (supressor de desigualdades), fruto do liberalismo econômico.
Para isso o Estado então passa a intervir em favor da justiça social através de
uma distribuição justa de renda e atua no setor econômico como empresário.
Contudo, tal atuação acontece apenas dentro das limitadas hipóteses
constitucionais. Ou seja, o Estado atua como empresário apenas nas situações
em que há interesse coletivo relevante ou pela manutenção da soberania
nacional.

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Deveras, ao contrário do que muitos afirmam, o modelo de intervenção do


Estado na economia não se esgotou nem está antiquado. Na doutrina de Nelson
Marconi (Doutor em Economia pela FGV e pesquisador permanente do Centro
de Estudos Novo Desenvolvimentismo), um Estado forte sempre será
fundamental para o desenvolvimento. As políticas públicas devem contribuir
para a criação de novas vantagens comparativas na indústria. Para o
pesquisador, um Estado forte foi e sempre será fundamental para o processo de
desenvolvimento econômico. Nos estágios iniciais deste processo, as políticas
públicas assumem um caráter mais intervencionista na economia, enquanto nas
fases avançadas, elas são orientadas à provisão de serviços que contribuam
para melhorar a produtividade e a distribuição da renda e se tornam mais
seletivas em relação aos setores que devem receber incentivos. Tal participação
do Estado ajudou a consolidar, em países bem-sucedidos, a sofisticação
produtiva com aumento de eficiência, ou seja: produção de bens com maior
valor adicionado per capita, chave do crescimento da renda per capita de uma
nação.

Na opinião dos liberais, um país deve explorar suas vantagens competitivas. Do


contrário, vai gerar ineficiências na alocação de recursos produtivos. Os demais
setores que forem eficientes se desenvolverão por decorrência, e a intervenção
do Estado atrapalharia tal alocação. Entretanto, esses setores mais eficientes
não são, necessariamente, aqueles que geram a sofisticação produtiva.
Portanto, ao longo do processo de desenvolvimento, as políticas públicas devem
contribuir para a criação de novas vantagens competitivas. E o Brasil até
perecia ter superado esta etapa. Com uma importante participação do Estado
no processo de desenvolvimento ao longo do século passado, sua indústria se
consolidou e a evolução da renda per capita foi uma das maiores do mundo até
a década de 1980. Os novos desenvolvimentistas entendem que, no cenário
atual do país, em que temos (ou tínhamos) uma estrutura produtiva
consolidada, as ações de política industrial devem ser pontuais e direcionadas a
setores estratégicos. A política mais relevante é a macroeconômica, que deve

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permitir o equilíbrio das taxas de câmbio, dos juros, do lucro, do salário médio
e da inflação.
A taxa de câmbio, ao influir na estratégia de produção dos empresários, é uma
variável que deve ser gerenciada em razão de seu impacto sobre o crescimento
e sobre a modernização da estrutura produtiva. Isso porque o valor de
equilíbrio da taxa de câmbio deve possibilitar a competitividade da indústria.
Para muitos liberais, taxa de câmbio não é relevante, e seu equilíbrio deve ser
definido pelas forças naturais de mercado. Nelson Marconi entende que não há
como ocorrer tal equilíbrio de mercado, pois para tanto a taxa de juros também
deveria oscilar de acordo com a oferta e a demanda de moeda, algo que não se
observa na maioria dos países que adotam regimes de metas de inflação.

Cabe aqui uma reflexão sobre tema recente, e que pode perfeitamente parecer
em concursos.
A política adotada no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, não era
liberal nem novo-desenvolvimentista porque, ao estimular os gastos públicos
sem se preocupar com o equilíbrio fiscal, impossibilitou a desvalorização da
moeda e tentou compensar tal impossibilidade com políticas setoriais ineficazes,
quando o mais importante era o equilíbrio dos preços macroeconômicos. Dessa
forma, a demanda interna foi atendida com produtos importados, mais baratos
em função da valorização. Não havia como o país se desenvolver em tal
cenário, no qual a taxa de juros, após uma breve queda incompatível com a
elevação dos gastos públicos, retomou a trajetória de alta. Então, o nível de
atividade caiu, a arrecadação e a situação fiscal pioraram, da mesma forma que
a confiança dos empresários no cenário macroeconômico e político, que nesse
caso ainda pioraria com uma nova elevação dos gastos públicos, o que por sua
vez desestimularia ainda mais o investimento. Pode parecer um paradoxo, mas
apenas a redução de gastos correntes que pouco afetasse a atividade do setor
privado levaria à retomada do crescimento.

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A solução parecia residir em um ajuste estrutural de longo prazo, que


demonstrasse uma redução factível da dívida pública, com base em uma
reorganização da gestão pública, a qual deveria ser guiada por:
 Alcance de resultados.
 Incremento na eficiência dos gastos governamentais.
 Renegociação de contratos.
 Redesenho do processo de formulação e execução orçamentária.
 Redimensionamento da força de trabalho.
 Moderação dos reajustes salariais de servidores.

Existe muito espaço para melhorias na eficiência e para cortes de despesas na


gestão do setor público, sem que se elimine conquistas sociais. Políticas sociais
devem ser preservadas, mas buscando equilíbrio entre, de um lado as
necessidades e de outro os excessos e incentivos distorcidos.
E para tanto, política cambial é essencial para a retomada do crescimento.
Conforme Nelson Marconi, cálculos do Centro de Estudos do Novo
Desenvolvimentismo indicam uma taxa de câmbio de R$3,60/dólar como
suficiente para a recuperação da competitividade, mensurada pela comparação
entre os custos unitários de trabalho (salário dividido pela produtividade) e em
parcerias comerciais. Há uma forte crítica ao Banco Central, no sentido de que
usa a taxa de câmbio para controlar a inflação, e não como um instrumento
para permitir o crescimento. Por consequência, a estrutura produtiva regride.

4 O fomento ao desenvolvimento humano pelas políticas sociais no


estado intervencionista

Para melhor compreender a política pública social como ferramenta de


intervenção do Estado na realidade social, na busca por igualdade social, deve-
se considerar o contexto político, econômico e social globalizado (atual e
nacional). Além disso, convém ressaltar que o papel desempenhado pelo estado
na economia, a fim de garantir políticas compromissadas com os direitos

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fundamentais, se traduz em duas formas de intervenção, que veremos mais


detalhadamente agora:
a) direta e
b) indireta.

4.1 Intervenção Direta no domínio econômico

No caso, o Estado assume a característica de agente econômico privado,


atuando em regime de monopólio ou participação no setor. Conforme Giovani
Clark (2001), “A intervenção direta é realizada quando o Estado cria as
chamadas empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia
mista) para atuarem no domínio econômico, como agentes, concorrendo com os
particulares ou detendo o monopólio; ou, ainda, quando o Estado cria as
agências reguladoras para regularem e fiscalizarem serviços e atividades
econômicas. Essa modalidade de intervenção pode ser também denominada
Direito Institucional Econômico.” Veja o texto constitucional, em seu artigo 173:
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.” (grifo nosso)

Deve-se lembrar que o Estado só pode intervir diretamente quando houver


ameaça à segurança nacional ou ao interesse coletivo e precisa atender a
algumas condições essenciais, dentre as quais se destacam:
 Não deve haver forma empresarial específica para o Estado, devendo-se
observar aquelas previstas em lei (art. 173, §1º, CF/88);
“§1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)”

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(...)
 As empresas estatais só podem assumir duas formas, a de empresa pública
ou a de sociedade de economia mista;
 O Estado, atuando como empresa pública ou sociedade de economia mista,
não pode ter benefícios fiscais que não tenham sido concedidos ao setor
privado concorrente (art. 173, §2º, CF/88);
“§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.”
 Como sociedade de economia mista, o Estado deve necessariamente abrir
seu capital.”

Agora, ao versar sobre a intervenção direta no domínio econômico, é possível


verificar que o estado pode seguir dois modelos de atuação:
 Regulador
 Executor

Estado Regulador
Para a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho, quando o Estado age como
regulador ele elabora normas, reprime abusos, interfere na iniciativa privada e
regula preços e abastecimento. Conforme visto linhas atrás, o Estado pode
intervir de forma direta na ordem econômica, só podendo fazê-lo em nome da
segurança nacional e do interesse coletivo para que não venha a ferir princípios
constitucionais como o da liberdade de iniciativa. Mas em sua atuação como
regulador o Estado impõe normas e mecanismos com o intuito de punir e/ou
prevenir condutas abusivas que possam vir a prejudicar a harmonia social.

Estado Executor
Ao atuar como executor, o Estado exerce atividade econômica. Há uma
intervenção direta na economia como Estado Empresário. Como executor o
Estado realiza atividades econômicas (estritamente) ou presta algum serviço

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público, comprometendo-se plenamente com alguma forma de atividade dentro


das duas categorias apresentadas.

4.2 Intervenção Indireta no domínio econômico


Ocorre quando o Estado direciona a atividade econômica conforme seu
interesse, porém não age diretamente sobre a atividade e decisão empresarial.
As formas mais comuns de intervenção estatal indireta se manifestam nas
modalidades de regulamentação, fiscalização, incentivo e planejamento da
atividade econômica. A intervenção indireta é regulada pelo artigo 174 da
Constituição Federal.
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará
os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. (grifos nossos)
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de
associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a
promoção econômico-social dos garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade
na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas
de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas
fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.”

Mesmo já tendo visto linhas atrás, vamos detalhar melhor as modalidades de


intervenção indireta.
 A fiscalização ocorre no momento em que o Estado faz uso de seu poder para
fiscalizar as práticas econômicas, garantir que as normas vigentes sejam

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obedecidas pelos agentes econômicos e, caso seja necessário, punir os


transgressores. Segundo Petter (2011), ocorre através do “exercício do poder
de polícia por meio do qual se verifica o cumprimento das normas vigentes
pelos agentes econômicos”. Levando-se em consideração o princípio da
legalidade, o Estado fiscaliza as práticas econômicas, podendo, se necessário,
aplicar penalidades correspondentes. É exercida por meio do poder de polícia,
consistindo na verificação quanto à atuação dos agentes econômicos privados,
acerca da conformidade de suas ações com as disposições normativas. Em tal
fiscalização, tem suma importância a atuação do CADE (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica), que é o órgão administrativo encarregado de atuar contra o
abuso do poder econômico.
 O incentivo geralmente se dá por meio de benefícios fiscais ou creditícios,
trazendo a ideia de estado promotor da economia. Um bom exemplo é a Lei
Complementar 123/06, a qual versa sobre a micro e pequena empresa,
garantindo-lhes benefícios fiscais, a fim de oportunizar o desenvolvimento
possibilitando um maior equilíbrio na concorrência, muitas vezes com
multinacionais e promovendo o desenvolvimento nacional. Nesse ponto é que
ingressa a atuação do Estado na atividade produtiva privada, sempre indicativa.
Em se tratando dos incentivos concedidos, prescrevem os incisos do artigo 1º
da Lei Complementar 123/2006, in verbis:
“Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao
tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e
empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de
arrecadação, inclusive obrigações acessórias;
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive
obrigações acessórias;
III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas
aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao
associativismo e às regras de inclusão.

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IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV


do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)”
 A regulamentação se dá pela intervenção do Estado com o objetivo de
implementar políticas que promovem os valores sociais e os direitos
fundamentais, sendo utilizada quando houver insatisfação popular ou falhas
de mercado.
 O planejamento. É a forma escolhida pelo Estado para se organizar
economicamente e perseguir objetivos diversos no mercado econômico. Dá-
se através de planos econômicos e tabelamento de preços. O planejamento
da atividade econômica funciona como uma expectativa, é um meio para que
o Estado se organize economicamente, baseando-se em um resultado com
objetivo de ser alcançado. Funciona basicamente, como um norte para o
setor público e uma mera sugestão ao setor privado. Atualmente, o
planejamento é realizado por meio de planos econômicos e tabelamento de
preços.

Um exemplo de intervenção indireta ocorre quando o Estado atua por


intermédio de suas autarquias e agências reguladoras, que visam a proteção
dos princípios trazidos pela Constituição Federal, criando a oportunidade para a
concretização efetiva.

Vale ressaltar, para José Afonso da Silva:


“Não se quer, com isso, dizer que a intervenção, nesses termos, dependa
sempre de lei em cada caso específico. De fato, não se exige lei em cada
caso para estimular e apoiar a iniciativa privada na organização e
exploração da atividade econômica, como também não é mediante lei que
se limitam atividades econômicas. Essas intervenções todas se realizam
mediante ato administrativo, embora não possam se efetivar senão de
acordo com previsão legal. As limitações sim, como ingerência
disciplinadora, constituem formas de intervenção por via de

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regulamentação legal, mas o fomento nem sempre demanda lei, tal a


implantação de infraestrutura, a concessão de financiamento por
instituições oficiais, o apoio tecnológico. A repressão do abuso do poder
econômico é uma das formas mais drásticas de intervenção no domínio
econômico e, no entanto, não é feita mediante lei, mas por ato
administrativo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE),
embora sempre nos termos da lei (Lei 8.884/94), no que se atende ao
princípio da legalidade.”

Sobre a função do estado frente à economia José Petrelli complementa:


“O Estado moderno deve estar atento e consciente de seu papel regulador
e de sua transcendental missão de proporcionar à sociedade os
instrumentos por ela reclamados para o desempenho harmônico e solidário
dos agentes econômicos. E em permanente combate às eventuais pressões
de grupos em manobras lesivas à livre iniciativa ou aos interesses legítimos
e éticos, individuais ou coletivos. As vulnerabilidades dos períodos de
depressão econômica requerem políticas inovadoras para enfrentar os
riscos e as desigualdades sem deixar de dominar as forças dinâmicas dos
mercados para benefício de todos. Neste aspecto, cabe ao Estado exercer
um papel mais ativo para as políticas socioeconômicas que conduzam o
país a um desenvolvimento mais humanitário.”
Sobre esta abordagem, cumpre destacar o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no início da década
de 1990 que propõe verificar o grau de desenvolvimento de um país utilizando
alguns indicadores de desempenho.
Visando enfatizar a necessidade de constantes aplicações de medidas
socioeconômicas mais abrangentes, que incluam também outras dimensões
fundamentais da vida e da condição humana, o IDH combina três componentes
básicos do desenvolvimento humano:
a) Longevidade, que também reflete, entre outras coisas, as condições de
saúde da população; medida pela esperança de vida ao nascer;

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b) Educação, medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e


a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e
superior;
c) Renda, medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per
capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e
regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra
(PPC).

De acordo com o Relatório do IDH, as políticas sociais contribuem para o


avanço e a consolidação do desenvolvimento humano:
“Tomemos o caso do Burkina Faso. Surgir como um dos melhores
desempenhos pode parecer surpreendente: está na 126.ª posição do IDH
referente aos 135 países que compõem a nossa amostra. Mas o país
conseguiu grandes avanços no IDH desde 1970, altura em que ocupava a
134.ª posição. As políticas públicas terão contribuído para tal: classificou-
se em sexto entre os países com crescimento mais rápido no acesso a
fontes de água melhoradas desde 1970. O acesso a serviços básicos
expandiu-se, com as taxas de matrícula no ensino primário a subir dos
44% em 1999 para os 67% em 2007. Apesar da rápida mudança
demográfica, a pobreza de rendimento (medida com base na percentagem
de população vivendo com menos de 1,25 USD por dia) diminuiu em 14
pontos percentuais para 57% entre 1994 e 2003.”
Ou ainda,
“Que o Nepal tenha uma das ascensões mais rápidas no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) desde 1970 talvez seja algo de
surpreendente, à luz das circunstâncias difíceis e do registo de conflitos do
país. O impressionante progresso do Nepal na saúde e na educação pode
ser atribuído aos grandes esforços das políticas públicas.”

Neste sentindo, em especial nos países subdesenvolvidos a escassez de


recursos para investimentos e gastos sociais sempre exige uma participação

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ativa do Estado na condução das políticas de promoção do desenvolvimento


local. O Prêmio Nobel em economia e idealizador do IDH, o indiano radicado nos
Estados Unidos, Amatya Sen, coloca a questão nos seus exatos termos:
“No âmbito dos países em desenvolvimento, a necessidade de iniciativas de
política pública para criação de oportunidades sociais é de uma importância
fulcral. Como já ficou dito, no passado dos países ricos de hoje podemos
observar uma extraordinariamente notável história de intervenção pública,
que se ocupou respectivamente da educação, de cuidados de saúde, de
reformas agrárias etc. A partilha alargada dessas oportunidades sociais
tornou possível à massa da população participar directamente no processo
de expansão económica.”

E conclui:
“A criação de oportunidades sociais traz um contribucto direto à expansão
das potencialidades humanas e da qualidade de vida (...). A expansão dos
cuidados de saúde, da educação, da segurança social, etc., contribui
directamente para a qualidade de vida e seu florescimento. Temos todas as
provas de que, mesmo com um rendimento relativamente baixo, um país
que garante a todos os cuidados de saúde e a educação pode realmente
conseguir resultados notáveis em termos de duração e de qualidade de
vida de toda a população. A natureza altamente geradora de trabalho dos
cuidados de saúde e da educação básica – e do desenvolvimento humano
em geral – torna-os comparativamente baratos nos primórdios do
desenvolvimento económico, quando os custos laborais são baixos.”

Na perspectiva do autor, o desenvolvimento econômico pode trazer


consequências que consistem na negação de oportunidades de transação, por
meio de controles arbitrários, pode ser, em si, uma fonte de privação de
liberdade e não de que os mercados expandem a renda, a riqueza e as
oportunidades econômicas das pessoas.

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A necessidade de realização de gastos sociais é patente em economias


fragilizadas por graves problemas de distribuição de renda e oportunidades,
como a brasileira. A irresponsável utilização dos vultuosos recursos públicos,
contudo, poderá acarretar consequências danosas não apenas ao erário, mas ao
complexo econômico como um todo.
“É preciso, pois, mensurar a presença do Estado na economia para que não
se torne de inibição da atuação privada, colocando em dúvida a
conveniência do manejo de modelos econômicos interventivos. Enquanto
estas considerações proporcionam boas razões para despesas públicas em
áreas cruciais para o desenvolvimento econômico e para a evolução social,
há argumentos contrários e vem também ser tidos em conta no mesmo
contexto. Uma questão é a da carga fiscal imposta pela despesa pública,
que pode ser muito alta, consoante a quantidade do que se planeia
realizar. O medo dos défices orçamentais e da inflação [...] tende a
assombrar os debates contemporâneos sobre política econômica e essa é,
com efeito, uma questão capital. Outra questão é a dos incentivos e dos
efeitos que um sistema de investimentos públicos pode ter na restrição da
iniciativa e no desvio do empenho das pessoas.”

Na opinião de Matheus Felipe de Castro, a intervenção estatal na economia


brasileira deve se dar essencialmente nos seguintes termos:
a) a intervenção do Estado com um plano de desenvolvimento econômico e
social destinado a elevar o padrão de vida de certos setores sociais.
b) a intervenção do Estado com um plano de desenvolvimento industrial, social
e político para as regiões brasileiras menos desenvolvidas.
c) lançar mão, neste desiderato, de leis particulares e concretas que sejam
instrumentos da intervenção consciente do Estado.

No mais, ao se analisar o desenvolvimento sob a ótica contemporânea a partir


do entendimento de que não deve ser compreendido tão somente como
sinônimo de crescimento econômico, mas como um processo que expande as

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capacitações humanas e, sobretudo de que é necessária uma intervenção sobre


a ordem social e econômica para alcançá-lo, tem-se que a influência do Estado
nessas duas esferas é fundamental para a consolidação de direitos e garantias
fundamentais.
Entende-se, contudo, que o intervencionismo estatal através do fomento de
políticas sociais para consolidação do desenvolvimento humano deve se tonar
mais dinâmico e frequente do que a intervenção na economia, seja esta pela
forma direta ou indireta. Em outras palavras, a intervenção na economia deve
se dar na medida suficiente para contornar externalidades negativas, atuando o
Estado de forma mais incisiva na implementação de políticas sociais.

Tem-se que a convergência entre a economia e direito é fundamental para a


garantia e a concretização de desenvolvimento humano, e o desenvolvimento
de um país está ligado às oportunidades da população em fazer escolhas e
exercer a cidadania. A pessoa humana, neste contexto, é o objeto central do
desenvolvimento. O liberalismo já demonstrou utilizar categorias e
conhecimentos fechados e incomunicáveis, desconsiderando que o
conhecimento humano está conectado e é oriundo da vida humana.
A escola humanista de direito econômico, a qual se adere, propõe uma
conciliação entre o econômico e os direitos humanos, visando amenizar as
mazelas do capitalismo liberal, o que não deve se confundir com o
intervencionismo descabido em uma esfera que deve permanecer,
preferencialmente, no setor privado e sob o domínio do mercado. Porém, se de
um lado é necessário que haja consciência no processo de intervenção para que
a atuação seja medida suficiente para contornar as externalidades, por outro, é
preciso também que os juristas ponderem decisões levando em conta que suas
deliberações causam impactos econômicos.

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5 Funções do orçamento público

Por meio do Orçamento Público e das funções orçamentárias o Governo


intervém na economia para conseguir estabilidade, crescimento e correção das
falhas de mercado. As três funções orçamentárias clássicas apontadas pelos
autores (PALUDO, 2013) são:
1) Função alocativa
2) Função distributiva
3) Função estabilizadora

A função alocativa. Está ligada à alocação de recursos por parte do Governo,


que oferece bens e serviços públicos puros (ex.: rodovias, segurança, justiça),
os quais não seriam oferecidos pelo mercado, ou o seriam em condições
ineficientes. Oferece também bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e
saúde). E ainda cria condições para que bens privados sejam oferecidos no
mercado pelos produtores, corrige imperfeições no sistema de mercado (como
oligopólios) e corrige os efeitos negativos relacionados a externalidades. Esta
função diz respeito a promover ajustamentos na alocação de recursos e se
justifica quando o funcionamento do mecanismo de mercado (sistema de ação
privada) não garante a necessária eficiência na utilização desses recursos.
Portanto, a utilização desse instrumento de atuação se efetiva em situações de
falha de mercado, como, por exemplo, na presença de externalidades ou de
bens públicos. A função alocativa é motivada quando não há oferta eficiente de
infra-estrutura econômica ou provisão de bens públicos e bens meritórios por
parte do setor privado. Os investimentos na infra-estrutura econômica, tais
como energia, transportes e comunicações, impulsionam o desenvolvimento
regional e nacional, e os altos investimentos necessários, aliados ao longo
período para obtenção de retorno do investimento, desestimulam a iniciativa do
setor privado nesses setores. Já a demanda por bens públicos e bens meritórios
possui características peculiares que tornam inviável seu fornecimento pelo
sistema de mercado.

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Para Giacomoni:
“O bem privado é oferecido por meio dos mecanismos próprios do sistema
de mercado. Há uma troca entre vendedor e comprador e uma
transferência da propriedade do bem. O não-pagamento por parte do
comprador impede a operação e, logicamente, o benefício. A operação toda
é, portanto, eficiente. No caso do bem público, o sistema de mercado não
teria a mesma eficiência. Os benefícios geralmente não podem ser
individualizados nem recusados pelos consumidores. Não há rivalidade no
consumo de iluminação pública, por exemplo, e como tal não há como
excluir o consumidor pelo não-pagamento. Aqui, o processo político
substitui o sistema de mercado. Ao eleger seus representantes
(legisladores e administradores) o eleitor-consumidor aprova determinada
plataforma (programa de trabalho) para cujo financiamento irá contribuir
mediante tributos. Em função de regra constitucional básica, o programa
de bens públicos aprovado pela maioria será coberto também com as
contribuições tributárias da minoria.”
Os bens meritórios são bens que, apesar de possuírem natureza de bem
privado, predomina a sua característica de possuírem utilidade social,
justificando assim sua provisão (financiamento) pelo Governo. É o caso dos
subsídios ao trigo e ao leite, serviços de saúde e educação, etc.

A função pública distributiva objetiva promover ajustamentos (correções) na


distribuição de renda devido às falhas de mercado (desigualdades sociais,
monopólios empresariais, etc.), inerentes ao sistema econômico capitalista. É
uma função que busca tornar a sociedade menos desigual em termos de renda
e riqueza, por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios,
incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população
etc. (ex.: Fome Zero, Bolsa Família, destinação de recursos para o SUS, que é
utilizado por indivíduos de menor renda). Assim, o governo tributa e arrecada
de quem pode pagar e os distribui (ou redistribui) a quem tem pouco ou nada
tem, através de programas sociais. Como exemplo de medidas distributivas,

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temos o imposto de renda progressivo para financiar programas de


alimentação, transporte e moradia populares. Ou ainda, concessão de subsídios
aos bens de consumo popular financiados por impostos incidentes sobre os
bens consumidos pelas classes de mais alta renda. Justifica-se seu emprego
nos casos em que o resultado distributivo do mecanismo de ação privada não
seja considerado socialmente justificável ou desejado. Mais uma vez a
justificativa está ligada à correção das falhas de mercado.

A função estabilizadora. Trata-se da aplicação das diversas políticas econômico-


financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de
emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, mediante
instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de
intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). É uma função
associada à manutenção da estabilidade econômica, justificada como meio de
atenuar o impacto social e econômico na presença de inflação ou depressão.
Portanto, seu emprego gera estabilidade dos níveis de preço (combate às
pressões inflacionárias), diminui os potenciais efeitos da depressão e mantém o
nível de emprego (combate ao desemprego). A função estabilizadora adquiriu
especial importância como instrumento de combate à depressão dos anos 30 e
a partir daí esteve sempre em cena contra pressões inflacionárias e contra o
desemprego, fenômenos estes recorrentes nas economias capitalistas do pós-
guerra. Em qualquer economia, os níveis de preços e de emprego resultam dos
níveis da demanda agregada, isto é, da disposição de gastar dos consumidores,
das famílias, dos capitalistas, enfim, de qualquer tipo de comprador. Se a
demanda for superior a capacidade nominal (potencial) da produção, os preços
tenderão a subir; se for inferior, haverá desemprego. O mecanismo básico da
política de estabilização é, portanto, a ação estatal sobre a demanda agregada,
aumentando-a ou reduzindo-a conforme as necessidades. Assim, o orçamento
público atua fortemente na estabilização econômica. Por exemplo, as compras
do governo produzem grande impacto sobre a demanda agregada, assim como
o poder de consumo da grande massa de funcionários públicos. Já as mudanças

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nas alíquotas tributárias produzem reflexos na quantidade de recursos


disponíveis junto ao setor privado. Logo, ajustando os níveis de demanda
agregada e de recursos, o governo promove a política de estabilização.

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Questões Comentadas

1) 2016 - CESPE - TCE/PA


Julgue o item seguinte, relativo ao orçamento público.
Cabe ao governo executar as funções econômicas exercidas pelo
Estado, as quais se dividem em alocativa, distributiva e estabilizadora.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Funções do governo: alocativas, distributivas e estabilizadoras:
 Função Alocativa: relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a
fim de oferecer bens públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos
ou meritórios (ex. educação e saúde), desenvolvimento (ex. construção de
usinas), etc.;
 Função Distributiva: é a redistribuição de rendas realizada através das
transferências, dos impostos e dos subsídios governamentais. Um bom
exemplo é a destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao
serviço público de saúde, serviço o qual é mais utilizado por indivíduos de
menor renda.
 Função Estabilizadora: é a aplicação das diversas políticas econômicas a fim
de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da
incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos.

Resposta: Certo

2) 2016 - CESPE - TCE/SC


Acerca das funções, dos princípios e dos principais documentos
relacionados ao orçamento público, julgue o próximo item.
O orçamento público viabiliza a intervenção do governo na atividade
econômica com vistas à geração de emprego e renda.
( ) Certo ( ) Errado

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Resolução:
Na Doutrina de Paludo, o governo intervém na economia para garantir
estabilidade, crescimento, correção de falhas de mercado, melhoria na
distribuição de renda, aumento do nível de emprego, entre outros. Essa
intervenção ocorre, principalmente, por meio das políticas fiscal, monetária,
cambial e regulatória, e tem como principal instrumento de intervenção o
orçamento público. Os orçamentos são o grande instrumento de intervenção do
governo via suas funções: Alocativa, Distributiva e Estabilizadora.
Além disso, conforme Abrúcio e Loureiro, “o orçamento é um instrumento
fundamental de governo, seu principal documento de políticas públicas. Através
dele os governantes selecionam prioridades, decidindo como gastar os recursos
extraídos da sociedade e como distribuí-los entre diferentes grupos sociais,
conforme seu peso ou força política”. Considerando o orçamento como principal
instrumento de ação do Estado na economia, Richard Musgrave propôs uma
classificação denominada de funções fiscais. O próprio autor as considera
também como as próprias funções do orçamento: alocativa, distributiva e
estabilizadora.

Resposta: Certo

3) 2016 - CESPE - DPU


A respeito de orçamento público, julgue o item que se segue.
A função alocativa do orçamento visa à intervenção do governo na
economia, com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais no que
se refere ao acesso a renda, bens e serviços públicos e benefícios da
vida em sociedade.
( ) Certo ( ) Errado

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Administração Financeira e Orçamentária (AFO)
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Resolução:
Na verdade, a função distributiva do orçamento visa à intervenção do governo
na economia, com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais no que se
refere ao acesso a renda, bens e serviços públicos e benefícios da vida em
sociedade.

Um macete que ajuda a memorizar é:


 Alocativo – imagine o que somente o Estado pode oferecer, pois para o
agente privado é inviável. Ex: Rodovias, Aeroportos, Segurança, Justiça...
 Distributivo – é um pensamento de certa forma, socialista. A função
distributiva visa tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e
riqueza. Ex: Subsídios, incentivos fiscais, fome zero, bolsa família...
 Estabilizadora – Aqui se deve remeter à inflação, pois a função estabilizadora
reflete a política econômico-financeira a fim de ajustar o nível geral de
preços, melhorar o nível de emprego, estabilizar a moeda, mediante
instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, principalmente.

Resposta: Errada

4) 2015 - CESPE - TCE/RN


Com relação ao orçamento público e à atuação do governo na
economia, julgue o item a seguir.
A intervenção do Estado na economia justifica-se quando há segmentos
do mercado em que produtos somente podem ser ofertados mediante
investimentos de grande porte, com longos prazos de retorno e custos
marginais muito baixos.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Essa intervenção do Estado na economia reflete uma das três funções clássicas
do orçamento: a alocativa. Por meio desta, o Estado provê a população de bens

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e serviços públicos puros, semi-púlblicos ou meritórios, os quais, não podem ser


ofertados pelo mercado (entes privados) livres de externalidades negativas,
como o domínio de mercados e as posturas anticoncorrenciais.
O Custo Marginal, o qual vincula-se ao custo total de produção oriundo da
variação em uma unidade da quantidade produzida. Ou seja, seria o acréscimo
de custo total pela produção de mais uma unidade, ou corresponde ao custo da
última unidade produzida, imagine uma Companhia Estadual de Energia, um
caso clássico de monopólio natural. Então analise, qual seria o custo para que
ela incorporasse uma nova residência ao sistema, ou seja, o Custo Marginal
para ligar uma nova residência seria muito baixo dentro do conjunto de custos
do sistema, ou ainda, o Custo Marginal para entregar energia para mais 1
residência que passou a integrar o sistema é muito baixo.

Resposta: Certo

5) 2014 - CESPE - TJ-CE


No que diz respeito ao orçamento público e aos demais mecanismos de
atuação do governo nas finanças públicas, assinale a opção correta.
a) Cabe ao Estado atuar direta ou indiretamente sobre os monopólios
naturais, de modo a promover um nível ótimo de produção.
b) As externalidades negativas ocorrem quando as ações de um
indivíduo ou empresa implicam benefícios a outros agentes
econômicos.
c) O orçamento misto é aquele que envolve entidades da administração
pública direta e indireta.
d) Entre as funções do orçamento público no Brasil está a definição da
política de aplicação das agências oficias de fomento.
e) São considerados bens públicos os produtos ou serviços produzidos
por entidades da administração direta ou indireta.

Resolução:

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Conforme Paludo, nos monopólios naturais o governo acaba sendo obrigado a


assumir a produção ou criar agências que impeçam a exploração dos
consumidores. A alternativa d) está errada, pois as funções do orçamento
público são alocativa, distributiva e estabilizadora.

Analisemos as alternativas:
a): O governo pode exercer apenas a regulação dos monopólios naturais,
evitando assim uma perda ainda maior de bem-estar da sociedade. Importante
salientar que a atuação do estado no monopólio natural é no sentido de
incentivá-lo, já que o monopólio natural acarreta em aumento do bem-estar. Já
no monopólio comum, o estado atua tentando evitá-lo ou coibi-lo.

b): Externalidades negativas: São situações em que as ações de um


determinado agente da economia prejudicam (e não beneficia conforme consta
na assertiva) os demais indivíduos. Exemplo: Uma indústria, que não deseja
ter gastos com um sistema de reciclagem, joga dejetos diretamente em um
riacho. Tal situação acaba por prejudicar o meio ambiente e a sociedade, que
terá que arcar com o prejuízo ambiental.

c): Orçamento Misto: A elaboração e a execução são de competência do


Executivo, cabendo ao Legislativo a votação e o controle. É o tipo de orçamento
empregado pela CF/88. Assim, o Executivo elabora o projeto de lei do
orçamento, para posterior encaminhamento ao Legislativo, que o emenda e o
aprova.

d): Esta função de definição da política de aplicação das agências oficiais de


fomento cabe a LDO, e não a LOA, conforme está descrito na assertiva.

e):
Art. 99. São bens públicos (Código Civil Brasileiro):
I – Os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

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II – Os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III – Os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.

Resposta: a)

6) 2014 - CESPE - TJ/CE


No que diz respeito ao orçamento público e aos demais mecanismos de
atuação do governo nas finanças públicas, assinale a opção correta.
a) Cabe ao Estado atuar direta ou indiretamente sobre os monopólios
naturais, de modo a promover um nível ótimo de produção.
b) As externalidades negativas ocorrem quando as ações de um
indivíduo ou empresa implicam benefícios a outros agentes
econômicos.
c) O orçamento misto é aquele que envolve entidades da administração
pública direta e indireta.
d) Entre as funções do orçamento público no Brasil está a definição da
política de aplicação das agências oficias de fomento.
e) São considerados bens públicos os produtos ou serviços produzidos
por entidades da administração direta ou indireta.

Resolução:
Conforme Paludo, os Monopólios naturais são decorrente da impossibilidade
física de se exercer a mesma atividade por parte de outro agente. Tal
monopólio encontra barreiras de ordem financeira, técnica, de propriedade
intelectual (patente, p. ex.) e o governo acaba sendo obrigado a assumir a
produção ou criar agências que impeçam a exploração dos consumidores.
Cumpre salientar que a atuação do estado no monopólio natural é no sentido de

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incentivá-lo, já que o monopólio natural acarreta em aumento do bem-estar. Já


no monopólio comum, o estado atua tentando evitá-lo ou coibi-lo.

Agora, analisemos as alternativas:


a) O governo pode exercer apenas a regulação dos monopólios naturais,
evitando assim uma perda ainda maior de bem-estar da sociedade
b) Externalidades negativas são situações em que as ações de determinado
agente da economia prejudicam (não beneficiam, conforme consta) os demais
indivíduos. Exemplo: Uma indústria, que não deseja ter gastos com um
sistema de reciclagem, joga dejetos diretamente em um rio. Tal situação acaba
por prejudicar o meio ambiente e a sociedade, que terá que arcar com o
prejuízo ambiental.
c) No Orçamento Misto a elaboração e a execução são de competência do
Executivo, cabendo ao Legislativo a votação e o controle. É o tipo de orçamento
empregado pela CF/88.
d) Esta função de definição da política de aplicação das agências oficiais de
fomento cabe a LDO, e não a LOA, conforme está descrito na assertiva.
e)
(Código Civil Brasileiro)
CAPÍTULO III
Dos Bens Públicos
(...)
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou
municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.

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Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais


os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha
dado estrutura de direito privado.

Resposta: a)

7) 2013 - CESPE - IBAMA


A respeito do orçamento público e da atuação do governo nas finanças
públicas, julgue o item subsequente.

O conceito de progressividade não está submetido aos princípios


elementares da teoria da tributação.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Eu não diria que isso está dentro de AFO, mas sim de Direito Tributário. Mas
como são matérias que se confundem um pouco, e no enunciado da questão
consta “A respeito do orçamento público e da atuação do governo nas finanças
públicas”, resolvi pôr esta questão, pois conhecimento nunca é demais e o bom
concurseiro se prepara a para a guerra.
O Princípio da Progressividade é o princípio do direito tributário que estabelece
que os impostos devem onerar mais aquele que detiver maior riqueza
tributária. Trata-se de um princípio que consagra o aumento da carga tributária
pela majoração da alíquota, na medida em que há aumento da base de cálculo.
A progressividade tributária busca a realização da justiça fiscal, estando,
portanto, intimamente ligada aos princípios da capacidade contributiva e
isonomia. Aplica-se ao Imposto de Renda, ao Imposto Territorial Rural, ao
Imposto Predial Territorial Urbano, ao Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores e, segundo o Supremo Tribunal Federal, também às taxas.
Cumpre ressaltar que o Princípio da Progressividade não pode ser adotado de

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forma desmedida, a ponto de ferir a vedação constitucional ao tributo de


caráter confiscatório.
Isso porque, conforme a CF/88
"TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Seção I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
(...)
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”

Resposta: Errado

8) 2013 - CESPE - MPU


A respeito do Estado e da atuação do governo nas finanças públicas,
julgue o item a seguir.

A atividade estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles casos


em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de
ação privada, como no caso de investimentos e infraestrutura
econômica.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Cabe atentar, que a CESPE inseriu na questão um trecho da obra de James
Giaconomi: “A atividade estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles

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casos em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de


ação privada( sistema de mercado). Musgrave & Musgrave chamam a atenção
para duas situações bem exemplificativas: os investimentos na infraestrutura
econômica e a provisão de bens públicos e bens meritórios.”. Fica, portanto, a
recomendação de leitura (Orçamento Público, 16ª edição, editora Atlas, James
Giaconomi).
Ainda, conforme Sergio Mendes, a Função Alocativa visa à promoção de
ajustamentos na alocação de recursos. É o Estado oferecendo determinados
bens e serviços necessários e desejados pela sociedade, porém que não são
providos pela iniciativa privada. O setor público pode atuar produzindo
diretamente os produtos e serviços ou via mecanismos que propiciem condições
para que sejam viabilizados pelo setor privado. A função alocativa é evidenciada
quando no setor privado não há a necessária eficiência de infraestrutura
econômica ou provisão de bens públicos e bens meritórios. Investimentos na
infraestrutura econômica são fundamentais para o desenvolvimento, porém são
necessários altos valores com retornos demorados, que muitas vezes
desestimulam a iniciativa do setor privado nessa área. Assim, relaciona-se à
alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens públicos,
bens semi-públicos (ou meritórios) e de desenvolvimento. Dada a incapacidade
do mercado de suprir a sociedade, o orçamento público destinará recursos para
a produção desses bens e serviços necessários à sociedade.
Exemplos:
 Bens Públicos: rodovias, aeroportos, iluminação pública, etc. (Não geram
rivalidade).
 Semi-Públicos ou Meritórios: educação, saúde, segurança, etc. (Gera
rivalidade; caráter excludente).
 De desenvolvimento: construção de usina, etc.

Resposta: Certa

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9) 2013 - CESPE - MPU


A respeito do Estado e da atuação do governo nas finanças públicas,
julgue o item a seguir.

O mecanismo básico da política de estabilização econômica é a ação


estatal sobre a demanda agregada, uma vez que essa ação aumenta ou
reduz a referida demanda conforme as necessidades.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Mais parece uma questão de economia, mas é de um concurso para analista de
planejamento e orçamento. Conforme Sergio Mendes, o mecanismo básico da
estabilização é a atuação sobre a demanda agregada, a qual representa a
quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos consumidores deseja e
está disposta a adquirir por determinado preço e em determinado período. A
função estabilizadora visa manter a estabilidade econômica, diferenciando-se
das outras funções por não ter como objetivo a destinação de recursos. O
campo de atuação dessa função é principalmente a manutenção de elevado
nível de emprego e a estabilidade nos níveis de preços. Assim, a função
estabilizadora age sobre a demanda agregada de forma a aumentá-la ou
diminuí-la.
Vale ressaltar, é outra questão em que A CESPE deu um “copia e cola” da obra
de Giacomoni.

Resposta: Certa

10) 2012 - FUNIVERSA - CFM


Com relação às finanças públicas e às funções de governo, assinale a
alternativa correta.

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a) A função alocativa tem como um dos objetivos alocar recursos


públicos na produção de bens e serviços já ofertados pela iniciativa
privada.
b) A função distributiva tem por finalidade manter os níveis de classes
sociais de forma bem distribuída, de tal maneira que os pobres não
fiquem mais pobres e os ricos não fiquem menos ricos.
c) A função estabilizadora tem por objetivo modificar a estabilidade
econômica com o intuito de manipular o mercado.
d) A atividade financeira do Estado preocupa-se, unicamente, com a
obtenção de recursos públicos.
e) A teoria das finanças públicas encontra justificativa para a
intervenção do Estado na economia (seja na arrecadação de receitas
seja nas alocações de recursos), como forma de se buscar a correção
das imperfeições de mercado, fenômenos que impedem a sociedade de
alcançar, sozinha, o estágio de bem-estar.

Resolução:
Analisemos as alternativas:
a) Incorreta. A função alocativa relaciona-se à alocação de recursos por parte
do Governo a fim de oferecer bens e serviços públicos puros (ex.: rodovias,
segurança, justiça) que não seriam oferecidos pelo mercado ou seriam em
condições ineficientes, ou seja, se o serviço já é servido eficientemente pela
iniciativa privada, não há o que se falar em função alocativa.
b) Incorreta. A função distributiva tem por finalidade manter os níveis de
classes sociais de forma bem distribuída, de tal maneira que os pobres não
fiquem mais pobres e os ricos não fiquem mais ricos
c) Incorreta. Função estabilizadora é a aplicação das diversas políticas
econômico-financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível
de emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico,
mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras
medidas de intervenção econômica.

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d) Incorreta. A atividade tributária se preocupa em obter receitas por meio de


tributos, ao passo que a atividade financeira objetiva disciplinar o seu modo de
gastar.
e) Correta: A teoria das finanças públicas, ao tratar dos fundamentos do Estado
e das chamadas funções de governo, encontra justificativa para a intervenção
do Estado na economia como forma de corrigir as imperfeições de mercado,
entendidas estas como fenômenos que impedem que a sociedade alcance o
estágio de bem estar necessário, sem que o estado exerça alguma forma de
ajuste sobre os fatores econômicos (renda, poupança, produção, consumo, etc).

Portanto, as imperfeições de mercado podem ser atribuídas aos seguintes


motivos:
 Necessidade de que existam bens públicos
 Falhas de competição
 Existência de externalidades
 Insuficiência de renda, desabastecimento, desemprego, desigualdade

Resposta: e)

11) 2013 - CESPE - MI


Em relação à atuação no governo nas finanças públicas e ao orçamento
público, julgue o próximo item.
A inclusão pelo Poder Executivo, na proposta de lei orçamentária anual
(LOA), de dispositivo que autorize o governo federal a contratar
determinado empréstimo com instituição financeira estrangeira não
viola o princípio orçamentário da exclusividade.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
De acordo com o princípio da exclusividade, a lei orçamentária anual não
conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não

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se incluindo nesta proibição a autorização para abertura de créditos


suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei. À guisa de exemplo de autorização de
operação de crédito na LOA temos a autorização para o governo federal
contratar determinado empréstimo com instituição financeira. Logo, tal inclusão
não violaria o princípio orçamentário da exclusividade. E o ato de "contratar
determinado empréstimo com instituição financeira estrangeira" é uma
operação de crédito.
Veja o texto da CF/88:
“Seção II
DOS ORÇAMENTOS
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da
receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.”

Resposta: Certo

12) 2016 - UFSC


Em relação a orçamento e finanças públicas, assinale a alternativa
CORRETA.
a) Investimentos são despesas de custeio discriminadas na Lei de
Orçamento como dotações para planejamento e execução de obras,
aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e
constituição ou aumento de capital.
b) Segundo o princípio da exclusividade, cada unidade governamental
deve possuir apenas um orçamento.
c) O imposto de renda progressivo é um exemplo de tributo adequado
às políticas estabilizadoras.
d) De acordo com a Lei 4.320/64, há dois sistemas de controle da
execução orçamentária: interno e externo. O controle interno pelo

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Poder Legislativo recebe suporte e auxílio especializado dos Tribunais


de Contas.
e) Em um bem comum típico, seus benefícios não estão limitados a um
consumidor qualquer, não há rivalidade no consumo desse bem e o
consumidor não é excluído no caso de não pagamento.

Resolução:
a) Investimentos são despesas de capital, discriminadas na Lei de Orçamento
como dotações para planejamento e execução de obras, aquisição de
instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento de
capital. (Art.12 §4º Lei 4320/64). Veja:
“§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e
a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis
considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os
programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e
material permanente e constituição ou aumento do capital de emprêsas que
não sejam de caráter comercial ou financeiro.”

Vale ressaltar, o artigo 12 da Lei 4320/64 é importantíssimo e deve ser


memorizado “palavra por palavra”, por ser recorrente em concursos que
envolvem AFO.

b) Princípio da exclusividade
Regra: o orçamento deve conter apenas previsão de receita e fixação de
despesas.
Exceção: autorizações de créditos suplementares e operações de crédito,
inclusive por antecipação de receita orçamentária.

c) O imposto de renda progressivo é um exemplo de tributo adequado à função


distributiva.

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d) .Veja o texto da Lei 4.320/64


“TÍTULO VIII
Do Contrôle da Execução Orçamentária
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 75. O contrôle da execução orçamentária compreenderá:
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a
realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por
bens e valores públicos;
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em têrmos
monetários e em têrmos de realização de obras e prestação de serviços.
CAPÍTULO II
Do Contrôle Interno
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de contrôle a que se refere
o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão
equivalente.”

e) Correta
Os bens públicos são aqueles cujo consumo/uso é indivisível ou "não-rival".
Assim, seu consumo por parte de um indivíduo ou grupo social não prejudica o
consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade. Isto significa
que todos se beneficiam da produção de bens públicos, mesmo que,
eventualmente, alguns mais que outros (ex.: iluminação pública, bens como a
justiça, segurança pública e defesa nacional). Outra característica importante é
o princípio da não-exclusão no consumo desses bens. De fato, em geral, é difícil
ou mesmo impossível impedir que um determinado indivíduo usufrua de um
bem público.

Resposta: e)

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13) 2016 - CESPE - TCE/PR


A função do orçamento público que visa melhorar a posição de algumas
pessoas em detrimento de outras e, com isso, corrigir falhas do
mercado é denominada função
a) controladora.
b) alocativa.
c) distributiva.
d) estabilizadora.
e) econômica.

Resolução:
As falhas de mercado são corrigidas nas 3 funções do orçamento:
 Na Função distributiva há a distribuição de renda. Tal função se faz
necessária porque naturalmente, no mundo capitalista, a renda tende a se
concentrar de forma desproporcional, o que é uma falha de mercado.
 Na função alocativa, o estado oferece bens ou serviços porque a iniciativa
privada não o faz, por diversas razões, o que também é uma falha de
mercado.
 Na função estabilizadora, entre outras medidas, o estado intervém no
domínio econômico justamente para regular o setor e coibir o abuso do poder
econômico, essa também uma falha de mercado.

O ponto chave da questão está na frase "melhorar a posição de algumas


pessoas em detrimento de outras" que remete à ideia de distribuição de renda.

Portanto, a função distributiva busca tornar a sociedade menos desigual em


termos de renda e riqueza, através da tributação e de transferências
financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos (fome zero, bolsa
família).

Resposta: c)

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14) 2016 - CESPE - TRT08


Assinale a opção que apresenta uma atividade do Estado no exercício
do papel de produtor.
a) promoção de transferência de tecnologia
b) limitação de importações por meio de normas
c) fomento ao desenvolvimento agrícola
d) atuação direta nos monopólios naturais
e) instituição do sistema financeiro da habitação

Resolução:
Conforme Paludo, sobre a existência de monopólios naturais:
Monopólios que tendem a surgir devido ao ganho de escala que o setor oferece
(ex.: água, energia). Considerando o bem-estar coletivo, o Governo acaba
assumindo a produção desses bens para assegurar preços razoáveis e acesso a
todos.

Conforme o artigo 177 da CF/88:


“Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes
das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de
derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte,
por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de
qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e
utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as

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alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)”

Resposta: d)

15) 2013 - CESPE - TRT10


Tendo em vista que o crescimento dos gastos públicos e o consequente
aumento do peso do governo na economia tornam o planejamento da
ação governamental cada vez mais importante, julgue o item
subsequente, relativo à evolução do orçamento público e ao papel do
Estado na economia.

A alteração das preferências da sociedade é uma possível explicação


para a mudança na forma de atuação do Estado na economia e a
consequente expansão de suas funções.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
A assertiva quer nos conduzir à ideia de que mesmo que a sociedade não se
interesse, ou passe a deixar de se interessar, em produzir ou investir em
alguma função essencial à sua sobrevivência e desenvolvimento (por motivos
como complexidade, rentabilidade, retorno, etc...) é obrigação do Estado alocar
para si a execução desse serviço, para que ela se beneficie disso.
(Descentralizando ou desconcentrando a execução)
Exemplo: Imagine a situação em que todos os cidadãos de uma determinada
sociedade decidam se tornar jogadores de futebol. Qual será o impacto em
outras profissões? Cabe então ao Estado alocar para si a execução e
fomentação de outras atividades e profissões, intervindo de forma ativa e
pontual na sociedade.
Logo, a função do Estado que fica mais evidente na assertiva é a alocativa.

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Resposta: Correta

16) 2014 - FGV - PROCEMPA


Analise o fragmento a seguir.
“Um governo, pela sua função _____ deve decidir quais serviços
públicos devem ser concedidos ao setor privado, o qual explorará de
forma mais eficiente provendo um serviço de maior qualidade para a
população. Por sua vez, em sua função _____, o governo deve garantir
a meta inflacionária, de forma a garantir o poder de compra da
população, incentivando também neste cenário o maior volume de
investimentos. Por fim, programas sociais estão atrelados à sua função
_____, permitindo a melhora da renda dos mais pobres.”

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do fragmento


acima.
a) distributiva – alocativa – estabilizadora.
b) distributiva – estabilizadora – alocativa.
c) estabilizadora – alocativa – distributiva.
d) alocativa – distributiva – estabilizadora.
e) alocativa – estabilizadora – distributiva

Resolução:
Um governo possui funções alocativas, distributivas e estabilizadoras.
 Função alocativa: relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a
fim de oferecer bens públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos
ou meritórios (ex. educação e saúde), desenvolvimento (ex. construção de
usinas), etc.;
 Função estabilizadora: é a aplicação das diversas políticas econômicas a fim
de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da
incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos.

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 Função distributiva: é a redistribuição de rendas realizada através das


transferências, dos impostos e dos subsídios governamentais. Um bom
exemplo é a destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao
serviço público de saúde, serviço o qual é mais utilizado por indivíduos de
menor renda.

Resposta: e)

17) 2012 - CESPE - FNDE


Julgue o item a seguir, acerca do sistema e do processo de
orçamentação federal.

Para fins orçamentários, as receitas públicas classificam-se em


originárias e derivadas. As originárias são aquelas arrecadadas por
meio da exploração de atividades econômicas exercidas pelo Estado.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Para fins orçamentários, a receita se classificam em orçamentárias e extra
orçamentárias. Entretanto, quanto à coercitividade, classificam-se em
originárias ou derivadas. As receitas derivadas são resultantes do poder
coercitivo do Estado, tributos por exemplo. As originárias são resultantes de
atividades não coercitivas.
Bem, na verdade, a classificação da receita pública quanto à
coercitividade/procedência engloba um aspecto meramente tributário, ou seja,
não é utilizada como classificador oficial de receita pelo Poder Público. Não
consta, por exemplo, essa classificação de receita pública na lei 4.320/64. No
que se refere ao aspecto orçamentário, as receitas públicas podem ser
classificadas quanto à natureza (orçamentárias e extra orçamentárias) e quanto
à categoria econômica (receitas correntes e de capital). Portanto, a classificação
quanto à coercibilidade não é usado para fins orçamentários, já que não é uma

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classificação oficial usada pelo poder público. Trata-se de classificação


doutrinária.

Resposta: Errada

18) 2015 - FGV - TJ/RO


Texto:
O orçamento do Município de Brevidade para o exercício de 2x12 foi
estimado em R$ 198.000.000.
Durante o exercício de 2x12, a arrecadação mensal estava superando,
em média, 2,5% do previsto, de forma que no mês de agosto havia um
excesso de arrecadação acumulado de R$ 3.300.000.
O balanço patrimonial do exercício de 20x11 apresentou um superávit
financeiro de R$ 950.000.
Os dados da execução orçamentária ainda revelam que houve abertura
de créditos adicionais extraordinários, no montante de R$ 780.000 e
reabertura de créditos adicionais especiais do exercício anterior, no
total de R$ 425.000.
Foi apurado ainda, no mês de agosto que havia despesas fixadas
passíveis de anulação, totalizando R$ 390.000.
Além de uma dotação genérica (reserva de contingência) de R$
10.000,00, passível de destinação para abertura de créditos adicionais.

As receitas públicas arrecadadas por meio da exploração de atividades


econômicas pela administração pública, decorrentes de rendas do
patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de
preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de venda de
produtos industriais ou agropecuários são denominadas:
a) derivadas;
b) extraorçamentárias;
c) originárias;

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d) permutativas;
e) primárias.

Resolução:
Receitas primarias são a soma de receitas correntes + receitas de capital,
exceto juro e operação de credito.
Receitas originárias têm sua origem do Patrimônio Público.

Ainda, conforme Paludo:


Classificação das receitas quanto à origem: sob tal enfoque a receita poderá
classificar-se em originária ou derivada.
 Originária – são receitas auferidas da venda ou cessão remunerada de bens e
valores (aluguéis e ganhos em aplicações financeiras), ou aplicação em
atividades econômicas (produção, comércio ou serviços).
 Derivada – são as receitas obtidas em função da soberania do Estado, por
meio de tributos, penalidades, indenizações. Essa receita é derivada porque
deriva do patrimônio dos particulares, da sociedade em geral.

Resposta: c)

19) 2012 CESPE TJ/PR


Entre os motivos que ensejam a intervenção do Estado na economia
inclui-se a existência de bens públicos e de externalidades.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
A teoria das finanças públicas, regra geral, está fundamentada na existência
das falhas de mercado. As falhas de mercado acabam gerando necessidades,
tais como presença do governo no mercado, estudo das funções do governo, da
teoria da tributação e do gasto público.
Falhas de Mercado

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São distorções que impedem que o ótimo de Pareto se realize, tais como
existência de bens públicos, falhas de competição (existência de monopólios
naturais), externalidades, mercados incompletos, informação assimétrica,
desemprego e inflação.
Bens Públicos
Os bens públicos são caracterizados como bens cujo consumo por parte de um
indivíduo não prejudica o consumo dos demais indivíduos (consumo indivisível
ou não-rival), pois todos se beneficiam de sua produção. Uma vez produzidos,
os bens públicos irão beneficiar a todos os indivíduos, independentemente da
participação de cada um no rateio dos custos.
Externalidades
Há dois tipos de externalidades: as externalidades positivas e as externalidades
negativas.
 Nas externalidades positivas, as ações de empresas ou indivíduos resultam
em benefícios diretos ou indiretos para outros indivíduos ou empresas. Por
exemplo, se uma indústria resolve, com o objetivo de utilizar água pura em
sua produção, realizar um processo de descontaminação das águas do rio
próximo a sua fábrica, ela estará beneficiando as pessoas que utilizam a
água do rio para consumo.
 Já as externalidades negativas correspondem a situações em que a ação de
determinado indivíduo ou empresa prejudica, direta ou indiretamente, os
demais indivíduos ou empresas. Os exemplos mais comuns são o lixo
despejado por indústria químicas nos rios e mares e a poluição do ar pelas
indústrias em geral.

Quando ocorrem externalidades, a intervenção do governo se torna necessária,


e pode ocorrer através de: produção direta do bem ou serviço, concessão de
subsídios, aplicação de multas, progressividade de alíquotas de impostos ou
regulamentação. As duas primeiras formas de intervenção (produção direta ou
concessão de subsídios) geram externalidades positivas. As demais são,
geralmente, utilizadas para desestimular as externalidades negativas.

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Ainda, conforme Pareto "Em particular, em presença de externalidades –


negativas e positivas – e de bens públicos, os preços de mercado não refletem,
de forma adequada, o problema da escolha em condições de escassez que
permeia a questão econômica. Abre-se assim, espaço para a intervenção do
governo na economia de forma a restaurar as condições de eficiência ".

Resposta: Certo

20) 2012 - CESPE - TJ/RR


As formas de intervenção do Estado voltadas a mercados incompletos
incluem a intervenção na concessão de crédito de longo prazo
direcionado ao financiamento dos investimentos do setor produtivo, por
meio dos bancos públicos, e a realização direta de investimentos, por
intermédio das empresas públicas.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
A primeira parte da questão diz respeito à política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento como, por exemplo, o BNDES, que tem como
principal função financiar empreendimentos cujo objetivo principal seja alguma
ação que propicie o desenvolvimento da nação como um todo. O financiamento
do BNDES propicia empréstimos a longo prazo e com juros bem menores do
que os fornecidos por outras instituições financeiras.
Já o segundo trecho da questão aborda a função alocativa do Estado. Segundo
Giacomoni, “a atividade estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles
casos em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de
ação privada, como, por exemplo, nos investimentos na infra-estrutura
econômica (transporte, energia, armazenamento, etc.)”

Resposta: Certo

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Bem, caro aluno, por enquanto isso é tudo. Esta foi a aula 00 do nosso curso de
Administração Financeira e Orçamentária para o concurso do TRE de Tocantins.
Espero que tenha gostado. Vemo-nos na próxima aula (01), sobre Orçamento
público (Conceito; Técnicas orçamentárias; Princípios orçamentários; Ciclo
orçamentário; Processo orçamentário). Agora, lembre-se:
 Leia toda a teoria quantas vezes forem possíveis. Não é perda de tempo, mas
investimento. Seja incansável!
 Faça e refaça todos os exercícios para que eles fiquem massificados.
 Procure fazer cada questão sem ver a resposta.
 Se possível, após responder os exercícios e fixar os comentários, tente reler a
teoria, pois isso o ajudará ainda mais na fixação do conteúdo.

Grande abraço.

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Referências Bibliográficas
1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo – 11ª Ed.
Rio de Janeiro: Impetus, 2006.
2. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio
de Janeiro:Lumen Juris, 2005
3. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 24ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
4. DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2006.
5. FAGUNDES, Miguel Seabra. O Controle dos Atos Administrativos pelo
Poder Judiciário. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1957.
6. FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 7ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2004.
7. GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva,
2004.
8. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 8ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2004.
9. MEIRELLES, Hely Lopes. “Direito administrativo brasileiro”. São Paulo:
Editora Malheiros.
10. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 17ª Ed. São
Paulo: Malheiros, 1990.
11. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. “Curso de Direito Administrativo”. São
Paulo: Editora Malheiros, 17ª edição.
12. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São
Paulo: Malheiros, 2005
13. MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Curso Prático de Direito Administrativo. 2ª
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14. NUNES, Jorge Amaury Maia. Segurança jurídica e súmula vinculante. São
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15. PALUDO, Augustinho Vicente. Administração pública. 3ª Ed. Ed. Elsevier,
2013.
16. ZANCANER, Weida. Da Convalidação e da Invalidação dos atos
administrativos.Ed. Malheiros: São Paulo, 1996.
17. BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2000.

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18. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 16ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1991.
19. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
20. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 36ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2010.
21. SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 36ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2013.
22. PETTER, Lafayete Josué. Direito Econômico, 5ª ed. Porto Alegre: Verbo
Jurídico, 2011, p. 106 apud GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econômica na
Constituição de 1988, 3 ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p.122-155.

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