Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nocoes - de - Direito - Administrativo (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ) PDF
Nocoes - de - Direito - Administrativo (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ) PDF
Nocoes - de - Direito - Administrativo (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ) PDF
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SERVIÇO DE TREINAMENTO
Outubro / 2012
1
TRABALHOS DO AUTOR
OBRAS COLETIVAS
01. Estado Brasileiro: Evolução dos Entes Políticos. São Paulo: 03. Licitações e Contratos Administrativos: Apontamentos. Leme:
Verbatim, 2011. JH Mizuno, 2009.
02. Processo Administrativo: Temas Polêmicos da Lei nº 9.784/99. 04. Estudos em Direito e Processo Administrativos. Fortaleza:
São Paulo: Atlas, 2011. Universidade de Fortaleza, 2006.
ARTIGOS EM PERIÓDICOS
01. Prova emprestada no processo disciplinar. Jornal O Estado. 24. Fraude em concursos públicos. Jornal O Estado. Fortaleza, 25
Fortaleza, 27 setembro 2012. Direito & Justiça, p. 02. março 2010. Direito & Justiça, p. 02.
02. Progressão de regime por salto. Jornal O Estado. Fortaleza, 11 25. Efetividade do acesso à informação em processos
setembro 2012. Opinião, p. 02. administrativos. Jornal O Estado. Fortaleza, 22 março 2010.
03. Limitação administrativa não gera indenização. Jornal O Opinião, p. 02.
Estado. Fortaleza, 30 agosto 2012. Direito & Justiça, p. 02. 26. Instituídos os Juizados Especiais da Fazenda Pública. Jornal O
04. Dez anos de vigência do pregão. Jornal O Estado. Fortaleza, 09 Estado. Fortaleza, 25 fevereiro 2010. Direito & Justiça, p. 07.
agosto 2012. Opinião, p. 02. 27. Corte no fornecimento de energia elétrica em Municípios.
05. Consórcios Públicos. Jornal O Estado. Fortaleza, 05 julho 2012. Jornal O Estado. Fortaleza, 14 janeiro 2010. Opinião, p. 02.
Opinião, p. 02. 28. Exames psicológicos em concursos púbicos. Jornal O Estado.
06. O julgamento da ADC 16. Jornal O Estado. Fortaleza, 17 maio Fortaleza, 17 dezembro 2009. Opinião, p. 02.
2012. Opinião, p. 02. 29. Recurso administrativo sem depósito prévio. Jornal O Estado.
07. A responsabilidade na prestação dos serviços públicos. Jornal O Fortaleza, 12 novembro 2009. Opinião, p. 02.
Estado. Fortaleza, 26 abril 2012. Direito & Justiça, p. 02. 30. Período de validade dos concursos públicos. Jornal O Estado.
08. Pilares da reforma do Código Penal. Jornal O Estado. Fortaleza, Fortaleza, 29 outubro 2009. Direito & Justiça, p. 02.
15 março 2012. Opinião, p. 02. 31. Direito à nomeação. Jornal O Povo. Fortaleza, 15 setembro
09. O inquérito policial e a relatividade do sigilo. Jornal O Estado. 2008. Opinião, p. 06.
Fortaleza, 23 fevereiro 2012. Direito & Justiça, p. 02. 32. A nova roupagem da interceptação telefônica. Jornal O Estado.
10. Vagas regionalizadas em concurso público. Jornal O Estado. Fortaleza, 21 fevereiro 2008. Opinião, p. 02.
Fortaleza, 09 fevereiro 2012. Opinião, p. 02. 33. Intolerância religiosa. Jornal O Estado. Fortaleza, 07 fevereiro
11. A improbidade administrativa e o princípio da insignificância. 2008. Opinião, p. 02.
Jornal O Estado. Fortaleza, 26 janeiro 2012. Direito & Justiça, 34. Estabilidade na Administração Pública. Jornal O
p. 02. Estado. Fortaleza, 19 março 2007. Opinião, p. 02.
12. Parecer do Conselho Penitenciário. Jornal O Estado. Fortaleza, 35. Deus e a Constituição. Jornal O Estado. Fortaleza, 17 janeiro
29 dezembro 2011. Direito & Justiça, p. 02. 2007. Opinião, p. 02.
13. Prescrição do crédito tributário. Jornal O Estado. Fortaleza, 09 36. Cessação da atividade encefálica e espécies de morte. Jornal O
agosto 2011. Opinião, p. 02. Estado. Fortaleza, 05 outubro 2006. Opinião, p. 02.
14. O tribunal do júri e seus efeitos administrativos. Jornal O 37. Iniciativa popular. Jornal O Estado. Fortaleza, 26 setembro
Estado. Fortaleza, 26 maio 2011. Direito & Justiça, p. 02. 2006. Opinião, p. 02.
15. Pensões vitalícias. Jornal O Estado. Fortaleza, 31 março 2011. 38. Superprincípios da Administração Pública. Jornal O
Direito & Justiça, p. 02. Estado. Fortaleza, 21 setembro 2006. Opinião, p. 02.
16. Vinte anos de proteção ao consumidor. Jornal O Estado. 39. Funções típicas e atípicas do Estado. Jornal O
Fortaleza, 25 novembro 2010. Direito & Justiça, p. 02. Estado. Fortaleza, 13 setembro 2006. Opinião, p. 02.
17. Dispensa de licitação. Jornal O Estado. Fortaleza, 05 outubro 40. Interceptação de e-mail. Jornal O Estado. Fortaleza, 25 agosto
2010. Opinião, p. 02. 2006. Opinião, p. 02.
18. Vigilância indireta para condenados. Jornal O Estado. 41. Elementos essenciais do Estado. Jornal O Estado. Fortaleza, 15
Fortaleza, 30 setembro 2010. Direito & Justiça, p. 02. agosto 2006. Opinião, p. 02.
19. Dez anos de responsabilidade fiscal. Jornal O Estado. 42. Prova ilícita no processo penal. Jornal O Estado. Fortaleza, 30
Fortaleza, 29 julho 2010. Direito & Justiça, p. 02. junho 2006. Opinião, p. 02.
20. Carteira de motorista para emancipados. Jornal O Estado. 43. Eleições indiretas para Presidente da República. Jornal O
Fortaleza, 08 julho 2010. Opinião, p. 02. Estado. Fortaleza, 23 junho 2006. Opinião, p. 02.
21. A impossibilidade da criação de novos Municípios. Jornal O 44. Comissões parlamentares. Jornal O Estado. Fortaleza, 19 junho
Estado. Fortaleza, 24 junho 2010. Direito & Justiça, p. 02. 2006. Opinião, p. 02.
22. Direito fundamental à alimentação. Jornal O Estado. Fortaleza, 45. Unificação da delação premiada. Jornal O Estado. Fortaleza, 08
14 junho 2010. Opinião, p. 02. junho 2006. Opinião, p. 02.
23. Salas de aula em estabelecimentos criminais. Jornal O Estado. 46. Barreira legislativa. Jornal O Estado. Fortaleza, 22 maio 2006.
Fortaleza, 10 junho 2010. Opinião, p. 02. Opinião, p. 02.
2
PARTICIPAÇÃO DE ENQUETES EM PERIÓDICOS
01. Quais os ganhos que a Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe à administração pública brasileira? Jornal O Povo. Fortaleza, 09 maio 2010.
Opinião, p. 06.
ARTIGOS EM SITES
01. Evolução histórica da inimputabilidade penal: uma abordagem cronológica da loucura na humanidade e seus reflexos na legislação criminal
brasileira até o Código de Piragibe. Jus Navigandi, Teresina, a. 10, n. 1017, 14 abr. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8234>.
3
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico
Xavier - 1900 a 2004)
4
Sumário
Trabalhos do Autor
Epígrafe
1. Conceito
2. Princípios, Normas e Regras
3. Finalidades
4. Organograma dos Princípios da Administração Pública
5. Princípios Constitucionais Básicos (art. 37, caput, CF)
5.1. Princípio da Legalidade
5.2. Princípio da Impessoalidade
5.3. Princípio da Moralidade
5
5.4. Princípio da Publicidade
5.5. Princípio da Eficiência
6. Princípios Constitucionais Explícitos
6.1. Princípio do Devido Processo Legal
6.2. Princípio do Contraditório
6.3. Princípio da Ampla Defesa
6.4. Princípio da Vedação da Prova Ilícita
6.5. Princípio da Presunção de Inocência
6.6. Princípio da Razoável Duração do Processo
6.7. Princípio do Concurso Público
6.8. Princípio da Licitação
6.9. Princípio da Participação Popular
6.10. Princípio da Motivação das Decisões Administrativas
7. Princípios Constitucionais Implícitos
7.1. Princípio da Isonomia
7.2. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
7.3. Princípio do Interesse Público
7.4. Princípio da Hierarquia
7.5. Princípio da Presunção de Legitimidade
7.6. Princípio da Especialidade
7.7. Princípio da Autotutela
8. Princípios Infraconstitucionais Explícitos
9. Princípios Infraconstitucionais Implícitos
9.1. Princípio da Supremacia do Interesse Público
9.2. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público
1. Desconcentração e Descentralização
2. Teoria do Órgão
3. Administração Direta e Indireta
4. Organograma da Administração Pública
5. Autarquias
5.1. Conceito
5.2. Características
6
a) Criadas por lei ordinária específica
b) Personalidade jurídica de direito público
c) Execução de atividades típicas da Administração Pública
d) Especialização dos fins ou atividades
e) Responsabilidade objetiva
5.3. Autarquias como Agências
a) Agências Executivas
b) Agências Reguladoras
5.4. Autarquias como Conselhos Profissionais
6. Fundações
6.1. Conceito
6.2. Modalidades
6.3. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica
b) Personalidade jurídica de direito público ou direito privado
c) Qualificação de Agências Executivas
d) Responsabilidade objetiva
7. Empresas Estatais
7.1. Empresas Públicas
7.1.1. Conceito
7.1.2. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica
b) Personalidade jurídica de direito privado
c) Responsabilidade subjetiva
d) Capital público
e) Organização societária diversa
f) Possibilidade de falência
8. Sociedades de Economia Mista
8.1. Conceito
8.2. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica
b) Personalidade jurídica de direito privado
c) Responsabilidade subjetiva
d) Capital misto
e) Organização societária específica
7
f) Possibilidade de falência
9. Entidades Paraestatais
9.1. Serviços Sociais Autônomos (SSA)
9.2. Organização Social (OS)
9.3. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
V. ATOS ADMINISTRATIVOS
1. Conceito
2. Regime Jurídico dos Atos Administrativos
3. Elementos do Ato Administrativo
3.1. Competência
3.2. Finalidade
3.3. Forma
3.4. Motivo
3.5. Objeto
4. Atributos do Ato Administrativo
5. Extinção do Ato Administrativo
5.1. Exaurimento dos Efeitos
5.2. Revogação
5.3. Anulação
5.4. Cassação
5.5. Caducidade
5.6. Contraposição
8
5.7. Renúncia
1. Conceito
9
2. Mutabilidade do Conceito de Serviço Público
3. Serviço Público x Poder de Polícia
4. Disciplina Legal
5. Princípios
5.1. Princípio da Generalidade
5.2. Princípio da Modicidade das Tarifas
5.3. Princípio do Serviço Adequado
5.4. Princípio da Atualidade
5.5. Princípio da Continuidade do Serviço Público
5.6. Princípio da Cortesia
5.7. Princípio da Eficiência
6. Concessão x Permissão
7. Responsabilidade do Concessionário
8. Serviço Público Especial
10
5. Importância do Processo Administrativo
6. Aplicação Subsidiária da Lei n° 9.784/99
7. Objetivos
8. Princípios
8.1. Princípio da Legalidade
8.2. Princípio da Finalidade
8.3. Princípio da Motivação
8.4. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade
8.5. Princípio da Moralidade
8.6. Princípio da Ampla Defesa e Contraditório
8.7. Princípio da Segurança Jurídica
8.8. Princípio da Eficiência
8.9. Princípio da Pluralidade de Instâncias
8.10. Princípio da Participação Popular
9. Direitos do Administrado
10. Deveres do Administrado
11. Interessados
12. Competência
13. Impedimento e Suspeição
14. Forma
15. Tempo
16. Lugar
17. Comunicação dos Atos
18. Instrução
18.1. Finalidade
18.2. Impulso Oficial
18.3. Vedação da Prova Ilícita
18.4. Instrumentos de Participação Popular
a) Consulta Pública
b) Audiência Pública
18.5. Titularidade Probatória
18.6. Dever de Cooperação Instrutória
18.7. Princípio da Ampla Defesa
18.8. Intimação
18.9. Arquivamento
11
18.10. Provas e Diligências
18.11. Pereceres Obrigatórios
18.12. Laudos Técnicos Obrigatórios
18.13. Alegações Finais Administrativa
18.14. Medidas Cautelares
18.15. Publicidade e Acesso aos Autos
18.16. Relatório
19. Dever de Decidir
20. Motivação
21. Desistência e Renúncia
22. Anulação e Revogação
23. Convalidação
23.1. Requisitos da Convalidação
23.2. Faculdade da Convalidação
24. Recursos
24.1. Princípio da Pluralidade de Instâncias
24.2. Legitimidade
24.3. Prazo
24.4. Formalização
24.5. Efeito
24.6. Prazo das Alegações do Recurso
24.7. Hipóteses de Não Reconhecimento do Recurso
24.8. Decisão do Recurso
24.9. Violação à Súmula Vinculante
24.10. Reclamação ao STF
24.11. Revisão dos Processos Administrativos Já Decididos
24.12. Contagem dos Prazos
25. Sanções
Bibliografia
12
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
O Direito Administrativo surgiu entre o final do século XVIII e início do século XIX,
entre a decadência do Estado Absolutista e a implantação do Estado de Direito. Foi durante o
movimento denominado de Revolução Francesa, período em que se buscava a menor arbitrariedade
estatal e a maior proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos, que apareceram os primeiros
alicerces desta nova ciência jurídica.
A obra central que serviu de inspiração para a consolidação da Revolução Francesa foi o
livro “O Espírito das Leis” (L’Esprit des Lois), publicado em 1748 pelo filósofo francês Charles-
Louis de Secondatt ou Barão de Montesquieu. Em decorrência do movimento, instaurou-se na
França a chamada jurisdição administrativa ou contencioso administrativo, encarregada de julgar as
causas de interesse da Administração Pública, ficando a jurisdição comum com o julgamento dos
demais litígios. Foram as decisões do Conselho de Estado francês, órgão central do contencioso
administrativo, que teriam identificado os primeiros vetores do Direito Administrativo,
influenciando todos os demais países. Logo, foram as lições da ciência jurídica francesa quem mais
contribuiu para a formação do Direito Administrativo mundial, principalmente a brasileira, embora
também haja forte influência do direito alemão.
Diante do contexto histórico, podemos afirmar que o Direito Administrativo surgiu com
um propósito bastante específico e determinado: tentar reequilibrar as prerrogativas do Poder
Público com as garantias dos administrados. Infere-se, ainda, que o Direito Administrativo nasce
atrelado ao Direito Constitucional, pois enquanto ao primeiro cabe executar as tarefas (atividade
dinâmica), ao segundo cabe determinar e planeja os trabalhos (atividade estática).
13
Licitações públicas
Contratos administrativos
Gestão de atividades rotineiras Concurso público
Processo administrativo
Serviços públicos
Desapropriação
Tombamento
Restrição da propriedade Limitações administrativas
Servidões administrativas
Requisição administrativa
Logo, podemos afirmar que há países onde o Direito Administrativo é pouco avançado e
outros países onde é muito evoluído. Quanto mais funções são dadas ao Estado, maiores serão as
atribuições do Direito Administrativo.
Embora o direto seja uno, não podendo ser fatiado, a sua clássica divisão em direito
público e direito privado, proposta pelo jurista romano Ulpianus, ajuda a compreender melhor as
diferentes funções deste ramo da ciência social.
Há duas partes neste estudo: o direito público, que diz respeito ao estado das
coisas de Roma; e o privado, relativo à utilidade os particulares, pois certas
utilidades são públicas e outras, privadas. O direito público consiste (nas
normas relativas) às coisas sagradas, aos sacerdotes e magistrados. O direito
privado é tripartido: é, de fato, coligido de preceitos naturais, ou das gentes,
ou civis. (Ulpianus).
Para fins didáticos, a ciência jurídica comporta uma divisão em direito público e
privado. O direito público, por sua vez, sob uma ótima contemporânea e globalizada, ainda permite
uma subdivisão em direito público externo e direito público interno.
Direito público: regula as relações em que o Estado é parte, ou seja, relações entre
governantes e governados, em uma perspectiva vertical, regendo sua organização, atuando com
supremacia e visando sempre o interesse público. São considerados ramos do direito público as
14
seguintes áreas: constitucional, tributário, penal, processual, econômico, financeiro, ambiental,
urbanístico, eleitoral. Direito privado: regula as relações entre particular e particular, em uma
perspectiva horizontal, atuando com igualdade. São considerados ramos do direito privado as
seguintes áreas: civil, empresarial, trabalho. Direito público interno: aborda as atividades
administrativas tendo em vista os fins interiores do Estado. Direito público externo: regula as
relações entre países diferentes.
É o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública. (PIETRO, Maria Sylvia Zanella
Di. Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2012).
15
Importante ainda ressaltar duas características da ausência de codificação: não guarda
relação direta com o estágio evolutivo da ciência jurídica, ou seja, não significa falta de
amadurecimento científico; não mantém relação direta com a ausência de autonomia da ciência
jurídica, ou seja, o ramo pode ser autônomo sem existir um diploma único.
Embora o ordenamento jurídico pátrio não possua um diploma único tratando sobre
temas ligados ao Direito Administrativo, grande parte dos seus princípios e regras estão previstos na
Constituição Federal, servindo de vetor interpretativo para as legislações extravagantes. No direito
comparado, podemos apontar como um exemplo bem sucedido de codificação nesta área, o Código
Administrativo Português, de 1940, atualmente em vigor na sua essência.
6.1. Estado
a) Conceito de Estado
Podemos conceituar Estado como sendo uma pessoa jurídica de direito público interno,
com personalidade jurídica própria, apta a ser sujeito de direitos e obrigações.
b) Poderes do Estado
Basicamente, três foram os personagens que deram sua contribuição filosófica para a
formação do Estado: Aristóteles (A política, 340 a.C.), John Locke (Segundo tratado sobre o
governo, 1690) e Barão de Montesquieu (O espírito das leis, 1748). Todos focalizavam suas utopias
em um Estado com um Poder organizado de forma descentralizada, com distribuições precípuas de
funções, independentes e harmônicos entre si. Esta moldura estatal encontra-se recepcionada pela
Constituição Federal de 1988 em seu art. 2º, onde menciona a existência dos Poderes do
Legislativo, Executivo e Judiciário.
16
Para compreendermos a estrutura do Estado atual brasileiro mister a análise do art. 2º da
Constituição Federal de 1988, onde mesmo sendo uma das primeiras lições estudadas sobre o
assunto, serve como arcabouço para uma compreensão gradativa e sistêmica sobre o equilíbrio e
organização da nossa sociedade. O texto normativo trata expressamente dos Poderes da União,
todos harmônicos e com graus de independência entre si, trazendo como pano de fundo a teoria ou
sistema norte-americano de freios e contrapesos (checks and balances).
Três são os Poderes Estatais, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, todos com suas
funções principais, típicas, inerentes a sua própria essência, e desfrutando, também, de funções
secundárias, atípicas, eleitas pelo constituinte, aquelas que se afastam do normal (porém, nem por
isso, assumindo um papel de anormalidade). Tais atributos fazem com que tal harmonia seja
realmente alcançada, gerando uma estabilidade entre eles.
Ao Poder Legislativo cabem duas funções precípuas: (i) inovação da ordem jurídica, ou
seja, elaboração de leis lato sensu, abstratas e de ordem geral (art. 59); (ii) fiscalização, que pode
ser de caráter político-administrativo, exercido pelas comissões, por exemplo, Comissão
Parlamentar de Inquérito – CPI e Comissão de Constituição e Justiça – CCJ (art. 58), ou de caráter
econômico-financeiro, auxiliado pelo Tribunal de Contas (art. 70). Pode também julgar e
administrar-se internamente, são suas funções atípicas. A princípio pode parecer estranho o
Legislativo julgando, papel tradicionalmente direcionado ao Judiciário, mas a Carta Constitucional
permite tal situação, é o caso do Senado Federal processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
da República nos crimes de responsabilidade (art. 52, I).
Ao Poder Executivo podemos afirmar que sua função essencial é de aplicar a lei ao
caso concreto, administrando a coisa pública. Desta forma, suas ações são diretas, concretas,
individuais e revisáveis. A função atípica deste Poder se faz também por meio de julgamentos, por
exemplo, os contenciosos administrativos e tributários, e a elaboração normativa, como a
famigerada Medida Provisória em caso de relevância e urgência (art. 62) e a elaboração das Leis
Delegadas (art. 68).
Ao Poder Judiciário cabe por natureza a aplicação da lei ao caso concreto, substituindo
a vontade das partes resolvendo o conflito de interesses com força coercitiva. Assim sendo, seus
atos são indiretos, concretos e individuais. Cabe ainda ao Judiciário, como funções atípicas, sua
própria administração interna (art. 99) e a elaboração normativa, por exemplo, disciplinando a cerca
de seu regimento interno (art. 96, I, “a”).
A vontade estatal, portanto, é manifestada por meio do exercício de seus três Poderes,
todos harmônicos e independentes entre si.
CURIOSIDADE
Para Celso Antônio Bandeira de Mello há ainda uma quarta função estatal, a Função Política do Estado. Tal função
estaria localizada acima dos três Poderes já citados e só teria utilidade para questões importantes, tais como estado de
defesa e estado de sítio.
17
c) Elementos do Estado
Para a existência do Estado inspirado por estes pensadores, faz-se necessário quatro
elementos essenciais sem os quais não podemos deixá-los de lado, pois organizam a espinha dorsal
deste sistema, são o povo, território, poder soberano e objetivos (finalidades definidas). Faltando
um deles, é impossível configurar a existência do mencionado mecanismo social.
Povo
Elementos Território
do Estado Poder Soberano
Objetivos
Poder soberano é o elemento subjetivo. De nada adianta ter um povo, sob um território,
e ser administrado por uma pessoa que não consegue impor suas vontades, que na verdade é a
vontade do Estado. Logo, este força deve ser soberana, superior as demais, delimitadas,
logicamente, pelas normas impostas por ele mesmo.
CURIOSIDADE
Existe uma teoria denominada de teoria da dupla personalidade, onde seus adeptos sustentam que o Estado na
verdade possui duas caras, duas personalidades, uma de direito público e outra de direito privado. Não é a corrente
adotada na sistemática estatal brasileira, pois ela encontra-se totalmente superada. O entendimento atual segue na
direção do Estado possuir somente uma face, a de direito público.
6.2. Governo
É o comando, a gestão, a direção da pessoa jurídica, logo, são as decisões políticas. Essa
vontade estatal é manifestada pelo exercício de seus três Poderes, cada qual com suas atividades
funcionais.
18
6.3. Administração Pública
Subjetivo: órgãos/pessoas
Administração Pública
Objetivo: função/atividade
ATENÇÃO
A administração enquanto aparelho é o instrumento de que dispõe o Estado para por em prática as decisões do
governo. Enquanto o governo constitui uma atividade política discricionária, a administração constitui atividade
vinculada.
São várias as fontes do Direito Administrativo, todas elas dando sua contribuição em
especial para a construção desta ramificação da ciência jurídica. Diante da ausência de uma
codificação específica, as fontes no Direito Administrativo possuem uma importância muito grande,
servindo de paradigma para interpretação e solução dos problemas envolvidos.
As fontes podem ser: (i) primárias – são as principais, onde nasce o direito, bebedouro
imediato de fundamento da norma; (ii) secundárias – são as acessórias, funcionando de auxílio com
relação às primárias, estando subordinadas àquelas.
▪ Lei: a fonte primária do Direito Administrativo consiste nas leis em sentido amplo (lato sensu), ou
seja, qualquer das espécies normativas previstas no art. 59 da Constituição Federal de 1988.
▪ Jurisprudência: são os julgamentos reiterados dos nossos tribunais na mesma direção, no mesmo
sentido, servindo apenas como uma orientação decisória. Tanto a jurisprudência quanto as súmulas
editadas pelos tribunais superiores são consideradas apenas como fontes secundárias. Porém, com o
advento da Emenda Constitucional nº 45/04, foi inserido no art. 103-A da CF/88 a súmula com
efeitos vinculantes. Devido à sua força cogente para agentes, órgãos e entidades administrativas, a
doutrina mais abalizada vem entendendo tratar-se de uma nova fonte primária diante do
ordenamento jurídico pátrio.
▪ Doutrina: é o resultado dos trabalhos dos estudiosos da ciência jurídica, retratados em livros,
artigos, pareceres, dentre outros.
▪ Princípios Gerais do Direito: são as balizas, os alicerces do ordenamento jurídico; podem ser
expressos ou implícitos.
9. Sistemas Administrativos
Sistema do
Contencioso Sistema da
Administrativo Jurisdição Una 20
9.1. Sistema do Contencioso Administrativo
CURIOSIDADE
A Emenda Constitucional nº 7 de 1977, referente à Constituição Federal de 1967, tentou introduzir o contencioso
administrativo no Brasil, mas foi inoperante, não saiu do papel.
Neste sistema, a última palavra é sempre do Poder Judiciário, somente ele decide com
trânsito em julgado, tornando irreversível o entendimento exposto na sentença, sendo o único
detentor da denominada função jurisdicional. Mesmo assim, ainda é possível falar em coisa julgada
administrativa, para aquelas situações onde não cabe mais recurso na seara administrativa, podendo,
todavia, sempre recorrer às vias jurisdicionais para ter reapreciado a causa.
21
É o sistema adotado no Brasil.
CURIOSIDADE
Seria juridicamente possível implementar o sistema do contencioso administrativo em nosso ordenamento jurídico
pátrio? A resposta é negativa. O art. 60, § 4º da CF/88 prevê como uma de suas cláusulas pétreas a separação de
poderes. Como a Carta de 88 foi edificada sob o pilar do sistema da jurisdição una, inserindo expressamente como um
de seus princípios fundamentais a inafastabilidade do poder judiciário, entende-se majoritariamente que é impossível a
troca de sistemas administrativos. A previsão do sistema inglês teria um caráter permanente e inafastável, proibindo em
definitivo a adoção do contencioso administrativo.
22
CAPÍTULO II
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Conceito
Na visão da doutrina moderna, as normas jurídicas são gênero, das quais princípios e
regras são espécies.
Princípios Regras
alto grau de abstração pouco grau de abstração
pouca densidade normativa alta densidade normativa
precisa de norma concretizadora aplicação direta
em caso de conflito: critério do peso em caso de conflito: critério da validade
3. Finalidade
A função integrativa está vinculada à ideia de lacuna de regra específica para a solução
de determinado caso em concreto. Aqui podemos apontar o art. 4º da Lei nº 12.376/10 (Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB), afirmando que na omissão da lei, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Princípio da Legalidade
Princípios Princípio da Impessoalidade
Constitucionais Princípio da Moralidade
Básicos Princípio da Publicidade
Princípio da Eficiência
CF/88
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
▪ OBS.2. Não se deve confundir o princípio da legalidade com o princípio da reserva de lei.
Finalidade
Impessoalidade Imputação
Isonomia
CF/88
Art. 37. (...)
§ 1°. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Sob a ótica da imputação, o ato praticado é atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não ao
agente público (pessoa física). Desta forma, a responsabilidade civil recairá sob a entidade no qual o
agente público emprega sua força de trabalho. Porém, o direito de regresso oferece a possibilidade
de a pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano.
CF/88
Art. 37. (...)
§ 6°. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes,
nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.
25
É a atuação administrativa baseada na boa fé, em consonância com a moral, os
princípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons costumes, a honestidade e os deveres
de boa administração.
O princípio da moralidade não se refere a moral comum, mas aquela moral tirada da
conduta interna da Administração Pública. A moralidade comum é o certo e o errado, o correto e o
incorreto, é o senso comum; já a moralidade administrativa é mais rigorosa, é a boa-fé da
administração, é a melhor escolha possível, é uma administração eficiente. Logo, a moral
relacionada ao princípio não é a moral subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros princípios da
própria Administração como também aos princípios gerais do direito.
CF/88
Art. 37. (...)
§ 4°. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Lei n° 8.429/92
Art. 4°. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a
velar pela estrita observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhes são afetos.
O controle jurisdicional dos atos que violem a moralidade administrativa também pode
ocorrer via promoção da ação popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou contrário à
moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65).
CF/88
Art. 5°. (...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
Vale lembrar que o princípio da moralidade rege o comportamento não só dos agentes
públicos, mas de todos aqueles que de qualquer forma se relacionam com a Administração Pública.
Desta forma, os particulares também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também
responder por ato que violem tal preceito.
CF/88
Art. 5°. (...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
CF/88
Art. 5°. (...)
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
Embora a publicidade seja a regra, existem algumas informações que, mesmo possuindo
um caráter coletivo, não podem ser prestadas à população em geral. Tais situações podem ser
consideradas como verdadeiras exceções ao princípio da publicidade, permitindo a manutenção do
sigilo. São alguns exemplos: em nome da segurança da sociedade e do estado, poderá ser negada a
publicidade (art. 5º, XXXIII, CF); atos processuais correm em sigilo na forma da lei, logo, o
processo administrativo também pode ser sigiloso (art. 5º, LX, CF).
Lei n° 12.527/11
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso
27
II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de
2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras
providências.
Sob a ótica do agente público, significa afirmar que deve buscar a consecução do
melhor resultado possível.
CF/88
Art. 5° (...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
28
Contraditório é a ciência, é a bilateralidade, é o conhecimento de todos os atos
praticados no processo administrativo. Deve ser dada a possibilidade das partes influírem no
convencimento do magistrado (binômio: ciência e participação).
Para toda alegação fática ou apresentação de prova, feito no processo por uma das
partes, gera para o adversário o direito de se manifestar, ocasionando um equilíbrio entre a força
imperativa do Estado e a manutenção do estado de inocência.
CF/88
Art. 5° (...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Lei n° 9.784/99
Art. 2° A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
Ampla defesa é dar a chance, a oportunidade para a outra parte envolvida no litígio se
defender das alegações realizadas. Deve ser assegurada a ampla possibilidade de defesa, lançando-
se mão dos meios e recursos disponíveis.
CF/88
Art. 5° (...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Lei n° 9.784/99
Art. 2° A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
A doutrina mais abalizada costuma fazer uma divisão didática do assunto: determina a
ampla defesa como o gênero, e nomeia a defesa técnica e autotutela como espécies.
▪ OBS. Com relação à temática da ampla defesa há um choque de entendimento sumular entre os
dois principais tribunais superiores do país. A Súmula 343 do STJ menciona que “é obrigatória a
presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”. Por sua vez, a
Súmula Vinculante 5 do STF nos ensina que “a falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. Muito embora a súmula com efeitos
vinculantes tenha força cogente nos termos do art. 103-A da CF e parcela significativa da doutrina
administrativista se incline neste sentido, entendo que pela obrigatoriedade da presença do
29
advogado em processos administrativos disciplinares. Em artigo intitulado “Sumula vinculante nº 5
do Supremo Tribunal Federal e o sistema processual administrativo punitivo”, publicado no livro
“Processo Administrativo: Temas Polêmicos da Lei nº 9.784/99”, pela Editora Atlas, apresento um
estudo detalhado sobre o caso, concluindo que a decisão tomada pela Corte Suprema teve mais um
fundo político do que jurídico.
Lei nº 9.784/99
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por
meios ilícitos.
▪ OBS. No julgamento do MS 14405/DF, o STJ entendeu que apesar dos sigilos de correspondência
e dados telefônicos só poderem ser quebrados nos casos de investigação criminal ou instrução de
processos penais, tais provas podem ser emprestadas para Processo Administrativo Disciplinar
(PAD).
CF/88
Art. 5° (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
CF/88
Art. 5° (...)
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.
▪ OBS: O preceito já fazia parte do ordenamento jurídico pátrio (Convenção Americana sobre
Direitos Humanos / Pacto São José da Costa Rica, Decreto n° 678/92).
31
O princípio do concurso público tem por escopo preservar a moralidade pública, pois
através do sistema de mérito, com critérios objetivos e técnicos, seleciona aqueles candidatos mais
preparados para melhor desempenhar a função administrativa.
CF/88
Art. 37. (...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;
▪ OBS: Todas as características que cercam o instituto do concurso público serão aprofundadas na
Unidade 6 - Agentes Públicos.
CF/88
Art. 37. (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
Lei nº 8.666/93
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
CF/88
Art. 37. (...)
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração
pública direta e indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral,
asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a
32
avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre
atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de
cargo, emprego ou função na administração pública.
Também é possível encontrar esse diálogo entre governantes e governados através das
chamadas audiências públicas ou consultas públicas.
Lei nº 9.784/99
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o
órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de
consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido,
se não houver prejuízo para a parte interessada.
Lei nº 10.257/01
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico
da política de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade;
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados,
entre outros, os seguintes instrumentos:
(...)
II – debates, audiências e consultas públicas;
CF/88
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal,
disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...)
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
33
membros;
Lei n° 9.784/99
Art. 2° A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão;
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
▪ OBS.1. Não devemos confundir motivação com fundamentação: enquanto a primeira consiste na
exposição dos pressupostos de fato e de direito utilizados pelo administrado, a segunda consiste na
mera indicação da norma legal que embasou a decisão.
▪ OBS.2. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo que determina a prática do ato
administrativo fica umbilicalmente atrelado ao próprio ato. A teoria existe para que o Poder
Judiciário possa exercer um controle efetivo sobre os limites legais da discricionariedade
administrativa. Desta forma, para aqueles que não concordam com a prática do ato, se conseguir
demostrar que o ato possui motivo falso, ou possui motivo inexistente, ou que o motivo é
juridicamente inadequado para a produção do ato, é possível anular todo o ato.
Além dos princípios explícitos, ao longo do texto constitucional também podem ser
encontrados diversos princípios implícitos da Administração Pública, ajudando, igualmente, na boa
condução do interesse público.
Princípio da Isonomia
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
Princípios Princípio do Interesse Público
Constitucionais Princípio da Hierarquia
Implícitos Princípio da Presunção de Legitimidade
Princípio da Especialidade
Princípio da Autotutela
O princípio da isonomia encontra seu fundamento geral no art. 5º, caput da Constituição
Federal de 1988. Na esfera administrativa, significa afirmar a existência de um dever geral de
prestar tratamento uniforme para todos aqueles que se encontrem em uma situação de igualdade e
equivalência. Podemos encontrar a incidência do princípio da isonomia servindo de fundamento
valorativo para diversos institutos administrativos, tais como o concurso público e a licitação
34
pública.
CF/88
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
No que tange a temática dos concursos públicos existem diversos verbetes publicados
onde são firmados os entendimentos já pacificados dos tribunais superiores trazendo como pano de
fundo o princípio da isonomia.
▪ OBS.1. A idade mínima em concurso público é possível, devendo ser compatível com o exercício
do cargo ofertado. Todavia, a idade máxima não é bem vista por grande parcela dos
administrativistas, sendo muito criticado. Atualmente se entende que não é o edital dos concursos
públicos quem devem trazer as exigências de idade, altura, peso, mas sim as leis dos respectivos
cargos. Caso determinadas exigências não venham expressas no edital, não podem ser cobradas
durante a realização do certame, sendo passível de controle jurisdicional.
A principal finalidade da lei é a satisfação do interesse público. Cada norma tem por
escopo a satisfação de um determinado interesse público. Podemos conceituar interesse público
como sendo aquele resultante do conjunto de interesses dos indivíduos que compõe determinada
sociedade.
A doutrina mais abalizada e jurisprudência dos tribunais superiores costuma fazer uma
distinção entre interesse público primário e interesse público secundário. Enquanto o primeiro
representa o interesse da coletividade, o segundo reproduz o interesse da pessoa jurídica. O ideal é
que os interesses primários e secundários coincidam, andem sempre juntos, fazendo com que as
pretensões da população sejam de fato materializadas pelo gestor público.
▪ OBS. Tal presunção possui natureza relativa (iuris tantum), sendo considerados válidos até prova
em contrário, cabendo ao particular o ônus do questionamento sobre a ilegalidade.
36
7.6. Princípio da Especialidade
CF/88
Art. 37. (...)
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;
Porém, entende-se que não se trata de uma simples faculdade, mas de uma obrigação,
tendo em vista ao interesse público em análise. Desta forma, o princípio da autotutela contém, na
verdade, um poder-dever de verificar e rever seus próprios atos.
Lei n° 8.429/92
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a
37
velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
Lei n° 8.666/93
Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Lei n° 8.987/95
Art. 6° (...)
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
prestação e modicidade das tarifas.
Lei n° 9.784/99
Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
OBS.1. Para o administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello os postulados em estudos podem
ser denominados de superprincípios ou supraprincípios.
OBS.2. Vale lembrar que os princípios alhures tutelam apenas a supremacia e a indisponibilidade do
interesse da coletividade (interesse público primário) e não o interesse dos administradores
(interesse público secundário).
OBS.3. Ambos os princípios possuem conotação relativa (juris tantum), e não absolutas (juris et de
jure). Desta forma, não existe supremacia absoluta do interesse público sobre o privado, nem
indisponibilidade absoluta do interesse público. Exemplos: art. 10, parágrafo único, Lei nº
10.259/01 (Juizados Especiais Federais); art. 23-A, Lei n° 8.987/95 (Concessão de Serviços
Públicos).
39
CAPÍTULO III
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Desconcentração e Descentralização
Desconcentração Descentralização
2. Teoria do Órgão
Várias construções teóricas foram edificadas para tentar explicar como se atribui às
pessoas jurídicas de direito público os atos de pessoas físicas que agissem em seu nome. As
principais foram a teoria do mandato, a teoria da representação e a teoria do órgão.
A teoria do mandato foi a primeira formulação a surgir. Segundo esta teoria os agentes
públicos seriam verdadeiros mandatários e legítimos delegados dos poderes do Estado, podendo
agir em nome e interesse deste, conforme suas próprias convicções. Essa teoria, inspirada no direito
privado, restou prejudicada tendo em vista a ausência de vontade própria do Estado, não podendo
outorgar mandato.
40
em face da equiparação do ente estatal a um incapaz, pois não sendo o incapaz legítimo detentor de
capacidade plena, não poderia outorgar validamente sua própria representação.
A teoria do órgão, cuja elaboração é atribuída ao jurista alemão Otto Friedrich Gierke,
defende a tese de que a manifestação de vontade das pessoas jurídicas ocorre através de seus
órgãos, que, por sua vez, são titularizados pelos agentes públicos. Os órgãos públicos são centros
abstratos e hierarquizados de competências do Estado, instituídos para o desempenho de funções
estatais, através de seus agentes. Desta forma, de acordo com o princípio da imputação volitiva, a
vontade do agente público é imputada ao órgão. Porém, como o órgão não tem personalidade
jurídica própria, a imputação é atribuída não ao agente público (pessoa física), mas ao próprio ente
estatal (pessoa jurídica) ao qual aquele órgão se encontra integrado.
1° Setor: Estado
2° Setor: Mercado
41
▪ OBS. Pegando emprestada uma classificação das ciências econômicas, podemos afirmar que o
primeiro setor é representado pelas atividades governamentais (Estado), o segundo setor é
representado pelas atividades econômicas e empresariais (Mercado), e o terceiro setor é
representado pelas pessoas jurídicas de direito privado que exercem atividade de interesse público
(Entidades Paraestatais).
Com base nos elementos que compõe a Administração Pública é possível esquematizar
um organograma a fim de melhor visualizar a estrutura contemporânea estatal.
ESTADO
Entidades Paraestatais
5. Autarquias
5.1. Conceito
Decreto-lei nº 200/67
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
42
gestão administrativa e financeira descentralizada.
CF/88
Art. 37. (...)
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;
5.2. Características
a) Criadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado para a instituição das autarquias
no mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que as
autarquias deverão ser criadas pela aludida espécie normativa.
▪ OBS. Importante ressaltar que a lei ordinária instituidora precisa ser específica, ou seja, tratar
exclusivamente dos parâmetros atinentes à criação da autarquia, não devendo abordar assuntos
estranhos a essa matéria.
d) Especialização dos fins ou atividades: as autarquias são criadas exclusivamente para exercer os
fins expressamente previstos em lei, sendo-lhes vedado desempenhar atividades diversas daquelas
para as quais foram instituídas.
▪ OBS.3. As autarquias possuem imunidade tributária no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços vinculados a suas finalidades essenciais e às dela decorrentes (art. 150, § 2º, CF).
Executivas
Agências
Reguladoras
44
a) Agências Executivas
É uma qualificação jurídica concedida para aquelas autarquias que celebrarem contrato
de gestão com a Administração Pública Direta a fim de melhorar a eficiência e reduzir custos (art.
37, § 8°, CF/88). O escopo desta qualificação, atribuída por decreto específico, é a busca de uma
maior autonomia gerencial, operacional ou orçamentária. A atribuição da qualidade de agência
executiva atinge as autarquias já existentes, não implicando na instituição de uma nova entidade,
nem abrange qualquer alteração nas relações de trabalho dos funcionários das instituições
beneficiadas. A grande maioria das agências executivas se encontra na seara da Administração
Pública federal.
▪ OBS.1. Segundo a Lei nº 9.649/98, duas são as condições são necessárias para uma autarquia ser
qualificada como agência executiva: (i) estar passando ou já ter concluído um processo de
reestruturação estratégica, (ii) celebrar um contrato de gestão com o poder público. O contrato de
gestão, que possui prazo determinado, tem por fundamento atingir metas mais ambiciosas do que o
normal.
▪ OBS.4. O art. 24, Parágrafo Único, da Lei nº 8.666/93, estabelece um benefício maior de limites
para dispensa de licitação para autarquias e fundações qualificadas como agências executivas.
b) Agências Reguladoras
São autarquias qualificadas com regime especial definido em lei, responsáveis pela
regulação e fiscalização de assuntos atinentes às respectivas esferas de atuação.
Exemplos: Lei n° 9.472/96 (ANATEL), Lei nº 9.478/99 (ANP), Lei n° 9.984/00 (ANA), Lei nº
9.782/99 (ANVISA), Lei n° 9.961/00 (ANS), Lei nº 10.233/01 (ANTT/ANTAQ), Lei nº 11.182/05
(ANCINE), etc.
▪ OBS.1. As agências reguladoras possuem função normativa, tendo atribuições de fixar regras para
prestação dos serviços, celebrar contratos, controlar a aplicação das sanções, rescindir ou alterar
unilateralmente o contrato, etc.
▪ OBS.2. Embora a grande maioria das delegações normativas seja feita através da própria lei
instituidora da agência reguladora, em dois casos a delegação ocorreu pelo próprio texto
constitucional (art. 21, XI, CF/88 - ANATEL; art. 177, § 2º, CF/88 - ANP).
▪ OBS.2. ADI 3.026/DF - STF: Este julgamento rotulou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
como uma espécie de autarquia especial. O que a difere dos demais conselhos profissionais é que
além das finalidades corporativas, possui indispensável participação na administração da justiça
(art. 133, CF).
6. Fundações
6.1. Conceito
▪ OBS. Há divergência na doutrina quanto à natureza jurídica das fundações. Há autores afirmando
que a fundação não poderia se trajar de caráter público, pois sua existência no mundo jurídico
estaria restrita apenas à seara privada. Porém, a grande maioria da doutrina admite a possibilidade
da subsistência das fundações tanto na esfera privada quanto na seara pública.
6.2. Modalidades
46
de direito privado
(fundações privadas)
de direito público
Fundação (autarquia fundacional)
de direito público
(fundações públicas, estatais ou
governamentais)
de direito privado
ATENÇÃO
Após o estudo dicotômico das fundações, a leitura do art. 37, XIX da CF/88 deve ser feita da seguinte forma: “somente
por lei específica poderá ser criada autarquia (e a fundação estatal de direito público) e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação (estatal de direito privado), cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.
6.3. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado para a instituição das
fundações no mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção de que
as fundações deverão ser autorizadas pela aludida espécie normativa.
▪ OBS.1. Importante ressaltar que a lei ordinária instituidora precisa ser específica, ou seja, tratar
exclusivamente dos parâmetros atinentes à autorização da fundação, não devendo abordar assuntos
estranhos a essa matéria.
▪ OBS.2. Diante da dicotomia das fundações estatais, podemos concluir que apenas as fundações de
direito privado serão autorizadas por lei, já as fundações autárquicas serão na verdade criadas por
lei, procedimento assemelhado às autarquias.
▪ OBS.3. No final do art. 37, XIX da CF/88 ainda há a exigência de que compete apenas à lei
complementar definir as áreas de atuação das fundações, pois a expressão “neste último caso” deve
ser entendida apenas com relação às fundações. Deve-se ter atenção, também de que a lei
complementar deverá definir o alcance apenas das fundações estatais de direito privado, já o objeto
das fundações autárquicas deverá ser definido por lei ordinária.
47
▪ OBS.4. A ausência de lei complementar não impede a instituição das fundações estatais de direito
privado para o desempenho de atividades socialmente relevantes, devendo o dispositivo
constitucional ser interpretado com uma norma de eficácia contida.
▪ OBS. Embora o art. 5º, II do Decreto-Lei nº 200/67 tenha afirmado que a fundação pública é
entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, a maioria da doutrina entende que tal
dispositivo não foi recepcionado pela CF/88.
ATENÇÃO
Alguns administrativistas como Alexandre Mazza, diante da semelhança entre os entes desconcentrados da autarquia e
fundação estatal, chegam a afirmar em suas obras que as fundações públicas seriam espécies de autarquias. Muito
cuidado! Esse posicionamento reflete o entendimento do autor paulista, seguindo as lições de Celso Antônio Bandeira
de Mello, de que as fundações públicas seriam revestidas apenas de personalidade jurídica de direito público.
7. Empresas Estatais
Por empresa estatal podemos entender toda sociedade, civil ou comercial, da qual o
Estado tenha o controle acionário. São pessoas jurídicas de direito privado, criadas por lei ordinária
específica para desempenhar atividade econômica em sentido estrito ou prestar serviços públicos. O
conceito abrange a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras empresas que tenham
necessariamente tal natureza.
48
Empresas Públicas
Empresas Estatais
ATENÇÃO
Poderia surgir uma indagação a respeito da autarquia como exploradora de atividade econômica. Tal situação não é
admitida por dois motivos: (1º) entendem boa parte da doutrina que há uma vedação implícita no art. 173, § 1º da
CF/88, quanto a participação da autarquia, pois o dispositivo normativo só fez referência a Empresa Pública e a
Sociedade de Economia Mista; (2º) pela própria natureza jurídica da autarquia, visto que ela só assume funções típicas
do Estado, e a função de exploração econômica não faz parte da essência do mesmo. A autarquia, portanto, só atua na
prestação de serviço público.
▪ OBS.2. Pelo corpo do art. 173 da CF e principalmente pela própria essência da atividade, conclui-
se que a exploração da economia não é função precípua do Estado, tal atividade é dada
preferencialmente ao particular. A regra é a prestação de serviço público, sendo, portanto, a busca
pela atividade mercantil uma exceção. Daí não falarmos em delegação de atividade econômica do
Estado para o particular, pois já é da sua natureza tal atividade, o estranho aqui é o Estado.
CF/88
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1°. A lei estabelecerá o estatuto da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre:
7.1.1. Conceito
49
São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei ordinária específica, para a
prestação de serviços público ou exploração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito
de Empresa Pública devidamente positivada no art. 5º, II do Decreto-Lei n° 200/67.
Decreto-Lei nº 200/67
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
(...)
II - Emprêsa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei
para a exploração de atividade econômica que o Govêrno seja levado a
exercer por fôrça de contingência ou de conveniência administrativa podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 900, de 1969)
7.1.2. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado para a instituição das
empresas públicas no mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz ainda a menção
de que as empresas públicas deverão ser autorizadas pela aludida espécie normativa.
▪ OBS. Importante ressaltar que a lei ordinária instituidora precisa ser específica, ou seja, tratar
exclusivamente dos parâmetros atinentes à autorização da empresa pública, não devendo abordar
assuntos estranhos a essa matéria.
▪ OBS. Com competência em todo o Estado do Ceará, tal registro se dá na Junta Comercial do
Estado do Ceará (JUCEC), uma autarquia do Governo Estadual, localizado na Rua 25 de Março,
300, Centro, Fortaleza/CE, com Escritórios Regionais instalados em Sobral, Iguatu, Juazeiro do
Norte, Crato, Russas, Tianguá e Crateús.
▪ OBS. Poder-se-ia questionar sobre a possibilidade de ingresso de ação regressiva por partes destes
50
entes aos seus agentes públicos causadores do prejuízo a terceiros, já que tal responsabilidade
subjetiva se aplica devido a omissão do texto da Lei Maior. Pelo texto do art. 37, § 5º da CF/88 tal
ação regressiva é imprescritível, sempre poderá ser cobrada pelo Estado.
CF/88
Art. 37. (...)
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento.
e) Organização societária diversa: a Empresa Pública pode ser organizada sob qualquer das
formas de sociedade já existentes em direito, podendo ainda no âmbito federal ser criada uma nova
forma, o que não ocorre na esfera estadual. A parte final do art. 5°, II do Decreto-lei nº 200/67 trás
expressamente tal permissivo extensivo.
f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de empresas estatais é por meio de lei.
Entende-se, contudo, que as Empresas Públicas exploradoras de atividade econômica são passíveis
de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional de término de suas atividades. Podendo ainda
seu patrimônio – bens e rendas – ser arrecadado para pagamento dos credores, penhoráveis e
executáveis, portanto, não respondendo o Estado em caráter subsidiário. Não se aplicando o
disposto no art. 242 da Lei das Sociedades Anônimas, onde afirma justamente o contrário.
8.1. Conceito
São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei ordinária específica, para a
prestação de serviços público ou exploração de atividade econômica. Podemos encontrar o conceito
de Sociedade de Economia Mista devidamente positivada no art. 5º, III do Decreto-Lei n° 200/67.
Decreto-Lei nº 200/67
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
(...)
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração
Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
8.2. Características
a) Autorizadas por lei ordinária específica: o instrumento adequado para a instituição das
sociedades de economia mista no mundo jurídico é a lei ordinária; o art. 37, XIX da CF/88 faz
ainda a menção de que as sociedades de economia mista deverão ser autorizadas pela aludida
espécie normativa.
▪ OBS. Importante ressaltar que a lei ordinária instituidora precisa ser específica, ou seja, tratar
exclusivamente dos parâmetros atinentes à autorização das sociedades de economia mista, não
devendo abordar assuntos estranhos a essa matéria.
d) Capital misto: para as sociedades de economia mista o patrimônio é híbrido, de natureza pública
e privada, o que não poderia ser diferente, pois o termo “economia mista” já deixa bastante
sugestivo a intenção do legislador. Esta reunião de recursos ocorre devido ao fato de que nem
sempre o Estado conterá recursos suficientes para investir em determinada atividade, daí a
colaboração entre a esfera pública e a privada. Todavia, deverá sempre o capital público ter o
controle majoritário, mais da metade das ações com direito a voto, pois cabe a este definir o objeto a
ser cumprido. Se não tivesse tal maioria, impossível seria ter o controle da sociedade, podendo o
destino da empresa ser alterado.
▪ OBS.1. Interessante lembrar, também, que assim como o capital da Empresa Pública pode ser de
várias entidades, o patrimônio público da Sociedade de Economia Mista também pode ser fruto da
associação de entidades diferentes, desde que públicos, por exemplo, a parte do capital público
pertencente a uma Sociedade de Economia Mista se dá a partir resultado da União e Município.
▪ OBS.2. Importante observação fez Hely Lopes Meirelles ao questionar se tal participação do
particular deveria ser necessariamente na esfera financeira. Para o saudoso magistrado, tal
entendimento não deve ser entendido restritivamente, podendo a contribuição privada se fazer
também no campo técnico, administrativo, científico ou cultural.
52
e) Organização societária específica: na Sociedade de Economia Mista somente é admitida uma
forma de composição societária, a sociedade anônima (S/A). O art. 5°, II do Decreto-lei nº 200/67
trás expressamente tal exigência.
▪ OBS. Todavia, lembremo-nos que tal Decreto-Lei regulamenta somente as empresas estatais
federais, não existindo necessariamente as mesmas exigências para as estaduais, distritais e
municipais. Conclui-se: na falta de lei local tratando do assunto, querendo um ente estatal criar uma
Sociedade de Economia Mista, poderá ser feita sob qualquer forma societária, não precisando ser
somente revestida de sociedade anônima.
f) Possibilidade de falência: a via normal para a extinção de empresas estatais é por meio de lei.
Entende-se, contudo, que as Sociedades de Economia Mista exploradoras de atividade econômica
são passíveis de sofrerem falência, sendo uma forma excepcional de término de tais empresas.
Podendo ainda seu patrimônio – bens e rendas – ser arrecadado para pagamento dos credores,
penhoráveis e executáveis, portanto, não respondendo o Estado em caráter subsidiário. Não se
aplicando o disposto no art. 242 da Lei das Sociedades Anônimas, onde afirma justamente o
contrário.
Exemplos: Banco do Brasil S/A (BB), Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), etc.
QUADRO COMPARATIVO
9. Entidades Paraestatais
53
Serviços Sociais Autônomos (SSA)
Entidades Organização Social (OS)
Paraestatais Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, criadas mediante
autorização legislativa, com a finalidade de prestar assistência a certas categorias sociais ou grupo
de profissionais, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou contribuições parafiscais.
Colaboram com o Estado, desempenhando atividades às quais o Poder Público dispensa proteção
especial, colocando ao seu serviço manifestações de seu poder de império.
▪ OBS.1. Alguns serviços sociais foram recentemente criados sem observar a tradicional
nomenclatura do “Sistema S”. Podemos citar, como exemplo, a Lei n° 10.668/03 responsável pela
criação da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX-BRASIL) e a Lei nº 11.080/04
responsável pela criação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Alguns
renomados administrativistas, como José dos Santos Carvalho Filho, em posição minoritária,
entendem que tais entidades sociais possuem uma natureza jurídica de autarquias, sob a forma de
agências executivas. O posicionamento tem por fundamento algumas características especiais destes
recém-criados serviços sociais em comparação com as tradicionais, tais como a nomeação do
presidente diretamente pelo Presidente da República, a celebração do contrato de gestão, dentre
outros.
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que recebem uma
qualificação especial outorgada pelo governo federal tendo em vista o desempenho de atividades de
interesse público, tais como o ensino, a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico, a
proteção e preservação do meio ambiente, a cultura e a saúde.
54
oportunidade da Administração Pública (art. 2º). Infere-se que as partes habilitadas à obtenção da
qualificação possuirão apenas expectativa de direito, nunca direito adquirido.
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que recebem uma
qualificação especial outorgada pelo governo federal tendo em vista o desempenho de atividades de
interesse público, não exclusivos do Estado com incentivo e fiscalização pelo Poder Público.
55
CAPÍTULO IV
PODERES ADMINISTRATIVOS
Poder Vinculado
Poder Discricionário
Poderes Poder Hierárquico
Administrativos Poder Disciplinar
Poder Regulamentar
Poder de Polícia
2. Poder Vinculado
3. Poder Discricionário
O Poder Judiciário, exercendo o controle externo dos atos administrativos, não poderá
adentrar na seara da discricionariedade administrativa, limitando-se ao campo legal.
4. Poder Hierárquico
Decorrências da Hierarquia
Poder de ordenar atividades, poder de controlar e fiscalizar, poder de rever as decisões inferiores, poder de
anular os atos ilegais, poder de revogar os atos, inconvenientes e inoportunos, poder de punir, poder de
avocar atribuições, poder de delegar atribuições.
56
ATENÇÃO: O Poder Hierárquico, sob a ótica de coordenação e subordinação de atividades, é um
poder exclusivo da função administrativa, não se admitindo a sua incidência no âmbito legislativo
ou jurisdicional.
5. Poder Disciplinar
6. Poder Normativo
É o poder em função do qual a Administração Pública edita atos com efeitos gerais e
abstratos. O Poder Regulamentar é o que cabe aos Chefes do Poder Executivo, com a finalidade de
expedir normas gerais complementares à lei.
CF/88
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos
e regulamentos para sua fiel execução;
Regra geral, os decretos não podem inovar na ordem jurídica, devendo se limitar a regulamentar o
disposta na legislação, nos limites nela determinados.
Todavia, com o advento da EC 32/01, passou a existir a possibilidade do Chefe do Executivo editar
regulamentos autônomos e independentes, podendo inovar na ordem jurídica.
CF/88
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
7. Poder de Polícia
7.1. Conceito
57
Consiste na atividade do Estado de condicionar e restringir o exercício de direitos
individuais, tais como a propriedade e a liberdade, em benefício do interesse público.
CTN
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Discricionariedade: É a escolha do melhor momento para agir, o meio de sua atuação e a sanção
mais se enquadra na situação concreta.
58
CAPÍTULO V
ATOS ADMINISTRATIVOS
1. Conceito
O Estado é regido por normas especiais, diferentemente das normas que regem a vida
dos particulares em geral. Tais normas oferecem ao Estado poderes especiais, de direito público,
pois o Poder Público não se relaciona com as pessoas em patamar de igualdade, o Estado age em
nome da coletividade, em nome da sociedade, logo, o Estado está investido em Poderes da
sociedade. Por isso que tais atos são poderosos.
Quem concede ao Estado tais poderes é o próprio regime jurídico, ou seja, as regras do
direito, as normas do direito que se aplica ao caso concreto.
Competência
Elementos do Finalidade
Ato Administrativo Forma
Motivo
Objeto
3.1. Competência
3.2. Finalidade
É o objetivo final que a Administração Pública quer alcançar com a prática do ato
administrativo. Podemos visualizar a existência de duas espécies de finalidade: a lato sensu e a
stricto sensu.
3.3. Forma
Em regra os atos administrativos são produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e
o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável (art. 22, § 1°, Lei n° 9.784/99).
Todavia, admite-se a edição tanto de atos verbais, como também através de símbolos, gestos ou
sinais.
3.4. Motivo
Ex.
60
3.5. Objeto
Ex.
ATENÇÃO
Todo ato administrativo é dotado de atributos que lhe são peculiares, os distinguindo
dos atos de direito privado.
Presunção de Legitimidade
É a presunção de que os atos praticados pela Administração Pública são validos diante do Direito
tendo em vista a submissão á lei.
Autoexecutoriedade
É a capacidade da Administração de executar suas próprias decisões sem se submeter previamente a
outros Poderes.
Imperatividade
É a imposição do ato administrativo ao particular, independentemente de sua concordância.
Embora haja divergência doutrinária, podemos apontar sete formas de extinção do ato
administrativo.
É a via normal de extinção dos atos administrativos. Ocorre pelo cumprimento dos
efeitos almejados pelo agente público.
Ex.
5.2. Revogação
Lei n° 9.784/99
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
5.3. Anulação
Lei n° 9.784/99
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Efeitos
5.4. Cassação
62
A cassação pressupõe o descumprimento de obrigações fixadas no ato por seu
destinatário ou beneficiário direto.
Ex.
5.5. Caducidade
É consequencia da nova legislação cujos efeitos sejam contrários aos decorrentes do ato
administrativo já exarado.
5.6. Contraposição
É quando a extinção do ato administrativo é ordenada por novo ato cujos efeitos são
contrapostos ao primeiro.
Ex.
5.7. Renúncia
63
CAPÍTULO VI
LICITAÇÃO PÚBLICA E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
EXCEÇÕES Não haver Licitação + Contratação (art. 23, dispensa; art. 24, inexigibilidade)
2. Disciplina Legal
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
3. Modalidades de Licitação
Analisando o sistema normativo das licitações podemos afirma que existem seis
modalidades diferentes (art. 22, Lei n° 8.666/93; art. 1°, Lei n° 10.520/02).
Concorrência
Tomada de Preços
Modalidades Convite
Concurso
Leilão
Pregão
64
3.1. Concorrência
Concorrência
(art. 23, I e II)
• Compras e serviços em geral R$ 650.000,00
R$ 80.000,00
3.3. Convite
Destina-se a contratações de pequeno valor (art. 22, § 3°). É realizada no mínimo com
três interessados no ramo pertinente, cadastrados ou não. Esta modalidade não exige publicação de
edital, pois a comunicação é feita por escrito em forma de carta-convite.
Convite
(art. 23, I e II)
• Compras e serviços em geral R$ 80.000,00
3.4. Concurso
OBS. Esta modalidade de licitação não tem nenhuma relação com o certame administrativo que
envolve a seleção de pessoal para o Poder Público denominado concurso público.
3.5. Leilão
É modalidade de licitação realizada entre quaisquer interessados que não está atrelada a
valores fixos, mas à atividade de alienação de bens por parte da Administração Pública (art. 22, §
5°).
3.6. Pregão
Venda Compra
Leilão Pregão
Maior preço Menor preço
4. Fases do Procedimento
ADJUDICAÇÃO HOMOLOGAÇÃO
ADJUDICAÇÃO HOMOLOGAÇÃO
6. Contrato Administrativo
67
CAPÍTULO VII
AGENTES PÚBLICOS
Agentes Políticos
Servidores Públicos Civis
Agentes Públicos Servidores Públicos Militares
Empregados Públicos
Servidores Temporários
Agentes Políticos
São eles:
São aqueles que integram as carreiras militares dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios e das Forças Armadas (art. 42, CF; art. 142, § 3°, CF).
ATENÇÃO
E os integrantes da Polícia Civil? E os integrantes da Polícia Federal? São Servidores Públicos Civis.
São aqueles contratados para atender a situações transitórias e excepcionais (art. 37, IX,
CF).
CF/88
Art. 37. (...)
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
Lei n° 8.745/93
Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público.
3. Acessibilidade
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros na forma da lei (art. 37, I, CF).
69
CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS
4. Concurso Público
CF/88
Art. 37. (...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;
REGRA EXCEÇÃO
Concurso Público Cargos em Comissão (art. 37, II, CF)
Cargos Eletivos
Função de Confiança (art. 37, V, CF)
Serviços Temporários (art. 37, IX, CF)
Agentes Comunitários (art. 198, § 4°, CF)
O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogáveis uma vez,
por igual período (art. 37, III, CF). A prorrogação da validade do concurso é um ato discricionário
da Administração Pública.
CF/88
Art. 37. (...)
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,
prorrogável uma vez, por igual período;
CF/88
Art. 37. (...)
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será
convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
70
emprego, na carreira;
Regra geral, o aprovado em concurso público tem apenas expectativa de direito quanto
a investidura no cargo, ficando a critério da Administração Pública realizar as nomeações. Porém,
há diversos julgamentos do STF relatando certas situações ocorridas no mundo dos fatos
concedendo direito adquirido aos aprovados em concurso público. Ex. aprovado dentro do número
de vagas.
A lei deverá reservar percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF). Ex. O art. 5° da
Lei n° 8.112/90 reserva em até 20% das vagas para portadores de deficiência.
5. Acumulações
REGRA
Acumulação Proibida
EXCEÇÃO
Compatibilidade de horários
Exigências Nos casos permitidos em lei
Dentro do teto remuneratório
2 cargos de professor
1 cargo de professor + 1 cargo técnico/científico
Hipóteses 2 cargos/empregos privativos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas
1 cargo público + 1 Vereador (art. 38, III)
6. Estabilidade
Para os agentes públicos em geral, são estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público (art. 41,
caput, CF).
3 anos
71
Estabilidade
2 anos
7. Sindicalização
É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical (art. 37, VI,
CF).
O agente público não poderá ser dispensado do serviço público se estiver inscrito para
eleição de cargo de direção ou representação sindical, durante o mandato e no período de um ano
após o seu término, salvo se vier a cometer falta grave, na forma em que dispuser a lei, ou se for
ocupante de cargo de provimento em comissão, quando poderá, a qualquer tempo, ser dispensado
(art. 8°, VIII, CF; RE 183.884-SP, STF).
8. Greve
É garantido ao servidor público civil o direito de greve, que deverá ser exercido dentro
nos termos e nos limites definidos em lei específica (art. 37, VII, CF). A redação foi dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998. Portanto, a Carta Magna reconhece expressamente a
constitucionalidade do direito de greve dos agentes públicos.
CF/88
Art. 37. (...)
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica;
Todavia, por se tratar de uma norma constitucional de eficácia limitada, tal direito está
condicionado à edição de uma legislação específica sobre o assunto, responsável pela
regulamentação do tema.
MI 670-ES
EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI).
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO
DO TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS
72
PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA
JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA
SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA
OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS,
FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE
SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO
DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA
FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1.1. No julgamento do MI no 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
21.9.1990, o Plenário do STF consolidou entendimento que conferiu ao mandado de injunção os seguintes
elementos operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de injunção
apresentam-se como direitos à expedição de um ato normativo, os quais, via de regra, não poderiam ser
diretamente satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a decisão judicial que declara a
existência de uma omissão inconstitucional constata, igualmente, a mora do órgão ou poder legiferante,
insta-o a editar a norma requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode referir-se a uma omissão total
do legislador quanto a uma omissão parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de normas
acerca da existência, ou não, de omissão é dotada de eficácia erga omnes, e não apresenta diferença
significativa em relação a atos decisórios proferidos no contexto de mandado de injunção; iv) o STF possui
competência constitucional para, na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos
administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado
por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de
poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que garantam a posição do
impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador. 1.2. Apesar dos avanços proporcionados por
essa construção jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente
fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A
partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções “normativas” para a decisão
judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5 o, XXXV). Precedentes:
MI no 283, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI no 232/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
27.3.1992; MI nº 284, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. para o acórdão Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992;
MI no 543/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI no 679/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
17.12.2002; e MI no 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.6.2003. 2. O MANDADO DE INJUNÇÃO E O
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. 2.1. O
tema da existência, ou não, de omissão legislativa quanto à definição das possibilidades, condições e limites
para o exercício do direito de greve por servidores públicos civis já foi, por diversas vezes, apreciado pelo
STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o entendimento de que o objeto do mandado de injunção
cingir-se-ia à declaração da existência, ou não, de mora legislativa para a edição de norma regulamentadora
específica. Precedentes: MI no 20/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI no 585/TO, Rel. Min.
Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002; e MI no 485/MT, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 23.8.2002. 2.2. Em alguns
precedentes(em especial, no voto do Min. Carlos Velloso, proferido no julgamento do MI n o 631/MS, Rel.
Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicação aos servidores públicos civis da
lei que disciplina os movimentos grevistas no âmbito do setor privado (Lei no 7.783/1989). 3. DIREITO
DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. HIPÓTESE DE OMISSÃO LEGISLATIVA
INCONSTITUCIONAL. MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO
PLENÁRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAÇÃO DE TÍPICA OMISSÃO JUDICIAL QUANTO À
MATÉRIA. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOÇÃO DE
ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE
OMISSÃO. 3.1. A permanência da situação de não-regulamentação do direito de greve dos servidores
públicos civis contribui para a ampliação da regularidade das instituições de um Estado democrático de
Direito (CF, art. 1o). Além de o tema envolver uma série de questões estratégicas e orçamentárias
diretamente relacionadas aos serviços públicos, a ausência de parâmetros jurídicos de controle dos abusos
73
cometidos na deflagração desse tipo específico de movimento grevista tem favorecido que o legítimo
exercício de direitos constitucionais seja afastado por uma verdadeira “lei da selva”. 3.2. Apesar das
modificações implementadas pela Emenda Constitucional no 19/1998 quanto à modificação da reserva
legal de lei complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de
greve dos servidores públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório
para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. 3.3. Tendo
em vista as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do direito de greve a todos
os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir
sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade
ou omissão do Legislativo. 3.4. A mora legislativa em questão já foi, por diversas vezes, declarada na
ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanência dessa situação de ausência de
regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de
consolidação de uma típica omissão judicial. 3.5. Na experiência do direito comparado (em especial, na
Alemanha e na Itália), admite-se que o Poder Judiciário adote medidas normativas como alternativa
legítima de superação de omissões inconstitucionais, sem que a proteção judicial efetiva a direitos
fundamentais se configure como ofensa ao modelo de separação de poderes (CF, art. 2 o). 4. DIREITO DE
GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS
TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE
CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR
INFRACONSTITUCIONAL. 4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, quanto às
“atividades essenciais”, é especificamente delineada nos arts. 9 o a 11 da Lei no 7.783/1989. Na hipótese de
aplicação dessa legislação geral ao caso específico do direito de greve dos servidores públicos, antes de
tudo, afigura-se inegável o conflito existente entre as necessidades mínimas de legislação para o exercício
do direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 9 o, caput, c/c art. 37, VII), de um lado, e o direito
a serviços públicos adequados e prestados de forma contínua a todos os cidadãos (CF, art. 9 o, §1o), de
outro. Evidentemente, não se outorgaria ao legislador qualquer poder discricionário quanto à edição, ou
não, da lei disciplinadora do direito de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos rígido,
mais ou menos restritivo do direito de greve no âmbito do serviço público, mas não poderia deixar de
reconhecer direito previamente definido pelo texto da Constituição. Considerada a evolução jurisprudencial
do tema perante o STF, em sede do mandado de injunção, não se pode atribuir amplamente ao legislador a
última palavra acerca da concessão, ou não, do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de
se esvaziar direito fundamental positivado. Tal premissa, contudo, não impede que, futuramente, o
legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da adequada configuração da disciplina desse
direito constitucional. 4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a
pretensão, tão-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omissão não for
devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em
razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de acordo
com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja
facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se
de “serviços ou atividades essenciais”, nos termos do regime fixado pelos arts. 9 o a 11 da Lei no
7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de
que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses “serviços ou atividades
essenciais” seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos “essenciais”. 4.4. O
sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras
atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e
atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está
contemplada pelo rol dos arts. 9 o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do
regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). 5. O
PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS DISSÍDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETÊNCIAS E
ATRIBUIÇÕES APLICÁVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL (CELETISTAS), NOS TERMOS
74
DA REGULAMENTAÇÃO DA LEI No 7.783/1989. A APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DA LEI N o
7.701/1988 VISA À JUDICIALIZAÇÃO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS SERVIDORES
PÚBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A
NECESSIDADES INADIÁVEIS DA COMUNIDADE QUE, SE NÃO ATENDIDAS, COLOQUEM “EM
PERIGO IMINENTE A SOBREVIVÊNCIA, A SAÚDE OU A SEGURANÇA DA POPULAÇÃO” (LEI
No 7.783/1989, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 11). 5.1. Pendência do julgamento de mérito da ADI no
3.395/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a apreciação das
“ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (CF, art. 114, I, na
redação conferida pela EC no 45/2004). 5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de
greve dos servidores públicos civis, sob pena de injustificada e inadmissível negativa de prestação
jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais
e constitucionais de definição de competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de
greve instaurados entre o Poder Público e os servidores públicos civis. 5.3. No plano procedimental,
afigura-se recomendável aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei n o 7.701/1988 (que versa sobre
especialização das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência
para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam
suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do
inciso VII do art. 37 da CF. 5.4. A adequação e a necessidade da definição dessas questões de organização e
procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência constitucional de modo a assegurar, a
um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao exercício do direito constitucional de greve dos
servidores públicos, e a continuidade na prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este
Tribunal passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da Constituição
Federal, sem desconsiderar a garantia da continuidade de prestação de serviços públicos – um elemento
fundamental para a preservação do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela
sociedade. 6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA
APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A
EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF.
FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE
SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO
DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei no
7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão
legítimo, seja facultado ao juízo competente a fixação de regime de greve mais severo, em razão de
tratarem de “serviços ou atividades essenciais” (Lei no 7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extensão do
deferimento do mandado de injunção, aplicação da Lei no 7.701/1988, no que tange à competência para
apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados
até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do
art. 37 da CF. 6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-se definir as situações provisórias de
competência constitucional para a apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e
municipal. Assim, nas condições acima especificadas, se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger
mais de uma região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a
competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do art.
2o, I, “a”, da Lei no 7.701/1988). Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única
região da justiça federal, a competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação analógica do art.
6o da Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia
estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do respectivo Tribunal de Justiça (também
por aplicação analógica do art. 6 o da Lei no 7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão
dirimidas pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da paralisação,
conforme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considerados os parâmetros
acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou
não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca
75
do mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que
esse juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve,
em princípio, corresponde à suspensão do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos
dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente
por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem
o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7 o da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5.
Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e julgar medidas cautelares
eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, tais
como: i) aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual
mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a
proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupação de dependências
dos órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que
apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial
sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em
respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso
Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos
termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às
ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.
MI 708-DF
EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI).
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO
DO TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS
PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA
JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA
SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA
OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS,
FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE
SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO
DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA
FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1.1. No julgamento do MI no 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
21.9.1990, o Plenário do STF consolidou entendimento que conferiu ao mandado de injunção os seguintes
elementos operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de injunção
apresentam-se como direitos à expedição de um ato normativo, os quais, via de regra, não poderiam ser
diretamente satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a decisão judicial que declara a
existência de uma omissão inconstitucional constata, igualmente, a mora do órgão ou poder legiferante,
insta-o a editar a norma requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode referir-se a uma omissão total
do legislador quanto a uma omissão parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de normas
acerca da existência, ou não, de omissão é dotada de eficácia erga omnes, e não apresenta diferença
significativa em relação a atos decisórios proferidos no contexto de mandado de injunção; iv) o STF possui
competência constitucional para, na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos
administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado
por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de
poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que garantam a posição do
impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador. 1.2. Apesar dos avanços proporcionados por
essa construção jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente
fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A
76
partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções “normativas” para a decisão
judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV). Precedentes:
MI no 283, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI no 232/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
27.3.1992; MI nº 284, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. para o acórdão Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992;
MI no 543/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI no 679/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
17.12.2002; e MI no 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.6.2003. 2. O MANDADO DE INJUNÇÃO E O
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. 2.1. O
tema da existência, ou não, de omissão legislativa quanto à definição das possibilidades, condições e limites
para o exercício do direito de greve por servidores públicos civis já foi, por diversas vezes, apreciado pelo
STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o entendimento de que o objeto do mandado de injunção
cingir-se-ia à declaração da existência, ou não, de mora legislativa para a edição de norma regulamentadora
específica. Precedentes: MI no 20/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI no 585/TO, Rel. Min.
Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002; e MI no 485/MT, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 23.8.2002. 2.2. Em alguns
precedentes(em especial, no voto do Min. Carlos Velloso, proferido no julgamento do MI n o 631/MS, Rel.
Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicação aos servidores públicos civis da
lei que disciplina os movimentos grevistas no âmbito do setor privado (Lei no 7.783/1989). 3. DIREITO
DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. HIPÓTESE DE OMISSÃO LEGISLATIVA
INCONSTITUCIONAL. MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO
PLENÁRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAÇÃO DE TÍPICA OMISSÃO JUDICIAL QUANTO À
MATÉRIA. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOÇÃO DE
ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE
OMISSÃO. 3.1. A permanência da situação de não-regulamentação do direito de greve dos servidores
públicos civis contribui para a ampliação da regularidade das instituições de um Estado democrático de
Direito (CF, art. 1o). Além de o tema envolver uma série de questões estratégicas e orçamentárias
diretamente relacionadas aos serviços públicos, a ausência de parâmetros jurídicos de controle dos abusos
cometidos na deflagração desse tipo específico de movimento grevista tem favorecido que o legítimo
exercício de direitos constitucionais seja afastado por uma verdadeira “lei da selva”. 3.2. Apesar das
modificações implementadas pela Emenda Constitucional no 19/1998 quanto à modificação da reserva
legal de lei complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de
greve dos servidores públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório
para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. 3.3. Tendo
em vista as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do direito de greve a todos
os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir
sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade
ou omissão do Legislativo. 3.4. A mora legislativa em questão já foi, por diversas vezes, declarada na
ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanência dessa situação de ausência de
regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de
consolidação de uma típica omissão judicial. 3.5. Na experiência do direito comparado (em especial, na
Alemanha e na Itália), admite-se que o Poder Judiciário adote medidas normativas como alternativa
legítima de superação de omissões inconstitucionais, sem que a proteção judicial efetiva a direitos
fundamentais se configure como ofensa ao modelo de separação de poderes (CF, art. 2°). 4. DIREITO DE
GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS
TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE
CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR
INFRACONSTITUCIONAL. 4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, quanto às
“atividades essenciais”, é especificamente delineada nos arts. 9° a 11 da Lei nº 7.783/1989. Na hipótese de
aplicação dessa legislação geral ao caso específico do direito de greve dos servidores públicos, antes de
tudo, afigura-se inegável o conflito existente entre as necessidades mínimas de legislação para o exercício
do direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 9 o, caput, c/c art. 37, VII), de um lado, e o direito
a serviços públicos adequados e prestados de forma contínua a todos os cidadãos (CF, art. 9 o, §1o), de
77
outro. Evidentemente, não se outorgaria ao legislador qualquer poder discricionário quanto à edição, ou
não, da lei disciplinadora do direito de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos rígido,
mais ou menos restritivo do direito de greve no âmbito do serviço público, mas não poderia deixar de
reconhecer direito previamente definido pelo texto da Constituição. Considerada a evolução jurisprudencial
do tema perante o STF, em sede do mandado de injunção, não se pode atribuir amplamente ao legislador a
última palavra acerca da concessão, ou não, do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de
se esvaziar direito fundamental positivado. Tal premissa, contudo, não impede que, futuramente, o
legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da adequada configuração da disciplina desse
direito constitucional. 4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a
pretensão, tão-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omissão não for
devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em
razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de acordo
com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja
facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se
de “serviços ou atividades essenciais”, nos termos do regime fixado pelos arts. 9 o a 11 da Lei no
7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de
que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses “serviços ou atividades
essenciais” seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos “essenciais”. 4.4. O
sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras
atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e
atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está
contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do
regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). 5. O
PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS DISSÍDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETÊNCIAS E
ATRIBUIÇÕES APLICÁVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL (CELETISTAS), NOS TERMOS
DA REGULAMENTAÇÃO DA LEI No 7.783/1989. A APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DA LEI N o
7.701/1988 VISA À JUDICIALIZAÇÃO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS SERVIDORES
PÚBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A
NECESSIDADES INADIÁVEIS DA COMUNIDADE QUE, SE NÃO ATENDIDAS, COLOQUEM “EM
PERIGO IMINENTE A SOBREVIVÊNCIA, A SAÚDE OU A SEGURANÇA DA POPULAÇÃO” (LEI
No 7.783/1989, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 11). 5.1. Pendência do julgamento de mérito da ADI no
3.395/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a apreciação das
“ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (CF, art. 114, I, na
redação conferida pela EC no 45/2004). 5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de
greve dos servidores públicos civis, sob pena de injustificada e inadmissível negativa de prestação
jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais
e constitucionais de definição de competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de
greve instaurados entre o Poder Público e os servidores públicos civis. 5.3. No plano procedimental,
afigura-se recomendável aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei n o 7.701/1988 (que versa sobre
especialização das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência
para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam
suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do
inciso VII do art. 37 da CF. 5.4. A adequação e a necessidade da definição dessas questões de organização e
procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência constitucional de modo a assegurar, a
um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao exercício do direito constitucional de greve dos
servidores públicos, e a continuidade na prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este
Tribunal passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da Constituição
Federal, sem desconsiderar a garantia da continuidade de prestação de serviços públicos – um elemento
fundamental para a preservação do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela
78
sociedade. 6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA
APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A
EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF.
FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE
SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO
DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei no
7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão
legítimo, seja facultado ao juízo competente a fixação de regime de greve mais severo, em razão de
tratarem de “serviços ou atividades essenciais” (Lei no 7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extensão do
deferimento do mandado de injunção, aplicação da Lei no 7.701/1988, no que tange à competência para
apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados
até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do
art. 37 da CF. 6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-se definir as situações provisórias de
competência constitucional para a apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e
municipal. Assim, nas condições acima especificadas, se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger
mais de uma região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a
competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do art.
2o, I, “a”, da Lei no 7.701/1988). Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única
região da justiça federal, a competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação analógica do art.
6o da Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia
estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do respectivo Tribunal de Justiça (também
por aplicação analógica do art. 6 o da Lei no 7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão
dirimidas pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da paralisação,
conforme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considerados os parâmetros
acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou
não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca
do mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que
esse juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve,
em princípio, corresponde à suspensão do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos
dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente
por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem
o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7 o da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5.
Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e julgar medidas cautelares
eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, tais
como: i) aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual
mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a
proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupação de dependências
dos órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que
apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial
sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em
respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso
Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos
termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às
ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.
MI 712-PA
9. Responsabilidade
A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício de suas funções pode ensejar a
responsabilidade civil, criminal e administrativa.
CRIMINAL
• negação da
existência do fato
ou
• negação da
autoria do fato
CIVEL ADMINISTRATIVA
81
CAPÍTULO VIII
SERVIÇO PÚBLICO
1. Conceito
Serviço público é a atividade material que a lei atribui ao Estado para que
exerça diretamente ou por meio de delegados, com o objetivo de satisfazer
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou
parcialmente público. (Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito
Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009)
Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados,
basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de
necessidades essenciais e secundárias da coletividade. (José dos Santos
Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas,,
2012)
Serviço público é toda atividade material ampliativa, definida pela lei ou pela
Constituição como dever estatal, consistente no oferecimento de utilidades e
comodidades ensejadoras de benefícios particularizados a cada usuário,
sendo prestada pelo Estado ou por seus delegados, e submetida
predominantemente aos princípios e normas de direito público. (Alexandre
Mazza. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012)
A noção de serviço público alterou-se muito ao longo do tempo. Variou de acordo com
as diferentes expectativas políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comunidade.
82
4. Disciplina Legal
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão e
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
Lei n° 8.987/95 (Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos).
5. Princípios
• Princípio da Generalidade
• Princípio da Modicidade das Tarifas
Princípios • Princípio do Serviço Adequado
• Princípio da Atualidade
• Princípio da Continuidade do Serviço Público
• Princípio da Cortesia
• Princípio da Eficiência
Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, que atendam à realidade
econômica da população, pois, se forem pagos com valores elevados, muitos usuários serão alijados
do universo de beneficiários (art. 6°, § 1°).
As atividades qualificadas como serviço público não podem ser interrompidas, devendo
ser eternamente contínuas e ininterruptas a sua prestação (art. 6º, § 1°).
Possibilidade de
Interrupção • razões de ordem técnica/segurança
• Com prévio aviso
• inadimplemento do usuário
O serviço público deve ser prestado de forma cortes, respeitosa e educada pelos seus
agentes públicos. Para isso deve a Administração Pública realizar frequentemente cursos de
treinamento e reciclagem de seus integrantes a fim de que seja cumprido o dispositivo legal (art. 6º,
§ 1º).
6. Concessão x Permissão
84
Há quatro diferenças básicas entre concessão e permissão de serviços públicos (art. 2°,
II; art. 2°, IV).
Concessão Permissão
Licitação na modalidade concorrência Licitação
Pessoa jurídica ou consórcio de empresas Pessoa física ou jurídica
Ato não precário Ato precário
Para ser extinta deverá seguir os trâmites legais e Pode ser revogado a qualquer tempo
contratuais
7. Responsabilidade do Concessionário
O concessionário atua em seu nome, por sua conta e risco, incidindo a regra da
responsabilidade objetiva (art. 37, § 6°, CF; art. 25, Lei n° 8.987/95).
ATENÇÃO
O Estado pode ser responsabilizado? Sim, desde que exauridas as possibilidades de reparação dos
prejuízos causados pelo concessionário. Logo, a responsabilidade do Poder Público é subsidiária.
85
CAPÍTULO IX
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Poder Legislativo
• Externo
• Poder Judiciário
Controle
• Interno
O Poder Legislativo tem por atribuição típica, além de inovar na ordem jurídica, a
fiscalização do Poder Executivo.
Existem inúmeros instrumentos jurídicos que podem ser utilizados pelo administrado
resultando no controle da atuação administrativa: Habeas corpus (art. 5°, LXVIII), Habeas data
(art. 5°, LXXII), Mandado de injunção (art. 5°, LXXI, CF; Lei n° 9.507/97), Mandado de segurança
individual (art. 5°, LXIX, CF; Lei n° 12.016/09), Mandado de segurança coletivo (art. 5°, LXX, CF;
Lei n° 12.016/09), Ação popular (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65), Ação civil pública (art. 129,
86
III, CF; Lei n° 7.347/85), Ação de improbidade administrativa (art. 37, § 4°, CF; Lei n° 8.429/92).
CF/88
Art. 5° (...)
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
CF/88
Art. 5° (...)
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
Lei n° 9.507/97
Disciplina o habeas data
Ex. Comissão de licitação não fornece vista dos autos do procedimento administrativo a uma das
partes interessadas.
CF/88
Art. 5° (...)
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;
CF/88
Art. 5° (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Lei n° 12.016/09
Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo.
Ex. Edital de concurso público exige já na fase da inscrição a comprovação da qualificação para o
cargo.
Lei n° 12.016/09
Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo.
CF/88
Art. 5° (...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
Lei n° 4.717/65
Regulamenta a Ação Popular
CF/88
Art. 37. (...)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível.
Lei n° 8.429/92
Lei da Improbidade Administrativa
Ex. Agente público que percebe vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de
verba pública de qualquer natureza (art. 9°, IX).
5. Controle Interno
• fiscalização
• de ofício
• revisão
Controle
• petições
• provocado
• recursos administrativos
88
CAPÍTULO X
PROCESSO ADMINISTRATIVO
CF/88
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
III – leis ordinárias;
IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias;
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
CF/88
Art. 5°. (...)
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua
tramitação.
A importante conclusão que podemos chegar é que o ordenamento jurídico pátrio utiliza
o termo processo desvinculado do exercício da função jurisdicional. Antigamente tinha-se uma ideia
de que o termo processo somente poderia ser empregado na seara jurisdicional. Modernamente,
com respaldo nos ensinamentos constitucionais, é perfeitamente aceitável o uso técnico do processo
em todos os âmbitos da função estatal.
89
2. Disciplina Legal
O professor Celso Antonio Bandeira de Mello faz uma criativa referência ao processo
administrativo a fim de retratar sua importância.
90
Em sua, pode-se dizer que a processualização das atividades administrativas
ganha importância pois contempla diversas vantagens, garantindo:
transparência, controle, democratização e dignidade. (Irene Patrícia Nohara.
Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2012)
Lei n° 9.784/99
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por
lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Ex.
Lei n° 8.666/93 Lei n° 8.112/90
7. Objetivos
São objetivos do processo administrativo: (a) a proteção dos direitos dos administrados;
(b) o melhor cumprimento dos fins da Administração.
8. Princípios
O art. 2° dispõe acerca dos princípios ao qual a Administração Pública está submetida.
Por um lado houve a repetição dos princípios já expressos na Constituição Federal, por outro inovou
ao positivar princípios até então tratados apenas pela doutrina e jurisprudência.
Lei n° 9.784/99
Art. 2° A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
CF/88
Art. 37. (...)
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
atuação;
O princípio da finalidade visa alcançar o interesse público, isto é, pretende fazer valer o
interesse da comunidade, sendo vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competência, salvo
autorização em lei.
CF/88
Art. 93. (...)
X – as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros;
Lei n° 9.784/99
Art. 2° (...)
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão;
O professor Juarez Freitas traça a relação entre a motivação das decisões administrativas
e a controle de juridicidade.
92
administrativa e o direito fundamental à boa administração. São Paulo:
Malheiros, 2007)
Com relação à motivação ser a regra ou exceção, embora haja divergência doutrinária
entre dois dos mais importantes administrativistas pátrios – Celso Antonio Bandeira de Mello
entende que é regra, todavia José dos Santos Carvalho Filho entende que é exceção –, prevalece a
ideia de ser a motivação a regra.
Art. 2° (...)
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
VIII – adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público;
O STF tem aceitado, com base nos referidos princípios, certas discriminações que
estabelecem limites em concursos públicos (idade, altura, nível de escolaridade, etc.)
93
de boa administração.
O princípio da moralidade não se refere a moral comum, mas aquela moral tirada da
conduta interna da Administração Pública. Logo, a moral relacionada ao princípio não é a moral
subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros princípios da própria Administração como também
aos princípios gerais do direito.
CF/88
Art. 37. (...)
§ 4°. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Lei n° 8.429/92
Art. 4°. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a
velar pela estrita observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhes são afetos.
O controle jurisdicional dos atos que violem a moralidade administrativa também pode
ocorrer via promoção da ação popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou contrário à
moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65).
CF/88
Art. 5°. (...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
Vale lembrar que o princípio da moralidade rege o comportamento não só dos agentes
públicos, mas de todos aqueles que de qualquer forma se relacionam com a Administração Pública.
Desta forma, os particulares também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também
responder por ato que violem tal preceito.
A ampla defesa é o direito de exercer da forma mais ampla possível a sua defesa. O
contraditório é permitir ao litigante acessar os autos do processo administrativo, permitindo-lhe
contrapor as razões antes deduzidas, defendendo-se devidamente.
94
É obrigatória a presença de advogado em todas as fases A falta de defesa técnica por advogado no processo
do processo administrativo disciplinar. administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
Art. 2° (...)
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de
nova interpretação;
O art. 57 prevê que o recurso administrativo poderá tramitar por, no máximo, três
instâncias, salvo disposição legal expressa em sentido contrário. Celso Antonio Bandeira de Mello
denomina este dispositivo normativo de Princípio da Revisibilidade.
3ª Instância
2ª Instância
1ª Instância
9. Direitos do Administrado
95
O art. 3° da Lei n° 9.784/99 elenca o rol dos direitos dos administrados perante a
própria Administração Pública.
Art. 3° (...)
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão
facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
CF/88
Art. 39 (...)
§ 2°. A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo
para formação e o aperfeiçoamento dos servidores púbicos, constituindo-se a
participação nos cursos um dos requisitos para promoção na carreira,
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados. (redação dada pela EC 19/98)
Art. 6° (...)
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado
quanto ao suprimento de eventuais falhas.
Art. 3° (...)
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a
condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem
para o interessado em imposição deveres, ônus, sanções ou restrição ao
exercício de direitos a atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
Já a vista dos autos e cópia dos documentos nele contidos é o direito de ter acesso à
informação de interesse particular ou coletivo.
CF/88
96
Art. 5° (...)
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestados no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Lei 12.527/2011
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º.
Por fim, conhecer as decisões proferidas também está ligado ao exercício do direito ao
contraditório, podendo exercitar a ampla defesa.
Art. 3° (...)
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais
serão objeto de consideração pelo órgão competente;
Art. 3° (...)
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
obrigatória a representação, por força de lei.
O art. 4° da Lei n° 9.784/99 elenca o rol dos deveres dos administrados perante a
própria Administração Pública. O rol também é meramente exemplificativo.
Art. 4º (...)
I - expor os fatos conforme a verdade;
CF/88
Art. 5° (...)
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado.
97
Decreto Lei n° 678/92
Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Pacto São José da Costa Rica
Art. 8° (...)
g) Direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem declarar-se
culpada;
CPP
Art. 186. (...)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa.
Art. 4º (...)
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
Art. 4º (...)
III - não agir de modo temerário;
Art. 4º (...)
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos.
11. Interessados
O art. 9° da Lei n° 9.784/9 estabelece quem serão os legitimados como interessados nos
processos administrativos.
Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou
interesses individuais ou no exercício do direito de representação;
Art. 9º (...)
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
98
• o terceiro interessado atua como assistente nos autos do processo administrativo.
CPC
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que
tiver interesse jurídico em que a sentença lhe seja favorável a uma delas,
poderá intervir no processo para assisti-la.
Art. 9º (...)
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
CC
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito provado:
I – as associações;
As organizações previstas no art. 9°, III da LPA devem ser interpretadas de forma
ampla, englobando além das entidades religiosas, outras pessoas jurídicas de direito privado, tais
como os partidos políticos, as fundações, etc.
Art. 9º (...)
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou
interesses difusos.
12. Competência
Regra Irrenunciável
Exceção Casos de delegação e avocação
99
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio
oficial.
§ 1° O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os
limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o
recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade
delegante.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente
esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
• amizade íntima;
• inimizade notória.
• recurso;
• sem efeito suspensivo.
14. Forma
No que se refere forma dos atos do processo administrativo, a Lei n° 9.784/99 adotou o
princípio da liberdade das formas, isto é, a forma é livre, podendo ser formalizados de qualquer
modo.
15. Tempo
101
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário
normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
• dias úteis;
• horário normal de funcionamento
16. Lugar
intimado comparecimento
segunda-feira quinta-feira
Ex. 2.
intimado comparecimento
quinta-feira terça-feira
Os sábados e domingos não entram na contagem do prazo, pois o art. 26, § 2° da LPA é
expresso em afirmar que apenas os dias úteis serão levados em consideração.
• indeterminados;
103
• desconhecidos;
• domicílio indefinido.
CPC
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos
afirmados pelo autor.
CONCLUSÃO
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem
para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao
exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
18. Instrução
18.1. Finalidade
CF/88
Art. 5° (...)
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
a) Consulta Pública
ATENÇÃO
b) Audiência Pública
105
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da
relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates
sobre a matéria do processo.
Quadro Comparativo
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem
prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do
disposto no art. 37 desta Lei.
106
• cabe ao titular a prova dos fatos por ele alegados.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados
em documentos existentes na própria Administração responsável pelo
processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias.
18.8. Intimação
18.9. Arquivamento
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente
obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o
encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade
técnica equivalentes.
18.16. Relatório
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão
final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
encaminhando o processo à autoridade competente.
CF/88
Art. 5º (...)
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
109
Existem duas correntes
1ª Corrente:
Assim, defendemos, em prol do interesse do particular, que não pode se
aniquilado pelo interesse público, que a falta de resposta seja compreendida
como silêncio positivo. A inação deve ser entendida como recepção ao pleito,
de maneira a tornar desnecessária a interferência judicial. (Cristiana Fortini.
O silêncio administrativo. Fórum Administrativo - Direito Público, 2006).
2ª Corrente
20. Motivação
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
• o dever de motivação não está restrito apenas aos atos administrativos arrolados no art.
50 da LPA (rol exemplificativo);
• o dever de motivação se estende tanto ao ato vinculado quanto ao ato discricionário.
110
• expressões também bastante genéricas;
• a motivação fornece subsídios para o particular manifestar sua defesa de forma ampla;
Lei n° 8.666/93
Art. 24. É dispensável a licitação:
(...)
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,
em especial:
(...)
• não basta afirmar se mantêm ou altera a decisão anterior, deve expor os motivos da
decisão do recurso;
• jurisprudência não gera cumprimento obrigatório, logo, pode ser exarada decisão em
sentido contrário;
• a linguagem utilizada na motivação deve ser acessível, termos técnicos devem ser
empregados na medida do imprescindível;
Criticando esse modelo padronizando das decisões, se inclinando para uma produção
artesanal, está Eros Roberto Grau.
Desistência Renúncia
Pedido Direitos
Não impede a deflagração de novo procedimento em um Elimina a possibilidade de reabertura do processo em
momento posterior torno do mesmo litígio
112
22. Anulação e Revogação
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Anulação Revogação
“ex tunc” “ex nunc”
dever faculdade
23. Convalidação
24. Recursos
STJ
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DEVIDO
PROCESSO LEGAL. DIREITO, NO CAMPO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO, QUE AS INSTÂNCIAS RECURSAIS SEJAM
GARANTIDAS. LEI Nº 9.131/95. RECURSO PARA O PLENO DO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. 1. A Administração Pública, no
aplicar as regras impostas para a tramitação dos processos administrativos,
está, também, obrigada a obedecer ao devido processo legal. 2. No âmbito
dessa garantia está o direito das partes utilizarem-se de recursos para todas as
instâncias administrativas, assegurando-se-lhes, assim, ampla defesa,
contraditório e segurança do julgamento. 3. Hely Lopes Meirelles, em sua
obra Direito Administrativo Brasileiro, 14ª ed., pg. 571, preleciona que os
recursos administrativos "são um corolário do Estado de Direito e uma
prerrogativa de todo administrado ou servidor atingido por qualquer ato
administrativo. Inconcebível é a decisão administrativa única e irrecorrível,
porque isto contrária a índole democrática de todo julgamento que possa ferir
114
direitos individuais, e afronta o princípio constitucional da ampla defesa que
pressupõe mais de um grau de jurisdição. Decisão única e irrecorrível é a
consagração do arbítrio, intolerado pelo nosso direito". (STJ, MS 7225/DF,
Min. Rel. José Delgado, DJ 25/06/2001, p. 98).
• o recurso será sempre dirigido à mesma autoridade que dele conheceu originariamente,
podendo exercer o juízo de retratação no prazo de 05 (cinco) dias.
• independe de caução.
ATENÇÃO
Mesmo que haja disposição normativa exigindo caução para a interposição de recurso, a jurisprudência mais
recente entende que esta norma estará contaminada pela inconstitucionalidade.
STF
RECURSO ADMINISTRATIVO – DEPÓSITO - § 2º DO ARTIGO 33 DO
DECRETO Nº 70.235/72 – INCONSTITUCIONALIDADE. A garantia
constitucional da ampla defesa afasta a exigência do depósito como
pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo. (RE 388359/PE,
Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 22/06/2007)
24.2. Legitimidade
24.3. Prazo
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1° Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá
ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos
autos pelo órgão competente.
§ 2° O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por
igual período, ante justificativa explícita.
24.4. Formalização
24.5. Efeito
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.
CF/88
Art. 103-A. (...)
§ 3°. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula
aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
117
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser
revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos
novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento
da sanção.
Ex.
25. Sanções
• a aplicação das sanções no âmbito da LPA não afasta outras sanções, de caráter penal,
civil e administrativo.
118
BIBLIOGRAFIA
ABELHA, Marcelo; JORGE, Flávio Cheim. Direito Processual e a Administração Pública. Rio de
Janeiro: Forense Universitária: 2010.
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008.
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 3ª ed. São Paulo: Método, 2009.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas,
2012.
__________. Processo Administrativo Federal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
COSTA, Ana Edite Olinda Norões; MORAES FILHO, Marco Antonio Praxedes de (org.).
Licitações e Contratos Administrativos: Apontamentos. Leme: JH Mizuno, 2009.
COSTA, Ana Edite Olinda Norões. Estudos em Direito e Processo Administrativos. Fortaleza:
Universidade de Fortaleza, 2006.
CRETEJA JÚNIOR, José. Filosofia do Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
DALLARI, Adilson Abreu. Processo Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
FORTINI, Cristiana; PEREIRA, Maria Fernanda Pires de Carvalho; CAMARÃO, Tatiana Martins
da Costa. Processo Administrativo: Comentários à Lei nº 9.784/1999. Belo Horizonte: Fórum,
2008.
GRAU, Eros Roberto. Ensaio e Discurso sobre a Interpretação/Aplicação do Direito. 3ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005.
HARGER, Marcelo. Consórcios Públicos na Lei n° 11.107/05. Belo Horizonte: Fórum, 2007.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
119
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MUKAI. Toshio. Concessões, Permissões e Privatizações de Serviços Públicos. 5ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
NOHARA, Irene Patrícia; MORAES FILHO, Marco Antonio Praxedes de. Processo
Administrativo: Temas Polêmicos da Lei n° 9.784/99. São Paulo: Atlas, 2011.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Administração Pública, Concessões e Terceiro Setor. 2ª ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
PEREZ, Marcos Augusto. A Administração Pública Democrática. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
120