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Aula 12

Continuação: Princípios de Intepretação


◦ Distinções entre Proporcionalidade e Razoabilidade:

Proporcionalidade Razoabilidade
Origem Direito Administrativo Inglês e USA
Alemão (due process)
Fundamento Filosófico Utilitarismo + Ciências Exatas Racionalismo
Aplicação Meio-fim Norma e fato

Processo Legislativo
◦ Introdução:
Diz respeito a um conjunto de atos interligados direcionados a produção
de leis e atos normativos. Em outras palavras, processo legislativo diz respeito ao
procedimento formal para a edição de leis e demais atos normativos.
O processo legislativo pode ser dividido em ordinário e especial.
 Processo Legislativo Ordinário = Procedimento base para a edição de leis e atos
normativos

 Processo Legislativo Específico/Especial = regula procedimento de produção de


atos específicos, cada qual com suas peculiaridades.

Processo Legislativo Ordinário


Possui tramitação Bicameral, o que significa que deve ser analisado
separadamente pelas 2 casas legislativas, Casa Iniciadora e Casa Revisora, tendo ainda a
participação do Presidente da República, participação essa que se dá através de sanção
ou veto, também chamada de fase de deliberação executiva. (≠EC que não tem fase
veto)
Casa Iniciadora: A Constituição indica qual das Casas, Câmara ou Senado,
funciona como Casa iniciadora ou Revisora – art. 61, §2º; art. 64.
Regra: Câmara de Deputados como Casa Iniciadora
Exceções em que o Senado funciona como Casa Iniciadora:
1) Projeto de autoria de próprio Senado (senador, comissão do Senado;
2) Iniciativa PGR – art. 61, caput
 1ª Corrente (majoritária): no silencio da Constituição, aplica-se a regra,
portanto, a Casa iniciadora é a Câmara dos Deputados e a Revisora o
Senado;
 2ª Corrente: a Constituição quando deseja, obriga de maneira expressa,
que a apresentação se dê na Câmara, como o faz no §2º, do art. 61 e no
art. 64. Consequentemente, silenciando em relação ao PGR, não haveria
obrigatoriedade em se apresentar o projeto na Câmara, teríamos, sim,
uma faculdade, indicando que o PGR poderia apresentar projeto de lei de
sua autoria a qualquer das Casas Legislativas.

 Legitimidade

◦ Espécies

1) Legitimação Comum
Também encontrado na doutrina como Legitimação concorrente (não
confundir com repartição de competências). Se dá quando a Constituição
confere legitimação, de forma genérica, a um conjunto de legitimados, cada
qual, podendo isoladamente deflagrar o processo legislativo – art. 61, caput;
2) Legitimação Privativa
Ocorre quando a Constituição confere a legitimado específico legitimação
para apresentar projeto de lei para regular matéria específica. Nesse caso,
apenas o respectivo legitimado está apto a deflagrar o processo legislativo
sob pena de inconstitucionalidade formal por vício subjetivo (de iniciativa).
É pacífica a jurisprudência no STF que, nos casos de vício de iniciativa, não é
possível a convalidação do mesmo, através de sanção, pois a
inconstitucionalidade implica a nulidade do ato, fulminando o ato no seu
nascedouro, não se admitindo convalidação. E.g.: Art. 61, §1º;
3) Iniciativa Parlamentar
Ocorre quando o processo legislativo for deflagrado por membro ou
comissão do Congresso Nacional, seja de iniciativa de deputado ou senador,
comissão do Congresso ou Senado ou do Congresso Nacional.
4) Iniciativa Popular
Ocorre quando o processo legislativo for deflagrado por iniciativa
popular. Art. 14, III c/c 61, §2º

 Federal - 61, §2º


1% Eleitoral + % 5 Estados + 3/5 em cada Estado
 Estadual- Art. 27, §4º
 Municipal -Art. 29, XIII – 5%
 DF- Art. 32, §1º

5) Conjunta
Quando a Constituição exige manifestação simultânea de mais um
legitimado para deflagrar o processo legislativo. Difere, portanto, da
iniciativa comum, onde casa um dos legitimados pode, isoladamente, iniciar
o processo legislativo. Não temos mais – antiga redação do art. 48, XV, por
força da EC 19/98

 Procedimento
Apresentado Projeto de Lei à Casa Iniciadora, começa a tramitação, não
havendo prazo estabelecido para exame.
Deflagrado o processo legislativo, ele deve ser apreciado pelas Comissões
Temáticas. Cabe às Comissões emitir parecer favorável ou contrário ao projeto. Os
pareceres emitidos pelas Comissões, têm, em regra, caráter, meramente opinativo.
Mesmo sendo um parecer contrário ao projeto, não se encerra o projeto. O projeto
segue tramitação com parecer contrário.
Em 3 situações o parecer contrário terá efeito terminativo, acarretando
o fim da tramitação e o arquivamento do projeto:
1. Comissão de Finanças e Tributação;
2. CCJ;
3. Das Comissões Especais, são aquelas formadas por, no mínimo, 3
outras Comissões temáticas.
Nesse caso de parecer contrário, é possível, ainda, que haja recurso, de
no mínimo 1/10 dos respectivos membros da Casa Legislativa de modo a levar a
discussão a Plenário.
O Processo Legislativo para a edição de leis Ordinárias pode ser
submetido a 2 procedimentos legislativos distintos.
- Comum
Procedimento - Terminativo – art. 58, §2º, I

◦ Procedimento Comum: Discussão e votação se fará em Plenário


◦ Procedimento Terminativo: Discussão e votação vai se dar no âmbito das
Comissões Temática, o projeto, portanto, não será levado ao Plenário
Lei complementar não tem procedimento terminativo
Emitido o parecer, não sendo, por óbvio, o parecer terminativo, a questão é,
portanto, levada a Plenário para Discussão e Votação.

◦ Para Processo Legislativo Ordinário: 1 só turno de D&V e quórum de maioria


simples

Maioria simples:
1ª Corrente (majoritária) José Afonso da Silva: Base de cálculo = nº de presentes /2
= metade; a maioria será o primeiro número inteiro acima
2ª Corrente (na prática ocorre) Gilmar Mendes e José Cretella Júnior: Base de Cálculo
= nª de votos válidos (exclui-se abstenções) /2

◦ Art. 65 – Revisto pela Casa Revisora – mesmas observações

Se a Casa Revisora: Rejeita = projeto arquivado


Aprova = Enviado ao Presidente para sanção ou veto

Obs.: No caso de rejeição de projeto de lei (seja na Câmara Iniciadora ou Revisora), o


projeto de lei somente poderá ser objeto de mesma sessão legislativa se o mesmo for
subscrito por no mínimo maioria absoluta da Câmara Respectiva. Em outros termos, a
matéria rejeitada somente poderá ser colocada em tramitação (fase de apresentação –
não votação) se respeitado o quórum de apresentação de maioria absoluta. Na Câmara,
para o mesmo projeto possa ser objeto da mesma sessão deve ser subscrito por 257
deputados, e no Senado 41 assinaturas.
Quórum apresentação ou iniciativa -art. 67
◦ Fase de Deliberação Executiva
É nesse momento que o Presidente se manifesta quanto ao projeto
objeto de deliberação legislativa. A Constituição estabelece o prazo de 15 dias úteis para
que o Presidente sancione ou vete o projeto. A não manifestação do Presidente da
República, no referido prazo, implica sanção tácita.
A sanção, portanto, pode ser expressa, que ocorre quando o Presidente
formalmente se manifesta favoravelmente ao projeto apresentado pelo Congresso ou
tácita. Quando não se manifesta no respectivo prazo.
A sanção tácita vem prevista no §3º, art. 66.
O veto indica a discordância do Presidenta da República em relação ao
projeto apresentado pelo legislador. O veto deve ser SEMPRE EXPRESSO E MOTIVADO,
conforme exigido pela Constituição §1º, art. 66. A motivação do veto tem a finalidade
de facilitar o controle legislativo em relação às razões que levaram o Presidente a não
sancionar o respectivo projeto.
O veto expresso imotivado equivale à sanção tácita.

◦ Espécies de Veto
1) Quanto ao conteúdo
a) Jurídico
Motivado na inconstitucionalidade do projeto.
b) Político
Fundamento: contrariedade ao interesse público.

2) Quanto à extensão
a) Total
Abrange a proposição na íntegra.
b) Parcial
Apenas parte da proposição. Muita atenção ao §2º, do art. 66, pois o veto
é parcial à totalidade do projeto, mas não o pode ser ao dispositivo do
projeto. O dispositivo deve ser vetado na íntegra.
O veto parcial não pode, como visto, se dar em relação ao dispositivo
vetado, sob pena de se permitir que o Executivo pudesse através do veto
alterar o sentido do projeto aprovado pelo legislador.

◦ Sanção
Seja expressa ou tácita, cabe ao próprio Presidente a Promulgação.

Obs. : A partir de que momento do processo legislativo podemos falar que há lei?
R: A sanção transforma o projeto em lei. Antes da sanção ou veto – projeto de lei (art.
66, caput e §7º)

◦ Promulgação
Prazo de 48 horas – art. 66, §7º
Caso o Presidente da República na promulgue a lei no prazo de 48 horas,
esta será enviada ao Presidente do Senado Federal para que o faça no mesmo prazo.
Caso este não se manifeste nas respectivas 48 horas, a lei deverá ser promulgada pelo
Vice-Presidente do Senado.
Obs.: Caso não haja manifestação-promulgação no prazo de 48 horas (para cada um) do
art. 66, §7º será possível se recorrer ao Poder Judiciário pedindo para que se determine
que a autoridade responsável a promulgação da lei, já que não há discricionariedade
política na fase de promulgação, pois cuida-se de fase meramente complementar do
processo legislativo que visa, primeiramente, atestar formalmente que já existe lei
aprovada. E, segundo publicar a respectiva lei dando conhecimento à sociedade. Na
promulgação e publicação não há juízo político nessa fase, são meras formalidades.
Inclusive alguns autores, como José Afonso da Silva, defendem que
promulgação e publicação não fazem parte do processo legislativo, consequentemente,
não há discricionariedade, sendo atos vinculados.
◦ Quem promulga publica

◦ Quando ocorre o veto


Quando houver veto, como dito, o mesmo deve ser motivado, conforme
parte final do §1º, do art. 66, devendo os motivos do veto ser comunicados em 48h ao
Presidente do Senado. Recebido o comunicado do veto, caberá ao mesmo, com base no
§4º do art. 66, convocar sessão conjunta do Congresso Nacional para deliberar sobre o
veto. O quórum exigido para a derrubado do veto é de maioria absoluta.
Importante: Prazo!
Se o veto for mantido, o projeto será arquivado. Se o veto for arquivado, deverá o ato
ser remetido ao Presidente da República à publicação no prazo de 48 h.
Obs.: Não havendo sanção, e consequentemente veto e sua derrubada, a partir de que
momento podemos falar em lei no ordenamento jurídico?
R: A derrubada do veto não transforma o projeto em lei? Contradição entre §§ 5º e 7º.
Para José Afonso da Silva, promulgação e publicação como fases complementares, a
derrubado do veto transforma o projeto em lei.

Emendas Parlamentares
A emenda da Casa Revisora retorna à Casa iniciadora – parágrafo único, art. 65. Retorna-
se apenas o que foi emendado! O que foi rejeitado, arquiva-se; o que foi aprovado
aguarda.
Obs.: O STF em interpretação teleológica do parágrafo único, art. 65 entende que nem
toda emenda necessita retorno à Casa iniciadora:
1) Meramente formais, para correção de erro técnico-jurídico;
2) Meramente formal para correção de erro de linguagem, desde que não haja
alteração substancial.

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