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UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA

DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A


UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS COMO PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Handerson Rodrigo Alves (PPGECN/UFMT) – handersonrodrigo@gmail.com


Andreia Gomes Furtado Aguillera (PPGECN/UFMT) – andreiagfy@yahoo.com.br Field Code Changed

Josefa Silva dos Santos (PPGCEN/UFMT) – zefa_bio@gmail.com


Carlos Rinaldi – rinaldi@ufmt.br
Frederico Ayres-
Resumo:

Formação Continuada dos professores, nas últimas décadas, vem sendo veementemente referenciada como uma
das possibilidades de melhora da educação. Na rede pública de Mato Grosso, há um projeto voltado para a
formação continuada dos profissionais da educação. A presente pesquisa foi realizada no município de Campo
Verde– MT, onde uma proposta de formação continuada foi elaborada e apresentada aos professores de todas as
disciplinas da escola no momento de formação o qual é chamado de Pró-Escolas Formação na Escola. A formação
continuada ocorreu em 04 horas semanais, as quais concluíram a formação em 40 horas de estudo e debates.
Buscou-se neste momento de formação orientar os professores sobre a importância e utilização de materiais
didáticos diferenciados, leitura e discussão de alguns teóricos que discutem o processo de ensino aprendizagem na
perspectiva de uma aprendizagem significativa com objetivo de fortalecer as práticas pedagógicas dos professores
ao utilizar como recurso pedagógico o mapa conceitual para construção de conceitos. Esta pesquisa também
contribuiu para construção de um produto pedagógico o qual intitulamos: Um olhar sobre a Formação
Continuada de Professores da Educação Básica e a utilização de Mapas Conceituais como proposta de
intervenção pedagógica, com objetivo de contribuir na formação continuada dos professores de todas as áreas de
conhecimento.

Palavras-chave: Formação continuada, mapas conceituais, ensino e aprendizagem.

1 Introdução
Diversos indicadores apontam para os baixos níveis da Educação Básica em nosso país, sendo
um deles o Ideb (Indicador geral da educação nas redes privada e pública). Índices que
evidenciam a precariedade de nosso ensino e as dificuldades encontradas na aprendizagem
pelos alunos. Uma das possíveis indagações sobre esta realidade poderia estar ligada à formação
dos professores. É neste sentido, que vamos analisar os efeitos da formação continuada dos
professores na Escola Ulisses Guimarães em Campo Verde-MT bem como propor uma nova
metodologia para capacitação na educação continuada.
Sendo assim, conceber o ensino como a mobilização de vários saberes que precisam ser
constantemente atualizados e relembrados e que o processo de Formação Continuada para
professores vem colaborar para uma prática pedagógica mais relevante no contexto atual de
ensino.
2 Metodologia
A sequência metodológica obedeceu aos seguintes caminhos, a saber:

 10 encontros semanais;
 Carga horaria: 04horas/semanais;
 Carga horaria total cumprida: 40h.
A metodologia do trabalho foi desenvolvida em 10 momentos para debater e refletir sobre os
textos, segue a sequência metodológica:

1º Momento

Inicialmente foi apresentada a proposta de trabalho com a utilização de Mapas Conceituais para
o PEFE, ano de 2018, aos professores da E. E. Ulisses Guimarães, e sugestões dos textos
selecionados. A sala de estudos foi organizada em grupos para desenvolverem trabalhos
durante o ano letivo. Foi Entregue aos docentes o primeiro texto para leitura: A teoria de
educação de Novak e o modelo de ensino aprendizagem de Gowin. MOREIRA, Marco Antônio.

2º Momento
Apresentação e discussão do texto: A teoria de educação de Novak e o modelo de ensino
aprendizagem de Gowin. Entrega do segundo texto para estudo: MOREIRA, M. A. O QUE É
AFINAL APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Instituto de Física UFRGS - Caixa Postal
15051– Campus 91501-970 Porto Alegre –RS.

3º momento
Apresentação e discussão do texto: O QUE É AFINAL APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA? Entrega do terceiro texto: Aprendizagem significativa crítica.

4º momento
Apresentação e discussão do terceiro texto: Aprendizagem significativa crítica. Entrega da
quarta leitura o livro: NOVAK, J. D. APRENDER A APRENDER- tradução CARLA
VALADARES revisão científica JORGE VALADARES (Departamento de
Educação/Universidade Aberta).

5º Momento

Apresentação e discussão do livro/ Primeira parte: APRENDER A APRENDER.


6º Momento

Apresentação e discussão do livro/ segunda parte: APRENDER A APRENDER.

7º Momento

Preparação de uma de aula usando o Mapa Conceitual (Planejamento).

8º Momento

Trazer para discussão a experiência de como foi à aula usando o Mapa Conceitual. Trazer
pontos positivos e/ou negativos. Apresentação dos trabalhos realizados em sala.

9º Momento

Continuação das discussões sobre as experiências de como foi à aula usando o Mapa
Conceitual. Trazer pontos positivos e/ou negativos. Apresentação dos trabalhos realizados em
sala.

10º Momento

Discussão da aplicação dos Mapas conceituais, como proposta de intervenção pedagógica


tornando a aprendizagem significativa dos alunos. Foi aplicado um questionário com 06
questões destas se desdobravam em outros para melhor fundamentação.

3 Fundamentação teórica

Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com o


objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo, e com a introdução de novos elementos
para que o sujeito, pense e elabore de forma diferenciada, quebrando padrões anteriores de
relacionamento com o mundo físico e social.
Assim, o saber docente se compõe de vários saberes provenientes de diferentes fontes.
Entre esses saberes, podemos citar: o saber curricular, proveniente dos programas e dos manuais
escolares; o saber disciplinar, que constitui o conteúdo das matérias ensinadas na escola; o saber
da formação profissional, adquirido por ocasião da formação inicial ou contínua; o saber
experiencial, oriundo da prática da profissão, e, por fim, o saber cultural herdado de sua
trajetória de vida e de sua pertença a uma cultura particular, que eles partilham em maior ou
menor grau com os alunos. Enfim, o saber docente se compõe de vários saberes vivenciados
pelos professores (TARDIF, 2004, p.63).
Manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas
pedagógicas mais eficientes é alguns dos principais desafios da profissão de educador. Concluir
o Magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que
não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo aprender. (NOVA ESCOLA,
Entrevista. Maio 2001).
Para Nóvoa (NOVA ESCOLA, Entrevista. Maio 2001), há dois pólos essenciais na
relação professor-escola: o professor como agente e a escola como organização. A preocupação
com a pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógica. Sabemos que a
formação depende do trabalho de cada um.
Sabemos também que mais importante do que formar é formar-se; que todo o
conhecimento é autoconhecimento e que toda a formação é auto-formação.
Por isso, a prática pedagógica inclui o indivíduo, com suas singularidades e afetos. O
desenvolvimento pessoal e profissional depende muito do contexto em que exercemos nossa
atividade. Todo professor deve ver a escola não somente como o lugar onde ele ensina, mas
onde aprende. A atualização e a produção de novas práticas de ensino só surgem de uma
reflexão partilhada entre os colegas. Essa reflexão tem lugar na escola e nasce do esforço de
encontrar respostas para problemas educativos. Tudo isso sem cair em meras afirmações
retóricas. Nada vai acontecer se as condições materiais, salariais e de infraestrutura não
estiverem devidamente asseguradas. O debate sobre a formação é indissociável das políticas de
melhoria das escolas e de definição de uma carreira docente digna e prestigiada. (NOVA
ESCOLA, Entrevista. Maio 2001).
A formação continuada é um processo de aprendizagem e de socialização, de natureza
voluntária, informal e pouco previsível que está centrado na interação entre colegas e nos
problemas que trazem de suas práticas docentes. Por isso, um processo de formação continuada
não é linear, mas sim sofre redefinições de rumos dependendo das necessidades de seus
participantes. (SCHNETZLER, 2002 p.2).
Nesse contexto a formação continuada corrobora para que sejam preenchidas as lacunas
existentes na formação inicial dos professores que geralmente são evidenciados durante o
processo de ensino e aprendizagem.
4 Resultados e Discussões

Evidencia-se na pesquisa um resultado satisfatório no que diz respeito a formação de


professores, muitos dos interlocutores puderam contribuir e também interagir através da troca
de experiências durante a formação. Observe o gráfico abaixo onde os professores puderam
socializar a experiência da formação continuada e os fatores apontados pelos sujeitos da
pesquisa através de um questionário aplicado no ultimo momento de formação.( Questionário
Anexo 1).

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

120%
100%
100% 85% 85% 85%
80% 71%

60%
40%
19%
20%
0%

Fonte: Os autores

A pesquisa apontou que 19% dos professores tinham conhecimento sobre a teoria de
aprendizagem de Ausubel e Novak, dando maior folego a formação continuada. Percebeu-se
também que muitos dos professores já utilizavam a teoria de Ausubel e David sendo 71% dos
sujeitos, mesmo sem aplica-las através dos mapas.
Os sujeitos da pesquisa apontaram a importância da aplicação dos mapas em suas aulas, e 85%
responderam que é um recurso didático excelente como apoio pedagógico durante as aulas.
Muito dos professores afirmaram que utilizariam os mapas conceituais em suas aulas após a
formação para fortalecer as práticas em sala de aula e inovação da metodologia, 85% dos
professores. Os docentes perceberam a vantagem na utilização em suas aulas, 85% dos
professores disseram facilitar o processo de ensino e aprendizagem, e percebem que o aluno
possa construir os conceitos e entender melhor os conteúdos através dos mapas conceituais. Foi
perguntado no questionário quanto a importância e utilização dos mapas conceituais em sala de
aula, e 100% dos professores responderam que é um recurso que na concepção dos sujeitos não
pode faltar durante as aulas, seja no inicio meio ou final da aula.

5 Considerações Finais

A formação continuada é um processo de aprendizagem e de socialização, de natureza


voluntária, informal e pouco previsível que está centrado na interação entre colegas e nos
problemas que trazem de suas práticas docentes. Por isso, um processo de formação continuada
não é linear, mas sim sofre redefinições de rumos dependendo das necessidades de seus
participantes. (SCHNETZLER, 2002 p.2). Nesse contexto a formação continuada corrobora
para que sejam preenchidas as lacunas existentes na formação inicial dos professores que
geralmente são evidenciados durante o processo de ensino e aprendizagem.s
É evidente que um dos objetivos de qualquer profissional consiste é superar cada vez mais suas
dificuldades e preencher as lacunas que possam aparecer em seu ofício. Neste contexto o
conhecimento muita das vezes é adquirido através de experiência adquirida e a troca dessas
experiências. Mas será que esta experiência adquirida e essa troca são fundamentais para
atingirmos nossos objetivos enquanto educador? A fundamentação teórica, metodológica
epistemológica podem ficar afastada desse processo?.
Alguns teóricos da educação, a partir da constatação da complexidade das variáveis que
intervem nos processos educativos, tanto em numero como em grau de inter-relações que se
estabelecem entre elas, afirmam a dificuldade de controlar esta prática de uma forma
consciente.(ZABALA,1998, p.14).
A sala de aula é um ambiente complexo, pessoas com diferentes ideias e concepções, um
contexto imprevisível, ora pode chover, ora fazer sol, porem o professor sempre deve estar
preparado para momentos diferentes, a decisão de adotar uma estratégia ou mudar uma
metodologia inicia através de sua reflexão-ação.
Anexo 1

1- Você conhece a teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel e Novak? Você


as utiliza em suas aulas? Qual das duas você utiliza? Como você faz isso com os
alunos? Que partes da teoria que te auxilia no ensino e na aprendizagem dos
estudantes?
2- Já utilizou os Mapas conceituais em suas aulas? Quando e como? Com qual
finalidade? Que resultados obteve? Cite uma vantagem e uma desvantagem da
utilização dos mapas?
3- Relate a experiência utilizando-se os mapas com os alunos? E quanto a você o que
dizer sobre essa experiência? Avalie a eficiência da utilização de mapas para a
aprendizagem e avaliação em sala de aula. Que dificuldades você encontrou em
trabalhar com mapas em sala de aula?
4- Você vê a possibilidade da utilização do mapa conceitual em outras disciplinas e
temas?
5- Em que medida, a partir de agora, o uso de mapas conceituais serão
introduzidos/utilizados nas suas aulas? Para que finalidades?
6- Para você o que consiste a formação continuada? O que esta formação continuada
acrescentou na sua prática pedagógica? Quais dificuldades você teve nessa
formação? Que sugestões você daria para melhorar a formação continuada da nossa
escola?
6 Referências

MALDANER, O. A. A pesquisa como perspectiva de formação continuada do professor


de química. Química Nova. V.22: nº 2, 1999.
MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de
aula. Brasília, UNB, 2006.
MOREIRA, M. A. Mapas Conceituais como Instrumentos para Promover a Diferenciação
Conceitual Progressiva e a Reconciliação Integrativa. Ciência e Cultura, 32, v. 4: 474-479,
1980.
NÓVOA, A. Professor se forma na Escola. Revista Nova Escola. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/179/entrevista-formacao-antonio-novoa> Acesso em:
13/07/2018.
SILVA, A. L. S. Mapas Conceituais no Processo de Ensino-Aprendizagem: aspectos
práticos. Local: https://www.infoescola.com/pedagogia/mapas-conceituais-no-processo-de-
ensino-aprendizagem-aspectos-praticos/. Acesso em: 12/07/2018.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional, 16. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes,
2014.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
VYGOTSKY, L. S. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky. Acesso em:
24/03/2012.

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