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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO E DOUTORADO


DISCIPLINA: TEXTOS, DISCURSOS E EDUCAÇÃO
PROFESSOR: EDGAR ROBERTO KIRCHOF
SEMESTRE: 2018/2

“MODA AFRO É MILITÂNCIA”: DISCURSOS SOBRE ESTÉTICA AFRO EM UM


CANAL DO YOUTUBE

Evelyn Santos Pereira

Este artigo busca identificar quais são os discursos mobilizados pela youtuber1
Ana Paula Xongani sobre estética negra. A influencer2 possui uma marca de roupas e
acessórios chamada Xongani, além de uma canal no YouTube que leva o mesmo nome.
Nos vídeos veiculados em seu canal, assim como em suas redes sociais, Ana Paula cria
conteúdos sobre assuntos diversos, mas que possuem em comum a temática racial e de
gênero. Geralmente, seus vídeos seguem um padrão confessional, em que ela narra suas
experiências pessoais, profissionais e sociais, estimulando reflexões acerca do
desenvolvimento das subjetividades e das identidades de mulheres negras.

Além das narrativas de si, a youtuber mobiliza discursos sobre moda e estética
afro-brasileira, articulando referências africanas e características fenotípicas do corpo
negro, como o cabelo, à construção de uma identidade racial positiva e empoderada.

Selecionou-se como recorte para esta análise um vídeo publicado por Ana Paula
Xongani no YouTube em 10 de novembro de 2016, intitulado: Tipo de militância... Moda
Afro é militância?

Sujeitos que se narram: a produção de identidades na pós-modernidade

Velocidade, efemeridade, fluidez e transitoriedade são alguns adjetivos


empregados na definição da pós-modernidade. Um período no qual as práticas culturais,

1
Recentemente tal denominação foi adicionada ao dicionário inglês Oxford, devido à crescente
popularidade do termo. De acordo com o referido dicionário, a palavra significa “um usuário frequente
do website de compartilhamento de vídeos YouTube, especialmente alguém que produz e aparece em
vídeos desse site” (tradução livre). Em resumo, o termo é designado aos sujeitos que mantém canais na
plataforma, destinados a produzir e divulgar conteúdos diversos através da postagem frequente de
vídeos.
2
Termo usado para designar alguém que possui influência em determinada área no meio digital.
as crenças, os comportamentos e os desejos são transformados, ressignificados e
substituídos em ritmo acelerado.

No contexto mundial do século XXI, a economia, as artes, a moda e cultura


tornam-se cada vez mais globais, modificando nossa relação com o tempo, o espaço e o
conhecimento e borrando fronteiras territoriais e identitárias. Nesse sentido, as
identidades, assim como os discursos que as constituem, são produzidos a partir de
múltiplas referências e tornam-se cada vez mais difusas, fragmentadas e provisórias.

O processo de transição entre a modernidade e a pós-modernidade, no qual


estamos situados na atualidade, está sendo fortemente marcado pelo desenvolvimento de
novas formas de comunicação. Além da mídia tradicional, representada pelo rádio, pelo
jornal impresso, pelo cinema e pela televisão, a utilização da internet tem gerado
profundas transformações em diferentes esferas da vida, desde as políticas do cotidiano
até o nível macro da economia e da política global. Sobremaneira, a partir dos anos 2000,
período em que os sujeitos começaram a ser chamados para produzirem conteúdo,
ocupando o lugar de protagonismo na criação e divulgação de conhecimentos, imagens,
informações e narrativas pessoais. O acesso aos dispositivos eletrônicos e à rede,
portanto, deu a cada sujeito a possibilidade de sair do anonimato e democratizou, em
determinada medida, o poder de produção do saber.

Dentre a variedade de textos que circulam na web, as escritas de si figuram como


um dos gêneros mais recorrentes na atualidade, veiculados no ambiente virtual em blogs,
em redes sociais e em plataformas como o YouTube. Nesse caótico contexto, no qual
incontáveis relatos cotidianos são veiculados a cada segundo em todas as partes do
planeta, vamos constituindo quem somos a partir da relação entre a forma como nos
narramos e o olhar do outro sobre quem dizemos/mostramos ser.

Longe de ser uma prática atual, a historiadora Ângela de Castro Gomes (2004)
destaca que as escritas de si, emergem como um exercício de produção de si no século
XVIII, consolidando-se ao longo do século seguinte. De acordo com a pesquisadora, a
incorporação desse exercício de escrita e de memória de si nas sociedades modernas, está
estreitamente vinculado às mudanças ocorridas na percepção do sujeito enquanto indivíduo
e nas transformações políticas e culturais da modernidade.

Os diários íntimos e a escrita epistolar, práticas recorrentes de escrita de si na


Modernidade, ganham novos formatos na cultura contemporânea. Não mais como um
exercício íntimo, as escritas e narrativas do eu são agora produzidas para serem exibidas.
Nesse sentido, a pesquisadora argentina Paula Sibilia (2016) propõe que as múltiplas
histórias individuais que fazem da internet um grande “show do eu”, podem ser
consideradas variações atualizadas do gênero autobiográfico

Para Sibilia (op. cit.), as narrativas de si, produzidas nas diferentes modalidades
de diários íntimos virtuais, indicam uma transformação na constituição das subjetividades
pós-modernas, bem como do conceito de intimidade, de público e privado, de realidade e
ficção. Ela chama atenção para a tendência, que não paramos de aperfeiçoar, de
transformar cada detalhe do cotidiano em grandes espetáculos, que devem ser expostos
aos olhares alheios para que sejam legitimados.

Nesse complexo cenário do capitalismo, da globalização e da era digital, que borra


fronteiras territoriais e simbólicas, que estimula o capital cognitivo e o protagonismo dos
sujeitos, chamando-os a serem criativos e a mostrarem-se incessantemente, vemos
emergir o que Gilles Lipovetsky e Jean Serroy (2015) chamaram de “a estetização do
mundo”. De acordo com os autores,

[...] estamos no momento em que os sistemas de produção, de


distribuição e de consumo são impregnados, penetrados, remodelados
por operações de natureza fundamentalmente estética. O estilo, a
beleza, a mobilização dos gostos e das sensibilidades se impõem cada
dia mais como imperativos estratégicos das marcas: é um modo de
produção estético que define o capitalismo de hiperconsumo.
(LIPOVETSKY; SERROY: 2015, p. 13)

Nas sociedades ocidentais do século XXI, tudo vira produto e é estilizado. A casa,
os móveis, o carro, as roupas, os acessórios, a alimentação, a profissão, o estilo de vida e
o corpo de cada um devem estar em consonância com quem dizemos ser. Esse conjunto
de coisas e de comportamentos, sobre os quais investimos tempo e dinheiro, são
cuidadosamente selecionados para compor nossas imagens e narrativas pessoais.

Mulheres negras no YouTube: constituindo uma estética afro

No contexto contemporâneo de explosão de criatividade e de exibicionismo


começa a surgir uma modalidade específica de ídolos, as webcelebridades. Celebridades,
muitas vezes, momentâneas, que ganham destaque a partir da internet e alcançam uma
multidão de fãs, sendo capazes de mobilizar comportamentos, desejos e opiniões de
milhares de pessoas que acompanham suas vidas através de infindáveis sucessões de
cliques e posts. Entre os famosos da internet, temos assistido a um rápido crescimento do
número de pessoas que conquistam visibilidade a partir da plataforma de distribuição
digital de vídeos, o YouTube, cujo o número de usuários, que já somam mais de um
bilhão, não para de multiplicar.

Ainda que parte da população brasileira continue sem acesso à internet, a inserção
das ferramentas tecnológicas no cotidiano dos sujeitos contemporâneos está facilitando o
acesso à histórias e memórias coletivas e possibilitando a produção de autonarrativas de
sujeitos que, historicamente, tiveram seu lugar de fala deslegitimado.

Nessa direção, a internet tem sido palco de jovens mulheres negras protagonistas
de narrativas que buscam desconstruir discursos machistas e racistas, buscando promover
práticas culturais comprometidas com a equidade de gênero e racial. Os meios através
dos quais essas iniciativas operam na web são variados. Além de sites de maior destaque,
como o “Correio Nagô”, “Nação Z”, “Mídia Étnica” e “Geledés”, não param de crescer
coletivos locais que buscam democratizar o direito à comunicação, ao dar espaço para
que diferentes vozes se manifestem e visibilizem a representação de diferentes formas de
existência.

No YouTube, em observação realizada entre os anos de 2016 e 2017, constatou-


se que os canais de mulheres negras que tinham maior interação – frequência de
postagens, número de visualizações, likes e inscritos no canal – eram os que abordavam
assuntos relacionados ao cabelo afro (como cuidados, transição capital3, penteados e
produtos), sobre pele negra, (em especial, com dicas de maquiagem), moda e rotina4.
Neste seguimento, além do canal Ana Paula Xongani, pode-se destacar outros, como: Xan
Ravelli, Gabi Oliveira, Nátaly Neri, As Tavares, Camila Nunes, Jacy July, Maraisa
Fidelis, Rayza Nicácio, Wappa Moda, Negra Rosa, Tati Sacramento, Patrícia Avelino,
Fernnandah Criloura, Débora Ninja, Anne Barreto, Negra Vaidosa, May Diniz.

3
É o processo de transição enfrentado por quem decide deixar o cabelo crescer naturalmente, deixando
de usar química. Neste período, o cabelo apresenta formato e textura diferentes na raiz e nas pontas.
4
É muito comum entre um nicho específico de youtubers, que pode ser classificado como confessional,
gravar vídeos mostrando aspectos de sua rotina e de sua vida pessoal. Por exemplo, exibindo sua rotina
de cuidados de beleza, mostrando a decoração de sua casa, acompanhando alguma viagem, evento ou
trabalho que esteja fazendo, etc.
Ana Paula Xongani5 é uma paulista de 30 anos, casada com um africano e mãe de
uma menina. Ana é formada em design pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, e
sócia-fundadora e estilista da Xongani6, marca de moda afro. O canal da estilista foi
criado em julho de 2012 e atualmente está com 166 vídeos e 65.052 inscritos.

Imagem 1 - Canal Ana Paula Xongani

Na sua empresa, Ana Paula desenvolve um trabalho voltado para a valorização da


beleza negra, usando tecidos e referências africanas para produzir suas peças. Além do
ateliê, onde é produzido e comercializado os produtos que ela cria, como roupas, brincos,
coleares, turbantes e outros acessórios, ela também tem uma loja virtual. No YouTube, a
influencer articula seu trabalho como designe de moda com a militância social. Segundo
ela, moda também funciona como um tipo de ativismo que favorece a visibilidade e a
afirmação de identidades negras. Ela afirma que a moda é a sua plataforma de
transformação social, e que, assim como o racismo se manifesta de diversas formas e vai
se atualizando, o combate ao racismo também tem que ser multifacetado. Por isso, todos
os tipos de militância são válidos e bem-vindos.

A partir da interação observada no canal de Ana Paula e de outras mulheres negras,


percebe-se que essas influenciadoras digitais estão assumindo um papel de destaque na
construção de identidades femininas negras, em especial, jovens, uma vez que ainda é o

5
https://www.youtube.com/user/xonganiartecomtecido/featured - último acesso em 20/12/2018.
6
Segundo Ana Paula, a palavra vem do changana, língua africana do sul de Moçambique, e significa algo
como “arrumem-se”, “enfeitem-se” ou “fiquem bonitas”.
público que mais consome os conteúdos da internet. Tal importância, é destacada pelas
próprias mulheres que interagem na plataforma. Tanto quem produz, quanto quem
consome esses conteúdos, relatam que é fundamental para elas sentirem-se representadas
e contempladas em suas especificidades. Encontrar referências em que possam se
espelhar para construírem uma imagem positiva de si, é uma estratégia muito potente para
as lutas de resistência e empoderamento feminino negro.

A partir de histórias de exploração, violência, aniquilamento e dominação de


determinados povos sobre outros, as representações raciais foram sendo desenvolvidas
pelos regimes dominantes, pautadas em oposições arbitrárias e reducionistas. Usados para
marcar a “diferença”, ou seja, o “Outro racializado”, os binômios cultura e natureza,
civilização e selvageria, pureza racial e miscigenação, eram, e ainda são, estratégias
amplamente difundidas na representação das identidades.

Embora as representações raciais estereotipadas ainda tenham forte efeito sobre a


produção das identidades contemporâneas, Stuart Hall (2016) destaca que é possível
contestar e reverter os regimes dominantes de representação, a partir de diferentes
estratégias, das quais cita três: a inversão dos estereótipos, a transcodificação de imagens
negativas em imagens positivas e, por último, a luta pela representação.

De acordo o mesmo autor, como o significado não é fixo, tais estratégias são
capazes de conferir novos sentidos para as representações raciais. Nesse sentido, destaca
os movimentos dos direitos civis das décadas de 1960 e 1970, como um marco importante
na luta pela representação, pela positivação da diferença e pela afirmação da identidade
cultural negra. Neste contexto de lutas, que as mulheres negras vêm inserindo na cena
social e política como uma de suas principais pautas, a reivindicação pelo direito de falar
de/por si. Desta forma, disputam o poder de autodefinição e autorepresentação, com vista
a evidenciar suas complexidades e multiplicidades.

O vídeo selecionado como recorte para este texto tem 5min. 24seg., teve 4.913
visualizações, 545 likes e 2 deslikes7. Nos primeiros dois minutos, a youtuber fala sobre
os tipos de ativismos sociais que atuam na sociedade e sobre a importância de cada um

7
Like e deslike no contexto digital, significa gostei e não gostei, respectivamente. É um recurso disponível
na plataforma YouTube que serve para que o usuário registre sua avaliação a respeito do conteúdo que
está assistindo.
deles para a cultura negra. Em seguida, ela se posiciona dizendo que o tipo de ativismo
que ela desenvolve é através da moda.

Imagem 2 - Vídeo Tipo de militância... Moda afro é militância?

No vídeo, Ana Paula afirma que é preciso “questionar a ausência do negro na


história da moda”, do mesmo modo como em outras instâncias culturais, e diz que a
moda “dá possibilidade para outras pessoas, a partir do seu discurso estético, comunicar
a sua militância”. A youtuber segue dizendo: “produzir moda afro ou usar moda afro, é
usar o seu corpo como ferramenta política. Quando eu uso moda afro e quando eu entro
em um lugar usando moda afro, independente do espaço que estou acessando, com um
discurso não verbal, eu estou comunicando. Eu estou dizendo muitas coisas”.

Sobre as tradições da cultura popular negra, Staurt Hall (2014) afirma que ao
longo da história o corpo negro foi usado como se fosse seu único capital cultural.
Segundo ele, “temos trabalhado em nós mesmos como em telas de representação” (op.
cit., p. 342). Com a estetização e a mercantilização da vida, características da atualidade,
as mulheres negras, em especial, jovens dos centros urbanos, estão usando seus corpos
para manifestar sua etnicidade a partir de referências de uma África recriada no Brasil ao
longo do processo diaspórico.

Segundo Livio Sansone (2003, P. 91), “as interpretações das coisas e traços tidos
como de origem africana, tem sido axial no processo de mercantilização das culturas
negras”. Para o mesmo autor, a cultura negra baiana viveu nos últimos trinta anos um
processo de “reafricanização”, que é caracterizado por uma exibição de símbolos que
remetem à África. A incorporação desses símbolos africanos pode ser observada desde o
cenário do vídeo de Ana Paula. Percebe-se que ele foi gravado no escritório do ateliê da
Xongani, no qual é possível observar referências étnicas nos objetos, como no quadro,
nas cores, nos tecidos que compõem o cenário e no próprio corpo da youtuber, que tem
cabelo endredado e usa roupas e brincos de sua própria marca.
Ana Paula tem muitos vídeos mostrando peças produzidas pela Xongani e
ensinando a usar os acessórios que produz, como cordão, turbante e faixa de cabelo. Os
dreads da youtuber também são tema de muitos vídeos, onde ela dá dicas de como cuidar
e ensina a fazer penteados para esse tipo de cabelo. Observa-se, portanto, não só a partir
dos discursos sobre moda afro, mas sobretudo, a partir do próprio corpo de Ana Paula,
uma positivação e valorização dos cabelos afro, dos traços fenotípicos do corpo negro e
da incorporação de símbolos africanos nos modos de se vestir.

Sansone (2003), ao analisar o que ele denominou como “nova cultura negra
baiana”, observou que ela está mais centrada no corpo, na cor, na indústria da música e
do lazer – próprias da juventude moderna – do que nos sistemas simbólicos e religiosos.
Para o autor:

Sua nova etnicidade negra, baseada na estetização da cultura negra e


num uso ostensivo do corpo, presta-se a uma atitude inteiramente
diferente para com o consumo e, por sua vez, cria novas condições de
mercantilização. Mais do que nunca, os objetos negros acham-se
presentes nos fluxos globais. (SANSONE: 2003, p. 120)

A partir da cultura popular e das inúmeras narrativas e imagens que circulam na


web, percebe-se uma espetacularização das identidades étnicas, através da criação e
exibição de uma estética negra, que pode ser observada nos cabelos, nas roupas, nos
acessórios, nas músicas, estilos e comportamentos de jovens negros (as). Desse modo,
pode-se afirmar que as dinâmicas culturais da pós-modernidade estão produzindo novas
formas de viver as identidades negras, mais voltadas para a valorização de uma estética
racial. Para as mulheres afro-brasileiras, a proliferação de referências negras em
diferentes instâncias, entre elas, na moda, tem possibilitado novas formas de
(re)existência.

BIBLIOGRAFIA
GOMES, Ângela de Castro (org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Organização e Revisão Técnica: Arthur Ituassu.


Tradução: Daniel Miranda e William Oliveira. Rio de Janeiro: Ed. PUC – Rio: Apicuri,
2016.
HALL, Stuart. Que ''negro'' é esse na cultura negra. in. Da Diáspora - Identidade e
Mediações Culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2014.

LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A estetização do mundo: Viver na era do


capitalismo artista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SANSONE, Livio. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na
produção cultural negra no Brasil. Tradução: Vera Ribeiro. Savador: Edufba; Pallas,
2003.

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. 2º ed., rev. Rio de Janeiro:
Contraponto, 2016.

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