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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco, Ricardo Razaboni. Bruna Pinotti Garcia.

Mariela Cardoso
Guilherme Cardoso. Rodrigo Gonçalves. Carlos Quiqueto. Ricardo Razaboni

Polícia Civil do Estado de Minas Gerais

PC-MG
Escrivão de Polícia I
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OBRA
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais - PC-MG
Cargo: Escrivão de Polícia I

AUTORES
Língua Portuguesa - Profa. Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Programa de Direitos Humanos - Bruna Pinotti Garcia
Programa de Língua Portuguesa - Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Programa de Noções de Criminologia - Ricardo Razaboni
Programa de Noções de Direito Administrativo - Bruna Pinotti Garcia
Programa de Noções de Civil - Mariela Cardoso
Programa de Noções de Direito Constitucional - Guilherme Cardoso
Programa de Noções de Direito Penal - Rodrigo Gonçalves
Programa de Noções Processual Penal - Rodrigo Gonçalves
Programa de Noções de Informática - Carlos Quiqueto
Programa de Noções de Medicina Legal - Ricardo Razaboni

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Suelen Domenica Pereira
Elaine Cristina

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Camila Lopes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Publicado em 07/2018

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SUMÁRIO

PROGRAMA DE DIREITOS HUMANOS

A Constituição Brasileira de 1988....................................................................................................................................... 01


Noções gerais sobre direitos humanos.............................................................................................................................. 03
Gerações de direitos humanos........................................................................................................................................... 11
A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos.......................... 12
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos.......................................................................................... 14
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil........................ 27
A Constituição Brasileira de 1988: Dos princípios fundamentais................................................................................... 30
A Constituição Brasileira de 1988: Dos Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................. 37
Dos direitos e deveres individuais e coletivos................................................................................................................... 37
Dos direitos sociais.............................................................................................................................................................. 66
Da nacionalidade................................................................................................................................................................. 79
Dos direitos políticos........................................................................................................................................................... 85
Dos partidos políticos......................................................................................................................................................... 88
Direitos humanos das minorias e grupos vulneráveis..................................................................................................... 90
Política nacional de direitos humanos............................................................................................................................... 95

PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Criminologia: conceito, cientificidade, objeto, método, sistema e funções................................................................... 01


Fundamentos históricos e filosóficos da Criminologia: precursores, Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas.
Marcos científicos da Criminologia. A escola liberal clássica do Direito Penal e a Criminologia positivista.............. 03
A Moderna Criminologia científica: modelos teóricos explicativos do comportamento criminal. Biologia criminal,
Psicologia Criminal e Sociologia Criminal. ....................................................................................................................... 06
Teoria Estrutural-Funcionalista do desvio e da anomia. ................................................................................................. 09
Teoria das Subculturas Criminais. ..................................................................................................................................... 09
Do “Labeling Approach” a uma criminologia crítica. ...................................................................................................... 09
A sociologia do conflito e a sua aplicação criminológica. ............................................................................................... 11
Sistema penal e reprodução da realidade social............................................................................................................... 11
Cárcere e marginalidade social. ......................................................................................................................................... 11
Modelo consensual de Justiça Criminal............................................................................................................................ 11

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Lei Orgânica da Polícia Civil............................................................................................................................................... 01


Administração Pública........................................................................................................................................................ 28
Conceito e princípios.......................................................................................................................................................... 28
Administração pública direta e indireta............................................................................................................................ 36
Agentes públicos.................................................................................................................................................................. 45
Conceito............................................................................................................................................................................... 45
Classificação (espécie)........................................................................................................................................................ 46
SUMÁRIO

Direitos e deveres................................................................................................................................................................. 48
Responsabilidade administrativa, civil e penal................................................................................................................. 48
Lei 8.429/92 e alterações (Lei de improbidade administrativa)....................................................................................... 65
Poderes da Administração Pública..................................................................................................................................... 79
Poder hierárquico................................................................................................................................................................ 81
Poder Disciplinar................................................................................................................................................................. 81
Poder Regulamentar............................................................................................................................................................ 82
Poder de Polícia................................................................................................................................................................... 82
Fatos e atos administrativos:.............................................................................................................................................. 85
Conceito............................................................................................................................................................................... 85
Requisitos do ato administrativo........................................................................................................................................ 85
Atributos do ato administrativo.......................................................................................................................................... 87
Classificação......................................................................................................................................................................... 87
Revogação e anulação......................................................................................................................................................... 88
Processo administrativo:..................................................................................................................................................... 91
Conceito............................................................................................................................................................................... 91
Princípios............................................................................................................................................................................. 91
Responsabilidade civil do Estado..................................................................................................................................... 102

PROGRAMA DE NOÇÕES DE CIVIL

Da personalidade e da capacidade.................................................................................................................................... 01
Dos direitos da personalidade............................................................................................................................................ 01
Da pessoa jurídica............................................................................................................................................................... 01
Responsabilidade jurídica.................................................................................................................................................. 18
Fato jurídico......................................................................................................................................................................... 24
Negócios jurídicos............................................................................................................................................................... 24
Conceito............................................................................................................................................................................... 24
Vícios: Erro, dolo, culpa e coação....................................................................................................................................... 24
Relações de parentesco....................................................................................................................................................... 40
Da tutela e curatela.............................................................................................................................................................. 40

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Conceito............................................................................................................................................................................... 01
Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................................................................................... 03
Direitos Individuais............................................................................................................................................................. 03
Direitos Coletivos................................................................................................................................................................. 03
Direitos Sociais..................................................................................................................................................................... 14
O Estado................................................................................................................................................................................ 18
Conceito............................................................................................................................................................................... 18
Elementos que compõem o Estado.................................................................................................................................... 18
Finalidade do Estado........................................................................................................................................................... 18
Funções essenciais à Justiça............................................................................................................................................... 20
SUMÁRIO

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípios penais constitucionais...................................................................................................................................... 01


Tempo e lugar do crime....................................................................................................................................................... 02
Contagem de prazo.............................................................................................................................................................. 03
Conflito aparente de normas.............................................................................................................................................. 03
Conceito de crime e seus elementos.................................................................................................................................. 04
Concurso de pessoas:.......................................................................................................................................................... 09
Autoria.................................................................................................................................................................................. 09
Participação.......................................................................................................................................................................... 10
Ação penal............................................................................................................................................................................ 10
Classificação......................................................................................................................................................................... 10
Condições............................................................................................................................................................................. 10
Dos crimes em espécie:....................................................................................................................................................... 11
Crimes contra a pessoa....................................................................................................................................................... 11
Crimes contra o patrimônio............................................................................................................................................... 12
Crimes contra a dignidade sexual...................................................................................................................................... 18
Crimes contra a Administração Pública............................................................................................................................ 18
Legislação Especial:............................................................................................................................................................. 20
Contravenções Penais (Decreto n° 3.688/41).................................................................................................................... 20
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................... 20
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente)....................................................................................................... 22
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)....................................................................................................................................... 22
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais)..................................................................................................................... 23
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)............................................................................................................................................... 27
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito)..................................................................................................................................... 27
Lei 11.343/06 (Lei de Drogas)............................................................................................................................................. 28
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha).................................................................................................................................... 30

PROGRAMA DE NOÇÕES PROCESSUAL PENAL


Princípios processuais penais............................................................................................................................................ 01
Direitos e garantias processuais penais............................................................................................................................. 02
Investigação criminal policial (artigos 4° ao 23° do CPP)................................................................................................. 02
Prisão cautelar:.................................................................................................................................................................... 05
Prisão em flagrante: Tipos e espécies de flagrante............................................................................................................ 07
Prisão preventiva................................................................................................................................................................. 08
Prisão temporária................................................................................................................................................................ 09
Teoria geral da prova penal................................................................................................................................................. 09
Legislação especial:............................................................................................................................................................. 16
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................... 16
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente)....................................................................................................... 16
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)....................................................................................................................................... 16
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais)..................................................................................................................... 16
SUMÁRIO
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)............................................................................................................................................... 16
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito)..................................................................................................................................... 16
Lei 11.343/06 (Lei de drogas).............................................................................................................................................. 16
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha).................................................................................................................................... 16

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sistema Operacional Windows 7........................................................................................................................................ 01


Microsoft Word 2013: Edição e formatação de textos....................................................................................................... 09
LibreOffice Writter 5.4.7: Edição e formatação de textos.................................................................................................. 35
Microsoft Excel 2013: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos.......................................................... 54
LibreOffice Calc 5.4.7: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos......................................................... 67
Microsoft PowerPoint 2013: estrutura básica de apresentações, edição e formatação................................................. 79
LibreOffice Impress 5.4.7: estrutura básica de apresentações, edição e formatação..................................................... 79
Microsoft Outlook 2013: Correio Eletrônico.................................................................................................................... 102
Google Chrome: Navegação na Internet.......................................................................................................................... 105
Segurança: Tipos de vírus, Cavalos de Tróia, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Spam....................................... 110

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Perícias e Peritos..............................................................................................................................................................................01
Documentos médico-legais................................................................................................................................................ 01
Quesitos oficiais................................................................................................................................................................... 01
Perícias médicas.................................................................................................................................................................. 01
Ética médica e pericial........................................................................................................................................................ 01
Legislação sobre perícias médico-legais............................................................................................................................ 01
Antropologia Médico-legal................................................................................................................................................. 03
Identidade e identificação................................................................................................................................................... 03
Identificação judiciária....................................................................................................................................................... 03
Traumatologia Médico-legal............................................................................................................................................... 04
Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico................................................................................................................. 04
Energias de Ordem Mecânica............................................................................................................................................. 04
Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias............................................................ 04
Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, radiações, luz e som............. 04
Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral. Asfixias em espécie: por gases irrespiráveis, por monóxido de carbono,
por sufocação direta, por sufocação indireta, por afogamento, por enforcamento, por estrangulamento, por esganadura,
por soterramento e por confinamento..........................................................................................................................................04
Energias de Ordem Biodinâmica e Mistas.....................................................................................................................................04
Tanatologia Médico-legal...............................................................................................................................................................09
Tanatognose e cronotanatognose..................................................................................................................................................09
Fenômenos cadavéricos.................................................................................................................................................................09
Necropsia, necroscopia..................................................................................................................................................................09
Exumação.........................................................................................................................................................................................09
“Causa mortis”.................................................................................................................................................................................09
Morte natural e morte violenta......................................................................................................................................................09
Direitos sobre o cadáver..................................................................................................................................................................09
SUMÁRIO

Sexologia Médico-legal...................................................................................................................................................................11
Crimes contra a dignidade sexual e provas periciais....................................................................................................................11
Gravidez, parto, puerpério, aborto, infanticídio...........................................................................................................................11
Reprodução assistida......................................................................................................................................................................11
Transtornos da sexualidade e da identidade sexual.....................................................................................................................11
Psicopatologia Médico-legal..........................................................................................................................................................12
Imputabilidade penal e capacidade civil......................................................................................................................................12
Limite e modificadores da responsabilidade penal e capacidade civil......................................................................................12
Repercussões médico-legais dos distúrbios psíquicos................................................................................................................12
Simulação, dissimulação e supersimulação..................................................................................................................................12
Embriaguez alcoólica......................................................................................................................................................................13
Alcoolismo.......................................................................................................................................................................................13
Aspectos jurídicos...........................................................................................................................................................................13
Toxicofilias.......................................................................................................................................................................................14
Hora de Praticar...............................................................................................................................................................................16

PROGRAMA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretação e compreensão de textos. ......................................................................................................................................01


Identificação de tipos textuais: narrativo, descritivo e dissertativo. ..........................................................................................01
Critérios de textualidade: coerência e coesão...............................................................................................................................01
Recursos de construção textual: fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos..............................................................01
Gêneros textuais da Redação Oficial.............................................................................................................................................07
Princípios gerais. ............................................................................................................................................................................07
Uso dos pronomes de tratamento. ................................................................................................................................................07
Estrutura interna dos gêneros: ofício, memorando, requerimento, relatório, parecer. ............................................................07
Conhecimentos linguísticos. .........................................................................................................................................................21
Conhecimentos gramaticais conforme padrão formal da língua. .............................................................................................21
Princípios gerais de leitura e produção de texto. Intertextualidade. Tipos de discurso. Vozes discursivas: citação, paródia,
alusão, paráfrase, epígrafe. ............................................................................................................................................................21
Semântica: construção de sentido; sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia; denotação e conotação;
figuras de linguagem. .....................................................................................................................................................................94
Pontuação e efeitos de sentido. ...................................................................................................................................................104
Sintaxe: oração, período, termos das orações; articulação das orações: coordenação e subordinação; concordância verbal e
nominal; regência verbal e nominal............................................................................................................................................107
Hora de praticar.............................................................................................................................................................................137
ÍNDICE

DIREITOS HUMANOS
A Constituição Brasileira de 1988...........................................................................................................................................................01
Noções gerais sobre direitos humanos..................................................................................................................................................03
Gerações de direitos humanos...............................................................................................................................................................11
A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos..............................................12
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos.............................................................................................................14
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil...........................................27
A Constituição Brasileira de 1988: Dos princípios fundamentais.......................................................................................................30
A Constituição Brasileira de 1988: Dos Direitos e Garantias Fundamentais......................................................................................37
Dos direitos e deveres individuais e coletivos.......................................................................................................................................37
Dos direitos sociais..................................................................................................................................................................................66
Da nacionalidade....................................................................................................................................................................................79
Dos direitos políticos..............................................................................................................................................................................85
Dos partidos políticos.............................................................................................................................................................................88
Direitos humanos das minorias e grupos vulneráveis.........................................................................................................................90
Política nacional de direitos humanos..................................................................................................................................................95
Hora de praticar.......................................................................................................................................................................................99
com uma inflação galopante que este não conseguia contro-
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 lar, denúncias de corrupção por todos os lados que surgiam
com o levantamento da censura, perda de confiança da popu-
lação no governo, e as sucessivas perdas nas eleições legislati-
Os direitos e garantias fundamentais tomam por base os vas do partido governista, a ARENA. Tais fatores contribuíram
direitos humanos reconhecidos no âmbito internacional. para que a abertura política fosse mais que um gesto de boa
Com efeito, após o processo de internacionalização dos direi- vontade do governo. Era o gesto de um regime acossado pela
tos humanos vieram o de regionalização de tais direitos e o crise e que se ressentia da força das manifestações populares,
de incorporação, transpondo-as para o ordenamento interno. cada vez mais constantes. [...] Mas, o ponto máximo do pe-
ríodo da redemocratização foi sem dúvida o movimento pe-
Com efeito, quando se fala em institucionalização dos di- las Diretas-Já, campanha que mobilizou milhões no final do
reitos e garantias fundamentais, refere-se ao modo pelo qual mandato do presidente João Figueiredo, buscando pressionar
a Constituição brasileira disciplina a os direitos e garantias o Legislativo a aprovar a chamada Emenda Dante de Olivei-
fundamentais. ra, de autor do parlamentar mato-grossense, e que restituía
o voto direto para presidente. A campanha pelas Diretas-Já
marcou a década de 80 no Brasil, e uniu personalidades de to-
#FicaDica dos os campos em torno do desejo do voto, que acabaria frus-
Flávia Piovesan utiliza a expressão institucio- trado, pois a Emenda não foi aprovada. O candidato apoiado
nalização de direitos e garantias fundamentais pelo povo, porém, venceria as eleições indiretas, mas, causan-
para compreender a forma como os direitos do nova frustração no povo, morreria antes de assumir. Seu
humanos se compõem ao texto constitucional, nome: Tancredo Neves; em seu lugar, assumiria seu vice, José
tanto no aspecto estrutural quanto no aspecto Sarney, um verdadeiro democrático de última hora, político
histórico. originário da ARENA, o partido de apoio do Regime Militar, e
de seu sucessor, o PDS”3.

Histórico: o processo de redemocratização do Brasil


A lei de anistia: uma mancha no processo de redemo-
O principal fator que influenciou o tratamento da temáti- cratização?
ca é o fato de que a Constituição de 1988 demarcou o processo
de democratização do Brasil, consolidando a ruptura com o Muito se questiona a respeito da lei de anistia, Lei nº
regime autoritário militar instalado em 1964. Após um longo 6.683/1979, que anistiou os crimes políticos praticados no pe-
período de 21 anos, o regime militar ditatorial no Brasil caiu, ríodo da ditadura:
deflagrando-se num processo democrático. As forças de opo-
sição foram beneficiadas neste processo de abertura, conse- Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período
guindo relevantes conquistas sociais e políticas. Este processo compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de
culminou na Constituição de 19881. 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes
eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e
“A luta pela normalização democrática e pela conquista aos servidores da Administração Direta e Indireta, de funda-
do Estado de Direito Democrático começará assim que ins- ções vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes
talou o golpe de 1964 e especialmente após o AI5, que foi o Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e repre-
instrumento mais autoritário da história política do Brasil. To- sentantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institu-
mará, porém, as ruas, a partir da eleição de Governadores em cionais e Complementares.
1982. Intensificar-se-á, quando, no início de 1984, as multi-
dões acorreram entusiásticas e ordeiras aos comícios em prol §1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo,
da eleição direta do Presidente da República, interpretando o os crimes de qualquer natureza relacionados com
sentimento da Nação, em busca do reequilíbrio da vida na- crimes políticos ou praticados por motivação política.
cional, que só poderia consubstanciar-se numa nova ordem
constitucional que refizesse o pacto político-social”2. O questionamento parte do fato de que a legislação não
apenas anistiou os crimes praticados por aqueles perseguidos
“A grosso modo, o período considerado como de redemo- pelo regime ditatorial, como também aqueles crimes pratica-
cratização vai desde o governo Ernesto Geisel até a eleição in- dos pelo regime ditatorial e por seus funcionários, inclusive
direta de Tancredo Neves, que morreria pouco antes de assu- tortura.
mir o poder, resultando na posse de José Sarney, cujo período
na presidência inicia o que se costuma denominar Nova Re- A Comissão Americana de Direitos Humanos entendeu
pública. Com o fim do período de Ernesto Geisel na presidên- que a lei de anistia é óbice ao acesso à justiça, impedindo o
cia, ficava claro para a opinião pública que o Regime Militar esgotamento dos recursos internos, o que permitiria o acesso
DIREITOS HUMANOS

estava chegando ao fim, e a palavra em voga era ‘abertura’, em direto à jurisdição internacional (Caso Vladimir Herzog).
especial a política, mesmo que a contragosto da chamada Li-
nha Dura do regime. O regime estava na verdade implodindo,

1 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-


nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
2 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional posi- 3 http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/redemocra-
tivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. tizacao/

1
A posição dos direitos fundamentais no novo texto etc.
constitucional
Talvez a expressão mais relevante, se é que é possível deli-
A atual Constituição institucionaliza a instauração de um mitar somente uma, seja a dignidade da pessoa humana, que
regime político democrático no Brasil, além de introduzir in- acaba por englobar todas as demais. Assim, reconhece-se a
discutível avanço na consolidação legislativa dos direitos e pessoa humana enquanto ser digno, aos quais são garanti-
garantias fundamentais e na proteção dos grupos vulnerá- dos direitos e deveres fundamentais, e isto abre espaço para
veis brasileiros. Assim, a partir da Constituição de 1988 os di- compreender o Direito apenas tendo em vista ditames éticos.
reitos humanos ganharam relevo extraordinário, sendo este
documento o mais abrangente e pormenorizado de direitos A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter-
humanos já adotado no Brasil4. pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na-
cional, que possa se considerar compatível com os valores
Piovesan5 lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia.
primeiro os direitos e depois questões relativas ao Estado, di- Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de
ferente das demais, o que demonstra a prioridade conferida tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para
a estes direitos. Logo, o Estado não existe para o governo, mas qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabora-
sim para o povo. ção da norma, seja na sua aplicação.

A Constituição brasileira está arraigada no ideário dos di- Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou ple-
reitos humanos, o que torna o Brasil um país muito receptivo na, é possível conceituar dignidade da pessoa humana como
ao processo de internacionalização de tais direitos, sendo o principal valor do ordenamento ético e, por consequência,
signatário da grande maioria dos tratados de direitos huma- jurídico que pretende colocar a pessoa humana como um su-
nos relevantes. Neste sentido, a Carta de 1988 é a primeira jeito pleno de direitos e obrigações na ordem internacional e
Constituição brasileira a elencar a prevalência dos direitos nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua
humanos como princípio regente nas relações internacio- personalidade.
nais que estabeleça6.
Para Reale7, a evolução histórica demonstra o domínio de
um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem
Axiologia da Constituição de 1988: hegemonia dos gradativa entre os valores; mas existem os valores fundamen-
princípios tais e os secundários, sendo que o valor fonte é o da pessoa
humana. Nesse sentido, são os dizeres de Reale8: “partimos
O preâmbulo do texto constitucional é apenas uma prévia dessa ideia, a nosso ver básica, de que a pessoa humana é o
do que está por vir, isto é, de um rol extremamente detalhado valor-fonte de todos os valores. O homem, como ser natural
de direitos e garantias fundamentais asseguradas à pessoa biopsíquico, é apenas um indivíduo entre outros indivíduos,
humana abrangendo todas as dimensões de direitos huma- um ente animal entre os demais da mesma espécie. O ho-
nos: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em mem, considerado na sua objetividade espiritual, enquanto
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que chama-
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos mos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária de
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supre- determinante do processo histórico”.
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconcei-
tos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem A abertura da Constituição brasileira a valores e princí-
interna e internacional, com a solução pacífica das contro- pios sustentada no princípio da dignidade da pessoa huma-
vérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte na confere novo sentido à ordem jurídica, rompendo com as
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. barreiras do positivismo.

Após, o texto constitucional é formado por expressões de Na fase Positivista, os princípios entravam nos Códigos
cunho valorativo importantíssimo em termos de proteção de apenas como válvulas de segurança, eram meras pautas pro-
direitos humanos consagrados, a exemplo: cidadania (art. 1º, gramáticas supralegais, não possuindo normatividade; ao
II); dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); sociedade livre, passo que na fase Pós-positivista, as Constituições destacam
justa e solidária (art. 3º, I); bem de todos, sem preconceitos a hegemonia axiológica dos princípios, transformando-os
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas em pedestal normativo que dá base a todo edifício jurídico
de discriminação (art. 3º, IV); prevalência dos direitos huma- dos novos sistemas constitucionais9. Esta fase Pós-positivis-
nos (art. 4º, II); inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à ta, da nova hermenêutica constitucional, somente ganhou
igualdade, à segurança e à propriedade (art. 5º, caput); direi- forma devido à Constituição de 1988.
tos sociais (art. 6º, caput); soberania popular (art. 14, caput);
DIREITOS HUMANOS

4 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-


nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2002, p. 228.
5 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio-
nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 8 Ibid., p. 220.
6 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucio- 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed.
nal internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. São Paulo: Malheiros, 2011.

2
camente, objetivos do Estado brasileiro.
EXERCÍCIO COMENTADO
c) Inclui os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos po-
líticos no rol dos direitos e garantias fundamentais.
1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, retoman- d) Não se coloca entre as Constituições mais avançadas do
do os ideais da Revolução Francesa, representou a mani- mundo no que diz respeito à matéria.
festação histórica de que se formara, enfim, em âmbito
universal, o reconhecimento dos valores supremos da Resposta: Letra D - Sem sombra de dúvidas, a Constituição
igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência Federal de 1988 é uma das mais avançadas do mundo no que
disso, os direitos fundamentais expressos na Constituição diz respeito à afirmação de direitos e garantias fundamentais.
Federal de 1988:
a) Certa, pois de fato a noção de direitos e garantias funda-
a) como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, mentais tomou outra perspectiva, mais ampla, com a
esses direitos fundamentais são considerados uma reco- CF/1988.
mendação sem força vinculante, uma etapa preliminar
para ulterior implementação na medida em que a socie- b) Certa, pela primeira vez uma Constituição brasileira assi-
dade se desenvolver. nalou os objetivos do Estado, em seu artigo 3o.
b) não consideram as diferenças humanas como fonte de va- c) Certa, sendo que o rol de direitos fundamentais abrange
lores positivos a serem protegidos e estimulados, pois, ao ainda os direitos individuais e coletivos e os partidos políti-
criar dispositivos afirmativos legais, as diferenças passam cos.
a ser tratadas como deficiências.

c) obrigam que o princípio da solidariedade seja interpreta- NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS
do com a base dos direitos econômicos e sociais, que são HUMANOS
exigências elementares de proteção às classes ou aos gru-
pos sociais mais fracos ou necessitados.
Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos
d) tratam a liberdade como um princípio político e não indi- humanos, desde os seus elementos básicos como conceito,
vidual, pois o reconhecimento de liberdades individuais características, fundamentação e finalidade, passando pela
em sociedades complexas esconde a dominação oligár- análise histórica e chegando à compreensão de sua estrutura
quica dos mais ricos. normativa.

Resposta: Letra C - O princípio da solidariedade ou da frater- Na atualidade, a primeira noção que vem à mente quan-
nidade está erigido no direito internacional dos direitos hu- do se fala em direitos humanos é a dos documentos interna-
manos como uma obrigação de todos que vivem em sociedade cionais que os consagram, aliada ao processo de transposi-
para com os demais. Assim, é preciso solidariedade, destinan- ção para as Constituições Federais dos países democráticos
do aos mais necessitados e fracos proteção especial. Isso envol- (teoria positivista). Contudo, é possível aprofundar esta no-
ve, inclusive, a destinação específica de recursos econômicos e ção se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos direitos
serviços sociais a estas pessoas que mais necessitam. humanos, as quais serão abordadas em detalhes adiante,
acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem in-
a) Errada, pois os direitos fundamentais possuem força vincu- dependentemente de previsão expressa por serem elemen-
lante e, inclusive, estão no topo do ordenamento brasileiro. tos essenciais na construção de sua dignidade (teoria jusna-
turalista).
b) Errada, pois a Constituição trata a igualdade de forma a
aceitar a desigualdade entre as pessoas como algo bom Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode
para a sociedade, pluralista. Mesmo nas deficiências estão ser estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes ao
fonte de conhecimento e saber. homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
mente são descritos em documentos internacionais para que
d) Errada, pois a liberdade é tanto um princípio político quan- sejam mais seguramente garantidos. A conquista de direitos
to um princípio individual. da pessoa humana é, na verdade, uma busca da dignidade
da pessoa humana, em todos seus bens jurídicos essenciais.

2) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A O direito natural se contrapõe ao direito positivo, locali-
Constituição Federal de 1988 pode ser considerada, na zado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ideia de
imutabilidade de certos princípios, que escapam à história, e
DIREITOS HUMANOS

história do Brasil, o documento mais abrangente e por-


menorizado sobre os direitos humanos até então adotado. a universalidade destes princípios transcendem a geografia.
Sobre a Constituição Federal de 1988, NÃO é correto o que A estes princípios, que são dados e não postos por conven-
se afirma em: ção, os homens têm acesso através da razão comum a todos
(todo homem é racional), e são estes princípios que permi-
a) Alargou o campo dos direitos e das garantias fundamen- tem qualificar as condutas humanas como boas ou más, qua-
tais. lificação esta que promove uma contínua vinculação entre

b) É a primeira vez que uma Constituição assinala, especifi-

3
norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral10. de um conceito contemporâneo de direitos humanos. Entre
outros documentos a partir dos quais tal concepção come-
As premissas dos direitos humanos se encontram no con- çou a ganhar forma, destacam-se: Magna Carta de 1215, Bill
ceito de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humani- of Rights ao final do século XVII e Constituições da Revolução
dade, independentemente da norma imposta, e que deve ser Francesa de 1789 e Americana de 1787. No entanto, o docu-
respeitada acima de tudo. O conceito de lei natural foi funda- mento que constitui o marco mais significativo para a forma-
mental para a estruturação dos direitos dos homens, ficando
ção de uma concepção contemporânea de direitos humanos
reconhecido que a pessoa humana possui direitos inaliená-
veis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar, é a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Após
que devem ser respeitados por todos os Estados e membros ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, como o
da sociedade. O direito natural é, então, comum a todos e, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto Inter-
ligado à própria origem da humanidade, representa um pa- nacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de
drão geral, funcionando como instrumento de validação das 1966, além da Convenção Interamericana de Direitos Huma-
ordens positivas11. nos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969, entre outros.

O direito natural, na sua formulação clássica, não é um Os direitos humanos possuem as seguintes característi-
conjunto de normas paralelas e semelhantes às do direito cas principais:
positivo, e sim o fundamento deste direito positivo, sendo
formado por normas que servem de justificativa a este, por 1) Historicidade: os direitos humanos possuem ante-
exemplo: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o que lhe é cedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os contratos de- adquirem novas perspectivas. Nesta característica se
vem ser observados” etc.12 enquadra a noção de dimensões de direitos.
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles13 in-
2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a to-
titulada Antígona, na qual a personagem se vê em conflito
entre seguir o que é justo pela lei dos homens em detrimento dos e por isso se encontram ligados a um sistema glo-
do que é justo por natureza quando o rei Creonte impõe que bal (ONU), o que impede o retrocesso.
o corpo de seu irmão não seja enterrado porque havia lutado
contra o país. Neste sentido, a personagem Antígona defen- 3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem
de, ao ser questionada sobre o descumprimento da ordem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intrans-
do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus; e a Justiça, a deusa feríveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
que habita com as divindades subterrâneas, jamais estabe- comércio, o que evidencia uma limitação do princípio
leceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito que da autonomia privada.
tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mor-
tal o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém 4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem ser
irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são renunciados pelo seu titular devido à fundamentalida-
eternas, sim! E ninguém pode dizer desde quando vigoram! de material destes direitos para a dignidade da pessoa
Decretos como o que proclamaste, eu, que não temo o poder humana.
de homem algum, posso violar sem merecer a punição dos
deuses! [...]”.
5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar
O desrespeito às normas de direito natural - e porque não de ser observados por disposições infraconstitucio-
dizer de direitos humanos - leva à invalidade da norma que nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de
assim o preveja (Ex.: autorizar a tortura para fins de investi- nulidades.
gação penal e processual penal não é simplesmente incons-
titucional, é mais que isso, por ser inválida perante a ordem 6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um
internacional de garantia de direitos naturais/humanos uma único conjunto de direitos porque não podem ser ana-
norma que contrarie a dignidade inerente ao homem sob o lisados de maneira isolada, separada.
aspecto da preservação de sua vida e integridade física e mo-
ral). 7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se per-
dem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Enfim, quando questões inerentes ao direito natural pas- sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir
sam a ser colocadas em textos expressos tem-se a formação pela falta de uso (prescrição).

8) Complementaridade: os sistemas regionais descentra-


10 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um lizam a ONU para respeitar a complementaridade, ou
DIREITOS HUMANOS

diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: seja, os diferentes elementos de base cultural, religiosa
Cia. das Letras, 2009. e social das diversas regiões.
11 Ibid.
9) Interdependência: as dimensões de direitos humanos
12 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi- apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a dig-
to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. nidade da pessoa humana deve ser buscada por meio
13 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. da implementação mais eficaz e uniforme das liber-
São Paulo: Martin Claret, 2003.

4
dades clássicas, dos direitos sociais, econômicos e de com estes14, consolidando-se o processo de formação dos
solidariedade como um todo único e indissolúvel. sistemas internacionais de proteção pouco a pouco.

10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos huma- Os sistemas internacionais de proteção de direitos huma-
nos a ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global nos se estabelecem no âmbito de organizações internacio-
mas certas áreas irão cuidar de determinados direitos nais, conforme as regras e princípios de direito internacional.
de suas regiões. Além disso, há uma descentralização
Globalmente, coexistem sistemas geral e especial de pro-
para os sistemas regionais para preservar a comple-
teção de direitos humanos, que funcionam complementar-
mentaridade, sem a qual não há efetividade. Reflete mente. Nesta linha, o sistema especial realça o processo de
tal característica a aplicabilidade imediata dos direi- especificação do sujeito de Direito, passando ele a ser visto
tos humanos prevista no art. 5°, §1° da Constituição em sua especificidade e concreticidade (ex.: criança, grupos
Federal. vulneráveis, mulher). Já o sistema geral é endereçado a toda
e qualquer pessoa, concebida em sua abstração e generalida-
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direitos de. Não obstante, junto ao sistema normativo global existem
humanos possui dois sentidos: por um, o multicul- os sistemas normativos regionais de proteção, internaciona-
turalismo existente no globo impede que a univer- lizando direitos humanos no plano regional, notadamente
salidade se consolide plenamente, de forma que é Europa, América e África, cada qual com aparato jurídico
preciso levar em consideração as culturas locais para próprio15. Tais sistemas coexistem de forma complementar,
compreender adequadamente os direitos humanos; junto com o próprio sistema nacional de proteção (caráter
por outro, os direitos humanos não podem ser utili- interno).
zados como um escudo para práticas ilícitas ou como
1) Sistema global de proteção: estabelece-se notada-
argumento para afastamento ou diminuição da res-
mente no âmbito da Organização das Nações Unidas,
ponsabilidade por atos ilícitos, assim os direitos hu- primeira e mais importante organização internacio-
manos não são ilimitados e encontram seus limites nal no processo de internacionalização dos direitos
nos demais direitos igualmente consagrados como humanos. Ela foi criada em 1945 para manter a paz e
humanos. a segurança internacionais, bem como promover re-
lações de amizade entre as nações, cooperação inter-
A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir nacional e respeito aos direitos humanos16. Ao lado da
que a dignidade do homem não seja violada, estabelecendo Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,
um rol de bens jurídicos fundamentais que merecem prote- a Carta das Nações Unidas de 1945 é considerada um
ção inerentes, basicamente, aos direitos civis (vida, seguran- dos principais marcos à concepção contemporânea de
ça, propriedade e liberdade), políticos (participação direta e direitos humanos.
indireta nas decisões políticas), econômicos (trabalho), so-
ciais (igualdade material, educação, saúde e bem-estar), cul- No entanto, muitos outros documentos compõem a es-
turais (participação na vida cultural) e ambientais (meio am- trutura normativa de proteção dos direitos humanos no âm-
biente saudável, sustentabilidade para as futuras gerações). bito global. Em destaque: Pacto Internacional de Direitos
Percebe-se uma proximidade entre os direitos humanos e os Civis e Políticos de 1966; Pacto Internacional dos Direitos
direitos fundamentais do homem, o que ocorre porque o va- Econômicos, Sociais e Culturais de 1966; Estatuto de Roma
lor da pessoa humana na qualidade de valor-fonte da ordem de 1998; Convenção sobre a eliminação de todas as formas
de vida em sociedade fica expresso juridicamente nestes di- de discriminação contra a mulher de 1979; Declaração sobre
reitos fundamentais do homem. a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Pe-
nas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes de
Ainda no âmbito da teoria geral, estuda-se a estrutura 1975; Convenção contra a Tortura e Outras Penas ou Trata-
normativa dos direitos humanos. Na verdade, ela se asseme- mentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984; Con-
lha com a estrutura normativa do próprio direito internacio- venção Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989;
nal, já que os direitos humanos designam notadamente os Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas
direitos afirmados universalmente em documentos inter- com Deficiência de 2006; Regras Mínimas para o Tratamen-
nacionais, registrados perante organizações internacionais to dos Reclusos de 1955; etc. São inúmeros os documentos
diversas. internacionais voltados à proteção dos direitos humanos, al-
gum de caráter genérico, outros de caráter específico.
A formação de uma estrutura normativa de direitos hu-
manos pode ser remontada ao processo de internacionali-
zação destes direitos, que é relativamente recente, remeten-
do-se ao pós-guerra enquanto resposta às atrocidades e aos 14 PIOVESAN, Flávia. Introdução ao sistema interamericano
de proteção dos direitos humanos: a convenção americana
DIREITOS HUMANOS

terrores cometidos durante o nazismo, notadamente diante


da lógica de destruição de Hitler e da descartabilidade da de direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN,
pessoa humana por ele pregada que gerou o extermínio de Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção dos
11 milhões de pessoas, tudo com embasamento legal. Logo, direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista
se a Segunda Guerra Mundial foi uma ruptura com os direi- dos Tribunais, 2000.
tos humanos, o pós-guerra foi o marco para o reencontro
15 Ibid.
16 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público
& Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

5
2) Sistema regional de proteção: os sistemas de proteção Finalizando o tópico, é essencial para a noção geral sobre
regionais mais consistentes são o interamericano e o os direitos humanos compreender como se deu a afirmação
europeu. O africano também, aos poucos, toma novos histórica deles.
rumos, enquanto que o islamo-arábico permanece na
total inefetividade. O Brasil faz parte do sistema intera- O surgimento dos direitos humanos está envolvido num
mericano de proteção de direitos humanos. histórico complexo no qual pesaram vários fatores: tradição
humanista, recepção do direito romano, senso comum da
A Carta da Organização dos Estados Americanos, que sociedade da Europa na Idade Média, tradição cristã, entre
criou a Organização dos Estados Americanos, foi celebrada outros18. Com efeito, são muitos os elementos relevantes
na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril de para a formação do conceito de direitos humanos tal qual
1948, em Bogotá e entrou em vigência no dia 13 de dezembro perceptível na atualidade de forma que é difícil estabelecer
de 1951, sendo reformada pelos protocolos de Buenos Aires um histórico linear do processo de formação destes direitos.
(27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das Índias (5 de de- Entretanto, é possível apontar alguns fatores históricos e filo-
zembro de 1985), de Washington (14 de dezembro de 1992) sóficos diretamente ligados à construção de uma concepção
e de Manágua (10 de junho de 1993). Após a criação da OEA, contemporânea de direitos humanos.
foi elaborado o mais importante documento de proteção de
direitos humanos no âmbito interamericano, o Pacto de San É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja,
José da Costa Rica, também chamado de Convenção Ameri- mesmo antes da existência de Cristo, que o ser humano passou
cana sobre Direitos Humanos, de 1969. a ser considerado, em sua igualdade essencial, como um ser
dotado de liberdade e razão. Surgiam assim os fundamentos
“O processo preparatório do chamado Pacto de San José intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para a
teve presente a questão da coexistência e coordenação da afirmação da existência de direitos universais, porque a ela
nova Convenção regional com os instrumentos internacio- inerentes. Durante este período que despontou a ideia de uma
nais de direitos humanos das Nações Unidas. Com a entra- igualdade essencial entre todos os homens. Contudo, foram
da em vigor da Convenção, prevendo o estabelecimento de necessários vinte e cinco séculos para que a Organização das
uma Comissão e uma Corte Interamericanas de Direitos Hu- Nações Unidas - ONU, que pode ser considerada a primeira
manos, surgiram questões como a ‘transição’ entre o regime organização internacional a englobar a quase-totalidade dos
pré-existente e o da Convenção no tocante ao labor da Co- povos da Terra, proclamasse, na abertura de uma Declaração
missão”17. Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “todos os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”19.
Destacam-se, ainda, documentos regionais interamerica-
nos voltados à proteção de determinados direitos humanos: No berço da civilização grega continuou a discussão a
Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar respeito da existência de uma lei natural inerente a todos os
a violência contra a mulher de 1994, Convenção Interame- homens. As premissas da concepção de lei natural estão jus-
ricana para a Eliminação de Todas as Formas de Discrimi- tamente na discussão promovida na Grécia antiga, no espa-
nação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência de 1999, ço da polis. Neste sentido, destaca Assis20 que, originalmente,
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura a concepção de lei natural está ligada não só à de nature-
de 1985, etc. za, mas também à de diké: a noção de justiça simbolizada
a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, mas com a
3) Sistema nacional de proteção: o sistema interno de legislação passou a ter um conteúdo palpável, de modo que
proteção dos direitos humanos se forma com a insti- a justiça deveria corresponder às leis da cidade; entretanto, é
tucionalização destes direitos no texto das Constitui- preciso considerar que os costumes primitivos trazem o justo
ções democráticas, bem como com a incorporação no por natureza, que pode se contrapor ao justo por convenção
âmbito interno dos tratados internacionais dos quais o ou legislação, devendo prevalecer o primeiro, que se refere
país seja signatário, mediante o devido processo legal. ao naturalmente justo, sendo esta a origem da ideia de lei
natural.

#FicaDica De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona uma


Direitos humanos são universais, históricos, discussão a respeito da prevalência da lei natural sobre a lei
inalienáveis, irrenunciáveis, invioláveis, indivi- posta. Na obra, a protagonista discorda da proibição do rei
síveis, imprescritíveis, complementares, inter- Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma vez que ele
dependentes, efetivos, relativos. teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão e argumenta
com o rei que nada do que seu irmão tivesse feito em vida
A finalidade primordial dos direitos humanos é poderia dar o direito ao rei de violar a regra imposta pelos
a proteção da dignidade da pessoa humana. deuses de que todo homem deveria ser enterrado para que
DIREITOS HUMANOS

18 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica


17 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O sistema inte- Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n.
ramericano de direitos humanos no limiar do novo século: 300, p. 27-29, jul. 2009.
recomendações para o fortalecimento de seu mecanismo 19 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
de proteção. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
(Coord.). O sistema interamericano de proteção dos direitos
humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribu- 20 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, li-
nais, 2000. berdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002.

6
pudesse partir desta vida: a lei natural prevaleceria então so- -1274 d.C.)26, supondo que o mundo e toda a comunidade
bre a ordem do rei.21 do universo são regidos pela razão divina e que a própria ra-
zão do governo das coisas em Deus fundamenta-se em lei,
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), o entendeu que existe uma lei eterna ou divina, pois a razão
primeiro grande filósofo grego, questionaram essa concep- divina nada concebe no tempo e é sempre eterna. Com base
ção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto da nisso, Aquino27 chamou de lei natural “a participação da lei
vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no espaço, eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei natural, de-
não havendo que se falar num direito imutável; ao passo que finiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas coisas que
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu, estabeleceu devem ser feitas ou evitadas pertencem aos preceitos da lei
uma divisão entre a justiça positiva e a natural, reconhecen- de natureza, que a razão prática naturalmente apreende ser
do que a lei posta poderia não ser justa22. bens humanos”. Logo, a lei natural determina o agir virtuo-
so, o que se espera do homem em sociedade, independente-
Aristóteles23 argumenta: “lei particular é aquela que cada mente da lei humana.
comunidade determina e aplica a seus próprios membros;
ela é em parte escrita e em parte não escrita. A lei universal Com a concepção medieval de pessoa humana é que se
é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada um alguma me- iniciou um processo de elaboração em relação ao princípio
dida do divino, uma justiça natural e uma injustiça que está da igualdade de todos, independentemente das diferenças
associada a todos os homens, mesmo naqueles que não têm existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem cultural.
associação ou pacto com outro”. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal de direitos
humanos, com base na igualdade essencial da pessoa28.
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, dou-
trina que se desenvolveu durante seis séculos, desde os últi- No processo de ascensão do absolutismo europeu, a mo-
mos três séculos anteriores à era cristã até os primeiros três narquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabe-
séculos desta era, mas que trouxe ideias que prevaleceram lecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar
durante toda a Idade Média e mesmo além dela. O estoicis- da formação da monarquia inglesa, em 1215 os barões feu-
mo organizou-se em torno de algumas ideias centrais, como dais ingleses, em uma reação às pesadas taxas impostas pelo
a unidade moral do ser humano e a dignidade do homem, Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna Carta - Magna
considerado filho de Zeus e possuidor, como consequência, Charta Libertatum de 1215. Referido documento, em sua
de direitos inatos e iguais em todas as partes do mundo, não abertura, expõe a noção de concessão do rei aos súditos, es-
obstante as inúmeras diferenças individuais e grupais24. tabelece a existência de uma hierarquia social sem conceder
poder absoluto ao soberano, prevê limites à imposição de
Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), tributos e ao confisco, constitui privilégios à burguesia e traz
um dos principais pensadores do período da jovem república procedimentos de julgamento ao prever conceitos como o de
romana, também defendeu a existência de uma lei natural. devido processo legal, habeas corpus e júri. Não que a carta
Neste sentido é a assertiva de Cícero25: “a razão reta, con- se assemelhe a uma declaração de direitos humanos, prin-
forme à natureza, gravada em todos os corações, imutável, cipalmente ao se considerar que poucos homens naquele
eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta do mal que período eram de fato livres, mas ela foi fundamental naquele
proíbe e, ora com seus mandados, ora com suas proibições, contexto histórico de falta de limites ao soberano29. A Magna
jamais se dirige inutilmente aos bons, nem fica impotente Carta de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho que foi
ante os maus. Essa lei não pode ser contestada, nem derro- o embrião para o Parlamento inglês, embora isto não signi-
gada em parte, nem anulada; não podemos ser isentos de seu fique que o poder do rei não tenha sido absoluto em certos
cumprimento pelo povo nem pelo senado; não há que pro- momentos, como na dinastia Tudor. Havia um absolutismo
curar para ela outro comentador nem intérprete; não é uma de fato, mas não de Direito.
lei em Roma e outra em Atenas, - uma antes e outra depois,
mas uma, sempiterna e imutável, entre todos os povos e em Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profunda-
todos os tempos”. mente pelo antropocentrismo, colocando o homem no cen-
tro do universo, ocupando o espaço de Deus. Naturalmente,
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período as premissas da lei natural passaram a ser questionadas, já
medieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes que geralmente se associavam à dimensão do divino. A nega-
pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. ção plena da existência de direitos inatos ao homem implica-

21 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. 26 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
São Paulo: Martin Claret, 2003. Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel Gar-
cía Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de
22 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, li- Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v.
DIREITOS HUMANOS

berdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. VI, parte II, seção II, questões 57 a 122.
23 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo Silvano Ma- 27 Ibid.
deira. São Paulo: Rideel, 2007. 
28 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
24 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
29 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contri-
25 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador buições Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. Pre-
Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. sidente Prudente, ano 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006.

7
va em conferir um poder irrestrito ao soberano, o que gerou instituição-chave para a limitação do poder monárquico e
consequências que desagradavam a burguesia. para garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parla-
mento e foi a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) con- ideia de governo representativo, ainda que não do povo, mas
siderada um marco para o pensamento absolutista, relata pelo menos de suas camadas superiores32.
com precisão este contexto no qual o poder do soberano po-
deria se sobrepor a qualquer direito alegadamente inato ao Tais ideias liberais foram importantes como base para o
ser humano desde que sua atitude garantisse a manutenção Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta-
do poder. Maquiavel30 considera “na conduta dos homens, ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII,
especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O
os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe preten- processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur-
de conquistar e manter o poder, os meios que empregue se- guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico,
rão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois gerando o Iluminismo.
o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.
O Iluminismo lançou base para os principais eventos que
Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais sejam
autocrática, baseados na teoria política desenvolvida até en- as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram ori-
tão que negava a exigência do respeito à Ética, logo, ao direi- gem nestes movimentos todos os principais fatos do século
to natural, no espaço público. Somente num momento his- XIX e do início do século XX, por exemplo, a disseminação do
tórico posterior se permitiu algum resgate da aproximação liberalismo burguês, o declínio das aristocracias fundiárias e
entre a Moral e o Direito, qual seja o da Revolução Intelectual o desenvolvimento da consciência de classe entre os traba-
dos séculos XVII e XVIII, com o movimento do Iluminismo, lhadores33.
que conferiu alicerce para as Revoluções Francesa e Indus-
trial - ainda assim a visão antropocentrista permaneceu, mas Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado-
começou a se consolidar a ideia de que não era possível que res da época, transportando o racionalismo para a política,
o soberano impusesse tudo incondicionalmente aos seus sú- refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re-
ditos. belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado
Com efeito, quando passou a se questionar o conceito de dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 d.C.),
Soberano, ao qual todos deveriam obediência, mas que não que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espírito das
deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indivíduos Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de poderes:
que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem povo Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece menção
não há soberano) teriam direitos no regime social e, em caso o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), defendendo
afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas questões que o homem é naturalmente bom e formulando na obra O
iniciam uma visão moderna do direito natural, reconhecen- Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita pela peque-
do-o como um direito que acompanha o cidadão e não pode na burguesia e pelas camadas populares face ao seu caráter
ser suprimido em nenhuma circunstância.31 democrático. Enfim, estes três contratualistas trouxeram
em suas obras as ideias centrais das Revoluções Francesa e
Antes que despontassem as grandes revoluções que in- Americana. Em comum, defendiam que o Estado era um mal
terromperam o contexto do absolutismo europeu, na Ingla- necessário, mas que o soberano não possuía poder divino/
terra houve uma árdua discussão sobre a garantia das liber- absoluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos dos ci-
dades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do clero dadãos submetidos ao regime estatal. No entanto, Rousseau
e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou transformar era o pensador que mais se diferenciava dos dois anteriores,
o absolutismo de fato em absolutismo de direito, ignorando que eram mais individualistas e trouxeram os principais fun-
o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de Direitos - Peti- damentos do Estado Liberal, porque defendia a entrega do
tion of Rights de 1628, que exigia o cumprimento da Magna poder a quem realmente estivesse legitimado para exercê-lo,
Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando pensamento que mais se aproxima da atual concepção de
por duas vezes o Parlamento, sendo que a segunda vez ge- democracia.
rou uma violenta reação que desencadeou uma guerra civil.
Neste meio tempo, enquanto o Parlamento estava operante, 1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a
foi aprovado o Habeas Corpus Act, de 1679. Após diversas Revolução Americana. Em 1776 se deu a indepen-
transições no trono inglês, despontou a Revolução Gloriosa dência das treze Colônias da América Continental
que durou de 1688 até 1689, conferindo-se o trono inglês a Britânica, registrada na Declaração de Independên-
Guilherme de Orange, que aceitou a Declaração de Direitos - cia. Após diversas batalhas, a Inglaterra reconheceu a
Bill of Rights de 1689. independência em 1783. Destacam-se alguns pontos
do primeiro documento: o artigo I do referido docu-
DIREITOS HUMANOS

Todo este movimento resultou, assim, nas garantias ex- mento assegura a igualdade de todos de maneira livre
pressas do habeas corpus e do Bill of Rights. Por sua vez, a
32 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
30 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nasse- Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
tti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
33 BURNS, Edward McNall. História da civilização ociden-
31 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica tal: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atua-
Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. lização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
300, p. 27-29, jul. 2009. Globo, 2005. v. 2.

8
e independente, considerando esta como um direito ciais e culturais não basta uma postura do indivíduo: é preci-
inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao so que o Estado interfira e controle o poder econômico.
povo e que o Estado é responsável perante ele; o artigo
V prevê a separação dos poderes e o artigo VI institui a Entre os documentos relevantes que merecem menção
realização de eleições diretas, necessariamente. Após, nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de 1917,
em 1787, sobreveio a Constituição norte-americana. A Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de Versa-
declaração americana estava mais voltada aos ameri- lhes de 1919, sendo que o último instituiu a Organização
canos do que à humanidade, razão pela qual a Revo- Internacional do Trabalho - OIT (que emitia convenções e
lução Francesa costuma receber mais destaque num recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra Mundial (que
cenário histórico global. havia durado de 1914 a 1918).

2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade do No final do século XIX e no início de século XX, o mun-
governo de resolver sua crise financeira, ascendendo do passou por variadas crises de instabilidade diplomática,
com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o posto que vários países possuíam condições suficientes para
primeiro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, se sobreporem sobre os demais, resultado dos avanços tec-
em 14 de julho de 1789, seguida por outros levantes nológicos e das melhorias no padrão de vida da sociedade.
populares. Derrubados os privilégios das classes do- Neste contexto, surgiram condições para a eclosão das duas
minantes, a Assembleia se reuniu para o preparo de Guerras Mundiais, eventos que alteraram o curso da história
uma carta de liberdades, que veio a ser a Declaração da civilização ocidental.
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 178934.
Embora o processo de internacionalização dos direitos
Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade humanos tenha antecedentes no pós-Primeira Guerra Mun-
e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos (arti- dial, notadamente, a criação da Liga das Nações e da Organi-
go 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos na- zação Internacional do Trabalho com o Tratado de Versalhes
turais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segurança e de 1919, é no pós-Segunda Guerra Mundial que se encon-
a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do direito de tram as bases do direito internacional dos direitos humanos.
liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio da legali-
dade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo 9º); a mani- Os eventos da Segunda Guerra Mundial foram marcados
festação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e a necessária pela desumanização: todos com o devido respaldo jurídico
separação de poderes (artigo 16). perante o ordenamento dos países que determinavam os
atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a um Direito
3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua validade, foi
Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou o Positivismo que teve como precursor Hans Kelsen, com a
a vida de homens e mulheres pelo mundo todo, não obra Teoria Pura do Direito.
só pelos avanços tecnológicos, mas notadamente por
determinar o êxodo de milhões de pessoas do interior No entender de Kelsen36, a justiça não é a característica
para as cidades. Os milhares de trabalhadores se su- que distingue o Direito das outras ordens coercitivas porque
jeitavam a jornadas longas e desgastantes, sem falar é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem pode
nos ambientes insalubres e perigosos, aos quais se su- ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afastada
jeitavam inclusive as crianças. Neste contexto, surgiu como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça é o va-
a consciência de classe35, lançando-se base para uma lor moral inerente ao Direito.
árdua luta pelos direitos trabalhistas.
A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em
Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - bus- 1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que impediram
cada nas revoluções anteriores - melhor funciona o merca- a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e impossibi-
do capitalista, beneficiando quem possui maior número de litaram o domínio da região setentrional da Rússia (produ-
bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja a burguesia, tora de alimentos e petróleo). Já o evento que culminou na
ampliou sua esfera de poder, enquanto que o proletariado rendição do Japão foi o lançamento das bombas atômicas
passou a ser vítima do poder econômico. No Estado Liberal, de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente tomou conhe-
aquele que não detém poder econômico fica desprotegido. O cimento da extensão da tirania alemã quando os exércitos
indivíduo da classe operária sozinho não tinha defesa, mas Aliados abriram os campos de concentração na Alemanha
descobriu que ao se unir com outros em situação semelhante e nos países por ela ocupados, encontrando prisioneiros fa-
poderia conquistar direitos. Para tanto, passaram a organizar mintos, doentes e brutalizados, além de milhões de corpos
greves. dos judeus, poloneses, russos, ciganos, homossexuais e trai-
dores do Reich em geral, que foram perseguidos, torturados
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à proteção e mortos37.
DIREITOS HUMANOS

da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se do


princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o prin-
cípio da proteção e que gerou os princípios da primazia, da 36 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução
irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se que no João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
campo destes direitos e dos demais direitos econômicos, so-
37 BURNS, Edward McNall. História da civilização ociden-
34 Ibid. tal: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atua-
lização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
35 Ibid. Globo, 2005. v. 2.

9
Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res- outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo que dois
ponsável por redigir o primeiro documento de relevância deles praticamente repetem e pormenorizam o seu conteú-
internacional abrangendo a questão dos direitos humanos. do, quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio da Sociais e Culturais, ambos de 1966.
igualdade soberana de todos os estados que buscassem a
paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de Se- Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados,
gurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e Social, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, Piove-
um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional de san42 apontou os seguintes documentos: Convenção Interna-
Justiça38. cional sobre a Eliminação de todas as formas de Discrimina-
ção Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas as formas
Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946 de Discriminação contra a Mulher, Convenção sobre os Di-
realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram subme- reitos da Criança, Convenção sobre os Direitos das Pessoas
tidos a julgamento os principais líderes nazistas, o principal com Deficiência, Convenção contra a Tortura, etc.
argumento levantado foi o de que todas as ações praticadas
foram baseadas em ordens superiores, todas dotadas de va- Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regionais
lidade jurídica perante a Constituição. Explica Lafer39: “No de proteção, que buscam internacionalizar os direitos huma-
plano do Direito, uma das maneiras de assegurar o primado nos no plano regional, em especial na Europa, na América e
do movimento foi o amorfismo jurídico da gestão totalitária. na África43. Resultou deste processo a Convenção Americana
Este amorfismo reflete-se tanto em matéria constitucional de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) de
quanto em todos os desdobramentos normativos. A Consti- 1969.
tuição de Weimar nunca foi ab-rogada durante o regime na-
zista, mas a lei de plenos poderes de 24 de março de 1933 teve No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos tex-
não só o efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o tos das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer44, a
de legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito racio-
maneira, como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da nal, universalmente válido, gerou implicações relevantes na
II Guerra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornan- teoria constitucional e influenciou o processo de codificação
do-se a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma a partir de então. Embora muitos direitos humanos também
lei do Parlamento que modificou a Constituição. Também a se encontrem nos textos constitucionais, aqueles não posi-
Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada na tivados na Carta Magna também possuem proteção porque
prática, nunca foi abolida”. o fato de este direito não estar assegurado constitucional-
mente é uma ofensa à ordem pública internacional, ferindo
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das o princípio da dignidade humana.
Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos. Um dos principais pensadores que contribuiu
para a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 #FicaDica
foi Maritain40, que entendia que os direitos humanos da A perspectiva contemporânea de direitos hu-
pessoa como tal se fundamentam no fato de que a pessoa manos emerge no contexto do Pós-Segunda
humana é superior ao Estado, que não pode impor a ela de- Guerra Mundial, tendo como marcos:
terminados deveres e nem retirar dela alguns direitos, por ser
contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo o homem - Carta da ONU, de 1945, que institui a Organi-
ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do amor, e se- zação das Nações Unidas;
gue a doutrina cristã para determinar seus atos: tais elemen- - Tribunal de Nuremberg, em 1946, que julgou
tos determinam o agir moral e levam à produção do bem na os líderes nazistas por crimes contra a huma-
sociedade humanista integral. nidade;
Moraes41 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais im- - Declaração Universal dos Direitos Humanos,
portante conquista no âmbito dos direitos humanos funda- de 1948, que é o primeiro documento a reco-
mentais em nível internacional, muito embora o instrumen- nhecer materialmente os direitos humanos.
to adotado tenha sido uma resolução, não constituindo seus
dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que a com-
põem. O fato é que desse documento se originaram muitos
EXERCÍCIO COMENTADO
38 Ibid.
39 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um 1) (TJM-MG - Oficial Judiciário - Oficial de Justiça - FU-
DIREITOS HUMANOS

diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo:


Cia. das Letras, 2009.
42 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Consti-
40 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. tucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
43 Ibid.
41 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição 44 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo:
São Paulo: Atlas, 1997. Cia. das Letras, 2009.

10
MARC/2013) “Adotada e proclamada pela resolução 217 c) no momento em que os seres humanos se tornam supér-
A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de fluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica de
dezembro de 1948, como o ideal comum a ser atingido por destruição, em que cruelmente se abole o valor da pessoa
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que humana, torna-se necessária a reconstrução dos direitos
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre humanos como paradigma ético capaz de restaurar a lógi-
em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensi- ca do razoável.
no e da educação, por promover o respeito a esses direitos
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de d) a barbárie do totalitarismo significou a ruptura do para-
caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reco- digma dos direitos humanos, por meio da negação do va-
nhecimento e a sua observância universais e efetivos, tan- lor da pessoa humana, como valor fonte do direito. Essa
to entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto ruptura fez emergir a necessidade da reconstrução dos
entre os povos dos territórios sob sua jurisdição”. direitos humanos como referencial e paradigma ético que
aproxime o direito da moral.
O documento de que trata a conceituação acima é a:
Resposta: Letra A - As violações de direitos humanos no gover-
a) Declaração Universal dos Direitos Humanos. no de Hitler permitiram a reflexão que gerou a internacionali-
zação dos direitos humanos. Contudo, em nenhum momento
b) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. se entendeu que a guerra seria necessária para fazer valer tais
direitos. Pelo contrário, a paz é um dos principais fundamen-
c) Constituição da República Federativa do Brasil (Preâmbu- tos do sistema internacional de proteção dos direitos huma-
lo). nos.

d) Convenção Interamericana de Direitos Humanos de São b) Percebe-se uma evidente relação de ruptura e reconstru-
José da Costa Rica. ção, respectivamente, pela emergência da Segunda Guer-
ra Mundial e pelas tentativas de estruturação sistêmica de
Resposta: Letra A - A Declaração Universal dos Direitos Hu- proteção internacional dos direitos humanos após o seu
manos é o primeiro documento proclamatório de direitos hu- encerramento.
manos materiais no âmbito internacional, correspondendo à
Resolução nº 217 da Assembleia Geral da ONU. c) Os absurdos evidentes cometidos contra a pessoa huma-
na durante a Segunda Guerra Mundial fizeram com que
b) Errada, pois a Declaração dos Direitos do Homem e do Ci- fossem abertos os olhos da humanidade sobre a neces-
dadão é um documento que foi emitido ao fim da Revolu- sidade de se preservar um mínimo ético na aplicação do
ção Francesa. Direito, estruturando Direitos Humanos essenciais inatos
à pessoa humana com base numa lógica do razoável - os
c) Errada, pois a Constituição da República Federativa do limites da razoabilidade para a defesa do Estado em detri-
Brasil, documento nacional, não tem a perspectiva inter- mento da pessoa humana.
nacional e é datada de 1988.
d) Percebe-se nos regimes totalitaristas a completa nega-
d) Errada, pois a Convenção Interamericana de Direitos Hu- ção da pessoa humana a partir do momento em que se
manos de São José da Costa Rica é um tratado internacio- colocam apenas algumas pessoas como sujeitos de Direi-
nal emitido pela OEA no ano de 1969. to, deixando as demais marginalizadas. Finda a Segunda
Guerra mostra-se necessário estruturar um sistema no
qual todo ser humanos seja necessariamente colocado
2) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) A verda- como titular de direitos inatos.
deira consolidação do Direito Internacional dos Direitos
Humanos surge em meados do século XX, em decorrência
da Segunda Guerra Mundial, por isso o moderno Direito
GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Internacional dos Direitos Humanos é um fenômeno do
pós-guerra. Dentre as proposições abaixo, assinale a que Conforme evoluíram as chamadas dimensões dos direi-
não corrobora com o enunciado acima: tos humanos tais bens jurídicos fundamentais adquiriram
novas vertentes, saindo de uma noção individualista e che-
a) o desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos gando a uma coletiva, de modo que a própria finalidade dos
Humanos pode ser atribuído às monstruosas violações direitos humanos adquiriu nova compreensão, deixando de
de direitos humanos da era Hitler e, após, à crença de que ser preservar apenas o indivíduo e passando a envolver a ma-
somente uma guerra poderia por fim a essas violações no nutenção da sociedade sustentável. A teoria das dimensões
âmbito internacional para garantir internamente em cada de direitos humanos foi identificada por Karel Vasak.
DIREITOS HUMANOS

Estado nacional a dignidade da pessoa humana.


É pacífico que as três primeiras dimensões de direitos
b) a internacionalização dos direitos humanos constitui um humanos envolvem: 1) direitos civis e políticos (LIBERDADE);
movimento extremamente recente da história, surgido 2) direitos sociais, econômicos e culturais (IGUALDADE
a partir do pós-guerra, como proposta às atrocidades e MATERIAL); 3) direitos ambientais e de solidariedade
aos horrores cometidos durante o nazismo. Se a Segunda (FRATERNIDADE). Destaca-se que as três primeiras
Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o dimensões de direitos remetem ao lema da Revolução
pós-guerra deveria significar sua reconstrução. Francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”.

11
Em relação à primeira dimensão de direitos, inicialmen- Em resumo, as dimensões de direitos humanos se refe-
te, denota-se a afirmação dos direitos de liberdade, referente rem às mudanças de paradigmas quanto aos bens jurídicos
aos direitos que tendem a limitar o poder estatal e reservar que deveriam ser considerados fundamentais ao homem.
parcela dele para o indivíduo (liberdade em relação ao Esta- Embora todo direito humano seja imutável, isso não significa
do), sendo que posteriormente despontam os direitos polí- que o processo interpretativo não possa evoluir e, com isso,
ticos, relativos às liberdades positivas no sentido de garantir se reconhecer que um novo aspecto da dignidade humana
uma participação cada vez mais ampla dos indivíduos no po- merece ampla proteção.
der político (liberdade no Estado). Os dois movimentos que
levaram à afirmação dos direitos de primeira dimensão, que
são os direitos de liberdade e os direitos políticos, foram a Re- #FicaDica
volução Americana, que culminou na Declaração de Virgínia 1a Dimensão – LIBERDADE – Direitos civis e
(1776), e a Revolução Francesa, cujo documento essencial foi políticos – Marco histórico: Revoluções France-
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)45. sa, Americana e Gloriosa.

Quanto à segunda dimensão, foram proclamados os di- 2a Dimensão – IGUALDADE – Direitos econô-
reitos sociais, expressando o amadurecimento das novas micos, sociais e culturais – Marco histórico:
exigências como as de bem-estar e igualdade material (liber- Revolução Industrial
dade por meio do Estado). Durante a Revolução Industrial 3a Dimensão – FRATERNIDADE – Direitos di-
tomaram proporção os direitos de segunda dimensão, que fusos e coletivos – Marco histórico: Fim da Se-
são os direitos sociais, refletindo a busca do trabalhador por gunda Guerra Mundial e surgimento da ONU
condições dignas de trabalho, remuneração adequada, edu-
cação e assistência social em caso de invalidez ou velhice, ga-
rantindo o amparo estatal à parte mais fraca da sociedade.46

Ao lado dos direitos sociais, chamados de segunda ge-


EXERCÍCIO COMENTADO
ração, emergiram os chamados direitos de terceira geração,
que constituem uma categoria ainda heterogênea e vaga, 1) (PC-MG - Perito Criminal - FUMARC/2013) São exemplos
mas que concentra na reivindicação do direito de viver num de direitos econômicos:
ambiente sem poluição.47
a) Direito ambiental e Direitos do trabalhador.
A doutrina não é pacífica no que tange à definição de di-
mensões posteriores de direitos humanos. Para Bobbio48 - e a b) Segurança individual e Direito do consumidor.
maioria da doutrina - os chamados direitos de quarta dimen-
são se referem aos efeitos traumáticos da evolução da pes- c) Transporte integrado à produção e Pleno emprego.
quisa biológica, que permitirá a manipulação do patrimônio
genético do indivíduo de modo cada vez mais intenso; en- d) Meio ambiente sadio e Assistência e Previdência Social.
quanto que Bonavides49 defende que são de quarta dimen-
são os direitos inerentes à globalização política. Bonavides50 Resposta: Letra C - O direito de ser transportado ao local de
também diverge ao falar de uma quinta dimensão composta trabalho e o direito ao pleno emprego são ambos repercussão
pelo direito à paz, o qual foi colocado por Vasak na terceira do direito ao trabalho, clássico direito social/econômico, de se-
dimensão. Autores do direito eletrônico como Peck51 e Oli- gunda dimensão.
vo52 entendem que ele seria a quinta dimensão dos direitos
humanos, envolvendo o direito de acesso e convivência num a) O erro está em afirmar que o direito ambiental é direito
ambiente salutar no ciberespaço. econômico, quando na verdade é direito difuso.

b) A segurança individual é direito civil e o direito do consu-


midor pode ser direito civil ou direito coletivo.
45 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La-
fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. d) O erro está em afirmar que o direito ao meio ambiente sa-
dio é direito econômico, quando na verdade é direito difuso.
46 Ibid.
47 Ibid.
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS
48 Ibid.
TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO
49 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. DOS DIREITOS HUMANOS
ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
DIREITOS HUMANOS

50 Ibid.
Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
51 PECK, Patrícia. Direito digital. São Paulo: Saraiva, 2002. tuição não excluem outros decorrentes do regime e dos princí-
52 OLIVO, Luís Carlos Cancellier de. Os “novos” direitos pios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que
enquanto direitos públicos virtuais na sociedade da infor- a República Federativa do Brasil seja parte.
mação. In: WOLKMER, Antônio Carlos; LEITE, José Rubens
Morato (Org.). Os “novos” direitos no Brasil: natureza e pers- Com efeito, quando um tratado internacional ingressa no
pectivas. São Paulo: Saraiva, 2003. ordenamento jurídico acrescenta outros direitos e deveres

12
para os cidadãos. TRE não acolheu a tese, mas o TSE sim (4x3). Contudo, o STF
caçou a decisão (7x4). Ficou impedida, assim, a candidatura
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen- do MDB.
to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a nego- Logo, todos os tratados que ingressaram no ordenamento
ciação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura do jurídico após a Constituição Federal de 1988 são mais que leis
Presidente da República), submissão do tratado assinado ao ordinárias, mas efetivas fontes de direitos implícitos. A exem-
Congresso Nacional (que dará referendo por meio do decreto plo, pode-se mencionar os pactos internacionais dos direitos
legislativo), ratificação do tratado (confirmação da obrigação civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais,
perante a comunidade internacional) e a promulgação e pu- ambos de 1966, e a Convenção Americana sobre Direitos Hu-
blicação do tratado pelo Poder Executivo53. manos de 1969, que entraram em vigor no ordenamento em
1992; e a Convenção sobre a tortura de 1984, que entrou em
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária vigor no Brasil em 1991. A questão é que tais tratados não
na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia passaram pelo procedimento similar ao da Emenda Consti-
dos direitos humanos, desde logo consagrando o princípio da tucional para aprovação, uma vez que a alteração constitu-
primazia dos direitos humanos, como reconhecido pela dou- cional que passou a assim estabelecer data de 2004:
trina e jurisprudência majoritários na época. “O princípio da
primazia dos direitos humanos nas relações internacionais Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais so-
implica em que o Brasil deve incorporar os tratados quan- bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
to ao tema ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
Implica, também em que as normas voltadas à proteção da dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons-
dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil titucionais. 
em caráter prioritário em relação a outras normas”54.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/04,
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- que introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal,
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico bra- os tratados internacionais de direitos humanos foram equi-
sileiro porque somente existe previsão constitucional quanto parados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
à possibilidade da equiparação às emendas constitucionais aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional
se o tratado abranger matéria de direitos humanos. e obtivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos
votos dos respectivos membros.
Antes da Emenda Constitucional nº 45/04 que alterou o
quadro quanto aos tratados de direitos humanos, era o que Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de
acontecia, ou seja, tratados de direitos humanos possuem ca- direitos humanos que ingressarem no ordenamento jurídi-
ráter de lei ordinária, mas isso não significa que tais direitos co brasileiro, versando sobre matéria de direitos humanos,
eram menos importantes. Na verdade, após a Constituição irão passar por um processo de aprovação semelhante ao
de 1988 passou-se a afirmar que os tratados de direitos hu- da emenda constitucional. Não há dúvidas de que os trata-
manos são mais do que leis ordinárias, mas fontes de direitos dos internacionais posteriores à emenda, aprovados pelo
implícitos, o que mostra a primazia dos direitos humanos. quórum de 3/5, em dois turnos, têm status de norma cons-
titucional. Atualmente, está nesta condição a Convenção In-
O precedente histórico da declaração dos tratados inter- ternacional de Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência
nacionais como fonte de direito implícitos foi o questiona- (Decreto nº 6949/09).
mento pelo Partido MDB com relação à LC nº 5. Tal partido
político brasileiro que abrigou os opositores do Regime Mili- Mas e quanto aos demais tratados?
tar de 1964 ante o poderio governista da Aliança Renovadora
Nacional (ARENA). Organizado em fins de 1965 e fundado no Há posicionamentos conflituosos quanto à possibilidade
ano seguinte, o partido se caracterizou por sua multiplici- de considerar como hierarquicamente constitucional os tra-
dade ideológica graças sobretudo aos embates entre os “au- tados internacionais de direitos humanos que ingressaram
tênticos” e “moderados” quanto aos rumos a seguir no en- no ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao adven-
frentamento ao poder militar. Inicialmente raquítico em seu to da referida emenda. A posição predominante foi estabe-
desempenho eleitoral, experimentou grande crescimento no lecida pelo Supremo Tribunal Federal na discussão que se
governo de Ernesto Geisel obrigando os militares a extingui- deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
rem o bipartidarismo e assim surgiu o Partido do Movimento como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José da
Democrático Brasileiro em 1980. A LC nº 5 previa que eram Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes da
inelegíveis não só os condenados por certos crimes, mas EC nº 45/04 e depois da CF/88). O Supremo Tribunal Federal
também quem estivesse sendo processado por estes. Foi efe- firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
tuada a arguição incidental de inconstitucionalidade, iden- direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
DIREITOS HUMANOS

tificando no padrão de confronto o princípio do estado de que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
inocência, que na época era implícito (uma vez que previsto revogaria a Constituição no ponto controverso). Logo, o tra-
na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948). O tado de direitos humanos anterior à Emenda Constitucional
nº 45/04 é mais do que lei ordinária, e por isso paralisa a lei
53 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e ordinária que o contrarie, porém menos que o texto consti-
Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. tucional. Criou-se, então, uma necessidade de dupla compa-
tibilidade das leis ordinárias.
54 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio-
nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

13
É possível que um tratado de direitos humanos analise as seguintes afirmativas:
anterior à Emenda Constitucional nº 45/04 adquira caráter
constitucional? Sim, basta que este tratado seja submetido I. Pode-se afirmar que se trata de um ramo do Direito que
a uma nova votação no Congresso Nacional, desta vez nos surgiu após a Segunda Guerra Mundial.
moldes da Emenda (2 turnos, quórum de 3/5). Feito isto,
se encerraria qualquer controvérsia e o caráter do tratado II. São direitos inscritos (positivados) em tratados ou em cos-
passaria a ser de norma constitucional. tumes internacionais.

#FicaDica III.Os tratados internacionais sobre Direitos Humanos que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
Artigo 5o, § 3o, CF: 2 turnos em cada casa do em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
Congresso Nacional + 3/5 de quórum
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Tratados de direitos humanos incorporados
após 1988, sem o procedimento do artigo 5o, IV. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-
§3o, CF: status supralegal. cia e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York,
em 30 de março de 2007, foram recepcionados no orde-
Tratados de direitos humanos incorporados nos
moldes do procedimento do artigo 5o, §3o, CF: namento nacional e equivalem a emenda constitucional.
status de emenda constitucional.
As afirmativas CORRETAS são:

a) I e II, apenas.
EXERCÍCIO COMENTADO
b) I, II e III, apenas.
1) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Nos
termos do inciso LXVII do art. 5º da Constituição Federal c) I, II e IV, apenas.
de 1988, “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res-
ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável d) I, II, III e IV.
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”. À luz
de decisão do Supremo Tribunal Federal, considerando Resposta: Letra D.
os termos do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Po-
líticos, assim como da Convenção Americana de Direitos I. Afirmativa certa porque o Direito Internacional dos Direitos
Humanos, é CORRETO afirmar sobre a previsão constitu- Humanos, na forma como é concebido hoje, surge a partir da
cional da prisão civil do depositário infiel que criação da Organização das Nações Unidas no contexto pós-
-Segunda Guerra.
a) é cláusula pétrea e, por tal razão, nenhum tratado
internacional tem força suficiente para afastar a sua apli- II. Afirmativa certa porque o Direito Internacional dos Direi-
cabilidade sobre os casos concretos. tos Humanos usualmente tem sua normatização transcrita
em tratados e costumes internacionais.
b) foi revogada.
III. Afirmativa certa, nos termos do artigo 5º, §3º, CF: “Os tra-
c) não foi revogada e, exatamente por isso, continua sendo tados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
aplicável pelo poder judiciário brasileiro. forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
d) não foi revogada, porém deixou de ter aplicabilidade bros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
diante do efeito paralisante desses tratados.
IV. Afirmativa certa, até o momento, o Decreto nº 6.949/2009,
Resposta: Letra D - O Supremo Tribunal Federal firmou o que corresponde à Convenção sobre os Direitos das Pessoas
entendimento pela supralegalidade do tratado de direitos com Deficiência e ao seu Protocolo Facultativo, assinados em
humanos anterior à EC nº 45/2004, como é o caso do Pacto Nova York no ano de 2007, traz o único documento aprovado
de Direitos Civis e Políticos e da Convenção Americana sobre com o status de emenda constitucional no Brasil.
Direitos Humanos. Significa que estes tratados podem para-
lisar a eficácia da lei infraconstitucional que os contrariem, O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO
mas não podem revogar a Constituição no ponto controverso. DOS DIREITOS HUMANOS
Sendo assim, é constitucional a norma da CF que permite a
DIREITOS HUMANOS

prisão civil do depositário infiel, mas devido à supralegalida-


de da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, houve Organização das Nações Unidas
paralisação da eficácia das normas infraconstitucionais que a
regulamentam, como é o caso do Código Civil. A Organização das Nações Unidas funda-se em ideário
muito diferente daquele da Liga das Nações, pois se perce-
beu que o estabelecimento de uma organização internacio-
2) (PC-MG - Médico Legista - FUMARC/2013) No que diz nal restrita a países vitoriosos, prejudicando de maneira no-
respeito ao Direito Internacional dos Direitos Humanos, tável os perdedores, poderia servir de motivação para outros
incidentes contrários à paz mundial, a exemplo do que foi a

14
Segunda Grande Guerra. que o art. 2º da Carta consolida o princípio da igualdade en-
tre todos os membros, de modo que cada membro das Na-
No ano de 1944, em Dumbarton Oaks, realizou-se uma ções Unidas tem a obrigação de respeitar todas as diretivas
conferência visando constituir a nova organização, prepa- da Carta de 1945 com boa-fé e de solucionar suas controvér-
rando-se proposições iniciais a respeito dela. Em fevereiro sias internacionais prioritariamente de modo pacífico58.
de 1945, Churchill, Stalin e Roosevelt resolveram os últimos
pontos a respeito da nova organização, decidindo-se, ainda, O descumprimento dos preceitos da Carta pode gerar
pela convocação de uma conferência na cidade de São Fran- suspensão ou, nos casos mais graves, expulsão, mediante re-
cisco no dia 25 de abril do mesmo ano. A Conferência de São comendação do Conselho de Segurança à Assembleia Geral,
Francisco, oficialmente denominada Conferência das Na- conforme artigos 5º e 6º, embora nunca tenham ocorrido na
ções Unidas para a Organização Internacional, estava aberta prática nenhuma das hipóteses.
às Nações Unidas que lutaram contra as potências do Eixo
(Japão, Itália e Alemanha). Os principais órgãos das Nações Unidas são: Assembleia
Geral, Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social,
“O novo organismo somente seria eficaz caso contas- Conselho de Tutela, Corte Internacional de Justiça e Secreta-
se com a aprovação das grandes potências. No entanto, ele riado (art. 7º, Carta ONU). Um olhar para a estrutura da ONU
não poderia restringir-se tão somente aos grandes Estados, permite observar que ao mesmo tempo em que ela possui
pois seria o oposto ao espírito universalista apresentado um órgão com participação de todos os Estados - mas com
como base da nova organização internacional”55. Afinal, a possibilidade restrita de intervenção de um só país ou um
experiência da Liga das Nações já havia mostrado que sem pequeno grupo de países em outro, qual seja a Assembleia
uma verdadeira cooperação internacional e sem a garantia Geral -, possui também outro órgão composto pelos ditos
de participação do maior número de países do globo a nova Estados mais poderosos, que se sagraram vencedores na Se-
Organização estaria fadada ao insucesso. gunda Guerra Mundial, possuindo cargo permanente e po-
der de veto nas decisões tomadas pela Assembleia desde que
“Até a fundação das Nações Unidas, em 1945, não era se- versem sobre questões de segurança - embora apurar o que
guro afirmar que houvesse, em Direito Internacional Públi- são estas questões seja algo subjetivo -, qual seja o Conselho
co, preocupação consciente e organizada sobre o tema dos de Segurança.
direitos humanos. De longa data alguns tratados avulsos cui-
daram, incidentalmente, de proteger certas minorias dentro
do contexto de sucessão de Estados”56. Assembleia Geral
A Carta da ONU entrou em vigor no dia 24 de outubro de Todos os membros das Nações Unidas fazem parte da
1945 quando efetuado o depósito dos instrumentos de ratifi- Assembleia Geral e cada qual pode designar até cinco repre-
cação dos membros permanentes do Conselho de Seguran- sentantes (art. 9º, Carta ONU). Isso não significa que cada
ça e da maioria dos outros signatários. Após, muitos países membro possa votar cinco vezes, pois a Carta é expressa
ingressaram na ONU. Por isso, os membros podem ser divi- no sentido de que cada qual possui um voto (art. 18, Carta
didos entre originários e admitidos, não havendo diferenças ONU).
entre direitos e deveres em relação a eles57.
Não foi automaticamente que a ONU adquiriu membros
Assim, a Organização das Nações Unidas foi criada em o suficiente para se caracterizar como uma organização uni-
1945 para manter a paz e a segurança internacionais, bem versal. De início, muitos países foram barrados, notadamen-
como promover relações de amizade entre as nações, coope- te pelo constante uso do poder de veto ao ingresso de novos
ração internacional e respeito aos direitos humanos. A Carta membros pela União Soviética. Era fácil justificar o veto, pois
da ONU também é chamada de Carta de São Francisco, uma os requisitos para ingresso na ONU são bastante subjetivos:
vez que foi elaborada na Conferência de São Francisco. ser amante da paz, aceitar formalmente as obrigações decor-
rentes da Carta, estar capacitado para cumprir tais obriga-
Dos artigos 3º e 4º da Carta da ONU extrai-se a distinção ções e demonstrar estar disposto a fazê-lo.
entre os membros originários, quais sejam os que participa-
ram da Conferência das Nações Unidas sobre a Organização O quórum de votação é de 2/3 dos membros presentes
Internacional em 1945 ou assinaram a Declaração das Na- e votantes para as questões importantes, ao passo que as
ções Unidas de 1942, e os membros aceitos, isto é, os que se demais questões são decididas pela maioria dos presentes
comprometerem à obrigações da Carta e forem aceitos pela e votantes. Em resumo, as questões importantes se referem
Assembleia Geral após recomendação do Conselho de Segu- às recomendações relativas à paz e à segurança, a quaisquer
rança.

Não há qualquer distinção entre tais membros, uma vez 58 O mesmo artigo 2º traz interessante regra no artigo 6º: “A
DIREITOS HUMANOS

Organização fará com que os Estados que não são Membros


das Nações Unidas ajam de acordo com esses Princípios em
55 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna- tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segu-
cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. rança internacionais”. Trata-se de um dos poucos casos em
128. que um tratado tem efeito em relação aos terceiros Estados,
56 REZEK, J. F. Direito Internacional Público: curso elemen- como adverte Celso D. de Albuquerque Mello (Op. Cit., p.
tar. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 210. 636). Tal regra perde importância se considerado que atual-
mente praticamente todos os países soberanos do globo fa-
57 Ibid., p. 624. zem parte das Nações Unidas.

15
questões que envolvam a eleição de membros (para compor Conselho de Segurança (instituto do veto). Principalmente
Conselhos, admissão, suspensão e expulsão), ao funciona- por isso que se algum membro for parte da controvérsia de-
mento do sistema de tutela e ao orçamento (art. 18, Carta verá se abster de votar (art. 27, Carta ONU).
ONU).
O Conselho age em nome dos demais membros da ONU
A competência para discussão dentro da Assembleia Ge- em prol da manutenção da paz e da segurança mundiais,
ral é ampla, pois podem deliberar e fazer recomendações submetendo relatórios anuais à Assembleia Geral (art. 24,
sobre “quaisquer questões ou assuntos que estiverem den- Carta ONU). Por isso mesmo tem uma competência bastante
tro das finalidades da presente Carta ou que se relacionarem ampla, notadamente quando o assunto perpassa por ques-
com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela tões como guerras, conflitos armados e desarmamento: pode
previstos”, ressalvada a possibilidade de fazer tais recomen- convidar partes para resolver controvérsias de forma pacífica
dações quando o Conselho de Segurança estiver apreciando (art. 33, Carta ONU), “investigar sobre qualquer controvérsia
a mesma matéria (art. 10 c.c. art. 12, Carta ONU)59. Tais re- ou situação suscetível de provocar atritos entre as Nações ou
comendações podem ser dirigidas aos membros das Nações dar origem a uma controvérsia” (art. 34, Carta ONU), fazer
Unidas, a eventuais Estados interessados e ao Conselho de recomendações às partes buscando uma solução pacífica
Segurança (art. 11, Carta ONU). Nas recomendações poderão (art. 38, Carta ONU), determinar “a existência de qualquer
constar medidas que a Assembleia Geral entenda necessá- ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão” e recomen-
rias para a solução pacífica de qualquer situação no âmbito dar medidas definitivas ou provisórias (art. 39 c.c. art. 40,
de sua competência (art. 13 c.c. art. 14, Carta ONU). Carta ONU) e decidir sobre o emprego de força (artigos 43 e
44, Carta ONU)61. Neste sentido, Mello62 aponta que são suas
São atribuições exclusivas deste órgão, segundo Mello60, atribuições exclusivas: “a) ação nos casos de ameaça à paz;
“a) eleger os membros não permanentes do Conselho de se- b) aprova e controla a tutela estratégica; c) execução forçada
gurança e os membros dos Conselhos de Tutela e Econômico das decisões da CIJ”.
e Social; b) votar o orçamento da ONU; c) aprovar os acordos
de tutela; d) autorizar os organismos especializados a solici- As reuniões são realizadas periodicamente, funcionando
tarem pareceres à CIJ; e) coordenar as atividades desses or- o Conselho de forma contínua (art. 28, Carta ONU), logo, tra-
ganismos”. ta-se de órgão permanente da ONU.

Além disso, a Assembleia Geral também tem competên-


cia para o recebimento e o exame de relatórios do Conselho Conselho Econômico e Social
de Segurança e dos demais órgãos das Nações Unidas (art.
15, Carta ONU). É composto por 54 membros, cada qual com um
representante, eleitos pela Assembleia Geral, os quais
Este órgão se reúne ordinariamente uma vez ao ano, mas anualmente são substituídos em parte, pois anualmente é
é possível realizar convocações extraordinárias (art. 20, Carta feita eleição para parcela das vagas com mandato de 3 anos
ONU), logo, não é um órgão permanente, mas sim tempo- (art. 61, Carta ONU). Cada representante terá direito a um
rário. voto e as decisões são tomadas pela maioria dos membros
presentes e votantes (art. 67, Carta ONU).

Conselho de Segurança Entre suas funções está a elaboração de estudos e relató-


rios sobre assuntos internacionais de caráter econômico, so-
O Conselho de Segurança é composto por quinze Mem- cial, cultural, educacional, sanitário e conexos, notadamente
bros das Nações Unidas, sendo 5 permanentes (China, Fran- no que tange ao “respeito e a observância dos direitos huma-
ça, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) e dez não perma- nos e das liberdades fundamentais”, fazendo recomendações
nentes, eleitos pela Assembleia Geral para um mandato de e efetuando consultas à Assembleia Geral e entidades espe-
2 anos, cada qual contando com um representante (art. 23, cializadas, preparando projetos de convenções e convocan-
Carta ONU) que terá direito a um voto. do conferências (artigos 62 e 63, Carta ONU). Cabe, ainda,
fornecer informações ao Conselho de Segurança quando re-
Há um alto grau político nas decisões que emanam do quisitadas (art. 65, Carta ONU) e cumprir determinações da
Conselho de Segurança, as quais afetam diretamente as re- Assembleia Geral (art. 66, Carta ONU).
lações internacionais dos Estados-membros em termos de
guerra e paz. Destaca-se o art. 68 da Carta ONU, pelo qual cabe ao
Conselho Econômico e Social criar comissões para proteção
O quorum para votação é diverso daquele da Assembleia dos direitos humanos e demais assuntos econômicos e so-
Geral. Enquanto questões processuais, menos importantes, ciais. Devido ao disposto neste artigo foi criada a Comissão
são tomadas pelo voto afirmativo de 9 membros, ao passo de Direitos Humanos, que no ano de 2006 deu lugar ao Con-
DIREITOS HUMANOS

que nas demais questões é preciso que destes 9 votos 5 sejam selho de Direitos Humanos, que será estudado em detalhes
dos membros permanentes. Logo, se um membro perma- posteriormente.
nente votar contra impede que a decisão seja tomada pelo

59 Evidente que muitas das questões apreciadas pela Assem- 61 Indiretamente, matérias em debate no Conselho de Segu-
bleia Geral podem ter estrita relação com direitos humanos. rança podem atingir direitos humanos.
60 MELLO, Celso D. de Albuquerque... Op. Cit. p. 630. 62 Ibid.. p. 627.

16
Os interlocutores da ECOSOC integram um complexo um grupo de pessoas que o assiste por ele nomeado (art. 97
sistema de relações, ante ao seu vasto leque de competên- c.c. art. 101, Carta ONU). Além de comparecer a todas as reu-
cias que leva à criação de inúmeros órgãos subsidiários (a ri- niões dos principais órgãos, o Secretário-geral deve elaborar
gor, somente questões estritamente políticas não são de sua relatório anual à Assembleia (art. 98, Carta ONU), havendo
competência). No entanto, a ECOSOC não possui um ins- preocupação especial da Carta da ONU com sua imparciali-
trumento, material ou jurídico, para impor suas decisões, de dade (art. 100, Carta ONU).
forma que apenas sugere políticas e obrigações não coativas.
“Além de suas funções administrativas, o Secretário-Ge-
ral pode exercer grande influência dentro da organização,
Conselho de Tutela junto aos Estados-Membros e perante o mundo exterior.
Suas iniciativas, declarações e tomadas de posição transfor-
Vincula-se ao Sistema Internacional de Tutela, pelo qual mam-no num dos mais importantes personagens da política
territórios podem ser colocados sob tutela quando: estiverem internacional”64.
sob mandato, puderem ser separados de Estados inimigos
em virtude da Segunda Guerra Mundial ou forem volunta-
riamente colocados em tal posição por seus administradores Corte Internacional de Justiça
(art. 77, Carta ONU).
A Corte Permanente de Justiça Internacional funcionava
Pelo que se extrai do art. 76 da Carta ONU, a finalidade da como organismo autônomo da Liga das Nações. Mesmo com
tutela é fazer com que o território passe a respeitar e adotar a ocupação da Holanda pela Alemanha, ela continuou a fun-
os ditames das Nações Unidas. A exemplo, praticamente to- cionar em Genebra, sendo dissolvida apenas em 1946, dando
dos os Estados africanos no início das Nações Unidas se sub- lugar à Corte Internacional de Justiça.
meteram a este regime até conquistarem a independência,
isto é, serem descolonizados. O Estatuto da Corte Internacional de Justiça é parte inte-
grante da Carta das Nações Unidas de 1945, a qual também
O Conselho de Tutela é composto pelos membros ad- disciplina de maneira geral este órgão jurisdicional em seu
ministradores dos territórios tutelados, além dos membros capítulo XIV.
permanentes do Conselho de Segurança quando eles não fo-
rem administradores, e membros eleitos de modo que a cada Embora este seja o principal órgão jurisdicional das Na-
administrador corresponda um membro eleito não adminis- ções Unidas (art. 92, Carta ONU), nada impede que membros
trador (art. 86, Carta ONU), cada qual com um voto (art. 89, da organização confiem a solução de seus conflitos a outros
Carta ONU). tribunais internacionais (art. 95, Carta ONU).

Como as situações em que a tutela se faria necessária fo- O desempenho dos juízes da Corte é questionável: deci-
ram extintas, em 1º de Novembro de 1994 suas atividades fo- dem a média de 2 casos por ano, o que não condiz com a
ram suspensas e suas reuniões, antes anuais, somente devem quantidade de conflitos que são de sua competência; costu-
ocorrer quando novas situações assim exigirem. mam adotar uma postura arbitral e fazem de tudo para satis-
fazerem mesmo a parte perdedora; e usualmente se filiam às
Logo, atualmente, o Conselho de Tutela só é composto posturas políticas de seu Estado de origem, beneficiando-o
pelos cinco membros do Conselho de Segurança, não estan- nas decisões. Por isso, o principal órgão judiciário da ONU
do em funcionamento. não é tão efetivo quanto poderia ser, o que gera um mal-estar
generalizado diante da impunidade dos infratores do direito
internacional.
Corte Internacional de Justiça
Apesar da sede da Corte ser em Haia, é possível que jul-
Trata-se do principal órgão judiciário das Nações Unidas, gamentos se realizem em outras localidades (art. 22, Estatuto
o qual será estudado a parte por ser um dos principais instru- CIJ). Ademais, a Corte é um órgão permanente, que somen-
mentos no sistema global de proteção dos direitos humanos. te deixa de funcionar nas férias judiciárias (art. 23, Estatuto
“Malgrado o nome que ostenta, não se deve imaginar que à CIJ).
Corte de Justiça corresponda o papel exercido, no modelo
Ela funcionará em sessão plenária, ou seja, seu pleno to-
clássico do Estado Contemporâneo, pelo Poder Judiciário. mará as decisões, mas o quórum de 9 juízes já é suficiente
Embora a Corte seja o principal órgão judiciário das Nações para que uma sessão seja instaurada (art. 25, Estatuto CIJ).
Unidas, ela dispõe de uma jurisdição eminentemente facul- Câmaras poderão ser formadas para decidir questões em ca-
tativa absolutamente distinta dos órgãos judiciais internos ráter especial (art. 26, Estatuto CIJ).
dos Estados”63.
DIREITOS HUMANOS

Nos termos do art. 34 do Estatuto da CIJ, “só os Estados


poderão ser partes em questões perante a Corte”65. As partes
Secretariado
64 Ibid., p. 156.
Desempenha as funções administrativas da ONU, sendo
composto por um Secretário-geral recomendado pelo Con- 65 “As organizações internacionais, inclusive a ONU, não po-
selho de Segurança e aprovado pela Assembleia Geral e por dem ser parte em um litígio perante a CIJ. Elas podem apenas
prestar informações à Corte, bem como solicitar pareceres”.
63 Ibid., p. 157. (MELLO, Celso D. de Albuquerque... Op. Cit. p. 661).

17
serão representadas por agentes, que terão a assistência de CIJ).
consultores ou advogados, sendo que todos gozarão dos pri-
vilégios e imunidades necessários ao livre exercício de suas Não compromete a imparcialidade do juiz o fato dele ser
atribuições perante a Corte (art. 41, Estatuto CIJ). nacional de um dos Estados-partes. No entanto, a perma-
nência do nacional no julgamento garantirá à outra parte a
Suas línguas oficiais são o francês e o inglês (art. 39, Es- nomeação de um juiz ad hoc, que preferencialmente figure
tatuto CIJ). na lista de candidatos a uma vaga na Corte. Se nenhum dos
Estados-partes tiver nacional enquanto juiz da Corte, ambos
A Corte é composta por um corpo de 15 juízes indepen- poderão nomear juiz ad hoc67. Havendo formação de Câmara
dentes, dentre pessoas com alta consideração moral e con- especial, que pode no máximo ter 5 membros, se necessário
dições para, no país de que é nacional, exercer as mais ele- o Presidente solicitará que um membro que seja juiz da Corte
vadas funções judiciárias (artigos 2º e 3º, Estatuto CIJ). Seus dê lugar ao juiz nacional. Se houver partes plurais interessa-
membros são eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho das na mesma questão, elas serão consideradas uma só par-
de Segurança a partir de uma lista apresentada pelos grupos te, nomeando apenas um juiz ad hoc (art. 31, Estatuto CIJ).
nacionais da Corte Permanente de Arbitragem ou grupos
indicados para este fim por Estados-membros não repre- Estabelece o art. 36 do Estatuto da CIJ quanto à compe-
sentados66 (art. 4º, Estatuto CIJ). Nenhum grupo poderá in- tência da Corte: “a competência da Corte abrange todas as
dicar mais de quatro pessoas e nunca mais que o dobro do questões que as partes lhe submetam, bem como todos os
número de vagas a serem preenchidas, e destas, no máximo, assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Uni-
duas poderão ser de sua nacionalidade (art. 5º, Estatuto CIJ). das ou em tratados e convenções em vigor”. Em continua-
A lista geral será elaborada pelo Secretário-geral e enviada à ção, o mesmo dispositivo especifica o que abrangeria esta
Assembleia Geral e ao Conselho de Segurança, que votarão competência: “[...] todas as controvérsias de ordem jurídica
independentemente, aplicando-se o quórum da maioria ab- que tenham por objeto: a) a interpretação de um tratado;
soluta (artigos 7º, 8º e 10, Estatuto CIJ). Se dois nacionais do b) qualquer ponto de direito internacional; c) a existência
mesmo Estado obtiverem o mesmo número de votos, será de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de
considerado eleito o mais velho (art. 10, Estatuto CIJ). O Es- um compromisso internacional; d) a natureza ou extensão
tatuto da CIJ prevê, ainda, critérios de desempate (artigos 11 da reparação devida pela ruptura de um compromisso inter-
e 12, Estatuto CIJ). nacional”. Nota-se que a competência da Corte, por ser tão
abrangente, pode ou não envolver questões de direitos hu-
Os membros da Corte serão eleitos por nove anos e po- manos. Assim, não se trata de tribunal internacional que jul-
derão ser reeleitos, além do que o art. 13 do Estatuto da CIJ gue exclusivamente questões de direitos humanos, mas que
assegura que a cada três anos 5 novos membros sejam eleitos também as julga.
ou reeleitos. Na forma do mesmo artigo, o pedido de renún-
cia deve ser submetido ao Presidente da Corte e enviado ao Quando os Estados-partes aceitam a jurisdição da Corte
Secretário-geral. Já a demissão deve se dar por opinião unâ- podem o fazer de forma limitada ou ilimitada. As limitações
nime dos demais membros da Corte (art. 18, Estatuto CIJ). podem envolver um prazo determinado ou uma condição de
Em ambos casos, abre-se vaga antes que o mandato do pre- reciprocidade de um ou vários Estados (art. 36, Estatuto CIJ).
decessor se encerre, de forma que o candidato eleito comple- Entre outras, são reservas comuns que os Estados-membros
tará o seu mandato (art. 15, Estatuto CIJ). fazem à jurisdição da Corte: reciprocidade, prazo determi-
nado, em relação a apenas alguns Estados ou excluindo só
Os artigos 16 e 17 do Estatuto da CIJ trazem impedimen- alguns Estados, somente quanto a jurisdição doméstica,
tos aos seus membros: exercício de qualquer função política aplicação a litígios futuros. Tais reservas têm sido admitidas
ou administrativa, dedicação a outra ocupação de natureza pois o Estado é livre para reconhecer a cláusula como obri-
profissional, servir como agente, consultor ou advogado em gatória ou não, limitando sua aceitação, sendo mais interes-
qualquer questão e participar da decisão de qualquer ques- sante para a justiça internacional haver aceitação da cláusula
tão na qual anteriormente tenha intervindo em qualquer facultativa com reservas do que não haver qualquer aceita-
caráter (ex: consultor, advogado, membro de tribunal ou co- ção68.
missão de inquérito).
A Corte decidirá de acordo com o direito internacional,
Os membros da Corte gozam de privilégios e imunidades aplicando convenções internacionais, costumes internacio-
diplomáticas (art. 19, Estatuto CIJ) e devem declarar solene- nais, princípios gerais do Direito, decisões judiciárias e dou-
mente que exercerão suas atribuições com imparcialidade e trina. Se as partes concordarem, a Corte pode decidir a ques-
de forma contenciosa (art. 19, Estatuto CIJ). tão ex aequo et bono, expressão jurídica latina que significa
conforme o correto e válido, ou seja, caso as partes concor-
Caso um membro da Corte sinta que não deva tomar par- dem a decisão pode ser tomada com base no senso de justiça
te do julgamento deverá informar o Presidente, assim como
DIREITOS HUMANOS

este também deverá informar ao membro caso entenda que 67 O juiz ad hoc ou juiz nacional é um instituto remanescen-
ele não deverá participar do julgamento. Em ambos casos, te da arbitragem, buscando a igualdade entre os Estados e a
controvérsias serão decididas pela Corte (art. 24, Estatuto conferência de maior confiança na Corte. A instituição tem
sido criticada, pois quando um país já tem o juiz permanente
66 “O procedimento de eleição pela Assembleia Geral e pelo e outro nomeia o ad hoc há uma tendência do primeiro ser
Conselho de Segurança tem ocasionado que muitas vezes é imparcial, enquanto que o segundo vota pelo Estado que re-
ali eleito maior número de candidatos do que as vagas. Neste presenta. (Ibid., p. 660).
caso, são feitas eleições sucessivas até que o número de elei-
tos seja igual ao número de vagas”. (Ibid. p. 660). 68 Ibid., p. 662.

18
que repousa no conhecimento comum da humanidade (art. verão ser tomadas para o seu cumprimento, caso entenda ser
38, Estatuto CIJ). necessário (art. 94, Carta ONU).

Caso se mostre necessário, a Corte poderá sugerir medi- Quanto à função consultiva, o pedido de parecer será
das provisórias (art. 41, Estatuto CIJ). escrito, com exposição do assunto e juntada de documen-
tos. Os Estados-membros da Corte serão notificados sobre o
Além da função jurisdicional, a Corte desempenha fun- pedido e poderão comparecer perante a Corte. Especial no-
ção consultiva, pois tanto a Assembleia Geral quanto o Con- tificação será dada aos Estados-membros e a organizações
selho de Segurança podem solicitar parecer consultivo sobre internacionais que possam prestar informações na questão,
questão jurídica, assim como órgãos das Nações Unidas e aceitando-se destes manifestações escritas e orais. O pare-
entidades especializadas mediante autorização da Assem- cer, por sua vez, será proferido em sessão pública. No mais,
bleia Geral (art. 96, Carta). “Os pareceres não são obriga- segue-se o procedimento dos casos litigiosos (artigos 65 a 68,
tórios, entretanto, de um modo geral, têm sido cumpridos. Estatuto CIJ).
Existem alguns casos em que se convenciona previamente a
obrigatoriedade do parecer”69.
Organizações regionais
O processo da Corte terá uma fase escrita, composta de
memórias, contra memórias, réplicas e documentos; e uma a) Sistema africano: O sistema regional africano de pro-
fase oral, consistente na oitiva de testemunhas, peritos, teção de direitos humanos ainda é insípido e pouco
agentes, consultores e advogados (art. 43, Estatuto CIJ). Os efetivo. Basta ter em vista que embora a formação da
debates serão dirigidos pelo Presidente, pelo Vice-presidente primeira organização internacional nesta região, a Or-
ou pelo juiz mais velho da Corte, nesta ordem caso haja im- ganização da Unidade Africana - OUA, date de 25 de
pedimento do anterior (art. 45, Estatuto CIJ). maio de 1963, o regime do apartheid foi adotado de
1948 até o ano de 1994, além do que seus países somen-
No andamento do processo a Corte proferirá decisões a te adquiriram independência após árduo processo de
respeito deste andamento, da forma e do tempo processuais; descolonização. A dificuldade da OUA em lidar com
requererá documentos e informações; ordenará eventuais estes problemas africanos é a principal razão de sua
inquéritos ou perícias; e decidirá se receberá provas e depoi- substituição pela União Africana - UA em 9 de julho de
mentos fora do prazo (artigos 48 a 52, Estatuto CIJ). 2002. Esta nova organização é baseada no modelo da
União Europeia, visando promover a democracia, os
O art. 53 do estatuto da CIJ descreve procedimento seme- direitos humanos e o desenvolvimento econômico na
lhante ao da revelia ao prever que um Estado-parte poderá África. A UA manteve a principal regulamentação de
pedir que se reconheça a pretensão a seu favor caso o outro direitos humanos da OUA, qual seja a Carta Africana
não compareça perante a Corte, mas esta deverá examinar os dos Direitos Humanos e dos Povos, também conheci-
fundamentos de fato e de Direito antes de fazê-lo. da como Carta de Banjul, aprovada pela Conferência
Ministerial da OUA em Banjul, Gâmbia, em janeiro de
Encerrados os debates, a Corte decidirá a controvérsia, 1981, e adotada pela XVIII Assembleia dos Chefes de
privadamente e pela maioria dos presentes, com eventual Estado e Governo da OUA em Nairóbi, Quênia, em 27
desempate pelo Presidente ou juiz que funcione em seu lu- de julho de 1981. Tal documento é complementado
gar, que também assinará a decisão, de maneira fundamen- por um Protocolo Adicional, estabelecendo a Corte
tada e mencionando o nome dos juízes que assim pensaram, Africana de Direitos Humanos e dos Povos, adotado
bem como incluindo votos dissidentes em separado (artigos pelos Estados-membros da OUA em Ouagadougou,
54 a 58, Estatuto CIJ). capital do país Burkina Faso, em junho de 1998, ad-
quirindo vigência em 25 de janeiro de 2004 após ser
Conforme o art. 59 do Estatuto da CIJ, “a decisão da Corte ratificado por mais de 15 países. Tanto a referida Cor-
só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do te instituída pelo protocolo quanto a Comissão criada
caso em questão”. Não obstante, prevê o art. 60 do documen- pela Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
to: “a Sentença é definitiva e inapelável. Em caso de contro- são órgãos mantidos pela nova organização africana.
vérsia quanto ao sentido e ao alcance da sentença, caberá à
Corte interpretá-la a pedido de qualquer das partes”. b) Sistema islamo-árabe: Muitas são as questões que de-
vem ser vislumbradas para compreender o porquê do
Assim, não cabe recurso da sentença da Corte. Contudo, sistema islamo-árabe, apesar de existente na prática
em hipóteses excepcionais é admitido processo de revisão, em alguns documentos regionais, tendo sido inclusive
isto é, descobrimento de algum fato suscetível de exercer in- criado um órgão específico, e na participação dos seus
fluência decisiva que à época de julgamento era de desco- países perante as Nações Unidas, é insípido e ineficaz.
nhecimento da Corte ou das partes, sendo este justificável,
DIREITOS HUMANOS

que não tenha se dado por motivo de negligência (art. 61, De fato, a disciplina regional de direitos humanos de-
Estatuto CIJ). monstra que no sistema islamo-árabe as perspectivas religio-
sas merecem destaque. Assim, na interpretação das normas
Caso uma sentença da Corte seja descumprida por uma de direitos humanos, é preciso tomar como base a lei islâmi-
das partes, a outra poderá requerer ao Conselho de Seguran- ca, notadamente o Corão e a Sunnah. A secularização já tor-
ça que faça recomendações ou decida sobre medidas que de- na mais complicada a luta pela universalidade e efetividade
dos direitos humanos. No entanto, não seria um problema
intransponível se outro fator não estivesse presente: o uso
69 Ibid., p. 664.

19
das premissas religiosas por parte dos governantes para fins cretaria-Geral; g) Das Conferências Especializadas; e h) Dos
de manutenção do poder. Organismos Especializados. Poderão ser criados, além dos
previstos na Carta e de acordo com suas disposições, os ór-
Os três principais documentos regionais no sistema em gãos subsidiários, organismos e outras entidades que forem
estudo são: Declaração Islâmica Universal dos Direitos Hu- julgados necessários”.
manos, de 19 de setembro de 1981; a Declaração do Cairo de
Direitos Humanos no Islã, de 5 agosto 1990; e a Carta Árabe
de Direitos Humanos, de 15 Setembro de 1994. Assembleia Geral
c) Sistema europeu: O principal documento europeu vol- Trata-se do órgão supremo da OEA, que, segundo o artigo
tado à proteção dos direitos humanos é a Convenção 54 da Carta da OEA, tem entre suas atribuições gerais decidir
Europeia dos Direitos do Homem, no âmbito da qual a ação e a política gerais da OEA, estruturar e delimitar fun-
se institui o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. ções e atividades dos órgãos, fortalecer a cooperação com as
Referida Convenção foi aprovada e instituída pelo Nações Unidas e outras organizações internacionais com ob-
Conselho da Europa, organização internacional fun- jetivos análogos, aprovar orçamento, adotar normas de fun-
dada em 5 de maio de 1949, sendo a mais antiga or- cionamento da Secretaria, aprovar seu próprio regulamento
ganização europeia em funcionamento, documentada (quórum: 2/3). “Todos os Estados membros têm direito a
no chamado Tratado de Londres de 1949 (Estatuto do fazer-se representar na Assembleia Geral. Cada Estado tem
Conselho da Europa). direito a um voto” (artigo 58, Carta OEA).

A reunião ordinária ocorrerá anualmente em locais di-


Sistema Interamericano ferentes consoante ao princípio do rodízio (artigo 57, Carta
OEA), mas é possível realizar convocações extraordinárias
A Carta da Organização dos Estados Americanos, que mediante aprovação de 2/3 dos Estados-Membros dirigida
criou a Organização dos Estados Americanos, foi celebrada ao Conselho Permanente (artigo 58, Carta OEA).
na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril de
1948, em Bogotá e entrou em vigência no dia 13 de dezembro Quanto ao quórum de votação, estabelece o artigo 59 da
de 1951, sendo reformada pelos protocolos de Buenos Aires Carta da OEA: “as decisões da Assembleia Geral serão ado-
(27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das Índias (5 de de- tadas pelo voto da maioria absoluta dos Estados membros,
zembro de 1985), de Washington (14 de dezembro de 1992) e salvo nos casos em que é exigido o voto de dois terços, de
de Manágua (10 de junho de 1993). acordo com o disposto na Carta, ou naqueles que determinar
a Assembleia Geral, pelos processos regulamentares”.
Por ser uma organização continental, naturalmente, está
aberta apenas a Estados independentes americanos, além de
entidades políticas que deles surjam (artigos 4º, 5º e 8º, Carta Da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
OEA). “A Assembleia Geral, após recomendação do Conselho Exteriores
Permanente da Organização, determinará se é procedente
autorizar o Secretário-Geral a permitir que o Estado solici- “A Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exte-
tante assine a Carta e a aceitar o depósito do respectivo ins- riores deverá ser convocada a fim de considerar problemas
trumento de ratificação. Tanto a recomendação do Conselho de natureza urgente e de interesse comum para os Estados
Permanente como a decisão da Assembleia Geral requererão americanos, e para servir de Órgão de Consulta”, conforme
o voto afirmativo de dois terços dos Estados membros” (arti- texto do artigo 61 da Carta da OEA. Questões inerentes ao
go 7º, Carta OEA). funcionamento do órgão são delimitadas nos artigos 62 a 69
do documento.
Os Estados-membros possuem iguais direitos e deveres,
devendo respeitar os deveres de acordo com o direito inter-
nacional e não podendo ter seus direitos fundamentais res- Dos Conselhos
tringidos (artigos 10, 11 e 12, Carta OEA). “[...] Mesmo antes
de ser reconhecido, o Estado tem o direito de defender a sua O Conselho Permanente da Organização, especificado
integridade e independência, de promover a sua conserva- dos artigos 80 a 92 da Carta da OEA, e o Conselho Interame-
ção e prosperidade, e, por conseguinte, de se organizar como ricano de Desenvolvimento Integral, delimitado do artigo 93
melhor entender, de legislar sobre os seus interesses, de ad- a 98 da mesma, são os dois Conselhos em funcionamento
ministrar os seus serviços e de determinar a jurisdição e a na OEA, conforme artigo 70 da sua Carta. Terão representa-
competência dos seus tribunais [...]”, somente possuindo ção de todos os Estados-membros (artigo 71, Carta OEA). Os
como limites os direitos dos demais Estados (artigo 13, Carta conselhos poderão fazer recomendações aos Estados; apre-
OEA), os quais são especificados dos artigos 14 a 23 da Carta sentar estudos, propostas e projetos à Assembleia Geral e às
DIREITOS HUMANOS

da OEA. Conferências Especializadas, que poderá também convocar;


prestar serviço especializado; requerer informações e asses-
Quanto aos órgãos da OEA, explicita o artigo 53 da Car- soramento um ao outro e dos demais órgãos e organismos
ta: “a Organização dos Estados Americanos realiza os seus subsidiários; fazer reuniões no território de qualquer Esta-
fins por intermédio: a) Da Assembleia Geral; b) Da Reunião do-membro; elaborar o próprio Estatuto e Regulamento, o
de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores; c) Dos primeiro com aprovação da Assembleia Geral (artigos 72 a
Conselhos; d) Da Comissão Jurídica Interamericana; e) Da 79, Carta OEA).
Comissão Interamericana de Direitos Humanos; f) Da Se-

20
A respeito do Conselho Permanente, expõe Seitenfus70: Dos Organismos Especializados
“o Conselho é formado por representantes de todos os Es-
tados, indicados especialmente com o título de embaixador. São “os organismos intergovernamentais estabelecidos
Ele apresenta, segundo a Carta, uma ambígua situação. Não por acordos multilaterais, que tenham determinadas fun-
há reconhecimento expresso de seu caráter, e nenhum artigo ções em matérias técnicas de interesse comum para os Esta-
define claramente suas funções e tarefas. Esta flexibilidade dos americanos” (artigo 124, Carta OEA). São regulamenta-
institucional permite ao Conselho participar, de maneira dos dos artigos 125 a 130 da Carta da OEA.
ampla e nebulosa, em diferentes atividades da OEA”. Entre
as comissões ligadas ao Conselho Permanente destacam-se:
Corte Interamericana de Direitos Humanos CIDH, Comissão Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Interamericana de Direitos Humanos (disciplinadas no Pac-
to de São José da Costa Rica) e Comissão Jurídica Interameri- A Comissão é anterior à Corte em mais de 20 anos,
cana (órgão consultivo em assuntos jurídicos)71. aliás, é anterior à Convenção Americana de Direitos Huma-
nos, atuando antes de 1969 com base na Carta da OEA e na
DUDH. Em se tratando de um mecanismo de processamento
Da Comissão Jurídica Interamericana individual, seu uso “[...] deve ser encarado como parte de um
processo de lutas políticas e sociais históricas, pela efetiva
“A Comissão Jurídica Interamericana tem por finalidade melhora das condições de vida dos grupos mais vulneráveis
servir de corpo consultivo da Organização em assuntos jurí- da sociedade brasileira. Nesta perspectiva, as organizações
dicos; promover o desenvolvimento progressivo e a codifica- não-governamentais brasileiras devem acionar o sistema in-
ção do direito internacional; e estudar os problemas jurídicos teramericano de forma estratégica e paralela às suas ações
referentes à integração dos países em desenvolvimento do no âmbito interno”72. São raros os instrumentos de proteção
Continente, bem como a possibilidade de uniformizar suas internacional dos direitos humanos que permitem o acesso
legislações no que parecer conveniente”, conforme o artigo direto por indivíduos ou grupos que o representem, sendo
99 e especificações dos artigos 100 a 105 da Carta da ONU. este o principal mérito da Comissão em estudo neste tópico.

Da Comissão Interamericana de Direitos Humanos Composição

Remete-se no artigo 106 da Carta da OEA à Comissão que Nos termos do artigo 34 da CADH, a Comissão será com-
deveria ser constituída, e o foi, pela Convenção Interameri- posta por 7 membros, dotados de alta autoridade moral e de
cana de Direitos Humanos, que será estudada adiante. reconhecido saber em matéria de direitos humanos. Tais cri-
térios são bastante subjetivos, tanto que nem é preciso for-
mação em Direito.
Da Secretaria-Geral
Embora composta de 7 membros, a Comissão representa
A Secretaria-Geral é órgão permanente e administrati- todos os membros da OEA (artigo 35, CADH), isto é, a repre-
vo da Organização, exercendo atribuições designadas pela sentatividade dos Estados perante a Comissão não é direta.
Assembleia e especificadas na Carta (artigos 107, 111 e 112,
Carta OEA). Será eleito pela Assembleia um Secretário-Ge- Os Estados-membros irão propor candidatos, formando
ral com mandato de 5 anos, permitida uma reeleição, não uma lista. Cada qual indicará até três candidatos e, possuin-
se aceitando sucessão por outro da mesma nacionalidade do sua lista este número, um deles deverá ser de outra nacio-
(artigo 108, Carta OEA). “A Assembleia Geral, com o voto de nalidade (artigo 36, CADH).
dois terços dos Estados membros, pode destituir o Secretá-
rio-Geral ou o Secretário-Geral Adjunto, ou ambos, quando O mandato é de 4 anos, aceita uma reeleição, estabele-
o exigir o bom funcionamento da Organização” (artigo 116, cendo-se no artigo 37 uma regra de transição que permita a
Carta OEA). alternância a cada dois anos. Segundo o mesmo dispositivo,
não é permitido que dois nacionais do mesmo país compo-
nham a Comissão.
Das Conferências Especializadas
O Conselho Permanente da Organização preencherá as
“As Conferências Especializadas são reuniões intergover- vagas que surjam por motivos diversos de fim de mandato,
namentais destinadas a tratar de assuntos técnicos especiais por exemplo, morte ou renúncia do membro da Comissão
ou a desenvolver aspectos específicos da cooperação intera- (artigo 38, CADH).
mericana e são realizadas quando o determine a Assembleia
Geral ou a Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
DIREITOS HUMANOS

Exteriores, por iniciativa própria ou a pedido de algum dos


Conselhos ou Organismos Especializados” (artigo 122, Carta
OEA).
72 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in-
70 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna- teramericana de direitos humanos e o seu papel central no
cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
71 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna- ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o
cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

21
Funcionamento suas funções, os Estados-partes deverão proporcionar a ela
as informações solicitadas sobre a maneira pela qual seu di-
Nos termos do artigo 39, “a Comissão elaborará seu esta- reito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer dispo-
tuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral e expe- sições da Convenção (artigo 43, CADH).
dirá seu próprio Regulamento”. O regulamento da Comissão
discrimina como se dá a sua atuação em detalhes. Por sua
vez, o Estatuto da Comissão foi aprovado pela resolução AG/ Legitimidade ativa
RES n. 447 (IX-O/79), adotada pela Assembleia Geral da OEA,
em seu Nono Período Ordinário de Sessões, realizado em La Nos termos do artigo 44 da CADH, “qualquer pessoa ou
Paz, Bolívia, em outubro de 1979. Nota-se que o Regulamen- grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legal-
to não passa pelo crivo da Assembleia, mas somente o Esta- mente reconhecida em um ou mais Estados-membros da
tuto. Isto é coerente porque enquanto o Regulamento é mais Organização, pode apresentar à Comissão petições que con-
formal, tratando de questões ligadas ao modo de atuação da tenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção
Comissão, o Estatuto é mais profundo, trazendo princípios e por um Estado-parte”. Logo, pessoas da sociedade e grupos
finalidades que regem a Comissão. que a representam possuem legitimidade perante este órgão
internacional.
Quanto ao órgão que movimenta administrativamente a
Comissão, isto é, desempenha os serviços de secretaria, tra- Também os Estados-partes podem ser legitimados ativos
ta-se da própria Secretaria Geral da Organização (artigo 40, quando alegue haver outro Estado-parte incorrido em viola-
CADH), não havendo então secretaria específica para a Co- ções dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção,
missão. mas é preciso que se faça uma declaração de competência.
Seja no momento de depósito da ratificação, seja posterior-
mente, o Estado-parte pode reconhecer a competência da
Funções Comissão para receber e examinar comunicações de um Es-
tado-parte a respeito de outro Estado-parte que tenha come-
O artigo 41 da CADH permite uma compreensão clara tido violações. Se não reconhecê-la, não poderá apresentar
a respeito das funções da Comissão: fomentar a consciên- comunicações neste sentido. No entanto, a declaração pode
cia do dever de respeito aos direitos humanos, formular ser feita por tempo determinado ou para casos específicos
recomendações a Estados-membros que estejam violando (não precisa ser por tempo indefinido), sendo depositada na
a Convenção, além de atender a consultas que estes façam, Secretaria Geral da OEA. (artigo 45, CADH).
podendo redigir estudos e relatórios e solicitar informações
para tanto, finalizando com a obrigação de apresentar relató-
rio anual sobre sua atuação. Requisitos de admissibilidade
Galli e Dulitzky73 dividem as competências da Comissão Antes de verificar a admissibilidade, a Comissão anali-
na seguinte sistemática: a) caráter promocional: assessoria sa se estão presentes os pré-requisitos processuais, se pode
aos Estados para reforçar a consciência sobre a importância apurar o objeto da petição e se os fatos ocorreram antes da
dos direitos humanos entre os povos das Américas, incluin- ratificação da Convenção pelo Estado.
do funções consultivas além de funções de assessoramento,
podendo elaborar tratados, interpretar a Convenção Ameri- Estabelece o artigo 46 da CADH: “Para que uma petição
cana e determinar a compatibilidade dela com a legislação ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44
interna dos Estados-membros; b) caráter protetivo: proteção ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que
dos direitos humanos mediante supervisão da conduta dos hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição
Estados referentes às obrigações internacionais quanto aos interna, de acordo com os princípios de Direito Internacio-
direitos humanos, autorizada a investigação de fatos que po- nal geralmente reconhecidos; b) que seja apresentada dentro
dem chegar a ela por denúncia individual e a elaboração de do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido
relatórios especiais. prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da deci-
são definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação
Os mesmos relatórios e estudos que os Estados-partes não esteja pendente de outro processo de solução interna-
submetem às Comissões Executivas do Conselho Interame- cional; e d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o
ricano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura
Educação, Ciência e Cultura deverão ser enviados à Comis- da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade
são, com os fins dela zelar pelas normas econômicas, sociais que submeter a petição. 2. As disposições das alíneas “a” e
e sobre educação, ciência e cultura vigentes no âmbito da “b” do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando: a) não
OEA (artigo 42, CADH). existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o de-
vido processo legal para a proteção do direito ou direitos que
DIREITOS HUMANOS

Também para assegurar que a Comissão desempenhe se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido
ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos re-
cursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de
73 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in- esgotá-los; e c) houver demora injustificada na decisão sobre
teramericana de direitos humanos e o seu papel central no os mencionados recursos”.
sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste- O artigo 46 é incidente em concursos, trazendo os requi-
ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o sitos para que a petição ou comunicação seja processada
direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

22
pela Comissão: esgotamento de recursos no plano interno, ligências, ou requerendo audiências para produção de prova
a partir do qual se conta um prazo de 6 meses, que não es- testemunhal”75.
teja pendente outra busca de solução internacional e identi-
ficação da pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não-go- É possível abreviar estas etapas no caso de uma denúncia
vernamental (se for o caso). Dispensa-se o esgotamento de grave, procedendo desde logo com a investigação, desde que
recursos e a consequente passagem de 6 meses como prazo com autorização do Estado, respeitados ainda os requisitos
quando não existir normas de proteção ao devido processo de admissibilidade (artigo 48, CADH).
legal no Estado, quando tiver sido impedido ou dificultado o
acesso ao Judiciário no país ou quando houver demora sem Obtida a solução amistosa descrita no artigo 48, se redi-
motivos para o processamento interno. girá um relatório, que será encaminhado a todos Estados-
-partes da Convenção e transmitido ao Secretário Geral da
Neste sentido, o artigo 47 estabelece que a Comissão fará OEA, contendo uma breve exposição dos fatos e da solução
um exame prévio da petição ou comunicação para decidir alcançada, e também se dará ampla informação a quaisquer
se irá processá-la ou arquivá-la, avaliando os seguintes re- partes no caso que solicitar (artigo 49, CADH).
quisitos: os descritos no artigo anterior e expostos acima, ex-
posição dos fatos que caracterizam violação dois direitos ga- No procedimento de solução amistosa, em que a Comis-
rantidos pela Convenção, não ser a petição manifestamente são exerce um papel estritamente político e diplomático,
infundada ou evidentemente improcedente, não se tratar de exige-se do Estado envolvido que esteja pronto para atuar
reprodução de petição ou comunicação anterior, já exami- com boa-fé e fazer concessões. Ele permite que as partes ne-
nada pela Comissão ou por outro organismo internacional. gociem sobre medidas concretas de reparação às violações
de direitos humanos alegadas, fornecendo vantagens para
todos envolvidos: permite que as discussões e negociações
Processo se iniciem com intermediação e fiscalização de um órgão in-
ternacional independente que é a Comissão, bem como ofe-
A comunicação ou petição passou pelo crivo do artigo 47 rece soluções mais efetivas e rápidas quando o compromisso
e será processada. O primeiro passo é a solicitação de infor- firmado é cumprido em respeito ao princípio da boa-fé76.
mações do governo ao qual pertença a autoridade apontada
como responsável pela violação, informando o conteúdo da Não obtida a conciliação, será expedido um relatório, no
comunicação ou petição, fixando-se prazo. qual se decidirá se houve de fato violação de direitos huma-
nos e serão formuladas proposições e recomendações, se
Recebidas as informações ou transcorrido o prazo deci- o caso. A ele serão agregados eventuais votos dissidentes e
dirá se continuará o processamento da petição ou comuni- exposições dos interessados. Será encaminhado aos Estados
cação, arquivando-a se não subsistirem os fundamentos da interessados que não poderão publicá-lo. (artigo 50, CADH).
petição, decidindo pela improcedência ou pela inadmissibi-
lidade com base nas novas provas ou informações, ou dando Em três meses o Estado-parte no qual ocorreu a violação
o próximo passo para a continuidade (artigo 48, CADH). deve apresentar uma solução ou levar o caso à Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos; ou, se a Comissão não levar
Decidido continuar o expediente, produz-se provas, com o caso à Corte reconhecendo sua competência para o julga-
o devido exame do assunto exposto na petição e eventual mento daquele caso, ela mesma poderá emitir sua opinião
investigação, a qual os Estados envolvidos devem facilitar. e conclusões sobre a questão, num julgamento conclusivo.
Poderá, ainda, pedir informações. Deve, ainda, se colocar à Este julgamento conclusivo irá trazer as providências espera-
disposição para uma solução amigável. (artigo 48, CADH). das do Estado-parte em certo prazo, após o qual se decidirá
se ele tomou ou não tais medidas assecuratórias num relató-
Como a Convenção não traz critérios rígidos de valora- rio final. (artigo 51, CADH).
ção, aceita-se qualquer meio capaz de averiguar a verdade
dos fatos, incluindo documentos (textos de leis e decretos, A Comissão confere um prazo de três meses para que
passaportes, registros de imigração, documentos adminis- suas recomendações sejam cumpridas a contar da notifica-
trativos, sentenças e decisões nacionais, cartas privadas, ção e, se não o forem, ela decidirá se o caso será ou não leva-
fotografias, gravações, reportagens, entre outros), testemu- do à Corte. Para a Comissão levar o caso à Corte é preciso que
nhas, presunções e indícios, etc74. o Estado tenha aceito a competência dela, senão o caso con-

“Apesar de ter um papel aparentemente passivo nesta


fase do trâmite da denúncia, a Comissão está avaliando os 75 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in-
fatos apresentados e a solidez das provas. Durante esta fase teramericana de direitos humanos e o seu papel central no
do procedimento, o peticionário deve assumir um papel ati- sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
vo, impulsionando o procedimento através da apresentação In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
DIREITOS HUMANOS

de escritos contendo informações adicionais, solicitando di- ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o
direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
74 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in- 76 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in-
teramericana de direitos humanos e o seu papel central no teramericana de direitos humanos e o seu papel central no
sistema interamericano de proteção dos direitos humanos. sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste- In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o
direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

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tinua tramitando na Comissão. Esta decisão sobre o envio ou todos os casos perante a Corte, isto é, ainda que a Comis-
não do caso para a Corte tem caráter estritamente discricio- são não leve o caso à Corte, sempre será ouvida (artigo 57,
nário e não é obrigatória. No mais, está sujeita ao prazo de CADH).
caducidade de três meses contados a partir da data em que
a Comissão encaminha o relatório para o Estado. Esta deci- A sede da Corte fica em São José, na Costa Rica, como
são deverá ser orientada para o alcance da efetiva proteção decidido em Assembleia Geral, podendo realizar reuniões
dos direitos humanos naquele caso específico, notadamente em outras localidades. Somente o secretário designado pela
quando o caso for muito grave ou quando por sua comple- Corte obrigatoriamente residirá na sede. (artigo 58, CADH).
xidade e transcendência merecer ser analisado pela Corte.77
Diferente da Comissão, a Corte possui uma secretaria es-
pecífica, a qual será dirigida pelo Secretário-Geral da OEA,
Corte Interamericana de Direitos Humanos que nomeará funcionários após consultado o Secretário da
Corte, respeitada sempre a independência da Corte (artigo
Composição 59, CADH).

A Corte é composta de sete juízes, de nacionalidades di- O Estatuto elaborado pela Corte foi aprovado pela resolu-
ferentes, nacionais dos Estados-membros da Organização, ção AG/RES n. 448 (IX-O/79), adotada pela Assembleia Geral
eleitos dentre juristas de alta autoridade moral e de reco- da OEA, em seu Nono Período Ordinário de Sessões, realiza-
nhecida competência em matéria de direitos humanos, que do em La Paz, Bolívia, outubro de 1979. Já seu Regulamento
reúnam as condições requeridas para o exercício das mais não se sujeita a tal aprovação (artigo 60, CADH).
elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do
qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como
candidatos (artigo 52, CADH). Quanto ao requisito de pos- Funções
suir condições para o exercício dos mais altos cargos judi-
ciários do país, seria, no Brasil, atender aos critérios para ser O artigo 63 da CADH resume as providências que a Corte
ministro de um Tribunal Superior. pode determinar, basicamente: que seja assegurado o gozo
do direito ou liberdade violados e, se o caso, que sejam repa-
Tais juízes serão eleitos por voto secreto, exigido quórum radas as consequências da violação, além do pagamento de
de maioria absoluta (mais da metade de todos Estados-par- indenização ao lesado. Prossegue o dispositivo esclarecendo
tes da Convenção). Cada Estado-parte pode propor até 3 que mesmo antes do final do julgamento a Corte pode tomar
candidatos e, o fazendo, deverá indicar ao menos 1 que não providências provisórias, bem como pode intervir quando o
seja seu nacional (artigo 53, CADH). caso ainda estiver na Comissão, desde que esta requeira.

O mandato durará 6 anos, aceita uma reeleição, estabe- Já o artigo 64 da CADH da competência consultiva da Cor-
lecendo-se regra de transição para a alternância trienal dos te, que poderá ser exercida pelos Estados-membros quanto à
juízes. No caso de eleição para substituir juiz cujo mandato interpretação da Convenção e de tratados correlatos à prote-
não tenha expirado, por exemplo, que tenha falecido ou re- ção dos direitos humanos, bem como pelos órgãos da OEA.
nunciado, será completado o período do mandato anterior. Há também a possibilidade de um Estado-membro buscar
Mesmo após o mandato de 6 anos, independente de reelei- parecer a respeito da compatibilidade de seu ordenamento
ção, os juízes continuarão julgando os casos que estiverem interno com os mecanismos internacionais. Afinal, a Corte
sendo processados perante eles. (artigo 54, CADH). não serve apenas para julgar litígios, mas para aconselhar e
direcionar o cumprimento das normas de direitos humanos,
Nos termos do artigo 55 da CADH, se algum juiz do caso o que inclui fazer interpretações que esclareçam dúvidas dos
foi nacional de um dos Estados-partes não precisará se afas- Estados-membros.
tar, mas o seu país não poderá indicar um juiz ad hoc. Quan-
do não for nacional, ambos Estados-partes poderão indicar Assim, “a Corte possui uma função contenciosa, que in-
o juiz ad hoc, mas se forem muitos os Estados-partes com o clui o recebimento e trâmite de casos individuais de violação
mesmo interesse eles serão considerados como uma única de direitos humanos, e uma função consultiva. Nos primei-
parte (indicando um só juiz ad hoc). ros anos de seu funcionamento, a Corte fortaleceu a proteção
internacional dos direitos humanos através da emissão de
Ao menos 5 juízes da Corte devem participar da decisão opiniões consultivas. As opiniões consultivas contribuíram
(artigo 56, CADH). para a interpretação e consequente ampliação de alguns di-
reitos consagrados na Convenção Americana sobre Direitos
Humanos”78.
Funcionamento
A Corte tem ainda a função de apresentar relatório de
DIREITOS HUMANOS

De início, destaca-se que a Comissão comparecerá em suas atividades à Assembleia: ele é anual e informa as re-

77 GALLI, Maria Beatriz; KRSTICEVIC, Viviana; DULITZKY, 78 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in-
Ariel E. A Corte Interamericana de Direitos Humanos: aspec- teramericana de direitos humanos e o seu papel central no
tos procedimentais e estruturais de seu funcionamento. In: sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
interamericano de proteção dos direitos humanos e o direi- ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o
to brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 83-86. direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

24
comendações feitas e as medidas que tenham sido ou não Sentença
cumpridas (artigo 65, CADH).
A Corte deve justificar sua decisão, referindo-se às pro-
vas dos autos e às normas de direitos humanos vigentes. Se
Legitimidade ativa o voto não for unânime, ou seja, o mesmo para todos, o voto
dissidente ou diverso será juntado à sentença e não ignora-
Diferente do que ocorre nas Comissões, não é qualquer do. (artigo 66, CADH).
pessoa que pode submeter um caso à Corte, mas somente
Estados-partes e a própria Comissão, não se atingindo solu- A sentença é definitiva e inapelável, ou seja, não é possí-
ção perante esta (artigo 61, CADH). vel interpor recurso para nenhum órgão, nem mesmo à As-
sembleia Geral da OEA. No máximo, é possível pedir em até
No momento do depósito do instrumento de ratificação 90 dias da notificação da sentença esclarecimentos sobre o
ou posteriormente o Estado-parte pode reconhecer como seu conteúdo. (artigo 67, CADH).
obrigatória a competência da Corte, de maneira condicio-
nada ou incondicionada - é a chamada declaração especial. A decisão da Corte deverá ser cumprida pelos Estados-
Também é possível reconhecer tal competência por conven- -partes, sob pena de sanção internacional. Eventual indeni-
ção especial, que é um tipo de tratado internacional com este zação a ser paga pelo Estado-parte será processada confor-
fim. É preciso ao menos uma das duas para que a Corte possa me as normas de execução internas (artigo 68, CADH), logo,
apreciar o caso relativo ao Estado-parte (artigo 62, CADH). a sentença é título executivo.
Não havendo reconhecimento de competência, não é pos-
sível figurar nem no polo ativo, nem no passivo de processo A sentença pronuncia-se sobre a responsabilidade do Es-
perante a Corte. tado demandado pelos fatos apresentados e dispõe sobre o
seu dever de garantir à vítima o gozo do direito ou liberdade
violados, decidindo sobre as reparações e indenizações res-
Requisitos de admissibilidade pectivas, além do eventual pagamento de custas. Neste sen-
tido, a sentença não tem um caráter meramente declaratório
“Sobre a admissibilidade da demanda, a interpretação da violação cometida pelo Estado, mas, ao contrário, requer
da própria Corte sobre o prazo de três meses, transcorridos que o mesmo adote medidas concretas para reparar as viola-
desde a notificação do relatório ao Estado pela Comissão, é ções aos direitos da Convenção Americana.
de que o mesmo não é fatal e pode ser prorrogado. Além dis-
so, a Corte determinou que a segurança jurídica exige que É conferida publicidade à sentença não só quanto aos
os Estados respeitem os prazos, e que a Comissão não faça envolvidos, mas quanto a todos Estados-partes (artigo 69,
uso arbitrário dos mesmos, principalmente em relação aos CADH), que ficarão cientes do posicionamento da Corte em
prazos estabelecidos pela Convenção Americana”79. Assim, relação a certa matéria, podendo eventualmente corrigir
embora nos termos da Convenção a submissão do caso pela alguma postura interna.
Comissão à Corte se sujeite ao prazo de caducidade de três
meses contados a partir da data em que a Comissão encami-
nha o relatório para o Estado, a Corte relativizou a previsão, Disposições comuns à Corte e à Comissão
aceitando que o caso seja encaminhado após o prazo.
As imunidades diplomáticas no curso do mandato são
Ao se defender, o Estado demandado pode apresentar ex- conferidas aos juízes da Comissão e da Corte. Estes juízes
ceções preliminares por escrito no sentido de ser o tribunal não poderão ser responsabilizados por seus votos e opiniões,
incompetente ou não haver admissibilidade da demanda, as o que influenciaria na independência com a qual devem
quais são um incidente processual processado independente atuar em suas funções. (artigo 70, CADH).
do procedimento relativo ao mérito.
O juiz não pode assumir obrigações incompatíveis com o
As exceções preliminares são questão prévia apresentadas cargo que exerce, o que é delimitado nos Estatutos da Corte
no prazo de 30 dias a contar da notificação, não paralisando e da Comissão (artigo 71, CADH). É incompatível, por exem-
o procedimento de mérito e tramitando em separado. Nelas, plo, ser ministro de Estado num dos Estados-partes da Con-
o Estado demandado pode alegar não só que a demanda não venção.
preenche os requisitos de admissibilidade, mas também que
não atende outro requisito indispensável ao prosseguimento O artigo 72 da CADH abrange o custeio dos juízes, nota-
do procedimento, como prescrição, vício insanável ou, o que damente quanto a honorários e despesas de viagem.
é comum, omissão de trâmites prévios junto à Comissão.
Somente o órgão ao qual o juiz pertence - Comissão ou
Corte - poderá requerer à Assembleia Geral a aplicação de
DIREITOS HUMANOS

sanção por violação do respectivo estatuto. Tal sanção será


aplicada mediante resolução, exigindo-se quórum de 2/3
(qualificado) dos Estados-membros para os juízes da Corte
79 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão in- e dos Estados-partes da Convenção para os juízes da Comis-
teramericana de direitos humanos e o seu papel central no são. (artigo 73, CADH).
sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o
direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

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República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago, Uru-
#FicaDica guai e Venezuela. Entre os países não signatários, destacam-se
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos Canadá e Estados Unidos.
tem como principais órgãos que podem delibe-
rar sobre violações de direitos humanos: Item III, está incorreto porque os Estados-partes comprome-
tem-se a adotar as providências, tanto no âmbito interno
- Comissão Interamericana de Direitos Huma- quanto no externo, para efetivar cada um dos direitos reco-
nos – Legitimidade ativa de pessoas ou grupos nhecidos na Convenção.
de pessoas ou organizações de defesa dos direi-
tos humanos – Respeitado o requisito do esgo-
tamento dos recursos internos; 2) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Ao
- Corte Interamericana de Direitos Humanos – lado do sistema global de proteção dos direitos humanos,
Legitimidade ativa da Comissão Interamericana existem os sistemas regionais. Os principais sistemas re-
e dos Estados-partes – Único órgão jurisdicional gionais de proteção dos direitos humanos, não incipien-
do sistema interamericano. tes, são, exceto o:

a) africano.

EXERCÍCIO COMENTADO b) asiático.

c) europeu.
1) (PC-MG - Escrivão de Polícia Civil - FUMARC/2011) Para
a proteção dos direitos humanos, o instrumento de maior d) interamericano.
importância no sistema interamericano é a Convenção
Americana de Direitos Humanos, também denominada Resposta: Letra B - Não existe um sistema asiático de prote-
Pacto de San José da Costa Rica. Leia as assertivas abaixo: ção aos direitos humanos. Muitos países da Ásia utilizam par-
te das regras do sistema europeu.
I. Foi esse Pacto assinado em San José, na Costa Rica, em
1969, mas somente entrou em vigor somente em 1988, a) O sistema africano existe e o órgão no qual se concentram
com a promulgação da chamada Constituição Cidadã no suas atividades, atualmente, é a União Africana - UA, cria-
Brasil. da em 9 de julho de 2002.
II. Apenas Estados-membros da Organização dos Esta- dos c) O principal documento europeu voltado à proteção dos
Americanos têm o direito de aderir à Convenção America- direitos humanos é a Convenção Europeia dos Direitos do
na, que até março de 2010 contava com 25 Estados-partes. Homem, no âmbito da qual se institui o Tribunal Europeu
dos Direitos do Homem. Referida Convenção foi aprovada
III.Os Estados-partes da Convenção têm deveres negativos e instituída pelo Conselho da Europa, organização interna-
que consistem em não violar os direitos, as medidas ne- cional fundada em 5 de maio de 1949, sendo a mais antiga
cessárias para assegurar o pleno exercício dos direitos hu- organização europeia em funcionamento, documentada
manos internacionais são da competência da ONU. no chamado Tratado de Londres de 1949 (Estatuto do Con-
selho da Europa).
Marque a opção correta:
d) A Carta da Organização dos Estados Americanos, que criou
a) somente a assertiva I é incorreta. a Organização dos Estados Americanos, foi celebrada na
IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril de
b) as assertivas I, II e III estão corretas. 1948, em Bogotá, e entrou em vigência no dia 13 de dezem-
bro de 1951, sendo reformada pelos protocolos de Buenos
c) as assertivas I, II e III estão incorretas. Aires (27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das Índias (5
de dezembro de 1985), de Washington (14 de dezembro de
d) somente a assertiva II está correta. 1992) e de Manágua (10 de junho de 1993).
Resposta: Letra D - Somente o item II está correto, I e III estão
incorretos. 3) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre
a Corte Interamericana de Direitos Humanos, não é corre-
Item I, está incorreto porque o Decreto nº 678, de 6 de novem- to o que se afirma em:
bro de 1992, que promulgou a Convenção Americana sobre
DIREITOS HUMANOS

Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) de 22 de a) a Corte Interamericana, até março de 2010, no exercício
novembro de 1969, quando ela passou a vigorar no Brasil. de sua jurisdição contenciosa, havia proferido 211 senten-
ças. O Brasil, em 2006, foi condenado, pela primeira vez,
Item II, está correto porque os 25 signatários, em março de pela referida Corte no caso Damião Ximenes Lopes.
2010, que permanecem os mesmos até hoje, são: Argentina,
Barbados, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Domi- b) até maio de 2011, dos nove casos relacionados ao Brasil
nica, El Salvador, Equador, Grenada, Guatemala, Haiti, Hon- encaminhados à Corte Interamericana, nenhum teve de-
duras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, cisão final.

26
c) foi a delegação do Brasil que propôs a criação de uma movimento foi converter os direitos humanos em tema de le-
Corte Interamericana de Direitos Humanos, por ocasião gítimo interesse da comunidade internacional, o que impli-
da IX Conferência Internacional Americana, realizada em cou nos processos de universalização e internacionalização
Bogotá, em 1948. desses mesmos direitos. Esses processos permitiram, por sua
vez, a formação de um sistema normativo internacional de
d) o Brasil reconheceu em dezembro de 1998 a competência proteção de direitos humanos, de âmbito global e regional,
jurisdicional da Corte Interamericana de Direitos Huma- como também de âmbito geral e específico. Adotando o valor
nos. da primazia da pessoa humana, esses sistemas se comple-
mentam, interagindo com o sistema nacional de proteção, a
Resposta: Letra B - Alguns casos que tiveram o Brasil como fim de proporcionar a maior efetividade possível na tutela e
réu da Corte já foram julgados antes de 2011, sendo a primeira promoção de direitos fundamentais. A sistemática interna-
condenação em 2006 no caso Damião Ximenes Lopes. cional, como garantia adicional de proteção, institui meca-
nismos de responsabilização e controle internacional, acio-
a) De fato, a Corte Interamericana, até março de 2010, no náveis quando o Estado se mostra falho ou omisso na tarefa
exercício de sua jurisdição contenciosa, havia proferi- de implementar direitos e liberdades fundamentais.
do 211 sentenças. O Brasil foi condenado, pela primeira
vez, no ano de 2006 pela referida Corte no caso Damião Ao acolher o aparato internacional de proteção, bem
Ximenes Lopes. como as obrigações internacionais dele decorrentes, o Esta-
do passa a aceitar o monitoramento internacional, no que se
c) Há meio século, no mesmo ano da adoção das Decla- refere ao modo pelo qual os direitos fundamentais são res-
rações Universal e Americana dos Direitos Humanos, peitados em seu território. O Estado passa, assim, a consentir
a Delegação do Brasil à IX Conferência Internacional no controle e na fiscalização da comunidade internacional
Americana (Bogotá, 1948) propunha a criação de uma quando, em casos de violação a direitos fundamentais, a
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Esta só se resposta das instituições nacionais se mostra insuficiente e
estabeleceu, no entanto, em 1979, depois da entrada em falha, ou, por vezes, inexistente. Enfatize-se, contudo, que a
vigor da Convenção Americana sobre Direitos Huma- ação internacional é sempre uma ação suplementar, consti-
nos. tuindo uma garantia adicional de proteção dos direitos hu-
manos.
d) O Brasil reconheceu a competência contenciosa da Cor-
te Interamericana em 10 de dezembro de 1998. Essas transformações decorrentes do movimento de in-
ternacionalização dos direitos humanos contribuíram ainda
para o processo de democratização do próprio cenário in-
O SISTEMA INTERNACIONAL DE ternacional, já que, além do Estado, novos sujeitos de direito
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS passam a participar da arena internacional, como os indiví-
E A REDEFINIÇÃO DA CIDADANIA NO duos e as organizações não-governamentais. Os indivíduos
BRASIL convertem-se em sujeitos de direito internacional — tradi-
cionalmente, uma arena em que só os Estados podiam parti-
cipar. Com efeito, na medida em que guardam relação direta
Considerando que a jurista Flávia Piovesan é referência com os instrumentos internacionais de direitos humanos, os
expressa no edital e que ela escreveu texto sobre este tema indivíduos passam a ser concebidos como sujeitos de direito
especificamente, colaciona-se abaixo o inteiro teor deste, internacional. Na condição de sujeitos de direito internacio-
disponível na rede mundial de computadores80: nal, cabe aos indivíduos o acionamento direto de mecanis-
mos internacionais, como é o caso da petição ou comuni-
“A proposta deste estudo é tecer uma reflexão sobre o Di- cação individual, mediante a qual um indivíduo, grupos de
reito Internacional dos Direitos Humanos e a redefinição da indivíduos ou, por vezes, entidades não-governamentais,
cidadania no Brasil. Isto é, importa examinar a dinâmica da podem submeter aos órgãos internacionais competentes
relação entre o processo de internacionalização dos direitos denúncia de violação de direito enunciado em tratados in-
humanos e seu impacto e repercussão no processo de redefi- ternacionais. É correto afirmar, no entanto, que ainda se faz
nição e reconstrução da cidadania no âmbito brasileiro. necessário democratizar determinados instrumentos e ins-
tituições internacionais, de modo a que possam prover um
O Direito Internacional dos Direitos Humanos, como se espaço participativo mais eficaz, que permita maior atuação
sabe, constitui um movimento extremamente recente na de indivíduos e de entidades não-governamentais, mediante
história, surgindo, a partir do Pós-Guerra, como resposta às legitimação ampliada nos procedimentos e instâncias inter-
atrocidades cometidas durante o nazismo. É neste cenário nacionais.
que se desenha o esforço de reconstrução dos direitos huma-
nos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem No caso brasileiro, o processo de incorporação do Di-
DIREITOS HUMANOS

internacional contemporânea. reito Internacional dos Direitos Humanos e de seus im-


portantes instrumentos é consequência do processo
Nesse sentido, uma das principais preocupações desse de democratização. O marco inicial do processo de
incorporação de tratados internacionais de direitos humanos
pelo Direito brasileiro foi a ratificação, em 1º de fevereiro de
80 PIOVESAN, Flávia. O direito internacional dos direitos 1984, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas
humanos e a redefinição da cidadania no Brasil. Disponível de Discriminação contra a Mulher. A partir dessa ratificação,
em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistasp- inúmeros outros relevantes instrumentos internacionais de
ge/revista2/artigo3.htm>. Acesso em: 09 jul. 2018.

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proteção dos direitos humanos foram também incorporados pelo qual o poder político é exercido, mas envolve também a
pelo Direito Brasileiro, sob a égide da Constituição Federal de forma pela qual direitos fundamentais são implementados,
1988. Assim, a partir da Carta de 1988, importantes tratados e manifesta a contribuição da sistemática internacional de
internacionais de direitos humanos foram ratificados pelo proteção dos direitos humanos para o aperfeiçoamento do
Brasil, dentre eles: a) a Convenção Interamericana para Pre- sistema de tutela desses direitos no Brasil. Nesse prisma, o
venir e Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Con- aparato internacional permite intensificar as respostas ju-
venção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, De- rídicas ante casos de violação de direitos humanos e, con-
sumanos ou Degradantes, em 28 de setembro de 1989; c) a sequentemente, ao reforçar a sistemática de proteção de
Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembro direitos, o aparato internacional permite o aperfeiçoamen-
de 1990; d) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políti- to do próprio regime democrático. Atente-se, assim, para o
cos, em 24 de janeiro de 1992; e) o Pacto Internacional dos modo pelo qual os direitos humanos internacionais inovam
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de janeiro de a ordem jurídica brasileira, complementando e integrando o
1992; f ) a Convenção Americana de Direitos Humanos, em elenco de direitos nacionalmente consagrados e nele intro-
25 de setembro de 1992; g) a Convenção Interamericana para duzindo novos direitos, até então não previstos pelo ordena-
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 mento jurídico interno.
de novembro de 1995.
Enfatize-se que a Constituição brasileira de 1988, como
O processo de democratização possibilitou, assim, a marco jurídico da institucionalização dos direitos humanos
reinserção do Brasil na arena internacional de proteção dos e da transição democrática no país, ineditamente, consagra
direitos humanos — embora relevantes medidas ainda ne- o primado do respeito aos direitos humanos como paradig-
cessitem ser adotadas pelo Estado brasileiro para o completo ma propugnado para a ordem internacional. Esse princípio
alinhamento do país à causa da plena vigência dos direitos invoca a abertura da ordem jurídica brasileira ao sistema
humanos. Com efeito, para que o Brasil se alinhe efetiva- internacional de proteção dos direitos humanos e, ao mes-
mente à sistemática internacional de proteção dos direitos mo tempo, exige uma nova interpretação de princípios tra-
humanos, relativamente aos tratados ratificados, é emer- dicionais como a soberania nacional e a não-intervenção,
gencial uma mudança radical de atitude política, de modo impondo a flexibilização e relativização desses valores. Se
a que o Estado Brasileiro não mais se recuse a aceitar proce- para o Estado brasileiro a prevalência dos direitos humanos
dimentos que permitam acionar de forma direta e eficaz a é princípio a reger o Brasil no cenário internacional, está-se
international accountability, como a sistemática de petições consequentemente admitindo a concepção de que os direi-
individuais e comunicações interestatais, acrescida da com- tos humanos constituem tema de legítima preocupação e in-
petência jurisdicional da Corte Interamericana. Superar essa teresse da comunidade internacional. Os direitos humanos,
postura de recuo e retrocesso — que remonta ao período de para a Carta de 1988, surgem como tema global.
autoritarismo — é fundamental à plena e integral proteção
dos direitos humanos no âmbito nacional. Neste sentido, é O texto democrático ainda rompe com as Constituições
prioritária ao Estado Brasileiro a revisão de declarações res- anteriores ao estabelecer um regime jurídico diferenciado
tritivas elaboradas, por exemplo, quando da ratificação da aplicável aos tratados internacionais de proteção dos di-
Convenção Americana. É também prioritária a reavaliação reitos humanos. À luz desse regime, os tratados de direitos
da posição do Estado Brasileiro quanto a cláusulas e pro- humanos são incorporados automaticamente pelo Direito
cedimentos facultativos — destacando-se a premência do brasileiro e passam a apresentar status de norma constitu-
Brasil reconhecer a competência jurisdicional da Corte Inte- cional, diversamente dos tratados tradicionais, os quais se
ramericana de Direitos Humanos, bem como a urgência em sujeitam à sistemática da incorporação legislativa e detêm
aceitar os mecanismos de petição individual e comunicação status hierárquico infraconstitucional. A Carta de 1988 aco-
interestatal previstos nos tratados já ratificados. Deve ainda o lhe, desse modo, um sistema misto, que combina regimes
Estado brasileiro adotar medidas que assegurem eficácia aos jurídicos diferenciados — um aplicável aos tratados interna-
direitos constantes nos instrumentos internacionais de pro- cionais de proteção dos direitos humanos e o outro aplicável
teção, como, por exemplo, no caso da Convenção contra a aos tratados tradicionais. Esse sistema misto se fundamenta
Tortura. A essas providências adicione-se a urgência do Bra- na natureza especial dos tratados internacionais de direitos
sil incorporar relevantes tratados internacionais ainda pen- humanos que — distintamente dos tratados tradicionais que
dentes de ratificação, como o Protocolo Facultativo ao Pacto objetivam assegurar uma relação de equilíbrio e reciproci-
Internacional dos Direitos Civis e Políticos. dade entre Estados pactuantes — priorizam a busca em as-
segurar a proteção da pessoa humana, até mesmo contra o
Inobstante todas essas ações sejam essenciais para o próprio Estado pactuante.
completo alinhamento do país à causa dos direitos humanos,
há que se reiterar que na experiência brasileira faz-se clara a Insista-se, a Constituição de 1988, por força do artigo
relação entre o processo de democratização e a reinserção do 5º, parágrafos 1º e 2º, atribuiu aos direitos humanos inter-
Estado Brasileiro no cenário internacional de proteção dos nacionais natureza de norma constitucional, incluindo-os
DIREITOS HUMANOS

direitos humanos. Nesse sentido, percebe-se a dinâmica e a no elenco dos direitos constitucionalmente garantidos, que
dialética da relação entre Democracia e Direitos Humanos, apresentam aplicabilidade imediata. Essa conclusão advém
tendo em vista que, se o processo de democratização permi- de interpretação sistemática e teleológica do texto consti-
tiu a ratificação de relevantes tratados internacionais de di- tucional de 1988, especialmente em face da força expansiva
reitos humanos, por sua vez essa ratificação permitiu o forta- dos valores da dignidade humana e dos direitos fundamen-
lecimento do processo democrático, através da ampliação e tais, como parâmetros axiológicos a orientar a compreensão
do reforço do universo de direitos fundamentais por ele asse- do fenômeno constitucional. Com a Carta democrática de
gurado. Se a busca democrática não se atém apenas ao modo 1988, a dignidade da pessoa humana, bem como os direitos e

28
garantias fundamentais vêm a constituir os princípios cons- Seja em face da sistemática de monitoramento interna-
titucionais que incorporam as exigências de justiça e dos cional que proporciona, seja em face do extenso universo de
valores éticos, conferindo suporte axiológico a todo sistema direitos que assegura, o Direito Internacional dos Direitos
jurídico brasileiro. A esse raciocínio se conjuga o princípio Humanos vem a instaurar o processo de redefinição do pró-
da máxima efetividade das normas constitucionais, parti- prio conceito de cidadania, no âmbito brasileiro. O conceito
cularmente das normas concernentes a direitos e garantias de cidadania se vê, assim, alargado e ampliado, na medida
fundamentais, que hão de alcançar a maior carga de efeti- em que passa a incluir não apenas direitos previstos no plano
vidade possível — este princípio vem a consolidar o alcance nacional, mas também direitos internacionalmente enun-
interpretativo que se propõe relativamente aos parágrafos do ciados. A sistemática internacional de accountability vem
artigo 5º do texto. ainda a integrar esse conceito renovado de cidadania, tendo
em vista que, ao lado das garantias nacionais, são adiciona-
A favor da natureza constitucional dos direitos enuncia- das garantias de natureza internacional. Consequentemente,
dos nos tratados internacionais, adicione-se também o fato o desconhecimento dos direitos e garantias internacionais
do processo de globalização ter implicado na abertura da importa no desconhecimento de parte substancial dos di-
Constituição à normação internacional. Tal abertura resultou reitos da cidadania, por significar a privação do exercício de
na ampliação do bloco de constitucionalidade, que passou a direitos acionáveis e defensáveis na arena internacional.
incorporar preceitos enunciadores de direitos fundamentais
que, embora decorrentes de fonte internacional, veiculam Hoje pode-se afirmar que a realização plena e não apenas
matéria e conteúdo de inegável natureza constitucional. Ad- parcial dos direitos da cidadania envolve o exercício efetivo e
mitir o contrário traduziria o equívoco de consentir na exis- amplo dos direitos humanos, nacional e internacionalmente
tência de duas categorias diversas de direitos fundamentais assegurados”.
— uma de status hierárquico constitucional e outra de status
ordinário. Há que ser também afastada a frágil argumenta-
ção de que os direitos internacionais integrariam o universo #FicaDica
impreciso e indefinido dos direitos implícitos, decorrentes Flávia Piovesan, em seu texto, efetua uma abor-
do regime ou dos princípios adotados pela Constituição. dagem sobre a legitimação do direito interna-
Ainda que não explícitos no texto constitucional, os direitos cional dos direitos humanos e sobre o movi-
internacionais são direitos “explicitáveis”, bastando para tan- mento de inserção da pessoa humana como
to a menção aos dispositivos dos tratados internacionais de sujeito de direito internacional para que isso
proteção dos direitos humanos, que demarcam um catálogo acontecesse, embora tal inserção seja, de fato,
claro, preciso e definido de direitos. Em suma, todos esses ar- bastante limitada.
gumentos se reúnem no sentido de endossar o regime cons-
titucional privilegiado conferido aos tratados de proteção de
direitos humanos — regime esse semelhante ao que é confe-
rido aos demais direitos e garantias constitucionais. EXERCÍCIO COMENTADO
Quanto ao impacto jurídico do Direito Internacional dos
Direitos Humanos no Direito brasileiro e por força do princí- 1) (PC-MG - Investigador de Policia - FUMARC/2014) O Bra-
pio da norma mais favorável à vítima — que assegura a pre- sil tem revelado, nos últimos anos, crescente alinhamento
valência da norma que melhor e mais eficazmente projeta os à arquitetura de proteção internacional dos direitos hu-
direitos humanos — os direitos internacionais apenas vêm a manos. Diante desse posicionamento que anuncia uma
aprimorar e fortalecer, jamais a restringir ou debilitar, o grau esperança emancipatória do sujeito de direitos, sob o
de proteção dos direitos consagrados no plano normativo prisma jurídico-político, em face da proteção dos direitos
constitucional. A sistemática internacional de proteção vem humanos, é correto afirmar que:
ainda a permitir a tutela, a supervisão e o monitoramento de
direitos por organismos internacionais. a) o Brasil, mesmo depois de condenado pela Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos no Caso Escher e outros
Embora incipiente no Brasil, verifica-se que a advocacia versus Brasil, que envolveu a interceptação e o monitora-
do Direito Internacional dos Direitos Humanos tem sido ca- mento ilegal de linhas telefônicas, não autorizou o cum-
paz de propor relevantes ações internacionais, invocando a primento da sentença por entender que essa medida de-
atenção da comunidade internacional para a fiscalização e pende de decisão do Supremo Tribunal Federal.
controle de sérios casos de violação de direitos humanos. No
momento em que tais violações são submetidas à arena in- b) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, edita-
ternacional, elas se tornam mais visíveis, salientes e públicas. do no âmbito do sistema global de proteção dos direitos
Diante da publicidade de casos de violações de direitos hu- humanos, tem a ele o Segundo Protocolo ao Pacto Inter-
manos e de pressões internacionais, o Estado se vê “compe- nacional de Direitos Civis e Políticos, adotado em 15 de
dezembro de 1989, que estabelece que cada Estado-parte
DIREITOS HUMANOS

lido” a prover justificações, o que tende a implicar em altera-


ções na própria prática do Estado relativamente aos direitos deverá adotar todas as medidas necessárias para abolir a
humanos, permitindo, por vezes, um sensível avanço na for- pena de morte em sua jurisdição. O citado Protocolo ain-
ma pela qual esses direitos são nacionalmente respeitados da não foi ratificado pelo Brasil.
e implementados. A ação internacional constitui, portanto,
um importante fator para o fortalecimento da sistemática de c) o Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos
implementação dos direitos humanos. Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salva-
dor) foi ratificado pelo Brasil.

29
d) o Protocolo Facultativo ao Pacto dos Direitos Civis e Políti- Neste sentido, disciplina:
cos, no âmbito do sistema global de proteção aos direitos
humanos, que trata do mecanismo das petições indivi- Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
duais, está pendente de apreciação no Congresso Nacio- união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
nal. deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
Resposta: Letra C - O Decreto nº 3.321, de 30 de dezembro de
1999, promulga o Protocolo Adicional à Convenção America- I - a soberania;
na sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômi-
cos, Sociais e Culturais “Protocolo de São Salvador”, concluído II - a cidadania;
em 17 de novembro de 1988, em São Salvador, El Salvador.
III - a dignidade da pessoa humana;
a) A sentença está sendo cumprida e devidamente supervisio-
nada. IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

b) e d) O Brasil ratificou o documento. Neste sentido, o Decreto V - o pluralismo político.


Legislativo nº 311, de 2009, que aprova o texto do Protocolo
Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polí- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
ticos, adotado em Nova Iorque, em 16 de dezembro de 1966, e por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
do Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional so- desta Constituição.
bre Direitos Civis e Políticos com vistas à Abolição da Pena de
Morte, adotado e proclamado pela Resolução nº 44/128, de 15 Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual
de dezembro de 1989, com a reserva expressa no art. 2º. destes fundamentos, relacionando-os com a proteção dos
direitos humanos.

2) (PC-MG - Técnico Assistente da Polícia Civil -


Administrativa - FUMARC/2013) Podem ser considera- Soberania
dos avanços da política brasileira na arena internacional
de proteção dos direitos humanos, EXCETO: Soberania significa o poder supremo que cada nação
possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este concei-
a) A assinatura do Protocolo Facultativo à Convenção contra to surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do absolutis-
a Tortura. mo, colocando o reina posição de soberano. Sendo assim,
poderia governar como bem entendesse, pois seu poder era
b) A ratificação do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divino, ou seja,
Penal Internacional. absoluto.

c) A ratificação do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacio- Neste sentido, Thomas Hobbes81, na obra Leviatã, defen-
nal dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de que quando os homens abrem mão do estado natural,
deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a conso-
d) A ratificação do Protocolo Facultativo à Convenção sobre lidação deste tipo de sociedade é necessária a presença de
a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra uma autoridade à qual todos os membros devem render o
a Mulher. suficiente da sua liberdade natural, permitindo que esta au-
toridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum.
Resposta: Letra C - O Brasil ainda não ratificou o Protocolo Este soberano, que à época da escrita da obra de Hobbes se
Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma autori-
Sociais e Culturais, o que é considerado um retrocesso na polí- dade inquestionável.
tica brasileira de proteção aos direitos humanos.
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma-
a), b) e d). Todos os documentos foram ratificados no ordena- quiavel82, que rejeitou a concepção de um soberano que de-
mento brasileiro, ampliando a proteção dos direitos humanos veria ser justo e ético para com o seu povo, desde que sempre
no âmbito interno. tivesse em vista a finalidade primordial de manter o Estado
íntegro: “na conduta dos homens, especialmente dos prínci-
pes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios.
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter o po-
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS der, os meios que empregue serão sempre tidos como honro-
sos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as
DIREITOS HUMANOS

aparências e os resultados”.
Fundamentos da República

O título I da Constituição Federal trata dos princípios 81 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradução
fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]:
1º, trabalhando com os fundamentos da República Federa- [s.n.], 1861.
tiva brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do Estado 82 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nasse-
nacional. tti. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.

30
A concepção de soberania inerente ao monarca se que- des políticas maiores, surgindo as chamadas cidades-estado
brou numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram
ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar a sobe- monarquias, transformaram-se em oligarquias e, por volta
rania como um poder que repousa no povo. Logo, a autorida- dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias. Com efeito,
de absoluta da qual emana o poder é o povo e a legitimidade as origens da chamada democracia se encontram na Grécia
do exercício do poder no Estado emana deste povo. antiga, sendo permitida a participação direta daqueles pou-
cos que eram considerados cidadãos, por meio da discussão
Com efeito, no Estado Democrático se garante a sobera- na polis.
nia popular, que pode ser conceituada como “a qualidade
máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po-
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com
seus representantes no governo por meio do sufrágio univer- os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne
sal e do voto direto, secreto e igualitário”83. com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou
indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um re-
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do presentante).
artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta- Portanto, o conceito de democracia está diretamente li-
mente, nos termos desta Constituição”. O povo é soberano gado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem
em suas decisões e as autoridades eleitas que decidem em possui cidadania está apto a participar das decisões políticas
nome dele, representando-o, devem estar devidamente legi- a serem tomadas pelo Estado.
timadas para tanto, o que acontece pelo exercício do sufrágio
universal. Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo
político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de
O direito internacional dos direitos humanos é, por sua direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrá-
própria natureza, um limitador da soberania dos Estados, gio universal).
sendo constante o embate entre estes. Tanto é assim que a
doutrina divide posicionamentos sobre o tema: Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:

a) Corrente 1: Soberania é absoluta e não comporta gra- a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga
dações (Manuel Gonçalves Ferreira Filho e José Crete- um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
lla Júnior); ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutan-
do assim de direitos e obrigações.
b) Corrente 2: Não existe possibilidade de convivência
harmoniosa entre a Soberania e o Direito Internacio- b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado,
nal (Valério Mazzouli); unidas pelo vínculo da nacionalidade.

c) Corrente 3 – Dominante: Harmonização entre os prin- c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado,
cípios de direito internacional e o conceito de sobera- nacionais ou não.
nia (Carta das Nações Unidas, Marcelo Varella, Bruna
Pinotti). Aponta Varella: “Mesmo entre os juristas mais Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido
tradicionais, a soberania de hoje não é mais concebi- aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a
da como um poder absoluto e incondicionado; é um consolidação do sistema democrático.
conjunto de competências exercidas no interesse geral
da população nacional, mas também, ainda que em Tanto a nacionalidade quanto a cidadania são reconheci-
menor medida, de acordo com os interesses gerais da das como direitos humanos na própria Declaração Universal:
comunidade internacional como um todo. O conjunto
de limitações consolida-se sobre as duas faces da so- Artigo 15, DUDH
berania interna e externa”84.
I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.

Cidadania II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua naciona-


lidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repúbli-
ca Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, Artigo 21, DUDH
remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia como
regime político. I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo
DIREITOS HUMANOS

de seu país diretamente ou por intermédio de represen-


Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as co- tantes livremente escolhidos.
munidades de aldeias começaram a ceder lugar para unida-
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço
83 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. público do seu país.
São Paulo: Saraiva, 2000.
III) A vontade do povo será a base da autoridade do gover-
84 VARELLA, Marcelo D. Direito Internacional Público. 4. no; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legí-
Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

31
timas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo Destaca-se que o reconhecimento da dignidade humana
equivalente que assegure a liberdade de voto. já ganha destaque na primeira frase do preâmbulo da De-
claração Universal dos Direitos Humanos: “CONSIDERAN-
DO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
Dignidade da pessoa humana membros da família humana e seus direitos iguais e inalie-
náveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- mundo”. Se repete em seu artigo I: “Todos os homens nascem
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- livres e iguais em dignidade e direitos” [...].
cional, que possa se considerar compatível com os valores
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia.
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabora- Quando o constituinte coloca os valores sociais do traba-
ção da norma, seja na sua aplicação. lho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção
de necessário equilíbrio entre estas duas concepções. De um
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou ple- lado, é necessário garantir direitos aos trabalhadores, nota-
na, é possível conceituar dignidade da pessoa humana como damente consolidados nos direitos sociais enumerados no
o principal valor do ordenamento ético e, por consequência, artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes direitos não
jurídico que pretende colocar a pessoa humana como um su- devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa, mas sim ve-
jeito pleno de direitos e obrigações na ordem internacional e tores que reforcem o exercício desta liberdade dentro dos li-
nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua mites da justiça social, evitando o predomínio do mais forte
personalidade. sobre o mais fraco.

Aponta Barroso85: “o princípio da dignidade da pessoa Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a ex-
humana identifica um espaço de integridade moral a ser as- ploração de atividades econômicas no território brasileiro,
segurado a todas as pessoas por sua só existência no mun- coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O consti-
do. É um respeito à criação, independente da crença que se tuinte não tem a intenção de impedir a livre iniciativa, até
professe quanto à sua origem. A dignidade relaciona-se tanto mesmo porque o Estado nacional necessita dela para crescer
com a liberdade e valores do espírito como com as condições economicamente e adequar sua estrutura ao atendimento
materiais de subsistência”. crescente das necessidades de todos os que nele vivem. Sem
crescimento econômico, nem ao menos é possível garan-
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do tir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados na
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito Constituição Federal como direitos fundamentais.
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na per-
cepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos direitos No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar
e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de condições de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes
existenciais mínimas, a participação saudável e ativa nos aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valores
destinos escolhidos, sem que isso importe destilação dos va- sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aquele que
lores soberanos da democracia e das liberdades individuais. explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade respeitada
O processo de valorização do indivíduo articula a promoção em todas as suas dimensões, não somente no que tange aos
de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar que o espectro direitos sociais, mas em relação a todos os direitos funda-
de abrangência das liberdades individuais encontra limi- mentais afirmados pelo constituinte.
tação em outros direitos fundamentais, tais como a honra,
a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar A questão resta melhor delimitada no título VI do texto
que essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da constitucional, que aborda a ordem econômica e financei-
pessoa humana, subsistem como conquista da humanidade, ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
razão pela qual auferiram proteção especial consistente em trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegu-
indenização por dano moral decorrente de sua violação”86. rar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios [...]”. Nota-se no
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da caput a repetição do fundamento republicano dos valores
pessoa humana como um dos fundamentos da República, faz sociais do trabalho e da livre iniciativa.
emergir uma nova concepção de proteção de cada membro
do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a No âmbito do direito internacional dos direitos huma-
afirmação de todos os direitos fundamentais e confere a eles nos, surgem agências especializadas da Organização das
posição hierárquica superior às normas organizacionais do Nações Unidas cujo objetivo é resguardar ambos aspectos,
Estado, de modo que é o Estado que está para o povo, deven- por exemplo, a OMC – Organização Mundial do Comércio e
DIREITOS HUMANOS

do garantir a dignidade de seus membros, e não o inverso. a OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual
resguardam ambas o direito à livre iniciativa, o combate ao
85 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da monopólio e à expropriação de inventos e descobertas, entre
Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. outros objetos; e a OIT – Organização Internacional do Tra-
balho vela pela livre iniciativa.
86 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revis-
ta n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bres-
ciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1.
Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.

32
Pluralismo político Francesa e Americana se destacam Locke, Montesquieu e
Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais trabalhou
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da com a concepção de separação dos Poderes.
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi-
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Lo-
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar cke, que também entendia necessária a separação dos Pode-
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional res, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo
fornecer espaço para a manifestação política delas. a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judi-
ciário. O pensador viveu na França, numa época em que o
Sendo assim, pluralismo político significa não só respei- absolutismo estava cada vez mais forte.
tar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo
garantir a existência dela, permitindo que os vários grupos O objeto central da principal obra de Montesquieu87
que compõem os mais diversos setores sociais possam se fa- não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis
zer ouvir mediante a liberdade de expressão, manifestação e e instituições criadas pelos homens para reger as relações
opinião, bem como possam exigir do Estado substrato para entre os homens. Segundo Montesquieu88, as leis criam cos-
se fazerem subsistir na sociedade. tumes que regem o comportamento humano, sendo influen-
ciadas por diversos fatores, não apenas pela razão.
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou
multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequências Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon-
e garante que mesmo os partidos menores e com poucos re- tesquieu89, do modo como se dará o seu exercício, uma vez
presentantes sejam ouvidos na tomada de decisões políticas, que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto a go-
porque abrange uma verdadeira concepção de multicultura- vernar, sendo necessário que seu interesse seja representado
lidade no âmbito interno. conforme sua vontade.

No direito internacional dos direitos humanos tanto é re- Montesquieu90 estabeleceu como condição do Estado de
conhecido o direito à cultura quanto o direito de todos parti- Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e
ciparem da vida política do país (o que é corolário lógico do Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o primeiro
pluripartidarismo). para a elaboração, a correção e a ab-rogação de leis, o segun-
do para a promoção da paz e da guerra e a garantia de segu-
rança, e o terceiro para julgar (mesmo os próprios Poderes).
Separação dos Poderes
Portanto, é possível notar que a base do ideário da sepa-
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado ração dos poderes está justamente numa das principais cor-
Democrático de Direito, impedindo a monopolização do po- rentes filosóficas que embasou a doutrina dos direitos huma-
der e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida nos. Os tratados de direitos humanos não exigem de forma
no artigo 2º da Constituição Federal com o seguinte teor: expressa que se adote a forma tripartite de separação de
poderes, preocupando-se, contudo, em assegurar que cada
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos uma das funções do Estado seja exercida de forma imparcial
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. e justa.

Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legi-


timar na soberania popular; por outro lado, é necessária a Funções típicas e atípicas
divisão de funções das atividades estatais de maneira equi-
librada, o que se faz pela divisão de Poderes. Por função típica entenda-se aquela para a qual o Poder
foi criado.
O constituinte afirma que estes poderes são independen-
tes e harmônicos entre si. Independência significa que cada a) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir
qual possui poder para se autogerir, notadamente pela ca- a coisa pública e aplicar a lei;
pacidade de organização estrutural (criação de cargos e sub-
divisões) e orçamentária (divisão de seus recursos conforme b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alte-
legislação por eles mesmos elaborada). Harmonia significa rando e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar
que cada Poder deve respeitar os limites de competência do o Executivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamen-
outro e não se imiscuir indevidamente em suas atividades to, as finanças e o patrimônio do Executivo;
típicas.
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar

Fundamentos filosóficos
DIREITOS HUMANOS

87 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das


A noção de separação de Poderes começou a tomar for- Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Mar-
ma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lan- tins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 25.
çou base para os dois principais eventos que ocorreram no
início da Idade Contemporânea, quais sejam as Revoluções 88 Ibid., p. 26.
Francesa e Industrial. Entre os pensadores que lançaram as 89 Ibid., p. 32.
ideias que vieram a ser utilizadas no ideário das Revoluções
90 Ibid., p. 148-149.

33
litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventual- para cada uma destas perspectivas.
mente, em casos abstratos, como no controle de cons-
titucionalidade. Garantir o desenvolvimento nacional

Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente per- Para que o governo possa prover todas as condições ne-
tenceriam a outro Poder, mas por ser tal função inerente à cessárias à implementação de todos os direitos fundamentais
sua natureza será por ele mesmo desempenhada. da pessoa humana mostra-se essencial que o país se desen-
volva, cresça economicamente, de modo que cada indivíduo
a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – no- passe a ter condições de perseguir suas metas. Conforme um
tadamente quando o Presidente da República adota país cresça, mais viável investir nos direitos humanos que
uma medida provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que necessitam da intervenção do Estado para serem fomenta-
tange a defesas e recursos administrativos; dos, notadamente, direitos econômicos, sociais e culturais.

b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-organi-


zar-se (função executiva) – dispondo sobre organiza- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
ção, provimento de cargos, concessão de férias e li- desigualdades sociais e regionais
cenças a seus servidores, etc. – e julgar – a exemplo do
julgamento do Presidente da República por crime de Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a
responsabilidade pelo Senado Federal (art. 52, I, CF); construção de uma sociedade justa e solidária. É necessário
ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igualdade
c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-organizar- material. Logo, a injeção econômica deve permitir o inves-
-se (função executiva) – dispondo sobre organização, timento nos setores menos favorecidos, diminuindo as desi-
estrutura, concessão de férias e licenças a seus servi- gualdades sociais e regionais e paulatinamente erradicando
dores, etc. – e legislar – elaborando o regimento inter- a pobreza.
no de seus Tribunais, por exemplo (art. 96, CF).
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão
relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu in-
Objetivos fundamentais ciso VII a “redução das desigualdades regionais e sociais”
como um princípio que deve reger a atividade econômica. A
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Fe- menção deste princípio implica em afirmar que as políticas
deral com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos públicas econômico-financeiras deverão se guiar pela busca
seguintes termos: da redução das desigualdades, fornecendo incentivos espe-
cíficos para a exploração da atividade econômica em zonas
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República economicamente marginalizadas.
Federativa do Brasil:
Aqui também se destaca o papel dos Estados de fomentar
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; direitos econômicos, sociais e culturais, garantido de forma
generalizada pelo direito internacional dos direitos humanos
II - garantir o desenvolvimento nacional;  e, com mais força, pelo Pacto Internacional de Direitos Eco-
nômicos, Sociais e Culturais.
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
Promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discri- de discriminação
minação.
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio
da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República
Construir uma sociedade livre, justa e solidária brasileira. Sendo assim, a república deve promover o princí-
pio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verdade, a
O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres- promoção do bem comum pressupõe a prevalência do prin-
são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberda- cípio da igualdade.
de, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três di-
mensões de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jac-
à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos civis e políti- ques Maritain91 ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem
cos; a segunda dimensão, focada na promoção da igualdade comum, mas esse bem comum é o das pessoas humanas,
DIREITOS HUMANOS

material, remete aos direitos econômicos, sociais e culturais; que compõem a sociedade. Com base neste ideário, apontou
e a terceira dimensão se concentra numa perspectiva difusa as características essenciais do bem comum: redistribuição,
e coletiva dos direitos fundamentais. pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pessoas e
colaborar para o desenvolvimento delas; respeito à autorida-
Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a
preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa huma-
na em todas as suas dimensões, indissociáveis e interconec- 91 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural.
tadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de destaque 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p.
20-22.

34
de na sociedade, pois a autoridade é necessária para condu- traduz a limitação das ações estatais, que sempre devem se
zir a comunidade de pessoas humanas para o bem comum; guiar por eles. Logo, o Brasil é um país independente, que
moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça não responde a nenhum outro, mas que como qualquer ou-
e a retidão moral os elementos essenciais do bem comum. tro possui um dever para com a humanidade e os direitos
inatos a cada um de seus membros.
O direito à igualdade é garantido de forma generalizada
pelo direito internacional dos direitos humanos, destacan-
do-se o artigo 2º, I, DUDH: “Todo o homem tem capacidade Prevalência dos direitos humanos
para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De-
claração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa hu-
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer mana e o Estado tem o dever de servir a este fim de preserva-
outra condição”. ção. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa humana
como valor-fonte de todo o ordenamento, o que somente
é possível com a compreensão de que os direitos humanos
Princípios de relações internacionais (artigo 4º) possuem uma posição prioritária no ordenamento jurídico-
-constitucional.
O último artigo do título I trabalha com os princípios que
regem as relações internacionais da República brasileira: Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada,
mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua
relações internacionais pelos seguintes princípios:  dignidade que usualmente são descritos em documentos in-
ternacionais para que sejam mais seguramente garantidos. A
I - independência nacional; conquista de direitos da pessoa humana é, na verdade, uma
busca da dignidade da pessoa humana.
II - prevalência dos direitos humanos;
ATENÇÃO: O caput do artigo 5º aparenta restringir a pro-
III - autodeterminação dos povos; teção conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notada-
mente, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
IV - não-intervenção; No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido inter-
pretada no sentido de que os direitos estarão protegidos com
V - igualdade entre os Estados; relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país,
justamente devido à prevalência dos direitos humanos. Em
VI - defesa da paz; razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar com
habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar
VII - solução pacífica dos conflitos; ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no
Brasil (ainda que não resida no país). Somente alguns direi-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; tos não são estendidos a todas as pessoas. A exemplo, o direi-
to de intentar ação popular exige a condição de cidadão, que
IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma- só é possuída por nacionais titulares de direitos políticos.
nidade;

X - concessão de asilo político. Autodeterminação dos povos


Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação
a integração econômica, política, social e cultural dos povos dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obriga-
da América Latina, visando à formação de uma comunidade ções de direito internacional que deve respeitar para a ade-
latino-americana de nações. quada consecução dos fins da comunidade internacional,
também tem o direito de se autodeterminar, sendo que tal
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a autodeterminação é feita pelo seu povo.
compreensão de que a soberania do Estado nacional brasi-
leiro não permite a sobreposição em relação à soberania dos Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo
demais Estados, bem como de que é necessário respeitar de- na tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeter-
terminadas práticas inerentes ao direito internacional dos minação pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se acei-
direitos humanos. ta a ideia de que um Estado domine o outro, tirando a sua
autodeterminação.
DIREITOS HUMANOS

Independência nacional O direito internacional dos direitos humanos reforça o


reconhecimento da autodeterminação dos povos desde sua
A formação de uma comunidade internacional não signi- origem, notadamente, pela criação do Conselho de Tutela da
fica a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma Organização das Nações Unidas (cujo objetivo era o de pro-
relativização, limitando as atitudes por ele tomadas em prol piciar uma transição adequada dos países colonizados ao
da preservação do bem comum e da paz mundial. Na verda- modelo democrático) e pela afirmação expressa nos Pactos
de, o próprio compromisso de respeito aos direitos humanos de 1966.

35
Não-intervenção - “Mediação define-se como instituto por meio do qual
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita
Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro pelos litigantes, de forma voluntária ou em razão de es-
irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sen- tipulação anterior, toma conhecimento da divergência
do assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as deci- e dos argumentos sustentados pelas partes, e propõe
sões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis que são uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”;
paritários na ordem internacional.
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomáti-
co de solução de litígios em que os Estados ou organi-
Igualdade entre os Estados zações internacionais sujeitam-se, sem qualquer inter-
ferência pessoal externa, a encontros periódicos com o
Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, objetivo de compor suas divergências”.
ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional
entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá
direito de voz e voto na tomada de decisões políticas na or- Repúdio ao terrorismo e ao racismo
dem internacional em cada organização da qual faça parte e
deverá ter sua opinião respeitada. Terrorismo é o uso de violência através de ataques loca-
lizados a elementos ou instalações de um governo ou da po-
pulação civil, de modo a incutir medo, terror, e assim obter
Defesa da paz efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo
das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do terri-
O direito à paz vai muito além do direito de viver num tório.
mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social,
de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos e Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em
liberdades garantidos internacionalmente não podem ser diferenças étnico-raciais, que podem consistir em violência
destruídos com fundamento nas normas que surgiram para física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a um gru-
protegê-los, o que seria controverso. Em termos de relações po de pessoas pela simples questão biológica herdada por
internacionais, depreende-se que deve ser sempre prioriza- sua raça ou etnia.
da a solução amistosa de conflitos.
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é as-
sumidamente pluralista, ambas práticas são consideradas
Solução pacífica dos conflitos vis e devem ser repudiadas pelo Estado nacional. Tal repúdio
se identifica também na disciplina do direito internacional
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à ne- dos direitos humanos.
cessidade de diplomacia nas relações internacionais. Caso
surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deverão ser
dirimidos de forma amistosa. Cooperação entre os povos para o progresso da hu-
manidade
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí-
cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito A cooperação internacional deve ser especialmente eco-
são os meios diplomáticos de solução de controvérsias inter- nômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a ple-
nacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente o in- na efetividade dos direitos humanos fundamentais interna-
quérito é um procedimento preliminar e facultativo à apura- cionalmente reconhecidos.
ção da materialidade dos fatos, podendo servir de base para
qualquer meio de solução de conflito92. Conceitua Neves93: Os países devem colaborar uns com os outros, o que é
possível mediante a integração no âmbito de organizações
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição internacionais específicas, regionais ou globais.
em que os Estados oponentes buscam resolver suas di-
vergências de forma direta, por via diplomática”; Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em
seu parágrafo único, destacando a importância da coopera-
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de ção brasileira no âmbito regional: “A República Federativa
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
um diplomada para sua conclusão”; cultural dos povos da América Latina, visando à formação de
uma comunidade latino-americana de nações”. Neste senti-
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solu- do, o papel desempenhado no MERCOSUL.
ção pacífica de controvérsia internacional, em que um
DIREITOS HUMANOS

Estado, uma organização internacional ou até mesmo A cooperação internacional é base do sistema de proteção
um chefe de Estado apresenta-se como moderador en- dos direitos humanos, como se percebe na própria DUDH:
tre os litigantes”; “CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprome-
teram a promover, em cooperação com as Nações Unidas,
o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais
92 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público do homem e a observância desses direitos e liberdades. [...]
& Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, Artigo 22. Todo o homem, como membro da sociedade, tem
p. 123. direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacio-
93 Ibid., p. 123-126.

36
nal, pela cooperação internacional e de acordo com a orga-
nização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, #FicaDica
sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre Artigo 1o – Fundamentos
desenvolvimento de sua personalidade”.
SOberania
CIdadania
Concessão de asilo político
DIgnidade da pessoa humana
Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país
quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa
perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, PLUralismo
como a prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos
princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria fi- Artigo 2o – Poderes
nalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende com o EXEcutivo
direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam LEGislativo
protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais como
um todo –, e não proteger pessoas que justamente comete- JUDiciário
ram tais violações. Artigo 3o – Objetivos
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação * Sempre começam com verbo
do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o Construir, garantir, erradicar, promover
entendimento que o Estado não tem esta obrigação, nem de
fundamentar a recusa. A segunda parte deste artigo permi- Artigo 4o – Princípios de relações internacionais
te a interpretação no sentido de que é o Estado asilante que
subjetivamente enquadra o refugiado como asilado político
ou criminoso comum”94.
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: DOS
Artigo 14, DUDH DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de


procurar e de gozar asilo em outros países.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perse- COLETIVOS
guição legitimamente motivada por crimes de direito co-
mum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das
Nações Unidas. O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes
Além da previsão na Declaração Universal, a ONU traz o espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e co-
direito de asilo no Pacto Internacional de Direitos Civis e Po- letivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos
líticos e no Estatuto dos Refugiados de 1951. Em verdade, o no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF)
direito dos refugiados é considerado vertente de proteção da e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
pessoa humana, ao lado do direito internacional dos direitos
humanos e do direito humanitário. Em termos comparativos à clássica divisão tridimensio-
nal dos direitos humanos, os direitos individuais (maior par-
te do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os direitos
políticos se encaixam na primeira dimensão (direitos civis e
políticos); os direitos sociais se enquadram na segunda di-
mensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e os direi-
tos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enumeração
de direitos humanos na Constituição vai além dos direitos
que expressamente constam no título II do texto constitucio-
nal.

O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres in-


dividuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo
DIREITOS HUMANOS

já se extrai que a proteção vai além dos direitos do indivíduo


e também abrange direitos da coletividade. A maior parte
dos direitos enumerados no artigo 5º do texto constitucional
é de direitos individuais, mas são incluídos alguns direitos
coletivos e mesmo remédios constitucionais próprios para a
94 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos ar- tutela destes direitos coletivos (ex.: mandado de segurança
tigos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à coletivo).
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
tium, 2008, p. 83.

37
Direitos e garantias nos direitos fundamentais de que não há direito que seja ab-
soluto, correspondendo-se para cada direito um dever. Logo,
Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di- o exercício de direitos fundamentais é limitado pelo igual
reitos e estabelece garantias em prol da preservação destes, direito de mesmo exercício por parte de outrem, não sendo
bem como remédios constitucionais a serem utilizados caso nunca absolutos, mas sempre relativos.
estes direitos e garantias não sejam preservados. Neste senti-
do, dividem-se em direitos e garantias as previsões do artigo Explica Canotilho96 quanto aos direitos fundamentais: “a
5º: os direitos são as disposições declaratórias e as garantias ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida
são as disposições assecuratórias. como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao ti-
tular de um direito fundamental corresponde um dever por
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular
direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda-
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec- mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres-
tual, artística, científica e de comunicação, independente- pondente”. Com efeito, a um direito fundamental conferido
mente de censura ou licença. à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de
direitos conferidos às outras pessoas.
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros casos, Em destaque, sobre a relação direitos-deveres, o artigo 29
o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia em ou- da Declaração Universal:
tro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada no artigo
5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão ilegal Artigo 29, DUDH. I) Todo o homem tem deveres para com
de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV95. a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua
personalidade é possível. II) No exercício de seus direitos e li-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em viola- berdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações
ção de direito, cabe a utilização dos remédios constitucio- determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegu-
nais. rar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberda-
des de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de di- III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu-
reitos e garantias propriamente ditas apenas de direitos. ma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios
das Nações Unidas.

Brasileiros e estrangeiros
Direitos e garantias em espécie
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção confe-
rida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No entan- caput:
to, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpretada no
sentido de que os direitos estarão protegidos com relação a Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
todas as pessoas nos limites da soberania do país. tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou nos termos seguintes [...].
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos
principais (senão o principal) artigos da Constituição Fe-
Somente poucos direitos não são estendidos a todas as deral, consagra o princípio da igualdade e delimita as cin-
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige co esferas de direitos individuais e coletivos que merecem
a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais titu- proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança e pro-
lares de direitos políticos. Todos os que não exigem condição priedade. Os incisos deste artigos delimitam vários direitos
especial, dispensam a exigência de nacionalidade brasileira e garantias que se enquadram em alguma destas esferas de
ou estrangeira com residência no país. proteção, podendo se falar em duas esferas específicas que
ganham também destaque no texto constitucional, quais
sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-
Relação direitos-deveres -penais.
DIREITOS HUMANOS

O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias


deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-
-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima
de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida

96 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucio-


95 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em tele- nal e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998,
conferência. p. 479.

38
Direito à igualdade Artigo 1º, DUDH. Todos os homens nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e
Abrangência devem agir em relação uns aos outros com espírito de frater-
nidade.
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igualda- Artigo 2º, DUDH. I) Todo o homem tem capacidade para
de: gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declara-
ção sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito condição. II) Não será também feita nenhuma distinção fun-
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, dada na condição política, jurídica ou internacional do país
nos termos seguintes [...]. ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um
território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro in- sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
ciso:

Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e Ações afirmativas
obrigações, nos termos desta Constituição.
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de vas, que são políticas públicas ou programas privados cria-
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver nenhu- dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
ma distinção sexo feminino e o masculino, de modo que o reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
homem e a mulher possuem os mesmos direitos e obriga- de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
ções. concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais
condições.
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais
do que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em
mais ampla. uma sociedade pluralista, a condição de membro de um gru-
po específico não pode ser usada como critério de inclusão
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que elas des-
interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro en- privilegiam o critério republicano do mérito (segundo o qual
foque que foi dado a este direito foi o de direito civil, enqua- o indivíduo deve alcançar determinado cargo público pela
drando-o na primeira dimensão, no sentido de que a todas sua capacidade e esforço, e não por pertencer a determinada
as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direitos e categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem como fe-
deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade en- rem o princípio da isonomia por causar uma discriminação
quanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais reversa.
por meio da equiparação. Basicamente, estaria se falando na
igualdade perante a lei. Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
defende que elas representam o ideal de justiça
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas,
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres dívidas históricas, como uma compensação aos negros por
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não é su- distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se
ficiente garantir um direito à igualdade formal, mas é preciso uma concretização do princípio da igualdade material); bem
buscar progressivamente a igualdade material. No sentido como promovem a diversidade.
de igualdade material que aparece o direito à igualdade num
segundo momento, pretendendo-se do Estado, tanto no mo- Neste sentido, as discriminações legais asseguram a ver-
mento de legislar quanto no de aplicar e executar a lei, uma dadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a
postura de promoção de políticas governamentais voltadas a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as ga-
grupos vulneráveis. rantias aos portadores de deficiência, entre outras medidas
que atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá- possibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças97.
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação Tem predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em sociedade; no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são
e o de igualdade material, correspondendo à necessidade de válidas.
DIREITOS HUMANOS

discriminações positivas com relação a grupos vulneráveis


da sociedade, em contraponto à igualdade formal. O direito internacional dos direitos humanos apoia a
adoção de ações afirmativas. Observe, como exemplo, o ar-
O princípio da igualdade é reafirmado nos dois primei-
ros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
de 1948 e reiterado em diversos diplomas, como os Pactos 97 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
Internacionais de 1966: II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008,
p. 08.

39
tigo 4º da Convenção da ONU sobre a eliminação de todas 2) Nos Países em que a pena de morte não tenha sido
formas de discriminação contra a mulher: abolida, esta poderá ser imposta apenas nos casos de
crimes mais graves, em conformidade com legislação
Artigo 4º, Convenção ONU Mulher. 1. A adoção pelos Es- vigente na época em que o crime foi cometido e que não
tados-partes de medidas especiais de caráter temporário esteja em conflito com as disposições do presente pacto,
destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a nem com a Convenção sobre a Prevenção e a Punição
mulher não se considerará discriminação na forma definida do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena
nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como apenas em decorrência de uma sentença transitada em
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separa- julgado e proferida por tribunal competente. [...]
das; essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade
de oportunidade e tratamento houverem sido alcançados. 2. A 4) Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir in-
adoção pelos Estados-partes de medidas especiais, inclusive as dulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a
contidas na presente Convenção, destinadas a proteger a ma- comutação de pena poderão ser concedidos em todos os
ternidade, não se considerará discriminatória. casos.

5) A pena de morte não deverá ser imposta em casos de


Direito à vida crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem
aplicada a mulheres em estado de gravidez.
Abrangência
6) Não se poderá invocar disposição alguma do presente
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção artigo para retardar ou impedir a abolição da pena de
do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em morte por um Estado-parte do presente pacto.
torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana,
possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e Artigo 4º - Direito à vida, Convenção Americana sobre
religiosos. Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocá- Direitos Humanos
bulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de
ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é 1) [...] Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral
inerente a todos os seres humanos98. 2) Nos países que não houverem abolido a pena de morte,
esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nas- cumprimento de sentença final de tribunal compe-
cer/permanecer vivo, o que envolve questões como pena de tente e em conformidade com a lei que estabeleça tal
morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; pena, promulgada antes de haver o delito sido cometi-
quanto o direito de viver com dignidade, o que engloba o res- do. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos
peito à integridade física, psíquica e moral, incluindo neste quais não se aplique atualmente.
aspecto a vedação da tortura, bem como a garantia de recur-
sos que permitam viver a vida com dignidade. 3) Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados
que a hajam abolido.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos 4) Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a
direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio- delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com
lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis- delitos políticos.
cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células
tronco, pena de morte, eutanásia, etc. 5) Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo-
mento da perpetração do delito, for menor de dezoito
anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em
Pena de morte estado de gravidez.

Sobre a pena de morte, os principais tratados internacio- 6) Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar
nais do sistema geral de proteção possuem conteúdos bas- anistia, indulto ou comutação da pena, os quais po-
tante semelhantes: dem ser concedidos em todos os casos. Não se pode exe-
cutar a pena de morte enquanto o pedido estiver pen-
Artigo 6º, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políti- dente de decisão ante a autoridade competente.
cos
Tomando o teor do que o Pacto Internacional dos Direitos
1) O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito Civis e Políticos estabelece em seu artigo 6º, extrai-se que:
DIREITOS HUMANOS

deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbi-


trariamente privado de sua vida. a) A vida não pode ser privada de maneira arbitrária, de
forma que mesmo nos casos em que for aceita a pena
de morte é preciso garantir o devido processo legal for-
mal e material para que sua aplicação seja válida;
98 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zam-
bitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner b) A preservação do direito à vida envolve a abolição da
(Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos pena de morte o máximo possível;
do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15.

40
c) Nos países que não abolirem tal pena, ela se restringe zembro de 1984 e ratificada pelo Brasil em 28 de setembro
aos crimes mais graves; de 1989.

d) É preciso sentença transitada em julgado (irrecorrível) Nesta Declaração, o artigo 1º traz um conceito de tortura:
e proferida por tribunal competente; “1. Sob os efeitos da presente declaração, será entendido por
tortura todo ato pelo qual um funcionário público, ou outra
e) Aceita-se em todos os casos de condenação a pena de pessoa a seu poder, inflija intencionalmente a uma pessoa
morte a anistia, o indulto e a comutação da pena (con- penas ou sofrimentos graves, sendo eles físicos ou mentais,
versão da pena de morte por uma privativa de liberda- com o fim de obter dela ou de um terceiro informação ou
de ou diversa); uma confissão, de castigá-la por um ato que tenha cometido
ou seja suspeita de que tenha cometido, ou de intimidar a
f) Deve ser respeitada a idade mínima de 18 anos do con- essa pessoa ou a outras. [...]”. No documento o conceito de
denado; tortura pode ser assim subdividido: a) ação, não omissão; b)
praticada por funcionário público ou alguém sob sua autori-
g) Não pode ser aplicada a mulheres grávidas, obviamen- dade; c) com dolo (intenção); d) contra uma pessoa; e) con-
te porque o feto não deve perder a vida somente por- sistente em penas ou sofrimentos graves, físicos ou mentais;
que quem o carrega deve. f) visando - obtenção de informação ou confissão, castigo ou
intimidação. O conceito se repete na Convenção menciona-
Em sentido semelhante, tem-se o artigo 4º da Convenção da.
Americana dos Direitos Humanos, no qual se nota uma am-
pliação da proteção do Pacto Internacional de Direitos Civis Não obstante, o artigo 5º da Convenção traz interessantes
e Políticos, notadamente: aspectos sobre o exercício da jurisdição, tornando-o o mais
amplo possível visando à efetividade da punição dos crimes
a) Ao se impedir que se aplique a pena a outros delitos: de tortura, normas que não excluem, mas devem se conciliar,
havendo pena de morte para um certo delito num com as de direito interno: “1. Cada Estado-parte tomará as
país não é possível que seja aprovada nele uma lei que medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os
aplique tal pena para outro delito. Na verdade, evi- crimes previstos no artigo 4º, nos seguintes casos: a) quando
dencia-se a intenção de, paulatinamente, se buscar a os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob
abolição total da pena de morte. Também por isso que sua jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no
um Estado que a aboliu não pode instituí-la posterior- Estado em questão; b) quando o suposto autor for nacional
mente; do Estado em questão: c) quando a vítima for nacional do Es-
tado em questão e este o considerar apropriado; 2. Cada Es-
b) Pela vedação de aplicação a delitos políticos; tado-parte tomará também as medidas necessárias para es-
tabelecer sua jurisdição sobre tais crimes, nos casos em que
c) Pelo estabelecimento de idade máxima ao condenado o suposto autor se encontre em qualquer território sob sua
à pena de morte, qual seja, 70 anos. jurisdição e o Estado não o extradite, de acordo com o arti-
go 8º, para qualquer dos Estados mencionados no parágrafo
Há tratados pela abolição da pena de morte, destacan- 1º do presente artigo. 3. Esta Convenção não exclui qualquer
do-se, notadamente: no âmbito global, Segundo Protocolo jurisdição criminal exercida de acordo com o direito inter-
Adicional ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e no”. Não extraditando o suspeito, o Estado deverá apurar o
Políticos com vista à Abolição da Pena de Morte, de 15 de De- fato com o mesmo rigor como apuraria qualquer crime com
zembro de 1989 , aprovado pelo Legislativo brasileiro em 16 tal gravidade, não significando que não deva dar tratamento
de junho de 2009; e no âmbito interamericano o Protocolo à justo e compatível com as garantias constitucionais ao sus-
CADH referente à abolição da pena de morte de 8 de junho peito em questão (artigo 7º, Convenção ONU Tortura).
de 1990 , ratificado pelo Brasil em 31 de junho de 1996.

Direito à liberdade
Vedação à tortura
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o
vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme pre- seguem. O direito é largamente afirmado em tratados inter-
visão no inciso III do artigo 5º: nacionais:

Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a Artigo I, DUDH
tratamento desumano ou degradante.
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
DIREITOS HUMANOS

Há uma preocupação especial da comunidade interna- direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em
cional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera das Na- relação umas às outras com espírito de fraternidade.
ções Unidas, tem-se a Declaração sobre a Proteção de Todas
as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Artigo III, DUDH
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assem-
bleia Geral em 9 de dezembro de 1975, e a Convenção contra Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança
a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos pessoal.
ou Degradantes, adotada pela Assembleia Geral em 10 de de-

41
Artigo I - Direito à vida, à liberdade, à segurança e inte- fixada em lei.
gridade da pessoa, DADH
Trata-se de instrumento para a consecução do direito as-
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segu- segurado na Constituição Federal – não basta permitir que se
rança de sua pessoa. pense diferente, é preciso respeitar tal posicionamento.

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal, CADH Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limi-
tado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na ga-
1) Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança rantia de atribuir a cada manifestação uma autoria certa e
pessoais. [...] determinada, permitindo eventuais responsabilizações por
manifestações que contrariem a lei.

Liberdade e legalidade Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:

Prevê o artigo 5º, II, CF: Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec-
tual, artística, científica e de comunicação, independente-
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar mente de censura ou licença.
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim de- relação a estas, a exigência de licença para a manifestação do
termine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa tem pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
liberdade para agir como considerar conveniente.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- divulgação e o acesso a informações como modo de contro-
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à le do poder. A censura somente é cabível quando necessária
pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente ao interesse público numa ordem democrática, por exemplo,
estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que censurar a publicação de um conteúdo de exploração sexual
quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a infanto-juvenil é adequado.
lei não proíba.
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indeni-
zação (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para
Liberdade de pensamento e de expressão aquele que teve algum direito seu violado (notadamente ine-
rentes à privacidade ou à personalidade) em decorrência dos
O artigo 5º, IV, CF prevê: excessos no exercício da liberdade de expressão.

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, Os documentos internacionais de direitos humanos con-
sendo vedado o anonimato. solidam, no mesmo sentido, o direito à liberdade de pensa-
mento:
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
pensamento e da liberdade de expressão. Artigo XVIII, DUDH

Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, cons-
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de re- ciência e religião [...].
flexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais
do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucio- Artigo XIX, DUDH
nal, ao consagrar a livre manifestação do pensamento, im-
prime a existência jurídica ao chamado direito de opinião”99. Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expres-
Em outras palavras, primeiro existe o direito de ter uma opi- são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
nião, depois o de expressá-la. opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e
ideias por quaisquer meios e independentemente de frontei-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de ras.
pensamento e de expressão o direito à escusa por convicção
filosófica ou política: Artigo 18, PIDCP
DIREITOS HUMANOS

Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por 1) Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- consciência e de religião. [...]
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, Artigo 19, PIDCP

1) Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.


99 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Ser-
rano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Sa- Os mesmos documentos internacionais de direitos hu-
raiva, 2006.

42
manos consolidam, no mesmo sentido, o direito à liberdade 2) O exercício do direito previsto no inciso precedente não
de expressão: pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsa-
bilidades ulteriores, que devem ser expressamente pre-
Artigo IV - Direito de liberdade de investigação, opinião, vistas em lei e que se façam necessárias para assegurar:
expressão e difusão, DADH
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pes-
Toda pessoa tem direito à liberdade de investigação, de soas;
opinião e de expressão e difusão do pensamento, por qualquer
meio. b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública,
ou da saúde ou da moral públicas.
Artigo 12, CADH - Liberdade de consciência e de religião
3) Não se pode restringir o direito de expressão por vias e
1) Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais
religião. [...] ou particulares de papel de imprensa, de frequências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados
Artigo 13, CADH - Liberdade de pensamento e de expres- na difusão de informação, nem por quaisquer outros
são meios destinados a obstar a comunicação e a circulação
de ideias e opiniões.
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e
de expressão [...]. 4) A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a
Artigo XIX, DUDH eles, para proteção moral da infância e da adolescência,
sem prejuízo do disposto no inciso 2.
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expres-
são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter 5) A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra,
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou
ideias por quaisquer meios e independentemente de fron- religioso que constitua incitamento à discriminação, à
teiras. hostilidade, ao crime ou à violência.

Artigo 19, PIDCP


Liberdade de crença/religiosa
2) Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse
direito incluirá a liberdade de procurar, receber e di- Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
fundir informações e ideias de qualquer natureza,
independentemente de considerações de fronteiras, ver- Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e
balmente ou por escrito, em forma impressa ou artísti- de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli-
ca, ou qualquer outro meio de sua escolha.  giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias.
3) O exercício do direito previsto no §2º do presente artigo
implicará deveres e responsabilidades especiais. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como
bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restri- ou religião que seja proibida, garantindo-se que a profissão
ções, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em desta fé possa se realizar em locais próprios.
lei e que se façam necessárias para: a) assegurar o respeito dos
direitos e da reputação das demais  pessoas; b) proteger a segu- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos dis-
rança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública. tintos, porém intrinsecamente relacionados de liberdades:
a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de
Artigo IV - Direito de liberdade de investigação, opinião, organização religiosa.
expressão e difusão, DADH
Consoante o magistério de José Afonso da Silva100, entra
Toda pessoa tem direito à liberdade de investigação, de na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a li-
opinião e de expressão e difusão do pensamento, por qual- berdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o
quer meio. direito) de mudar de religião, além da liberdade de não ade-
rir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença,
Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas
CADH excluída a liberdade de embaraçar o livre exercício de qual-
DIREITOS HUMANOS

quer religião, de qualquer crença. A liberdade de culto con-


1) Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e siste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios das
de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, manifestações exteriores em casa ou em público, bem como
receber e difundir informações e ideias de qualquer na- a de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a li-
tureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou berdade de organização religiosa refere-se à possibilidade de
por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por
qualquer meio de sua escolha.
100 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

43
estabelecimento e organização de igrejas e suas relações com moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias
o Estado. convicções.

Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asse- Artigo III - Direito de liberdade religiosa e de culto,
gurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: DADH

Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a presta- Toda a pessoa tem o direito de professar livremente uma
ção de assistência religiosa nas entidades civis e militares de crença religiosa e de manifestá-la e praticá-la pública e
internação coletiva. particularmente.

O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos pri- Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião, CADH
sionais civis e militares, mas também a hospitais.
1) Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- religião. Esse direito implica a liberdade de conservar
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou
de crenças, bem como a liberdade de professar e divul-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por gar sua religião ou suas crenças, individual ou coletiva-
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- mente, tanto em público como em privado.
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 2) Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que
fixada em lei possam limitar sua liberdade de conservar sua religião
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exem-
plo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento mi- 3) A liberdade de manifestar a própria religião e as pró-
litar, não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado moti- prias crenças está sujeita apenas às limitações previstas
vo em crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em lei e que se façam necessárias para proteger a segu-
em que será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, rança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direi-
isto é, uma outra atividade que não contrarie tais preceitos. tos e as liberdades das demais pessoas.

O direito é confirmado nos diversos documentos interna- 4) Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que
cionais de direitos humanos: seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e mo-
ral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Artigo XVIII, DUDH

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, cons- Liberdade de informação


ciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião O direito de acesso à informação também se liga a uma
ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela obser- dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo
vância, isolada ou coletivamente, em público ou em particu- 5º, XIV, CF:
lar.
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à infor-
Artigo 18, PIDCP mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional.
1) Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de
consciência e de religião. Esse direito implicará a li- Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber-
berdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença dade de procurar e receber informações e ideias por quais-
de sua escolha e a liberdade de professar sua religião quer meios, independente de fronteiras, sem interferência.
ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública
como privadamente, por meio do culto, da celebração A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
de ritos, de práticas e do ensino. passo que a liberdade de expressão tem uma característica
ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo e passi-
2) Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas vo da exteriorização da liberdade de pensamento: não basta
que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar poder manifestar o seu próprio pensamento, é preciso que
uma religião ou crença de sua escolha. ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade de se garantir o
acesso ao pensamento manifestado para a sociedade.
3) A liberdade de manifestar a própria religião ou crença
DIREITOS HUMANOS

estará sujeita apenas a limitações previstas em lei e Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
que se façam necessárias para proteger a segurança, a todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
liberdades das demais pessoas. pelos meios de comunicação imparciais e não monopoliza-
dos (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível que
4) Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a imprensa divulgue com quem obteve a informação divul-
a respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, gada, sem o que a segurança desta poderia ficar prejudicada
dos tutores legais - de assegurar a educação religiosa e e a informação inevitavelmente não chegaria ao público.

44
Especificadamente quanto à liberdade de informação no O direito é confirmado nos diversos documentos interna-
âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas pre- cionais sobre direitos humanos:
visões.
Artigo XIX, DUDH
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão;
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi-
públicos informações de seu interesse particular, ou de inte- niões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias
resse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Artigo 19, PIDCP

A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 re- 2) Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse
gula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. direito incluirá a liberdade de procurar, receber e di-
5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Informação. fundir informações e ideias de qualquer natureza,
independentemente de considerações de fronteiras, ver-
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: balmente ou por escrito, em forma impressa ou artísti-
ca, ou qualquer outro meio de sua escolha. 
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
temente do pagamento de taxas: 3) O exercício do direito previsto no §2º do presente artigo
implicará deveres e responsabilidades especiais. Con-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de sequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições,
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; que devem, entretanto, ser expressamente previstas em
lei e que se façam necessárias para: a) assegurar o res-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para peito dos direitos e da reputação das demais  pessoas;
defesa de direitos e esclarecimento de situações de inte- b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou
resse pessoal. a moral pública.

Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre Artigo IV - Direito de liberdade de investigação, opinião,
observar que o direito de petição deve resultar em uma ma- expressão e difusão, DADH
nifestação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo)
uma questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo Toda pessoa tem direito à liberdade de investigação, de
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a vida opinião e de expressão e difusão do pensamento, por qualquer
social e, desta maneira, quando “dificulta a apreciação de um meio.
pedido que um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, em-
baraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para responder Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão,
aos pedidos formulados” (administrativa e, principalmente, CADH
judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica, 1) Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e
que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar,
injustiças. receber e difundir informações e ideias de qualquer
natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar por qualquer meio de sua escolha.
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez 2) O exercício do direito previsto no inciso precedente não
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públicos pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsa-
em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que gera bilidades ulteriores, que devem ser expressamente pre-
confusões conceituais no sentido do direito de obter certi- vistas em lei e que se façam necessárias para assegurar:
dões ser dissociado do direito de petição.
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pes-
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF: soas;

Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o in- da saúde ou da moral públicas. [...]
teresse social o exigirem.
DIREITOS HUMANOS

Logo, o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o Liberdade de locomoção


será quando a intimidade merecer preservação (ex.: processo
criminal de estupro ou causas de família em geral) ou quan- Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo
do o interesse social exigir (ex.: investigações que possam ser 5º, XV, CF:
comprometidas pela publicidade). A publicidade é instru-
mento para a efetivação da liberdade de informação. Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacio-
nal em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos

45
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Artigo 22 - Direito de circulação e de residência, CADH

A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito 1) Toda pessoa que se encontre legalmente no território de
à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território um Estado tem o direito de nele livremente circular e
do país em tempos de paz (em tempos de guerra é possível de nele residir, em conformidade com as disposições
limitar tal liberdade em prol da segurança). A liberdade de legais.
sair do país não significa que existe um direito de ingressar
em qualquer outro país, pois caberá à ele, no exercício de sua 2) Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qual-
soberania, controlar tal entrada. quer país, inclusive de seu próprio país.

Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberda- 3) O exercício dos direitos supracitados não pode ser res-
de. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos tringido, senão em virtude de lei, na medida indispen-
casos autorizados pela própria Constituição Federal. A des- sável, em uma sociedade democrática, para prevenir in-
peito da normativa específica de natureza penal, reforça-se frações penais ou para proteger a segurança nacional,
a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomoção a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde
pela prisão civil por dívida. públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: 4) O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
também ser restringido pela lei, em zonas determina-
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, das, por motivo de interesse público.
salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. 5) Ninguém pode ser expulso do território do Estado do
qual for nacional e nem ser privado do direito de nele
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tri- entrar.
bunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a úni- 6) O estrangeiro que se encontre legalmente no território
ca exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento é a de um Estado-parte na presente Convenção só poderá
que se refere à obrigação alimentícia. dele ser expulso em decorrência de decisão adotada
em conformidade com a lei. [...]
Eis a disciplina no direito internacional dos direitos hu-
manos:
Liberdade de trabalho
Artigo XIII, DUDH
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º,
1) Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e re- XIII, CF:
sidência dentro das fronteiras de cada Estado.
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer traba-
2) Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, in- lho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
clusive o próprio, e a este regressar. nais que a lei estabelecer.

Artigo 12, PIDCP O livre exercício profissional é garantido, respeitados


os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão
1) Toda pessoa que se ache legalmente no território de um de advogado aquele que não se formou em Direito e não
Estado terá o direito de nele livremente circular e esco- foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
lher sua residência. não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade
de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
2) Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qual- Conselho Regional de Medicina.
quer país, inclusive de seu próprio país.
A disciplina no direito internacional dos direitos huma-
3) Os direitos supracitados não poderão constituir objeto nos se concentra, por sua vez, na proibição à servidão e à
de restrição, a menos que estejam previstas em lei e no escravidão:
intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, a
saúde ou a moral pública, bem como os direitos e li- Artigo IV, DUDH
berdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis
com os outros direitos reconhecidos no presente pacto. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a es-
cravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as
DIREITOS HUMANOS

4) Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu suas formas.


próprio país.
Artigo 8º, PIDCP
  Artigo VIII - Direito de residência e trânsito, DADH
1) Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escra-
Toda pessoa tem direito de fixar sua residência no terri- vidão e o tráfico de escravos, em todas as suas formas,
tório do Estado de que é nacional, de transitar por ele livre- ficam proibidos.
mente e de não abandoná-lo senão por sua própria vontade.

46
2) Ninguém poderá ser submetido à servidão. Liberdade de reunião
3) a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
forçados ou obrigatórios; b) A alínea “a” do presente
parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos te, sem armas, em locais abertos ao público, independente-
com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de mente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
penas de trabalhos forçados, imposta por um tribunal anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
competente; c) Para os efeitos do presente parágrafo, exigido prévio aviso à autoridade competente.
não serão considerados “trabalhos forçados ou obri-
gatórios”: i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais
na alínea “b”, normalmente exigido de um indivíduo na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de infor-
que tenha sido encerrado em cumprimento de decisão mar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de segu-
judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se rança coletiva. Imagine uma grande reunião de pessoas por
em liberdade condicional; ii) qualquer serviço de cará- uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega a aglomerar
ter militar e, nos países em que se admite a isenção por milhões de pessoas em algumas capitais: seria absurdo tole-
motivo de consciência, qualquer serviço nacional que rar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do poder público
a lei venha a exigir daqueles que se oponha ao serviço para que ele organize o policiamento e a assistência médica,
militar por motivo de consciência; iii) qualquer serviço evitando algazarras e socorrendo pessoas que tenham algum
exigido em casos de emergência ou de calamidade que mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, totalmen-
ameacem o bem-estar da comunidade; iv) qualquer te vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora
trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívi- a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo
cas normais. Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fos-
se utilizada).
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão, CADH

1) Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servi- Liberdade de associação


dão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico
de mulheres são proibidos em todas as suas formas. No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII,
CF:
2) Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
para certos delitos, pena privativa de liberdade acom- fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
panhada de trabalhos forçados, esta disposição não
pode ser interpretada no sentido de proibir o cumpri- A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua
mento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exerci-
competente. O trabalho forçado não deve afetar a dig- da de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação im-
nidade, nem a capacidade física e intelectual do reclu- plica na formação de um grupo organizado que se mantém
so. por um período de tempo considerável, dotado de estrutura
e organização próprias.
3) Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
para os efeitos deste artigo: Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa-
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pes- ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal.
soa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
formal expedida pela autoridade judiciária competen- O texto constitucional se estende na regulamentação da
te. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob liberdade de associação.
a vigilância e controle das autoridades públicas, e os
indivíduos que os executarem não devem ser postos à O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
disposição de particulares, companhias ou pessoas ju-
rídicas de caráter privado; Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo
b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
por motivo de consciência, qualquer serviço nacional
que a lei estabelecer em lugar daquele; Neste sentido, associações são organizações resultantes
da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem
DIREITOS HUMANOS

c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade personalidade jurídica, para a realização de um objetivo co-
que ameacem a existência ou o bem-estar da comuni- mum; já cooperativas são uma forma específica de associa-
dade; ção, pois visam a obtenção de vantagens comuns em suas
atividades econômicas.
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cí-
vicas normais. Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:

Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul-

47
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por que Estados Partes da Convenção de 1948 da Orga-
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em nização do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à
julgado. proteção do direito sindical, venham a adotar medidas
legislativas que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a restringir - as garantias previstas na referida Conven-
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é ção.
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim
determine, pois antes disso sempre há possibilidade de re- Artigo 8º, PIDESC
verter a decisão e permitir que a associação continue em
funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode suspender 1) Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se
atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no a garantir:
curso de um processo judicial.
a) o direito de toda pessoa de fundar com outras sindica-
Em destaque, a legitimidade representativa da associação tos e de filiar-se ao sindicato de sua escolha, sujeitan-
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF: do-se unicamente aos organização interessada, com o
objetivo de promover e de proteger seus interesses eco-
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex- nômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser
pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar objeto das restrições previstas em lei e que sejam neces-
seus filiados judicial ou extrajudicialmente. sárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
segurança nacional ou da ordem pública, ou para pro-
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná- teger os direitos e as liberdades alheias;
ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de ou-
tra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. b) o direito dos sindicatos de formar federações ou con-
federações nacionais e o direito desta de formar or-
A liberdade de associação envolve não somente o direito ganizações sindicais internacionais ou de filiar-se às
de criar associações e de fazer parte delas, mas também o de mesmas;
não associar-se e o de deixar a associação, conforme artigo
5º, XX, CF: c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas ati-
vidades, sem quaisquer limitações além daquelas pre-
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso- vistas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade
ciar-se ou a permanecer associado. democrática, no interesse da segurança nacional ou da
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberda-
Sobre os direitos à reunião e à associação, o direito inter- des das demais pessoas;
nacional dos direitos humanos prevê:
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis
Artigo XXIII, DUDH de cada país.

4) Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles 2) O presente artigo não impedirá que se submeta a res-
ingressar para proteção de seus interesses. trições legais o exercício desses direitos pelos membros
das forças armadas, da política ou da administração
Artigo XX, DUDH pública.

1) Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e asso- 3) Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá
ciação pacíficas. que os Estados Partes da Convenção de 1948 da Orga-
nização Internacional do Trabalho, relativa à liber-
2) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as- dade sindical e à proteção do direito sindical, venha a
sociação. adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a apli-
car a lei de maneira a restringir - as garantias previstas
Artigo 22, PIDCP na referida Convenção.

1) Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a Artigo XXII - Direito de associação, DADH
outras, inclusive o direito de construir sindicatos e de a
eles filiar-se, para a proteção de seus interesses. Toda pessoa tem o direito de se associar com outras a fim
de promover, exercer e proteger os seus interesses legítimos,
2) O exercício desse direito estará sujeito apenas às res- de ordem política, econômica, religiosa, social, cultural, pro-
trições previstas em lei e que se façam necessárias, em fissional, sindical ou de qualquer outra natureza.
DIREITOS HUMANOS

um sociedade democrática, no interesse da segurança


nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para Artigo 16 - Liberdade de associação, CADH
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos a li-
berdades das demais pessoas. O presente artigo não im- 1) Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremen-
pedirá que se submeta a restrições legais o exercício des- te com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos,
se direito por membros das forças armadas e da polícia. trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qual-
quer outra natureza.
3) Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá

48
2) O exercício desse direito só pode estar sujeito às res- A união da intimidade e da vida privada forma a privaci-
trições previstas em lei e que se façam necessárias, em dade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita.
uma sociedade democrática, ao interesse da segurança É possível ilustrar a vida social como se fosse um grande cír-
nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para culo no qual há um menor, o da vida privada, e dentro deste
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as um ainda mais restrito e impenetrável, o da intimidade. Com
liberdades das demais pessoas. efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Con-
cêntricos”), importada do direito alemão, quanto mais próxi-
3) O presente artigo não impede a imposição de restrições ma do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as
legais, e mesmo a privação do exercício do direito de as- esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada,
sociação, aos membros das forças armadas e da polí- e pela publicidade).
cia.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois ante-
Artigo 8º - Direitos sindicais, PCADH riores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem
de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
 1) Os Estados Partes garantirão: outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no
meio social. O direito à imagem também possui duas conota-
a)  O direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de ções, podendo ser entendido em sentido objetivo, com rela-
filiarse ao de sua escolha, para proteger e promover seus ção à reprodução gráfica da pessoa, por meio de fotografias,
interesses. Como projeção desse direito, os Estados Par- filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo, significando o
tes permitirão aos sindicatos formar federações e con- conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e reconheci-
federações nacionais e associarse às já existentes, bem das como suas pelo grupo social”102.
como formar organizações sindicais internacionais e
associarse à de sua escolha. Os Estados Partes também O direito internacional dos direitos humanos assegura a
permitirão que os sindicatos, federações e confederações proteção destes bens jurídicos:
funcionem livremente;
Artigo XII, DUDH
b)  O direito de greve.
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada,
2)  O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a
sujeito às limitações e restrições previstas pela lei que ataques à sua honra e reputação. [...]
sejam próprias a uma sociedade democrática e neces-
sárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a Artigo 17, PIDCP
saúde ou a moral pública, e os direitos ou liberdades dos
demais. Os membros das forças armadas e da polícia, 1) Ninguém poderá ser objeto de ingerência arbitrárias
bem como de outros serviços públicos essenciais, esta- ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu
rão sujeitos às limitações e restrições impostas pela lei. domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas
ilegais às suas honra e reputação.
3)  Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a um sindi-
cato. Artigo 24, PIDCP

2) Toda criança deverá ser registrada imediatamente após


Direitos à privacidade e à personalidade seu nascimento e deverá receber um nome. [...]

Abrangência Artigo V - Direito à proteção da honra, da reputação pes-


soal e da vida particular e familiar, DADH
Prevê o artigo 5º, X, CF:
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra os ataques
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri- abusivos à sua honra, à sua reputação e à sua vida particular
vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a e familiar.
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação. Artigo 11, CADH - Proteção da honra e da dignidade

O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo 1) Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao
dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade. reconhecimento de sua dignidade.

Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, 2) Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou
DIREITOS HUMANOS

ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu
a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas
círculos de amigos –, Silva101 entende que “o segredo da vida ilegais à sua honra ou reputação.
privada é condição de expansão da personalidade”, mas não
caracteriza os direitos de personalidade em si. Artigo 18 - Direito ao nome, CADH

101 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional 102 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

49
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra os ataques
seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de abusivos à sua honra, à sua reputação e à sua vida particular
assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for e familiar.
necessário.
Artigo IX - Direito à inviolabilidade do domicílio, DADH

Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- Toda pessoa tem direito à inviolabilidade do seu domi-
dência cílio.

Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviola- Artigo X - Direito à inviolabilidade de correspondência,


bilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e co- DADH
municações.
 Toda pessoa tem o direito à inviolabilidade e circulação
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: da sua correspondência.

Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade, CADH
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 1) Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. reconhecimento de sua dignidade.

O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode 2) Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu
QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o mora- domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas
dor foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu domi- ilegais à sua honra ou reputação.
cílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para
prestar socorro (morador teve ataque do coração, está sufo- 3) Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais in-
cado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por de- gerências ou tais ofensas.
terminação judicial.

Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- Personalidade jurídica e gratuidade de registro


ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações de personalidade, consistente na personalidade jurídica. Ba-
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hi- sicamente, consiste no direito de ser reconhecido como pes-
póteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investiga- soa perante a lei.
ção criminal ou instrução processual penal.
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se neces-
O sigilo de correspondência e das comunicações está me- sário o registro. Por ser instrumento que serve como pres-
lhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. suposto ao exercício de direitos fundamentais, assegura-se
a sua gratuidade aos que não tiverem condição de com ele
A respeito do tema direito à privacidade, é a disciplina in- arcar.
ternacional:
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
Artigo XII, DUDH
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecida-
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida priva- mente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimen-
da, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, to; b) a certidão de óbito.
nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem di-
reito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. O reconhecimento do marco inicial e do marco final da
personalidade jurídica pelo registro é direito individual, não
Artigo 17, PIDCP dependendo de condições financeiras. Evidente, seria absur-
do cobrar de uma pessoa sem condições a elaboração de do-
1) Ninguém poderá ser objeto de ingerência arbitrárias cumentos para que ela seja reconhecida como viva ou morta,
ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu o que apenas incentivaria a indigência dos menos favoreci-
domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas dos.
DIREITOS HUMANOS

ilegais às suas honra e reputação.

2) Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas Direito à indenização e direito de resposta
ingerências ou ofensas.
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direi-
Artigo V - Direito à proteção da honra, da reputação pes- to à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois
soal e da vida particular e familiar, DADH instrumentos, o direito à indenização e o direito de resposta,
conforme as necessidades do caso concreto.

50
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF: Civil:

Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor- Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad-
cional ao agravo, além da indenização por dano material, ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
moral ou à imagem. divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi-
cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em ní- poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
vel constitucional, não aludindo a censura prévia em diver- indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
no exercício indevido da manifestação do pensamento são
passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a
consequente responsabilidade civil e penal de seus autores, Direito à segurança
decorrentes inclusive de publicações injuriosas na imprensa,
que deve exercer vigilância e controle da matéria que divul- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção
ga”103. do direito à segurança. Na qualidade de direito individual
liga-se à segurança do indivíduo como um todo, desde sua
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se integridade física e mental, até a própria segurança jurídica.
defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal
Mesmo quando for garantido o direito de resposta não é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade
é possível reverter plenamente os danos causados pela e liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o di-
manifestação ilícita de pensamento, razão pela qual a pessoa reito à vida.
inda fará jus à indenização.
Nesta linha, para Silva105, “efetivamente, esse conjunto
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
ser individual ou coletivo, moral ou material, econômico e algum direito individual fundamental (intimidade, liberdade
não econômico. pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.

Dano material é aquele que atinge o patrimônio Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-
(material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado -se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
financeiramente e indenizado.
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adqui-
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que rido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimo-
nial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade
integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a inti- da lei.
midade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos
atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Di-
de família)”104. reito Brasileiro:

Independentemente do dano indenizável, a Convenção Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e ge-
Americana sobre Direitos Humanos, em seu artigo 14, esta- ral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
belece o principal viés da proteção legal contra violações de coisa julgada.
direitos de personalidade, qual seja, o direito de resposta. A
finalidade do direito de resposta ou de retificação é a de con- § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
ferir à pessoa lesada um modo de fazer com que o aspecto segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
de sua personalidade que foi violado - geralmente a honra -
volte ao status quo ante, isto é, retorne à percepção que tinha § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
anteriormente à violação. Para tanto, garante-se o direito de seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
resposta pelo mesmo órgão de difusão da ofensa, nos mes- aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-
mos moldes desta quanto a aspectos como tiragem e horá- fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
rio, de forma a garantir a mesma ou a mais próxima possível arbítrio de outrem.
repercussão da correção em comparação ao ato de violação.
Bem se sabe que isto não basta para eliminar todas as seque- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
las da violação, razão pela qual se destaca a não exclusão do judicial de que já não caiba recurso.
DIREITOS HUMANOS

dano indenizável.
As menções a este direito no âmbito internacional são
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código bastante genéricas, embora reincidentes. Tanto o artigo III da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, quanto o art. 9º
103 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o art.
ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
104 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 105 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Buenos Aires: Astrea, 1982. positivo... Op. Cit., p. 437.

51
7º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, men- Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a pro-
cionam o direito à segurança pessoal, sem muito delimitá-lo. priedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requi-
sitos:
Direito à propriedade
I - aproveitamento racional e adequado;
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção
do direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
delimitada em alguns incisos que o seguem. e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações


Função social da propriedade material de trabalho;

O artigo 5º, XXII, CF estabelece: IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietá-
rios e dos trabalhadores.
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
A disciplina do direito internacional dos direitos huma-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o nos assegura o direito à propriedade e permite que se vincule
principal fator limitador deste direito: tal direito ao respeito à utilidade pública e ao interesse social:

Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função Artigo XVII, DUDH
social.
1) Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em socie-
A propriedade, segundo Silva106, “[...] não pode mais ser dade com outros.
considerada como um direito individual nem como institui-
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos 2) Ninguém será arbitrariamente privado de sua proprie-
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro direi- dade.
to individual, relativizando-se seu conceito e significado, es-
pecialmente porque os princípios da ordem econômica são Artigo XXIII - Direito de propriedade, DADH
preordenados à vista da realização de seu fim: assegurar a to-
dos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Toda pessoa tem direito à propriedade particular corres-
Se é assim, então a propriedade privada, que, ademais, tem pondente às necessidades essenciais de uma vida decente, e
que atender a sua função social, fica vinculada à consecução que contribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.
daquele princípio”.
Artigo 21 - Direito à propriedade privada, CADH
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limi-
tada ao atendimento de sua função social, sendo este o re- 1) Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei
quisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
pessoa humana. A propriedade de bens e valores em geral é
um direito assegurado na Constituição Federal e, como todos 2) Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo
os outros, se encontra limitado pelos demais princípios con- mediante o pagamento de indenização justa, por mo-
forme melhor se atenda à dignidade do ser humano. tivo de utilidade pública ou de interesse social e nos
casos e na forma estabelecidos pela lei.
A Constituição Federal delimita o que se entende por fun-
ção social: 3) Tanto a usura, como qualquer outra forma de explora-
ção do homem pelo homem, devem ser reprimidas pela
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano, lei.
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desen-
volvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-es- Uso temporário
tar de seus habitantes.
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câma- de propriedade que não possui o caráter definitivo da desa-
ra Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil propriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvi-
mento e de expansão urbana. Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
DIREITOS HUMANOS

autoridade competente poderá usar de propriedade particu-


Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun- lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se hou-
ção social quando atende às exigências fundamentais de orde- ver dano.
nação da cidade expressas no plano diretor107.

106 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional


positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
107 Instrumento básico de um processo de planejamento (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

52
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de Propriedade intelectual
perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma
base para capturar um fugitivo), pois o interesse da coletivi- Além da propriedade material, o constituinte protege
dade é maior que o do indivíduo proprietário. também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:

Direito sucessório Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusi-
vo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
à propriedade, encontrando disciplina constitucional no ar-
tigo 5º, XXX e XXXI, CF: Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:

Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; a) a proteção às participações individuais em obras co-
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si- clusive nas atividades desportivas;
tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômi-
mais favorável a lei pessoal do de cujus. co das obras que criarem ou de que participarem aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
O direito à herança envolve o direito de receber – seja de- sindicais e associativas;
vido a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma
pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou a lei determi- industriais privilégio temporário para sua utilização, bem
ne. A Constituição estabelece uma disciplina específica para como proteção às criações industriais, à propriedade das mar-
bens de estrangeiros situados no Brasil, assegurando que cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
eles sejam repassados ao cônjuge e filhos brasileiros nos ter- em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e
mos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país estrangeiro). econômico do País.

Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que


Direito do consumidor deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o
patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos
autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são cone-
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, xos”.
a defesa do consumidor.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os
a partir do momento em que garante à pessoa que irá adqui- textos de obras de natureza literária, artística ou científica;
rir bens e serviços que estes sejam entregues e prestados da as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras ci-
forma adequada, impedindo que o fornecedor se enriqueça nematográficas e televisivas; as composições musicais; foto-
ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da posição grafias; ilustrações; programas de computador; coletâneas e
menos favorável e de vulnerabilidade técnica do consumi- enciclopédias; entre outras.
dor.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, ina-
O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo lienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito
recente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamen- de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na
tou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 utilização desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la
de setembro de 1990, conforme determinado pela Constitui- e retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua honra
ção Federal de 1988, que também estabeleceu no artigo 48 do ou imagem.
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos arti-
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e gos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos conta-
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código dos do primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento
de defesa do consumidor. do último coautor, ou contados do primeiro ano seguinte
à divulgação da obra se esta for de natureza audiovisual ou
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basicamente, o di-
DIREITOS HUMANOS

grande passo para a proteção da pessoa nas relações de con- reito de dispor sobre a reprodução, edição, adaptação, tra-
sumo que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossu- dução, utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer
ficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz uso de outra modalidade de utilização; sendo que estas modalida-
determinado serviço, enquanto consumidor. des de utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito.

“Os direitos autorais, também conhecidos como copyri-


ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, poden-
do ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que

53
a permissão a terceiros de utilização de criações artísticas é Artigo 14 - Direito aos benefícios da cultura, PCADH
direito do autor. [...] A proteção constitucional abrange o plá-
gio e a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se 1) Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem o
pela difusão de obra criada ou produzida por terceiros, como direito de toda pessoa a:
se fosse própria, a segunda configura a reprodução de obra
alheia sem a necessária permissão do autor”108. a)  Participar na vida cultural e artística da comunidade;

O direito à propriedade intelectual aparece como direito b)  Gozar dos benefícios do progresso científico e tecnológi-
humano associado ao direito à cultura, colocado como pon- co;
to de balanceamento em relação aos direitos morais e patri-
moniais do autor: c)  Beneficiarse da proteção dos interesses morais e mate-
riais que lhe caibam em virtude das produções cientí-
Artigo XXVII, DUDH ficas, literárias ou artísticas de que for autora.

1) Toda pessoa tem o direito de participar livremente da 2)  Entre as medidas que os Estados Partes neste Protocolo
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de par- deverão adotar para assegurar o pleno exercício deste
ticipar do processo científico e de seus benefícios. direito, figurarão as necessárias para a conservação, de-
senvolvimento e divulgação da ciência, da cultura e da
2) Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses mo- arte.
rais e materiais decorrentes de qualquer produção
científica, literária ou artística da qual seja autor. 3) Os Estados Partes neste Protocolo comprometemse a
respeitar a liberdade indispensável para a pesquisa
Artigo 15, PIDESC científica e a atividade criadora.

1) Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada 4)  Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem os bene-
indivíduo o direito de: fícios que decorrem da promoção e desenvolvimento da
cooperação e das relações internacionais em assuntos
a) participar da vida cultural; científicos, artísticos e culturais e, nesse sentido, com-
prometemse a propiciar maior cooperação interna-
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações; cional nesse campo.

c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e ma-


teriais decorrentes de toda a produção científica, lite- Direitos de acesso à justiça
rária ou artística de que seja autor.
A formação de um conceito sistemático de acesso à justi-
2) As medidas que os Estados Partes do presente Pacto ça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram
deverão adotar com a finalidade de assegurar o pleno três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos básicos
exercício desse direito aquelas necessárias à conserva- para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas foram per-
ção, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cul- cebidas paulatinamente com a evolução do Direito moderno
tura. conforme implementadas as bases da onda anterior, quer
dizer, ficou evidente aos autores a emergência de uma nova
3) Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a onda quando superada a afirmação das premissas da onda
respeitar a liberdade indispensável à pesquisa científica anterior, restando parcialmente implementada (visto que até
e à atividade criadora. hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento em to-
das as ondas).
4) Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os be-
nefícios que derivam do fomento e do desenvolvimento Primeiro, Cappelletti e Garth109 entendem que surgiu
da cooperação e das relações internacionais no domí- uma onda de concessão de assistência judiciária aos pobres,
nio da ciência e da cultura. partindo-se da prestação sem interesse de remuneração por
parte dos advogados e, ao final, levando à criação de um apa-
Artigo XIII - Direito aos benefícios da cultura, DADH rato estrutural para a prestação da assistência pelo Estado.

Toda pessoa tem o direito de tomar parte na vida cultural Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth110,
da coletividade, de gozar das artes e de desfrutar dos benefícios veio a onda de superação do problema na representação dos
resultantes do progresso intelectual e, especialmente, das des- interesses difusos, saindo da concepção tradicional de pro-
cobertas científicas. cesso como algo restrito a apenas duas partes individualiza-
DIREITOS HUMANOS

das e ocasionando o surgimento de novas instituições, como


 Tem o direito, outrossim, de ser protegida em seus inte- o Ministério Público.
resses morais e materiais no que se refere às invenções, obras
literárias, científicas ou artísticas de sua autoria.
109 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça.
108 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamen- Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antô-
tais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Consti- nio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
tuição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurispru-
dência. São Paulo: Atlas, 1997. 110 Ibid., p. 49-52

54
Finalmente, Cappelletti e Garth111 apontam uma tercei- De nada adiantaria garantir um rol de proteção a direi-
ra onda consistente no surgimento de uma concepção mais tos humanos fundamentais sem a previsão de meios para o
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins- exercício de tais direitos. Conscientes disso, os documentos
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: internacionais de direitos humanos estabelecem meios para
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla varie- assegurar tais direitos reconhecendo, por um lado, o direito
dade de reformas, incluindo alterações nas formas de proce- a um sistema nacional de proteção de todos direitos e obri-
dimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação gações, e estabelecendo, por outro lado, sistemas internacio-
de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou paraprofis- nais de proteção de direitos humanos, em garantia de acesso
sionais, tanto como juízes quanto como defensores, modi- à jurisdição internacional.
ficações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou
facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados Com efeito, destaca-se o teor da Declaração e Princípios
ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, de Ação de Viena, de 1993, que permite relacionar a impor-
não receia inovações radicais e compreensivas, que vão mui- tância do acesso à justiça com a consolidação substancial
to além da esfera de representação judicial”. dos direitos humanos: “Parte I. 27. Qualquer Estado deverá
dispor de um quadro efetivo de soluções para reparar injus-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos as- tiças ou violações dos direitos humanos. A administração da
pectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o justiça, incluindo departamentos policiais e de promoção
Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas as penal e, nomeadamente, a independência do poder judicial
pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta garantir e estatuto das profissões forenses em total conformidade
meios de acesso se estes forem insuficientes, já que para que com as normas aplicáveis contidas em instrumentos inter-
exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário que se apli- nacionais de direitos humanos, são essenciais para a concre-
que o direito material de maneira justa e célere. tização plena e não discriminatória dos direitos do homem e
indispensáveis aos processos democrático e de desenvolvi-
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, pre- mento sustentado. Neste contexto, deverão ser criadas insti-
vê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: tuições que se dediquem à administração da justiça, deven-
do a comunidade internacional providenciar por um maior
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po- apoio técnico e financeiro. Compete às Nações Unidas utili-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito. zar, com carácter prioritário, programas especiais de serviços
de consultoria com vista à obtenção de uma administração
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí- da justiça forte e independente”.
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante a A temática do acesso à justiça desperta inúmeras discus-
necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sões, tanto é que foi foco da XIV Cúpula Judicial Ibero-Ame-
sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao Poder ricana, realizada em Brasília em março de 2008, a qual resul-
Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibilidade, ela tou, dentre outros documentos, na elaboração das Regras de
será resolvida, independentemente de haver ou não previsão Brasília sobre Acesso à Justiça das Pessoas em condição de
específica a respeito na legislação. Vulnerabilidade.

Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no


que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favore- Direitos constitucionais-penais
cidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exce-
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídi- ção
ca integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos. Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:

O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade ciado senão pela autoridade competente”, consolida o prin-
processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o cípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de
inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: conhecer previamente daquele que a julgará no processo em
que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- para a matéria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer.
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o
DIREITOS HUMANOS

acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
que se deve acelerar o processo em detrimento de direitos e ceção.
garantias assegurados em lei, mas sim que é preciso propor-
cionar um trâmite que dure nem mais e nem menos que o Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
necessário para a efetiva realização da justiça no caso con- criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
creto. cido como legítimo pela Constituição do país.

Consta na disciplina internacional dos direitos humanos:


111 Ibid., p. 67-73

55
Artigo X, DUDH d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida.
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au-
diência justa e pública por parte de um tribunal indepen- O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
dente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não
magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
Artigo 14, PIDCP natureza possuem fortes fatores de influência emocional.

1) Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a
cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ou- defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada am-
vida publicamente e com as devidas garantias por um pla defesa assegurada em todos os procedimentos judiciais e
tribunal competente, independente e imparcial, esta- administrativos.
belecido por lei, na apuração de qualquer acusação de
caráter penal formulada contra ela ou na determina- Sigilo das votações envolve a realização de votações se-
ção de seus direitos e obrigações de caráter civil. A im- cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem o
prensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da conselho que irá julgar o ato praticado.
totalidade de um julgamento, que por motivo de moral
pública, de ordem pública ou de segurança nacional A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
em uma sociedade democrática, quer quando o interes- soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
se da vida privada das partes o exija, quer na medida jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal
em que isso seja estritamente necessário na opinião da do Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez
justiça, em circunstâncias específicas, nas quais a pu- cassada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordena-
blicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; mento jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria
penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que Por fim, a competência para julgamento é dos crimes do-
o interesse de menores exija procedimento oposto, ou o losos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
processo diga respeito a controvérsia matrimoniais ou á de produção do resultado) contra a vida, que são: homicídio,
tutela de menores. aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e infan-
ticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada, por ve-
Artigo XXVI - Direito a processo regular, DADH zes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b) e c) /
105, I, a) / 108, I).
Toda pessoa acusada de um delito tem o direito de ser ou-
vida numa forma imparcial e pública, de ser julgada por tri-
bunais já estabelecidos de acordo com leis preexistentes, [...] Anterioridade e irretroatividade da lei
Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:

1) Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas Artigo 5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz defina, nem pena sem prévia cominação legal.
ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
determinação de seus direitos e obrigações de caráter da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação
[...] legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há crime
sem lei anterior que o defina.
5) O processo penal deve ser público, salvo no que for ne-
cessário para preservar os interesses da justiça. Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se
o artigo 5º, XL, CF:

Tribunal do júri Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be-
neficiar o réu.
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o ar-
tigo 5º, XXXVIII, CF: O dispositivo consolida outra faceta do princípio da an-
terioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha de-
DIREITOS HUMANOS

Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com finido um fato como crime e dado certo tratamento penal a
a organização que lhe der a lei, assegurados: este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo de pena,
etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier uma lei pos-
a) a plenitude de defesa; terior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que confira
tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou alterando
b) o sigilo das votações; o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada.
Restam consagrados tanto o princípio da irretroatividade da
c) a soberania dos veredictos; lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal mais

56
benéfica. cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão provi-
sória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda de pre-
Observemos a disciplina do direito internacional dos di- tensão de se processar/punir uma pessoa pelo decurso do
reitos humanos: tempo).

Artigo XI, DUDH Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:

2) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
omissão que, no momento, não constituíam delito pe- e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o
rante o direito nacional ou internacional. Tampouco tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
será imposta pena mais forte do que aquela que, no os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omi-
tirem.
Artigo 15, PIDCP
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter-
1) Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e ex-
que não constituam delito de acordo com direito na- tingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas
cional ou internacional, no momento em que foram extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a anistia,
cometidos. Tampouco poder-se-á impor pena mais em regra, atinge crimes políticos, a graça e o indulto, crimes
grave do que a aplicável no momento da ocorrência do comuns; a anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo,
delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a graça e o indulto são de competência exclusiva do Presi-
a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dente da República; a anistia pode ser concedida antes da
beneficiar-se. sentença final ou depois da condenação irrecorrível, a graça
e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença
2) Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o jul- condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a punibi-
gamento ou a condenação de qualquer indivíduo por lidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia;
atos ou omissões que, no momento em que foram co- graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é
metidos, eram considerados delituosos de acordo com coletivo e espontâneo.
os princípios gerais de direito reconhecidos pela co-
munidade das nações. Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra cri-
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade, mes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (pre-
CADH vistos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são
crimes que não aceitam fiança.
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que,
no momento em que foram cometidos, não constituam delito, Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á im-
por pena mais grave do que a aplicável no momento da ocor- Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e impres-
rência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipu- critível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
lar a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela a ordem constitucional e o Estado Democrático.
beneficiar-se.

Personalidade da pena
Menções específicas a crimes
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º,
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: XLV, CF:

Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela patrimônio transferido.
qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No en-
tanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamento O princípio da personalidade encerra o comando de o
específico a certas práticas criminosas. crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
DIREITOS HUMANOS

Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
termos da lei. responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.

A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes No mesmo sentido, assegura a Convenção Americana so-
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não bre Direitos Humanos:

57
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal, CADH Também se denota o respeito à individualização da pena
nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
3) A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condi-
ções para que possam permanecer com seus filhos durante o
Individualização da pena período de amamentação.

A individualização da pena tem por finalidade concreti- Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
zar o princípio de que a responsabilização penal é sempre da a condição peculiar da presa que possui filho no período
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculiari- de amamentação, mas também se preserva a dignidade da
dades do agente. criança, não a afastando do seio materno de maneira precá-
ria e impedindo a formação de vínculo pela amamentação.
A primeira menção à individualização da pena se encon-
tra no artigo 5º, XLVI, CF: As Regras Mínimas da ONU concentram políticas de
tratamento dos reclusos como indivíduos e não como mas-
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da sa, notadamente no momento de execução da pena. Neste
pena e adotará, entre outras, as seguintes: sentido, o item 63: “(1) A realização destes princípios exige
a individualização do tratamento e, para este efeito, um sis-
a) privação ou restrição da liberdade; tema flexível de classificação dos reclusos por grupos; é por
isso desejável que tais grupos sejam colocados em estabele-
b) perda de bens; cimentos separados que permitam a cada grupo receber um
tratamento adequado. (2) Estes estabelecimentos não têm
c) multa; de prever o mesmo grau de segurança para todos os grupos.
É desejável prever vários graus de segurança de acordo com
d) prestação social alternativa; as necessidades dos diferentes grupos. Os estabelecimentos
abertos, pelo próprio fato de não preverem medidas de segu-
e) suspensão ou interdição de direitos. rança física contra a evasão, confiando antes na autodiscipli-
na dos reclusos, oferecem as condições de reabilitação mais
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve favoráveis para reclusos cuidadosamente selecionados. (3) É
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e execu- desejável que o número de reclusos nos estabelecimentos fe-
tório, evitando-se a padronização a sanção penal. A indivi- chados não seja elevado ao ponto de prejudicar a individua-
dualização da pena significa adaptar a pena ao condenado, lização do tratamento. Em alguns países, considera-se que
consideradas as características do agente e do delito. a população de tais estabelecimentos não deve ultrapassar
as quinhentas pessoas. Nos estabelecimentos abertos, a po-
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com pulação deve ser tão reduzida quanto possível. (4) Por outro
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, lado, não é desejável manter estabelecimentos prisionais tão
consistente em permanecer em algum estabelecimento pri- pequenos que impossibilitem a disponibilização dos meios
sional, por um determinado tempo. adequados”. Logo, o detento deve ser visto como indivíduo e
aproximado daqueles que possuam a mesma condição, sem
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição prejuízo de um tratamento individualizado.
do patrimônio do indivíduo delituoso.
Também pelo artigo 69 das Regras Mínimas da ONU,
A prestação social alternativa corresponde às penas res- tem-se a separação de grupos com vistas à atribuição de tra-
tritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas pri- tamento especial, o que reforça a individualização da pena
vativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Código na fase de execução: “69. Logo que possível após a admissão
Penal. e depois de um estudo da personalidade de cada recluso con-
denado a uma pena cuja duração o justifique, será preparado
Por seu turno, a individualização da pena deve também um programa de tratamento para o recluso, à luz dos dados
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de- obtidos sobre as suas necessidades individuais, capacidades
preende do artigo 5º, XLVIII, CF: e estado de espírito”. Referido programa toma por vista as pe-
culiaridades de cada recluso para definir o melhor modo de
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci- cumprimento da sua pena, favorecendo sua ressocialização.
mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a ida-
de e o sexo do apenado.
Vedação de determinadas penas
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do
DIREITOS HUMANOS

delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato suficiente penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, o nível
de segurança das prisões. Quanto à idade, destacam-se as Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
Fundações Casas, para cumprimento de medida por meno-
res infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam ser exclusi- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
vamente para homens ou para mulheres. do art. 84, XIX;

58
b) de caráter perpétuo; Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será sub-
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
c) de trabalhos forçados; em lei.

d) de banimento; Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque


fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc.
e) cruéis. Pensa-se que seria uma situação constrangedora desneces-
sária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade moral.
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Eis a disciplina dos direitos humanos:
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”112 . Artigo 10, PIDCP

Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o 1) Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser trata-
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan- da com humanidade e respeito à dignidade inerente à
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se pessoa humana.
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser Artigo XXV - Direito de proteção contra prisão arbitrá-
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumprido ria, DADH
pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), que
prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento nos [...] Tem também direito a um tratamento humano du-
casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes mili- rante o tempo em que o privarem da sua liberdade.
tares em tempo de guerra.
Artigo XXVI - Direito a processo regular, DADH
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer
circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos Toda pessoa acusada de um delito tem o direito [...] de que
forçados, de banimento e cruéis. se lhe não inflijam penas cruéis, infamantes ou inusitadas.

No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o Artigo 5º, CADH - Direito à integridade pessoal
trabalho obrigatório não é considerado um tratamento con-
trário à dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o 1) Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integrida-
seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condições do ape- de física, psíquica e moral. [...]
nado, não podendo ser cruel ou menosprezar a capacidade
física e intelectual do condenado; como o trabalho não exis- 6) As penas privativas de liberdade devem ter por finali-
te independente da educação, cabe incentivar o aperfeiçoa- dade essencial a reforma e a readaptação social dos
mento pessoal; até mesmo porque o trabalho deve se aproxi- condenados.
mar da realidade do mundo externo, será remunerado; além
disso, condições de dignidade e segurança do trabalhador,
como descanso semanal e equipamentos de proteção, deve- Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
rão ser respeitados.
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:

Respeito à integridade do preso Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal.
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à ser respeitada quando o Estado pretender punir alguém ju-
integridade física e moral. dicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e
seguir estritamente a legislação vigente, sob pena de nulida-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do de processual.
preso é uma violação do princípio da dignidade da pessoa
humana. Surgem como corolário do devido processo legal o con-
traditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Fe- 5º, LV, CF:
deral. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de
DIREITOS HUMANOS

tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
que vale na execução da pena. administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: inerentes.

O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual


se deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei
112 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa.
16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

59
Não obstante, o devido processo legal tem sua faceta mate- acusação formulada;
rial que consiste na tomada de decisões justas, que respeitem
os parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade. c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários
à preparação de sua defesa;
É a disciplina do direito internacional dos direitos
humanos: d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de
ser assistido por um defensor de sua escolha e de comu-
Artigo 9º, PIDCP nicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

2) Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor
das razões da prisão e notificada, sem demora, das proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, se-
acusações formuladas contra ela. gundo a legislação interna, se o acusado não se defen-
der ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo
Artigo 14, PIDCP estabelecido pela lei;

3) Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes
igualdade, a, pelo menos, as seguintes garantias: no Tribunal e de obter o comparecimento, como teste-
munhas ou peritos, de outras pessoas que possam lan-
a) de ser informado, sem demora, numa língua que com- çar luz sobre os fatos;
preenda e de forma minuciosa, da natureza e dos moti-
vos da acusação contra ela formulada; g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma,
nem a confessar-se culpada; e [...]
b) de dispor do tempo e do meios necessários à preparação
de sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua
escolha; Vedação de provas ilícitas
c) de ser julgado sem dilações indevidas; Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pes- Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
soalmente ou por intermédio de defensor de sua esco- obtidas por meios ilícitos.
lha; de ser informado, caso não tenha defensor, do di-
reito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo
da justiça assim exija, de ter um defensor designado ex
officio gratuitamente, se não tiver meios para remune- 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitu-
rá-lo; cionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de
direito material, constitucional ou legal, no momento da sua
e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar o des-
acusação e de obter o comparecimento e o interrogató- cumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir: seria
rio das testemunhas de defesa nas mesmas condições de paradoxal.
que dispõe as de acusação;

f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso Presunção de inocência


não compreenda ou não fale a língua empregada du-
rante o julgamento; Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:

g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até
confessar-se culpada. o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal, CADH Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo
qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judi-
4) Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das ra- ciário assim decida, respeitados todos os princípios e garan-
zões da detenção e notificada, sem demora, da acusação tias constitucionais.
ou das acusações formuladas contra ela.
Eis a disciplina do direito internacional dos direitos hu-
Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH manos:
DIREITOS HUMANOS

2) [...] Durante o processo, toda pessoa tem direito, em ple- Artigo XI, DUDH
na igualdade, às seguintes garantias mínimas:
1) Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por de ser presumida inocente até que a sua culpabilida-
um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou de tenha sido provada de acordo com a lei, em julga-
não fale a língua do juízo ou tribunal; mento público no qual lhe tenham sido asseguradas
todas as garantias necessárias à sua defesa.
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da

60
Artigo 14, PIDCP Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
2) Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar
presuma sua inocência enquanto não for legalmente ou crime propriamente militar, definidos em lei.
comprovada sua culpa.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante de-
Artigo XXVI - Direito a processo regular, DADH lito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em
caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas primei-
Parte-se do princípio que todo acusado é inocente, até ras independente do trânsito em julgado, preenchidos requi-
provar-se-lhe a culpabilidade. sitos legais e a última pela irreversibilidade da condenação).

Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
2) Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
comprovada sua culpa. [...] onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Uma das decorrências lógicas do princípio da presunção
de inocência é o direito de não depor contra si mesmo, asse- Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os
gurado no campo do direito internacional dos direitos hu- seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar
manos: em contato com sua família e com um advogado, conforme
artigo 5º, LXIII, CF:
Artigo 14, PIDCP
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi-
3) [...] g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegu-
nem a confessar-se culpada. rada a assistência da família e de advogado.

Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

2) [...] Durante o processo, toda pessoa tem direito, em ple- Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos
na igualdade, às seguintes garantias mínimas: [...] responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.

g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do
nem a confessar-se culpada; e [...] depoimento do interrogatório são assinados pelas autorida-
des envolvidas nas práticas destes atos procedimentais.
3) A confissão do acusado só é válida se feita sem coação
de nenhuma natureza. Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Ação penal privada subsidiária da pública
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente re-
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: laxada pela autoridade judiciária.

Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. do artigo 5º, LXVI, CF:

A chamada ação penal privada subsidiária da pública en- Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
contra respaldo constitucional, assegurando que a omissão mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
do poder público na atividade de persecução criminal não ou sem fiança.
será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o inte-
ressado a proponha. Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao
princípio da presunção de inocência, entende-se que ela não
deve ser mantida presa quando não preencher os requisitos
Prisão e liberdade legais para prisão preventiva ou temporária.

O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo Observemos a disciplina no campo do direito internacio-
DIREITOS HUMANOS

5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se nal dos direitos humanos:


tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamen-
te, a prisão não é vedada em todos os casos, porque práticas Artigo IX, DUDH
atentatórias a direitos fundamentais implicam na tipificação
penal, autorizando a restrição da liberdade daquele que as- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
sim agiu.
Artigo 9º, PIDCP
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:

61
1) [...] Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitra- Artigo 9º, PIDCP
riamente. Ninguém poderá ser privado de sua liberda-
de, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformi- 5) Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento
dade com os procedimentos. ilegais terá direito à reparação.

3) [...] Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de Artigo 14, PIDCP


infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à
presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por 6) Se uma sentença condenatória passada em julgado for
lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em posteriormente anulada ou se indulto for concedido,
prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão pela ocorrência ou descoberta de fatos novos que pro-
preventiva de pessoas que aguardam julgamento não vem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa
deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá que sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá
estar condicionada a garantias que assegurem o com- ser indenizada, de acordo com a lei, a menos que fique
parecimento da pessoa em questão à audiência, a todos provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente,
os atos do processo e, se necessário for, para a execução não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil.
da sentença.
Artigo 10 - Direito à indenização, CADH
Artigo XXV - Direito de proteção contra prisão arbitrá-
ria, DADH Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei,
no caso de haver sido condenada em sentença transitada em
Ninguém pode ser privado da sua liberdade, a não ser nos julgado, por erro judiciário.
casos previstos pelas leis e segundo as praxes estabelecidas
pelas leis já existentes. [...] Todo indivíduo, que tenha sido
privado da sua liberdade, tem o direito de que o juiz verifique Outras previsões de direitos humanos-penais
sem demora a legalidade da medida, e de que o julgue sem
protelação injustificada, ou, no caso contrário, de ser posto Duplo grau de jurisdição
em liberdade. [...]
Duplo grau é a garantia de recurso àquele que tenha sua
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal, CADH liberdade privada por decisão da autoridade competente,
o qual, se provido, fará cessar a ilegalidade e determinará
2) Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo a soltura do recorrente. Tal recurso poderá ser interposto a
pelas causas e nas condições previamente fixadas pe- juiz ou Tribunal - hipótese última a mais comum -, caso em
las Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas que se faz presente o chamado princípio do duplo grau de
leis de acordo com elas promulgadas. jurisdição. Logo, em termos de direitos humanos, perante as
Nações Unidas, não se pode afirmar que o duplo grau de ju-
3) Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarcera- risdição seja um direito, embora o recurso o seja, posto que
mento arbitrários. [...] cabe interposição perante juiz competente de mesmo grau,
conforme a legislação interna preveja, uma vez que não há
5) Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, previsão no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade nem na Declaração Universal dos Direitos Humanos neste
autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o di- linear. Contudo, o Pacto de São José da Costa Rica prevê o
reito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta duplo grau de jurisdição em seu artigo 8º, item 2, alínea h, de
em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. modo que perante a Organização dos Estados Americanos o
Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que duplo grau de jurisdição é reconhecido como um direito hu-
assegurem o seu comparecimento em juízo. mano, consistente na possibilidade de recorrer da sentença
penal condenatória a um juiz ou Tribunal de grau superior.

Indenização por erro judiciário Artigo 9º, PIDCP

A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário 4) Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por
encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: prisão ou encarceramento terá de recorrer a um tribu-
nal para que este decida sobre a legalidade de seu en-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por carceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo sido ilegal.
fixado na sentença.
Artigo 14, PIDCP
DIREITOS HUMANOS

Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e


julgamento de um processo criminal, resultando em conde- 5) Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o di-
nação de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. reito de recorrer da sentença condenatória e da pena a
Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa além do uma instância, em conformidade com a lei.
tempo que foi condenada a cumprir.
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal, CADH
Observemos a disciplina do direito internacional dos di-
reitos humanos: 6) Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer

62
a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este de- o comparecimento da pessoa em questão à audiência,
cida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou a todos os atos do processo e, se necessário for, para a
detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção execução da sentença.
forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis preveem que
toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua Artigo 7º, CADH
liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente, a fim de que este decida sobre a legalida- 5) Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida,
de de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido sem demora, à presença de um juiz ou outra autori-
nem abolido. O recurso pode ser interposto pela pró- dade autorizada por lei a exercer funções judiciais e
pria pessoa ou por outra pessoa. tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser
posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o pro-
Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH cesso. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias
que assegurem o seu comparecimento em juízo.
2) [...] h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal
superior.
Direitos fundamentais implícitos

Revisão criminal pro reo Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:

O direito de que a revisão criminal apenas se faça a favor Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
do réu está disciplinado no direito internacional dos direitos Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
humanos: princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Artigo 14, PIDCP
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
6) Se uma sentença condenatória passada em julgado for estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
posteriormente anulada ou se indulto for concedido, do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas
pela ocorrência ou descoberta de fatos novos que pro- exemplificativo, não taxativo.
vem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa
que sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá
ser indenizada, de acordo com a lei, a menos que fique Tribunal Penal Internacional
provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente,
não revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:

7) Ninguém poderá ser processado ou punido por um de- Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tri-
lito pelo qual já foi absolvido ou condenado por sen- bunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
tença passada em julgado, em conformidade com a lei adesão.
e os procedimentos penais de cada país.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
Artigo 8º - Garantias judiciais, CADH promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setem-
bro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma,
4) O acusado absolvido por sentença transitada em jul- no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência e o fun-
gado não poderá ser submetido a novo processo pelos cionamento deste Tribunal voltado às pessoas responsáveis
mesmos fatos. por crimes de maior gravidade com repercussão internacio-
nal (artigo 1º, ETPI).

Audiência de custódia “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-


risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
O direito de ser conduzido sem demora a uma autoridade compete o processo e julgamento de violações contra indi-
tão logo feita a detenção, sanando eventuais arbitrariedades víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
que tenham se apresentado neste processo, é garantido nos da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
documentos internacionais de proteção dos direitos huma- cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
nos. restrita a uma situação específica”113.

Artigo 9º, PIDCP Resume Mello114: “a Conferência das Nações Unidas sobre
a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em
DIREITOS HUMANOS

3) Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente.
infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à Tem sede em Haia. A corte tem personalidade internacional.
presença do juiz ou de outra autoridade habilitada Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra a humani-
por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser
julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberda- 113 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público
de. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julga- & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
mento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura
poderá estar condicionada a garantias que assegurem 114 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito In-
ternacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

63
dade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. Para o crime g) Competência: é determinada pela autoridade coatora,
de genocídio usa a definição da convenção de 1948. Como sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
crimes contra a humanidade são citados: assassinato, escra- Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na
vidão, prisão violando as normas internacionais, violação Vara Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara
tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição forçada, Criminal é a autoridade coatora, impetra no Tribunal
esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio interna- de Justiça.
cional, destruição de bens não justificada pela guerra, depor-
tação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”. h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648,
CPP:

Remédios constitucionais Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando


não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por
Remédios constitucionais são as espécies de ações judi- mais tempo do que determina a lei; III - quando quem orde-
ciárias que visam proteger os direitos fundamentais reco- nar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando
nhecidos no texto constitucional quando a declaração e a houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando
garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder Ju- não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que
diciário será acionado para sanar o desrespeito a estes direi- a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente
tos fundamentais, servindo cada espécie de ação para uma nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
forma de violação.
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do
Código de Processo Penal.
Habeas corpus

No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Habeas data


Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
abuso de poder. do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público; b) para a re-
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, tificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
CF. sigiloso, judicial ou administrativo.

a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (arti-
1215, foi o primeiro documento a mencionar este re- go 5º, LXXVII, CF).
médio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamen-
tou. a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de
1974.
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de
locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou- b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais
tros remédios constitucionais de direitos que não este, constantes de registros ou bancos de dados de entida-
o habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, des governamentais ou de caráter público, para o co-
apenas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de nhecimento ou retificação (correção).
ir e vir.
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho pre- acesso a informações pessoais.
dominantemente penal, pois protege o direito de ir e
vir e vai contra a restrição arbitrária da liberdade. d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estran-
geira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri-
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de vio- vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados
lação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo devem ser a respeito da pessoa que a propõe.
conduto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver
se materializado. e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da
Administração Pública Direta e Indireta nas três esfe-
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, ras, bem como instituições, órgãos, entidades e pes-
DIREITOS HUMANOS

em próprio nome ou de terceiro, bem como o Minis- soas jurídicas privadas prestadores de serviços de in-
tério Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que in- teresse público que possuam dados relativos à pessoa
gressa com a ação e paciente é aquele que está sendo do impetrante.
vítima da restrição à liberdade de locomoção. As duas
figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Cons-
tituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tri-
privado. bunais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como

64
dos juízes federais (art. 109, VIII). h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coa-
tora.
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no-
vembro de 1997. i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009.
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.

Mandado de segurança individual


Mandado de segurança coletivo
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de seguran- com mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º,
ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por LXX:
habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder ser impetrado por: a) partido político com representação no
Público. Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi- membros ou associados.
nares possessórias.
a) Origem: Constituição Federal de 1988.
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com na-
tureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e
de atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da certo relacionado a interesses transindividuais (indivi-
omissão administrativa, geradores de lesão a direito duais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da
líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder. São legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e
protegidos todos os direitos líquidos e certos à exce- determinadas associações.
ção da proteção de direitos humanos à liberdade de
locomoção e ao acesso ou retificação de informações c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza ci-
relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- vil, independente da natureza do ato, de caráter cole-
tros ou bancos de dados de entidades governamentais tivo.
ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
específicos. d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo
são os direitos coletivos e os direitos individuais ho-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza mogêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos
civil, independente da natureza do ato impugnado direitos difusos, conforme posicionamento ampla-
(administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra- mente majoritário, já que, dada sua difícil individua-
balhista). lização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou
do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência único, Lei nº 12.016/09).
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório,
quando já consumado o abuso/ilegalidade. e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria dis-
ciplina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demons- 12.016/09, é de partido político com representação no
trado de plano mediante prova pré-constituída, sem a Congresso Nacional, bem como de organização sindi-
necessidade de dilação probatória, isto devido à natu- cal, entidade de classe ou associação legalmente cons-
reza célere e sumária do procedimento. tituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
ano, em defesa de direitos líquidos e certos que atin-
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangen- jam diretamente seus interesses ou de seus membros.
do não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como ór- f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
gãos públicos despersonalizados e universalidades/
pessoas formais reconhecidas por lei. Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coleti-
vo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros
DIREITOS HUMANOS

g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litis-
o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “conside- pendência para as ações individuais, mas os efeitos
ra-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a tí-
ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua tulo individual se não requerer a desistência de seu
prática”. mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a
contar da ciência comprovada da impetração da se-

65
gurança coletiva.

§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só po- Ação popular


derá ser concedida após a audiência do representan-
te judicial da pessoa jurídica de direito público, que Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas)
horas. Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
Mandado de injunção moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção a) Origem: Constituição Federal de 1934.
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prer- b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democra-
rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- cia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
nia. coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação
dos interesses transindividuais.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
seja proposto o mandado de injunção são a existên- c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que
cia de norma constitucional de eficácia limitada que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
prescreva direitos, liberdades constitucionais e prer- tidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
cidadania; além da falta de norma regulamentadores, e cultural
impossibilitando o exercício dos direitos, liberdades e
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o hábito d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele
que se incutiu no legislador brasileiro de não regula- nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políti-
mentar as normas de eficácia limitada para que elas cos.
não sejam aplicáveis.
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública,
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de al-
regulamentação de normas constitucionais de eficácia gum modo lide com a coisa pública.
limitada.
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou es- ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
trangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti- 4.717/65).
tularize direito fundamental não materializável por
omissão legislativa do Poder público, bem como o Mi- g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de ju-
nistério Público na defesa de seus interesses institu- nho de 1965.
cionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas
jurídicas de direito público. h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.

d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a


elaboração de norma regulamentadora for atribuição DOS DIREITOS SOCIAIS
do Presidente da República, do Congresso Nacional, da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas
de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Con- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
tas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); normas programáticas e que necessitam de uma postura in-
ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração terventiva estatal em prol da implementação.
da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração di- Os direitos assegurados nesta categoria encontram men-
reta ou indireta, excetuados os casos da competência ção genérica no artigo 6º, CF:
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Artigo 6º, CF. São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
DIREITOS HUMANOS

Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Supe-


rior Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regio- previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
nais Eleitorais denegarem habeas corpus, mandado de assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
segurança, habeas data ou mandado de injunção (art.
121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
frente aos entes a ele vinculados. Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direitos
e) Procedimento: aplicação da Lei nº 13.300/16. econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos so-
ciais envolvem prestações positivas do Estado (diferente dos

66
de liberdade, que referem-se à postura de abstenção estatal), Reserva do possível e mínimo existencial
ou seja, políticas estatais que visem consolidar o princípio
da igualdade não apenas formalmente, mas materialmente Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
(tratando os desiguais de maneira desigual). notadamente porque estão previstos em normas programá-
ticas e porque a implementação deles gera um ônus para o
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que depen-
que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa dem de uma postura de abstenção estatal, os direitos sociais
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, precisam que o Estado assuma um papel ativo em prol da
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem efetivação destes.
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a
respeitos de direitos indicados como sociais. A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à nega-
Igualdade material e efetivação dos direitos sociais tiva, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência de
uma Carta Magna cujas finalidades não condigam com seus
Independentemente da categoria de direitos que este- próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder Público
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num como determinador de que particulares respeitem os direi-
sentido meramente formal, mas necessariamente material. tos fundamentais, já que sequer eles próprios, os adminis-
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas tradores, conseguem cumprir o que consta de seu Estatuto
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, como Máximo115.
também se mostram essenciais.
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igual- cláusula da reserva do possível como argumento para a não
dade material assume grande relevância. Afinal, esta cate- implementação de determinado direito social – seja pela ab-
goria de direitos pressupõe uma postura ativa do Estado em soluta ausência de recursos (reserva do possível fática), seja
prol da efetivação. Nem todos podem arcar com suas des- pela ausência de previsão orçamentária nos termos do artigo
pesas de saúde, educação, cultura, alimentação e moradia, 167, CF (reserva do possível jurídica).
assim como nem todos se encontram na posição de explora-
dor da mão-de-obra, sendo a grande maioria da população O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os
de explorados. Estas pessoas estão numa clara posição de direitos sociais “não pode converter-se em promessa consti-
desigualdade e caberá ao Estado cuidar para que progressi- tucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, frau-
vamente atinjam uma posição de igualdade real, já que não dando justas expectativas nele depositadas pela coletivida-
é por conta desta posição desfavorável que se pode afirmar de, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
que são menos dignos, menos titulares de direitos funda- impostergável dever, por um gesto irresponsável de infideli-
mentais. dade governamental ao que determina a própria Lei Funda-
mental do Estado”116.
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do pos-
material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aper- sível, embora viável, não pode servir de muleta para que o
feiçoamento da oferta de serviços públicos com qualidade Estado não arque com obrigações básicas. Neste viés, geral-
para que todos os nacionais tenham garantidos seus direitos mente, quando invocada a cláusula é afastada, entendendo o
fundamentais de segunda dimensão da maneira mais plena Poder Judiciário que não cabe ao Estado se eximir de garantir
possível. direitos sociais com o simples argumento de que não há or-
çamento específico para isso – ele deveria ter reservado par-
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas cela suficiente de suas finanças para atender esta demanda.
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so-
ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condições que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
para sustentarem suas necessidades pertencentes a esta ca- ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
tegoria de direitos. serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder
Judiciário em prol de sua efetivação.
No campo dos direitos humanos, num reforço às previ-
sões genéricas sobre o direito à igualdade feitas na Declara-
ção Universal de 1948, no Pacto Internacional dos Direitos Princípio da proibição do retrocesso
Civis e Políticos de 1966 e na Convenção Americana sobre Di-
reitos Humanos de 1969, o Pacto Internacional dos Direitos Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma
DIREITOS HUMANOS

Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 traz as previsões de conquista garantida na Constituição Federal sofra um retro-
seus artigos 2º e 3º. Ao passo que o artigo 2º volta-se à proi- cesso, de modo que um direito social garantido não pode
bição de discriminações como um todo quanto aos direitos deixar de o ser.
econômicos, sociais e culturais, abrangendo desde raça,
passando por religião ou mesmo opinião política, mas pre- 115 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
tendendo acima de tudo se referir a qualquer discriminação nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma consti-
indevida; o artigo 3º reforça a igualdade entre homens e mu- tucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
lheres no gozo dos mesmos direitos.
116 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

67
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve nômica nacional, poderão determinar em que medida
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo enten- garantirão os direitos econômicos reconhecidos no pre-
dimento predominante as normas do artigo 7º, CF não são sente Pacto àqueles que não sejam seus nacionais.
cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for al-
terada normativa sobre direito trabalhista assegurado no re- Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo, CADH
ferido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se
válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional Os Estados-partes comprometem-se a adotar as provi-
diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hi- dências, tanto no âmbito interno, como mediante cooperação
pótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de
excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos
Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abran- que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre edu-
gência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito). cação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização
dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direi- ou por outros meios apropriados.
to social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, Artigo 1º - Obrigação de adotar medidas, PCADH
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro  Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, Americana sobre Direitos Humanos comprometemse a ado-
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito de tar as medidas necessárias, tanto de ordem interna como por
prever que aquela decisão judicial não está incorporada na meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômi-
proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há en- ca e técnica, até o máximo dos recursos disponíveis e levan-
tendimento dominante. do em conta seu grau de desenvolvimento, a fim de conse-
guir, progressivamente e de acordo com a legislação interna,
a plena efetividade dos direitos reconhecidos neste Protocolo.
Direitos humanos e o avanço dos direitos econômi-
cos, sociais e culturais Artigo 2º - Obrigação de adotar disposições de direito
interno, PCADH
Embora o direito internacional dos direitos humanos
reconheça a importância dos direitos econômicos, sociais e Se o exercício dos direitos estabelecidos neste Protoco-
culturais, também não é ignorante ao fato de que estes direi- lo ainda não estiver garantido por disposições legislativas
tos exigem do Estado prestações positivas, que se sujeitam ou de outra natureza, os Estados Partes comprometemse a
necessariamente a limites econômicos. Assim, a ONU incen- adotar, de acordo com suas normas constitucionais e com as
tiva a colaboração para com os países menos desenvolvidos. disposições deste Protocolo, as medidas legislativas ou de ou-
Além disso, não impõe aos Estados que façam o impossível, tra natureza que forem necessárias para tornar efetivos esses
embora exista um histórico de punição de omissões comple- direitos.
tas (não é porque um Estado tem poucas condições e não
conseguirá fazer muito em prol destes direitos que deverá se
conformar e nada fazer). Direito à educação
Artigo XXII, DUDH Consta na disciplina do direito internacional dos direitos
humanos a garantia do direito à educação, que deve ser obri-
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à gatória e gratuita em seu nível mais elementar:
segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização e Artigo XXVI, DUDH
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvol- 1) Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
vimento da sua personalidade. gratuita, pelo menos nos graus elementares e funda-
mentais. A instrução elementar será obrigatória. A
Artigo 2º, PIDESC instrução técnico-profissional será acessível a todos,
bem como a instrução superior, esta baseada no mé-
1) Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem- rito.
-se a adotar medidas, tanto por esforço próprio como
pela assistência e cooperação internacionais, princi- 2) A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
palmente nos planos econômico e técnico, até o máxi- volvimento da personalidade humana e do fortale-
DIREITOS HUMANOS

mo de seus recursos disponíveis, que visem assegurar, cimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
progressivamente, por todos os meios apropriados, o, liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
legislativas. atividades das Nações Unidas em prol da manutenção
da paz.
3) Os países em desenvolvimento, levando devidamente
em consideração os direitos humanos e a situação eco- 3) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero

68
de instrução que será ministrada a seus filhos. Todo Estado-parte do presente Pacto que, no momento em
que se tornar Parte, ainda não tenha garantido em seu pró-
Artigo 13, PIDESC prio território ou territórios sob sua jurisdição a obrigatorie-
dade e a gratuidade da educação primária, se compromete
1) Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o di- a elaborar e a adotar, dentro de um prazo de dois anos, um
reito de toda pessoa à educação. Concordam em que plano de ação detalhados destinado à implementação pro-
a educação deverá visar o pleno desenvolvimento da gressiva, dentro de um número razoável de anos estabelecidos
personalidade humana e do sentido de sua digni- no próprio plano, do princípio da educação primária obriga-
dade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos e tória e gratuita para todos.
liberdades fundamentais. Concordam ainda em que
a educação deverá capacitar todas as pessoas a parti- Artigo XII - Direito à educação, DADH
cipar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as Toda pessoa tem direito à educação, que deve inspirar-se
nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou reli- nos princípios de liberdade, moralidade e solidariedade hu-
giosos e promover as atividades das Nações Unidas em mana. Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa educação,
prol da manutenção da paz. lhe seja proporcionado o preparo para subsistir de uma ma-
neira digna, para melhorar o seu nível de vida e para poder
2) Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, ser útil à sociedade. O direito à educação compreende o de
com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse di- igualdade de oportunidade em todos os casos, de acordo com
reito: os dons naturais, os méritos e o desejo de aproveitar os recursos
que possam proporcionar a coletividade e o Estado. Toda pes-
a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessí- soa tem o direito de que lhe seja ministrada gratuitamente,
vel gratuitamente a todos; pelo menos, a instrução primária.

b) a educação secundária em suas diferentes formas, in- Artigo 13 - Direito à educação, PCADH
clusive a educação secundária técnica e profissional,
deverá ser generalizada e tornar-se acessível a todos, 1) Toda pessoa tem direito à educação.
por todos os meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino gratuito; 2) Os Estados Partes neste Protocolo convêm em que a
educação deverá orientarse para o pleno desenvolvi-
c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar- mento da personalidade humana e do sentido de sua
-se acessível a todos, com base na capacidade de cada dignidade e deverá fortalecer o respeito pelos direitos
um, por todos os meios apropriados e, principalmente, humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas liberdades
pela implementação progressiva do ensino gratuito; fundamentais, pela justiça e pela paz.  Convêm, tam-
bém, em que a educação deve capacitar todas as pessoas
d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possí- para participar efetivamente de uma sociedade demo-
vel, a educação de base para aquelas que não receberam crática e pluralista, conseguir uma subsistência digna,
educação primária ou não concluíram o ciclo comple- favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre
to de educação primária; todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou re-
ligiosos e promover as atividades em prol da manuten-
e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento ção da paz.
de uma rede escolar em todos os níveis de ensino, im-
plementar-se um sistema de bolsas estudo e melhorar 3) Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim
continuamente as condições materiais do corpo do- de conseguir o pleno exercício do direito à educação:
cente.
a)  O ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e aces-
3) Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se sível a todos gratuitamente;
a respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso,
dos tutores legais - de escolher para seus filhos escolas b) O ensino de segundo grau, em suas diferentes formas,
distintas daquelas criadas pelas autoridades públi- inclusive o ensino técnico e profissional de segundo
cas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensi- grau, deve ser generalizado e tornar-se acessível a to-
no prescritos ou aprovados pelo Estado, e de fazer com dos, pelos meios que forem apropriados e, especialmen-
que seus filhos venham a receber educação religiosa ou te, pela implantação progressiva do ensino gratuito;
moral que seja de acordo com suas próprias convicções.
c)  O ensino superior deve tornarse igualmente acessível
4) Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser a todos, de acordo com a capacidade de cada um, pelos
DIREITOS HUMANOS

interpretada no sentido de restringir a liberdade de in- meios que forem apropriados e, especialmente, pela im-
divíduos e de entidades de criar e dirigir instituições plantação progressiva do ensino gratuito;
de ensino, desde que respeitados os princípios enuncia-
dos no §1º do presente artigo e que essas instituições ob- d) Devese promover ou intensificar, na medida do possí-
servem os padrões mínimos prescritos pelo Estado. vel, o ensino básico para as pessoas que não tiverem
recebido ou terminado o ciclo completo de instrução
Artigo 14, PIDESC do primeiro grau;

69
e) Deverão ser estabelecidos programas de ensino diferen- Artigo 10 - Direito à saúde, PCADH
ciado para os deficientes, a fim de proporcionar instru-
ção especial e formação a pessoas com impedimentos 1) Toda pessoa tem direito à saúde, entendida como o gozo
físicos ou deficiência mental. do mais alto nível de bemestar físico, mental e social.

4) De acordo com a legislação interna dos Estados Partes, 2) A fim de tornar efetivo o direito à saúde, os Estados Par-
os pais terão direito a escolher o tipo de educação a ser tes comprometemse a reconhecer a saúde como bem
dada aos seus filhos, desde que esteja de acordo com os público e, especialmente, a adotar as seguintes medi-
princípios enunciados acima. das para garantir este direito:

5) Nada do disposto neste Protocolo poderá ser interpreta- a)  Atendimento primário de saúde, entendendose como
do como restrição da liberdade dos particulares e en- tal a assistência médica essencial colocada ao alcance
tidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de todas as pessoas e famílias da comunidade;
de acordo com a legislação interna dos Estados Partes.
b) Extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as
pessoas sujeitas à jurisdição do Estado;
Direito à saúde
c) Total imunização contra as principais doenças infeccio-
O direito à saúde e ao bem-estar aparecem na Declaração sas;
Universal dos Direitos Humanos e são aprofundados em ou-
tros documentos do sistema geral de proteção, como se vê: d) Prevenção e tratamento das doenças endêmicas, pro-
fissionais e de outra natureza;
Artigo XXV, DUDH
e) Educação da população sobre prevenção e tratamento
1) Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de dos problemas da saúde; e
assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, in-
clusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados f) Satisfação das necessidades de saúde dos grupos de
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à mais alto risco e que, por sua situação de pobreza, se-
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, jam mais vulneráveis.
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência fora de seu controle.
Direito à alimentação, ao vestuário e à moradia
Artigo 12, PIDESC
Para a consecução dos direitos econômicos, sociais e cul-
1) Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direi- turais, a essência é a garantia de um padrão de vida mínimo,
to de toda pessoa desfrutar o mais elevado nível possí- um conforto minimamente assegurado às pessoas, o que
vel de saúde física e mental. envolve alimentação, vestuário, moradia, saúde e assistência
social:
2) As medidas que os Estados partes do presente Pacto de-
verão adotar com o fim de assegurar o pleno exercício Artigo XXV, DUDH
desse direito incluirão as medidas que se façam neces-
sárias para assegurar: 1) Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz
de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, in-
a) a diminuição da mortalidade infantil, bem como o de- clusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
senvolvimento são das crianças; médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
b) a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
e do meio ambiente; subsistência fora de seu controle.

c) a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas, en- Artigo 11, PIDESC


dêmicas, profissionais e outras, bem como a luta con-
tra essas doenças; 1) Os Estados-partes do presente Pacto reconhecem o di-
reito de toda pessoa a nível de vida adequado para si
d) a criação de condições que assegurem a todos assistên- próprio e sua família, inclusive à alimentação, vesti-
cia médica e serviços médicos em caso de enfermidade. menta e moradia adequadas, assim como a uma me-
lhoria contínua de suas condições de vida. Os Estados-
DIREITOS HUMANOS

Artigo XI - Direito à preservação da saúde e ao bem-es- -partes tomarão medidas apropriadas para assegurar
tar, DADH a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido,
a importância essencial da cooperação internacional
Toda pessoa tem direito a que sua saúde seja resguarda- fundada no livre consentimento.
da por medidas sanitárias e sociais relativas à alimentação,
roupas, habitação e cuidados médicos correspondentes ao 2) Os Estados-partes do presente pacto, reconhecendo o
nível permitido pelos recursos públicos e os da coletividade. direito fundamental de toda pessoa de estar protegida
contra a fome, adotarão, individualmente e mediante

70
cooperação internacional, as medidas, inclusive pro- Artigo XXV, DUDH
gramas concretos, que se façam necessárias para:
2) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
a) melhorar os métodos de produção, conservação e assistência especiais. Todas as crianças nascidas den-
distribuição de gêneros alimentícios pela plena uti- tro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma prote-
lização dos conhecimentos técnicos e científicos, pela ção social.
difusão de princípios de educação nutricional e pelo
aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de Artigo 10, PIDESC
maneira que se assegurem a exploração e a utilização
mais eficazes dos recursos naturais; Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que:

b) assegurar uma repartição equitativa dos recursos ali- 2) Deve-se conceder proteção às mães por um período de
mentícios mundiais em relação às necessidades, levan- tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse
do-se em conta os problemas tanto dos países importa- período, deve-se conceder às mães que trabalhem licen-
dores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. ça remunerada ou licença acompanhada de benefícios
previdenciários adequados.
Artigo XI - Direito à preservação da saúde e ao bem-es-
tar, DADH 3) Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de
assistência em prol de todas as crianças e adolescen-
Toda pessoa tem direito a que sua saúde seja resguardada tes, sem distinção por motivo de filiação ou qualquer
por medidas sanitárias e sociais relativas à alimentação, rou- outra condição. Devem-se proteger as crianças e adoles-
pas, habitação e cuidados médicos correspondentes ao nível centes contra a exploração econômica e social. O em-
permitido pelos recursos públicos e os da coletividade. prego de crianças e adolescentes em trabalhos que lhes
sejam nocivos à saúde ou que lhes façam correr perigo
Artigo 12 - Direito à alimentação de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o de-
senvolvimento normal, será punido por lei.
1) Toda pessoa tem direito a uma nutrição adequada que
assegure a possibilidade de gozar do mais alto nível de Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob
desenvolvimento físico, emocional e intelectual. os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado
da mão-de-obra infantil.
2) A fim de tornar efetivo esse direito e de eliminar a desnu-
trição, os Estados Partes comprometemse a aperfeiçoar Artigo VII - Direito de proteção à maternidade e à infân-
os métodos de produção, abastecimento e distribui- cia, DADH
ção de alimentos, para o que se comprometem a pro-
mover maior cooperação internacional com vistas a Toda mulher em estado de gravidez ou em época de lacta-
apoiar as políticas nacionais sobre o tema. ção, assim como toda criança, têm direito à proteção, cuida-
dos e auxílios especiais.

Direito ao lazer
Direito individual do trabalho
O direito ao lazer também é assegurado no direito inter-
nacional dos direitos humanos como parte essencial dos di- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indivi-
reitos econômicos, sociais e culturais: duais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
Artigo XXIV, DUDH os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de as-
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a sédio moral).
limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas
remuneradas. Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra des-
pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
Artigo XV - Direito ao descanso e ao seu aproveitamento, plementar, que preverá indenização compensatória, dentre
DADH outros direitos.

Toda pessoa tem direito ao descanso, ao recreio honesto Significa que a demissão, se não for motivada por justa
e à oportunidade de aproveitar utilmente o seu tempo livre causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
em benefício de seu melhoramento espiritual, cultural e físico. compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
DIREITOS HUMANOS

gador.

Direito à proteção da maternidade e da infância Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
prego involuntário.
Também aparecem assegurados enquanto direitos so-
ciais a proteção da maternidade e a proteção da infância, re- Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do
pousando nos futuros cidadãos as esperanças e construção empregador, o trabalhador que fique involuntariamente de-
de uma sociedade mais livre, justa e solidária: sempregado – entendendo-se por desemprego involuntário

71
o que tenha origem num acordo de cessação do contrato de mínimo, para os que percebem remuneração variável.
trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado
pela previdência social, que tem o caráter de assistência fi- O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
nanceira temporária. mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
baseada em comissões por venda e metas);
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na re-
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o muneração integral ou no valor da aposentadoria.
trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído
de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efeti- balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da
vados pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no paga-
ao empregado, acrescido de atualização monetária e juros. mento de um salário extra ao trabalhador e ao aposentado
Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar no final de cada ano.
um patrimônio, que pode ser sacado em momentos espe-
ciais, como o da aquisição da casa própria ou da aposentado- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno supe-
ria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer com a rior à do diurno.
demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças
graves. O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacional- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
mente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, edu- noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
cação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previ- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
dência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do
fim. dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas
do dia seguinte.
Trata-se de uma visível norma programática da Consti-
tuição que tem por pretensão um salário mínimo que atenda Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, cons-
a todas as necessidades básicas de uma pessoa e de sua famí- tituindo crime sua retenção dolosa.
lia. Em pesquisa que tomou por parâmetro o preceito cons-
titucional, detectou-se que “o salário mínimo do trabalhador Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há
brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 em abril para que no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação
ele suprisse suas necessidades básicas e da família, segun- de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
do estudo divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamen- dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo
to Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos é norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária,
(Dieese)”117. ainda mais porque qualquer norma penal incriminadora é
regida pela legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho. Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, partici-
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, pação na gestão da empresa, conforme definido em lei.
seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, cons-
trutor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chamado de A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é co-
Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento dentro de nhecida também por Programa de Participação nos Resulta-
seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é estabelecido dos (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho
em conformidade com a data base da categoria, por isso ele (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela
é definido em conformidade com um acordo, ou ainda com funciona como um bônus, que é ofertado pelo empregador e
um entendimento entre patrão e trabalhador. negociado com uma comissão de trabalhadores da empresa.
A CLT não obriga o empregador a fornecer o benefício, mas
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o dis- propõe que ele seja utilizado.
posto em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do de-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão re- pendente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
DIREITOS HUMANOS

dução implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão


em massa durante uma crise, situações que devem ser nego- Salário-família é o benefício pago na proporção do res-
ciadas em convenção ou acordo coletivo. pectivo número de filhos ou equiparados de qualquer con-
dição até a idade de quatorze anos ou inválido de qualquer
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao idade, independente de carência e desde que o salário-de-
-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo permi-
tido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF nº
117 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario- 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de R$ 35,00,
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

72
por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para quem empregado terá direito a trinta dias corridos de férias, se não
ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber de tiver faltado injustificadamente mais de cinco vezes ao ser-
R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho viço (caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos de
de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será acordo com o número de faltas).
de R$ 24,66.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não supe- emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
rior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, fa-
cultada a compensação de horários e a redução da jornada, O salário da trabalhadora em licença é chamado de sa-
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. lário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele des-
contado dos recolhimentos habituais devidos à Previdência
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir do último
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. mês de gestação, sendo que o período de licença é de 120
dias. A Constituição também garante que, do momento em
A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto, a
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) ho- mulher não pode ser demitida.
ras diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. To-
davia, poderá a jornada diária de trabalho dos empregados Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixa-
maiores ser acrescida de horas suplementares, em número dos em lei.
não excedentes a duas, no máximo, para efeito de serviço
extraordinário, mediante acordo individual, acordo coletivo, O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
convenção coletiva ou sentença normativa. Excepcional- para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
mente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá ser pror- mãe nos processos pós-operatórios.
rogada além do limite legalmente permitido. A remuneração
do serviço extraordinário, desde a promulgação da Consti- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
tuição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento) superior à da hora normal. Embora as mulheres sejam maioria na população de 10
anos ou mais de idade, elas são minoria na população ocu-
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho pada, mas estão em maioria entre os desocupados. Acres-
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo ne- centa-se ainda, que elas são maioria também na população
gociação coletiva. não economicamente ativa. Além disso, ainda há relevante
diferença salarial entre homens e mulheres, sendo que os ho-
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas mens recebem mais porque os empregadores entendem que
para os turnos ininterruptos de revezamento, expressamen- eles necessitam de um salário maior para manter a família.
te ressalvando a hipótese de negociação coletiva, objetivou Tais disparidades colocam em evidência que o mercado de
prestigiar a atuação da entidade sindical. Entretanto, a ju- trabalho da mulher deve ser protegido de forma especial.
risprudência evoluiu para uma interpretação restritiva de
seu teor, tendo como parâmetro o fato de que o trabalho em Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
turnos ininterruptos é por demais desgastante, penoso, além serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
de trazer malefícios de ordem fisiológica para o trabalhador,
inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que dificulta o Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja
convívio em sociedade e com a própria família. rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo
indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à outra
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferen- parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por fina-
cialmente aos domingos. lidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de trabalho,
possibilitando ao empregador o preenchimento do cargo
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e qua- vago e ao empregado uma nova colocação no mercado de
tro) horas consecutivas, devendo ser concedido preferen- trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado ou
cialmente aos domingos, sendo garantido a todo trabalhador indenizado.
urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade de traba-
lho aos domingos, desde que previamente autorizados pelo Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba-
Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é assegurado pelo lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
menos um dia de repouso semanal remunerado coincidente
com um domingo a cada período, dependendo da atividade Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
(artigo 67, CLT). do trabalho salubre. Fiorillo118 destaca que o equilíbrio do
DIREITOS HUMANOS

meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubridade


Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas e na ausência de agentes que possam comprometer a incolu-
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. midade físico-psíquica dos trabalhadores.

O salário das férias deve ser superior em pelo menos um Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati-
terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicio- vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
nais e benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada
doze meses de trabalho – denominado período aquisitivo – o 118 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

73
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que acordos coletivos de trabalho.
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e
vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação espe- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho,
cífica previsão sobre o adicional de penosidade. que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º
a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos,
São consideradas atividades ou operações insalubres as entidades representativas da categoria dos trabalhadores
que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: entram em negociação com as empresas na defesa dos
ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, expo- interesses da classe, assegurando o respeito aos direitos
sição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos sociais;
e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de traba-
lho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
a percepção de adicional, incidente sobre o salário base do forma da lei.
empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfica
em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40% (qua- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
renta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
(vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
(dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
O adicional de periculosidade é um valor devido ao em- que possa operá-la).
pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas
atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho,
tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
em virtude de exposição permanente do trabalhador a in- está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
flamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou ou-
tras espécies de violência física nas atividades profissionais Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição
de periculosidade será o salário do empregado acrescido de de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação
30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios específica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe
ou participações nos lucros da empresa. sobre as modalidades de benefícios da previdência social.
Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que acidente do
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi- trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes da empresa ou pelo exercício do trabalho, provocando lesão
adicionais. corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacida-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. de para o trabalho.

A aposentadoria é um benefício garantido a todo traba- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribui-
lhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que te- ção com natureza de tributo que as empresas pagam para
nha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre a re-
direito à previdência social é considerado um direito social muneração do empregado, mas as empresas que expõem os
no próprio artigo 6º, CF. trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos e biológi-
cos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim, quanto
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e depen- maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o Ministé-
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em cre- rio da Previdência Social pode alterar a alíquota se a empresa
ches e pré-escolas. investir na segurança do trabalho.

Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com Neste sentido, nada impede que a empresa seja respon-
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico sabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o tra-
para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas balhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade de
trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a em- cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
presa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para que ela dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O valor desse acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
auxílio será determinado conforme negociação coletiva na devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilidade
DIREITOS HUMANOS

empresa (acordo da categoria ou convenção). A empresa que subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na ju-
tiver menos de 30 funcionárias registradas não tem obriga- risprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
ção de conceder o benefício. É facultativo (ela pode oferecer
ou não). Existe a possibilidade de o benefício ser estendido Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. A dura- das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
ção do auxílio-creche e o valor envolvido variarão conforme anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
negociação coletiva na empresa. dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

74
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela ju- cidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das
risdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da
um período de tempo que o empregado tem para requerer relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos in-
seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é cisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
sempre de 2 (dois) anos a partir do término do contrato de à previdência social. 
trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) anos
anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a vigência do con- O direito ao trabalho é clássico direito social porque foi
trato de trabalho. a partir dele que se originou a categoria da segunda dimen-
são de direitos humanos. Neste sentido, o marco histórico
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de do surgimento de tais direitos foi a Revolução Industrial, no
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de estágio em que se percebeu que a exploração da mão-de-
sexo, idade, cor ou estado civil. -obra de um homem pelo outro não deveria implicar numa
anulação do explorado, devendo-se garantir a ele um rol de
Há uma tendência de se remunerar melhor homens bran- direitos e garantias que permitissem a sua existência digna
cos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a mesmo no espaço de trabalho.
diferença remuneratória para com pessoas de diferente et-
nia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta contra o princí- Artigo 23, DUDH
pio da igualdade e não é aceita pelo constituinte, sendo pos-
sível inclusive invocar a equiparação salarial judicialmente. I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha
de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação proteção contra o desemprego.
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência. II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a
igual remuneração por igual trabalho.
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limita-
ções, possui condições de ingressar no mercado de trabalho III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remu-
e não pode ser preterida meramente por conta de sua defi- neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como
ciência. a sua família, uma existência compatível com a dignida-
de humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho meios de proteção social.
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
tivos. IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a
neles ingressar para proteção de seus interesses.
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, não Artigo 24, DUDH
cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se en-
quadrar numa ou outra categoria. Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remunera-
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri- das periódicas.
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de apren- Artigo 6º, PIDESC
diz, a partir de quatorze anos.
1) Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direi-
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecen- to ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa
do-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o tra- de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um
balho em condições desfavoráveis. trabalho livremente escolhido ou aceito, e tomarão me-
didas apropriadas para salvaguardar esse direito.
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha-
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador 2) As medidas que cada Estado Parte do presente Pacto to-
avulso. mará a fim de assegurar o pleno exercício desse direito
deverão incluir a orientação e a formação técnica e pro-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- fissional, a elaboração de programas, normas e técnicas
apropriadas para assegurar um desenvolvimento eco-
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de
nômico, social e cultural constante e o pleno emprego
mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um traba- produtivo em condições que salvaguardem aos indiví-
lhador com vínculo empregatício permanente. duos o gozo das liberdades políticas e econômicas fun-
damentais.
DIREITOS HUMANOS

A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como


PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único Artigo 7º, PIDESC
do artigo 7º:
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favo-
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos ráveis, que assegurem especialmente:
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabele- a) Uma remuneração que proporcione, no mínimo, a to-

75
dos os trabalhadores: a) Remuneração que assegure, no mínimo, a todos os tra-
balhadores condições de subsistência digna e decoro-
i) Um salário equitativo e uma remuneração igual por um sa para eles e para suas famílias e salário eqüitativo e
trabalho de igual valor, sem qualquer distinção; em parti- igual por trabalho igual, sem nenhuma distinção;
cular, as mulheres deverão ter a garantia de condições de
trabalho não inferiores às dos homens e perceber a mesma b) O direito de todo trabalhador de seguir sua vocação e de
remuneração que eles por trabalho igual; dedicar‑se à atividade que melhor atenda a suas expec-
tativas e a trocar de emprego de acordo com a respectiva
ii) Uma existência decente para eles e suas famílias, em regulamentação nacional;
conformidade com as disposições do presente Pacto;
c) O direito do trabalhador à promoção ou avanço no tra-
b) A segurança e a higiene no trabalho; balho, para o qual serão levadas em conta suas qualifi-
cações, competência, probidade e tempo de serviço;
c) Igual oportunidade para todos de serem promovidos,
em seu Trabalho, à categoria superior que lhes corres- d) Estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de
ponda, sem outras considerações que as de tempo de acordo com as características das indústrias e profissões
trabalho e capacidade; e com as causas de justa separação. Nos casos de demis-
são injustificada, o trabalhador terá direito a uma in-
d) O descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de denização ou à readmissão no emprego ou a quaisquer
trabalho e férias periódicas remuneradas, assim como a outras prestações previstas pela legislação nacional;
remuneração dos feridos.
e) Segurança e higiene no trabalho;
Artigo XIV, DADH
f) Proibição de trabalho noturno ou em atividades insa-
Toda pessoa tem direito ao trabalho em condições dignas lubres ou perigosas para os menores de 18 anos e, em ge-
e o de seguir livremente sua vocação, na medida em que for ral, de todo trabalho que possa pôr em perigo sua saúde,
permitido pelas oportunidades de emprego existentes. Toda segurança ou moral. Quando se tratar de menores de
pessoa que trabalha tem o direito de receber uma remunera- 16 anos, a jornada de trabalho deverá subordinar‑se
ção que, em relação à sua capacidade de trabalho e habilida- às disposições sobre ensino obrigatório e, em nenhum
de, lhe garanta um nível de vida conveniente para si mesma e caso, poderá constituir impedimento à assistência esco-
para sua família. lar ou limitação para beneficiar‑se da instrução recebi-
da;
Artigo XV, DADH
g) Limitação razoável das horas de trabalho, tanto diárias
Toda pessoa tem direito ao descanso, ao recreio honesto quanto semanais. As jornadas serão de menor duração
e à oportunidade de aproveitar utilmente o seu tempo livre quando se tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou
em benefício de seu melhoramento espiritual, cultural e fí- noturnos;
sico.
h) Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem
Artigo 6º, PCADH como remuneração nos feriados nacionais.

1) Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a opor-


tunidade de obter os meios para levar uma vida digna Direito coletivo do trabalho
e decorosa por meio do desempenho de uma atividade
lícita, livremente escolhida ou aceita. Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, co-
2) Os Estados Partes comprometem‑se a adotar medidas letivamente ou no interesse de uma coletividade, quais se-
que garantam plena efetividade do direito ao trabalho, jam: associação profissional ou sindical, greve, substituição
especialmente as referentes à consecução do pleno em- processual, participação e representação classista119.
prego, à orientação vocacional e ao desenvolvimento de
projetos de treinamento técnico‑profissional, particu- A liberdade de associação profissional ou sindical tem es-
larmente os destinados aos deficientes. Os Estados Par- copo no artigo 8º, CF:
tes comprometem‑se também a executar e a fortalecer
programas que coadjuvem um adequado atendimento Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical,
da família, a fim de que a mulher tenha real possibili- observado o seguinte:
dade de exercer o direito ao trabalho.
DIREITOS HUMANOS

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para


Artigo 7º, PCADH a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direi- intervenção na organização sindical;
to ao trabalho, a que se refere o artigo anterior, pressupõe que
toda pessoa goze do mesmo em condições justas, equitativas e
satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas le-
gislações, de maneira particular: 119 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

76
II - é vedada a criação de mais de uma organização sin- Por fim, aborda-se o direito de representação classista no
dical, em qualquer grau, representativa de categoria artigo 11, CF:
profissional ou econômica, na mesma base territorial,
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
interessados, não podendo ser inferior à área de um Mu- dos, é assegurada a eleição de um representante destes com a
nicípio; finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
com os empregadores.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses co-
letivos ou individuais da categoria, inclusive em questões O direito internacional dos direitos humanos também
judiciais ou administrativas; reconhece a liberdade sindical como um direito social, con-
forme se vê:
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em Artigo XXIII, DUDH
folha, para custeio do sistema confederativo da represen-
tação sindical respectiva, independentemente da contri- 4) Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
buição prevista em lei; ingressar para proteção de seus interesses.

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se fi- Artigo XX, DUDH


liado a sindicato;
1) Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e asso-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas nego- ciação pacíficas.
ciações coletivas de trabalho;
2) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado sociação.
nas organizações sindicais;
Artigo 22, PIDCP
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou 1) Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até outras, inclusive o direito de construir sindicatos e de a
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta eles filiar-se, para a proteção de seus interesses.
grave nos termos da lei.
2) O exercício desse direito estará sujeito apenas às res-
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à trições previstas em lei e que se façam necessárias, em
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescado- um sociedade democrática, no interesse da segurança
res, atendidas as condições que a lei estabelecer. nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos a li-
O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo berdades das demais pessoas. O presente artigo não im-
9º, CF: pedirá que se submeta a restrições legais o exercício des-
se direito por membros das forças armadas e da polícia.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e so- 3) Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá
bre os interesses que devam por meio dele defender. que Estados Partes da Convenção de 1948 da Orga-
nização do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e proteção do direito sindical, venham a adotar medidas
disporá sobre o atendimento das necessidades ina- legislativas que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira
diáveis da comunidade. a restringir - as garantias previstas na referida Conven-
ção.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às pe-
nas da lei. Artigo 8º, PIDESC

A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o 1) Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, a garantir:
regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
nidade, e dá outras providências. Enquanto não for discipli- a) o direito de toda pessoa de fundar com outras sindica-
nado o direito de greve dos servidores públicos, esta é a legis- tos e de filiar-se ao sindicato de sua escolha, sujeitan-
lação que se aplica, segundo o STF. do-se unicamente aos organização interessada, com o
DIREITOS HUMANOS

objetivo de promover e de proteger seus interesses eco-


O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: nômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser
objeto das restrições previstas em lei e que sejam neces-
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha- sárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em segurança nacional ou da ordem pública, ou para pro-
que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam ob- teger os direitos e as liberdades alheias;
jeto de discussão e deliberação.
b) o direito dos sindicatos de formar federações ou con-

77
federações nacionais e o direito desta de formar or- permitirão que os sindicatos, federações e confederações
ganizações sindicais internacionais ou de filiar-se às funcionem livremente;
mesmas;
b) O direito de greve.
c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas ati-
vidades, sem quaisquer limitações além daquelas pre- 2)  O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar
vistas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade sujeito às limitações e restrições previstas pela lei que
democrática, no interesse da segurança nacional ou da sejam próprias a uma sociedade democrática e neces-
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberda- sárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a
des das demais pessoas; saúde ou a moral pública, e os direitos ou liberdades dos
demais. Os membros das forças armadas e da polícia,
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis bem como de outros serviços públicos essenciais, esta-
de cada país. rão sujeitos às limitações e restrições impostas pela lei.

2) O presente artigo não impedirá que se submeta a res- 3) Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a um sindi-
trições legais o exercício desses direitos pelos membros cato.
das forças armadas, da política ou da administração
pública.
Direito à previdência e à assistência social
3) Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá
que os Estados Partes da Convenção de 1948 da Orga- O suporte à pessoa quando ela atinge, por qualquer mo-
nização Internacional do Trabalho, relativa à liber- tivo, um estágio em que não tem condições de trabalhar, é
dade sindical e à proteção do direito sindical, venha a um direito humano a ser assegurado pela assistência ou pela
adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a apli- previdência social. Entre outros aspectos que serão resguar-
car a lei de maneira a restringir - as garantias previstas dados por este direito estão: desemprego, doença, invalidez,
na referida Convenção. viuvez, velhice ou qualquer caso de perda de meio de subsis-
tência que esteja fora de seu controle. Aquele que não pode
Artigo XXII - Direito de associação, DADH se sustentar não deve ser deixado à mercê de sua sorte, mas
apoiado pelo Estado. Caso tenha contribuído para a seguri-
Toda pessoa tem o direito de se associar com outras a fim dade social, usufruirá da previdência social, mas a assistên-
de promover, exercer e proteger os seus interesses legítimos, cia social surge para conferir tal proteção aos que não tive-
de ordem política, econômica, religiosa, social, cultural, pro- ram condições de contribuir. Assim reconhecendo, o direito
fissional, sindical ou de qualquer outra natureza. internacional dos direitos humanos disciplina:

Artigo 16 - Liberdade de associação, CADH Artigo XXV, DUDH

1) Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente 1) Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusi-
trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qual- ve alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos
quer outra natureza. e os serviços sociais indispensáveis, e direito à seguran-
ça em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,
2) O exercício desse direito só pode estar sujeito às restri- velhice ou outros casos de perda dos meios de subsis-
ções previstas em lei e que se façam necessárias, em tência fora de seu controle.
uma sociedade democrática, ao interesse da segurança
nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para Artigo 9º, PIDESC
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as
liberdades das demais pessoas. Os Estados Partes do presente Pacto de toda pessoa à previ-
dência social, inclusive ao seguro social.
3) O presente artigo não impede a imposição de restrições
legais, e mesmo a privação do exercício do direito de Artigo XVI - Direito à previdência social, DADH
associação, aos membros das forças armadas e da po-
lícia. Toda pessoa tem direito à previdência social de modo a fi-
car protegida contra as consequências do desemprego, da ve-
Artigo 8º - Direitos sindicais, PCADH lhice e da incapacidade que, provenientes de qualquer causa
alheia à sua vontade, a impossibilitem física ou mentalmente
 1) Os Estados Partes garantirão: de obter meios de subsistência.
DIREITOS HUMANOS

a)  O direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de Artigo 9 - Direito à previdência social, PCADH
filiarse ao de sua escolha, para proteger e promover seus
interesses. Como projeção desse direito, os Estados Par- 1) Toda pessoa tem direito à previdência social que a pro-
tes permitirão aos sindicatos formar federações e con- teja das consequências da velhice e da incapacitação
federações nacionais e associarse às já existentes, bem que a impossibilite, física ou mentalmente, de obter os
como formar organizações sindicais internacionais e meios de vida digna e decorosa. No caso de morte do
associarse à de sua escolha. Os Estados Partes também beneficiário, as prestações da previdência social benefi-

78
ciarão seus dependentes. com relativismos, uma vez que é muito séria”120.

2) Quando se tratar de pessoas em atividade, o direito à Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e interna-
previdência social abrangerá pelo menos o atendimen- cional a previsão do direito de asilo, consistente no direito de
to médico e o subsídio ou pensão em caso de acidentes buscar abrigo em outro país quando naquele do qual for na-
de trabalho ou de doença profissional e, quando se cional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição
tratar da mulher, licença remunerada para a gestante, não pode ter motivos legítimos, como a prática de crimes co-
antes e depois do parto. muns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações Uni-
das, o que subverteria a própria finalidade desta proteção.
Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a
DA NACIONALIDADE consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa
por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os go-
vernantes e os entes sociais como um todo –, e não proteger
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que
pessoas que justamente cometeram tais violações.
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um
nacional pode adquirir direitos políticos.

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um


Naturalidade e naturalização
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são
a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direi-
os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias:
tos e obrigações.
natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é diferen-
te de nacionalidade – naturalidade é apenas o local de nas-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não
cimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o Estado.
é a mesma coisa que população. População é o conjunto de
pessoas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros re-
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
sidentes no país e os apátridas.
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por vo-
luntariamente se naturalizar como brasileiro, como se per-
Nacionalidade como direito humano fundamental cebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num conceito
tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é nacional
brasileiro.
Os direitos humanos internacionais são completamente
contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indiví-
duo que não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum
Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa huma-
Brasileiros natos
na, o qual não pode ser privado de forma arbitrária. Não há
Art. 12, CF. São brasileiros:
privação arbitrária quando respeitados os critérios legais
previstos no texto constitucional no que tange à perda da
nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte brasileiro I - natos:
não admite a figura do apátrida.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Contudo, é exatamente por ser um direito que a naciona- que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
lidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa serviço de seu país;
o direito de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo
de outro, mudando de nacionalidade, por um processo co- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
nhecido como naturalização. brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil;
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionali- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
dade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua na- brasileira, desde que sejam registrados em repartição
cionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. brasileira competente ou venham a residir na Repú-
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tem-
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro- po, depois de atingida a maioridade, pela nacionali-
funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma dade brasileira.
nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o critério
do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a nacio- Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atri-
nalidade do território onde nasceu, quando não tiver direito buição da nacionalidade primária – nacional nato –, notada-
a outra nacionalidade por previsões legais diversas. mente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido em terri-
DIREITOS HUMANOS

tório do país independentemente da nacionalidade dos pais;


“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa hu- e ius sanguinis, direito de sangue, que não depende do local
mana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indiví- de nascimento mas sim da descendência de um nacional do
duo não pode ficar ao mero capricho de um governo, de um
governante, de um poder despótico, de decisões unilaterais,
120 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos
concebidas sem regras prévias, sem o contraditório, a defe-
XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
sa, que são princípios fundamentais de todo sistema jurídico
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
que se pretenda democrático. A questão não pode ser tratada
tium, 2008, p. 87-88.

79
país (critério comum em países que tiveram êxodo de imi- VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
grantes). no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no superior a 1 (um) ano; e
território brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de
pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros que es- VIII - boa saúde.
tejam a serviço de seu país ou de organismo internacional
(o que geraria um conflito de normas). Contudo, também é Destaque vai para o requisito da residência contínua.
possível ser brasileiro nato ainda que não se tenha nascido Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
no território brasileiro. contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa o
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí se
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização ordi-
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não nária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordinária no
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é artigo 12, II, “a”.
exigido que o nascido do exterior venha ao território brasilei-
ro e aqui resida ou que tenha sido registrado em repartição Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
competente, caso em que poderá, aos 18 anos, manifestar-se se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o
sobre desejar permanecer com a nacionalidade brasileira ou qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei não as-
não. segura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo, na natu-
ralização ordinária não há direito subjetivo à naturalização,
mesmo que preenchidos todos os requisitos. Trata-se de ato
Brasileiros naturalizados discricionário do Ministério da Justiça. O mesmo não vale
para a naturalização extraordinária, quando há direito sub-
Art. 12, CF. São brasileiros: [...] jetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Judiciário para
fazê-lo valer121.
II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade Tratamento diferenciado


brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininter- A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou na-
rupto e idoneidade moral; turalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste senti-
do, o artigo 12, § 2º, CF:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
na República Federativa do Brasil há mais de quinze Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos pre-
que requeiram a nacionalidade brasileira. vistos nesta Constituição.

A naturalização deve ser voluntária e expressa. Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabe-
lece a não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a ques- hipóteses de distinção.
tão da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo
112: Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
enumeradas no parágrafo seguinte.
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão
da naturalização: Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car-
gos:
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - residência contínua no território nacional, pelo pra-
zo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao III - de Presidente do Senado Federal;
pedido de naturalização;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
DIREITOS HUMANOS

IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as


condições do naturalizando; V - da carreira diplomática;

V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à ma- VI - de oficial das Forças Armadas;
nutenção própria e da família;

VI - bom procedimento;
121 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em tele-
conferência.

80
VII - de Ministro de Estado da Defesa. condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis.
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaqui-
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presidente sição da nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No
desempenha o cargo; ausente este assume o Presidente da processo deve ser respeitado o contraditório e a iniciativa de
Câmara; também este ausente, em seguida, exerce o cargo o propositura é do Procurador da República.
Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente do Supremo
pode assumir a presidência na ausência dos anteriores – e No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, perce-
como o Presidente do Supremo é escolhido num critério de be-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” acei-
revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); ou a ta-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se
de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de ao seu nascimento tiver adquirido simultaneamente a nacio-
representação do país ou de segurança nacional. nalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” é reconhecida
a mesma situação se a aquisição da nacionalidade do outro
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- país for uma exigência para continuar lá permanecendo ou
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- exercendo seus direitos civis, pois se assim não o fosse o bra-
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário sileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, prova-
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, velmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possibili-
dade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha pra-
ticado crime comum antes da naturalização ou, depois dela, Deportação, expulsão e entrega
crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
A deportação representa a devolução compulsória de um
estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular
Quase-nacionalidade: caso dos portugueses no território nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980,
em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, mera irregula-
ridade de visto.
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasilei- A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de
ros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo
os casos previstos nesta Constituição. 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:

Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estran-


É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
geiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança na-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado cional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou morali-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República dade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o
Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001).
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran-
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, geiro que:
não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos polí-
ticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamen- a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou perma-
to eleitoral. No caso de exercício dos direitos políticos nestes nência no Brasil;
moldes, os direitos desta natureza ficam suspensos no outro
país, ou seja, não exerce simultaneamente direitos políticos b) havendo entrado no território nacional com infração à
nos dois países. lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;

Perda da nacionalidade c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou

Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionali- d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
dade do brasileiro que: para estrangeiro.

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregas-
DIREITOS HUMANOS

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: se um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal Inter-
nacional (competência reconhecida na própria Constituição
no artigo 5º, §4º).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-


Extradição
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e

81
da entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou conde- querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
nada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil,
sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos mas quan- § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição
to aos naturalizados assim permite caso tenham praticado quando o fato constituir, principalmente, infração
crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de opinião) an- da lei penal comum, ou quando o crime comum, co-
tes da naturalização, ou, mesmo depois da naturalização, em nexo ao delito político, constituir o fato principal.
caso de envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes
(artigo 5º, LI e LII, CF). § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
deral, a apreciação do caráter da infração.
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de con-
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro siderar crimes políticos os atentados contra Chefes
só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim
objeto do pedido de extradição. O importante é que o os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, se-
extraditado só seja submetido às penas relativas aos questro de pessoa, ou que importem propaganda de
crimes que foram objeto do pedido de extradição. guerra ou de processos violentos para subverter a or-
dem política ou social.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve
ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser
punível em ambos (se houve prescrição em algum dos I - ter sido o crime cometido no território do Estado re-
países, p. ex., não pode ocorrer a extradição). querente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis pe-
nais desse Estado; e
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
tratado de extradição entre dois países ter sido cele- II - existir sentença final de privação de liberdade, ou
brado após a ocorrência do crime não impede a extra- estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri-
dição. bunal ou autoridade competente do Estado requerente,
salvo o disposto no artigo 82.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
Se o crime for apenado por qualquer das penas veda- Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição
das pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido
autorizada, salvo se houver a comutação da pena, daquele em cujo território a infração foi cometida.
transformação para uma pena aceita no Brasil.
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência,
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº sucessivamente:
6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometi-
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o gover- do o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
no requerente se fundamentar em tratado, ou quando pro-
meter ao Brasil a reciprocidade.  II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do
extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
Art. 77. Não se concederá a extradição quando: 
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa na- extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
cionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência
II - o fato que motivar o pedido não for considerado cri- o Governo brasileiro.
me no Brasil ou no Estado requerente;
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Es-
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar tados requerentes, prevalecerão suas normas no que
o crime imputado ao extraditando; disserem respeito à preferência de que trata este arti-
go. 
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão
igual ou inferior a 1 (um) ano; Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomática
ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério
DIREITOS HUMANOS

V - o extraditando estiver a responder a processo ou já da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia au-
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- têntica ou a certidão da sentença condenatória ou decisão
mo fato em que se fundar o pedido; penal proferida por juiz ou autoridade competente. 

VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segun- § 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações preci-
do a lei brasileira ou a do Estado requerente; sas sobre o local, a data, a natureza e as circunstân-
cias do fato criminoso, a identidade do extraditan-
VII - o fato constituir crime político; e do e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a

82
competência, a pena e sua prescrição.  Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a
§ 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
Justiça ou por via diplomática confere autenticidade
aos documentos.  Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso,
§ 3o  Os documentos indicados neste artigo serão acompa- dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do
nhados de versão feita oficialmente para o idioma interrogatório o prazo de dez dias para a defesa. 
português. 
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa recla-
Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressupos- mada, defeito de forma dos documentos apresenta-
tos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em trata- dos ou ilegalidade da extradição.
do, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supre-
mo Tribunal Federal.  § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o
Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da
Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de que República, poderá converter o julgamento em dili-
trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fun- gência para suprir a falta no prazo improrrogável de
damentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido será
renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez supera- julgado independentemente da diligência.
do o óbice apontado. 
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá, em data da notificação que o Ministério das Relações
caso de urgência e antes da formalização do pedido de extra- Exteriores fizer à Missão Diplomática do Estado
dição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar requerente.
do extraditando por via diplomática ou, quando previsto em
tratado, ao Ministério da Justiça, que, após exame da presença Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado
dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplo-
Lei ou em tratado, representará ao Supremo Tribunal Fede- mática do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias
ral.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) da comunicação, deverá retirar o extraditando do território
nacional. 
§ 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime come-
tido e deverá ser fundamentado, podendo ser apre- Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditan-
sentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou do do território nacional no prazo do artigo anterior, será ele
qualquer outro meio que assegure a comunicação por posto em liberdade, sem prejuízo de responder a processo de
escrito.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) expulsão, se o motivo da extradição o recomendar. 

§ 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedi-
ao Ministério da Justiça por meio da Organização do baseado no mesmo fato. 
Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devi-
damente instruído com a documentação comproba- Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado,
tória da existência de ordem de prisão proferida por ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com
Estado estrangeiro.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, pena privativa de liberdade, a extradição será executada so-
de 2013) mente depois da conclusão do processo ou do cumprimento
da pena, ressalvado, entretanto, o disposto no artigo 67. 
§ 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noven-
ta) dias contado da data em que tiver sido cientifica- Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual-
do da prisão do extraditando, formalizar o pedido mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua
de extradição. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de vida por causa de enfermidade grave comprovada por laudo
2013) médico oficial.

§ 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda
no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, que responda a processo ou esteja condenado por contra-
não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo venção. 
mesmo fato sem que a extradição haja sido devida-
mente requerida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado re-
de 2013) querente assuma o compromisso: 
DIREITOS HUMANOS

Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio I - de não ser o extraditando preso nem processado por
pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal fatos anteriores ao pedido;
sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da
decisão.  II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi im-
posta por força da extradição;
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o
pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.  III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena

83
corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os ca- Artigo XIV, DUDH
sos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
1) Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consenti- procurar e de gozar asilo em outros países.
mento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
2) Este direito não pode ser invocado em caso de perse-
V - de não considerar qualquer motivo político, para guição legitimamente motivada por crimes de direito
agravar a pena. comum ou por atos contrários aos propósitos e prin-
cípios das Nações Unidas.
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os Artigo XV, DUDH
objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder. 
1) Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega 2) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio-
do extraditando. nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado Artigo 13, PIDCP
requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Bra-
sil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido feito di- Um estrangeiro que se ache legalmente no território de um
retamente por via diplomática, e de novo entregue sem outras Estado-parte do presente pacto só poderá dele ser expulso em
formalidades.  decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei
e, a menos que razões imperativas de segurança nacional a
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser per- isso se oponham, terá a possibilidade de expor as razões que
mitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território na- militem contra sua expulsão e de ter seu caso reexaminado
cional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem pelas autoridades competentes, ou por uma ou várias pessoas
assim o da respectiva guarda, mediante apresentação de do- especialmente designadas pelas referidas autoridades, e de fa-
cumentos comprobatórios de concessão da medida.  zer-se representar com esse objetivo.

Artigo 24, PIDCP


Idioma e símbolos
3) Toda criança terá o direito de adquirir uma naciona-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re- lidade.
pública Federativa do Brasil.
Artigo XIX - Direito à nacionalidade, CADH
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente
lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar, pela
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de qualquer outro país que estiver disposto a concedê-la.
poderão ter símbolos próprios.
Preâmbulo, CADH
Idioma é a língua falada pela população, que confere ca-
ráter diferenciado em relação à população do resto do mun- [...] Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa
do. Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma humana não derivam do fato de ser ela nacional de deter-
nação. minado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os
atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da na- proteção internacional, de natureza convencional, coadju-
ção e permitem o seu reconhecimento nacional e internacio- vante ou complementar da que oferece o direito interno dos
nalmente. Estados americanos; [...]

Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre- Artigo 20 - Direito à nacionalidade, CADH
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
aborda o tema. 1) Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2) Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em


Direito internacional dos direitos humanos e a ques- cujo território houver nascido, se não tiver direito a
tão da nacionalidade
DIREITOS HUMANOS

outra.

A nacionalidade é reconhecida como um direito huma- 3) A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua na-
no em diversos documentos internacionais. Aliás, os direitos cionalidade, nem do direito de mudá-la.
humanos rejeitam completamente a figura do apátrida ou
heimatlos, que é a pessoa sem nacionalidade nenhuma. Eis Artigo 22 - Direito de circulação e de residência, CADH
a disciplina-base:
[...]

84
5) Ninguém pode ser expulso do território do Estado do III - iniciativa popular.
qual for nacional e nem ser privado do direito de nele
entrar. A democracia brasileira adota a modalidade semidireta,
porque possibilita a participação popular direta no poder
6) O estrangeiro que se encontre legalmente no território por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo
de um Estado-parte na presente Convenção só poderá e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se
dele ser expulso em decorrência de decisão adotada afirmar que a democracia indireta é predominantemente
em conformidade com a lei. adotada no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto
direto e secreto com igual valor para todos. Quanto ao voto
7) Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em direto e secreto, trata-se do instrumento para o exercício da
território estrangeiro, em caso de perseguição por de- capacidade ativa do sufrágio universal.
litos políticos ou comuns conexos com delitos políticos,
de acordo com a legislação de cada Estado e com as Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é
Convenções internacionais. o momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro
se consulta a população e depois se toma a decisão política;
8) Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou en- no referendo, primeiro se toma a decisão política e depois se
tregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu consulta a população. Embora os dois partam do Congresso
direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de Nacional, o plebiscito é convocado, ao passo que o referen-
violação em virtude de sua raça, nacionalidade, reli- do é autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio de decreto
gião, condição social ou de suas opiniões políticas. legislativo. O que os assemelha é que os dois são “formas de
consulta ao povo para que delibere sobre matéria de acen-
9) É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. tuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou
administrativa”122.
DOS DIREITOS POLÍTICOS Na iniciativa popular confere-se à população o poder de
apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, median-
te assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5
A nacionalidade é corolário dos direitos políticos, já que
Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de
somente um nacional pode adquirir direitos políticos. No
cada um deles. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos. Os
nacionais que são titulares de direitos políticos são deno-
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela
minados cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subs-
brasileiro é um cidadão brasileiro, mas somente aquele que
crito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
for titular do direito de sufrágio universal.
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de
três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Sufrágio universal

A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania


Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoi-
to anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleito-
os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de
rais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta
dezesseis e menores de dezoito anos.
– e a capacidade passiva – ser eleito como representante no
modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
é o direito de todos cidadãos de votar e ser votado. O voto,
que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá ser direto
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
e secreto.
II - facultativos para:
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas
não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem
a) os analfabetos;
toda pessoa que tem capacidade ativa tem também capa-
cidade passiva, embora toda pessoa que tenha capacidade
b) os maiores de setenta anos;
passiva tenha necessariamente a ativa.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Democracia direta e indireta
DIREITOS HUMANOS

No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais


brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para to-
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os
dos, e, nos termos da lei, mediante:
estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigató-
I - plebiscito;
122 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
II - referendo;
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

85
rio, os conscritos. rio, com faixa etária mínima para o desempenho de cada
uma das funções, a qual deve ser auferida na data da posse.
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando
serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas dis-
poníveis para os dias da eleição. Inelegibilidade

Atender às condições de elegibilidade é necessário para


Elegibilidade poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se
enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de ele-
gibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na abso-
para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua capaci- luta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingi-
dade passiva do sufrágio universal. dos determinados cargos.

Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na for- Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
ma da lei: fabetos.

I - a nacionalidade brasileira; O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade,


que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegí-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; vel é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculda-
de de votar, mas não podem ser votados) e é preciso possuir
III - o alistamento eleitoral; a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalistáveis são
aqueles que não podem tirar o título de eleitor, portanto, não
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; podem votar, notadamente: os estrangeiros e os conscritos
durante o serviço militar obrigatório).
V - a filiação partidária;
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governa-
VI - a idade mínima de: dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos po-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da derão ser reeleitos para um único período subsequente.
República e Senador;
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Esta- dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
do e do Distrito Federal; das esferas for substituído por seu vice no curso do mandato,
este vice somente poderá ser eleito para um período subse-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Es- quente.
tadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
d) dezoito anos para Vereador. último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é
substituído pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal- for eleito, não poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto
fabetos. é, se o mandato o candidato renuncia no início de 2010 o seu
mandato de 2007-2010, assumindo o vice em 2010, poderá
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à na- este se candidatar para o mandato 2011-2014, mas caso seja
cionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para eleito não poderá se reeleger para o mandato 2015-2018 no
ser eleito é preciso ser cidadão. mesmo cargo. Foi o que aconteceu com o ex-governador de
Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu em 2010 no
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas Gerais
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo de candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no
afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto Alegre Senado Federal.
– RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, para se
candidatar a cargo no município, deve ter domicílio eleitoral Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Pre-
nele; para se candidatar a cargo no estado, deve ter domicílio sidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
eleitoral em um de seus municípios; para se candidatar a car- Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos man-
go nacional, deve ter domicílio eleitoral em uma das unida- datos até seis meses antes do pleito.
DIREITOS HUMANOS

des federadas do país. Aceita-se a transferência do domicílio


eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições. São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os
chefes do Executivo que não renunciarem aos seus manda-
A filiação partidária implica no lançamento da candi- tos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições.
datura por um partido político, não se aceitando a filiação Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, necessário que
avulsa. tivesse renunciado até 04/04/2014.

Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etá- Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdi-

86
ção do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, Perda e suspensão de direitos políticos
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses perda ou suspensão só se dará nos casos de:
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição. I - cancelamento da naturalização por sentença transita-
da em julgado;
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo II - incapacidade civil absoluta;
grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os
tenha substituído ao final do mandato, a não ser que seja já III - condenação criminal transitada em julgado, enquan-
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. to durarem seus efeitos;

Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres-
as seguintes condições: tação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §
da atividade; 4º.

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto,
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. deixe de ser titular de direitos políticos.

São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da
os militares que não podem se alistar ou os que podem, mas interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre
não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, os quais obviamente se enquadra o sufrágio universal.
se não se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10
anos, se não for agregado pela autoridade superior (suspenso O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da conde-
do exercício das funções por sua autoridade sem prejuízo de nação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
remuneração) caso trabalhe há mais de 10 anos (sendo que a
eleição passa à condição de inativo). O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar
ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros ou religiosa.
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exer- O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
cício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo suspensão dos direitos políticos.
ou emprego na administração direta ou indireta.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos,
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos quais sejam cancelamento de naturalização por sentença
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode es- transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à con-
tabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas dição de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasileira em
como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei Com- virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza em ou-
plementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece casos de tro país e assim deixa de ser considerado um cidadão brasi-
inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras pro- leiro, perdendo direitos políticos). Nos demais casos, há sus-
vidências. Esta lei foi alterada por aquela que ficou conheci- pensão. Nota-se que não há perda de direitos políticos pela
da como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, de 04 prática de atos atentatórios contra a Administração Pública
de junho de 2010, principalmente em seu artigo 1º. por parte do servidor, mas apenas suspensão.

A cassação de direitos políticos, consistente na retirada


Impugnação de mandato dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impug- CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
nação de mandato. só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente ve-
dado pelo texto constitucional.
DIREITOS HUMANOS

Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impug-


nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados
da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do po- Anterioridade anual da lei eleitoral
der econômico, corrupção ou fraude.
Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato tra- vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição
mitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

87
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos que se processarão por voto secreto, de uma maneira genuí-
1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a na, periódica e livre.
ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 23 - Direitos políticos, CADH

Democracia como direito humano 1) Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e
oportunidades:
A democracia é reconhecida como direito humano no
sistema de proteção destes direitos, conforme os seguintes a) de participar da condução dos assuntos públicos,
dispositivos: diretamente ou por meio de representantes livremente
eleitos;
Artigo XXI, DUDH
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas,
1) Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de realizadas por sufrágio universal e igualitário e por
seu país, diretamente ou por intermédio de represen- voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade
tantes livremente escolhidos. dos eleitores; e

2) Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço públi- c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às fun-
co do seu país. ções públicas de seu país.

3) A vontade do povo será a base  da autoridade do gover- 2) A lei pode regular o exercício dos direitos e oportuni-
no; esta vontade será expressa em eleições periódicas dades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto por motivo de idade, nacionalidade, residência, idio-
ou processo equivalente que assegure a liberdade de ma, instrução, capacidade civil ou mental, ou conde-
voto. nação, por juiz competente, em processo penal.

Artigo 1º, PIDCP


DOS PARTIDOS POLÍTICOS
1) Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em vir-
tude desse direito, determinam livremente seu estatuto O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo po-
político e asseguram livremente seu desenvolvimento lítico e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já
econômico, social e cultural. [...] que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
Artigo 1º, PIDESC
O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
1) Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em vir-
tude desse direito, determinam livremente seu estatuto Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
político e asseguram livremente seu desenvolvimento partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regi-
econômico, social e cultural. [...] me democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamen-
tais da pessoa humana [...].
Artigo 25, PIDCP
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabele-
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer cendo a Constituição um limite de números de partidos po-
das formas de discriminação mencionadas no artigo 2° e sem líticos que possam ser constituídos, permitindo também que
restrições infundadas: sejam extintos, fundidos e incorporados.
a) de participar da condução dos assuntos públicos, di- Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
retamente ou por meio de representantes livremente ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
escolhidos; nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de ati-
vidade política no âmbito interno do país; proibição de rece-
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autên- bimento de recursos financeiros de entidade ou governo es-
ticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e trangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder Público
por voto secreto, que garantam a manifestação da von- não pode financiar campanhas eleitorais; prestação de con-
tade dos eleitores; tas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar a men-
cionada vedação; e funcionamento parlamentar de acordo
c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às fun- com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organização pa-
DIREITOS HUMANOS

ções públicas de seu país. ramilitar por parte dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF).
Artigo XX - Direito de sufrágio e de participação no go- O respeito a estes ditames permite o exercício do partida-
verno, DADH rismo de forma autônoma em termos estruturais e organiza-
cionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
Toda pessoa, legalmente capacitada, tem o direito de to-
mar parte no governo do seu país, quer diretamente, quer Art. 17, §1º, CF. § 1º É assegurada aos partidos políticos au-
através de seus representantes, e de participar das eleições, tonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer re-

88
gras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos perma- d) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado.
nentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coli- Resposta: Letra A - Preconiza o art. 5º, XL, CF, que “a lei pe-
gações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas nal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Assim, se vier
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou
ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela será
disciplina e fidelidade partidária.  aplicada.

Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser b), c) e d). Incorretas, justificando-se por contrariar a cor-
registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF). reta.

Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à


mídia, preveem os §§3º e 5º do artigo 17 da CF: 2) (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre
as garantias fundamentais estabelecidas na Constituição
Art. 17, §3º, CF. Somente terão direito a recursos do fundo Federal, é correto afirmar que:
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
lei, os partidos políticos que alternativamente: a) a lei penal é sempre irretroativa.
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, b) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuí- imprescritível.
dos em pelo menos um terço das unidades da Federação,
com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos c) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância.
em cada uma delas; ou
d) os templos religiosos, entendidos como casas de Deus,
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Fe-
deração. Resposta: Letra B - Neste sentido, prevê o art. 5º, XLII, CF que
“a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
Para restringir o acesso dos partidos a recursos do Fundo critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
Partidário e ao tempo de rádio e TV, foi criada uma espécie de
cláusula de desempenho. Só terá direito ao fundo e ao tempo a) A letra “a” é incorreta porque a lei penal retroage para be-
de propaganda a partir de 2019 o partido que tiver recebido neficiar o réu.
ao menos 3% dos votos válidos nas eleições de 2018 para a
Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos 1/3 das c) A letra “c” é incorreta porque é aceita a pena de morte em
unidades da federação (9 unidades), com um mínimo de 2% caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX, CF
dos votos válidos em cada uma delas. (art. 5º, XLVII, “a”, CF).
Art. 17, §5º, CF. Ao eleito por partido que não preencher os d) A letra “d” é incorreta porque igrejas não possuem inviola-
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o manda- bilidade domiciliar. Não há nelas o âmbito de moradia, de
to e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro parti- repouso, que rege a inviolabilidade do domicílio.
do que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada
para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
3) (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A casa
é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar,
Caso um candidato esteja filiado a partido que não alcan-
sem permissão do morador, exceto:
çou as exigências mínimas de percentual de votos devida-
mente distribuídos, de modo que não terá acesso ao Fundo
a) em caso de desastre.
Partidário, poderá mudar de partido. Ao se filiar a partido di-
verso, não perderá o mandato. Contudo, a nova filiação não
b) em caso de flagrante delito.
aumentará os valores devidos ao partido ao qual se filiou.
c) para prestar socorro.
EXERCÍCIO COMENTADO d) por determinação judicial, a qualquer hora.

1) (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre Resposta: Letra D - A propósito, o art. 5º, XI, CF dispõe: “a casa
DIREITOS HUMANOS

a Lei Penal, é correto afirmar que: é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene-
trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
a) não retroage, salvo para beneficiar o réu. te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial”. Sendo assim, não cabe o ingresso
b) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for por determinação judicial a qualquer hora, mas somente du-
conhecido. rante o dia.

c) retroage, salvo disposição expressa em contrário. a), b) e c). Nestes casos é possível entrar na casa, durante o

89
dia ou durante a noite, mesmo sem a permissão do morador. discriminatórias, assegurando a proteção jurídica das
mulheres pelo princípio da igualdade na Constituição
e leis infraconstitucionais e pelos instrumentos inter-
DIREITOS HUMANOS DAS MINORIAS E nacionais que deverão ser ratificados tão logo possível;
GRUPOS VULNERÁVEIS
- educação da opinião pública e direcionamento das
aspirações nacionais à erradicação da discriminação e
Quando se fale em igualdade jurídica, por sua vez, tem-se à abolição de práticas e conceitos machistas; garantia
que todos são iguais perante a lei. No entanto, a verdadeira em condição de igualdade do direito ao voto e ao de-
igualdade é aquela que tem em mente que nem todas pes- sempenho de funções públicas;
soas podem ser tratadas da mesma forma, pois possuem ne-
- garantia dos mesmos direitos que os homens relativa-
cessidades especiais. Assim, a igualdade meramente formal
mente à aquisição, mudança ou conservação de nacio-
é injusta. Deve ser buscada a igualdade material, permitindo nalidade, nunca sendo obrigada a adotar a nacionali-
que a lei estabeleça diferenciações entre pessoas pertencen- dade do marido sob pena de ficar apátrida;
tes a grupos vulneráveis, por exemplo, mulheres, crianças,
negros, homossexuais, portadores de deficiência, etc. - previsão legal, em condições de igualdade com os
homens, do direito de adquirir, herdar e administrar
Vale fixar a distinção entre minorias e grupos vulneráveis. bens (inclusive durante o casamento), de igualdade na
Grupo vulnerável é todo aquele grupo social que é colocado capacidade jurídica e no seu exercício, de livre circula-
numa posição de marginalização social, com frequente re- ção, de liberdade de escolha matrimonial, de preser-
dução de direitos, independentemente do número de pes- vação do superior interesse da criança na constância e
soas que dele façam parte. Ex.: mulheres. Minoria é o grupo dissolução do casamento (impedindo que no divórcio
vulnerável que existe em menor número na sociedade. Ex.: a criança fique obrigatoriamente com o pai), de igual-
população indígena, LGBT. dade de responsabilidade quanto aos filhos entre pai e
mãe;

#FicaDica - revogação de todas disposições do direito penal que


sejam discriminatórias contra as mulheres;
Toda minoria é um grupo vulnerável, mas nem
todo grupo vulnerável é uma minoria. - igualdade na educação e no exercício do trabalho (in-
clusive remuneração, respeitadas as particulares ne-
Proteção das mulheres cessidades das mulheres, por exemplo, licença-mater-
nidade).
A garantia desta igualdade sem uma proteção específi-
ca é insuficiente, pois muitas mulheres ainda se encontram Já a Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas as
numa posição subjugada da sociedade e, em casos extremos, Formas de Discriminação contra a Mulher vem para comple-
vítimas do domínio masculino. Assim, as mulheres formam mentar a mencionada Declaração, diferenciando-se dela na
uma categoria vulnerável que merece proteção especial para medida em que é um tratado internacional comum, aberto
que seja possível garantir a igualdade material entre os sexos. à assinatura de Estados-partes, ao passo que a Declaração é
A razão desta vulnerabilidade reside no fato de que as con- aprovada pela Assembleia Geral da organização e, por isso,
quistas femininas de independência pessoal e financeira são aceita por todos os seus Estados-membros. Não obstante,
relativamente recentes na história da humanidade. tem caráter mais amplo que a Declaração, merecendo desta-
que a instituição de órgão protetivo próprio, qual seja o Co-
Internacionalmente, esta fragilidade feminina é reconhe- mitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher.
cida, notadamente, na Declaração da ONU sobre a Elimina-
ção da Discriminação contra as Mulheres, de 7 de novembro Ressalta-se que “[...] a Convenção sobre a Eliminação de
de 1967; na Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas todas as formas de Discriminação contra a Mulher enfrenta o
as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de de- paradoxo de ser o instrumento que recebeu o maior número
zembro de 1979; e na Convenção Interamericana para Pre- de reservas formuladas pelos Estados, dentre os tratados in-
venir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, de 9 de ternacionais de direitos humanos. Um universo significativo
junho de 1994. de reservas concentrou-se na cláusula relativa à igualdade
entre homens e mulheres na família. Tais reservas foram jus-
Sintetiza o artigo 1º da Declaração da ONU sobre a Eli- tificadas com base em argumentos de ordem religiosa, cul-
minação da Discriminação contra as Mulheres: “a discrimi- tural ou mesmo legal, havendo países (como Bangladesh e
nação contra as mulheres, na medida em que nega ou limita Egito) que acusaram o Comitê sobre a Eliminação da Discri-
DIREITOS HUMANOS

a sua igualdade de direitos em relação aos homens, é fun- minação contra a Mulher de praticar ‘imperialismo cultural
damentalmente injusta e constitui uma ofensa à dignidade e intolerância religiosa’, ao impor-lhes a visão de igualdade
humana”. entre homens e mulheres, inclusive na família. Isso reforça o
quanto a implementação dos direitos humanos das mulhe-
Algumas medidas apropriadas voltadas ao fim da discri- res está condicionada à dicotomia entre os espaços público
minação das mulheres se encontram nos artigos 2º a 10: e privado, que, em muitas sociedades, confina a mulher ao

- abolição das leis, costumes, regulamentos e práticas

90
espaço exclusivamente doméstico da casa e da família”123. e repressivas contra a violência à mulher, notadamente com
relação àquelas que se encontram em situações de maior
Nesta linha, o artigo 1º da mencionada Convenção traz vulnerabilidade, destacando-se:
um conceito de discriminação contra a mulher, o que não
foi feito na Declaração: “[...] toda distinção, exclusão ou res- - abstenção estatal de práticas que consistam em vio-
trição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado lência contra a mulher;
prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício
pela mulher, independentemente de seu estado civil, com - atuação diligente para punir, investigar e prevenir a
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos hu- violência contra a mulher;
manos e liberdades fundamentais nos campos político, eco-
nômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo”. - proteção por leis e medidas judiciais específicas (no
As medidas descritas nos artigos 2º, 3º, 5º, 7º, 8º, 9º, 10, 11, 15 que incluem as chamadas medidas de proteção);
e 16 se aproximam muito das especificadas na Declaração.
No entanto, o artigo 4º inova ao reforçar o conceito de igual- - acesso à reparação do dano; educação voltada à pro-
dade material, aceitando medidas temporárias para acelerar moção de consciência social sobre a violência contra a
a igualdade de fato entre homens e mulheres, no que não mulher;
se inserem medidas protetivas da maternidade que sempre
serão necessárias. Por sua vez, o artigo 6º veda o tráfico de - modificação paulatina dos padrões socioculturais;
mulheres e a exploração da prostituição delas. Ainda, o artigo
12 traz a igualdade entre homens e mulheres no tratamento - aplicação de serviços especializados apropriados;
da saúde e o artigo 13 traz tal igualdade no recebimento de
benefícios familiares, na obtenção de crédito financeiro e no - acesso a programas de reabilitação e capacitação; e
acesso a atividades recreativas. Já o artigo 14 destaca a neces-
sidade de proteção especial às mulheres que se encontram - divulgação de informações por meios de comunicação
na zona rural. em geral.

No âmbito regional, reforçando este sistema de proteção Dos artigos 10 a 12 institui-se a Comissão Interamericana
específico, o artigo 1º da Convenção Interamericana para de Mulheres, relembrando-se o mecanismo de petição aber-
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher con- to a pessoas, grupos de pessoas ou organizações representa-
ceitua violência contra a mulher como “qualquer ação ou tivas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofri-
mento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbi- Regionalmente, uma grande vitória das mulheres na bus-
to público como no privado”. Tal Convenção foi assinada no ca de proteção foi a decisão da Comissão Interamericana de
Brasil, em Belém do Pará, sendo também conhecida como Direitos Humanos que reconheceu a violação do direito fe-
Convenção de Belém do Pará. minino de proteção contra a violência doméstica e familiar,
diante dos fatos que cercaram o caso de Maria da Penha (a
Pelo próprio título da Convenção e por seu primeiro arti- decisão é estudada no tópico 5.4.6.1.7.10). A decisão no âm-
go nota-se que o foco é mais específico do que a discrimina- bito regional gerou a aprovação, no plano nacional, da Lei nº
ção contra a mulher, qual seja, a violência contra ela. Nesta li- 11.340, de 07 de agosto de 2006, que cria mecanismos para
nha, delimita o artigo 2º: “Entender-se-á que violência contra coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
a mulher inclui violência física, sexual e psicológica: a) que
tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou
em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor Proteção das crianças
conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher
e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus-tra- As crianças podem ser consideradas outro grupo vulne-
tos e abuso sexual; b) que tenha ocorrido na comunidade e rável protegido no âmbito dos direitos humanos, tendo em
seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, vista a promoção da igualdade material.
entre outros, violação, abuso sexual, tortura, maus tratos de
pessoas, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro Embora não exista um instrumento que aborde especifi-
e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em institui- camente os direitos das crianças no Sistema Interamericano,
ções educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer normas genéricas do sistema – notadamente as dos mencio-
outro lugar, e c) que seja perpetrada ou tolerada pelo Estado nados artigo 19 da CADH e artigo 16 do PCADH – permitem
ou seus agentes, onde quer que ocorra”. a proteção neste âmbito. Aliás, o artigo 16 do PCADH reforça
as posturas ativas necessárias por parte do Estado, dos pais
Ao delimitar os direitos protegidos, a Convenção inicia e da sociedade com os fins de garantir os direitos da criança.
garantindo o direito a uma vida livre de violência, delimitan-
DIREITOS HUMANOS

do a seguir direitos civis e políticos e direitos econômicos, Contudo, há instrumentos internacionais específicos
sociais e culturais que devem ser garantidos igualmente, e voltados à proteção dos direitos da criança no âmbito das
encerrando ao prever a discriminação e o tratamento este- Nações Unidas, quais sejam a Declaração dos Direitos da
reotipado como formas de violência (artigos 3º a 6º). Criança de 20 de novembro de 1959, e a Convenção sobre os
Direitos da Criança 20 de novembro de 1989, confirmada no
Dos artigos 7º a 9º são abrangidas medidas preventivas Brasil pelo Decreto Legislativo nº 28, de 14 de setembro de
1990.
123 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito consti-
tucional internacional... Op. Cit., 2008, p. 193-195.

91
A finalidade da mencionada Declaração, segundo seus - direito à identidade (artigo 8º);
próprios termos, é “[...] que a criança tenha uma infância fe-
liz e possa gozar, em seu próprio benefício e no da sociedade, - manutenção da união com os pais, salvo melhor inte-
os direitos e as liberdades aqui enunciados e apela a que os resse da criança (artigo 9º);
pais, os homens e as mulheres em sua qualidade de indiví-
duos, e as organizações voluntárias, as autoridades locais e - resolução rápida de controvérsias entre Estados-
os Governos nacionais reconheçam estes direitos e se empe- partes sobre a saída da criança de um deles (artigo 10);
nhem pela sua observância mediante medidas legislativas e
de outra natureza, progressivamente instituídas [...]”. - medidas contra a transferência ilegal de crianças (arti-
go 11);
Neste sentido, são enunciados 10 princípios:
- direito de manifestar sua opinião, na medida do possí-
- aplicação dos direitos ali declarados a todas as crian- vel (artigo 12);
ças sem discriminação;
- direito à liberdade de expressão, respeitadas as restri-
- proteção social à criança e facilidades previstas em leis ções (artigo 13);
e outros meios para tanto;
- direito à liberdade de pensamento, de consciência e de
- direito ao nome e à nacionalidade; direito à previdên- crença, respeitados os direitos e deveres dos pais (arti-
cia social e à saúde; go 14);

- tratamento especial para crianças incapacitadas física, - direito à liberdade de associação e de reunião pacíficas
mental ou socialmente; (artigo 15);

- criação pelos pais num ambiente de afeto e segurança - direito à privacidade (artigo 16);
moral e material, com cuidados especiais às famílias
que não possam prover sua subsistência; - direito ao acesso à informação veiculada pelos meios
de comunicação, sendo protegida de conteúdos preju-
- direito à educação, gratuita e obrigatória pelo menos diciais ao seu bem-estar (artigo 17);
no primeiro grau primário;
- assistência aos pais pelo Estado no exercício da res-
- direito ao lazer e de que seus melhores interesses se- ponsabilidade pelo desenvolvimento e bem-estar da
jam tomados como norte; criança (artigo 18);

- prioridade no recebimento de proteção e socorro; pro- - adoção de medidas estatais para proteger a criança de
teção contra quaisquer formas de negligência, cruel- todas as formas de violência e abuso (artigo 19);
dade e exploração, inclusive sob o aspecto laboral;
proteção contra atos de discriminação. - direito à proteção e assistência especiais do Estado
quando privada temporária ou permanentemente do
A Convenção sobre os Direitos da Criança começa con- seu meio familiar, ou cujo interesse maior exija que
ceituando criança nos seguintes termos: “para efeitos da não permaneça nesse meio, no que se incluem institu-
presente Convenção considera-se como criança todo ser hu- tos da adoção e da colocação em abrigos (artigos 20 e
mano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, 21);
em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade
seja alcançada antes”. - proteção da criança refugiada (artigo 22);

De uma maneira geral, segue aprofundando aspectos an- - proteção das necessidades especiais da criança porta-
teriormente levantados na Declaração: dora de deficiências físicas ou mentais (artigo 23);

- proteção contra toda forma de castigo ou discrimina- - direito ao melhor padrão possível de saúde (artigos 24
ção por sua condição (artigo 2º); e 25);

- posicionamento de todos os entes sociais voltados ao - direito à previdência social (artigo 26);
melhor interesse da criança (artigo 3º);
- direito a um nível de vida adequado ao seu desenvolvi-
- implementação progressiva dos direitos (artigo 4º); mento físico, mental, espiritual, moral e social (artigo
DIREITOS HUMANOS

27);
- direito à educação (artigo 5º);
- direito à educação, sendo o ensino primário obrigató-
- direito à vida (artigo 6º); rio e gratuito, cabendo não só a educação voltada ao
conhecimento de conteúdo programático, mas tam-
- direito ao registro imediato após o nascimento (artigo bém à formação da personalidade e do senso cívico
7º); (artigos 28 e 29);

92
- respeito às minorias étnicas (artigo 30); intrinsecamente no indivíduo124.

- direito ao descanso, ao lazer e à cultura (artigo 31); No âmbito internacional três documentos merecem des-
taque, quais sejam: Declaração das Nações Unidas sobre os
- proteção contra a exploração econômica e laboral (ar- Direitos das Pessoas com Deficiência, de 9 de dezembro de
tigo 32); 1975, complementada pela Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Fa-
- proteção contra o uso ilícito de drogas e substâncias cultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007,
psicotrópicas (artigo 33); e promulgados pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de
2009125; e a Convenção Interamericana para a Eliminação de
- proteção contra todas as formas de exploração e abuso Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Porta-
sexual (artigo 34); doras de Deficiência, assinada na Guatemala, em 28 de maio
de 1999, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956 de 8 de
- combate ao sequestro, à venda ou ao tráfico de crian- outubro de 2001.
ças (artigo 35);
No âmbito das Nações Unidas, a Convenção Internacio-
- vedação da tortura e de tratamentos cruéis, desuma- nal sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
nos ou degradantes, bem como da privação arbitrária tocolo Facultativo desponta como o mais relevante tratado
da liberdade (artigo 37); internacional na matéria em estudo que foi ratificado pelo
Brasil, isto porque possui o status de emenda constitucional.
- respeito ao direito humanitário, limitando a idade mí-
nima de 15 anos para participação nas forças armadas O artigo 1º traz o propósito da Convenção e conceitua
(artigo 38); pessoa com deficiência: “o propósito da presente Convenção
é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equita-
- recuperação e reintegração de criança vítima de qual- tivo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
quer forma de exploração ou violência (artigos 36 e por todas as pessoas com deficiência e promover o respei-
39); e to pela sua dignidade inerente. Pessoas com deficiência são
aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza
- respeito às garantias processuais e materiais à criança física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em intera-
que tenha violado a lei penal (artigo 40). ção com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições
De uma maneira geral, a Convenção trabalha com um com as demais pessoas”. O artigo 2º prossegue com o estabe-
conceito de responsabilidade compartilhada entre pais e Es- lecimento de conceitos relevantes: “’Comunicação’ abrange
tado, promovendo o pleno desenvolvimento da criança. Não as línguas, a visualização de textos, o braile, a comunicação
obstante, é instituído pela Convenção o Comitê para os Di- tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia
reitos da Criança. acessível, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os
sistemas auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos,
meios e formatos aumentativos e alternativos de comuni-
Proteção das pessoas portadoras de deficiência cação, inclusive a tecnologia da informação e comunicação
acessíveis; ‘Língua’ abrange as línguas faladas e de sinais e
Há quatro fases no desenvolvimento dos direitos huma- outras formas de comunicação não-falada; ‘Discriminação
nos da pessoa portadora de deficiência: por motivo de deficiência’ significa qualquer diferenciação,
exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propó-
a) Fase da intolerância: a deficiência simbolizava impu- sito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimen-
reza, pecado ou castigo divino; to, o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades
com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e li-
b) Fase da invisibilidade: ignorava-se a existência das berdades fundamentais nos âmbitos político, econômico,
pessoas com deficiência e de seus direitos; social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as
formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação
c) Fase assistencialista: pautada na perspectiva médica e razoável; ‘Adaptação razoável’ significa as modificações e
biológica de que era preciso encontrar uma cura para os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
a deficiência, que era exclusivamente vista como en- desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada
fermidade; caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência pos-
sam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com
d) Fase humanista: orientada pelo paradigma dos direitos as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades
humanos, na qual emergiram os direitos à inclusão so- fundamentais; ‘Desenho universal’ significa a concepção de
DIREITOS HUMANOS

cial, com ênfase na relação da pessoa com deficiência produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados,
e do meio em que ela se insere, além da necessidade
de eliminar obstáculos e barreiras (culturais, físicos ou 124 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito consti-
sociais) que possam ser superados. Destaca-se a ino- tucional internacional... Op. Cit., 2008, p. 214-216.
vação promovida pela Convenção da ONU, que reco-
nhece a deficiência como resultado da interação entre 125 Este tratado internacional foi aprovado pelo Congresso
indivíduos e seu meio ambiente, não residindo apenas Nacional nos termos do artigo 5º, §3º da Constituição Fede-
ral e, por este motivo, possui status de emenda constitucio-
nal, sendo até o momento o primeiro e único a possuí-lo.

93
na maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessi- em orientação sexual, identidade e expressão de gênero.
dade de adaptação ou projeto específico. O ‘desenho univer-
sal’ não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos
de pessoas com deficiência, quando necessárias”. Vedação da discriminação e do preconceito racial e
étnico

Proteção dos idosos Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e al-
tamente miscigenada, ainda são comuns os casos de pre-
Em relação à ONU, ainda não há Convenção especí- conceito racial e étnico, o que coloca pessoas como negros,
fica de proteção, mas apenas normativas principiológi- índios e membros de grupos étnicos minoritários em geral
cas não diretamente coativas, que podem ser combinadas na situação de vulnerabilidade que assegura uma especial
com normas genéricas como as dos Pactos Internacionais proteção sob o viés da igualdade material.
de 1966. Neste sentido, de forma mais relevante, em 1991
sobrevieram os Princípios Das Nações Unidas para as Pessoas Há diversos documentos internacionais específicos vol-
Idosas; e em 2002, na II Conferência Internacional de Madri tados à proteção deste grupo vulnerável, destacando-se:
sobre o Envelhecimento, surgiram a Declaração Política e o Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas
Plano de Ação Internacional de Madri sobre Envelhecimento as Formas de Discriminação Racial, de 20 de novembro de
(MIPAA), estes de ordem um pouco mais pragmática. 1963; Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação Racial, de 21 de dezembro de
Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho 1965 (Decreto nº 65.810 de 8 de dezembro de 1969); e, recen-
de Direitos Humanos das Nações Unidas publicou estudo temente, a Convenção Interamericana contra o Racismo, a
apontando a necessidade de uma convenção internacional Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, de
específica, o que indica que futuramente é possível que tal 5 de junho de 2013 (ainda não incorporada ao ordenamento
documento seja elaborado e ratificado pelos países-mem- interno brasileiro, mas já assinadas pelo Brasil).
bros da ONU.
O artigo 1º da Declaração da ONU sintetiza bem a preo-
Em relação à normativa brasileira, destaca-se o Estatuto cupação internacional com as constantes práticas de discri-
do Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em vigor no dia 1º minação racial e étnica: “A discriminação entre seres huma-
de janeiro de 2004, em consonância com a já manifestada nos em razão da raça, cor ou origem étnica é uma ofensa à
preocupação brasileira em conferir proteção específica aos dignidade humana e será condenado como uma negação
direitos dos idosos. dos princípios da Carta das Nações Unidas, como uma vio-
lação dos direitos humanos e liberdades fundamentais pro-
Não se pode perder de vista, ainda, o texto constitucional, clamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
que no título VII (Ordem Social) traz no capítulo VII a prote- como um obstáculo às relações amigáveis e pacíficas entre
ção da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do as nações e como um fato capaz de perturbar a paz e a segu-
Idoso, sem prejuízo da menção ao direito à assistência social rança entre os povos”.
feita anteriormente no artigo 203, V.
Em relação às medidas estatais, o artigo 2º frisa a neces-
sidade de medidas de prevenção e combate a práticas dis-
Proteção da diversidade sexual criminatórias com base na raça, cor ou origem étnica; o ar-
tigo 4º aborda a necessidade de medidas para rescindir leis
A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu e regulamentos que têm o efeito de criar e perpetuar a dis-
Conselho de Direitos Humanos, tem elaborado resoluções criminação racial, ao passo que o artigo 5º veda políticas de
voltadas a este grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios segregação racial (em especial apartheid); o artigo 8º prevê
de Yogyakarta, que são princípios voltados à aplicação da le- que as medidas em questão também devem ser tomadas na
gislação de direitos humanos em todo o planeta em relação área da educação; e os artigos 10 e 11 tratam da necessária
à diversidade sexual e à identidade de gênero, delimitando cooperação internacional para o respeito dos direitos huma-
a igualitária aplicação dos direitos humanos consagrados a nos quanto à discriminação por motivo de raça, cor ou etnia.
pessoas que se encaixem em grupos com sexualidade dife-
renciada. Outro documento a respeito que assume relevância Partindo para o estudo da Convenção, tem-se o artigo 1º,
é a Declaração condenando violações dos direitos humanos de caráter conceitual: “1. Nesta Convenção, a expressão ‘dis-
com base na orientação sexual e na identidade de gênero, de criminação racial’ significará qualquer distinção, exclusão,
18 de dezembro de 2008. O Brasil estava presente quando tal restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
Declaração foi aceita pela Assembleia Geral da ONU e votou ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efei-
a favor, tratando-se assim de documento corroborado pelo to anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício
país no âmbito internacional. num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos
DIREITOS HUMANOS

humanos e liberdades fundamentais no domínio político


Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito intera- econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
mericano é a recente Convenção Interamericana contra Toda de sua vida. 2. Esta Convenção não se aplicará às distinções,
Forma de Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado Par-
2013 (ainda não incorporada ao ordenamento interno brasi- te nesta Convenção entre cidadãos. 3. Nada nesta Convenção
leiro, mas já assinada pelo Brasil), que pode ser considerado poderá ser interpretado como afetando as disposições legais
o primeiro documento internacional juridicamente vincu- dos Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e
lante a expressamente condenar a discriminação baseada naturalização, desde que tais disposições não discriminem

94
contra qualquer nacionalidade particular. 4. Não serão con- nos realizada em Viena em 1993 - na qual o Brasil teve papel
sideradas discriminações racial as medidas especiais toma- muito atuante, pois foi o embaixador Gilberto Sabóia quem
das como o único objetivo de assegurar progresso adequado coordenou o comitê de redação da Declaração e Programa de
de certos grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que neces- Viena ¾ o governo Fernando Henrique Cardoso decidiu inte-
sitem da proteção que possa ser necessária para proporcio- grar como política de governo a promoção e realização dos
nar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos propondo um plano de ação para direitos
direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, humanos. Em 7 de setembro de 1995, o Presidente anuncia-
tais medidas não conduzam, em consequência , á manu- va: ‘Chegou a hora de mostrarmos, na prática, num plano
tenção de direitos separados para diferentes grupos raciais nacional, como vamos lutar para acabar com a impunidade,
e não prossigam após terem sidos alcançados os seus obje- como vamos lutar para realmente fazer com que os direitos
tivos”. Com efeito, após o estabelecimento de um conceito humanos sejam respeitados’.
de discriminação racial, delimita-se que ela pode consistir
em distinções, exclusões, restrições e preferências, sem que Ao assumir esse compromisso, o governo brasileiro reco-
isto signifique que exista alguma obrigação estatal quanto à nhece a obrigação do estado de proteger e promover os direi-
nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que não se tos humanos e os princípios da universalidade e da indivisi-
discrimine uma nacionalidade em particular, e encerra-se bilidade dos direitos humanos. [...]”126.
prevendo que as ações discriminatórias positivas feitas pelo
Estado em prol da igualdade material não caracterizam vio- O principal mecanismo utilizado para exteriorizar e pla-
lação. nejar a Política Nacional de Direitos humanos é o Programa
Nacional de Direitos Humanos. Atualmente, o Brasil está im-
plementando a terceira versão do PNDH, estudada no tópico
POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS a seguir.
HUMANOS
O Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH, lan-
çado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 13 de
Política nacional é o instrumento que estabelece o pa- março de 1.996. “Embora não seja ainda possível medir o
tamar e orienta as ações governamentais futuras, buscando grau de aumento do respeito aos direitos humanos no Bra-
o aperfeiçoamento de alguma das esferas consideradas es- sil, podemos afirmar, avaliando o debate público no interior
senciais para a sociedade. No caso, o Brasil adota como uma das instituições, na mídia e na opinião pública, que desde o
de suas políticas nacionais os direitos humanos, sendo que lançamento do PNDH houve uma diminuição da tolerância
a aborda em detalhes em Programas Nacionais de Direitos em relação à impunidade e às violações de direitos humanos.
Humanos, reelaborados periodicamente de acordo com as Essa mudança de atitude a médio prazo poderá contribuir
novas necessidades sociais. para diminuir a aquiescência de largos setores da popula-
ção, tanto nas elites como nas classes populares, em relação
“A política nacional de direitos humanos do Estado brasi- a atos arbitrários que venham a ser cometidos pelo Estado
leiro, desenvolvida desde o retorno ao governo civil em 1985, nessa fase do processo de consolidação democrática. [...]
e de forma mais definida, desde 1995, pelo governo do Presi-
dente Fernando Henrique Cardoso, reflete e aprofunda uma O PNDH reflete e fortalece uma mudança na concepção
concepção de direitos humanos partilhada por organizações de direitos humanos, já partilhada anteriormente por orga-
de direitos humanos desde a resistência ao regime autoritá- nizações de direitos humanos, mas pela primeira vez adota-
rio nos anos 1970. Pela primeira vez, entretanto, na história da e defendida pelo governo brasileiro na história republica-
republicana, quase meio- século depois da Declaração Uni- na, segundo a qual os direitos humanos devem ser os direitos
versal de Direitos Humanos de 1948, os direitos humanos todos: a cidadania plena não deve estar limitada, como na
passaram a ser assumidos como política oficial do governo, tradição brasileira, às elites. As não-elites são sujeitos plenos
num contexto social e político deste fim de século extrema- de direitos. Passam a abranger os direitos definidos em trata-
mente adverso para a maioria das não-elites na população dos internacionais ratificados pelo Congresso Nacional.
brasileira. [...]
O governo brasileiro e os estados da federação obrigam-
Em meados dos anos oitenta, já começava a ficar claro -se a proteger não apenas os direitos humanos definidos nas
que o desenvolvimento econômico e social e a transição constituições nacional e estaduais, mas igualmente os direi-
para democracia, ainda que necessários, não eram suficien- tos humanos definidos em tratados internacionais, reconhe-
tes para conter o aumento da criminalidade e da violência cidos como válidos para aplicação interna pela Constituição
no Brasil. Ficava patente que esse fenômeno constituía um de 1988.
grande obstáculo e uma ameaça aos processos de desen-
volvimento e de consolidação da democracia. A questão era Além disso, a nova concepção de direitos humanos im-
saber se esta tendência de banalização da criminalidade, da plica que os Estados nacionais na comunidade internacional
DIREITOS HUMANOS

violência e da morte poderia ser controlada e revertida ou se tenham o direito de agir para proteger os direitos humanos
ela acabaria por consumir os recursos humanos da socieda- em outros países e reconheçam o direito de outros Estados
de brasileira a ponto de inviabilizar os processos de desen-
volvimento e de consolidação da democracia no país. [...]
126 PINHEIRO, Paúlo Sérgio; MESQUITA NETO, Paulo de.
Com o objetivo de limitar, controlar e reverter as gra- Direitos humanos no Brasil: perspectivas no final do sécu-
ves violações de direitos humanos e implementando uma lo. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/mili-
recomendação da Conferência Mundial de Direitos Huma- tantes/pspinheiro/pspinheirodhbrasil.html>. Acesso em: 13
jun. 2013.

95
de defenderem a realização dos direitos humanos dentro do A estratégia relativa ao tema Desenvolvimento e Direitos
seu próprio território. Reconheceu o direito de indivíduos, Humanos é centrada na inclusão social e em garantir o exer-
coletividades e organizações não governamentais no Brasil cício amplo da cidadania, garantindo espaços consistentes
procurarem o apoio de outros Estados e de entidades inter- às estratégias de desenvolvimento local e territorial, agricul-
nacionais para a proteção e promoção de direitos humanos tura familiar, pequenos empreendimentos, cooperativismo e
no Brasil”127. economia solidária.

“A terceira versão do Programa Nacional de Direitos Hu- O direito humano ao meio ambiente e às cidades susten-
manos (PNDH-3), lançada em 2010, apresenta a Política de táveis, por exemplo, bem como o fomento a pesquisas de tec-
Estado para os temas relativos a esta área, ao estabelecer di- nologias socialmente inclusivas constituem pilares para um
retrizes, objetivos e ações para os anos seguintes. modelo de crescimento sustentável, capaz de assegurar os
direitos fundamentais das gerações presentes e futuras.
O objetivo do programa desenvolvido pelo governo fede-
ral é dar continuidade à integração e ao aprimoramento dos Já o tema Universalizar Direitos em um Contexto de De-
mecanismos de participação existentes e criar novos meios sigualdades dialoga com as intervenções desenvolvidas no
de construção e monitoramento das políticas públicas sobre Brasil para reduzir a pobreza e garantir geração de renda aos
Direitos Humanos no Brasil. segmentos sociais mais pobres, contribuindo de maneira de-
cisiva para a erradicação da fome e da miséria.
O PNDH-3 tem como diretriz a garantia da igualdade na
diversidade, com respeito às diferentes crenças, liberdade de O eixo Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à
culto e garantia da laicidade do Estado brasileiro, prevista na Violência aborda metas para diminuir a violência, reduzir a
Constituição Federal. A ação que propõe a criação de meca- discriminação e a violência sexual, erradicar o tráfico de pes-
nismos que impeçam a ostentação de símbolos religiosos soas e a tortura. Propõe ainda reformular o sistema de Justiça
em estabelecimentos públicos da União visa atender a esta e Segurança Pública ao estimular o acesso a informações e
diretriz. fortalecer modelos alternativos de solução de conflitos, além
de garantir os direitos das vítimas de crimes e de proteção
O programa prevê ainda Planos de Ação a serem cons- das pessoas ameaçadas, reduzir a letalidade policial e carce-
truídos a cada dois anos, sendo fixados os recursos orçamen- rária, dentre outros.
tários, as medidas concretas e os órgãos responsáveis por sua
execução. O eixo prioritário e estratégico da Educação e Cultura em
Direitos Humanos se traduz em uma experiência individual
O PNDH-3 foi precedido pelo PNDH-I, de 1996, que enfa- e coletiva que atua na formação de uma consciência cen-
tizou os direitos civis e políticos, e pelo PNDH-II, que incor- trada no respeito ao outro, na tolerância, na solidariedade e
porou os direitos econômicos, sociais, culturais e ambien- no compromisso contra todas as formas de discriminação,
tais, em 2002. opressão e violência.

A participação social na elaboração do programa se deu O capítulo que trata do Direito à Memória e à Verdade en-
por meio de conferências, realizadas em todos os estados do cerra o temas abordados no PNDH-3. No ano seguinte à pu-
Brasil durante o ano de 2008, envolvendo diretamente mais blicação do PNDH 3 é aprovada a lei que institui a Comissão
de 14 mil cidadãos, além de consulta pública. Nacional da Verdade, que vai apurar violações aos direitos
humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Sancionada em 18 de
A versão preliminar do Programa ficou disponível no site novembro de 2011, a comissão tem prazo de dois anos para
da SEDH durante o ano de 2009, aberto a críticas e sugestões. colher depoimentos, requisitar e analisar documentos que
O texto incorporou também propostas aprovadas em cerca ajudem a esclarecer as violações de direitos humanos ocor-
de 50 conferências nacionais, realizadas desde 2003, sobre ridas no período que inclui a ditadura militar. O órgão será
tema como igualdade racial, direitos da mulher, segurança composto por sete membros, nomeados pela Presidência da
alimentar, cidades, meio ambiente, saúde, educação, juven- República”.128
tude e cultura etc.

O tema da Interação Democrática entre Estado e Socie- #FicaDica


dade Civil abre o Programa, de acordo com a ideia de que PNDH-1 – Direitos civis e políticos
os agentes públicos e todos os cidadãos são responsáveis
pela consolidação dos Direitos Humanos no País. Para isso, o PNDH-2 – Direitos econômicos, sociais e cultu-
PNDH-3 propõe a integração e o aprimoramento dos fóruns rais
de participação existentes, bem como a criação de novos PNDH-3 – Atual – Direitos políticos (participa-
espaços e mecanismos institucionais de interação e acom- ção popular), acesso à justiça, desenvolvimento,
DIREITOS HUMANOS

panhamento, como o fortalecimento da democracia partici- educação em DH, memória e verdade


pativa.

DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009


127 PINHEIRO, Paúlo Sérgio; MESQUITA NETO, Paulo de.
Direitos humanos no Brasil: perspectivas no final do sécu-
lo. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/mili-
tantes/pspinheiro/pspinheirodhbrasil.html>. Acesso em: 13 128 http://www.brasil.gov.br/sobre/cidadania/direitos-do-
jun. 2013. -cidadao/programa-nacional-de-direitos-humanos-pndh

96
Aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - contexto de desigualdades:
PNDH-3 e dá outras providências.
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que universal, indivisível e interdependente, assegurando
lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, a cidadania plena;

DECRETA: b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adoles-


centes para o seu desenvolvimento integral, de forma
Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Hu- não discriminatória, assegurando seu direito de opi-
manos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, objetivos nião e participação;
estratégicos e ações programáticas estabelecidos, na forma do
Anexo deste Decreto. c)  Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e

Na verdade, o anexo delimita e explica cada um dos eixos d)  Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
orientadores e diretrizes adotados pela PNDH-3. Considera-
da a extensão do concurso, talvez valha a pena focar os estu- Ainda existem muitos grupos sociais desprivilegiados no
dos no artigo 2º. Brasil, como crianças e adolescentes, negros, homossexuais,
etc. Cabe trabalhar diariamente para mitigar tais desigualda-
Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo com os se- des, consolidando a dignidade da pessoa humana.
guintes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes:
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Jus-
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado tiça e Combate à Violência:
e sociedade civil:
a)  Diretriz 11: Democratização e modernização do siste-
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e socie- ma de segurança pública;
dade civil como instrumento de fortalecimento da de-
mocracia participativa; b)  Diretriz 12: Transparência e participação popular no
sistema de segurança pública e justiça criminal;
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como
instrumento transversal das políticas públicas e de in- c)  Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade
teração democrática; e e profissionalização da investigação de atos crimino-
sos;
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de in-
formações em Direitos Humanos e construção de me- d)  Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ên-
canismos de avaliação e monitoramento de sua efe- fase na erradicação da tortura e na redução da letalida-
tivação; de policial e carcerária;

Visa propiciar que a sociedade civil participe cada vez e)  Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de cri-
mais do processo democrático, notadamente quanto à efeti- mes e de proteção das pessoas ameaçadas;
vação dos direitos humanos.
f)  Diretriz 16: Modernização da política de execução pe-
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu- nal, priorizando a aplicação de penas e medidas alter-
manos: nativas à privação de liberdade e melhoria do sistema
penitenciário; e
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento
sustentável, com inclusão social e econômica, am- g)  Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais aces-
bientalmente equilibrado e tecnologicamente respon- sível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a
sável, cultural e regionalmente diverso, participativo e defesa de direitos;
não discriminatório;
Vale a pena ler no anexo as diretivas para este eixo orien-
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito tador IV, que perpassam pela necessidade de aperfeiçoa-
central do processo de desenvolvimento; e mento do sistema de justiça criminal e da segurança pública.
O Brasil é considerado um país deficiente quando o assunto
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais é direito dos presos e é essencial que ocorra uma busca de
como Direitos Humanos, incluindo as gerações futu- melhora. Práticas arbitrárias, desumanas, cruéis, não podem
ras como sujeitos de direitos; ser toleradas. Não significa que a vítima deva ser desprezada:
DIREITOS HUMANOS

ela também deve receber assistência do Estado. Contudo, os


O desenvolvimento dos direitos humanos cada vez mais presos brasileiros não podem continuar a ser submetidos a
se volta à 3ª dimensão, inerente aos direitos difusos e coleti- situações degradantes frequentemente noticiadas, as quais
vos, como o de convivência num meio ambiente saudável. A não conferem nenhuma esperança de ressocialização.
pessoa humana fica no centro do sistema, mas não se perde
de vista o todo. V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos
Humanos:
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um

97
a)  Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da monitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos Direi-
política nacional de educação em Direitos Humanos tos Humanos;
para fortalecer uma cultura de direitos;
IV - acompanhar a implementação das ações e recomen-
b)  Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democra- dações; e
cia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação
básica, nas instituições de ensino superior e nas insti- V - elaborar e aprovar seu regimento interno.
tuições formadoras;
§ 1o   O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do
c)  Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal PNDH-3 será integrado por um representante e res-
como espaço de defesa e promoção dos Direitos Huma- pectivo suplente de cada órgão a seguir descrito, indi-
nos; cados pelos respectivos titulares:

d)  Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Huma- I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidên-
nos no serviço público; e cia da República, que o coordenará;

e)  Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação demo- II - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
crática e ao acesso à informação para consolidação de Presidência da República;
uma cultura em Direitos Humanos; e
III - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igual-
Muitas pessoas não possuem consciência de seus direitos dade Racial da Presidência da República;
humanos fundamentais e por isso são diariamente submeti-
das a condições de indignidade. O trabalho de educação para IV - Secretaria-Geral da Presidência da República;
a consciência de seus próprios direitos humanos é complexo
e deve perpassar por todas as áreas da educação, tanto for- V - Ministério da Cultura;
mal quanto informal.
VI - Ministério da Educação;
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
VII - Ministério da Justiça;
a)  Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade
como Direito Humano da cidadania e dever do Esta- VIII - Ministério da Pesca e Aquicultura;
do;
IX - Ministério da Previdência Social;
b)  Diretriz 24: Preservação da memória histórica e cons-
trução pública da verdade; e X - Ministério da Saúde;

c)  Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada XI - Ministério das Cidades;


com promoção do direito à memória e à verdade, forta-
lecendo a democracia. XII - Ministério das Comunicações;

Por muito tempo foi desprezado e esquecido o quadro di- XIII - Ministério das Relações Exteriores;
tatorial brasileiro, manchando a história recente do país. O
objetivo da Comissão da Verdade não é punir infratores, mas XIV - Ministério do Desenvolvimento Agrário;
resgatar os fatos trágicos que marcaram tal momento histó-
rico para que não se repitam. XV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome;
Parágrafo único.  A implementação do PNDH-3, além dos
responsáveis nele indicados, envolve parcerias com outros XVI - Ministério do Esporte;
órgãos federais relacionados com os temas tratados nos eixos
orientadores e suas diretrizes. XVII - Ministério do Meio Ambiente;

Art. 3o As metas, prazos e recursos necessários para a im- XVIII - Ministério do Trabalho e Emprego;
plementação do PNDH-3 serão definidos e aprovados em Pla-
nos de Ação de Direitos Humanos bianuais. XIX - Ministério do Turismo;

Art. 4o Fica instituído o Comitê de Acompanhamento e XX - Ministério da Ciência e Tecnologia; e


DIREITOS HUMANOS

Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de:


XXI - Ministério de Minas e Energia.
I - promover a articulação entre os órgãos e entidades en-
volvidos na implementação das suas ações programáticas; § 2o O Secretário Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República designará os
II - elaborar os Planos de Ação dos Direitos Humanos; representantes do Comitê de Acompanhamento e
Monitoramento do PNDH-3.
III - estabelecer indicadores para o acompanhamento,

98
§ 3o  O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento b) Proibição de qualquer propaganda em favor da guerra e
do PNDH-3 poderá constituir subcomitês temáticos de qualquer apologia ao ódio nacional, racial ou religioso,
para a execução de suas atividades, que poderão con- que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade
tar com a participação de representantes de outros ou à violência.
órgãos do Governo Federal.
c) Proibição do restabelecimento da pena de morte nos Es-
§ 4o  O Comitê convidará representantes dos demais Po- tados que a hajam abolido.
deres, da sociedade civil e dos entes federados para
participarem de suas reuniões e atividades. d) Vedação da utilização de meios destinados a obstar a co-
municação e a circulação de ideias e opiniões.
Art. 5o Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os
órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Minis-
tério Público, serão convidados a aderir ao PNDH-3. 3) (PC-MG - Investigador de Policia - FUMARC/2014) Nos
termos do art. 5º da Constituição Federal de 1988, NÃO é
Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua publi- correto o que se afirma em:
cação.
a) Independe do pagamento de taxas a obtenção de certi-
Art. 7o Fica revogado o Decreto no 4.229, de 13 de maio de dões em repartições públicas, para defesa de direitos e
2002. esclarecimento de situações de interesse pessoal.

Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188o da Independência b) Independe do pagamento de taxas o direito de petição
e 121o da República. aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile-
galidade ou abuso de poder.
Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais
pontos do Decreto que aprova o PNDH-3. O anexo deste, na c) São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-
íntegra, você pode acha no site: http://www.planalto.gov.br/ data” e, também, cabe ao Estado prestar assistência
ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7037.htm jurídica integral e gratuita a todos brasileiros, mesmo
quando o cidadão tenha suficiência de recursos.
HORA DE PRATICAR d) São gratuitos o registro civil de nascimento e a certidão
de óbito para os reconhecidamente pobres, na forma da
1) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre lei.
o sistema internacional de proteção dos direitos huma-
nos, é CORRETO afirmar:
4) (TJM-MG - Técnico Judiciário - Revisor Judiciário - FU-
a) A Corte Interamericana de Direitos Humanos já decidiu MARC/2013) A Declaração Universal dos Direitos Huma-
que a lei da anistia de 1979, editada pelo Brasil, é mani- nos (DUDH) foi aprovada em 1948 na Assembleia Geral
festamente incompatível com a Convenção Americana da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento
de Direitos Humanos. é a base da luta universal contra a opressão e a discrimi-
nação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e
b) O Brasil não ratificou a Convenção sobre os Direitos das reconhece que os direitos humanos e as liberdades fun-
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. damentais devem ser aplicados a cada cidadão do pla-
neta. No que respeita à liberdade de opinião e expressão,
c) O Brasil não se submete à jurisdição da Corte Interameri- dispõe o art. XIX da DUDH que: “Toda pessoa tem direito
cana de Direitos Humanos. à liberdade de opinião e expressão” e, ainda, que este di-
reito inclui a liberdade de,
d) O Tribunal Penal Internacional é um órgão jurisdicional
criado no âmbito do sistema interamericano de proteção a) observado o controle soberano do Estado, ter opiniões e
dos direitos humanos, cuja atuação depende de provoca- de procurar receber e transmitir informações e ideias por
ção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. quaisquer meios, vedado o anonimato.

b) respeitada a soberania de cada fronteira, ter opiniões e


2) (PC-MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A de procurar receber e transmitir informações e ideias por
partir dos instrumentos internacionais ratificados pelo quaisquer meios.
Brasil, é possível elencar inúmeros direitos que, embora
não previstos expressamente no âmbito nacional, encon- c) sem interferência, ter opiniões e de procurar receber e
DIREITOS HUMANOS

tram-se enunciados nesses tratados e, assim, são consi- transmitir informações e ideias por quaisquer meios nos
derados como incorporados no Direito brasileiro, EXCE- limites das fronteiras de cada país.
TO:
d) sem interferência, ter opiniões e de procurar receber e
a) Direito da criança e do adolescente, de qualquer idade, transmitir informações e ideias por quaisquer meios e in-
de não serem recrutados pelas Forças Armadas para par- dependentemente de fronteiras.
ticipar de conflitos armados.

99
5) (PC-MG - Médico Legista - FUMARC/2013) Analise as d) a petição seja apresentada por pessoa ou grupo de pes-
seguintes afirmativas, à luz da legislação brasileira: I. A soas, ou entidade não governamental legalmente reco-
igualdade, a participação na vida política do Estado, a nhecida em um ou mais Estados-Membros da Organiza-
nacionalidade bem como o direito ao pleno emprego e ção, devendo conter o nome, a nacionalidade, a profissão,
à Previdência Social são considerados direitos de 1ª di- o domicílio e a assinatura da pessoa ou das pessoas, ou
mensão pela importância que ocupam na proteção do do representante legal da entidade que submeter a peti-
indivíduo face aos desmandos do Estado. II. Ninguém ção ou comunicação.
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escri-
ta e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria- 8) (PC-MG - Perito Criminal - FUMARC/2013) Juan Suaréz
mente militar, definidos em lei. É CORRETO o que se Silva nasceu na Espanha, filho de mãe espanhola e de pai
afirma em: brasileiro que não estava (na Espanha) a serviço da Re-
pública Federativa do Brasil. Considerando que Juan foi
a) A primeira afirmativa é falsa e a segunda, verdadeira. registrado em repartição brasileira competente e o que
dispõe a Constituição brasileira de 1988, é CORRETO afir-
b) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda, falsa. mar que

c) As duas afirmativas são verdadeiras. a) Juan é brasileiro nato e, caso venha a residir no Brasil, não
precisará de nenhum ato para consolidar a nacionalidade
d) As duas afirmativas são falsas. brasileira.

b) Juan é brasileiro nato; mas, se vier a residir no Brasil, de-


6) (PC-MG - Técnico Assistente da Polícia Civil - Adminis- verá transcrever a certidão consular no cartório do local
trativa - FUMARC/2013) Sobre a ONU, NÃO é correto onde fixar a sua residência.
afirmar:
c) Juan será considerado brasileiro nato se vier a residir no
a) O Conselho de Segurança é composto por cinco mem- território da República Federativa do Brasil, sendo que a
bros permanentes (China, França, Reino Unido, EUA e certidão consular facilita a aquisição definitiva da nacio-
Rússia) e dez não permanentes. nalidade brasileira.

b) A Corte Internacional de Justiça é composta por quinze d) a repartição brasileira competente se equivocou ao emi-
juízes, tem competência jurisdicional e consultiva e é o tir a certidão de nascimento para Juan, uma vez que seu
principal órgão judicial das Nações Unidas. pai, embora brasileiro, não estava a serviço da República
Federativa do Brasil.
c) A Comissão de Direitos Humanos da ONU, criada pelo
Conselho Econômico e Social, foi substituída pelo Con-
selho de Direitos Humanos, cuja composição manteve-se 9) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) A cria-
em cinquenta e três membros. ção das Nações Unidas, com suas agências especializa-
das, demarca o surgimento de uma nova ordem inter-
d) O poder de veto dos membros permanentes do Conselho nacional, inclusive a proteção internacional dos direitos
de Segurança decorre da necessidade de que, em relação humanos. Associe abaixo cada órgão enumerado da ONU
às questões materiais sob seu exame, as deliberações se- à sua competência:
jam tomadas por nove votos afirmativos, incluindo, toda-
via, os votos dos cinco membros permanentes. ÓRGÃO

I. Assembleia Geral.
7) (PC-MG - Perito Criminal - FUMARC/2013) De acordo
com a Convenção Americana de Direitos Humanos de II. Corte Internacional de Justiça.
1969, para que uma petição ou comunicação seja admiti-
da pela Comissão, será necessário que, EXCETO: III. Conselho Econômico e Social.

a) a matéria da petição não esteja pendente de outro pro- IV. Conselho de Tutela.
cesso de solução internacional.
COMPETÊNCIA
b) seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir
da data em que o presumido prejudicado em seus direi- a) Fomentar o processo de descolonização e autodetermi-
DIREITOS HUMANOS

tos tenha sido notificado da decisão definitiva. nação dos povos, a fm de que pudessem alcançar, por
meio de desenvolvimento progressivo, governo próprio.
c) o país violador haja ratificado ou aderido à Convenção,
mesmo que ainda não tenha se manifestado b) Promover a cooperação em questões econômicas, sociais
expressamente sobre a competência da Comissão, tendo e culturais e fazer recomendações destinadas a promover
em vista que o modelo previsto garante a “prevalência o respeito e a observância dos direitos humanos.
dos direitos humanos”.
c) Discutir e fazer recomendações relativas a qualquer ma-

100
téria objeto da Carta das Nações Unidas.

d) Decidir acerca das questões contenciosas e consultivas,


todavia somente nas questões em que os Estados são par-
tes perante ela.

Marque a CORRETA relação:

a) I (c); II (d); III (b); IV (a).

b) I (a); II (d); III (b); IV (c).

c) I (c); II (d); III (a); IV (b).

d) I (d); II (c); III (b); IV (a).

10) (PC-MG Escrivão de Polícia Civil - FUMARC/2011) A De-


claração Universal dos Direitos Humanos, adotada em 10
de dezembro de 1948, objetiva delinear uma ordem pú-
blica mundial fundada no respeito à dignidade da pessoa
humana. Leia e analise as assertivas abaixo:

I. A Declaração compreende um conjunto de direitos e fa-


culdades sem as quais um ser humano não pode desen-
volver sua personalidade física, moral e intelectual.

II. Sendo universal, é aplicável a todas as pessoas de todos


os países, raças, religiões e sexos, condicionada à aplica-
ção ao regime político dos territórios nos quais incide.

III. Consolida a afirmação de uma ética universal, ao con-


sagrar um consenso sobre valores de cunho universal a
serem seguidos pelos Estados.

Marque a opção CORRETA.

a) Somente as assertivas I e II estão corretas.

b) Somente as assertivas II e III estão corretas.

c) Somente as assertivas I e III estão corretas.

d) Somente a assertiva I está correta.

GABARITO

1 A
2 A
3 C
4 D
5 A
DIREITOS HUMANOS

6 C
7 C
8 B
9 A
10 C

101
ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Criminologia: conceito, cientificidade, objeto, método, sistema e funções. ................................................................. 01


Fundamentos históricos e filosóficos da Criminologia: precursores, Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas.
Marcos científicos da Criminologia. A escola liberal clássica do Direito Penal e a Criminologia positivista. ............ 03
A Moderna Criminologia científica: modelos teóricos explicativos do comportamento criminal. Biologia criminal,
Psicologia Criminal e Sociologia Criminal. ...................................................................................................................... 06
Teoria Estrutural-Funcionalista do desvio e da anomia. ................................................................................................ 09
Teoria das Subculturas Criminais. .................................................................................................................................... 09
Do “Labeling Approach” a uma criminologia crítica. ..................................................................................................... 09
A sociologia do conflito e a sua aplicação criminológica. .............................................................................................. 11
Sistema penal e reprodução da realidade social. ............................................................................................................. 11
Cárcere e marginalidade social. ........................................................................................................................................ 11
Modelo consensual de Justiça Criminal. .......................................................................................................................... 11
Hora de Praticar .................................................................................................................................................................. 14
Shecaria diz que muitas pesquisas são feitas em equipes,
CRIMINOLOGIA: CONCEITO, com visões diferenciadas da realidade, tendo em vista as for-
CIENTIFICIDADE, OBJETO, MÉTODO, mações distintas dos pesquisadores que complementam as
SISTEMA E FUNÇÕES. diferentes perspectivas interpretativas. Diante disso, origi-
nou-se a necessidade de pensar a criminologia com inter-
disciplinaridade, ou seja, utilizar na mesma investigação psi-
quiatras, psicólogos, juristas, estatísticos, assistentes sociais.

Conceito #FicaDica
A Criminologia é conhecida como uma ciência
empírica, por se tratar de um conhecimento
O termo criminologia encontra significado na junção de alcançado através da experiência e da
duas palavras, sendo crimino (crime) do latim e logos (estudo) observação da realidade. É uma ciência do “ser”.
do grego. Assim, concluí-se que a criminologia significa o “es-
tudo do crime”.

A palavra criminologia foi utilizada pela primeira vez em #FicaDica


1883, por Paul Topinard. Somente em 1885 foi aplicada de
modo escrito intencionalmente, por Raffaele Garófalo, no li- Também é conhecida como uma ciência
vro chamado de Criminologia. interdisciplinar, já que tem influência de várias
áreas do conhecimento, como psicologia,
Para Shecaira, Criminologia pode ser entendida como: sociologia, biologia, medicina legal e direito,
“Estudo e a explicação da infração legal; os meios formais e através do estudo do crime, da personalidade
informais de que a sociedade se utiliza para lidar com o cri- do delinquente, da vítima e do controle social.
me e com os atos desviantes; a natureza das posturas com que
as vítimas desses crimes são atendidas pela sociedade; e, por
derradeiro, o enfoque sobre o autor desses fatos desviantes”
(SHECAIRA, 2012, p. 35). #FicaDica
A criminologia pode ser dividida como: a)
Com o passar dos tempos, a criminologia ganhou espaço, criminologia científica, aquela que estuda
tornando-se uma ciência empírica e interdisciplinar, tendo conceitos e métodos sobre a criminalidade,
como finalidade a análise do crime, da personalidade do autor o crime, criminoso, vítima e a justiça penal);
do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das b) criminologia aplicada, que abrange porção
condutas. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 21) científica e a prática dos operadores do
direito; c) criminologia acadêmica, com fins
Sérgio Salomão Shecaira entende que a criminologia reú- pedagógicos; d) criminologia analítica, que
ne uma informação válida e confiável sobre a problematiza- verifica o cumprimento do papel das ciências
ção criminal, baseando-se no método empírico de análise e criminais e política criminal; e) criminologia
observação da realidade. Como uma ciência do “ser”, a cri-
crítica ou radical, com a negação ao capitalismo
minologia não é uma ciência “exata”, que traduz segurança
e apresentação do deliquente como vítima
e certeza inabaláveis. Ela também não é considerada uma
da sociedade (bases marxistas). (PENTEADO
ciência “dura”. Como qualquer ciência “humana” apresenta
FILHO, 2012, p. 27-28).
um conhecimento parcial, fragmentado, provisório, fluído,
adaptável à realidade e compatível com evoluções históricas
e sociais. (SHECARIA, 2012, p. 37).
Objeto da Criminologia
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Métodos
A criminologia tem por objeto de análise o crime, a per-
sonalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e
o controle social das condutas criminosas, ou como alguns
Importante salientar que é quase unânime o entendimen- preferem dizer: Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social.
to de que a criminologia é uma ciência autônoma, dotada de
método. Entretanto, não se possui um único método de inves-
tigação, tendo em vista que há correntes que adotam métodos
diferentes. Tentaremos abordar todos os métodos abaixo. Delito
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar,
sendo que para o estudo do delinquente utiliza-se a metodo-
logia experimental, naturalística e indutiva. Entretanto, não é Pelo delito, procura-se analisar a conduta anti-social, cau-
possível delimitar as causas da criminalidade somente por es- sas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente com
tes métodos, recorrendo-se assim ao auxílio de métodos esta- foco na não reincidência, bem como as falhas no processo
tísticos, históricos e principalmente sociológicos e biológicos. preventivo. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 23)

1
Importante salientar que o direito penal entende o delito Em momento posterior, pode-se ocorrer a vitimização se-
como uma ação ou omissão típica, ilícita e culpável, enquan- cundária (sobrevitimização/revitimização), a qual é causada
to a criminologia o crime deve ser encarado como um fenô- pelas instâncias formais do controle social, ou seja, é o sofri-
meno comunitário e como um problema social. Procura-se mento adicional ao sofrimento da conduta criminosa (vitimi-
entender os “fatores que levam os homens, vivendo em so- zação primária), adicionada pelos órgãos públicos, mediante a
ciedade, a “promover” um fato humano corriqueiro à condi- mecânica da justiça penal. Tem-se, como exemplo de sobrevi-
ção de crime”. (SHECAIRA, 2012, p. 43) timização ou revitimização, o sofrimento causado por depoi-
mentos na fase investigativa e audiências na fase processual
Shecaira promove a reflexão de quatro condições para penal.
serem compreendidos coletivamente como crimes: a) A in-
Por fim, a vitimização terciária ocorre quando a vítima volta
cidência massiva na população: um fato isolado não passa a conviver em seu âmbito social, enfrentando familiares, co-
a ser um conduta criminosa, assim, deve-se ter a reiteração legas de trabalho, escola ou outros grupos de convívio social.
das conduta para considerá-las criminosas; b) A incidência Neste momento, provavelmente a vítima será levada a recordar
aflitiva do fato praticado: todo fato deve produzir dor, quer da conduta criminosa (vitimização primária) e do sofrimento
à vítima, quer a comunidade como um todo. Assim, fatos mediante a mecânica estatal, como a sua ida para a delegacia
sem relevância não podem ser punidos na esfera criminal; (vitimização secundária), momento em que, decorrente de sua
c) A persistência espaço-temporal: por este terceiro elemento recordação, ocorre a vitimização terciária, ou seja, a lembrança
constitutivo do conceito criminológico de crime é que haja dos fatos ocorridos até aquele momento ao contar para pes-
a persistência espaço-temporal do fato que se quer imputar soas de seu âmbito social.
ao delinquente. Assim, não se pode ter um fato criminoso,
mesmo que seja massivo e aflitivo, se esse não ocorre no ter-
ritório nacional e em um determinado tempo; d) Um inequí-
voco consenso: deve-se ter um consenso sobre a etiologia e #FicaDica
de quais técnicas de intervenção seriam mais eficazes para o A heterovitimização é a auto culpa, quando
combate ao crime. (SHECARIA, 2012, p. 43-47) a vítima se recrimina pelo evento criminoso
sofrido
Exemplo 1: Furto de veículos em uma cidade de forma
reiterada lesam bens jurídicos (são massivos e aflitivos), per-
sistem em um espaço-temporal (persistência espaço-tempo-
ral) e são de inequívoco consenso de que são condutas crimi- Controle social
nosas (inequívoco consenso).

Exemplo 2: O uso indiscriminado de bebidas alcoólicas


produzem consequências massivas, aflitivas e têm uma per- De acordo com a Criminologia moderna, existem dois
sistência espaço-temporal, entretanto não é um inequívoco meios de controle social, que são compreendido pelo conjunto
consenso de que o uso indiscriminado é crime. de mecanismos e sanções sociais que visam a submissão do
homem aos modelos e normas exigidos pela sociedade.

O primeiro controle social é o informal, o qual é formado


Delinquente pelos órgãos da sociedade civil, como família, escola, ciclo pro-
fissional, igrejas, clubes de serviço, opinião pública, etc...

Por sua vez, o segundo modelo de controle social é o for-


No que se refere ao delinquente, a criminologia tende a mal, o qual é compreendido pelo controle exercido pelo Esta-
observar o ser, a pessoa normal, considerando seu histórico, do, como Polícia (1ª seleção), o Ministério Público (2ª seleção),
realidade, podendo ser complexa e enigmática. (SHECAIRA, a Justiça (3ª seleção), as Forças Armadas, a administração pe-
nitenciária, entre outras. Trata-se de uma ideia originada na
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

2008, p. 54)
teoria do contrato social de Rousseau

Por fim, ressalta-se que há dois tipos de criminalização de


uma conduta:
Vítima
a) Criminalização primária: aquela que compreende a cria-
ção e definição de normas, originada pelo poder legislativo;
O estudo da vítima, por sua vez, tem como objetivo o en- b) Criminalização secundária: em momento posterior à
tendimento do papel desta na estrutura do delito, principal- criação da norma punitiva, passa-se as autoridades judiciais
mente em face dos problemas de ordem moral, pscicológica, a competência de aplicar a norma e a punição, por meio do
jurídica etc... Poder Judiciário.

Consta esclarecer que há modelos de vítimas. A vitimiza- Ou seja, o primeiro modelo consiste no poder do Estado em
ção primária corresponde ao sofrimento causado pela con- criar lei penal, enquanto no segundo é o poder punitivo estatal.
duta criminosa, no momento do crime.

2
Funções Direito Penal

A criminologia tem como função analisar e compreender O Direito Penal deve ser compreendido como uma ciên-
a problemática no âmbito criminal, para que assim possa su- cia normativa, o qual visualiza a conduta como anormal e
gerir métodos de prevenção e interferência no delinquente. fixa uma pena/punição. A conduta, por meio de uma ação
Somente se faz possível a alusiva função com base no estudo ou omissão, deve ser típica, antijurídica e culpável, levando-
do crime, criminoso, vítima e controle social, ou seja, uma -se em consideração os ensinamentos da corrente causalista.
análise completa criminal.
A criminologia, por sua vez, observa o delito como um
Assim, compreende-se como função da criminologia o problema social, um fenômeno comunitário, com quatro
desenho de um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o elementos constitutivos: a) incidência massiva na população
delito, utilizando-se para isso o método empírico e interdisci- (não se pode tipificar como crime um fato isolado); b) inci-
plinar, afastando-se, por consequencia, o perigoso emprego da dência aflitiva do feto praticado (o crime deve causar dor à
intuição ou de subjetivismos. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 26)
vítima e à comunidade); c) persistência espaço-temporal do
feto delituoso (é preciso que o delito ocorra reiteradamente
Em outras palavras, a função da criminologia é explicar e
prevenir o crime, intervindo na pessoa do delinquente, ava- por um período significativo de tempo no mesmo território)
liando os diferentes modelos de resposta ao ato criminoso. e d) consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas
de intervenção eficazes (a criminalização de condutas de-
pende de uma análise minuciosa desses elementos e sua re-
percussão na sociedade).
Criminologia e Política Criminal

#FicaDica
A criminologia se ocupa a pesquisas fatores físicos, so- Lembre-se, tanto o Direito Penal, quanto a
ciais, psicológicos que inspiram o delinquente, a evolução Criminologia estudam o crime, porém com
do delito, as relações da vítima com o fato delituoso e as ins- enfoques diferentes.
tâncias de controle social, abrangendo diversas disciplinas
criminais, como antropologia criminal, biologia criminal,
sociologia criminal, política criminal, etc... (PENTEADO FI-
LHO, 2014, p. 27) #FicaDica
As estatísticas originadas da criminologia servem para Em sentido amplo, a Criminologia estuda a
orientar as políticas criminais, quanto à prevenção e à re- origem do crime (causas), o Direito Penal a
pressão criminal. decidibilidade de conflitos e a Política Criminal
as formas de combate da violência.
Assim, tem-se que enquanto a criminologia cuida
do estudo do delito, delinquente, vítima e controle social,
de modo empírico e interdisciplinar, a política criminal, de
modo strictu sensu, consiste no programa de objetivos, mé- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E
todos de procedimentos e de resultados pelos quais auto- FILOSÓFICOS DA CRIMINOLOGIA:
ridades fazem a prevenção e a repressão da criminalidade. PRECURSORES, ILUMINISMO E AS
(ALBUQUERQUE, 2004, p. 1) PRIMEIRAS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS.
Ou seja, a Política criminal estuda as formas de controle MARCOS CIENTÍFICOS DA CRIMINOLOGIA.
da violência, da criminalidade, como política de lei e ordem, A ESCOLA LIBERAL CLÁSSICA DO DIREITO
tolerância zero, minimalistas, abolicionistas. PENAL E A CRIMINOLOGIA POSITIVISTA. PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

#FicaDica Para muitos a criminologia conseguiu alcançar status de


Criminologia analítica verifica o cumprimento ciência autônoma com Cesare Lombroso, em 1876, na obra
do papel das ciências criminais e política “O homem delinquente”. Para outros, tornou-se autônoma
criminal; com o antropólogo francês Paul Topinard, em 1879, primeira
pessoa a utilizar a palavra criminologia.

Não obstante, há defensores que entendem que foi Rafael


Garófalo, em 1885, que deu o primeiro passo para a crimino-
#FicaDica logia se tornar uma ciência autônoma, já que empregou em
Em sentido amplo, a Criminologia estuda a seu livro a palavra criminologia como parte do título.
origem do crime (causas), o Direito Penal a
decidibilidade de conflitos e a Política Criminal Como traçado por Nestor Sampaio Penteado Filho, “não
as formas de combate da violência. se pode perder de vista, no entanto, que o pensamento da
Escola Clássica somente despontou na segunda metade do

3
século XIX e que sofreu uma forte influência das ideias liberais e Entretanto, a mais importante pseudociência dessa épo-
humanistas de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a ca foi à fisionomia, que teve como principais precursores
edição de sua obra genial, intitulada Dos delitos e das penas, em Giovanni Battista Della Porta Vico Equense, conhecido como
1764”. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 32) Della Porta, e Johan Caspar Lavater. A fisionomia pregava que
com base na aparência externa da pessoa poder-se-ia deduzir
Por fim, há quem diga que num pensamento não biológico, os caracteres psíquicos, relacionando-se os aspectos físicos e
foi o belga Adolphe Quetelet, integrante da Escola Cartográfica, morais do ser humano. (SHECAIRA, 2012, p. 78)
quem expôs pela primeira fez sobre criminologia, no seu Ensaio
de Física Social em 1835. Nesse trabalho, Quetelet empregou es- Della Porta foi o criador da sociedade denominada Acca-
tatísticas sobre a criminalidade, observando as cifras negas da demia dei Segreti e publicou seu livro De humana physiogno-
criminalidade, um dos primeiros estudos sobre essa temática. mia em 1586. Por sua vez, Lavater, teólogo suíço, publicou em
(PENTEADO FILHO, 2012, p. 32) 1776 a obra L’art d’estudier la physionomie.

Importante salientar que é quase unânime a ideia de que na A fisionomia deu origem a cranioscopia, desenvolvida
criminologia moderna há forte influência do iluminismo, tanto em meados de 1800 com Franz Joseph Gall. A cranioscopia
nos autores da Escola Clássica, quanto nos da Escola Positiva. pretendia adivinhar a personalidade e o desenvolvimento das
(PENTEADO FILHO, 2012, p. 32); (SHECAIRA, 2012, p. 90). faculdades mentais e morais do homem com a medição ex-
terna da sua cabeça. (SHECAIRA, 2012, p. 79).

Posteriormente a cranioscopia se desenvolveu, tornando-


Precursores -se a frenologia, precursora da neuropsiquiatria e da moder-
na neurofisiologia. Com esse método se pretendia localizar
cada um dos instintos e inclinações de uma pessoa com base
em uma determinada parte do cérebro, cujo desenvolvimen-
Há muito tempo se estuda os crimes e criminosos, poden- to poderia ser observado com a forma do crânio. (SHECAIRA,
do-se considerar que há estudos de criminologia pré-científica, 2012, p. 80)
tendo em vista que somente em meados de 1880 a criminologia
começou a ser enxergada como uma ciência autônoma. Importante salientar que além de Franz Joseph Gall (cria-
dor da obra Sur lês fonctions Du cervau, publicada em 1823 e
Na antiguidade, tem-se o Código de Hamurábi, que dispu- 1825 em seis volumes), o alemão Johann Caspar Spurzheim
foi um importante frenologista, sendo considerado discípulo
nha sobre a forma de julgamento de ricos e pobres, sendo os
de Gall. Johhan Caspar escreveu em 1815 o livro The Physiog-
ricos julgados com maior severidade, tendo em vista que os mes-
nomical system. Entretanto, o espanhol Mariano Cubí y Soler
mos tiveram, em tese, mais condições materiais e culturais para
foi um dos primeiros a afirmar e expor sobre a teoria do cri-
não praticar crimes.
minoso nato, em seu Manual de frenologia e sistema completo
de frenologia, em 1844. (SHECAIRA, 2012, p. 81)
Nestor Sampaio Penteado Filho coloca também ideias de
Homero, Hipócrates, Protágoras, Diógenes, Confúcio, Platão e No que se refere à psiquiatria, Bénedict-Augustin Morel
Aristóteles como precursores importantes da antiguidade. Ade- pode ser considerado um importante pensador, por conta de
mais, ressalta-se que teólogos como Jerônimo e Santo Tomás de sua obra Traité dês dégénérescences physiques, intellectuelles
Aquino deram suas contribuições para o desenvolvimento da et morales de l’espécie humaine et descauses qui produisent
criminologia. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 38) ces variétés maladives, de 1856. Nessa obra, Morel associava a
criminalidade à degeneração, tema estudado posteriormente
Importante salientar ainda que Filósofos e humanistas como por Lombroso e seus discípulos. (SHECAIRA, 2012, p. 81)
Thomas Morus, Hobbes, Montesquieu, Rousseau foram também
de extrema importância para o avanço do pensamento crimino- Philippe Pinel, por sua vez, foi um francês, psiquiatra, que
lógico na era pré-científica. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 38) separou pela primeira vez, por meio de diagnóstico clínico, os
criminosos dos enfermos mentais. Sua principal obra foi Trai-
No Código das Sete Partidas, por sua vez, havia uma descri- té médico-philosophique sur l’aliénation mentale, em 1801.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

ção dos tipos de assassinos. A partir desse Código, somado com (SHECAIRA, 2012, p. 82)
o estudo de vários autores, começou-se a ter a discussão da cha-
mada criminogênese, a qual foi “o exame dos fatores que podiam Importante salientar ainda que Jean Etienne Dominique
influenciar a conduta delinquencial; as forças físicas e cósmicas Esquirol, psiquiatra francês, discípulo de Pinel, escreveu a
foram estudadas, muitas vezes apresentando uma formulação obra Des Maladies mentales, em 1838; e Próspero Despine,
aparentemente científica. Assim, Kropotkin, baseando-se em da- em 1869, escreveu sua obra Psychologie naturelle. (SHECAI-
dos climáticos, chegou a criar um cálculo numérico para os ho- RA, 2012, p. 82)
micídios: H=T x 7 + U x 2 (H é o número de homicídios; T é a tem-
peratura média e U é a unidade média). (SHECAIRA, 2012, p. 77) Muito ligado à psiquiatria e à frenologia, vistas anterior-
mente, estava as ideias dos antropólogos. Grande expoente
dessa corrente, Lucas faz referência a uma tendência criminal
Consta esclarecer que muitas pseudociências surgiram nessa
transmissível por via hereditária, que estaria presente no in-
época, como a oftalmoscopia, que pretendia estudar o caráter do divíduo desde seu nasicmento. Lucas lançou sua ideia em seu
homem pela observação dos olhos; a metoposcopia, que deseja- livro chamado Traité philosophique et physiologique de l’héré-
va observar os homens pelas rugas de expressão e a quiromancia dité naturelle, em 1847. Tais ensinamentos foram utilizados
que pretendia ler o futuro, com base no passado, analisando-se posteriormente por Lombroso. (SHECAIRA, 2012, p. 83)
as linhas das mãos.

4
Outro antropólogo foi Gaspar Virgílio, que em 1874, dois As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por in-
anos antes que Lombroso, escreveu seu livro chamado Sul- fluenciar a redação do célebre livreto de Cesare Beccaria,
la natura morbosa del delito, referindo-se ás características intitulado Dos delitos e das penas (1764), com a proposta de
anormais dos delinquentes, utilizando as ideias de Cubí humanização das ciências penais. Além de Beccaria, despon-
y Soler sobre o conceitos de criminoso nato. (SHECAIRA, tam como grandes intelectos dessa corrente criminológica,
2012, p. 83) como Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni
Carmignani.
Importante lembrar que diversos autores foram impor-
tantes para o nascimento da criminologia como ciência au- Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o jus-
tônoma, como Lamarck e Charles Darwin. Em 1859, com naturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da
a obra The origin of species, Darwin cria um novo entendi- natureza eterna e imutável do ser humano, e o contratua-
mento até então não demonstrado pela ciência biológica, lismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que
dizendo que a humanidade foi fruto de uma evolução natu- o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens,
no qual estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em
ral e não de um processo criador repentino.
prol da segurança coletiva.
Por fim, salienta-se que Howard (livro The state of pri-
A burguesia em ascensão procurava afastar o arbítrio e a
sions - 1777); Bentham (livro Panopticum or The Inspection opressão do poder soberano com a manifestação desses seus
House – 1791) e Foucaut (Vigiar e punir) foram grandes ex- representantes através da junção das duas teorias, que, em-
poentes da criminologia pré-científica. Com tais evoluções, bora distintas, igualavam-se no fundamental, isto é, a exis-
foi possível a criação das teorias de Cesare Lombroso, pre- tência de um sistema de normas anterior e superior ao Esta-
cursor da Escola Positiva. do, em oposição à tirania e violência reinantes. (PENTEADO
FILHO, 2012, p. 45)

Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas


#FicaDica
São princípios fundamentais da Escola Clássica:
A criminologia pré-científica dividia-se em dois blocos: O crime como um ente jurídico (infração);
a) os pensadores clássicos, influenciados pelo iluminismo, a punibilidade baseada no livre-arbítrio; a
os quais empregavam métodos dedutivos e lógico-formais; pena deve ter caráter de retribuição pela culpa
b) os pensadores com base no empirismo, que estudavam moral do delinquente, prevenindo o delito
a gênese delitiva por técnicas derivadas da fisiologia, an- com certeza, rapidez e severidade, restaurando
tropologia, biologia etc., os quais substituíram à lógica e a a ordem social; utilizava-se o método e o
raciocínio lógico-dedutivo (PENTEADO FILHO,
dedução pelo método indutivo experimental (empirismo).
2014, p. 32).
(PENTEADO FILHO, 2012, p. 45)

Com o apogeu do iluminismo, deu-se a Revolução Fran-


cesa, nascendo assim um pensamento liberal humanista
por meio de seus expoentes, destacando-se Voltaire, Mon- Escola Positiva (Italiana)
tesquieu, Rousseau. Tais pensadores teceram inúmeras crí-
ticas À legislação criminal européia do século XVIII, aduzin-
do a necessidade de individualização de pena, redução das
Cesare Lambroso, autor do livro “L’Uomo delinquente” (O
penas cruéis, proporcionalidade etc... (PENTEADO FILHO,
homem delinquente), deu início à Escola Positiva Italiana, em
2012, p. 46)
meados dos anos de 1876, obtendo como seus discípulos En-
rico Ferri (1856-1929) e Rafael Garófalo (1851-1934). PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Com a chegada dos tempos modernos, nasceram duas
grandes escolas decorrentes do pensamento filosófico-jurí- Na época das lições de Cesare Bonesana (Marquês de
dico em matéria penal e em criminologia: a escola clássica e Beccaria- pensador da Escola Clássica), a criminologia tinha
a positivista. Embora tenham se formado e distinguido uma a preocupação de estudar o crime em si, ou seja, o delito.
da outra, ambas são derivadas da cultura iluminista. Com a Escola Positiva, processou-se o estudo do delinquen-
te, completando um estudo duplo, do delito e do delinquen-
te.

Escola Clássica Tem-se que a Escola positiva dividiu-se, como entendi-


mento majoritário, em três fases, sendo a fase antropológica,
com Cesare Lambroso, autor do livro O homem Deliquente
em 1976; a fase sociológica, com Enrico Ferri, autor do es-
Conforme os ensinamentos de Nestor Sampaio Pentea- tudo Sociologia Criminal em 1884; e por fim a fase jurídica,
do Filho: Não existiu propriamente uma Escola Clássica, desenvolvida por Raffaele Garófalo, com o estudo sobre a
que foi assim denominada pelos positivistas em tom pejo- Criminologia em 1885.
rativo (Ferri).

5
#FicaDica A MODERNA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA:
MODELOS TEÓRICOS EXPLICATIVOS DO
Aspectos da Escola Positiva
a) o direito penal e obra humana; COMPORTAMENTO CRIMINAL. BIOLOGIA
b) a responsabilidade social decorre do CRIMINAL, PSICOLOGIA CRIMINAL E
determinismo social; SOCIOLOGIA CRIMINAL.
c) o delito é um fenômeno natural e social
(fatores biologicos, fisicos e sociais);
d) a pena e um instrumento de defesa social
(prevenção geral);
e) método indutivo-experimental; Criminologia moderna
f ) os objetos de estudo da ciência penal são o
crime, o criminoso, a pena e o processo.
(PENTEADO FILHO, 2014, p. 36).
Atualmente a Criminologia Moderna deve ser considera-
da como uma ciência empírica (baseada na observação e na
experiência) e interdisciplinar, por ter influência de outras
Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã ciências como sociologia, direito e psicologia, que estuda
o delito, delinquente, vítima e controle social (D.D.V.C), ou
seja, o objeto do crime em análise, a personalidade do autor
delitivo, a vítima e o controle social das condutas criminosas.
Pode ser chamada de Escola Sociológica Alemã, com ini-
cio nos pensamentos de Franz Von Lizst, Adolphe Prins e Von Utiliza-se, na Criminologia Moderna, métodos biológicos
Hammel (1888). e sociológicos. Como se trata de uma ciência empírica, o mé-
todo é experimental, naturalístico e indutivo para estudar o
Von Lizst ampliou na conceituação das ciências penais delinquente, não sendo suficiente, mesmo assim, para deli-
a criminologia (com a explicação das causas do delito) e a mitar as causas da criminalidade. Deste modo, a Criminolo-
penologia (causas e efeitos da pena). Os postulados da Esco- gia Moderna busca auxílio em métodos estatísticos, históri-
la de Política Criminal foram: a) o método indutivo- experi- cos, sociológicos e biológicos.
mental para a criminologia; b) a distinção entre imputáveis e
inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança Os fins básicos da Criminologia Moderna (que não po-
para os perigosos); c) o crime como fenômeno humano-so- dem ser confundidos com as funções primárias, ou seja, o
cial e como fato jurídico; d) a função finalística da pena - pre- estudo do D.D.V.C (delito, delinquente, vítima e controle so-
venção especial; e) a eliminação ou substituição das penas cial), é informar a sociedade e os poderes acerca do crime,
privativas de liberdade de curta duração. (PENTEADO FI- criminoso, vítima e mecanismos de controle social, além, é
LHO, 2014, p. 37) claro, da luta contra a criminalidade, ou seja, controle e pre-
venção criminal.

Não obstante, a Criminologia Moderna pode ser classi-


Terza Scuola ficada como uma ciência autônoma, ou seja, podemos con-
ceituar como uma ciência empírica, interdisciplinar e autô-
noma, com métodos estatístitcos, históricos, sociológicos e
biológicos, com a função de estudar o delito, delinquente,
Com início nos ensinamentos de Manuel Carnevale, con- vítima e controle social e finalidade de controle e prevenção
tinuado por Bernardino Alimena e João Impallomeni, a Terza criminal.
Scuola Italiana nasce após as escolas Clássica e Positiva. Uma
corrente conhecida por ser eclética ou intermediária.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Para essa escola, o crime “é concebido como um fenô-


meno social e individual, condicionado, porém, pelos fatores #FicaDica
apontados por Ferri. O fim da pena é a defesa social, embora
sem perder seu caráter aflitivo, e é de natureza absolutamente Como método de memorização, sugere-se
distinta da medida de segurança”. (BITENCOURT, 2003, p. 58) para a Escola Clássica a memorização da sigla
CBC (Giovanni Carmignani, Cesare Bonesana e
Francesco Carrara); para a Escola Positiva a sigla
CLER (Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Rafaelle
Garofalo); para a escola Política Criminal a
#FicaDica sigla FAV (Franz Von Lizst, Adolphe Prins e Von
Hammel); para a Escola Terza italiana MBJ
Havia distinção entre imputáveis e inimputáveis, (Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João
considerando o crime como algo social e Impallomeni)
individual, devendo ser a pena com caráter
aflitivo, com finalidade de defesa social.

6
Biologia criminal Psicologia Criminal

De acordo com Nestor Sampaio Penteado Filho: “Pode- A psicologia criminal tem por objeto a análise da perso-
-se afirmar que os primeiros estudos bioantropológicos, ou nalidade “normal” e os fatos que possam influenciá-la, que
melhor, biológicos, foram desenvolvidos por Lombroso, com sejam de índole biológica, mesológica (relacionada com
predomínio das análises morfológicas e fisiognômicas. meio ambiente) ou social. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 223)

Nesse prisma, ganhou relevo a antropometria (estudos Por sua vez, a psiquiatria criminal estuda os transtornos
das medidas e proporções do organismo humano para fins de anormais da personalidade, ou seja, as doenças mentais, re-
estatística e comparação), que serviria de base para os estu- tardos mentais, demências, esquizofrenias e outros transtor-
dos subsequentes. nos, de índole psicótica ou não. (PENTEADO FILHO, 2012,
p. 223)
Na era pós-lombrosiana desenvolveram-se estudos bio-
tipológicos, endocrinológicos e psicopatológicos, estes três
relacionados, sobretudo à criminologia clínica.
Sociologia criminal – Teorias do conflito e do
Na medida em que as teses anatômicas acerca da conduta consenso.
humana foram se revelando insuficientes para a causalidade
criminal, surgiram novas teses, se bem que críticas, de con-
teúdo psiquiátrico.
A Sociologia Criminal utiliza as teorias macro-sociologi-
Merecem destaque as teorias dos tipos de autor (Krets- cas do conflito e do consenso. Segundo as teorias macros-
chmer, 1921) e das personalidades psicóticas (Schneider, sociológicas, a Criminologia moderna estuda a sociedade
1923). Kretschmer (tipos de autor) diferenciou quatro tipos como um todo, não somente um indivíduo ou grupos meno-
de constituição corporal: res, por isso o inicio MACRO (forma de memorização).

1) Leptossômicos: alta estatura, tórax largo, peito fundo, Tem-se, como exemplos de teorias de consenso a Escola
cabeça pequena, pés e mãos curtos, cabelos crespos (propen- de Chicago, a teoria da anomia, a teoria da associação dife-
são ao furto e estelionato). rencial, entre outras. Essas teorias do consenso entendem
que os objetivos da sociedade são quando as instituições
2) Atléticos: estatura média, tórax largo, musculoso, forte atingem seu funcionamento perfeito, com pessoas convi-
estrutura óssea, rosto uniforme, pés e mãos grandes, cabelos vendo e compartilhando metas sociais comuns, concordan-
fortes (crimes violentos). do com as normas impostas pelo Estado, ou seja, regras de
convívio.
3) Pícnicos: tórax pequeno, fundo, curvado, formas arre-
dondadas e femininas, pescoço curto, cabeça grande e redon- As teorias de conflito defendem a harmonia social pela
da, rosto largo e pés, mãos e cabelos curtos (menor propen- imposição ou coerção, onde o Estado é dominante e o povo
são ao crime). dominados. A labelling approach (rotulação ou reação social)
é uma das grandes teorias do conflito, sendo que se iniciou
4) Displásicos: pessoas com corpo desproporcional, com em 1960, com Erving Goffman e Howard Becker
crescimento anormal (crimes sexuais).
Em outras palavras, as Teorias do Conflito subentendem
As maiores críticas a essa corrente foram no sentido de disputas na ordem social. Deste modo, o controle social for-
que tinham forte tendência discriminatória, adotadas pelo ma é institucionalizado, exercendo poder, enquanto as Teo-
nazi-facismo para justificar a eliminação de “raças inferiores”. rias do Consenso são teorias que defendem que a existência
de acordos na ordem social, as quais objetivam o bom fun- PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Por seu turno, Kurt Schneider (1923) desenvolveu o con- cionamento das instituições, com objetivos comuns.
ceito de personalidades psicóticas, sustentando tratar-se
de personalidades alteradas na afetividade e nos sentimentos Conforme os ensinamentos de Nestor Sampaio Filho, As
individuais. Importante notar que, para essa teoria, as ano- teorias consensuais partem dos seguintes postulados:
malias são mais de caráter que de inteligência, conforme a toda sociedade é composta de elementos perenes, integra-
lição de Winfried Hassemer e Muñoz Conde ” (PENTEADO dos, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre
FILLHO, 2012, p. 104) seus integrantes.

Já as teorias de conflito argumentam que a harmonia


social decorre da força e da coerção, em que há uma relação
entre dominantes e dominados. Nesse caso, não existe vo-
luntariedade entre os personagens para a pacificação social,
mas esta é decorrente da imposição ou coerção. (PENTEADO
FILHO, 2012, P. 82).

7
Escola de Chicago
#FicaDica
As principais propostas da ecologia criminal
visando o combate à criminalidade
A revolução industrial trouxe grande expansão ao mer- são: alteração efetiva da situação socioeconômica
cado norte americano. Os estudos sociológicos, por sua vez, das crianças; amplos programas comunitários
sofriam influência da religião. A secularização trouxe uma
para tratamento e prevenção; planejamento
aproximação entre a burguesia, elite e a classe baixa, pensa-
estratégico por áreas definidas; programas
mento da Universidade de Chicago, que deu o nome de “teoria
comunitários de recreação e lazer, como ruas
da ecologia criminal” ou “desorganização social”, de Clifford
de esportes, escotismo, artesanato, excursões
Shaw e Henry Mckay.
etc.; reurbanização dos bairros pobres, com
O crescimento sem controle da cidade de Chicago levou melhoria da estética e do padrão das casas.
à expansão do centro para a periferia (movimento circular
centrífugo), onde havia inúmeros problemas de cunho social,
econômico e ambiental. Deste modo, criou-se um ambiente
propício para criminalidade. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 66) Associação diferencial
Com base em fenômenos criminais observáveis, a Escola
de Chicago passou a utilizar inquéritos sociais na investiga-
ção, que demandavam a realização de interrogatórios diretos, A teoria da associação diferencial, que designou a expres-
efetuados por equipe especial junto ao grupo de pessoas. Ao são White colar crimes (crimes de colarinho branco), desen-
lado dos inquéritos, utilizaram-se análises biográficas de ca- volvida por Edwin Sutherland (1883-1950), é uma teoria de
sos individuais, que permitiam a verificação de um perfil de consenso que nomeou criminosos específicos dos comuns,
carreira delitiva. ou seja, criminosos de classe alta que praticam crimes no
exercício de suas funções.
Fundamentado nesse estudo, estabeleceu-se a metodo-
logia de colocação dos resultados da criminalidade sobre o A criminalidade pode ser uma consequência entre a in-
mapa da cidade (estrutura ecológica). fluência das classes sociais, uma socialização incorreta, as-
sim, origina-se o pensamento de que o comportamento cri-
Os avanços do progresso cultural aceleraram a mobilida- minoso é aprendido, nunca herdado.
de social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças
de emprego, residência, bairro etc., incorrendo em ascensão
ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o mo-
vimento sem mudança da postura ecológica, proporcionado
pelo avanço da tecnologia dos transportes (automóvel, trens, #FicaDica
metrô). Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo
controle social informal nas maiores cidades. (PENTEADO FI- Edwin Sutherland inspirou-se em Gabriel Tarde
LHO, 2014, p. 67) na criação da Associação Diferencial.

Considera-se que a principal contribuição oferecida pela


Escola de Chicago foi a metodologia aplicada, o estudo empí-
rico e a política criminal, chegando-se a uma prevenção, redu-
zindo a repressão.

Vejamos em planos práticos:

Para Shecaira (2008, p. 167), “Uma cidade desenvolve-se, de


acordo com a ideia central dos principais autores da teoria eco-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

lógica, segundo círculos concêntricos, por meio de um conjunto


de zonas ou anéis a partir de uma área central. No mais central
desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus gran-
des bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração
da cidade, fábricas, estações ferroviárias, etc. A segunda zona,
chamada de zona de transição, situa-se exatamente entre zo-
nas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra
o comércio e a indústria. Como zona intersticial, está sujeita à
invasão do crescimento da zona anterior e, por isso, é objeto de
degradação constante”.

Assim, concluí-se que a 2ª zona favorece a criação de gue-


tos, a 3ª zona mostra-se como lugar de moradia de trabalha-
dores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos
habitacionais da classe média e a 5ª zona compõe-se da mais
alta camada social. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 86)

8
A teoria do Etiquetamento Social, Rotulação Social ou la-
TEORIA ESTRUTURAL-FUNCIONALISTA DO belling approach, observa a ideia de que as noções de crime e
DESVIO E DA ANOMIA criminosos são construídas socialmente através da definição
legal e das ações de instâncias oficias de controle social, ou
TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS. seja, da lei e os poderes de controle social. O comportamento
desviante é rotulado como tal, por meio de lei e das instân-
cias oficiais de controle social, não nascem com o indivíduo.

Cria-se, assim, um estigma para os condenados, define-


-se uma “conduta desviante”. Há assim, a política dos quatro
Anomia/Subcultura delinquente Ds, quais são: Descriminalização, Diversão, Devido proces-
so legal e Desistitucionalização. No plano jurídico-penal, os
Albert Cohen criou, em meados de 1955, a Teoria da Sub- efeitos criminológicos dessa teoria se deram no sentido da
cultura Delinquente, que consiste no entendimento que o prudente não intervenção ou do direito penal mínimo. Existe
crime não é um fato originado da desorganização ou ausên- uma tendência garantista, de não prisionização, de progres-
cia de valores, mas sim de um sistema de normas e valores são dos regimes de pena, de abolitio criminis etc. (PENTEA-
distintos dos “normais”, ou seja, subculturais. DO FILHO, 2014, p. 74)

A Subcultura Delinquente é uma teoria do consenso,


sustentada por três ideias básicas: 1) o caráter pluralista e
atomizado da ordem social; 2) a cobertura da conduta des-
viada; 3) as semelhanças estruturais, na gênese, dos compor- #FicaDica
tamentos regulares e irregulares. Uma versão mais radical dessa teoria anota que
a criminalidade é apenas a etiqueta aplicada
Ademais, segundo Cohen a subcultura se caracteriza por por policiais, promotores, juizes criminais,
três fatos: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e ne- isto é, pelas instâncias formais de controle
gativismo. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 91). social. Outros, menos radicais, entendem
que o etiquetamento não se acha apenas na
A teoria da anomia, ou teoria estrutural funcionalista da instância formal de controle, mas também no
anomia, foi desenvolvida por Émile Durkheim e Robert King controle informal, no interacionismo simbólico
Merton, a qual representa a falta de ordem e coesão normati- na família e escola (“irmão ovelha negra”,
va, ausência de lei ou existência de muitas normas de caráter “estudante rebelde” etc.). (PENTEADO FILHO,
ambíguo. É uma teoria do consenso. 2014, p. 74)
Nos dizerem de Nestor Sampaio Penteado Filho, a ano-
mia é uma situação de fato em que faltam coesão e ordem,
sobretudo no que diz respeito a normas e valores. Exemplos:
as forças de paz no Haiti tentaram debelar o caos anômico
naquele país (2008); após a passagem do furacão Katrina em EXERCÍCIO COMENTADO
Nova Orleans (EUA, 2005), assistiu-se a um estado calamito-
so de crimes naquela cidade, como se lá não houvesse ne-
nhuma norma. (PENTEADO FILHO, 2014, p. 71)
1) PC-MG- Delegado de Polícia – Nível superior - FU-
A anomia vista como um tipo de conflito cultural ou de MARC/2018
normas sugere a existência de um segmento de dada cultu-
ra, cujo sistema de valores esteja em antítese e em conflito
com outro segmento. Então, o conceito de anomia de Merton
atinge dois pontos conflitantes: as metas culturais (status, “Por debaixo do problema da legitimidade do sistema de va- PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
poder, riqueza etc.) e os meios institucionalizados (escola, lores recebido pelo sistema penal como critério de orien-
trabalho etc.). (PENTEADO FILHO, 2014, p. 71) tação para o comportamento socialmente adequado e,
portanto, de discriminação entre conformidade e desvio,
aparece como determinante o problema da definição do
delito, com as implicações político-sociais que revela,
DO “LABELING APPROACH” A UMA quando este problema não seja tomado por dado, mas
CRIMINOLOGIA CRÍTICA. venha tematizado como centro de uma teoria da crimina-
lidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias da ‘reação
social’, ou labeling approach, hoje no centro da discussão
no âmbito da sociologia criminal.”
Labelling approach
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Di-
A labelling approach (rotulação ou reação social) é uma reito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. 3. ed.
das grandes teorias do conflito, sendo que se iniciou em Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia.
1960, com Erving Goffman e Howard Becker. p. 86. (Coleção Pensamento Criminológico)

9
Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labe- Neorretribucionismo/Teorias maximalista
ling approach, analise as asserções a seguir:

I – O labeling approach tem se ocupado em analisar, espe-


cialmente, as reações das instâncias oficiais de controle O Movimento Lei e Ordem nasce, em meados de 1980 (com
social, ou seja, tem estudado o efeito estigmatizante da a teoria das janelas quebradas), com objetivo de implantar na
atividade da polícia, dos órgãos de acusação pública e dos justiça criminal e na criminologia preceitos maximalistas, com
juízes. o intuito de induzir a sociedade a considerar o Direito Penal
como o remédio para as angustias e receios do povo.
PORQUE
No núcleo de seus ideais, o alusivo movimento procura pre-
II – Não se pode compreender a criminalidade se não se es- conizar a necessidade de reducrescimento de penas, a criação de
tuda a ação do sistema penal, pois o statussocial de de- novos tipos penais incriminadores e o afastamento de determina-
linquente pressupõe o efeito da atividade das instâncias das garantias processuais, com o objetivo de livrar a sociedade da
oficiais de controle social da delinquência. fração de indivíduos não apropriados para convívio em sociedade.

Em consonância com Movimento Lei e Ordem, fora criado, em


meados de 1991, o movimento Tolerância Zero aludido por muitos
Está CORRETO o que se afirma em: como uma das vertentes do Movimento maior.

A- I e II são proposições falsas. Este fora implantada em Nova York, no governo do prefeito Ru-
dolph Giuliani, que assim como o modelo Law and Order (Lei e
B- I e II são proposições verdadeiras e II é uma justificativa cor- Ordem), mostrou-se fundado no prisma político-criminal. Procu-
reta da I. rava-se o aumento de prisões e redução drástica da criminalidade.

C – I é uma proposição falsa e II é uma proposição verdadeira. O “Direito Penal do Inimigo”, por sua vez, criado por Günther
Jakobs, pode ser compreendido como uma teoria, originada do
D- I é uma proposição verdadeira e II é uma proposição falsa. pensamento funcionalista sistêmico fundado na racionalidade
comunicativa, que traz consigo uma distinção entre duas es-
pécies de criminosos: a) os criminosos que têm suas garantias
legais preservadas devido ao fato de terem praticados crimes
Resposta: Alternativa correta é a letra B. Na Labelling approa- de baixo grau ofensivo, assegurando a esses a preservação do
ch se estuda o etiquetamento ou rotulação dos criminosos pela status de cidadão e garantindo, após o cumprimento da pena-
sociedade, sendo o estudo das instâncias oficiais de extrema lidade, a manutenção de seus direitos e de sua perspectiva de
importância para o entendimento da criminalidade e do sis- reintegração social (Direito Penal do Cidadão); b) os criminosos
tema penal. de alta periculosidade que cometeram ou possivelmente pode-
rão cometer crimes de elevado teor ofensivo, e por conta disso
sofreriam medidas de segurança próprias, ou seja, penas rígidas
a fim de controlá-los, mesmo que de forma antecipada, supri-
Teoria Crítica ou radical mindo para isto garantias legais e processuais. (Direito Penal do
Inimigo). (RAZABONI JUNIOR, Ricardo Bispo; LAZARI, Rafael
José Nadim de. Sistema Penal Funcionalista e o Direito Penal do
Inimigo. Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Direito
Essa teoria teve inicio no século XX, com Bonger. Inspirado PPGDir./UFRGS. Porto Alegre, vol. XII, n. 1, 2017, p. 379-398).
pelo marxismo, a alusiva teoria entende que a culpa da crimi-
nalidade é o capitalismo, pois promove o egoísmo, levando os
homens a delinquir. #FicaDica
O recrudescimento da pena significa o aumento,
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Não obstante, afirmou-se ainda que condutas pequenas o crescimento, agravamento de uma pena.
são perseguidas, enquanto as condutas dos poderosos são
deixadas de lado. Assim, o alvo do sistema punitivo é à classe
trabalhadora, sendo que o Estado utiliza o medo da criminali-
zação e da prisão para manter a estabilidade da produção e da
ordem social.

10
EXERCÍCIO COMENTADO SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA
REALIDADE SOCIAL.

1) DPF - Delegado da Polícia Federal - Nível Superior -


CESPE/2013: Julgue o item a seguir, relacionados aos mode-
los teóricos da criminologia. Alessandro Baratta entende que o processo de criminali-
zação condiciona ao sujeito criminoso em ser do sub proleta-
O surgimento das teorias sociológicas em criminologia marca o riado ou marginalizado social, tendo em vista que as classes
fim da pesquisa etiológica, própria da escola ou do modelo sociais, o mercado de trabalho e os defeitos da socialização
positivista. influenciam para tal processo.

( ) Certo ( ) Errado Assim, defende que o sistema escolar se mostra como um


meio para a criminalização de um sujeito, já que este é o pri-
meiro momento em que uma pessoa passará por uma seleção,
através da avaliação social por meio de critérios de avaliação
Resposta: Errado. As teorias sociológicas do consenso e a escola de mérito, com sistema de notas etc. Defende ainda que as
positiva eram escolas etiológicas, já que se preocupavam com a punições e os ganhos provindos do sistema escolar se asseme-
causa e origem da criminalidade. Pode-se considerar que as teo- lham ao sistema social, onde a recompensa se da para aqueles
rias do conflito não são escolas etiológicas, já que não estudam que seguem o comportamento da maioria não estigmatizada,
as causas do crime. enquanto a punição é para a minoria estigmatizada.

Cognomina-se assim como justiça de classe, já que os


A SOCIOLOGIA DO CONFLITO E A SUA estereótipos e preconceitos da polícia e da justiça acabam
sempre dirigindo a repressão para as classes inferiores, am-
APLICAÇÃO CRIMINOLÓGICA. pliando a discriminação seletiva. (BRANCO, 2014)

A negação do princípio do interesse social e do delito CÁRCERE E MARGINALIDADE SOCIAL.


natural.

Entende-se que o cárcere somente degrada e reprimi o


individuo. Assim, Baratta defende a criação de um programa
Tendo em vista o nascimento de teorias sobre a crimina- de política criminal alternativa, onde haveria uma diferen-
lidade de cunho macrossociológico, desenvolveu-se o en- ciação da criminalidade de acordo com a posição social do
tendimento de que o conflito seria um princípio explicativo criminoso, por exemplo: os crimes patrimoniais seriam cri-
essencial na criminalização. mes de uma classe inferior, subalternas, enquanto os crimes
econômicos das classes superiores.
As teorias conflituais ou do conflito negam a existência
do princípio do interesse social e do delito natural, observan- Baratta não defende o cárcere, tendo em vista a ineficácia
do que os interesses para a aplicação do direito penal são dos para o controle da criminalidade, para a reeducação do preso
grupos que detém o poder, sendo a criminalidade uma rea- e pela marginalização que esse cria aos indivíduos perten-
lidade social criada por meio do processo de criminalização. centes às classes inferiores.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Em outras palavras: “nega os princípios do interesse so-
cial e interpretando os interesses dos grupos que detêm o MODELO CONSENSUAL DE JUSTIÇA
poder e que são priorizados quando as leis são realizadas,
geralmente por afiliados desse mesmo agrupamento. Asse- CRIMINAL.
vera o autor que um importante item foi deixado de lado em
toda critica realizada até então: a seletividade no momento
da aplicação da lei: ‘O papel do Estado e direito na determi-
nação do conflito faz com que este seja institucionalizado.’”
(FERREIRA, 2016 apud BARATTA, 2011). .Teorias da reação social ao delito são mecanismos utili-
zados para aplica a teoria da pena. O delito gera uma reação
contraposta estatal, ou seja, uma reação em sentido contrá-
rio por parte do Estado contra a ação criminosa.

A evolução das reações sociais (estatais) ao delito sugere,


atualmente, três modelos, quais são: o dissuasório, ressocia-
lizador e integrador (restaurador).

11
O modelo dissuasório consiste na repressão da conduta Pela prevenção geral negativa (prevenção por in-
por meio da punição do delinquente, mostrando para o agen- timidação), a pena aplicada ao autor do delito reflete na
te criminoso que praticar crimes não compensa e, em decor- comunidade, levando os demais membros do grupo social,
rencia destes, há punições (modelo do direito penal clássico). ao observar a condenação, a repensar antes da prática deli-
tuosa.
Por sua vez, o modelo ressocializador procura, além de
punir, possibilitar a reintegração e ressocialização do indiví- A prevenção geral positiva ou integradora direcio-
duo. na-se a atingir a consciência geral, incutindo a necessidade
de respeito aos valores mais importantes da comunidade e,
Por fim, o modelo restaurador, ou como conhecido de jus- por conseguinte, à ordem jurídica.
tiça restaurativa, tem por objetivo reeducar o criminoso, dar
assistência à vítima e restabelecer o controle social afetado A prevenção especial, por seu turno, também pode ser
pelo fato delituoso. Sugere-se, neste, a restauração, mediante vista sob as formas negativa e positiva.
a reparação de danos causados pelo fato, utilizando o direito
penal em última ratio, ou seja, como último recurso. Na prevenção especial negativa existe uma espécie
de neutralização do autor do delito, que se materializa com
Como método de memorização, aconselha-se recordar a segregação no cárcere. Essa retirada provisória do autor do
da sigla DRR (dissuasório, ressocializador e restaurador) ou fato do convívio social impede que ele cometa novos delitos,
DRRI (dissuasório, ressocializador e restaurador/integrador). pelo menos no ambiente social do qual foi privado.
Apenas lembre-se que são três modelos, sendo que o último
pode ser encontrado com dois nomes, restaurador (mais ca- Por meio da prevenção especial positiva, a finalidade
sual) ou integrador. da pena consiste em fazer com que o autor desista de come-
ter novas infrações, assumindo caráter ressocializador e pe-
dagógico. (PENTEADO FILHO, 2012, p. 142-143)
PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL NO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
#FicaDica
A prevenção geral negativa, idealizada por J. P.
Anselm Feuerbach com arrimo em sua teoria
O crime é um grave problema social, devendo ser, então, da coação psicológica, tem o propósito de
resolvido pela sociedade. Na democracia, a prevenção crimi- criar no espírito dos potenciais criminosos
nal faz parte dos deveres da União, já que passa por todos os um contraestímulo suficientemente forte para
setores do Poder Público, não só pela Segurança Pública e Ju- afastá-los da prática do crime.
diciário. Busca intimidar os membros da coletividade
acerca da gravidade e da imperatividade da
Conforme artigo 144 da Constituição Federal de 1988, tan- pena, retirando-lhes eventual incentivo quanto
to a União, quanto os Estados, Distrito Federal e Municípios à prática de infrações penais. Demonstra-se que
devem agir conjuntamente, com a finalidade de diminuir a o crime não compensa, pois ao seu responsável
criminalidade. será inevitavelmente imposta uma pena, assim
como aconteceu em relação ao condenado
Nestor Sampaio Penteado Filho considera que a preven- punido. Nas palavras de Anabela Miranda
ção delituosa alcança as ações dissuasórias do delinquente, Rodrigues:
inclusive com parcela intimidativa da pena cabível ao cri- Os motivos pelos quais a pena deve ser aplicada
me em vias de ser cometido; a alteração dos espaços físicos quia peccatum estão, pois, em Feuerbach, de
e urbanos com novos desenhos arquitetônicos, aumento de duas ordens de razões: da exigência de tornar
iluminação pública etc. (neoecologismo + neorretribucio- séria – isto é, portadoras de consequências
nismo), bem como atitudes visando impedir a reincidência
efetivas – a ameaça contida na lei penal, de
(reinserção social, fomento de oportunidades laborais etc.).
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

tornar operante a coação psicológica que deve


(PENTEADO FILHO, 2014, p. 103)
ser o efeito daquela ameaça, e da exigência de
garantir a legalidade e a certeza do direito.
Atualmente, a finalidade de prevenção
geral negativa manifesta-se rotineiramente
Prevenção da infração penal
pelo direito penal do terror. Instrumentaliza-
se o condenado, na medida em que serve ele
de exemplo para coagir outras pessoas do
A prevenção geral é destinada a sociedade e pretende in- corpo social com a ameaça de uma pena grave,
timidar pessoas propensas a delinquir. Por sua vez, a preven- implacável e da qual não se pode escapar. Em
ção especial destina-se ao recluso, buscando a reeducação do verdade, o ponto de partida da prevenção
indivíduo. geral possui normalmente uma tendência
para o terror estatal. Quem pretende intimidar
Conforme muito bem esclarecido por Nestor Sampaio: A mediante a pena, tenderá a reforçar esse efeito,
prevenção geral da pena pode ser estudada sob dois ângulos: castigando tão duramente quanto possível.
negativo e positivo. (MASSON, 2009, p. 518).

12
Tipos de prevenção Resposta: Certo. Na divisão tradicional da prevenção em pri-
mária, secundária e terciária, ações de controle de meios de
comunicação e ordenação urbana são classificadas na segun-
da categoria (prevenção secundária) -”quando e onde o con-
Relembra-se, a prevenção tem finalidade dupla, podendo flito penal se exterioriza”. Para a doutrina, “A chamada pre-
ser prevenção geral, onde utiliza-se este meio como intimi- venção secundária, por sua parte, atua mais tarde em termos
dação de todos; e prevenção particular (especial), que serve etiológicos: não quando - nem onde - o conflito criminal se
para impedir o réu de praticar novos crimes, ou seja, método PRODUZ ou é GERADO, senão quando e onde se manifesta
de intimidá-lo e corrigi-lo. ou se exterioriza”. E, mais adiante, textualmente: “Programas
de prevenção policial, de controle dos meios de comunicação,-
Por prevenção geral, deseja-se intimidar os propensos a de ordenação urbana e utilização do desenho arquitetônico
delinquir, sendo esta dirigida à sociedade como um todo. Já como instrumento de auto-proteção, desenvolvidos em bair-
a prevenção especial é voltada para um indivíduo, como mé- ros de classes menos favorecidas, são exemplos de prevenção
todo de alcançar sua reeducação e recuperação. “secundária”.”. Apesar de não ser esta a única classificação da
prevenção do delito, assim é entendida deforma consolidada”.
Não obstante, a prevenção primária consiste na pre-
venção adotada pelo Estado por meio da implantação de di- Tem-se outro entendimento, segundo Fábio Caliari: “A ordena-
reito sociais para combate à criminalidade, como educação, ção urbana está mais próxima da prevenção primária, que re-
saúde e segurança, instrumento preventivo de médio e longo pousam sobre as causas do delito, incidem na concretização
prazo. dos direitos da pessoa, como saúde, educação, segurança,
qualidade de vida, com prevenção de médio a longo prazo”.
A prevenção secundária destina-se aos setores sociais (Revisaço- Delegado de Polícia Civil. Salvador: Juspodivm).
que podem sofrer com a criminalidade, ou seja, setores que
são mais propensos a praticar e sofrer crimes, originando,
assim, a atuação policial e programas de apoio, sendo instru-
mento preventivo de curto a médio prazo. Referências

Por fim, a prevenção terciária tem como objetivo re- ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de. O que é a política crimi-
cuperar o recluso, evitando a reincidência, por meio de me- nal, porque precisamos dela e como a podemos construir?
didas socioeducativas, laborterapia, prestação de serviços Disponível em: http://www.ucp.pt/site/resources/docu-
comunitários, entre outras. ments/Docente%20-%20Palbu/o%20que%20%C3%A9%20
a%20pol%C3%ADtica%20criminal.pdf. Acesso em: 29 de
maio de 2018.

ALVES, Roque de Brito. Ciência Criminal. Rio de Janeiro:


#FicaDica Forense, 1995.
Prevenção primária - Ataca as raízes da
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do di-
criminalidade.
reito penal: introdução à sociologia do Direito Penal. Rio de
Prevenção secundária - Destina-se aos setores
Janeiro: Revan, 2017.
da comunidade.
Prevenção terciária – Destina-se à reeducação
NCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte
do preso.
geral, volume I, 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003.

BRANCO, Fernanda. Resenha crítica do livro “Criminolo-


gia crítica e crítica do direito penal: Introdução à sociologia
do direito penal. Universidade Estadual de Ponta Grossa,
2014.
EXERCÍCIO COMENTADO PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

COSATE, Tatiana Moraes. Direito Penal Mínimo: A ido-


neidade da Proteção Penal dos Bens Jurídicos Transindivi-
duais. Curitiba: Editora Juruá, 2015.
1) DPF - Delegado da Polícia Federal - Nível Superior
– CESPE/2013: No que se refere à prevenção da infração FERNANDES, Valter; FERNANDES; Newton. Criminolo-
penal, julgue o próximo item. gia Integrada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação _________. Criminologia Integrada. São Paulo: Revista
urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos dos Tribuna
sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção
secundária do delito. FERREIRA, Iverson Kech. Resenha: Criminologia crítica
e crítica ao direito penal. Disponível em: http://www.sala-
( ) Certo ( ) Errado criminal.com/home/resenha-criminologia-critica-e-criti-
ca-do-direito-penal-alessandro-baratta. Acesso em: 09 de
julho de 2018.

13
HASSEMER, Winfried; MUNÕZ CONDE, Francisco. In-
troducción a la criminologia, 1ª edição, Valência: Tirant lo
Blcanch, 2001. HORA DE PRATICAR
MASSON, Cleber Rogério. Direito Penal Esquematizado –
Parte Geral, 2ª edição. São Paulo: Método, 2009.
1) PC-MG – Delegado de Polícia – FUMARC/2018:
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de. Direito Penal do
Inimigo: A Terceira Velocidade do Direito Penal. Curitiba: “Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e inter-
Editora Juruá, 2011.Reedição. disciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa
do infrator, da vítima e do controle social do comporta-
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemáti- mento delitivo, e que trata de subministrar uma informa-
co de criminologia. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. ção válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variá-
veis principais do crime – contemplado este como pro-
RAZABONI JUNIOR, Ricardo Bispo; LAZARI, Rafael José blema individual e como problema social -, assim como
Nadim de. O diálogo entre o direito penal mínimo e o princí- sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e téc-
pio da dignidade da pessoa humana. In: Revista Aporia Jurí- nicas de intervenção positiva no homem delinquente e
dica (on-line). Revista Jurídica do Curso de Direito da Facul- nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito”.
dade CESCAGE. 7ª Edição. Vol. I (jan/jun2017). p. 199-214). Esta apresentação ao conceito de Criminologia apresen-
ta, desde logo, algumas das características fundamentais
RAZABONI JUNIOR, Ricardo Bispo; LAZARI, Rafael José do seu método (empirismo e interdisciplinaridade), an-
Nadim de. Sistema Penal Funcionalista e o Direito Penal do tecipando o objeto (análise do delito, do delinquente, da
Inimigo. Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Direi- vítima e do controle social) e suas funções(explicar e pre-
to PPGDir./UFRGS. Porto Alegre, vol. XII, n. 1, 2017, p. 379- venir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os
398. diferentes modelos de resposta ao crime).

RUBIN, Daniel Sperb. Janelas quebradas, tolerância zero MOLINA, Antônio G.P.; GOMES, Luiz F.; Criminologia; 6. ed.
e criminalidade, 2003. Disponível em: http://egov.ufsc.br/ reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais.
portal/sites/default/files/anexos/10751-10751-1-PB.htm, p. 32.
acesso em: 24 de março de 2018.
Sobre o método, o objeto e as funções da criminologia, consi-
SCHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: dera-se:
Revista dos Tribunais, 2012.
I. A luta das escolas (positivismo versus classicismo) pode
ser traduzida como um enfrentamento entre adeptos de
métodos distintos; de um lado, os partidários do méto-
do abstrato, formal e dedutivo (os clássicos) e, de outro,
os que propugnavam o método empírico e indutivo (os
positivistas).

II. Uma das características que mais se destaca na moderna


Criminologia é a progressiva ampliação e problematiza-
ção do seu objeto.

III. A criminologia, como ciência, não pode trazer um saber


absoluto e definitivo sobre o problema criminal, senão
um saber relativo, limitado, provisional a respeito dele,
pois, com o tempo e o progresso, as teorias se superam.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Estão CORRETAS as assertivas indicadas em:

A- I e II, apenas.

B- I e III, apenas.

C- I, II e III.

D- II e III, apenas.

14
2) Delegado de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 – Ques- 5) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 –
tão 65: A obra O homem delinquente, publicada em Questão 01: A ciência que estuda a criminogênese é
1876, foi escrita por chamada de

A. Cesare Lombroso. A. ciência política.

B. Enrico Ferri. B. ciência pública.

C. Rafael Garófalo. C. sociologia individual.

D. Cesare Bonesana. D. etiologia criminal.

E. Adolphe Quetelet. E. ciência jurídica.

3) Delegado de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 – Ques- 6) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 –


tão 67: A moderna Sociologia Criminal possui visão bi- Questão 03: A criminologia pode ser conceituada como
partida do pensamento criminológico atual, sendo uma uma ciência ______, baseada na observação e na expe-
de cunho funcionalista e outra de cunho argumentativo. riência, e ________ que tem por objeto de análise o crime,
Trata-se das teorias o criminoso, a vítima e o controle social.

A. indutiva e dedutiva. A. exata ... multidisciplinar.

B. do consenso e do conflito. B. objetiva ... monodisciplinar.

C. absoluta e relativa. C. humana ... unidisciplinar.

D. moderna e contemporânea. D. biológica ... transdisciplinar.

E. abstrata e concreta. E. empírica ... interdisciplinar.

4) Delegado de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 – Ques- 7) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 –


tão 68: Assinale a alternativa que completa, correta e Questão 04: Assinale a alternativa correta em relação a
respectivamente, a frase: A Criminologia__________ ; o Enrico Ferri.
Direito Penal __________.
A. Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto da dis-
A. não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … paridade social; portanto, riqueza e pobreza estão ligadas
é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser”. ao crime.

B. é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” B. Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da criminolo-
… é uma ciência empírica e fática, do “ser”. gia; utilizou o método lógico dedutível.

C. não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é C. Publicou o livro O Homem Delinquente em 1876, des- cre-
uma ciência jurídica, pois encara o delito como um fenô- vendo o determinismo biológico como fonte da persona-
meno real, do “dever ser”. lidade criminosa. PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

D. é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” D. Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se
… é uma ciência jurídica, cultural e normativa, do “dever revelava como degeneração deste.
ser”.
E. Foi autor da obra Sociologia Criminal; para ele a crimina-
E. é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito lidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e so-
como um conceito formal, normativo, do “dever ser” ciais.
… não é considerado uma ciência, pois encara o delito
como um fenômeno social, do “ser”.

15
8) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 –
Questão 05: A escola criminológica que surgiu no século GABARITO
XIX, tendo, entre seus principais autores, Rafaelle Garofa-
lo, e que pode ser dividida em três fases (antropológica,
sociológica e jurídica) é a:

A. Escola Positiva. 1 C
2 A
B. Terza Scuola Italiana.
3 B
C. Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã. 4 D
5 D
D. Escola Clássica.
6 E
E. Escola de Lyon. 7 E
8 D
9 B
9) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014
Questão 08: Pode-se afirmar que o pensamento cri-
10 D
minológico moderno é influenciado por uma visão de
cunho funcionalista e uma de cunho argumentativo, que
possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria
Crítica, respectivamente. Essas visões também são co-
nhecidas como teorias:

A. da ecologia criminal e do transtorno.

B. do consenso e do conflito.

C. do conhecimento e da pesquisa.

D. da formação e da dedução.

E. do estudo e da conclusão.

10) Investigador de Polícia Civil/SP – VUNESP/2014 –


Questão 09: A teoria do labelling approach é uma das
mais importantes teorias do conflito. Surgiu na década de
60 nos Estados Unidos da América e tem, como um de
seus principais autores, Howard Becker.

Essa teoria também é conhecida como teoria.

A. cultural ou de modismo.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

B. da associação diferencial ou white colar crimes.

C. do estudo ou da pesquisa.

D. do etiquetamento ou da rotulação.

E. da anomia ou da subcultura delinquente.

16
ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Lei Orgânica da Polícia Civil. .........................................................................................................................................................01


Administração Pública. ..................................................................................................................................................................28
Conceito e princípios. ....................................................................................................................................................................28
Administração pública direta e indireta. ......................................................................................................................................36
Agentes públicos. ...........................................................................................................................................................................45
Conceito. .........................................................................................................................................................................................45
Classificação (espécie). ..................................................................................................................................................................46
Direitos e deveres. ..........................................................................................................................................................................48
Responsabilidade administrativa, civil e penal. ..........................................................................................................................48
Lei 8.429/92 e alterações (Lei de improbidade administrativa). ................................................................................................65
Poderes da Administração Pública ...............................................................................................................................................79
Poder hierárquico. ..........................................................................................................................................................................81
Poder Disciplinar. ...........................................................................................................................................................................81
Poder Regulamentar. ......................................................................................................................................................................82
Poder de Polícia. .............................................................................................................................................................................82
Fatos e atos administrativos: .........................................................................................................................................................85
Conceito. .........................................................................................................................................................................................85
Requisitos do ato administrativo. .................................................................................................................................................85
Atributos do ato administrativo. ...................................................................................................................................................87
Classificação. ..................................................................................................................................................................................87
Revogação e anulação. ...................................................................................................................................................................88
Processo administrativo: ...............................................................................................................................................................91
Conceito. .........................................................................................................................................................................................91
Princípios. .......................................................................................................................................................................................91
Responsabilidade civil do Estado................................................................................................................................................102
Hora de praticar............................................................................................................................................................................107
VI - a hierarquia e a disciplina;
1 LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL. VII - a transparência e a sujeição a mecanismos de controle
interno e externo, na forma da lei;
VIII - a integração com órgãos de segurança pública do
Sistema de Defesa Social.
Legislação Mineira – Lei Complementar Art. 4º Além dos princípios referidos no art. 3º, orientam
a investigação criminal e o exercício das funções de polícia
Nº 129 De 08/11/2013 judiciária, a indisponibilidade do interesse público, a
finalidade pública, a proporcionalidade, a obrigatoriedade
de atuação, a autoridade, a oficialidade, o sigilo e a
imparcialidade, observando-se ainda:
Contém a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de I - a investidura em cargo de carreira policial civil;
Minas Gerais - PCMG -, o regime jurídico dos integrantes das II - a inevitabilidade da atuação policial civil;
carreiras policiais civis e aumenta o quantitativo de cargos III - a inafastabilidade da prestação do serviço policial
nas carreiras da PCMG. civil;
IV - a indeclinabilidade do dever de apurar infrações
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, criminais;
V - a indelegabilidade da atribuição funcional do policial
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus civil;
representantes, decretou e eu, em seu nome, promulgo a VI - a indivisibilidade da investigação criminal;
seguinte Lei Complementar: VII - a interdisciplinaridade da investigação criminal;
VIII - a uniformidade de procedimentos policiais;
IX - a busca da eficiência na investigação criminal e a
repressão das infrações penais e dos atos infracionais.
TÍTULO I Art. 5º À PCMG é assegurada autonomia administrativa e
financeira, cabendo-lhe, especialmente:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - elaborar a sua programação financeira anual e
CAPÍTULO I acompanhar e avaliar sua implantação, segundo as dotações
consignadas no orçamento do Estado;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II - executar contabilidade própria;
III - adquirir materiais, viaturas e equipamentos
específicos.
Parágrafo único. As atividades de planejamento e
Art. 1º Esta Lei Complementar organiza a Polícia Civil do orçamento e de administração financeira e contabilidade
Estado de Minas Gerais - PCMG -, define sua competência e subordinam-se administrativamente ao Chefe da PCMG e
dispõe sobre o regime jurídico dos integrantes das carreiras tecnicamente às Secretarias de Estado de Planejamento e
policiais civis. Gestão e de Fazenda, respectivamente.

Art. 2º A PCMG, órgão autônomo, essencial à segurança Art. 6º A investigação criminal tem caráter técnico-
pública, à realização da justiça e à defesa das instituições jurídico-científico e produz, em articulação com o sistema de
democráticas, fundada na promoção da cidadania, da defesa social, conhecimentos e indicadores sociopolíticos,
dignidade humana e dos direitos e garantias fundamentais, econômicos e culturais que se revelam no fenômeno

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


tem por objetivo, no território do Estado, em conformidade criminal.
com o art. 136 da Constituição do Estado, dentre outros, o
exercício das funções de: Art. 7º O exercício da investigação criminal tem início
com o conhecimento de ato ou fato passível de caracterizar
I - proteção da incolumidade das pessoas e do patrimônio; infração penal e se encerra com a apuração da infração penal
II - preservação da ordem e da segurança públicas; ou ato infracional ou com o exaurimento das possibilidades
III - preservação das instituições políticas e jurídicas; investigativas, compreendendo:
IV - apuração das infrações penais e dos atos infracionais,
exercício da polícia judiciária e cooperação com as autoridades I - a pesquisa técnico-científica a respeito de autoria, de
judiciárias, civis e militares, em assuntos de segurança interna. materialidade, de motivos e de circunstâncias da infração
penal;
Art. 3º A PCMG reger-se-á pelos princípios constitucionais II - a articulação ordenada dos atos notariais do inquérito
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e policial e demais procedimentos de formalização da produção
eficiência e deve ainda observar, na sua atuação: probatória da prática de infração penal;
I - a promoção dos direitos humanos; III - a minimização dos efeitos do delito e o gerenciamento
II - a participação e interação comunitária; da crise dele decorrente.
III - a mediação de conflitos; Art. 8º A investigação criminal se destina à apuração
IV - o uso proporcional da força; de infrações penais e de atos infracionais, para subsidiar a
V - o atendimento ao público com presteza, probidade, realização da função jurisdicional do Estado, e à adoção de
urbanidade, atenção, interesse, respeito, discrição, moderação políticas públicas para a proteção de pessoas e bens para a
e objetividade; boa qualidade de vida social.

1
Art. 9º A função de polícia judiciária consiste, Parágrafo único. São atividades privativas da PCMG
precipuamente, no auxílio ao sistema de justiça criminal a polícia técnico-científica, o processamento e arquivo
para a aplicação da lei penal e processual, bem como nos de identificação civil e criminal, bem como o registro e
registros e fiscalização de natureza regulamentar. licenciamento de veículo automotor e a habilitação de
condutor.
Art. 10. A função de polícia judiciária compreende:
Art. 15. A PCMG subordina-se diretamente ao Governador
I - o exame preliminar a respeito da tipicidade penal, do Estado e integra, para fins operacionais, o Sistema de
ilicitude, culpabilidade, punibilidade e demais circunstâncias Defesa Social.
relacionadas à infração penal;
II - as diligências para a apuração de infrações penais e
Art. 16. À PCMG compete:
atos infracionais;
III - a instauração e formalização de inquérito policial, de I - planejar, coordenar, dirigir e executar, ressalvada a
termo circunstanciado de ocorrência e de procedimento para competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de ato infracional; apuração, no território do Estado, das infrações penais, exceto
IV - a definição sobre a autuação da prisão em flagrante e as militares;
a concessão de fiança; II - preservar locais de crime com cenários e bens,
V - a requisição da apresentação de presos do sistema apreender objetos, colher provas, intimar, ouvir e acarear
prisional em órgão ou unidade da PCMG, para fins de pessoas, requisitar e realizar exames periciais, proceder ao
investigação criminal; reconhecimento de pessoas e coisas e praticar os demais atos
VI - a representação judicial para a decretação de prisão necessários à adequada apuração das infrações penais e dos
provisória, de busca e apreensão, de interceptação de dados e atos infracionais, na forma da legislação processual penal;
de comunicações, em sistemas de informática e telemática, e III - representar ao Poder Judiciário, por meio do
demais medidas processuais previstas na legislação; Delegado de Polícia, pela decretação de medidas cautelares
VII - a presença em local de ocorrência de infração penal, pessoais e reais, como prisão preventiva e temporária, busca
na forma prevista na legislação processual penal; e apreensão, quebra de sigilo e interceptação de dados e de
VIII - a elaboração de registros, termos, certidões, atestados telecomunicações, além de outras inerentes à investigação
e demais atos previstos no Código de Processo Penal ou em leis criminal e ao exercício da polícia judiciária, destinadas a
específicas. colher e a resguardar provas da prática de infrações penais e
de atos infracionais;
Parágrafo único. No desempenho de suas atribuições, o
IV - organizar, cumprir e fazer cumprir os mandados
Delegado de Polícia, com sua equipe, comparecerá a local
judiciais de prisão e de busca domiciliar;
de crime e praticará diligências para apuração da autoria,
V - cumprir as requisições do Poder Judiciário e do
materialidade, motivos e circunstâncias, formalizando
Ministério Público;
inquéritos policiais e outros procedimentos.
VI - realizar correições e inspeções, em caráter permanente
ou extraordinário, em atividades e em repartições em que
Art. 11. A direção da polícia judiciária cabe, em todo o atue, bem como responsabilizar-se pelos procedimentos
Estado, aos Delegados de Polícia de carreira, nos limites de disciplinares destinados a apurar eventual prática de
suas circunscrições. infrações atribuídas a seus servidores;
VII - formalizar o inquérito policial, o termo
Parágrafo único. Os atos de polícia judiciária serão circunstanciado de ocorrência e o procedimento para
fiscalizados direta ou indiretamente pelo Corregedor-Geral apuração de ato infracional;
de Polícia Civil. VIII - exercer o controle e a fiscalização de suas armas e
munições, de explosivos, fogos de artifício e demais produtos
Art. 12. São símbolos institucionais da PCMG o hino, o controlados, observada a legislação federal específica;
brasão, a logomarca, a bandeira e o distintivo.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - exercer o registro de controle policial, especialmente


no que tange a estabelecimentos de hospedagem, diversões
Art. 13. Os policiais civis terão carteira funcional, com públicas, comercialização de produtos controlados e o prévio
identificação das respectivas carreiras e validade em todo aviso relativo à realização de reuniões e eventos sociais e
o território nacional, cujo modelo será regulamentado em políticos em ambientes públicos, nos termos do inciso XVI do
decreto. art. 5º da Constituição da República;
X - desenvolver atividades de ensino, extensão e pesquisa,
em caráter permanente, objetivando o aprimoramento de
suas competências institucionais;
CAPÍTULO II XI - organizar e executar as atividades de registro, controle
e licenciamento de veículos automotores, a formação e
DA COMPETÊNCIA habilitação de condutores, o serviço de estatística, a educação
de trânsito e o julgamento de recursos administrativos;
XII - cooperar com os órgãos municipais, estaduais e
federais de segurança pública, em assuntos relacionados com
Art. 14. À PCMG, órgão permanente do poder público, as atividades de sua competência;
dirigido por Delegado de Polícia de carreira e organizado XIII - promover interações para uso dos bancos de dados
de acordo com os princípios da hierarquia e da disciplina, disponíveis com os órgãos públicos municipais, estaduais e
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções federais, bem como para uso de bancos de dados disponíveis
de polícia judiciária e a apuração, no território do Estado, das com a iniciativa privada, observado o disposto nos incisos X e
infrações penais e dos atos infracionais, exceto os militares. XII do art. 5º da Constituição da República;

2
XIV - organizar e executar os serviços de identificação VI - Instituto de Identificação:
civil e criminal, bem como gerir o acervo e o banco de dados a) Postos de Identificação;
correspondentes, inclusive para as atividades de perícia VII - Hospital da Polícia Civil;
criminal; VIII - Colégio Ordem e Progresso;
XV - promover o recrutamento, seleção, formação, IX - Divisão de Polícia Interestadual - Polinter;
aperfeiçoamento e o desenvolvimento profissional e cultural X - Casa de Custódia da Polícia Civil.
de seus servidores;
XVI - organizar e realizar ações de inteligência, bem como § 2º Os Departamentos de Polícia Civil, a Divisão de
participar de sistemas integrados de informações de órgãos Polícia Interestadual e a Casa de Custódia da Polícia Civil
públicos municipais, estaduais, federais e de entidades subordinam-se à Superintendência de Investigação e Polícia
privadas; Judiciária e o Instituto de Criminologia e o Colégio Ordem e
XVII - organizar estatísticas criminais e realizar análise Progresso subordinam-se à Academia de Polícia Civil.
criminal;
§ 3º O Instituto de Criminalística, o Instituto Médico-
XVIII - promover outras políticas de segurança pública e
Legal, os Postos de Perícia Integrada, os Postos Médico-
defesa social, nos limites de sua competência.
Legais e as Seções Técnicas Regionais de Criminalística
Parágrafo único. As funções constitucionais da PCMG subordinam-se à Superintendência de Polícia Técnico-
são indelegáveis e somente podem ser desempenhadas por Científica e o Instituto de Identificação subordina-se à
ocupantes das carreiras que a integram. Superintendência de Informações e Inteligência Policial.

§ 4º As demais unidades administrativas da estrutura


orgânica complementar e a distribuição e descrição das
TÍTULO II competências das unidades administrativas da PCMG serão
estabelecidas em decreto.
DA ORGANIZAÇÃO
§ 5º O Hospital da Polícia Civil, resultado da transformação
CAPÍTULO I do Departamento de Saúde da Polícia Civil, conforme
disposto na Lei nº 11.724, de 30 de dezembro de 1994, terá
DA ESTRUTURA ORGÂNICA estrutura administrativa no nível de superintendência, na
forma de regulamento.

§ 6º As Delegacias de Polícia Civil, de âmbito territorial


Art. 17. São órgãos da PCMG: e de atuação especializada, são dirigidas por Delegados de
I - da administração superior: Polícia de carreira, e as Delegacias Regionais de Polícia Civil
a) Chefia da PCMG; e as Divisões de Polícia Especializada, por Delegados de
b) Chefia Adjunta da PCMG; Polícia de, no mínimo, nível especial.
c) Conselho Superior da PCMG;
d) Corregedoria-Geral de Polícia Civil § 7º A direção das Superintendências, dos Departamentos
II - de administração: de Polícia Civil de âmbito territorial e atuação especializada,
a) Gabinete da Chefia da PCMG; da Academia de Polícia Civil, do Departamento de Trânsito
b) Academia de Polícia Civil; de Minas Gerais, da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, do
c) Departamento de Trânsito de Minas Gerais; Instituto de Identificação, do Gabinete da Chefia da PCMG,
d) Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária; da Chefia Adjunta da PCMG e o cargo de Delegado Assistente

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


e) Superintendência de Informações e da Chefia da PCMG serão exercidos exclusivamente por
Inteligência Policial; Delegados-Gerais de Polícia, observado o disposto no § 1º
f ) Superintendência de Polícia Técnico-Científica; do art. 41.
g) Superintendência de Planejamento, Gestão e
Finanças. § 8º Os titulares dos cargos a que se referem a alínea “d”
do inciso I e as alíneas do inciso II do caput, bem como o
§ 1º Integram, ainda, a estrutura orgânica da PCMG as Delegado Assistente da Chefia da PCMG, serão escolhidos
seguintes unidades administrativas: pelo Chefe da PCMG e nomeados pelo Governador do
I - Instituto de Criminologia; Estado dentre os integrantes, em atividade, do nível final da
II - Departamentos de Polícia Civil: respectiva carreira que possuam, no mínimo, quinze anos de
a) Delegacias Regionais de Polícia Civil: efetivo serviço policial.
a.1) Circunscrições Regionais de Trânsito - Ciretrans;
a.2) Delegacias de Polícia Civil; § 9º Os titulares dos cargos a que se referem os incisos XII
e XIII do art. 25 serão escolhidos pelo Chefe da PCMG dentre
b) Divisões Especializadas:
os integrantes, em atividade, do nível final da respectiva
b.1) Delegacias Especializadas;
carreira que possuam, no mínimo, quinze anos de efetivo
III - Instituto de Criminalística; serviço policial.
IV - Instituto Médico-Legal;
V - Postos de Perícia Integrada, Postos Médico-Legais e
Seções Técnicas Regionais de Criminalística;

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CAPÍTULO II VII - decidir, em último grau de recurso, sobre a instauração
de inquérito policial e de outros procedimentos formais;
DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR VIII - decidir sobre a situação funcional e administrativa
dos policiais civis, bem como editar atos de promoção, exceto
Seção I se esta for por ato de bravura ou para o último nível da carreira;
IX - suspender o porte de arma de policial civil, por
Da Chefia da PCMG recomendação médica ou como medida cautelar em processo
administrativo disciplinar, assegurado o contraditório e a
ampla defesa;
X - editar resoluções e demais atos normativos para a
Art. 18. A Chefia da PCMG, órgão da administração consecução das funções de competência da PCMG, observada
superior da PCMG, será exercida pelo Chefe da PCMG. a legislação pertinente;
XI - designar, em cada departamento da PCMG, o respectivo
Parágrafo único. O Chefe da PCMG será nomeado pelo coordenador entre os chefes das Seções Técnicas Regionais
Governador do Estado dentre os integrantes, em atividade, de Criminalística, o qual se reportará ao Chefe de Divisão de
Perícia do Interior;
do nível final da carreira de Delegado de Polícia que possuam,
XII - decidir sobre remoção por conveniência da disciplina
no mínimo, vinte anos de efetivo serviço policial, vedada a
de policial civil, na forma desta Lei Complementar;
nomeação daqueles inelegíveis em razão de atos ilícitos, nos XIII - promover a motivação do ato de remoção ex officio de
termos da legislação federal. policial civil no interesse do serviço, comprovada a necessidade.
Art. 19. O Chefe da PCMG tem prerrogativas, vantagens e
padrão remuneratório do cargo de Secretário de Estado.
Seção II
Art. 20. O Chefe da PCMG será substituído,
automaticamente, em seus afastamentos ou impedimentos Da Chefia Adjunta da PCMG
eventuais, pelo Chefe Adjunto da PCMG e, nos afastamentos
ou impedimentos eventuais deste, na seguinte ordem, pelo:
I - Corregedor-Geral de Polícia Civil; Art. 23. O Chefe Adjunto da PCMG, escolhido pelo Chefe
II - Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária; da PCMG dentre os integrantes, em atividade, do nível final
III - Chefe de Gabinete da PCMG; da carreira de Delegado de Polícia que possuam, no mínimo,
IV - Diretor do Departamento de Trânsito de Minas Gerais; vinte anos de efetivo serviço policial, e nomeado pelo
V - Diretor da Academia de Polícia Civil; Governador do Estado, tem por função auxiliar o Chefe da
VI - Superintendente de Informações e Inteligência Policial; PCMG no exercício de suas atribuições, competindo-lhe:
VII - Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças;
I - substituir o Chefe da PCMG em suas ausências, férias,
VIII - Delegado Assistente da Chefia da PCMG.
afastamentos e impedimentos eventuais;
Art. 21. O Chefe da PCMG ficará afastado de suas funções II - cooperar com o exercício das funções do Chefe da
pelo cometimento de infração penal cuja sanção cominada PCMG, acompanhar a execução de atividades por órgãos e
seja de reclusão, observado o disposto no § 1º do art. 21 da unidades da PCMG, requisitar informações e determinar ações
Constituição do Estado. de interesse do serviço policial civil;
III - participar, como membro, das reuniões do Conselho
Parágrafo único. Na hipótese a que se refere o caput, Superior da PCMG;
assumirá a Chefia da PCMG o Chefe Adjunto da PCMG. IV - exercer atribuições que lhe sejam delegadas por ato do
Chefe da PCMG.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 22. Ao Chefe da PCMG compete: Parágrafo único. O Chefe Adjunto da PCMG tem
I - exercer a direção superior, o planejamento estratégico prerrogativas, vantagens e padrão remuneratório do cargo de
e a administração geral da PCMG, por meio da coordenação, Secretário de Estado Adjunto.
do controle e da fiscalização das funções policiais civis e da
observância do disposto nesta Lei Complementar;
II - presidir o Conselho Superior da PCMG e integrar o
Conselho de Defesa Social; Seção III
III - propor ao Governador do Estado o aumento do efetivo
e prover, mediante delegação, os cargos dos quadros de pessoal Do Conselho Superior da PCMG
da PCMG, bem como deferir o compromisso de posse aos
servidores da PCMG;
IV - promover a movimentação de servidores,
Art. 24. O Conselho Superior da PCMG é órgão da
proporcionando equilíbrio entre os órgãos e unidades da administração superior da PCMG, que tem a função de
PCMG, observado o quadro de distribuição de pessoal, nos assessorar e auxiliar a Chefia da PCMG, e possui a seguinte
termos de regulamento; estrutura:
V - autorizar servidores da PCMG a afastar-se, em serviço,
do Estado, sem sair do País, observado o disposto no art. 68; I - Órgão Especial;
VI - determinar a instauração de processo administrativo II - Câmara Disciplinar;
disciplinar e aplicar sanções disciplinares; III - Câmara de Planejamento e Orçamento.

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Art. 25. Compõem o Conselho Superior da PCMG: Subseção I
I - o Chefe da PCMG, que o presidirá;
Do Órgão Especial
II - o Chefe Adjunto da PCMG;
III - o Corregedor-Geral de Polícia Civil;
IV - o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária;
V - o Chefe de Gabinete da PCMG;
Art. 29. Ao Órgão Especial, composto exclusivamente por
VI - o Diretor do Departamento de Trânsito de Minas
Delegados-Gerais de Polícia titulares dos órgãos constantes
Gerais;
no art. 25 e pelo Delegado Assistente da Chefia da PCMG,
VII - o Diretor da Academia de Polícia Civil;
compete pronunciar-se, por determinação do Chefe da
VIII - o Superintendente de Informações e Inteligência
PCMG, sobre recurso contra decisão que negar a instauração
Policial;
de inquérito policial e sobre recurso contra ato de Delegado-
IX - o Superintendente de Planejamento, Gestão e
Geral de Polícia ou de órgão de administração da PCMG
Finanças;
que avocou, excepcional e fundamentadamente, inquéritos
X - o Delegado Assistente da Chefia da PCMG;
policiais ou outros procedimentos formais, bem como sobre
XI - o Superintendente de Polícia Técnico-Científica;
o previsto nos incisos VI a X do art. 26 quando relacionado
XII - o Inspetor-Geral de Escrivães de Polícia; com a carreira de Delegado de Polícia.
XIII - o Inspetor-Geral de Investigadores de Polícia.
Art. 26. Ao Conselho Superior da PCMG compete:
I - conhecer, fomentar e manifestar-se sobre propostas de
Subseção II
programas, projetos e ações da PCMG;
II - deliberar sobre o planejamento estratégico e subsidiar
Da Câmara Disciplinar
a proposta orçamentária anual da PCMG;
III - examinar ou elaborar atos normativos pertinentes ao
serviço policial civil;
IV - deliberar sobre a localização de unidades da PCMG e
Art. 30. A Câmara Disciplinar será presidida pelo Chefe
sobre o quadro de distribuição de pessoal da PCMG; Adjunto da PCMG e integrada pelos membros do Conselho
V - estudar e propor inovações visando à eficiência da Superior da PCMG titulares de unidades, à exceção do
atividade policial civil; Chefe da PCMG, e julgará recursos contra atos emanados do
VI - propor ao Chefe da PCMG a remoção ex officio de Corregedor-Geral de Polícia Civil, competindo-lhe:
policial civil, por conveniência da disciplina ou no interesse
do serviço policial; I - recomendar ao Corregedor-Geral de Polícia Civil a
VII - pronunciar-se sobre atribuições e conduta funcional instauração de procedimento administrativo disciplinar
de servidores da PCMG; contra servidor da PCMG e a realização de inspeções e
VIII - deliberar sobre promoção de policial civil, nos correições em órgãos e unidades da PCMG, sem prejuízo das
termos do regulamento do respectivo plano de carreira; competências do Chefe da PCMG e do Corregedor-Geral de
IX - outorgar a Medalha do Mérito Policial Civil Delegado Polícia Civil;
Luiz Soares de Souza Rocha, criada pela Lei nº 7.920, de II - propor ao Chefe da PCMG a remoção ex officio de policial
8 de janeiro de 1981, e demais condecorações e distinções civil, por conveniência da disciplina, por maioria simples dos
honoríficas; membros do Conselho Superior da PCMG, mediante trâmite de
X - deliberar, atendida a necessidade do serviço, sobre sindicância ou processo disciplinar e solicitação fundamentada
o afastamento remunerado de servidores da PCMG para do Corregedor-Geral de Polícia Civil;
frequentar curso ou estudos, no País ou no exterior, observado III - conhecer e julgar recurso contra decisão em
procedimento administrativo disciplinar.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


o interesse da instituição e o disposto no art. 68;
XI - examinar e subsidiar a formulação da proposta Parágrafo único. O recurso contra decisão que negar a
orçamentária da PCMG, propor a priorização de programas, instauração de inquérito policial ou outros procedimentos
projetos e ações da PCMG e acompanhar a execução do formais, bem como sobre o previsto nos incisos VI a X do
orçamento da PCMG. art. 26 quando relacionado com a carreira de Delegado de
Polícia, será apreciado exclusivamente por Delegados-Gerais
Art. 27. O Presidente do Conselho Superior da PCMG
de Polícia integrantes do órgão a que se refere o art. 29.
será substituído nas suas ausências, férias, afastamentos ou
impedimentos eventuais pelo Chefe Adjunto da PCMG e,
sucessivamente, na ordem estabelecida no art. 20.
Subseção III
Art. 28. O Conselho Superior da PCMG elaborará seu
regimento interno, dispondo sobre o funcionamento, a
estrutura, o quórum de deliberações, a divulgação de atos e Da Câmara de Planejamento e Orçamento
a competência de sua Secretaria Executiva.

Parágrafo único. O regimento referido no caput será


aprovado por maioria absoluta e submetido à apreciação do Art. 31. À Câmara de Planejamento e Orçamento,
composta na forma do regimento, competirá examinar e
Chefe da PCMG, que o instituirá por meio de resolução.
subsidiar a formulação da proposta orçamentária da PCMG,
propor a priorização de programas, projetos e ações da
PCMG e acompanhar a execução do orçamento da PCMG.

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Seção IV XVI - coordenar o cumprimento de mandado judicial de
prisão de servidor da PCMG e cumprir mandado de busca e
Da Corregedoria-Geral de Polícia Civil apreensão relacionado a procedimentos de competência da
Corregedoria-Geral de Polícia Civil;
XVII - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades
logísticas e de pessoal para a realização das atividades de
Art. 32. A Corregedoria-Geral de Polícia Civil é órgão sua competência e subsidiar as atividades de suprimento de
orientador, fiscalizador e correicional das atividades recursos pela Superintendência de Planejamento, Gestão e
funcionais e de conduta de servidores da PCMG. Finanças.
§ 1º Acolhida a proposta de que trata o inciso X do caput,
Art. 33. À Corregedoria-Geral de Polícia Civil compete: enquanto durar o afastamento, o servidor da PCMG poderá
I - praticar atos de correição, promover o controle de ser designado, provisoriamente, mantida a sua lotação,
qualidade dos serviços e zelar pela correta execução das para exercer a sua atividade em unidade ou órgão diverso
funções de competência da PCMG; daquele em que se encontra lotado, bem como poderá ser
II - realizar e determinar correições e inspeções, de caráter convocado a participar de cursos de qualificação profissional
geral ou parcial, ordinário ou extraordinário, nas atividades promovidos pela Academia de Polícia Civil.
de competência da PCMG;
III - determinar a instauração de processo administrativo § 2º O afastamento de servidor da PCMG por período
disciplinar, bem como concluir e decidir sobre o mesmo, superior a noventa dias e inferior a cento e oitenta dias,
instaurar sindicância, inquérito policial, termos para fins disciplinares, será determinado por ato do Chefe
circunstanciados de ocorrência e outros procedimentos da PCMG, mediante deliberação de maioria simples dos
para apurar transgressões disciplinares e infrações penais membros do Conselho Superior da PCMG, na forma de
imputadas a servidores da PCMG; seu regimento, e poderá implicar no impedimento para o
IV - atuar, preventiva e repressivamente, em face às exercício funcional.
infrações penais e disciplinares atribuídas aos policiais civis
e servidores da PCMG, bem como em requisições e solicitações § 3º Findo o prazo de cento e oitenta dias de afastamento
dos órgãos e entidades de controle interno e externo; previsto no § 2º, caso os procedimentos instrutórios não
tenham sido concluídos, caberá ao Corregedor-Geral de
V - assumir, motivadamente, mediante ato do Chefe
Polícia Civil submeter os autos à deliberação do Conselho
da PCMG, após a aprovação da maioria dos membros do
Superior da PCMG.
Conselho Superior, a administração de órgãos e unidades da
PCMG;
Art. 34. A competência da Corregedoria-Geral de Polícia
VI - avocar inquéritos policiais e outros procedimentos,
Civil, para fins de atividade correicional, poderá ser delegada
para fins de correição, podendo concluí-los, se for o caso, ou
aos titulares dos órgãos e unidades da PCMG e aos Delegados
delegar sua presidência a outra autoridade policial; de Polícia.
VII - articular-se, no âmbito de sua competência, com o
Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e Parágrafo único. O procedimento correicional terá a
órgãos congêneres; participação de, no mínimo, um representante da respectiva
VIII - aplicar, sem prejuízo da competência dos demais carreira policial.
titulares de órgãos e unidades, nos termos desta Lei
Complementar, penalidades disciplinares, observados os
princípios da ampla defesa e do contraditório;
IX - ampliar, excepcionalmente, a competência correicional CAPÍTULO III
de Delegado de Polícia para o exercício de suas atribuições
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

funcionais em unidade da PCMG diversa de sua lotação; DA ADMINISTRAÇÃO


X - propor ao Chefe da PCMG, mediante despacho
devidamente fundamentado, o afastamento preliminar
Seção I
de servidores da PCMG pelo prazo máximo de até noventa
dias, na hipótese de indícios suficientes de eventual prática
Do Gabinete da Chefia da PCMG
de transgressão disciplinar, para fins de correição ou outro
procedimento investigatório afim;
XI - propor ao Chefe da PCMG, expressa e motivadamente,
a remoção ou a transferência de servidores da PCMG, para fins
Art. 35. O Gabinete da Chefia da PCMG tem por finalidade
disciplinares, nos termos desta Lei Complementar;
garantir assessoramento direto ao Chefe da PCMG e ao Chefe
XII - dirimir conflitos de competência funcional e Adjunto da PCMG em assuntos políticos e administrativos,
circunscricional no âmbito da PCMG, inclusive com caráter competindo-lhe:
normativo, quando necessário;
XIII - manter atualizado o registro e o controle dos I - encaminhar os assuntos pertinentes a órgãos e unidades
antecedentes funcionais e disciplinares dos servidores da da PCMG e articular o fornecimento de apoio técnico, sempre
PCMG e determinar, nas hipóteses legais, o cancelamento das que necessário;II - encarregar-se do relacionamento da PCMG
respectivas anotações; com órgãos públicos federais, estaduais e municipais, dos
XIV - acompanhar o estágio probatório dos servidores da diversos Poderes, e com organismos da sociedade civil;
PCMG; III - planejar, dirigir e coordenar as atividades do Gabinete
XV - convocar servidor da PCMG para atos e procedimentos e unidades a este vinculadas, mantendo o respectivo controle
de correição, na forma da lei; sobre os documentos e atos oficiais correspondentes;

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IV - acompanhar o desenvolvimento das atividades de § 1º A Academia de Polícia Civil manterá o Instituto de
comunicação social da PCMG; Criminologia como órgão de articulação científica com
V - manter diálogo com os servidores da PCMG, outros centros de pesquisa e universidades interessados no
estabelecendo permanente canal de comunicação com os estudo e pesquisa aplicados ao sistema de justiça criminal,
representantes sindicais eleitos e associações de classe; com ênfase no processo da investigação criminal e no
VI - coordenar e executar atividades de atendimento e exercício da polícia judiciária.
informação ao público e às autoridades.
§ 2º Os servidores da PCMG poderão concorrer ao
credenciamento para o magistério policial.
Seção II § 3º Os coordenadores das áreas temáticas da matriz
curricular da Academia de Polícia Civil, indicados pelo seu
Da Academia de Polícia Civil diretor, terão seus nomes referendados pelo Chefe da PCMG.

§ 4º O ensino, o treinamento, o recrutamento e a seleção


de pessoal são privativos da Academia de Polícia Civil, que
Art. 36. A Academia de Polícia Civil tem por finalidade poderá decidir, atendidas as disposições legais, por sua
o desenvolvimento profissional e técnico-científico dos terceirização, sob sua supervisão, vedado o exercício dessas
servidores da PCMG, competindo-lhe: atividades por qualquer outro órgão ou unidade da PCMG.
I - realizar o recrutamento, a seleção, a formação técnico-
profissional e o aperfeiçoamento dos servidores da PCMG; § 5º A Academia de Polícia Civil poderá credenciar
II - planejar e realizar treinamento, aperfeiçoamento e órgãos ou entidades para a realização de exames biomédicos
especialização para servidores da PCMG; e psicotécnicos, necessários à consecução de concurso
III - realizar o acompanhamento educacional e assegurar público, com observância das normas legais pertinentes.
o aprimoramento continuado de servidores da PCMG,
aperfeiçoar a doutrina, a normalização e os protocolos de
atuação profissional;
IV - executar pesquisas técnico-científicas sobre métodos de Seção III
investigação criminal para fundamentar a edição de normas;
V - produzir e difundir conhecimentos acadêmicos Do Departamento de Trânsito de Minas Gerais
de interesse policial e desenvolver a uniformidade de
procedimentos didáticos e pedagógicos;
VI - selecionar, credenciar e manter o quadro docente
preparado e capacitado, interna e externamente às carreiras Art. 37. O Departamento de Trânsito de Minas Gerais -
da PCMG, visando atender às especificidades das disciplinas Detran-MG -, órgão executivo de trânsito do Estado, tem por
finalidade dirigir as atividades e serviços relativos ao registro
das diversas áreas do conhecimento, relacionadas às funções
e ao licenciamento de veículo automotor e à habilitação
de competência da PCMG;
de condutor, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro,
VII - admitir certificações de cursos e de titulações
competindo-lhe:
acadêmicas obtidas por servidor da PCMG em instituições
de ensino e pesquisa, para incorporação no seu histórico I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
funcional, atendidos os requisitos legais; trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
VIII - promover o aprimoramento de técnicas policiais II - planejar, executar, coordenar, normatizar, orientar,
e oferecer suporte às atividades de ensino, de pesquisa e de controlar, fiscalizar e avaliar as ações e atividades pertinentes
operação, simuladas e reais, para a padronização de normas ao serviço público de trânsito que envolvam:

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


e de procedimentos de investigação criminal, de atividade a) a formação e a habilitação de condutor de veículo
notarial, de manejo e de emprego de armas de fogo, explosivos automotor;
e técnicas de defesa pessoal;
IX - propor e viabilizar, junto aos órgãos estaduais e b) a infração e o controle relacionados ao condutor de
federais, o reconhecimento dos cursos que realiza; veículo automotor;
X - difundir estratégias de polícia comunitária;
XI - colaborar em políticas psicopedagógicas destinadas à c) a vistoria, o registro, o emplacamento, o controle e o
preparação do policial civil para a aposentadoria; licenciamento de veículo automotor;
XII - manter intercâmbio com outras instituições de ensino
e pesquisa, nacionais e estrangeiras; d) a remoção e guarda de veículo automotor apreendido
XIII - conceder aos servidores da PCMG diplomas e em razão de infração de trânsito ou por constituir objeto de
certificados relativos às atividades acadêmicas de sua crime;
competência;
XIV - organizar e manter biblioteca especializada em e) o leilão de veículos apreendidos;
matéria de interesse dos serviços policiais civis;
XV - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades f) a avaliação psicológica e o exame de aptidão física e
logísticas e de pessoal para a realização das atividades de mental para habilitação de condutor de veículo automotor;
sua competência e subsidiar as atividades de suprimento de
recursos pela Superintendência de Planejamento, Gestão e g) o funcionamento de clínicas médico-psicológicas e de
Finanças. centros de formação de condutores;

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III - credenciar órgãos, entidades, instituições e agentes I - manter uniformidade de procedimentos no âmbito
para a execução de atividades previstas na legislação de das unidades da PCMG sob sua subordinação, zelando
trânsito, com observância das normas pertinentes; pela eficiência das ações técnico-científicas da investigação
IV - vistoriar e inspecionar quanto às condições de criminal, no âmbito de sua atuação;
segurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa e licenciar II - incumbir o Delegado de Polícia, ou outro policial sob
veículos, expedindo os correspondentes certificados; sua subordinação, da realização de diligências necessárias à
V - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, apuração de infrações penais, por até trinta dias, propondo
aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, ao Corregedor-Geral de Polícia Civil, quando for o caso, a
expedir e cassar a Licença de Aprendizagem, a Permissão para ampliação de competência funcional ou circunscricional;
Dirigir e a Carteira Nacional de Habilitação; III - decidir, sem prejuízo da competência do Corregedor-
VI - estabelecer, em conjunto com os demais órgãos Geral de Polícia Civil, sobre conflito de competência em matéria
de trânsito, diretrizes para o policiamento ostensivo de de investigação criminal e exercício da polícia judiciária, bem
trânsito, bem como fiscalizar, autuar e aplicar as medidas como a respeito do encaminhamento, a quem de direito, de
administrativas e penalidades de competência do órgão inquéritos e procedimentos cuja instauração determinar;
conforme estabelece o Código de Trânsito Brasileiro; IV - inspecionar, periodicamente, unidades policiais
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre subordinadas, mandando lavrar termo em que se consignem
acidentes de trânsito e suas causas; anotações sobre irregularidades encontradas a serem
VIII - realizar investigação criminal e exercer a função de comunicadas ao Corregedor-Geral de Polícia Civil;
polícia judiciária no âmbito de sua atuação; V - remover Investigadores de Polícia e Escrivães de
IX - subsidiar o planejamento, a organização, a Polícia, a pedido ou por permuta, nos limites de determinado
manutenção, o gerenciamento e a supervisão da Escola Departamento de Polícia Civil, bem como propor ao Chefe da
Pública de Trânsito de Minas Gerais; PCMG a remoção de servidores entre Departamentos de Polícia
X - gerenciar os bancos de dados sob sua responsabilidade Civil;
e assegurar a disponibilidade de informações e de acesso a VI - propor ao Chefe da PCMG a remoção de Delegados
dados para suporte às ações de caráter investigativo para de Polícia, nos termos desta Lei Complementar, bem como
a promoção da segurança pública e da incolumidade das
controlar a distribuição de servidores em unidades da PCMG
pessoas e do patrimônio;
sob sua subordinação;
XI - coordenar, no âmbito do Estado, os registros nacionais
VII - orientar, acompanhar e supervisionar atividades
de condutores habilitados, de veículos, de infrações, de
gerenciais executadas pelos titulares de Departamentos de
acidentes e estatísticas, de motores, dentre outros;
XII - articular-se com os órgãos do Sistema Nacional de Polícia Civil, Delegacias Regionais de Polícia Civil, Divisões
Trânsito para o cumprimento das normas de trânsito no Especializadas, Delegacias de Polícia Civil e Delegacias
Estado; Especializadas, no âmbito de sua competência;
XIII - disponibilizar suporte técnico e logístico às Juntas VIII - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades
Administrativas de Recursos de Infrações - Jaris; logísticas e de pessoal para a realização das atividades de
XIV - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades polícia judiciária e investigação criminal e subsidiar as
logísticas e de pessoal para a realização das atividades de atividades de suprimento de recursos pela Superintendência
sua competência e subsidiar as atividades de suprimento de de Planejamento, Gestão e Finanças;
recursos pela Superintendência de Planejamento, Gestão e IX - atuar em matérias relacionadas ao cumprimento
Finanças; de cartas precatórias, fornecer informações às unidades
XV - promover e orientar a realização de cursos, ações policiais de outros entes da Federação, apoiar o cumprimento
e projetos educativos de trânsito, sob responsabilidade de de solicitações de captura de pessoas com ordem de prisão e
unidade específica a ser identificada em decreto. oferecer suporte para a realização de diligências promovidas
por policiais de outros entes da Federação, por meio da Polinter;
§ 1º Integram a estrutura do Detran-MG as Circunscrições X - receber, recolher e custodiar o policial civil da ativa
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Regionais de Trânsito - Ciretrans -, subordinadas às ou aposentado, mesmo aquele que tenha sido demitido
Delegacias Regionais de Polícia Civil. do cargo ou tenha cassada a aposentadoria em virtude de
condenação, submetido a procedimento de natureza judicial
§ 2º Poderão ser delegadas diretamente ao Detran-MG, nos ou contingenciamento de ordem legal, na Casa de Custódia da
termos do regulamento, competências da Superintendência Polícia Civil.
de Planejamento, Gestão e Finanças, necessárias ao exercício
de suas atividades operacionais.

Seção V

Seção IV Da Superintendência de Informações e

Da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária Inteligência Policial

Art. 38. A Superintendência de Investigação e Polícia Art. 39. A Superintendência de Informações e Inteligência
Judiciária tem por finalidade planejar, coordenar e Policial tem por finalidade coordenar e executar as
supervisionar a execução de investigação criminal, atividades de gestão de inteligência, por meio da captação,
bem como o exercício das funções de polícia judiciária, análise e difusão de dados, informações e conhecimentos,
competindo-lhe: competindolhe:

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I - organizar, dirigir, executar, orientar, supervisionar, I - gerir, planejar, coordenar, orientar, administrar o
normatizar e integrar as atividades de inteligência, visando funcionamento, dirigir, supervisionar, controlar e avaliar a
subsidiar a apuração de infrações penais, o exercício das gestão e a execução do serviço de perícia oficial de natureza
funções de polícia judiciária, a proteção de pessoas e a criminal no Estado;
preservação das instituições político-jurídicas, em assuntos de II - estabelecer técnicas e métodos relativos à perícia técnica
segurança interna; e à medicina legal para maior eficiência, eficácia e efetividade
II - realizar as atividades de inteligência e contrainteligência; dos exames periciais;
III - assessorar, orientar e informar o Chefe da PCMG sobre III - promover a articulação entre o Instituto de
assuntos de interesse institucional; Criminalística e o Instituto Médico-Legal, bem como entre
IV - dirigir as atividades de estatística, telecomunicações e os demais órgãos da polícia técnico-científica, no âmbito
informática no âmbito da PCMG; nacional e internacional;
V - realizar a gestão de bancos de dados e sistemas IV - propor ao Chefe da PCMG a remoção de Médicos-
automatizados em operação na PCMG; Legistas e de Peritos Criminais, bem como controlar a
VI - articular-se com unidades de inteligência de outras distribuição de integrantes das referidas carreiras em unidades
instituições públicas; da PCMG;
VII - disponibilizar para os Delegados de Polícia V - auxiliar os órgãos da administração superior, de
informações que possam subsidiar investigações criminais; administração e das unidades da PCMG, quanto à medicina
VIII - ter acesso a dados oriundos do serviço de identificação legal e à perícia técnica;
civil e criminal, de registro de veículos e cadastro de condutores, VI - assegurar a autonomia técnica, científica e funcional
para fins notariais e de composição das informações relevantes no exercício da atividade pericial;
para os atos de investigação criminal e de polícia judiciária; VII - manter intercâmbio com órgãos e instituições
IX - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades relacionadas às áreas técnico-científicas correspondentes;
logísticas e de pessoal para a realização das atividades de VIII - divulgar estudos e trabalhos científicos relativos a
sua competência e subsidiar as atividades de suprimento de exames periciais;
recursos pela Superintendência de Planejamento, Gestão e IX - propor a elaboração de convênios com órgãos e
Finanças. instituições congêneres;
Art. 40. Para os efeitos desta lei, considera-se gestão X - planejar, estabelecer e priorizar as necessidades
de inteligência de segurança pública o conjunto de logísticas e de pessoal para a realização das atividades de
atividades que objetivam identificar, acompanhar e avaliar perícia técnica e de medicina legal e subsidiar as atividades
ameaças reais ou potenciais à segurança pública e produzir de suprimento de recursos pela Superintendência de
informações e conhecimentos que subsidiem ações para Planejamento, Gestão e Finanças;
prevenir, neutralizar, coibir e reprimir infrações de qualquer XI - acompanhar e avaliar as atividades desenvolvidas por
natureza, exceto as militares. Peritos Criminais e por Médicos-Legistas, bem como fiscalizar
o cumprimento do regime do trabalho policial civil e do
Parágrafo único. Estão compreendidos na gestão de regime disciplinar a que estão sujeitos, no que for pertinente.
inteligência de segurança pública os seguintes aspectos
policiais, dentre outros: § 1º A Superintendência de Polícia Técnico-Científica
será dirigida, alternadamente, por Médico-Legista ou Perito
I - ocorrência criminal e seu desdobramento na esfera de Criminal que esteja em atividade e no último nível da carreira,
competência da PCMG; exigidos, no mínimo, quinze anos de efetivo exercício.
II - registro dos atos de investigação criminal, desde a
notícia sobre infração penal até o encerramento da respectiva § 2º Os Peritos Criminais e os Médicos-Legistas lotados
apuração e sua formalização em procedimento legal; nas Seções Técnicas Regionais de Criminalística, nos Postos
III - análise sobre cenário criminal e sobre a atuação de Perícia Integrada e nos Postos Médico-Legais estão
policial civil;

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subordinados, administrativamente, à Superintendência de
IV - coleta de dados para subsidiar plano, programa, Polícia Técnico-Científica, cabendo a esta, ainda:
projeto e ação governamental;
V - elaboração da estatística criminal e sua análise I - o suporte consistente no provimento dos recursos
qualitativa. logísticos;
II - a avaliação de desempenho operacional de Peritos
Criminais e de Médicos-Legistas, em conjunto com os
coordenadores das Seções Técnicas Regionais de Criminalística;
Seção VI III - a avaliação de desempenho no cumprimento de
normas técnicas pertinentes ao exercício das funções periciais;
Da Superintendência de Polícia Técnico-Científica IV - o acompanhamento das atividades desenvolvidas por
Peritos Criminais e por Médicos-Legistas;
V - a fiscalização a respeito do cumprimento do regime
de trabalho a que estão sujeitos os Peritos Criminais e os
Art. 41. A Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Médicos-Legistas.
órgão de caráter permanente, é unidade administrativa,
técnica e de pesquisa que tem por finalidade coordenar e § 3º A atribuição prevista no inciso V do § 2º será exercida
articular ações para a realização de exames periciais criminais em conjunto com a chefia de Departamento.
e médico-legais, promover estudos e pesquisas inerentes à
produção de provas objetivas para o suporte às atividades de § 4º A perícia oficial criminal é constituída pelas carreiras
investigação criminal, ao exercício da polícia judiciária e ao de Médico-Legista e de Perito Criminal, com formação
processo judicial criminal, competindo-lhe: superior específica, detalhada em regulamento.

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§ 5º O Instituto de Criminalística tem por finalidade III - controlar o cadastro de pessoal, a lotação e a vacância
dirigir, gerir, planejar, orientar, coordenar, avaliar, controlar, de cargos da PCMG;
fiscalizar e executar as atividades de perícia criminal e IV - admitir, organizar, orientar e supervisionar a prestação
assessorar o Superintendente de Polícia Técnico-Científica de serviços terceirizados de apoio administrativo para os
em assuntos pertinentes à criminalística. órgãos e unidades da PCMG, consistentes nas atividades de
conservação, limpeza, segurança e vigilância patrimonial,
§ 6º O Instituto Médico-Legal tem por finalidade dirigir, transportes, copeiragem, reprografia, abastecimento de energia
gerir, planejar, orientar, coordenar, avaliar, controlar, e água, manutenção de instalações e suas dependências;
fiscalizar e executar as atividades pertinentes às áreas da V - guardar e manter controle de bens apreendidos ou
medicina legal e da odontologia legal, bem como assessorar arrecadados que não se vinculem a inquérito policial ou termo
o Superintendente de Polícia Técnico-Científica nos assuntos circunstanciado de ocorrência e realizar os respectivos leilões,
correspondentes. inclusive de bens inservíveis para a PCMG, nas hipóteses
legais, com a contabilização e destinação dos recursos para
§ 7º A direção do Instituto Médico-Legal e do Instituto de manutenção da PCMG;
Criminalística será exercida, respectivamente, por Médico- VI - coordenar o sistema de administração de material,
Legista e por Perito Criminal que estejam em efetivo exercício patrimônio e logística, inclusive adquirir, controlar e prover
e no último nível da carreira, por proposta do Superintendente bens e serviços para órgãos e unidades da PCMG;
de Polícia Técnico-Cientifica ao Chefe da PCMG. VII - manter a gestão de arquivo e de documentos e atuar
na preservação da memória institucional da PCMG;
§ 8º A chefia dos Postos de Perícia Integrada será exercida VIII - prover a atualização, a manutenção e o abastecimento
por um Perito Criminal ou Médico-Legista, a chefia das da frota de veículos da PCMG;
Seções Técnicas Regionais de Criminalística, por um Perito IX - gerenciar a elaboração e celebração dos termos de
Criminal e a chefia dos Postos Médico-Legais, por um doação, convênio, contrato e instrumento congênere.
Médico-Legista, por proposta do Superintendente de Polícia
Técnico-Científica ao Chefe da PCMG.
TÍTULO III
Art. 42. À Superintendência de Polícia Técnico-Científica
será destinada parcela do orçamento total da PCMG DO ESTATUTO DOS POLICIAIS CIVIS
compatível e adequada para custear e investir na perícia
oficial criminal, sem prejuízo de eventuais recursos oriundos CAPÍTULO I
de outras fontes.
DAS PRERROGATIVAS
Art. 43. No exercício da atividade de perícia oficial
criminal, é assegurada autonomia técnica, científica e
funcional ao Perito Criminal e ao Médico-Legista, cabendo-
lhe a realização de perícias relacionadas à investigação Art. 45. O policial civil goza das seguintes prerrogativas:
criminal de competência da PCMG, no âmbito de inquéritos
I - desempenhar funções correspondentes à condição
policiais, termos circunstanciados de ocorrência, processos,
hierárquica;
sindicâncias e demais procedimentos administrativos, II - usar privativamente distintivo e documento de
ficando vinculado operacionalmente ao Delegado identidade funcional, válido em todo território nacional;
responsável pela investigação criminal, na forma do Código III - ter porte livre de arma, em todo o território nacional,
de Processo Penal. nos termos de legislação específica;
IV - ter livre acesso a locais públicos ou particulares
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sujeitos a intervenção policial, no exercício de suas atribuições,


observada a legislação vigente;
Seção VII V - ter prioridade em qualquer serviço de transporte e
comunicação, público e privado, quando em serviço de caráter
Da Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças urgente;
VI - exercer poder de polícia, inclusive a realização de
busca pessoal e veicular, no caso de fundadas suspeitas de
prática criminosa ou para fins de cumprimento de mandado
Art. 44. A Superintendência de Planejamento, Gestão judicial;
e Finanças tem por finalidade coordenar e executar VII - convocar pessoas para testemunhar diligência
o planejamento logístico, gerenciar o orçamento, a policial;
contabilidade e a administração financeira, gerir os recursos VIII - ter aposentadoria especial, nos termos da lei;
materiais e a administração de pessoal, competindo-lhe: IX - requisitar, em caso de iminente perigo público, bens
I - elaborar a proposta orçamentária da PCMG e ou serviços, públicos ou particulares, em caráter excepcional,
acompanhar sua execução financeira, bem como viabilizar a quando inviável outro procedimento, assegurada indenização
prestação de contas da PCMG; ao proprietário, em caso de dano;
II - coordenar, orientar e executar as atividades de X - ser recolhido em prisão especial, à disposição da
administração e pagamento de pessoal, expedir certidões autoridade competente, quando sujeito a prisão antes e após
funcionais, realizar averbações e preparar atos de posse e de a condenação definitiva, conforme disposto no Código de
aposentadoria; Processo Penal e nos termos da Lei federal nº 5.350, de 6 de
novembro de 1967;

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XI - receber, no ato de sua primeira designação, munições CAPÍTULO II
e colete balístico dentro do prazo de validade, arma de fogo,
algemas e distintivo oficial individualizado; DOS DIREITOS
XII - exercer as funções em instalações que ofereçam
condições adequadas de segurança, higiene e saúde. Seção I
Parágrafo único. A carteira de identidade funcional do
Dos Direitos dos Policiais Civis
policial civil consignará as prerrogativas constantes nos
incisos III a V do caput .

Art. 46. O Delegado de Polícia, no exercício de sua função, Art. 48. São direitos do policial civil os expressos na
tem ainda as seguintes prerrogativas: Constituição da República, nesta Lei Complementar e ainda:
I - expedir notificações, mandados policiais e outros atos I - ter respeitado o regime do trabalho policial civil;
necessários ao fiel desempenho de suas atribuições; II - receber instrução e treinamento frequentes a respeito
II - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em do uso dos equipamentos de proteção individual;
flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade III - ter assegurados os direitos da policial civil feminina,
fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação relativamente à gestação, amamentação e às exigências de
e a apresentação do Delegado de Polícia ao Chefe da PCMG; cuidado com filhos menores, nos termos de regulamento;
III - requisitar, diretamente, de entidades públicas ou IV - ter acesso a serviços de saúde permanentes e de boa
privadas, informações, dados cadastrais, objetos, papéis, qualidade;
documentos, exames e perícias necessários à instrução V - ter acompanhamento e tratamento especializado em
de inquérito policial e demais procedimentos legais, caso de lesões ou quando acometido de alto nível de estresse;
determinando o prazo para sua apresentação, observadas as VI - ter acesso à reabilitação e a mecanismos de readaptação
disposições legais pertinentes. na hipótese de traumas, deficiências ou doenças ocupacionais
§ 1º O Delegado de Polícia goza de autonomia e em decorrência da atividade policial;
independência no exercício das funções de seu cargo. VII - ter respeitado seus direitos e garantias fundamentais,
§ 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de tanto no cotidiano como em atividades de formação ou de
infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de treinamento;
natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. VIII - ser recolhido somente em unidade prisional própria
§ 3º O cargo de Delegado de Polícia é privativo de bacharel e especial ou em sala especial da unidade em que sirva, sob a
em direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento responsabilidade do seu dirigente, quando preso em flagrante
protocolar dado aos magistrados, aos membros da Defensoria delito ou por força de decisão judicial, sendo-lhe defeso
Pública e do Ministério Público e aos advogados, nos termos exercer atividade funcional ou sair da repartição sem expressa
autorização do juízo a cuja disposição se encontre;
da legislação específica.
IX - ter a garantia de que todos os atos decisórios de
Art. 47. O policial civil será afastado do exercício das superiores hierárquicos que disponham sobre punições,
funções, até decisão final transitada em julgado, quando for lotação e remoção sejam motivados e fundamentados;
preso provisoriamente pela prática de infração penal, sem X - receber equipamentos de proteção individual e
prejuízo de sua remuneração. mobiliários adequados ao tipo de trabalho desenvolvido;
XI - ter assistência médico-hospitalar na instituição a que
§ 1º O policial civil em liberdade provisória retornará ao se refere o inciso VII do § 1º do art. 17, na forma de regulamento.
exercício das funções. Parágrafo único. Os direitos relacionados à utilização
de armas de fogo e de veículos da PCMG durante o curso
§ 2º No caso de condenação que não implique demissão, de habilitação técnico-profissional, ressalvada a finalidade

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


o policial civil: acadêmica, são condicionados à qualificação e ao
I - será afastado a partir da decisão de mérito transitada acompanhamento do policial civil por outro declarado apto
em julgado até o cumprimento total da pena privativa e designado para o exercício das funções de seu cargo em
unidade da PCMG.
da liberdade, com direito apenas a um terço de sua
remuneração; ou
II - perceberá a remuneração integral atribuída ao cargo,
quando permitido o exercício da função pela natureza da Seção II
pena aplicada ou por decisão judicial.
§ 3º É vedado reter ou descontar vencimentos ou Das Indenizações e das Gratificações
proventos do policial civil em decorrência de processo ou
sindicância administrativa enquanto houver a possibilidade
de recurso administrativo da decisão.
Art. 49. Aos integrantes das carreiras da PCMG serão
atribuídas verbas indenizatórias e de gratificação, observados
§ 4º O afastamento a que se refere o caput compete ao os respectivos critérios e requisitos, em especial:
Chefe da PCMG.
I - ajuda de custo, em caso de remoção ex officio ou
designação para serviço ou estudo que importe em alteração
do domicílio, no valor de um mês de vencimento do servidor;
II - diárias, nos termos de decreto;

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III - transporte pessoal e de dependentes, em caso de CAPÍTULO III
remoção ex officio, compreendidos o cônjuge ou companheiro,
os filhos e os enteados; DA REMOÇÃO
IV - gratificação por encargo de curso ou concurso, por
hora-aula proferida em cursos, inclusive para atuação em
bancas examinadoras, em processo de habilitação, controle e
reabilitação de condutor de veículo automotor, de competência Art. 52. O policial civil só poderá ser removido de um
da Academia de Polícia Civil ou do Detran-MG, nos termos de município para outro, com prévia publicação de edital,
decreto; observada a existência de vaga no quadro de distribuição de
V - auxílio-funeral, mediante a comprovação da execução pessoal da PCMG e, ainda, excepcionalmente:
de despesas com o sepultamento de servidor, no valor de até I - a pedido ou por permuta;
um mês de vencimento ou provento percebido na data do II - para acompanhamento de cônjuge ou companheiro
óbito; com declaração de união estável, se servidor público, em caso
VI - translado ou remoção quando ferido, acidentado ou de remoção ex officio ;
falecido em serviço; III - por motivo de saúde do policial civil, filhos, cônjuges,
VII - adicional de desempenho, nos termos da legislação companheiros, pais ou irmãos com comprovada dependência
em vigor; financeira, e atestada a necessidade clínica e nos termos de
VIII - prêmio de produtividade, nos termos da legislação regulamento;
específica; IV - ex officio, no interesse do serviço policial, comprovada
IX - décimo terceiro salário, correspondente a um doze a necessidade, mediante ato motivado e fundamentado;
avos da remuneração a que fizer jus no mês de dezembro por V - por conveniência da disciplina.
mês de exercício no respectivo ano;
X - adicional de férias regulamentares correspondente a § 1º As remoções a que se referem os incisos I, II e V do
um terço da remuneração do servidor; caput não geram direito para o policial civil à percepção de
XI - gratificação por risco de contágio, com a amplitude e auxílio ou qualquer outra forma de indenização.
condições estabelecidas em lei específica;
XII - indenização securitária para policial civil que for § 2º O edital a que se refere o caput será publicado na
vítima de acidente em serviço que ocasione aposentadoria forma e período definidos pelo Conselho Superior da PCMG.
por invalidez ou morte, no valor de vinte vezes o valor da
remuneração mensal percebida na data do acidente, até o § 3º A remoção a que se refere o inciso V do caput não
limite de 9.993,6041 Ufemgs (nove mil novecentos e noventa depende de existência de vaga no quadro de distribuição de
pessoal da PCMG.
e três vírgula seis mil e quarenta e uma Unidades Fiscais do
Estado de Minas Gerais);
§ 4º Na hipótese do inciso V do caput, poderá ocorrer, além
XIII - percepção do valor referente à diferença de
da remoção, a transferência do policial civil para unidade ou
vencimento entre o seu cargo e aquele para o qual vier a ser
órgão da PCMG diverso daquele em que se encontra lotado,
designado para fins de substituição, nos termos de decreto;
dentro do mesmo município.
XIV - auxílio-natalidade, devido pelo nascimento de filho
ou adoção, no valor da remuneração percebida pelo servidor Art. 53. A remoção ou transferência de lotação de Delegado
na ocasião do nascimento ou da adoção, a ser paga à vista de de Polícia por conveniência da disciplina somente ocorrerá
certidão, admitida uma única percepção no caso de pai e mãe após a abertura da sindicância ou processo administrativo
serem dos quadros da PCMG. que observarão a ampla defesa, cabendo seu processamento
Art. 50. Ao policial civil da ativa será assegurado pelo à Corregedoria-Geral de Polícia Civil, e depois de aprovada a
Estado, a título de indenização para aquisição de vestimenta proposta de remoção por maioria simples dos membros do
Órgão Especial do Conselho Superior da PCMG, observado o
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necessária ao desempenho de suas funções, o valor


correspondente a 40% (quarenta por cento) do vencimento interesse da administração.
básico do nível I da carreira de Investigador de Polícia, a ser
pago anualmente no mês de abril. Art. 54. É assegurado ao policial civil, quando comprovar
não ter sido o autor da infração disciplinar, o direito de revisão
Art. 51. Salvo por imposição legal, ordem judicial ou do ato de remoção ou transferência, com a consequente
autorização do servidor, nenhum desconto incidirá sobre os percepção dos auxílios correspondentes, nos termos desta
vencimentos, provento ou pensão. Lei Complementar, caso requeira, formalmente, a lotação na
unidade de origem.
Parágrafo único. As reposições e indenizações em favor
do erário serão descontadas em parcelas mensais de valor Art. 55. A remoção de Delegado de Polícia, ex officio, no
não excedente à décima parte dos vencimentos, provento ou interesse do serviço policial, depende da existência de vaga
pensão, salvo comprovada má-fé, regularmente apurada em no quadro de distribuição de pessoal da PCMG e somente
processo judicial, que definirá o percentual do desconto. ocorrerá depois de fundamentadas as razões e de aprovada a
proposta de remoção por maioria simples dos membros do
Órgão Especial do Conselho Superior da PCMG.

Art. 56. A remoção ex officio de policial civil durante o


gozo de férias regulamentares, férias-prêmio ou licença
para tratamento de saúde somente produzirá efeitos após o
término do afastamento.

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§ 1º A licença para tratamento de saúde não impedirá CAPÍTULO V
a remoção ex officio, desde que já iniciado o processo
disciplinar. DAS LICENÇAS, DOS AFASTAMENTOS E DAS
DISPONIBILIDADES
§ 2º O policial civil poderá ser removido para a unidade de
recursos humanos da PCMG em casos de licença, afastamento Seção I
ou disponibilidade que inviabilizem o exercício pleno das
atividades por período superior a cento e oitenta dias. Das Licenças

Art. 57. A distribuição de policial civil no âmbito interno


de atuação da unidade policial, no mesmo município em
que se encontra em exercício, pode ser determinada pelo seu Art. 59. Conceder-se-á licença:
titular e não implica remoção, desde que formalizada por ato
fundamentado. I - para tratamento de saúde;
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III - por motivo de maternidade ou paternidade, guarda
ou adoção, nos termos da lei;
CAPÍTULO IV IV - por acidente em serviço;
V - para exercer mandato eletivo em diretoria de entidade
DO REGIME DO TRABALHO POLICIAL CIVIL sindical representativa de carreiras policiais civis, constituída
na forma da Constituição do Estado, pelo período do mandato,
sendo considerada como de efetivo exercício das funções e sem
prejuízo da percepção da remuneração integral do cargo.
Art. 58. Os ocupantes de cargos das carreiras policiais
civis sujeitam-se ao regime do trabalho policial civil, que se
Art. 60. A licença para tratamento de saúde será concedida
caracteriza:
a pedido do policial civil ou ex officio, sem prejuízo dos
I - pela prestação de serviço em condições adversas de vencimentos e demais vantagens, sendo indispensável a
segurança, cumprimento de jornadas normais e excepcionais, avaliação médica.
sujeito a plantões noturnos e a convocações a qualquer hora e
dia, inclusive durante o repouso semanal e férias, garantidas, Art. 61. O policial civil licenciado para tratamento de saúde
em caso de se exceder a carga horária prevista em lei, as não poderá dedicar-se a qualquer atividade remunerada.
compensações devidas;
Art. 62. A licença para tratamento de saúde depende
II - pelo dever de imediata atuação, sempre que presenciar de inspeção por junta médica oficial, até para o caso de
a prática de infração penal, independentemente da carga prorrogação.
horária semanal de trabalho, do repouso semanal e férias,
respeitadas as normas técnicas de segurança; § 1º A licença concedida dentro do prazo de sessenta dias
do término da anterior é considerada prorrogação.
III - pela realização de diligências policiais em qualquer
região do Estado ou fora dele. § 2º O policial civil que, no curso de doze meses
imediatamente anteriores ao requerimento de nova licença,
§ 1º Na hipótese do inciso II do caput, diante da houver se licenciado por período contínuo ou descontínuo
impossibilidade de atuação decorrente de condições adversas, de três meses deverá submeter-se à verificação de invalidez.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


por exposição a risco desproporcional à incolumidade do
policial civil ou de terceiros, deverá aquele acionar apoio para § 3º Declarada a incapacidade definitiva para o serviço,
o atendimento do evento. o policial civil será afastado de suas funções e aposentado,
ou, se considerado apto, reassumirá o exercício das funções
§ 2º A prestação de serviço em regime de plantão implica: imediatamente ou ao término da licença.
I - no efetivo exercício das funções do cargo ocupado pelo
policial civil em atividades de competência da PCMG; Art. 63. O policial civil acometido de doença grave
II - no prévio aviso a respeito da escala de plantão que deve definida em portaria ministerial ou legislação específica
ser cumprida pelo policial civil; será compulsoriamente licenciado, com vencimento ou
III - no descanso, imediato e subsequente, pelo período remuneração integral e demais vantagens.
mínimo de doze horas;
IV - no cumprimento de carga horária semanal de trabalho Parágrafo único. Para verificação da doença referida no
de quarenta horas; caput, a inspeção médica será feita obrigatoriamente por
V - compensação financeira ou em dias de folga, nos termos uma junta médica oficial, composta de três membros.
de lei específica a ser encaminhada à Assembleia Legislativa.
§ 3º O período em trânsito para a realização de diligências Art. 64. A licença será convertida em aposentadoria, antes
policiais em localidade diversa da lotação do policial civil, em do prazo estabelecido de dois anos ininterruptos, quando
qualquer região do Estado ou fora dele, considera-se como assim opinar a junta médica, por considerar definitiva para
tempo efetivamente trabalhado. o serviço público a invalidez do policial civil.

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Art. 65. A licença por motivo de doença em pessoa da Art. 68. O Chefe da PCMG poderá conceder afastamento
família, não renovável no período de doze meses após a ao policial civil, sem prejuízo da remuneração:
sua concessão, será concedida, com vencimentos integrais,
pelo prazo máximo de noventa dias, sendo admitida a I - para frequentar cursos relacionados com o exercício
prorrogação, sem remuneração, por até cento e vinte dias. das funções do cargo ocupado pelo policial civil, pelo prazo
de três meses, prorrogável até o máximo de três meses;
§ 1º A licença a que se refere o caput somente será
concedida se a assistência direta do policial civil for II - para participar de congressos, seminários ou
indispensável e não puder ser dada simultaneamente com o encontros relacionados com o exercício da função, pelo
exercício do cargo. prazo estabelecido no ato que o autorizar § 1º O afastamento
a que se refere o inciso I do caput não será concedido ao
§ 2º O requerimento da licença por motivo de doença em policial civil em estágio probatório ou que esteja submetido
pessoa da família deverá ser instruído com laudo expedido a sindicância ou processo administrativo disciplinar.
por junta médica oficial.
§ 2º O afastamento previsto nos incisos I e II do caput
§ 3º Considera-se, para o efeito deste artigo, como obriga ao atendimento dos interesses institucionais, à
pessoa da família, pais, filhos, cônjuge ou companheiro com apresentação de relatório circunstanciado e certificados que
declaração de união estável, para a qual seja indispensável comprovem as atividades desenvolvidas.
a assistência pessoal do policial civil e esta não possa ser
prestada simultaneamente com o exercício de suas funções. § 3º O policial civil que não comprovar o aproveitamento
da atividade desempenhada, na forma do § 2º, nos trinta dias
Art. 66. Será concedida licença por acidente em serviço, subsequentes ao seu término, perderá o direito de computar
sem prejuízo dos vencimentos e vantagens inerentes o tempo de afastamento como tempo de serviço.
ao exercício do cargo, pelo prazo máximo de dois anos,
observado o seguinte: § 4º O policial civil que tenha se afastado das funções
para estudo, especialização ou aperfeiçoamento, sem
I - configura acidente em serviço o dano físico ou mental
prejuízo da remuneração ou com ônus para a PCMG, ficará
que se relacione, mediata ou imediatamente, com as funções
obrigado a prestar serviços pelo menos por mais três anos
exercidas;
após o período do afastamento ou a ressarcir o Estado da
II - equipara-se ao acidente em serviço o dano decorrente
importância despendida, inclusive com o custeio da viagem,
de agressão sofrida no exercício funcional, bem como o dano
em conformidade com o disposto em regulamento.
sofrido em trânsito a ele pertinente;
III - caso o acidentado em serviço necessite de tratamento
§ 5º Na hipótese de afastamento para participar de curso,
especializado comprovadamente não disponível em
congresso ou seminário no exterior ou para frequentar
instituição pública, poderá ter tratamento em instituição
curso no País em prazo superior a seis meses, o policial civil
privada à conta de recursos da PCMG, desde que recomendado
dependerá de autorização do Governador do Estado.
por junta médica oficial;
IV - a prova do acidente deverá ser feita no prazo de
Art. 69. O policial civil afastado não pode exercer
trinta dias contado de sua ocorrência, prorrogável quando as
nenhuma de suas funções, ou outra, pública ou particular,
circunstâncias o exigirem, na forma de regulamento.
diversa da que motivou o ato, sob pena de cassação do ato de
Parágrafo único. Aplicam-se à licença por acidente em afastamento e do imediato retorno às atividades.
serviço as disposições pertinentes à licença para tratamento
de saúde. Art. 70. O policial civil poderá, ainda, afastar-se das
funções do cargo para:
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I - exercer cargo público eletivo;


II - concorrer a cargo público eletivo;
Seção II
III - exercer cargo:
a) de Secretário de Estado, de Secretário Adjunto ou de
Dos Afastamentos e das Disponibilidades Subsecretário na Secretaria de Estado de Defesa Social ou
cargos correspondentes na Controladoria-Geral do Estado;
b) de direção da Polícia Federal;
c) de Ministro de Estado;
Art. 67. Sem prejuízo da remuneração, o policial civil d) de direção da Agência Brasileira de Informação - Abin;
poderá afastar-se de suas funções, por oito dias consecutivos, IV - tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo
por motivo de: de dois anos.
I - casamento; § 1º Não será concedido, nas hipóteses previstas nos
II - falecimento de cônjuge ou companheiro, ascendente, incisos III e IV do caput, o afastamento de policial civil
descendente, ou irmão. submetido a processo administrativo disciplinar, que esteja
Parágrafo único. No caso do inciso I do caput, o policial em estágio probatório ou que reúna as condições previstas
civil comunicará seu afastamento, com antecedência, ao para aposentadoria.
Delegado de Polícia ou ao titular da unidade a que esteja
subordinado. § 2º O estágio probatório será interrompido nas hipóteses
de afastamento previstas nos incisos I e II do caput .

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§ 3º Na hipótese de afastamento prevista no inciso III § 1º Considera-se no efetivo exercício dos cargos das
do caput, o policial civil deverá optar pela percepção dos carreiras a que se refere o art. 76 a execução de funções
vencimentos e vantagens de uma das funções públicas de cargo comissionado da PCMG para o qual tenha sido
exercidas. nomeado ou designado o policial civil.

§ 4º O afastamento previsto no inciso IV do caput não § 2º Para a obtenção do prazo mínimo de efetivo
será considerado como efetivo exercício e dar-se-á sem exercício nos cargos das carreiras policiais civis, poderá
vencimentos e vantagens. ser considerado o tempo de serviço prestado como militar
integrante dos quadros da Polícia Militar e do Corpo de
§ 5º O afastamento do policial civil para concorrer a Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, bem como de
cargo público eletivo dar-se-á sem prejuízo da percepção de instituições congêneres de outros estados da Federação.
vencimentos e vantagens, na forma da Lei Complementar
federal nº 64, de 18 de maio de 1990.

§ 6º Na hipótese do exercício de mandato eletivo, o Seção II


policial civil não poderá exercer, no âmbito da PCMG, cargos
de direção, chefia, assessoramento e coordenação, observado Dos Proventos
o disposto no inciso IX do art. 29 e no art. 38 da Constituição
da República.

Art. 73. O policial civil, ao ser aposentado, perceberá


provento:
CAPÍTULO VI
I - integral:
DA APOSENTADORIA, DOS PROVENTOS E a) se contar com tempo para a aposentadoria especial;

DA PENSÃO ESPECIAL b) se for julgado, mediante laudo de junta médica


oficial, incapaz para o desempenho de suas atividades,
Seção I em decorrência de acidente no serviço ou por moléstia
profissional ou alienação mental, artrite reumatoide, lúpus
Da Aposentadoria eritematoso disseminado (sistêmico), pênfigo foliáceo,
cegueira, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave, esclerose múltipla, hanseníase, tuberculose ativa,
Art. 71. O policial civil será aposentado: nefropatia grave, contaminação por radiação, síndrome de
imunodeficiência adquirida, fibrose cística (mucoviscidose),
I - compulsoriamente; doença de Parkinson, neoplasia maligna, espondilartrose
II - voluntariamente; ancilosante, hepatopatia grave ou doença que o invalide
III - por invalidez. inteiramente, qualquer que seja o tempo de serviço;
§ 1º A aposentadoria compulsória do policial civil ocorre
aos setenta anos de idade, nos termos da Constituição da II - proporcional, à razão de tantas quotas de 1/30 (um
República. trinta avos) do vencimento básico quantos forem os anos de
serviço, nos demais casos.
§ 2º É adotado regime especial de aposentadoria, nos

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termos dos incisos II e III do § 4º do art. 40 da Constituição da § 1º Ao policial civil aposentado em razão de invalidez
República, para o policial civil, cujo exercício é considerado permanente, considerado incapaz para o exercício de serviço
atividade de risco. de natureza policial civil, em consequência de acidente no
desempenho de suas funções ou de ato por ele praticado
§ 3º A aposentadoria por invalidez será sempre precedida no cumprimento do dever profissional, é assegurado o
de licença por período não excedente a dois anos, salvo pagamento mensal de auxílio-invalidez, de valor igual à
quando o laudo médico concluir, anteriormente àquele remuneração de igual nível, incorporado ao seu provento
prazo, pela incapacidade definitiva para o serviço. para todos os fins.

Art. 72. O policial civil será aposentado voluntariamente, § 2º O provento integral a que se refere o inciso I do caput
independentemente da idade: corresponderá à totalidade da remuneração do cargo efetivo
em que se deu a aposentadoria e será reajustado, na mesma
I - se homem, após trinta anos de contribuição, desde que data e em idêntico percentual, sempre que se modificar,
conte, pelo menos, vinte anos de efetivo exercício nos cargos a qualquer título, a remuneração dos policiais civis em
das carreiras a que se refere o art. 76; atividade, sendo estendido ao policial civil aposentado
II - se mulher: todo benefício ou vantagem posteriormente atribuídos ao
a) após trinta anos de contribuição, desde que conte, pelo cargo ou função em que se deu a aposentadoria, inclusive
menos, vinte anos de efetivo exercício nos cargos das carreiras os decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo
a que se refere o art. 76; ou função em que se deu a aposentadoria, nos termos da
b) após vinte e cinco anos de contribuição e de efetivo Constituição da República.
exercício nos cargos das carreiras a que se refere o art. 76.

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Seção III Art. 79. As atribuições dos cargos de provimento efetivo
que integram as carreiras policiais civis são essenciais,
Da Pensão Especial próprias e típicas de Estado, têm natureza especial e caráter
técnico-científico-jurídico para a carreira de Delegado de
Polícia e caráter técnico-científico para as demais, derivados
da aplicação dos conhecimentos das ciências humanas,
Art. 74. À família do policial civil que falecer em consequência sociais e naturalísticas, na forma da Constituição da
de acidente no desempenho de suas funções ou de ato por ele República.
praticado no estrito cumprimento do dever é assegurada pensão
especial, que não poderá ser inferior ao vencimento e demais § 1º Ao policial civil são conferidas, além das atribuições
vantagens que percebia à época do evento. específicas de seus cargos estipuladas no Anexo II desta
Lei Complementar, as funções de polícia judiciária e de
Parágrafo único. A pensão especial de que trata o caput investigação criminal para o estabelecimento das causas,
será reajustada nas mesmas bases do reajustamento que for circunstâncias, motivos, autoria e materialidade das infrações
concedido à remuneração do cargo equivalente. penais, administrativas e disciplinares, inclusive os atos de
formalização em inquérito policial, termo circunstanciado
Art. 75. Disposições relativas à concessão de pensão especial
de ocorrência, laudos periciais ou outros procedimentos,
e seus beneficiários serão tratadas em lei específica.
instrumentos e atos oficiais, incumbindo-lhe ainda:
I - realizar busca pessoal e veicular, no caso de fundada
suspeita de prática de infração penal ou de cumprimento de
TÍTULO IV mandados, bem como efetuar prisões;
II - exercer atividades relativas à gestão científica de dados,
DAS CARREIRAS POLICIAIS CIVIS de inteligência, de informações e de conhecimentos pertinentes
à atividade investigativa;
CAPÍTULO I III - desenvolver conteúdo pedagógico e disseminar
conhecimentos em cursos realizados pela Academia de Polícia
DISPOSIÇÕES GERAIS Civil;
IV - operar os sistemas corporativos, registrar informações,
elaborar estudos de suporte a decisão, bem como alimentar
os programas e as fontes de informações de sua unidade,
Art. 76. As carreiras policiais civis são as seguintes: mantendo-os atualizados, na forma designada;
I - Delegado de Polícia; V - exercer funções pertinentes à identificação civil e
II - Escrivão de Polícia; criminal e ao registro e licenciamento de veículo automotor e
III - Investigador de Polícia; à habilitação de condutor;
IV - Médico-Legista; VI - cumprir, fazer cumprir e executar as determinações e
V - Perito Criminal. diretrizes superiores e atividades de competência da unidade
em que tenha exercício para o cumprimento das funções da
Parágrafo único. Integram ainda o quadro de pessoal da PCMG;
PCMG as carreiras administrativas, instituídas na forma de lei
VII - sistematizar elementos e informações para fins de
específica.
apuração das infrações penais, administrativas e disciplinares;
VIII - formalizar relatórios sobre os resultados das ações
Art. 77. A estrutura das carreiras de que trata o art. 76 e o
número de cargos de cada uma delas são os constantes no policiais civis, diligências e providências adotadas no curso
das investigações;
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Anexo I desta Lei Complementar.


IX - conduzir, no exercício da função policial civil, veículos
Art. 78. Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se: oficiais, inclusive aeronaves e embarcações, para os quais
esteja habilitado;
I - carreira o conjunto de cargos de provimento efetivo X - atuar no desenvolvimento e no aperfeiçoamento das
agrupados segundo sua natureza e complexidade e estruturados técnicas de trabalho;
em níveis e graus, escalonados em função do grau de XI - observar os prazos e formas estabelecidos para a
responsabilidade e das atribuições da carreira; elaboração e entrega de documentos oficiais produzidos em
II - cargo de provimento efetivo a unidade de ocupação decorrência de suas atribuições, justificando formalmente os
funcional do quadro de pessoal privativa de servidor casos de impossibilidade;
público aprovado em concurso, com criação, remuneração e
XII - realizar a proteção, a guarda e o registro formal da
quantitativo definidos em lei ordinária, e, ainda, com atribuições,
movimentação cronológica de procedimentos, documentos,
responsabilidades, direitos e deveres de natureza estatutária
estabelecidos em Lei Complementar; substâncias, objetos, bens e valores arrecadados ou
III - quadro de pessoal o conjunto de cargos de provimento apreendidos, mediante recibo, durante o período em que com
efetivo e de provimento em comissão de órgão ou de entidade; eles permanecer;
IV - nível a posição do servidor no escalonamento vertical XIII - colaborar com o fornecimento de dados e informações
dentro da mesma carreira, contendo cargos escalonados em graus, para a realização de estatísticas da unidade policial, na
com os mesmos requisitos de capacitação e mesma natureza, redação de ofícios e expedientes de interesse administrativo e
complexidade, atribuições e responsabilidades; no controle, arquivamento e organização de folhas e atestados
V - grau a posição do servidor no escalonamento horizontal de frequência, documentos e formulários do respectivo setor.
no mesmo nível de determinada carreira.

16
§ 2º Para o desempenho de suas funções, o Delegado de Art. 82. A carga horária semanal de trabalho dos policiais
Polícia disporá dos serviços e recursos técnico-científicos da civis é de quarenta horas, vedado o cumprimento de jornada
PCMG e dos servidores e policiais civis a ele subordinados, diária superior a oito horas e em regime de plantão superior
podendo requisitar, observadas as limitações legais, quando a doze horas ininterruptas, salvo, em caráter excepcional,
necessário, o auxílio de unidades e órgãos do Poder Executivo. para a conclusão de determinada atividade policial civil.

§ 3º A coleta de vestígios em locais de crime compete, § 1º O Chefe da PCMG, mediante aprovação do


com primazia, ao Perito Criminal, assegurada a máxima Conselho Superior da PCMG poderá estabelecer regras
preservação por parte daqueles que primeiro chegarem complementares para cumprimento da jornada de trabalho
ao local, o qual, depois de liberado, sujeita-se à análise dos dos policiais civis.
Investigadores de Polícia para a obtenção de outros elementos
que possam subsidiar a investigação criminal. § 2º O funcionamento do plantão de Delegacias de
Polícia Civil ocorrerá no período noturno, finais de semana
§ 4º O exercício das atribuições dos cargos das carreiras e feriados, nos termos de instrução do Conselho Superior da
a que se refere o art. 76 é incompatível com qualquer outra PCMG.
atividade, com exceção daquelas previstas na legislação.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores da
Art. 80. Os cargos das carreiras a que se refere o art. 76 são PCMG que, na data da publicação desta Lei Complementar,
lotados no quadro de pessoal da PCMG. forem detentores de função pública.
Parágrafo único. São vedadas a mudança de lotação dos
cargos das carreiras a que se refere o art. 76 e a transferência
de seus ocupantes para os demais órgãos e entidades da CAPÍTULO II
administração pública.
DO INGRESSO
Art. 81. As carreiras policiais civis obedecem à ordem
hierárquica estabelecida entre os níveis que as compõem,
mantido o poder hierárquico e disciplinar do Delegado de
Polícia, nos termos do art. 139 da Constituição do Estado,
Art. 83. O ingresso nas carreiras a que refere o art. 76
ressalvado aquele exercido pelos titulares de unidades na
depende de aprovação em concurso público de provas e
esfera da Superintendência de Polícia Técnico-Científica, do
Instituto Médico-Legal, do Instituto de Criminalística e do títulos, e dar-se-á no primeiro grau do nível inicial da carreira.
Hospital da Polícia Civil.
§ 1º Caberá privativamente à Academia de Polícia Civil a
§ 1º A hierarquia e a disciplina são valores de integração realização:
e otimização das atribuições dos cargos e competências
organizacionais pertinentes às atividades da PCMG e I - na forma do edital, do concurso público a que se refere
objetivam assegurar a unidade técnico-científica da o caput, admitida a terceirização, no todo ou em parte, sob
investigação criminal. supervisão da Academia da Polícia Civil;

§ 2º A hierarquia constitui instrumento de controle e II - nas condições estabelecidas em regulamento, do


eficácia dos atos operacionais, com a finalidade de sustentar curso de formação técnico-profissional.
a disciplina e a ética e de desenvolver o espírito de mútua
cooperação em ambiente de estima, harmonia, confiança e § 2º O candidato aprovado nas etapas a que se refere
respeito. o caput do art. 84 será, depois da nomeação e posse,

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matriculado automaticamente no curso de formação
§ 3º A disciplina norteia o exercício efetivo das atribuições técnico-profissional, fazendo jus à percepção do valor
funcionais em face das disposições legais e das determinações correspondente à remuneração atribuída ao primeiro grau
fundamentadas e emanadas da autoridade competente, do nível inicial da carreira para a qual tenha se candidatado.
estimulando a cooperação, o planejamento sistêmico, a troca
de informações, o compartilhamento de experiências e a Art. 84. O concurso público para ingresso em cargo das
desburocratização das atividades policiais civis. carreiras policiais civis é constituído das seguintes etapas:
I - provas e títulos;
§ 4º O regime hierárquico não autoriza imposições sobre II - exame psicotécnico para avaliar os aspectos de cognição,
o convencimento do policial civil, desde que devidamente aptidões específicas e características de personalidade
fundamentado, ficando garantida sua autonomia nas
adequadas para o exercício do cargo pretendido;
respostas às requisições.
III - exames biomédicos para aferir a higidez física e
mental;
§ 5º Para fins de elaboração da política de remuneração
IV - exames biofísicos, por testes físicos específicos, para
das carreiras a que se refere o art. 76, o princípio da hierarquia
apurar as condições para o exercício profissional e a existência
será gradativamente aplicado.
de deficiência física que o incapacite para o exercício da
§ 6º Não há subordinação hierárquica entre o Escrivão de função;
Polícia, o Investigador de Polícia, o Médico-Legista e o Perito V - investigação social para verificar a idoneidade do
Criminal. candidato, sob os aspectos moral, social e criminal.

17
§ 1º As etapas previstas nos incisos II a V do caput, de CAPÍTULO III
caráter eliminatório, serão realizadas para os aprovados na
etapa prevista no inciso I. DO ESTÁGIO PROBATÓRIO

§ 2º A etapa a que se refere o inciso I do caput, de caráter


eliminatório e classificatório, poderá ser constituída de prova
objetiva de múltipla escolha, prova escrita discursiva e títulos Art. 87. O policial civil submeter-se-á a estágio probatório,
para todos os cargos, além de prova oral para o cargo de pelo prazo de três anos, a partir do ato da posse, durante o
Delegado de Polícia e de digitação para Escrivão de Polícia, qual será avaliada, em caráter permanente, sua aptidão para
devendo ser satisfeitos os demais requisitos e exigências fins de declaração de estabilidade na carreira.
estabelecidos em regulamento e no edital do concurso.
Parágrafo único. Na avaliação a que se refere o caput,
§ 3º As regras do concurso serão publicadas em edital, serão observados, entre outros critérios estabelecidos em
que deverá conter: regulamento:
I - o número de vagas existentes; I - idoneidade moral;
II - as matérias sobre as quais versarão as provas e os II - conduta compatível com as atribuições do cargo;
respectivos programas; III - dedicação no cumprimento dos deveres e das
III - o desempenho mínimo exigido para aprovação nas atribuições do cargo;
provas; IV - eficiência, pontualidade, assiduidade e
IV - os critérios de avaliação dos títulos; comprometimento no desempenho de suas atribuições;
V - o caráter eliminatório e classificatório de cada etapa V - presteza e segurança na atuação profissional;
do concurso; VI - referências em razão da atuação funcional;
VI - os requisitos para a inscrição, com exigência mínima VII - publicação de livros, teses, estudos e artigos,
premiação, concessões de comendas, títulos e condecorações;
de comprovação pelo candidato:
VIII - contribuição para a melhoria dos serviços da
a) da escolaridade exigida para a nomeação;
instituição;
b) de estar no gozo dos direitos políticos;
IX - integração comunitária no que estiver afeto às
c) de estar em dia com as obrigações militares, se do sexo atribuições do cargo;
masculino. X - frequência e a avaliação em cursos promovidos pela
§ 4º O concurso para ingresso na carreira de Delegado PCMG.
de Polícia far-se-á, nas provas de conhecimento, com a Art. 88. O policial civil, no período do estágio probatório,
participação da Ordem dos Advogados do Brasil. será avaliado por comissão de acompanhamento e avaliação
especial de desempenho composta por policiais civis
Art. 85. O ingresso em cargo das carreiras a que se refere o estáveis, instituída por ato do Chefe da PCMG.
art. 76, a realizar-se conforme o disposto no art. 83, depende
da comprovação de habilitação mínima em nível superior: § 1º A comissão a que se refere o caput será composta:
I - correspondente a graduação em direito, para ingresso I - para a carreira a que se refere o inciso I do art. 76, por
na carreira de Delegado de Polícia; um Delegado de Polícia da Corregedoria-Geral de Polícia
II - correspondente a graduação em medicina, para Civil, por um Delegado de Polícia da Superintendência de
ingresso na carreira de Médico-Legista; Investigação e Polícia Judiciária e por um Delegado de Polícia
III - conforme definido no edital do concurso público, para da Academia de Polícia Civil;
ingresso nas carreiras de Escrivão de Polícia, de Investigador II - para as carreiras a que se referem os incisos II a V do
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de Polícia e de Perito Criminal. art. 76, por um Delegado de Polícia da Corregedoria-Geral de


Polícia Civil, por um Delegado de Polícia da Superintendência
Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Lei de Investigação e Polícia Judiciária, por um Delegado de
Complementar, considera-se nível superior a formação em Polícia da Academia de Polícia Civil e por um ocupante da
educação superior, que compreende curso ou programa de carreira do policial civil, de nível da carreira superior àquele
graduação, na forma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. em que estiver posicionado o servidor avaliado.

Art. 86. Constitui motivo para a exclusão do candidato, § 2º A permanência na carreira e a estabilidade do policial
durante o concurso, a verificação das seguintes ocorrências, civil serão deliberadas pelo Conselho Superior da PCMG.
mediante investigação social, assegurada ampla defesa:
Art. 89. O Corregedor-Geral de Polícia Civil poderá, a
I - a constatação de incapacidade moral, física ou qualquer tempo do estágio probatório, ex officio ou mediante
inaptidão para o cargo almejado; provocação, impugnar, fundamentadamente, a permanência
II - o envolvimento em fato que o comprometa moral ou do policial civil no cargo efetivo de carreira para o qual foi
profissionalmente; nomeado.
III - o registro de antecedentes criminais, a demissão de
outra instituição policial, bem como a omissão desses dados Parágrafo único. Fica suspenso, até o definitivo
na ficha de informações destinada à investigação social. julgamento da impugnação a que se refere o caput, o período
de estágio probatório do policial civil.

18
Art. 90. O Corregedor-Geral de Polícia Civil, em até Art. 94. Promoção é a passagem do policial civil do nível
noventa dias antes do término do estágio probatório, em que se encontra para o nível subsequente, na carreira a
apresentará ao Conselho Superior da PCMG parecer sobre a que pertence.
homologação de estágio probatório de policial civil.
§ 1º A promoção dar-se-á:
§ 1º A proposta de homologação de estágio probatório I - por antiguidade, conforme os seguintes critérios:
implica a expedição da declaração de estabilidade do policial a) especial;
civil. b) aposentadoria;
II - por merecimento, conforme os seguintes critérios:
§ 2º Quando o Conselho Superior da PCMG decidir, em a) mérito profissional;
caráter definitivo, pela maioria simples de seus membros, b) por ato de bravura;
pela não homologação do estágio probatório do policial civil III - por invalidez;
no cargo efetivo para o qual foi nomeado, o Chefe da PCMG IV - post mortem .
proporá a sua exoneração, mediante conclusão de processo
administrativo próprio, assegurados o contraditório e a § 2º A promoção pelos critérios alternados de antiguidade
ampla defesa. e merecimento ocorrerá, anualmente, nos meses de junho e
dezembro, na forma de regulamento.
Art. 91. Ao Chefe da PCMG compete o ato declaratório de
estabilidade, no qual constará a nova condição do policial § 3º Os períodos previstos no § 2º podem se aplicar para
civil para o desenvolvimento na carreira. a promoção por ato de bravura e para a promoção especial.

§ 4º As promoções por invalidez, post mortem e por


aposentadoria poderão ocorrer em qualquer época do ano e
CAPÍTULO IV independem da existência de vagas.

§ 5º Fará jus à promoção por merecimento e por


DO DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA
antiguidade o policial civil que atender às exigências
estabelecidas em regulamento e preencher os seguintes
requisitos:
Art. 92. O desenvolvimento do policial civil nas carreiras I - encontrar-se em efetivo exercício;
a que se refere o art. 76 dar-se-á mediante progressão ou II - ter cumprido o interstício mínimo de dois anos de
promoção. efetivo exercício no mesmo nível;
III - ter recebido no mínimo duas avaliações periódicas de
Parágrafo único. Decreto disporá sobre as regras de desempenho individual satisfatórias desde a sua promoção
desenvolvimento do policial civil nas carreiras a que se refere anterior, nos termos das normas legais pertinentes e do § 3º do
o art. 76, observados os requisitos estabelecidos nesta Lei art. 31 da Constituição do Estado;
Complementar. IV - comprovar participação e aprovação em atividades de
aperfeiçoamento;
Art. 93. Progressão é a passagem do policial civil do grau V - comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível
em que se encontra para o grau subsequente, no mesmo ao qual pretende ser promovido.
nível da carreira a que pertence. § 6º A promoção por merecimento observará, além do
previsto no § 5º, critérios objetivos que levem em conta
§ 1º A progressão do policial civil posicionado até o desempenho e capacitação profissional, os quais serão
penúltimo nível hierárquico da carreira está condicionada regulamentados por decreto.

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ao preenchimento dos seguintes requisitos:
I - encontrar-se em efetivo exercício; § 7º O limite de vagas por nível para a promoção nas
II - ter cumprido o interstício mínimo de um ano de efetivo carreiras de Delegado de Polícia, de Médico-Legista e de Perito
exercício no mesmo grau; Criminal é o constante no Anexo I desta Lei Complementar.
III - ter recebido avaliação periódica de desempenho
individual satisfatória durante o período aquisitivo, nos § 8º O limite de vagas por nível para a promoção nas
termos do § 3º do art. 31 da Constituição do Estado. carreiras de Escrivão de Polícia e de Investigador de Polícia
§ 2º A progressão do policial civil do grau “A” do último será definido na forma de decreto.
nível hierárquico da carreira para o grau subsequente está
§ 9º O posicionamento do policial civil no nível para
condicionada ao preenchimento dos seguintes requisitos:
o qual for promovido dar-se-á no primeiro grau cujo
I - ter cumprido os requisitos para a aposentadoria
vencimento básico seja superior ao percebido pelo policial
especial, a que se refere o § 2º do art. 71;
civil no momento da promoção, ressalvada a promoção para
II - ter cumprido um ano de efetivo exercício no último
o último nível, cujo posicionamento ocorrerá no grau “A”,
nível hierárquico da carreira a que pertence; garantida a irredutibilidade remuneratória, nos termos da
III - ter recebido avaliação periódica de desempenho Constituição da República.
individual satisfatória no último nível hierárquico da carreira
a que pertence; Art. 95. O Delegado de Polícia será promovido de
IV - ter requerido a aposentadoria, em caráter irretratável, Delegado de Polícia Substituto para Delegado de Polícia
e ter se beneficiado da faculdade prevista no § 24 do art. 36 da Titular “A” após a publicação da declaração de estabilidade.
Constituição do Estado.

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Art. 96. Farão jus a promoção especial, a que se refere a CAPÍTULO V
alínea “a” do inciso I do § 1º do art. 94, o Escrivão de Polícia
e o Investigador de Polícia que preencherem os seguintes DO ADICIONAL DE DESEMPENHO
requisitos:
I - estar em efetivo exercício;
II - ter permanecido no mesmo nível da respectiva carreira Art. 103. O Adicional de Desempenho - ADE - constitui
pelo prazo de oito anos de efetivo exercício; vantagem remuneratória concedida mensalmente ao
III - ter obtido resultado satisfatório nas avaliações de policial civil que tenha ingressado no serviço público após
desempenho individual durante o período aquisitivo, nos a publicação da Emenda à Constituição nº 57, de 15 de
termos do § 3º do art. 31 da Constituição do Estado; julho de 2003, ou que tenha feito a opção prevista no art.
IV - comprovar participação e aprovação em atividades de 115 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
aperfeiçoamento. da Constituição do Estado e que cumprir os requisitos
Art. 97. Após a conclusão do estágio probatório, o policial estabelecidos nesta Lei Complementar.
civil considerado apto será posicionado no grau “D” do nível
de ingresso na carreira, ressalvado o disposto no art. 95. § 1º O valor do ADE será determinado a cada
ano, levando-se em conta o número de avaliações de
Art. 98. A contagem do prazo para fins da segunda desempenho individual - ADIs - e de avaliações especiais
promoção terá início após a conclusão e homologação do de desempenho - AEDs - satisfatórias obtidas pelo policial
estágio probatório, desde que o policial civil tenha sido civil.
aprovado.
§ 2º A ADI e a AED serão realizadas em conformidade
com instrução do Conselho Superior da PCMG.
Art. 99. Perderá o direito à progressão e à promoção o
policial civil que, no período aquisitivo:
§ 3º O policial civil da ativa que fizer a opção a que
I - sofrer punição disciplinar em que seja suspenso por se refere o caput fará jus ao ADE a partir do exercício
trinta dias ou mais; subsequente, desde que obtenha resultado satisfatório na
II - afastar-se das funções específicas de seu cargo, ADI realizada no ano em que manifestar a referida opção.
excetuados os casos previstos como de efetivo exercício nas
normas estatutárias vigentes e em legislação específica. § 4º A partir da data da opção pelo ADE, não serão
concedidas novas vantagens por tempo de serviço ao
§ 1º É assegurado ao policial civil absolvido em processo policial civil, asseguradas aquelas já concedidas.
administrativo ou reabilitado o direito de computar o tempo
de suspensão a que se refere o inciso I do caput como período § 5º O somatório de percentuais de ADE e de adicionais
aquisitivo para fins de progressão e de promoção. por tempo de serviço, na forma de quinquênio ou
trintenário, não poderá exceder a 90% (noventa por cento)
§ 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput, o do vencimento básico do policial civil.
afastamento ensejará a suspensão do período aquisitivo
para fins de promoção e progressão, contando-se, para tais § 6º O policial civil poderá utilizar, para fins de aquisição
fins, o período anterior ao afastamento, desde que tenha sido do ADE, o período anterior à sua opção por esse adicional,
concluída a respectiva avaliação periódica de desempenho que será considerado de resultado satisfatório, salvo o
individual. período já computado para obtenção de adicional por
tempo de serviço na forma de quinquênio.
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Art. 100. As promoções previstas no § 1º do art. 94 terão


requisitos definidos na forma de decreto. Art. 104. São requisitos para a obtenção do ADE:

Art. 101. Para desempate no processo de promoção, serão I - a conclusão do estágio probatório pelo policial civil;
apurados, sucessivamente: II - ter obtido resultado satisfatório na ADI ou na AED.

I - a maior média de resultados obtidos nas avaliações de § 1º Para fins do disposto no inciso II do caput, considera-
desempenho no respectivo período aquisitivo; se satisfatório o resultado igual ou superior a 70% (setenta
por cento).
II - o maior tempo de serviço no nível;
III - o maior tempo de serviço na carreira;
§ 2º O período anual considerado para a AED terá início
IV - o maior tempo no serviço público estadual;
no dia e no mês do ingresso do policial na PCMG.
V - o maior tempo em serviço público;
VI - o policial civil de maior idade. § 3º Na ADI e na AED, será considerado fator de
Art. 102. As atividades acadêmicas para o desenvolvimento avaliação, para concessão do ADE, o aproveitamento em
do policial civil na carreira serão promovidas pela Academia curso profissional realizado pela Academia de Polícia Civil.
de Polícia Civil ou qualquer outra instituição de ensino
reconhecida pelo Ministério da Educação. § 4º A regulamentação da ADI e da AED, no que se
refere ao disposto no § 3º, será efetivada por instrução do
Conselho Superior da PCMG.

20
Art. 105. Os valores máximos do ADE correspondem I - para trinta ADIs e AEDs com resultado satisfatório: até
a um percentual do vencimento básico do policial civil, 70% (setenta por cento);
estabelecido conforme o número de AEDs e ADIs com II - para vinte e nove ADIs e AEDs com resultado satisfatório:
resultado satisfatório por ele obtido, assim definidos: até 66% (sessenta e seis por cento);
III - para vinte e oito ADIs e AEDs com resultado satisfatório:
I - para três AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 6% (seis
até 62% (sessenta e dois por cento);
por cento);
IV - para vinte e sete ADIs e AEDs com resultado satisfatório:
II - para cinco AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 10%
até 58% (cinquenta e oito por cento);
(dez por cento);
V - para vinte e seis ADIs e AEDs com resultado satisfatório:
III - para dez AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 20%
até 54% (cinquenta e quatro por cento).
(vinte por cento);
IV - para quinze AEDs e ADIs com resultado satisfatório: § 1º O valor do ADE a ser incorporado aos proventos
30% (trinta por cento); do policial civil será calculado por meio da multiplicação
V - para vinte AEDs e ADIs com resultado satisfatório: 40% do percentual definido nos incisos I a V do caput pela
(quarenta por cento); centésima parte do resultado da média aritmética simples
VI - para vinte e cinco AEDs e ADIs com resultado dos resultados satisfatórios obtidos nas ADIs e AEDs durante
satisfatório: 50% (cinquenta por cento); a carreira.
VII - para trinta AEDs e ADIs com resultado satisfatório:
60% (sessenta por cento). § 2º Para fins de incorporação aos proventos do policial
civil que não alcançar o número de resultados satisfatórios
§ 1º O policial civil que fizer jus à percepção do ADE
definido nos incisos do caput, o valor do ADE será calculado
continuará percebendo o adicional no percentual adquirido
pela média aritmética das últimas sessenta parcelas do
até atingir o número necessário de AEDs e ADIs com resultado
ADE percebidas anteriormente à sua aposentadoria ou à
satisfatório para alcançar o nível subsequente definido nos
instituição da pensão.
incisos do caput .

§ 2º O valor do ADE não será cumulativo, devendo o


percentual apurado a cada nível substituir o percentual
anteriormente percebido pelo policial civil. TÍTULO V

§ 3º O policial civil que não for avaliado, por estar DISPOSIÇÕES FINAIS
totalmente afastado de suas atividades por mais de cento e
vinte dias, devido a problemas de saúde, terá o resultado de
sua AED ou ADI fixado em 70% (setenta por cento), enquanto
perdurar essa situação. Art. 107. O policial civil que tiver sido designado para a
função de Delegado Especial de Polícia, atendida, então, a
§ 4º Se o afastamento previsto no § 3º for decorrente de condição de bacharel em direito, e que, na data de publicação
acidente de serviço ou de doença profissional, o policial civil desta Lei Complementar, fizer jus à percepção de vantagem
estável permanecerá com o resultado da sua última AED ou pessoal equivalente à diferença entre o vencimento básico
ADI, se este for superior a 70% (setenta por cento). do cargo de Delegado de Polícia Substituto e o vencimento
básico do cargo efetivo por ele ocupado, acrescido dos
§ 5º Ao policial civil submetido a readaptação de função, a adicionais por tempo de serviço, terá esse valor incorporado
outras restrições decorrentes de problemas de saúde, ou que aos proventos.
tenha sofrido acidente no exercício de suas atividades, serão
asseguradas, pelo Chefe da PCMG, condições especiais para a § 1º Estende-se ao policial civil aposentado o direito
realização da AED e da ADI, observadas suas limitações. de incorporação de que trata o caput, desde que tenha

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percebido a vantagem pessoal durante a atividade, na
§ 6º O policial civil afastado do exercício de suas funções condição descrita.
por mais de cento e vinte dias, contínuos ou não, durante
o período considerado para a AED e para a ADI não será § 2º Para fins do disposto neste artigo, o policial civil da
avaliado, quando o afastamento for devido a: ativa ou aposentado será identificado em decreto.
I - licença para tratar de interesse particular, sem Art. 108. O quantitativo de cargos das carreiras a que se
vencimento; refere o art. 76 correspondentes à função pública a que se
II - ausência, conforme a legislação civil; refere a Lei nº 10.254, de 20 de julho de 1990, cujos detentores
III - privação ou suspensão de exercício de cargo ou função, foram efetivados em decorrência do disposto nos arts. 105
nos casos previstos em lei; e 106 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
IV - cumprimento de sentença penal ou de prisão judicial, da Constituição do Estado, bem como os não efetivados
sem o exercício das funções; que foram posicionados nas estruturas das carreiras a
V - exercício temporário de cargo público de outra esfera que se refere o art. 76, é o constante no Anexo III desta Lei
de governo. Complementar.
Art. 106. O ADE será incorporado aos proventos do policial
civil quando de sua aposentadoria, em valor correspondente Art. 109. Os cargos de provimento em comissão e as
a um percentual de seu vencimento básico, estabelecido funções de confiança da estrutura da PCMG, ressalvados os
conforme o número de avaliações de desempenho com cargos de Chefe da PCMG e Chefe Adjunto da PCMG, são
resultado satisfatório por ele obtido, respeitados os seguintes privativos de policiais civis que não tenham excedido em
percentuais máximos: cinco anos o tempo exigido para a aposentadoria voluntária.

21
§ 1º Os cargos cujos titulares compõem o Conselho Art. 116. O Poder Executivo encaminhará à Assembleia
Superior da PCMG a que se refere o art. 25 somente poderão Legislativa, em até noventa dias contados da data de
ser ocupados por um mesmo servidor pelo período máximo publicação desta Lei Complementar, projeto de lei
de sete anos, ininterruptos ou não, observado o disposto no complementar contendo o Estatuto Disciplinar da Polícia
§ 2º. Civil do Estado de Minas Gerais.

§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º aos titulares dos Parágrafo único. Até a publicação do estatuto de que
cargos de Chefe da PCMG e Chefe Adjunto da PCMG. trata o caput, aplica-se o disposto nos arts. 142 a 205
da Lei nº 5.406, de 16 de dezembro de 1969, e normas
§ 3º Os cargos de Chefe de Departamento de Polícia Civil, complementares.
de Delegado Regional de Polícia Civil e de Chefe de Divisão
Especializada somente poderão ser ocupados por um mesmo
servidor, na mesma unidade, pelo período máximo de cinco
anos, ininterruptos ou não. Art. 117. Ficam criados:

§ 4º Os períodos a que se referem os §§ 1º e 3º I - seiscentos e setenta e oito cargos de provimento


serão contados a partir da data de publicação desta Lei efetivo da carreira de Delegado de Polícia;
Complementar.
II - setenta e dois cargos de provimento efetivo da carreira
Art. 110. A verificação do nexo causal entre o exercício de Médico-Legista;
das funções e a consequente invalidez ou morte do policial
civil, bem como das circunstâncias fáticas para aferição do III - duzentos e dezesseis cargos de provimento efetivo
direito à promoção por invalidez, post mortem ou por ato de da carreira de Perito Criminal;
bravura, ocorrerá por meio de sindicância de competência
da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, a ser apreciada pelo IV - um mil e doze cargos de provimento efetivo da
Conselho Superior da PCMG. carreira de Escrivão de Polícia I;
Art. 111. Até a completa assunção da gestão da custódia V - três mil quatrocentos e trinta e quatro cargos de
de presos pelo órgão competente, a PCMG auxiliará na provimento efetivo da carreira de Investigador de Polícia I.
referida gestão.
§ 1º Em virtude da criação dos cargos a que se refere o
caput, a quantidade de cargos das carreiras constantes no
Anexo I desta Lei Complementar passa a ser:
Art. 112. Aplica-se aos integrantes das carreiras policiais
civis, nas matérias não disciplinadas nesta Lei Complementar, I - Delegado de Polícia, um mil novecentos e oitenta e sete
subsidiariamente, o Estatuto dos Servidores Públicos Civis cargos;
do Estado de Minas Gerais. II - Médico-Legista, quatrocentos e trinta e seis cargos;
III - Perito Criminal, novecentos e três cargos;
Art. 113. Cabe à Corregedoria-Geral de Polícia Civil o IV - Escrivão de Polícia I, um mil e doze cargos;
processamento da correição dos servidores administrativos V - Escrivão de Polícia II, um mil oitocentos e setenta e
do quadro de pessoal da PCMG, nos termos do Estatuto dos oito cargos;
Servidores Públicos Civis do Estado de Minas Gerais. VI - Investigador de Polícia I, três mil quatrocentos e trinta
e quatro cargos;
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 114. O cargo de Chefe Adjunto Institucional da Polícia VII - Investigador de Polícia II, sete mil oitocentos e
Civil, criado pelo art. 8º da Lei nº 20.312, de 27 de julho de sessenta e sete cargos.
2012, será extinto em 31 de dezembro de 2014.
§ 2º Serão transformados, com a vacância, os cargos de
Art. 115. Até a extinção do cargo, o Chefe Adjunto provimento efetivo da carreira de Investigador de Polícia II
Institucional da Polícia Civil, nomeado pelo Governador em cargos de provimento efetivo da carreira de Investigador
do Estado, tem por função auxiliar o Chefe da PCMG no de Polícia I e os cargos de provimento efetivo da carreira de
exercício de suas atribuições, competindo-lhe: Escrivão de Polícia II em cargos de provimento efetivo da
carreira de Escrivão de Polícia I.
I - substituir, nos afastamentos e impedimentos do Chefe
Adjunto da PCMG, o Chefe da PCMG em seus afastamentos e Art. 118. O policial civil que tenha cumprido as exigências
impedimentos eventuais; para aposentadoria voluntária no âmbito do regime especial
II - realizar estudos sobre a modernização da estrutura de aposentadoria adotado para os ocupantes dos cargos de
organizacional da PCMG; provimento efetivo que integram as carreiras policiais civis e
III - exercer atribuições que lhe sejam delegadas por ato do que opte por permanecer em atividade fará jus a gratificação
Chefe da PCMG. de incentivo ao exercício continuado equivalente ao valor
§ 1º Aplica-se ao cargo de Chefe Adjunto Institucional da de 1/3 (um terço) de seus vencimentos, até completar as
Polícia Civil a ressalva constante no caput do art. 109. exigências previstas na alínea “a” do inciso III do § 1º do art.
§ 2º O Chefe Adjunto Institucional da Polícia Civil integra
40 da Constituição da República.
o Conselho Superior da PCMG.

22
Art. 119. O policial civil ocupante de cargo de nível intermediário da respectiva carreira fará jus a promoção por antiguidade,
independentemente de vaga, ao nível imediatamente superior quando completar as exigências para aposentadoria voluntária
no âmbito do regime especial de aposentadoria adotado para os ocupantes dos cargos de provimento efetivo que integram as
carreiras policiais civis.

Art. 120. Os policiais civis que, na data de publicação desta lei, forem ocupantes dos cargos de provimento efetivo da
carreira de Delegado de Polícia terão a denominação do cargo alterada conforme o item I.1 do Anexo I desta Lei Complementar,
mantidos o nível e o grau de posicionamento em que se encontrarem na data de publicação desta lei.

Art. 121. Os cargos de provimento em comissão de que trata o Decreto nº 17.826, de 2 de abril de 1976, mantidos suas
funções e vencimentos, terão denominação e atribuições complementares fixadas por meio de decreto.

Art. 122. O policial civil que tenha se aposentado no último nível da respectiva carreira, mesmo aquele que tenha alcançado
o último nível em virtude do pedido de aposentadoria, será classificado no grau subsequente, conforme tabela constante no
Anexo I desta Lei Complementar.

Art. 122-A O Governador do Estado poderá nomear, em caráter temporário, pelo prazo de até três anos, para os cargos de
Chefe da Polícia Civil, Chefe Adjunto da Polícia Civil e Chefe de Gabinete da Polícia Civil, servidores integrantes do nível final
da carreira de Delegado de Polícia, observadas as exigências previstas na legislação em vigor.

§ 1º Para a nomeação a que se refere o caput, será exigido tempo de efetivo serviço policial superior a:
I – vinte anos, para o cargo de Chefe da Polícia Civil;
II – quinze anos, para o cargo de Chefe Adjunto da Polícia Civil
§ 2º Para a nomeação para o cargo de Chefe de Gabinete da Polícia Civil, não será exigido tempo mínimo de efetivo serviço
policial.

(Artigo acrescentado pelo art. 4º da Lei Complementar nº 138, de 28/4/2016)

Art. 123. Ficam revogados:


I - os arts. 1º a 74, 76 a 102, 104 a 141 e 206 a 221 da Lei nº 5.406, de 1969;
II - os arts. 1º a 3º, 5º a 10, 12 a 20-F, 30, 37, 38, 40, 42 e os Anexos I e IV da Lei Complementar nº 84, de 25 de julho de 2005;
III - os arts. 1º a 6º, 12 a 15 e os Anexos I e II da Lei Complementar nº 113, de 29 de junho de 2010;
IV - a Lei Complementar nº 98, de 6 de agosto de 2007;
V - o art. 3º da Lei Complementar nº 23, de 26 de dezembro de 1991.
Art. 124. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, ressalvado o disposto no inciso II do art. 96, o
disposto no art. 97 e o disposto no art. 122, todos com vigência a partir de 1º de janeiro de 2015.

Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 8 de novembro de 2013; 225º da Inconfidência Mineira e 192º da Independência
do Brasil.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


ANEXO I

(a que se refere o art. 77 da Lei Complementar nº129, de 8 de NOVEMBRO de 2013)

ESTRUTURA DAS CARREIRAS POLICIAIS CIVIS

I.1 - Estrutura da Carreira de Delegado de Polícia

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Quantidade Graus
Escolaridade
Substituto Superior 1.174 Substituto A Substituto B Substituto C Substituto D Substituto E
Titular Superior Titular A Titular B Titular C Titular D Titular E
Especial Superior 622 Especial A Especial B Especial C Especial D Especial E
Geral Superior 191 Geral A Geral B

23
I.2 - Estrutura da Carreira de Médico-Legista

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Quantidade Graus
Escolaridade
I Superior 236 I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior 121 II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 62 III-A III-B III-C III-D III-E
Especial Superior 17 Especial A Especial B

I.3 - Estrutura da Carreira de Perito Criminal

Carga horária: 40 horas semanais

Nível Nível de Quantidade Graus


Escolaridade
I Superior 368 I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior 343 II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior 105 III-A III-B III-C III-D III-E
Especial Superior 87 Especial A Especial B

I.4 - Estrutura da Carreira de Escrivão de Polícia

I.4.1 - Escrivão de Polícia I

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Quantidade Graus
Escolaridade
I Superior I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior III-A III-B III-C III-D III-E
Especial Superior 1.012 Especial A Inspetor de Escrivão

I.4.2 - Escrivão de Polícia II


PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Quantidade Graus
Escolaridade
I Médio I-A I-B I-C I-D I-E
II Médio II-A II-B II-C II-D II-E
III Médio III-A III-B III-C III-D III-E
Inspetor de
Especial Médio 1.878 Especial A
Escrivão

24
I.5 - Estrutura da Carreira de Investigador de Polícia

I.5.1 - Investigador de Polícia I

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Quantidade Graus
Escolaridade
I Superior I-A I-B I-C I-D I-E
II Superior II-A II-B II-C II-D II-E
III Superior III-A III-B III-C III-D III-E
3.434 Inspetor de
Especial Superior Especial A
Investigação

I.5.2 - Investigador de Polícia II

Carga horária: 40 horas semanais

Nível de
Nível Escolari- Quantidade Graus
dade
Funda-
T T-A T-B T-C T-D T-E
mental
I Médio I-A I-B I-C I-D I-E
II Médio II-A II-B II-C II-D II-E
III Médio III-A III-B III-C III-D III-E
Espe- 7.867 Inspetor de Inves-
Médio Especial A
cial tigação

ANEXO II

(a que se refere o § 1º do art. 79 da Lei Complementar nº 129, de 8 de NOVEMBRO de 2013)

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DOS CARGOS DAS CARREIRAS POLICIAIS CIVIS

II.1 - Ao Delegado de Polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe:

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a) presidir a investigação criminal de acordo com seu livre convencimento técnico-jurídico, com isenção e imparcialidade;

b) decidir sobre o indiciamento, desde que seja realizado por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica

do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias;

c) requisitar a realização de exames periciais, informações, cadastros, documentos e dados, bem como colher provas e
praticar os demais atos necessários à adequada apuração de infração penal e do ato infracional, observados os limites legais;

d) decidir sobre a lavratura do auto de prisão em flagrante;

e) representar à autoridade judiciária para a decretação de medidas cautelares reais e pessoais, como prisão preventiva e
temporária, busca e apreensão, quebra de sigilo, interceptação de telecomunicações, em sistemas de informática e telemática,
e outras medidas inerentes à investigação criminal e ao exercício da polícia judiciária, destinadas a colher e a resguardar provas
de infrações penais;

f) presidir inquéritos policiais, a lavratura de autos de prisão em flagrante delito, de termos circunstanciados de ocorrência,
de interrogatórios, de oitivas e demais atos e procedimentos de natureza investigativa, penal ou administrativa;

25
g) expedir ordens de serviço, intimações e mandados b) lavrar os autos de prisão em flagrante, sob a presidência
de condução coercitiva de pessoas, na hipótese de não e direção do Delegado de Polícia, e expedir as respectivas
comparecimento sem justificativa, nos termos da legislação; comunicações pertinentes às prisões;

h) formalizar o ato de indiciamento, fundamentando a c) realizar a autuação, movimentação, remessa e


partir dos elementos de fato e de direito existentes nos autos; recebimento dos inquéritos policiais, processos e demais
procedimentos legais;
i) realizar ou determinar a busca pessoal e veicular
no caso de fundada suspeita de prática criminosa ou de d) formalizar autos e termos de apreensões, depósitos,
cumprimento de mandado judicial; restituições, fianças, acareações e reconhecimentos de
pessoas e coisas, dentre outros previstos na legislação
j) promover ações para a garantia da autonomia ética, processual penal, alusivos aos procedimentos
técnica, científica e funcional de seus subordinados, no que investigatórios, utilizando-se de técnicas de digitação,
se refere ao conteúdo dos serviços investigatórios, bem como ressalvados os atos próprios da autoridade policial;
a garantia da coesão da equipe policial e, quando necessário,
a requisição formal de esclarecimentos sobre contradição,
e) realizar a guarda, conservação e controle do fluxo
omissão ou obscuridade em laudos, relatórios de serviço e
dos livros, procedimentos, documentos, objetos, bens e
outros;
valores apreendidos relacionados a inquéritos policiais,
k) promover o bem-estar geral, a garantia das liberdades termos circunstanciados de ocorrência, processos
públicas, o aprimoramento dos métodos e procedimentos e procedimentos disciplinares que estejam sob sua
policiais, a polícia comunitária e a mediação de conflitos; responsabilidade, no âmbito do cartório de sua unidade
policial, dando-lhes a destinação ou encaminhamentos
l) manter atualizadas, nos sistemas utilizados pela legais;
PCMG, as informações pertinentes à unidade policial sob
sua responsabilidade; f ) providenciar e formalizar a juntada nos
procedimentos legais de laudos, relatórios, ofícios e outros
m) avocar, quando necessário e por ato motivado, documentos requisitados pelo Delegado de Polícia;
inquéritos policiais e demais procedimentos presididos por
Delegado de Polícia de hierarquia inferior, admitido recurso g) realizar o registro, a autuação e ações para o
no prazo de dez dias para a autoridade superior; cumprimento das portarias e cartas precatórias;

n) realizar a articulação técnico-científica entre as h) expedir certidões e atestados de comparecimento


provas testemunhais, documentais e periciais, para a maior referentes aos registros e atividades cartorárias;
eficiência, eficácia e efetividade do ato investigativo, visando
subsidiar eventual processo criminal; i) expedir e subscrever notificações, intimações,
ofícios, ordens de serviço, requisições e outros atos
o) exercer o registro de controle policial, especialmente atinentes ao desenvolvimento dos inquéritos policiais,
no que tange a estabelecimentos de hospedagem, diversões termos circunstanciados de ocorrência, processos e
públicas e comercialização de produtos controlados e procedimentos de ato infracional e disciplinares, por
receber o aviso relativo à realização de reuniões e eventos ordem escrita do Delegado de Polícia competente;
sociais e políticos em ambientes públicos, nos termos do
inciso XVI do art. 5º da Constituição da República; j) lavrar ou orientar a lavratura dos termos de abertura
e encerramento dos livros cartorários, bem como sua
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p) dirigir os serviços de trânsito e a identificação civil e escrituração;


criminal no âmbito do Estado;
k) dar vista dos autos dos procedimentos de polícia
q) determinar o cumprimento de mandados de prisão e
judiciária às partes, advogados, procuradores e autoridades
o cumprimento de alvarás de soltura expedidos pelo Poder
competentes, quando autorizado pelo Delegado de Polícia
Judiciário;
presidente dos feitos;
r) requisitar a condução de preso de unidades do sistema
prisional para Delegacia de Polícia Civil para a prática de l) certificar a autenticidade de documentos no âmbito
atos relativos à investigação criminal e ao exercício da polícia da PCMG;
judiciária.
m) receber e recolher fiança, se fora do horário de
II.2 - Ao Escrivão de Polícia cabe: expediente bancário, e emitir guia para o seu recolhimento,
prestando contas à autoridade superior;
a) registrar em termo declarações, depoimentos e
informações de autores, suspeitos, vítimas, testemunhas, n) cooperar com as investigações em curso na
adolescente infrator e demais pessoas envolvidas nos unidade policial por meio do efetivo desempenho de
procedimentos de polícia judiciária, mediante inquirição do atividades técnicas de gestão e análise técnico-científica
Delegado de Polícia competente, cooperando na formulação e do processamento eletrônico dos dados e informações
das perguntas a serem respondidas; existentes em bancos de dados e outros registros cartorários;

26
o) assessorar o Delegado de Polícia ao qual estiver h) coletar impressões papilo-digitais para que os Peritos
subordinado quanto aos prazos, técnicas e formalidades Criminais procedam ao confronto individual datiloscópico
legais dos procedimentos de polícia judiciária e demais para a identificação de pessoas e de cadáveres;
atividades jurídicas desenvolvidas no âmbito do cartório
policial; i) preparar, examinar e arquivar as fichas datiloscópicas
civis e criminais, bem como manter o arquivo de
p) coordenar, sob a direção e presidência do Delegado fragmentos e impressões papilares;
de Polícia, os atos dos procedimentos investigatórios
previstos em lei e adotar normas técnicas e jurídicas para o j) operacionalizar a captura e a pesquisa em sistema
cumprimento das formalidades processuais; automatizado de leitura, comparação e identificação de
fragmentos e impressões papilares, à exceção de locais de
q) acompanhar o Delegado de Polícia em operações crime, em que o Perito Criminal se fará presente;
policiais e outras diligências externas, quando determinado;
k) identificar indiciados em infrações penais e autores
r) atuar como secretário em sindicâncias e outros de atos infracionais, conforme estabelecido em lei;
procedimentos disciplinares;
l) formalizar relatórios circunstanciados sobre os
s) gerir e organizar a agenda de intimados do cartório
resultados das ações policiais, diligências e providências
policial;
cumpridas no curso das investigações;
t) realizar a gestão do cartório policial sob sua
responsabilidade; m) promover a mediação de conflitos no âmbito
da Delegacia de Polícia Civil e a pacificação entre os
u) proceder aos despachos ordinatórios, de modo a envolvidos em infrações penais;
tramitar e executar os despachos realizados pela autoridade
policial. n) realizar o registro formal e a conferência de
ocorrências policiais, de pedidos de providências e de
II.3 – Ao Investigador de Polícia cabe: representações de partes referentes a fatos tidos como
delituosos, bem como de documentos, substâncias,
a) cumprir e formalizar diligências policiais, mandados objetos, bens e valores neles arrecadados, realizando o
e outras determinações do Delegado de Polícia competente, manuseio, a identificação, a proteção, a guarda provisória
analisar, pesquisar, classificar e processar dados e informações e o encaminhamento ao setor ou órgão competente;
para a obtenção de vestígios e indícios probatórios
relacionados a infrações penais e administrativas; o) determinar as fundamentais, os subtipos e os
pontos característicos das impressões digitais, para fins de
b) obter elementos para a identificação antropológica de identificação humana, e proceder à pesquisa monodactilar,
pessoas, no que se refere às características sociais e culturais decadactilar e onomástica, ressalvada a atuação do Perito
que compõem a vida pregressa e o perfil do submetido à Criminal em caso de necessidade da emissão de laudo
investigação criminal; pericial para auxilar na apuração de infração penal.

c) colher as impressões digitais para fins de identificação II.4 - Ao Médico-Legista cabe:


civil e criminal, inclusive de cadáveres, para a realização do
exame datiloscópico; a) realizar exames macroscópicos, microscópicos e
de laboratório, em cadáveres e em vivos, para subsidiar a
d) desenvolver as ações necessárias para a segurança das

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determinação da causa mortis ou da natureza de lesões,
investigações, inclusive a custódia provisória de pessoas no no âmbito da investigação criminal;
curso dos procedimentos policiais, até o seu recolhimento
na unidade responsável pela guarda penitenciária; b) realizar exames e análises pertinentes à identificação
antropológica de natureza biológica, no âmbito da
e) captar e interceptar dados, comunicações e
medicina legal;
informações pertinentes aos indícios e vestígios encontrados
em bens, objetos e locais de infrações penais, inclusive
em veículos, conforme determinação do Delegado de c) diagnosticar, avaliar e constatar a situação de pessoa
Polícia, com a finalidade de estabelecer a sua identificação, submetida a efeito de substância de qualquer espécie
elaborando autos de vistoria e de constatação, descrevendo além de avaliar o seu estado psíquico e psiquiátrico, com
as suas características, circunstâncias e condições; o objetivo de subsidiar a instrução de inquérito policial,
procedimento administrativo ou processo judicial
f) realizar inspeções e operações policiais, além de adotar, criminal;
sob a coordenação e presidência do Delegado de Polícia,
medidas necessárias para a realização de exames periciais e d) cumprir requisições médico-legais no âmbito das
médico-legais; investigações criminais e do exercício da polícia judiciária,
com a emissão dos respectivos laudos para viabilização de
g) controlar, em prontuários apropriados, o registro provas periciais;
geral, os antecedentes criminais e a qualificação de pessoas
identificadas oficialmente no Estado;

27
e) sistematizar no laudo pericial, os elementos ANEXO III
objetivos de prova no âmbito da medicina legal que
subsidiem a apuração de infrações penais, administrativas (a que se refere o art. 108 da Lei Complementar nº 129, de
e disciplinares, sob a garantia da autonomia funcional, 8 de NOVEMBRO de 2013)
técnica e científica a ser assegurada pelo Delegado de Polícia;
Quantitativo de Funções Públicas e Cargos Resultantes
f) gerir, planejar, organizar, coordenar, executar, controlar de Efetivação pela Emenda à Constituição nº 49, de 13 de
e avaliar unidades periciais sob sua responsabilidade. junho de 2001

II.5 - Ao Perito Criminal cabe:

a) realizar exames e análises, no âmbito da criminalística, Órgão Carreira Quantitativo


relacionados à física, química, biologia, odontologia legal,
papiloscopia e demais áreas do conhecimento científico e Polícia Civil
Investigador de
tecnológico, observada a formação acadêmica específica do Estado 70
Polícia II
para o exercício da função, nos termos da Lei federal nº de Minas Gerais
12.030, de 17 de setembro de 2009;

b) analisar documentos, objetos e locais de crime de


qualquer natureza para colher vestígios, ou em laboratórios, EXERCÍCIO COMENTADO
para subsidiar a instrução de inquérito policial, procedimento
administrativo ou processo judicial criminal;

c) emitir laudos periciais para determinação da


1) (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Direito - FUMARC/2013)
identificação criminal por meio da datiloscopia, quiroscopia,
Relativamente aos integrantes dos órgãos da Polícia Civil
podoscopia ou outras técnicas, aplicadas em objetos com do Estado de Minas Gerais, é CORRETO afirmar que a
marcas encontrados em local de crime, com a finalidade de remoção.
instruir procedimentos e formar elementos indicativos de
autoria de infrações penais; A. não se aplica ao Delegado de Polícia.
d) cumprir requisições periciais, expedidas pelo Delegado B. não se aplica ao policial em estágio probatório.
de Polícia, pertinentes às investigações criminais e ao
exercício da polícia judiciária, no que se refere à aplicação de C. dá-se de um município para outro, entre outras hipóteses,
conhecimentos oriundos da criminalística, com a elaboração mediante permuta.
e a sistematização dos correspondentes laudos periciais para
a viabilização de provas periciais que subsidiem a apuração D. é vedada, em face da prerrogativa da inamovibilidade
de infrações penais e administrativas; constitucionalmente garantida àqueles agentes públicos.
e) examinar elementos materiais existentes em locais de Resposta: “C”. Nos termos da Lei Orgânica da Polícia Civil
crime, com prioridade de análise, orientar a abordagem física Mineira, em seu artigo 52: “Art. 52. O policial civil só poderá ser
correspondente e a interação com os demais integrantes da removido de um município para outro, com prévia publicação
equipe investigativa; de edital, observada a existência de vaga no quadro de
distribuição de pessoal da PCMG e, ainda, excepcionalmente:
f) constatar a idoneidade de local, bens e objetos I - a pedido ou por permuta; [...]”.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

submetidos a exame pericial, sob a garantia da autonomia


funcional, técnica e científica a ser assegurada pelo Delegado
de Polícia;
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
g) proceder à coleta de padrões caligráficos; CONCEITO E PRINCÍPIOS.
h) gerir, planejar, organizar, coordenar, executar, controlar
e avaliar unidades periciais sob sob sua responsabilidade. Estado: conceito, elementos e natureza

“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é


considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação
territorial dotada de um poder de mando originário; sob
o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre
um território, com potestade superior de ação, de mando e
de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica
territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil,
é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 14, I). Como
ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do
Direito Público como no do Direito Privado, mantendo sempre
sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria
da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente

28
superada. O Estado é constituído de três elementos originários Num momento posterior, quando se experimentaram os
e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Povo reflexos da revolução industrial e do pós-guerra, bem como da
é o componente humano do Estado; Território, a sua base própria reestruturação dos modelos econômicos capitalista e
física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, socialista, surgem demandas classistas na busca da retomada da
que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e intervenção do Estado na economia e nas relações trabalhistas,
auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode haver assegurando equilíbrio na exploração econômica por parte daqueles
Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder que detinham o poder econômico: surge então o Estado Social.
absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de
conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer Adiante, especialmente após a crise de 1929 e o fim da 2a
cumprir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. Guerra Mundial, surge a necessidade de coadunar tais ideais,
A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos focando não apenas no indivíduo, mas também nas demandas
denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na coletivas da sociedade: surge o Estado Democrático de Direito,
clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos uma resposta concomitante à frieza liberal quanto ao indivíduo
Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o judiciário, e ao déficit democrático do Estado Social, intensificando-se a
independentes e harmônicos entre si e com suas funções participação popular no poder.
reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organização do
Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão
política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à
forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, #FicaDica
aos direitos e garantias dos governados. Após as disposições Modelos de Estado
constitucionais que moldam a organização política do Estado Estado Liberal – não intervencionista, liberdades
soberano, surgem, através da legislação complementar negativas, direitos individuais.
e ordinária, e organização administrativa das entidades Estado Social – intervencionista, bem-estar
estatais, de suas autarquias e entidades paraestatais social, liberdades positivas, direitos sociais.
instituídas para a execução desconcentrada e descentralizada Estado Democrático de Direito – intervencionista
de serviços públicos e outras atividades de interesse coletivo, moderado, participação popular intensificada,
objeto do Direito Administrativo e das modernas técnicas de abertura e transparência da Administração.
administração”1.

#FicaDica
Com efeito, o Estado é uma organização dotada de
Conceito de Estado personalidade jurídica que é composta por povo, território
Conceito sociológico: corporação territorial que e soberania. Logo, possui homens situados em determinada
possui um poder de mando originário. localização e sobre eles e em nome deles exerce poder. É dotado
Conceito político: comunidade de homens de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão genérica para
situada num território, com poder superior de adquirir direitos e contrair deveres. Nestes moldes, o Estado tem
ação, de mando e de coerção. natureza de pessoa jurídica de direito público.
Conceito constitucional: pessoa jurídica
territorial soberana. Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
Conceito civil: pessoa jurídica de Direito Público
Interno. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

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II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;
Em termos históricos, o Estado Moderno passou por fases
que implicaram na definição de três modelos estatais. IV - as autarquias;

Inicialmente, o Estado se erige na forma de um Estado V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Absoluto, no qual o poder é exercido por um soberano de
forma ilimitada. No decorrer das Revoluções que despontaram Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas
na Europa – Gloriosa e Francesa – e na própria América – jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura
Independência Norte-americana, surgem demandas por de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
um modelo de Estado que interferisse menos na vida do funcionamento, pelas normas deste Código.
indivíduo, permitindo o exercício de liberdades individuais
e do direito de propriedade, além de outros direitos civis, Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
bem como a participação popular na tomada de decisões, na público interno. Mas há características peculiares distintivas
forma de direitos políticos: nasce o modelo do Estado Liberal. que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para si o
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. exercício das atividades de administração pública.

29
A expressão pessoa administrativa também pode ser colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pessoas
administrativas aquelas pessoas jurídicas que integram a administração pública sem dispor de autonomia política (capacidade
de auto-organização). Em contraponto, pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público interno – União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.

#FicaDica
Elementos do Estado: povo + território +
soberania
Natureza: pessoa jurídica de direito público /
pessoa administrativa
Fim: proteção do interesse coletivo

Estado, Governo e Administração: conceitos, aspectos organizacionais

Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Estado não é uma pessoa natural determinada, mas uma estrutura
organizada e administrada por pessoas que ocupam cargos, empregos e funções em seu quadro.

Logo, pode-se dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em si, mas sim como uma estrutura organizada pelos
próprios homens.

É de direito público porque administra interesses que pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios na conduta
administrativa, de modo que se sujeita a um regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito administrativo.

Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assumir funções primordiais à coletividade, no interesse desta, fez-se
necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de tais funções, buscando
atingir da melhor maneira possível o interesse público visado.

Tal papel é atribuído à Administração, que no âmbito executivo tem sua função máxima exercida pelo Governo.

A execução de funções exclusivamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direito Administrativo, ramo do Direito
Público. A função administrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração (Estado) representando os interesses de
terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.

Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Administração direitos e obrigações que não se estendem aos
particulares. Logo, a Administração encontra-se numa posição de superioridade em relação a estes.

Importante, neste ponto, frisar a diferença entre as formas de gestão quando se está diante da execução do interesse
público – situação do Estado e da Administração – e quando se está diante de interesse privado. A gestão pública sempre deve
assumir a feição de permitir ao cidadão exercer seus direitos e deveres em sociedade, enquanto que na gestão privada caberá a
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priorização de atendimento ao cliente.

Não obstante, se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária
a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual resta assegurada
no artigo 2º da Constituição Federal.

A função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo a
função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função típica de julgar. Em situações específicas, será possível que no exercício
de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário exerçam administração.

#FicaDica
Estado – Público – Zela pelo coletivo
Gestão pública deve ser diferente da gestão
privada devido ao interesse especial protegido
– a coletividade.

30
Administração pública: sentidos amplo e estrito

Conceito Sentido amplo Sentido estrito


Subjetivo, orgânico ou Órgãos governamentais e Apenas órgãos administrativos
formal administrativos
Objetivo, material ou Funções políticas e administrativas Apenas funções administrativas
funcional

Por sua vez, conceituando-se administração pública, “em sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública
pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para
a consecução dos interesses coletivos”; ao passo que “em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir Administração
Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
Estado”2. Logo, o sentido objetivo volta-se à atividade administrativa em si, ao passo que o sentido subjetivo se concentra nos
órgãos que a exercem.

Em ambos casos, a distinção do sentido amplo para o restrito está nas espécies de atividades e órgãos que são abrangidos. No
sentido amplo, inserem-se as atividades desempenhadas pelos órgãos de alto escalão no âmbito governamental, no exercício
de funções essencialmente políticas; além das atividades tipicamente administrativas desempenhadas pelos diversos órgãos
que compõem a administração executando seus fins de interesse público. No sentido estrito, excluem-se as atividades políticas,
abrangendo-se apenas atividades administrativas.

Regime Jurídico-Administrativo e Princípios da Administração Pública

Regime jurídico é uma expressão que designa o tratamento normativo que o ordenamento confere a determinado assunto.
Com efeito, o regime jurídico administrativo corresponde ao conjunto de regras e princípios que estruturam o Direito
Administrativo, atribuindo-lhe autonomia enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica. No mais, coloca-se o Estado
numa posição verticalizada em relação ao administrado.

Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de princípios e regras que compõem o Direito Administrativo, conferindo
prerrogativas e fixando restrições à Administração Pública peculiares, não presentes no direito privado, bem como a colocando
em uma posição de supremacia quanto aos administrados.

Os objetivos do regime jurídico-administrativo são o de proteção dos direitos individuais frente ao Estado e de satisfação
de interesses coletivos.

Os princípios e regras que o compõem se encontram espalhados pela Constituição e por legislações infraconstitucionais. A
base do regime jurídico administrativo está nos princípios que regem a Administração Pública.

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#FicaDica
Regime jurídico administrativo = regras +
princípios = normas que compõem o Direito
Administrativo

2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

31
Princípios constitucionais expressos c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie
Art. 37, Constituição Federal. A administração pública de moralidade administrativa, intimamente relacionada ao
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos poder público. A administração pública não atua como um
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá particular, de modo que enquanto o descumprimento dos
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, preceitos morais por parte deste particular não é punido
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] pelo Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota
tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte
São princípios da administração pública, nesta ordem: dos representantes do Estado. O princípio da moralidade
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e deve se fazer presente não só para com os administrados,
eficiência. mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente
ligado à noção de bom administrador, que não somente deve
ser conhecedor da lei, mas também dos princípios éticos
regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL
#FicaDica SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL,
daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.
Para memorizar: veja que as iniciais das
palavras formam o vocábulo LIMPE, que remete
d) Princípio da publicidade: A administração pública
à limpeza esperada da Administração Pública.
é obrigada a manter transparência em relação a todos
Legalidade
seus atos e a todas informações armazenadas nos seus
Impessoalidade
bancos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa
Moralidade
e a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Publicidade
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Eficiência
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar
indevidamente a fornecer informações ao administrado
caracteriza ato de improbidade administrativa.
É de fundamental importância um olhar atento ao No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
significado de cada um destes princípios, posto que eles princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de político-eleitoral:
Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como
base os ensinamentos de Carvalho Filho3 e Spitzcovsky4: Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
Contudo, como a administração pública representa os caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
públicos.
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei
expressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio instrumentos para proteção são o direito de petição e
Estado deve respeitar as leis que dita. as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e -
residualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
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b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses prevê o artigo 37, CF em seu §3º:
que representa, a administração pública está proibida de
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou participação do usuário na administração pública direta e
prejudicando. Segundo este princípio, a administração indireta, regulando especialmente:
pública deve tratar igualmente todos aqueles que se I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
encontrem na mesma situação jurídica (princípio da públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
impessoalidade no que tange à contratação de serviços. O interna, da qualidade dos serviços;
princípio da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da II - o acesso dos usuários a registros administrativos e
finalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração a informações sobre atos de governo, observado o disposto
pública é somente o interesse público. Com efeito, o interesse no art. 5º, X e XXXIII;
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, III - a disciplina da representação contra o exercício
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
coletivo. administração pública.
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle
2010. de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o
4 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. concurso público seleciona os mais qualificados ao exercício
ed. São Paulo: Método, 2011.

32
do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
possível exonerar um servidor público por ineficiência) mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos.
e ao controlar gastos (limitando o teto de remuneração), Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no
por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por direito anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade
produtividade e economicidade. Alcança os serviços se origina do direito germânico (muito mais metódico,
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo objetivo e organizado), muito embora uma tenha buscado
diretamente à conduta dos agentes. inspiração na outra certas vezes. Por conta de sua origem,
a proporcionalidade tem parâmetros mais claros nos quais
pode ser trabalhada, enquanto a razoabilidade permite
um processo interpretativo mais livre. Evidencia-se o
Princípios administrativos implícitos maior sentido jurídico e o evidente caráter delimitado da
proporcionalidade pela adoção em doutrina de sua divisão
Além destes cinco princípios administrativo- clássica em 3 sentidos:
constitucionais diretamente selecionados pelo constituinte,
podem ser apontados outros princípios que regem a - adequação, pertinência ou idoneidade: significa
função pública, esparsos na legislação infraconstitucional e que o meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo
implícitos na norma constitucional: pretendido;

a) Princípio da legitimidade: todo ato administrativo - necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida


praticado pela Administração Pública é presumido legítimo. restritiva de um direito humano ou fundamental somente é
Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende que, “há cinco legítima se indispensável na situação em concreto e se não
fundamentos para justificar a presunção de legitimidade: for possível outra solução menos gravosa;
a) o procedimento e as formalidades que antecedem sua
edição, constituindo garantia de observância da lei; b) o fato - proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido
de expressar a soberania do poder estatal, de modo que a de máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado
autoridade que expede o ato; c) a necessidade de assegurar com relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito
celeridade no cumprimento das decisões administrativas; humano ou fundamental, notadamente verificando se há
d) os mecanismos de controle sobre a legalidade do ato; uma proporção adequada entre os meios utilizados e os fins
e) a sujeição da Administração ao princípio da legalidade, desejados.
presumindo-se que seus atos foram praticados em
conformidade com a lei”. d) Princípio da economicidade: Deve ser buscado
sempre o menor custo para atingir ao fim pretendido pela
Administração. Afinal, o dinheiro que é gasto pelo governo
b) Princípio da participação: Quem deve participar é
pertence ao povo, que contribui por meio de impostos, e
quem vive na sociedade, é o cidadão, aquele que pode ter
deve ser adequadamente gerido para ampliar o bem-estar
direitos. Participar é ao mesmo tempo um direito e um dever.
social.
O cidadão deve participar, esta é uma obrigação de todo
aquele que vive em sociedade. E o cidadão deve ter espaço e) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
para participar. Com a ampliação do conceito de soberania administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
e cidadania e, consequentemente, da responsabilidade ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
do cidadão, se torna ainda mais evidente esta necessidade princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
de participar. A democracia brasileira adota a modalidade motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
semidireta, porque possibilita a participação popular fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
direta no poder por intermédio de processos como o que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (art. 14, CF). meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da

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No entanto, reconhece-se que as hipóteses de participação Administração.
constitucionalmente expressas não esgotam o rol de
possibilidades de exercício da participação pelo povo. Por Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável
exemplo, o próprio exercício de liberdade de manifestação ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente
se encaixa como participação, tal como a participação em levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
audiências públicas, etc. administrativos devem ser motivados para que o Judiciário
possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua
c) Princípios da razoabilidade e proporcionalidade: legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados
Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos os motivos dos atos administrativos.
de caráter instrumental na solução de conflitos que se
estabeleçam entre direitos, notadamente quando não Em relação à necessidade de motivação dos atos
há legislação infraconstitucional específica abordando a administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
temática objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder único comportamento possível) e dos atos discricionários
público toma determinada decisão administrativa deve se (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
utilizar destes vetores para determinar se o ato é correto um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com
ou não, se está atingindo indevidamente uma esfera de um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é
direitos ou se é regular. Tanto a razoabilidade quanto uníssona na determinação da obrigatoriedade de motivação
a proporcionalidade servem para evitar interpretações com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
esdrúxulas manifestamente contrárias às finalidades do diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos
texto declaratório. discricionários.

33
Meirelles5 entende que o ato discricionário, editado sob À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anulação
os limites da Lei, confere ao administrador uma margem dos atos ilegais como a revogação de atos válidos e eficazes,
de liberdade para fazer um juízo de conveniência e quando considerados inconvenientes ou inoportunos aos
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No entanto, fins buscados pela Administração. Essa forma de controle
se houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se endógeno da Administração denomina-se princípio da
a esta, em razão da necessidade de observância da Teoria autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a anulação de
dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário atos reputados ilegais. O embasamento de tais condutas é
da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário, pautado nas Súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal.
é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho
adotado pelo administrador. Gasparini6, com respaldo no art. Súmula 346. A administração pública pode declarar a
50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais nulidade dos seus próprios atos.
discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação
para todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes, Súmula 473. A administração pode anular seus próprios
tanto os atos discricionários quanto os vinculados. atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
f) Princípio da probidade: um princípio constitucional de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
dever de todo o administrador público, o dever de honestidade judicial.
e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho
de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a Os atos administrativos podem ser extintos por
moralidade. Diógenes Gasparini7 alerta que alguns autores revogação ou anulação. A Administração tem o poder de
tratam veem como distintos os princípios da moralidade rever seus próprios atos, não apenas pela via da anulação,
e da probidade administrativa, mas não há características mas também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar
que permitam tratar os mesmos como procedimentos atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação se
distintos, sendo no máximo possível afirmar que a probidade aplica nas situações de conveniência e oportunidade, quanto
administrativa é um aspecto particular da moralidade que a anulação serve para as situações de vício de legalidade.
administrativa.
i) Princípio da Segurança Jurídica: segurança jurídica é
g) Princípio da continuidade dos serviços públicos: O Estado
a garantia social de que as leis serão respeitadas e cobrirão
assumiu a prestação de determinados serviços, por considerar
o mais vasto possível rol relações socialmente relevantes.
que estes são fundamentais à coletividade. Apesar de os
Em termos objetivos, versa sobre a irretroatividade de nova
prestar de forma descentralizada ou mesmo delegada, deve a
interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. Em
Administração, até por uma questão de coerência, oferecê-los de
forma contínua e ininterrupta. Pelo princípio da continuidade termos subjetivos, versa sobre a confiança da sociedade nos
dos serviços públicos, o Estado é obrigado a não interromper a atos, procedimentos e condutas proferidas pelo Estado.
prestação dos serviços que disponibiliza. A respeito, tem-se o
artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor: j) Princípio da finalidade: O princípio da finalidade
imprime à autoridade administrativa o dever de praticar
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, o ato administrativo com vistas à realização da finalidade
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra perseguida pela lei. A finalidade sempre envolverá a
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços preservação do interesse público.
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos. k) Princípio da supremacia do interesse público sobre
o privado: Na maioria das vezes, a Administração, para
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total buscar de maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de
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ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as se colocar em um patamar de superioridade em relação aos
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos particulares, numa relação de verticalidade, e para isto se
causados, na forma prevista neste código. utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao princípio
da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é
h) Princípios da Tutela e da Autotutela da Administração irrenunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do
Pública: a Administração possui a faculdade de rever os seus Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
atos, de forma a possibilitar a adequação destes à realidade
fática em que atua, e declarar nulos os efeitos dos atos eivados Sempre que houver conflito entre um interesse individual
de vícios quanto à legalidade. O sistema de controle dos atos da e um interesse público coletivo, deve prevalecer o interesse
Administração adotado no Brasil é o jurisdicional. Esse sistema público. São as prerrogativas conferidas à Administração
possibilita, de forma inexorável, ao Judiciário, a revisão das Pública, porque esta atua por conta de tal interesse. Com
decisões tomadas no âmbito da Administração, no tocante à efeito, o exame do princípio é predominantemente feito
sua legalidade. É, portanto, denominado controle finalístico, no caso concreto, analisando a situação de conflito entre
ou de legalidade. o particular e o interesse público e mensurando qual deve
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo prevalecer.
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
l) Princípio da indisponibilidade do interesse público:
6 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª A Administração não possui livre disposição dos bens e
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. interesses públicos, uma vez que atua em nome de terceiros,
7 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª a coletividade. O interesse público é indisponível, o que
ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

34
implica em afirmar que todo o patrimônio público deve ser C. que o agente pode agir conforme sua vontade.
preservado e gerido de maneira adequada. Por isso, confere-
se ao agente administrador da coisa pública o dever de prestar D. subordinação completa do agente público à lei, sendo
contas sobre o patrimônio por ele controlado, evitando que a legítima sua atividade somente se esta estiver condizente
coisa se perca ou se deteriore de maneira indevida. com o disposto na lei.

Resposta: “D”. O princípio da legalidade, no âmbito da


Administração Pública e quanto aos agentes públicos, implica
EXERCÍCIO COMENTADO em estrita obediência à lei, de modo que o agente apenas pode
fazer aquilo que a lei expressamente permite.

A. Descreve-se aqui o princípio da eficiência.


1) (COPASA - Analista de Saneamento - Advogado -
FUMARC/2018) Sobre os princípios da Administração B. Descreve-se aqui o princípio da moralidade.
Pública, é INCORRETO afirmar que
C. O agente público não pode agir por sua própria vontade,
A. a aplicação do devido processo legal às atividades de pois está subordinado ao interesse público, mesmo nos
gestão torna não recepcionadas pela Constituição vigente atos discricionários.
normas que autorizem aplicação de penalidade sem
prévia oportunidade de defesa.

B. a aplicação do princípio da autotutela para reconhecer a 3) (BDMG - Analista de Desenvolvimento - FUMARC/2011)


nulidade de ato ilícito encontra limite na prescrição da Assinale a afirmativa INCORRETA, considerando os
pretensão da Administração Pública. princípios que regem a Administração Pública:

C. o princípio da eficiência fundamenta na práxis A. O princípio da legalidade determina que a Administração


administrativa a prática de ato em inobservância dos Pública só poderá fazer o que a lei permite, distinguindo,
elementos vinculados. por isso, do princípio da autonomia da vontade.

D. o princípio da impessoalidade torna inconstitucional B. O princípio da impessoalidade deve ser aplicado para os
norma legal que relativize a exigência de concurso público administrados e à própria Administração.
como meio de acesso a cargo ou função pública.
C. Através do princípio da autotutela, a Administração exerce
Resposta: “C”. A busca pela eficiência não autoriza o controle sobre os atos de outra pessoa jurídica por ela
desrespeito a outros princípios administrativos, inclusive o mesma instituída.
da legalidade. Os elementos vinculados do ato administrativo
devem ser respeitados, mesmo que supostamente atentem D. O princípio da eficiência versa sobre o modo de atuação
contra a eficiência. do agente público bem como o modo de organização da
Administração Pública.
A. Certo, a oportunidade de defesa previamente à aplicação
de penalidade é essencial ao devido processo legal. Resposta: “C”. Nos termos da súmula 473, STF, “a administração
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
B. Certo, a Administração Pública não pode exercer a os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
autotutela para alterar atos administrativos que já revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,

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prescreveram seus efeitos. respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial”. Assim, é o poder da Administração
D. Certo, o concurso público é forma de assegurar a de anular atos de seus próprios órgãos, apenas, mas não os atos
impessoalidade na contratação dos servidores públicos. de pessoas jurídicas que ela instituiu.

A. Descreve de forma correta a legalidade estrita.

2) (COPASA - Agente de Saneamento - FUMARC/2017) O B. O princípio da impessoalidade rege tanto os administrados


princípio da legalidade aplicado ao agente público, no quanto a administração.
âmbito da Política Anti-corrupção, significa
D. O princípio da eficiência pode ser observado no viés modal,
A. imposição ao agente público do dever de exercer suas vista a forma de atuação do agente e do órgão público.
atividades com foco na obtenção do melhor resultado, com
a utilização racional dos meios e dos recursos públicos.

B. imposição ao agente público dos deveres de observar os


preceitos éticos em suas condutas, de averiguar os critérios
de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações e,
ainda, de distinguir o que é honesto do que é desonesto.

35
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E privativas da Administração pública direta no âmbito mais
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder
INDIRETA. Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja
porque se optou por não delegar.

Centralização, descentralização, concentração e Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da


desconcentração República:

Em linhas gerais, descentralização significa transferir I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;


a execução de um serviço público para terceiros que não II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
se confundem com a Administração direta; centralização superior da administração federal;
significa situar na Administração direta atividades que, em III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela; previstos nesta Constituição;
desconcentração significa transferir a execução de um IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
serviço público de um órgão para o outro dentro da própria como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Administração; concentração significa manter a execução V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra VI - dispor, mediante decreto, sobre:
autoridade da Administração direta. a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
Passemos a esmiuçar estes conceitos: extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são de seus representantes diplomáticos;
sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na CF: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da República IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos X - decretar e executar a intervenção federal;
VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa,
União, que observarão os limites traçados nas respectivas
expondo a situação do País e solicitando as providências que
delegações.
julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
Neste sentido:
necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
a) organização e funcionamento da administração Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los
federal, quando não implicar aumento de despesa nem para os cargos que lhes são privativos;
criação ou extinção de órgãos públicos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral
da República, o presidente e os diretores do banco central e
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Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, com outros servidores, quando determinado em lei;
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros
do Tribunal de Contas da União;
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públicos XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável, Constituição, e o Advogado-Geral da União;
não a extinção) XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII;
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
opções de delegar parte de suas atribuições privativas para Conselho de Defesa Nacional;
os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República ou XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar com autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
relação de hierarquia cada uma destas essencialidades dentro ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas,
da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, desconcentrar e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
significa delegar com hierarquia, pois há uma relação de mobilização nacional;
subordinação dentro de uma estrutura centralizada, isto é, XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República Congresso Nacional;
e o Advogado-Geral da União respondem diretamente ao XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Presidente da República e, por isso, não possuem plena
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
discricionariedade na prática dos atos administrativos que
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
lhe foram delegados.
nele permaneçam temporariamente;

36
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual,
o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de #FicaDica
orçamento previstos nesta Constituição; Todos envolvem transferência na execução de
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro serviços:
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas Descentralização – da Administração para
referentes ao exercício anterior; terceiros;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na Centralização – de terceiros para a
forma da lei; Administração;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos Desconcentração – de um órgão central para
termos do art. 62; outro na Administração;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Concentração – de um órgão na Administração
Constituição. para o órgão central.
Descentralização e centralização são
movimentos externos, desconcentração e
Descentralizar envolve a delegação de interesses estatais concentração são movimentos internos.
para fora da estrutura da Administração direta, o que é
possível porque não se refere a essencialidades, ou seja, a
atos administrativos que somente possam ser praticados
pela Administração direta porque se referem a interesses
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é uma
Administração Direta
delegação sem relação de hierarquia, pois é uma delegação
de um ente para outro (não há subordinação nem mesmo
quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma espécie de Administração Pública direta é aquela formada pelos
tutela ou supervisão por parte dos Ministérios – se trata de entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. Os
vínculo e não de subordinação). entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. À exceção da União, que é dotada de soberania,
Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas todos os demais são dotados de autonomia.
jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para prestarem
serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio próprio Dispõe o Decreto nº 200/1967:
e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda, exercem
em nome próprio direitos e obrigações, respondendo Art. 4° A Administração Federal compreende:
pessoalmente por seus atos e danos. I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços
integrados na estrutura administrativa da Presidência da
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar a República e dos Ministérios.
descentralização administrativa: outorga e delegação.
A administração direta é formada por um conjunto de
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade e a núcleos de competências administrativas, os quais já foram
ela transfere, através de previsão em lei, determinado serviço tidos como representantes do poder central (teoria da
público e é conferida, em regra, por prazo indeterminado. representação) e como mandatários do poder central (teoria
Isso é o que acontece quanto às entidades da Administração do mandato).
Indireta prestadoras de serviços públicos. Neste sentido, o
Estado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando- Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, segundo
os a outras entidades criadas para prestá-los, as quais podem a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos administrativos
criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser

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tomar a forma de autarquias, empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações públicas. organizados por decretos autônomos do Executivo (art. 84, VI,
CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria.
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
para que o ente delegado o preste ao público em seu próprio patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. A próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser autor
delegação é geralmente efetivada por prazo determinado. nem réu em ações judiciais, exceto para fins de mandado de
Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão ou segurança – tanto como impetrante como quanto impetrado).
nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere aos
concessionários e aos permissionários apenas a execução Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
temporária de determinado serviço. cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. Logo,
órgãos são impessoais quando agem no estrito cumprimento
Centralizar envolve manter na estrutura da Administração de seus deveres, não respondendo diretamente por seus atos e
direta o desempenho de funções administrativas de danos – o órgão central, com personalidade, que responderá.
interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser
atribuídos a entes de fora da Administração por outorga ou Esta impossibilidade de se imputar diretamente a
delegação. responsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
exercendo atribuições da Administração direta é denominada
teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que institui o
princípio da impessoalidade.

37
Órgãos Públicos: teorias Órgãos Públicos: classificações

“Várias teorias surgiram para explicar as relações do Estado, Quanto se faz desconcentração da autoridade central –
pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do mandato, o chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
agente público é mandatário da pessoa jurídica; a teoria foi diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
criticada por não explicar como o Estado, que não tem vontade simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
própria, pode outorgar o mandato”8. A origem desta teoria está no estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
direito privado, não tendo como prosperar porque o Estado não de estruturas administrativas) e em unitários ou colegiados
pode outorgar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria. (unitário se o poder de decisão se concentra em uma
pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da e prevalece a vontade da maioria):
representação: “Posteriormente houve a substituição dessa
concepção pela teoria da representação, pela qual a vontade dos a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou
agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Estado, como estrutura do Estado, gozando de independência para
ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas que apontam
agir e não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles
para representantes dos incapazes. Ocorre que essa teoria, além
definir as políticas que serão implementadas. É o caso da
de equiparar o Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que
o Estado é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não Presidência da República, órgão complexo composto pelo
foi suficiente para alicerçar um regime de responsabilização da gabinete, pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho
pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias da República, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o
em que o agente ultrapassasse os poderes da representação”9. Presidente da República é o único que toma as decisões).
Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sendo visto como
um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
plenas de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem como poder, com autonomia funcional, porém subordinados
porque se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o politicamente aos independentes. É o caso de todos os
Estado não poderia ser responsabilizado. ministérios de Estado.

Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia ou
segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos
criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada
organizados por decretos autônomos do Executivo (art. 84, VI, ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da
CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria. Com Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
efeito, o Estado brasileiro responde pelos atos que seus agentes
praticam, mesmo se estes atos extrapolam das atribuições d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do do MTE.
órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão central
da Administração, por ser o único dotado de personalidade ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
jurídica, responderá por danos praticados em seus órgãos e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
despersonalizados e por seus agentes. Não significa que os sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
agentes ficarão impunes, mas caberá à Administração buscar para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos
contra ele o direito de regresso, retomando o que foi obrigada a
não pertencem nem mesmo aos três poderes.
indenizar. Ex.: se uma pessoa é vítima de dano numa delegacia
estadual por parte de um delegado da polícia civil, ajuizará
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Conforme Carvalho Filho10, “a noção de Estado, como


demanda indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a
qual poderá exercer direito de regresso contra o agente público, visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Estado,
delegado causador do dano. Repare que a Administração não se na verdade, é considerado um ente personalizado, seja no
exime de indenizar mesmo que seu agente seja culpado. âmbito internacional, seja internamente. Quando se trata
de Federação, vigora o pluripersonalismo, porque além
da pessoa jurídica central existem outras internas que
compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica,
#FicaDica o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes,
Teoria do mandato e teoria da representação: ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros.
ultrapassadas. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, compõe o Estado
Teoria do órgão: adotada. um grande número de repartições internas, necessárias à
A teoria da imputação objetiva deriva da teoria sua organização, tão grande é a extensão que alcança e
do órgão. Ambas são de autoria de Otto Giërke. tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que
constituem os órgãos públicos”.
8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Adminis-
trativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.
9 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo
– esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos, 10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
conteúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São Paulo: direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
Atlas editora, 2013. 2010.

38
Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos: Essas quatro pessoas integrantes da Administração
indireta serão criadas para a prestação de serviços públicos
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas,
distritais e municipais. como no caso das empresas públicas e sociedades de
economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são grau de especialidade e eficiência da prestação do serviço
aqueles que detêm condição de comando e de direção, e público ou, quando exploradoras de atividades econômicas,
os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de visando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
execução. da segurança nacional.

c) Quanto à composição: singulares, quando integrados Com efeito, de acordo com as regras constantes do artigo
em um só agente, e os coletivos, quando compostos por 173 da Constituição Federal, o Poder Público só poderá
vários agentes. explorar atividade econômica a título de exceção, em duas
situações, conforme se colhe do caput do referido artigo, a
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem seguir reproduzido:
atribuições em todo o território nacional, estadual, distrital
e municipal, e os locais, que atuam em parte do território. Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica
e) Quanto à posição estatal: são os que representam os pelo Estado só será permitida quando necessária aos
poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compostos.
Os órgãos compostos são constituídos por vários outros Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
órgãos. constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado,
ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta
deferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades
econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto
Administração Indireta Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em
grau de igualdade com os particulares, e sob o regime
A Administração Pública indireta pode ser definida do artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre
concorrência, submetendo-se ainda a todas as obrigações
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou
constantes do regime jurídico de direito privado, inclusive
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
no tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
atuam paralelamente à Administração direta na prestação de
tributárias.
serviços públicos ou na exploração de atividades econômicas.

“Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos


internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de
pessoas jurídicas, também denominadas de entidades”11. #FicaDica
Em que pese haver entendimento diverso registrado em Administração indireta: autarquias (inclui
nossa doutrina, integram a Administração indireta do Estado agências reguladoras e agências executivas),
quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, as fundações públicas, empresas públicas e
Fundações, as Sociedades de Economia Mista e as Empresas sociedades de economia mista.
Públicas. Não compõem a Administração indireta:
concessionárias e permissionárias, além de

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Dispõe o Decreto nº 200/1967: entidades paraestatais (terceiro setor).

Art. 4° A Administração Federal compreende:


II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica Autarquias
própria:
a) Autarquias; Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
b) Empresas Públicas; I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
c) Sociedades de Economia Mista. personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
d) fundações públicas. executar atividades típicas da Administração Pública,
que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada.
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
prestam serviços públicos por delegação, embora não As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os natureza administrativa, criadas para a execução de serviços
permissionários, os concessionários e os autorizados. tipicamente públicos, antes prestados pelas entidades
estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, comum monopólio do Estado.
2010.

39
“O termo autarquia significa autogoverno ou governo Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a
próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semântica todas unidades da federação.
para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa com
relativa capacidade de gestão dos interesses a seu cargo, A elas se conferem as mesmas prerrogativas processuais
embora sob controle do Estado, de onde se originou. Na que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para
verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo está contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa
ultrapassado e não mais reflete uma noção exata do instituto. em situações de condenação acima de certos valores.
[...] Pode-se conceituar autarquia como a pessoa jurídica de
direito público, integrante da Administração Indireta, criada Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e
por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter extintas por lei, que podem ser complementadas por atos do
econômico, sejam próprias e típicas do Estado”12. Executivo, notadamente Decretos.

Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou
ser prestadoras de serviços públicos, contando com capital intermunicipais (não é permitida a associação de unidades
oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu federativas para a criação de autarquias).
artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito
público, embora exista controvérsia na doutrina. Devem executar atividades típicas do direito público
e, notadamente, serviços públicos de natureza social e
Carvalho Filho13 classifica quanto ao regime jurídico: atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) atividades de cunho econômico e mercantil.
autarquias especiais (ou de regime especial). Segundo a
própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras O patrimônio da autarquia é formado por bens públicos,
estariam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas regras
especificidade, ao passo que as últimas seriam regidas por aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no que se
disciplina específica, cuja característica seria a de atribuir refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de oneração
prerrogativas especiais e diferenciadas a certas autarquias”. e de usucapião.
São exemplos de autarquias especiais aquelas criadas para
serviços especiais, como autarquias de ensino (ex.: USP) e Os agentes públicos das autarquias são concursados
autarquias de fiscalização (ex.: CRM e CREA). e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e são
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: nomeados e destituídos livremente pelo chefe do Executivo.
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento Agências reguladoras
nacional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio São figuras muito recentes em nosso ordenamento
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
Banco Central do Brasil (Bacen). especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com
capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as
Ainda sobra as autarquias: regras das autarquias.

Contam com patrimônio próprio, constituído a partir O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
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de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se
portanto, capital exclusivamente público. baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado, o
dirigente passa a gozar de mandato com prazo determinado
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, e só pode ser destituído por processo com decisão motivada.
planejando seus gastos e compromissos a cada exercício.
A proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de
chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da lei serviços públicos. Elas não executam o serviço propriamente,
orçamentária anual. A própria autarquia presta contas elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica função de
diretamente ao Tribunal de Contas. controle da prestação dos serviços públicos e do exercício
de atividades econômicas, evitando a prática de abusos por
Podem pagar aos seus credores por meio de precatórios parte de entidades do setor privado.
e requisição de pequeno valor, tal como a Administração
direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa de São titulares da matéria técnica que regulam, de modo
seus devedores. que somente elas podem disciplinar as regras e padrões
técnicos desta determinada seara.
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar
2010. o cumprimento de contratos de concessões e o atingimento
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendimento a
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, consumidores e usuários (inclusive recebendo e processando
2010.

40
denúncias e reclamações, aplicando penas administrativas e dotadas de personalidade de direito público, serão regidas
multas, bem como rescindindo contratos), definir política integralmente por regras de direito público. Quando forem
tarifária e reajustá-la. dotadas de personalidade de direito privado, serão regidas por
regras de direito público e direito privado.
Entre as agências reguladoras inseridas no ordenamento
brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional de Energia Quando as fundações são criadas pelo Estado são conhecidas
Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANATEL – Agência como fundações públicas, ou autarquias fundacionais ou
Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº 9.472/1997; e a fundações autárquicas. O estatuto da fundação, no caso, terá a
ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela Lei nº 9.478/1997. forma de lei, cujo escopo será criar e organizar a fundação. As
fundações públicas são regulamentadas por lei complementar.
Sendo fundações públicas que adotam regime jurídico de
direito público, se equiparam às autarquias e se sujeitam às
Agências executivas mesmas regras que elas.

Agência executiva é a qualificação conferida a autarquia, Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fundação
fundação pública ou órgão da administração direta que pública que adote regime jurídico de direito privado, ou então
celebra contrato de gestão com o próprio ente político com o um regime misto, caso em que seus servidores poderão se
qual está vinculado. As agências executivas se distinguem das sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclusivamente oriundo
agências reguladoras por não terem como objetivo principal de verbas estatais. A lei autorizadora deve ser expressa neste
o de exercer controle sobre particulares que prestam sentido.
serviços públicos, que é o objetivo fundamental das agências
reguladoras. Assim, a expressão “agências executivas”
corresponde a um título ou qualificação atribuída à autarquia
Empresas públicas
ou a fundações públicas cujo objetivo seja exercer atividade
estatal.
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
#FicaDica exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
As agências reguladoras sempre serão econômica que o Governo seja levado a exercer por força de
autarquias, embora sujeitas a regime especial. contingência ou de conveniência administrativa podendo
As agências executivas podem ser autarquia, revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
fundação pública ou órgão da administração
direta que firme contrato de gestão. Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
a exploração de atividades econômicas, que contam com
capital exclusivamente público, e são constituídas por qualquer
modalidade empresarial, após autorização legislativa do ente
Fundações públicas federativo criador.

Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços
públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda que
constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Privado. Se
a empresa pública é exploradora de atividade econômica, estará

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IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade submetida a regime jurídico denominado pela doutrina como
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude semipúblico, ante a necessidade de observância, ao menos em
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades suas relações com os administrados, das regras atinentes ao
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito regime da Administração, a exemplo dos princípios expressos
público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio no “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento
custeado por recursos da União e de outras fontes. Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (EMURB);
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um
a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor Econômica Federal (CEF).
para atingir uma finalidade específica, denominadas,
em latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, Estas empresas públicas se caracterizam e se diferenciam
destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de das sociedades de economia mista por: não possuírem fins
assistência. lucrativos (o capital excedente não se transforma em lucro,
é reinvestido na própria empresa), podem adotar perfis
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive empresariais diversos (LTDA, comandita, nome coletivo,
para aquelas que não integram a Administração indireta S/A), o capital social é formado por recursos públicos e
(não-governamentais). No caso das fundações que integram só admite sócios públicos (pode ter apenas um sócio –
a Administração indireta (governamentais), quando forem unipessoalidade originária ou inicial).

41
Sociedades de economia mista

Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria
à União ou a entidade da Administração Indireta.

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços públicos ou
para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de S/A.

Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado que participa dela, existem acionistas a ela vinculados. Entretanto,
o Estado deve ser o acionista controlador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário (se o Estado for sócio,
mas não for controlador, trata-se de empresa comum, não sociedade de economia mista).

Alguns exemplos de sociedade mista:

- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Banespa.

- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano).

Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins lucrativos
(os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social é formado por
recursos públicos e privados, os sócios são privados e públicos (Estado).

Empresas públicas e sociedades de economia mista: semelhanças

Embora a Constituição Federal reserve a atividade econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis de
integração (integrar o Brasil na economia global), regulação (definindo regras e limites na exploração da atividade econômica
por particulares) e intervenção (fixação de regras e normas para combater o abuso do poder econômico) (conforme artigos
173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore diretamente atividades econômicas se houver um
relevante interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania.

Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por meio de sociedades de economia mista e empresas públicas. Tais
empresas são regidas por regime jurídico de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar do poder econômico.
Logo, o Estado não pode dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tributários e trabalhistas. Além disso, em
termos processuais, não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam.
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ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente se aplica quando o Estado está explorando atividade econômica
propriamente dita, não quando está ofertando serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado pode sobre ele
exercer monopólio, o que afasta a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder econômico. Por exemplo, os Correios
são uma empresa pública e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.

Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser
fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens são, a
princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não exploradora de atividade econômica). No entanto, não
se sujeitam à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).

Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da atividade-fim),
concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados mediante concurso
público de provas ou provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de remuneração (exceto no caso
de sociedade de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, apenas com seus lucros).

42
#FicaDica
Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
Não possuem fins lucrativos Possuem fins lucrativos
Adotam perfis empresariais diversos (inclusive
Adotam o perfil de sociedade anônima S/A
pode ser S/A)
Capital social de recursos públicos Capital social de recursos públicos e privados
Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados

Entidades paraestatais e terceiro setor

Desde a última década do século passado vêm sendo promovidas no Brasil reformas constitucionais e legais para implantar
um modelo de administração gerencial, que se concentra num Estado mínimo, isto é, que interfira o mínimo possível na
sociedade, em consonância com o defendido pela doutrina neoliberalista. Entre as providências tomadas, colocam-se: reforço
à autonomia das agências reguladoras, privatizações, parcerias público-privadas, incentivo à iniciativa privada14 – inclusive às
denominadas entidades paraestatais.

Alexandrino e Paulo15 afirmam: “no conceito de entidades paraestatais que adotamos estão enquadrados: a) os serviços
sociais autônomos; b) as organizações sociais; c) as organizações da sociedade civil de interesse coletivo (OSCIP); d) as
‘entidades de apoio’”. Para os autores, com as reformas, ocorreu uma ampliação do conceito clássico de Meirelles, para o qual
apenas eram entidades paraestatais as pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta (empresas públicas e
sociedades de economia mista) e os serviços sociais autônomos (SESC, SENAI, SESI, etc.).

Em detalhes sobre a controvérsia, entidades paraestatais “são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado e em colaboração
com o Estado. [...] Há juristas que entendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo personalidade jurídica de direito
privado (não incluídas, pois, as autarquias), recebem amparo oficial do Poder Público, como as empresas públicas, as sociedades
de economia mista, as fundações públicas e as entidades de cooperação governamental (ou serviços sociais autônomos), como
o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais seriam as autarquias. Alguns,
a seu turno, só enquadram nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se preordena a fins lucrativos, estando excluídas,
assim, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Para outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de direito
privado integrantes da Administração Indireta, excluindo-se, por conseguinte, as autarquias, as fundações de direito público e
os serviços sociais autônomos. Por fim, já se considerou que na categoria se incluem além dos serviços sociais autônomos até
mesmo as escolas oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, excluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se
encontrado, com frequência, o emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas enquadradas as sociedades de economia
mista e as empresas públicas. Há também autores que adotam o referido sentido”16. Para Carvalho Filho, “deveria abranger toda
pessoa jurídica que tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de forma a receber desta os mecanismos estatais de
controle. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraestatais as pessoas da administração indireta e os serviços sociais
autônomos”17.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Com efeito, o conceito de Alexandrino e Paulo é mais amplo, abrangendo como entidades paraestatais também as OSCIPs e
entidades de apoio. A doutrina mais clássica, de Meirelles e Carvalho Filho, coloca as organizações civis e as entidades de apoio
como pertencentes ao terceiro setor, sendo que as entidades paraestatais juntamente o compõem. Basicamente, o terceiro
setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e organizações não governamentais – ONG, que tem como objetivo
gerar serviços de caráter público:

a) Serviços sociais autônomos: Serviços sociais autônomos são as típicas entidades paraestatais, assim como SESI, SENAI,
entre outras, conforme conceito do tópico anterior.

b) Entidades de apoio: Entidades de apoio são pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos e compostas por
servidores públicos que atuam em nome próprio, adotando a forma de fundação, associação ou cooperativa, prestando serviços
sociais que não são exclusivos do Estado e firmando com este convênio. Ex.: fundações de amparo à pesquisa.

c) Organizações sociais: Organizações sociais (OS) são reguladas pela Lei nº 9.637/1998, são entidades privadas que se
associam ao Estado, exercendo atividades privadas, em seu próprio nome, com incentivos do Poder Público. Para atuarem,
é imprescindível que firmem contrato de gestão com o Estado. Para uma entidade privada assumir a posição de organização
14 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
15 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

43
social deve receber autorização do ministro atuante na VII - termo de colaboração: instrumento por meio do
específica área de atuação da entidade (ex.: se pretende qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
ser uma organização social que atue na saúde, o ministro administração pública com organizações da sociedade
da saúde deve autorizar), sendo que há discricionariedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
deste em conceder o título. recíproco propostas pela administração pública que envolvam
a transferência de recursos financeiros;
d) Organizações da sociedade civil de interesse público: VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual são
Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
criadas pela Lei 9.790/1999, posteriormente regulamentada pública com organizações da sociedade civil para a consecução
pelo Decreto 3.100/1999, são entidades privadas que se de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas
associam ao Estado e recebem dele incentivos, atuando organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência
em nome próprio em atividades que não são exclusivas do de recursos financeiros;
Estado, mas que são de interesse social e coletivo. Recebem VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio
um título por parte do Poder Público, sendo que este ato de do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
concessão é vinculado. Firmam termo de compromisso. administração pública com organizações da sociedade
civil para a consecução de finalidades de interesse público
ATENÇÃO: as principais distinções entre OS e OSCIP são: e recíproco que não envolvam a transferência de recursos
nas OS é exigida a presença de um conselho de administração financeiros.
no qual o Estado participe, o que nas OSCIP é dispensado; as
OS celebram contrato de gestão, as OSCIP termo de parceria;
as exigências contábeis com relação à OSCIP são mais
amplas (deve apresentar balanço contábil, demonstrativo
de resultados e declaração de isenção de imposto de renda); EXERCÍCIO COMENTADO
as OS recebem delegação de serviço público e as OSCIP
exercem atividade de direito privado com apoio do Estado.

1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018)


A Lei n. 13.303/2016, em seu artigo 3º, traz o seguinte
“O CONVÊNIO é o instrumento utilizado para a execução
conceito: “entidade dotada de personalidade jurídica
descentralizada de qualquer programa de trabalho, projeto/
de direito privado, com criação autorizada por lei e com
atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de
patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente
mútua cooperação. No plano normativo, há praticamente
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
um único dispositivo legal que o regulamenta: o artigo 116
pelos Municípios”.
da Lei nº. 8.666/93; por essa razão, a maioria de suas normas
é de caráter infralegal e está consubstanciada em decretos do
A entidade da administração indireta conceituada é uma:
Presidente da República (decretos nº. 5.504/05 e 6.170/07) e
em instruções normativas da Secretaria do Tesouro Nacional,
A. Autarquia.
a IN nº. 1/97. A princípio, pode ser celebrado com qualquer
organização sem fins lucrativos, independentemente de
B. Empresa pública.
titulação ou qualificação.
C. Fundação pública.
O Termo de Parceria é voltado ao fomento e execução das
atividades definidas como de interesse público pelo artigo 3º
D. Sociedade de economia mista.
da Lei nº. 9.790/99 e disciplinado pelo Decreto nº. 3.100/99.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Apenas aquelas organizações que cumprirem os requisitos


Resposta: “B”. Se é pessoa jurídica de direito privado, apenas
legais e sejam qualificadas como OSCIP (Organizações da
pode ser empresa pública ou sociedade de economia mista.
Sociedade Civil de Interesse Público) pelo Ministério da
Contudo, se o patrimônio é próprio e o capital é integralmente
Justiça é que estão aptas a celebrar a parceria com o Poder
do poder público, tem que ser empresa pública.
Público.
A e C. Fundações públicas e autarquias são pessoas jurídicas
O Contrato de Gestão tem por objetivo a formação
de direito público.
de parceria para o fomento de organizações que prestam
serviços públicos não-exclusivos do Estado: ensino,
D. Sociedades de economia mista possuem apenas a maior
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção
parte do patrimônio detida pela União, pelos Estados,
e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. É regulado
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
pela Lei nº. 9.637/98. Para firmar um contrato de gestão, a
organização deve ter sido previamente qualificada como OS
(Organização Social) pelo ministério correspondente”18.

Art. 2o, Lei nº 13.019/2014:

18 http://aldeirfelixhonorato.blogspot.com.br/2011/05/
convenio-termo-de-parceria-e-o-contrato.html

44
2) (CEMIG/MG - Advogado JR - FUMARC/2018) Considerando Resposta: “D”. A descentralização implica na transferência
disciplina constitucional e legal da participação de de atribuições estatais para fora do Poder Executivo Federal,
sociedade de economia mista na constituição de empresa inclusive para os Estados e Municípios, o que é essencial na
privada que não seja por ela controlada, é CORRETO forma federativa.
afirmar:
A. Deve ser respeitada a autonomia entre as entidades da
A. A Constituição vigente exige autorização legislativa federação.
prévia como requisito inafastável de validade de tal ato
constitutivo. B. Municípios apenas editam leis orgânicas.

B. A Constituição vigente exige que sua criação se dê por lei C. A autonomia política é a capacidade de editar leis.
específica, como requisito inafastável de validade do ato
constitutivo.

C. Tal empresa passaria a se submeter integralmente às AGENTES PÚBLICOS.


mesmas sujeições impostas à referida sociedade de CONCEITO.
economia mista.

D. Tal hipótese é vedada, uma vez que pessoas jurídicas da Agente público é expressão que engloba todas as pessoas lotadas
Administração Pública somente podem participar de na Administração, isto é, trata-se daqueles que servem ao Poder
empresas na condição de controladoras. Público. “A expressão agente público tem sentido amplo, significa
o conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função
Resposta: “A”. Observa-se a disciplina do artigo 37, CF: “A pública como prepostos do Estado. Essa função, é mister que se diga,
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios jurídica. O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico, tais
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, agentes estão de alguma forma vinculados ao Poder Público. Como
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: se sabe, o Estado só se faz presente através das pessoas físicas que em
[...] XIX - somente por lei específica poderá ser criada seu nome manifestam determinada vontade, e é por isso que essa
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à todas essas pessoas físicas que constituem os agentes públicos”19.
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação; XX - depende de autorização legislativa, em cada Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no Improbidade Administrativa):
inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
em empresa privada; [...]”. Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
B. Basta autorização legislativa, não se exige lei específica. remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
C. Dependerá do teor da autorização legislativa ou da lei cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
específica. artigo anterior.

D. É viável, conforme exposto na assertiva correta. Quanto às entidades as quais o agente pode estar
vinculado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92:

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
3) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) No tocante público, servidor ou não, contra a administração direta,
à Federação, assinale a alternativa CORRETA: indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
A. A descentralização política autoriza a participação direta
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
dos Estados nos planos nacionais.
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
B. A partir da CF de 1988, os municípios podem editar
formalmente suas constituições locais. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
desta lei os atos de improbidade praticados contra o
C. A autonomia, no sentido técnico-político, pode ser patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício
resumida, especificamente, na capacidade de auto- ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem
organização assegurada a cada ente da federação para como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
organização própria e dos seus serviços. concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento
do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
D. O regime federativo exige a descentralização política. casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
contribuição dos cofres públicos.
19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

45
Apesar disso, são contratados mediante concurso público
CLASSIFICAÇÃO (ESPÉCIE). de provas ou provas e títulos, pois mesmo as empresas
públicas e as sociedades de economia mista são obrigadas
a respeitar um núcleo obrigatório mínimo, que envolve o
dever de contratar apenas por concurso.

Os agentes públicos subdividem-se em:

a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos #FicaDica


estruturais à organização política do País [...], Presidente da
República, Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os Empregado público é celetista – Sujeita-se à CLT
auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Ministros – Relação contratual
e Secretários das diversas pastas, bem como os Senadores, Servidor público é estatutário – Sujeita-se à
Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores”20. O respectiva lei especial – Relação estatutária
agente político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito por
mandatos transitórios.

b) servidores públicos, que se dividem em funcionário


público, empregado público e contratados em caráter Exigência de concurso público para investidura em cargo
temporário. Os servidores públicos formam a grande massa ou emprego público
dos agentes do Estado, desenvolvendo variadas funções. O
funcionário público é o tipo de servidor público que é titular Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego
de um cargo, se sujeitando a regime estatutário (previsto público depende de aprovação prévia em concurso público
em estatuto próprio, não na CLT). O empregado público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
é o tipo de servidor público que é titular de um emprego, e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
sujeitando-se ao regime celetista (CLT). Tanto o funcionário em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
público quanto o empregado público somente se vinculam à declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Administração mediante concurso público, sendo nomeados
em caráter efetivo. Contratados em caráter temporário são Neste sentido, preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
servidores contratados por um período certo e determinado,
por força de uma situação de excepcional interesse público, Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
não sendo nomeados em caráter efetivo, ocupando uma carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende
função pública. de prévia habilitação em concurso público de provas ou de
provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o
c) particulares em colaboração com o Estado – são agentes prazo de sua validade.
que, embora sejam particulares, executam funções públicas
especiais que podem ser qualificadas como públicas. Ex.: Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
mesário, jurado, recrutados para serviço militar. e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes
do sistema de carreira na Administração Pública Federal e
seus regulamentos.
#FicaDica
Os agentes públicos podem ser agentes políticos, No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo
particulares em colaboração com o Estado e seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servidores públicos. Logo, o servidor público de provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade
é uma espécie do gênero agente público. Com profissional também é considerado.
efeito, funcionário público é uma espécie do
gênero servidor público, abrangendo apenas os Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não exige
servidores que se sujeitam a regime estatutário. concurso público, sendo exceção à regra geral.

Em todas outras situações, a administração direta e


indireta é obrigada a prover seus cargos, empregos e funções
por meio de concursos públicos. Inclusive, por mais que
Natureza jurídica da relação de emprego público empresas públicas e sociedades de economia mista sejam
pessoas jurídicas de direito privado, devem respeitar o
O servidor público de sociedade de economia mista e núcleo mínimo de imposições ao poder público, inclusive
de empresa pública não se sujeita a Estatuto, mas sim à a obrigação de prover seus empregos por meio de concurso
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Em suma, não são público.
estatutários e sim celetistas. Logo, a natureza jurídica da
relação de emprego público é contratual, embora o vínculo
tenha natureza pública. Inclusive, eventuais conflitos
trabalhistas são resolvidos perante a justiça do trabalho.

20 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Di-


reito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

46
Nos moldes do artigo 41, §1º, CF, o servidor apenas
#FicaDica perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada
em julgado, mediante processo administrativo em que lhe
Todas entidades da administração direta e seja assegurada ampla defesa ou mediante procedimento
indireta devem realizar concurso público para de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
contratar funcionários públicos. complementar, assegurada ampla defesa. Logo, é possível a
Exceção: cargo em comissão, baseado em perda do cargo mesmo após adquirir a estabilidade, mas há
confiança. garantias quanto à forma como isso pode ocorrer.

Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibilidade


de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo que o seu
detentor seja estável no serviço público. Trata-se da perda
Servidor ocupante de cargo em comissão de cargo para adequação dos gastos do Estado à Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF.
Os cargos em comissão são de nomeação livre,
dispensando concurso público. A Constituição Federal inicialmente impõe que os entes
federativos, no caso de extrapolação dos limites de gastos
O ocupante de cargo em comissão não precisa ser titular previstos na LRF, reduzam as despesas com servidores
de cargo efetivo. públicos comissionados e não estáveis, conforme art. 169,
§3º, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do art. 169 não
Serve para cargos de chefias, assessoramento e direção, forem suficientes para adequar e controlar as despesas
notadamente, cargos de confiança. públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda do cargo
até mesmo na hipótese em que o seu ocupante detenha
estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta hipótese, o
Os servidores que ocupam cargo em comissão podem
servidor estável que perder o cargo terá direito a indenização
ser exonerados a qualquer tempo, pois não adquirem
correspondente a 1 mês de remuneração por ano de serviço
estabilidade e nem as garantias que dela decorrem público.
(exonerado “ad nutum”).
Existem alguns servidores públicos efetivos que não
Se sujeita ao regime geral da previdência social. possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São
eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público
Quanto ao regime de trabalho, será o mesmo dos demais (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF).
servidores do órgão em que ocupa o cargo – se for estatutário,
seguirá o mesmo estatuto e fará jus aos direitos ali previstos, O prazo para a aquisição da vitaliciedade é diferente do
exceto os de natureza previdenciária; se for celetista, seguirá prazo para aquisição da estabilidade, sendo adquirida após
as normas da CLT e terá os mesmos direitos ali assegurados, 2 anos de serviço público. Durante esse período, também
inclusive FGTS. é submetido o servidor a “estágio probatório”, chamado de
processo de vitaliciamento.

Um fator importantíssimo a favor dos agentes vitalícios


#FicaDica é que eles somente podem perder o cargo em decorrência
Servidor que ocupe cargo em comissão jamais de decisão judicial transitada em julgado. Então, as várias
adquire estabilidade. hipóteses de perda de cargo previstas para servidores estáveis
Pode ser exonerado a qualquer tempo. não se aplicam aos servidores vitalícios.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Não se sujeita a regime estatutário – contribui
pelo INSS e se sujeita à CLT.

#FicaDica
Apenas o servidor público efetivo pode se tornar
estável.
A estabilidade depende de aprovação no estágio
probatório, cujo período é de 3 anos.
Servidor efetivo e vitalício: garantias

O servidor público efetivo, aquele que foi provido


em cargo mediante nomeação seguida da aprovação em
concurso público, está apto a adquirir estabilidade, nos
moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exercício.

Os primeiros 3 anos de serviço correspondem ao estágio


probatório, período em que o servidor deverá ser submetido
a uma avaliação especial de desempenho.

47
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
DIREITOS E DEVERES. entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.
CIVIL E PENAL. O funcionário é servidor público, mas foi concursado para
cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo nomeado para
outro cargo, que é de comissão.

§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens


de caráter permanente, é irredutível.
No âmbito federal, são objeto da Lei nº 8.112/1990,
que institui o regime jurídico dos servidores públicos civis Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser diminuí-
federais, questões sobre direitos e deveres dos servidores e dos.
sobre a responsabilidade destes. Tal disciplina é o ponto de
partida para a compreensão geral da temática. 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Título III
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento.
Dos Direitos e Vantagens
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao sa-
lário mínimo.

Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em es- Direito ao salário mínimo.


tudo estabelece os direitos e vantagens do servidor público,
para em seguida trazer seus deveres e proibições. Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
título de remuneração, importância superior à soma dos valores
Resume Carvalho Filho21: “os direitos sociais constitucio- percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título,
nais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual deter- no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado,
mina que dezesseis dos direitos sociais outorgados aos em- por membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo
pregados sejam estendidos aos servidores públicos. Dentre Tribunal Federal.
esses direitos estão o do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo
terceiro salário (art. 7°, VIII); o repouso semanal remunerado Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as
(art. 7°, XV); o salário-família (art. 7°, XII; o de férias anuais vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
(art. 7°, XVII); o de licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros
mencionados no dispositivo constitucional. [...] Além disso, Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo que
há vários direitos de natureza social relacionados nos diver- um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, XI, CF: “XI
sos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas leis - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções
estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito às e empregos públicos da administração direta, autárquica e fun-
licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio- dacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
-funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulati-
vamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo I
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
Do Vencimento e da Remuneração
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos De-
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer-
sembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa intei-
cício de cargo público, com valor fixado em lei.
ros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Minis-
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
tério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos”.
cidas em lei.

§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou Art. 44. O servidor perderá:


cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
justificado;
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não exige II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
concurso público. Ver art. 62 adiante. ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida
pela chefia imediata.
2010.

48
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de Capítulo II
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como Das Vantagens
efetivo exercício.

Somente não geram perda de remuneração as faltas justi-


ficadas e devidamente compensadas. Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
seguintes vantagens:
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, I - indenizações;
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. II - gratificações;
III - adicionais.
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver con-
signação em folha de pagamento em favor de terceiros, a cri- § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
provento para qualquer efeito.
tério da administração e com reposição de custos, na forma
definida em regulamento.
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata o §
1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remune- Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,
ração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclu- nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
sivamente para: acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
I - a amortização de despesas contraídas por meio de fundamento.
cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do De acordo com Hely Lopes Meirelles22, “o que caracteriza o
adicional e o distingue da gratificação é ser aquele que recom-
cartão de crédito.
pensa ao tempo de serviço do servidor, ou uma retribuição pelo
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou au- desempenho de funções especiais que fogem da rotina burocrá-
torização do servidor. tica, e esta, uma compensação por serviços comuns executados
em condições anormais para o servidor, ou uma ajuda pessoal em
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualiza- face de certas situações que agravam o orçamento do servidor”.
das até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas
ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para paga-
mento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parce-
ladas, a pedido do interessado. Seção I

Das Indenizações
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
correspondente a dez por cento da remuneração, provento
ou pensão.
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será I - ajuda de custo;
feita imediatamente, em uma única parcela. II - diárias;
III - transporte.
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência IV - auxílio-moradia.

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de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a A leitura da legislação seca permite conceituar e diferenciar
sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles cada modalidade de indenização.
atualizados até a data da reposição.
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for de- I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão,
mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo- serão estabelecidos em regulamento.
nibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar
o débito.

Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo pre- Subseção I


visto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Da Ajuda de Custo
Débito com o erário = dívida com o Estado.

Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não


serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos ca- Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as des-
sos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de do-
22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

49
micílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da
de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las inte-
companheiro que detenha também a condição de servidor, gralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
vier a ter exercício na mesma sede.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de trans- sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba- mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo
gagem e bens pessoais. previsto no caput.

§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são asse-


gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. Subseção III

§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remo- Da Indenização de Transporte
ção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36.

Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do


servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo ex- Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao ser-
ceder a importância correspondente a 3 (três) meses. vidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio
de locomoção para a execução de serviços externos, por for-
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se ça das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. em regulamento.

Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen-
do servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com
mudança de domicílio. Subseção IV

Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, Do Auxílio-MoraWdia


a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível.

Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo


quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
prazo de 30 (trinta) dias. das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor
com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês
após a comprovação da despesa pelo servidor.
Subseção II

Das Diárias
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
atendidos os seguintes requisitos:

Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou servidor;
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
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para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar


imóvel funcional;
as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou
e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário
ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de- for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
vida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora averbação de construção, nos doze meses que antecederem a
da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas sua nomeação;
extraordinárias cobertas por diárias. IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia;
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi- V - o servidor tenha se mudado do local de residência para
gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regular- função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, §
mente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor;
com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos ór- VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
gãos, entidades e servidores brasileiros considera-se esten- residido no Município, nos últimos doze meses, aonde
dida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que for exercer o cargo em comissão ou função de confiança,
as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamen- desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse
tos dentro do território nacional. período; e

50
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. assessoramento;
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de II - gratificação natalina;
2006. IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas ou penosas;
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando
VI - adicional noturno;
outro cargo em comissão relacionado no inciso V.
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
Art. 60-C. (Revogado).
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na própria
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a
legislação, conforme se denota abaixo.
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
ocupado.
Subseção I
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
Estado. Chefia e Assessoramento

§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão


ou função comissionada, fica garantido a todos os que
preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
1.800,00 (mil e oitocentos reais). em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação retribuição pelo seu exercício.
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição
de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera-
mês. ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.

A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, benefício Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
que é concedido a alguns servidores. Ele serve para ajudar o nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição
servidor a arcar com despesas de moradia, seja locando um pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramen-
imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio é pago 1 mês depois to, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Espe-
que o servidor comprovar a despesa que teve. No entanto, cial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de
não é qualquer servidor e não é em qualquer situação que se julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de abril de 1998.
tem o auxílio-moradia.
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas restrições: somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
não haver disponibilidade de imóvel funcional (algum imó- servidores públicos federais.
vel do poder público com tal finalidade de moradia, dis-
pensando gastos particulares), não se ter tentado vender ou
vendido um imóvel na cidade (evitando que tente utilizar o
auxílio-moradia como um modo de se obter vantagem patri- Subseção II

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monial), um cônjuge ou pessoa com quem more não rece-
ber auxílio da mesma natureza (cumulando indevidamente), Da Gratificação Natalina
além do exercício de cargos de determinada natureza (perce-
ba-se, cargos de relevante direção).

O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos venci- Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
mentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o artigo 60-C doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
está revogado desde 2013. de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.

Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin-


ze) dias será considerada como mês integral.
Seção II
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
Das Gratificações e Adicionais de dezembro de cada ano.

Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação


natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calcula-
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas da sobre a remuneração do mês da exoneração.
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri-
buições, gratificações e adicionais: Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para
cálculo de qualquer vantagem pecuniária.

51
Subseção III Subseção V

Do Adicional por Tempo de Serviço Do Adicional por Serviço Extraordinário

Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01. Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
normal de trabalho.

Subseção IV Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário


para atender a situações excepcionais e temporárias, respei-
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Ativi- tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.
dades Penosas

Subseção VI
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
em locais insalubres ou em contato permanente com subs- Do Adicional Noturno
tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.

§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri- Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário com-
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vin-
te e cinco por cento), computando-se cada hora como cin-
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculo- quenta e dois minutos e trinta segundos.
sidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
que deram causa a sua concessão. Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordiná-
rio, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remu-
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de ser- neração prevista no art. 73.
vidores em operações ou locais considerados penosos, insa-
lubres ou perigosos.

Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será Subseção VII


afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das opera-
ções e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativida- Do Adicional de Férias
des em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.

Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades peno-


sas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
as situações estabelecidas em legislação específica. servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em loca- Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de
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lidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em co-
condições e limites fixados em regulamento. missão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do
adicional de que trata este artigo.
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam
com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob
controle permanente, de modo que as doses de radiação io-
nizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legisla- Subseção VIII
ção própria.
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo
serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur-
so é devida ao servidor que, em caráter eventual:
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
no âmbito da administração pública federal;
II - participar de banca examinadora ou de comissão para
exames orais, para análise curricular, para correção de provas
discursivas, para elaboração de questões de provas ou para
julgamento de recursos intentados por candidatos;

52
III - participar da logística de preparação e de realização Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efe-
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, tuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período,
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
atribuições permanentes; §1° e §2°. Revogados.
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comis-
atividades. são, perceberá indenização relativa ao período das férias a
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a qua-
os seguintes parâmetros: torze dias.
I - o valor da gratificação será calculado em horas,
observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; § 4o A indenização será calculada com base na remunera-
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a ção do mês em que for publicado o ato exoneratório.
120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação
de excepcionalidade, devidamente justificada e previamente § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
aprovada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição
poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de Federal quando da utilização do primeiro período.
trabalho anuais;
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias
básico da administração pública federal: consecutivos de férias, por semestre de atividade profissio-
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se nal, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste
artigo;
Manutenção da saúde do servidor.
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur- motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca-
so somente será paga se as atividades referidas nos incisos ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade
do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atri- do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
buições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser ob- entidade.
jeto de compensação de carga horária quando desempenha-
das durante a jornada de trabalho, na forma do § 4odo art. 98 Parágrafo único. O restante do período interrompido
desta Lei. será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.

§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não O direito individual às férias pode ser mitigado pelo direi-
se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qual- to da coletividade de manutenção da paz e da ordem social.
quer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo
para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo
dos proventos da aposentadoria e das pensões.
#FicaDica
Vantagens:
- Indenizações (não se incorporam)
Capítulo III Ajuda de custo

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Diárias
Das Férias Transporte
Auxílio-moradia
- Gratificações (podem se incorporar)
Por direção, chefia e assessoramento
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que po- Natalina
dem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso Por Encargo, de curso ou concurso (não se
de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que incorpora)
haja legislação específica. - Adicionais (podem se incorporar)
Insalubridade
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exi- Periculosidade
gidos 12 (doze) meses de exercício. Atividades penosas
Serviço extraordinário
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. Noturno
De férias
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, Relativo à natureza ou local de trabalho
desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
administração pública.

É possível impedir que o servidor tire férias por até 2 pe-


ríodos se o seu serviço for altamente necessário.

53
Capítulo IV § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será
contado a partir da data do deferimento da primeira licença
Das Licenças concedida.

§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças


não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
Seção I concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os
Disposições Gerais limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.

Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: Seção III


I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
III - para o serviço militar;
IV - para atividade política;
V - para capacitação;
VI - para tratar de interesses particulares; Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
VII - para desempenho de mandato classista. acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalhados a
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e
seguir na legislação.
Legislativo.
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas
remuneração.
de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no
art. 204 desta Lei.
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
companheiro também seja servidor público, civil ou militar,
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada du-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório
em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
do término de outra da mesma espécie será considerada
atividade compatível com o seu cargo.
como prorrogação.

Seção IV
Seção II

Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família Da Licença para o Serviço Militar
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Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por mo- Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
tivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos fi- será concedida licença, na forma e condições previstas na
lhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que legislação específica.
viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcio-
nal, mediante comprovação por perícia médica oficial. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência di- exercício do cargo.
reta do servidor for indispensável e não puder ser prestada
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
compensação de horário, na forma do disposto no inciso II
do art. 44. Seção V

§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as Da Licença para Atividade Política


prorrogações, poderá ser concedida a cada período de doze
meses nas seguintes condições:
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida
a remuneração do servidor; e Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem durante o período que mediar entre a sua escolha em
remuneração. convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
Eleitoral.

54
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de (dois) servidores;
direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
seguinte ao do pleito. associados, 8 (oito) servidores.

§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia § 1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados para cargos de direção ou de representação nas referidas
os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três entidades, desde que cadastradas no órgão competente.
meses.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo
ser renovada, no caso de reeleição.

Seção VI

Da Licença para Capacitação #FicaDica


- Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
Família – justifica-se por problema de saúde
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor com um familiar próximo ou dependente legal.
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício Remunerada.
do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três - Licença por Motivo de Afastamento do
meses, para participar de curso de capacitação profissional. Cônjuge – justifica-se por mudança do cônjuge
de um servidor público de cidade ou país. Não
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata remunerada.
o caput não são acumuláveis. - Licença para o Serviço Militar – justifica-se
para o caso de convocação do servidor para o
Art. 90. (Vetado) serviço militar. Não remunerada.
- Licença para Atividade Política – justifica-
se para o caso de servidor candidato a cargo
político eletivo, sendo obrigatório entre o dia
Seção VII da candidatura e dez dias após as eleições. Não
remunerada.
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares - Licença para Capacitação – justifica-se para
o aperfeiçoamento profissional do servidor.
Remunerada.
- Licença Para Tratar Interesses Particulares
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas – dispensa justificativa, basta a vontade do
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em servidor. Não remunerada.
estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares - Licença para Desempenho de Mandato
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. Classista – justifica-se para o caso de
convocação do servidor como responsável por
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a gerir ou representar em tempo integral entidade

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qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do de classe. Não remunerada.
serviço. - Licença para Tratamento de Saúde – justifica-
se por doença do servidor, sendo necessário o
afastamento para tratamento. Remunerada.
- Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
Seção VIII se por maternidade, biológica ou adotada.
Remunerada.
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista - Licença-Paternidade – justifica-se
por paternidade, biológica ou adotada.
Remunerada.

Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença


sem remuneração para o desempenho de mandato em
confederação, federação, associação de classe de âmbito
nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade
fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência
ou administração em sociedade cooperativa constituída por
servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
os seguintes limites:

55
Capítulo V Seção II

Dos Afastamentos
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

Seção I
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos III - investido no mandato de vereador:
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço
social autônomo instituído pela União que exerça atividades a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
de cooperação com a administração pública federal, nas vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
seguintes hipóteses: cargo eletivo;
I - para exercício de cargo em comissão ou função de b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado
confiança; do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
II - em casos previstos em leis específicas.
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou contribuirá para a seguridade social como se em exercício
dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou estivesse.
entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos
demais casos. § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas
normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela
remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da
retribuição do cargo em comissão, a entidade cessionária Seção III
efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou
entidade de origem. Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior

§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no


Diário Oficial da União.
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
em outro órgão da Administração Federal direta que não Presidente do Supremo Tribunal Federal.
tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a
prazo certo. § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
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§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado permitida nova ausência.


ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e
2º deste artigo. § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
não será concedida exoneração ou licença para tratar de
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou interesse particular antes de decorrido período igual ao do
de sociedade de economia mista, que receba recursos de afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha despesa havida com seu afastamento.
de pagamento de pessoal, independem das disposições
contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores
exercício do empregado cedido condicionado a autorização da carreira diplomática.
específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão § 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de
ou função gratificada. que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração
do servidor, serão disciplinadas em regulamento.
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
com a finalidade de promover a composição da força de Art. 96. O afastamento de servidor para servir em
trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública organismo internacional de que o Brasil participe ou com o
Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
empregado ou servidor, independentemente da observância
do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.

56
Seção IV Capítulo VI

Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-


Das Concessões
-Graduação Stricto Sensu no País

Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se


Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da do serviço:
Administração, e desde que a participação não possa ocorrer
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
II - pelo período comprovadamente necessário para
compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em
caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 632,
programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de
de 2013)
ensino superior no País.
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
programas de capacitação e os critérios para participação
em programas de pós-graduação no País, com ou sem Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar
constituído para este fim. e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.

§ 2o Os afastamentos para realização de programas § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado
e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de § 2o Também será concedido horário especial ao servidor
estágio probatório, que não tenham se afastado por licença portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por
para tratar de assuntos particulares para gozo de licença junta médica oficial, independentemente de compensação de
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) horário.
anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas ao
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência.
pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado
há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)
probatório, e que não tenham se afastado por licença para ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste e II do caput do art. 76-A desta Lei.
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de
afastamento. Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
interesse da administração é assegurada, na localidade da nova
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer ensino congênere, em qualquer época, independentemente de
no exercício de suas funções após o seu retorno por um

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vaga.
período igual ao do afastamento concedido.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua
permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o guarda, com autorização judicial.
órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11
de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento.

§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que Capítulo VII


justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada Do Tempo de Serviço
de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente
máximo do órgão ou entidade.

§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós- Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano
como de trezentos e sessenta e cinco dias.

57
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os prestado concomitantemente em mais de um cargo ou
afastamentos em virtude de: função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado,
Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública,
I - férias;
sociedade de economia mista e empresa pública.
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente,
em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou Capítulo VIII
administração, em qualquer parte do território nacional, por
nomeação do Presidente da República;
IV - participação em programa de treinamento Do Direito de Petição
regularmente instituído ou em programa de pós-graduação
stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
merecimento; aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; legítimo.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
afastamento, conforme dispuser o regulamento; Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
VIII - licença: competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
a) à gestante, à adotante e à paternidade; daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
c) para o desempenho de mandato classista ou participação não podendo ser renovado.
de gerência ou administração em sociedade cooperativa
constituída por servidores para prestar serviços a seus Parágrafo único. O requerimento e o pedido de
membros, exceto para efeito de promoção por merecimento; reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão
d) por motivo de acidente em serviço ou doença ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos
profissional; dentro de 30 (trinta) dias.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
f) por convocação para o serviço militar; Art. 107. Caberá recurso:
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
X - participação em competição desportiva nacional ou II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
convocação para integrar representação desportiva nacional, interpostos.
no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
XI - afastamento para servir em organismo internacional
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão,
de que o Brasil participe ou com o qual coopere. e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria autoridades.
e disponibilidade:
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, autoridade a que estiver imediatamente subordinado o
Municípios e Distrito Federal; requerente.
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II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da


família do servidor, com remuneração, que exceder a 30 Art. 108. O prazo para interposição de pedido de
(trinta) dias em período de 12 (doze) meses. reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
§ 2o; recorrida.
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato
eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito
ingresso no serviço público federal; suspensivo, a juízo da autoridade competente.
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à
Previdência Social; Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde retroagirão à data do ato impugnado.
que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII
do art. 102. Art. 110. O direito de requerer prescreve:
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
contado apenas para nova aposentadoria. cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem
interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado trabalho;
às Forças Armadas em operações de guerra. II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
quando outro prazo for fixado em lei.

58
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da dos por um instrumento jurídico determinado - particulares
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência contratados pela Administração). [...]“O disposto no Título IV
pelo interessado, quando o ato não for publicado. da lei nº 8.112/90 prevê basicamente um conjunto de obriga-
ções impostas aos servidores por ela regidos. Tais obrigações,
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando ora positivas (os denominados Deveres – art. 116), ora negati-
cabíveis, interrompem a prescrição. vas (as denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadim-
plidas ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo comprovadas importam na responsabilização administrativa,
ser relevada pela administração. a desafiar, então, a aplicação de uma das sanções administra-
tivas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara que
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é a responsabilidade administrativa resulta da prática de ato
assegurada vista do processo ou documento, na repartição, omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os deveres a ele
ao servidor ou a procurador por ele constituído. impostos) ou comissivo (quando viola proibição) praticado no
desempenho do cargo ou função”24.
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos Capítulo I


estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Dos Deveres
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
assegurado a todos: “são a todos assegurados, independen-
temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade Art. 116. São deveres do servidor:
ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem o direito de
petição específico dos servidores públicos. Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 são
em muito compatíveis com os previstos no Código de Ética
profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fe-
deral (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas das condu-
Título IV tas esperadas do servidor público quando do desempenho
de suas funções. Em resumo, o servidor público deve desem-
Do Regime Disciplinar penhar suas funções com cuidado, rapidez e pontualidade,
sendo leal à instituição que compõe, respeitando as ordens
de seus superiores que sejam adequadas às funções que de-
sempenhe e buscando conservar o patrimônio do Estado.
O regime disciplinar do servidor público civil federal está No tratamento do público, deve ser prestativo e não negar o
estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres e proi- acesso a informações que não sejam sigilosas. Caso presen-
bições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos deveres cie alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar.
e proibições são normas protetivas da boa Administração. Tomam-se como base os ensinamentos de Lima25 a respeito
Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é uma pu- destes deveres:
nição. Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei
como ações, como conduta positiva; as proibições, ao con-
trário, são descritas como condutas vedadas ao servidor, de
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
modo que ele deve abster-se de praticá-las. Os deveres estão

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inscritos no artigo 116, não de modo exaustivo, porque o ser- “O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatutá-
vidor deve obediência a todas as normas legais ou infrale- rio é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições fun-
gais, e o próprio inciso III do referido dispositivo é, de certa cionais e também ao cuidado com a economia do material,
maneira, uma norma disciplinar em branco23. os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o prisma
da disciplina e da conservação dos bens e materiais da re-
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto partição, o servidor deve sempre agir com dedicação no de-
de normas de conduta e de proibições impostas pela lei aos sempenho das funções do cargo que ocupa, e que lhe foram
servidores por ela abrangidos, tendo em vista a prevenção, a atribuídas desde o termo de posse. O servidor não é o dono
apuração e a possível punição de atos e omissões que possam do cargo. Dono do cargo é o Estado que o remunera. Se o re-
por em risco o funcionamento adequado da administração ferido cargo não lhe pertence, o servidor deve exercer suas
pública, do posto de vista ético, do ponto de vista da eficiência funções com o máximo de zelo que estiver ao seu alcance.
e do ponto de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositi- Sua eventual menor capacidade de desempenho, para não
vos, do denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido 24 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
à Administração com o objetivo de manter sua disciplina in-
vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca-
terna, na medida em que lhe atribui instrumentos para punir
naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
seus servidores (e também àqueles que estejam a ela vincula-
Acesso em: 11 ago. 2013.
23 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime dis- 25 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime dis-
ciplinar dos servidores federais. Disponível em: <http:// ciplinar dos servidores federais. Disponível em: <http://
www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido- www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido-
res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013. res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.

59
configurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor pú-
ser compensada com um maior esforço e dedicação de sua blico trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a ima-
parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, vem a gem desagradável que o mesmo possui perante a sociedade.
praticar atos que configurem desídia ou mesmo falta mais Exige-se que atue com presteza no atendimento a informa-
grave, poderá vir a ser punido. Porque o que se julgará não é ções solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba o fisco
a pessoa do servidor, mas a conduta a ele imputável. O zelo federal, estadual, municipal e distrital. O servidor público
não deve se limitar apenas às atribuições específicas de sua tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há mais lugar
atividade. O servidor deve ter zelo não somente com os bens para o burocrata que se afasta do administrado, dificultando
e interesses imateriais (a imagem, os símbolos, a moralida- a vida de quem necessita de atendimento rápido e escorreito.
de, a pontualidade, o sigilo, a hierarquia) como também para Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido até que se
com os bens e interesses patrimoniais do Estado”. atinja um mínimo ideal de atendimento e de funcionamento
dos órgãos públicos, o que deve necessariamente passar por
critérios de valorização dos servidores bons e de treinamento
e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
II - ser leal às instituições a que servir;
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas ad-
ministrativas já positivadas, consequentemente, é leal à ins-
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
tituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é que
do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever de
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
lealdade está inserido no Estatuto como norma programáti-
outra autoridade competente para apuração;
ca, orientadora da conduta dos servidores”.
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento ao
chefe da repartição acerca das irregularidades de que toma
conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve levar
III - observar as normas legais e regulamentares;
ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hierárqui-
“A função desta norma é de não deixar sem resposta qual- co. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões detêm
quer que seja a irregularidade cometida. Daí a necessária um conhecimento maior de como corrigir o erro ou comuni-
correlação nesses casos que temos de fazer do art. 116, inciso car aos órgãos de controle para a devida apuração. De nada
III, com a norma violada, e já prevista em outra lei, decreto, adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular, ir comuni-
instrução, ordem de serviço ou portaria”. car ao público ou a terceiros. Além do dever de sigilo, há as-
suntos que exigem certas reservas, visando ao bem do servi-
ço público, da segurança nacional e mesmo da sociedade”.
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do
“O servidor integra a estrutura organizacional do órgão
patrimônio público;
em que presta suas atribuições funcionais. O Estado se mo-
vimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro dos órgãos “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela economia
públicos, há um escalonamento de cargos e funções que ser- e pela conservação dos bens públicos presta um desserviço
vem ao cumprimento da vontade do ente estatal. Este esca- à nação que lhe remunera. E como se verá adiante poderá
lonamento, posto em movimento, é o que vimos até agora ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o presente
chamando de hierarquia. A hierarquia existe para que do alto dever, quando por descumprimento dele a gravidade do fato
escalão até a prática dos administrados as coisas funcionem. implicar a infração a normas mais graves”.
Disso decorre que quando é emitida uma ordem para o ser-
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vidor subordinado, este deve dar cumprimento ao coman-


do. Porém quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária,
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
inconstitucional ou absurda, o servidor não é obrigado a
dar seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpretação, passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos
principalmente se o servidor subordinado não tiver nenhu- oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, hoje
ma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom senso que irá está regulamentado o acesso às informações. Porém, o servi-
margear o que é flagrantemente inconstitucional”. dor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimento ou di-
vulgação das informações exigem um procedimento. Maior
cuidado há que se ter, quando a informação possa expor a
intimidade da pessoa humana. As informações pessoais dos
V - atender com presteza:
administrados em geral devem ser tratadas forma transpa-
a) ao público em geral, prestando as informações reque- rente e com respeito à intimidade, à vida privada, à honra e
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; à imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
individuais, segundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A ex-
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de di- ceção para o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão
reito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; em termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, podendo
ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros quando
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. haja previsão legal. Outra exceção é quando há o consenti-
mento expresso da pessoa a que elas se referirem. No caso

60
de cumprimento de ordem judicial, para a defesa de direitos XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
humanos, e quando a proteção do interesse público e geral
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
preponderante o exigir, também devem ser fornecidas as
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela auto-
informações. Portanto, o servidor há que ter reserva no seu
ridade superior àquela contra a qual é formulada, asseguran-
comportamento e fala, esquivando-se de revelar o conteú-
do-se ao representando ampla defesa.
do do que se passa no seu trabalho. Se o assunto pululante
é uma irregularidade absurda, deve então reduzir a escrito Caso o funcionário público denuncie outro servidor, esta re-
e representar para que se apure o caso. Deveriam diminuir presentação será encaminhada a alguém que seja superior hie-
as conversas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos rarquicamente ao denunciado, que terá direito à ampla defesa.
através do processo administrativo disciplinar. Os assuntos
objeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri- “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento às au-
tos aos servidores designados para o respectivo trabalho in- toridades de qualquer irregularidade de que tiver ciência em ra-
terno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho, sem zão do cargo, principalmente no processo em que está atuando
o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto ou o ou quando o fato aconteceu sob as suas vistas. Não é concebível
trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve ser que o servidor se defronte com uma irregularidade adminis-
contatado o órgão de assessoria de comunicação social, que trativa e fique inerte. Deve provocar quem de direito para que
saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso a irregularidade seja sanada de imediato. Caso haja indiferença
e às leis vigentes”. no seu círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de infor-
mar acerca de irregularidades anda de braço dado com o dever
IX - manter conduta compatível com a moralidade de representar. Não surtindo efeito a notícia da irregularidade,
administrativa; não corrigida esta, sobrevém o dever de representar. O dever de
representação não deixa de ser uma prerrogativa legal, investin-
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o ser do o servidor de um múnus público importante, constituindo o
legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser com- servidor em um curador legal do ente público. O mais humilde
patível com a moralidade administrativa. O agente deve se servidor passa a ser um agente promotor de legalidade. É claro o
comportar em seus atos de maneira proba, escorreita, séria, inciso XII do art. 116 quando diz que é dever do servidor “repre-
não atuando com intenções escusas e desvirtuadas. Seu po- sentar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo
der-dever não pode ser utilizado, por exemplo, para satisfa- que também a omissão pode ensejar a representação. A omissão
ção de interesses menores, como realizar a prática de deter- do agente que ilegalmente não pratica ato a que se acha vincu-
minado ato para beneficiar uma amante ou um parente. Se o lado pode até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever
agente viola o dever de agir com comportamento incompa- de representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado com
tível com a moralidade administrativa, poderá estar sujeito o devido equilíbrio, não podendo servir a finalidades egoísticas,
a sanção disciplinar. Seu ato ímprobo ou imoral configura o político-partidárias, induzido por inimizades de cunho pessoal,
chamado desvio de poder, que é totalmente abominável no o que de pronto trespassará o representante de autor a réu por
Direito Administrativo e poderá ser anulado interna corporis prática de abuso de poder ou denunciação caluniosa”.
ou judicialmente através da ação popular, ação de ressarci-
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito co-
letivo ou transindividual”.
Capítulo II

Das Proibições
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assíduo

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significa ser presente dentro do horário do expediente. O
oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é aquele ser- Art. 117. Ao servidor é proibido:
vidor que não atrasa seus compromissos. É o que comparece
no horário para as reuniões de trabalho e demais atividades Em contraposição aos deveres do servidor público, exis-
relacionadas com o exercício do cargo que ocupa. Embora tem diversas proibições, que também estão em boa parte
sejam conceitos diferentes, aqui o dever violado, seja por im- abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos deveres
pontualidade, seja por inassiduidade (que ainda não aquela ou a prática de alguma das violações abaixo descritas caracte-
inassiduidade habitual de 60 dias ensejadora de demissão), rizam infração administrativa disciplinar.
merece reprimenda de advertência, com fins educativos e de
correção do servidor”. “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua
objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o uso
de interpretações analógicas ou sistemáticas visto serem con-
dutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao princípio da
XI - tratar com urbanidade as pessoas; reserva legal. O descumprimento dessas proibições podem
inclusive, ensejar o enquadramento penal do servidor, pois
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização oci-
muitas das condutas ali descritas, configuram prática de de-
dental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Urbano,
lito penal”26.
nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo da urbe
(cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e que não 26 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
possa criar embaraços aos usuários dos serviços públicos”. vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca-
naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
Acesso em: 11 ago. 2013.

61
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, com-
autorização do chefe imediato; panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinida-
de, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou
Violação do dever de assiduidade.
de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratifica-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, da na Administração Pública direta e indireta, em qualquer
qualquer documento ou objeto da repartição; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, compreendido o ajuste mediante designações
Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
recíprocas, viola a Constituição Federal.” Obs.: se o concur-
so pedir pelo entendimento jurisprudencial, vá pela súmula,
mas se não mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto
III - recusar fé a documentos públicos; que há pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
É dever do servidor público conferir fé aos documentos
públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que seu
cargo possui. Violação do dever de transparência. IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
O cargo público serve apenas aos interesses da adminis-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de tração pública, ou seja, da coletividade, não aos interesses
documento e processo ou execução de serviço; pessoais do servidor.
Não cabe impedir que o trâmite da administração seja
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de cele-
ridade e eficiência, bem como de impessoalidade. X - participar de gerência ou administração de sociedade
privada, personificada ou não personificada, exercer o co-
mércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou coman-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no ditário;
recinto da repartição;
Não cabe ao servidor público administrar sociedade pri-
Violação do dever de discrição. vada, o que pode comprometer sua eficiência e imparciali-
dade no exercício da função pública. No princípio, ou seja,
na redação original do Estatuto era proibida apenas a par-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos ticipação do servidor como sócio gerente ou administrador
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
responsabilidade ou de seu subordinado; acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente
Quem é designado para o desempenho de uma função constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado. de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada deti-
damente a gerência ou administração da sociedade particu-
lar em concomitância com a pretensa carga horária da repar-
tição pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
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rem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido


político;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
O direito de associação é livre, não podendo um funcio-
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
nário forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou po-
grau, e de cônjuge ou companheiro;
liticamente.
Não cabe atuar como procurador perante repartições pú-
blicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação como
representante de parente até segundo grau (irmãos, ascen-
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função dentes e descendentes, cônjuges e companheiros).
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
grau civil;
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, neto XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
ou descendente, é o termo utilizado para designar o favoreci- qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
mento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de
pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito A percepção de vantagem indevida gerando enriqueci-
à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto nº 7.203, de 4 mento ilícito também caracteriza ato de improbidade admi-
de junho de 2010 dispõe sobre a vedação do nepotismo no nistrativa de maior gravidade, bem como crime de corrupção
âmbito da administração pública federal. passiva.

62
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro; #FicaDica
Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrários Proibições puníveis com demissão:
ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado. - Utilizar recursos pessoais e materiais para
atividades particulares;
- Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; - Proceder de forma desidiosa;
- Praticar usura;
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de dinhei- - Aceitar comissão, emprego, pensão de Estado
ro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As ativi- estrangeiro;
dades de empréstimo somente podem ser desempenhadas - Receber propina, comissão, presente ou
com fim lucrativo por instituições credenciadas. qualquer outra vantagem;
- Atuar como procurador ou intermediário
(salvo benefício ou assistência previdenciária
XV - proceder de forma desidiosa; de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o
grau);
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. - Participar de sociedade privada (gerência/
administração, personificada/não) ou comércio
(salvo acionista, cotista ou comanditário).
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
em serviços ou atividades particulares;
O aparato da administração pública pertence ao Estado,
não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades particula-
res. Capítulo III

Da Acumulação
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
transitórias; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não ca- vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
bendo designá-lo para desempenhar funções diversas salvo
em caso de extrema necessidade. Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:

É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,


exceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam vado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho; a) a de dois cargos de professor;
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
violação ao princípio da imparcialidade. b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cien-
tífico;

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c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
de saúde, com profissões regulamentadas;
solicitado.
A atualização de dados cadastrais é necessária para man- Segundo Carvalho Filho27, “o fundamento da proibição é
ter a administração ciente da situação de seu servidor. impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o
servidor não execute qualquer delas com a necessária eficiên-
cia. Além disso, porém, pode-se observar que o Constituinte
quis também impedir a cumulação de ganhos em detrimento
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-se que a veda-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: ção se refere à acumulação remunerada. Em consequência,
I - participação nos conselhos de administração e fiscal se a acumulação só encerra a percepção de vencimentos por
de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou uma das fontes, não incide a regra constitucional proibitiva”.
indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empre-
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, gos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas
na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito
conflito de interesses. Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Nestes casos, é possível participar diretamente da admi- 27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
nistração de sociedade privada, pois o interesse estatal não direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
será comprometido. 2010.

63
A proibição vale tanto para a administração direta quanto jado com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
para a indireta. cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportunidades
para regularizar sua situação e escapar da pena de demissão.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi- Também prevê a lei em comentário, um processo administra-
cionada à comprovação da compatibilidade de horários. tivo simplificado (processo disciplinar de rito sumário) para a
apuração dessa infração – art. 133” 28.
Se o Estado pretende que o desempenho de atividade
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que
exija a comprovação de compatibilidade de horários;
Capítulo IV
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proven- Das Responsabilidades
tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
essas remunerações forem acumuláveis na atividade.

Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agente se Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativa-
aposente do serviço público e continue o exercendo, receben- mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
do aposentadoria e salário.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do erário ou a terceiros.
art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de de-
liberação coletiva. § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erá-
rio somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação em outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
concurso público, sendo designado para o exercício por pos-
suir um vínculo de confiança com o superior. Somente é possí- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
vel exercer 1, salvo interinamente. Da mesma forma, não cabe servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
remuneração por participar de órgão de deliberação coletiva.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à res e contra eles será executada, até o limite do valor da heran-
remuneração devida pela participação em conselhos de ad- ça recebida.
ministração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo
O exercício de função em determinados conselhos de ad- ou função.
ministração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de exceção
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
ao caput.
cumular-se, sendo independentes entre si.
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu-
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em
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será afastada no caso de absolvição criminal que negue a


cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
existência do fato ou sua autoria.
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibili-
dade de horário e local com o exercício de um deles, declarada Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvi- civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autori-
dos. dade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento
desta, a outra autoridade competente para apuração de in-
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for investido formação concernente à prática de crimes ou improbidade
de um cargo em comissão, ficará afastado dos cargos efetivos a de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do
não ser que exista compatibilidade de horários e local com um exercício de cargo, emprego ou função pública.
deles, caso em que se afastará de somente um cargo efetivo.
Este dispositivo visa garantir que os servidores públicos
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu- denunciem os servidores hierarquicamente superiores. Afi-
mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âm- nal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser res-
bito do serviço público federal a vedação genérica constante ponsabilizados civil, penal ou administrativamente por tal
do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De denúncia caso no curso da apuração se verificasse que ela
fato, a acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das não procedia.
infrações mais comuns praticadas por servidores públicos, o
que se constata observando o elevado número de processos 28 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
administrativos instaurados com esse objeto. O sistema ado- vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca-
tado pela lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cote- naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
Acesso em: 11 ago. 2013.

64
3) (TJM-MG - Oficial Judiciário - Oficial de Justiça -
FUMARC/2013) A Constituição da República Federativa
EXERCÍCIO COMENTADO do Brasil disciplina, de forma principiológica e específica,
a acessibilidade a cargos, empregos e funções públicas.
Segundo a Carta Magna, a investidura em cargo ou
emprego público depende de aprovação prévia em
1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018) concurso público de provas ou de provas e títulos, de
Sobre as hipóteses de perda do cargo do servidor estável acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
previstas no artigo 41, §1º da CR/88, a INCORRETA: emprego, na forma prevista em lei,

A. Excesso de despesa com pessoal A. inclusive as nomeações para cargo em comissão.

B. Procedimento de avaliação periódica de desempenho, na B. ressalvadas as contratações de pessoas portadoras de


forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. deficiência.

C. Processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla C. ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
defesa. declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

D. Sentença judicial transitada em julgado. D. exceto as nomeações para cargos em comissão cuja
exoneração obedecerá ao processo disciplinar comum a
Resposta: “A”. Nos termos do artigo 41, CF, “são estáveis após todos.
três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público”; Resposta: “C”. Disciplina o artigo 37, II, CF: “a investidura em
prevendo-se no §1°: “O servidor estável só perderá o cargo: I cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
- Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
ampla defesa; III - Mediante procedimento de avaliação forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
periódica de desempenho, na forma da lei complementar, comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
assegurada ampla defesa”.
A, B e D. Por exclusão, não podem ser a resposta.
B, C e D. São todas hipóteses de perda do cargo pelo servidor
estável.

LEI 8.429/92 E ALTERAÇÕES (LEI DE


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA).
2) (Câmara de Pará de Minas/MG - Auxiliar de Administração
- FUMARC/2018) O servidor possui direito à remuneração?

A. Não, porque não está previsto no Regime Jurídico dos


Servidores da Câmara Municipal. A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa,
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo
B. Sim, composta apenas de parcelas fixas. de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeitado
C. Sim, composta de parcelas fixas e variáveis, conforme estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo sempre

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previsto em lei. será um violador do princípio da moralidade, pelo qual “a
Administração Pública deve agir com boa-fé, sinceridade,
D. Sim, conforme o valor negociado com o seu superior probidade, lhaneza, lealdade e ética”29.
hierárquico.
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
Resposta: “C”. Disciplina a Lei nº 8.112/1990: “Art. 40. devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do
Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de serviço público que se intensificavam com a ineficácia do
cargo público, com valor fixado em lei. Art. 41. Remuneração diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu,
é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens assim, da necessidade de acabar com os atos atentatórios
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei”. O vencimento, à moralidade administrativa e causadores de prejuízo ao
salvo pagamento de horas extraordinárias, tende a ser fixo; já erário público ou ensejadores de enriquecimento ilícito,
as vantagens pecuniárias e as indenizações são variáveis. infelizmente tão comuns no Brasil.

A. O servidor será remunerado. Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públicos


passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de
B. Podem ser fixas ou variáveis as parcelas. improbidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11,
ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas
D. Fixada em lei. distintas de responsabilidade (civil, penal e administrativa)

29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional


esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

65
impede falar-se em bis in idem, já que, ontologicamente, CAPÍTULO I
não se trata de punições idênticas, embora baseadas no
mesmo fato, mas de responsabilização em esferas distintas Das Disposições Gerais
do Direito.

A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de


improbidade administrativa em três categorias: Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
agente público, servidor ou não, contra a administração direta,
a) Ato de improbidade administrativa que importe indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
enriquecimento ilícito; Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
ao erário; concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
c) Ato de improbidade administrativa que atente contra
os princípios da administração pública. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta
lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
ATENÇÃO: os atos de improbidade administrativa não entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
simultaneamente um ato de improbidade administrativa menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que é anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por ambos, repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
nas duas esferas.
“Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como vítima do
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ato de improbidade administrativa”. A lei adota uma noção
inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) ampla, pela qual são abrangidas entidades que, sem integrarem
a Administração, possuem alguma espécie de conexão com ela.30
e daqueles que podem praticar os atos de improbidade
administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação do
O agente público pode ser ou não um servidor público.
dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio público;
O conceito de agente público é melhor delimitado no artigo
após, traz a tipologia dos atos de improbidade administrativa,
seguinte.
isto é, enumera condutas de tal natureza; seguindo-se à
definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, descreve os
Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou órgão
procedimentos administrativo e judicial.
que desempenhe diretamente o interesse do Estado. Assim,
estão incluídos todos os integrantes da administração direta,
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos indireta e fundacional, conforme o preâmbulo da legislação.
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, Pode até mesmo ser uma entidade privada que desempenhe
cargo, emprego ou função na administração pública direta, tais fins, desde que a verba de criação ou custeio tenha sido ou
indireta ou fundacional e dá outras providências. seja pública em mais de50% do patrimônio ou receita anual.
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elementos Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entidade
importantes para a sua boa compreensão: privada a qual o Estado não tenha concorrido para criação
ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei.
a) o agente público pode estar exercendo mandato, Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a
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quando for eleito para tanto; cargo, no caso de um conjunto 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se
de atribuições e responsabilidades conferido a um servidor aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção patrimonial
submetido a regime estatutário (é o caso do ingresso por se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contribuição
concurso); emprego público, se o servidor se submeter a dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo causado for
regime celetista (CLT); função pública, que corresponde à maior que a efetiva contribuição por parte do poder público,
categoria residual, valendo para o servidor que tenha tais o ressarcimento terá que ser buscado por outra via que não a
atribuições e responsabilidades mas não exerça cargo ou ação de improbidade administrativa.
emprego público. Percebe-se que o conceito de agente
público que se sujeita à lei é o mais amplo possível. Basicamente, o dispositivo enumera os principais sujeitos
passivos do ato de improbidade administrativa, dividindo-os
b) o exercício pode se dar na administração direta, em três grupos: a) pessoas da administração direta, diretamente
indireta ou fundacional. A administração pública apresenta vinculados a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios;
uma estrutura direta e outra indireta, com seus respectivos b) pessoas da administração indireta, isto é, autarquias,
órgãos. Por exemplo, são órgãos da administração direta os fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
ministérios e secretarias, isto é, os órgãos que compõem economia mista; c) pessoa cuja criação ou custeio o erário
a estrutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; são tenha contribuído com mais de 50% do patrimônio ou
integrantes da administração indireta as autarquias, receita naquele ano.
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista. 30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

66
No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos Trata-se de referência expressa aos princípios do art. 37,
secundários, que são: a) entidades que recebam subvenção, caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da eficiência,
benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pessoa cuja o que não significa que possa ser desrespeitado, afinal, ele é
criação ou custeio o erário tenha contribuído com menos de abrangido indiretamente.
50% do patrimônio ou receita naquele ano.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente se-á o integral ressarcimento do dano.
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigida
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades monetariamente de todos os valores que foram retirados do
mencionadas no artigo anterior. patrimônio público. No entanto, destaca-se que a lei garante
não só o integral ressarcimento, mas também a devolução
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que do enriquecimento ilícito: mesmo que a pessoa não cause
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, prejuízo direto ao erário, mas lucre com um ato de improbidade
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou administrativa, os valores devem ir para os cofres públicos.
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente
Os sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos
se dividem em duas categorias: os agentes públicos, definidos ao seu patrimônio.
no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°.
Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que, por
“Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto
alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua denominado responsabilidade civil, que tem como elementos:
colaboração, ciente da desonestidade do comportamento, ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou deixar
Em outros, obtém benefícios do ato de improbidade, muito de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a
embora sabedor de sua origem escusa”31. vontade de cometer uma violação de direito e culpa é a falta
de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a
A ampla denominação de agentes públicos conferida ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos atos ou material, econômico e não econômico). É a este instituto
de improbidade administrativa. Percebe-se a amplitude que se relacionam as sanções da perda de bens e valores e de
pelos elementos do conceito: ressarcimento integral do dano.

O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado é o


a) Tempo: exercício transitório ou definitivo;
material. No caso, há um correspondente financeiro direto, de
modo que a condenação será no sentido de pagar ao Estado o
b) Remuneração: existente ou não;
equivalente ao prejuízo causado.
c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, designação,
O agente público e o terceiro que com ele concorra
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
responderão pelos danos causados ao erário público com
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função;
seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patrimoniais

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acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano causado
d) Local do exercício: em qualquer entidade que possa deverá ser ressarcido em sua totalidade.
ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário de uma ONG
criada pelo Estado é considerado agente público para os Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
efeitos desta lei. patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá
a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as condutas representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
de induzir ou concorrer em relação ao agente público, ou bens do indiciado.
seja, incentivando-o ou mesmo participando diretamente
do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa jurídica, deve Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
necessariamente ser pessoa física. caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia resultante do enriquecimento ilícito.
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no Será oferecida representação ao Ministério Público para que
trato dos assuntos que lhe são afetos. ele postule a indisponibilidade dos bens do indiciado, de modo
a garantir que ele não aliene seu patrimônio para não reparar
o ilícito. Por indisponibilidade entende-se bloquear os bens
31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de para que não sejam vendidos ou deteriorados, garantindo que
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, o dano possa ser reparado quando da condenação judicial.
2010.

67
A indisponibilidade será suficiente para dar integral Seção I
ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo
patrimonial resultante do ilícito. Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
improbidade administrativa, os herdeiros arcarão com o vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
dever de ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
deixar como herança. mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa


se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito
CAPÍTULO II + resultante de uma vantagem patrimonial indevida + em
razão do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou
Dos Atos de Improbidade Administrativa
outra atividade nas entidades do artigo 1°:

a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não


se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
Como não é possível ser desonesto sem saber que se está
ditames morais, notadamente no desempenho de função de
agindo desta forma, o elemento comum a todas as hipóteses
interesse estatal.
de improbidade administrativa é o dolo, que consiste na
intenção do agente em praticar o ato desonesto (alguns
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial
entendem como inconstitucionais todas as referências a
ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
condutas culposas - inclusive parte do STJ).
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
um policial recebe propina pratica ato de improbidade
Os atos de improbidade administrativa foram divididos,
administrativa, mas não atinge diretamente os cofres
originalmente, em três grupos, nos artigos 9°, 10 e 11,
públicos).
conforme a gravidade do ato, indo do grupo mais grave ao
menos grave. Em seguida, foi inserido um novo grupo no
c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que
artigo 10-A. A cada grupo é aplicada uma espécie diferente
realmente exista o enriquecimento ilícito decorrente de uma
de sanção no caso de confirmação da prática do ato apurada
vantagem patrimonial indevida.
na esfera administrativa.
d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se
Nos três grupos originais do capítulo II, enquanto o caput
enriquecer ilicitamente por negligência, imprudência ou
traz as condutas genéricas, os incisos delimitam condutas
imperícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com
específicas, que nada mais são do que exemplos de situações
intenção).
do caput, logo, os incisos são uma relação meramente
exemplificativa32, sendo suficiente bem compreender
e) Não cabe prática por omissão.33
como encontrar os requisitos genéricos para fins de provas.
No grupo acrescido posteriormente, o legislador não
Entende Carvalho Filho34 que no caso do art. 9° o requisito
discriminou em incisos as condutas praticáveis.
é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pressuposto
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exigível do tipo é a percepção de vantagem patrimonial


ilícita obtida pelo exercício da função pública em geral.
Pressuposto dispensável é o dano ao erário”. O elemento
#FicaDica subjetivo é o dolo, pois fica difícil imaginar que um servidor
obtenha vantagem indevida por negligência, imprudência
Todos os atos de improbidade descritos nos ou imperícia (culpa). Da mesma forma, é incompatível com
artigos 9o, 10 e 11 contam com um rol de a conduta omissiva, aceitando apenas a comissiva (ação).
condutas que se enquadram nos elementos do
caput. Contudo, basta o enquadramento no ATENÇÃO: todas as condutas descritas abaixo são meros
caput para se caracterizar o ato de improbidade exemplos de condutas compostas pelos elementos genéricos
administrativa. Significa dizer que o rol é apenas da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles presentes, não
exemplificativo em cada um dos artigos. importa a ausência de dispositivo expresso no rol abaixo.

33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.


ed. São Paulo: Método, 2011.
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 34 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

68
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica
ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
atribuições do agente público; mencionadas no art. 1º desta lei;
Significa receber qualquer vantagem econômica, Da mesma forma, é vedado o recebimento de vantagens
inclusive presentes, de pessoas que tenham interesse direto para fazer declarações falsas na avaliação de obras e serviços
ou indireto em que o agente público faça ou deixe de fazer em geral.
alguma coisa.

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de


II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas patrimônio ou à renda do agente público;
no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, A desproporção entre o rendimento percebido no
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público exercício das funções e o patrimônio acumulado é um
ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior forte indício da percepção indevida de vantagens. Claro, se
ao valor de mercado; comprovada que a desproporção se deu por outros motivos
lícitos, não há ato de improbidade administrativa (por
Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior, na exemplo, ganhar na loteria ou receber uma boa herança).
qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, troca
ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso ao
de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que causa
prejuízo direto ao erário. VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por
móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público,
mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel pertencente durante a atividade;
ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço inferior ao
O agente público não pode trabalhar em funções
de mercado.
incompatíveis com as que desempenha para o Estado,
notadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele
tomadas no exercício das funções públicas. Afinal, aceitando
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, uma posição que comprometa sua imparcialidade, o agente
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, prejudicará o interesse público.
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por
essas entidades; IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender ao
Estado e, consequentemente, à preservação do bem comum Para que as verbas públicas sejam liberadas ou aplicadas
na sociedade. Logo, quando um servidor público utiliza esta há todo um procedimento estabelecido em lei, não cabendo

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estrutura material ou pessoal para atender aos seus próprios ao servidor violá-lo e muito menos receber vantagem por
interesses, causa prejuízo direto aos cofres públicos e obtém tal violação. Há improbidade, por exemplo, na fraude em
uma vantagem indevida (a natural vantagem decorrente do licitação.
uso de algo que não lhe pertence).

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,


V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de ou declaração a que esteja obrigado;
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de A percepção de vantagem econômica para omitir
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, qualquer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato de
Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou omitido improbidade administrativa.
para facilitar condutas como lenocínio (explorar, estimular
ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envolver-se em
atividades no mundo das drogas, como venda e distribuição),
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
contrabando (importar ou exportar mercadoria proibida),
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
usura (agiotagem, fornecer dinheiro a juros absurdos) ou
qualquer outra atividade ilícita. Se, ainda por cima, se obter patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
vantagem indevida pela tolerância da prática do ilícito, resta XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
caracterizado um ato de improbidade administrativa da valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
espécie mais grave, ora descrita neste art. 9° em estudo. mencionadas no art. 1° desta lei.

69
Como visto, todo o aparato material e financeiro Para Carvalho Filho38, não há inconstitucionalidade na
propiciado para o desempenho das funções públicas modalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
pertencem à máquina estatal e devem servir ao bem comum, conforme o agente aja com dolo ou culpa.
não cabendo a utilização em proveito próprio, o que gera
uma natural vantagem econômica, sob pena de incidir em O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige
improbidade administrativa. que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas,
basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida,
incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção da
vantagem indevida, os tipos exemplificados se aproximam
Seção II muito dos previstos nos incisos do art. 9°.

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Pre-


juízo ao Erário I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que desta lei;
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
O grupo intermediário de atos de improbidade III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
administrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências,
ao erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
ou dilapidação do patrimônio público. Assim como o artigo entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância
anterior, o caput descreve a fórmula genérica e os incisos das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
algumas atitudes específicas que exemplificam o seu
conteúdo.35 Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram
a estrutura da administração pública somente devem ser
a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídica
é a transferência indevida para a própria propriedade; e mesmo a simples utilização deve obedecer aos ditames
malbaratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que legais. Quem agir, aproveitando da função pública, de modo
se refere a destruição.36 a permitir tais situações, incide em ato de improbidade
b) É preciso que seja causado dano a uma das pessoas do administrativa, ainda que não receba nenhuma vantagem
art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimento ilícito é dispensável. por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está presente
c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão. um ato do art. 9°, categoria mais grave).
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público,
em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por
ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser
preservado e sua transmissão/utilização deve obedecer a
Este artigo admite expressamente a variante culposa, legislação vigente.
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o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ,


no REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da
inconstitucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
do STJ consolidou a tese de que é indispensável a existência de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com
negligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”37. Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do
artigo anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não perceber
35 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exatamente
ed. São Paulo: Método, 2011. pela falta deste elemento que o ato se enquadra na categoria
intermediária, e não mais grave, dentro da classificação das
36 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
improbidades.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.
37 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade em: 26 mar. 2013.
administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públi- 38 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
cos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso 2010.

70
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
enriqueça ilicitamente;
VI - realizar operação financeira sem observância
das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia Como visto, quanto o agente público obtém vantagem
insuficiente ou inidônea; própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais graves
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem do artigo anterior. Caso concorde com o enriquecimento
a observância das formalidades legais ou regulamentares ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior hierárquico,
aplicáveis à espécie; ou colabore para que ele ocorra, também cometerá ato de
improbidade administrativa, embora de menor gravidade.
A realização de operações financeiras, como a liberação
de verbas e o investimento destas, e a concessão de benefícios
são papéis muito importantes desempenhados pelo agente
público, que deverá cumprir estritamente a lei. XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
processo seletivo para celebração de parcerias com entidades
contratados por essas entidades.
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
Não se deve permitir que terceiros utilizem do aparato da
Processo licitatório é aquele em que se realiza a licitação,
máquina estatal, tanto material quanto pessoal, mesmo que
procedimento detalhado prescrito em lei pelo qual o Estado
não se obtenha vantagem alguma com tal concessão.
contrata serviços, adquire produtos, aliena bens, etc. A
finalidade de cumprir o procedimento legal de forma estrita
é garantir a preservação do interesse da sociedade, não
cabendo ao agente público passar por cima destas regras (Lei XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
n° 8.666/93). por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
formalidades previstas na lei.
autorizadas em lei ou regulamento;
A celebração de contratos de qualquer natureza
Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Poder
compromete diretamente o orçamento público, causando
Público encontram respectiva previsão em alguma lei ou
prejuízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as prescrições
diretriz orçamentária.
legais que disciplinam a celebração de contratos
administrativos, deliberando com responsabilidade a
respeito das contratações necessárias e úteis ao bem comum.
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo
ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do
patrimônio público;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para
A arrecadação de tributos é essencial para a manutenção a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física
da máquina estatal, não podendo o agente público ser ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos
negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que tange ao transferidos pela administração pública a entidades privadas
levantamento desta renda. mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

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XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
públicos transferidos pela administração pública a entidade
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
privada mediante celebração de parcerias, sem a observância
aplicação irregular;
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso espécie;
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
interesse estatal. entidades privadas sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta categoria
intermediária de atos de improbidade administrativa: que XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para celebração
seja causado prejuízo ao erário, sem que o agente responsável de parcerias da administração pública com entidades
pelo dano receba vantagem indevida. A questão é preservar privadas ou dispensá-lo indevidamente;
o interesse estatal, garantindo que os bens e verbas públicas XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e
sejam corretamente utilizados, arrecadados e investidos. análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas;
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas sem a estrita
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular.

71
Seção II-A a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais;

Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro dispensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erário;
ou Tributário
c) Somente é possível a prática de algum destes atos
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) com dolo (intenção);

d) Cabe a prática por ação ou omissão.

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter para não permitir a caracterização de abuso de poder,
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem diante do conteúdo aberto do dispositivo.
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de
31 de julho de 2003. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se
aplica quando o ato de improbidade administrativa não
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou dano ao
de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). erário.
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive competência;
de redução de base de cálculo ou de crédito presumido II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, ofício;
direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens IV - negar publicidade aos atos oficiais;
7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar. V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou fazê-lo;
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
fixando-se a alíquota mínima em 2%. de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de mercadoria, bem ou serviço.
sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2% VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fiscal), fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas
prejudicando os municípios vizinhos. pela administração pública com entidades privadas.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade acessibilidade previstos na legislação.
administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da X - transferir recurso a entidade privada, em razão
alíquota mínima. da prestação de serviços na área de saúde sem a prévia
celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere,
nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de
19 de setembro de 1990 (Lei do SUS).
Seção III
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É possível perceber, no rol exemplificativo de condutas


Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam do artigo 11, que o agente público que pratique qualquer
ato contrário aos ditames da ética, notadamente os
Contra os Princípios da Administração Pública originários nos princípios administrativos constitucionais,
pratica ato de improbidade administrativa.

Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos


Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa visando o bem comum, agir com efetividade e rapidez,
que atenta contra os princípios da administração pública manter sigilo a respeito dos fatos que tenha conhecimento
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de devido a sua função, tornar públicos os atos oficiais, zelar
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às pela boa realização de atos administrativos em geral (como
instituições, e notadamente: a realização de concurso público), prestar contas, entre
outros.
O grupo mais ameno de atos de improbidade
administrativa se caracteriza pela simples violação a
princípios da administração pública, ou seja, aplica-se a
qualquer atitude do sujeito ativo que viole os ditames éticos
do serviço público. Isto é, o legislador pretende a preservação
dos princípios gerais da administração pública.39
39 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
ed. São Paulo: Método, 2011.

72
CAPÍTULO III Em todos os casos há perda da função pública.

Das Penas Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções


de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de
contratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme
a gravidade do ato, enquanto que na quarta categoria apenas
se prevê a suspensão de direitos políticos e a multa.
Art. 12. Independentemente das sanções penais,
civis e administrativas previstas na legislação específica,
Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções por
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às atos de improbidade administrativa, que se encontra no art.
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou 37, § 4º, CF:
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos Os atos de improbidade administrativa importarão a
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública,
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público cabível.
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, #FicaDica
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, A única sanção que se encontra prevista na
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°,
suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição disto, pois nada impediria de o legislador
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou infraconstitucional ampliasse a relação mínima
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, de penalidades da Constituição, pois esta não
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio limitou tal possibilidade e porque a lei é o
majoritário, pelo prazo de cinco anos; instrumento adequado para tanto1.
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano,
se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos.
até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios de Janeiro: Lumen juris, 2010.
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa Carvalho Filho40 tece considerações a respeito de algumas
civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário das sanções:
concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem

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o proveito patrimonial obtido pelo agente. escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar de
origem ilícita”.
As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são de
natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil. b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que
engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e
Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente juros de mora.
obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica
indevida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá c) Perda de função pública: “se o agente é titular de
não só reparar eventual dano causado mas também colocar mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação.
nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. Ou Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço
seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevidamente público. Havendo contrato de trabalho (servidores trabalhistas
ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado aos cofres e temporários), a perda da função pública se consubstancia
públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No caso pela rescisão do contrato com culpa do empregado. No caso
do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas sempre de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações,
existirá dano ao erário, o qual será reparado (eventualmente, a perda se dará pela revogação da designação”. Lembra-se
ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor adquirido que determinadas autoridades se sujeitam a procedimento
ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode especial para perda da função pública, ponto em que não se
ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Na aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
hipótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento 40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
guerra fiscal pode gerar
2010.

73
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta
margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base
será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A natureza da multa é de sanção civil,
não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo.

e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio
majoritário da instituição vitimada.

f) Proibição de contratar: o agente punido não pode participar de processos licitatórios.

#FicaDica
Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11
Suspensão de direitos
8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
políticos
Até 3X o valor do
Até 3X o Até 2X o Até 100X o valor da
benefício financeiro
Multa enriquecimento dano remuneração
ou tributário
experimentado causado. do agente
concedido
Vedação de
contratação ou 10 anos 5 anos – 3 anos
vantagem

CAPÍTULO IV

Da Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens
e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do
cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato,
cargo, emprego ou função.
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§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias
atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de agente público deve apresentar declaração de bens que deverá ser
renovada anualmente (§2°) sob pena de demissão (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das atribuições de agente
público.

A finalidade é a de assegurar que o agente público não receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para fiscalizá-lo
caso o faça.

Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os do agente público, mas também os de seus dependentes. Por isso,
não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas que dele dependam,
e não em seu nome.

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CAPÍTULO V Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial existência de procedimento administrativo para apurar a
prática de ato de improbidade.

Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou


Desde logo, destaca-se que o procedimento na via Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
administrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação representante para acompanhar o procedimento
de sanções de improbidade. Após o encerramento do processo administrativo.
administrativo, deverá ser ajuizada ação de improbidade
administrativa. Na sentença judicial será possível aplicar as A lei fala em comissão processante, mas o órgão
sanções da lei de improbidade administrativa.41 encarregado do processo de investigação pode receber
outra nomenclatura conforme o sistema funcional de cada
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade entidade42.
administrativa competente para que seja instaurada
investigação destinada a apurar a prática de ato de O importante é saber que este órgão terá que informar
improbidade. ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a existência do
procedimento administrativo apurando o ato de improbidade,
O artigo 14 repete um direito assegurado na Constituição que poderão designar representante para acompanhá-lo. O
Federal, qual seja o direito de representação, previsto no art. objetivo da lei foi contribuiu para a formação da convicção
5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, independentemente dos representantes destes órgãos desde logo.
do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
de poder; [...]”. Logo, se o art. 14 não existisse, ainda seria comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria
possível que o particular representasse o agente público. do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação
do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio
termo e assinada, conterá a qualificação do representante, público.
as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento. § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
em despacho fundamentado, se esta não contiver as § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação,
formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
não impede a representação ao Ministério Público, nos financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da
termos do art. 22 desta lei. lei e dos tratados internacionais.

O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não Se existirem indício veementes da prática do ato de
respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa improbidade administrativa, a comissão processante poderá
(§2°). Ainda assim, em caso de rejeição, será possível representar ao Ministério Público ou ao órgão jurídico da
representar ao Ministério Público. Supondo, por exemplo, pessoa lesada para que estes postulem o sequestro/arresto
que a pessoa não queira se identificar - a representação será de bens do terceiro ou agente que tenham enriquecido
rejeitada, mas o Ministério Público poderá apurar o fato. ilicitamente.

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As exigências do §1° servem para evitar denúncias O arresto parece ser uma medida mais adequada (arts. 813
irresponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos credores, ou seja,
Ministério Público poderá instaurar procedimento para por ser mais abrangente.
apurar uma denúncia anônima.
Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta lei no
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a sentido de representar ao Ministério Público para postular a
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, indisponibilidade de bens.
em se tratando de servidores federais, será processada na
forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que
dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares. deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador do
dano, assegurando sua reparação futura.
O §3° remete à existência de regras próprias do processo
administrativo disciplinar para as diferentes categorias de O procedimento administrativo se encontra disciplinado
servidores. Por exemplo, aos servidores públicos federais dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A partir daqui,
será aplicada a Lei n° 8.112/90. trata-se da ação de improbidade administrativa que deve
tramitar na via judicial (artigos 17 e 18).

41 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

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Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será polo ativo. No entanto, como pessoa jurídica não figura como
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica ré de ação de improbidade administrativa, somente cabe a
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida aplicação do dispositivo no sentido de autorizar que a pessoa
cautelar. jurídica reforce o pedido de reconhecimento de improbidade
e de aplicação de sanções ao lado do Ministério Público.
“Ação de improbidade administrativa é aquela que pretende
o reconhecimento judicial de condutas de improbidade da § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
Administração, perpetradas por administradores públicos e como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
terceiros, e a consequente aplicação das sanções legais, com o pena de nulidade.
escopo de preservar o princípio da moralidade administrativa.
Sem dúvida, cuida-se de poderoso instrumentos de controle A atuação do Ministério Público nos processos judiciais
judicial sobre atos que a lei caracteriza como de improbidade”43. pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como fiscal da
lei, quando outro legitimado o fizer. No caso, como também
Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, o prazo a pessoa jurídica de direito público prejudicada pode ajuizar
para que seja ajuizada a ação de improbidade administrativa é a ação, se o fizer, o Ministério Público atuará como fiscal da
de 30 dias, sob pena de perda da eficácia da medida (bens e lei, sob pena de nulidade.
verbas são desbloqueados).
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação pode ser para todas as ações posteriormente intentadas que possuam
proposta tanto pelo Ministério Público quanto pela pessoa a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
jurídica interessada.
Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as ações
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato de que sejam propostas com mesma causa de pedir (fatos e
improbidade. fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam julgadas
pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que primeiro for
No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento do proposta a ação.
ato de improbidade administrativa, depois, a aplicação das
sanções cabíveis. § 6o A ação será instruída com documentos ou
justificação que contenham indícios suficientes da existência
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
de que trata o caput. impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente, inclusive as disposições
Não é permitido fazer acordos porque a apuração do inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
ato de improbidade administrativa é de interesse público,
sobre o qual não se pode transacionar. Seria absurdo alguém A ação de improbidade administrativa será instruída
prejudicar o erário e se livrar da condenação judicial apenas com provas do ato de improbidade administrativa praticado,
por ter aceitado um acordo quando descoberto seu ato. geralmente o processo administrativo que tramitou
anteriormente. Todas estas provas serão explicadas,
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as fundamentando porque restou caracterizado o ato de
ações necessárias à complementação do ressarcimento do improbidade.
patrimônio público.
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
Caso não tenha sido totalmente recomposto o patrimônio autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
com a ação de improbidade, a Fazenda Pública ajuizará ação manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
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própria. documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.

§ 3° No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Se a petição inicial preencher os requisitos do parágrafo
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o anterior e os demais requisitos processuais civis, o requerido
do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. será notificado para se manifestar por escrito e, se quiser,
apresentar documentos.
Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65:
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de
A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação,
cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de se convencido da inexistência do ato de improbidade, da
contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente. § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
apresentar contestação.
Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo que
a pessoa jurídica inicia o processo como legitimado passivo, Se o juiz se convencer com as informações da
mas, como é invertido o interesse processual, passa para o manifestação do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá
definitivamente a petição inicial e determinará a citação do
43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de réu para contestar a ação.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

76
§ 10 Da decisão que receber a petição inicial, caberá CAPÍTULO VI
agravo de instrumento.
Das Disposições Penais
Agravo de instrumento é o recurso interposto contra
decisões que não colocam fim no processo.

§ 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
processo sem julgamento do mérito. quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Durante o processo o juiz pode perceber que a ação de Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
improbidade administrativa não deveria ter sido aceita, caso
em que a extinguirá. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas morais ou à imagem que houver provocado.
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221,
caput e § 1o, do Código de Processo Penal. A legislação pretende que as denúncias de atos de
improbidade administrativas sejam sérias e fundamentadas,
Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP: não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele não faz
parte exatamente das outras penalidades da lei, por isso
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os exatamente que está apartado das demais.
senadores e deputados federais, os ministros de Estado,
os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Este crime será denunciado e apurado perante um juízo
Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, criminal, fora da ação de improbidade administrativa. O
os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os artigo 19 é um crime a ser denunciado em ação penal pública
membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos proposta pelo Ministério Público, único legitimado.
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos Na verdade, ele não passa de uma forma específica da
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. denunciação caluniosa do Código Penal.
§ 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e policial, de processo judicial, instauração de investigação
do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que
formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão o sabe inocente. Pena - reclusão de 2 a 8 anos e multa.
transmitidas por ofício.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
depoimentos de determinados agentes públicos. sentença condenatória.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no competente poderá determinar o afastamento do agente
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho

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prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) necessária à instrução processual.
O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpretando Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para
o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para propositura da suspender direitos políticos e determinar a perda da função
ação a pessoa jurídica de direito público que seria beneficiada pública. O máximo que é possível, visando garantir a
pela alíquota que deveria ter sido recolhida na esfera de seu instrução processual, é afastar o agente público do exercício
município pois nele que o prestador se encontrava. do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita a
ação de improbidade administrativa.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão independe:
dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
prejudicada pelo ilícito. I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
salvo quanto à pena de ressarcimento;
Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas das II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
sanções que poderão ser aplicadas na sentença da ação de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
improbidade administrativa. Não significa que as demais Não importa se o ato praticado pelo agente não causou
sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis. dano ao erário, tanto que existem os atos da categoria mais
leve (artigo 11).

77
Também é irrelevante se o Tribunal de Contas aprovou ou
rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora isto sirva de
elemento de prova. EXERCÍCIO COMENTADO
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
administrativa ou mediante representação formulada 1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018)
de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar Está CORRETO o que se afirma em:
a instauração de inquérito policial ou procedimento
administrativo. A. A Lei n. 8.429/1992 veda, expressamente, transação, acordo
ou conciliação nas ações de improbidade administrativa.
O Ministério Público poderá requisitar a instauração
de inquérito policial ou procedimento administrativo de B. A violação a quaisquer dos princípios da Administração
ofício, a pedido da autoridade administrativa ou mediante Pública pode constituir ato de improbidade administrativa,
representação. independente da aferição de culpa ou dolo do agente.

C. Embora o ato de improbidade administrativa, quando


praticado por servidor público, também corresponda
CAPÍTULO VII a um ilícito administrativo, não há obrigatoriedade de
instauração do procedimento adequado à apuração
Da Prescrição da responsabilidade pela autoridade administrativa
competente, haja vista que as sanções previstas no artigo
37, § 4º, da CR/88 somente podem ser aplicadas após o
trânsito em julgado de sentença condenatória.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
previstas nesta lei podem ser propostas: D. Entre os legitimados ativos para propor a ação de
improbidade administrativa figuram o Ministério Público,
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, empresa incorporada ao patrimônio público e entidade
de cargo em comissão ou de função de confiança; para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica concorra com cinquenta por cento do patrimônio ou da
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do receita anual.
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
emprego. Resposta: “A”. Disciplina a Lei nº 8.429/1992: “Art. 16.
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
direito de acionar judicialmente. representará ao Ministério Público ou à procuradoria do
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
A ação de improbidade administrativa não poderá ser sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório - ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. § 1º É
passados 5 anos após o término do exercício de mandato, vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que
cargo em comissão ou função de confiança pelo réu; trata o caput”.
b) prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do
prazo prescricional previsto em lei específica para faltas B. Os atos administrativos que atentam contra princípios da
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço administração devem ser dolosos (artigo 11, LIA).
público (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 anos a
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contar da data em que o fato se tornou conhecido). C. Nada impede a instauração concomitante de processo
administrativo, até porque são independentes as esferas.

D. “Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será


CAPÍTULO VIII proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
cautelar” (LIA).
Das Disposições Finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de


junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência


e 104° da República.

78
2) (CBTU - Técnico Industrial - TIN - Edificações - “O poder administrativo representa uma prerrogativa
FUMARC/2016) Constitui ato de improbidade especial de direito público outorgada aos agentes do Estado.
administrativa que atenta contra os princípios da Cada um desses terá a seu cargo a execução de certas funções.
administração pública: Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos agentes,
devem eles exercê-las, pois que seu exercício é voltado para
A. Celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro dos limites que
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão a lei traçou, pode dizer-se que usaram normalmente os seus
associada sem observar as formalidades previstas na lei. poderes. Uso do poder, portanto, é a utilização normal, pelos
agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”44.
B. Celebrar parcerias da administração pública com
entidades privadas sem a observância das formalidades Neste sentido, “os poderes administrativos são
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie. outorgados aos agentes do Poder Público para lhes permitir
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo
C. Permitir que se utilizem, em obra ou serviço particular, assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª)
veículos, máquinas, equipamentos ou material de são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° dessa lei, públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes
bem como o trabalho de servidor público, empregados ou para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício
terceiros contratados por essas entidades. e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em
última instância, a coletividade, esta a real destinatária de
D. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder administrativo é
das atribuições e que deva permanecer em segredo. que se denomina de poder-dever de agir”45. Percebe-se que,
diferentemente dos particulares aos quais, quando conferido
Resposta: “D”. Neste sentido, a Lei nº 8.429/1992: “Art. 11. um poder, podem optar por exercê-lo ou não, a Administração
Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra não tem faculdade de agir, afinal, sua atuação se dá dentro
os princípios da administração pública qualquer ação ou de objetos de interesse público. Logo, a abstenção não pode
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, ser aceita, o que transforma o poder de agir também num
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: [...] III - dever de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito,
revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das o agente omisso poderá ser responsabilizado.
atribuições e que deva permanecer em segredo”.
Os poderes da Administração se dividem em: vinculado,
A, B e C. São todos atos de improbidade que implicam em discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamentar e de
lesão ao erário, previstos no artigo 10, respectivamente, polícia.
nos incisos XIV, XVIII e XIII.

Forma vinculada
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Quando o poder se manifesta numa forma vinculada
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva ser
praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por completo
ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, o agente apenas
reproduz os elementos da lei. Afinal, o administrador se
O Estado possui papel central de disciplinar a sociedade. encontra diante de situações que comportam solução única

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Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes que anteriormente prevista por lei. Portanto, não há espaço
exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições, para que o administrador faça um juízo discricionário, de
são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis conveniência e oportunidade. Ele é obrigado a praticar o
à consecução dos fins públicos, que são os poderes ato daquela forma, porque a lei assim prevê. Ex.: pedido de
administrativos. Em contrapartida, surgirão deveres
aposentadoria compulsória por servidor que já completou
específicos, que são deveres administrativos.
70 anos; pedido de licença para prestar serviço militar
obrigatório.
Os poderes conferidos à administração surgem
como instrumentos para a preservação dos interesses da
coletividade. Caso a administração se utilize destes poderes
para fins diversos de preservação dos interesses da sociedade,
estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em
ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar
controle dos atos administrativos que impliquem em excesso
ou abuso de poder.
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
colocados como prerrogativas de direito público conferidas 2010.
aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Estado
45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a
estes poderes, surgem deveres ao administrador. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

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Forma discricionária Uso do poder e deveres da administração

Existem situações em que o próprio agente tem a Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei
exercício do poder se manifesta na forma discricionária o lhes confere”48. Significa que se um agente toma suas atitudes
administrador não está diante de situações que comportam dentro dos limites dos poderes administrativos, está agindo
solução única. Possui, assim, um espaço para exercer um conforme a lei. Um dos principais guias para determinar
juízo de valores de conveniência e oportunidade. se a ação está ou não em conformidade é o dos deveres
administrativos.
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o ato
é praticado quanto, num momento futuro, na circunstância Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
de sua revogação. obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições
que exercem. Dentre os principais, podem ser citados os
Uma das principais limitações à discricionariedade seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do assunto:
é a adequação, correspondente à adequação da conduta
escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O - Dever de probidade: trata-se de um dos deveres mais
segundo limite é o da verificação dos motivos46. Neste relevantes, correspondendo à obrigação do agente público
sentido, discricionariedade não pode se confundir com de agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade
arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a administrativa e o interesse público. A violação deste dever
ela caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário. caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo
37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas penas,
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo como suspensão de direitos políticos, perda da função
de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale pública, proibição de contratar com o poder público, multa,
dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou além de restituição ao erário por enriquecimento ilícito e/ou
aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de reparação de danos causados ao erário.
conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a conduta.
A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da legalidade dos - Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo
administrador não lhe pertence, é seu dever prestar contas
atos, não poderá questionar critérios que a própria lei defere
do que realizou à coletividade, isto é, informar em detalhes
ao administrador. [...] Modernamente, os doutrinadores
qual o destino dado às verbas e aos bens sob sua gestão. Este
têm considerado os princípios da razoabilidade e da
dever abrange não só aqueles que são agentes públicos, mas
proporcionalidade como valores que podem ensejar o
a todos que tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens
controle da discricionariedade, enfrentando situações que, ou interesses públicos, independentemente de serem ou não
embora com aparência de legalidade, retratam verdadeiro administradores públicos.
abuso de poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de
controle reflete ofensa ao princípio republicano da separação “A prestação de contas de administradores pode ser
dos poderes”47. realizada internamente através dos órgãos escalonados
em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser
dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, mais que ele o órgão de representação popular. No Legislativo se
nunca, o dever de motivar se faz presente, demonstrando que situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua
não houve arbítrio na decisão tomada pelo administrador. especialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação
Basicamente, não é porque o administrador tem liberdade de contas dos administradores”49.
para decidir de outra forma que o fará sem cometer
arbitrariedades e, caso o faça, incidirá em ilicitude. O ato - Dever de eficiência: a atividade administrativa deve
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discricionário que ofenda os parâmetros da razoabilidade ser célere e técnica, mesclando qualidade e quantidade.
é atentatório à lei. Afinal, não obstante a discricionariedade Para tanto, é necessário atribuir competências aos cargos
seja uma prerrogativa da administração, o seu maior objetivo conforme a qualificação exigida para ocupá-los; bem como
é o atendimento aos interesses da coletividade. desempenhar atividades com perfeição, coordenação,
celeridade e técnica. Não significa que perfeccionismo em
excesso seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantitativo
do serviço, que também é essencial para que ele seja eficiente.
#FicaDica
Conveniência = condições em que irá agir - Dever de agir: o administrador possui um poder-dever
Oportunidade = momento em que irá agir de agir. Não se trata de mero poder, porque priorizam
Discricionariedade = oportunidade + atender ao interesse da coletividade e, em razão disso, o
conveniência poder de agir é também um dever, que é irrenunciável e
obrigatório. Ao administrador é vedada a inércia. Logo,
poderá ser responsabilizado por omissão ou silêncio,
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

80
abrindo possibilidade de obter o ato não realizado: pela
via extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de #FicaDica
petição; ou por via judicial, por intermédio de mandado de Excesso De Poder = Incompetência / Além Do
segurança, quando ferir direito líquido e certo do interessado Permitido Na Legislação
comprovado de plano, ou por ação de obrigação de fazer. Abuso De Poder = Competência = Desvio De
Finalidade / Motivos Diversos Dos Legalmente
ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é Previstos
ilegal. As denominadas omissões genéricas, que envolvem
prerrogativas de ação do administrador de caráter geral e sem
prazo determinado para atendimento, inseridas em seu poder
discricionário, não autorizam a alegação de ilegalidade por
violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a denominada PODER HIERÁRQUICO.
reserva do possível – por óbvio sempre existirão algumas
omissões tendo em vista a escassez de recursos financeiros.
Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício, não construir
um estabelecimento de ensino. São ilegais, com efeito, as
omissões específicas, que são omissões do poder público “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
mesmo diante de imposição expressa legal e prazo fixado em órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo
lei para atendimento. Nestas situações, caberá até mesmo a organização da função administrativa. E não poderia
responsabilização civil, penal ou administrativa do agente ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da
omisso. Administração Pública que não se poderia conceber sua
normal realização sem a organização, em escalas, dos agentes
e dos órgãos públicos. Em razão desse escalonamento firma-
se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomina
Abuso de poder relação hierárquica”52. Nesta relação hierárquica, surge para
a autoridade superior o poder de comando e para o seu
Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso subalterno o dever de obediência.
deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte
dos administradores das prerrogativas a eles conferidas no
Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à
âmbito dos poderes da administração, por violação expressa
administração de fixar campos de competência quanto
ou tácita da lei.
às figuras que compõem sua estrutura. É um poder de
auto-organização. É exercido tanto na distribuição de
“A conduta abusiva dos administradores pode decorrer
de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de competências entre os órgãos quanto na divisão de deveres
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua entre os servidores que o compõem. Se o ato for praticado
competência, afasta-se do interesse público que deve nortear por órgão incompetente, é inválido. Da mesma forma, se o
todo o desempenho administrativo. No primeiro caso, diz-se for praticado por servidor que não tinha tal atribuição.
que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no segundo, com
‘desvio de poder’”50. Basicamente, havendo abuso de poder Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
é possível que se caracterize excesso de poder ou desvio de o poder de revisão, consistente no poder das autoridades
poder. No excesso de poder, o agente nem teria competência superiores de revisar os atos praticados por seus
para agir naquela questão e o faz. No abuso de poder, o agente subordinados.
possui competência para agir naquela questão, mas não o
faz em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se do
fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio de poder

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


também é denominado desvio de finalidade. A conduta
abusiva é passível de controle, inclusive judicial. PODER DISCIPLINAR.
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de poder
se configura como ilegalidade. Não se pode conceber que a
conduta de um agente, fora dos limites de sua competência
ou despida da finalidade da lei, possa compatibilizar-se com Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é
a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade decorre de a hierarquia que permite aos agentes de nível superior
conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de ilegalidade e, fiscalizar as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar
como tal, sujeita-se à revisão administrativa ou judicial”51. é o poder conferido à administração para aplicar sanções aos
seus servidores que pratiquem infrações disciplinares.
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro que a
legislação não apenas confere poderes ao administrador, mas Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
também estabelece deveres. natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, destacam-
50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
se a de advertência, suspensão, demissão e cassação de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, aposentadoria.
2010.
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

81
Evidentemente que tais punições não podem ser aplicadas A classificação dos decretos e regulamentos em
sem alguns requisitos, como a abertura de sindicância ou autônomos e de execução é bastante relevante para fins de
processo disciplinar em que se garanta o contraditório e a controle judicial. Em se tratando de decreto de execução,
ampla defesa (obs.: existem cargos que somente são passíveis o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está
de demissão por sentença judicial, que são os vitalícios, como vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade como
os de magistrado e promotor de justiça). regra – não caberá controle de constitucionalidade por ações
diretas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade,
mas caberá por arguição de descumprimento de preceito
fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite
PODER REGULAMENTAR. o controle sobre atos regulamentares derivados de lei, tal
como será cabível mandado de injunção. Em se tratando de
decreto autônomo, o parâmetro de controle sempre será a
Constituição Federal, possuindo o decreto a mesma posição
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder conferido hierárquica das demais leis infraconstitucionais, ocorrendo
à administração de elaborar decretos e regulamentos. genuíno controle de constitucionalidade no caso concreto,
Percebe-se que o Poder Executivo, nestas situações, exerce por qualquer das vias.
força normativa, expedindo normas que se revestem, como
qualquer outra, de abstração e generalidade. Outra observação que merece ser feita se refere ao
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre França e corresponde à transferência de certas matérias
possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática de caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere
fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos e para outras fontes normativas, com autorização do próprio
regulamentos com capacidade de dar execução às leis editadas legislador. Na verdade, o legislador efetuará uma espécie de
pelo Poder Legislativo. Trata-se de prerrogativa complementar delegação, que não será completa e integral, pois ainda caberá
à lei, não podendo em hipótese alguma o Executivo alterar o ao Legislativo elaborar o regramento básico, ocorrendo a
seu conteúdo. Entretanto, poderá o Executivo criar obrigações transferência estritamente do aspecto técnico (denomina-
subsidiárias, que se impõem ao administrado ao lado das se delegação com parâmetros). Há quem diga que nestes
obrigações primárias fixadas na própria lei. casos não há poder regulamentar, mas sim poder regulador.
É exemplo do que ocorre com as agências reguladoras, como
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao ANATEL, ANEEL, entre outras.
Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da competência
exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. PODER DE POLÍCIA.
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de
natureza originária ou primária) ou de execução (atos É o poder conferido à administração para limitar,
de natureza derivada ou secundária), embora a essência disciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades
do poder regulamentar seja composta pelos decretos e particulares para a preservação dos interesses da
regulamentos de execução. O regulamento autônomo pode coletividade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente,
ser editado independentemente da existência de lei anterior, a taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa
se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – que se caracteriza como preço público e não podendo ser
por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

regulamentos de execução dependem da existência de lei


anterior para que possam ser editados e devem obedecer aos “A expressão poder de polícia comporta dois sentidos,
seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se sujeitam um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de polícia
a controle de legalidade. significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em
relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito, o
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamente poder de polícia se configura como atividade administrativa,
ao Presidente da República expedir decretos e regulamentos que consubstancia, como vimos, verdadeira prerrogativa
para a fiel execução da lei, atividade que não pode ser conferida aos agentes da Administração, consistente no poder
delegada, nos termos do parágrafo único. Em que pese o teor de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade”54.
do dispositivo que poderia dar a entender que a existência de
decretos autônomos é impedida, o próprio STF já reconheceu No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a
decretos autônomos como válidos em situações excepcionais. atividade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é
Carvalho Filho53, a respeito, afirma que somente são decretos obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impuser
e regulamentos que tipicamente caracterizam o poder (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade da
regulamentar aqueles que são de natureza derivada – o autor polícia administrativa, envolvendo apenas as prerrogativas
admite que existem decretos e regulamentos autônomos, dos agentes da Administração.
mas diz que não são atos do poder regulamentar.

53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2015.

82
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio Polícia judiciária e polícia administrativa
legislador estabelece no Código Tributário Nacional:
“Considera-se poder de polícia a atividade da administração Uma das mais importantes classificações doutrinárias
pública que, limitando o disciplinando direito, interesse ou corresponde à distinção entre polícia administrativa e polícia
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos se
razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN). enquadram no âmbito da função administrativa, vale dizer,
A atividade de polícia é tipicamente administrativa, razão representam atividades de gestão de interesses públicos. A
pela qual é estudada no ramo do direito administrativo. Polícia Administrativa é atividade da Administração que se
exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito
Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do da função administrativa. O mesmo não ocorre com a
poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, Polícia Judiciária, que, embora seja atividade administrativa,
a administração não precisa de manifestação do Poder prepara a atuação da função jurisdicional penal, o que
Judiciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.
a faz regulada pelo Código de Processo Penal (arts. 4º
ss) e executada por órgãos de segurança (polícia civil ou
militar), ao passo que a Polícia Administrativa o é por órgãos
Polícia-função e polícia-corporação administrativos de caráter mais fiscalizador. Outra diferença
reside na circunstância de que a Polícia Administrativa incide
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em basicamente sobre atividades dos indivíduos, enquanto a
decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena realçar Polícia Judiciária preordena-se ao indivíduo em si, ou seja,
que não há como confundir polícia-função com polícia- aquele a quem se atribui o cometimento de ilícito penal”56.
corporação: aquela é a função estatal propriamente dita Além disso, essencialmente, a Polícia Administrativa tem
e deve ser interpretada sob o aspecto material, indicando caráter preventivo (busca evitar o dano social), enquanto que
atividade administrativa; esta, contudo, corresponde à ideia a Polícia Judiciária tem caráter repressivo (busca a punição
de órgão administrativo, integrado nos sistemas de segurança daquele que causou o dano social).
pública e incumbido de prevenir os delitos e as condutas
ofensivas à ordem pública, razão por que deve ser vista sob o
aspecto subjetivo (ou formal). A polícia-corporação executa
frequentemente funções de polícia administrativa, mas a Liberdades públicas e poder de polícia
polícia-função, ou seja, a atividade oriunda do poder de
polícia, é exercida por outros órgãos administrativos além da Evidentemente, abusos no exercício do poder de
corporação policial”55. polícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
individual seja relativo perante o interesse público, existem
núcleos mínimos de direitos que devem ser preservados,
Competência mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a
faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cidadão,
A competência para exercer o poder de polícia é, a as prerrogativas individuais e as liberdades públicas que são
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de consagrados no texto constitucional.
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a
competência for concorrente, também o poder de polícia Para compreender a questão, interessante suscitar qual o
será exercido de forma concorrente. caráter do poder de polícia, se discricionário ou vinculado.
A doutrina de Meirelles57 e Carvalho Filho58 recomenda que
quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixados há

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


discricionariedade (por exemplo, quando o poder público vai
Delegação e transferência decidir se pode ou não ocorrer pesca num determinado rio),
mas quando já existem os limites o ato se torna vinculado
O poder de polícia pode ser exercido de forma originária, (no mesmo exemplo, não se pode decidir por multar um
pelo próprio órgão ao qual se confere a competência de pescador e não multar o outro por pescarem no rio em que
atuação, ou de forma delegada, mediante lei que transfira a pesca é proibida, devendo ambos serem multados). Tal
a mera prática de atos de natureza fiscalizatória (poder de raciocínio é relevante para verificar, num caso concreto, se
polícia seria de caráter executório, não inovador) a pessoas houve ou não abuso do poder de polícia. Vamos supor que
jurídicas que tenham vinculação oficial com entes públicos.
a lei fixe os limites para o ato, mas que na prática tais limites
tenham sido ignorados: não haverá discricionariedade,
Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização, no
âmbito de simples constatação, não é considerada delegação então.
do poder de polícia. Delegação ocorre quando a atividade
fiscalizatória em si é transferida. Por exemplo, uma empresa 56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
contratada para operar radares não recebeu delegação do direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
poder de polícia, mas uma guarda municipal instituída na 2015.
forma de empresa pública com poder de aplicar multas 57 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
recebeu tal delegação.
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
55 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2015. 2015.

83
Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia são:
EXERCÍCIO COMENTADO
“- Necessidade – a medida de polícia só deve ser adotada
para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações ao
interesse público;

- Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre a 1) (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FUMARC/2018)


limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado; Correlacione as duas colunas, vinculando cada situação
ao respectivo poder administrativo.
- Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir o
dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração não (1) Revogação de ato administrativo
precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as suas
decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”59. (2) Interdição de estabelecimento comercial pela vigilância
sanitária
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade de
(3) Aplicação de penalidade administrativa a servidor
garantia de contraditório e ampla defesa ao administrado.
Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo (4) Edição de decretos
administrativo para imposição de multa de trânsito, são
necessárias as notificações da atuação e da aplicação da ( ) Poder disciplinar
pena decorrentes da infração”.
( ) Poder regulamentar

( ) Poder discricionário
Principais setores de atuação da polícia administrativa
( ) Poder de polícia
Considerando que todos os direitos individuais são
limitados pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir A sequência numérica CORRETA, de cima para baixo, é:
que o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais amplo
possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polícia A. 1, 2, 4, 3
ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de profissões
(OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc. B. 3, 1, 4, 2

Neste sentido, será possível atuar tanto por atos C. 3, 4, 1, 2


normativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como
decretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções, D. 4, 3, 2, 1
entre outros) e por atos concretos (voltados a um indivíduo
específico e isolado, que podem ser determinações, como Resposta: “C”. O poder disciplinar é exercido quando se aplica
a multa, ou atos de consentimento, como a concessão ou penalidade a servidor público, por ser um ato decorrente
revogação de licença ou autorização por alvará). da hierarquia no qual o Estado se impõe ao seu servidor;
o poder regulamentar é exercido quando da edição de
decretos, por serem estes atos normativos do Poder Executivo;
#FicaDica o poder discricionário é exercido quando se revoga um ato
administrativo, como decorrência do princípio da autotutela;
- Poder disciplinar – É aquele que a Administração o poder de polícia é exercido quando a vigilância sanitária
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

possui para punir seus próprios servidores, interdita um estabelecimento comercial, pois disciplina e
bem como aplicar sanções a particulares a ela condiciona uma atividade particular.
vinculados por ato ou contrato.
- Poder hierárquico – É aquele que a
Administração possui para ordenar, coordenar,
controlar e revisar os atos de seus subordinados, 2) (CEMIG-TELECOM - Analista deVendas JR - FUMARC/2016)
podendo ainda avocar e delegar competências. Sobre o exercício dos poderes da Administração Pública, é
- Poder regulamentar – É aquele que a CORRETO afirmar:
Administração possui para, por meio da chefia
do Executivo, de editar atos normativos gerais e A. As prerrogativas afetas aos poderes podem ser exercidas
abstratos. por todas as pessoas da Administração Pública
- Poder de polícia – É aquele que a Administração independentemente de sua personalidade e regime.
possui para limitar o exercício de direitos
individuais em prol da coletividade. B. A aplicação de punição disciplinar ao servidor de uma
autarquia exige o respeito ao direito de defesa.

C. O poder de polícia pode ser exercido independentemente


de previsão legal.

D. O poder disciplinar aplica-se indistintamente, conforme


59 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/direi- as mesmas regras, aos servidores e empregados públicos.
to-administrativo/conceito-de-direito-administrativo

84
Resposta: “B”. No exercício do poder disciplinar, a Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
Administração deve garantir o exercício do direito de defesa ampla. Envolve, também, os atos privados da Administração,
ao servidor público para aplicar qualquer penalidade. referentes às ações da Administração no atendimento de
seus interesses e necessidades operacionais e instrumentais
A. Nem todas as pessoas da Administração Pública agindo no mesmo plano de direitos e obrigações que os
podem exercer as prerrogativas inerentes aos Poderes particulares. O regime jurídico será o de direito privado.
Administrativo. Por exemplo, o poder regulamentar só Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra de bens de
pode ser exercido pelo Chefe do Poder Executivo (art. 84, consumo, contratação de água/luz/internet. Basicamente,
IV, CF). Já o poder disciplinar, em regra, é exercido pelo envolve os interesses particulares da Administração, que
superior hierárquico. são secundários, para que ela possa atender aos interesses
primários – no âmbito destes interesses primários (interesses
públicos, difusos e coletivos) é que surgem os atos
administrativos, que são atos públicos da Administração,
FATOS E ATOS ADMINISTRATIVOS sujeitos a regime jurídico de direito público.

Os atos administrativos se situam num plano superior de


direitos e obrigações, eis que visam atender aos interesses
Fato administrativo é a “atividade material no exercício públicos primários, denominados difusos e coletivos.
da função administrativa, que visa a efeitos de ordem Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressupostos
prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos de existência e validade diversos dos estabelecidos para os
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de Ação
voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos Popular e na Lei de Processo Administrativo Federal. Ao
administrativos, que formalizam a providência desejada pelo invés de autonomia da vontade, haverá a obrigatoriedade do
administrador através da manifestação da vontade; 2ª) por cumprimento da lei e, portanto, a administração só poderá
condutas administrativas, que refletem os comportamentos agir nestas hipóteses desde que esteja expressa e previamente
e as ações administrativas, sejam ou não precedidas de ato autorizada por lei62.
administrativo formal. Já os fatos administrativos naturais
são aqueles que se originam de fenômenos da natureza, cujos
efeitos se refletem na órbita administrativa. Assim, quando #FicaDica
se fizer referência a fato administrativo, deverá estar presente Atos da Administração ≠ Atos administrativos.
unicamente a noção de que ocorreu um evento dinâmico da Atos privados da Administração = atos da
Administração”60. Administração regime jurídico de direito
privado.
Atos públicos da Administração = atos
administrativos regime jurídico de direito
CONCEITO.
público.

O ato administrativo é uma espécie de fato administrativo


e é em torno dele que se estrutura a base teórica do direito REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO.
administrativo.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Por seu turno, “a expressão atos da Administração traduz
sentido amplo e indica todo e qualquer ato que se origine dos 1) Competência: é o poder-dever atribuído a determinado
inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo agente público para praticar certo ato administrativo. A
em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, entre os atos da pessoa jurídica, o órgão e o agente público devem estar
Administração se enquadram atos que não se caracterizam revestidos de competência. A competência é sempre fixada
propriamente como atos administrativos, como é o caso por lei.
dos atos privados da Administração. Exemplo: os contratos
regidos pelo direito privado, como a compra e venda, a 2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato
locação etc. No mesmo plano estão os atos materiais, que administrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica.
correspondem aos fatos administrativos, noção vista acima: A lei estabelece que os atos administrativos devem ser
são eles atos da Administração, mas não configuram atos praticados visando a um fim, notadamente, a satisfação do
administrativos típicos. Alguns autores aludem também aos interesse público. Contudo, embora os atos administrativos
atos políticos ou de governo”61. sempre tenham por objeto a satisfação do interesse público,
esse interesse é variável de acordo com a situação. Se a
autoridade administrativa praticar um ato fora da finalidade
60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
genérica ou fora da finalidade específica, estará praticando
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, um ato viciado que é chamado “desvio de poder ou desvio
2015. de finalidade”.
61 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 62 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrati-
2015. vo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

85
3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no Conceitua Carvalho Filho63 que “competência é o
mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita. círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes
Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex.: exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que
trânsito). A forma é sempre fixada por lei. a competência administrativa pode ser colocada em plano
diverso da competência legislativa e jurisdicional.
4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato
administrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento A competência é pressuposto essencial do ato
real que autoriza/determina a prática do ato administrativo. É administrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o administrador Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei e a
por escolher, mas deve respeitar os limites e intenções da CF fixam as competências primárias, que abrangem o órgão
lei. Nem sempre os atos administrativos possuem motivo como um todo; podendo existir atos internos de organização
legal. Nos casos em que o motivo legal não está descrito que fixam as divisões de competências dentro dos órgãos,
na norma, a lei deu competência discricionária para que o em seus diversos segmentos.
sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve ser oportuno e
conveniente). A teoria dos Motivos Determinantes afirma que A competência se reveste de dois atributos essenciais:
inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a outro
os motivos alegados para a prática de um ato administrativo
por mera vontade entre as partes ou por consentimento
ficam a ele vinculados de tal modo que a prática de um ato
do agente público; e improrrogabilidade, pois um órgão
administrativo mediante a alegação de motivos falsos ou
competente não se transmuta em incompetente mesmo
inexistentes determina a sua invalidade. diante de alteração da lei superveniente ao fato.
5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara, O ato praticado por sujeito incompetente prescinde de
manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual deve pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele
ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restando considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos.
ao administrador preencher o vazio nestas situações. O ato
é branco/indefinido. No entanto, deve se demonstrar que a É possível fixar os critérios de competência nos seguintes
prática do ato é oportuna e conveniente. moldes:

Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do objeto a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da função,
do ato é discricionária não significa que seja arbitrária, pois por exemplo, entre Ministérios e Secretarias de diversas
deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência. especialidades.

Mérito = oportunidade + conveniência b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de atividades


mais complexas a agentes/órgãos de graus superiores dentro
dos órgãos.

c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização territorial


#FicaDica de atividades.
Para memorizar, note que os requisitos do ato
administrativo se apresentam sob o mnemônico d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de competência
ComFiFoMOb: por tempo determinado, notadamente diante de algum
COMpetência evento específico, como de calamidade pública.
FInalidade
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

FOrma
Motivo
Objeto Avocação e delegação de competência

Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a


competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
Competência administrativa: conceito e critérios de casos de delegação e avocação legalmente admitidos”.
distribuição
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a
A Constituição Federal fixa atribuições para as diversas outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver
esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impossível subordinação; ou horizontal, quando não houver
impor que um único órgão as exercesse por completo. Por subordinação) – A delegação é parcial e temporária e pode
ser revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados
isso, tais atribuições são distribuídas entre os diversos
os seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
órgãos que compõem a Administração Pública. Esta divisão
Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos.
das atribuições entre os órgãos da Administração Pública é
conhecida como competência. 63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

86
Avocar é solicitar o que seria de competência de outro para 4) Presunção de legitimidade: Sempre que a
sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto de delegar. Administração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal
Na avocação, o chefe/órgão superior pega para si as atribuições presunção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser
do subordinado/órgão inferior. Como exige subordinação, toda ilidida por qualquer meio de prova.
avocação é vertical.

O silêncio no direito administrativo #FicaDica


Relacionada à questão da forma do ato administrativo, Todo ato administrativo tem presunção de
surge a discussão sobre o silêncio do ato administrativo, se esse veracidade e de legitimidade, mas nem todo ato
poderia ou não caracterizar a prática de um ato válido. Neste administrativo é imperativo (pode precisar da
sentido: concordância do particular, a exemplo dos atos
negociais).
“Uma questão interessante que merece ser analisada no
tocante ao ato administrativo é a omissão da Administração
Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão
é verificada quando a administração deveria expressar uma CLASSIFICAÇÃO.
pronuncia quando provocada por administrado, ou para fins de
controle de outro órgão e, não o faz. Para Celso Antônio Bandeira
de Mello, o silêncio da administração não é um ato jurídico, a) Classificação quanto ao seu alcance:
mas quando produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico
administrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir em 1) Atos internos: praticados no âmbito interno
omissão, ausência de manifestação de vontade, ou não. Em da Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
determinadas situações poderá a lei determinar a Administração administrativos.
Pública manifestar-se obrigatoriamente, qualificando o silêncio
como manifestação de vontade. Nesses casos, é possível afirmar
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
que estaremos diante de um ato administrativo. [...] Desta forma,
Administração, atingindo administrados e contratados. São
quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade,
obrigatórios a partir da publicação.
produz efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode
atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso
de certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua
determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante de um
fato jurídico administrativo”64. b) Classificação quanto ao seu objeto:

1) Atos de império: praticados com supremacia em


relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO.
cumprimento.

2) Atos de gestão: praticados em igualdade de condição


com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogativas
1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta sobre o destinatário.
e executa unilateralmente seus atos, não dependendo da
participação e nem da concordância do particular. Do poder de 3) Atos de expediente: praticados para dar andamento

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império ou extroverso, que regula a forma unilateral e coercitiva a processos e papéis que tramitam internamente na
de agir da Administração, se extrai a imperatividade dos atos administração pública. São atos de rotina administrativa.
administrativos.

2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração


pode concretamente executar seus atos independente da c) Classificação dos atos quanto à formação (processo de
manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam elaboração):
diretamente a esfera jurídica de particulares.
1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou publicado vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da
pela Administração é presumivelmente verdadeiro, seja na Administração.
forma, seja no conteúdo, o que se denomina “fé pública”.
Evidente que tal presunção é relativa (juris tantum), mas é 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade de
muito difícil de ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação mais de um órgão ou agente administrativo.
declaratória de falsidade, que irá argumentar que houve uma
falsidade material (violação física do documento que traz o ato) 3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade de
ou uma falsidade ideológica (documento que expressa uma um órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o
inverdade). ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível.

64 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do


silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.

87
d) Classificação quanto à manifestação da vontade:
#FicaDica
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela
manifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão Dentre as classificações, merece destaque
- Para Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos aquela que recai sobre o caráter vinculado ou
unilaterais. discricionário de um ato administrativo.
Ato vinculado – Obrigatório
2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifestação – Não há margem para a Administração cumprir
de vontade de duas pessoas. de outra forma
– A lei fixa requisitos e pressupostos de forma
3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela vontade expressa e clara, rejeitando margem de
de mais de duas pessoas. interpretação.
Ato discricionário – Facultativo
Ex.: Contrato administrativo. – O administrador decidirá caso a caso conforme
critérios de oportunidade e conveniência (o
denominado mérito do ato administrativo)
– Há margem de interpretação que a
e) Classificação quanto ao destinatário: própria lei deixa, afinal, a lei não pode tudo
regular e impedir por completo a atuação
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com do administrador porque se caracterizaria
finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que ingerência do Legislativo no Executivo.
estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O – Não significa que o administrador pode agir
particular não pode impugnar, pois os efeitos são para todos. de forma arbitrária, se seu ato discricionário
não atender a parâmetros de razoabilidade e
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e determinada, proporcionalidade poderá ser questionado.
criando situações jurídicas individuais. O particular atingido ATENÇÃO: Cabe controle judicial dos atos
pode impugnar. administrativos discricionários? Não quanto
ao mérito, porém sim no caso de violação de
parâmetros gerais do Direito Administrativo,
como os princípios da administração pública.
e) Classificação quanto ao seu regramento:

1) Atos vinculados: são os que possuem todos os


pressupostos e elementos necessários para sua prática e REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO.
perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a
prática daquele ato. O administrador é um “mero cumpridor
de leis”. Também se denomina ato de exercício obrigatório.
Extinção dos atos administrativos
2) Atos discricionários: são os atos que possuem parte
de seus pressupostos e elementos previamente fixados pela Pode se dar nas seguintes situações:
lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finalidade e a
forma estão previamente fixados na lei – são os pressupostos 1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos os seus
vinculados. Aquilo que está em branco ou indefinido na lei será efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto de vista jurídico.
preenchido pelo administrador. Tal preenchimento deve ser
feito motivadamente com base em fatos e circunstâncias que 2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do Ato: Se o
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somente o administrador pode escolher. Contudo, tal escolha sujeito ou o objeto perecer, o ato será considerado extinto.
não é livre, os fatos e circunstâncias devem ser adequados
(razoáveis e proporcionais) aos limites e intenções da lei. 3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que
elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada do ato
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos administrativo em decorrência de sua invalidade, reconhecida
administrativos se classificam em vinculados ou discricionários. judicial ou administrativamente, preservando-se os direitos
“Os atos vinculados são aqueles que tem o procedimento dos terceiros de boa-fé; por revogação, que é a retirada do
quase que plenamente delineados em lei, enquanto os ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou
discricionários são aqueles em que o dispositivo normativo inoportunidade em face dos interesses públicos, sendo o ato
permite certa margem de liberdade para a atividade pessoal do válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via
agente público, especialmente no que tange à conveniência e administrativa; cassação, que é a retirada do ato administrativo
oportunidade, elementos do chamado mérito administrativo. em decorrência do beneficiário ter descumprido condição tida
A discricionariedade como poder da Administração deve ser como indispensável para a manutenção do ato; contraposição ou
exercida consoante determinados limites, não se constituindo derrubada, que é a retirada do ato administrativo em decorrência
em opção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde de ser expedido outro ato fundado em competência diversa da
há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos de tal do primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao daquele, de
espécie são vinculados em vários de seus aspectos, tais como modo a inibir a continuidade da sua eficácia; caducidade, que é a
a competência, forma e fim”65. retirada do ato administrativo em decorrência de ter sobrevindo
65 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_ norma superior que torna incompatível a manutenção do ato
com a nova realidade jurídica instaurada.
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741

88
4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua continuidade. A
renúncia só tem cabimento em atos que concedem privilégios e prerrogativas.

5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar concordância,
tida como indispensável para que o ato pudesse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro beneficiário recusa a possibilidade
da eficácia do ato, esse será extinto.

Cassação

Cassação é a retirada do ato administrativo em decorrência do beneficiário ter descumprido condição tida como indispensável
para a manutenção do ato. Embora legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se torna ilegal na sua execução a partir
do momento em que o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Por exemplo, uma pessoa obteve permissão para
explorar o serviço público, porém descumpriu uma das condições para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a título
de penalidade, procede a cassação da permissão.

Anulação

Anulação é a retirada do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou administrativamente,
preservando-se os direitos dos terceiros de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com efeito retroativo, por razões
de ilegalidade e ilegitimidade. Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e legitimidade) e pela Administração
Pública (aspectos legais e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as consequências passadas, presentes e futuras.

Revogação

Revogação é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses
públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via administrativa. Trata-se da extinção de
um ato administrativo legal e perfeito, por razões de conveniência e oportunidade, pela Administração, no exercício do poder
discricionário. O ato revogado conserva os efeitos produzidos durante o tempo em que operou. A partir da data da revogação é
que cessa a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. Só pode ser praticado pela Administração Pública por razões
de oportunidade e conveniência, não cabendo a intervenção do Poder Judiciário. A revogação não pode atingir os direitos
adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc, não retroage.

#FicaDica
Anulação Revogação Convalidação
Correção de atos com vícios que
Retirada de atos válidos e não

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Retirada de atos inválidos podem ser sanados, respeitado o
viciados, respeitado o direito
eivados por vícios ilegais interesse público e preservado o
adquirido
direito de terceiros
Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc
Cabe por parte da Administração Cabe apenas por parte da Cabe apenas por parte da
e do Judiciário Administração Administração
Incide sobre atos vinculados e Incide apenas atos Incide sobre atos vinculados ou
discricionários discricionários discricionários
Sempre será um ato
Se o vício for insanável a anulação
Sempre será um ato discricionário, pois o
é um ato vinculado; se o vício for
discricionário, pois apenas se administrador pode optar entre
sanável é um ato discricionário
revogam atos com esta natureza anulação e convalidação quando
(pode optar por convalidar)
o vício for sanável
Justificativa - conveniência e Justificativa - supremacia do
Justificativa - ilegalidade
oportunidade interesse público
Prazo - 5 anos Não há prazo Não há prazo

89
D. A presunção de veracidade dos atos administrativos
corresponde à conformidade do ato com a lei, o que
EXERCÍCIO COMENTADO significa que estes se presumem lícitos até que se prove
o contrário.

Resposta: “A”. A Administração pode concretamente executar


1) (CEMIG/MG - Advogado JR - FUMARC/2018) seus atos independente da manifestação do Poder
Considerando a disciplina do poder-dever de autotutela Judiciário, mesmo quando estes afetam diretamente a
da Administração Pública, pode ser considerada esfera jurídica de particulares.
integralmente correta a afirmativa:
B. A imperatividade é o atributo do ato administrativo
A. A máxima de que os atos ilegais não geram direitos segundo o qual os atos administrativos se impõem a
oponíveis à Administração Pública persiste incólume em terceiros, independentemente de sua concordância.
face dos princípios da segurança jurídica e da boa-fé.
C. A presunção de legitimidade dos atos administrativos
B. A revogação dos atos administrativos, ainda que corresponde à conformidade do ato com a lei, de modo
discricionários, encontra óbice na garantia do direito que estes se presumem lícitos até que se prove o contrário.
adquirido.
D. A presunção de veracidade do ato administrativo diz
C. O direito da Administração Pública de invalidar seus respeito aos fatos, presumindo-se verdadeiros os fatos
próprios atos segue a regra geral de imprescritibilidade da alegados pela administração para a prática de um ato, até
que se prove o contrário.
lesão ao erário.

D. Os atos ilegais não produzem efeitos válidos, portanto, sua


invalidação prescinde de oportunidade de defesa, ainda 3) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) Sobre a
que gere repercussão sobre interesses individuais. extinção dos atos administrativos, é INCORRETO afirmar
que:
Resposta: “B”. Nos termos da súmula nº 473 do STF, “a
administração pode anular seus próprios atos, quando A. a anulação promovida pela própria Administração decorre
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se do exercício de sua prerrogativa de autotutela.
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e B. a revogação é forma de extinção do ato administrativo
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. válido, de caráter vinculado ou discricionário.

A. Os atos ilegais não geram direitos oponíveis à Administração C. a validade ou não do ato de revogação é passível de exame
Pública nem mesmo em favor de terceiros de boa-fé. pelo Poder Judiciário.

C. A prescrição ocorre em 5 anos (artigo 54, Lei nº 9.784/1999). D. incabível a revogação dos atos cujos efeitos produzidos já
restaram consolidados.
D. A oportunidade de defesa é essencial.
Resposta: “B”. Revogação é a retirada do ato administrativo
em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade (o
ato tem que ser discricionário) em face dos interesses públicos,
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2) (Câmara de Conceição do Mato Dentro - Advogado sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se a
- FUMARC/2016) Acerca dos atributos dos atos revogação na via administrativa.
administrativos, é CORRETO afirmar:
A. A anulação pode ser reconhecida pelo Poder Judiciário,
A. A autoexecutoriedade é o atributo que permite que o ato bem como pela autotutela (súmula 473, STF).
administrativo seja executado pela própria Administração
Pública, sem necessidade de intervenção do Poder C. O Judiciário pode revisar o ato de revogação, embora não
Judiciário. possa interferir no mérito dele, mas apenas na legalidade.

B. A imperatividade é o atributo do ato administrativo D. São irrevogáveis os atos consumados.


que permite que o ato administrativo seja executado
independentemente de título, de modo que, ao contrário
do que ocorre como regra no direito privado, não se aplica
no direito administrativo a nulla executio sine titulo.

C. A presunção de legitimidade do ato administrativo tem


como consequência o fato de que este produzirá seus
efeitos enquanto a sua invalidade não for decretada pelo
Poder Judiciário ou pela própria Administração Pública.

90
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
PROCESSO ADMINISTRATIVO:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura
CONCEITO. da Administração direta e da estrutura da Administração
PRINCÍPIOS. indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de
poder de decisão.

A Lei nº 9.784/1999 regula as regras gerais do processo


administrativo, concentrando-se na esfera federal. A Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre
partir dela, é possível compreender linhas gerais sobre o outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
funcionamento dos processos administrativos nas demais razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
esferas, inclusive a estadual: defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência.

Legalidade é o respeito estrito da lei; finalidade é a prática


de todo e qualquer ato visando um único fim, o interesse
CAPÍTULO I
público; motivação é a necessidade de fundamentação de
todas as decisões; razoabilidade é a tomada de decisões
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS racionais e corretas; proporcionalidade é o equilíbrio que
deve se fazer presente na tomada de decisões; moralidade é
o conhecimento das leis éticas que repousam no seio social;
ampla defesa é a necessidade de se garantir meios para a
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo pessoa responder acusações e buscar as reformas previstas
administrativo no âmbito da Administração Federal direta em lei para decisões que a prejudiquem; contraditório é
e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos a oitiva da outra pessoa sempre que a que se encontra no
dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da outro polo da relação se manifestar; segurança jurídica é a
Administração. garantia social de que as leis serão respeitadas e cobrirão o
mais vasto rol re relações socialmente relevantes possível;
Processo é “a relação jurídica integrada por algumas interesse público é o interesse de toda a coletividade;
pessoas, que nela exercem várias atividades direcionadas eficiência é a junção da economicidade com a produtividade,
para determinado fim”. Tratando-se de uma relação aliando gastos sem que se perca em qualidade da atividade
administrativa, a relação jurídica traduzirá um processo desempenhada.
administrativo. Logo, processo administrativo é “o
instrumento que formaliza a sequência ordenada de atos Há, ainda, princípios implícitos no decorrer da lei:
e de atividades do Estado e dos particulares a fim de ser publicidade; oficialidade; informalismo ou formalismo
moderado; gratuidade (a atuação na esfera administrativa
produzida uma vontade final da Administração”66.
é gratuita); pluralidade de instâncias; economia processual;
participação popular.
Processo administrativo não se confunde com
procedimento administrativo. O primeiro pressupõe a
sucessão ordenada de atos concatenados visando à edição de
um ato final, ou seja, é o conjunto de atos que visa à obtenção Parágrafo único. Nos processos administrativos serão

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de decisão sobre uma controvérsia no âmbito administrativo; observados, entre outros, os critérios de:
o segundo corresponde ao rito, conjunto de formalidades
que deve ser observado para a prática de determinados atos, I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
e é realizado no interior do processo, para viabilizá-lo.
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei;
A Lei n° 9.784/99 estabelece as regras para o processo
administrativo e institui um sistema normativo que fornece O interesse coletivo deve sempre predominar.
uniformidade aos diversos procedimentos administrativos III - objetividade no atendimento do interesse público,
em trâmite. vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro
e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
desempenho de função administrativa. Neste sentido, o art. 5°, XXXIII, CF: “todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
Vale para as três esferas de poder. particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
66 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, segurança da sociedade e do Estado”.
2010.

91
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas;
A única razão para o Estado interferir é em razão do
III - formular alegações e apresentar documentos antes
interesse da coletividade.
da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que competente;
determinarem a decisão; IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
Não basta que a decisão indique os fundamentos jurídicos, quando obrigatória a representação, por força de lei.
devendo também associá-los aos fatos apurados. Quando for parte num processo administrativo a pessoa
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia tem direito a ser tratada com respeito, a obter informações
dos direitos dos administrados; sobre o trâmite, a nele se manifestar e juntar documentos e,
IX - adoção de formassimples, suficientes para propiciar apenas se quiser, ser assistida por advogado. Logo, é opcional
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos a presença de advogado.
administrados;
Respeito às formalidades não significa excesso de
formalismo. #FicaDica
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação Direitos do administrado:
de alegações finais, à produção de provas e à interposição de - Ser tratado com respeito;
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas - Ciência da tramitação dos processos – vista
situações de litígio; dos autos; conhecer as decisões proferidas;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, - Assistência facultativa do advogado (salvo
ressalvadas as previstas em lei; quando a lei obriga).
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, CAPÍTULO III
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Se o entendimento mudar, não atinge casos passados.

Art. 4o São deveres do administrado perante a


#FicaDica Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato
Princípios da Lei nº 9.784/99: normativo:
- Segurança jurídica I - expor os fatos conforme a verdade;
- Eficiência II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
- Razoabilidade III - não agir de modo temerário;
- Finalidade IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
- Ampla defesa colaborar para o esclarecimento dos fatos.
- Contraditório
- Interesse público O administrado não pode tentar se aproveitar da
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- Legalidade Administração, trazendo fatos irreais, tumultuando e


- Proporcionalidade confundindo o processo. Deve sempre proceder para
- Moralidade esclarecer os fatos de maneira verdadeira.
- Motivação

#FicaDica
Deveres do administrado:
CAPÍTULO II - Expor a verdade dos fatos;
- Lealdade, urbanidade e boa-fé;
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS - Ser prudente – não temerário;
- Prestar informações;
- Colaborar para esclarecimento.
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante
a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam
assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores,
que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento
de suas obrigações;

92
CAPÍTULO IV c) Processo de controle: todo aquele em que a
Administração realiza verificações e declara situações,
DO INÍCIO DO PROCESSO direitos ou condutas do administrado ou de servidor,
com caráter vinculante para as partes. Tais processos,
normalmente, têm rito próprio e, quando neles se deparam
irregularidades puníveis, exigem oportunidade de defesa
A partir deste ponto, são visíveis as fases do processo ao interessado, antes do seu encerramento, sob pena de
administrativo: a) instauração, com apresentação escrita invalidade do resultado da apuração. O processo de controle,
dos fatos e indicação do direito que ensejam o processo, também chamado de determinação ou de declaração, não se
ou seja, é preciso descrever os fatos e delimitar o objeto confunde com o processo punitivo, porque, enquanto neste
da controvérsias, sem o que não há plenitude de defesa; se apura a falta e se aplica a penalidade cabível, naquele
b) instrução, fase de elucidação dos fatos, na qual são apenas se verifica a situação ou a conduta do agente e se
produzidas as provas, com a participação do interessado; c) proclama o resultado para efeitos futuros. São exemplos
defesa, que deve ser ampla; d) relatório, que é elaborado pelo de processos administrativos de controle os de prestação
presidente do processo, sendo uma peça opinativa, que não de contas perante órgãos públicos, os de verificação de
vincula a autoridade competente; e) julgamento, quando a atividades sujeitas à fiscalização, o de lançamento tributário
decisão é proferida pela autoridade ou órgão competente e o de consulta fiscal. Nesses processos a decisão final é
sobre o objeto do processo. vinculante para a Administração e para o interessado, embora
nem sempre seja autoexecutável, dependendo da instauração
No entendimento de Hely Lopes Meirelles67, os processo de outro processo administrativo, de caráter punitivo ou
administrativos são divididos em quatro modalidades, da disciplinar, ou, mesmo, de ação civil ou criminal, ou, ainda,
seguinte maneira: do pronunciamento executório de outro Poder.

a) Processo de expediente: denominação imprópria d) Processo punitivo: todo aquele promovido pela
conferida a toda autuação que tramita pelas repartições Administração para imposição de penalidade por infração
públicas por provocação do interessado ou por determinação à lei, regulamento ou contrato. Esses processos devem ser
interna da Administração, para receber solução conveniente. necessariamente contraditórios, com oportunidade de
Não tem procedimento próprio ou rito sacramental, defesa e estrita observância do devido processo legal, sob
seguindo pelos canais rotineiros para informações, pareceres, pena de nulidade da sanção imposta. A sua instauração
despacho final da chefia competente e subsequente deve ser baseada em auto de infração, representação ou
arquivamento. Tais expedientes, que a rotina chama peça equivalente, iniciando-se com a exposição minuciosa
indevidamente de “processo”, não geram, nem alteram, nem dos atos ou fatos ilegais ou administrativamente ilícitos,
suprimem direitos dos administrados, da Administração atribuídos ao indiciado e indicação da norma ou convenção
ou de seus servidores, apenas encerram papéis, registram infringida. O processo punitivo poderá ser realizado por um só
situações administrativas, recebem pareceres e despachos representante da Administração ou por comissão. O essencial
de tramitação ou meramente enunciativos de situações é que se desenvolva com regularidade formal em todas as
pré-existentes, a exemplo dos pedidos de certidões, das suas fases, para legitimar a sanção imposta a final. Nesses
apresentações de documentos para certos registros internos procedimentos são adotáveis, subsidiariamente, os preceitos
e outros da rotina burocrática. do processo penal comum, quando não conflitantes com as
normas administrativas pertinentes. Embora a graduação
b) Processo de outorga: todo aquele em que se pleiteia das sanções administrativas – demissão, multa, embargo de
algum direito ou situação individual perante a Administração. obra, destruição de coisas, interdição de atividade e outras –
Em regra, tem rito especial, mas não contraditório, a não ser seja discricionária, não é arbitrária e, por isso, deve guardar
quando há oposição de terceiros ou impugnação da própria correspondência e proporcionalidade com a infração apurada

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Administração. Nestes casos, é preciso dar oportunidade no respectivo processo, além de estar expressamente prevista
de defesa ao interessado, sob pena de nulidade da em norma administrativa, pois não é dado à Administração
decisão final. São exemplos desse tipo os processos de aplicar penalidade não estabelecida em lei, decreto ou
licenciamento de edificações, de licença de habite-se, de contrato, como não o é sem o devido processo legal, que se
alvará de funcionamento, de isenção tributária e outros que erige em garantia individual de nível constitucional.
consubstanciam pretensões de natureza negocial entre o
particular e a Administração ou envolvam atividades sujeitas Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício
à fiscalização do Poder Público. As decisões finais proferidas ou a pedido de interessado.
nesses processos tornam-se vinculantes e irretratáveis pela
Administração porque, geralmente, geram direito subjetivo A autoridade responsável pelo processamento pode iniciar
para o beneficiário, salvo quando aos atos precários, que, por o processo administrativo, mas um interessado também pode
sua natureza, admitam modificação ou supressão sumária pedir que o faça.
a qualquer tempo. Nos demais casos a decisão é definitiva
e só modificável quando eivada de nulidade originária, ou
por infração das normas legais no decorrer da execução, ou,
ainda, por interesse público superveniente que justifique a Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos
revogação da outorga com a devida indenização, que pode em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por
chegar ao caso de prévia desapropriação. escrito e conter os seguintes dados:

67 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

93
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de Interesses coletivos são os que pertencem a um grupo
comunicações; que não se sabe o número total mas cujo numero total é
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de possível ser definido pois os critérios para definir quem faz
seus fundamentos; parte dele são claros, sendo necessário que o número de
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. atingidos seja relevante (sob pena de se caracterizar apenas
interesse individual homogêneo). O interesse coletivo se
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa
difere do interesse difuso porque no interesse difuso não é
imotivada de recebimento de documentos, devendo o
possível estabelecer com clareza quem faz parte do grupo e
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de quem não faz.
eventuais falhas.

Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão


elaborar modelos ou formulários padronizados para CAPÍTULO VI
assuntos que importem pretensões equivalentes.
DA COMPETÊNCIA
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
preceito legal em contrário. Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
As regras a respeito do início do processo administrativo salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
mostram que a Administração tem interesse de que o
administrado tenha acesso à via decisória administrativa. Se a um órgão administrativo foi atribuído o dever de
Por isso, embora exija formalidades, se coloca numa apurar determinadas matérias por processo administrativo,
posição de esclarecedora de falhas e de responsável por ele não pode se omitir.
direcionamentos quanto ao conteúdo dos requerimentos.
Não obstante, aceita requerimento coletivo se o conteúdo e
o fundamento dele for idêntico.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
CAPÍTULO V não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
DOS INTERESSADOS social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-


se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
Art. 9o São legitimados como interessados no processo respectivos presidentes.
administrativo:
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito I - a edição de atos de caráter normativo;
de representação; II - a decisão de recursos administrativos;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a autoridade.
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ser adotada; Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
III - as organizações e associações representativas, no publicados no meio oficial.
tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
quanto a direitos ou interesses difusos. transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
ato normativo próprio.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
“Além das pessoas físicas ou jurídicas titulares de direitos autoridade delegante.
e interesses diretos, podem ser interessadas pessoas que
possam ter direitos ameaçados em decorrência da decisão § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar
do processo; também as organizações e associações explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas
representativas podem defender interesses coletivos e as pelo delegado.
pessoas ou associações legítimas podem invocar a tutela de
interesses difusos”68. Delegação é a transferência da competência para decidir,
não havendo lei que a proíba. O ato de delegação não pode
ser genérico, devendo delimitar qual a abrangência da
68 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de transferência (matérias e poderes). Tal delegação pode ser
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, cancelada a qualquer tempo.
2010.

94
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados, a #FicaDica
avocação temporária de competência atribuída a órgão
Impedimento
hierarquicamente inferior.
- Interesse direto ou indireto;
- Perito, testemunha, representante (cônjuge,
Avocar é trazer de volta para si aquilo que delegou a outrem, o
companheiro ou parente 3o);
que poderá ocorrer por um período de tempo.
- Litigando judicial ou administrativamente
(cônjuge ou companheiro).
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão
Suspeição
publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente,
a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial. - Amizade ou inimizade (cônjuge, companheiro
ou parente 3o);
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo - Presunção relativa de incapacidade.
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de
menor grau hierárquico para decidir.

CAPÍTULO VIII
#FicaDica
Delegação – possível DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
Não se delegam:
- atos de caráter normativo;
- decisão de recursos administrativos;
- competência exclusiva. Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem
de forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir.

CAPÍTULO VII § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por


escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de


firma somente será exigido quando houver dúvida de
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o autenticidade.
servidor ou autoridade que:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
II - tenha participado ou venha a participar como perito, poderá ser feita pelo órgão administrativo.
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto
ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o sequencialmente e rubricadas.
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na
impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, qual tramitar o processo.
abstendo-se de atuar.

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Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado
ou à Administração.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão
interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados
parentes e afins até o terceiro grau. que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco
dias, salvo motivo de força maior.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
No impedimento é vedada a participação porque intensa a
possibilidade de que não se permaneça isento na condução do Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se
processo, na suspeição o risco é menor mas - ainda assim - o preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o
afastamento é conveniente69 (por isso o processo continua em interessado se outro for o local de realização.
andamento se a alegação de suspeição for afastada e dela se
recorrer). Não existem muitas formalidades que cercam os
atos do processo administrativo, mas é preciso que eles
69 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso
sejam escritos em vocabulário adequado com data, local e
de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. assinatura. Diante da dispensa de formalidades, não seria
v. 1.

95
razoável sempre exigir reconhecimento da assinatura. Os for indeterminado, desconhecido ou com domicílio
atos são praticados em dias úteis (segunda a sábado), no desconhecido, caso em que se aceitará intimação por edital.
horário regular de funcionamento da repartição. O prazo Não obedecidas as formalidades, a intimação é nula, de
para a prática dos atos é de cinco dias, prorrogáveis para forma que é como se os atos do processo que deveriam
10 mediante justificação (na prática, não é o que acontece ser cientificados não o tivessem sido, fazendo com que ele
porque a Administração é sobrecarregada de processos e não volte ao estágio em que a pessoa deveria ter sido intimada.
há sanção pelo descumprimento do prazo). O desatendimento de uma intimação não faz com que se
presuma que o intimado estava errado. Destaque para o
art. 28, que delimita as espécies de situações em que cabe
intimação.
CAPÍTULO IX

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS


CAPÍTULO X

DA INSTRUÇÃO
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
o processo administrativo determinará a intimação do
interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
diligências. Art. 29. As atividades de instrução destinadas a
averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de
§ 1o A intimação deverá conter: decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito
administrativa; dos interessados de propor atuações probatórias.
II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer; § 1o O órgão competente para a instrução fará constar
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer- dos autos os dados necessários à decisão do processo.
se representar;
V - informação da continuidade do processo § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos
independentemente do seu comparecimento; interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. para estes.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três Atividades de instrução são as atividades de produção
dias úteis quanto à data de comparecimento. de provas no processo. Sob o aspecto objeto, prova é “o
conjunto de meios produtores da certeza jurídica ou o
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no
conjunto de meios utilizados para demonstrar a existência
processo, por via postal com aviso de recebimento, por
de fatos relevantes para o processo”; sob o aspecto
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência
subjetivo, prova “é a própria convicção que se forma no
do interessado.
espírito do julgador a respeito da existência ou inexistência
§ 4o No caso de interessados indeterminados, de fatos alegados no processo”70.
desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação
deve ser efetuada por meio de publicação oficial. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
provas obtidas por meios ilícitos.
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§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem


observância das prescrições legais, mas o comparecimento Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto
do administrado supre sua falta ou irregularidade. de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
despacho motivado, abrir período de consulta pública para
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a não houver prejuízo para a parte interessada.
direito pelo administrado.
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas
garantido direito de ampla defesa ao interessado. ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo
para oferecimento de alegações escritas.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do
processo que resultem para o interessado em imposição de § 2o O comparecimento à consulta pública não
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e confere, por si, a condição de interessado do processo,
atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. mas confere o direito de obter da Administração resposta
fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência ao interessado substancialmente iguais.
de alguma decisão ou do dever de comparecer para prestar
informações. Ela possui um conteúdo específico e deve
ser feita pessoalmente, a não ser quando o interessado 70 LOPES, João Batista. A prova no Direito Proces-
sual Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

96
Consulta Pública é um sistema criado com o objetivo de § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados
auxiliar na elaboração e coleta de opiniões da sociedade sobre na motivação do relatório e da decisão.
temas de importância. Esse sistema permite intensificar
a articulação entre a representatividade e a sociedade, § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
permitindo que a sociedade participe da formulação e fundamentada, as provas propostas pelos interessados
definição de políticas públicas. O IBAMA costuma utilizar quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
deste recurso na tomada de suas decisões71. protelatórias.

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, O interessado tem direito à prova, juntando documentos
diante da relevância da questão, poderá ser realizada e requerendo diligências e perícias, mas não pode abusar
audiência pública para debates sobre a matéria do processo. deste direito, requerendo provas não autorizadas pelo
direito, que não tenham a ver com o caso ou que apenas
“Audiência pública é um instrumento que leva a uma visem prorrogar o processo.
decisão política ou legal com legitimidade e transparência.
Cuida-se de uma instância no processo de tomada da decisão Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações
administrativa ou legislativa, através da qual a autoridade ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros,
competente abre espaço para que todas as pessoas que serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se
possam sofrer os reflexos dessa decisão tenham oportunidade data, prazo, forma e condições de atendimento.
de se manifestar antes do desfecho do processo. É através dela
que o responsável pela decisão tem acesso, simultaneamente Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá
e em condições de igualdade, às mais variadas opiniões sobre o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir
a matéria debatida, em contato direto com os interessados”72. de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.

Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação solicitados ao interessado forem necessários à apreciação
de administrados, diretamente ou por meio de organizações de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado
e associações legalmente reconhecidas. pela Administração para a respectiva apresentação implicará
arquivamento do processo.
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de
outros meios de participação de administrados deverão ser O interessado deve ser intimado quando for necessária a
apresentados com a indicação do procedimento adotado. apresentação de informações ou provas e, não comparecendo
perante a Administração, embora não se presuma que ela
esteja correta, será feito o arquivamento do processo. Diante
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
disso, o interessado poderá, no futuro, abri-lo novamente.
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
de titulares ou representantes dos órgãos competentes,
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada
necessidade de maior prazo.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados
estão registrados em documentos existentes na própria § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser

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Administração responsável pelo processo ou em outro órgão emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der
de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas causa ao atraso.
cópias.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante
O interessado deve provar o que alegou, salvo quando deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
a prova estiver em documento que esteja em poder da ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
Administração, caso em que ela deverá de ofício provê-los sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
(ou cópias). atendimento.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da As situações são diferentes conforme o parecer obrigue
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer que a decisão seja tomada num determinado sentido
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes (vinculante) ou não.
à matéria objeto do processo.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo
devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
71 http://www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica
administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
72 SOARES, Evanna. A audiência pública no processo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 58, 1 ago. solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação
2002 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/3145>. e capacidade técnica equivalentes.
Acesso em: 26 mar. 2013.

97
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito V - decidam recursos administrativos;
de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro VI - decorram de reexame de ofício;
prazo for legalmente fixado. VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios
Produzidas as provas, antes da decisão, o interessado oficiais;
poderá se manifestar. VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras podendo consistir em declaração de concordância com
sem a prévia manifestação do interessado. fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões
ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
Providências acautelatórias são aquelas que deveriam
ser tomadas num determinado momento do processo mas, § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode
para evitar que ela se torne impossível posteriormente, ela é ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos
antecipada. Por exemplo, oitiva de uma testemunha que está das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
no leito de morte. interessados.

Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de
e documentos que o integram, ressalvados os dados e termo escrito.
documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito
à privacidade, à honra e à imagem. A Administração não pode impor arbitrariamente suas
decisões, devendo justificá-las. Quando da decisão de um
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente processo administrativo deverá explicar em que normas jurídicas
para emitir a decisão final elaborará relatório indicando se baseou e como elas se interligam aos fatos apurados. É possível
o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e fazer remissões a pareceres, informações, decisões ou propostas,
formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, mas é preciso fazê-lo de forma explícita, clara e congruente. O uso
encaminhando o processo à autoridade competente. de tecnologias otimiza os serviços, mas é preciso atenção a cada
caso, não prejudicando direito ou garantia do interessado. Toda
decisão deverá ser transcrita, caso seja proferida oralmente.

CAPÍTULO XI

DO DEVER DE DECIDIR CAPÍTULO XIII

DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO


PROCESSO
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou,
a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
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A autoridade competente não pode se eximir de decidir, atinge somente quem a tenha formulado.
possuindo um prazo de 30 dias após o fim do processo
administrativo para tanto. § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme
o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a
Administração considerar que o interesse público assim o exige.

CAPÍTULO XII Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o


processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
DA MOTIVAÇÃO
superveniente.

Caso o interessado não queira prosseguir com o processo


poderá desistir dele por completo ou de parte dele, mas se o
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com interesse público for maior a Administração poderá continuar
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (por exemplo, indícios de que o interessado praticou um
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; ilícito contra a Administração). Se existir mais de um
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; interessado, a desistência só atinge o que desistiu.
III - decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública; Extinção é o término do processo, que se dará quando
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo sua finalidade tiver acabado ou quando seu objeto se tornar
licitatório; impossível inútil ou prejudicado.

98
CAPÍTULO XIV Súmula vinculante é uma espécie de orientação proferida
pelo Supremo Tribunal Federal de observância obrigatória em
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO todas instâncias de julgamento, judiciais ou administrativas.

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo


por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, diversa.
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
direitos adquiridos. administrativo:

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os processo;
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
foram praticados, salvo comprovada má-fé. afetados pela decisão recorrida;
III - as organizações e associações representativas, no
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo tocante a direitos e interesses coletivos;
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
pagamento. interesses difusos.
Para recorrer a parte tem que ter interesse, de forma que
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular algum direito ou garantia que ela estava defendendo no
qualquer medida de autoridade administrativa que importe processo tenha obtido uma decisão contrária.
impugnação à validade do ato.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem prazo para interposição de recurso administrativo, contado
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração. § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
Os atos viciados, ou seja, que tenham sido praticados trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão
contrários às formalidades legais, deverão ser anulados. competente.
Poderão também ser anulados atos não viciados no exercício
da discricionariedade administrativa, mas para tanto é § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
preciso respeitar os direitos adquiridos dos interessados. ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.

Se a lei não dispuser de modo diverso, a parte tem até 10


dias para recorrer e, do recebimento dos autos, a autoridade
CAPÍTULO XV tem até 30 dias para julgar, os quais podem ser prorrogados
por mais 30.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento
no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido
de reexame, podendo juntar os documentos que julgar
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em convenientes.
face de razões de legalidade e de mérito.

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Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a tem efeito suspensivo.
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias,
o encaminhará à autoridade superior. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá,
administrativo independe de caução. de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa Significa que a decisão recorrida será cumprida,
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à independentemente de haver recurso pendente. No entanto,
autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a tal efeito suspensivo pode ser concedido, conforme a exceção
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso do parágrafo único.
à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
O recurso poderá questionar se houve correta aplicação que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
da lei ou se houve correta interpretação dos fatos. Ele será
interposto para a autoridade que proferiu a decisão, que Antes de decidir se irá apreciar o recurso, ou seja, dar
poderá reconsiderar em 5 dias e, caso não o faça, encaminhará início ao seu processamento, as partes devem ser ouvidas no
à autoridade superior. prazo de 5 dias.

99
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
#FicaDica
I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente; Fases do processo administrativo:
III - por quem não seja legitimado; - Requerimento – de ofício ou a pedido
IV - após exaurida a esfera administrativa. - Comunicação
- Instrução
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente Fase processual;
a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para Consulta pública – manifestação de terceiros;
recurso. assunto de interesse geral; fixam-se prazos para
as alegações escritas;
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Audiência pública – antes da decisão; matéria
Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não de importância relevante.
ocorrida preclusão administrativa. - Decisão
- Recurso
Por não conhecimento entende-se a não apreciação do
mérito do recurso porque ele não preencheu alguma das
formalidades legais.

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso


poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou CAPÍTULO XVI
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência. DOS PRAZOS

Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo


puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá
ser cientificado para que formule suas alegações antes da Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da
decisão. cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
começo e incluindo-se o do vencimento.
Se a situação do recorrente puder piorar, deverá ele ser
cientificado para se manifestar. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia
útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso
explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
súmula, conforme o caso. contínuo.

Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
reclamação fundada em violação de enunciado da súmula de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o
órgão competente para o julgamento do recurso, que último dia do mês.
deverão adequar as futuras decisões administrativas em
casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
nas esferas cível, administrativa e penal. comprovado, os prazos processuais não se suspendem.
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Ao julgar procedente a reclamação, o STF anulará o ato Publicados oficialmente os atos, o prazo começa a correr,
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, excluído o dia da publicação e incluído o dia do vencimento.
determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação Ex: prazo de 10 dias - decisão proferida dia 1º, começa a
da súmula, conforme o caso. Também se dará ciência à contar do dia 2º, indo até o dia 11, dia do vencimento, que
autoridade prolatora para que passe a decidir conforme a é incluído. Se dia 2º não fosse dia útil, começaria a se contar
Súmula VInculante violada. do 1º dia útil que o seguisse, assim como se dia 11 não o fosse
somente haveria vencimento no 1º dia útil que o seguisse.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido Somente se suspende um prazo por motivo de força
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias maior.
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá


resultar agravamento da sanção.

Se surgirem novos fatos ou circunstâncias um processo


já encerrado pode ser revisto, mas eventual sanção aplicada
não poderá ser agravada.

100
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
#FicaDica juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à
- 3 dias úteis – intimação da comunicação dos autoridade administrativa competente, que determinará as
atos ou da instrução; providências a serem cumpridas.
- 5 dias – caso geral; recurso (reconsideração
pela autoridade que proferiu; apresentação de § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão
alegações); identificação própria que evidencie o regime de tramitação
- 10 dias – direito de manifestação do prioritária.
interessado; interposição de recurso;
- 15 dias – parecer de órgão consultivo; § 3o (VETADO)
- 30 dias – decisão (prorrogável) – decisão do
processo e decisão do recurso; § 4o (VETADO)
- 5 anos – anular ato com efeito favorável para
destinatário
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

A Lei nº 9.784/99 é apenas subsidiária às demais leis que de


CAPÍTULO XVII alguma forma abordem os procedimentos administrativos. Ou
seja, será usada quando não houver regulamentação específica.
DAS SANÇÕES

Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e


Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade 111o da República.
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
direito de defesa. EXERCÍCIO COMENTADO
As sanções aplicadas serão: pagamento de quantia certa,
ou seja, de valor em dinheiro; ou então obrigação de fazer ou
não fazer algo. 1) (Prefeitura de Nova Lima/MG - Procurador Municipal
- FUMARC/2011) Leia as afirmativas abaixo, referentes
à garantia do devido processo legal, prevista no art. 5º,
inciso LIV, da CF/88, e na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de
CAPÍTULO XVIII 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
I. O funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as
formalidades legais de apuração de sua capacidade.
Art. 69. Os processos administrativos específicos
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes II. A circunstância de inexistir previsão específica para a

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apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. interposição de recurso hierárquico em favor do sujeito
passivo de obrigação administrativa afasta o poder-
dever da Administração de examinar a validade do ato
administrativo.
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em III. É necessário processo administrativo, com ampla defesa,
que figure como parte ou interessado: para demissão de funcionário admitido por concurso,
sendo inadmissível segunda punição de servidor público
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
III - (VETADO) IV. A presença de advogado não é obrigatória em todas as
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose fases do processo administrativo disciplinar.
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Assinale a alternativa CORRETA:
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
A. apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget
(osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome B. apenas as afirmativas II e III são falsas.
de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com
base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a C. apenas as afirmativas I e IV são verdadeiras.
doença tenha sido contraída após o início do processo.
D. apenas as afirmativas II e IV são falsas.

101
Resposta: “C”. Os itens I e IV estão certos e II e III estão
errados. #FicaDica
Item I: Certo. Nos termos da súmula 21, STF, “funcionário em - Teoria da irresponsabilidade – O rei não pode
estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido fazer nada errado – Estados não podem ser
sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração responsabilizados.
de sua capacidade”. - Teorias civilistas – Uma delas era a teoria da
culpa comum do Estado, que equiparava o
Item II: Errado. A administração tem a possibilidade de Estado a um indivíduo qualquer, logo, deveria
avaliar a validade dos atos pelo princípio da autotutela ser analisado na conduta do Estado ação/
(súmula 473, STF). omissão, nexo causal e dano; outra delas é a
teoria da responsabilidade subjetiva do agente
Item III: Errado. Aos processos administrativos se aplica o público, pela qual apenas o agente público
principio do non bis in idem (súmula 19, STF). deveria responder pelo dano causado por sua
ação/omissão com dolo ou culpa, mas o Estado
Item IV: Certo. A falta de defesa técnica em processo ficaria isento.
administrativo não ofende a CF (súmula vinculante 5, - Teoria da culpa administrativa – É a primeira
STF). teoria a reconhecer a responsabilidade do
Estado de indenizar, ultrapassada a concepção
de culpa do agente público. O Estado seria
responsabilizado desde que demonstrada a
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. falta do serviço e o dano gerado por esta falta.
- Teoria do risco administrativo – É a mais atual
e adotada no ordenamento brasileiro. O Estado
tem obrigação de indenizar independentemente
A responsabilidade civil do Estado acompanha o da falta do serviço ou da culpa do agente público.
raciocínio de que a principal consequência da prática de um
ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar
o dano, mediante o pagamento de indenização que se refere
às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre
em omissão que gere dano deve suportar as consequências Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro
jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.
Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do
civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que direito obrigacional, uma vez que a principal consequência
sofreu quanto respondendo por aqueles danos que causar. Da da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para
mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os membros o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de
da sociedade pelos danos que seus agentes causem durante indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, quem
a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
uma violação aos direitos humanos reconhecidos. deve suportar as consequências jurídicas decorrentes,
restaurando-se o equilíbrio social.74

A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,


Histórico podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
limites da herança, embora existam reflexos na ação que
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“Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no apure a responsabilidade civil conforme o resultado na
mundo ocidental era a de que o Estado não tinha qualquer esfera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
A solução era muito rigorosa para com os particulares em uma absolvição por falta de provas não o faz).
geral, mas obedecia às reais condições políticas da época.
O denominado Estado Liberal tinha limitada atuação, A responsabilidade civil do Estado acompanha o
raramente intervindo nas relações entre particulares, de raciocínio de que a principal consequência da prática de
modo que a doutrina de sua irresponsabilidade constituía um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
mero corolário da figuração política de afastamento e da reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que
equivocada isenção que o Poder Público assumia àquela se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam
época. A ideia anterior, da intangibilidade do Estado, decorria às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
da irresponsabilidade do monarca, traduzida nos postulados ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por
‘the king can do no wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”73. aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem
o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos
que seus agentes causem durante a prestação do serviço,
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos
direitos humanos reconhecidos.

73 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 74 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

102
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Logo, uma das teorias que justificam a responsabilidade
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa que exerce
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam pela alguma atividade cria um risco de dano para terceiros e deve
leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) repará-lo caso ocorra (desloca-se a noção de culpa para a
com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). noção de risco).

É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva:
os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado por outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos Coloca-se no artigo a culpa lato sensu (sentido amplo), que
danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, envolve tanto o dolo quando a culpa stricto sensu (sentido
caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa. estrito, de negligência, imprudência ou imperícia).

Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e


legislações específicas estabelecem casos em que não se
se encontram no art. 186 do Código Civil:
aplicará a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva:
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa direitos de outrem.
ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação
de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação
de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e
dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser #FicaDica
individual ou coletivo, moral ou material, econômico e não O ordenamento jurídico brasileiro adota
econômico). a teoria do risco administrativo, a qual
reconhece a obrigação de reparar o dano
Conforme o caso, a culpa será ou não considerada independentemente da falta do serviço ou da
necessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a culpa culpa do agente público. Basicamente, a teoria
é fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria é do risco administrativo reconhece a existência
conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual não de responsabilidade civil objetiva do Estado.
havendo culpa, não há responsabilidade.

A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em


determinadas situações, a reparação de um dano cometido
sem culpa. Sempre que isso acontece, entende-se que a Responsabilidade por ato comissivo do Estado;
responsabilidade é legal ou objetiva, não dependendo de Responsabilidade por omissão do Estado

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culpa, bastando o dano e o nexo de causalidade (a culpa
pode ou não existir, mas nem é avaliada). No caso da responsabilidade civil do Estado, o
constituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da
Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é responsabilidade objetiva:
pressuposto do dano indenizável; enquanto que na
responsabilidade objetiva o elemento culpa é excluído Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
(restam apenas ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
substituído pelo risco.
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode
responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, Logo, para que se caracterize a responsabilidade do
sendo imprescindível a demonstração do nexo causal. Estado basta a comprovação dos elementos ação, nexo
causal e dano, como regra geral. Contudo, tomadas as
Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se exigências de características dos danos acima colacionadas,
entender que a culpa é insuficiente para regular todas as notadamente a anormalidade, considera-se que para o
situações de responsabilidade civil. A responsabilidade Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder
objetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas fica expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado
circunscrita aos seus próprios limites, notadamente, quando uma excepcional vigilância da sociedade e a plena cobertura
a atividade – por sua natureza – representar risco para os de todas as fatalidades que possam acontecer em território
direitos de outrem. nacional.

103
Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do
civil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas Estado
subjetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se
o Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
isto é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas abaixo,
fazê-lo, acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade. notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omissiva (fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do dano;
do Estado: morte de filho menor em creche municipal, buracos b) culpa exclusiva da vítima.
não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a um
usuário do metrô resultando em morte, danos provocados por Todas estas excludentes geram a exclusão do elemento nexo
enchentes e escoamento de águas pluviais quando o Estado causal, que é o liame subjetivo entre a ação/omissão e o dano,
sabia da problemática e não tomou providência para evitá- não do elemento culpa, que envolve o aspecto volitivo da ação/
las, morte de detento em prisão, incêndio em casa de shows omissão. Afinal, em regra, a responsabilidade civil do Estado é
fiscalizada com negligência, etc. objetiva, de modo que a ausência de culpa ainda caracteriza a
responsabilidade. Logo, caso se esteja diante de uma hipótese
de responsabilidade civil do Estado subjetiva por omissão,
também a ausência de culpa excluirá o dever de indenizar.
Requisitos para a demonstração da responsabilidade do
Estado

1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial a) Fortuito


e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano
específico, individualizado, que atinge determinada ou Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se de
determinadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa fato externo à conduta do agente de natureza inevitável
os problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo 393,
infelizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atributo de caso
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, mas é externo e
específica possuía o dever de impedir o assalto, como no caso inevitável, logo, o caso é fortuito).
de uma viatura presente no local - muito embora o direito à
segurança pessoal seja um direito humano reconhecido). Fortuito interno é diferente de fortuito externo. Fortuito
interno se relaciona com a atividade ordinária do causador
do dano – há responsabilidade, por exemplo, falha dos
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da
freios gerando acidente de ônibus. O fortuito externo não é
administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, possua
introduzido pelo agente, por exemplo, assalto, infarto, chuva
cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os servidores
forte. No fortuito interno o risco é de dentro pra fora, no fortuito
públicos em geral (funcionários, empregados ou temporários) e os
externo é de fora pra dentro. Apenas no primeiro há dever de
particulares em colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). indenizar, isto é, mostra-se necessário o vínculo com a atividade.
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, tudo o
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão das que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ diz que fazem
prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. parte do risco da instituição financeira os golpes que possa
sofrer, por exemplo, subtração fraudulenta dos cofres em sua
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado guarda (Informativo nº 468, STJ).
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante
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que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é


qualquer dano que permite a responsabilização civil do Estado,
b) Fato exclusivo da vítima
mas somente aquele que é causado por um agente público no
exercício de suas funções e que exceda as expectativas do lesado Quem provocou o dano foi a própria vítima.
quanto à atuação do Estado.
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múltipla ou
autoria plural – 2 condutas concorrentes para produzir um
#FicaDica único dano. Somente reduz o montante de danos.
Tomada a teoria da responsabilidade objetiva,
que exige ação, nexo causal e dano, pode-se
dizer que são requisitos da responsabilidade do
Estado: c) Fato de terceiro
Fato do serviço – A ação foi praticada por um
agente público; São casos em que a causa necessária para o dano não foi
Nexo de causalidade – Entre o fato do serviço e nem o comportamento do agente e nem o da vítima. O agente,
na contestação, fará nomeação à autoria – gerando exclusão,
o dano;
não o futuro regresso da denunciação da lide.
Dano – Causado pelo agente público no
exercício da função.
Terceiro não identificado – o agente não se responsabiliza,
pois não teve um comportamento – act of God (do inglês, ato de
Deus) – fortuito externo.

104
Reparação do dano culpa do servidor que gere dano ao erário (Administração) ou
a terceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o fato de Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violadores
que a prática de um ato ilícito gera um dever de reparação. de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e à
Há muito, o dever de reparação se dava pela causação de responsabilidade administrativa, todas autônomas uma com
dano igual ao ofensor; nos ditames do direito moderno, o relação à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste
dever de reparação se consolida pela obrigação de indenizar sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
(tanto pelo dano material quanto pelo dano moral).
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e
Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano moral, administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências – súmula 37, entre si.
STJ – pelo dano patrimonial busca-se a indenização (eliminar
o dano) ou ressarcimento (pagamento da coisa), o que coloca Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Estado é
a vítima na situação financeira que tinha antes do dano diretamente acionado e responde pelos atos de seus servidores
(retorno ao status quo ante); pelo dano extrapatrimonial, que violem direitos, cabendo eventualmente ação de regresso
como não há preço que repare a ofensa à dignidade, o que contra ele. Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da
se busca é uma compensação ou satisfação (compensa-se responsabilidade administrativa aciona-se o agente público
pois o valor é uma resposta do Judiciário no sentido de que a que praticou o ato. Destaca-se a independência entre as esferas
ofensa não ficará impune; satisfação é a postura do Estado de civil, penal e administrativa no que tange à responsabilização
responder pela ofensa à dignidade). A palavra adequada para do agente público que cometa ato ilícito.
designar ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo 948, que
fala em outras reparações, trazendo lucro cessante e dano
emergente nos incisos).
#FicaDica
O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito O fato de o agente público ter agido com culpa
fundamental a reparação do dano moral. Hoje, não há apenas é relevante para os fins de regresso, ou
dúvida de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano seja, o Estado poderá retomar do agente o valor
moral – é o dano moral puro, presente na expressão “ainda da indenização se ele agiu com culpa ou dolo.
que exclusivamente moral” do artigo 186, CC. Se o agente não tiver agido com dolo ou culpa,
ainda assim o Estado terá que indenizar (devido
à adoção da teoria do risco administrativo para
fins de responsabilidade objetiva do Estado),
Direito de regresso mas não terá direito de regresso.
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:

Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público


e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, Responsabilidade primária e subsidiária
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa. O Estado responde diretamente pelos danos causados
por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que estão
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica vinculados a qualquer dos órgãos da administração direta ou
autônoma entre o Estado e o agente público que causou indireta: trata-se de responsabilidade primária, embora exista
o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, o direito de regresso.

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a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao
Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual Contudo, existem situações em que o Estado apenas irá
foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso responder se o verdadeiro responsável pelo dano não puder
é justamente o direito de acionar o causador direto do dano repará-lo, por exemplo, no caso de suas concessionárias
para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a e delegatárias de serviços públicos. No caso, tem-se
existência de uma relação obrigacional que se forma entre a responsabilidade subsidiária.
vítima e a instituição que o agente compõe.

Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente


causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu Responsabilidade do Estado por atos legislativos e judiciais
com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais, a
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.75 exemplo da construção de obras públicas) administrativos
que causem danos a terceiros a regra é a responsabilidade
A responsabilidade civil do servidor exige prévio civil do Estado, mas por atos legislativos (leis) e judiciais
processo administrativo disciplinar no qual seja assegurado (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em princípio, o
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade Estado não responde por prejuízos decorrentes de sentença
civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com ou de lei, salvo se expressamente imposta tal obrigação
por lei ou oriunda de culpa manifesta no desempenho das
75 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. funções de julgar e legislar.
ed. São Paulo: Método, 2011.

105
A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente poderão causar EXERCÍCIO COMENTADO
dano reparável (certo, especial, anormal, referente a uma
situação protegida pelo Direito e de valor economicamente
apreciável). Com efeito, a lei age de forma geral, abstrata e
impessoal e suas determinações constituem ônus generalizados
impostos a toda coletividade. Nesse particular, o que já se viu 1) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) Sobre a
foi a declaração de responsabilidade patrimonial do Estado Responsabilidade Civil do Estado é CORRETO afirmar,
por ato baseado em lei declarada, posteriormente, como EXCETO:
inconstitucional. Assim, a edição de lei inconstitucional pode
obrigar o Estado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora A. As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos
dessa hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar. danos que seus agentes, no exercício de suas funções,
causarem a terceiros.
A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimento por
eventuais danos que possa acarretar às partes ou a terceiros. B. Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do agente
Devem ser ressalvadas as hipóteses de condenações pessoais causador do dano, desde que tenha agido dolosamente,
injustas, cuja absolvição é obtida em revisão criminal (CF, mostrando-se inviável à pretensão se a conduta foi
art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos casos em que o Juiz, a meramente culposa.
exemplo do que prevê o art. 133 do Código de Processo Civil,
responde, pessoalmente, por dolo, fraude, recusa, omissão C. O princípio da repartição dos encargos também constitui
ou retardamento injustificado de atos ou providências de seu fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
ofício, não se tem responsabilidade patrimonial do Estado. A
responsabilidade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”76. D. As pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços
delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus
prepostos, desde que haja vínculo jurídico de direito público
entre o Estado e o delegatário.

Resposta: “B”. O direito de regresso do Estado contra o servidor que,


por dolo ou culpa, causou o dano, é assegurado no artigo 37, § 6o, CF.

A. O artigo 37, §6°, CF impõe que as pessoas jurídicas de direito


público responderão pelos danos que seus agentes causarem
a terceiros.

C. A responsabilidade objetiva do estado baseia-se no risco e na


solidariedade social.

D. A responsabilidade objetiva aplica-se a todas as pessoas


jurídicas de direito público e às pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público (artigo 37, § 6o, CF).
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

76 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/Res-
ponsabilidade-Civil-do-Estado

106
5) (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Assistente
HORA DE PRATICAR Administrativo - FUMARC/2015) São princípios
constitucionais da Administração Pública previstos no Art.
37 da Constituição da República:

A. Autoridade, legalidade, impessoalidade, sigilo e


1) (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Direito -
eficiência.
FUMARC/2013) NÃO se inclui na competência privativa da
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais:
B. Legalidade, impessoalidade, moralidade, sigilo e
A. atividade de medicina legal e criminalística. eficiência.

B. processamento e arquivo de identificação civil e criminal. C. Legalidade, impessoalidade, vitaliciedade, publicidade


e eficiência.
C. registro e licenciamento de veículo automotor e
habilitação de condutor. D. Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência.
D. garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e
das entidades públicas estaduais em geral.
6) (PC-MG - Investigador de Policia - FUMARC/2014)
O Chefe da Polícia Civil, por razões estritamente pessoais,
2) (CEMIG-TELECOM - Analista de Vendas JR - com o objetivo de prejudicar determinado Perito Criminal,
FUMARC/2016) O princípio da autotutela permite que a determina sua remoção ex offício, da Capital para localidade
Administração Pública bem distante.

A. suprima direitos adquiridos mediante revogação dos Diante da situação apresentada, é CORRETO afirmar que
atos que julgar inconvenientes. o ato administrativo praticado é

B. julgue em caráter final e definitivo os conflitos nos quais A. ilícito, porque ofende o princípio da impessoalidade.
seja parte.
B. lícito, porque atende o interesse da Administração
C. declare seus próprios atos inalcançáveis pelo controle Policial.
jurisdicional.
C. lícito, porque o servidor policial está sujeito a ser lotado
D. declare a nulidade de seus próprios atos quando ilícitos em qualquer Unidade do Estado.
e os revogue quando inconvenientes.
D. lícito, porque originário de Autoridade Administrativa
competente.
3) (CBTU - Técnico Industrial - TIN - Edificações -
FUMARC/2016) São princípios que regem a Administração
Pública previstos expressamente na Constituição, EXCETO:
7) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011) Dentre
A. Razoabilidade. as assertivas abaixo, é CORRETO afirmar que

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B. Moralidade. A. o Estado é pessoa jurídica e a expressão de sua vontade
pode ser entendida como a decisão do membro de cúpula de
C. Legalidade. cada Poder Pertinente, ou seja, do agente político.

D. Eficiência. B. os agentes públicos são mandatários do Estado.

C. o órgão público, ainda que desprovido de personalidade


jurídica, pode atuar em Juízo, na defesa dos seus interesses,
4) (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Assistente em caráter excepcional, desde que exista expressa previsão
Administrativo - FUMARC/2015) Pessoas, órgãos e agentes legal.
que atuam nas atividades da administração pública devem ter
sempre como finalidade D. a vontade do órgão de representação plúrima ou
colegiado deve emanar da unanimidade ou da maioria das
A. a execução da ordem do superior hierárquico, ainda que vontades dos agentes que o integram, mesmo em se tratando
seja contrária à lei. de ato de rotina administrativa.
B. a promoção pessoal dos agentes públicos.

C. a realização do interesse público.

D. a satisfação da vontade dos governantes.

107
8) (Prefeitura de Matozinhos/MG - Advogado - 11) (CEMIG/MG - Advogado JR - FUMARC/2018) Sobre
FUMARC/2016) Acerca da Administração Indireta, é as empresas públicas e sociedades de economia mista, é
CORRETO afirmar: CORRETO afirmar que

A. A lei que cria autarquia pode definir livremente seu A. o regime de responsabilidade extracontratual dessas
regime de pessoal. pessoas depende da atividade fim desenvolvida.

B. As autarquias podem desenvolver atividades com B. sendo prestadoras de serviço público, sua
intuito de lucro, desde que sejam típicas de Estado. responsabilidade será objetiva, para danos causados a
usuários, e subjetiva, para danos causados a não usuários.
C. As pessoas jurídicas advindas da descentralização
administrativa devem observar o princípio da especialidade C. sendo sua personalidade de direito privado, seus bens
no exercício de funções administrativas, sendo vedado o não são considerados públicos e, portanto, não podem atrair
exercício de atividade política de governo por tais pessoas. as prerrogativas próprias desses.

D. As pessoas jurídicas de direito privado podem exercer D. seu regime de pessoal pode ser estatutário ou celetista,
todas as atividades-fins da Administração Pública. conforme decisão discricionária constante de seu ato de
criação nos termos da Emenda Constitucional n. 19/199

9) (CEMIG-TELECOM - Analista de Vendas JR -


FUMARC/2016) As seguintes atividades podem ser definidas 12) (Câmara de Pará de Minas/MG - Auxiliar de
como objeto de atuação de uma autarquia pela respectiva lei Administração - FUMARC/2018) O servidor adquire
criadora: estabilidade

A. prestação de serviço público, exploração de atividade A. passado o prazo previsto na Constituição, se aprovado
econômica de intervenção e atividade de governo. no estágio probatório.

B. prestação de serviço público, fiscalização de atividades B. pela nomeação.


e legislação.
C. pela posse ou pela promoção.
C. prestação de serviço público, fiscalização de atividades
privadas, normatização técnica especializada. D. quando aprovado, se assim desejar o presidente da
Câmara Municipal.
D. prestação de serviço público, fiscalização de atividades
privadas e exploração de atividade econômica de intervenção

13) (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Assistente


Administrativo - FUMARC/2015) Acerca do conhecimento
10) (COPASA - Analista de Saneamento - Advogado das normas jurídicas pelo agente público, é CORRETO
- FUMARC/2018) Constituem traços característicos das afirmar que
autarquias em regime especial consistentes em agências
reguladoras, EXCETO: A. deve apenas guardar obediência para com seu superior
hierárquico, sendo irrelevante que conheça qualquer norma.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A. Exercício de competências normativas que expressam


discricionariedade técnica. B. deve conhecer as instruções, as normas de serviço e
a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções,
B. Impossibilidade de controle legislativo e jurisdicional apenas para obter aprovação no concurso.
de seus atos de gestão.
C. é seu dever conhecer apenas os decretos expedidos
C. Maior autonomia de gestão em face da Administração pelo prefeito municipal.
Direta, em especial pela estabilidade de seus dirigentes.
D. é seu dever, segundo o Código de Ética do Agente
D. Relativização do princípio da tutela, do que é exemplo Público Municipal, manter-se atualizado com as instruções,
a impossibilidade de recurso hierárquico em face de suas as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde
decisões superiores. exerce suas funções.

108
14) (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Direito - 17) (CBTU - Técnico Industrial - TIN - Edificações -
FUMARC/2013) Determinado Estado da Federação institui FUMARC/2016) São atos de improbidade administrativa que
regime de previdência complementar para os seus servidores causam lesão ao erário, EXCETO:
efetivos. É CORRETO afirmar que, como decorrência da
medida, A. Permitir ou facilitar a aquisição, a permuta ou a locação
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
A. os servidores públicos do Estado, ocupantes de cargo
efetivo, passarão para o Regime Geral de Previdência Social. B. Perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.
B. os servidores públicos do Estado que ingressarem após
a instituição da previdência complementar estarão sujeitos C. Doar à pessoa física ou jurídica, bem como ao ente
ao Regime Geral de Previdência Social. despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistenciais,
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
C. apenas os servidores que optarem pelo regime entidades mencionadas no art. 1º dessa lei, sem observância
de previdência complementar poderão aposentar com das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie.
proventos integrais pelo regime especial de previdência do
servidor estadual. D. Conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares
D. os servidores vinculados ao regime de previdência aplicáveis à espécie.
complementar terão seus proventos e pensões sujeitos
aos limites máximos estabelecidos para o Regime Geral de
Previdência Social.
18) (TJ-MG - Técnico Judiciário - Administrador de Banco
de Dados - FUMARC/2012) De acordo com a Constituição
Estadual de Minas Gerais, os atos de improbidade administrativa
15) (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros importam as seguintes consequências, EXCETO:
- Critério Remoção - FUMARC/2012) São direitos sociais
aplicáveis inclusive aos funcionários públicos, EXCETO: A. perda da função pública

A. décimo terceiro salário. B. perda dos direitos políticos

B. licença-paternidade, nos termos fixados em lei. C. indisponibilidade dos bens

C. gozo de 30 dias úteis de férias anuais remuneradas. D. ressarcimento ao erário

D. remuneração do trabalho noturno superior à do


diurno.
19) (CEMIG-TELECOM - Analista Administrativo -
FUMARC/2010) Analise as assertivas abaixo quanto ao tema
sobre improbidade administrativa constante no artigo nono da
Lei nº 8.429/92, classificando-as como Falsas (F) ou Verdadeiras
16) (TJ-MG - Oficial Judiciário - FUMARC/2012) Marque (V) e após escolha a alternativa correta.
a opção CORRETA, de acordo com o estatuto do servidor:
( ) receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
A. O funcionário poderá ser licenciado, entre outros ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


casos, para tratamento de saúde, por motivo de doença em indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
pessoa de sua família e para tratar de interesses particulares. presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa
ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
B. Aos funcionários interinos e aos em comissão não será atribuições do agente público;
concedida licença para tratar de interesses particulares e
licença saúde. ( ) perceber somente vantagem econômica, direta, para
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
C. O funcionário não poderá permanecer em licença por imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
prazo superior a 24 meses salvo o portador de tuberculose, no art. 1° por preço superior a o valor de mercado;
lepra ou câncer, que poderá ter mais três prorrogações de 12
meses cada uma. ( ) perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
D. O funcionário não poderá gozar licença onde lhe fornecimento de serviço por ente privado por preço inferior ao
convier, ficando obrigado a residir no mesmo endereço do valor de mercado;
local em que exercer a sua atividade, salvo autorização do
chefe a que estiver imediatamente subordinado. ( ) utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem com o o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades.

109
A. V; F; V; F; 22) (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Assistente
Administrativo - FUMARC/2015) Pode ser apontado como
B. V; V; F; F; atributo do ato administrativo:

C. F; F; V; F; A. a discricionariedade.

D. V; F; F; V; B. a forma

C. a imperatividade.

20) (PC-MG - Escrivão de Polícia Civil - FUMARC/2011) D. o motivo.


O poder de polícia, a cargo da Administração Pública, é
exercido pela polícia administrativa e pela polícia judiciária,
cujas funções distinguem-se através da atuação de cada uma
delas, conforme se segue: 23) (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Técnico de Nível
Superior - Informática - FUMARC/2014) O ato administrativo
I. a polícia administrativa atua por meio de agentes unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso,
credenciados por diversos órgãos públicos, procurando
pelo qual a Administração Pública faculta ao particular a
impedir a prática de atos lesivos por infração a regras do
execução de serviço público ou a utilização privativa de bem
Direito Administrativo.
público denomina-se:
II. a polícia judiciária tem por finalidade exclusiva a
colaboração com outros órgãos, realizando sua missão A. Admissão.
independentemente dos desdobramentos futuros.
B. Autorização.
III. a polícia administrativa funciona como suporte ao
poder judiciário e sua atividade deve ser entendida como C. Licença.
meio subsidiário ao aparelhamento judicial com a finalidade
de repressão ao crime. D. Permissão.

IV. a polícia judiciária tem por finalidade zelar pela boa


conduta dos indivíduos em face das leis, ocupando-se,
portanto, do comportamento antissocial dos mesmos. 24) (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Direito -
FUMARC/2013) Considere as seguintes afirmativas sobre o
Diante do que foi exposto, marque a alternativa CORRETA. ato administrativo:

A. está correta apenas a afirmativa I. I. A finalidade do ato administrativo é definida como seu
fim imediato ou seu resultado prático.
B. está correta apenas a afirmativa IV.
II. Competência, finalidade e forma são elementos
C. estão corretas apenas as afirmativas II e IV. vinculados ao ato administrativo.
D. estão corretas apenas as afirmativas I e III. III. A justificativa para a emissão da vontade
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

expressamente indicada no ato administrativo é o que se


denomina motivo.
21) (PC-MG - Delegado de Polícia - FUMARC/2011)
No que se refere aos Poderes Administrativos, assinale a É CORRETO afirmar que:
alternativa INCORRETA:
A. apenas a afirmativa I é verdadeira.
A. O ato administrativo submete-se ao controle judicial
por força do princípio da moralidade. B. apenas a afirmativa II é verdadeira.

B. O poder regulamentar típico permite complementar a C. apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.


lei e é de caráter derivado.
D. as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
C. Autoexecutoriedade e coercibilidade são atributos do
poder de polícia.

D. Os atos de polícia que avultam o princípio da 25) (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros -
proporcionalidade revelam-se ilegais, sendo, portanto, Critério Provimento - FUMARC/2012) No que concerne aos
passíveis de anulação pelo Poder Judiciário. traços peculiares de sua atuação, é correto afirmar que os
atributos dos atos administrativos são:

110
A. imperatividade, anualidade, presunção de legalidade, D. Nos processos administrativos será observado, entre
eficácia e publicidade. outros, o critério de interpretação da norma administrativa
da forma que melhor garanta o atendimento do fim
B. imperatividade, presunção de legalidade, eficácia, público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
exequibilidade e executoriedade. interpretação.

C. publicidade relativa, imperatividade, eficácia,


presunção de legalidade e executividade.
29) (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Direito -
D. publicidade, imperatividade, legalidade formal, FUMARC/2013) Durante perseguição a um criminoso,
eficácia, executividade e executoriedade. veículo da Polícia Civil conduzido em alta velocidade
colide com três automóveis particulares que trafegavam
regularmente pela via pública, causando danos materiais a
seus respectivos proprietários.
26) (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
- Critério Remoção - FUMARC/2012) O ato administrativo, Na hipótese, é CORRETO afirmar:
espécie do ato jurídico, possui os seguintes elementos
A. Impõe-se ao Estado o dever de indenizar com base
A. Competência, finalidade, forma, motivo e objeto. na teoria da responsabilidade objetiva, segundo expressa
previsão do ordenamento jurídico brasileiro.
B. Competência, qualidade, forma, motivo e objeto.
B. Não se impõe ao Estado o dever de reparar os danos,
C. Competência, finalidade, resultado, motivo e objeto. em face da excludente de responsabilidade caracterizada
pelo estrito cumprimento do dever legal.
D. Competência, qualidade, resultado, motivo e objeto.
C. Não se impõe ao Estado o dever de indenizar, em face
da excludente de responsabilidade civil representada pela
imprevisibilidade e inevitabilidade do evento danoso.
27) (DPE-MG - Defensor Público - FUMARC/2009) A
autoridade pública competente promoveu, indevidamente, D. Responderá o Estado pelo dever de indenizar os danos
determinado servidor, praticando, assim, um ato nulo. É com base na teoria da culpa subjetiva, ou seja, desde que
CORRETO afirmar, neste caso, que a Administração Pública: demonstrado que a operação policial ou, especificamente,
as colisões tenham sido dolosas ou culposas.
A. Pode revogar o ato, considerando que ato nulo não
produz efeitos válidos.

B. Depende de provocação para declarar a nulidade do 30) (CEMIG/MG - Advogado JR - FUMARC/2018) Acerca
ato. dos empregados ocupantes de empregos públicos em uma
sociedade de economia mista, é CORRETO supor que:
C. Deve instaurar processo administrativo, dando ao
servidor direito de ampla defesa e observância do princípio A. não teriam tais agentes fundamentos doutrinários e
do contraditório para anular. jurisprudenciais para questionar a validade de ato punitivo
da empregadora proferido sem direito à prévia defesa.
D. Neste caso, pode adotar o princípio da verdade sabida.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


B. o foro competente para dirimir litígios advindos da
E. Pode anular o ato em qualquer momento, observada a relação de trabalho será a Justiça Comum Estadual.
prescrição vintenária.
C. seu vínculo poderá ser modificado unilateralmente
pela pessoa jurídica, transformando-se o vínculo contratual
em estatutário, uma vez que essa possui a faculdade de
28) (MPE-MG - Técnico do MP - Direito - FUMARC/2007) decidir seu regime de pessoal.
Assinale a afirmativa INCORRETA:
D. sua responsabilidade por danos causados a terceiros
A. Para os fins da Lei nº 9.784/99, considera-se autoridade no exercício de suas funções funda-se na culpa e deve ser
o servidor ou agente público dotado de poder decisório. decidida em ação de regresso.

B. Para os fins da Lei nº 9.784/99, considera-se entidade a


unidade de atuação integrante da estrutura da Administração
direta e da estrutura da Administração Indireta.

C. A Administração Pública obedecerá, dentre outros,


aos princípios de finalidade, motivação, proporcionalidade,
ampla defesa e contraditório.

111
GABARITO ANOTAÇÕES

1 D
2 D ————————————————————————
3 A ————————————————————————
4 C
————————————————————————
5 D
6 A ————————————————————————
7 C ————————————————————————
8 C ————————————————————————
9 C ————————————————————————
10 B
————————————————————————
11 A
12 A ————————————————————————
13 D ————————————————————————
14 D ————————————————————————
15 C ————————————————————————
16 A
————————————————————————
17 B
18 B ————————————————————————
19 D ————————————————————————
20 A ————————————————————————
21 A ————————————————————————
22 C
————————————————————————
23 D
24 B ————————————————————————

25 B ————————————————————————
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

26 A ————————————————————————
27 C ————————————————————————
28 B
————————————————————————
29 A
30 D ————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————

112
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CIVIL


Da personalidade e da capacidade........................................................................................................................................................01
Dos direitos da personalidade................................................................................................................................................................01
Da pessoa jurídica...................................................................................................................................................................................01
Responsabilidade jurídica......................................................................................................................................................................18
Fato jurídico.............................................................................................................................................................................................24
Negócios jurídicos...................................................................................................................................................................................24
Conceito...................................................................................................................................................................................................24
Vícios: Erro, dolo, culpa e coação...........................................................................................................................................................24
Relações de parentesco...........................................................................................................................................................................40
Da tutela e curatela.................................................................................................................................................................................40
Hora de praticar.......................................................................................................................................................................................47
de 2015) (Vigência)
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos,
DA PESSOA JURÍDICA quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da
vida civil.
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacida-
de:
Institui o Código Civil.
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do ou-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- tro, mediante instrumento público, independentemente
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Parte geral II - pelo casamento;
Livro I III - pelo exercício de emprego público efetivo;
Das pessoas IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
Título I V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis-
tência de relação de emprego, desde que, em função deles,
Das pessoas naturais o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.
Capítulo I
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a mor-
Da personalidade e da capacidade te; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil. Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decre-
tação de ausência:
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nasci-
mento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os I - se for extremamente provável a morte de quem estava
direitos do nascituro. em perigo de vida;
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoal- II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito pri-
mente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. sioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) da guerra.
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
(Vigência) casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data prová-
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) vel do falecimento.
(Vigência)
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
2015) (Vigência) precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mor-
tos.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à ma-
neira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Art. 9º Serão registrados em registro público:
(Vigência)
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

do juiz;
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº IV - a sentença declaratória de ausência e de morte pre-
13.146, de 2015) (Vigência) sumida.
IV - os pródigos. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regula- I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação
da por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146,

1
do casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta- vivo ou in vitro (Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho
belecimento da sociedade conjugal; da Europa), passando a ter a personalidade jurídica material,
alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou estado potencial, somente com o nascimento com vida (CC,
reconhecerem a filiação; art. 1.800, § 3º). Se nascer com vida, adquire personalidade
jurídica material, mas, se tal não ocorrer, nenhum direito pa-
III - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) trimonial terá.

Conforme entendimento doutrinário personalidade e Momento da consideração jurídica do nascituro:


capacidade jurídica transmite a ideia de personalidade, que
revela a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do con-
obrigações. gelamento de embriões humanos, houve quem levantasse o
problema relativo ao momento em que se deve considerar
Segundo Maria Helena Diniz: a pessoa natural o sujeito juridicamente o nascitum, entendendo-se que a vida tem
‘das relações jurídicas e a personalidade, a possibilidade de início, naturalmente, com a concepção no ventre materno.
ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem Assim sendo, na fecundação na proveta, embora seja a fe-
sua medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido cundação do óvulo, pelo espermatozoide, que inicia a vida,
de universalidade, no art. 12 do Código Civil, que, ao pres- é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para al-
crever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega guns autores, o nascituro só será “pessoa” quando o ovo fe-
o termo “pessoa” na acepção de todo ser humano, sem qual- cundado for implantado no útero materno, sob a condição
quer distinção de sexo, idade, credo ou raça. do nascimento com vida. O embrião humano congelado não
poderia ser tido como nascituro, apesar de dever ter prote-
- Capacidade de direito e capacidade de exercício: À ap- ção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética
tidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e con- própria. Embora a vida se inicie com a fecundação, e a vida
trair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de viável com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos
gozo ou de direito. que na verdade o início legal da consideração jurídica da per-
sonalidade é o momento da penetração do espermatozóide
- Quando o Código enuncia, no seu art. 1º, que toda pes- no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n.
soa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, não dá a en- 8.974/95, nos arts. 8, II, III e IV, e 13, veio a reforçar, em boa
tender que possua concomitantemente o gozo e o exercício hora, essa ideia não só ao vedar:
desses direitos, pois nas disposições subsequentes faz refe-
rência àqueles que tendo o gozo dos direitos civis não podem a) manipulação genética de células germinais humanas;
exercê-los, por si, ante o fato de, em razão de menoridade ou
de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou b) intervenção em material genético humano in vivo, sal-
de exercício. vo para o tratamento de defeitos genéticos;

Para discorrer sobre este tema, iremos trazer o entendi- c) produção, armazenamento ou manipulação de em-
mento da professora Maria Helena Diniz: briões humanos destinados a servir como material
biológico disponível, como também ao considerar tais
Começo da personalidade natural: atos como crimes, punindo-os severamente.

Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e adquira Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria con-
personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por cepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda desde
um segundo. a concepção os direitos do nascituro e além disso, no art.
1.597, presume concebido na constância do casamento o fi-
- Direitos do nascituro: lho havido, a qualquer tempo, quando se tratar de embrião
excedente, decorrente de concepção artificial heteróloga.
Conquanto comece do nascimento com vida a persona-
lidade civil do homem, a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 e parágrafo #FicaDica
único e 1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 124 Para ser considerado pessoa e adquirir a per-
a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à integrida- sonalidade jurídica basta ter vivido apenas um
de física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma segundo!
adequada assistência pré-natal, a um curador que zele pe-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

los seus interesses em caso de incapacidade de seus genito-


res, de receber herança (CC, arts. 1.798 e 1.800, § 3º), de ser Em relação aos incapazes, são considerados absoluta-
contemplado por doação (CC, art. 542), de ser reconhecido mente incapazes:
como filho etc.
- Menoridade de dezesseis anos: Os menores de dezes-
Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intrauterina, seis anos são tidas como absolutamente incapazes
tem o nascituro, e na vida extrauterina, tem o embrião, perso- para exercer atos na vida civil, porque devido à idade
nalidade jurídica formal, no que atina aos direitos persona- não atingiram o discernimento para distinguir o que
líssimos, ou melhor, aos da personalidade, visto ter a pessoa podem ou não .fazer que lhes, é conveniente ou preju-
carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in dicial Por isso para a validade dos seus atos, será pre-

2
ciso que estejam representados por seu pai, por sua diante escritura pública inscrita no Registro Civil com-
mãe, ou por tutor. petente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 e 90; CC, art. 92, II),
independentemente de homologação judicial. Além
Já em relação aos relativamente incapazes: dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á a
emancipação por sentença judicial, se o menor com
- Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz res- dezesseis anos estiver sob tutela e ouvido o tutor.
peito àqueles que podem praticar por si os atos da vida
civil desde que assistidos por quem o direito encarrega - Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal de-
desse ofício, em razão de parentesco, de relação de or- corre dos seguintes casos:
dem civil ou de designação judicial, sob pena de anu-
labilidade daquele ato (CC, art. 171), dependente da a) casamento, pois não é plausível que fique sob a au-
iniciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal toridade de outrem quem tem condições de casar e
ato poderá ser confirmado ou ratificado. Há atos que o constituir família; assim, mesmo que haja anulação do
relativamente incapaz pode praticar, livremente, sem matrimônio, viuvez, separação judicial ou divórcio, o
autorização. emancipado por esta forma não retoma à incapacida-
de;
- Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos só po- b) exercício de emprego público efetivo, por funcionário
derão praticar atos válidos se assistidos pelo seu repre- nomeado em caráter efetivo (não abrangendo a fun-
sentante. Caso contrário, serão anuláveis. ção pública extranumerária ou em comissão), com
exceção de funcionário de autarquia ou entidade pa-
- Ébrios habituais ou viciados em tóxicos: Alcoólatras, raestatal, que não é alcançado pela emancipação.
dipsômanos e toxicômanos. Aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua De acordo com o art. 6º a existência da pessoa natural
vontade: Abrangidos estão, aqui: os fracos de men- termina com a morte podendo esta ser morte real ou presu-
te, surdos mudos e portadores de anomalia psíquica mida.
que apresentem sinais de desenvolvimento mental
incompleto, comprovado e declarado em sentença de - Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade
interdição, que os tornam incapazes de praticar atos jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito de
na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, direitos e deveres, acarretando:
art. 1.767. IV). E portadores de deficiência mental, que
sofram redução na sua capacidade de entendimento, a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimo-
não poderão praticar atos na vida civil sem assistência nial;
de curador (CC, art. 1.767, III). Desde que interditos.
b) extinção do poder familiar; dos contratos personalíssi-
- Pródigos: São considerados relativamente incapazes mos, com prestação de serviço e mandato;
os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, habi-
tual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, c) cessação da obrigação, alimentos com o falecimen-
fazendo gastos excessivos. Com a interdição do pró- to do credor; do pacto de preempção; da obrigação
digo, privado estará ele dos atos que possam compro- oriunda de ingratidão de donatário; á extinção de usu-
meter seus bens, não podendo, sem a assistência de frutos; da doação na forma de subvenção periódica e
seu curador (CC, art. 1.767, V), alienar, emprestar, dar do encargo da testamentaria.
quitação, transigir, hipotecar, agir em juízo e praticar,
em geral, atos que não sejam de mera administração - Morte presumida: A morte presumida pela lei se dá
(CC, art. 1.782). ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a 39 do
Código Civil. Se uma pessoa desaparecer, sem deixar
A capacidade dos indígenas será regulada por legislação notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o
especial. Ministério Público poderá requerer ao juiz a decla-
ração de sua ausência e a nomeação de curador. Se
após um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou,
#FicaDica se deixou algum representante. em se passando três
Absolutamente e relativamente incapaz não é a anos, sem que dê sinal de vida, poderá ser requerida
mesma coisa! sua sucessão provisória (CC, art.. 26) e o início do pro-
cesso de inventário e partilha de seus bens, ocasião
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

em que a ausência do desaparecido passa a ser con-


Quanto à maioridade, Maria Helena Diniz defende que siderada presumida. Feita a partilha, seus herdeiros
a incapacidade cessará quando o menor completar dezoito deverão administrar os bens, prestando caução real,
anos, segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos garantindo a restituição no caso de o ausente apare-
a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a capacidade de fato, cer. Após dez anos do trânsito em julgado da sentença
podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil. da abertura da sucessão provisória (CC, art. 37), sem
que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últi-
- Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maio- mas notícias do desaparecido que conta com oitenta
ridade legal, tendo o menor atingido dezesseis anos, anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte
poderá haver a outorga de capacidade civil por con- presumida a requerimento de qualquer interessado,
cessão dos pais, no exercício do poder familiar, me-

3
convertendo-se a sucessão provisória em definitiva. Se até o quarto grau.
o ausente retornar em até dez anos após a abertura da
sucessão definitiva, terá os bens no estado em que se Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de
encontrarem e direito ao preço que os herdeiros hou- disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
verem recebido com sua venda. Porém, se regressar permanente da integridade física, ou contrariar os bons cos-
após esses dez anos, não terá direito a nada. tumes.

Morte presumida sem decretação de ausência: Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei espe-
Admite-se declaração judicial de morte presumida sem cial.
decretação de ausência em casos excepcionais, apenas de-
pois de esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
sentença fixar a data provável do óbito, e tais casos são: disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
para depois da morte.
a) probabilidade da ocorrência da morte de quem se en-
contrava em perigo de vida e Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente
revogado a qualquer tempo.
b) desaparecimento em campanha ou prisão de pessoa,
não sendo ela encontrada até dois anos após o térmi- Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se,
no da guerra. com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção ci-
rúrgica.
A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mes-
ma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. Embora o Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreen-
problema da comoriência, em regra, alcance casos de morte didos o prenome e o sobrenome.
conjunta, ocorrida no mesmo acontecimento, ela coloca-se,
com igual relevância, no que concerne a efeitos dependentes Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por
de sobrevivência, na hipótese de pessoas falecidas em locais outrem em publicações ou representações que a exponham
e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâ- ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difa-
neas ou muito próximas. matória.

- Efeito da morte simultânea no direito sucessório: Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio
em propaganda comercial.
A comoriência terá grande repercussão na transmissão
de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas
uns dos outros, não há transferência de direitos; um não goza da proteção que se dá ao nome.
sucederá ao outro, sendo chamados à sucessão os seus
herdeiros ante a presunção juris tantum de que faleceram Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admi-
ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber nistração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
quem faleceu primeiro, o magistrado aplicará o art. 8º, caso divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi-
em que, então, não haverá transmissão de direitos entre as cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
pessoas que morreram na mesma ocasião. poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
#FicaDica
A comoriência é a morte de duas ou mais pes- Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,
soas na mesma ocasião e em razão do mesmo são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge,
acontecimento. os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o


juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências
Capítulo II necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.
Dos direitos da personalidade
De acordo com o art. 11, os direitos da personalidade são
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direi-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercí-


tos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, cio sofrer limitação voluntária, salvo exceções previstas em
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. lei.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a - Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de amea-
direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem ça ou lesão a direito da personalidade: Os direitos da
prejuízo de outras sanções previstas em lei. personalidade destinam-se a resguardar a dignidade
humana, mediante sanções, que devem ser suscitadas
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitima- pelo ofendido (lesado direto). Essa sanção deve ser fei-
ção para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge ta por meio de medidas cautelares que suspendam os
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral

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atos que ameacem ou desrespeitem a integridade físi- tente reconhecendo sua filiação, também da adoção, do ca-
co-psíquica, intelectual e moral, movendo-se, em se- samento, da união estável, ou ato de interessado, mediante
guida, uma ação que irá declarar ou negar a existência requerimento ao magistrado.
da lesão, que poderá ser cumulada com ação ordinária
de perdas e danos a fim de ressarcir danos morais e A pessoa tem autorização de usar seu nome e de defen-
patrimoniais. dê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em publicação ou
representação, venha a expô-la ao desprezo público — mes-
- Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses eco- mo que não haja intenção de difamar — por atingir sua boa
nômicos, o lesado indireto será aquele que sofre um reputação, moral e profissional, no seio da coletividade (hon-
prejuízo em interesse patrimonial próprio, resultante ra objetiva). Em regra, a reparação por essa ofensa é pecuniá-
de dano causado a um bem jurídico alheio, podendo ria, mas há casos em que é possível a restauração in natura,
a vítima estar falecida ou declarada ausente. A indeni- publicando-se desagravo.
zação por morte de outrem é reclamada jure próprio,
pois ainda que o dano, que recai sobre a mulher e os É vedada a utilização de nome alheio em propaganda
filhos menores do finado, seja resultante de homicídio comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admitindo-
ou acidente, quando eles agem contra o responsável, se sua relativa disponibilidade mediante consentimento
procedem em nome próprio, reclamando contra pre- de seu titular, em prol de algum interesse social ou de
juízo que sofreram e não contra o que foi irrogado ao promoção de venda de algum produto, mediante pagamento
marido e pai. de remuneração convencionada.

Como o exemplo trazido pela autora Maria Helena Di- A imagem-retrato é a representação física da pessoa
niz: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada são como um todo ou em partes separadas do corpo, desde que
lesados indiretos, pois obtinham da vítima do homicídio o identificáveis, implicando o reconhecimento de seu titular
necessário para sua subsistência. A privação de alimentos é por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura. Intepre-
uma consequência do dano. No caso do dano moral, pon- tação dramática, cinematográfica, televisão, sites etc., que
tifica Zannoni, os lesados indiretos seriam aquelas pessoas requer autorização do retratado. E a imagem-atributo é o
que poderiam alegar um interesse vinculado a bens jurídicos conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa,
extrapatrimoniais próprios, que se satisfaziam mediante a reconhecidos socialmente.
incolumidade do bem jurídico moral da vítima direta do fato
lesivo. Por ex.: o marido ou os pais poderiam pleitear inde- Abrange o direito: á própria imagem ou a difusão da ima-
nização por injúrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que gem, a imagem das coisas próprias e á imagem em coisas,
estas afetariam também pessoalmente o esposo ou os pais, palavras ou escritos ou em publicações; de obter imagem ou
em razão da posição que eles ocupam dentro da unidade fa- de consentir em sua captação por qualquer meio tecnológi-
miliar. Haveria um dano próprio pela violação da honra da co.
esposa ou dos filhos. Ter-se-á sempre uma presunção juris
tantum de dano moral, em favor dos ascendentes, descen- O direito à imagem é autônomo, não precisando estar em
dentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos, em caso conjunto com a intimidade, a identidade, a honra etc. Embo-
de ofensa a pessoas da família mortas ou ausentes. Essas pes- ra possam estar em certos casos, tais bens a ele conexos, isso
soas não precisariam provar o dano extrapatrimonial, ressal- não faz com que sejam partes integrantes um do outro.
vando-se a terceiros o direito de elidir aquela presunção. O
convivente, ou concubino, noivo, amigos, poderiam pleitear - Direito de interpretação, direito à imagem e direito au-
indenização por dano moral, mas terão maior ônus de prova, toral: O direito de interpretação, ou seja, o do ator numa re-
uma vez que deverão provar, convincentemente. o prejuízo e presentação de certo personagem, pode estar conexo como
demonstrar que se ligavam à vítima por vínculos estreitos de direito à voz, à imagem e com o direito autoral. O autor de
amizade ou de insuspeita afeição. obra intelectual pode divulgá-la por apresentação pública,
quando a obra é representada dramaticamente, executada,
exibida, projetada em fita cinematográfica, transmitida por
#FicaDica radiodifusão etc., e é neste terreno que se situa o contrato de
Art. 16 – Toda pessoa tem direito ao nome (pre- representação e execução, de conteúdo complexo por se re-
nome e sobrenome). O nome faz parte da per- ferir não só ao desempenho pessoal, mas também à atuação
sonalidade, pois é o sinal pelo qual a pessoa é por meios mecânicos e eletrônicos dos diferentes gêneros de
reconhecida e individualizada. produção intelectual, suscetíveis de comunicação audiovi-
sual.
- Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Na representação pública há imagens transmitidas para


são os elementos constitutivos do nome: o prenome difundir obra literária, musical ou artística que deverão ser
próprio da pessoa, que pode ser livremente escolhido, tuteladas juridicamente, juntamente com os direitos do au-
desde que não exponha o portador ao ridículo; e o so- tor. Os direitos dos artistas, intérpretes e executantes são co-
brenome, que é o sinal que identifica a procedência da nexos aos dos escritores, pintores, compositores, escultores
pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, podendo ad- etc. Logo, podem eles impedir a utilização indevida de suas
vir do apelido de família paterno, materno ou de am- interpretações, bem como de sua imagem.
bos.
- Proteção da imagem como direito autoral: A imagem
A aquisição do sobrenome pode decorrer não só do nas- é protegida pelo art. 52, XXVIII, a, da CF, como direito
cimento, por ocasião de sua transcrição no Registro compe-

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autoral, desde que ligada à criação intelectual de obra disposto no art. 12, parágrafo único.
fotográfica, cinematográfica, publicitária etc.
O direito à privacidade da pessoa contém interesses jurí-
- Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas dicos, por isso seu titular pode impedir ou fazer cessar inva-
limitações do direito à imagem, com dispensa da são em sua esfera íntima, usando para sua defesa: mandado
anuência para sua divulgação, quando: de injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segu-
rança, cautelares inominadas e ação de responsabilidade ci-
a) se tratar de pessoa notória, pois isso não constitui per- vil por dano moral e patrimonial.
missão para devassar sua privacidade, pois sua vida
íntima deve ser preservada. A pessoa que se toma de
interesse público, pela fama ou significação intelec- Capítulo III
tual, moral, artística ou política não poderá alegar
ofensa ao seu direito à imagem se sua divulgação esti- Da ausência
ver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e apolítica.
Isto é assim porque a difusão de sua imagem sem seu Seção I
consenso deve estar relacionada com sua atividade ou
com o direito à informação; Da curadoria dos bens do ausente
b) se referir a exercício de cargo público, pois quem tiver Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem
função pública de destaque não poderá impedir que dela haver notícia, se não houver deixado representante ou
no exercício de sua atividade, seja filmada ou fotogra- procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
fada, salvo na intimidade; requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Pú-
blico, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
c) se procurar atender à administração ou serviço da jus-
tiça ou de polícia, desde que a pessoa não sofra dano à Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará
sua privacidade; curador, quando o ausente deixar mandatário que não quei-
ra ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os
d) se tiver de garantir a segurança pública nacional, em seus poderes forem insuficientes.
que prevalecer o interesse social sobre o particular, re-
querendo a divulgação da imagem, p. ex., de um pro- Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os po-
curado pela policia ou a manipulação de arquivos foto- deres e obrigações, conforme as circunstâncias, observando,
gráficos de departamentos policiais para identificação no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e cura-
de delinquente. Urge não olvidar que o civilmente dores.
identificado não possa ser submetido a identificação
criminal, salva nos casos autorizados legalmente; Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja se-
parado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes
e) se buscar atender ao interesse público, aos fins cultu- da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
rais, científicos e didáticos;
§ 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente
f) se houver necessidade de resguardar a saúde pública. incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem,
Assim, portador de moléstia grave e contagiosa não não havendo impedimento que os iniba de exercer o
pode evitar que se noticie o fato; cargo.

g) se obtiver imagem, em que a figura seja tão-somente § 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem
parte do cenário (congresso, enchente, praia, tumulto, os mais remotos.
show, desfile, festa carnavalesca, restaurante etc.), sem
que se a destaque, pois se pretende divulgar o aconte- § 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a
cimento e não a pessoa que integra a cena; escolha do curador.

h) se tratar de identificação compulsória ou imprescindí-


vel a algum ato de direito público ou privado. Seção II
- Reparação do dano à imagem: O lesado pode pleitear Da sucessão provisória
a reparação pelo dano moral e patrimonial (Súmula 37
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

do STJ) provocado por violação à sua imagem-retrato Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do
ou imagem-atributo e pela divulgação não autorizada ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em
de escritos ou de declarações feitas. Se a vítima vier a se passando três anos, poderão os interessados requerer que
falecer ou for declarada ausente, serão partes legítimas se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
para requerer a tutela ao direito à imagem, na qualida-
de de lesados indiretos, seu cônjuge, ascendentes ou Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente
descendentes e também, no nosso entender, o con- se consideram interessados:
vivente, visto ter interesse próprio, vinculado a dano
patrimonial ou moral causado a bem jurídico alheio. I - o cônjuge não separado judicialmente;
Este parágrafo único do art. 20 seria supérfluo ante o

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II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado
que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito de- favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
pendente de sua morte;
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entre-
gue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão
provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a épo-
publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, ca exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa
proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao in- data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram
ventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse fale- àquele tempo.
cido.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existên-
§ 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo cia, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para
interessados na sucessão provisória, cumpre ao logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, to-
Ministério Público requerê-la ao juízo competente. davia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas,
até a entrega dos bens a seu dono.
§ 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para
requerer o inventário até trinta dias depois de passar
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão Seção III
provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens
do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a Da sucessão definitiva
1.823.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a senten-
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conve- ça que concede a abertura da sucessão provisória, poderão
niente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a de- os interessados requerer a sucessão definitiva e o levanta-
terioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos mento das cauções prestadas.
pela União.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também,
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e
do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante que de cinco datam as últimas notícias dele.
penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respecti-
vos. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descen-
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas dentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens
não puder prestar a garantia exigida neste artigo, existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em
será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados
caber sob a administração do curador, ou de outro houverem recebido pelos bens alienados depois daquele
herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa tempo.
garantia.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este arti-
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma go, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover
vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domí-
independentemente de garantia, entrar na posse nio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
dos bens do ausente. respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União, quando situados em território federal.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não
sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o Verificado o desaparecimento de uma pessoa do seu do-
juiz, para lhes evitar a ruína. micílio, sem dar qualquer notícia de seu paradeiro e sem
deixar procurador, ou representante, para administrar seus
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios bens, o juiz a requerimento de qualquer interessado, seja ou
ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de não parente, bastando que tenha interesse pecuniário ou do
modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que Ministério Público, nomeará um curador para administrar
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

de futuro àquele forem movidas. seu patrimônio resguardando-o.

Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for Não havendo bens, não se terá nomeação de curador. Em
sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente e não
rendimentos dos bens que a este couberem; os outros su- da pessoa do ausente. Há quem ache, acertadamente, não se
cessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e tratar de ausência o desaparecimento de alguém num aci-
rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com dente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. em que, pelos indí-
o representante do Ministério Público, e prestar anualmente cios, a sua morte parece óbvia, apesar de não ter sido encon-
contas ao juiz competente. trado seu cadáver já que não há incerteza de seu paradeiro.

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A nomeação de curador a bens de um ausente dar-se-á c) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente direito
mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a ad- subordinado à condição de morte, ou seja, se houver
ministrar seu patrimônio ou que não possa exercer ou conti- fideicomisso;
nuar o mandato, seja por ter ocorrido o término da represen-
tação a termo, seja por sua renúncia, não aceitando a fortiori d) credores de obrigações vencidas e não pagas (CPC, art.
o mandato, seja por sua morte ou incapacidade. O mesmo se 1.163, § lº).
diga se os poderes outorgados ao procurador forem insufi-
cientes para a gestão dos bens do ausente. - Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Pú-
blico: Se, findo o prazo legal de um ano, não houver
Com isso, o ausente ficará sem representante que venha interessado na sucessão provisória, ou se entre os her-
a gerir seu patrimônio, urgindo, pois, que se nomeie curador. deiros houver interdito ou menor, competirá ao Minis-
tério Público requerer a abertura da sucessão provisó-
O curador dos bens do ausente, uma vez nomeado, terá ria (CPC, art. 1.163, § 2º).
seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz de confor-
midade com as circunstancias do caso. Logo, o magistrado, - Efeitos da sentença declaratória da abertura da suces-
conforme o caso, no ato da nomeação determinará porme- são provisória: A sentença que determinar a abertura
norizadamente as providências a serem tomadas e as ativi- da sucessão provisória produzirá efeitos somente 180
dades a serem realizadas, observando os dispositivos legais, dias depois de sua publicação pela imprensa. Assim
sempre no que forem aplicáveis, reguladores da situação si- que transitar em julgado, ter-se-á a abertura do testa-
milar dos tutores e curadores, para que a atuação do curador mento, se houver, e proceder-se-á ao inventário e par-
dos bens do ausente seja realmente eficiente e responsável. tilha dos bens como se fosse o ausente falecido (CPC,
art. 1.165).
A curadoria dos bens do ausente deverá ser deferida, se
casado for, não estando separado judicialmente, ao seu côn- - Ausência de herdeiro: Se, dentro de trinta dias do trân-
juge, para que seu patrimônio não se perca ou deteriore, as- sito em julgado da sentença que manda abrir a suces-
sumindo sua administração. Ante o interesse na conservação são provisória, não aparecer nenhum interessado, ou
dos bens do ausente, qualquer que seja o regime matrimo- herdeiro, que requeira o inventário, sendo a sucessão
nial de bens, seu curador legítimo será seu cônjuge. requerida pelo Ministério Público, a herança será con-
siderada jacente (CPC, art. 1.165, parágrafo único; CC,
- Nomeação de curador dos bens do ausente na falta do ais. 1.819 a 1.823).
cônjuge: Se o ausente que deixou bens não tiver con-
sorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do desaparecido Para garantir ao ausente a devolução de seus bens, por
como curador, e, na falta destes, os descendentes, des- ocasião de sua volta, o juiz, antes da partilha, deverá orde-
de que tenham idoneidade para exercer o cargo. nar a conversão, por meio de hasta pública, dos bens móveis,
sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em tí-
- Ordem de nomeação entre os descendentes: Na cura- tulos de dívida pública da União, adquiridos com o produto
doria dos bens do ausente cabível a descendente se- obtido.
guir-se-á o princípio de que os mais próximos excluem
os mais remotos. Os herdeiros que forem imitidos na posse dos bens do au-
sente deverão dar garantias de sua devolução mediante pe-
- Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão nhor ou hipoteca proporcionais ao quinhão respectivo (CPC,
judicante: Na falta de cônjuge, ascendente ou descen- art. 1.166), exceto se ascendentes, descendentes ou cônjuge,
dente do ausente competirá ao juiz a escolha do cura- desde que comprovada a sua qualidade de herdeiros.
dor, desde que idôneo a exercer o cargo.
- Falta de condição para prestar garantia: Se o herdeiro
A curadoria dos bens do ausente perdura por um ano, du- que tiver direito à posse provisória não puder prestar
rante o qual o juiz ordenará a publicação de editais, de dois as garantias exigidas no caput deste artigo, não poderá
em dois meses, convocando o ausente a reaparecer para re- entrar na posse dos bens, que ficarão sob a adminis-
tornar seus haveres (CPC, art 1.161). tração de um curador, ou de outro herdeiro designado
pelo magistrado, se prontifique a prestar a referida ga-
- Abertura da sucessão provisória: Passado um ano da rantia.
arrecadação dos bens do ausente sem que se saiba do
seu paradeiro, ou, se ele deixou algum representante, Os imóveis do ausente, não só os arrecadados, mas tam-
em se passando três anos, poderão os interessados re- bém os convertidos por venda dos móveis, não poderão ser
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

querer que se abra, provisoriamente, a sucessão, ces- alienados, salvo em caso de desapropriação ou por ordem
sando a curatela (CPC, art. 1.162,III). judicial para lhes evitar a ruína.

A sucessão provisória poderá ser requerida por qualquer Os sucessores provisórios, uma vez empossados nos bens,
interessado: ficarão representando ativa e passivamente o ausente; logo,
contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro,
a) cônjuge não separado judicialmente; após a abertura da sucessão provisória, àquele se moverem.

b) herdeiros presumidos legítimos e testamentários; Consequentemente, o curador dos bens do ausente não
mais será o representante legal, pois, uma vez que os herdei-

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ros, em caráter provisório, entraram na posse da herança, das.
justificativa alguma há para que o curador continue na re-
presentação daqueles bens, quer ativa, quer passivamente, Abertura de sucessão definitiva de ausente com oitenta
ou seja, como réu ou como autor. anos:

Se o sucessor provisório do ausente for seu descendente, Se se provar que o ausente tem oitenta anos de nascido e
ascendente ou cônjuge, terá a propriedade de todos os fru- que de cinco datam as últimas notícias suas; poder-se-á ter a
tos e rendimentos dos bens que a este couberem, podendo abertura da sucessão definitiva, considerando-se a média de
deles dispor como quiser. Se se tratar de outros sucessores vida da pessoa, mesmo que não tenha havido anteriormente
que não aqueles acima enumerados, sendo. p. ex., parentes sucessão provisória.
colaterais, deverão converter a metade desses rendimentos
e frutos em imóveis ou títulos de dívida pública, a fim de ga- - Regresso do ausente ou de seu herdeiro necessário: Se
rantir sua ulterior e possível restituição ao ausente. Tal capi- o ausente, ou algum de seus descendentes ou ascen-
talização deverá ser feita de acordo com o Ministério Público, dentes, regressar nos dez anos seguintes à abertura da
que, além de determinar qual o melhor emprego da metade sucessão definitiva, apenas poderá requerer ao magis-
daqueles rendimentos, deverá fiscalizá-lo. trado a devolução dos bens existentes no estado em
que se encontrarem os sub-rogados em seu lugar ou
Os sucessores provisórios deverão prestar contas, anual- o preço os herdeiros ou interessados receberam pelos
mente, ao juiz, do emprego da metade dos frutos e rendi- alienados depois daquele tempo, respeitando-se as-
mentos. Se o ausente aparecer e ficar comprovado que sua sim, os direitos de terceiro.
ausência foi voluntária e injustificada ele perderá, em favor
dos sucessores provisórios, a parte que lhe caberia nos frutos - Declaração da vacância dos bens do ausente: Se, nos
e rendimentos. dez anos a que se refere o caput do artigo ora examina-
do, o ausente não retornar, e nenhum interessado re-
O sucessor provisório que não pôde entrar na posse de querer a sucessão definitiva os bens serão arrecadados
seu quinhão, por não ter oferecido a garantia legal, poderá como vagos, passando sua propriedade plena ao Mu-
justificar-se provando a falta de recursos, requerendo judi- nicípio, ao Distrito Federal, se situados nas respectivas
cialmente, que lhe seja entregue metade dos frutos e rendi- circunscrições, ou à União.
mentos produzidos pela parte que lhe caberia, e que foi reti-
da, para poder fazer frente à sua subsistência.
#FicaDica
Retornando o ausente ou enviando notícias suas, cessa- Se, em 30 dias do trânsito em julgado da senten-
rão para os sucessores provisórios todas as vantagens, fican- ça que manda abrir a sucessão provisória, não
do obrigados a tornar medidas assecuratórias até a devolu- aparecer nenhum interessado, ou herdeiro, a
ção dos bens a seu dono, conservando-os e preservando-os herança será considerada jacente.
sob pena de perdas e danos.

Sucessores provisórios como herdeiros presuntivos: Título II


Os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, uma
vez que administram patrimônio supostamente seu: o real Das pessoas jurídicas
proprietário é o ausente, cabendo-lhe, também a posse dos
bens, bem como os seus frutos e rendimentos, ou seja, o pro- Capítulo I
duto da capitalização ordenada pelo art. 3º. O sucessor pro-
visório, com o retorno do ausente, deverá prestar contas dos Disposições gerais
bens e de seus acrescidos, devolvendo-os , assim como, se for
o caso, os sub-rogados, se não mais existirem. Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, inter-
no ou externo, e de direito privado.
A sucessão definitiva poderá ser requerida dez anos de-
pois de passada em julgado a sentença que concedeu aber- Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
tura de sucessão provisória.
I - a União;
Efeitos da abertura da sucessão definitiva:
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
Com a sucessão definitiva, os sucessores:
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

III - os Municípios;
a) passarão a ter a propriedade resolúvel dos bens recebi-
dos; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

b) perceberão os frutos e rendimentos desses bens, po- V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
dendo utilizá-los como quiser;
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes-
c) poderão alienar onerosa ou gratuitamente tais bens, e soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru-
tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao
d) poderão requerer o levantamento das cauções presta- seu funcionamento, pelas normas deste Código.

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Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo pelas obrigações sociais;
os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
pelo direito internacional público. VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o desti-
no do seu patrimônio, nesse caso.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno
são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos adminis-
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito tradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte ato constitutivo.
destes, culpa ou dolo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva,
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes,
salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
I - as associações;
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as
II - as sociedades; decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou
estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
III - as fundações.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar,
IV - as organizações religiosas; o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-
-á administrador provisório.
V - os partidos políticos.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, ca-
VI - as empresas individuais de responsabilidade limita- racterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patri-
da. monial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação que os efeitos de certas e determinadas relações de obriga-
interna e o funcionamento das organizações ções sejam estendidos aos bens particulares dos administra-
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes dores ou sócios da pessoa jurídica.
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e
necessários ao seu funcionamento. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou
cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam- para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
se subsidiariamente às sociedades que são objeto do
Livro II da Parte Especial deste Código. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver
inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 3º
Os partidos políticos serão organizados e
funcionarão conforme o disposto em lei específica. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades
aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurí-
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas dicas de direito privado.
de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de auto- § 3º
Encerrada a liquidação, promover-se-á o
rização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular proteção dos direitos da personalidade.
a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de Conceito de pessoa jurídica: A pessoa jurídica é a unida-
sua inscrição no registro. de de pessoas naturais ou de patrimônios que visa à obten-
ção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica
Art. 46. O registro declarará: como sujeito de direitos e obrigações.

I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o Pessoas jurídicas de direito público interno: São pessoas
fundo social, quando houver; jurídicas de direito público interno:
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

II - o nome e a individualização dos fundadores ou insti- a) a União, que designa a nação brasileira, nas suas rela-
tuidores, e dos diretores; ções com os Estados federados que a compõem e com
os cidadãos que se encontram em seu território; logo,
III - o modo por que se administra e representa, ativa e indica a organização política dos poderes nacionais
passivamente, judicial e extrajudicialmente; considerada em seu conjunto. Assim, o Estado Federal
(União) seria ao mesmo tempo Estado e Federação;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à admi-
nistração, e de que modo; b) os Estados federados, que se regem pela Constituição e
pelas leis que adotarem. Cada Estado federado possui
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, autonomia administrativa, competência e autoridade

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na seara legislativa, executiva e judiciária, decidindo seus membros para a obtenção de fins culturais, edu-
sobre negócios locais; cacionais, esportivos, religiosos, recreativos, morais
etc.;
c) o Distrito Federal, que é a capital da União. É um mu-
nicípio equiparado ao Estado federado por ser a sede c) sociedade simples, na qual se visa o fim econômico
da União, tendo administração, autoridades próprias e ou lucrativo, pois o lucro obtido deve ser repartido
leis atinentes aos serviços locais. Possui personalidade entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de ce-
jurídica por ser um organismo político administrativo, nas profissões ou pela prestação de serviços técnicos
constituído para a consecução de fins comuns; (p. ex., uma sociedade imobiliária ou uma sociedade
cooperativa — CC, ais. 982, parágrafo único, e 1.093 a
d) os Territórios, autarquias territoriais (Hely Lopes Mei- 1.096). As sociedades devem constituir-se por escrito,
relles), ou melhor, pessoas jurídicas de direito públi- lançar-se no registro civil das pessoas jurídicas;
co interno, com capacidade administrativa e de nível
constitucional, ligadas à União, tendo nesta a fonte de d) sociedades empresárias, que visam o lucro, median-
seu regime jurídico infraconstitucional (Michel Temer) te exercício de atividade empresarial ou comercial
e criadas mediante lei complementar; (RT, 468/207), assumindo as formas de: sociedade cm
nome coletivo; sociedade em comandita simples; so-
e) os Municípios legalmente constituídos, por terem in- ciedade em comandita por ações; sociedade limitada;
teresses peculiares e economia própria. A Constituição sociedade anônima ou por ações. Assim, para saber se
Federal assegura sua autonomia política, ou seja, a ca- dada sociedade é simples ou empresária basta consi-
pacidade para legislar relativamente a seus negócios e derar a natureza de suas operações habituais; se estas
por meio de suas próprias autoridades. tiverem por objeto o exercício de atividades econô-
micas organizadas para a produção ou circulação de
Ampliação legal do número das pessoas jurídicas de di- bens ou de serviços próprias de empresário, sujeito a
reito público interno: Além das pessoas enumeradas pelo por registro, a sociedade será empresária; caso contrario,
este artigo, a lei estendeu a personalidade de direito público, simples, mesmo que adote quaisquer das formas em-
como já tivemos oportunidade de dizer ao comentarmos o presariais, como permite o Art. 983 do Código Civil,
art. 40, às autarquias. exceto se for anônima, que, por força de lei, será sem-
pre empresária. As sociedades empresárias deverão ter
Pessoas jurídicas de direito público externo: São as regu- assento no Registro Público de Empresas Mercantis. E
lamentadas pelo direito internacional público, abrangendo: as simples, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas;
nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais
(ONU, OEA, Unesco, FAO etc.). e) partidos políticos, no interesse do regime democráti-
co, da autenticidade do sistema representativo e de-
O artigo 43 traz a teoria do risco e responsabilidade ob- fensoras dos direitos fundamentais definidos na Cons-
jetiva, e por essa teoria cabe indenização estatal de todos os tituição Federal.
danos causados, por comportamentos dos funcionários, a di-
reitos de particulares. Trata-se da responsabilidade objetiva O fato que dá origem a pessoa jurídica de direito privado
do Estado, bastando a comprovação da existência do prejuí- é a vontade humana, sem necessidade de qualquer ato ad-
zo a administrados. Mas o Estado tem ação regressiva contra ministrativo de concessão ou autorização, salvo os casos es-
o agente, quando tiver havido culpa ou dolo deste, de forma peciais do Código Civil, porém a sua personalidade jurídica
a não ser o patrimônio público desfalcado pela sua conduta permanece em estado potencial, adquirindo status jurídico,
ilícita. Logo, na relação entre poder público e agente, a res- quando preencher as formalidades ou exigências legais.
ponsabilidade civil é subjetiva, por depender da apuração de
sua culpabilidade pela lesão causada ao administrado. - Fases do processo genético da pessoa jurídica de di-
reito privado: Na criação da pessoa jurídica de direito
Classificação das pessoas jurídicas de direito privado: As privado há duas fases:
pessoas jurídicas de direito privado, instituídas por iniciativa
de particulares, dividem-se, segundo o artigo focado, em: a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, podendo re-
vestir-se de forma pública ou particular, com exceção
a) Fundações particulares, que são universalidades de da fundação, que requer instrumento público ou tes-
bens, personalizadas pela ordem pública, em conside- tamento. Além desses requisitos, há certas sociedades
ração a um fim estipulado pelo fundador, sendo este que para adquirir personalidade jurídica dependem
objetivo imutável e seus órgãos servientes, pois todas de previa autorização ou aprovação do Poder Executi-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

as resoluções estão delimitadas pelo instituidor. Deve vo Federal, como, p. ex., as sociedades estrangeiras;
ser constituída por escrito e lançada no registro geral;
b) a do registro público, pois para que a pessoa jurídica
b) Associações civis, religiosas, pias, morais, cientificas de direito privado exista legalmente é necessário ins-
ou literárias e as associações de utilidade pública, que crever os contratos ou estatutos no seu registro pecu-
abrangem um conjunto de pessoas, que almejam fins liar; o mesmo deve fazer quando conseguir a impres-
ou interesses dos sócios, que podem ser alterados, pois cindível autorização ou aprovação do Poder Executivo
os sócios deliberam livremente, já que seus órgãos são Federal.
dirigentes. Na associação não há fim lucrativo, embo-
ra tenha patrimônio formado com a contribuição de Apenas com o assento adquirirá personalidade jurídica,

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podendo, então, exercer todos os direitos; além disso, quais- respondentes a mais de metade do capital.
quer alterações supervenientes havidas em seus atos cons-
titutivos deverão ser averbadas no registro. Como se vê esse - Anulação de decisão contrária à lei e ao estatuto ou
sistema do registro sob o regime da liberdade contratual, re- eivada de vício de consentimento ou social: O direito
gulado por norma especial, ou com autorização legal, é de de anular deliberação de administradores que violar
grande utilidade em razão da publicidade que determinará norma legal ou estatutária ou for eivada de erro, dolo,
os direitos de terceiros. O registro do ato constitutivo é uma simulação ou fraude, poderá ser exercido dentro do
exigência de ordem pública no que atina à prova e à aquisi- prazo decadencial de três anos.
ção da personalidade jurídica das entidades coletivas.
Como a pessoa jurídica precisa ser representada, ativa ou
- Prazo decadencial para anular constituição de pessoa passivamente, em juízo ou fora dele, deverá ser administrada
jurídica de direito privado: Havendo defeito no ato por quem o estatuto indicar ou por quem seus membros ele-
constitutivo de pessoa jurídica de direito privado, po- gerem. Por isso, se a administração da pessoa jurídica vier a
de-se desconstituí-la dentro do prazo decadencial de faltar, o magistrado, mediante requerimento de qualquer in-
três anos, contado da publicação de sua inscrição no teressado, deverá nomear um administrador provisório, que
Registro. a representará enquanto não se nomear seu representante
legal, que exteriorizará sua vontade, no exercício dos poderes
- Registro civil da pessoa jurídica: Somente com o regis- que lhe forem conferidos pelo contrato social.
tro ter-se-á a aquisição da personalidade jurídica.
Desconsideração da pessoa jurídica:
Tal registro de atos constitutivos de sociedades simples
dar-se-á no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, sendo que as A teoria da desconsideração permite que o juiz não mais
sociedades empresárias deverão ser registradas no Registro considere os efeitos da personificação ou da autonomia jurí-
Público de Empresas Mercantis, sendo competentes para a dica da sociedade para atingir e vincular a responsabilidade
prática de tais atos as Juntas Comerciais, e seguem o disposto dos sócios, com o intuito de impedir a consumação de frau-
nas normas dos arts. 1.150 e 1.154 do Código Civil. des e abusos de direito cometidos por meio da personalidade
jurídica que causem prejuízos ou danos a terceiros.
- Requisitos para o registro da pessoa jurídica de direito
privado: O artigo sub examine aponta os requisitos do Em muitas situações os sócios ou acionistas administra-
assento, pois este declarará: dores das sociedades, sejam elas de capital ou pessoas, aca-
bam agindo com excesso de poder ou má-fé, contrariam o
a) a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o contrato e estatuto social da sociedade, ou até mesmo as leis.
fundo social, quando houver;
Esta teoria foi desenvolvida pelos tribunais norte-ame-
b) nome e individualização dos fundadores ou institui- ricanos, tendo em vista aqueles casos concretos, em que o
dores e dos diretores; controlador da sociedade a desviava de suas finalidades,
para impedir fraudes mediante o uso da personalidade jurí-
c) a forma de administração e a representação ativa e dica, responsabilizando seus membros.
passiva, judicial e extrajudicial;
Pelo Código Civil, quando a pessoa jurídica se desviar dos
d) a possibilidade e o modo de reforma do estatuto social fins que determinarem sua constituição, em razão do fato de
no que atina à administração da pessoa jurídica; os sócios ou administradores a utilizarem para alcançar fina-
lidade diversa do objetivo societário para prejudicar alguém
e) a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obri- ou fazer mau uso da finalidade social, ou quando houver
gações sociais; confusão patrimonial (mistura do patrimônio social com o
particular do sócio, causando dano a terceiro) em razão de
f) as condições de extinção da pessoa jurídica e abuso de personalidade jurídica, o magistrado, a pedido do
interessado ou do Ministério Público, está autorizado, com
g) o destino do seu patrimônio nesse caso. base na prova material do dano, a desconsiderar, episodica-
mente, a personalidade jurídica, para coibir fraudes e abusos
- Vinculação da pessoa jurídica aos atos praticados pe- dos sócios que dela se valerem como escudo, sem importar
los administradores: Se seus administradores a repre- essa medida numa dissolução da pessoa jurídica.
sentam ativa e passivamente, em juízo ou fora dele,
todos os atos negociais exercidos por eles, dentro dos Em relação à questão processual, esta teoria propõe a
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

limites de seus poderes estabelecidos no estatuto so- vincular todos os possíveis responsáveis previstos, ou seja,
cial, obrigarão a pessoa jurídica, que deverá cumpri- todos os sócios, fazendo uso de institutos processuais que
-los. regulam o litisconsórcio a fim de garantir um grau de apro-
veitamento e otimização do processo. É de certa forma uma
- Administração coletiva: Se por lei ou pelo contrato so- maneira eficaz para fins de prevenir futuras fraudes a credo-
cial vários forem os administradores, as deliberações res, desde que requerida em casos extremos de desvio de fi-
deverão ser tomadas por maioria de votos dos presen- nalidade da empresa e abuso da personalidade jurídica dos
tes, contados segundo o valor das quotas de cada um, sócios, entre outros.
exceto se ato constitutivo dispuser de modo contrário.
Para a formação dessa maioria, é necessário votos cor- Atualmente a desconsideração da personalidade jurídi-

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ca é um remédio bastante eficaz, utilizado ao caso concreto, tárias e para a dissolução.
pois se torna cada vez mais necessário a existência de me-
canismos, para garantir o pagamento de credores que sofre- VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das
ram de alguma forma prejuízos ocasionados por fraude per- respectivas contas.
meando assim pela eficácia real do Direito.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o es-
A desconsideração é um instrumento para a efetividade tatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
do processo, a fim de elencar os responsáveis pelos danos,
executar o fiel cumprimento do pagamento do crédito aos Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o
credores e o retorno da atividade empresarial. estatuto não dispuser o contrário.

Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou


#FicaDica fração ideal do patrimônio da associação, a transferência da-
A utilização da desconsideração da personali- quela não importará, de per si, na atribuição da qualidade
dade jurídica deve ser aplicada aos casos previs- de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição
tos em lei, e não de forma ampla ou genérica. diversa do estatuto.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo


justa causa, assim reconhecida em procedimento que asse-
Havendo dissolução da pessoa jurídica ou cassada sua
gure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no
autorização para funcionamento, ela subsistirá para fins de
estatuto.
liquidação, mas aquela dissolução ou cassação deverá ser
averbada no registro onde ela estiver inscrita.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.127, de 2005)
- Liquidação da sociedade: Percebe-se que a extinção da
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exer-
pessoa jurídica não se opera instantaneamente, pois se hou-
cer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente con-
ver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continua-
ferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no
rá em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a reali-
estatuto.
zação do ativo e pagamento de débitos, cessando, de uma só
vez, quando se der ao acervo econômico o destino próprio.
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:
- Cancelamento da inscrição da pessoa jurídica: Encena-
I – destituir os administradores;
da a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição
da pessoa jurídica. A extinção da pessoa jurídica, com tal
II – alterar o estatuto.
cancelamento, produzirá efeitos ex nunc, mantendo-se os
atos negociais por ela praticados até o instante de seu desa-
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os
parecimento, respeitando-se direitos de terceiro.
incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia
especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o
Capítulo II estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição
dos administradores.
Das associações
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na
forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associa-
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pes-
dos o direito de promovê-la.
soas que se organizem para fins não econômicos.
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e
patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as
obrigações recíprocos.
quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art.
56, será destinado à entidade de fins não econômicos desig-
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações
nada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos asso-
conterá:
ciados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins
idênticos ou semelhantes.
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

deliberação dos associados, podem estes, antes da


dos associados;
destinação do remanescente referida neste artigo,
receber em restituição, atualizado o respectivo
III - os direitos e deveres dos associados;
valor, as contribuições que tiverem prestado ao
patrimônio da associação.
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito
V – o modo de constituição e de funcionamento dos ór-
Federal ou no Território, em que a associação tiver
gãos deliberativos;
sede, instituição nas condições indicadas neste
artigo, o que remanescer do seu patrimônio se
VI - as condições para a alteração das disposições estatu-

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devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal - Exclusão de associado: Há imposição de sanções dis-
ou da União. ciplinares ao associado que infringir as normas esta-
tutárias ou que praticar ato prejudicial ao grupo, que
Conceito de associação: poderão, ante a gravidade do motivo, chegar até mes-
mo à expulsão, desde que haja justa causa e delibera-
É uma pessoa jurídica de direito privado voltada à ção fundamentada da maioria absoluta dos presentes
realização de finalidades culturais, sociais, pias, religiosas, à assembleia geral especialmente convocada para essa
recreativas etc., cuja existência legal surge com a inscrição finalidade.
do estatuto social que a disciplina, no registro competente.
Por exemplo: APAE, UNE, Associação de Pais e Mestres, As- - Injustiça ou arbitrariedade na exclusão de associado: O
sociação dos Advogados de São Paulo. estatuto poderá indicar, taxativamente, as causas gra-
ves determinantes da exclusão do membro associado,
- Inexistência de reciprocidade de direitos e obrigações sendo que, se a apreciação da sua conduta for conside-
entre os associados: Com a personificação da associa- rada injusta ou arbitrária, o lesado poderá, da decisão
ção, para os efeitos jurídicos, ela passará a ter aptidão do órgão que decretou sua expulsão, interpor recurso
para ser sujeito de direitos e obrigações. Cada um dos à assembleia geral e, ainda, defender seu direito de as-
associados constituirá uma individualidade e a asso- sociado por via jurisdicional, embora a jurisprudência
ciação uma outra (CC, art. 50, 2a parte), tendo cada tenha negado provimento à ação judicial para indeni-
um seus direitos, deveres e bens, não havendo, porém, zação de danos, em razão do afastamento ilícito do as-
entre os associados direitos e deveres recíprocos. sociado, devido à natureza do vínculo contratual que o
une à associação, sujeitando-o aos termos estatutários
Conteúdo do estatuto da associação: e às decisões dos órgãos da associação.

A associação é constituída por escrito e o estatuto social, Nenhum associado poderá ser impedido de exercer di-
que a regerá, sob pena de nulidade, poderá revestir-se de for- reito ou função que lhe foi conferida pelo pacto social a não
ma pública ou particular, devendo conter: a denominação, a ser nos casos e no modo previsto legal ou estatutariamente
finalidade e a sede da associação; requisitos para admissão, são invulneráveis direitos individuais especiais, como p. ex.,
demissão e exclusão de associados; direitos e deveres dos as- o direito á presidência, ao voto reforçado, ás atribuições es-
sociados; fontes de recursos para sua manutenção; modo de pecificas etc., Apesar de seus vastos poderes, a assembleia
constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e ad- não poderá efetivar todas as deliberações da maioria, uma
ministrativos e condições para alteração de disposições esta- vez que há certos direitos essenciais dos associados oriundos
tutárias e para dissolução da associação. Isto é assim porque do pacto social, insuscetíveis de violação.
toda estruturação do grupo social baseia-se nessas normas
estatutárias. Compete à assembleia a deliberação sobre: eleição e des-
tituição de administradores; aprovação de contas e alteração
Exige-se uma regulamentação bastante uniforme e se- do estatuto social.
vera, no estatuto, dos direitos e deveres dos associados, que
deverão ter tratamento igual. - Princípio da maioria: Consagra-se o princípio da maio-
ria nas deliberações assembleares, exigindo-se, para
O ato constitutivo poderá, apesar de os associados deve- destituição de diretoria e alteração estatutária, o voto
rem ter direitos iguais, criar posições privilegiadas ou confe- concorde de dois terços dos presentes à assembleia
rir direitos preferenciais para certas categorias de membros, especialmente convocada para esse fim, não podendo
como, p. ex.: a dos fundadores, que não poderá ser alterada ela deliberar em primeira convocação, sem a maioria
sem o seu consenso, mesmo que haja decisão assemblear absoluta dos associados, ou com menos de um terço
aprovando tal alteração; a de sócios remidos de determina- nas convocações seguintes.
do clube, que pagam certa importância em dinheiro para ter
o direito de pertencer vitaliciamente à associação, sem mais Todos os associados têm direito de participação na as-
dispêndios, não podendo, assim, a assembleia deles exigir sembleia geral e de nela votar; logo, tal assembleia é convo-
pagamento de outra contribuição, salvo se houver seu ex- cada, na forma do estatuto, garantindo-se a um quinto dos
presso consentimento ou se for tal exigência imprescindível associados o direito de promovê-la.
para obter meios necessários à sobrevivência da associação.
Sendo extinta uma associação, o remanescente do seu
A qualidade de associado somente poderá ser transferida patrimônio líquido depois de deduzidas quando for o caso,
a terceiro com o consenso da associação ou com permissão as quotas ou frações ideais do patrimônio, em razão de
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

estatutária. transferência a adquirente ou a herdeiro de associado, será


destinado a entidade de fins não econômicos indicada pelo
- Transferência de quota ideal do patrimônio da asso- estatuto. Ante a omissão estatutária, por deliberação dos as-
ciação: Se, p. ex., por morte, falência, interdição ou sociados, os seus bens remanescentes deverão ser transferi-
retirada de associado que tenha uma fração ideal do dos para um estabelecimento municipal, estadual ou federal
patrimônio da associação houver transferência de sua que tenha finalidade similar ou idêntica à sua. E se porven-
quota, tal fato não importará, obrigatoriamente, na tura não houver no Município, no Estado, no Distrito Federal
atribuição da qualidade de membro da associação ao ou no Território, em que a extinta associação está sediada,
seu sucessor (adquirente ou herdeiro), a não ser que estabelecimento, ou instituição, nas condições indicadas,
haja, no estatuto, convenção nesse sentido. seus bens remanescentes irão para os cofres do Estado, do

14
Distrito Federal ou da União. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre
vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade,
- Possibilidade de restituição da contribuição social aos ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer,
associados: Os associados poderão receber em resti- serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
tuição, com a devida atualização, as contribuições que
prestaram à formação do patrimônio social, antes da Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplica-
destinação do remanescente, se cláusula estatutária ção do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão
permitir ou se houver deliberação dos associados nes- logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fun-
se sentido. dação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da
autoridade competente, com recurso ao juiz.

#FicaDica Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo


É uma pessoa jurídica de direito privado volta- assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento
da à realização de finalidades culturais, sociais, e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
pias, religiosas, recreativas.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do
Estado onde situadas.
Capítulo III
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território,
Das fundações caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº
13.151, de 2015)
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará,
por escritura pública ou testamento, dotação especial de
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado,
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declaran-
caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo
do, se quiser, a maneira de administrá-la.
Ministério Público.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é
-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
mister que a reforma:
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para
gerir e representar a fundação;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico
e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no
prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o
juiz supri-la, a requerimento do interessado. (Redação
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
nº 13.151, de 2015)
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
votação unânime, os administradores da fundação, ao sub-
e promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído
meterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requere-
pela Lei nº 13.151, de 2015)
rão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se
quiser, em dez dias.
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produ-
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a fi-
ção e divulgação de informações e conhecimentos técni-
nalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua
cos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer inte-
ressado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitu-
e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de
tivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz,
2015)
que se proponha a fim igual ou semelhante.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151,


Constituir-se-á a fundação mediante escritura pública
de 2015)
ou testamento, contendo ato de dotação que compreende
a reserva de bens livres (propriedades, créditos ou dinheiro)
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
legalmente disponíveis, indicação do fim lícito colimado e o
modo de administração. O próprio instituidor poderá provi-
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação,
denciar a elaboração das normas estatutárias e o registro da
os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dis-
fundação (forma direta) ou encarregar outrem para este fim
puser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
(forma fiduciária). Se, porventura, na dotação de bens o ins-
proponha a fim igual ou semelhante.
tituidor vier a lesar a legítima de seus herdeiros necessários,

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estes poderão pleitear o respeito ao quantum legitimário. específico. Ter-se-á, então, uma multiplicidade de fiscaliza-
Dever-se-á proceder ao registro, mediante intervenção do ção, embora dentro dos limites de cada Estado.
Ministério Público, que deverá analisar o estatuto elaborado
pelo fundador, verificando se houve observância das bases A Alteração dos estatutos apenas será admitida nos ca-
da fundação, se os bens são suficientes aos fins colimados e sos em que houver necessidade de sua reforma. A Fundação,
há licitude de seu objeto. como qualquer pessoa jurídica devido aos progressos sociais
precisará amoldar-se ás novas necessidades, adaptando seus
Estando tudo em perfeita ordem o Ministério Público estatutos á nova realidade jurídico-social.
aprovará o estatuto, dentro de quinze dias da autuação do
pedido de aprovação. Se, porventura, o fundador não elabo- Se na reforma estatutária houver minoria vencida, os
rar o estatuto nem ordenar algum para fazê-lo ou se o estatu- administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao
to elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não ha- órgão do Ministério Público, requererão que se cientifique o
vendo prazo, em 180 dias, o Ministério Público poderá tornar fato àquela minoria, que poderá, se quiser, estando incon-
a iniciativa. formada, impugnar aquela alteração recorrendo ao Judiciá-
rio dentro do prazo decadencial de dez dias, pleiteando a
Portanto, para que a fundação tenha personalidade jurí- invalidação das modificações estatutárias feitas pela maio-
dica será preciso dotação, elaboração e aprovação dos esta- ria absoluta dos membros da Administração da fundação e
tutos e registro. aprovadas pelo órgão local do Ministério Público.

A lei prevê a possibilidade de ter bens insuficientes para Isto é assim porque a lei apenas conferiu ao Ministério
a constituição da fundação, doados por escritura pública ou Público o dever de fiscalizar e não o direito de decidir, uma
deixados por via testamentária, ordenando, então, que sejam vez que o controle da legalidade compete ao Judiciário. O
incorporados em outra fundação que vise igual ou seme- magistrado terá, então, a competência para decidir e conhe-
lhante objetivo, exceto se outra coisa não houver disposto o cer das nulidades que, porventura, apareçam no processo de
instituidor. alteração do estatuto da fundação, mediante recurso inter-
posto pela minoria vencida dos membros de sua Administra-
Se a fundação for constituída por meio de escritura públi- ção, cuja decadência se opera em dez dias.
ca, o instituidor terá a obrigação de transferir a propriedade,
ou outro direito real, dos bens livres colocados a serviço de Constatado ser ilícito, impossibilidade, ou inútil o obje-
um fim lícito e especial por ele pretendido, sob pena de, não tivo da fundação, o órgão do Ministério Público, ou ainda,
o fazendo, serem registrados em nome dela, por mandado qualquer interessado poderá requerer a extinção da institui-
judicial. ção.

Caso o instituidor não elaborou os estatutos da fundação, Terminará a existência da fundação com o vencimento
estes deverão ser organizados e formulados por aqueles a do prazo de sua duração. Para tanto, o Ministério Público ou
quem foi incumbida a aplicação do patrimônio, de confor- qualquer interessado deverá, mediante requerimento, pro-
midade com a finalidade específica e com as restrições im- mover a extinção da fundação.
postas pelo fundador, de maneira a não ser violada a vontade
do instituidor. E, se os estatutos não forem elaborados dentro Com a decretação judicial da extinção da fundação pelos
do prazo imposto pelo instituidor, ou, não havendo prazo, motivos acima arrolados, seus bens serão, salvo disposição
em 180 dias, caberá ao Ministério Público tal incumbência. em contrário no seu ato constitutivo ou no seu estatuto, in-
corporados em outra fundação, designada pelo juiz, que al-
Uma vez elaborados os estatutos com base nos objeti- meje a consecução de fins idênticos ou similares aos seus. O
vos que se pretende alcançar, deverão ser eles submetidos à Poder Público dará destino ao seu patrimônio, entregando-o
aprovação do órgão local do Ministério Público, que é o ór- a uma fundação que persiga o mesmo objetivo, exceto se o
gão fiscalizador da fundação em virtude de lei. Se, porventu- instituidor dispôs de forma diversa, hipótese em que se res-
ra, este vier a recusar tal aprovação, o elaborador das normas peitará sua vontade e a do estatuto.
estatutárias poderá requerer aquela aprovação denegada,
mediante recurso ao juiz. Com o advento da Lei n.º 13.151 de 2015, a fundação so-
mente poderá ser constituir somente para as seguintes fina-
O órgão legítimo para velar pela fundação, impedindo lidades:
que se desvirtue a finalidade específica a que se destina, é o
Ministério Público. Consequentemente, o órgão do Ministé- – assistência social;
rio Público de cada Estado ou o Ministério Público Federal, se
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

funcionar no Distrito Federal ou em Território, terá o encargo – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico
de fiscalizar as fundações que estiverem localizadas em sua e artístico;
circunscrição, aprovar seus estatutos no prazo de quinze dias
e as suas eventuais alterações ou reformas, zelando pela boa – educação;
administração da entidade jurídica e de seus bens.
– saúde;
A ação da fundação poderá circunscrever-se a um só Es-
tado ou a mais de um. Se sua atividade estender-se a vários – segurança alimentar e nutricional;
Estados, o Ministério Público de cada um terá o ônus de fis-
calizá-la, verificando se atende à consecução do seu objetivo – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e

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promoção do desenvolvimento sustentável; uma das suas agências, o lugar do estabelecimento,
sito no Brasil, a que ela corresponder.
– pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, pro- Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor
dução e divulgação de informações e conhecimentos público, o militar, o marítimo e o preso.
técnicos e científicos;
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu repre-
– promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos sentante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que
direitos humanos e exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do co-
– atividades religiosas. mando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o
lugar em que cumprir a sentença.
Título III
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no
Do domicílio estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde
tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Dis-
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela trito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. o teve.

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residên- Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes
cias, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direi-
seu qualquer delas. tos e obrigações deles resultantes.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às Conceito legal de domicilio civil da pessoa natural: Pelo
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exer- art. 70 do Código Civil, o domicílio civil é o lugar onde a pes-
cida. soa estabelece sua residência com animo definitivo tendo,
portanto, por critério a residência. Nesta conceituação, legal
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lu- há dois elementos: o objetivo, que é a fixação da pessoa em
gares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as dado lugar, e o subjetivo, que é a intenção de ali permanecer
relações que lhe corresponderem. com animo definitivo. Importa em fixação espacial perma-
nente da pessoa natural.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. A nossa legislação admite a pluralidade de domicilio se a
pessoa natural tiver mais de uma residência, pois se consi-
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, derará domicilio o seu qualquer uma delas. Admite também
com a intenção manifesta de o mudar. que, excepcionalmente, pode haver casos em que uma pes-
soa natural não tenha domicílio certo ou fixo, ao estabelecer
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que de- que aquele que não tiver residência habitual, como, p. ex., o
clarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e caixeiro-viajante, o circense, terá por domicilio o lugar onde
para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria for encontrado.
mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
As pessoas jurídicas têm seu domicílio que é sua sede ju-
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: rídica, onde os credores podem demandar o cumprimento
das obrigações. Como não têm residência, é o local de suas
I - da União, o Distrito Federal; atividades habituais, de seu governo, administração ou dire-
ção, ou, ainda, o determinado no ato constitutivo.
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
As pessoas jurídicas de direito público interno têm por
III - do Município, o lugar onde funcione a administração domicílio a sede de seu governo. De maneira que a União
municipal; aforará as causas na capital do Estado ou Território em que
tiver domicílio a outra parte e será demandada, à escolha do
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funciona- autor, no Distrito Federal ou na capital do Estado em que se
rem as respectivas diretorias e administrações, ou onde deu o ato que deu origem à demanda, ou em que se situe o
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos cons- bem. Os Estados e Territórios têm por sede jurídica as suas
titutivos. capitais, e os Municípios, o lugar da Administração munici-
pal.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos
em lugares diferentes, cada um deles será As pessoas jurídicas de direito privado têm por domicilio
considerado domicílio para os atos nele praticados. o lugar onde funcionarem sua diretoria e administração ou
onde elegerem domicilio especial nos seus estatutos ou atos
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no constitutivos, devidamente registrados.
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada - Pluralidade do domicilio da pessoa jurídica de direito

17
privado: O art.75, § 1º, admite a pluralidade domici- mandado ou acionado.
liar da pessoa jurídica de direito privado desde que
tenham diversos estabelecimentos (p. ex., agências,
escritórios de representação, departamentos, filiais), #FicaDica
situados em comarcas diferentes, caso em que pode- O domicílio civil é o lugar onde a pessoa estabe-
rão ser demandadas no foro em que tiverem praticado lece sua residência com animo definitivo tendo,
o ato. De forma que o local de cada estabelecimento portanto, por critério a residência.
dotado de autonomia será considerado domicilio para
os atos ou negócios nele efetivados, com o intuito de
beneficiar os indivíduos que contratarem com a pes-
soa jurídica. RESPONSABILIDADE JURÍDICA
Se a sede da Administração, ou diretoria, da pessoa ju-
rídica se acha no exterior, os estabelecimentos, agências, Título IX
filiais ou sucursais situados no Brasil terão por domicilio o
local onde as obrigações foram contraídas pelos respectivos Da responsabilidade civil
agentes.
Capítulo I
Ter-se-á o domicílio necessário ou legal quando for de-
terminado por lei, em razão da condição ou situação de ceias Da obrigação de indenizar
pessoas. O domicilio do incapaz é legal, pois sua fixação
operar-se-á por determinação de lei e não por volição. O re- Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), cau-
cém-nascido adquire o domicilio de seus pais. Os absoluta sar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
ou relativamente incapazes terão por domicilio o de seus re-
presentantes legais (pais, tutores ou curadores). Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, in-
dependentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
- Domicilio necessário do servidor público: Deriva o do- ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo au-
micílio legal ou necessário do servidor público de lei, tor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
pois o artigo sub examine entende por domiciliado o de outrem.
funcionário público no local onde exerce suas funções
por investidura efetiva. Logo tem por domicílio o lugar Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
onde exerce sua função permanente. se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
O domicilio do militar do Exército é o lugar onde servir e
o do da Marinha ou da Aeronáutica em serviço ativo, a sede Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que
do comando a que se encontra imediatamente subordinado. deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o
Marinha mercante é a encarregada de transportar merca- incapaz ou as pessoas que dele dependem.
dorias e passageiros. Os oficiais e tripulantes dessa marinha
mercante têm por domicílio necessário o lugar onde estiver Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso
matriculado o navio, embora passem a vida em viagens. do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assis-
tir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
O preso terá por domicílio o lugar onde cumprir a senten-
ça. Tratando-se de preso internado em manicômio judiciá- Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocor-
rio, é competente o juízo local para julgar pedido de sua in- rer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano
terdição, nos termos do art. 76 do Código Civil. Se se tratar de ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido
preso ainda não condenado, seu domicilio será o voluntário. ao lesado.

- Citação de ministro ou agente diplomático no estran- Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele
geiro: Se o ministro ou agente diplomático brasileiro em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
for citado no exterior e alegar a imunidade sem desig-
nar o local onde tem, no país, o seu domicílio, deverá Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei espe-
responder perante a Justiça do Distrito Federal ou do cial, os empresários individuais e as empresas respondem
último ponto do território brasileiro onde o teve. independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

- Domicílio contratual ou de eleição é o estabelecido


contratualmente pelas partes em contrato escrito, que Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
especificam onde se cumprirão os direitos e os deveres
oriundos da avença feita. O domicilio de eleição de- I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua au-
penderá de manifestação expressa dos contraentes, da toridade e em sua companhia;
qual surge a competência especial, determinada pelo
contrato, do foro que irá apreciar os possíveis litígios II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
decorrentes do negócio jurídico contratual. O local in- acharem nas mesmas condições;
dicado no contato para o adimplemento obrigacional
será também aquele onde o inadimplente irá ser de- III - o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes

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competir, ou em razão dele; Capítulo II
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabeleci- Da indenização
mentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins
de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educan- Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
dos;
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
V - os que gratuitamente houverem participado nos pro- a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitati-
dutos do crime, até a concorrente quantia. vamente, a indenização.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, respon- o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em
derão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor
do dano.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, sal- Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver
vo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devi-
relativamente incapaz. da pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos
na forma que a lei processual determinar.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da cri-
minal, não se podendo questionar mais sobre a existência do Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na
fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda
se acharem decididas no juízo criminal. corrente.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste,
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força sem excluir outras reparações:
maior.
I - no pagamento das despesas com o tratamento da víti-
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos ma, seu funeral e o luto da família;
danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de
reparos, cuja necessidade fosse manifesta. II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto
os devia, levando-se em conta a duração provável da vida
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, res- da vítima.
ponde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou
forem lançadas em lugar indevido. Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofen-
sor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de ven- lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
cida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a
descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofen-
pagar as custas em dobro. dido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da con-
todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou valescença, incluirá pensão correspondente à importância
pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao de- do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
vedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, sofreu.
no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver
prescrição. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir
que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se apli-
carão quando o autor desistir da ação antes de contestada a Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ain-
lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum da no caso de indenização devida por aquele que, no exercí-
prejuízo que prove ter sofrido. cio de atividade profissional, por negligência, imprudência
ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano cau-
sado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responde- Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além
rão solidariamente pela reparação. da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o
valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros ces-
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os santes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equiva-
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. lente ao prejudicado.

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando
prestá-la transmitem-se com a herança. não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço or-

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dinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje condições tivesse se verificado. O nosso Código Penal
àquele. adota esta teoria, com o aperfeiçoamento da imputa-
ção objetiva e tipicidade, o que não gera maiores pro-
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia blemas de ordem prática. Porém, na esfera cível, não
consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofen- se adota esta teoria, pois seria temerário uma vez que
dido. permitiria uma digressão infinita, responsabilizando
pessoas que não tiveram nenhuma ligação adequada
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo com o fato ocorrido. Um exemplo seria a concorrência
material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da in- entre o fabricante e o vendedor de um veículo, no qual
denização, na conformidade das circunstâncias do caso. o condutor provocou um acidente, neste caso todos
concorreriam por este fato.
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal
consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevie- - Teoria da Causalidade Adequada – aqui causa não é
rem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem todo e qualquer antecedente, mas apenas o antece-
aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antece- dente abstratamente idôneo à produção do resultado
dente. danoso. Atualmente, esta teoria vem se aperfeiçoan-
do no sentido de que exige-se ainda que a causa seja
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade direta ou imediata, sendo retiradas as concausas an-
pessoal: teriores que nada influíram à produção do resultado
danoso.
I - o cárcere privado;
b) Dano ou prejuízo: consiste na lesão (diminuição ou
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; subtração) a um interesse jurídico tutelado, patrimo-
nial ou extrapatrimonial, causado por ação ou omissão
III - a prisão ilegal. do sujeito infrator. Por isso é requisito indispensável à
caracterização da responsabilidade civil, ou seja, não
A responsabilidade civil é uma das espécies de responsa- existindo o dano ou prejuízo não se fala em obrigação
bilidade jurídica, ladeando com as responsabilidades: penal, de indenizar, independentemente da modalidade de
tributária, administrativa, entre outras. Neste caso as dife- responsabilização.
renças não estão na causa, pois a conduta humana é a mes-
ma, mas sim nos efeitos. Deste modo, nota-se que o fato di- A nossa doutrina e jurisprudência entendem que para ha-
ferenciador nas esferas da responsabilidade civil e penal que ver o dano é indispensável que haja os seguintes requisitos:
a intervenção penal é mais rigorosa, sendo ultima ratio, dife-
rentemente da civil. Esta está embasada na relevância social 1) Violação de um interesse jurídico patrimonial e/ou
do bem jurídico tutelado, ou seja, no direito penal tutelam-se extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica: é
bens mais relevantes, a exemplo da vida. possível o pleito de dano material e moral de forma
independente, ou cumulada, como disciplinam os ar-
As instâncias civil e criminal são independentes e autô- tigos seguintes e sumulas do STJ.
nomas, é por isso que há a possibilidade de um mesmo fato
levar a um ilícito civil e penal. Art. 5º CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
Desta forma a responsabilidade civil deriva da transgres- estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
são de uma norma jurídica pré-existente, na qual o trans- vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
gressor deve indenizar pelo mal causado. Consiste em atri- nos termos seguintes:
buir a alguém, violador de um dever jurídico primitivo, as
consequências danosas do seu comportamento, impondo a V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
obrigação de indenizar. agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à imagem;
São elementos indispensáveis para a responsabilização:
conduta humana; nexo de causalidade e o dano ou prejuízo. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
a) Nexo de causalidade: é preciso haver um nexo de cau- pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
salidade entre a conduta e o resultado danoso para
que haja a obrigação de indenizar. O nexo causal ou Art. 186 CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

a relação de causalidade é o liame entre a conduta e negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
o dano, de modo que um seja visto como consequên- outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
cia do outro. Há duas correntes em nossa doutrina que
abrangem a respeito: Súmula 37 – São cumuláveis as indenizações por dano
material e dano moral oriundos do mesmo fato.
- Teoria da Equivalência de Condições – todos os ante-
cedentes que concorreram para o dano se equivalem, Súmula 387 – É possível a acumulação das indenizações
desta forma configuram-se como causa e imputan- de dano estético e moral.
do-lhe a responsabilização. Justificam esta teoria em
que o dano não haveria ocorrido sem que uma das Sobre a pessoa jurídica, lembra-se da redação do arti-

20
go 52 do Código Civil e da Súmula 227 do STJ, viabilizam a trapatrimonial, por se tratar de algo imaterial ou ideal,
proteção dos direitos da personalidade e o pleito de danos a dilação probatória torna-se dificultosa. Por isso, al-
morais. guns tribunais passaram a entender que o dano é ín-
sito à própria ofensa, ao ilícito em si mesmo, pois de-
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a corre inexoravelmente do próprio fato ofensivo. Esta
proteção dos direitos da personalidade. tese é aplicada em casos onde a pessoa tem o nome
inserido na lista de negativados do SCPC e SERASA.
Súmula 227 – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
e) dano indireto: esta tese está intrinsecamente ligada
2) Certeza do dano: somente o dano certo e efetivo é aos efeitos da lesão jurídica, ou seja, o prejuízo cau-
indenizável, neste caso não há que se falar em com- sado a um bem jurídico econômico pode resultar per-
pensação da vítima por dano abstrato ou hipotético, da de ordem moral, ou seja dano moral indireto, e de
mesmo nos casos de danos morais, onde é difícil a sua ofensa a um bem jurídico extrapatrimonial que pode
qualificação. originar um dano material (patrimonial indireto).

3) Subsistência do dano: se o dano for reparado, per- f) dano reflexo, oblíquo ou ricochete: neste caso é im-
de-se o interesse da responsabilidade civil, ou seja, o portante salientarmos que dano indireto não é sinôni-
dano deve permanecer no momento de sua exigibili- mo do dano moral em reflexo, este é fruto de uma lesão
dade em juízo, não há que se falar em indenização se o sofrida por outrem. Conceitualmente, dano oblíquo
dano já foi reparado espontaneamente. consiste no prejuízo que atinge reflexamente pessoa
próxima, ligada à vitima direta da atuação ilícita.
4) Nexo causal direto e imediato entre prejuízo e condu-
ta humana lesante: como foi visto na teoria da causa- Em relação à reparação do dano, o artigo 944 CC discipli-
lidade adequada, a reparação apenas se dará no que na que seja feita com base na sua extensão, não consideran-
se relaciona aos danos diretos e imediato sofridos pela do, portanto, como fator diferenciado a intenção do agente,
vítima, em decorrência da conduta humana. mas sim a extensão do dano causado, com isso reparando-o
da melhor forma possível, fazendo com que a vítima retorne
ao status anterior. O referido artigo preceitua também a nor-
#FicaDica ma de equidade, ou seja, caso haja uma desproporção entre
A responsabilidade civil deriva da transgressão a gravidade da culpa e o dano, o juiz poderá reduzir equitati-
de uma norma jurídica pré-existente, na qual o vamente a indenização. Esta regra se trata de uma exceção à
transgressor deve indenizar pelo mal causado. reparação integral

Em se tratando de fontes geradoras de obrigações (deve-


res), o direito civil brasileiro acolhe três tipos:
São espécies de danos:
a) Obrigações derivadas de vontade humana: oriundas
a) dano patrimonial: trata-se de uma lesão a um interes-
de um ato jurídico lato sensu (negócio jurídico, ato ju-
se patrimonial, sendo passível de restituição integral
rídico stricto sensu);
segundo a teoria da diferença, ou seja, apura-se qual
seria a situação atual sem o dano e a sua diferença para
b) Obrigações derivadas de ato ilícito: seja pelo inadim-
a situação atual com o dano, reparando justamente re-
plemento (total ou parcial), seja pelo cometimento de
ferida diferença.
um delito; e
b) dano moral: consiste no prejuízo ou lesão de direitos
c) Obrigações derivadas direta ou imediatamente da lei:
desprovidos de conteúdo pecuniário e valor econômi-
obrigações tributárias, administrativas, oriundas do
co essencial, a exemplo dos direitos da personalidade.
poder familiar ou mesmo de um fato jurídico stricto
Aqui está nítido a ligação entre a modalidade danosa
sensu, como também os casos de enriquecimento sem
e o direito à dignidade da pessoa humana, princípio
causa, que implicam em um pagamento injusto e, em
essencial adotado pela Constituição Federal.
consequência, na obrigação de restituir, assim como
nos casos de abuso de direito.
Há outras modalidades de danos, mas abordaremos as
mais requisitadas em concursos públicos, mantendo a or-
O nobre doutrinador Nelson Nery Junior ensina a respei-
dem:
to dos sistemas de responsabilidade civil, sendo o seu posi-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

cionamento o mais acertado, no qual estipula que dois são os


c) a perda de uma chance: neste caso, a pessoa perde
sistemas de responsabilidade civil que foram adotados pelo
aquilo que poderia ser uma oportunidade séria e real,
CC:
de um possível ganho, caracteriza-se quando em virtu-
de de conduta de outrem desaparece a probabilidade
- responsabilidade civil objetiva e
de um evento que possibilitaria um benefício futuro à
vítima. Aqui a vítima não se tem a certeza de vantagem
- responsabilidade civil subjetiva.
e não perde algo que seria do seu patrimônio.
O sistema geral do Código Civil é o da responsabilidade
d) dano mora presumido: esta tese tem embasamento na
civil subjetiva, conforme o artigo 186, que se funda na teoria
dificuldade em se comprovar a efetivação do dano ex-

21
da culpa: para que haja o dever de indenizar, é necessária a - Responsabilidade Direta: ocorre quando o ato ilícito
existência do dano, do nexo de causalidade entre o fato e o é praticado pelo próprio agente. Nesse caso o agente
dano e a culpa lato sensu (culpa – imprudência, negligência responderá por seus próprios atos.
ou imperícia; ou dolo) do agente.
- Responsabilidade Indireta: quando o ato ilícito decor-
Já o sistema subsidiário adotado pelo mesmo ordena- re de ato de terceiro, com o qual o Agente tem vínculo
mento jurídico é o da responsabilidade civil objetiva (art. legal de responsabilidade, de fato de animal e de coisas
927 p.u.), que se funda na teoria do risco: para que haja o de- inanimadas sob sua guarda.
ver de indenizar, é irrelevante a conduta (dolo ou culpa) do
agente, pois basta à existência do dano e do nexo de causali-
dade entre o fato e o dano. #FicaDica
A responsabilidade civil subjetiva, conforme
Haverá responsabilidade civil objetiva quando a lei assim o artigo 186, que se funda na teoria da culpa:
o determinar ou quando a atividade habitual do agente, por para que haja o dever de indenizar, é necessá-
sua natureza, implicar risco para o direito de outrem. ria a existência do dano, do nexo de causalidade
entre o fato e o dano e a culpa lato sensu (cul-
Há outros subsistemas derivados dos dois sistemas, que pa – imprudência, negligência ou imperícia; ou
se encontram tanto no Código Civil como em leis extrava- dolo) do agente.
gantes.

Em se tratando das espécies de responsabilidade civil, Causas excludentes da responsabilidade civil


adotaremos a classificação dada pela respeitável doutrina-
dora Maria Helena Diniz, e para ela são classificadas da se- As hipóteses a seguir são causas onde há o rompimento
guinte forma: do nexo de causalidade, com isso rompe-se a responsabili-
dade civil.
1) Quanto ao seu fato gerador:
1) Caso fortuito e força maior: excluem a responsabili-
- Responsabilidade Contratual: esta surge quando há dade civil, pois decorrem de um evento não imputável
por parte de um dos contratantes, o descumprimento ao suposto causador do dano, seja imprevisível, seja
total ou parcial do contrato. Resultando, portanto, de inevitável.
ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento
ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. 2) Estado de necessidade e legítima defesa: o estado de
Neste caso o ônus da prova na responsabilidade con- necessidade consiste na agressão a um direito alheio,
tratual compete ao devedor, que deve provar, ante o de valor jurídico igual ou inferior aquele que se quer
inadimplemento, a inexistência de sua culpa ou a pre- preservar, com o objetivo de afastar um perigo atual ou
sença de qualquer excludente do dever de indenizar. iminente, já na legítima defesa o agente reage a uma
agressão injusta, atual ou iminente, utilizando os meio
- Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: necessários, de forma proporcional e moderada. Nos
acontece a responsabilidade extracontratual ou aqui- artigos 929 e 930 CC estabelecem que se nessas duas
liana, quando por ato ilícito uma pessoa causa dano a situações se o agente atingir interesse de terceiro ino-
outra, ou seja, quando a pessoa em inobservância aos cente, este deverá ser indenizado cabendo, portanto
preceitos legais, causa dano a outrem. É mister, que ação regressiva em face do causador.
nessa espécie de responsabilidade não há uma relação
obrigacional entre as partes, contudo, tal obrigação 3) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regu-
decorre da inobservância de um dever legal de não lar de direito: o nosso código civil não trata o estrito
causar dano a outrem. cumprimento do dever legal como excludente, sendo
adotado, porém, pela doutrina. Um exemplo, de au-
2) Quanto ao fundamento: sência de responsabilidade, é quando um policial ar-
romba uma porta para cumprir um mandato. Da mes-
- Responsabilidade Subjetiva: para a caracterização ma maneira ocorre com o exercício regular de direito,
de referida responsabilidade, imprescindível se faz a não configurando abuso.
comprovação da culpa. Dessa forma, a Vítima precisa
provar a culpa do Agente do ato ilícito. 4) Culpa exclusiva da vítima: tem o poder de romper o
nexo causal a atuação culposa da vítima, devendo o
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

- Responsabilidade Objetiva: esta responsabilidade se réu da ação indenizatória demonstrar suficientemente


funda na teoria do risco, ou seja, quando a atividade esta causa. Um exemplo clássico é quando uma pessoa
normalmente desenvolvida pelo autor do dano, impli- tentando o suicídio atira-se na frente de um carro, o
car, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. motorista, neste caso, é apenas um instrumento.
Importante destacar, que na Responsabilidade Obje-
tiva não há a necessidade de comprovação da culpa 5) Fato de terceiro: é o comportamento causal de um
por parte do prejudicado, sendo necessária, apenas a terceiro apto a romper o nexo de causalidade entre
ocorrência do ato ilícito. o agente do dano e a vítima. Aqui também o ônus da
prova será do causador do dano.
3) Quanto ao agente:

22
Responsabilidade Civil Indireta
#FicaDica
O agente responde por um ato que não é propriamente A Responsabilidade Civil Indireta é quando o
seu, são responsabilidades de fundo objetivo. agente responde por um ato que não é propria-
mente seu, são responsabilidades de fundo ob-
O Código Civil divide em: responsabilidade civil pelo fato jetivo.
da coisa ou de animal e responsabilidade civil por ato de ter-
ceiro.
Responsabilidade civil do Estado e do particular
A primeira é subdividida em:
Neste tópico será tratado sobre a responsabilidade civil
a) Responsabilidade pelos animais: neste caso a respon- do Estado; em relação à responsabilidade civil do particular,
sabilidade é do dono ou detentor (aquele que, transi- já abordamos anteriormente seguindo a ordem lógica do Có-
toriamente, está com o animal sob seu comando), ad- digo Civil Brasileiro.
mite-se também como excludentes a culpa exclusiva
da vitima e a força maior. Mas mesmo assim iremos conceituar, para um melhor
entendimento, sobre o tema.
b) Responsabilidade por ruína de edifício ou constru-
ção: é também objetiva, por ausência de reparos cuja A responsabilidade civil consiste na obrigação de reparar
necessidade é manifesta, a responsabilidade é do pro- economicamente os danos causados a terceiros, sejam no
prietário, sendo este responsável pelas benfeitorias âmbito patrimonial ou moral. Desta forma, em razão de um
necessárias. dano patrimonial ou moral é possível o Estado ser responsa-
bilizado e, por consequência, deverá pagar uma indenização
c) Responsabilidade civil por ato de terceiro: o agente capaz de compensar os prejuízos causados.
responde pelo ato de um terceiro, de forma objetiva;
não se fala em presunção de culpa, sendo, portanto Será abordado neste tópico sobre a responsabilidade ex-
responsabilidade objetiva, bem como solidária. tracontratual do Estado, ou seja, não será tratada a respon-
sabilidade decorrente de prejuízos causados em decorrência
de contratos administrativos. Sendo que a responsabilidade
Repetição de indébito é do Estado, e não da Administração.

O Código Civil disciplina esta matéria da seguinte forma: Importante salientar que não são somente os atos ilícitos
efetuados pelos agentes públicos que estão capazes de gerar
- o credor que demandar o devedor, antes de se exigir o a responsabilidade extracontratual do Estado, mas também
crédito, ficará obrigado a esperar o vencimento e des- os atos lícitos.
contar os juros correspondentes, além de pagar custas
Nos dois casos o Estado responderá. Tanto por atos ilí-
em dobro.
citos quanto por atos lícitos ou omissões. Mas há uma dife-
renciação em relação aos danos causados; quando for dano
- o credor que demandar divida já paga, este será obri- causado por atos lícitos a doutrina fala em “indenização”,
gado a pagar o dobro do que houver cobrado. mas se a consequência for em decorrência de atos ilícitos, a
expressão usada será “ressarcimento”.
- o credor que demandar por mais do que for devido
será obrigado a indenizar pelo equivalente do pedido A responsabilidade objetiva (que independe da compro-
a mais. vação de dolo ou de culpa) do Estado está prevista no pará-
grafo 6º do artigo 37 da Constituição Federal.
Essas hipóteses não serão aplicadas se o credor desistir
da ação antes de contestada a lide, salvo se o devedor tinha Art. 37, § 6º – As pessoas jurídicas de direito público e as
direito de haver indenização por algum prejuízo comprova- de direito privado prestadoras de serviços públicos respon-
do. derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau-
sarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
Transmissibilidade da obrigação de indenizar
Na doutrina, acerca deste assunto, encontramos duas
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Esta é transferida aos herdeiros, como também o direito teorias, a seguir:


subjetivo de responsabilidade civil, sendo que a prescrição
não é suspensa e nem interrompida com a morte, prosse- 1) Teoria do Risco Integral: não admite causas excludentes
guindo perante os herdeiros. de responsabilidade, logo o Estado deveria responder
por qualquer dano, ainda que não tenha dado causa;

2) Teoria do Risco Administrativo: admite causas exclu-


dentes de responsabilidade como caso fortuito, força
maior e culpa exclusiva da vítima. Esta é a teoria ado-
tada em nosso Direito, devendo o Estado responder

23
pelos prejuízos causados aos administrados, salvo
quando presente alguma das causas acima menciona- FATO JURÍDICO
das NEGÓCIOS JURÍDICOS
CONCEITO
A responsabilidade objetiva consagrada ao Estado pelo
parágrafo 6º do art. 37, CF, como já visto, envolve tanto as VÍCIOS: ERRO, DOLO, CULPA E COAÇÃO
pessoas jurídicas de direito público, quanto às de direito pri-
vado.
Livro III
O Supremo Tribunal Federal, durante muito tempo, en-
tendeu que a responsabilidade objetiva das concessionárias Dos fatos jurídicos
e permissionárias dos serviços públicos eram somente aos
seus usuários e não se estendiam a terceiros. Este enten- Título I
dimento não ocorre mais, desde 2009, como demonstra e
ementa a seguir: Do negócio jurídico

“I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de di- Capítulo I


reito privado prestadoras de serviço público é objetiva re-
lativamente a terceiros usuários e não usuários do serviço, Disposições gerais
segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II
- A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
administrativo e o dano causado ao terceiro não usuário do
serviço público, é condição suficiente para estabelecer a res- I - agente capaz;
ponsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado.
III - Recurso extraordinário desprovido”. (RE 591.874) II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

Desta forma, o parágrafo 6º do art. 37, CF, deve ser in- III - forma prescrita ou não defesa em lei.
terpretado de forma extensiva, utilizando o princípio da
isonomia, pois deve ser protegido também os não usuários Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não
de serviços públicos que sejam atingidos pela prestação do pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem
mesmo. Toda atividade comporta um risco e a empresa pres- aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso,
tadora de serviços deve assumi-lo de maneira integral. for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

A responsabilidade civil em matéria de consumidor se Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida
deve a dois principais fatores: a produção em série e o circui- o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de reali-
to de distribuição dos bens em massa. zada a condição a que ele estiver subordinado.

O CDC prevê a responsabilidade civil objetiva, indepen- Art. 107. A validade da declaração de vontade não depen-
dentemente de culpa do agente, por todos os danos causa- derá de forma especial, senão quando a lei expressamente a
dos aos consumidores. Esta responsabilidade do fabricante exigir.
ou do produtor está na esfera extracontratual, pois não existe
vínculo contratual direto como consumidor, não obstante as Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pú-
construções doutrinárias e jurisprudenciais para estabelecer blica é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem
uma relação direta entre as pontas de produção e do consu- à constituição, transferência, modificação ou renúncia de di-
mo. reitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente no País.

#FicaDica Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de


não valer sem instrumento público, este é da substância do
A responsabilidade civil do Estado consiste na
ato.
obrigação de reparar economicamente os da-
nos causados a terceiros, sejam no âmbito pa-
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que
trimonial ou moral.
o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circuns-


tâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a de-
claração de vontade expressa.

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à


intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados


conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

24
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia in- III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
terpretam-se estritamente.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossí-
veis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Capítulo II
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico
Da representação à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se
terá adquirido o direito, a que ele visa.
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei
ou pelo interessado. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição
suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas dis-
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, posições, estas não terão valor, realizada a condição, se com
nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao re- ela forem incompatíveis.
presentado.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anu- não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se
lável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se,
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se
pelo representante o negócio realizado por aquele em quem aposta a um negócio de execução continuada ou periódica,
os poderes houverem sido subestabelecidos. a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem efi-
cácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com a natureza da condição pendente e conforme aos dita-
com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade mes de boa-fé.
e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo,
responder pelos atos que a estes excederem. Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídi-
cos, a condição cujo implemento for maliciosamente obs-
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo represen- tado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao
tante em conflito de interesses com o representado, se tal contrário, não verificada a condição maliciosamente levada
fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
tratou.
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de con-
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da dição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos
conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o pra- destinados a conservá-lo.
zo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste
artigo. Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a
aquisição do direito.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal
são os estabelecidos nas normas respectivas; os da represen- Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em con-
tação voluntária são os da Parte Especial deste Código. trário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e
incluído o do vencimento.

Capítulo III § 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-


-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
Da condição, do termo e do encargo
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivan- décimo quinto dia.
do exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito
do negócio jurídico a evento futuro e incerto. § 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual
número do de início, ou no imediato, se faltar exata
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não con- correspondência.
trárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as
condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito § 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma minuto.


das partes.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são su- do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo,
bordinados: quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstân-
cias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, ambos os contratantes.
quando suspensivas;
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita

25
em lugar diverso ou depender de tempo. Seção II
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que cou- Do dolo
ber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolu-
tiva. Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo,
quando este for a sua causa.
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exer-
cício do direito, salvo quando expressamente imposto no ne- Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das per-
gócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. das e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo.
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou im-
possível, salvo se constituir o motivo determinante da libera- Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio in-
lidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. tencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Capítulo IV
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por
Dos defeitos do negócio jurídico dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou
devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que sub-
Seção I sista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as
perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Do erro ou ignorância
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das par-
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as tes só obriga o representado a responder civilmente até a
declarações de vontade emanarem de erro substancial que importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em representante convencional, o representado responderá so-
face das circunstâncias do negócio. lidariamente com ele por perdas e danos.

Art. 139. O erro é substancial quando: Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, ne-
nhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar in-
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da denização.
declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da Seção III


pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde
que tenha influído nesta de modo relevante; Da coação
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade,
da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídi- há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano
co. iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos
seus bens.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade
quando expresso como razão determinante. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não perten-
cente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstân-
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios in- cias, decidirá se houve coação.
terpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a decla-
ração direta. Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo,
a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a todas as demais circunstâncias que possam influir na gravi-
que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio dade dela.
quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder
identificar a coisa ou pessoa cogitada. Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício
normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

declaração de vontade. Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por
terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurí- a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aque-
dico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se le por perdas e danos.
dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da von-
tade real do manifestante. Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decor-
rer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse
ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação res-
ponderá por todas as perdas e danos que houver causado ao
coacto.

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Seção IV adquirentes que hajam procedido de má-fé.

Do estado de perigo Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor


insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa. Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos ou-
tros credores as garantias de dívidas que o devedor insolven-
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente te tiver dado a algum credor.
à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circuns-
tâncias. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os ne-
gócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabele-
cimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do
Seção V devedor e de sua família.

Da lesão Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem


resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se te-
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob pre- nha de efetuar o concurso de credores.
mente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a presta-
ção manifestamente desproporcional ao valor da prestação Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único
oposta. objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca,
penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo anulação da preferência ajustada.
os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o
negócio jurídico.
Capítulo V
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte Da invalidade do negócio jurídico
favorecida concordar com a redução do proveito.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

Seção VI I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

Da fraude contra credores II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou III - o motivo determinante, comum a ambas as partes,
remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou for ilícito;
por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, po-
derão ser anulados pelos credores quirografários, como lesi- IV - não revestir a forma prescrita em lei;
vos dos seus direitos.
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere
§ 1º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se essencial para a sua validade;
tornar insuficiente.
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos
podem pleitear a anulação deles. VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a
prática, sem cominar sanção.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onero-
sos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas sub-
ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. sistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na
forma.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente
ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a


citação de todos os interessados. I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar transmitem;
os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao
valor real. II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláu-
sula não verdadeira;
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser
intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou
celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros pós-datados.

27
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é
face dos contraentes do negócio jurídico simulado. anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem
ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não
Público, quando lhe couber intervir. pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade
se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte,
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus
efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido su- Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obriga-
pri-las, ainda que a requerimento das partes. ção anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu
em proveito dele a importância paga.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de con-
firmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as
partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os re- possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
quisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam
as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do ne-
previsto a nulidade. gócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro
meio.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei,
é anulável o negócio jurídico: Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade
parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte vá-
I - por incapacidade relativa do agente; lida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de da obrigação principal.
perigo, lesão ou fraude contra credores.

Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas Elementos essenciais do ato negocial:
partes, salvo direito de terceiro.
Os elementos essenciais são imprescindíveis à existên-
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância cia e validade do ato negocial, pois formam sua substância;
do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. podem ser gerais, se comuns à generalidade dos negócios
jurídicos, dizendo respeito à capacidade do agente, ao ob-
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o jeto lícito e possível e ao consentimento dos interessados; e
negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do ví- particulares, peculiares a determinadas espécies por serem
cio que o inquinava. concernentes à sua forma e prova.

Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução volun- Capacidade do agente:


tária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174,
importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que Como todo ato negocial pressupõe uma declaração de
contra ele dispusesse o devedor. vontade, a capacidade do agente é indispensável à sua par-
ticipação válida na seara jurídica. Tal capacidade poderá ser:
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta
de autorização de terceiro, será validado se este a der poste- a) geral, ou seja, a de exercer direitos por si, logo o ato
riormente. praticado pelo absolutamente incapaz sem a devida
representação será nulo e o realizado pelo relativa-
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada mente incapaz sem assistência será anulável;
por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados
a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alega- b) especial, ou legitimação, requerida para a validade de
rem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. certos negócios em dadas circunstâncias (p. ex., pes-
soa casada é plenamente capaz, embora não tenha
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para capacidade para vender imóvel sem autorização do
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: outro consorte ou suprimento judicial desta, exceto se
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

o regime matrimonial de bens for o de separação).


I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio ju- O negócio jurídico válido deverá ter, como diz Crome, em
rídico; todas as partes que o constituírem, um conteúdo legalmen-
te permitido. Deverá ser lícito, ou seja, conforme a lei, não
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a in- sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à mo-
capacidade. ral. Se tiver objeto ilícito será. E o que ocorrerá, p. ex., com a
compra e venda de coisa roubada. Deverá ter ainda objeto

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possível, física ou juridicamente. Se o ato negocial contiver Impossibilidade relativa do objeto:
prestação impossível, como a de dar volta ao mundo em uma
hora ou de vender herança de pessoa viva, deverá ser decla- Se a impossibilidade do objeto for relativa, isto é, se a
rado nulo. prestação puder ser realizada por outrem, embora não o seja
pelo devedor, não invalidade o negócio jurídico.
Deverá ter objeto determinado ou, pelo menos, suscetí-
vel de determinação, pelo gênero e quantidade, sob pena de Cessação da impossibilidade do objeto negocial antes
nulidade absoluta. do implemento da condição. Se o negócio jurídico contendo
objeto impossível, tiver sua eficácia subordinada a um even-
Consentimento dos interessados: to futuro e incerto, e aquela impossibilidade cessar antes de
realizada aquela condição válida será a avença.
As partes deverão anuir, expressa ou tacitamente, para a
formação de uma relação jurídica sobre determinado objeto, Previsão contratual de forma especial:
sem que se apresentem quaisquer vícios de consentimento,
como erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão, ou vícios A emissão da vontade é dotada de poder criador; assim
sociais, como simulação e fraude contra credores. sendo, se houver cláusula negocial estipulando a invalidade
do negócio jurídico, se ele não se fizer por meio de escritura
Forma prescrita ou não defesa em lei: pública, esta passará a ser de sua substância. Logo, tal de-
claração de vontade somente terá eficácia jurídica se o ato
Às vezes será imprescindível seguir determinada forma negocial revestir a forma prescrita contratualmente.
de manifestação de vontade ao se praticar ato negocial
dirigido à aquisição, ao resguardo, à modificação ou extinção Reserva mental lícita:
de relações jurídicas. O princípio geral é que a declaração
de vontade independe de forma especial, sendo suficiente A reserva mental é a emissão de uma intencional decla-
que se manifeste de modo a tornar conhecida a intentio do ração não querida em seu conteúdo, nem tampouco em seu
declarante, dentro dos limites em que seus direitos podem resultado, pois o declarante tem por único objetivo enganar
ser exercidos. Apenas, excepcionalmente, a lei vem a exigir o declaratário.
determinada forma, cuja inobservância invalidará o negócio.
Logo, se conhecida da outra parte, não toma nula a decla-
Incapacidade relativa como exceção pessoal: ração da vontade, pois esta inexiste, e, consequentemente,
não se forma qualquer ato negocial, uma vez que não havia
Por ser a incapacidade relativa uma exceção pessoal, ela intentio de criar direito, mas apenas de iludir o declaratário.
somente poderá ser formulada pelo próprio incapaz ou pelo Se for desconhecida pelo destinatário, subsiste o ato.
seu representante. Como a anulabilidade dó ato negocial
praticado por relativamente incapaz é um beneficio legal Reserva mental ilícita conhecida do declaratário:
para a defesa de seu patrimônio contra abusos de outrem,
apenas o próprio incapaz ou seu representante legal o de- Se, além de enganar, houver intenção de prejudicar, ter-
verá invocar. Assim, se num negócio um dos contratantes -se-á vício social similar à simulação, ensejando nulidade do
for capaz e o outro incapaz, aquele não poderá alegar a in- ato negocial. É preciso esclarecer que o conhecimento da re-
capacidade deste em seu próprio proveito, porque devia ter serva mental que acarreta a invalidade do negócio somente
procurado saber com quem contratava e porque se trata de pode ser admissível até o momento da consumação do ato
proteção legal oferecida ao relativamente incapaz. Se o con- negocial, pois se o declaratário comunicar ao reservante, an-
tratante for absolutamente incapaz, o ato por ele praticado tes da efetivação do negócio, que conhece a reserva, não ha-
será nulo, pouco importando que a incapacidade tenha sido verá esta figura, que tem por escopo enganar o declaratário.
invocada pelo capaz ou pelo incapaz, tendo em vista que o
Código Civil, pelo art. 168, parágrafo único, não possibilita O silêncio pode dar origem a um negócio jurídico, visto
ao magistrado suprir essa nulidade, nem mesmo se os con- que indica consentimento, sendo hábil para produzir efeitos
tratantes o solicitarem, impondo-se lhe até mesmo o dever jurídicos, quando cedas circunstâncias ou os usos o auto-
de declará-la de ofício. rizarem, não sendo necessária a manifestação expressa da
vontade. Caso contrário, o silêncio não terá força de decla-
Invocação da incapacidade de uma das partes ante a in- ração volitiva. Se assim é, o órgão judicante deverá averiguar
divisibilidade do objeto do direito ou da obrigação comum: se o silêncio traduz, ou não, vontade. Logo, a parêmia “quem
cala consente” não tem juridicidade. O puro silêncio apenas
Se o objeto do direito ou da obrigação comum for indivi- terá valor jurídico se a lei à determinar, ou se acompanha-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

sível, ante a impossibilidade de separar o interesse dos con- do de certas circunstâncias ou de usos e costumes do lugar,
tratantes, a incapacidade de um deles poderá tornar anulável indicativos da possibilidade de manifestação da vontade, e
o ato negocial praticado, mesmo que invocada pelo capaz, desde que não seja imprescindível a forma expressa para a
aproveitando aos cointeressados capazes, que porventura efetivação negocial.
houver. Logo, nesta hipótese, o capaz que veio a contratar
com relativamente incapaz estará autorizado legalmente a A interpretação do ato negocial situa-se na seara do con-
invocar em seu favor a incapacidade relativa deste, desde teúdo da declaração volitiva, pois o intérprete do sentido
que indivisível a prestação, objeto do direito ou da obrigação negocial não deve ater-se, unicamente, à exegese do negócio
comum. jurídico, ou seja, ao exame gramatical de seus termos, mas
sim em fixar a vontade, procurando suas consequências jurí-

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dicas, indagando sua intenção, sem se vincular, estritamente, rem àqueles poderes.
ao teor linguístico do ato negocial. Caberá, então, ao intér-
prete investigar qual a real intenção dos contratantes, pois Se, porventura, o representante concluir negócio jurídi-
sua declaração apenas terá significação quando lhes traduzir co, havendo conflito de interesses com o representado, com
a vontade realmente existente. O que importa é a vontade pessoa que devia ter conhecimento desse fato, aquele ato ne-
real e não a declarada; daí a importância de desvendar a in- gocial deverá ser declarado anulável.
tenção consubstanciada na declaração.
Prazo decadencial para anulação de ato efetuado por re-
Conceito de representação: presentante em conflito de interesses com o representado:
Pode-se pleitear anulação do negócio celebrado com tercei-
A representação é a relação jurídica pela qual certa pes- ro, pelo representante em conflito de interesses com o repre-
soa se obriga diretamente perante terceiro, por meio de ato sentado, dentro de cento e oitenta dias, contados da conclu-
praticado em seu nome por um representante, cujos poderes são do negócio jurídico ou da cessação da incapacidade do
são conferidos por lei ou por mandato. representado.

Representante legal: Papel do curador especial:

O representante legal é aquele a quem a norma jurídica Havendo conflito de interesses entre representado e re-
confere poderes para administrar bens alheios, como o pai, presentante, os atos negociais deverão, para ser válidos, ser
ou mãe, em relação a filho menor, tutor, quanto ao pupilo celebrados por curador especial.
e curador, no que concerne ao curatelado. A representação
legal serve aos interesses do incapaz. Conceito de condição:

Representante convencional ou voluntário: Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio


jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto.
O representante convencionado é o munido de mandato
expresso ou tácito, verbal ou escrito, do representante, como Requisitos:
o procurador, no contrato de mandato.
Para a configuração da condição será preciso a ocorrên-
Efeitos da representação: cia dos seguintes requisitos:

A manifestação da vontade pelo representante ao efeti- a) aceitação voluntária, por ser declaração acessória da
var um negócio em nome do representado, nos limites dos vontade incorporada a outra, que é a principal por
poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos jurídicos se referir ao negócio a que a cláusula condicional se
relativamente ao representado, que adquirirá os direitos dele adere com o objetivo de modificar uma ou algumas de
decorrentes ou assumirá as obrigações que dele advierem. suas consequências naturais;
Logo, uma vez realizado o negócio pelo representante, os di-
reitos serão adquiridos pelo representado, incorporando-se b) futuridade do evento, visto que exigirá sempre um fato
em seu patrimônio; igualmente os deveres contraídos em futuro, do qual o efeito do negócio dependerá; e
nome do representado devem ser por ele cumpridos, e por
eles responde o seu acervo patrimonial. c) incerteza do acontecimento, pois a condição relacio-
na-se com um acontecimento incerto, que poderá
Se o representante vier a efetivar negócio jurídico consi- ocorrer ou não.
go mesmo no seu interesse ou por conta de outrem anulável
será tal ato, exceto se houver permissão legal ou autorização Condição lícita:
do representado.
Lícita será a condição quando o evento que a constitui
Consequência jurídica do substabelecimento: não for contrário à lei, à ordem pública ou aos bons costu-
mes.
Se, em caso de representação voluntária, houve substa-
belecimento de poderes, o ato praticado pelo substabelecido Estão defesas as condições:
reputar-se-á como tendo sido celebrado pelo substabelecen-
te, pois não houve transmissão do poder, mas mera outorga a) perplexos, se privarem o ato negocial de todo o efeito,
do poder de representação. É preciso esclarecer que o poder como a venda de um prédio sob a condição de não ser
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

de representação legal é insuscetível de substabelecimento. ocupado pelo comprador; e


Os pais, os tutores ou os curadores não podem substabelecer
os poderes que têm em virtude de lei. b) puramente potestativas, se advindas de mero arbítrio
de um dos sujeitos. Por exemplo, constituição de uma
Como os negócios jurídicos realizados pelo representan- renda em seu favor se você vestir tal roupa amanhã;
te são assumidos pelo representado, aquele terá o dever de aposição de cláusula que, em contrato de risco, dê ao
provar àqueles, com quem vier a tratar em nome do repre- credor poder unilateral de provocar o vencimento an-
sentado, não só a sua qualidade, mas também a extensão dos tecipado da dívida, diante de simples circunstancia de
poderes que lhe foram conferidos, sob pena de, não o fazen- romper-se o vínculo empregatício entre as partes. Urge
do, ser responsabilizado civilmente pelos atos que excede- lembrar que a condição resolutiva puramente potes-

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tativa é admitida juridicamente, pois não subordina o A retroatividade da condição suspensiva não é aplicável
efeito do negócio jurídico ao arbítrio de uma das par- aos contratos reais, uma vez que só há transferência de pro-
tes, mas sim sua ineficácia. Sendo tal condição resolu- priedade após a entrega do objeto sobre que versam ou da
tiva, nulidade não há porque existe um vínculo jurídi- escritura pública devidamente transcrita. Esclarece Clóvis
co válido consistente na vontade atual de se obrigar, Beviláqua que o implemento da condição suspensiva não
de cumprir a obrigação assumida, de sorte que, como terá efeito retroativo sobre bens fungíveis, móveis adquiridos
observa Vicente Ráo, o ato jurídico chega a produzir os de boa-fé e imóveis, se não constar do registro hipotecário a
seus efeitos, só se resolvendo se a condição, positiva inscrição do título, onde se acha consignada a condição.
ou negativa, se realizar e quando se realizar. O art. 122
veda a condição suspensiva puramente potestativa. Inserção posterior de novas disposições: A norma não
veda a possibilidade de, na pendência de uma condição sus-
Condições suspensivas física ou juridicamente impossí- pensiva, fazer novas disposições, que, todavia, não terão va-
veis: lidade se, realizada a condição, forem com ela incompatíveis.

As condições fisicamente impossíveis são as que não po- A condição resolutiva subordina a ineficácia do negócio a
dem efetivar-se por serem contrárias à natureza. Por exem- um evento futuro e incerto. Enquanto a condição não se rea-
plo, a doação de uma casa a quem trouxer o mar até a Praça lizar o negócio jurídico vigorará, podendo exercer-se desde
da República da cidade de São Paulo será inválida, visto que a celebração deste o direito por ele estabelecido. Mas, veri-
a condição suspensiva que subordina a eficácia negocial a ficada a condição, para todos os efeitos extingue-se o direito
evento futuro incerto é impossível fisicamente. As condições a que ela se opõe. Por exemplo, constituo uma renda em seu
juridicamente impossíveis são as que invalidamos atos nego- favor, enquanto você estudar.
ciais a elas subordinados, por serem contrarias à ordem legal,
como, p. ex., a outorga de uma vantagem pecuniária sob con- Se uma condição resolutiva for aposta em um ato nego-
dição de haver renúncia ao trabalho. cial, enquanto ela não se der; vigorará o negócio jurídico,
mas, ocorrida a condição, operar-se-á a extinção do direito
Condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita: a que ela se opõe. Mas, se tal negócio for de execução conti-
nuada, a efetivação da condição, exceto se houver disposição
As condições ilícitas ou as de fazer coisa ilícita são con- em contrário, não atingirá os atos já praticados, desde que
denadas pela norma jurídica, pela moral e pelos bons costu- conformes com a natureza da condição pendente e aos dita-
mes e, por isso, invalidam os negócios a que forem apostas. mes da boa-fé. Acatado está princípio da irretroatividade da
Por exemplo: prometer uma recompensa sob a condição de condição resolutiva.
alguém viver em concubinato; dispensar, se casado, os deve-
res de coabitação e fidelidade mútua; mudar de religião, ou, A condição suspensiva ou resolutiva valerá como reali-
ainda, não se casar. zada se seu implemento for intencionalmente impedido por
quem tirar vantagem com sua não-realização. Se a parte be-
Condições incompreensíveis ou contraditórias: neficiada com o implemento da condição forçar maliciosa-
mente sua realização, esta será tida aos olhos da lei como não
Se os negócios contiverem cláusulas que subordinem verificada para todos os efeitos; p. ex., se alguém contempla
seus efeitos a evento futuro e incerto, mas eivadas de obs- certa pessoa com um legado sob condição de prestar servi-
curidades, possibilitando várias interpretações pelas dúvidas ços a outrem, e o legatário maliciosamente cria uma situação
que levantam, tais atos negociais invalidar-se-ão. que venha forçá-lo a ser despedido sem justa causa, para re-
ceber o legado sem ter de prestar serviços. Provada a má-fé
Condição resolutiva impossível: do legatário, não se lhe entregará o legado. Se, ao contrário,
se forçar uma justa causa para despedir o legatário, com o
Se for aposta num negócio condição resolutiva impossí- intuito de privá-lo de receber o legado, provada a má-fé, o
vel ou de não fazer coisa impossível, será tida como não es- legado ser-lhe-á entregue, mesmo que não continue a pres-
crita; logo, o negócio valerá como ato incondicionado, sendo tação de serviços.
puro e simples, como se condição alguma se houvesse esta-
belecido, por ser considerado inexistente. Quanto aos atos de administração praticados na pendên-
cia da condição, ela não terá efeito retroativo, salvo se a lei
Condição suspensiva: Será suspensiva a condição se as expressamente o determinar, de maneira que tais atos serão
partes protelarem, temporariamente, a eficácia do negócio intocáveis, e os frutos colhidos não precisarão ser restituí-
até a realização do acontecimento futuro e incerto. dos. Porém, a norma jurídica estabelece que a condição terá
efeito retroativo quanto aos atos de disposição, que, com sua
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Efeito da condição suspensivo pendente: Pendente a ocorrência, serão tidos como nulos.
condição suspensiva não se terá direito adquirido, mas ex-
pectativa de direito ou direito eventual. Só se adquire o direi- Não há que confundir o termo com o prazo, que é o lapso
to após implemento da condição. A eficácia do ato negocial de tempo compreendido entre a declaração de vontade e a
ficará suspensa até que se realize o evento futuro e incerto. A superveniência do termo em que começa o exercício do di-
condição se diz realizada quando o acontecimento previsto reito ou extingue-se o direito até então vigente.
se verificar. Ter-se-á, então, o aperfeiçoamento do ato nego-
cial, operando-se ex tunc, ou seja, desde o dia de sua celebra-
ção, se inter vivos, e da data da abertura da sucessão, se causa
mortis, daí ser retroativo.

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trega no local designado; na compra de uma safra de laranja,
#FicaDica o prazo será a época da colheita, mesmo que não tenha sido
O negócio jurídico válido deverá ter, como diz estipulado.
Crome, em todas as partes que o constituírem,
um conteúdo legalmente permitido. Erro substancial:

O erro é uma noção inexata sobre um objeto, que influên-


cia a formação da vontade do declarante, que a emitirá de
Contagem dos prazos: maneira diversa da que a manifestaria se dele tivesse conhe-
cimento exato. Para viciar a vontade e anular o ato negocial,
O prazo é contado por unidade de tempo (hora, dia, mês e deste deverá ser substancial, escusável e real. Escusável, no
ano), excluindo-se o dia do começo (dies a quo) e incluindo- sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausí-
-se o do vencimento (dies ad quem), salvo disposição, legal vel ou ser de tal monta que qualquer pessoa de atenção or-
ou convencional, em contrário. Se se assumir uma obrigação dinária seja capaz de cometê-lo em face da circunstância do
dia 15 de maio, com prazo de um mês, não se computará o negócio. Real, por importar efetivo dano para o interessado.
dia 15, e a obrigação vencer-se-á dia 16 de junho. O erro substancial é erro de fato por recair sobre circunstân-
cia de fato, ou seja, sobre as qualidades essenciais da pes-
Para resolver questões alusivas a prazo, o Código Civil soa ou da coisa. Poderá abranger o erro de direito, relativo
apresenta os seguintes princípios: à existência de uma norma jurídica dispositiva, desde que
afete a manifestação da vontade, caso em que viciará o con-
a) se o vencimento do ato negocial cair em feriado ou do- sentimento.
mingo, será prorrogado até o primeiro dia útil subse-
quente. Logo, como sábado não é feriado, não há qual- - Erro sobre o objeto principal da declaração:
quer prorrogação, a não ser que o pagamento tenha de
ser efetuado em Banco que não tiver expediente aos Ter-se-á erro substancial quando atingir o objeto prin-
sábados; cipal da declaração em sua identidade, isto é, o objeto não
é o pretendido pelo agente (p. ex., se um contratante supõe
b) se o termo vencer em meados de qualquer mês, o ven- estar adquirindo um lote de terreno de excelente localização,
cimento dar-se-á no décimo quinto dia, qualquer que quando na verdade está comprando um situado em péssimo
seja o número de dias que o acompanham; assim sen- local).
do, pouco importará que o mês tenha 28 ou 31 dias;
- Erro sobre a qualidade essencial do objeto:
c) se o prazo estipulado for estabelecido por mês, este
será contado do dia do início ao dia correspondente Apresentar-se-á o erro substancial quando recair sobre a
do mês seguinte. Se no mês do vencimento não houver qualidade essencial do objeto, como, p. ex., se a pessoa pensa
o dia correspondente, o prazo findar-se-á no primeiro adquirir um relógio de prata que, na realidade, é de aço.
dia subsequente;
- Erro de direito:
d) se o prazo for fixado em horas, a contagem far-se-á de
minuto a minuto. O errar juris não consiste apenas na ignorância da norma
jurídica, mas também em seu falso conhecimento e na sua
Os atos negociais inter vivos sem prazo serão exequíveis interpretação errônea, podendo ainda abranger a ideia
imediatamente, abrangendo tanto a execução promovida errônea sobre as consequências jurídicas do ato negocial. Se
pelo credor como o cumprimento pelo devedor. Todavia, o erro de direito afetar a manifestação volitiva, tendo sido o
como nos ensina João Franzen de Lima: “não se deve en- principal ou o único motivo da realização do ato negocial,
tender ao pé da letra, como sinônimo de imediatamente, a sem, contudo importar em recusa à aplicação da lei vicia o
expressão desde logo, contida na regra deste dispositivo. En- consentimento. Para anular o negócio não poderá, contudo
tendida ao pé da letra poderia frustrar o benefício, poderia recair sobre norma cogente, mas tão somente sobre normas
anular o negócio. Deve haver o tempo bastante para que se dispositivas, sujeitas ao livre acordo das partes.
realize o fim visado, ou se empreguem meios para realizá-lo”.
- Erro na transmissão da vontade por instrumento ou por
Caso haverá em que impossível será o adimplemento interposta pessoa:
imediato.
Se alguém recorrer a rádio, televisão, telefone, mensageiro
Prazo tácito:
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

ou telégrafo para transmitir uma declaração de vontade,


e o veículo utilizado o fizer com incorreções, acarretando
Para evitar hipóteses em que o adimplemento do contra- desconformidade entre a vontade declarada e a interna,
to não se pode dar de imediato, esclarece o artigo sub exa- poder-se-á alegar erro nas mesmas condições em que a
mine que, se a execução tiver de ser feita em local diverso manifestação volitiva se realiza inter presentes.
ou depender de tempo, não poderá, obviamente, prevalecer
o imediatismo da execução. O prazo tâcito decorrerá, por- Se uma declaração de vontade com certo conteúdo for
tanto, da natureza do negócio ou das circunstâncias. Por transmitida com conteúdo diverso, o negócio poderá ser
exemplo, no transporte de uma mercadoria de São Paulo a passível de nulidade relativa, porque a manifestação de von-
Manaus, mesmo que não haja prazo, mister será um espaço tade do emitente não chegou corretamente à outra parte. Se,
de tempo para que seja possível a efetivação da referida en-

32
contudo, a alteração não vier a prejudicar o real sentido da do emprego das manobras astuciosas.
declaração expedida, o erro será insignificante e o negócio
efetivado prevalecerá. O dolo acidental, por não ser vício de consentimento
nem causa do contrato, não acarretará a anulação do negó-
- Erro acidental: cio, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a
uma redução da prestação convencionada.
O erro acidental diz respeito às qualidades secundárias
ou acessórias da pessoa, ou do objeto. Não terá qualquer in- - Dolo positivo e dolo negativo:
fluência na perfeição do negócio jurídico. O erro acidental
não induz anulação do ato negocial por não incidir sobre a O dolo positivo é o artifício astucioso decorrente de ato
declaração da vontade, se se puder, por seu contexto e pelas comissivo em que a outra parte é levada a contratar por força
circunstâncias. identificar a pessoa ou a coisa. Assim, o erro de afirmações falsas sobre a qualidade da coisa. O dolo nega-
sobre a qualidade da pessoa, de ser ela casada ou solteira, tivo, previsto no Art. 147, vem a ser a manobra astuciosa que
não terá o condão de anular um legado que lhe for feito, se se constitui uma omissão dolosa ou reticente para induzir um
puder identificar a pessoa visada pelo testador, apesar de ter dos contratantes a realizar o negócio. Ocorrerá quando uma
sido erroneamente indicada. das partes vem a ocultar algo que a outra deveria saber e se
sabedora não teria efetivado o ato negocial. O dolo negativo
- Erro de cálculo e sua retificação: acarretará anulação do ato se for dolo principal.

O errar in quantitate diz respeito a engano sobre peso, Para o dolo negativo deverá haver:
medida ou quantidade do bem, logo é erro acidental, não
induzindo anulação do negócio, por não incidir sobre a de- a) um contrato bilateral;
claração da vontade. Se assim é, o erro de cálculo não anula
o negócio, nem vicia o consentimento, autorizando tão-so- b) intenção de induzir o outro contratante a praticar o
mente a retificação da declaração volitiva. negócio jurídico;

Conceito de dolo: c) silêncio sobre uma circunstância ignorada pela outra


parte;
Dolo, segundo Clóvis Beviláqua, é o emprego de um arti-
fício astucioso para induzir alguém à prática de um ato que d) relação de causalidade entre omissão intencional e a
o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. O do- declaração volitiva;
lus malus, de que cuida o art. 145, é defeito do ato jurídico,
idôneo a provocar sua anulabilidade, dado que tal artifício e) ato omissivo do outro contratante e não de terceiro;
consegue ludibriar pessoas sensatas e atentas.
f) prova da não-realização do negócio se o fato omitido
O dolo principal é aquele que dá causa ao negócio jurí- fosse conhecido da outra parte contratante.
dico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando a
anulação daquele ato negocial. Para que o dolo principal se Se o dolo for provocado por terceira pessoa a mando de
configure e tome passível de anulação o ato negocial, será um dos contratantes ou com o concurso direto deste, o ter-
preciso que: ceiro e o contratante serão tidos como autores do dolo. Po-
der-se-á apresentar três hipóteses:
a) haja intenção de induzir o declarante a praticar o ne-
gócio lesivo à vítima; a) o dolo poderá ser praticado por terceiro com a cumpli-
cidade de um dos contratantes;
b) os artifícios maliciosos sejam graves, aproveitando a
quem os alega, por indicar fatos falsos, por suprimir b) o artifício doloso advém de terceiro, mas a pane, a
ou alterar os verdadeiros ou por silenciar algum fato quem aproveita, o conhece ou o deveria conhecer; e
que se devesse revelar ao outro contratante;
c) o dolo é obra de terceiro, sem que dele tenha ciência o
c) seja a causa determinante da declaração de vontade, contratante favorecido.
cujo efeito será a anulabilidade do ato, por consistir
num vício de consentimento; e Se o dolo de terceiro apresentar-se por cumplicidade de
um dos contratantes ou se este dele tiver conhecimento, o
d) proceda do outro contratante, ou seja, deste conheci- ato negocial anular-se-á, por vício de consentimento, e se
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

do, se procedente de terceiro. terá indenização de perdas e danos a que será obrigado o
autor do dolo, mesmo que o negócio jurídico subsista. Se o
- Dolus incidens: contratante favorecido não tiver conhecimento do dolo de
terceiro, o negócio efetivado continuará válido, mas o tercei-
O dolo acidental ou dolus incidens é o que leva a vítima ro deverá responder pelos danos que causar. Logo, se houver
a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas ou dolo principal de terceiro, e uma das partes tiver ciência dele,
menos vantajosas, não afetando sua declaração de vontade, não advertindo o outro contratante da manobra, tornar-se-á
embora venha a provocar desvios, não se constituindo vício corresponsável pelo engano a que a outra parte foi induzida,
de consentimento, por não influir diretamente na realização que terá, por isso, o direito de anular o ato, desde quê prove
do ato negocial que se teria praticado independentemente que o outro contratante sabia da dolosa participação do ter-

33
ceiro. Assim, se não se provar, no negócio, que uma das par- deverá, em cada caso concreto, ater-se aos meios emprega-
tes conhecia o dolo de terceiro, e mesmo que haja presunção dos pelo coator, verificando se produzem constrangimento
desse conhecimento, não poderá o ato ser anulado. moral, sem olvidar o sexo, a idade, a condição social, a saú-
de e o temperamento da vítima. Deverá, portanto, averiguar
- Dolo de representante legal ou convencional: quaisquer circunstâncias, sejam elas pessoais ou sociais, que
concorram ou influam sobre o estado moral do coacto, le-
O dolo de representante legal ou convencional de uma vando-o a executar ato negocial que se lhe é exigido. Isto é
das partes não pode ser considerado de terceiro, pois, nessa assim porque a lei, ao pressupor que todos somos dotados
qualidade, age como se fosse o próprio representado, sujei- de certa energia ou grau de resistência, não desconhece que
tando-o à responsabilidade civil até a importância do pro- sexo, idade, saúde, condição social, temperamento podem
veito que tirou do ato negocial, com ação regressiva contra tornar decisiva a coação, que, exercida em certas circunstân-
o representante. O representado deverá restituir o lucro ou cias, pode pressionar e influir mais poderosamente.
vantagem oriunda do ato doloso de seu representante ante
o princípio que veda o enriquecimento sem causa, tendo, - Excludentes da coação:
porém, uma actio de in rem verso. E se o representante for
convencional, deverá responder solidariamente com ele por Não se considerará coação, portanto, vício de consenti-
perdas e danos. mento suscetível de anular negócio, a ameaça do exercício
normal de um direito e o simples temor reverencial. Assim,
Pode haver dolo de ambas as partes que agem dolosa- se algum negócio for levado a efeito por um dos contratan-
mente, praticando ato comissivo ou configurando-se tor- tes nas circunstâncias acima enumeradas, não se justificará
peza bilateral. Se o ato negocial foi realizado em virtude de a anulabilidade do ato, que permanecerá válido, uma vez que
dolo principal ou acidental de ambos os contratantes, não não se trata de coação.
poderá ser anulado, nem se poderá pleitear indenização; ter-
-se-á uma neutralização do delito porque há compensação - Ameaça do exercício normal de um direito: A ameaça
entre dois ilícitos; a ninguém caberá se aproveitar do próprio do exercício normal de um direito exclui a coação, por-
dolo. Se ambas as partes contratantes se enganaram recipro- que se exige que a violência seja injusta. Desse modo,
camente, uma não poderá invocar contra a outra o dolo, que se um credor de dívida vencida e não paga ameaçar o
ficará paralisado pelo dolo próprio. devedor de protestar o título e requerer falência, não
se configurará a coação por ser ameaça justa que se
Coação: prende ao exercício normal de um direito; logo o de-
vedor não poderá reclamar a anulação do protesto. O
Para que haja coação moral, suscetível de anular ato ne- simples temor reverencial vem a ser o receio de des-
gocial, será preciso que: gostar ascendente ou pessoa a quem se deve obediên-
cia e respeito, que não poderá anular o negócio, desde
a) seja a causa determinante do negócio jurídico, pois de- que não esteja acompanhado de ameaças ou violên-
verá haver um nexo causal entre o meio intimidativo e cias irresistíveis.
o ato realizado pela vítima;
A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico,
b) incuta à vítima um temor justificado, por submetê-la causando sua anulabilidade, se dela teve ou devesse ter co-
a um processo que lhe produza ou venha a produzir nhecimento o contratante que dela se aproveitar. Havendo
dor (morte, cárcere privado, desonra, mutilação, es- coação exercida por terceiro, urge averiguar, para apurar a
cândalo etc.), fazendo-a recear a continuação ou o responsabilidade civil, se a parte a quem aproveite teve pré-
agravamento do mal se não manifestar sua vontade no vio conhecimento dela, pois esta responderá solidariamen-
sentido que se lhe exige; te com o coator por todas as perdas e danos causados ao
coacto. Logo, além da anulação do ato negocial pelo vício de
c) o temor diga respeito a um dano iminente, suscetível consentimento, a vitima terá direito de ser indenizada pelos
de atingir a pessoa da vítima, sua família ou seus bens. prejuízos sofridos, ficando solidariamente obrigados a isso o
E se o ato coativo disser respeito a pessoa não perten- autor da via compulsiva e o outro contraente que dela teve
cente à família da vítima, o órgão judicante, com equi- ciência e dela auferiu vantagens.
dade e com base nas circunstâncias, decidirá se houve,
ou não, coação; Estado de perigo:

d) o dano seja considerável ou grave, podendo ser moral, No estado de perigo, há temor de grave dano moral ou
se a ameaça se dirigir contra a vida, liberdade, honra material à própria pessoa, ou a parente seu, que compele o
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

da vítima ou de pessoa de sua família, ou patrimo- declarante a concluir contrato, mediante prestação exorbi-
nial, se a coação disser respeito aos seus bens. O dano tante. A pessoa natural premida pela necessidade de salvar-se
ameaçado deverá ser efetivo ou potencial a um bem a si própria, ou a um familiar seu, de algum mal conhecido
pessoal ou patrimonial. E necessário, portanto, que a pelo outro contratante, vem a assumir obrigação demasia-
ameaça se refira a prejuízo que influencie a vontade do damente onerosa. Por exemplo: venda de casa a preço fora
coacto a ponto de alterar suas determinações, embora do valor mercadológico para pagar um débito assumido em
não possa, no momento, verificar, com justeza, se será razão de urgente intervenção cirúrgica, por encontrar-se em
inferior ou superior ao resultante do ato extorquido. perigo de vida.

Ao apreciar a gravidade da via compulsiva, o magistrado Em se tratando de pessoa não pertencente à família do

34
declarante, o juiz decidirá pela ocorrência, ou não, do estado dívida.
de perigo, segundo as circunstâncias, guiando-se pelo bom
senso. Será notória a insolvência de certo devedor se for tal es-
tado do conhecimento geral. Todavia, desta notoriedade não
Lesão: se poderá dispensar prova; logo todos os meios probatórios
serão admitidos. Por exemplo, será notória a insolvência se o
E um vício de consentimento decorrente do abuso prati- devedor tiver seus títulos protestados ou ações judiciais que
cado em situação de desigualdade de um dos contratantes, impliquem a vinculação de seus bens.
por estar sob premente necessidade, ou por inexperiência,
visando a protegê-lo ante o prejuízo sofrido na conclusão do Será presumida a insolvência quando as circunstâncias
contrato, devido à desproporção existente entre as presta- indicarem tal estado, que já devia ser do conhecimento do
ções das duas partes, dispensando-se a verificação do dolo, outro contraente que tinha motivos para saber da situação
ou má-fé, da pane que se aproveitou. financeira precária do alienante. Por exemplo, preço vil, pa-
rentesco próximo alienação de todos os bens, relações de
A desproporção das prestações, ocorrendo lesão, deverá amizade, de negócios mútuos etc.
ser apreciada segundo os valores vigentes ao tempo da ce-
lebração do negócio jurídico pela técnica pericial e avaliada - Perda da legitimação ativa para mover ação pauliana:
pelo magistrado. Se a desproporcionalidade for supervenien-
te à formação do negócio, será juridicamente irrelevante. Perderão os credores a legitimação ativa para mover a
ação revocatória dos bens do devedor insolvente que ainda
A lesão inclui-se entre os vicio de consentimento e acar- não pagou q preço, que é o corrente, depositá-lo em juízo,
retará a anulabilidade do negócio, permitindo-se, porém, com citação em edital de todos os interessados ou, ainda, se
para evitá-la, a oferta de suplemento suficiente, ou, se o fa- o adquirente, sendo o preço inferior, para conservar os bens,
vorecido concordar, a redução da vantagem, aproveitando, depositar quantia correspondente ao valor real.
assim, o negócio.
Para que não haja nulidade relativa do negócio jurídico
Fraude contra credores e seus elementos: lesivo a credor, será mister que o adquirente:

A fraude contra credores constitui a prática maliciosa, a) ainda não tenha pago o preço real, justo ou corrente;
pelo devedor, de atos que desfalcam seu patrimônio, com o
fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em de- b) promova o depósito judicial desse preço; e
trimento dos direitos creditórios alheios. Dois são seus ele-
mentos: o objetivo, que é todo ato prejudicial ao credor, por c) requeira a citação em edital de todos os interessados,
tornar o devedor insolvente ou por ter sido realizado em es- para que tomem ciência do depósito.
tado de insolvência, ainda quando o ignore ou ante o fato de
a garantia tornar-se insuficiente; e o subjetivo que é a má-fé, Com isso estará assegurando a satisfação dos credores,
a intenção de prejudicar do devedor ou do devedor aliado a não se justificando a rescisão contratual, pois ela não trará
terceiro, ilidindo os efeitos da cobrança. qualquer vantagem aos credores defraudados, que, no pro-
cesso de consignação em pagamento, poderão, se for o caso,
- Estado de insolvência: contestar o preço alegado, hipótese em que o magistrado de-
verá determinar a perícia avaliatória.
Pelo art. 748 do Código de Processo Civil, ter-se-á insol-
vência sempre que os débitos forem superiores à importân- - Ação pauliana contra o devedor insolvente:
cia dos bens do devedor. A prova da insolvência far-se-á, em
regra, com a execução da dívida. Em regra a revocatória deverá ser intentada contra o de-
vedor insolvente, seja em caso de transmissão gratuita de
- Ação pauliana: bens, seja na hipótese de alienação onerosa, tendo-se em vis-
ta que tal ação visa tão-somente anular um negócio celebra-
A fraude contra credores, que vicia o negócio de simples do em prejuízo do credor. Mas nada obsta a que seja movida
anulabilidade, somente é atacável por ação pauliana ou revo- contra a pessoa que com ele veio a efetivar o ato fraudulento
gatória, movida pelos credores quirografários (sem garantia) ou contra terceiro adquirente de má-fé. Logo, poderá ser pro-
que já o eram ao tempo da prática desse ato fraudulento que posta contra os que intervieram na fraude contra credores,
se pretende invalidar. O credor com garantia real (penhor, hi- citando-se todos que nela tiverem tomado pane. “O litiscon-
poteca ou anticrese) não poderá reclamar a anulação, por ter sórcio, na ação pauliana, é obrigatório. Não podem as partes
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

no ônus real a segurança de seu reembolso. dispensá-lo” (RT, 447/147).

Contrato oneroso fraudulento: - Revocatória contra a pessoa que celebrou o ato frauda-
tório com o devedor insolvente:
Será suscetível de fraude o negócio jurídico a título one-
roso se praticado por devedor insolvente ou quando a insol- Poderão ser acionados por terem celebrado estipulação
vência for notória ou se houver motivo para ser conhecida fraudulenta com o devedor insolvente:
do outro contratante. Podendo ser anulado pelo credor. Por
exemplo, quando se vender imóvel em data próxima ao ven- a) herdeiros do adquirente, com a restrição do art. 1.792
cimento das 0brigações inexistindo outros bens para saldaria do Código Civil;

35
b) contratante ou adquirente de boa-fé, sendo o ato a tí- rios, repondo o bem no patrimônio do devedor, cancelando
tulo gratuito, embora não tenha o dever de restituir os a garantia real concedida em proveito ao acervo sobre que
frutos percebidos (CC, art. 1.214) nem o de responder se tenha de efetuar o concurso de credores, possibilitando a
pela perda ou deterioração da coisa, a que não deu efetivação do rateio, aproveitando a todos os credores e não
causa (CC, art. 1.217), tendo, ainda, o direito de ser in- apenas ao que a intentou.
denizado pelas benfeitorias úteis e necessárias que fez
(CC, art. 1.219); Se, porventura, o ato invalidado tinha por único escopo
conferir garantias reais, como penhor, hipoteca e anticrese,
c) adquirente de boa-fé, sendo o negócio oneroso, hipó- sua anulabilidade alcançará tão-somente a da preferência
tese em que, com a revogação do ato lesivo e restitui- estabelecida pela referida garantia; logo a obrigação princi-
ção do bem ao patrimônio do devedor, se entregará ao pal (débito) continuará tendo validade. Com a anulação da
contratante acionado a contraprestação que forneceu, garantia, o credor não irá perder seu crédito, pois figurará,
em espécie ou no equivalente. Quem receber bem do perdendo a preferência, como quirografário, entrando no ra-
devedor insolvente, por ato oneroso ou gratuito, co- teio final do concurso creditório.
nhecendo seu estado de insolvência, será obrigado a
devolvê-lo, com os frutos percebidos e percipiendos Conceito de nulidade:
(CC, art. 1.216), tendo, ainda, de indenizar os danos
sofridos pela perda ou deterioração da coisa, exceto se Nulidade é a sanção, imposta pela norma jurídica, que
demonstrar que eles sobreviriam se ela estivesse em determina a privação dos efeitos jurídicos do ato negocial
poder do devedor (CC, art. 1.218). Todavia, resguar- praticado em desobediência ao que prescreve.
dado estará seu direito à indenização das benfeitorias
necessárias que, porventura, tiver feito no bem (CC, - Efeitos da nulidade absoluta: Com a declaração da nu-
art. 1.220). lidade absoluta do negócio jurídico, este não produ-
zirá qualquer efeito por ofender princípios de ordem
- Ação pauliana contra terceiro adquirente de má-fé: O pública, por estar inquinado por vícios essenciais. Por
terceiro será aquele que veio a adquirir o bem daque- exemplo, se for praticado por pessoa absolutamente
le que o obteve diretamente do alienante insolvente, incapaz (CC, art. 32); se tiver objeto ilícito ou impossí-
ou melhor, é o segundo adquirente ou sub adquirente vel; se não revestir a forma prescrita em lei ou preterir
que, estando de má-fé, deverá ser acionado e restituir alguma solenidade imprescindível para sua validade;
o bem. se tiver por objetivo fraudar lei imperativa; e quando
a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito.
O pagamento antecipado do débito a credores frustra a De modo que um negócio nulo é como se nunca tives-
igualdade que deve existir entre os credores quirografários, se existido desde sua formação, pois a declaração de
que, por tal razão, poderão propor ação pauliana para invali- sua invalidade produz efeito ex tunc (Súmula 346 do
dá-lo, determinando que o beneficiado reponha o que rece- STF).
beu em proveito do acervo.
- Simulação como vício social:
O credor que vier a receber pagamento de dívida ainda
não vencida será obrigado a devolver o que recebeu, mas Consiste num desacordo intencional entre a vontade
essa devolução não apenas aproveitará aos que o acionaram, interna e a declarada para criar, aparentemente, um ato ne-
pois reverterá em beneficio do acervo do devedor, que de- gocial que inexiste, ou para ocultar, sob determinada apa-
verá ser partilhado entre todos os credores que legalmente rência, o negócio quando, enganando terceiro, acarretando
estiverem habilitados no concurso creditório. a nulidade do negócio. Mas entendemos que tecnicamente
mais apropriado seria admitir a sua anulabilidade, por uma
Se o devedor insolvente vier a contrair novo débito, vi- questão de coerência lógica ao disposto no caput do art. 167,
sando beneficiar os próprios credores, por ter o escopo de em que se admite a subsistência do ato dissimulado se váli-
adquirir objetos imprescindíveis não só ao funcionamento do for na forma e na substância e diante, por exemplo, como
do seu estabelecimento mercantil, rural ou industrial, evi- veremos logo mais, do prescrito no art. 496 do Código Civil.
tando a paralisação de suas atividades e consequentemente
a piora de seu estado de insolvência e o aumento do prejuízo - Simulação absoluta:
aos seus credores, mas também à sua subsistência e a de sua
família, o negócio por ele contraído será válido, ante a pre- Ter-se-á simulação absoluta quando a declaração enga-
sunção em favor da boa-fé. nosa da vontade exprime um negócio jurídico bilateral ou
unilateral, não havendo intenção de realizar ato negocial al-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Todos os novos compromissos indispensáveis à conser- gum. Por exemplo, é o caso da emissão de títulos de crédito,
vação e administração do patrimônio do devedor insolven- que não representam qualquer negócio, feita pelo marido
te, mesmo que o novo credor saiba de sua insolvência, se- antes da separação judicial para lesar a mulher na partilha
rão tidos como válidos, e o novel credor equiparar-se-á aos de bens.
credores anteriores. A dívida contraída pelo insolvente com
tal finalidade não constituirá fraude contra credores, sendo - Simulação relativa:
incabível a ação pauliana.
A simulação relativa é a que resulta no intencional desa-
A ação pauliana tem por primordial efeito a revogação cordo entre a vontade interna e a declarada. Ocorrerá sempre
do negócio lesivo aos interesses dos credores quirografá- que alguém, sob a aparência de um negócio fictício, realizar

36
outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do bração de outro contrato, se tivessem ciência da nulidade do
primeiro, com o escopo de prejudicar terceiro. Apresentam- que realizaram. A conversão subordinar-se-á à intenção das
-se dois contratos: um real e outro aparente. Os contratantes partes de dar vida a um contrato diverso, na hipótese de nu-
visam ocultar de terceiros o contrato real, que é o querido lidade do contrato que foi por elas estipulado, mas também
por eles. à forma, por ser imprescindível que, no contrato nulo, tenha
havido observância dos requisitos de substância e de forma
- Modalidades de simulação relativa: do contrato em que poderá ser transformado para produzir
efeitos.
A simulação relativa poderá ser:
A nulidade relativa ou anulabilidade refere-se, na lição de
a) subjetiva, se a parte contratante não tira proveito do Clóvis Beviláqua, “a negócios que se acham inquinados de
negócio, por ser o sujeito aparente. O negócio não é vício capaz de lhes determinar a ineficácia, mas que poderá
efetuado pelas próprias partes, mas por pessoa inter- ser eliminado, restabelecendo-se a sua normalidade”.
posta ficticiamente. Por exemplo, é o que sucede na
venda realizada a um terceiro para que ele transmita - Atos negociais anuláveis:
a coisa a um descendente do alienante, a quem se tem
a intenção de transferi-la desde o início, burlando-se o Serão anuláveis os negócios se:
disposto no Art. 496 do Código Civil, mas tal simulação
só se efetivará quando se completar com a transmis- a) praticados por pessoa relativamente incapaz (CC, art.
são dos bens ao real adquirente (STF, Sumulas 152 e 42) sem a devida assistência de seus legítimos repre-
494); sentantes legais (CC, art. 1.634, V);

b) objetiva, se respeitar à natureza do negócio pretendi- b) viciados por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
do, ao objeto ou a um de seus elementos contratuais; ou fraude contra credores, simulação ou fraude (CC,
se o negócio contiver declaração, confissão, condição arts. 138 e 165); e
ou cláusula não verdadeira - é o que se dá, p. ex., com
a hipótese em que as partes na escritura de compra e c) a lei assim o declarar, tendo em vista a situação par-
venda declaram preço inferior ao convencionado com ticular em que se encontra determinada pessoa (CC,
a intenção de burlar o fisco, pagando menos imposto; Art. 1.650).
se as partes colocarem, no instrumento particular, a
antedata ou a pós-data, constante no documento, não Confirmação:
aquela em que o mesmo foi assinado, pois a falsa data
indica intenção discordante da verdade. A nulidade relativa pode convalescer, sendo confirmada,
expressa ou tacitamente, pelas partes, salvo direito de tercei-
- Direitos de terceiro de boa-fé: ro. A confirmação é, portanto, segundo Serpa Lopes, o ato
jurídico pelo qual uma pessoa faz desaparecer os vícios dos
Havendo decretação da invalidação do negócio jurídico quais se encontra inquinada uma obrigação contra a qual era
simulado, os direitos de terceiro de boa-fé em face dos con- possível prover-se por via de nulidade ou de rescisão. O ato
tratantes deverão ser respeitados. nulo, por sua vez, será insuscetível de ratificação, por preva-
lecer o interesse público.
- Dissimulação e simulação:
A confirmação retroage à data do ato, logo, seu efeito é
Não há que confundir a simulação com a dissimulação. ex tunc, tornando válido o negócio desde sua formação,
A simulação provoca falsa crença num estado não real; quer resguardados os direitos, já constituídos, de terceiros. Para
enganar sobre a existência de uma situação não verdadeira, tanto será necessário que o ratificante conceda a ratificação
tornando nulo o negócio. A dissimulação oculta ao conhe- no momento em que haja cessado o vício que maculava o
cimento de outrem uma situação existente, pretendendo, negócio e que o ato confirmativo não incorra em vício de nu-
portanto, incutir no espírito de alguém a inexistência de uma lidade.
situação real. No negócio jurídico subsistirá o que se dissi-
mulou se válido for, na substância e na forma. - Confirmação expressa:

O negócio nulo não poderá ser confirmado, nem conva- O ato de confirmação deverá conter a substância da obri-
lescerá pelo decurso do tempo. gação confinada e a vontade expressa de confirmá-la. Logo,
preciso será que se deixe patente a livre intentio de confir-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

- Conversão do ato negocial nulo: mar ato negocial que se sabe anulável, devendo-se, para tan-
to, conter, por extenso, o contrato primitivo que se pretende
A conversão acarreta nova qualificação do negócio jurí- confinar, indicando-o de modo que não haja dúvida alguma.
dico. Refere-se à hipótese em que o negócio nulo não pode Não se poderá fazer uso de frases vagas ou imprecisas, pois a
prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas, como vontade de ratificar deverá constar de declarações explícitas
seus elementos são idôneos para caracterizar outro, pode ser e claras.
transformado em outro de natureza diversa, desde que isso
não seja proibido, taxativamente, como sucede nos casos de - Forma da confirmação: O ato de confirmação deverá
testamento. Assim sendo, ter-se-á conversão própria apenas observar a mesma forma prescrita para o contrato que
se se verificar que os contratantes teriam pretendido a cele- se quer confirmar. Assim, se se for confirmar uma doa-

37
ção de imóvel, o ato de ratificação deverá constar de a) coação, do dia em que ela cessar;
escritura pública, por ser esta da substância do ato.
b) erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
- Confirmação tácita: lesão, do dia da celebração do ato negocial; e

A confirmação tácita dar-se-á quando a obrigação já ti- c) ato de incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.
ver sido parcialmente cumprida pelo devedor conhecedor
do vício que a maculava, tomando-a anulável. A vontade de - Proibição de alegação da menoridade para eximir-se
confirmar está ínsita, pois, mesmo sabendo do vício, o con- de obrigação assumida:
firmador não se importou com ele, e teve a intenção de con-
firmá-lo e de reparar a mácula. O menor, entre dezesseis e vinte um- anos não poderá
invocar a proteção legal em favor de sua incapacidade para
- Requisitos: Para que se configure a confirmação tácita eximir-se da obrigação ou para anular um ato negocial que
será mister que haja: tenha praticado, sem a devida assistência, se agiu dolosa-
mente, escondendo sua idade, quando inquirido pela outra
a) voluntária execução parcial da obrigação; parte, ou se espontaneamente se declarou maior. O menor
não poderá, portanto, em tais circunstancias, alegar sua me-
b) conhecimento do vício que a toma anulável; e noridade para escapar à obrigação contraída.

e) intenção de confirmá-la. Não será juridicamente admissível que alguém se pre-


valeça de sua própria malícia para tirar proveito de um ato
Prova: A prova da confirmação tácita competirá a quem ilícito, causando dano ao outro contratante de boa-fé, prote-
a arguir. gendo-se, assim, o interesse público.

A confirmação expressa, ou a execução voluntária da Se não houver malícia por parte do incapaz, ter-se-á a in-
obrigação anulável, conduzirá ao entendimento de que hou- validação de seu ato, que será, então, nulo, se sua incapaci-
ve renúncia a todas as ações, ou exceções, de que o devedor dade for absoluta, ou anulável, se relativa for, sendo que, nes-
dispusesse contra o ato. Deveras, se o ato for passível de anu- te último caso, competirá ao incapaz, e não àquele que com
lação, o lesado poderá lançar mão de uma ação, mas se hou- ele contratou, pleitear a anulabilidade do negócio efetivado.
ve confirmação expressa ou tácita, subentende-se que houve Se a incapacidade for absoluta, qualquer interessado poderá
renúncia a qualquer providência que possa obter a decreta- pedir a nulidade do ato negocial, e até mesmo o magistrado
ção judicial da nulidade relativa. poderá pronunciá-la de ofício.

- Irrevogabilidade da renúncia: Com a ratificação não - Impossibilidade de reclamar a devolução da impor-


mais será possível anular o ato negocial viciado, pois tância paga a incapaz:
a nulidade deixou de existir, ante a irrevogabilidade do
ato ratificatório, que validou a obrigação em definitivo. O absoluta ou relativamente incapaz não terá o dever de
restituir o que recebeu em razão do ato negocial contraído
Se a nulidade relativa do ato negocial ocorrer por falta de e declarado inválido, a não ser que o outro contratante pro-
autorização de terceiro, passará a ter validade se, posterior- ve que o pagamento feito reverteu em proveito do incapaz.
mente, tal anuência se der. A parte contrária, para obter a devolução do quantum pago
ao menor, deverá demonstrar que o incapaz veio a se enri-
- Efeito “ex nunc” da declaração judicial de nulidade re- quecer com o pagamento que lhe foi feito em virtude do ato
lativa: negocial invalidado.

A declaração judicial de ineficácia do ato negocial ope- Com a invalidação do ato negocial ter-se-á a restituição
ra ex nunc, de modo que o negócio produz efeitos até esse das partes contratantes ao statu quo ante, ou seja, ao estado
momento, respeitando-se as consequências geradas ante- em que se encontravam antes da efetivação do negócio. O
riormente. Tal ocorre porque a anulabilidade prende-se a pronunciamento da nulidade absoluta ou relativa requer que
uma desconformidade que a norma considera menos grave, as partes retomem ao estado anterior, como se o ato nunca
uma vez que o negócio anulável viola preceito concernente tivesse ocorrido. Por exemplo, com a nulidade de uma escri-
a interesses meramente individuais, acarretando uma reação tura de compra e venda, o comprador devolve o imóvel, e o
menos extrema. vendedor, o preço.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

A anulabilidade só pode ser alegada pelos prejudicados Se for impossível que os contratantes voltem ao estado
com o negócio ou por seus representantes legítimos, não po- em que se achavam antes da efetivação negocial, por não
dendo ser decretada ex officio pelo juiz. Sendo que só apro- mais existir a coisa ou por ser inviável a reconstituição da si-
veitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade tuação jurídica, o lesado será indenizado com o equivalente.
ou solidariedade.
- Exceções: A norma do art. 182, ora comentado, com-
O prazo de decadência para pleitear, judicialmente, a porta’ as seguintes exceções:
anulação do negócio jurídico é de quatro anos, contado, ha-
vendo: a) impossibilidade de reclamação do que se pagou a in-
capaz, se não se provar que reverteu em proveito dele

38
a importância paga (CC, art. 181); e Título III
b) o possuidor de boa-fé poderá fruir das vantagens que Dos atos ilícitos
lhe são inerentes, como no caso dos frutos percebidos
e das benfeitorias que fizer (CC, arts. 1.214 e 1.219). Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
- Nulidade parcial de um negócio: outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A nulidade parcial de um ato negocial não o atingirá na Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
pane válida, se esta puder subsistir autonomamente, devido que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impos-
ao princípio utile per mutile non vitiatur. tos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
- Nulidade da obrigação principal:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
A nulidade da obrigação principal implicará a da acessó-
ria, p. ex., a nulidade de um contrato de locação acarretará a I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regu-
da fiança, devido ao princípio de que o accessorium sequitur lar de um direito reconhecido;
suum principale.
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a le-
- Nulidade da obrigação acessória: são a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

A nulidade da obrigação acessória não atingirá a obriga- Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
ção principal, que permanecerá válida e eficaz. Se numa lo- somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamen-
cação for anulada a fiança, o pacto locatício subsistirá. te necessário, não excedendo os limites do indispensável
para a remoção do perigo.
#FicaDica Ato ilícito:
Dolo é o emprego de um artifício astucioso para
induzir alguém à prática de um ato que o preju- O ato ilícito é praticado em desacordo com a ordem jurí-
dica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. dica, violando direito subjetivo individual. Causa dano patri-
monial ou moral a outrem, criando o dever de repará-lo (STJ,
A coação exercida por terceiro vicia o negócio Súmula 37).
jurídico, causando sua anulabilidade, se dela
teve ou devesse ter conhecimento o contratante Logo, produz efeito jurídico, só que este não é desejado
que dela se aproveitar. pelo agente, mas imposto pela lei.

Título II - Elementos essenciais: Para que se configure o ato ilíci-


to, será imprescindível que haja:
Dos atos jurídicos lícitos
a) fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negó- ou omissão voluntária, negligência ou imprudência;
cios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do
Título anterior. b) ocorrência de um dano patrimonial ou moral, sendo
que pela Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça
serão cumuláveis as indenizações por dano material e
Disciplina jurídica dos atos jurídicos em sentido es- moral decorrentes do mesmo fato;
trito:
c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento
Os atos jurídicos em sentido estrito geram consequências do agente.
jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não
havendo, como ocorre nos negócios jurídicos, regulamenta- - Consequência do ato ilícito:
ção da autonomia privada. Trata-se dos atos materiais (aces-
são, fixação e transferência de domicilio, especificação etc.) e A obrigação de indenizar é a consequência jurídica do
das participações (aviso, confissão, notificação etc.). ato ilícito (CC, arts. 927 a 954), sendo que a atualização mo-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

netária incidirá sobre essa dívida a partir da data do ilícito


Juntamente com os negócios jurídicos constituem espé- (Súmula 43 do STJ).
cie de um gênero, que é o ato jurídico em sentido amplo. E,
assim sendo, aos atos lícitos, que não são negócios jurídicos, - Abuso de direito ou exercício irregular do direito:
aplicam-se, no que couberem, as disposições atinentes aos
negócios jurídicos. O uso de um direito, poder ou coisa, além do permitido
ou extrapolando as limitações jurídicas, lesando alguém, traz
como efeito o dever de indenizar. Realmente, sob a aparência
de um ato legal ou lícito, esconde-se a ilicitude no resultado,
por atentado ao princípio da boa-fé e aos bons costumes ou

39
por desvio de finalidade socioeconômica para a qual o direi- I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
to foi estabelecido. ausentes;

- Atos lesivos que não são ilícitos: II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Há hipóteses excepcionais que não constituem atos ilí- Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais,
citos apesar de causarem danos aos direitos de outrem, isto em conjunto.
porque o procedimento lesivo do agente, por motivo legíti-
mo estabelecido em lei, não acarreta o dever de indenizar, Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento
porque a própria norma jurídica lhe retira a qualificação de ou de qualquer outro documento autêntico.
ilícito. Assim, ante o artigo sub examine não são ilícitos: a
legítima defesa, o exercício regular de um direito e o estado Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela
de necessidade. mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar.

- Legítima defesa: Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incum-
be a tutela aos parentes consanguíneos do menor, por esta
A legítima defesa exclui a responsabilidade pelo prejuí- ordem:
zo causado se, com uso moderado de meios necessários,
alguém repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo
seu ou de outrem. ao mais remoto;

- Exercício regular de um direito reconhecido: Se al- II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais
guém no uso normal de um direito lesar outrem não próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais
terá qualquer responsabilidade pelo dano, por não ser velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz es-
um procedimento ilícito. colherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em bene-
fício do menor.
- Estado de necessidade: O estado de necessidade con-
siste na ofensa do direito alheio para remover perigo Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no do-
iminente, quando as circunstâncias o tornarem abso- micílio do menor:
lutamente necessário e quando não exceder os limites
do indispensável para a remoção do perigo. I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;

II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;


#FicaDica
O ato ilícito é praticado em desacordo com a III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo
ordem jurídica, violando direito subjetivo indi- e o testamentário.
vidual. Causa dano patrimonial ou moral a ou-
trem, criando o dever de repará-lo. Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo-


sição testamentária sem indicação de precedência,
RELAÇÕES DE PARENTESCO entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e
DA TUTELA E CURATELA que os outros lhe sucederão pela ordem de nomea-
ção, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qual-
quer outro impedimento.
Título IV § 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu,
poderá nomear-lhe curador especial para os bens
Da tutela, da curatela e da tomada de decisão apoia- deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o
da poder familiar, ou tutela.

(Redação dada pela lei nº 13.146, De 2015) Art. 1.734.  As crianças e os adolescentes cujos pais forem
desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou
Capítulo I destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

Juiz ou serão incluídos em programa de colocação familiar,


na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 -
Da tutela Estatuto da Criança e do Adolescente. 

Seção I
Seção II
Dos tutores
Dos incapazes de exercer a tutela
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da

40
tutela, caso a exerçam: Seção IV
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus Do Exercício da Tutela
bens;
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela,
se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe ali-
tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos mentos, conforme os seus haveres e condição;
pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tive- bem, quando o menor haja mister correção;
rem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar
falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não doze anos de idade.
cumprido pena;
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, ad-
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probi- ministrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo
dade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; seus deveres com zelo e boa-fé.

VI - aqueles que exercerem função pública incompatível Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz
com a boa administração da tutela. nomear um protutor.

Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigi-


Seção III rem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realiza-
dos em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este,
Da escusa dos tutores mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas
ou jurídicas o exercício parcial da tutela.
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:
I - mulheres casadas;
I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou
II - maiores de sessenta anos; não o houver feito oportunamente;

III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do
filhos; tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.

IV - os impossibilitados por enfermidade; Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor
mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de os pais o tenham dispensado.
exercer a tutela;
Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela
à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tu-
VII - militares em serviço. tor for de reconhecida idoneidade.

Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá Art. 1.746. Se o menor possuir bens, será sustentado e
ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente educado a expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as
idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la. quantias que lhe pareçam necessárias, considerado o rendi-
mento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as
Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subse- houver fixado.
quentes à designação, sob pena de entender-se renunciado
o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois Art. 1.747. Compete mais ao tutor:
de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele so-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

brevier. I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos


da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que
Art. 1.739. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o no- for parte;
meado a tutela, enquanto o recurso interposto não tiver pro-
vimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que o II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias
menor venha a sofrer. a ele devidas;

III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação,


bem como as de administração, conservação e melhora-
mentos de seus bens;

41
IV - alienar os bens do menor destinados a venda; Seção V
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arren- Dos Bens do Tutelado
damento de bens de raiz.
Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização dinheiro dos tutelados, além do necessário para as despesas
do juiz: ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a adminis-
tração de seus bens.
I - pagar as dívidas do menor;
§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata,
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda pedras preciosas e móveis serão avaliados por pes-
que com encargos; soa idônea e, após autorização judicial, alienados, e
o seu produto convertido em títulos, obrigações e le-
III - transigir; tras de responsabilidade direta ou indireta da União
ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não rentabilidade, e recolhidos ao estabelecimento ban-
convier, e os imóveis nos casos em que for permitido; cário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis,
conforme for determinado pelo juiz.
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e
promover todas as diligências a bem deste, assim como § 2o O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente
defendê-lo nos pleitos contra ele movidos. terá o dinheiro proveniente de qualquer outra pro-
cedência.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficá-
cia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz. § 3o Os tutores respondem pela demora na aplicação
dos valores acima referidos, pagando os juros legais
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que
tutor, sob pena de nulidade: não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da
referida aplicação.
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante
contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencen- Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento
tes ao menor; bancário oficial, na forma do artigo antecedente, não se po-
derão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente:
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
I - para as despesas com o sustento e educação do tutela-
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, do, ou a administração de seus bens;
contra o menor.
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações
Art. 1.750. Os imóveis pertencentes aos menores sob tu- ou letras, nas condições previstas no § 1o do artigo ante-
tela somente podem ser vendidos quando houver manifesta cedente;
vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do
juiz. III - para se empregarem em conformidade com o dispos-
to por quem os houver doado, ou deixado;
Art. 1.751. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará
tudo o que o menor lhe deva, sob pena de não lhe poder co- IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados,
brar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não co- ou maiores, ou, mortos eles, aos seus herdeiros.
nhecia o débito quando a assumiu.

Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por cul- Seção VI
pa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago
pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo Da prestação de contas
no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional
à importância dos bens administrados. Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem dis-
posto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas
§ 1o Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica da sua administração.
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

pela fiscalização efetuada.


Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tuto-
§ 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as res submeterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de
pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do aprovado, se anexará aos autos do inventário.
tutor, e as que concorreram para o dano.
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois
anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem o
exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.

Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e

42
julgadas depois da audiência dos interessados, recolhendo do ou encontra-se ausentes ou estejam destituídos do pátrio
o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os poder.
saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou
letras, na forma do § 1o do art. 1.753. Tal instituto encontra também abrigo na Lei nº.8.069/90
- Estatuto da Criança e do Adolescente, como sucedâneo do
Art. 1.758. Finda a tutela pela emancipação ou maio- poder familiar, porém, dele se difere, pois há limitações e
ridade, a quitação do menor não produzirá efeito antes de obrigações legais impostas ao tutor.
aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então,
a responsabilidade do tutor. No mais, a lei e consequentemente a doutrina classificam
em três as espécies de tutela: testamentária, legítima e dati-
Art. 1.759. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do va.
tutor, as contas serão prestadas por seus herdeiros ou repre-
sentantes. A testamentária é aquela em que os pais no exercício do
poder familiar, nomeiam por testamento ou por outro do-
Art. 1.760. Serão levadas a crédito do tutor todas as despe- cumento autêntico, tutor para a sua prole. Este documento
sas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor. pode ser por escritura pública ou particular, desde que as
assinaturas dos pais estejam reconhecidas por tabelião, que
Art. 1.761. As despesas com a prestação das contas serão lhes confira autenticidade.
pagas pelo tutelado.
Tal nomeação testamentária de tutor, deve ser realizada
Art. 1.762. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o pelos pais seus genitores, de forma consensual, pois, a dis-
tutelado, são dívidas de valor e vencem juros desde o julga- posição de última vontade de um deles não pode sobrepor a
mento definitivo das contas. vontade do outro. Se um dos pais for falecido ou tenha sido
destituído do poder familiar, o outro poderá fazer unilateral-
mente tal nomeação.
Seção VII
A nomeação de tutor aos filhos, estenderá seus efeitos
Da cessação da tutela apenas após a morte dos testamenteiros, e desde que estes
detiverem o poder familiar. Caso não seja observado este re-
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado: quisito, é nula a nomeação do tutor.

I - com a maioridade ou a emancipação do menor; A tutela legitima é aquela que na falta da testamentária,
a lei incumbe aos parentes consanguíneos do menor o dever
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reco- de tutela. A ordem preferencial de nomeação está elencada
nhecimento ou adoção. no artigo 1.731, impondo o encargo aos ascendentes e aos
colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor: aos mais remotos e os mais velhos aos mais moços, quando
do mesmo grau.
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
Mas é importante salientar que o Magistrado não está
II - ao sobrevir escusa legítima; vinculado a obedecer esta ordem, vez que a finalidade da tu-
tela é atender o melhor interesse do menor, buscando sem-
III - ao ser removido. pre o seu bem estar.

Art. 1.765. O tutor é obrigado a servir por espaço de dois A terceira espécies de tutela que a lei contempla é a cha-
anos. mada dativa. Esta, porém, só poderá ser aplicada subsidiaria-
mente as duas anteriores. Desta forma, se não houve tutela
Parágrafo único. Pode o tutor continuar no exercício da testamentária por parte dos pais e tampouco foi encontrado
tutela, além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz algum parente do menor em condições de prestar-lhe a tute-
julgar conveniente ao menor. la, ou ainda, quando os incumbidos se escusaram ou foram
excluídos ou removidos da tutela, deverá então o juiz nomear
Art. 1.766. Será destituído o tutor, quando negligente, pessoa idônea.
prevaricador ou incurso em incapacidade.
Temos também a tutela prevista no artigo 1.734, desti-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

A tutela constitui instituto do direito assistencial de fa- nada aos menores abandonados, por decisão judicial, este
mília, que existe para preencher um espaço vazio, qual seja deverá ser recolhido a estabelecimento público, ou lhe no-
a falta da autoridade parental. Tem sua justificativa no inte- meado tutor, o menor que se encontrar em situação de aban-
resse da criança e do adolescente menor de 18 anos e não dono.
emancipado que, sem os pais, seja porque órfãos, seja em
face de possível perda da autoridade parental, carecem de Nos casos de destituição ou suspensão do poder familiar,
administração. falecimento dos pais, necessário se faz a nomeação de tutor
e a inserção do menor em família substituta. A lei prevê tam-
A principal característica da tutela, é a supressão da falta bém que em caso de irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
de capacidade de menores aos quais tenham os pais faleci-

43
A tutela é um encargo legal de ordem pública, mas esta II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
obrigação poderá ser recusada, desde que fundamentadas e
justificadas ao juiz. III - pelo Ministério Público. (Vide Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)
É dever do tutor zelar pela boa administração dos bens do
menor, conservando-os e melhorando-os, e o juiz, o de ins- IV - pela própria pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
pecionar sua conduta. Mas se o juiz julgar necessário, poderá 2015) (Vigência)
nomear um protutor, que terá a incumbência de fiscalizar os
atos do tutor. Art. 1.769. O Ministério Público somente promoverá o
processo que define os termos da curatela: (Redação dada
Desde que autorizado, judicialmente, pagar dívidas do pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
pupilo; aceitar heranças; legados ou doações em nome dele;
transigir; vender bens móveis cuja conservação não for con- I - nos casos de deficiência mental ou intelectual; (Reda-
veniente e os imóveis quando permitido; representar ou as- ção dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
sistir o pupilo em ações judiciais.
II - se não existir ou não promover a interdição alguma
Para exercer a tutela é necessário que o tutor tenha a sua das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo ante-
idoneidade incólume, bem como não haja nenhuma espécie cedente;
de conflito entre o ele e o seu pupilo.
III - se, existindo, forem menores ou incapazes as pes-
A tutela cessa quando o tutelado atingir a maioridade, ad- soas mencionadas no inciso II. (Redação dada pela Lei nº
quirindo a plena capacidade civil; quando o menor tutelado 13.146, de 2015) (Vigência)
for emancipado; ou quando for reconhecido, pelo pai, como
filho ou, ainda, quando o menor for adotado. Art. 1.770. Nos casos em que a interdição for promovida
pelo Ministério Público, o juiz nomeará defensor ao suposto
incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defen-
#FicaDica sor.
A principal característica da tutela é a supressão
da falta de capacidade de menores aos quais te- Art. 1.771. Antes de se pronunciar acerca dos termos da
nham os pais falecido ou encontra-se ausentes curatela, o juiz, que deverá ser assistido por equipe multidis-
ou estejam destituídos do pátrio poder ciplinar, entrevistará pessoalmente o interditando. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Capítulo II Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as potencialida-


des da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às restri-
Da curatela ções constantes do art. 1.782, e indicará curador. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Seção I
Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz leva-
Dos interditos rá em conta a vontade e as preferências do interditando, a
ausência de conflito de interesses e de influência indevida, a
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: proporcionalidade e a adequação às circunstâncias da pes-
soa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei Art. 1.773. A sentença que declara a interdição produz
nº 13.146, de 2015) (Vigência) efeitos desde logo, embora sujeita a recurso.

II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concer-
2015) (Vigência) nentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes.

III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado ju-
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) dicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quan-
do interdito.
IV - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

2015) (Vigência) §1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador


legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente
V - os pródigos. que se demonstrar mais apto.

Art. 1.768. O processo que define os termos da curate- § 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem
la deve ser promovido: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de aos mais remotos.
2015) (Vigência)
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo,
I - pelos pais ou tutores; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vi- compete ao juiz a escolha do curador.
gência)

44
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com Vigoram para o curador as escusas voluntárias e proibi-
deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada tórias; é obrigado a prestar caução, quando exigida pelo Juiz,
a mais de uma pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) e a prestar contas; cabem-lhe os direitos e deveres especifi-
(Vigência) cados no capítulo que trata da tutela; somente pode alienar
bens imóveis mediante prévia avaliação judicial e autoriza-
Art. 1.776. (Revogado pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigên- ção do juiz etc.
cia)
Apesar dessa semelhança, os dois institutos não se con-
Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 re- fundem. Podem ser apontadas as seguintes diferenças:
ceberão todo o apoio necessário para ter preservado o direi-
to à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu - a tutela é destinada à menores de 18 anos de idade, en-
recolhimento em estabelecimento que os afaste desse con- quanto a curatela é deferida, em regra, à maiores;
vívio. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
- a tutela pode ser testamentária, com nomeação do tu-
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e tor pelos pais; a curatela é sempre deferida pelo juiz;
aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5º.
- a tutela abrange a pessoa e os bens do menor, enquan-
to a curatela pode compreender somente a adminis-
Seção II tração dos bens do incapaz, como no caso dos pródi-
gos;
Da curatela do nascituro e do enfermo ou portador
de deficiência física - os poderes do curador são mais restritos do que os do
tutor.
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. A curatela apresenta cinco características:

Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu cura- - seus fins são assistenciais – destinados aos que não
dor será o do nascituro. podem por si só regerem sua pessoa e administrar seus
bens;
Art. 1.780. (Revogado pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigên-
cia) - tem caráter eminentemente publicista – advém do
fato de ser dever do Estado zelar pelos interesses dos
incapazes, este dever, no entanto, é delegado a pessoas
Seção III capazes e idôneas, que passam a exercer um múnus
público, ao serem nomeadas curadoras;
Do exercício da curatela
- tem, também, caráter supletivo da capacidade – o
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela apli- curador tem o encargo de representar ou assistir o seu
cam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as desta curatelado, cabendo em todos os casos de incapacida-
Seção. de não suprida pela tutela;

Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem - é temporária – perdurando somente enquanto a causa
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipote- da incapacidade se mantiver (cessada a causal, levan-
car, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os ta-se a interdição);
atos que não sejam de mera administração.
- a sua decretação requer certeza absoluta da incapaci-
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime dade.
de bens do casamento for de comunhão universal, não será
obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial. O art. 3º do Código Civil menciona os absolutamente in-
capazes de exercer pessoalmente os seus direitos e que de-
A curatela constitui instituto mais amplo a se dirigir não vem ser representados, sob pena de nulidade do ato (art. 166,
apenas aos demais incapazes, absolutos ou relativos, maio- I).
res de dezoito anos, como ainda ao nascituro, ao ausente, ao
revel citado por edital, entre outras opções. Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

pessoalmente os atos da vida civil:


É o encargo deferido por lei a alguém capaz, para reger a
pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não I - os menores de dezesseis anos;
pode fazê-lo por si mesmo.
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não
A curatela assemelha-se à tutela por seu caráter assisten- tiverem o necessário discernimento para a prática desses
cial, destinando-se, igualmente, à proteção de incapazes. Por atos;
essa razão, a ela são aplicáveis as disposições legais relativas
à tutela, com apenas algumas modificações. III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem
exprimir sua vontade.

45
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: e) a conferida ao réu preso;

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; f) a que se dá ao revel citado por edital ou com hora cer-
ta, que se fizer revel.
E o art. 4º enumera os relativamente incapazes, dotados
de algum discernimento e por isso, autorizados a participar Se o interditado restabelecer a saúde psíquica, poderá
dos atos jurídicos de seu interesse, desde que devidamente formalizar judicialmente o pedido de levantamento da inter-
assistidos por seus representantes legais, sob pena de anu- dição, com isso poderá cessar a curatela.
labilidade (art. 171, I), salvo algumas hipóteses restritas em
que se lhes permitem atuarem sozinhos.
Capítulo III
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à
maneira de os exercer: Da tomada de decisão apoiada
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (Incluído pela lei nº 13.146, De 2015) (vigência)
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo
por deficiência mental, tenham o discernimento reduzi- pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas)
do; pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que go-
zem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental com- decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elemen-
pleto; tos e informações necessários para que possa exercer sua ca-
pacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
§ 1º
Para formular pedido de tomada de decisão
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores
por legislação especial. devem apresentar termo em que constem os limites
do apoio a ser oferecido e os compromissos dos
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo
é anulável o negócio jurídico: e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses
da pessoa que devem apoiar. (Incluído pela Lei nº
I - por incapacidade relativa do agente; 13.146, de 2015) (Vigência)

§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será


#FicaDica requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
É o encargo deferido por lei a alguém capaz, expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio
para reger a pessoa e administrar os bens de previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
quem, em regra maior, não pode fazê-lo por si 13.146, de 2015) (Vigência)
mesmo.
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada
de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe
Assim como na tutela, a curatela pressupõe o devido multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público,
processo legal judicial a ser promovida pelos pais ou tuto- ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que
res, pelo cônjuge, por qualquer parente, ou pelo Ministério lhe prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
Público Estadual. 2015) (Vigência)

A legitimidade ativa do MP é condicionada as questões § 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade
específicas sobre as quais deve a aludida Instituição atuar, e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde
como, por exemplo, em casos de doença mental grave, ou se que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
ninguém requerer a interdição, ou então, se a interdição ver- (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
sar sobre incapazes.
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha
Dentre as curadorias especiais podem ser mencionadas: relação negocial pode solicitar que os apoiadores
contra assinem o contrato ou acordo, especificando,
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

a) a instituída pelo testador para os bens deixados a her- por escrito, sua função em relação ao apoiado.
deiro ou legatário menor; (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

b) a que se dá à herança jacente; § 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou
prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões
c) a que se dá ao filho, sempre que no exercício do poder entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá
familiar colidirem os interesses do pai com os daquele; o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre
a questão. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
d) a dada ao incapaz que não tiver representante legal ou, (Vigência)
se o tiver, seus interesses conflitarem com os daqueles;

46
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão I. Tem como regra geral o lugar onde a pessoa estabelece a
indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, sua residência com ânimo definitivo.
poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa
apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao II. Considera-se também como domicílio da pessoa natural,
juiz. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde
esta é exercida.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o
apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se III. Se houver exercício da profissão em lugares diversos, o lo-
for de seu interesse, outra pessoa para prestação cal da contratação constituirá domicílio para as relações
de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) que lhe corresponderem.
(Vigência)
IV. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o intenção manifesta de o mudar. A prova da intenção re-
término de acordo firmado em processo de tomada sultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
de decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº 13.146, de lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações
2015) (Vigência) não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que
a acompanharem.
§ 10º O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua
participação do processo de tomada de decisão Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à
manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela (a) I, II e III.
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
(b) I, II e IV.
§ 11º Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que
couber, as disposições referentes à prestação de (c) I, III e IV.
contas na curatela. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência) (d) II, III e IV.

A tomada de decisão apoiada é a maneira encontrada


para dar maior proteção à pessoa com deficiência, se dá atra- 02) (CEMIG/MG - Advogado JR - FUMARC/2018). O negócio
vés de um processo pelo qual a pessoa com deficiência elege jurídico simulado gera todos os efeitos abaixo elencados,
pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha EXCETO o que está previsto na alternativa:
vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe
apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, forne- (a) O negócio jurídico simulado é nulo, mas preservam-se
cendo-lhes os elementos e informações necessários para que em face dos contraentes do negócio os direitos de tercei-
possa exercer sua capacidade. ros de boa-fé.
Este procedimento de dá pela apresentação de um ter- (b) O vício do negócio jurídico, se não alegado pelo terceiro
mo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os interessado, convalesce pelo decurso do tempo.
compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência
do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses (c) A nulidade do negócio jurídico simulado pode ser alega-
da pessoa que devem apoiar. O pedido de tomada de decisão da por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,
apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indi- quando lhe couber intervir.
cação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previs-
to no caput deste artigo. (d) A nulidade deve ser pronunciada pelo juiz, quando co-
nhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos, não lhe
Esta decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e sendo permitido supri-la.
efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inse-
rida nos limites do apoio acordado.
03) (Câmara de Conceição do Mato Dentro – Advogado -
O seu término se dá a qualquer tempo, solicitar o término FUMARC/2016). Acerca da incapacidade civil absoluta,
de acordo firmado em processo de tomada de decisão apoia- é possível afirmar que são absolutamente incapazes de
da. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua parti- exercer pessoalmente os atos da vida civil
cipação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre (a) apenas os menores de 16 (dezesseis) anos.
a matéria.
(b) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
HORA DE PRATICAR
(c) os que, mesmo por causa transitória, não puderem expri-
mir sua vontade.
01)
(PC/MG - Delegado de Polícia Substituto - FU-
MARC/2018). Considere as seguintes afirmativas a res- (d) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não ti-
peito do domicílio da pessoa natural: verem o necessário discernimento para a prática desses
atos.

47
04) (Câmara de Conceição do Mato Dentro – Advogado - na sentença, se ficar provado que ele renunciou à heran-
FUMARC/2016). Sobre os defeitos do negócio jurídico, é ça para fraudar credores.
possível afirmar:
(d) anulada, bem como extinta a pena privativa de liberdade.
(a) São nulos os negócios jurídicos, quando as declarações
de vontade emanarem de erro substancial que poderia (e) transferida ao herdeiro, que deverá saldá-la no valor inte-
ser percebido por pessoa de diligência normal, em face gral previsto na sentença de condenação de seu pai.
das circunstâncias do negócio.

(b) Ocorre o estado de perigo quando uma pessoa, sob pre- 07) (PC/RS - Delegado de Polícia/BlocoII - FUNDATE/2018).
mente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a Pela leitura dos enunciados normativos do Código Civil
prestação manifestamente desproporcional ao valor da brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA.
prestação oposta.
(a) Com exceção dos casos previstos em lei, o exercício dos
(c) Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional direitos de personalidade não pode sofrer, voluntaria-
de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a mente, limitações, observada a característica da irrenun-
outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, pro- ciabilidade de tais direitos.
vando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
(b) Além da possibilidade legal de realização de transplan-
(d) Configura-se a lesão quando alguém, premido da neces- tes e exceto por determinação médica, é defeso o ato de
sidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave disposição sobre o próprio corpo quando importar dimi-
dano conhecido pela outra parte, assume obrigação ex- nuição permanente da integridade física, ou contrariar os
cessivamente onerosa. bons costumes.

(c) Não se pode usar o nome de outrem em propaganda co-


05)
(Prefeitura de Matozinhos/MG – Advogado - FU- mercial sem a devida autorização.
MARC/2016). Quanto à responsabilidade civil, NÃO é
correto afirmar: (d) Salvo se necessária à manutenção da ordem pública, a
utilização da imagem de uma pessoa falecida poderá ser
(a) A indenização mede-se pela extensão do dano, salvo ca- proibida, exclusivamente a requerimento de seus ascen-
sos em que houver excessiva desproporção entre a gra- dentes ou descendentes, se se destinar a fins comerciais.
vidade da culpa e o dano, quando o juiz poderá reduzir
equitativamente a indenização. (e) A intimidade da pessoa natural é inviolável, e o juiz ado-
tará as providências para fazer cessar ato contrário a esta
(b) O dever de indenizar depende da existência de ato ilícito, norma.
dano e nexo de causalidade.

(c) O direito civil brasileiro não admite responsabilidade ob- 08) (PC/RS - Delegado de Polícia/BlocoII - FUNDATE/2018).
jetiva no que se refere a danos causados por pessoas jurí- Tratando-se do domicílio, conforme tipificado no Código
dicas de direito privado, nem mesmo quando se tratar de Civil brasileiro, analise as seguintes assertivas:
relação de consumo.
I. Se a pessoa jurídica possuir diversos estabelecimentos
(d) Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os em lugares diferentes, será considerado domicílio aquele
empresários individuais e as empresas respondem, in- fixado por último, independentemente do local em que
dependentemente de culpa, pelos danos causados pelos praticado o ato jurídico em análise.
produtos postos em circulação.
II. Corresponde ao de seu domicílio, o lugar onde for encon-
trada a pessoa natural que não tenha residência habitual.
06) (PC/MA - Escrivão de Polícia - CESPE/2018). Um conde-
nado faleceu e deixou como herança R$ 30.000 para seu III. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especifi-
filho, seu único herdeiro. Contudo, a sentença criminal car domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
pela qual o falecido foi condenado, além de determinar obrigações deles resultantes.
a pena privativa de liberdade, cumprida parcialmente em
razão da morte, determinava a reparação do dano cau- IV. A prova da intenção de alteração de domicílio corres-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

sado, no valor de R$ 50.000. Nessa situação hipotética, a ponde ao que declarar a pessoa a seu cônjuge, descen-
obrigação de reparar o dano poderá ser dente ou ascendente, se outra coisa não houver sido dita
quando da própria mudança, com as circunstâncias que
(a) estendida ao herdeiro, que deverá saldá-la até o limite do a acompanharem.
patrimônio transferido.
Quais estão corretas?
(b) extinta, pois se trata de pena personalíssima e intransfe-
rível. (a) Apenas I e IV.

(c) executada contra o herdeiro pelo valor integral previsto (b) Apenas II e III.

48
(c) Apenas III e IV.
GABARITO
(d) Apenas I, II e III.

(e) Apenas I, II e IV.


1 B
2 B
09) (PC/RS - Delegado de Polícia/BlocoII - FUNDATE/2018).
Sobre ilicitude e responsabilidade civil, assinale a alter- 3 A
nativa correta. 4 C
(a) Para a caracterização do ato ilícito previsto no Art. 187 do 5 C
Código Civil brasileiro, é necessária a aferição de culpa e
dano do autor do fato. 6 A
(b) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
7 D
de culpa, quando a atividade desenvolvida implicar, por 8 B
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
9 B
(c) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em manifesto
excesso aos limites impostos pelo seu fim econômico ou
10 D
social, causar efetivo dano a alguém.

(d) Constitui hipótese de ilicitude civil, em qualquer circuns-


tância, a conduta de lesionar a pessoa a fim de remover
perigo iminente.

(e) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão


voluntária, em caso de prática de ato negligente, não con-
duz à caracterização de um ilícito civil.

10) (PC/GO - Delegado de Polícia Substituto - CESPE/2017).


No que concerne à pessoa natural, à pessoa jurídica e ao
domicílio, assinale a opção correta.

(a) Sendo o domicílio o local em que a pessoa permanece


com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição nor-
mativa, como ocorre com os militares, o domicílio con-
tratual é incompatível com a ordem jurídica brasileira.

(b) Conforme a teoria natalista, o nascituro é pessoa humana


titular de direitos, de modo que mesmo o natimorto pos-
sui proteção no que concerne aos direitos da personali-
dade.

(c) De acordo com o Código Civil, deve ser considerado ab-


solutamente incapaz aquele que, por enfermidade ou de-
ficiência mental, não possuir discernimento para a práti-
ca de seus atos.

(d) A ocorrência de grave e injusta ofensa à dignidade da pes-


soa humana configura o dano moral, sendo desnecessá-
ria a comprovação de dor e sofrimento para o recebimen-
NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

to de indenização por esse tipo de dano

(e) Na hipótese de desaparecimento do corpo de pessoa em


situação de grave risco de morte, como, por exemplo, no
caso de desastre marítimo, o reconhecimento do óbito
depende de prévia declaração de ausência.

49
ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Conceito. .........................................................................................................................................................................................01
Direitos e Garantias Fundamentais. .............................................................................................................................................03
Direitos Individuais. .......................................................................................................................................................................03
Direitos Coletivos. ..........................................................................................................................................................................03
Direitos Sociais. ..............................................................................................................................................................................14
O Estado. .........................................................................................................................................................................................18
Conceito. .........................................................................................................................................................................................18
Elementos que compõem o Estado. .............................................................................................................................................18
Finalidade do Estado. .....................................................................................................................................................................18
Funções essenciais à Justiça. .........................................................................................................................................................20
Hora de Praticar ..............................................................................................................................................................................27
CONCEITO.
#FicaDica
Material: Não Importa Se A Norma Está Inserida
No Texto Da Constituição. Será Considerada
Constitucional Se O Seu Conteúdo For De
A disciplina de direito constitucional é talvez a mais im- Natureza Constitucional. Formal: Para Ser
portante de todo o ordenamento jurídico, em especial do Considerada Constitucional Deverá A Norma
brasileiro posto que todas as demais normas devem estar de Compor O Texto Da Constituição.
acordo com a Constituição Federal.

Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é um


dos ramos do Direito Público, a matriz que fundamenta e
orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu com os ideais li- Também é possível classificar uma constituição quanto a
berais atentando-se, a princípio, para a organização estrutural sua finalidade. Poderá ser classificada como constituição ga-
do Estado, o exercício e transmissão do poder e a enumeração rantia que tem por característica a restrição do poder estatal,
de direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. Atual- ou seja, núcleos de direitos que não poderão sofre interfe-
mente, preocupa-se não somente com a limitação do poder rência do Estado. Uma constituição com essa característica é
estatal na esfera particular, mas também com a finalidade das aquela que se preocupa com a manutenção de direitos já con-
ações estatais e a ordem social, democrática e política”. quistados, ou seja, protege-se aquilo que se conquistou impe-
dindo a ingerência do Estado. Ainda quanto a finalidade, po-
A constituição, por sua vez, é o documento que alicerça os derá uma constituição ser chamada de constituição dirigente
fundamentos do Estado para a qual ela foi delineada. Também que, ao contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro
é possível utilizar outros sinônimos como constituir, delimitar, para a conquista de direitos. Na realidade essas constituições
organizar; enfim, a Constituição tem essa finalidade: organi- estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.
zar e estruturar o Estado.

Portanto, podemos definir constituição como um conglo- #FicaDica


merado de normas de caráter fundamental e supremo, escri-
tas ou alicerçadas nos costumes, responsáveis pela criação, es- A Constituição Federal De 1988, Em Vigência, É
truturação e organização do Estado – uma espécie de estatuto Classificada Quanto Ao Conteúdo Como Formal
do poder. E Quanto A Finalidade Como Dirigente.

A Constituição sob o prisma sociológico está diretamen-


te ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale. Segundo
o autor a constituição seria o reflexo das relações de poder vi-
gentes em determinada comunidade política, ou seja, a cons- Normas Constitucionais
tituição deveria exprimir as relações vigentes no estado e não
se furtar de regras ultrapassadas ou mesmo caídas no desuso,
posto que se assim fosse, não passaria de um simples pedaço
de papel. Classificação quanto a aplicabilidade
Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a - Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade imedia-
constituição deve ser o produto de uma decisão da vontade ta. Desde sua entrada em vigor já começa a produzir efei-
que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma decisão

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


tos. Não precisa de outra norma para regulamenta-la. Po-
fundamental oriunda de poder originário, apto a criar aquele derá até tê-la, mas desnecessária do ponto de vista de sua
texto. aplicabilidade.
Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica, a cons- - Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade
tituição é a lei maior, nada acima dela; todas as demais leis de- imediata, direta, mas não integral, posto que sujeito a res-
vem obediência obrigatória ao texto constitucional. Trata-se trições que limitem sua eficácia e aplicabilidade. Segundo
da chamada Teoria Pura do Direito, por onde Kelsen coloca a José Afonso da Silva, Para José Afonso da Silva, “as normas de
Constituição no topo de uma pirâmide, e na sequência as de-
eficácia contida são as que possuem atributos imperativos,
mais normas possíveis.
positivos ou negativos que limitam o Poder Público. Geral-
mente estabelecem direitos subjetivos de indivíduos e enti-
As constituições podem ser classificadas por diversos ân-
dades privadas ou públicas”.
gulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser classi-
ficada como material ou formal. Será considerada formal, nas
palavras de Nathália Masson, “assuntos imprescindíveis à or- - Normas de eficácia limitada: são normas constitucio-
ganização política do Estado. Em outros termos, são constitu- nais que dependem de uma norma, infraconstitucional, para
cionais os preceitos que compõe o documento constitucional, que dê aplicabilidade a norma.
ainda que o conteúdo de alguns desses preceitos não possa
ser considerado materialmente constitucional”. Nas constitui-
ções classificadas como materiais, considera-se constitucio-
nal toda norma de cunho constitucional ainda que não esteja
inserida na constituição.

1
02) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Delegado de Polícia. A Constituição é um conjunto sis-
EXERCÍCIO COMENTADO temático e orgânico de normas que visam concretizar os
valores que correspondem a cada tipo de estrutura social.
Assim sendo, em sentido material, pode-se conceituar
um texto constitucional como:
01) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Escrivão de Polícia Civil. A Constituição de um país é defi- a) um ato unilateral do Estado, cuja fonte tem origem na sua
nida como sendo: estrutura organizacional, no seu sistema e na sua forma
de governo.
I. o conjunto de comandos normativos elaborado e votado
pelo Poder Legislativo, mediante processo ordinário, que b) um conjunto normativo, que visa regular os poderes do
estabelece competências no âmbito federal, estadual e mu- Estado, incluindo sua formação, sua titularidade, seus
nicipal. meios de aquisição e seu exercício.
II. a lei fundamental do Estado, que visa organizar os seus c) um texto produzido exclusivamente por determinadas
elementos constitutivos, como a formação dos poderes, as fontes constitucionais, tendo por base preceitos legais,
formas de Estado e de governo, a separação de poderes e as que lhe são anteriores.
limitações ao exercício do poder político.
d) um conjunto de princípios que expressam concepções
III. o diploma legal que estabelece os direitos, as garantias e os decorrentes de valores morais, sociais, culturais e histó-
deveres dos cidadãos, além de determinar as competências ricos, que asseguram os direitos dos cidadãos e condicio-
relativas à edição de normas jurídicas, legislativas ou ad- nam o exercício do poder.
ministrativas.

IV. o conjunto de leis, cuja elaboração é de competência ex-


clusiva da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou A constituição de um estado deve servir de instrução ao exer-
do Congresso Nacional, na forma e nos casos previstos pela cício do poder do Estado, posto que sua inexistência abrir-se-
própria Constituição. -ia espaço para arbitrariedades. No que tange ao povo, deve a
constituição através de princípios, deixar expostos os valores
A partir das definições acima, pode-se AFIRMAR que:
nela protegidos como valores morais, sociais, culturais, entre
outros.
a) apenas as afirmativas I e IV estão corretas.

b) apenas a afirmativa II está correta.


Alternativa: D.
c) apenas as afirmativas II e III estão corretas.

d) as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.


03) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: BDMGProva:
Advogado. Todas as afirmações abaixo são falsas, EXCE-
Analisando individualmente, o item I está errado, porque não TO:
se trata de elaboração mediante processo legislativo comum,
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mas por um processo especial, realizado por um grupo de par- a) A Constituição somente não poderá ser emendada na vi-
lamentares que compõem a chamada assembleia constituinte gência de intervenção federal, e de estado de sítio.
que tem legitimidade para traçar as regras constitucionais e
não apenas estabelecer competências no âmbito federal, esta- b) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
dual e municipal. O item II e III estão corretos, ao contrário do tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o voto
item IV. O item IV está incorreto pois referidas leis são elabo- direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Po-
radas após a criação da Constituição Federal, e não concomi- deres; os direitos e garantias individuais.
tantemente.
c) A proposta de emenda constitucional será discutida e
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
Alternativa: C dois terços dos votos dos respectivos membros.

d) A emenda à Constituição será promulgada pelo presiden-


te da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
respectivo número de ordem.

2
Em regra, a Constituição Federal poderá ser emendada, desde TÍTULO II
que respeitado o procedimento próprio para isso, desde que
não se trate de projeto que pretenda abolir aquilo que se cha- Dos Direitos e Garantias Fundamentais
ma de cláusula pétrea. É o que dispõe o art. 60 §4º.
CAPÍTULO I
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante pro-
posta: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos De-


putados ou do Senado Federal;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
II - do Presidente da República; quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das uni- à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
dades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
coisa senão em virtude de lei;
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Con- III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de-
gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada sumano ou degradante;
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respec- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
tivo número de ordem. além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
tendente a abolir: assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I - a forma federativa de Estado;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistên-
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; cia religiosa nas entidades civis e militares de internação co-
letiva;
III - a separação dos Poderes;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de cren-
IV - os direitos e garantias individuais. ça religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta
na mesma sessão legislativa. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


tífica e de comunicação, independentemente de censura ou
Alternativa: B. licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.
DIREITOS INDIVIDUAIS. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
DIREITOS COLETIVOS. dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-


Antes de ingressarmos no estudo da temática proposta cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
pelo edital, importante justificar o motivo pelo qual os tópi-
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
cos foram unificados. Cumpre destacar que a Constituição
ou instrução processual penal;
Federal trata os direitos individuais e coletivos dentro do
capítulo I do Título II chamado de “Dos Direitos e garantias
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
fundamentais”. Portanto, didaticamente se torna indispen-
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei esta-
sável a unificação de tais temas.
belecer;

3
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- res, aos intérpretes e às respectivas representações sindi-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- cais e associativas;
fissional;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo privilégio temporário para sua utilização, bem como pro-
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele teção às criações industriais, à propriedade das marcas,
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em e econômico do País;
locais abertos ao público, independentemente de autoriza-
ção, desde que não frustrem outra reunião anteriormente XXX - é garantido o direito de herança;
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
vio aviso à autoridade competente; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais fa-
vedada a de caráter paramilitar; vorável a lei pessoal do de cujus ;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a consumidor;
interferência estatal em seu funcionamento;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis- informações de seu interesse particular, ou de interesse
solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
manecer associado; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
XXI - as entidades associativas, quando expressamente au-
torizadas, têm legitimidade para representar seus filiados a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de
judicial ou extrajudicialmente; direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

XXII - é garantido o direito de propriedade; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


defesa de direitos e esclarecimento de situações de inte-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; resse pessoal;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá-
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse rio lesão ou ameaça a direito;
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato ju-
rídico perfeito e a coisa julgada;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, as- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
segurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dano; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a orga-


nização que lhe der a lei, assegurados:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe- a) a plenitude de defesa;
nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar b) o sigilo das votações;
o seu desenvolvimento;
c) a soberania dos veredictos;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissí- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
vel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; contra a vida;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
a) a proteção às participações individuais em obras cole-
tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
nas atividades desportivas;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico direitos e liberdades fundamentais;
das obras que criarem ou de que participarem aos criado-

4
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; pela autoridade competente;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito sem o devido processo legal;
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan- LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
tes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
constitucional e o Estado democrático; meios ilícitos;

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do julgado de sentença penal condenatória;
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
patrimônio transferido; identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes: LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
blica, se esta não for intentada no prazo legal;
a) privação ou restrição da liberdade;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
b) perda de bens; cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse so-
cial o exigirem;
c) multa;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
d) prestação social alternativa; ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou cri-
e) suspensão ou interdição de direitos; me propriamente militar, definidos em lei;

XLVII - não haverá penas: LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos ter- e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
mos do art. 84, XIX;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
b) de caráter perpétuo; quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a as-
sistência da família e de advogado;
c) de trabalhos forçados;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
d) de banimento; por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

e) cruéis; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


autoridade judiciária;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distin-
tos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido
apenado; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade fí-
sica e moral; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res-
ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura- em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da na- de poder;
turalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por cri- ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou
me político ou de opinião; abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do poder público;

5
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetra- § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
do por: humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-
a) partido político com representação no Congresso Na- pectivos membros, serão equivalentes às emendas constitu-
cional; cionais.

b) organização sindical, entidade de classe ou associação § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal In-
legalmente constituída e em funcionamento há pelo me- ternacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
nos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
ou associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a Histórico


falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogati-
vas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
- Direitos Fundamentais
LXXII - conceder-se-á habeas data :
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não são
a) para assegurar o conhecimento de informações rela- sempre os mesmos em todas as épocas. Porém devem cons-
tivas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou tar obrigatoriamente em textos constitucionais considerados
bancos de dados de entidades governamentais ou de ca- democráticos; constando referidos direitos podem anuir que
ráter público; aquela constituição está alicerçada nos pilares da democracia.

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê- Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianismo,
-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; uma vez que segundo essa religião o homem era feito a ima-
gem e semelhança de Deus. Sendo assim, ganhou uma pro-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor teção especial no texto da Constituição. Importante lembrar
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio que falar em dignidade humana é falar em garantir o direito do
público ou de entidade de que o Estado participe, à mo- indivíduo ter direitos – iguais entre seres humanos.
ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights, De-
claração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais documentos
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbên-
trataram de positivar direitos que naturalmente são inerentes
cia;
ao homem.
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois de-
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
veres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo estão
ordenados de modo a melhor cuidar de seus cidadãos. É a de-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciá- monstração clara do pacto social firmado entre os indivíduos
rio, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na e o Estado – é a cessão de parte de suas liberdades, entregan-
sentença; do-as ao Estado de modo que este, em contrapartida, devolva
algo que seja positivo – como, por exemplo, proíbe-se (exceto
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na as possibilidade previstas na lei) da autotutela (exercício da
forma da lei: autodefesa) entregando essa função ao Estado para que este
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

exerça a tutela da segurança do indivíduo.


a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;
Geração de Direitos Fundamentais
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
data , e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da - 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção dos
cidadania. governantes se obrigando a não intervir na vida pessoal de
cada indivíduo. Indispensável a todos os homens. Como por
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em situações específicas,
assegurados a razoável duração do processo e os meios que o Estado não privará o indivíduo de seguir sua vida.
garantam a celeridade de sua tramitação.
Característica: universal; não ocasiona desigualdade so-
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda- cial. Ex: liberdade,
mentais têm aplicação imediata.
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do povo
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição de não apenas ter liberdade, mas outros direitos que o condu-
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios zem a exercer a liberdade, seguir sua vida, com dignidade. São
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a os valores sociais variados, importando intervenção ativa do
República Federativa do Brasil seja parte. Estado na vida econômica com o viés de proporcionar justiça
social.

6
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: - Direitos humanos são direitos postulados em bases jus-
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São cha- naturalistas, contam índole filosófica e não possuem como
mados de direitos sociais não por serem direitos da coletivi- característica básica a positivação numa ordem jurídica par-
dade, mas por alusão ao termo justiça social. Os titulares são ticular.
os próprios indivíduos singularizados, apesar dos mesmos
poderem se voltar a coletividade. - Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos relaciona-
dos com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas
- 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difusa. normativos de cada Estado. São direitos que vigem numa ordem
Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos, não mais jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espa-
individualmente. ço e no tempo.

Característica: proteção do homem em grupos. Ex: direito


ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.
- Vinculação dos Poderes Públicos

O fato de os direitos fundamentais estarem previstos na


Conclusão Constituição torna-os parâmetros de organização e de limitação
dos poderes constituídos. A constitucionalização dos direitos
A visão dos direitos fundamentais em termos de gerações fundamentais impede que sejam considerados meras autolimi-
indica a evolução desses direitos no tempo. Cada direito de tações dos poderes constituídos - dos Poderes Executivo, Legis-
cada geração interage com os das outras e, nesse processo, lativo e Judiciário -, passíveis de serem alteradas ou suprimidas
dá-se à compreensão. ao talante destes.

Características dos direitos fundamentais - Aplicabilidade imediata

As normas que definem direitos fundamentais são normas


de caráter preceptivo, e não meramente programático. Explicita-
- Universais e absolutos -se, além disso, que os direitos fundamentais se fundam na Cons-
tituição, e não na lei - com o que se deixa claro que é a lei que deve
A questão da universalidade: direito previsto para todo mover-se no âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário.
homem, ainda que nem todo homem o exerça.
A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa tendência,
Absoluto: os direitos fundamentais não são absolutos,
conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que se diz que “as
apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre qualquer
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
outro direito.
aplicação imediata”. O texto se refere aos direitos fundamentais
em geral, não se restringindo apenas aos direitos individuais.

- Historicidade O presente estudo tem por finalidade a análise pormenoriza-


da de todos os incisos previstos no art. 5º da Constituição Federal;
Os direitos fundamentais são um conjunto de faculdades referido artigo elenca os direitos e os deveres individuais e coleti-
e instituições que somente faz sentido num determinado vos, assegurando-os a todos que estejam em território nacional,

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


contexto histórico. A história permite entender a existência seja brasileiro nato, naturalizado ou mesmo estrangeiro por mo-
de cada um dos direitos. tivos diversos. Cada inciso receberá o comentário pertinente.

A história explica que os direitos possam ser apregoados Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
em certa época, desaparecendo em outras, ou se modificam quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução dos direitos fun- residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
damentais. à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes artigos


do texto constitucional, para não dizer o principal artigo da cons-
- Inalienabilidade e Indisponibilidade tituição federal. Esse artigo nos elenca cinco grupos de direitos
que são amplamente protegidos pela nossa lei maior. A saber:
Inalienável: o titular do direito não pode impossibilitar o
exercício para si mesmo. Encontra fundamento no valor da - Direito à vida (integridade física e moral), - direito à liber-
dignidade humana. A indisponibilidade gera nulidade de dade (manutenção de qualquer forma de manifestação do in-
qualquer disposição contratual feita. divíduo), - direito à igualdade (o tratamento da lei é conferido
igualmente para todos), - direito à segurança (direito de to-
Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifesta- dos – necessidade de leis que definam crimes e sanções) e –
ção religiosa em templo religioso diverso do seu. direito à propriedade (propriedade particular, privada, desde
que atendida sua função social).

7
O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de promo- IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
ver qualquer ato que ofenda a integridade física ou moral do o anonimato;
indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura ou qualquer ex-
posição vexatória. Também não permite que a vida chegue ao É a liberdade conferida ao indivíduo para que o mesmo
fim se não pelas causas naturais – caso venha ocorrer, o Estado possa expressar de qualquer forma o que pensa a respeito de
oferece sanções àquele que promoveu o encurtamento da vida religião, política, ciência ou qualquer outro instituto. Impor-
humana. tante lembrar que essa liberdade de manifestação está condi-
cionada ao não anonimato; deste modo, todos podem se ma-
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo aqui- nifestar sendo porém vedada a manifestação anônima.
lo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os rumos de
sua própria vida. Por esta razão sua liberdade de locomoção Também importante lembrar que a liberdade de manifes-
é amplamente protegida; dentro do conceito de liberdade se tação protegida pela CF/88 não protege a prática de crimes
enquadra o direito a manifestação de toda espécie: religiosa, sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifestação ofensiva
de pensamento, de associação, ou seja, a todos é conferido o a terceiros que fira sua honra, imagem ou integridade poderá
direito de expor seus pensamentos e suas escolhas. Neste pon- ser punida pela lei.
to importante demonstrar que essa liberdade de expressão não
pode ocasionar danos a outrem de modo que se assim o fizer, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-
estará praticando ato contra terceiros e por isso poderá ser res- vo, além da indenização por dano material, moral ou à
ponsabilizado. imagem;

A igualdade também é dos pilares dos direitos fundamentais. A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional ao
Por conta desse princípio a lei deve conferir tratamento igualitá- agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem tem as-
rio para todos; assim, não se permite qualquer espécie de distin- segurado para si o direito a indenização por dano material ou
ção da lei, além de vedar toda espécie de discriminação. moral. O prejuízo a que se refere o inciso V pode patrimonial
ou não. Prejuízo de ordem não patrimonial é aquele causado
A segurança é outro importante direito fundamental, pois por pessoa (física ou jurídica) que ofenda liberdade, honra, fa-
compreende não apenas aquela que visa a proteção patrimo- mília ou profissão de determinado indivíduo.
nial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas também a
segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão deve ter conhe- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
cimento das leis que regem o país para que não “sejam mais do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garan-
pegos de surpresa”. tida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;
Por fim, o direito à propriedade abarca o último grupo dos
direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo cidadão o direi- VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis-
to à propriedade privada, particular. Porém, importante que tência religiosa nas entidades civis e militares de internação
aquele que detenha a propriedade se atente para a função so- coletiva;
cial que a mesmo carrega.
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
nos termos desta Constituição; invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia, que é
exatamente o tratamento igualitário, para todos, vedada qual- Assegurada a plena liberdade de consciência, ofertando a
quer forma de discriminação – modalidade de preceito univer- lei de proteção aos locais de culto e suas liturgias. Esse inci-
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sal. Segundo a Declaração Universal dos direitos do homem, so compreende três formas de liberdade: crença, culto e or-
“todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade ganização religiosa. A possibilidade de escolher qual religião
e direitos. seguir, ou mesmo não seguir nenhuma religião está amparada
pela liberdade de crença. Porém, importante destacar que a
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma liberdade de escolher sua própria religião não pode servir de
coisa senão em virtude de lei; amparo ao embaraçamento daquele que pretende praticar
outra religião.
Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limita toda
forma de arbitrariedade; evidente que o convívio em sociedade A assistência religiosa é assegurada a quem dela queira
pressupõe o aceite de determinadas regras de convívio. Porém, fazer uso; logo, não será ofertada assistência religiosa sem a
tais regras derivam de autoridade com competência para tanto anuência do interessado.
que agem de maneira impessoal e geral.
Por fim, sob o tópico “religião”, importante fazer menção
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento ao direito de professar ou não qualquer religião inclusive exer-
desumano ou degradante; cer suas práticas, com cultos. Importante lembrar que a práti-
ca religiosa amparada pela CF/88 não pode se confundir com
Entende-se por tortura qualquer forma de castigo corpóreo aquelas práticas consideradas ilegais para o direito brasileiro,
agressivo, violento, que utilize de qualquer instrumento mecâ- como por exemplo aquelas que leva a necessidade de sacrifí-
nico ou psicológico levando aquele que está sendo torturado cio humano. Neste caso, sendo considerado crime o encurta-
praticar ato que não o faria se estivesse em condições normais. mento da vida, não será amparado o sacrifício pela liberdade
A tortura é crime inafiançável e insuscetível de fiança. religiosa.

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IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
científica e de comunicação, independentemente de censura locais abertos ao público, independentemente de autoriza-
ou licença; ção, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liberdade de vio aviso à autoridade competente;
expressão é importante destacar alguns institutos legislati-
vos que conferem regulamentação ao tema, como por exem- O direito de reunião vem estampado no art. 5º como mo-
plo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei de Direitos autorais dalidade de direito fundamental para demonstrar a força da
(Lei 9.610/98) entre outras. democracia. Por conta desse direito, todos podem reunir-se
em local público com finalidades diversas, independente-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra mente de autorização. É necessário, no entanto, que aqueles
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização que desejam se reunir comuniquem autoridade competente,
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; especialmente para não ferir direitos daqueles que previa-
mente se decidiram pela reunião em local da vontade de am-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela bos. Assim, desde que pacificamente, sem armas, indivíduos
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em podem se reunir em locais públicos, necessitando apenas
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, informar as autoridades. Não é necessário autorização do po-
ou, durante o dia, por determinação judicial; der público, mas apenas sua comunicação.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comu- XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
nicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, vedada a de caráter paramilitar;
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
ou instrução processual penal; perativas independem de autorização, sendo vedada a in-
terferência estatal em seu funcionamento;
É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao pú-
blico, que merece ser preservado. Sempre que violada a honra, XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis-
a imagem, a vida privada, sem consentimento do indivíduo, solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
a este caberá indenização pelo dano material ou moral pelo cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
ato cometido. No que tange ao domicílio, este poderá ser vio-
lado a qualquer horário sempre que caso de flagrante delito XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
ou desastre, ou ainda no caso de determinação judicial, neste manecer associado;
último caso apenas durante o dia (06h00 as 18h00).
XXI - as entidades associativas, quando expressamente au-
Das formas de comunicação, sejam elas por correspon- torizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
dência, comunicação telegráfica ou telefônica, somente a judicial ou extrajudicialmente;
última, por determinação judicial, poderá ser parcialmente
quebrada, com prazo de duração. Referidos incisos tratam da questão da associação. Em
primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém ser
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou compelido a associar-se se assim não desejar. As associações
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a poderão ser criadas para fins lícitos; de forma alguma será
lei estabelecer; autorizado funcionar associações com objetivos paramilita-
res (corporações privadas de nacionais ou também de estran-
Toda atividade profissional exercida espontaneamente geiros normalmente aparelhados por uniformes e armamen-

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pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aquelas não tos militares sem contudo pertencer aos quadros das forças
classificadas para efeito de registro em carteira de trabalho. armadas). Cumpridos tais requisitos, poderá a associação
Assim, em se tratando de atividade lícita poderá o indivíduo funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer interferência do Es-
exerce-la livremente. tado; no entanto, por meio de decisão judicial transitada em
julgada poderá ser dissolvida a associação ou ter suas ativi-
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- dades suspensas. Além das associações também possíveis as
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro- cooperativas com objetivos diferentes das associações.
fissional;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da censu-
ra; permite-se a liberdade de expressão do indivíduo desde XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
que não venha a ferir direitos de outrem.
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria-
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos os XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
indivíduos de circular livremente no território nacional sem competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
qualquer limitação, nos termos da lei. rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

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XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais; são
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvolvem
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre o ine-
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de fi- ditismo da obra; importante lembrar que os sucessores do
nanciar o seu desenvolvimento; autor permanecerão recebendo a título universal os louros
da obra daquele que sucedeu.
Os incisos acima compõem o grupo dos direitos indivi-
duais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 confere A marca também é protegida em todo território nacio-
a todos o direito de propriedade, ter para si propriedade nal e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro; esse
particular (privada); no entanto, o uso deve atender a fun- tema consta inserido na seara do direito empresarial, em
ção daquela propriedade. Assim, por exemplo, determina- especial no código de propriedade industrial.
da propriedade rural deve atender sua finalidade, qual seja,
produção de riqueza por meio do agronegócio (seja para o XXX - é garantido o direito de herança;
próprio sustento ou comércio com terceiros). Não exercen-
do sua função social, a propriedade poderá ser destacada XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
do patrimônio daquele indivíduo. Em outras palavras, a será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
propriedade urbana exerce sua função social quando aten- ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
de às exigências fundamentais de organização da cidade ex- favorável a lei pessoal do de cujus;
pressas em seu plano diretor; já a propriedade rural exerce-
rá sua função social quando fizer o aproveitamento correto Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis
dos recursos naturais, preservando o meio ambiente e pro- e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, também
tegendo relações de trabalho e exploração que favoreçam o chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o falecido
bem estar dos proprietários e dos trabalhadores. poderá aceitar a herança, renuncia-la ou mesmo imitir-se
na posse.
O direito à propriedade também poderá ser relativizado
quando o Estado necessitar de determinada propriedade, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
bem ou serviços prestados por particular, mediante inde- consumidor;
nização. A CF/88 autoriza o poder público a se utilizar da
propriedade particular na iminência ou na ocorrência de Enquadra-se no conceito de consumidor a coletividade
alguma situação que ofereça perigo à coletividade. de pessoas, ainda que não seja possível determina-las que
tenham participado de uma relação de consumo composta
Importante também explicar que a necessidade públi- por fornecedor e consumidor.
ca ocorre sempre que o Estado se coloca diante de uma si-
No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas pelo
tuação extremamente urgente que não pode ser adiada. A
Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, além de ou-
utilidade pública é quando impõe ao Poder Público a pos-
tras cuja matéria é mais específica como leis relacionadas
sibilidade de propor o uso de determinado bem em contra-
a crimes contra ordem tributária, ordem econômica, entre
partida a oferta de alguma serviço que seja útil para a co-
outras.
letividade. Por fim, tem interesse social aquilo que venha a
trazer melhorias as classes menos privilegiadas. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissí- pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
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vel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
a) a proteção às participações individuais em obras co-
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclu- a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de
sive nas atividades desportivas; direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
mico das obras que criarem ou de que participarem aos defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
criadores, aos intérpretes e às respectivas representa- pessoal;
ções sindicais e associativas;
Essência da democracia, ao cidadão cabível a proteção
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- do seu direito de manter-se informado de tudo aquilo que
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como envolve tanto o Estado como seu próprio nome. Ato contí-
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, nuo, protege-se também o direito de petição ao indivíduo;
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo assim, todo aquele que pretender buscar pela tutela jurisdi-
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e cional do Estado ou mesmo acessar legislativo e executivo,
econômico do País; terá assegurado seu direito de petição.

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XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
rio lesão ou ameaça a direito; imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato ju- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
rídico perfeito e a coisa julgada; veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
O Brasil adota uma jurisdição uma. Assim, não serão to-
lerados tribunais de exceção ou o exercício de juízes ad-hoc, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
voltados a julgar um ou outro caso. Marco da democracia, de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
onde a lei vale para todos e todos devem cumpri-la. Uma lei constitucional e o Estado democrático;
nova não pode prejudicar direitos já conquistados pelo indi-
víduo sob pena de ferir o pacto social firmado entre o indi- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
víduo e o Estado – aceitando mudanças sem previsão legal podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
estar-se-ia referendando arbitrariedades – é o chamado prin- perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
cípio da irretroatividade. Vale lembrar que, em se tratando de sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
retroação benéfica da lei, nenhum obstáculo se imporá. Por- patrimônio transferido;
tanto, uma crime praticado cuja pena seja alta passe por um
abrandamento dessa pena por nova lei, aquilo punido nos XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
moldes da lei antiga será beneficiado pela novel legislação. entre outras, as seguintes:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a orga- a) privação ou restrição da liberdade;


nização que lhe der a lei, assegurados:
b) perda de bens;
a) a plenitude de defesa;
c) multa;
b) o sigilo das votações;
d) prestação social alternativa;
c) a soberania dos veredictos;
e) suspensão ou interdição de direitos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida; XLVII - não haverá penas:

O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compostos a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos ter-
por pessoas comuns, chamados de jurados, formam o con- mos do art. 84, XIX;
selho de sentença, cuja função principal é opinar pela culpa
ou não do indivíduo que praticou um crime doloso contra b) de caráter perpétuo;
a vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pessoas a comporem
o conselho de sentença. Aos jurados é assegurado o sigilo c) de trabalhos forçados;
das votações e ao réu a plenitude de defesa; ao júri, como
um todo, assegurado a soberania do veredicto. O tribunal do d) de banimento;
júri funcionará sempre que houver um crime doloso contra
a vida.

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e) cruéis;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distin-
pena sem prévia cominação legal;
tos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;
Também chamado de princípio da legalidade. Por este
princípio o indivíduo só poderá responder criminalmente
por alguma conduta por ele praticado se esta conduta hou- XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade fí-
ver sido considerada crime antes de sua pratica. Ou seja, a sica e moral;
conduta definida como crime deve ser anterior a sua prática.
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais; Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e di-
reito processual penal. As penas no Brasil são definidas pela
A exceção ao princípio da irretroatividade, anteriormente CF/88; assim, possível apenas as penas de privação ou restri-
explicado, é exatamente com relação ao benefício para o réu. ção da liberdade, perda de bens, multa, prestação alternativa
e suspensão parcial ou temporária de direitos. Toda pena di-
ferente destas não será autorizada pela legislação infracons-
titucional em especial aquelas que levem a morte, tortura,

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caráter perpétuo, trabalho forçado, cruéis ou de banimento. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
Inserido no sistema prisional, ao indivíduo assegurado res- se esta não for intentada no prazo legal;
peito a sua integridade física e moral. Para as mulheres, tra-
tativa diferenciada em períodos de amamentação, podendo LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces-
ficar com seu filho. suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da na- Cabe ao Ministério Público o exercício das ações penais pú-
turalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico blicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo, nas hipóteses previs-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; tas em lei, a possibilidade do próprio indivíduo intentar a ação.
Em regra, todos os atos são públicos, resguardada a defesa da
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por cri- intimidade e do interesse social do indivíduo.
me político ou de opinião;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária compe-
pela autoridade competente; tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria-
mente militar, definidos em lei;
Os incisos acima compõem a proteção do direito à nacio-
nalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu em território LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
brasileiro – respeitada exceção em que os genitores, estran- serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à fa-
geiros, estão a serviço de seu país – ou aquele tem por seus mília do preso ou à pessoa por ele indicada;
genitores algum, ou ambos, brasileiros) não será autorizada
a extradição. Portanto, o brasileiro nato não será extraditado LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
em hipótese alguma. O naturalizado, em regra não será ex- de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
traditado; salvo se houver praticado crime comum antes de família e de advogado;
sua naturalização ou comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins. LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Outra vedação à extradição é aquela solicitada em razão
de estrangeiro ter praticado crime político ou de opinião em LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-
ridade judiciária;
seu país de origem. Por defendermos a liberdade de manifes-
tação, seja ela qual for, asseguramos também ao estrangeiro
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando
esse direito.
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsá-
sem o devido processo legal;
vel pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obriga-
ção alimentícia e a do depositário infiel;
Este inciso revela em simples palavras que ninguém pode
“ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” devem ser Rol de incisos que garante direitos àqueles que estiverem pre-
cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade como a pri- sos. Em regra o indivíduo somente será preso por determinação
vação de bens deve observar o cumprimento de um processo judicial ou em caso de flagrante delito. Aquele que vier a ser preso
judicial e o esgotamento das formas de defesa. indicará alguém de sua família ou qualquer outro sobre a prisão.
Além da assistência da família e de advogado, terá o preso direito
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
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de permanecer em silêncio.
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so-
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
meios ilícitos;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou ha-
julgado de sentença penal condenatória; beas data , quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a exercício de atribuições do poder público;
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
Rol de incisos que estipulam regras aos processos judi-
ciais ou administrativos. Princípios de extrema importância, a) partido político com representação no Congresso Nacio-
o contraditório e a ampla defesa derivam do princípio da le- nal;
galidade. Assim, ao indivíduo garantido o direito de se defen-
der e ofertar contestação a tudo quanto a ele estiver sendo b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-
alegado. galmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as-
sociados;

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LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a fal-
ta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ine- EXERCÍCIO COMENTADO
rentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á habeas data :


01) Aplicada em: 2016Banca: FUMARCÓrgão: CBTUProva:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à Técnico Industrial - TIN –Edificações. A respeito dos direi-
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de tos e das garantias fundamentais previstos na Constitui-
dados de entidades governamentais ou de caráter público; ção de 1988, é CORRETO afirmar:
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo a) A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; sempre regulada pela lei brasileira em benefício do cônju-
ge ou dos filhos brasileiros.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade ad- b) Depende de regulamentação a liberdade de associação
ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e para fins lícitos, vedada, em qualquer hipótese, a de cará-
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de ter paramilitar.
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
c) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
Este rol de incisos apresentam os remédios constitucionais. tífica e de comunicação, independentemente de censura
São eles, habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, ou licença.
mandado de injunção e ação popular, cada qual disciplinado
por lei específica. d) É livre a locomoção no território nacional em tempo de
paz, não sendo permitido, contudo, que qualquer pessoa
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gra- entra, permaneça ou dele saia com seus bens.
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,


assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sen- Nos termos do art. 5º IX, é livre a expressão da atividade inte-
tença; lectual, artística, científica e de comunicação, INDEPENDEN-
TEMENTE de censura ou licença. Todas as demais alternativas
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na encontram erros e podem ser localizadas nos incisos do art. 5º.
forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;


Alternativa: C
b) a certidão de óbito;

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas


data , e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania. 02) Aplicada em: 2016Banca: FUMARCÓrgão: Prefeitura de
Matozinhos - MGProva: Advogado. A manifestação polí-
tica em formato de passeata a ser realizada nas ruas da

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LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que cidade exige autorização do Poder Público?
garantam a celeridade de sua tramitação.
a) A autorização prévia deve ser exigida porque é pressupos-
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda- to para que o Poder Público garanta que uma reunião não
mentais têm aplicação imediata. frustrará outra convocada anteriormente para o mesmo
local.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela b) Não, pois a disciplina constitucional da liberdade de re-
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República união estabelece que seu exercício independe de autori-
Federativa do Brasil seja parte. zação.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos c) Sim, desde que haja lei municipal impondo tal exigência,
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso posto que o direito em questão está previsto em norma
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec- constitucional de eficácia limitada.
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
d) Sim, pois a disciplina constitucional da liberdade de reu-
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
nião exige prévio aviso à autoridade competente.
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

Regras gerais a respeito dos direitos fundamentais.

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Conforme exaustivamente explicado, a manifestação é am- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involun-
plamente protegida pela constituição. Aquele que deseja se tário;
manifestar, como no presente caso, deve apenas informar a
autoridade competente e não pedir sua autorização. III - fundo de garantia do tempo de serviço;

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-


do, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às
Alternativa: B de sua família com moradia, alimentação, educação, saú-
de, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisiti-
vo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
03) Aplicada em: 2014Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Investigador de Policia. A casa é asilo inviolável do indiví- V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade
duo, podendo-se nela entrar, sem permissão do morador, do trabalho;
EXCETO:
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em conven-
a) em caso de desastre. ção ou acordo coletivo;

b) em caso de flagrante delito. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
que percebem remuneração variável;
c) para prestar socorro.
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração in-
d) por determinação judicial, a qualquer hora. tegral ou no valor da aposentadoria;

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

O direito a inviolabilidade do domicílio encontra limitações X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
impostas pelo legislador. A determinação judicial pode auto- sua retenção dolosa;
rizar adentrar ao domicílio do indivíduo sem a sua autoriza-
ção, mas desde que seja durante o dia e não a qualquer hora XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
como sugere a questão. remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão
da empresa, conforme definido em lei;

XII - salário-família pago em razão do dependente do tra-


Alternativa: D balhador de baixa renda nos termos da lei;

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas


diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compen-
sação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
DIREITOS SOCIAIS. ou convenção coletiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em


turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação co-
letiva;
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

DOS DIREITOS SOCIAIS


XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a se- mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
gurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
Constituição. (Artigo com redação dada pela Emenda Cons- um terço a mais do que o salário normal;
titucional nº 90, de 2015)
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do sa-
lário, com a duração de cento e vinte dias;

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrá- incentivos específicos, nos termos da lei;
ria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
que preverá indenização compensatória, dentre outros di- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
reitos; no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

14
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, obser-
de normas de saúde, higiene e segurança; vado o seguinte:

XXIII - adicional de remuneração para as atividades peno- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
sas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão com-
petente, vedadas ao poder público a interferência e a inter-
XXIV - aposentadoria; venção na organização sindical;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi-
o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- cal, em qualquer grau, representativa de categoria profis-
-escolas; sional ou econômica, na mesma base territorial, que será
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessa-
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos dos, não podendo ser inferior à área de um Município;
de trabalho;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses co-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; letivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
judiciais ou administrativas;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; tratando de categoria profissional, será descontada em
folha, para custeio do sistema confederativo da represen-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações tação sindical respectiva, independentemente da contri-
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os buição prevista em lei;
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filia-
do a sindicato;
a) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº 28, de
2000) VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas nego-
ciações coletivas de trabalho;
b) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº 28, de
2000) VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
nas organizações sindicais;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, ida-
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
de, cor ou estado civil;
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
grave nos termos da lei.
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, téc- atendidas as condições que a lei estabelecer.
nico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insa-

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


lubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a me- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
nores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
partir de quatorze anos; sobre os interesses que devam por meio dele defender.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vín- § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
culo empregatício permanente e o trabalhador avulso. disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às pe-
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, nas da lei.
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabe-
lecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorren- empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
tes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua in- de discussão e deliberação.
tegração à previdência social. (Parágrafo único com redação
dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013) Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
é assegurada a eleição de um representante destes com a fi-
nalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
com os empregadores.

15
Direitos sociais em espécie (11 espécies): os direitos so- Saúde – direito de todos / dever do Estado: redução do
ciais “disciplinam situações subjetivas pessoais ou grupais risco de doenças e acesso universal aos serviços de saúde.
de caráter concreto”. Tratam-se de prestações positivas do Ver art. 196
Estado a serem implementadas, no sentido de possibilitar
busca por melhores condições de vida. São irrenunciáveis. - SUS – Art. 200: atendimento integral, com prioridade
Ao contrário dos direitos individuais que se apresentam pelo para atividades preventivas.
“não fazer” do Estado, no que tange aos direitos sociais, estes
demandam o “agir” do Estado. - Judicialização do direito a saúde. (problemas de gestão)

Rol de direitos sociais Alimentação – Comissão de Direitos Humanos da ONU


(1993). EC 64/2010. Direito a alimentação adequada, ou seja,
- Art. 6 inerente a dignidade da pessoa humana e indispensável.

- Art. 7 a 11 Trabalho – instrumento para assegurar uma existência


digna. Governo, política econômica não recessiva, possibili-
- Art. 193 a 232 (Da ordem Social) tando a busca por empregos.

Moradia - promover programas de construção de mora-


dias e melhoria das condições habitacionais e de saneamen-
Cláusula pétrea? Art. 60 §4 IV to básico. Princípios: intimidade, privacidade, inviolabilida-
de de domicílio.
Destinatários dos direitos sociais: todos os indivíduos, es-
pecialmente os hipossuficientes. Aqueles que necessitam da
ação positiva do Estado.
Impenhorabilidade do bem de família

Modalidades do artigo 6º (círculo virtuoso) (rol exempli-


ficativo) Regra geral: impenhorabilidade.

5 - Educação Exceções: fiador em contrato de aluguel, devedor de


IPTU, pagamento de débitos trabalhistas aos trabalhadores
domésticos do imóvel. E imóvel de maior valor?
2 – Saúde (art. 196 a 200)
Lazer – função urbanística do Estado. O lazer interfere
3 - Alimentação
nas condições de trabalho e de vida do ser humano.
7 - Trabalho
Segurança: também presente no artigo 5. Porém, lá com
as características de garantia individual. Já como social, vol-
4 - moradia ta-se a segurança pública.
11 - Lazer Previdência social: direitos relacionados com a segurida-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de social. Erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as


10 - Segurança desigualdades sociais e promover o bem de todos.
9 - Previdência Social

1 - Proteção a maternidade e a infância Proteção a maternidade e a infância: dois aspectos:


8 - Assistência aos desamparados (art. 194 e 195) Direito previdenciário: assistência pelo afastamento, de-
soneração do empregador.
6 - Transportes

Direito assistencial: estatuto da juventude.


Educação – direito de todos / dever do Estado e da família:
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Ver
art. 205 a 214.
Assistência aos desamparados: ver art. 203 V – LOAS. Ga-
- Educação de baixa qualidade = reflexos políticos negati- rantir o sustento, provisório ou permanente, dos que não
vos. Ex: referendo / plesbicito. têm condições para tanto. Não significa estabelecer boas
condições de vida, mas condições suficientes para manuten-
ção de sua dignidade.

16
Transporte: transporte público tem influência direta em outros aspectos da vida dos cidadãos. Ex: evasão escolar; trabalho;
bem estar.

DIREITOS RELATIVOS AOS TRABALHADORES

Direito de associar-se em
sindicatos ou associação
Direitos Relativos aos
Trabalhadores

Relações Individuais (art. 7º) Direito de greve

Direito Coletivo dos


Representação de classe
Trabalhadores (art. 8º a 11)

Ser representado -
substituição processual

Direito de Participação

Quem é empregado? Pessoa física presta serviços de natureza não eventual para um empregador mediante salário. Como se
identificar um contrato de trabalho? Caráter personalíssimo, subordinação, remuneração e permanência de vínculo.

Art. 7 cabível para empregado urbano ou rural que preencha as características acima.

Direitos das relações individuais de trabalho (exemplos)

- Proteção contra dispensa arbitrária, sem justa causa.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


- Seguro desemprego

- Fundo de garantia

- Salário mínimo fixado em lei.

- Piso salarial

- 13 Salário

- remuneração trabalho noturno

- repouso semanal

- Férias

- Licença gestante

Atenção para o Art. 7 parágrafo único: empregado doméstico.

17
Direitos das relações coletivas c) Décimo terceiro salário com base na remuneração integral
ou no valor da aposentadoria.
- direito de associação profissional ou sindical;
d) Licença paternidade, nos termos fixados em lei.

Vedado impedir a criação


Ao contrário do afirmado pela questão, é um direito social do
Liberdade de ser associado ou não trabalhador o descanso semanal remunerado preferencialmen-
te aos domingos e não aos sábados. É o que dispõe o art. 7º XV.
Possibilidade de cobranças para custos

Vedação de dispensa de empregado sindicalizado


Alternativa: B
- direito de greve;

02) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:


Cabe aos empregados decidir o momento oportuno e a Escrivão de Polícia Civil. Na Constituição de 1988, os direitos
pauta de reinvindicações. Alguns serviços são considerados sociais foram enumerados no art. 6° e são eles:
essenciais, necessários. Nesse caso, a lei definirá que tipo de
serviço será considerado essencial. a) A educação, a saúde, a segurança, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, previdência social, a proteção à materni-
- direito de substituição processual; dade e à infância e a assistência aos desamparados.

b) A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, previdência social, a proteção à materni-
Legitimidade dos sindicatos para a representação dos em- dade e à infância e a assistência aos desamparados.
pregados sindicalizados.
c) A educação, a saúde, a igualdade, o trabalho, a moradia, o
- direito de participação; lazer, a segurança, previdência social, a proteção à materni-
dade e à infância e a assistência aos desamparados.

d) A educação, a saúde, a propriedade, o trabalho, a moradia, o


Participação de trabalhadores em colegiados de órgãos lazer, a segurança, previdência social, a proteção à materni-
públicos em assuntos de interesse da categoria. dade e à infância e a assistência aos desamparados.

- direito de representação classista.

Atenção para a atualização legislativa. A questão foi elabora-


da em 2011, mas em 2015 acrescentou-se ao art. 6º o transporte
Empresas com mais de 200 empregados podem eleger um como modalidade de direito social. Seguindo pela legislação tal
representante para estabelecer diálogo com empregadores. como em 2011, estaria correta a alternativa B.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIO COMENTADO Alternativa: B

O ESTADO. CONCEITO. ELEMENTOS QUE


01) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGPro-
va: Técnico Assistente da Polícia Civil – Administrativa. COMPÕEM O ESTADO. FINALIDADE DO
A Constituição Federal de 1988 traz previsão expressa no ESTADO.
sentido de que são direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados. Logo depois, relaciona O surgimento do Estado faz ruptura entre a civilização e a
como direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, EXCE- barbárie e passa a atender novos anseios, como por exemplo
TO: o “Estado Democrático de direito”. O Estado moderno se vol-
ta ao contratualismo. O pensamento contratualista pretende
a) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do estabelecer, ao mesmo tempo, a origem do Estado e o funda-
trabalho. mento do poder político a partir de um acordo de vontades, tá-
cito ou expresso, que ponha fim ao estágio pré-político (estado
b Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos sá- de natureza) e dê início à sociedade política (estado civil). O
bados e domingos. contrato pode então ser considerado o instrumento de legi-
timação do Estado.

18
São diversas as teorias que apontam os elementos consti- - Inalienável: não se pode vender, trocar, substituir.
tutivos do Estado. No entanto, a mais tradicional aponta para
a existência de 03 elementos básicos: governo, povo e ter- - Imprescritível: sem prazo de duração.
ritório. A descoberta de tais elementos é fundamental para
compreensão da atuação do Estado na vida do indivíduo. Por - Finalidade e Funções do Estado
conta do pós guerra outro elemento surge no processo de
compreensão do Estado, a chamada soberania.

Objetivos: papel do Estado no desenvolvimento da hu-


manidade; teorias difundidas com o cristianismo.
O Estado Moderno (Elementos)
Subjetivos: desejo de realização de inúmeros fins parti-
culares.

Expansivos: crescimento desmesurado, anulação do in-


População divíduo.
/ Povo
Materiais
Território EXERCÍCIO COMENTADO
Elementos Governo /
Formal
Soberania
Atenção! Não localizamos questões sobre este tópico pro-
duzidas pela FUMARC, razão pela qual listamos abaixo ques-
Teleológico Finalidade tões de outras bancas a fim de orientar o candidato quanto
ao pdrão de questões sobre este tema.

- Território: local que se fixará o elemento humano; onde 01) Aplicada em: 2013Banca: CESPEÓrgão: ANTTProva: Ana-
será exercido o poder de organizar, de fazer funcionar, de lista Administrativo - Ciência Política. Com relação ao
oferecer serviços públicos. No território identifica-se duas Estado e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.
funções: positiva e negativa. Positiva: tudo e todos que se Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o con-
encontram nos seus limites ficam sujeitos a uma autorida- trato é a base da relação jurídica facultada aos membros
de; Negativa: exclusão de toda e qualquer autoridade diversa que dele pactuam e por meio do qual se institui o Estado
daquele Estado. de natureza.

- Povo: antes da compreensão do que vem a ser o povo, a) Certo


necessário distinguir a palavra “povo” da palavra “popula-
ção”. Faz parte da população todos aqueles que habitam o b) Errado
território, independente de desejar manter vínculo com o
Estado ou não; permanece no território ainda que tempora-
riamente. Faz parte do “povo” todos aqueles que mantêm um

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


vínculo jurídico com o Estado – conceito puramente consti- O contrato social representa o fim do estado de natureza jus-
tucional. tamente por impor regras envolvendo o indivíduo e o Estado;
enquanto estado de natureza os indivíduos agiam livremente
sem preocupação com regras instituídas, cumprindo apenas
aquelas convencionadas entre os próprios indivíduos.
- Soberania / governo

Segundo Miguel Reale, soberania “é o poder que tem uma


nação de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro Alternativa: B.
de seu território a universalidade de suas decisões nos limites
dos fins éticos de convivência”. É a plena eficácia do poder.

Características

- Una: superior a todos os demais.

- Indivisível: apesar de possível separação de funções (le-


gislativo, executivo, judiciário), o poder não se divide.

19
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procu-
rador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da Repú-
blica dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco
anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos
CAPÍTULO IV membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, per-
mitida a recondução.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por
SEÇÃO I iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Fe-
deral e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da
carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procu-
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, rador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos inte-
resses sociais e individuais indisponíveis. § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Fe-
deral e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei comple-
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. mentar respectiva.

§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia fun- § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja ini-
cional e administrativa, podendo, observado o disposto no ciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, esta-
art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de belecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Mi-
seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso nistério Público, observadas, relativamente a seus membros:
público de provas ou de provas e títulos, a política remunera-
tória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organiza- I - as seguintes garantias:
ção e funcionamento.
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orça- perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
mentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes julgado;
orçamentárias.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva co, mediante decisão do órgão colegiado competente do
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, membros, assegurada ampla defesa;
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual,
os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, §
de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153,
III, 153, § 2º, I;
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

encaminhada em desacordo com os limites estipulados na for- II - as seguintes vedações:


ma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá-
rios para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, hono-
rários, percentagens ou custas processuais;
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obri- b) exercer a advocacia;
gações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de di-
retrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra
Art. 128. O Ministério Público abrange: função pública, salvo uma de magistério;
I - o Ministério Público da União, que compreende: e) exercer atividade político-partidária;
a) o Ministério Público Federal;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-
buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
b) o Ministério Público do Trabalho;
ressalvadas as exceções previstas em lei.
c) o Ministério Público Militar;
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o dis-
posto no art. 95, parágrafo único, V.
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

20
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público
compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presiden-
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na for- te da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
ma da lei; absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos,
admitida uma recondução, sendo:
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados I o Procurador-Geral da República, que o preside;
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a
sua garantia; II quatro membros do Ministério Público da União, asse-
gurada a representação de cada uma de suas carreiras;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
a proteção do patrimônio público e social, do meio am- III três membros do Ministério Público dos Estados;
biente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fede-
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou repre-
sentação para fins de intervenção da União e dos Estados, ral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
nos casos previstos nesta Constituição;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-
V - defender judicialmente os direitos e interesses das po- dem dos Advogados do Brasil;
pulações indígenas;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ili-
VI - expedir notificações nos procedimentos administra- bada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
tivos de sua competência, requisitando informações e do- pelo Senado Federal.
cumentos para instruí-los, na forma da lei complementar
respectiva; § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públi-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na cos, na forma da lei.
forma da lei complementar mencionada no artigo ante-
rior; § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Públi-
co o controle da atuação administrativa e financeira do Mi-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração nistério Público e do cumprimento dos deveres funcionais
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de seus membros, cabendo lhe:
de suas manifestações processuais;
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Mi-
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde nistério Público, podendo expedir atos regulamentares, no
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
representação judicial e a consultoria jurídica de entida-
des públicas.
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações ou mediante provocação, a legalidade dos atos adminis-
civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas trativos praticados por membros ou órgãos do Ministério
mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los,
e na lei. revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exer- competência dos Tribunais de Contas;
cidas por integrantes da carreira, que deverão residir na co-
marca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da III receber e conhecer das reclamações contra membros
instituição. ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados,
inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á competência disciplinar e correicional da instituição, po-
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a dendo avocar processos disciplinares em curso, determi-
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua rea- nar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
lização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço
anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am-
a ordem de classificação.
pla defesa;
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o dis-
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
posto no art. 93.
disciplinares de membros do Ministério Público da União
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público ou dos Estados julgados há menos de um ano;
será imediata.
V elaborar relatório anual, propondo as providências que
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. mensagem prevista no art. 84, XI.

21
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corre- SEÇÃO III
gedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que
o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das DA ADVOCACIA
atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:

I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,


relativas aos membros do Ministério Público e dos seus ser- Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
viços auxiliares; justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e cor-
reição geral;

III requisitar e designar membros do Ministério Público, de- SEÇÃO IV


legando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do
Ministério Público. DA DEFENSORIA PÚBLICA
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo-
gados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente,
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Minis- essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
tério Público, competentes para receber reclamações e denúncias como expressão e instrumento do regime democrático, fun-
de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério damentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direi-
Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando tos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extraju-
diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público. dicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral
e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art.
5º desta Constituição Federal.
Seção II § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
DA ADVOCACIA PÚBLICA normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos
de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advoca-
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di- cia fora das atribuições institucionais.
retamente ou através de órgão vinculado, representa a União,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
complementar que dispuser sobre sua organização e funciona-
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
mento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
do Poder Executivo.
lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo- no art. 99, § 2º.
gado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas
notável saber jurídico e reputação ilibada. da União e do Distrito Federal.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da institui- § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública
ção de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
de provas e títulos. aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e
no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras discipli-
Nacional, observado o disposto em lei. nadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados
na forma do art. 39, § 4º.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de con- As funções essenciais à justiça são todas aquelas ativi-
curso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dades (públicos e privadas) profissionais sem as quais o
dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a poder judiciário não funcionaria, ou funcionaria mal, tem
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas o objetivo de dinamizar a atividade jurisdicional, chama-
unidades federadas. das de funções essenciais à justiça. É a mola propulsora do
judiciário, lembrando que a atividade judiciária é inerte.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo Apesar de extrema importância, tais funções não integram
é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, o poder judiciário.
mediante avaliação de desempenho perante os órgãos pró-
prios, após relatório circunstanciado das corregedorias. (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

22
Ingresso (concurso público) – art. 129 § 3º
AGU (art. 131)
-Bacharelado em direito
Defesa do Estado
Procuradores - Ocuparão as funções do MP apenas membros de car-
Estaduais (art. reira.
132)
Funções
essenciais à Ministério - Mínimo de 03 anos de atividade jurídica (documentada
justiça Público (art. 127 e formalizada)
a 130-A)
- Observância da classificação.
Advocacia
Defesa do
Privada (Art.
cidadão
133)

Defensoria Regulamentação
Pública (art. 134
e Art. 5º LXXIV)
Nacional: Lei 8.625/93

Federal: LC 75/93

1 - Ministério Público (Art. 127 A 130-A) Estaduais: cada estado elabora sua respectiva lei orgânica

Definição: O Ministério Público é instituição permanen-


te, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos Garantias
interesses sociais e individuais indisponíveis.
Institucionais (ligadas ao órgão)
Parte da doutrina fala em quarto poder, no entanto, essa
classificação não é unânime, já que a CF não prevê um quar- - Princípios Institucionais (Art. 127 §1º)
to poder, apenas o legislativo, executivo e judiciário. Em
suma, o Ministério Público foi, pela Constituição de 1988, Unidade
“arquitetado para atuar desinteressadamente na persecução
dos valores mais encarecidos da ordem constitucional”. Indivisibilidade

Independência
Natureza jurídica: instituição independente e autônoma,
que não se inclui na estrutura de nenhum dos poderes tra-
dicionais.
- Autonomia (Art. 127 §2º)

Financeira
Princípios
Funcional

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


- Unidade (existência de uma divisão orgânica, todas sob
a chefia do Procurador Geral de Justiça). Administrativa

- Indivisibilidade (possibilidade de um ser substituído Funcionais (ligadas ao membro do MP)


por outro; o promotor não se vincula pessoalmente a causa).

- Independência funcional (membros do MP não se su-


bordinam as convicções de outrem). - Independência (art. 128 §5º I)

Funções do MP (competências exemplificativas, podendo Inamovibilidade


ser ampliadas).

- Defesa da Ordem Jurídica


Exceção: por motivo de interesse público, mediante deci-
- Defesa do Regime Democrático são, por maioria absoluta de votos, do órgão colegiado com-
petente (que é o Conselho Nacional do Ministério Público),
- Defesa dos interesses sociais e individuais indisponí- assegurada ampla defesa.
veis.

Obs: proteção e fiscalização.

23
Vitaliciedade (após 02 anos) Procurador Geral da República

Irredutibilidade de subsídios (submetido ao teto / SFT) - Membro da carreira

- Mais de 35 anos

Resumo das garantias: - Aprovação do nome pela maioria absoluta do Senado


Federal.

- Mandato: 02 anos.
Autonomia
Funcional
- Possibilidade de várias reconduções.
Autonomia
Institucionais Administrativa

Procurador Geral de Justiça (estadual)


Autonomia
Financeira
Garantias
- Lista tríplice dos membros da carreira

Vitaliciedade - Nomeação pelo Chefe do Executivo.

- Mandato de 02 anos, uma única recondução.


Aos membros Inamovibilidade

Irredutibilidade
de Subsídios CONAMP (Conselho Nacional do Ministério Público)

Composição
Vedações
01 PGR (presidente)
- receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, hono-
rários, percentagens ou custas processuais. 01 membro MPF

- exercer a advocacia 01 membro MPT

- participar de sociedade comercial 01 membro MPM

- exercer função pública, salvo uma de magistério. 01 membro MPDF

- exercer atividade político partidário.

- receber qualquer forma de auxílio ou contribuição de 06 membros de outras carreiras


PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, exceto nas


situações autorizadas em lei. 02 Advogados

02 Cidadãos (01 Câmara / 01 Senado)

Estrutura do Ministério Público 02 Juízes (01 STF / 01 STJ)

MP Federal
2 – Advocacia Geral da União (art. 131)

MP do Trabalho
Ministério Natureza
Público da União
Estrutura MP Militar - Representação da União extra ou judicialmente.
Ministério
Público Estadual - Consultoria e assessoria jurídica do Poder Executivo.
MP do DF e
Territórios

24
Organização

Órgãos de Advogado Geral da União


Procuradoria Geral da União e da Fazenda
Direção Consultoria Geral da União
Conselho Superior da AGU
Corregedoria Geral da União

Órgãos de Procuradorias regionais

execução
Consultoria da União e da Fazenda

Órgão de Gabinete do Advogado Geral da União

assistência

Ingresso nas classes iniciais

Concurso público de provas e títulos. Não tem vitaliciedade, mas sim estabilidade após 03 anos.

Chefe da Instituição (advogado-geral da União)

Livre nomeação e exoneração pelo Presidente da República dentre cidadãos:

+ de 35 anos

Reputação ilibada.

Atenção: não precisa de autorização do senado.

Obs: tem status de Ministro. STF – julga por crime comum / Senado – julga por crimes de responsabilidade.

3 – Advocacia Privada – Art. 133

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


- Habilitação perante a Ordem dos Advogados do Brasil

- Declarado constitucional em 2011 pelo plenário do STF

- Capacidade postulatória (participação facultativa em algumas ações)

- Inviolabilidade da advocacia

Imunidade material: imune aos crimes de injuria e difamação.

Obs: a imunidade não vale para calúnia.

25
- Direitos do advogado: Código de Ética Profissional.
EXERCÍCIO COMENTADO
4 – Defensorias Públicas – art. 134

01) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:


Analista da Polícia Civil – Direito. A Constituição de 1988
- Gozam de autonomia funcional e administrativa agrupou, em um capítulo específico, disposições acerca
do que denominou “Funções Essenciais à Justiça”. Sob
- Regidas pelos mesmos princípios do Ministério Público essa rubrica, trata o texto constitucional do Ministério
Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública e
- Unidade da Advocacia privada. São, como afirma o próprio texto
constitucional, pessoas ou órgãos que atuam perante o
- Indivisibilidade Poder Judiciário. Acerca do tema “Funções Essenciais à
Justiça”, NÃO é correto afirmar:
- Independência funcional
a) A Emenda Constitucional 45/2004 criou o Conselho Na-
cional do Ministério Público, ao qual compete o controle
da atuação administrativa e financeira do Ministério Pú-
- Ingresso: concurso público blico e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
membros.

b) A Advocacia-Geral da União foi criada com o fim de afastar


- Garantias e prerrogativas: de vez o Ministério Público da União da função de advo-
cacia da União, regime que vigorava na vigência da Cons-
Inamovibilidade tituição pretérita.

Independência funcional c) A Constituição Federal de 1988 consagra duas regras es-


peciais aplicáveis aos advogados, no desempenho de suas
Irredutibilidade de subsídios funções: (I) o princípio da indispensabilidade do advoga-
do; (II) a imunidade do advogado.
Estabilidade
d) Em respeito à relevante função constitucional da Defen-
soria Pública de dar orientação jurídica e defesa, em todos
os graus, aos necessitados, o Supremo Tribunal Federal
- Vedações firmou entendimento de que pode ser outorgada às de-
fensorias públicas a atribuição de prestar assistência jurí-
Exercício da advocacia fora dos limites da instituição. dica a servidores públicos, quando processados por atos
praticados em razão do exercício de suas atribuições fun-
cionais.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A defensoria pública tem por finalidade promover a defesa de


hipossuficientes, pessoas que não possuem condições de arcar
com os custos de um advogado. Atuar em favor de serventuá-
rios extrapolaria essa condição.

Alternativa: D

26
02) Aplicada em: 2012Banca: FUMARCÓrgão: TJ-MGProva:
Oficial Judiciário. É INCORRETO afirmar que se inclui en-
tre as funções essenciais à Justiça previstas na Constitui- HORA DE PRATICAR
ção da República:

a) Servidor Público
01) Aplicada em: 2015Banca: FUMARCÓrgão: Prefeitura de
b) Ministério Público Belo Horizonte - MGProva: Assistente Administrativo. O
Artigo 5º da Constituição da República de 1988 garante
c) Advocacia Pública que

d) Defensoria Pública a) é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-


tífica e de comunicação, desde que observada a censura
instituída pela União, pelos Estados e pelos Municípios.

Segunda a Constituição Federal, são funções essenciais à jus- b) homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
tiça o ministério público, a advocacia pública, a advocacia nos termos da Constituição.
privada e também a defensoria pública.
c) os Estados e Municípios podem proibir cultos religiosos.

d) qualquer autoridade estatal, desde que assim o queira,


Alternativa: A pode adentrar na casa do indivíduo independentemente
de seu consentimento.

03) Aplicada em: 2012Banca: FUMARCÓrgão: TJ-MGProva:


Técnico Judiciário - Administrador de Banco de Dados.
Conforme previsto na Constituição da República Fede-
rativa do Brasil de 1988, são princípios institucionais do 02) Aplicada em: 2014Banca: FUMARCÓrgão: Câmara Muni-
Ministério Público, EXCETO: cipal de Mariana - MGProva: Advogado

a) superioridade Analise as afirmativas sobre direitos e garantias fundamen-


tais e sociais.
b) unidade
I. É constitucional a exigência de depósito ou arrolamento
c) indivisibilidade prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de re-
curso administrativo, desde que prevista em lei. A falta de
d) independência funcional defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.

II. Não cabe o habeas data se não houve recusa de informa-


Nos termos do art. 127 §1º e 2º, são princípios institucionais do ções por parte da autoridade administrativa.
Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
dência funcional. III. A garantia da irretroatividade da lei pode ser invocada

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


pela entidade estatal que a tenha editado, desde que para
atender a interesse público.

Alternativa: A. IV. É inconstitucional a cobrança de taxa de matrícula em es-


tabelecimentos públicos de ensino.

Estão CORRETAS apenas as afirmativas:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) II e IV.

27
03) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva: 06) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Técnico Assistente da Polícia Civil – Administrativa. O art. Analista da Polícia Civil – Farmácia. É crime imprescrití-
5º, caput, da Constituição Federal de 1988, garante a in- vel nos termos da Constituição Federal de 1988
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. Na esfera dos direitos e deve- a) o terrorismo.
res individuais e coletivos, NÃO se pode afirmar:
b) a prática da tortura.
a) É livre a manifestação do pensamento, permitido o anoni-
mato, nos termos da lei. c) a prática do racismo.

b) A prática do racismo constitui crime inafiançável e im- d) o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

c) É livre a locomoção no território nacional em tempo de


paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 07) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Delegado de Polícia. Com base no “caput” do art. 5º da
Constituição Federal, pode-se indicar como desdobra-
d) Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de mentos do direito a vida, RESPECTIVAMENTE:
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons-
titucional e o Estado democrático. a) a liberdade de associação, de reunião, de crença religiosa,
de expressão, de pensamento.

b) o direito de herança, de propriedade, de sucessão de bens


04) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva: de estrangeiros situados no País.
Técnico Assistente da Polícia Civil – Administrativa. Nos
termos do art. 5º da Constituição Federal de 1988, NÃO é c) o direito do contraditório, da ampla defesa, de petição, do
correto o que se afirma em: juiz natural.

a) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pelo Delegado d) o direito à integridade física e moral, a proibição da pena
de Polícia. de morte e das penas cruéis, a proibição da venda de ór-
gãos.
b) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial

c) O preso será informado de seus direitos, entre os quais o 08) Aplicada em: 2011Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistên- Escrivão de Polícia Civil. No rol dos Direitos Sociais, con-
cia da família e de advogado. sagrados pela Constituição Federal, consta o “direito de
greve”, reconhecido através:
d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre se-
rão comunicados imediatamente ao juiz competente e à a) da busca na melhoria das condições de vida dos hipossufi-
família do preso ou à pessoa por ele indicada. cientes e na concretização da igualdade social.

b) da reivindicação do pagamento de indenização compen-


satória, impedindo a dispensa injustificada, sem motivo
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

05) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva: socialmente relevante.


Analista da Polícia Civil – Famácia. Considerando o art.
5º da Constituição Federal de 1988, NÃO é correto o que c) do direito de imunidade do trabalhador face às conse-
se afirma em: quências normais de não trabalhar, implicando numa
permissão de não cumprimento de uma obrigação.
a) A instituição do júri é reconhecida, com a organização que
lhe der a lei. d) do direito à capacitação e aperfeiçoamento do indivíduo
para o mercado de trabalho.
b) Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra decla-
rada, nos termos do art. 84, XIX.

c) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,


em caso de crime comum, praticado a qualquer tempo,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de en-
torpecentes e drogas afins, na forma da lei.

d) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-


dendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

28
09) Aplicada em: 2014Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva:
Investigador de Policia. Sobre a Tutela Constitucional das GABARITO
Liberdades, é CORRETO afrmar:

a) O Habeas Corpus é remédio utilizado contra ameaça ou


privação ilegal do direito de locomoção.
1 B
b) O Habeas Corpus só pode ser impetrado contra ato de Au-
toridade Pública, denominada de Coatora. 2 D
3 A
c) Só o próprio lesado ou ameaçado no seu direito de ir e vir
4 A
pode impetrar Habeas Corpus em seu favor.
5 C
d) Tanto o Habeas Corpus liberatório quanto o preventivo 6 C
são aplicáveis nas mesmas circunstâncias.
7 D
8 C
10) Aplicada em: 2013Banca: FUMARCÓrgão: PC-MGProva: 9 A
Técnico Assistente da Polícia Civil – Administrativa. No 10 B
Brasil, depois de 1988, é sob a perspectiva dos direitos
que se afirma o Estado e não sob a perspectiva do Estado
que se afirmam os direitos. Há, assim, um Direito brasi-
leiro pré e pós-88 no campo dos direitos humanos. Em re-
lação às Constituições brasileiras, NÃO é correto afirmar:

a) A Constituição Federal de 1988 acolhe o princípio da in-


divisibilidade e interdependência dos direitos humanos.

b) A Constituição Federal de 1988 não foi a primeira a inserir


os direitos sociais no catálogo de direitos fundamentais.

c) As normas sobre os direitos sociais, nas Constituições bra-


sileiras, antes de 1988, encontravam-se dispersas no âm-
bito da ordem econômica e social.

d) As Constituições anteriores à de 1988, primeiramente, tra-


tavam do Estado, para, somente, então, disciplinar os di-
reitos. Ademais, eram petrificados temas afetos ao Estado
e não a direitos.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

29
ANOTAÇÕES

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PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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30
ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípios penais constitucionais. ................................................................................................................................................01


Tempo e lugar do crime. ................................................................................................................................................................02
Contagem de prazo. .......................................................................................................................................................................03
Conflito aparente de normas.........................................................................................................................................................03
Conceito de crime e seus elementos. ...........................................................................................................................................04
Concurso de pessoas: .....................................................................................................................................................................09
Autoria. ............................................................................................................................................................................................09
Participação. ...................................................................................................................................................................................10
Ação penal.......................................................................................................................................................................................10
Classificação. ..................................................................................................................................................................................10
Condições. ......................................................................................................................................................................................10
Dos crimes em espécie: .................................................................................................................................................................11
Crimes contra a pessoa. .................................................................................................................................................................11
Crimes contra o patrimônio. .........................................................................................................................................................12
Crimes contra a dignidade sexual. ................................................................................................................................................18
Crimes contra a Administração Pública. ......................................................................................................................................18
Legislação Especial:........................................................................................................................................................................20
Contravenções Penais (Decreto n° 3.688/41). ..............................................................................................................................20
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade). ............................................................................................................................................20
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). .................................................................................................................22
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos). ................................................................................................................................................22
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais). ...............................................................................................................................23
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)..........................................................................................................................................................27
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito). ..............................................................................................................................................27
Lei 11.343/06 (Lei de Drogas). .......................................................................................................................................................28
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha). .............................................................................................................................................30
Hora de Praticar ..............................................................................................................................................................................33
O princípio da pessoalidade da pena, ou da responsabi-
PRINCÍPIOS PENAIS CONSTITUCIONAIS lidade pessoal, ou da intranscendência da pena determina
que só o autor da infração penal pode ser apenado.

A proporcionalidade da pena exige justo equilíbrio en-


tre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A pena
O Direito Penal se assenta em determinados princípios deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão
fundamentais, próprios do Estado de Direito democrático, ao bem jurídico representada pelo delito e a medida de segu-
destacando o da legalidade dos delitos e das penas, da reser- rança à periculosidade criminal do agente.
va legal ou da intervenção legalizada, que tem base constitu-
cional expressa. Sendo assim, não há crime (infração penal), O princípio da humanidade, ou da limitação das penas
nem pena ou medida de segurança (sanção penal) sem pré- veda a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como
via lei (stricto sensu). de qualquer outra medida que atentar contra a dignidade
humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de or-
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fun- dem material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda
damentais: da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os
princípios da culpabilidade e da igualdade.
• proibir a retroatividade da lei penal.
O princípio da adequação social possui dupla função. Uma
• proibir a criação de crimes e penas pelo costume. delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal,
limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas
• proibir o emprego da analogia para criar crimes, consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
fundamentar ou agravar penas. A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
Orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir
• proibir incriminações vagas e indeterminadas. ou impor, com a finalidade de proteger os bens considerados
mais importantes. A outra vertente se destina a fazer com que
O princípio da irretroatividade da lei penal, ressalvada o legislador repense os tipos penais e retire do ordenamento
a retroatividade favorável ao acusado, fundamenta-se pela jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se
regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade.
da segurança jurídica, e a hipótese excepcional em razões de
política criminal. Trata-se de restringir o arbítrio legislativo O princípio da insignificância, ou da bagatela consagra
e judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa preju- que a irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifi-
dicial. ca a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicidade
em caso de danos de pouca importância.
A regra constitucional é no sentido da irretroatividade da
O princípio da lesividade permite a interferência do Di-
lei penal. A exceção é a retroatividade, desde que seja para
reito Penal quando estivermos diante de ataques a bens jurí-
beneficiar o réu. dicos importantes, o princípio da lesividade nos esclarecerá,
limitando ainda mais o poder do legislador, quais são as con-
O princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos re- dutas que deverão ser incriminadas pela lei penal.
side na proteção de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e
à comunidade. O princípio da extratividade da lei penal significa que
mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos
O princípio da intervenção mínima ou da subsidiarieda- ocorridos durante a vigência ou retroagir para alcançar aque-
de estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa les que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor.
dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica Essa possibilidade que é dada á lei penal de se movimentar
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos no tempo é chamada de extratividade.
de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
intervir quando for absolutamente necessário para a sobre- O princípio da territorialidade está contido no Código
vivência da comunidade, como ultima ratio. Penal e determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
O princípio da intervenção mínima é o responsável não crime cometido no território nacional. O Brasil não adotou
só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro- uma teoria absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com conhecida como temperada, haja vista que o Estado, mesmo
que ocorra a chamada descriminalização. Se é com base sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão
neste princípio que os bens são selecionados para permane- da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções,
cer sob a tutela do Direito Penal, porque considerados como tratados e regras de direito internacional.
de maior importância, também será com fundamento nele
que o legislador, atento às mutações da sociedade, que com Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra
sua evolução deixa de dar importância a bens que, no pas- geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem
sado, eram da maior relevância, fará retirar do ordenamento infrações dentro do território nacional, incluídos aqui os ca-
jurídico-penal certos tipos incriminadores. sos considerados fictamente como sua extensão, o princípio
da extraterritorialidade se preocupa com a aplicação da lei
brasileira além de nossas fronteiras, em países estrangeiros.

1
Há também outros princípios do Direito Penal, como o b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no
princípio da mera legalidade, a lei como condição necessária momento do resultado advindo da conduta criminosa;
da pena e do delito. O princípio da legalidade estrita em que
resulta de sua conformidade com as demais garantias e, por c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime
hipótese de hierarquia constitucional, é condição de valida- consiste no momento tanto da conduta como do resulta-
de ou legitimidade das leis vigentes. O princípio da necessi- do que adveio da conduta criminosa.
dade ou da economia do Direito Penal, princípio da lesivida-
de ou da ofensividade do evento, princípio da materialidade Também é necessário compreender a diferença entre Lei
ou da exterioridade da ação, princípio da culpabilidade ou da Excepcional ou Temporária, contida no art. 3º, do CP.
responsabilidade pessoal e princípio de utilidade.
Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas es-
peciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vigo-
rar enquanto perdurar o período excepcional.
TEMPO E LUGAR DO CRIME
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determina-
do tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a
lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado como
irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à norma, a Lei Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal
poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu. que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados durante
sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extratividade” sua vigência. São, portanto, leis ultrativas, pois regulam atos
da lei penal. praticados durante sua vigência, mesmo após sua revogação.

A extratividade da lei penal se manifesta de duas manei- No espaço, busca-se no art. 5º, do CP, a territorialidade.
ras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da nor-
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é o ma penal a fatos cometidos no Brasil:
seu poder de regular situações fora de seu período de vigên-
cia, podendo ocorrer seja em relação a situações passadas, a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem aplica-
seja em relação a situações futuras. ção no território do Estado que a editou, pouco impor-
tando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores a
sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se sua b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacional
aplicação se der para fatos após a cessação de sua vigência, é aplicável a fatos cometidos em seu território.
será chamada ultratividade.
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacional
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-se a se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, ex-
ocorrência das seguintes situações: cepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangei-
ra, quando assim estabelecer algum tratado ou conven-
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura cri- ção internacional. Foi este o princípio adotado pelo art.
minosa; 5º do Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito internacional,
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal ao crime cometido no território nacional.
mais benigna;
O Território nacional abrange todo o espaço em que o Es-
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me- tado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares interio-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei penal res, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas)
mais benéfica. e espaço aéreo.

c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava a Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
situação; território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embar-
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta an- cações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
tes considerada irrelevante pela lei penal. que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspon-
dente ou em alto-mar
Sobre o tempo do crime, devemos observar o disposto no
art. 4º, do CP, e assim entender que existem três teorias: É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no priedade privada, achando-se aquelas em pouso no territó-
momento em que ocorre a conduta criminosa; rio nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e
estas em porto ou mar territorial do Brasil.

2
Por outro lado, temos a extraterritorialidade, contida no
art. 7º, do CP. É a possibilidade de aplicação da lei penal bra- CONTAGEM DE PRAZO
sileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. Traça-se as
seguintes regras referentes à aplicação da lei nacional a fatos
ocorridos no exterior, embora cometidos no estrangeiro: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Con-
tam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
no estrangeiro: as frações de cruzeiro.

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli- CONFLITO APARENTE DE NORMAS


ca;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-


trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de Quando há conflito aparente de normas, socorre-se por
empresa pública, sociedade de economia mista, autar- meio de princípios para solucionar o conflito, são eles: es-
quia ou fundação instituída pelo Poder Público; pecialidade, subsidiariedade, consumação e alternatividade.
c) contra a administração pública, por quem está a seu A especialidade está contida, como o próprio nome su-
serviço; gere, a norma especial que possui todos os elementos da ge-
ral e mais alguns, denominados especializantes, que trazem
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domi- um mínimo ou um acréscimo de severidade. A lei especial
ciliado no Brasil; prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis in idem,
pois o comportamento do sujeito só é enquadrado na norma
II - os crimes: incriminadora especial, embora também estivesse descrito
na geral.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir; A subsidiariedade é aquela norma que descreve um grau
menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato
b) praticados por brasileiro; menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como
delito autônomo, encontra-se também compreendido em
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, outro tipo como fase normal de execução do crime mais
mercantes ou de propriedade privada, quando em terri- grave. Define, portanto, como delito independente, conduta
tório estrangeiro e aí não sejam julgados. que funciona como parte de um crime maior.
§ 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei A consunção é o princípio segundo o qual um fato mais
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro grave e mais amplo consome, isto é, absorve, outros fatos
menos amplos e graves, que funcionam como fase normal
§ 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira de- de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Hi-
pende do concurso das seguintes condições: póteses em que se verifica a consunção: crime progressivo
(ocorre quando o agente, objetivando desde o início, produ-
a) entrar o agente no território nacional; zir o resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessi-
vos, crescentes violações ao bem jurídico); crime complexo
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica- (resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que
do; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a passam a funcionar como elementares ou circunstâncias no PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
lei brasileira autoriza a extradição; tipo complexo).
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não A alternatividade ocorre quando a norma descreve várias
ter aí cumprido a pena; formas de realização da figura típica, em que a realização de
uma ou de todas configura um único crime. São os chamados
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a múltipla ou de conteúdo variado. Não há propriamente con-
lei mais favorável. flito entre normas, mas conflito interno na própria norma.
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

3
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjunto por
CONCEITO DE CRIME E SEUS ELEMENTOS Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causalismo, o cri-
me deve ser entendido como uma lesão (ou perigo de lesão) de
um bem jurídico provocada por uma conduta. A partir desse
entendimento nota-se que este sistema constrói uma acep-
ção formal e objetiva acerca do comportamento humano tido
O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do crime. como delituoso, pois se preocupa principalmente com a cons-
De acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal, crime é tatação do nexo de causalidade do delito.
a infração penal a que a Lei comine pena de reclusão ou de-
tenção e multa, alternativa, cumulativa ou isoladamente. Já Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt defi-
contravenção é a infração a que a Lei comine pena de prisão niu ação como a inervação muscular produzida por energias
simples e multa, alternativa, cumulativa ou isoladamente. de um impulso cerebral, que comandadas pelas leis da natu-
reza, provoca uma transformação no mundo exterior. A ação
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, caben- é vista de uma forma puramente objetiva, causal e naturalista.
do à doutrina seu desenvolvimento. Reconhece-se que toda ação se inicia com a vontade, no en-
tanto o conteúdo desta é irrelevante para a teoria causalista,
O crime possui três conceitos principais, material, formal bastando apenas a verificação da relação causal entre o ato e o
e analítico. resultado, que é o crime propriamente dito.

a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omissão Porém, deve se ressaltar que a concepção clássica do delito
humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídi- também leva em consideração o aspecto subjetivo. Isto por-
cos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tutela- que, baseando-se no conceito analítico de crime (ação típica,
dos. De acordo com o STF, O CONCEITO MATERIAL DE antijurídica e culpável), o Causalismo identifica tanto elemen-
CRIME É FATOR DE LEGITIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, tos objetivos, representados pela tipicidade e pela antijurici-
pois, de acordo com ele, não será toda conduta que será dade, quanto um elemento subjetivo, a saber, a culpabilidade
penalmente criminalizada, mas somente aquelas condu- (dolo ou culpa).
tas mais relevantes (princípio da adequação social);
A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à sub-
sunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua vez, realiza
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei chama
uma valoração negativa da ação, identificando se a conduta
de crime. Está definido no art. 1º da Lei de Introdução do
é realmente típica ou se há alguma causa de justificação ou
Código Penal. Crime é toda infração a que a Lei comina
excludente de culpabilidade. Já a culpabilidade é concebida
pena de reclusão ou detenção e multa, isolada, cumula- como uma relação psicológica entre a ação e o autor, sendo
tiva ou alternativamente. De acordo com este conceito, a que a intensidade desse vínculo irá determinar a forma de cul-
diferença seria apenas quantitativa, relativa à quantidade pabilidade, como dolosa ou culposa.
da pena;
A teoria finalista do crime foi desenvolvida por Hans Welzel.
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elementos O conceito finalista opõe-se ao conceito causal de crime, espe-
que integram o crime. Crime é todo fato típico, antijurí- cialmente no que tange a distinção proposta pelo Causalismo
dico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fa- entre a manifestação da vontade e o conteúdo da mesma. Para
zer tanta diferença, já que fica mais fácil manejar o CP o finalismo toda ação possui uma finalidade, logo o conteúdo
e as leis especiais quando há excludentes de ilicitude) e da vontade é relevante para a definição de crime.
culpável (alguns autores não consideram a culpabilida-
de como elemento do crime, e sim como pressuposto da O conceito funcionalista do delito foi elaborado por Claus
pena). Apesar de ser indivisível, o crime é estudado de Roxin, em sua obra Política criminal e sistema jurídico-penal.
acordo com essas três características para facilitar sua
compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após A teoria de Roxin opõe-se ao Causalismo de Liszt, uma vez
vermos as classificações de crime existentes. que este estabelece um sistema fechado de análise do crime e
procura excluir da esfera do direito as dimensões do social e do
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A teoria do delito é uma das mais importantes para o di- político. Em contrapartida, o Funcionalismo adota outro en-
reito penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado para o tendimento acerca do crime, pois reconhece que os problemas
correto enquadramento da ação praticada pelo autor dentro político-criminais são relevantes para a teoria geral do delito.
do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz que a teoria do de- Aliás, para o funcionalismo a política criminal deve sempre ser
lito preocupa-se em explicar o que é o delito e quais são as observada quando se pretende enquadrar determinada con-
suas características. duta como delito, pois somente é possível identificar qual era
a pretensão do legislador ao elaborar a lei, qual a finalidade e
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do deli- o âmbito de incidência da norma, ou mesmo se há causas de
to que tem a maior aceitação entre os criminalistas, sendo justificação ou escusas absolutórias neste tipo penal.
estudada e difundida por Welzel no século passado. Essa
teoria trouxe grandes avanços ao direito penal ao corrigir al- Segundo a teoria funcionalista, o Direito Penal deve se ocu-
guns pontos da teoria anterior, conhecida como causalista. par com as situações e casos excepcionais, isto é, com a pro-
Em ambas, o estudo do fato criminoso passa a se preocupar teção dos bens jurídicos mais relevantes (ultima ratio). Logo,
primeiramente com a conduta praticada, sendo considerado entende-se que O Direito Penal possui um fim social, portanto,
um direito penal do fato. todo conceito de crime deve ser feito em função da finalidade
da pena.

4
A teoria geral do crime trata de todos os elementos que O resultado naturalístico ou material consiste na modifi-
compõe o fato criminoso. cação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-se
de um evento que só se faz necessário em crimes materiais,
O crime é composto de três elementos básicos: fato típico, ou seja, naquele cujo tipo penal descreva a conduta e a mo-
antijurídico (ou ilícito) e culpável. Para fins didáticos, eles são dificação no mundo externo, exigindo ambas para efeito de
estudados em separado, facilitando a compreensão do tema. consumação.

Parte da doutrina entende que o crime é apenas o fato típi- O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
co e ilícito, considerando a culpabilidade como mero pressu- ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
posto da pena. Não se coaduna, entretanto, tal entendimen- Todas as infrações devem conter, expressa ou implicitamen-
to com o ordenamento e jurisprudência pátrios, já que, por te, algum resultado, pois não há delito sem que ocorra lesão
exemplo, se isso fosse verdade, o inimputável seria capaz de ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem penalmente
praticar crime, porém, sem pena. Como se sabe, o inimputá- protegido.
vel (absolutamente) não pratica crime, justamente por estar
ausente a culpabilidade. A doutrina moderna dá preferência ao exame do resul-
tado jurídico. Este constitui elemento implícito de todo fato
É a possibilidade de através de sua estruturação, se ter penalmente típico, pois se encontra ínsito na noção de tipi-
condições de fiscalizar a aplicação do direito penal pelo poder cidade material.
judiciário. É através disto que se terá condição de afirmar que
um sujeito não poderá responder por um fato, porque é atípi- O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos-
co; ou porque um sujeito não poderá responder por um deter- prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em
minado fato, porque o praticou sob o manto de um exercício determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua
regular de direito; ou porque o sujeito não poderá responder análise seria malferir o princípio da legalidade.
por determinado fato, porque o praticou sob o manto de um
erro de proibição, que afetou a culpabilidade. Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo de Causa-
lidade
Por intermédio dessa estruturação que a sociedade tem
condição de acompanhar e fiscalizar a aplicação correta do Entende-se por relação de causalidade o vínculo que une
Direito Penal. Sem isso, nós teríamos uma aplicação intuitiva a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como conse-
pelos juízes, de difícil fiscalização. Então, cumpre uma função quência derivada. Trata-se do liame que une a causa ao resul-
importante que é a de segurança jurídica. tado que produziu. O nexo de causalidade interessa particu-
larmente ao estudo do Direito Penal, pois, em face de nosso
Fato Típico é denominado como o comportamento huma- Código Penal (art. 13), constitui requisito expresso do fato
no que se molda perfeitamente aos elementos constantes do típico. Esse vínculo, porém, não se fará necessário em todos
modelo previsto na lei penal. os crimes, mas somente naqueles em que à conduta exigir-se
a produção de um resultado, isto é, de uma modificação no
A primeira característica do crime é ser um fato típico, des- mundo exterior, ou seja, cuida-se de um exame que se fará
crito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da vida necessário no âmbito dos crimes materiais ou de resultado.
que corresponde exatamente a um modelo de fato contido
numa norma penal incriminadora, a um tipo. Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do re-
sultado constitui elemento necessário ao fato típico de qual-
Para que o operador do Direito possa chegar à conclusão quer infração penal.
de que determinado acontecimento da vida é um fato típico,
deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, decompô-lo em Deve ser analisada em dois planos: formal e material.
suas faces mais simples, para verificar, com certeza absoluta,
se entre o fato e o tipo existe relação de adequação exata, fiel, Entende-se por tipicidade a relação de subsunção entre
perfeita, completa, total e absoluta. Essa relação é a tipicidade. um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e a le-
são ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (tipici- PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Para que determinado fato da vida seja considerado típico, dade material).
é preciso que todos os seus componentes, todos os seus ele-
mentos estruturais sejam, igualmente, típicos. Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É
o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele
Os componentes de um fato típico são a conduta humana, se enquadre ou não na lei penal.
a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resultado),
a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo causal) e, É necessário compreender a Teoria da Imputação Obje-
por fim, a tipicidade. tiva. A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática,
revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar
Considera-se conduta a ação ou omissão humana cons- de maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do
ciente e voluntária dirigida a uma finalidade. ordenamento jurídico-penal.

A expressão resultado tem natureza equívoca, já que pos- A teoria da imputação objetiva surge no mundo jurídico
sui dois significados distintos em matéria penal. Pode se falar, sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar os estu-
assim, em resultado material ou naturalístico e em resultado dos da estrutura criminal analisando os aspectos políticos do
jurídico ou normativo. crime.

5
Parte da doutrina entende que a teoria da imputação O estado de necessidade e a legítima defesa são concei-
objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista e a tuados nos artigos 24 e 25, do CP, merecendo destaque, neste
teoria da adequação social, em contrapartida, sendo con- tópico, apenas o estrito cumprimento do dever legal e o exer-
siderada também, conforme ilustrado, uma teoria nova e cício regular de um direito, como excludentes da ilicitude ou
revolucionária que conceitua que no âmbito do fato típico, da antijuridicidade.
deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade penal,
não levando em consideração o dolo do agente, pois este, é A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
requisito subjetivo e deve ser analisado somente no que tan- só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
ge a imputação subjetiva. que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem de-
corre do cumprimento de um dever legal, ela está de acordo
Esta teoria determina que não há imputação objetiva com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela. Noutros
quando o risco criado é permitido, devendo o agente respon- termos, se há um dever legal na ação do autor, esta não pode
der penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu um risco ser considerada ilícita, contrária ao ordenamento jurídico.
proibido relevante.
Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever
Assim, um resultado causado por um agente pode ser im- legal pode restar configurado no crime de homicídio, em
putado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria um peri- que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam no
go para um bem jurídico não coberto pelo risco permitido e cumprimento de um dever legal, resulta na morte do margi-
esse perigo também foi realizado no resultado concreto. nal. Neste sentido - RT 580/447.

Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumpri- O exercício regular de um direito, como excludente da ili-
mento de um dever jurídico imposto por normas de direito citude, também quer evitar a antinomia nas relações jurídi-
público, sujeitando o agente a uma pena. cas, posto que, se a conduta do autor decorre do exercício re-
gular de um direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição en- considerada antijurídica, já que está de acordo com o direito.
tre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até
prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um tipo Um exemplo de exercício regular de um direito, como
penal, é antijurídico. excludente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado
pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, enquan-
Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que retira to possuidor que pretende reaver a posse da coisa para si (RT
o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como crimi- - 461/341).
nosa (fato típico).
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do au-
tor, que venham a extrapolar os limites do necessário para a
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: defesa do bem jurídico, do cumprimento de um dever legal
ou do exercício regular de um direito. Havendo excesso, o au-
I - em estado de necessidade; tor do fato será responsável por ele, caso restem verificados
seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a regra do parágrafo
II - em legítima defesa; único do art. 23 do CP.

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício


regular de direito.
Culpabilidade
Excesso punível
A Culpabilidade é um elemento integrante do conceito
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpabi-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é pe-


nalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (intenção), ou
pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia, nos
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal casos em que a lei prever como puníveis tais modalidades
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de uma
conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica. O excesso Punível
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em vias
na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode encon-
e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de que, trar-se em três situações diferentes:
no caso concreto, estejam presentes uma das hipóteses pre-
vistas no art. 23, do CP: o estado de necessidade, a legítima - usa de um meio moderado e dentro do necessário para
defesa, o estrito cumprimento do dever legal ou o exercício repelir à agressão;
regular de direito.

6
Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima tade de acordo com esse entendimento. Importante esclarecer
defesa. que a dependência patológica, como drogas configura doença
mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.
- de maneira consciente emprega um meio desnecessário
ou usa imoderadamente o meio necessário; Desenvolvimento mental incompleto é o desenvolvi-
mento que não se concluiu, devido à recente idade crono-
A legítima defesa fica afastada por excluído um dos seus lógica do agente ou a sua falta de convivência na sociedade,
requisitos essenciais. ocasionando imaturidade mental e emocional.

- após a reação justa (meio e moderação) por imprevi- Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem sanção
dência ou conscientemente continua desnecessariamente penal pela prática de ilícito penal, em decorrência da ausên-
na ação. cia de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento medi-
das sócio educativos prevista no ECA.
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifica
demasiada e desnecessariamente a reação inicialmente jus- Desenvolvimento mental retardado é o incompatível com o
tificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O agente estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto,
responderá pela conduta constitutiva do excesso. abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade crono-
lógica. Sua capacidade não corresponde às experiências para
aquele momento de vida, o que significa que a plena poten-
cialidade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados
Punibilidade não possuem condições de entender o crime que cometeram.

A punibilidade é uma das condições para o exercício da


ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a possi-
bilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal (pena ou Critérios de aferição da inimputabilidade, pessoas
medida de segurança) ao autor do ilícito. inimputáveis:

A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As- • Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Pe-
sim, é punível a conduta que pode receber pena. nal sobre menoridade penal) neste interessa saber se o agen-
te é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardo, caso positivo é considerado
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um indi-
inimputável.
víduo a responsabilidade por uma infração. Segundo pres-
creve o art. 26, do CP, podemos, também, definir a imputabi-
• Sistema psicológico: neste o que interessa é o so-
lidade como a capacidade do agente entender o caráter ilíci-
mente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha
to do fato por ele perpetrado ou, de determinar-se de acordo
ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e de
com esse entendimento. orientar-se de acordo com esse entendimento, ou seja, o mo-
mento da pratica do crime. A emoção não excluir a imputabi-
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo entre lidade. E pessoa que comete crime, com integral alternação
a ação e seu agente, imputando a alguém a realização de um de seu estado físico-psíquico responde pelos seus atos.
determinado ato.
• Sistema biopsicológico: exige-se que a causa gera-
Quando existe algum agravo à saúde mental, os indiví- dora esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetiva-
duos podem ser considerados inimputáveis – se não tiverem mente no momento da ação delituosa, retirando do agente
discernimento sobre os seus atos ou não possuírem autocon- a capacidade de entendimento e vontade. Desta forma, será
trole, são isentos de pena. inimputável aquele que, em razão de uma causa prevista em
lei (doença mental, incompleto ou retardado), atue no mo-
Os semimputáveis são aqueles que, sem ter o discerni- mento da prática da infração penal sem capacidade de en-
mento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou pre- tender o caráter criminoso do fato. PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
judicados por doença ou transtorno mental.
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema
Causas que excluem a imputabilidade biopsicológico:
• doença Mental. • Causal: existencial de doença mental ou de desen-
volvimento incompleto ou retardado, causas previstas em lei.
• desenvolvimento mental incompleto.
• Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão
• desenvolvimento mental retardado. delituosa.

• embriaguez completa proveniente de caso fortuito • Consequencial: perda total da capacidade de enten-
ou força maior. der ou da capacidade de querer.

Doença mental é a perturbação mental ou psíquica de Somente há inimputabilidade se os três requisitos estive-
qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de rem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, regidos
entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a von- pelo sistema biológico.

7
EXCLUDENTES DE ILICITUDE A formação da legítima defesa depende de alguns requi-
sitos objetivos. São eles:
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, indepen-
dentemente do seu elemento subjetivo, é necessário que ine- a) Agressão injusta, atual ou iminente;
xistam causas justificantes. Isto porque estas causas tornam
lícita a conduta do agente. b) Direito próprio ou alheio;

As causas justificantes têm o condão de tornar lícita uma c) Utilização de meios necessários com moderação.
conduta típica praticada por um sujeito. Assim, aquele que
pratica fato típico acolhido por uma excludente, não comete O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a
ato ilícito, constituindo uma exceção à regra que todo fato vontade de se defender ou defender direito alheio. Além de
típico será sempre ilícito. preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o ani-
mus defendendi no momento da ação. Se o agente desconhe-
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo 23 do cia a agressão que estava por vir e age com intuito de causar
Código Penal brasileiro. São elas: o estado de necessidade, mal ao agressor, não haverá exclusão da ilicitude da conduta,
a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o pois haverá mero caso de coincidência.
exercício regular de direito.
Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o que
Estado de necessidade. Trata-se de uma excludente de trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem legíti-
ilicitude que constitui no sacrifício de um bem jurídico pe- ma defesa preordenada e para outros, exercício regular de
nalmente protegido, visando salvar de perigo atual e inevi- direito, embora ambos se enquadrem na exclusão da anti-
tável direito próprio do agente ou de terceiro - desde que no juricidade da conduta. Ofendículos são aparatos que visam
momento da ação não for exigido do agente uma conduta proteger o patrimônio ou qualquer outro bem sujeito a inva-
menos lesiva. Nesta causa justificante, no mínimo dois bens sões, como por exemplo, as cercas elétricas em cima de um
jurídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser muro de uma casa. A jurisprudência entende que todos os
protegido, o outro será prejudicado. aparatos dispostos para defender o patrimônio devem ser
visíveis e inacessíveis a terceiros inocentes, somente afetan-
Para que se caracterize a excludente de estado de neces- do aquele que visa invadir ou atacar o bem tutelado alheio.
sidade preenche dois requisitos: existência de perigo atual Preenchendo estes requisitos, o agente não responderá pelos
e inevitável e a não provocação voluntária do perigo pelo danos causados ao agressor, pois configurará caso de legíti-
agente. Quanto ao primeiro, importante destacar que se trata ma defesa preordenada. Só serão conceituados como exer-
do que está acontecendo, ou seja, o perigo não é remoto ou cício regular de direito quando levados em consideração o
incerto e além disso, o agente não pode ter opção de tomar momento de sua instalação.
outra atitude, pois caso contrário, não se justifica a ação. En-
quanto o segundo requisito significa que o agente não pode Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente de-
ter provocado o perigo intencionalmente. A doutrina majo- verá responder por excesso, em caso de legítima defesa. São
ritária entende que se o agente cria a situação de perigo de três as situações: a primeira refere-se à forma dolosa, a se-
forma culposa, ainda assim poderá se utilizar da excludente. gunda culposa e a última é aquela que se origina de erro.

Vale observar o tema abordado por Rogério Greco quanto A primeira o agente tem ciência de que a agressão cessou,
ao estado de necessidade relacionado a necessidades econô- mas mesmo assim, continua com sua conduta, lesando o
micas. Trata-se de casos em que devido a grandes dificuldades bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agente que ini-
financeiras, o agente comete crimes em virtude de tal situação. cialmente se encontra em estado de legítima defesa e excede
conscientemente seus limites, responderá pelos resultados
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade do excesso a título de dolo. A segunda se configura quando o
econômica que autoriza o agente a agir em estado de neces- agente que age reagindo contra a agressão, excede os limites
sidade, somente se permitindo quando a situação afete sua da causa justificante por negligência, imprudência ou impe-
própria sobrevivência. Como é o caso, por exemplo, do pai rícia. O resultado lesivo causado deve estar previsto em lei
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que vendo seus familiares com fome e não sem condições como crime culposo, para que o agente possa responder. E
de prover sustento, furta alimentos num mercado. É razoável a última, que é proveniente do erro, se configura no caso de
que prevaleça o direito à vida do pai e de sua família ante ao legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro sobre
patrimônio do mercado. a situação que ocorreu, supondo que a agressão ainda existe.
Responderá por culpa, caso haja previsão e se for evitável.
Legítima Defesa. O conceito de legítima defesa, esta que
é a excludente mais antiga de todas, está baseado no fato de Estrito cumprimento do dever legal. O agente que cum-
que o Estado não pode estar presente em todos os lugares pre o seu dever proveniente da lei, não responderá pelos atos
protegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite que praticados, ainda que constituam um ilícito penal. Isto por-
o agente possa, em situações restritas, defender direito seu que o estrito cumprimento de dever legal constitui outra es-
ou de terceiro. pécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante.

Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que a ação O primeiro requisito para formação desta excludente de
praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este requisi-
terceiro, utilizando-se dos meios necessários com modera- to engloba toda e qualquer obrigação direta ou indireta que
ção. seja proveniente de norma jurídica. Dessa forma, pode advir

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de qualquer ato administrativo infralegal, desde que tenham CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
sua base na lei. Também pode ter sua origem em decisões
judiciais, já que são proferidas pelo Poder Judiciário no cum- O Código Penal prevê causas que excluem a culpabilida-
primento de ordens legais. de pela ausência de um de seus elementos, ficando o sujeito
isento de pena, ainda que tenha praticado um fato típico e
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. Para antijurídico.
que se configure esta causa justificante, é necessário que o
agente se atenha aos limites presentes em seu dever, não a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o cará-
podendo se exceder no seu cumprimento. Aquele que ultra- ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
passa os limites da ordem legal poderá responder por crime entendimento.
de abuso de autoridade ou algum outro específico no código
Penal. Por fim, o último requisito é a execução do ato por • doença mental, desenvolvimento mental incomple-
agente público, e excepcionalmente, por particular. Para to ou retardado (art. 26, do CP).
que se caracterize a causa justificante, o agente precisa ter
consciência de que pratica o ato em cumprimento de dever • desenvolvimento mental incompleto por presun-
legal a ele incumbido, pois, do contrário, o seu ato configu- ção legal, do menor de 18 anos (art. 27, do CP).
raria um ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta exclu-
dente, que é a ação do agente praticada no intuito de cum- • embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
prir ordem legal. ou força maior (art. 28, § 1º, do CP).

Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez sus- b) inexistência da possibilidade de conhecimento da ilici-
cita uma questão interessante. Para ele, ambos não pode- tude: erro de proibição (art. 21, do CP).
riam ser responsabilizados, pois não como falar em ato lícito
para, e para o outro ilícito. Porém, se um deles desconhecer c) inexigibilidade de conduta diversa:
a situação justificante que enseja o uso a excludente de ilici-
tude, e age com propósito de lesar direito alheio, respondera • coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte do CP);
pelo delito praticado, mesmo isoladamente.
• obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte, do CP).
Exercício regular do direito. Aquele que exerce um direi-
to garantido por lei não comete ato ilícito. Uma vez que o
ordenamento jurídico permite determinada conduta, se dá CONCURSO DE PESSOAS
a excludente do exercício regular do direito.
AUTORIA
O primeiro requisito exigido por esta causa justificante é
a existência de um direito, podendo ser de qualquer nature-
za, desde que previsto no ordenamento jurídico. O segundo
requisito é a regularidade da conduta, isto é, o agente deve O concurso de pessoas é o cometimento da infração pe-
agir nos limites que o próprio ordenamento jurídico impõe nal por mais de um pessoa. Tal cooperação da prática da
aos direitos. Do contrário haveria abuso de direito, configu- conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, partici-
rando excesso doloso ou culposo. pação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre outras
formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso de pes-
Também se faz necessário que o agente tenha conheci- soas, vejamos:
mento da situação em que se encontra para poder se valer
desta excludente de ilicitude. É preciso saber que está agindo • teoria unitária: quando mais de um agente concor-
conforme um direito a ele garantido, pois do contrário, sub- re para a prática da infração penal, mas cada um praticando
sistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez traz o exemplo conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado.
do pai que pratica vias de fato ou lesão corporal leve contra Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os agen-
tes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
seu filho, mas sem o intuito de correção, tendo dentro de si a
intenção de lhe ofender a integridade física. [6] Código Penal.

Algumas situações são relevantes merecem ser mencio- • teoria pluralista: quando houver mais de um agente,
nadas quanto ao alcance do exercício regular do direito. Uma praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda que
delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria incompreen- obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um
sível considerar atos de médicos que salvam vidas como delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal ao tratar do
ilícitos. Porém, para que haja exercício regular do direito, é aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá
necessário que exista a anuência do paciente, pois, do con- na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a
trário, haveria estado de necessidade praticado em favor de pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrup-
ção ativa e passiva.
terceiro, podendo restar responsabilidade no âmbito civil.
• teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
mais de um agente, com diversidades de conduta, provocan-
do-se um resultado, deve-se separar os coautores e partíci-
pes, sendo que cada “grupo” responderá por um delito.

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A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa
PARTICIPAÇÃO do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes


Autoria e participação de ação pública, se o Ministério Público não oferece denún-
cia no prazo legal.
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora am-
bos dentro da teoria objetiva: No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
• teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descen-
é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo penal, dente ou irmão.
e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo,
respondendo apenas pelo auxílio que prestou (entendimen- Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias
to majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes,
pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP, enquanto aquele cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação
que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá a qualquer destes se deva proceder por iniciativa do Minis-
apenas pela colaboração. tério Público.

• teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além A representação será irretratável depois de oferecida a
de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“au- denúncia.
tor executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele
colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem realizar Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido de-
a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos de- cai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
mais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o exe- dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que
cuta são coautores. veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do
art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teo- oferecimento da denúncia.
ria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou seja,
se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também O direito de queixa não pode ser exercido quando renun-
desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reserva) respon- ciado expressa ou tacitamente. Importa renúncia tácita ao
derá apenas pela participação, pois não praticou a conduta direito de queixa a prática de ato incompatível com a von-
matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que tade de exercê-lo. Não a implica, todavia, o fato de receber o
o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
mesmo pena mais gravosa a este último, quando, por exem-
plo, for o mentor do crime. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se
procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, “quem, de
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, dessa for-
ma deve-se analisar cada caso concreto de modo a verificar • se concedido a qualquer dos querelados, a todos
a proporção da colaboração. Além disso, se a participação aproveita.
for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo su- • se concedido por um dos ofendidos, não prejudica
pramencionado, e se algum dos concorrentes quis participar o direito dos outros.
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido • se o querelado o recusa, não produz efeito.
previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP).
Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatí-
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Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não vel com a vontade de prosseguir na ação.
houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição ao
partícipe - teoria da acessoriedade limitada. Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a
sentença condenatória.

AÇÃO PENAL. CLASSIFICAÇÃO CONDIÇÕES

A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente


a declara privativa do ofendido. Legitimidade da Parte é a pertinência subjetiva do direito
de agir, isto é, as pessoas legitimadas pela lei para pleitear em
A ação pública é promovida pelo Ministério Público, de- juízo aquilo que lhes é devido.
pendendo, quando a lei o exige, de representação do ofendi-
do ou de requisição do Ministro da Justiça.

10
Interesse de Agir, o autor terá interesse processual sem- O Perdão Judicial, na hipótese de homicídio culposo, o
pre que para obter o que pretender necessitar da providência juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da
jurisdicional pleiteada. infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que
torne desnecessária a sanção penal.
Possibilidade Jurídica do Pedido significa que a providên-
cia que o autor pede, deve estar prevista em lei para que a Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, art. 122, do CP,
ação seja regularmente exercida. ato pelo qual o agente induz ou instiga alguém a se suicidar ou
presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de dois a seis anos,
se o suicídio se consumar, ou reclusão de um a três anos, se da
tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
CRIMES CONTRA A PESSOA A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por qual-
quer causa, a capacidade de resistência. Neste crime não se
pune a tentativa.

HOMICÍDIO Infanticídio, art. 123, do CP, é o “homicídio” praticado


pela mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida puerperal, isto é, logo pós o parto).
de um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato
cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida do Aborto, art. 124, do CP, ato pelo qual a mulher interrompe
ser humano. a gravidez de forma a trazer destruição do produto da con-
cepção. No auto aborto ou no aborto com consentimento da
gestante, está sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o
Homicídio simples, art. 121, do CP, é a conduta típica li-
sujeito passivo. No aborto sem o consentimento da gestante,
mitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não pos-
os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
sui características de qualificação, privilégio ou atenuação. É
o simples ato da prática descrita na interpretação da lei, ou Aborto provocado por terceiro é o provocado sem o con-
seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa. sentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
Homicídio privilegiado, art. 121, § 1º, do CP, é a condu- Aborto provocado com o consentimento da gestante,
ta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio, pena: reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser au-
sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de mentada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, ou
emoção, logo após a injusta provocação da vítima, podendo ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, grave
o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço. ameaça ou violência.

Homicídio qualificado, art. 121, § 2º, do CP, é a conduta Forma qualificada: as penas são aumentadas de um ter-
típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do ço se, em consequência do aborto ou dos meios empregados
crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: median- para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza
te paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo grave. São duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe so-
torpe; por motivo fútil, com emprego de veneno, fogo, explo- brevém a morte.
sivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou do
qual possa resultar perigo comum; por traição, emboscada, Aborto necessário: não se pune o aborto praticado por médi-
ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou co: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; e se a gravi-
torne impossível a defesa do ofendido; e para assegurar a dez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
crime. PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Homicídio Culposo, art. 121, § 3º, do CP, é a conduta típi-


ca do homicídio que se dá pela imprudência, negligência ou Lesões corporais:
imperícia do agente, que produz um resultado não pretendi-
do, mas previsível, estando claro que o resultado poderia ter Lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saú-
sido evitado. de de outra pessoa.

No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, Lesão corporal de natureza grave, art. 129, § 1º, do CP, se
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro- resulta incapacidade para as ocupações habituais, por mais
fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de
socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura diminuir membro, sentido ou função; ou aceleração de parto.
as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é aumentada de Lesão corporal de natureza gravíssima, art. 129, § 1º, se
um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de qua- resulta: incapacidade permanente para o trabalho; enfermi-
torze ou maior de sessenta anos. dade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; deformidade permanente; ou aborto.

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Lesão corporal seguida de morte, se resulta morte e as cir- Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressal-
cunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, tar uma divergência na doutrina: entende-se que é protegida
nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio preterin- diretamente a posse e indiretamente a propriedade ou, em
tencional). sentido contrário, que a incriminação no caso de furto, visa
essencial ou principalmente a tutela da propriedade e não
Diminuição de pena: se o agente comete o crime impe- da posse. É inegável que o dispositivo protege não só a pro-
lido por motivo de relevante valor social ou moral, ou ainda priedade como a posse, seja ela direta ou indireta além da
sob o domínio de violenta emoção, seguida de injusta pro- própria detenção.
vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a
um terço. Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer
Lesão corporal culposa: se o agente não queria o resul- que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário
tado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado era da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre o
previsível. mero detentor ou possuidor da coisa.

Violência doméstica: se a lesão for praticada contra as- Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não exige
cendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal específica.
com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecen- Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do crime, sendo ela
do-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de física ou jurídica, titular da posse, detenção ou da propriedade.
hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a três anos.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor ou
proprietário.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO O crime de furto pode ser praticado também através de
animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será de
apossamento indireto, devido ao emprego de animais, caso
contrário é de apossamento direto.
Considera-se patrimônio de uma pessoa, os bens, o po-
derio econômico, a universalidade de direitos que tenham Reina uma única controvérsia, tendo em vista o desen-
expressão econômica para a pessoa. Considera-se em geral, volvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada com
o patrimônio como universalidade de direitos. Vale dizer o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou crime
como uma unidade abstrata, distinta, diferente dos elemen- de estelionato. Tenho para mim, que não podemos “aprioris-
tos que a compõem isoladamente considerados. ticamente” ter o uso da informática como meio de cometi-
mento de furto ou mesmo estelionato, pois é preciso anali-
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito pri- sar, a cada conduta, não apenas a intenção do agente, mas o
vado, há uma noção econômica de patrimônio e, segundo a modo de operação do agente através da informática.
qual, ele consiste num complexo de bens, através dos quais o
homem satisfaz suas necessidades. O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
em direito penal representa qualquer substância corpórea,
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito seja ela material ou materializável, ainda que não tangível,
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os cor-
por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já pos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.
tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com autono-
mia e de um modo peculiar. O homem não pode ser objeto material de furto, confor-
me o fato, o agente pode responder por sequestro ou cárcere
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código Pe- privado, conforme art. 148, do CP, ou subtração de incapazes
nal, é sem dúvida extensamente realizada, mas não se pode art. 249, do CP.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

perder jamais em conta, a necessidade de que no conceito


de patrimônio esteja envolvida uma noção econômica, um Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
noção de valor material econômico do bem. furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor
de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo. Já a
O primeiro é o crime de furto descrito no art. 155, do CP, jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi-
em sua forma básica: “subtrair, para si ou para outrem, coisa derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisório,
ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto, não
alheia móvel: pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
ficará caracterizado o crime.
multa”.
Furto é crime material, não existindo sem que haja des-
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes pa-
falque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não per-
lavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou
tence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa razão
para outrem sem a prática de violência ou de grave ameaça
não comete furto e sim o crime contido no art. 346, do CP,
ou de qualquer espécie de constrangimento físico ou moral
Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro),
à pessoa. Significa, pois o assenhoramento da coisa com fim
o proprietário que subtrai coisa sua que está em poder legí-
de apoderar-se dela com ânimo definitivo.
timo de outro.

12
O crime de furto é cometido através do dolo que é a von- Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que,
tade livre e consciente de subtrair, acrescido do elemento dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e a ampli-
subjetivo do injusto também chamado de “dolo específico”, tude com que a faria, caso estivesse acordada, para que se
que no crime de furto está representado pela ideia de finali- configure a agravante do repouso noturno.
dade do agente, contida da expressão “para si ou para outrem”.
Independe, todavia de intuito, objetivo de lucro por parte do Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é
agente, que pode atuar por vingança, capricho, liberalidade. variável, dependendo do local e dos costumes.

O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre de- da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar a
pois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal. agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em lugar
O delito de furto também pode ser praticado entre: côn- desabitado, pois evidente se praticado desta forma não ha-
juges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, entre veria, mesmo durante a época o momento do não repouso, a
irmãos. possibilidade de vigilância que continuaria a ser tão precária
quanto este momento de repouso.
Para se definir o momento da consumação, existem duas
posições: Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para nós,
existe a agravante quando o furto se dá durante o tempo em
1) atinge a consumação no momento em que o objeto ma- que a cidade ou local repousa, o que não importa necessa-
terial é retirado de posse e disponibilidade do sujeito pas- riamente seja a casa habitada ou estejam seus moradores
sivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ainda dormido. Podem até estar ausente, ou desabitado o lugar do
que não obtenha a posse tranquila; furto”.
2) quando se exige a posse tranquila, ainda que por breve A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é a
tempo. que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agravan-
te especial do furto a circunstância de ser o crime praticado
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: co- durante o período do sossego noturno8, seja ou não habitada
mum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo de a casa, estejam ou não seus moradores dormindo, cabe a ma-
dano, material e instantâneo. joração se o delito ocorreu naquele período.
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hipóte- Furto em garagem de residência, também há duas posi-
ses do art. 182, do CP, que é condicionada à representação.
ções, uma em que incide a qualificadora, da qual o Professor
Damásio é partidário, e outra na qual não incide a qualifica-
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto simples,
dora.
furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado
O furto privilegiado está expresso no art. 155, § 2º, do CP:
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí-
“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa fur-
-la momentaneamente, está prevista no art. 155, do CP, para
que seja reconhecível o furto de uso e não o furto comum, é tada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de de-
necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao possuidor, tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, que seja pena de multa”.
reposta no lugar, para que o proprietário exerça o poder de dis-
posição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do animus Vale dizer que é uma forma de causa especial de dimi-
furandi dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. nuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa causa
especial:
Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do furto
de uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando que há O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser o
furto comum se a coisa é abandonada em local distante ou agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão de PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
diverso ou se não é recolocada na esfera de vigilância de seu outro crime condenação anterior transitada em julgado.
dono. Há ainda entendimentos que exigem que a devolução
da coisa, além de ser feita no mesmo lugar da subtração seja O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa sub-
feita em condições de restituição da coisa em sua integridade traída.
e aparência interna e externa, assim como era no momento da
subtração. A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
dois requisitos já citados, que o agente não revele persona-
O Furto Noturno, está previsto no art. 155, § 1º, do CP: “a lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da
pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
o repouso noturno”.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de detenção,
É furto agravado ou qualificado o praticado durante o re- diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa.
pouso noturno, aumenta-se de 1/3 art. 155 §1º, do CP, a razão
da majorante está ligada ao maior perigo que está submetido O art. 155, § 3º, do CP, faz menção à igualdade entre ener-
o bem jurídico diante da precariedade de vigilância por parte gia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor econômico à
de seu titular. coisa móvel, também a caracterizando como crime.

13
A jurisprudência considera essa modalidade de furto O último é a qualificadora da destreza, que se dá quando
como crime permanente, pois o agente pratica uma só ação, a subtração se dá dissimuladamente com especial habilidade
que se prolonga no tempo. por parte do agente, onde a ação, sem emprego de violência,
em situação em que a vítima, embora consciente e alerta,
Em determinadas circunstâncias são destacadas o art. não percebe que está tendo os bens furtados. O arrebata-
155, §4º, do CP, para configurar furto qualificado, ao qual é mento violento ou inopinado não a configura.
cominada pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclu-
são de 2 à 8 anos seguida de multa”.

São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: se o A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
crime é cometido com destruição ou rompimento de obstá-
culos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição, Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho
isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou rom- de que se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou
per, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a não o formato de uma chave, podendo ser grampo, pedaço
apreensão e subtração da coisa. de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da chave ou
desse instrumento é indispensável para a caracterização da
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer qualificadora
momento da execução do crime e não apenas para apreen-
são da coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante
pericialmente, nem mesmo a confissão do acusado supre a concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado nes-
falta da perícia. tas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculosidade
dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja in- No caso de furto cometido por quadrilha, responde por
gressado na esfera do conhecimento dos participantes. quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido
de furto simples, ficando excluída a qualificadora13,
A segunda hipótese é quando o crime for cometido com
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas
qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de como agravante comum.
qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do
furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se serve de Este crime está definido no art. 156, do CP, que diz: “Sub-
algum artifício para fazer a subtração. trair o condômino, coerdeiro, ou sócio, para si ou para ou-
trem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: pena
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a vigi-
– detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos, ou multa”.
lância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração
do objeto material. O furto mediante fraude distingue-se do
A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa
estelionato, naquele a fraude é empregada para iludir a aten-
que pertença também a outrem. Este crime constitui caso es-
ção e vigilância do ofendido, que nem percebe que a coisa
lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao contrário, a frau- pecial de furto, distinguindo-se dele apenas as relações exis-
de antecede o apossamento da coisa e é a causa de sua entre- tentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
ga ao agente pela vítima; esta entrega a coisa iludida, pois a
fraude motivou seu consentimento. Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, coproprie-
tário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispensável e
É ainda qualificadora a penetração no local do furto por chega a ser uma elementar do crime e por tanto é transmiti-
via que normalmente não se usa para o acesso, sendo neces- do ao partícipe estranho nos termos do art. 29, do CP.
sário o emprego de meio artificial, é no caso de escalada, que
não se relaciona necessariamente com a ação de galgar ou Sujeito passivo será sempre o condomínio, coproprietá-
subir. Também deve ser comprovada por meio de perícia, as- rio, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o terceiro
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sim como o rompimento de obstáculo. possuidor legítimo da coisa.

Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em flagran- A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, fa-
te indica delito tentado nos casos de furto, por não chegar la-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para si
o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, que não ou para outrem”.
ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
A pena culminada para furto de coisa comum é alterna-
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um tiva de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou multa.
batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias. Dá-se ao juiz a margem para individualização da pena tendo
Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da vítima, em vista as circunstâncias do caso concreto.
envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelope, o
batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delegacia, ve-
rifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele dia, a ví-
tima esquecera o dinheiro em casa. O agente será responsa-
bilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a ausência do
objeto material do delito faz do evento um crime impossível.

14
ROUBO Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
duas correntes:
A ação penal é pública, porém depende de representação
da parte. Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto
ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e instan-
Como expresso no art. 157, do CP: “Subtrair coisa móvel tâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência: pena, reclusão, de
4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”. ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE

Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido Nos termos do art. 157, § 3º, do CP, primeira parte, é qua-
também a integridade física ou psíquica da vítima. lificado roubo quando: “da violência resulta lesão corporal de
natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quin-
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade ze) anos, além da multa”.
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a
vida do sujeito passivo. É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispo-
O Roubo também é um delito comum, podendo ser co- sitivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como
metido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com o sujei- enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá no
to passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: caso roubo simples seguido de lesões corporais de natureza
um que sofre a violência e o titular do direito de propriedade. grave em concurso formal.

Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize de vio- um terceiro.
lência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave ameaça
ou de qualquer outro meio que produza a possibilidade de Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue
resistência do sujeito passivo.14 subtrair a coisa, há só a tentativa do art. 157, § 3º, 1ª parte,
do CP.
A vontade de subtrair com emprego de violência, grave
ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de rou-
bo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado
dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou para outrem, LATROCÍNIO
é que se dá a subtração.
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta a
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem morte, as mesmas considerações referentes aos crimes qua-
definido no art. 157, §1º, do CP: “na mesma pena incorre lificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impuni- Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
dade do crime ou a detenção da coisa para si ou para tercei- morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
ro”. Nesse caso a violência ou a grave ameaça ocorre após a violência para roubar e que dela resulte a morte para que se
consumação da subtração, visando o agente assegurar a pos- tenha caracterizado o delito.
se da coisa subtraída ou a impunidade do crime.
É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a im-
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo punidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
impróprio. PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa di-
A consumação do roubo impróprio ocorre com a violên- versa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá,
cia ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não no entanto um só crime com dois sujeitos passivos.
se consumando esta, tem se entendido que o agente deverá
ser responsabilizado por tentativa de furto em concurso com A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtra-
o crime de lesões corporais. ção e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte da
vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singu-
Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto lar e não do Tribunal do Júri.
material da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que
não haja a posse tranquila. Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
multa, conforme alteração do art. 6º, da Lei nº 8.072/1990.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto Conforme o art. 9º, da citada lei, a pena é agravada de metade
podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a violên- quando a vítima se encontra nas condições do art. 224, do
cia ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a CP: “presunção de violência”.
sua vontade, não consegue efetuar a subtração.

15
EXTORSÃO O comportamento da vítima nesse caso é fundamen-
tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da
O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, se
e no local em que ocorre o constrangimento para que se faça o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para ensejar
ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Superior a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu patrimô-
Tribunal de Justiça. nio, perfaz-se o tipo penal do art. 168, do CP.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou gra- Da outra parte, se entendido como crime material, a con-
ve ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem sumação se dará com obtenção de indevida vantagem eco-
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou nômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime de
deixar fazer alguma coisa: extorsão é material consumando-se com a efetiva obtenção
indevida vantagem econômica.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou


com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até Tentativa:
metade.
Admite-se quer considerando o crime formal ou mate-
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante
disposto no § 3º do artigo anterior. violência ou grave ameaça, não realiza a condita por circuns-
tâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então não se
§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liber- intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia.
dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159, DO CP)
respectivamente.
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da ex-
É um crime comum, formal ou material, de forma livre, torsão do art. 158, do CP, a vantagem pode ser qualquer uma
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, do- (inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em todas
loso, de dano, complexo e admite tentativa. as suas modalidades, havendo privação da liberdade da ví-
tima para se obter a vantagem. É crime complexo, resultan-
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coa- te da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que diz a
gir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão corpo- doutrina, mas eu não concordo, visto que a extorsão exige
ral) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou finalidade de obter vantagem econômica indevida).
explicita que incute medo no ofendido) com o objetivo de
obter para si ou para outrem indevida (injusta, ilícita) van- Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem
tagem econômica (qualquer vantagem seja de coisa móvel devida, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias
ou imóvel). razões em concurso material com o sequestro ou cárcere pri-
vado.
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não
vantagem for devida. haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô-
mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo,
que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o
patrimônio.
Tipo subjetivo:
Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído ser transportada para algum lugar ou ser retida em sua pró-
pela vontade livre e consciente de constranger alguém me- pria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como condição
diante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo ou preço do resgate.
exige o elemento subjetivo do tipo específico na expressão
“com intuito de”.

Sujeito passivo:

Consumação: Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que


pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que seja
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo de
ou material. Para os que o consideram formal, a consumação acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado.
ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao
constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfei- Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for diferente
tava obtenção da vantagem econômica indevida. daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá apenas
um crime, não obstante existirem duas vítimas.

16
Consumação e tentativa: EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA

Ocorre a consumação quando o agente pratica a conduta Entendemos que os institutos possuem objetividades ju-
prevista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro pri- rídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante se-
vando a vítima da liberdade por tempo juridicamente rele- questro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida.
vante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e ainda que Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubstanciada
nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime é formal. na integridade física e mental. Com efeito, a nosso, juízo, nada
impede o reconhecimento do concurso material de infrações.
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou
de consumação antecipada, opera-se com a simples priva-
ção da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juridi-
camente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha sido DELAÇÃO PREMIADA
conduzido ao local de destino, o crime está consumado”
(MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 6ª O benefício somente se aplica quando o crime for come-
edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). tido em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer
às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena se preenchi-
crime requer um iter criminis desdobrado em vários atos. dos os requisitos estabelecidos pelo art. 159, § 4º, do CP, qual
Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela em que seja, denúncia à autoridade (juiz, delegado ou promotor) fei-
os agentes são flagrados logo após colocarem a vítima no car- ta por um dos concorrentes, e esta facilitar a libertação da ví-
ro, pois aí não teriam privado sua liberdade por tempo juridi- tima. Faz-se mister salientar que, se não houver a libertação
camente relevante. do sequestrado, mesmo havendo delação do coautor, não
haverá diminuição de pena.

Não se confunde com a confissão espontânea, pois nes-


EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA ta o agente garante confessa sua participação no crime, sem
incriminar outrem.
Se o sequestro durar mais de 24 horas, se o sequestrado
é menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime for come-
tido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a
20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver em EXTORSÃO INDIRETA
poder do criminoso, maior será o dano à saúde e integridade
física.

Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, en- Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
tende-se como a reunião permanente de mais de três pes- sando da situação de alguém, documento que pode dar causa
soas para cometer e não uma reunião ocasional para come- a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
ter o sequestro.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO


CORPORAL GRAVE Classificação doutrinária:
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material
será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unis-
será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a subjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (rece-
diferença deste delito com o de roubo qualificado pelo re- ber) e admite tentativa. PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
sultado. No art. 157, do CP a lei diz: “se da violência resul-
tar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que vítima A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a
cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá roubo um procedimento criminal contra o devedor, como a confis-
em concurso material com homicídio e não latrocínio. O tipo são de um crime, a falsificação de um título de crédito, uma
exige o emprego da violência. Na extorsão mediante seques- duplicata fria etc.
tro a lei menciona: “se dos atos resultar lesão grave ou morte”,
pouco importando para qualificar o delito que a lesão grave A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) ou
seja culposa ou dolosa. Evidentemente, se a lesão grave ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a pro-
morte resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado cedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar
agravado não poderá ser imputado ao agente. da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio
financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
público ou particular, se preste a instauração de inquérito
policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do pro-
cedimento criminal, basta que o documento em poder do
credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.

17
Consumação: Violação sexual mediante fraude:

Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidi-
com a simples exigência do documento pelo extorsionário. A noso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime ma- ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
terial, a consumação ocorre com o efetivo recebimento do
documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Tentativa: Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter


vantagem econômica, aplica-se também multa.
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua
configuração, embora uma parcela da doutrina a admita
com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra
a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas não che- Assédio sexual:
gar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, no entanto,
é perfeitamente possível, podendo o iter criminis ser inter- Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
rompido por circunstâncias alheias à vontade do agente. vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente
da sua condição de superior hierárquico ou ascendência ine-
rentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. (VETADO)

Através do novo diploma legal, foram fundidas as figuras § 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é
do estupro e do atentado violento ao pudor em um único menor de 18 (dezoito) anos.
tipo penal, onde se optou pela manutenção do nomem iuris
de estupro (art. 213, do CP). Além disso, foi criado o delito de
estupro de vulnerável (art. 217-A), encerrando-se a discussão
que havia em nossos Tribunais, principalmente os Superio- CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
res, no que dizia respeito à natureza da presunção de violên- PÚBLICA
cia, quando o delito era praticado contra vítima menor de 14
(catorze) anos. Outros artigos tiveram também modificadas
suas redações, passando a abranger hipóteses não previstas
anteriormente pelo Código Penal; um outro capítulo (VII) foi
inserido, trazendo novas causas de aumento de pena. Acerta- A Administração Pública deste modo, em geral direta, in-
damente, foi determinado pela nova lei que os crimes contra direta e empresas privadas prestadoras de serviços públicos,
a dignidade sexual tramitariam em segredo de justiça (art. contratadas ou conveniadas será vítima primária e constan-
234-B, do CP), evitando-se, com isso, a indevida exposição te, podendo, secundariamente, figurar no polo passivo even-
das pessoas envolvidas nos processos dessa natureza, prin- tual administrado prejudicado.
cipalmente as vítimas.
O agente, representante de um poder estatal, tem por
função principal cumprir regularmente seus deveres, confia-
dos pelo povo. A traição funcional faz com que todos tenha-
Estupro: mos interesse na sua punição, até porque, de certa forma, so-
mos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo quando
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou gra- praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da soberania
ve ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir nacional, o delito funcional será alcançado, obrigatoriamen-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que com ele se pratique outro ato libidinoso: te, pela lei penal.

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003,
condicionou a progressão de regime prisional nos crimes
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave contra a Administração Pública à prévia reparação do dano
ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) causado, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com
anos: os acréscimos legais.

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. A lei em comento não impede a progressão aos crimes
funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
§ 2º Se da conduta resulta morte: jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
conquiste o referido benefício.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

18
Crimes Funcionais, espécies: Peculato Desvio: o servidor desvia a coisa em vez de apro-
priar-se. Aqui o sujeito ativo além do servidor pode tem par-
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: ticipação de uma 3a pessoa. Consumação: No momento do
próprios e impróprios. desvio e admite-se a tentativa.

Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcio- Peculato Furto: previsto no art. 312, do CP, aqui o funcio-
nário público ao autor, o fato passa a ser tratado como um nário público não detem a posse, mas consegue deter a coisa
tipo penal descrito. em razão da facilidade de ser servidor público. Por exemplo,
o diretor de escola pública que tem a chave de todas as salas
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servi- da escola, aproveita-se da sua função e facilidade e subtrai
dor público, desaparece também o crime funcional, desclas- algo que não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
sificando a conduta para outro delito, de natureza diversa.
Peculato Culposo: aproveitando o exemplo da escola,
neste caso o diretor esquece a porta aberta e alguém entra no
colégio e subtrai um bem. A consumação se dá no momento
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais:
em que subtrai a coisa. Não se admite a tentativa.
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, Peculato mediante erro de outrem: art. 313, do CP, o seu
exerce cargo, emprego ou função pública. objeto jurídico é a probidade administrativa. Sujeito ativo:
funcionário público; sujeito passivo: Estado e o particular
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, lesado. A modalidade de peculato mediante erro de outrem,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha é um peculato estelionato, onde a pessoa é induzida a erro.
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada Por exemplo, um fiscal vai aplicar uma multa a um determi-
para a execução de atividade típica da Administração Pública. nado contribuinte e esse contribuinte paga o valor direto a
esse fiscal, que embolsa o dinheiro. Só que na verdade nunca
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os au- existiu multa alguma e esse dinheiro não tinha como destino
tores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de os cofres públicos e sim o favorecimento pessoal do agente.
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramen- É um crime doloso e sua consumação se dá quando ele passa
to de órgão da administração direta, sociedade de economia a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa.
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público. Concussão: art. 316, do CP, é uma espécie de extorsão
praticada pelo servidor público com abuso de autoridade. O
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público objeto jurídico é a probidade da administração pública. Su-
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito jeito ativo: crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito
unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Adminis-
passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Tra-
trativo, tomando a expressão no sentido amplo.
ta-se de crime formal pois consuma-se com a exigência, se
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcio- houver entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima
nário público não apenas o servidor legalmente investido em não responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir
cargo público, mas também o que servidor público efetivo ou dessa maneira.
temporário.
Excesso de Exação: a exigência vai para os cofres públi-
cos, isto é, recolhe aos cofres valor não devido, ou era para
recolher aos cofres públicos, porém o funcionário se apro-
Tipos penais Contra Administração Pública: pria do valor.

O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato des- Corrupção Passiva: art. 317, do CP, o objeto jurídico é a
vio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro probidade administrativa. Sujeito ativo: funcionário público. PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção pas- A vítima é o Estado e apenas na conduta solicitar é que a víti-
siva e Prevaricação, são os crimes tipificado com praticados ma será, além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada.
por agentes públicos.
Condutas: solicitar, receber e aceitar promessa, aumenta-
Peculato: previsto no art. 312, do CP, possui como objeti- -se a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar atos
vidade jurídica a probidade da administração pública. É um de ofício. Não se admite a tentativa, é no caso de privilegiado,
crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcionário
onde cede ao pedido ou influência da pessoa. Só se consuma
público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos o par-
pela prática do ato do servidor público.
ticular. Admite-se a participação.

Peculato Apropriação: é uma apropriação indébita e o Prevaricação: art. 319, do CP, aqui também se tutela a
objeto pode ser dinheiro, valor ou bem móvel. É de extre- probidade administrativa. É um crime próprio, cometido por
ma importância que o funcionário tenha a posse da coisa funcionário público e a vítima é o Estado. A conduta é retar-
em razão do seu cargo. Consumação: Se dá no momento da dar ou deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se
apropriação, em que ele passa a agir como o titular da coisa com o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do
apropriada. Admite-se a tentativa. agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.

19
Os crimes contra a Administração Pública são demasia-
damente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os cida- LEI Nº 4.898/1965 (ABUSO DE AUTORIDADE)
dãos dependentes do serviço público, colocando em crédi-
to e a prova a credibilidade das instituições públicas, para
apenas satisfazer o egoísmo e egocentrismo desses agentes
corruptos. O direito de representação e o processo de responsabili-
dade administrativa civil e penal, contra as autoridades que,
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com ri- no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regula-
gor e aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço pú- dos pela Lei nº 4.898/1965.
blico, tenham suas práticas de errôneas coibidas e extintas,
podem assim fortalecer as instituições pública e valorizar os O direito de representação será exercido por meio de petição
servidores. dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para
aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção.
Ou dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competên-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL cia para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
CONTRAVENÇÕES PENAIS (DECRETO N° A representação acima citada será feita em duas vias e
3.688/1941) conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autori-
dade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acu-
sado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver.

Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Pe-


nal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso.
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no
território nacional. • à liberdade de locomoção.

Para a existência da contravenção, basta a ação ou omis- • à inviolabilidade do domicílio.


são voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a
culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer • ao sigilo da correspondência.
efeito jurídico.
• à liberdade de consciência e de crença.
Não é punível a tentativa de contravenção.
• ao livre exercício do culto religioso.
As penas principais são prisão simples e multa.
• à liberdade de associação.
As penas acessórias são a publicação da sentença e as
• aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
seguintes interdições de direitos: a incapacidade temporária
cício do voto.
para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de habi-
litação especial, licença ou autorização do poder público; ou
• ao direito de reunião.
a suspensão dos direitos políticos.
• à incolumidade física do indivíduo.
São hipóteses de contravenções penais:
• aos direitos e garantias legais assegurados ao exercí-
Praticar vias de fato contra alguém. cio profissional.
Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empre-
gado usualmente na prática de crime de furto.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexpe- Constitui também abuso de autoridade:
riente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso.
• ordenar ou executar medida privativa da liberdade
Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder.
gás, que possa ofender ou molestar alguém.
• submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexa-
Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio com grita- me ou a constrangimento não autorizado em lei.
ria ou algazarra; exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em
desacordo com as prescrições legais; abusando de instrumen- • deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe-
tos sonoros ou sinais acústicos; provocando ou não procurando tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa.
impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda.
• deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais detenção ilegal que lhe seja comunicada.
pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm. • levar à prisão e nela deter quem quer que se propo-
nha a prestar fiança, permitida em lei.

20
• cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial Recebida a representação em que for solicitada a aplica-
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despe- ção de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar
sa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quan- competente determinará a instauração de inquérito para
to à espécie quer quanto ao seu valor. apurar o fato.

• recusar o carcereiro ou agente de autoridade poli- A ação penal será iniciada, independentemente de inquéri-
cial recibo de importância recebida a título de carceragem, to policial ou justificação por denúncia do Ministério Público,
custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa. instruída com a representação da vítima do abuso.

• o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa Apresentada ao Ministério Público a representação da ví-
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio tima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o
de poder ou sem competência legal. réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e
requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de
• prolongar a execução de prisão temporária, de pena audiência de instrução e julgamento.
ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver
deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá promover a
Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, testemunhas qualificadas. Ou requerer ao Juiz, até setenta e duas
ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designação
de um perito para fazer as verificações necessárias.
O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção ad-
ministrativa civil e penal. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará re-
messa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a
A sanção administrativa será aplicada de acordo com denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá
a gravidade do abuso cometido e consistirá em: o Juiz atender.
• advertência.
Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no
prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do
• repreensão.
Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la
e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos
• suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cin-
do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de ne-
co a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens.
gligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
• destituição de função.
Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e
• demissão. oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a de-
núncia.
• demissão, a bem do serviço público.
No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julga-
mento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro
A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, de cinco dias.
consistirá no pagamento de uma indenização.
A citação do réu para se ver processar, até julgamento final
A sanção penal será aplicada de acordo com as re- e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
gras do CP e consistirá em: feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
via da representação e da denúncia.
• multa.
As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresen-
• detenção por dez dias a seis meses tadas em juízo, independentemente de intimação.

• perda do cargo e a inabilitação para o exercício de A audiência de instrução e julgamento será pública, se con-
qualquer outra função pública por prazo até três anos. trariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre
dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcional-
As penas previstas poderão ser aplicadas autônoma ou mente, no local que o Juiz designar.
cumulativamente.
Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogató-
Quando o abuso for cometido por agente de autoridade rio do réu, se estiver presente.
policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado
município da culpa, por prazo de um a cinco anos. que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do

21
réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou regis-
por mais dez (10), a critério do Juiz. Encerrado o debate, o trar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográ-
Juiz proferirá imediatamente a sentença. fica, envolvendo criança ou adolescente.

Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro regis-
pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www. tro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica en-
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l4898.htm. volvendo criança ou adolescente.

Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, pu-


blicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou
E DO ADOLESCENTE) outro registro que contenha cena de sexo explícito ou porno-
gráfica envolvendo criança ou adolescente.

Estudaremos os crimes praticados contra a criança e o Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, foto-
adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto grafia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena
na legislação penal. de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente.
Os crimes aqui definidos são de ação pública incondicio-
nada. E os crimes são: Simular a participação de criança ou adolescente em
cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de esta- ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qual-
belecimento de atenção à saúde de gestante de manter re- quer outra forma de representação visual.
gistro das atividades desenvolvidas, bem como de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências meio de comunicação, criança, com o fim de com ela prati-
do parto e do desenvolvimento do neonato. car ato libidinoso.

Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabeleci- Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou entregar,
de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição
mento de atenção à saúde de gestante de identificar correta-
ou explosivo.
mente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
como deixar de proceder determinados exames.
Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adoles-
Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, proce- cente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos
dendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra- cujos componentes possam causar dependência física ou
cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária psíquica.
competente.
Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou entregar,
Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estam-
de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à pido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido
autoridade judiciária competente e à família do apreendido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
ou à pessoa por ele indicada. em caso de utilização indevida.
Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (de-
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. zoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzin-
do-o a praticá-la.
Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de or-
denar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais
logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão..
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.
Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária,
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério
Público no exercício de função. LEI Nº 8.072/1990
Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem (CRIMES HEDIONDOS)
sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o
fim de colocação em lar substituto.
São considerados hediondos os seguintes crimes,
Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a tercei-
ro, mediante paga ou recompensa. todos tipificados no CP, consumados ou tentados:
Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao en- • homicídio (art. 121), quando praticado em ativida-
vio de criança ou adolescente para o exterior com inobser- de típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
vância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos
I, II, III, IV, V, VI e VII).

22
• lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), LEI Nº 9.099/1995 (JUIZADOS ESPECIAIS
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos CRIMINAIS)
arts. 142 e 144, da CF, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da fun-
ção ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, compa-
nheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
dessa condição. -se em horário noturno e em qualquer dia da semana, con-
forme dispuserem as normas de organização judiciária.
• latrocínio (art. 157, § 3º, in fine).
Os atos processuais serão válidos sempre que preen-
• extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º). cherem as finalidades para as quais foram realizados, aten-
didos os critérios de que o processo perante o Juizado Es-
• extorsão mediante sequestro e na forma qualifica- pecial.
da (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º).
Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
• estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º). havido prejuízo.

• estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, A prática de atos processuais em outras comarcas pode-
3º e 4). rá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.

• epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos
havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de
• falsificação, corrupção, adulteração ou alteração instrução e julgamento poderão ser gravados em fita mag-
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. nética ou equivalente.
273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B).
A citação será pessoal e será realizada no próprio Juiza-
• favorecimento da prostituição ou de outra forma de do, sempre que possível, ou por mandado.
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerá-
vel (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

Consideram-se também hediondos o crime de genocídio FIQUE ATENTO!


previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/1956, e o de posse Não encontrado o acusado para ser citado, o
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo
art. 16 da Lei no 10.826/2003, todos tentados ou consumados. comum para adoção do procedimento previsto
em lei.
Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetí-
veis de anistia, graça e indulto, e fiança. A pena será cumpri-
da inicialmente em regime fechado. A intimação será feita por correspondência, com aviso
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica
A progressão de regime, no caso dos condenados aos cri- ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da
mes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sen-
2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de do necessário, por oficial de justiça, independentemente
3/5 (três quintos), se reincidente. de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer
meio idôneo de comunicação.
Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá funda- PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
mentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Dos atos praticados em audiência serão considerados
desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n o

7.960/1989, nos crimes hediondos, a prática da tortura, o


Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo,
citação do acusado, deve conter a necessidade de seu com-
terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período
parecimento acompanhado de advogado, com a advertên-
em caso de extrema e comprovada necessidade.
cia de que, na sua falta, será designado defensor público.
A União manterá estabelecimentos penais, de segurança
máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a A autoridade policial que tomar conhecimento da ocor-
condenados de alta periculosidade, cuja permanência em rência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumida- imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
de pública. providenciando-se as requisições dos exames periciais ne-
cessários.
Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais
pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8072.htm.

23
Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for ime- Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o
diatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compro- Juiz poderá reduzi-la até a metade.
misso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagran-
te, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o Não se admitirá a proposta de transação penal se ficar
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afasta- comprovado:
mento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
• ter sido o autor da infração condenado, pela prática
Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença defi-
possível a realização imediata da audiência preliminar, será nitiva.
designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
• ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou
a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do multa, nos termos deste artigo.
responsável civil.
• não indicarem os antecedentes, a conduta social e
Na audiência preliminar, presente o representante do Mi- a personalidade do agente, bem como os motivos e as cir-
nistério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o cunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor,
da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não será submetida à apreciação do Juiz.
privativa de liberdade.
Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo
A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direi-
sob sua orientação. tos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
registrada apenas para impedir novamente o mesmo bene-
Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na fício no prazo de cinco anos. Desta decisão caberá recurso
forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Di- de apelação.
reito, excluídos os que exerçam funções na administração da
Justiça Criminal.

FIQUE ATENTO!
A imposição da sanção de pena restritiva de
FIQUE ATENTO! direitos ou multa não constará de certidão
A composição dos danos civis será reduzida de antecedentes criminais, salvo para os fins
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante previstos no mesmo dispositivo, e não terá
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser efeitos civis, cabendo aos interessados propor
executado no juízo civil competente. ação cabível no juízo cível.
Não obtida a composição dos danos civis, será
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade
de exercer o direito de representação verbal, que
será reduzida a termo.
Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver
aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela
não ocorrência da representação, o Ministério Público ofe-
FIQUE ATENTO! recerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver ne-
cessidade de diligências imprescindíveis.
Tratando-se de ação penal de iniciativa privada
ou de ação penal pública condicionada à
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada


representação, o acordo homologado acarreta a com base no termo de ocorrência, ou seja, termo circuns-
renúncia ao direito de queixa ou representação.
tanciado, com dispensa do inquérito policial, será prescin-
dido do exame de corpo de delito quando a materialidade
do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equi-
valente.
O não oferecimento da representação na audiência pre-
liminar não implica decadência do direito, que poderá ser Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permi-
exercido no prazo previsto de 6 meses. tirem a formulação da denúncia, o Ministério Público pode-
rá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes.
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação
penal pública incondicionada, não sendo caso de arquiva- Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofere-
mento, o Ministério Público poderá propor a aplicação ime- cida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade
diata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especifi- e as circunstâncias do caso determinam a adoção das provi-
cada na proposta. dências necessárias para citação.

24
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e ime-
diatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão
ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.

Se o acusado não estiver presente, será citado por mandato e cientificado da data da audiência de instrução e julga-
mento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes
de sua realização.

Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados por correspondência para comparecerem à
audiência de instrução e julgamento. Da mesma forma, serão intimadas as testemunhas.

Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva compa-
recer.

Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a
denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-
-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
relevantes ocorridos em audiência e a sentença.

A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.

Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma com-
posta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e
seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética ou equivalente.

As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

FIQUE ATENTO!
Cabem embargos de declaração quando, em
sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição ou omissão.
Os embargos de declaração serão opostos por
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias,
contados da ciência da decisão.

Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.

Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

E, aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumprimento será feito mediante pagamento na Secretaria do Juizado.
Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, determinando que a condenação não fique constando dos
registros criminais, exceto para fins de requisição judicial.

25
Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de direitos, nos
termos previstos em lei. A execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas,
será processada perante o órgão competente, nos termos da lei.

FIQUE ATENTO!
Além das hipóteses do Código Penal e da
legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas.

Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei nº 9.099/1995, o Mi-
nistério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado
não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena.

Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o proces-
so, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

• reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.

• proibição de frequentar determinados lugares.

• proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz.

• comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação
pessoal do acusado.

FIQUE ATENTO!
Suspensão do processo:

A suspensão será revogada se: A suspensão poderá ser revogada se:


• o beneficiário vier a ser • o acusado vier a ser processado,
processado por outro crime. no curso do prazo, por contravenção.
• não efetuar, sem motivo • descumprir qualquer outra
justificado, a reparação do dano. condição imposta.

Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.


PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

26
Se o acusado não aceitar a proposta para suspensão do O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou
processo, este prosseguirá em seus ulteriores termos. anistia.

As disposições da Lei nº 9.099/1995 não se aplicam aos O condenado por crime previsto nesta Lei, iniciará o cumpri-
processos penais cuja instrução já estiver iniciada, assim mento da pena em regime fechado, salvo se o crime for de sub-
como não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. meter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em-
prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
Nos casos em que a Lei nº 9.099/1995 passa a exigir repre- ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
sentação para a propositura da ação penal pública, o ofendi- caráter preventivo.
do ou seu representante legal será intimado para oferecê-la
no prazo de trinta dias, sob pena de decadência. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não te-
nha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasilei-
Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos ra ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis
com esta Lei nº 9.099/1995. Este mesmo assunto também é estudado no tópico Direito Penal.

Cabe a Lei Estadual dispor sobre o Sistema de Juizados Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais pon-
Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e tos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.planalto.
competência. gov.br/ccivil_03/leis/l9455.htm.

Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais


pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm. LEI Nº 9.503/1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO)

Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,


LEI Nº 9.455/1997 (LEI DE TORTURA) previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código
Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispu-
ser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro
de 1995, no que couber. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão
corporal culposa o disposto na Lei do Juizado Especial, exceto se:
Constitui crime de tortura constranger alguém com em-
prego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimen- • sob a influência de álcool ou qualquer outra substância
to físico ou mental: psicoativa que determine dependência.

• com o fim de obter informação, declaração ou con- • participando, em via pública, de corrida, disputa ou
fissão da vítima ou de terceira pessoa. competição automobilística, de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
• para provocar ação ou omissão de natureza crimi- autoridade competente.
nosa.
• transitando em velocidade superior à máxima per-
• em razão de discriminação racial ou religiosa. mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por
hora).
Também constitui crime submeter alguém, sob sua guarda,
poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave amea- O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas
ça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar no Código Penal, dando especial atenção à culpabilidade do
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. agente e às circunstâncias e consequências do crime.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou su- A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
jeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultan- isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
te de medida legal.
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor,
o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de tem a duração de dois meses a cinco anos.
um a quatro anos.
Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será
Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito
pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
são é de oito a dezesseis anos.
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou empre- permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não
go público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação
da pena aplicada. penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.

27
Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, ha-
vendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá LEI Nº 11.343/2006 (LEI DE DROGAS)
o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público ou ainda mediante representação da auto-
ridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou O procedimento relativo aos processos por crimes defini-
a proibição de sua obtenção. dos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplican-
do-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo
Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar,
Penal e da Lei de Execução Penal.
ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, ca-
berá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Para os fins do disposto na lei sobre os Juizados Especiais Cri-
A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição minais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata
de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comu- de pena, a ser especificada na proposta.
nicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de
Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia ju-
o indiciado ou réu for domiciliado ou residente. diciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permis-
são ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuí- Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e es-
zo das demais sanções penais cabíveis.
tabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por peri-
mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus suces- to oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
sores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do
art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material O perito que subscrever o laudo não ficará impedido de parti-
resultante do crime. cipar da elaboração do laudo definitivo.

São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no pra-
crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: zo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de
constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
• com dano potencial para duas ou mais pessoas ou guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros
A destruição das drogas será executada pelo delegado de po-
• utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou lícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Mi-
adulteradas.
nistério Público e da autoridade sanitária.
• sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição
Habilitação.
das drogas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de
• com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- polícia, certificando-se neste a destruição total delas.
ção de categoria diferente da do veículo.
A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de
• quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máxi-
especiais com o transporte de passageiros ou de carga. mo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardan-
do-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
• utilizando veículo em que tenham sido adulterados
equipamentos ou características que afetem a sua segurança O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta)
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocida- dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quan-
de prescritos nas especificações do fabricante. do solto. Estes prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade
• sobre faixa de trânsito temporária ou permanente- de polícia judiciária.
mente destinada a pedestres.
Findos os prazos, a autoridade de polícia judiciária, re-
Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito metendo os autos do inquérito ao juízo:
de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. • relatará sumariamente as circunstâncias do fato, jus-
tificando as razões que a levaram à classificação do delito, in-
Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais dicando a quantidade e natureza da substância ou do produto
pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.pla- apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a
nalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm. ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a quali-
ficação e os antecedentes do agente.

• requererá sua devolução para a realização de dili-


gências necessárias.

28
A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a au-
complementares: diência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal
do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
• necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até
3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento. A audiência a que se refere o caput deste artigo será reali-
zada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da
• necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em seu atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 (no-
nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo com- venta) dias.
petente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e
Na audiência de instrução e julgamento, após o interroga-
julgamento. tório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a
palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Pú-
Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos blico e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo
crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por
previstos em lei, mediante autorização judicial e ou- mais 10 (dez), a critério do juiz.
vido o Ministério Público, os seguintes procedimen-
tos investigatórios: Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes
se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as per-
• a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de in- guntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
vestigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes.
Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de ime-
• não atuação policial sobre os portadores de drogas, diato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados isso lhe sejam conclusos.
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro,
com a finalidade de identificar e responsabilizar maior nú- O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mero de integrantes de operações de tráfico e distribuição, mediante representação da autoridade de polícia judiciária,
sem prejuízo da ação penal cabível. ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes,
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a
apreensão e outras medidas assecuratórias relacionadas aos
Nesta última hipótese, a autorização será concedida des-
bens móveis e imóveis ou valores consistentes em produtos
de que sejam conhecidos o itinerário provável e a identifica- dos crimes previstos nesta Lei, ou que constituam proveito
ção dos agentes do delito ou de colaboradores. auferido com sua prática.
Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Decretadas quaisquer das medidas previstas neste artigo,
Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informa- o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 (cinco) dias,
ção, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 apresente ou requeira a produção de provas acerca da ori-
(dez) dias, adotar uma das seguintes providências: gem lícita do produto, bem ou valor objeto da decisão.
• requerer o arquivamento. Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz
decidirá pela sua liberação.
• requisitar as diligências que entender necessárias.
Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o
• oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz deter-
e requerer as demais provas que entender pertinentes. minar a prática de atos necessários à conservação de bens,
direitos ou valores.
Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acu-
sado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10
A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
(dez) dias.
valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério
Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, Público, quando a sua execução imediata possa comprome-
o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões ter as investigações.
de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), ar- Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o
rolar testemunhas. perdimento do produto, bem ou valor apreendido, seques-
trado ou declarado indisponível.
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomea-
rá defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais
vista dos autos no ato de nomeação. pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm.
Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.

Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10


(dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de
diligências, exames e perícias.

29
Na inquirição de mulher em situação de violência do-
LEI Nº 11.340/2003 (LEI MARIA DA PENHA) méstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata
esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedi-
mento:

• a inquirição será feita em recinto especialmente proje-


A assistência à mulher em situação de violência domésti- tado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e
ca e familiar será prestada de forma articulada e conforme os adequados à idade da mulher em situação de violência domés-
princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assis- tica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violên-
tência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único cia sofrida.
de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públi-
cas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. • quando for o caso, a inquirição será intermediada por
profissional especializado em violência doméstica e familiar
O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher designado pela autoridade judiciária ou policial.
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de
programas assistenciais do governo federal, estadual e mu- • o depoimento será registrado em meio eletrônico ou
nicipal. magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.

O juiz assegurará à mulher em situação de violência No atendimento à mulher em situação de violência do-
doméstica e familiar, para preservar sua integridade méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre
física e psicológica: outras providências:
• garantir proteção policial, quando necessário, comuni-
• acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
cando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
blica, integrante da administração direta ou indireta.
• encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde
• manutenção do vínculo trabalhista, quando neces- e ao Instituto Médico Legal.
sário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
• fornecer transporte para a ofendida e seus dependen-
A assistência à mulher em situação de violência domés- tes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida.
tica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decor-
rentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluin- • se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar
do os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domi-
das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndro- cílio familiar.
me da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedi-
mentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violên- • informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta
cia sexual. Lei e os serviços disponíveis.

Na hipótese da iminência ou da prática de violência do- Em todos os casos de violência doméstica e familiar
méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá
tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
providências legais cabíveis. procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no
Código de Processo Penal:
É direito da mulher em situação de violência doméstica e
familiar o atendimento policial e pericial especializado, inin- • ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e to-
terrupto e prestado por servidores - preferencialmente do mar a representação a termo, se apresentada.
sexo feminino - previamente capacitados.
• colher todas as provas que servirem para o esclareci-
A inquirição de mulher em situação de violência do- mento do fato e de suas circunstâncias.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

méstica e familiar ou de testemunha de violência do-


méstica, quando se tratar de crime contra a mulher, • remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expe-
obedecerá às seguintes diretrizes: diente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a con-
cessão de medidas protetivas de urgência.
• salvaguarda da integridade física, psíquica e emo-
cional da depoente, considerada a sua condição peculiar de • determinar que se proceda ao exame de corpo de deli-
pessoa em situação de violência doméstica e familiar. to da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários.
• garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher • ouvir o agressor e as testemunhas.
em situação de violência doméstica e familiar, familiares e
testemunhas terão contato direto com investigados ou sus- • ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
peitos e pessoas a eles relacionadas. autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a exis-
tência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrên-
• não revitimização da depoente, evitando sucessivas cias policiais contra ele.
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível
e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida • remeter, no prazo legal, os autos do inquérito poli-
privada. cial ao juiz e ao Ministério Público.

30
O pedido da ofendida será tomado a termo pela au- As medidas protetivas de urgência poderão ser conce-
toridade policial e deverá conter: didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
pedido da ofendida. As medidas protetivas de urgência po-
• qualificação da ofendida e do agressor. derão ser concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério Públi-
• nome e idade dos dependentes. co, devendo este ser prontamente comunicado.

• descrição sucinta do fato e das medidas protetivas Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
solicitadas pela ofendida. criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
Serão admitidos como meios de prova os laudos ou mediante representação da autoridade policial.
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
saúde. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justi-
políticas e planos de atendimento à mulher em situação de fiquem.
violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito
da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao in-
de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendi- gresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do ad-
mento e a investigação das violências graves contra a mu- vogado constituído ou do defensor público. A ofendida não
lher. poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cí- Na apostila fizemos uma breve explicação dos principais
veis e criminais decorrentes da prática de violência domés- pontos da lei, e você acessá-la na íntegra no site: http://www.
tica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação
específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.

Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a


Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível
e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Fe-
deral e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o
julgamento e a execução das causas decorrentes da prática
de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Os atos processuais poderão realizar-se em horário no-


turno, conforme dispuserem as normas de organização ju-
diciária.

Nas ações penais públicas condicionadas à represen-


tação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a
renúncia à representação perante o juiz, em audiência es-
pecialmente designada com tal finalidade, antes do recebi-
mento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras
de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
que implique o pagamento isolado de multa.

Recebido o expediente com o pedido da ofendida,


caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-
ras:

• conhecer do expediente e do pedido e decidir so-


bre as medidas protetivas de urgência.

• determinar o encaminhamento da ofendida ao ór-


gão de assistência judiciária, quando for o caso.

• comunicar ao Ministério Público para que adote as


providências cabíveis.

31
3. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC – 2013) Em
EXERCÍCIO COMENTADO relação à classificação jurídica do crime de peculato-apro-
priação (art. 312, caput, CP), é CORRETO afirmar que se
trata de crime:

1. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC – A. Comum.


2018) NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:
B. Formal.
A. Conduta involuntária.
C. Funcional próprio.
B. Inobservância de dever objetivo de cuidado.
D. Material.
C. Previsibilidade objetiva.

D. Tipicidade.
Crime material ou simétrico ou congruente é quando o tipo
penal descreve uma conduta e o resultado naturalístico e exi-
ge para sua consumação a produção desse resultado. Além do
São elementos do crime culposo: tipicidade, conduta voluntá- crime contido nessa questão, é exemplo, também, o art. 121, do
ria, resultado naturalístico involuntário, nexo de causalidade, CP, em que o tipo exige como resultado naturalístico a morte
violação do dever objetivo de cuidado, previsibilidade objetiva da vítima.
e ausência de previsão.
GABARITO OFICIAL: D
GABARITO OFICIAL: A

2. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC


– 2018) Com relação às causas de exclusão da ilicitude, é
CORRETO afirmar:

A. Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do


muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo dia,
uma criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de
Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído. Nes-
sa situação, ainda que se tratando da defesa de um perigo
incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo restaria aco-
bertada por excludente da ilicitude.

B. No caso de legítima defesa ou estado de necessidade de


terceiros, é imprescindível a prévia autorização destes
para que a conduta do agente não seja ilícita.

C. Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia as


regras desportivas, atinge região vital de Tício, causando-
-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática, a violên-
cia não encontra amparo em nenhuma causa de exclusão
da ilicitude, devendo Caio responder pela morte causada.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

D. Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de


conduta diversa ser considerada causa supralegal de ex-
clusão de ilicitude.

Astrogildo agiu acobertado pelo exercício regular do direi-


to, causa de exclusão da ilicitude do fato, os ofendículos são
meios de defesa predispostos para a proteção do patrimônio
da propriedade e que de acordo com a doutrina mais moder-
na podem possuir duas naturezas jurídica: o exercício regular
do direito e a legítima defesa preordenada.

GABARITO OFICIAL: A

32
3. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto - FU-
HORA DE PRATICAR MARC-2018) Acerca dos princípios que limitam e infor-
mam o Direito Penal, é CORRETO afirmar:

A. a responsabilidade pela indenização do prejuízo que foi cau-


sado pelo crime imputado ao agente não pode ser estendi-
1. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FUMARC - 2018) da aos seus herdeiros sem que haja violação do princípio da
Com relação ao concurso de crimes, é CORRETO afirmar: personalidade da pena.
A. não se admite a aplicação da suspensão condicional do pro- B. conforme o princípio da culpabilidade, a responsabilidade
cesso ao crime continuado.
penal é subjetiva, pelo que nenhum resultado penalmente
relevante pode ser atribuído a quem não o tenha produzido
B. no caso hipotético em que Gioconda, ao dirigir seu automóvel
por dolo ou culpa, elementos finalisticamente localizados
de maneira imprudente, perde o controle do carro, matando
na culpabilidade.
três pessoas e lesionando gravemente outras cinco, deve ser
reconhecido o concurso formal próprio de crimes pelo qual
lhe será aplicada somente uma pena, a mais grave, aumenta- C. o princípio da insignificância funciona como causa de exclu-
da de um sexto até a metade. são da culpabilidade, sendo requisitos de sua aplicação para
o STF a ofensividade da conduta, a ausência de periculosi-
C. no concurso de crimes, a aplicação da pena de multa observa dade social da ação e a inexpressividade da lesão jurídica.
as regras pertinentes à modalidade de concurso que incide no
caso concreto. D. o princípio da legalidade, do qual decorre a reserva legal,
veda o uso dos costumes e da analogia para criar tipos pe-
D. no concurso formal, aplica-se a mais grave das penas cabíveis nais incriminadores ou agravar as infrações existentes, em-
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qual- bora permita a interpretação analógica da norma penal.
quer caso, de um sexto até a metade, ainda que os crimes con-
correntes resultem de desígnios autônomos.
4. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FUMARC -
2018) Com relação à culpabilidade e suas teorias, é INCOR-
2.(PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FUMARC - RETO afirmar:
2018) Com relação à substituição das penas privativas de li-
berdade pelas restritivas de direito, é CORRETO afirmar: A. a teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, des-
loca a análise do dolo ou da culpa para o fato típico, trans-
A. Beltrano, maior, capaz e primário, subtraiu um carneiro da formando a culpabilidade em um juízo de reprovação social
fazenda de um amigo, sendo condenado a dois anos de re- incidente sobre o fato típico e antijurídico e sobre seu autor.
clusão. No caso concreto, possuindo todas as circunstâncias
judiciais favoráveis e sendo mais benéfico ao réu, deve o juiz B. o Código Penal vigente adota a teoria limitada da culpabili-
conceder a Beltrano a suspensão condicional da pena ao in- dade, pela qual as descriminantes putativas incidentes so-
vés da substituição prevista no art. 44 do CP. bre a existência ou os limites de uma causa de justificação
sempre são consideradas erro de proibição.
B. Marreco, maior e capaz, ameaçou de morte sua companheira,
sendo processado e definitivamente condenado pelo crime C. são elementos da culpabilidade, tanto para a teoria norma-
de ameaça à pena de seis meses de detenção. Nesse caso, con- tiva quanto a limitada, a imputabilidade, a consciência po-
forme entendimento sumulado pelo STJ, tem o agente direito tencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
à substituição da pena privativa de liberdade por pena restri-
tiva de direitos, desde que não seja a de prestação pecuniária D. Segundo a teoria psicológica idealizada por Von Liszt e
ou a inominada. Beling, a imputabilidade é pressuposto da culpabilidade,
fazendo o dolo e a culpa parte de sua análise. Por sua vez, PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
C. Sinfrônio, capaz, possui condenação definitiva pela prática do as teorias normativas, seja a extremada seja a limitada, ex-
crime de invasão de dispositivo informático à pena de dois cluem o dolo e a culpa de sua apreciação.
anos de detenção. Decorridos quatro anos do cumprimento
integral da pena anterior, foi ele novamente condenado pelo
mesmo crime à pena de um ano de detenção. Mesmo sendo o
agente reincidente, se socialmente recomendável, conforme 5. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
previsto no §3º do art. 44 do Código Penal, pode o juiz substi- - 2018) Com relação ao iter criminis, é CORRETO afirmar:
tuir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A. no crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de exe-
D. Tício, capaz e devidamente habilitado, após ingerir substância cução é integralmente realizado pelo agente e o resultado é
entorpecente, assustou-se ao desviar o veículo que dirigia de atingido.
um buraco na pista, perdendo o controle do automóvel e vin-
do a causar a morte de uma criança. Pelo resultado praticado, B. não existe desistência voluntária no caso de agente que
foi condenado por homicídio culposo, com as penas alteradas desiste de prosseguir com os atos de execução por con-
pela Lei nº 13.546/17, a seis anos de reclusão. Nessa situação, selho de seu advogado, já que ausente a voluntariedade.
Tício tem direito à substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direitos.

33
C. com relação à tentativa, o Código Penal adota, como regra, C. mãe que, a fim de cuidar do machucado de seu filho, apli-
a teoria objetiva e aplica ao agente a pena correspondente ca sobre o ferimento ácido, pensando tratar-se de pomada
ao crime consumado, reduzida de um a dois terços, con- cicatrizante, age em erro de proibição.
forme maior ou menor tenha sido a proximidade do resul-
tado almejado. D. fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata pos-
seiro que a invade, pensando estar nos limites de seu di-
D. O arrependimento posterior tem natureza jurídica de causa reito, atua em erro de proibição indireto.
de exclusão da tipicidade, desde que restituída a coisa ou re-
parado o dano nos crimes praticados sem violência ou grave
ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa.
8. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
- 2018) Sobre a ação controlada prevista na Lei 12.850/13,
é CORRETO afirmar:
6. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
- 2018) Analise os casos hipotéticos abaixo e assinale a al- A. a intervenção policial ou administrativa poderá ser pos-
ternativa CORRETA: tergada sem que exista prévia comunicação ao juízo com-
petente.
A. do alto de uma árvore, Joca atira uma fruta contra a cabeça
de Maurício. Celso, percebendo a intenção de Joca, assusta- B. consiste na imediata intervenção policial ou administra-
do e com o fim de evitar a lesão contra Maurício, empurra a tiva relativa à ação praticada no âmbito de organização
vítima com força. Na queda, Maurício acaba por quebrar o criminosa ou a esta vinculada.
braço. Nessa hipótese, tendo Celso agido de forma excessi-
va, deve responder por lesão corporal dolosa. C. mesmo que envolva a transposição de fronteiras, não ha-
verá necessidade de cooperação do país tido como prová-
B. o agente que provoca, de forma dolosa, várias lesões corpo- vel destino do investigado.
rais, de natureza grave e gravíssima contra a mesma vítima,
em um mesmo contexto fático, responde por crime conti- D. poderá ter seus limites definidos pelo juiz competente.
nuado.

C. policial Civil que, durante uma festa de casamento, confun-


de convidado com um “perigoso assaltante” foragido e, ime- 9. (PC-SP - Escrivão de Polícia – VUNESP - 2018) Consi-
diatamente, dá voz de prisão ao indivíduo que, assustado, dere a seguinte situação hipotética: “A” recebe autorização
corre do policial, fazendo com que este efetue disparos de
da Prefeitura Municipal de São Paulo para grafitar um pré-
arma de fogo que atingem mortalmente o convidado pelas
dio de sua propriedade e, durante a execução do trabalho,
costas, segundo a teoria limitada da culpabilidade, atua em
amplia seu grafite e consta, propositalmente, sua mani-
descriminante putativa derivada de erro de tipo permissivo.
festação artística nos muros de um monumento tombado
em virtude do seu valor histórico. Diante dessa situação, é
D. semprônio entra em luta corporal contra Beltrano, seu desa-
feto e, após provocar-lhe vários ferimentos, resolve matá-lo, correto afirmar que:
desferindo contra ele dois disparos de arma de fogo que não
atingem a vítima. Preso em flagrante, Semprônio responde- A. “A” não cometeu crime ou contravenção penal, pois a Lei
rá por lesão corporal, tentativa de homicídio e disparo de n° 9.605/1998 (Lei do meio Ambiente) proíbe a pichação e
arma de fogo, em concurso material de crimes. não a grafitagem.

B. “A” cometeu uma contravenção penal prevista na Lei n°


9.605/1998 (Lei do Meio Ambiente), podendo ser apenado
7. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC com multa.
- 2018) Com relação ao erro no Direito Penal, é CORRE-
TO afirmar: C. “A” não cometeu crime, pois estava autorizado pela Pre-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

feitura Municipal, porém deverá apagar o grafite do mo-


A. quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, numento.
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime D. “A” cometeu um crime da Lei n° 9.605/1998 (Lei do Meio
contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que Ambiente), podendo ser apenado com reclusão.
almejava. No caso de ser também atingida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do concurso E. “A” cometeu um crime da Lei n° 9.605/1998 (Lei do Meio
formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio Ambiente), podendo ser apenado com detenção e multa.
criminis.

B. o agente que, objetivando determinado resultado, termina


atingindo resultado diverso do pretendido, responde pelo
resultado diverso do pretendido somente por culpa, se for
previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o
resultado almejado e também resultado diverso do pre-
tendido, responderá pela regra do concurso formal, res-
tando configurada a aberratio causae.

34
10. (PC-PI - Agente de Polícia Civil – NUCEPE - 2018) 13. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
NÃO se constitui abuso de autoridade: - 2011) Para determinação da competência, no âmbito do
juizado especial criminal, adota-se:
A. ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi-
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. A. a teoria do resultado.

B. submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a B. a teoria da ubiquidade.


constrangimento não autorizado em lei.
C. a teoria da atividade.
C. a inviolabilidade do domicílio, quando existir ordem judicial.
D. a teoria da uniformidade.
D. deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente, a
prisão ou detenção de qualquer pessoa.

E. deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção 14. (TJ-MT - Analista Judiciário – UFMT - 2016) Confor-
ilegal que lhe seja comunicada. me disposto na Lei n.º 9.099/1995 sobre a resposta do réu,
assinale a afirmativa INCORRETA:

A. é lícito ao réu, na reconvenção, formular pedidos em seu


11. (PC-PI - Delegado da Polícia Civil – NUCEPE - 2018) favor, fundados nos mesmos fatos objetos da controvérsia.
Com relação às medidas de segurança, marque a alternati-
va INCORRETA: B. é lícito ao réu, na contestação oral ou escrita, abordar toda
a matéria de defesa.
A. as medidas de segurança podem ser detentivas (internação)
ou restritivas (tratamento ambulatorial). E conforme enten- C. ao autor da ação é facultada a resposta do pedido do réu
dimento do STF, a melhora do quadro psiquiátrico e clínico na própria audiência.
do paciente autoriza o juízo de execução ou juiz que senten-
ciou a determinar procedimento de desinternação progres- D. ao réu é vedada a arguição de suspeição ou impedimento
siva em regime de semi-internação. do juiz na contestação, devendo confeccionar peça espe-
cífica.
B. O inimputável que comete uma conduta típica e ilícita deve
ser absolvido.

C. o semi-imputável que pratica uma conduta típica, ilícita e LEI 11.343/2006 (LEI DE DROGAS)
culpável deve ser condenado.
15. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
D. as medidas de segurança são de internação em hospital de - 2018) Considerando exclusivamente o disposto na Lei
custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro esta- nº 11.343/06 acerca do procedimento de destruição de
belecimento adequado e de sujeição a tratamento ambula- drogas apreendidas no curso de investigações, é CORRE-
torial. Caso o fato previsto como crime seja punível com de- TO afirmar:
tenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
A. nos termos da Lei nº 11.343/06, a destruição de drogas
E. Há entendimento do STF no sentido de que a medida de se- apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será
gurança deve perdurar enquanto não haja cessado a pericu- feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
losidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo contados da data da determinação judicial.
de 30 (trinta) anos.
B. na hipótese de ocorrência de prisão em flagrante, a Lei nº
11.343/06 estabelece que a destruição das drogas apreen-
didas será executada pelo delegado de polícia competen- PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL
12. (PC-SP – Agente de Telecomunicações Policiais – VU- te, no prazo de 15 (quinze) dias, na presença do Ministério
NESP – 2018) Assinale a alternativa que, nos termos da Público e da autoridade sanitária, levando em considera-
Constituição Federal, apresenta apenas crimes inafiançáveis ção a necessária determinação judicial para a destruição.
e imprescritíveis:
C. na hipótese de ocorrência de prisão em flagrante, a Lei
A. ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem nº 11.343/06 estabelece que a destruição das drogas será
constitucional e o Estado Democrático; tortura. executada pelo delegado de polícia competente, no prazo
de 15 (quinze) dias, sem necessidade de presença do Mi-
B. hediondos; racismo. nistério Público e da autoridade sanitária, guardando-se
amostra necessária à realização do laudo definitivo.
C. terrorismo; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.
D. a destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de
D. tortura; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias, contados da data da apreen-
E. racismo; ação de grupos armados, civis ou militares, con- são, guardando-se amostra necessária à realização do lau-
tra a ordem constitucional e o Estado Democrático. do definitivo.

35
GABARITO
ANOTAÇÕES

1 B
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2 D
3 D
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4 B
———————————————————————————————————————————————————
5 C
———————————————————————————————————————————————————
6 C
———————————————————————————————————————————————————
7 D
———————————————————————————————————————————————————
8 D
9 E
———————————————————————————————————————————————————
10 C
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11 E
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12 E
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13 C
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14 A
15 A
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PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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36
ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios processuais penais. ......................................................................................................................................................01


Direitos e garantias processuais penais........................................................................................................................................02
Investigação criminal policial (artigos 4° ao 23° do CPP)............................................................................................................02
Prisão cautelar: ...............................................................................................................................................................................05
Prisão em flagrante: Tipos e espécies de flagrante. .....................................................................................................................07
Prisão preventiva. ...........................................................................................................................................................................08
Prisão temporária. ..........................................................................................................................................................................09
Teoria geral da prova penal............................................................................................................................................................09
Legislação especial: ........................................................................................................................................................................16
Lei 4.898/65 (Abuso de Autoridade). ............................................................................................................................................16
Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). .................................................................................................................16
Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos). ................................................................................................................................................16
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais). ...............................................................................................................................16
Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)..........................................................................................................................................................16
Lei. 9.503/ 97 (Código de Trânsito). ..............................................................................................................................................16
Lei 11.343/06 (Lei de drogas).........................................................................................................................................................16
Lei 11.340/03 (Lei Maria da Penha). .............................................................................................................................................16
Hora de Praticar ..............................................................................................................................................................................18
ção de 1988, existiam os chamados processos judicialiformes
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS em que o magistrado, mediante portaria, dava início à ação
penal para apurar contravenções penais (art. 26 do CPP) e
crimes de homicídio ou lesão corporal culposa (art. 1º da
Lei n. 4.611/65). É evidente que esses dispositivos não foram
recepcionados pela Constituição, posto que o art. 129, I, da
O processo penal é regido por constitucionais e proces- Constituição Federal conferiu ao Ministério Público a titula-
suais. ridade exclusiva para a iniciativa da ação nos crimes de ação
pública. Nos crimes de ação privada exclusiva não existe pre-
Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, da CF), não visão específica no texto constitucional, mas é evidente que
há privação de liberdade ou perda de bens sem o devido pro- o juiz não pode dar início à ação neste tipo de delito por ab-
cesso legal.
soluta falta de legitimidade e interesse de agir.
Princípio do Estado ou Presunção de Inocência (art. 5º,
Princípio do Impulso Oficial ou Ativação da Causa, ape-
LVII, da CF), ninguém será declarado culpado, e não, que todos
sar de a iniciativa da ação ser do Ministério Público ou do
se presumem inocentes antes do trânsito em julgado da sen-
ofendido, não é necessário que, ao término de cada fase pro-
tença penal condenatória.
cessual, requeiram que se passe à próxima. Pelo princípio do
Princípio da Bilateralidade da Audiência ou Contraditório impulso oficial deve o juiz, de ofício, determinar que se passe
e Ampla Defesa (CF, art. 5º, V, da CF), supõe conhecimento dos à fase seguinte.
atos processuais pelo acusado e seu direito de resposta e de
reação. Princípio da Identidade Física do Juiz, segundo o art. 399,
§ 2º, do Código de Processo Penal, o juiz que presidir a au-
Princípio da Verdade Real, o processo penal busca desven- diência deverá proferir a sentença. Tal dispositivo é de óbvia
dar como os fatos efetivamente se passaram, não admitindo relevância já que as impressões daquele que colheu pessoal-
ficções e presunções processuais, diferentemente do que ocor- mente a prova são relevantíssimas no processo decisório.
re no processo civil. Como o Código de Processo Penal não disciplina o tema,
aplica-se, por analogia, o disposto no art. 132 do Código de
Princípio da Oralidade consagra a preponderância da lin- Processo Civil: “o juiz, titular ou substituto, que concluir a au-
guagem falada sobre a escrita em relação aos atos destinados diência, julgará a lide (...)”.
a formar o convencimento do juiz. Decorre desse princípio a
opção pela qual os depoimentos de testemunhas são prestados Proibição das Provas Ilícitas (art. 5º, LVI, da CF), versa so-
oralmente, salvo em casos excepcionais, em que a forma escri- bre a inadmissibilidade das provas obtidas mediante prática
ta é expressamente admitida. de algum ilícito penal, civil ou administrativo.

Princípio da Publicidade (art. 5º, LX, e art. 93, IX, da CF), Princípio “Favor Rei”, significa que, na dúvida, o juiz deve
poder ser geral ou especial, ou seja, para todo ou para as partes optar pela solução mais favorável ao acusado (in dubio pro
de um determinado processo. reo). Dessa forma, havendo duas interpretações acerca de
determinado tema, deve-se optar pela mais benéfica. Se a
Princípio da Obrigatoriedade, o promotor não pode transi- prova colhida gerar dúvida quanto à autoria, o réu deve ser
gir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, absolvido.
de acordo com sua própria apreciação dos elementos de prova,
pois a ele cabe formar a opinio delicti, que há indícios suficien- Princípio do Promotor Natural é o princípio decorrente
tes de autoria e materialidade de crime que se apura median- da interpretação de que a garantia contida no art. 5º, LIII,

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


te ação pública, estará obrigado a oferecer denúncia, salvo se da CF, de “ninguém será processado nem sentenciado senão
houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hi- pela autoridade competente” consagra não apenas o princí-
pótese em que deverá requerer o reconhecimento da extinção pio do juiz natural, mas, também, o direito de toda pessoa
da punibilidade e, por consequência, o arquivamento do feito. ser acusada por um órgão estatal imparcial, cujas atribuições
tenham sido previamente definidas pela lei. Desse modo, há
Princípio da Oficialidade (art. 129, I, da CF), o Ministério violação do devido processo legal na hipótese de alteração
Púbico Militar é o exclusivo dono da ação penal militar, que é casuística de critérios prefixados de atribuição. Veda-se, por-
sempre pública incondicionada, ressalvada a possibilidade da tanto, que chefe da instituição designe membros para atuar
ação privada subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF). em casos específicos.

Princípio da Indisponibilidade do Processo, nos termos do Princípio da Razoável Duração do Processo e Garantia
art. 42, do CPP, o Ministério Público não pode desistir da ação da Celeridade Processual (EC nº 45, da CF), objetivo a ser
por ele proposta. Tampouco pode desistir de recurso que tenha alcançado. Assegura às partes o direito de obter provimento
interposto (art. 576, do CPP). jurisdicional em prazo razoável e de dispor de meios que ga-
rantam a celeridade da tramitação do processo. O processo é
Princípio do Juiz Natural ou Constitucional (art. 5º, XXXVII, instrumento para aplicação efetiva do direito material, razão
da CF), não haverá juízo ou tribunal de exceção. pela qual sua existência não pode se eternizar ou ser dema-
siado longa, sob pena de esvaziamento de sua finalidade.
Princípio da Iniciativa das Partes e o Impulso Oficial (CPP, Como consequência desse princípio, o juiz pode de indeferir
art. 251, do CPP), o juiz não pode dar início ao processo sem a as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou prote-
provocação da parte legítima. Neste sentido, o juiz não pode latórias (art. 400, § 1º, do CPP).
dar início à ação penal. Antes da promulgação da Constitui-

1
Princípio da Imparcialidade do Juiz é um princípio que
não existe artigo expresso na constituição dizendo que o juiz DIREITOS E GARANTIAS PROCESSUAIS
deve ser imparcial, pois a própria função de magistrado tem, PENAIS
na imparcialidade, a sua essência, a sua razão de existir. O
que se encontra no texto constitucional são garantias aos
juízes para lhes assegurar a imparcialidade, ou seja, vitalicie- O processo penal observa, além de princípios outros
dade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios, como dispositivos contidos nos incisos do art. 5º da Constituição
descrito no art. 95, caput, da CF, assim como a vedação a juí- Federal, como assegurar a liberdade de locomoção dentro
zes e tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da CF). do território nacional (inciso XV), dispor acerca da perso-
nalização da pena (inciso XLV), cuidar do princípio do con-
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição também não está traditório e da ampla defesa, assim como da presunção da
descrito de forma expressa na Constituição, mas é facilmen- inocência (inciso LV e LVII, respectivamente), no sentido de
te percebido, posto que a competência recursal dos diversos que “Ninguém será preso senão em flagrante delito, ou por
órgãos do Poder Judiciário está contida nos arts. 102, II e III; ordem escrita e fundamentada da autoridade competente...”.
105, II e III; 108, II, e 125, § 1º, da CF. Por este princípio as
partes têm direito a uma nova apreciação, total ou parcial, da Acrescenta do art. 5º, da CF, o inciso LXV, traz que “a pri-
causa, por órgão superior do Poder Judiciário. são ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judi-
ciária”, o inciso LXVI, que estabelece que ninguém será leva-
Princípio da Oportunidade ou da Conveniência significa do à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade
que, ainda que haja provas cabais contra os autores da in- provisória, com ou sem o pagamento de fiança. O inciso LX-
fração penal, pode o ofendido preferir não os processar. Na VII, que não haverá prisão civil por dívida, exceto a do res-
ação privada, o ofendido ou seu representante legal decide, ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
de acordo com seu livre-arbítrio, se vai ou não ingressar com obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
a ação penal.
Inclui o inciso LXVIII, onde prescreve que será concedido
Princípio da Intranscendência (art. 5º, XLV, da CF) signi- habeas corpus sempre que alguém sofrer ou julgar-se amea-
fica que a pena não pode passar da pessoa do condenado, çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do moção, por ilegalidade ou abuso de poder. E ainda o inciso
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos LXXV, que o Estado indenizará toda a pessoa condenada por
sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do erro judiciário, bem como aquela que ficar presa além do
patrimônio transferido. tempo fixado na sentença.
Princípio da Correlação impede que o juiz, ao proferir
sentença, extrapole os limites da acusação. Trata-se da veda-
ção ao julgamento extra petita, ou seja, ao sentenciar a ação, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL POLICIAL
deve ater-se ao fato descrito na denúncia ou queixa, não po- (ARTIGOS 4° AO 23°, DO CPP)
dendo extrapolar seus limites.

Princípio Contra a Autoincriminação significa que o Po- A polícia judiciária é exercida pelas autoridades policiais,
der Público não pode constranger o indiciado ou acusado a delegados de polícia civil e delegados de polícia federal, no
cooperar na investigação penal ou a produzir provas contra território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a
si próprias. É evidente que o indiciado ou réu não estão proi- apuração das infrações penais e da sua autoria. Esta compe-
bidos de confessar o crime ou de apresentar provas que pos- tência não exclui a de autoridades administrativas, a quem
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sam incriminá-los. Eles apenas não podem ser obrigados a por lei seja cometida a mesma função.
fazê-lo e, da recusa, não podem ser extraídas consequências
negativas no campo da convicção do juiz. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será ini-
ciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade judi-
Princípio da Motivação das Decisões Judiciais É evidente ciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofen-
que em um Estado de Direito os juízes devem expor as ra- dido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
zões de fato e de direito que os levaram a determinada de-
cisão. O texto constitucional é claro em salientar a nulidade O requerimento a que se refere do ofendido ou de quem
da sentença cuja fundamentação seja deficiente.Tal defi- tiver qualidade para representar a vítima, deve conter, sem-
ciência é nítida quando o juiz utiliza argumentos genéricos, pre que possível, a narração do fato, com todas as circuns-
sem apontar nos autos as provas específicas que o levaram à tâncias, além da individualização do indiciado ou seus sinais
absolvição ou condenação ou ao reconhecimento de qual- característicos e as razões de convicção ou de presunção de
quer circunstância que interfira na pena. Não pode o juiz se ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade
limitar a dizer, por exemplo, que a prova é robusta e, por isso, de fazê-lo. E também, se possível, a nomeação das testemu-
embasa a condenação. Deve apontar especificamente na nhas, com indicação de sua profissão e residência.
sentença quais são e em que consistem estas provas.
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo que
tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, co-
municá-la à autoridade policial, e esta, verificada a proce-
dência das informações, mandará instaurar inquérito.

2
Nos crimes em que a ação pública depender de repre- Havendo prisão em flagrante, deverá observar que, apre-
sentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado sem a sentado o preso à autoridade competente, esta ouvirá o con-
representação. dutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial so- procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é
tenha qualidade para intentá-la. feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas,
lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
Cabe Agravo de Instrumento contra despacho que inde-
ferir o requerimento de abertura de inquérito. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto
A autoridade policial deverá, logo que tiver conhecimen- no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá
to da prática da infração penal: nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competen-
te. E se não o for competente, enviará os autos à autoridade
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se que o seja. A falta de testemunhas da infração não impedirá
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condu-
peritos criminais. tor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
• apreender os objetos que tiverem relação com o
fato, após liberados pelos peritos criminais. Observe que quando o acusado se recusar a assinar, não
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante
• colher todas as provas que servirem para o esclare- será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
cimento do fato e suas circunstâncias leitura na presença deste.
• ouvir o ofendido. Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá cons-
tar a informação sobre a existência de filhos, respectivas ida-
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- des e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
cável, do disposto sobre o interrogatório do acusado, deven- de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
do o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas pela pessoa presa.
que lhe tenham ouvido a leitura.
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
acareações.
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha
de antecedentes deve ter ressalvas. O art. 5º, LVIII, da CF, pas- No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante reci-
sou a estabelecer que o civilmente identificado não será sub- bo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo
metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
em lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo civil-
mente identificado, preso em flagrante, indiciado ou mesmo Quando o fato for praticado em presença da autoridade,

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


denunciado, do constrangimento de se submeter às formali- ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do
dades de identificação criminal - fotográfica e datiloscópica - auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que
consideradas por muitas vexatórias, principalmente quando fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
documentadas pelos órgãos da imprensa. assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar co-
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto nhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que
de vista individual, familiar e social, sua condição econômi- houver presidido o auto.
ca, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
para a apreciação do seu temperamento e caráter depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.

• colher informações sobre a existência de filhos, res- Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e cessado, reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade.
o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.

O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos fatos,


que para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial pode-
rá usar esse recurso, desde que esta não contrarie a moralida-
de ou a ordem pública.

3
• o nome da autoridade requisitante.
FIQUE ATENTO!
O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, • o número do inquérito policial.
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o • a identificação da unidade de polícia judiciária res-
prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se ponsável pela investigação.
executar a ordem de prisão.
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes rela-
O inquérito deverá terminar no prazo de 30 dias,
cionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Pú-
quando estiver solto, mediante fiança ou sem
blico ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
ela.
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem ime-
diatamente os meios técnicos adequados, como sinais, infor-
mações e outros, que permitam a localização da vítima ou
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará minu- dos suspeitos do delito em curso.
cioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao
juiz competente. Neste relatório autoridade pode indicar tes- Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacionados
temunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação judicial no
lugar onde possam ser encontradas. prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisita-
rá às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado es- e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
tiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução técnicos adequados, como sinais, informações e outros, que
dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
no prazo marcado pelo juiz. Há hipóteses em que, para dar em curso, com imediata comunicação ao juiz.
início à ação penal, o Ministério Público pode requer dili-
gências, por meio da autoridade judiciária, para a autoridade Para os efeitos acima exposto, sinal significa posiciona-
policial em prazo por aquele fixando. mento da estação de cobertura, setorização e intensidade de
radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que in-
teressarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
de qualquer natureza, que dependerá de autorização judi-
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, cial, conforme disposto em lei
sempre que servir de base a uma ou outra.
• deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Incumbirá ainda à autoridade policial: móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, re-
novável por uma única vez, por igual período
• fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos. • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
cessária a apresentação de ordem judicial.
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público.
FIQUE ATENTO!
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas au- Ainda nesta hipótese, prevenção e repressão
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

toridades judiciárias. dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas


o inquérito policial deverá ser instaurado no
• representar acerca da prisão preventiva. prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas,
contado do registro da respectiva ocorrência
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárcere policial.
privado, 149, redução a condição análoga de escravo, 149-A,
tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão mediante a
restrição da liberdade da vítima, sendo esta condição neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, e no art. 159,
extorsão mediante sequestro, tudo do CP, e ainda no art. 239, O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado po-
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança derão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
e do Adolescente, promover ou auxiliar a efetivação de ato não, a juízo da autoridade policial.
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
com inobservância das formalidades legais ou com o objeti- Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
vo de obter lucro, o membro do Ministério Público ou o de- pela autoridade policial.
legado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e qua-
tro) horas e conterá: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
de inquérito.

4
Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela Observe que ressalvados os casos de urgência ou de pe-
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a rigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de medida cautelar, deverá determinar a intimação da parte
outras provas tiver notícia. contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das pe-
ças necessárias, permanecendo os autos em juízo. E, no caso
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguar- juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Pú-
darão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, blico, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir
ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante tras- a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
lado. decretar a prisão preventiva.

A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem
Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justi-
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anota- fiquem.
ções referentes a instauração de inquérito contra os reque-
rentes. A prisão preventiva será determinada quando não for ca-
bível a sua substituição por outra medida cautelar.
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
de despacho nos autos e somente será permitida quando o É importante destacar que ninguém poderá ser preso se-
interesse da sociedade ou a conveniência da investigação não em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamenta-
o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21, e seu parágrafo da da autoridade judiciária competente, em decorrência de
único, do CPP, apesar de não ter sido revogado expressamen- sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
te, torna-se inaplicável em razão do disposto no art. 136, § 3º, da investigação ou do processo, em virtude de prisão tempo-
IV, da CF, que veda a incomunicabilidade, até mesmo quando rária ou prisão preventiva.
decretado o estado de defesa.
As medidas cautelares não se aplicam à infração a que
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada
de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício pena privativa de liberdade.
em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja proce-
dendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, inde- A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qual-
pendentemente de precatórias ou requisições, e bem assim quer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilida-
providenciará, até que compareça a autoridade competente, de do domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF, garante que a
sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra cir- casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
cunscrição. penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, du-
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz compe- rante o dia, por determinação judicial.
tente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi-
cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando Não será permitido o emprego de força, salvo a indispen-
o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à sável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
infração penal e à pessoa do indiciado.
A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respecti-
vo mandado. O mandado de prisão:

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4.5.4 PRISÃO CAUTELAR • será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade.

• designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu


nome, alcunha ou sinais característicos.
As medidas cautelares deverão ser aplicadas observando-
-se a: • mencionará a infração penal que motivar a prisão.

• necessidade para aplicação da lei penal, para a in- • declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian-
vestigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamen- çável a infração.
te previstos, para evitar a prática de infrações penais.
• será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
• adequação da medida à gravidade do crime, cir- execução.
cunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado. O mandado será passado em duplicata, e o executor en-
tregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares
As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega
cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de ofício deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar,
ou a requerimento das partes ou, quando no curso da inves- não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado
tigação criminal, por representação da autoridade policial ou em declaração, assinada por duas testemunhas.
mediante requerimento do Ministério Público.

5
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do man- Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu,
dado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será ime- quando:
diatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o man-
dado. • tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup-
ção, embora depois o tenha perdido de vista
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibi-
do o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem • sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual dire-
a guia expedida pela autoridade competente, devendo ser ção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia
e hora. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões
mandado, se este for o documento exibido. para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da le-
galidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custó-
Quando o acusado estiver no território nacional, fora da dia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão,
devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. A prisão em virtude de mandado será feita desde que o
executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o manda-
do e o intime a acompanhá-lo.
Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o
Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à
motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. prisão em flagrante ou à determinada por autoridade compe-
tente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar
A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as pre- dos meios necessários para defender-se ou para vencer a re-
cauções necessárias para averiguar a autenticidade da co- sistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por
municação. duas testemunhas.
O juiz processante deverá providenciar a remoção do
preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efe-
tivação da medida. FIQUE ATENTO!
É vedado o uso de algemas em mulheres
O juiz competente providenciará o imediato registro do grávidas durante os atos médico-hospitalares
mandado de prisão em banco de dados mantido pelo Con- preparatórios para a realização do parto e
selho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qualquer durante o trabalho de parto, bem como em
agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mulheres durante o período de puerpério
mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Jus- imediato.
tiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o
expediu. E, ainda que sem registro no Conselho Nacional de
Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar
a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a Se o executor do mandado verificar, com segurança, que
decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será
do mandado. intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for
obedecido imediatamente, o executor convocará duas tes-
A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do lo- temunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

cal de cumprimento da medida o qual providenciará a cer- as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da inti-
tidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e mação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as
informará ao juízo que a decretou. saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão. O morador que se re-
O preso será informado de seus direitos, constantes no cusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presen-
ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer calado, ça da autoridade, para que se proceda contra ele como for de
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advoga- direito. No mesmo sentido, este procedimento é adotado em
do, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, casas de prisão em flagrante
será comunicado à Defensoria Pública.
Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposi-
Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimi- ção da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes
de condenação definitiva:
dade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso,
com fundadas razões, poderão pôr em custódia o réu, até
• os ministros de Estado.
que fique esclarecida a dúvida.
• os governadores ou interventores de Estados e Terri-
Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro tórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretá-
município ou comarca, o executor poderá efetuar a prisão rios, os prefeitos municipais, os vereadores e chefes de Polícia.
no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à
autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto • os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
de flagrante, providenciará para a remoção do preso. de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos
Estados.

6
• os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”.
PRISÃO EM FLAGRANTE: TIPOS E ESPÉCIES
• os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Es- DE FLAGRANTE
tados, do Distrito Federal e dos Territórios.

• os magistrados.
Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
• os diplomados por qualquer das faculdades supe- agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
riores da República. flagrante delito.

• os ministros de confissão religiosa. Considera-se em flagrante delito quem:

• os ministros do Tribunal de Contas. • está cometendo a infração penal.

• os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a • acaba de cometê-la.


função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo
de incapacidade para o exercício daquela função. • é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen-
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
• os delegados de polícia e os guardas-civis dos Esta- ser autor da infração.
dos e Territórios, ativos ou inativos.
• é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
A prisão especial consiste exclusivamente no recolhi- mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
mento em local distinto da prisão comum. infração.

Não havendo estabelecimento específico para o preso Nas infrações permanentes, entende-se o agente em fla-
especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo esta- grante delito enquanto não cessar a permanência.
belecimento. A cela especial poderá consistir em alojamento
coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá o
pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condi- condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a
cionamento térmico adequado à existência humana. O preso este a cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em segui-
especial não será transportado juntamente com o preso co- da, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanha-
mum. Os demais direitos e deveres do preso especial serão os rem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que
mesmos do preso comum. lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assi-
naturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
Para o cumprimento de mandado expedido pela autori-
dade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto
fielmente reproduzido o teor do mandado original. no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá
nos atos do inquérito ou processo, se para isso for compe-
tente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado
judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela
A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções ne-
de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, de-
cessárias para averiguar a autenticidade desta.
verão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam teste-

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


munhado a apresentação do preso à autoridade.
As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das
que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou
lei de execução penal. não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assina-
do por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na
O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos presença deste.
procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição
a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autorida- Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá cons-
des competentes. tar a informação sobre a existência de filhos, respectivas ida-
des e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pes-


soa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de pres-
tado o compromisso legal.

A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre


serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.

7
FIQUE ATENTO! PRISÃO PREVENTIVA
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
da prisão, será encaminhado ao juiz competente
o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado Em qualquer fase da investigação policial ou do proces-
não informe o nome de seu advogado, cópia so penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de
integral para a Defensoria Pública. ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Mi-
nistério Público, do querelante ou do assistente, ou por re-
presentação da autoridade policial.

A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia


No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue ao da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela auto- da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
ridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das penal, quando houver prova da existência do crime e indí-
testemunhas. cio suficiente de autoria. A prisão preventiva também poderá
ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
Quando o fato for praticado em presença da autoridade, obrigações impostas por força de outras medidas cautelares
ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do
auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que Será admitida a decretação da prisão preventiva:
fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e • nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar co- liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
nhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que
houver presidido o auto. • se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado, ressalvada a circunstância
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetua- atenuante de pena de ser o agente menor de 21 (vinte e um),
do a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
próximo. sentença.
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, de- • se o crime envolver violência doméstica e familiar
pois de lavrado o auto de prisão em flagrante. contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou
pessoa com deficiência, para garantir a execução das medi-
Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá das protetivas de urgência.
fundamentadamente:
Também será admitida a prisão preventiva quando hou-
• relaxar a prisão ilegal; ou ver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, deven-
• converter a prisão em flagrante em preventiva, do o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
quando for por garantia da ordem pública, da ordem econô- identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manu-
mica, por conveniência da instrução criminal, ou para asse- tenção da medida.
gurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da exis-
tência do crime e indício suficiente de autoria, e se revelarem A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
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o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agen-


da prisão; ou te praticado na condição de estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
• conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. regular de direito. A decisão que decretar, substituir ou dene-
gar a prisão preventiva será sempre motivada.

O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do


FIQUE ATENTO! processo verificar a falta de motivo para que subsista, bem
Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justi-
flagrante, que o agente praticou o fato nas fiquem.
condições de estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento de dever legal
ou no exercício regular de direito, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais,
sob pena de revogação.

8
Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de
PRISÃO TEMPORÁRIA prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indicia-
do e servirá como nota de culpa. A prisão somente poderá ser
executada depois da expedição de mandado judicial.

Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso


A prisão temporária é regida pela Lei nº 7.960, de 21 de dos direitos previstos na Constituição Federal, entre os quais
dezembro de 1989. Cabe, portanto, prisão temporária: o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistên-
cia da família e de advogado, caso o autuado não informe o
• quando imprescindível para as investigações do in- nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pú-
quérito policial. blica.

• quando o indicado não tiver residência fixa ou não Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso de-
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua verá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver
identidade. sido decretada sua prisão preventiva.

• quando houver fundadas razões, de acordo com Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoria-
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou mente, separados dos demais detentos.
participação do indiciado nos seguintes crimes:
Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
a) homicídio doloso; plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judi-
ciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos
b) sequestro ou cárcere privado; de prisão temporária.
c) roubo;
TEORIA GERAL DA PROVA PENAL
d) extorsão;

e) extorsão mediante sequestro; Sobre as provas no processo penal, devemos compreen-


der, de início, que o juiz formará sua convicção pela livre
f) estupro; apreciação da prova produzida em contraditório judicial,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
g) epidemia com resultado de morte;
nos elementos informativos colhidos na investigação, res-
h) envenenamento de água potável ou substância alimen- salvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
tícia ou medicinal qualificado pela morte; Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil.
i) quadrilha ou bando, hoje, associação para o crime, do
Código Penal; A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, po-
rém, facultado ao juiz de ofício:
j) genocídio, em qualquer de suas formas típicas;
• ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
k) tráfico de drogas; produção antecipada de provas consideradas urgentes e re-

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


levantes, observando a necessidade, adequação e proporcio-
l) crimes contra o sistema financeiro. nalidade da medida.
m) crimes previstos na Lei de Terrorismo. • determinar, no curso da instrução, ou antes de pro-
ferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da re-
sobre ponto relevante.
presentação da autoridade policial ou de requerimento do Mi-
nistério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do pro-
cesso, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em vio-
E, na hipótese de representação da autoridade policial, o lação a normas constitucionais ou legais. São também inad-
Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. missíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte in-
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e dependente das primeiras. Considera-se fonte independente
quatro) horas, contadas a partir do recebimento da represen- aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
tação ou do requerimento. próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz
de conduzir ao fato objeto da prova.
O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apre- Preclusa a decisão de desentranhamento da prova decla-
sentado, solicitar informações e esclarecimentos da autori- rada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial,
dade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
facultado às partes acompanhar o incidente.

9
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o lar indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência.
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura,
supri-lo a confissão do acusado, não admite a ideia de que a ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inu-
confissão é a rainha das provas. mações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o
que tudo constará do auto.
O exame de corpo de delito e outras perícias serão rea-
lizados por perito oficial, portador de diploma de curso su- Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em
perior. que forem encontrados, bem como, na medida do possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do cri-
Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 me.
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem Para representar as lesões encontradas no cadáver, os pe-
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Os ritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas
peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fiel- fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubrica-
mente desempenhar o encargo. dos.

Durante o curso do processo judicial, é permitido às par- Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado,
tes, quanto à perícia: proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identifi-
cação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquiri-
• requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a ção de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e
prova ou para responderem a quesitos, desde que o manda- de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
do de intimação e os quesitos ou questões a serem esclare- sinais e indicações. Em qualquer caso, serão arrecadados e
cidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser
(dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo com- úteis para a identificação do cadáver.
plementar.
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por have-
• indicar assistentes técnicos que poderão apresentar rem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos suprir-lhe a falta.
em audiência.
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame peri-
Havendo requerimento das partes, o material probatório cial tiver sido incompleto, será procedido a exame comple-
que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambien- mentar por determinação da autoridade policial ou judiciá-
te do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na pre- ria, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
sença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
for impossível a sua conservação.
No exame complementar, os peritos terão presente o
Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou
uma área de conhecimento especializado, pode ser designa-
retificá-lo.
do mais de um perito oficial, e a parte poderá indicar mais de
um assistente técnico.
Para cada delito poderá haver uma perícia específica
Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão para esclarecer a conduta.
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sitos formulados. O laudo pericial será elaborado no prazo Veja que se o exame tiver por fim precisar a classificação
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em do delito de lesão corporal que incapacidade para as ocupa-
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. ções habituais, por mais de trinta dias, deverá ser feito logo
que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. A
O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
dia e a qualquer hora. testemunhal.

A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do Para o efeito de exame do local onde houver sido prati-
óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de mor- cada a infração, a autoridade providenciará imediatamente
te, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
declararão no auto. E nos casos de morte violenta, bastará o peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
simples exame externo do cadáver, quando não houver in- desenhos ou esquemas elucidativos. Os peritos registrarão,
fração penal que apurar, ou quando as lesões externas per- no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no
mitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica
de exame interno para a verificação de alguma circunstância
dos fatos.
relevante.

Em caso de exumação para exame cadavérico, a autorida- Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão mate-
de providenciará para que, em dia e hora previamente mar- rial suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre
cados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circuns- que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fo-
tanciado. O administrador de cemitério público ou particu- tográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

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Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que es-
de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, tejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Minis-
os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que tério Público e dos auxiliares bem como a presença do defen-
instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sor e a publicidade do ato.
sido o fato praticado.
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamenta-
Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas des- da, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
truídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência
Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à ava- ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
liação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que em tempo real, desde que a medida seja necessária para aten-
resultarem de diligências. der a uma das seguintes finalidades:

No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lu- • prevenir risco à segurança pública, quando exista fun-
gar em que houver começado, o perigo que dele tiver resul- dada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou
tado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento.
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessa-
rem à elucidação do fato. • viabilizar a participação do réu no referido ato pro-
cessual, quando haja relevante dificuldade para seu compa-
No exame para o reconhecimento de escritos, por com- recimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância
paração de letra, observar-se-á o seguinte: pessoal.

• a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o • impedir a influência do réu no ânimo de testemunha
escrito será intimada para o ato, se for encontrada. ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento
destas por videoconferência, na hipótese de o juiz verificar que
• para a comparação, poderão servir quaisquer docu- a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
mentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judi- constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que
cialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por vi-
autenticidade não houver dúvida. deoconferência.

• a autoridade, quando necessário, requisitará, para o • responder à gravíssima questão de ordem pública.
exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabe-
lecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí Da decisão que determinar a realização de interrogatório
não puderem ser retirados. por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 dias
de antecedência.
• quando não houver escritos para a comparação ou
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que Antes do interrogatório por videoconferência, o preso po-
derá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realiza-
a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a
ção de todos os atos da audiência única de instrução e julga-
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser
mento.
feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a
pessoa será intimada a escrever.
Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garanti-
rá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu
Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para defensor. No caso de ser realizado por videoconferência, fica
a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a também garantido o acesso a canais telefônicos reservados

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eficiência. para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o
advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este
A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o e o preso.
ato da diligência.
A sala reservada no estabelecimento prisional para a rea-
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou lização de atos processuais por sistema de videoconferência
rejeitá-lo, no todo ou em parte. será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa,
como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Ad-
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do vogados do Brasil.
exame serão remetidos ao juízo competente, onde aguarda-
rão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou Do interrogatório deverá constar a informação sobre a exis-
serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. tência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma de-
ficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a auto- cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
ridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quan-
do não for necessária ao esclarecimento da verdade. Depois de devidamente qualificado e cientificado do intei-
ro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes
O acusado que comparecer perante a autoridade judiciá- de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer cala-
ria, no curso do processo penal, será qualificado e interroga- do e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
do na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. O O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, interpretado em prejuízo da defesa.

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O interrogatório será constituído de duas partes, uma so- Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá
bre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos. no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habili-
tada a entendê-lo. Quando o interrogando não falar a língua
Sobre a pessoa do acusado, o interrogando será pergun- nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete. Se
tado sobre a residência, meios de vida ou profissão, opor- o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser
tunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida assinar, tal fato será consignado no termo.
pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma
vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório
suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
O valor da confissão será aferida pelos critérios adotados
Sobre os fatos, será perguntado sobre: para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação
o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do proces-
• ser verdadeira a acusação que lhe é feita. so, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância.
• não sendo verdadeira a acusação, se tem algum mo-
tivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pes- O silêncio do acusado não importará confissão, mas po-
soas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais derá constituir elemento para a formação do convencimento
sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou do juiz.
depois dela.
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será to-
• onde estava ao tempo em que foi cometida a infra- mada por termo nos autos, observado que, no caso de o inter-
ção e se teve notícia desta. rogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar,
tal fato será consignado no termo.
• as provas já apuradas.
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do li-
• se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas vre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em
ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar con- conjunto.
tra elas.
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e per-
• se conhece o instrumento com que foi praticada a guntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e te- presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, toman-
nha sido apreendido. do-se por termo as suas declarações. Observe que se, intima-
do para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o
• todos os demais fatos e pormenores que conduzam ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.
à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração.
O ofendido será comunicado dos atos processuais relati-
• se tem algo mais a alegar em sua defesa. vos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação
de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das par- que a mantenham ou modifiquem.
tes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as
perguntas correspondentes se o entender pertinente e rele- As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
vante. reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido,
o uso de meio eletrônico.
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Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte,


poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. Antes do início da audiência e durante a sua realização,
será reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz en-
Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos tender necessário, poderá encaminhar o ofendido para aten-
e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram dimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicosso-
para a infração, e quais sejam. cial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor
ou do Estado. O juiz tomará as providências necessárias à
Havendo mais de um acusado, serão interrogados sepa- preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do
radamente. ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justi-
ça em relação aos dados, depoimentos e outras informações
O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição
será feito pela forma seguinte: aos meios de comunicação.

• ao surdo serão apresentadas por escrito as pergun- Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob palavra
tas, que ele responderá oralmente. de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe
for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu
• ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res- estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua
pondendo-as por escrito. atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes,
ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que
• ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as cir-
escrito e do mesmo modo dará as respostas. cunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.

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O depoimento será prestado oralmente, não sendo per- rirá compromisso nos casos das testemunhas proibidas de
mitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não será vedada à depor, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. Se devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte inte-
ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz de- ressada, quiserem dar o seu testemunho, e as que não se defe-
verá proceder à verificação pelos meios ao seu alcance, po- rirá o compromisso, os doentes e os deficientes mentais e aos
dendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo. menores de 14 anos.

A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de de- Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto
por. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, re-
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, o irmão e o pai, produzindo fielmente as suas frases.
a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assi-
fato e de suas circunstâncias. nado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não sou-
ber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de fun- por ela, depois de lido na presença de ambos.
ção, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar
seu testemunho. humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoi-
Não se deferirá o compromisso sob palavra de honra, a mento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na
promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for pergun- impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu,
tado, os doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. A
anos, nem os ascendentes ou descendentes, o afim em linha adoção de qualquer das medidas previstas aqui citadas deverá
reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho constar do termo, assim como os motivos que a determinaram.
adotivo do acusado.
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de com-
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras tes-
parecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à au-
temunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz parecer
toridade policial a sua apresentação ou determinar seja con-
conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas
duzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da
se referirem. Não será computada como testemunha a pessoa
força pública.
que nada souber que interesse à decisão da causa.
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhi-
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de
ce, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos
das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Sena-
ao falso testemunho. Antes do início da audiência e durante
a sua realização, serão reservados espaços separados para a dores e Deputados Federais, os Ministros de Estado, os Go-
garantia da incomunicabilidade das testemunhas. vernadores de Estado e Territórios, os Secretários de Estado,
Governador do Distrito Federal e Prefeitos dos Municípios, os
Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que Deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros
alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a do Poder Judiciário, os Ministros e Juízes dos Tribunais de Con-
verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial tas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do
Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previa-

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para a instauração de inquérito.
mente ajustados entre eles e o Juiz.
Tendo o depoimento sido prestado em plenário de jul-
gamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência, o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Presiden-
tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação dos que- tes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supre-
sitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha mo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoi-
à autoridade policial. mento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas
partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício.
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente
à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem in- Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.
duzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou impor-
tarem na repetição de outra já respondida. Sobre os pontos Aos funcionários públicos será aplicada a expedição do
não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. O mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repar-
juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas aprecia- tição em que servirem, com indicação do dia e da hora mar-
ções pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. cados.

Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão con- A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz, será in-
traditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, quirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para
que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as
juiz fará consignar a contradita ou arguição e a resposta da partes. A expedição da precatória não suspenderá a instru-
testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe defe- ção criminal.

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Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá ser No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cau-
realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, telas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável. Se
uma vez devolvida, será junta aos autos. Observa-se que no várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento
caso da precatória há a possibilidade de a oitiva de teste- de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado,
munha ser realizada por meio de videoconferência ou ou- evitando-se qualquer comunicação entre elas.
tro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real, permitida a presença do defensor e poden- A acareação será admitida entre acusados, entre acusa-
do ser realizada, inclusive, durante a realização da audiên- do e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou tes-
cia de instrução e julgamento. temunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,
sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em ou- circunstâncias relevantes. Os acareados serão repergunta-
tro país, só serão expedidas se demonstrada previamente a dos, para que expliquem os pontos de divergências, reduzin-
sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com do-se a termo o ato de acareação.
os custos de envio.
Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divir-
jam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a co-
Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da
nhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto
carta precatória.
o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, será
expedida precatória à autoridade do lugar onde resida a tes-
Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, temunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e
será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e res- as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem,
postas. bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete
a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma
Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas oral- forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligên-
mente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão cia só se realizará quando não importe demora prejudicial ao
apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá processo e o juiz a entenda conveniente.
oralmente. E no caso de surdo-mudo as perguntas serão
formuladas por escrito e do mesmo modo ele responderá. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apre-
sentar documentos em qualquer fase do processo. Consi-
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um deram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou
ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela papéis, públicos ou particulares. À fotografia do documento,
simples omissão, às penas do não comparecimento. devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.

Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará,
tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de independentemente de requerimento de qualquer das par-
ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe tes, para sua juntada aos autos, se possível.
antecipadamente o depoimento.
A letra e firma dos documentos particulares serão sub-
Quando houver necessidade de fazer-se o reconheci- metidas a exame pericial, quando contestada a sua autenti-
mento de pessoa, deverá ser da seguinte forma: cidade.

• a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de
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convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida. sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada
• a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será pela autoridade.
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tive-
As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, só
rem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de
terão valor quando conferidas com o original, em presença
fazer o reconhecimento a apontá-la.
da autoridade.
• se houver razão para recear que a pessoa chamada Os documentos originais, juntos a processo findo, quan-
para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra do não exista motivo relevante que justifique a sua conser-
influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve vação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido
ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu,
não veja aquela, e detalhe, não terá aplicação na fase da ficando traslado nos autos.
instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Considera-se indício a circunstância conhecida e prova-
• do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme- da, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, con-
norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada cluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais.

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A busca será domiciliar ou pessoal.

Busca domiciliar Busca pessoal


prender criminosos prender criminosos
apreender coisas achadas ou obtidas por meios apreender coisas achadas ou obtidas por meios
criminosos criminosos
apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação
e objetos falsificados ou contrafeitos e objetos falsificados ou contrafeitos
apreender armas e munições, instrumentos utilizados na apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso prática de crime ou destinados a fim delituoso
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu defesa do réu

apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado
ou em seu poder, quando haja suspeita de que o ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
do fato do fato

apreender pessoas vítimas de crimes


colher qualquer elemento de convicção
colher qualquer elemento de convicção

FIQUE ATENTO!
Quando a própria autoridade policial ou
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca
domiciliar deverá ser precedida da expedição de
mandado.

A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

O mandado de busca deverá:

• indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou
morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem.

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mencionar o motivo e os fins da diligência.

• ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do
corpo de delito.

FIQUE ATENTO!
A busca pessoal será independente de mandado,
no caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de
arma proibida ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, ou quando a medida
for determinada no curso de busca domiciliar.

15
As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
morador consentir que se realizem à noite, e, antes de pene- seguimento da pessoa ou coisa, quando:
trarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado
ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em segui- • tendo conhecimento direto de sua remoção ou
da, a abrir a porta. transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a
percam de vista;
Se a própria autoridade der a busca, declarará previa-
mente sua qualidade e o objeto da diligência. • ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que
Em caso de desobediência, será arrombada a porta e for- está sendo removida ou transportada em determinada dire-
çada a entrada. Recalcitrando o morador, será permitido o ção, forem ao seu encalço.
emprego de força contra coisas existentes no interior da casa,
para o descobrimento do que se procura. Quando ausentes Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas dili-
diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente. gências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos
mandados que apresentarem, poderão exigir as provas des-
Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o sa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.
morador será intimado a mostrá-la. Descoberta a pessoa ou
coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta
sob custódia da autoridade ou de seus agentes. LEGISLAÇÃO ESPECIAL:
LEI 4.898/65 (ABUSO DE AUTORIDADE).
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns-
LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
tanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais,
lembrando que ausentes os moradores, devendo, neste caso, ADOLESCENTE).
ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se hou- LEI 8.072/90 (CRIMES HEDIONDOS).
ver e estiver presente. LEI 9.099/95 (JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS).
Também deverá observas as supracitadas regras quando LEI 9.455/97 (LEI DE TORTURA).
se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou
LEI. 9.503/ 97 (CÓDIGO DE TRÂNSITO).
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compar-
timento não aberto ao público, onde alguém exercer profis- LEI 11.343/06 (LEI DE DROGAS).
são ou atividade. LEI 11.340/03 (LEI MARIA DA PENHA).

Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os


motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofri-
"Prezado Candidato, os tópicos acima for abordados na
do a busca, se o requerer.
matéria de Programa de Noções de Direito Penal”
Em casa habitada, a busca será feita de modo que não
moleste os moradores mais do que o indispensável para o
êxito da diligência.

A busca em mulher será feita por outra mulher, se não


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importar retardamento ou prejuízo da diligência.

FIQUE ATENTO!
A autoridade ou seus agentes poderão entrar
no território de jurisdição alheia, ainda
que de outro Estado, quando, para o fim de
apreensão, forem no seguimento de pessoa ou
coisa, devendo apresentar-se à competente
autoridade local, antes da diligência ou após,
conforme a urgência desta.

16
3. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC – 2013) Em
EXERCÍCIO COMENTADO relação à prisão preventiva, é CORRETO afirmar:

A. O juiz não poderá decretá-la de ofício.

1. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC – B. O juiz não poderá decretá-la na fase inquisitorial.
2018) Sobre o ato de indiciamento realizado no âmbito de
investigação criminal conduzida por delegado de polícia, C. A conveniência da instrução criminal é um dos funda-
é CORRETO afirmar: mentos possíveis para sua decretação.

A. É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria D. Os pressupostos necessários para sua decretação são a
que a situação de suspeito. prova da existência do crime e da autoria.

B. Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a


investigação.
Conforme descrito no art. 312, do CPP, a prisão preventiva po-
C. Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e derá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
“desindiciar” o investigado. econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
D. Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possi- existência do crime e indício suficiente de autoria.
bilidade sobre a autoria delitiva.
GABARITO OFICIAL: C

O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por


ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato,
que deverá indicar autoria, materialidade e suas circunstân-
cias, a autoridade policial quem instaura, preside e conduz o
inquérito policial, naturalmente é a autoridade policial quem
tem atribuição para o ato de indiciamento.

GABARITO OFICIAL: D

2. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC


– 2018) Sobre o regime jurídico da liberdade provisória, é
CORRETO afirmar:

A. A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da


classificação do delito tido, inicialmente, como afiançável.

B. Não poderá haver reforço da fiança mediante inovação da

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


classificação do delito.

C. O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela auto-


ridade policial, em face da situação econômica do preso.

D. O quebramento injustificado da fiança importará na per-


da da totalidade do seu valor.

Conforme art. 339, do CPP, será também cassada a fiança


quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no
caso de inovação na classificação do delito.

GABARITO OFICIAL: A

17
C. para comprovar a materialidade do crime de incêndio,
HORA DE PRATICAR os peritos verificarão a causa e o lugar em que este houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou
para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor,
bem como as demais circunstâncias que interessarem à elu-
cidação do fato.
1. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU-
MARC - 2018) Em matéria de competência, é CORRE- D. para que incida a circunstância qualificadora previs-
TO afirmar que a competência por prerrogativa de função ta no art. 155, §4º-A, do CP (crime de furto qualificado pelo
estabelecida: emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum), os peritos devem analisar a natureza e a eficiência
A. em relação a deputado federal não prevalece sobre a dos instrumentos empregados para a prática da infração.
competência da justiça eleitoral para julgar crimes eleitorais.

B. em relação a desembargadores não prevalece sobre a


competência da justiça eleitoral para julgar crimes eleitorais. 4. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU-
MARC - 2018) Sobre citação no processo penal, é CORRE-
C. em relação aos juízes de direito não prevalece sobre a TO afirmar:
competência da justiça eleitoral para julgar crimes eleitorais.
A. o processo penal poderá prosseguir, mesmo que o acu-
D. no art. 29, X, da Constituição Federal não prevalece so- sado não tenha sido pessoalmente citado.
bre a competência do tribunal do júri.
B. sempre será o primeiro ato de comunicação do denun-
ciado no processo penal.

2.(PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU- C. estando em lugar incerto e não sabido, será citado por
MARC - 2018) Em matéria de provas no processo penal, hora certa.
é CORRETO afirmar:
D. estando o acusado no estrangeiro, será citado por edital.
A. a absolvição independe de o acusado provar o alegado.

B. A declaração de ilicitude de uma prova necessariamen-


te implica nulidade absoluta de todo o processo. 5. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC - 2013)
Em relação à prisão preventiva, é CORRETO afirmar:
C. A prova testemunhal não poderá ser determinada de
ofício pelo juiz. A. o juiz não poderá decretá-la de ofício.

B. o juiz não poderá decretá-la na fase inquisitorial.


D. Não há contaminação da prova quando ficar eviden-
ciado seu nexo causal com a prova originária.
C. a conveniência da instrução criminal é um dos funda-
mentos possíveis para sua decretação.

D. os pressupostos necessários para sua decretação são a


3. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

prova da existência do crime e da autoria.


MARC - 2018) Acerca da prova da materialidade através de
perícia (desconsiderando-se a possibilidade de prova da ma-
terialidade por exame de corpo de delito indireto ou prova
testemunhal), relativamente aos crimes de furto qualificado 6. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC - 2013)
pela destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da Em relação ao inquérito policial, é correto o que se afirma,
coisa (CP, art. 155, §4º, I), de furto qualificado pela escalada EXCETO em:
(CP, art. 155, §4º, II), de furto qualificado pelo emprego de ex-
plosivo ou artefato análogo que cause perigo comum (CP, art. A. o membro do Ministério Público poderá requisitar a
155, §4º-A), de incêndio (CP, art. 250), e de explosão simples e instauração do inquérito policial.
privilegiada (CP, art. 251, caput e §1º), é INCORRETO afirmar:
B. depois de instaurado o inquérito policial, o delegado
A. a materialidade do crime de furto qualificado pela des- de polícia poderá arquivá-lo de ofício somente na hipótese
truição de obstáculo à subtração da coisa se comprova nas de concluir pela inexistência de crime.
hipóteses em que o laudo pericial, além de descrever os ves-
tígios, indique com que instrumentos, por que meios e em C. no crime de ação penal pública condicionada a repre-
que época presume-se ter sido o fato praticado. sentação, o inquérito policial só poderá ser instaurado após
a expressa manifestação de vontade da vítima ou de seu re-
B. a legislação processual penal não exige a realização de presentante legal.
perícia para a comprovação da materialidade do crime de
furto qualificado pela escalada. D. o inquérito policial é prescindível ao oferecimento da
denúncia e da queixa-crime.

18
7. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC - 2013) 10. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU-
Em relação às espécies de flagrante delito, a opção NÃO ad- MARC - 2018) Sobre os princípios da Administração Públi-
mitida pela legislação processual penal, pela doutrina e pela ca, é CORRETO afirmar que:
jurisprudência predominante dos tribunais pátrios é a de
flagrante. A. a efetivação de pagamento de precatório em desobe-
diência à ordem cronológica traduz violação ao princípio da
A. impróprio. impessoalidade, à luz do qual é vedada a atuação adminis-
trativa dissociada da moral, dos princípios éticos, da boa-fé
B. esperado. e da lealdade.
C. presumido.
B. em consonância com o princípio da legalidade, esta-
tuído no artigo 37, caput, da CR/88, a Administração Pública
D. preparado.
pode fazer tudo o que a lei não proíbe.

C. não são oponíveis às Sociedades de Economia Mista,


8. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Regis- haja vista que essas sociedades são regidas pelo regime de
tros – FUMARC – 2012) Constitui efeito específico e não direito privado.
automático da sentença condenatória transitada em julgado:
D. o princípio da supremacia do interesse público não se
A. tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado radica em dispositivo específico da CR/88, ainda que inúme-
pelo crime. ros aludam ou impliquem manifestações concretas dele.

B. a perda de cargo ou função pública, quando aplicada


pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou viola- 11. (PC-SP - Agente de Telecomunicações Policial –
ção de dever para com a administração pública. VUNESP - 2018) Assinale a alternativa que, nos termos da
Constituição Federal, apresenta apenas crimes inafiançáveis
C. perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado e imprescritíveis.
ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime ou de qualquer
bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente A. ação de grupos armados, civis ou militares, contra a or-
com a prática do fato criminoso. dem constitucional e o Estado Democrático; tortura.
D. perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado B. hediondos; racismo.
ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime, desde
que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte
C. terrorismo; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
ou detenção constitua fato ilícito.
afins.

D. Tortura; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.


9. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e Registros
– FUMARC - 2012) Sobre a ação penal pública condiciona- E. Racismo; ação de grupos armados, civis ou militares,
da, é correto afirmar que: contra a ordem constitucional Estado Democrático.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


A. no silêncio da lei, a ação penal dependerá de represen-
tação do ofendido para ser proposta.
12. (PC-PI – Delegado de Polícia Civil – NUCEPE –
B. o prazo para o oferecimento da representação do ofen- 2018) Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e procla-
dido é de 6 (seis)meses, contados a partir da data do fato. mada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os di-
reitos inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos
C. segundo a disciplina do Código de Processo Penal, é mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de
possível a retratação da representação até o recebimento da praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a
denúncia. alternativa CORRETA quanto ao crime de tortura:
D. o Código de Processo Penal não estabelece prazo deca- A. o crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de
dencial para que o Ministro da Justiça apresente requisição, graça ou anistia.
quando exigida for ela por lei.
B. se o crime de tortura é cometido contra maior de 60
(sessenta) anos aumenta-se a pena em de 1/3 (um terço) até
à metade.

C. se o crime de tortura é cometido por agente público, a


pena é aumentada de 1/3 (um terço) até à metade.

19
D. Não se constitui crime de tortura o constrangimento de 15. (PC-SP - Escrivão da Polícia – VUNESP - 2018)
alguém com o emprego de violência ou grave ameaça, causan- Nos termos da Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), é cor-
do-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou reto afirmar que:
religiosa.
A. é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica
E. constitui crime de tortura: constranger alguém com em- e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras
prego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, que implique o pagamento isolado de multa.
declaração ou confissão.
B. em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal, caberá a prisão temporária do agressor, decretada
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
13. (PC-SP - Escrivão da Polícia – VUNESP - 2018) mediante representação da autoridade policial.
Considere a seguinte situação hipotética: O motorista “X”, ao
participar, em via pública, de competição automobilística, não C. a ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
autorizada pela autoridade competente, atropela o pedestre relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao in-
“Y”, provocando-lhe lesões corporais. Diante dessa situação e gresso e à saída da prisão, sendo desnecessária a intimação
considerando apenas o atropelamento, é correto afirmar que a do advogado constituído ou do defensor público.
infração penal cometida é considerada um crime:
D. é direito da mulher em situação de violência domésti-
A. comum de lesão corporal, sendo possível aplicar todos ca e familiar o atendimento policial e pericial especializado,
os dispositivos da Lei n° 9.099/1995. ininterrupto e prestado por servidores – exclusivamente do
sexo feminino.
B. de trânsito de lesão corporal, sendo vedada a aplicação
de alguns dispositivos da Lei n° 9.099/1995. E. as medidas protetivas de urgência somente poderão
ser concedidas pelo juiz, após representação do Delegado de
C. de trânsito de tentativa de homicídio, sendo vedada a Polícia ou a requerimento do Ministério Público, desde que
aplicação de alguns dispositivos da Lei n° 9.099/1995. com anuência da ofendida.
D. comum de tentativa de homicídio, sendo possível apli-
car todos os dispositivos da Lei n° 9.099/1995.

E. de trânsito de lesão corporal, sendo possível aplicar to-


dos os dispositivos da Lei n° 9.099/1995.

Lei nº 11.343/2006 (Lei de drogas)

14. (PC-MG - Delegado de Polícia Substituto – FU-


MARC - 2018) Considerando exclusivamente o disposto na Lei
nº 11.343/06 acerca do procedimento de destruição de drogas
apreendidas no curso de investigações, é CORRETO afirmar:

A. nos termos da Lei nº 11.343/06, a destruição de drogas


apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita
PROGRAMA DE NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados


da data da determinação judicial.

B. na hipótese de ocorrência de prisão em flagrante, a Lei


nº 11.343/06 estabelece que a destruição das drogas apreen-
didas será executada pelo delegado de polícia competente, no
prazo de 15 (quinze) dias, na presença do Ministério Público e
da autoridade sanitária, levando em consideração a necessária
determinação judicial para a destruição.

C. na hipótese de ocorrência de prisão em flagrante, a Lei nº


11.343/06 estabelece que a destruição das drogas será executa-
da pelo delegado de polícia competente, no prazo de 15 (quin-
ze) dias, sem necessidade de presença do Ministério Público
e da autoridade sanitária, guardando-se amostra necessária à
realização do laudo definitivo.

D. a destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de


prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo
de 15 (quinze) dias, contados da data da apreensão, guardando-
-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.

20
GABARITO ANOTAÇÕES

1 C
2 A ————————————————————————
3 B ————————————————————————
4 A
————————————————————————
5 C
————————————————————————
6 B
7 D ————————————————————————
8 B ————————————————————————
9 D ————————————————————————
10 D
————————————————————————
11 E
————————————————————————
12 E
13 B ————————————————————————
14 B ————————————————————————
15 A ————————————————————————
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21
ANOTAÇÕES

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22
ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sistema Operacional Windows 7. ..................................................................................................................................................01


Microsoft Word 2013: Edição e formatação de textos..................................................................................................................09
LibreOffice Writter 5.4.7: Edição e formatação de textos. ...........................................................................................................35
Microsoft Excel 2013: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos.....................................................................54
LibreOffice Calc 5.4.7: Elaboração, cálculos e manipulação de tabelas e gráficos. ..................................................................67
Microsoft PowerPoint 2013: estrutura básica de apresentações, edição e formatação. ...........................................................79
LibreOffice Impress 5.4.7: estrutura básica de apresentações, edição e formatação. ..............................................................79
Microsoft Outlook 2013: Correio Eletrônico. .............................................................................................................................102
Google Chrome: Navegação na Internet. ...................................................................................................................................105
Segurança: Tipos de vírus, Cavalos de Tróia, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Spam. .................................................110
Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windo-
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 7. ws Mail e Windows
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funciona-
Windows 7 lidades.
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará dispo-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para nível em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Pre-
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. mium, Professional e Ultimate serão vendidos na maioria dos
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no- países, restando outras duas edições que se concentram em ou-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e tros mercados, como mercados de empresas ou só para países
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- em desenvolvimento. Cada edição inclui recursos e limitações,
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares sendo que só o Ultimate não tem limitações de uso. Segundo a
com os quais o Windows Vista já era compatível. Microsoft, os recursos para todas as edições do Windows 7 são
Apresentações dadas pela companhia no começo de armazenadas no computador.
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema Windows é proporcionar uma melhor interação e integração do
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na sistema com o usuário, tendo uma maior otimização dos recur-
performance. sos do Windows 7, como maior autonomia e menor consumo
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- de energia, voltado a profissionais ou usuários de internet que
fas e suporte para precisam interagir com clientes e familiares com facilidade, sin-
telas touch screen e multi-táctil (multi-touch) cronizando e compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
· Internet Explorer 8;
· Novo menu Iniciar; Recursos
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos encontra-
· Comando de voz (inglês); dos no Windows 7 são fruto das novas necessidades encontra-
· Gadgets sobre o desktop; das pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor, Windows
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; Vista, mas existem novas funcionalidades exclusivas, feitas para
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows facilitar a utilização e melhorar o desempenho do SO (Sistema
Media Player, Operacional) no computador.
integrado ao Windows Explorer;
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- #FicaDica
dows (Paint e Vale notar que, se você tem conhecimentos
WordPad, por exemplo), como no Office 2007; em outras versões do Windows, não terá que
· Aceleradores no Internet Explorer 8; jogar todo o conhecimento fora. Apenas vai se
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória adaptar aos novos caminhos e aprender “novos
RAM; truques” enquanto isso.
· Home Groups;
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12;
· Nova versão do Windows Media Center; Tarefas Cotidianas
· Gerenciador de Credenciais; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se tor-
· Instalação do sistema em VHDs; nou comum. Não precisamos mais estar em alguma empresa
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com enorme para precisar sempre de um computador perto de nós.
mais funções; O Windows 7 vem com ferramentas e funções para te ajudar em
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Ga- tarefas comuns do cotidiano.
mão Internet e
Internet Damas; Grupo Doméstico PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
· Windows XP Mode; Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais com-
· Aero Shake; putadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias
estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde a outra
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o máquina está para recuperar uma foto digital armazenada ape-
número de capacidades e certos programas que faziam nas nele.
parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu- Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplifica-
daram, resultando na remoção de certas funcionalidades. da e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privilégios
Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope- que os outros terão ao acessar a informação, se é apenas de vi-
racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po- sualização, de edição e etc.
dem ser definitivamente considerados excluídos.
Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão Tela sensível ao toque
no menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao
fixados manualmente). toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pontos
da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível dimensio-
nar uma imagem arrastando simultaneamente duas pontas
da imagem na tela.

1
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica- Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere impor-
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage tante. Se a edição de um determinado documento é constante,
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que a lista de recen-
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede tes se modifica conforme você abre e fecha novos documentos.
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques Snap
as tornam novidades. Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver
várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de
Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e diverti-
do. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para
obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a com-
paração de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquer-
da e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo
igualmente o espaço pela tela, permitindo que você as veja
ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e esten-
dido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas di-
retamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a
busca enquanto você navega pelas pastas.

Menu iniciar
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu
sensível ao toque. iniciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo,
pelo atalho de inicialização de algum programa ou arquivo
Lista de Atalhos de modo rápido.
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir dire- “Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
tamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o pro- Windows Search, a pesquisa do menu início não olha apenas
grama que você utilizou. Digamos que você estava editando aos nomes de pastas e arquivos.
um relatório em seu editor de texto e precisou fechá-lo por Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e propriedades
algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
clicar com o botão direito sob o ícone do editor e o arquivo Os resultados são mostrados enquanto você digita e são
estará entre os recentes. divididos em categorias, para facilitar sua visualização.
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai pode ser dividido.
diretamente para a informação, ganhando tempo. · Programas
· Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de arquivos recentes no Paint.


Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras em
seu nome.

2
Windows Explorer
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena parte do total disponível.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acionado automaticamente quando você navega pelas pastas do seu com-
putador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de busca. No 7,
precisamos apenas digitar os termos na caixa de busca, que fica no canto superior direito.

Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 774).

A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as
canções do gênero Rock. Existem outros, como data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você procura, podem existir
outras classificações disponíveis.
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador possui um autor. Se você está buscando por arquivos de texto, pode
ter a opção de filtrar por autores.

Você observará que o Windows Explorer traz a janela dividida em duas partes.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limitar o que
pode ser visualizado ou não. Para que essa funcionalidade fique disponível, é importante que o computador tenha uma conta de
administrador, protegida por senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja restringir deve ter sua própria conta.

3
As restrições básicas que o 7 disponibiliza: Abaixo estão algumas das opções de personalização mais
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia interessantes.
que o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo ho- Papéis de Parede
rário e também pela classificação do jogo. Vale notar que a Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou
classificação já vem com o próprio game. praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplica- de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agrade.
tivos estão autorizados a serem executados. Uma das novidades fica por conta das fotos que você encon-
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a tra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma única
quantidade de restrições, como controlar as páginas que são folha numa floresta até uma montanha.
acessadas, e até mesmo manter um histórico das atividades A outra é a possibilidade de criar um slide show com vá-
online do usuário. rias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a im-
pressão que sua área de trabalho está mais viva.
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de segu- Gadgets
rança e manutenção do Windows. Elas são classificadas em As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, mas
vermelho (importante – deve ser resolvido rapidamente) e eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar em
amarelas (tarefas recomendadas). qualquer local do desktop.
O painel também é útil caso você sinta algo de estranho Servem para deixar sua área de trabalho com elementos
no computador. Basta checar o painel e ver se o Windows de- sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda –
tectou algo de errado. até as de gosto mais duvidosas – como uma que mostra o
símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário o que e
como utilizar.
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir ne-
cessidade, pode baixar ainda mais opções da internet.

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para nossa
qualidade de vida quanto para o desempenho no trabalho. Gadgets de calendário e relógio.
O computador é uma extensão desse ambiente. O Windows
7 permite uma alta personalização de ícones, cores e muitas Temas
outras opções, deixando um ambiente mais confortável, não Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

importa se utilizado no ambiente profissional ou no domés- as configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 dis-
tico. ponibiliza temas, que mudam consideravelmente os aspec-
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na tos gráficos, como em papéis de parede e cores.
página de Personalização1, que pode ser acessada por um
clique com o botão direito na área de trabalho e em seguida ClearType
um clique em Personalizar. “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem
mais claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo
para monitores LCD, mas também tem algum efeito nos an-
#FicaDica tigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows 7 dá su-
É importante notar que algumas configurações porte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 163).
podem deixar seu computador mais lento,
especialmente efeitos de transparência. Novas possibilidades
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, novas
possibilidades de configuração, maior facilidade na navega,
dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades foram
diretamente aplicadas no computador em uso, mas no 7 po-
demos também interagir com outros dispositivos.

4
Reproduzir em E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área de
Permitindo acessando de outros equipamentos a um com- trabalho, que são miniprogramas personalizáveis que po-
putador com o Windows 7, é possível que eles se comuniquem dem exibir continuamente informações atualizadas como a
e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho de som as mú- apresentação de slides de imagens ou contatos, sem a neces-
sicas que você tem no HD de seu computador. sidade de abrir uma nova janela.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível com o
Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo “Compatí- Aplicativos novos
vel com o Windows 7». Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
Streaming de mídia remoto não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do com- o que não ocorre com as versões Windows.
putador para outros lugares da casa. Se quiser levar para fora O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora existe
dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto. uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7, para que
Com este novo recurso, dois computadores rodando Win- o usuário não precisa baixar programas para atividades bá-
dows 7 podem compartilhar músicas através do Windows Me- sicas.
dia Player 12. É necessário que ambos estejam associados com Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desktop
um ID online, como a do Windows Live. e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
Personalização equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
Você pode adicionar recursos ao seu computador alterando texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de trabalho, a O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-
proteção de tela, o tamanho da fonte e a imagem da conta de turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
usuário. Você pode também selecionar “gadgets” específicos inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área de
trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela sons e,
às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é um
visual premium dessa versão do Windows, apresentando um
design como o vidro transparente com animações de janela,
um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e novas cores
de borda de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema personalizado
alterando as imagens, cores e sons individualmente. Você tam-
bém pode localizar mais temas online no site do Windows. Você
também pode alterar os sons emitidos pelo computador quan-
do, por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de papel
de parede, é uma imagem, cor ou design na área de trabalho
que cria um fundo para as janelas abertas. Você pode escolher
uma imagem para ser seu plano de fundo de área de trabalho Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
ou pode exibir uma apresentação de slides de imagens. Tam-
bém pode ser usada uma proteção de tela onde uma imagem O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
ou animação aparece em sua tela quando você não utiliza o mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
mouse ou o teclado por determinado período de tempo. Você que parecem do Office 2007.
pode escolher uma variedade de proteções de tela do Windows.
Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o tex- PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
to, os ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver. Também
é possível reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada,
para diminuir o tamanho do texto e outros itens na tela para
que caibam mais informações na tela.

#FicaDica
Outro recurso de personalização é colocar
imagem de conta de usuário que ajuda a
identificar a sua conta em um computador. A
imagem é exibida na tela de boas vindas e no
menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da
sua conta de usuário para uma das imagens
incluídas no Windows ou usar sua própria
imagem.
Paint com novos recursos.

5
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo visual Se for desejado rodar o sistema sem problemas de lenti-
mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas ferra- dão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o recomenda-
mentas, assim se tornando um bom editor para quem não do é a seguinte configuração.
tem o Word 2007. Configuração Recomendada:
A calculadora também sofreu mudanças, agora conta · Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits)
com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo · Memória (RAM) de 2 GB
programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge- · Espaço requerido de disco rígido: 16 GB
bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos. · Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos DirectX
Também foi adicionado recurso de conversão de unida- 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Windo-
des como de pés para metros. ws Aero)
· Unidade de DVD-R/W
· Conexão com a Internet (para obter atualizações)

Atualizar de um SO antigo
O melhor cenário possível para a instalação do Windows
7 é com uma máquina nova, com os requisitos apropriados.
Entretanto, é possível utilizá-lo num computador antigo,
desde que atenda as especificações mínimas.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista ins-
talado, você terá a opção de atualizar o sistema operacional.
Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá fazer a re-
instalação do sistema operacional.

#FicaDica
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito
provavelmente seu computador não atende aos
Calculadora: 2 novos modos. requisitos mínimos. Entretanto, nada impede
que você tente fazer a reinstalação.

Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
-windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
WordPad remodelado Por qualquer motivo que a atualização não possa ser efe-
tuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Requisitos Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se


Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve em deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de hard- das as informações no computador serão perdidas. Quando
ware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado sem iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que você
problemas de desempenho. havia instalado e com as configurações padrão.
Esta é a configuração mínima:
· Processador de 1 GHz (32-bit) Desempenho
· Memória (RAM) de 1 GB De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7 se
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida por
memória (sem seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem ga-
Windows Aero) nhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho: “Seu
· DVD-ROM sistema operacional toma conta do gerenciamento do pro-
· Saída de Áudio cessador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7 Bible,
pg 1041, tradução nossa).

6
Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de não
ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prioriza o
que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
visão” do usuário, dando a impressão que o computador não
está lento.
Essa característica permite que o usuário não sinta uma
lentidão desnecessária no computador.
Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez
mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o siste-
ma operacional se torne um forte consumidor de memória e
processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de ponta e
mantêm uma performance satisfatória.

Monitor de desempenho Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e


Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma ferra- também poderá ser encontrada em computadores novos.
menta poderosa para verificar como o sistema está se por-
tando. Podem-se adicionar contadores (além do que já exis- Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas
te) para colher ainda mais informações e gerar relatórios. Mais voltada para as pequenas empresas, a versão Pro-
fessional do Windows 7 possuirá diversos recursos que visam
Monitor de recursos facilitar a comunicação entre computadores e até mesmo
Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra in- impressoras de uma rede corporativa.
formações sobre o uso do processador, da memória, disco e Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o Do-
conexão à rede. main Join, que ajuda os computadores de uma rede a “se
enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location Aware
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar muito mais
fácil o compartilhamento de impressoras.
Windows 7 Starter Como empresas sempre estão procurando maneiras para
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Win- se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz o En-
dows é a mais simples e básica de todas. A Barra de Tarefas foi crypting File System, que dificulta a violação de dados. Esta
completamente redesenhada e não possui suporte ao famo- versão também será encontrada em lojas de varejo ou com-
so Aero Glass. Uma limitação da versão é que o usuário não putadores novos.
pode abrir mais do que três aplicativos ao mesmo tempo.
Esta versão será instalada em computadores novo apenas Windows 7 Enterprise, apenas para vários
nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e Brasil. Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Disponível apenas na versão de 32 bits. versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
Windows 7 Home Basic sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas
Esta é uma versão intermediária entre as edições Starter na edição Professional e possui recursos mais sofisticados
e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá tam- de segurança.
bém a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais de Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável pela
três aplicativos ao mesmo tempo. criptografia de dados e o AppLocker, que impede a execução
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass de programas não-autorizados. Além disso, há ainda o Bra-
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um chCache, para turbinar transferência de arquivos grandes e
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores também o DirectAccess, que dá uma super ajuda com a con-
novos poderão contar também com a instalação desta edi- figuração de redes corporativas.
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos.
Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 7 Home Premium Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
Edição que os usuários domésticos podem chamar de pois contém todas as funcionalidades já citadas neste artigo
“completa”, a Home Premium acumula todas as funcionali- e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita às em-
dades das edições citadas anteriormente e soma mais algu- presas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade limitada
mas ao pacote. desta versão do sistema.
Dentre as funções adicionadas, as principais são o supor- Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos pre-
te à interface Aero Glass e também aos recursos Touch Win- sentes na Ultimate são dedicados às corporações, não inte-
dows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que troca ressando muito aos usuários comuns.
seu papel de parede automaticamente no intervalo de tempo
determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo para auxi-
liar no gerenciamento de redes wireless, conhecido como
Mobility Center.

7
Usando a Ajuda e Suporte do Windows
A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda in-
terno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas a
dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e ins-
truções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de ajuda
com relação a um programa que não faz parte do Windows,
consulte a Ajuda desse programa (consulte “Obtendo ajuda
sobre um programa”, a seguir).
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no bo-
tão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro
de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju- Navegando em tópicos da Ajuda por assunto
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as
versões mais recentes dos tópicos existentes. Os principais atalhos de teclado
Clique no botão Iniciar e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, cli- Alguns atalhos para ganhar em produtividade no Windows 7
que em Opções e em Configurações.
Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de sele- Tecla Windows
ção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda on-
line (recomendado) e clique em OK. Quando você estiver
conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto
inferior direito da janela Ajuda e Suporte.

Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas
palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter infor-
mações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione En-
ter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis na
parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

O atalho Windows combinada com a tecla + lança a lente


de aumento. A pressionar várias vezes na tecla + aumenta a
página ativa, a tecla menos - a diminui, bem como Windows
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

+ Home (+) e Windows + Home (-):


Windows + tecla alto e baixo aumenta e diminui a página
ativa.
A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows Windows + tecla esquerda direita aumenta a página de
esquerda e direita:
Pesquisar Ajuda Windows + E abre o menu Computador (antigamente
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Cli- Ambiente de trabalho.).
que no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um Windows + P abre uma janela para escolher qual a tela
item na lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses empregar aquela do computador ou as duas simultaneamen-
títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de te (duplicar) etc. se uma tela complementar foi adicionada:
assuntos. Clique em um tópico da Ajuda para abri-lo ou cli- Windows + Espaço permite visualizar o desktop se uma
que em outro título para investigar mais a fundo a lista de página estiver aberta
assuntos. Windows + 1 abre o Internet Explorer.
Windows + 2 abre a Biblioteca.
Windows + 3 abre o leitor Windows Média.
Windows + U abre a Opção de Ergonomia.

8
Windows + R abre Executar. A) Modo e exibição -> ícones pequenos.
Windows + L bloqueia o computador. B) Modo de exibição -> detalhes.
Windows + F abre a Busca. C) Exibir o PAINEL DE VISUALIZAÇÃO.
Windows + X abre o Centro de mobilidade Windows: D) Modo de exibição -> Blocos.
Windows + Pause abre Informações Sistema Geral.
Windows + F1 abre Ajuda e Suporte. Resposta: C
Windows + Home apaga tudo e só deixa a janela ativa.
Windows + Espaço todas as janelas tornam-se transpa- 03. (Câmara de Conceição do Mato Dentro - Advogado – Supe-
rentes, o que permite de ver o desktop. rior – FUMARC – 2016). Considere a figura abaixo do Win-
Windows + Q ajusta as propriedades da tela. dows Explorer do Microsoft Windows 7, versão português
Windows + G exibe os gadgets no primeiro plano.
Windows + T pré-visualiza o primeiro aplicativo ativo da
barra das tarefas. Fazer novamente a combinação para ir em
direção ao aplicativo ativo seguinte na barra das tarefas.

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (COPASA - Analista de Saneamento – Administrador –


Superior – FUMARC – 2018). São exemplos de bibliotecas
padrão acessíveis no Windows Explorer do Microsoft Win-
dows 7, versão português, para acessar arquivos e pastas, São opções disponíveis no botão “Organizar” em destaque,
EXCETO: EXCETO:
(A) Mapear unidade de rede
(A) O ícone corresponde à biblioteca “Documentos”. (B) Layout
(C) Propriedades
(D) Opções de pasta e pesquisa
(B) O ícone corresponde à biblioteca “Downloads”.
O comando Organizar exibe uma série de comandos como,
(C) O ícone corresponde à biblioteca “Imagens”. por exemplo, recortar, copiar, colar, desfazer, refazer, selecionar
tudo, Layout do Explorador (Barra de menus, Painel de Deta-
lhes, Painel de Visualização e Painel de Navegação), Opções
(D) O ícone corresponde à biblioteca “Vídeos”. de pasta e pesquisa, excluir, renomear, remover propriedades,
propriedades e fechar.
Mapear Unidade de Rede (acessado através do menu ferra-
No Windows 7, há uma forma de organizar arquivos e pastas mentas) - É associar uma pasta compartilhada em uma rede
é distribuí-los em bibliotecas nas quais uma pasta é um con- de computadores a uma letra de unidade disponível em um
têiner que serve para armazenar arquivos ou outras pastas. As computador local. Pois alguns usuários devem acessar as mes-
bibliotecas-padrão dessa versão do Windows são: documen- mas unidades e pastas compartilhadas com frequência.
tos, imagens, músicas e vídeos.
Resposta: B Resposta: A

02. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Administra-


tivo – Médio – FUMARC – 2016). Opção disponível no Win-
dows Explorer do Microsoft Windows 7, versão português, 2. MICROSOFT WORD 2013: EDIÇÃO E
para exibir o “Painel de Visualização”: FORMATAÇÃO DE TEXTOS. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(A) MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é con-


siderado um dos principais produtos da Microsoft sendo a
(B) suíte que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo
com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google
Docs e LibreOffice.

(C)

(D)

9
Interface

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento


, que como é um novo documento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa
barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.

10
#FicaDica
Através dessa ABA, podemos criar novos
documentos, abrir arquivos existentes, salvar
documentos, imprimir, preparar o documento
(permite adicionar propriedades ao documento,
criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os grupos
de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os usuários
os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos possuem pe-
quenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por exemplo,
ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemento selecionado.

11
Trabalhando com documentos
Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro
dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde
você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bastando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local desejado pela parte
esquerda da janela.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

12
No campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o documento não possui um
título, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e que se aproxime do
conteúdo de seu texto. Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a partir da versão 2007, os documentos
são salvos na versão .DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores.

#FicaDica
Para poder salvar seu documento e manter ele
compatível com versões anteriores do Word,
clique na direita dessa opção e mude para
Documento do Word 97-2003.

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word

Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, observe também que ele mostra uma relação de documentos recentes, PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será necessário
localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha Salvar Como.

13
Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. Anterior
a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.

Os primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
Leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do documento à direita,
ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão fechar no topo
à direita da tela.
Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam tex-
tos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom o Word
apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar o do-
cumento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma seção do
Word.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14
Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.

O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-definidos,
como também personalizá-las.

Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da pági-
na, se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela temos
a guia Papel.
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de alimentação do papel.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15
Colunas

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-de-
finidas, mas você pode colocar em um número maior de co-
lunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura e o
espaçamento entre as colunas. Observe que se você pretende
utilizar larguras de colunas diferentes é preciso desmarcar a
opção “Colunas de mesma largura”. Atente também que se
A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primeira preciso adicionar colunas a somente uma parte do texto, eu
opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como será preciso primeiro selecionar esse texto.
uma nova seção do documento, vamos aprender mais frente
como trabalhar com seções.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos


utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espaço
em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a opção
centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A opção
números de linha permite adicionar numeração as linhas do
documento.

16
Números de Linha O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos o
É bastante comum em documentos acrescentar numera- item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção.
ção nas páginas dos documentos, o Word permite que você
possa fazer facilmente, clicando no botão “Números de Li-
nhas”.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”, abre-se


a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página Nesta janela podemos definir uma imagem como marca
d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a ima-
gem e depois definir a dimensão e se a imagem ficará mais
fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é possível de-
finir um texto como marca d’água. O segundo botão permite
colocar uma cor de fundo em seu texto, um recurso interes-
sante é que o Word verifica a cor aplicada e automaticamente
ele muda a cor do texto.

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página,
localizado na Aba Design possui três botões para modificar
o dcumento.
Clique no botão Marca d’água.
O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-
mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de textos é
indispensável para ganho de tempo na edição de seu texto.
Através da seleção de texto podemos mudar a cor, tamanho
e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o cursor
aponta para a direita. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e
arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que se o
mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar o pro-
cesso, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao final
da seleção desejada. Podemos também clicar onde começa a
seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde termina a se-
leção. É possível selecionar palavras alternadas. Selecione a
primeira palavra, pressione CTRL e vá selecionando as partes
do texto que deseja modificar.

17
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho CTR-
L+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o primeiro grupo na ABA Página Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado importante é quando se copia texto de outro tipo de meio como, por exem-
plo, da Internet. Textos na Internet possuem formatações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao copiar um texto da In-
ternet, se você precisa adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar em colar, é necessário clicar na setinha apontando
para baixo no botão Colar, escolher Colar Especial.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa manipulá-lo,
marque a opção Texto não formatado e clique em OK.

Localizar e Substituir

Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção
Substituir.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir
em seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas
de uma única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escri-
ta em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão
o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.

18
Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em
inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e
semelhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA responsável
pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte
A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar
uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma
letra também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e
diminuir fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado temos uma seta apontando
para baixo, ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA


Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobres-
crito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

Este botão permite alterar a colocação de letras maiúsculas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos o de realce –
que permite colocar uma cor de fundo para realçar o texto e o botão de cor do texto.

19
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

A janela fonte contém os principais comandos de formatação e permite que você possa observar as alterações antes de
aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.
Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento entre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido, a posição
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo que se faça algo como: .


Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras, pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com espaçamento
entre elas de forma diferente.

#FicaDica
Uma ferramenta interessante do Word é a
ferramenta pincel, pois com ela você pode
copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.

20
Formatação de parágrafos
A principal regra da formatação de parágrafos é que independentemente de onde estiver o cursor a formatação será apli-
cada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será necessárioselecionar
os parágrafos a serem formatados. A formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Inicio, e os recuos também na ABA
Layout da Página.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcadores (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir e aumentar
recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquerda, centralizado, direita e
justificado, espaçamento entre linhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma seta para baixo, permitindo que se
possa definir qual o espaçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

Bordas no parágrafo.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

21
Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos apenas Marcadores e Numeração
os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao clicar na Os marcadores e numeração fazem parte do grupo pará-
Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de Formata- grafos, mas devido a sua importância, merecem um destaque.
ção de Parágrafos. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e Numeração.

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto te-


nha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e pe-
tições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já diz
permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressionar
a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente adi-


cionou outros símbolos ao marcador, você pode alterar os
símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado do botão
Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo Marcador.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas dis-


poníveis pelo grupo.
Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas ré-
guas superiores.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

22
Onde você poderá escolher a Fonte (No caso aconselha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings, Webdings), e de-
pois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão importar, poderá utilizar
uma imagem externa.

Bordas e Sombreamento
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e parágrafos. Bor-
das na página como vimos quando estudamos a ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto ou o parágrafo a ser
aplicado à borda e ao clicar no botão de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma borda pré-definida ou então clicar
na última opção Bordas e Sombreamento.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

23
Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma das
bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia Som-
breamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e depois
aplicar uma textura junto dessa cor.

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e rodapé,
clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.


Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar em
Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeçalho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo o que for
inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas páginas.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

24
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome o
cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos também
aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes do docu-
mento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.

#FicaDica
O funcionamento para o rodapé é o mesmo
para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no
botão Rodapé.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções de
inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.
A imagem será inserida no local onde estava seu cursor.
O que será ensinado agora é praticamente igual para todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos elementos grá-
ficos. Ao inserir a imagem é possível observar que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pontilhadas em sua volta,
para mover a imagem de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar redimensionar a imagem, basta
clicar em um dos pequenos quadrados em suas extremidades, que são chamados por Alças de redimensionamento. Para sair
da seleção da imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra
as configurações de manipulação da imagem.

Alterar o brilho, contraste ou nitidez de uma imagem


Você pode ajustar o brilho relativo de uma imagem, seu contraste (a diferença entre suas áreas mais escuras e mais claras)
e como nitidez ou desfocado aparece. Estes são também denominados correções de imagem.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No sentido horário da parte superior esquerda: a imagem original, a imagem com aumento de suavização, contraste e
brilho.

25
Aplicar correções a uma imagem
Clique na imagem cujo brilho deseja alterar.
Em Ferramentas de Imagem, na guia Formatar, no grupo Ajustar, clique em Correções.

Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de correções pode aparecer diferente.

Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez seja neces-
sário clicar duas vezes na imagem para selecioná-la e abrir a guia Formatar.
Siga um ou mais destes procedimentos:
Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada. As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita, mais
suavização.
Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Miniaturas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais brilho.
Miniaturas na parte superior mostram menos contraste e na parte inferior, mais contraste.
Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das miniaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar na opção
desejada.
Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de correção de imagem e, em seguida, mova o controle deslizante para
nitidez, brilho ou contraste ou insira um número na caixa ao lado do controle deslizante.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções de
inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo ilustrações.

26
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir as
suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.

SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser tra-
balhado e clique em OK.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele ainda
mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt Selecione um
formato de WordArt e clique sobre ele.

27
Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No grupo
Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa no
documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no respectivo balão.

Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação do Word.

28
O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa para
a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique em Re-
visão > Excluir. Para excluir todos os comentários, clique
em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Documento.

#FicaDica
Manter o recurso Controlar Alterações ativado Antes de compartilhar a versão final do seu
É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com documento, é uma boa ideia executar o Inspetor
uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lem- de Documento. Essa ferramenta verifica
bre-se da senha para poder desativar esse recurso quando comentários e alterações controladas, além de
estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.) texto oculto, nomes pessoais em propriedades
Clique em Revisar. e outras informações que talvez você não queria
Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique compartilhar amplamente. Para executar o
em Bloqueio de Controle. Inspetor de Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente e
para trás, na parte inferior da página.

Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na cai-


xa Redigite para confirmar.
Clique em OK.
Enquanto as alterações controladas estiverem bloquea-
das, você não poderá desativar o controle de alterações, nem
poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Contro- Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use o
lar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Controle. O controle deslizante de zoom na parte inferior da página para
Word solicitará que você digite sua senha. Depois que você di- ampliá-lo.
gitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alterações continua-
rá ativado, mas agora você poderá aceitar e rejeitar alterações.

Desativar o controle de alterações


Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações, mas Escolha o número de cópias e qualquer outra opção dese-
todas as alterações já realizadas continuarão marcadas no jada e clique no botão Imprimir.
documento até que você as remova.
Remover alterações controladas
IMPORTANTE: A única maneira de remover alterações PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las. Ao
escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão ajuda a
ver qual será a aparência do documento final, mas isso apenas
oculta temporariamente as alterações controladas. As altera-
ções não são excluídas e aparecerão novamente da próxima
vez em que o documento for aberto. Para excluir permanente-
mente as alterações controladas, aceite-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

29
Para imprimir somente determinadas páginas, siga um
destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, selecio-
ne a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último
número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de páginas
(como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo, esco-
lhaImpressão Personalizada e digite os números das páginas
e intervalos separados por vírgulas (por exemplo, 3, 4-6).

Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações prontas a
serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word disponibiliza
uma grande quantidade de estilos através do grupo estilos.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você cli-


car em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um estilo
existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém se al-
gum texto estiver selecionado o estilo será aplicado somente
ao que foi selecionado.

Imprimir páginas específicas


No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas
das propriedades do documento ou alterações controladas
e comentários, clique na seta em Configurações, ao lado Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Títu-
de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as lo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado so-
opções. mente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na linha
de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do estilo
foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no botão Al-
terar Estilos é possível acessar a diversas definições de estilos
através da opção Conjunto de Estilos.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

30
Será mostrado todos os estilos presentes no documento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem três
botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação dele foi
o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a formatação a
ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo está disponível
somente a este documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

31
Inserir uma tabela
Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número correto
de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em uma
tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página ou remo-
ver bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou linha de números
em uma tabela.
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabela, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamentos de largura personalizada
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as colunas, use o comando Inserir Tabela.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de largura das
colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.

32
Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir automaticamente a largura das colunas com Automático ou pode
definir uma largura específica para todas as colunas.
Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria colunas muito estreitas que são expandidas conforme você adiciona
conteúdo.
Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará automaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se ao tamanho
de seu documento.

#FicaDica
Se quiser que as tabelas criadas tenham uma
aparência semelhante à da tabela que você está
criando, marque a caixa Lembrar dimensões
para novas tabelas.

Projetar sua própria tabela


Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica, a ferra-
menta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamente a tabela que você deseja.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O ponteiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela. Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do retângulo.

33
Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que você quer
apagar.

ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em vermelho e
os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão sairá com as
cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:

34
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte 02. (COPASA - Analista de Saneamento - Adminis-
do texto. trador – Superior – FUMARC – 2018). O texto abaixo
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em apresenta em destaque um parágrafo do Microsoft Word,
qualquer parte do texto. versão português do Office 2013, que começa com a pala-
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário vra “Exemplo” e termina com a palavra “teclado”, no qual
do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela foram utilizadas as seguintes opções de formatação de
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada parágrafo “Recuo” e “Espaçamento”, para se definir a po-
quando palavras que existam, mas que ainda não façam par- sição inicial do parágrafo e o espaçamento entre as linhas
te do Word. do texto:
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma pa-
lavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que
estejam da mesma forma no texto.

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (COPASA - Analista de Saneamento - Administra-


dor – Superior – FUMARC – 2018). Analise as seguintes
afirmativas sobre as opções disponíveis no grupo “Pla- (A) “Especial – Deslocamento” e “Espaçamento entre linhas
no de Fundo da Página” da guia “DESIGN” do Microsoft – Duplo”.
Word, versão português do Office 2013: (B) “Especial – Deslocamento” e “Espaçamento entre linhas
– Simples”.
(C) “Especial – Primeira linha” e “Espaçamento entre linhas
I – O ícone corresponde à opção “Marca D’água”. – Duplo”.
(D) “Especial – Primeira linha” e “Espaçamento entre linhas
– Simples”.
II – O ícone corresponde à opção “Cor da Página”.
O uso de recuo dessa versão do Word vem com as seguintes op-
ções:
Especial:
III – O ícone corresponde à opção “Margens da Página”. Primeira Linha- Recuo de 1,25
Deslocamento - Recuo 1,25 das linhas posteriores a primeira.
Quanto ao espaçamento é nitidamente duplo.
Estão CORRETAS as afirmativas:
(A) I e II, apenas. Resposta: C
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III. LIBREOFFICE WRITTER 5.4.7: EDIÇÃO E
FORMATAÇÃO DE TEXTOS
O ícone corresponde à opção “BORDAS DA PÁGINA”. Alem
disso, “Margens” se localiza na aba Layout e não na aba Design. LIBREOFFICE WRITER
Resposta: A O Writer é um aplicativo de processamento de texto que
lhe permite criar documentos, como cartas, currículos, livros
ou formulários online. Alternativa gratuita e open source PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ao tradicional pacote Microsoft Office. Surgido a partir de
um fork do OpenOffice, o LibreOffice traz soluções comple-
tas para edição de texto, criação de planilhas, apresentações
de slides, desenhos, base de dados e ainda fórmulas mate-
máticas.
O Writer do LibreOffice suporta os seguintes formatos:
ODT, OTT, SXW, STW, DOC (Word), DOCX (Word 2007), RTF,
SDW, VOR, TXT, HTML, PDB, XML, PSW e UOT.

Formato Open Document


No Writer o formato padrão dos arquivos passou de sdw
(formato do antigo StarWriter) para odt (Open document
text), que dota os arquivos de uma estrutura XML, permitin-
do uma maior interoperabilidade entre as várias aplicações.
Aliás, este foi um dos principais motivos pelos quais a Mi-
crosoft tem mantido o monopólio nas aplicações de escritó-
rio: a compatibilidade ou a falta dela.

35
É importante notar que versões mais antigas do OpenOffice já abriam e gravavam arquivos com a terminação doc. Entre-
tanto, não havia compatibilidade de 100% e os documentos perdiam algumas formatações.
A proposta da Sun, da IBM e de outras empresas foi normalizar os tipos de documento, num formato conhecido por todos,
o odt.

Layout

O Writer aparece sob a forma de uma janela genérica de documento em branco, a tela de edição, que é composta por vários
elementos:
Barra de Título: Apresenta o nome do arquivo e o nome do programa que está sendo usado nesse momento. Usando-se os 3
botões no canto superior direito pode-se minimizar, maximizar / restaurar ou fechar a janela do programa.
Barra de Menus: Apresenta os menus suspensos onde estão as listas de todos os comandos e funções disponíveis do pro-
grama.
Barra de Formatação: Apresenta os atalhos que dão forma e cor aos textos e objetos.
Área para trabalho: Local para digitação de texto e inserção de imagens e sons.
Barra de Status: Apresenta o número de páginas / total de páginas, o valor percentual do Zoom
e a função inserir / sobrescrever está na parte inferior e central da tela.
Réguas: Permite efetuar medições e configurar tabulações e recuos.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

36
Barra de menus Para abrir mais de um documento ao mesmo tempo, cada
um em sua própria janela, pressione a tecla Ctrl ao clicar nos
Arquivo arquivos e, em seguida, clique em Abrir.
Esses comandos se aplicam ao documento atual, abre um Para classificar os arquivos, clique em um cabeçalho de
novo documento ou fecha o aplicativo. coluna. Para inverter a ordem de classificação, clique nova-
mente.
Para excluir um arquivo, clique com o botão direito do
mouse sobre ele e, em seguida, escolha Excluir.
Para renomear um arquivo, dê um clique com o botão di-
reito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Renomear.
Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um ca-
minho para o arquivo. Você também pode inserir um URL que
começa com o nome de protocolo ftp, http, ou https.
Caso deseje, utilize caracteres curinga na caixa Nome do
arquivo para filtrar a lista de arquivos exibida.
Por exemplo, para listar todos os arquivos de texto em
uma pasta, insira o caractere asterisco (*) com a extensão de
arquivo de texto (*.txt) e, em seguida, clique em Abrir. Utilize
o caractere curinga ponto de interrogação (?) para representar
qualquer caractere, como em (??3*.txt), o que só exibe arqui-
vos de texto com um ‘3’ como terceiro caractere no nome do
arquivo.
O LibreOffice possui uma função autocompletar que se
ativa sozinha em alguns textos e caixas de listagem. Por exem-
plo, entre ~/a no campo da URL e a função autocompletar exi-
be o primeiro arquivo ou o primeiro diretório encontrado no
seu diretório de usuário que começa com a letra “a”.
Utilize a seta para baixo para rolar para outros arquivos e
diretórios. Utilize a seta para a direita para exibir também um
subdiretório existente no campo da URL. A função autocom-
pletar rápida está disponível se você pressionar a tecla End
após inserir parte da URL. Uma vez encontrado o documento
ou diretório desejado, pressione Enter.
Versão: Se houver várias versões do arquivo selecionado,
-Novo: selecione a versão que deseja abrir. Você pode salvar e orga-
Cria um novo documento do LibreOffice. nizar várias versões de um documento, escolhendo Arquivo -
Escolha Arquivo - Novo Versões. As versões de um documento são abertas em modo
Ícone Novo na Barra de ferramentas (o ícone mostra o somente leitura.
tipo do novo documento) Tipo de arquivo: Selecione o tipo de arquivo que deseja
abrir ou selecione Todos os arquivos(*) para exibir uma lista
de todos os arquivos na pasta.
Novo Abrir: Abre o(s) documento(s) selecionado(s).
Inserir: Se você tiver aberto a caixa de diálogo escolhendo
Tecla Ctrl+N Inserir - Arquivo, o botão Abrir será rotulado Inserir. Insere no
Para criar um documento a partir de um modelo, esco- documento atual, na posição do cursor, o arquivo selecionado.
lha Novo - Modelos. Somente leitura: Abre o arquivo no modo somente leitura.
Um modelo é um arquivo que contém os elementos de Abrir documentos com modelos: O LibreOffice reconhece
design para um documento, incluindo estilos de formatação, modelos localizados em qualquer uma das seguintes pastas: PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
planos de fundo, quadros, figuras, campos, layout de página • Pasta de modelos compartilhados
e texto. • Pasta de modelos do usuário em Documents and Set-
tingsno diretório inicial do usuário
- Abrir • Todas as pastas de modelos definidas em Ferramen-
Abre ou importa um arquivo. tas - Opções - LibreOffice - Caminhos
Escolha Arquivo - Abrir Ao utilizar Arquivo - Modelo - Salvar como modelo para
Ctrl+O salvar um modelo, o modelo será armazenado na sua pas-
Na Barra de ferramentas, clique em ta de modelos do usuário. Ao abrir um documento baseado
neste modelo, o documento será verificado para detectar uma
Abrir arquivo mudança do modelo, como descrito abaixo. O modelo é as-
sociado com o documento e pode ser chamado de “modelo
vinculado”.
Locais: Mostra os locais favoritos. Por exemplo, os atalhos
Ao utilizar Arquivo - Salvar como e selecionar um filtro de
das pastas locais ou remotas.
modelo para salvar um modelo em qualquer outra pasta que
Área de exibição: Mostra os arquivos e pastas existentes
em que você está. Para abrir um arquivo, selecione-o e clique não esteja na lista, então os documentos baseados nesse mo-
em Abrir. delo não serão verificados.

37
Ao abrir um documento criado a partir de um “modelo vin- Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um ca-
culado” (definido acima), O LibreOffice verifica se o modelo foi minho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
modificado desde a última vez que foi aberto. Se o modelo tiver • Tipo de arquivo: Selecione o formato de arquivo
sido alterado, uma caixa de diálogo aparecerá para você poder para o documento que você está salvando. Na área de exi-
selecionar os estilos que devem ser aplicados ao documento. bição, serão exibidos somente os documentos com esse tipo
Para aplicar os novos estilos do modelo ao documento, cli- de arquivo.
que em Sim. • Salvar com senha: Protege o arquivo com uma se-
Para manter os estilos que estão sendo usados no docu- nha que deve ser digitada para que o usuário possa abrir o
mento, clique em Não. arquivo.
Se um documento tiver sido criado por meio de um mode-
lo que não possa ser encontrado, será mostrada uma caixa de Salvar tudo: Salva todos os documentos do LibreOffice
diálogo perguntando como proceder na próxima vez em que o que foram modificados.
documento for aberto.
Para quebrar o vínculo entre o documento e o modelo que - Recarregar
está faltando, clique em Não; caso contrário, o LibreOffice pro- Substitui o documento atual pela última versão salva.
curará o modelo na próxima vez que você abrir o documento. Todos as alterações efetuadas após o último salvamento
serão perdidas.
- Documentos recentes Escolha Arquivo - Recarregar
Lista os arquivos abertos mais recentemente. Para abrir um
arquivo da lista, clique no nome dele. - Versões
Salva e organiza várias versões do documento atual no
- Assistentes mesmo arquivo. Você também pode abrir, excluir e comparar
Guia você na criação de cartas comerciais e pessoais, fax, versões anteriores.
agendas, apresentações, etc. Escolha Arquivo - Versões
Novas versões - Define as opções para salvar uma nova
versão do documento.
- Fechar
Salvar nova versão - Salva o estado atual do documento
Fecha o documento atual sem sair do programa.
como nova versão. Caso deseje, antes de salvar a nova ver-
Escolha Arquivo - Fechar
são, insira também comentários na caixa de diálogo Inserir
O comando Fechar fecha todas as janelas abertas do docu- comentário da versão.
mento atual. Inserir comentário da versão - Insira um comentário aqui
Se foram efetuadas alterações no documento atual, você quando estiver salvando uma nova versão. Se você tiver cli-
será perguntado se deseja salvar as lterações. cado em Mostrar para abrir esta caixa de diálogo, não poderá
Ao fechar a última janela de documento aberta, aparecerá editar o comentário.
a Tela inicial. Salvar sempre uma versão ao fechar - Se você tiver feito
alterações no documento, o LibreOffice salvará automatica-
- Salvar mente uma nova versão quando você o fechar.
Salva o documento atual. Se salvar o documento manualmente, e não alterar o do-
Escolha Arquivo - Salvar cumento após salvar, não será criada uma nova versão.
Ctrl+S Versões existentes - Lista as versões existentes do docu-
Na Barra de ferramentas ou de tabela de dados, clique em mento atual, a data e a hora em que elas foram criadas, o au-
tor e os comentários associados.
Salvar
- Exportar
Salva o documento atual com outro nome e formato em
Salvar como: Salva o documento atual em outro local ou um local a especificar.
com um nome de arquivo ou tipo de arquivo diferente. Escolha Escolha Arquivo – Exportar
Arquivo - Salvar como - Exportar como PDF
Salva o arquivo atual no formato Portable Document
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Format (PDF) versão 1.4. Um arquivo PDF pode ser visto e


impresso em qualquer plataforma com a formatação original
intacta, desde que haja um software compatível instalado.
Escolha Arquivo - Exportar como PDF

- Visualizar impressão
Exibe uma visualização da página impressa ou fecha a vi-
sualização.
Menu Arquivo - Visualizar impressão
Utilize os ícones na barra Visualização de impressão para
folhear as páginas do documento ou para imprimir o docu-
mento.
Você também pode pressionar as teclas Page Up e Page
Down para folhear as páginas.
Obs: Não é possível editar seu documento enquanto esti-
ver na visualização de impressão.

38
- Imprimir - Refazer
Imprime o documento atual, a seleção ou as páginas que Reverte a ação do último comando Desfazer. Para sele-
você especificar. Você também pode definir as opções de im- cionar a etapa Desfazer que deseja reverter, clique na seta ao
pressão para o documento atual. Tais opções variam de acor- lado do ícone Refazer na barra de ferramentas Padrão.
do com a impressora e com o sistema operacional utilizado.
Escolha Arquivo - Imprimir - Repetir
Ctrl+P Repete o último comando. Esse comando está disponível
Na Barra de ferramentas, clique em no Writer e no Calc.
- Configuração da impressora - Recortar
Selecione a impressora padrão para o documento atual. Remove e copia a seleção para a área de transferência.
Escolha Arquivo - Imprimir - Configurações da impres-
sora
- Copiar
Fecha todos os programas do LibreOffice e pede para sal-
Copia a seleção para a área de transferência.
var as modificações.
- Sair Escolha Editar - Copiar
Escolha Arquivo - Sair Ctrl+C
Ctrl+Q
- Colar
Editar Insere o conteúdo da área de transferência no local do
cursor, e substitui qualquer texto ou objeto selecionado.
Escolha Editar - Colar
Ctrl+V

- Colar especial
Insere o conteúdo da área de transferência no arquivo
atual em um formato que você pode especificar.
Escolha Editar - Colar especial

- Selecionar texto
Você pode ativar um cursor de seleção em um texto so-
mente leitura ou na Ajuda. Escolha Editar - Selecionar texto
ou abra o menu de contexto de um documento somente lei-
tura e escolha Selecionar texto. O cursor de seleção não fica
intermitente.
Use o ícone Editar arquivo para ativar ou desativar o
modo de edição.

- Modo de seleção
Escolha o modo de seleção do submenu: modo de sele-
ção normal, ou modo de seleção por bloco.

- Selecionar tudo
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou objeto
de texto atual.
Escolha Editar - Selecionar tudo
Ctrl+A
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Alterações
Lista os comandos que estão disponíveis para rastrear as
alterações em seu arquivo.

- Comparar documento
Compara o documento atual com um documento que
você seleciona.
Este menu contém comandos para editar o conteúdo do
documento atual. - Localizar e substituir
Procura ou substitui textos ou formatos no documento
- Desfazer atual.
Desfaz o último comando ou a última entrada digita- Escolha Editar - Localizar e substituir
da. Para selecionar o comando que deseja desfazer, clique Ctrl+H
na seta ao lado do ícone Desfazer na barra de ferramentas Na Barra de ferramentas, clique em
Padrão.

39
- Autotexto Exibir
Cria, edita ou insere Autotexto. Você pode armazenar Este menu contém comandos para controlar a exibição
texto formatado, texto com figuras, tabelas e campos como do documento na tela.
Autotexto. Para inserir Autotexto rapidamente, digite o ata-
lho do Autotexto no documento e pressione F3.
Escolha Editar – Autotexto
Ctrl+F3

- Trocar banco de dados


Altera a fonte de dados do documento atual. Para exibir
corretamente o conteúdo dos campos inseridos, o banco
de dados que foi substituído deve conter nomes de campos
idênticos.

- Campos
Abre um caixa de diálogo na qual você pode editar as pro-
priedades de um campo. Clique antes de um campo e sele-
cione este comando. Na caixa de diálogo, você pode usar as
setas para ir para o próximo campo ou voltar para o anterior.

- Notas de rodapé
Edita a âncora de nota de rodapé ou de nota de fim sele-
cionada. Clique na frente da nota de rodapé ou da nota de
fim e, em seguida, escolha este comando.

- Entrada de índice
Edita a entrada de índice selecionada. Clique antes da en-
trada de índice ou na própria entrada e, em seguida, escolha
este comando.

- Entrada bibliográfica
Edita a entrada bibliográfica selecionada.

- Hiperlink
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie e
edite hiperlinks.
- Layout de impressão
- Vínculos Exibe a forma que terá o documento quando este for im-
Permite a edição das propriedades de cada vínculo no presso.
documento atual, incluindo o caminho para o arquivo de
origem. Este comando não estará disponível se o documento - Layout da Web
atual não contiver vínculos para outros arquivos. Exibe o documento como seria visualizado em um nave-
gador da Web. Esse recurso é útil ao criar documentos HTML.
- Plug-in
Permite a edição de plug-ins no seu arquivo. Escolha este - Código-fonte HTML
comando para ativar ou desativar este recurso. Quando ati- Exibe o código fonte do documento HTML atual. Para exi-
vado, aparecerá uma marca de seleção ao lado do comando, bir o código fonte HTML de um novo documento, é necessá-
e você verá comandos para editar o plug-in em seu menu de rio primeiro salvar o novo documento como um documento
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

contexto. Quando desativado, você verá comandos para con- HTML.


trolar o plug-in no menu de contexto.
- Barra de status
- Mapa de imagem Mostra ou oculta a barra de status na borda inferior da ja-
Permite que você anexe URLs a áreas específicas, deno- nela.
minadas pontos de acesso, em uma figura ou em um grupo
de figuras. Um Mapa de imagem é um grupo com um ou - Status do método de entrada
mais pontos de acesso. Mostra ou oculta a janela de status do IME (Input Method
Engine).
- Objeto
Permite editar um objeto selecionado no arquivo, inseri- - Régua
do com o comando Inserir - Objeto. Mostra ou oculta a régua horizontal, que é utilizada para
ajustar as margens da página, paradas de tabulação, recuos,
bordas, células de tabela e para dispor objetos na página. Para
mostrar a régua vertical, escolha Ferramentas - Opções - Li-
breOffice Writer - Exibir, e selecione a caixa Régua vertical na
área Réguas.

40
- Limites do texto Inserir
Mostra ou oculta os limites da área imprimível da página. O menu Inserir contém os comandos necessários para in-
As linhas de limite não são impressas. serir novos elementos no seu documento. Isso inclui seções,
notas de rodapé, anotações, caracteres especiais, figuras e
- Sombreamentos de campos objetos de outros aplicativos.
Mostra ou oculta os sombreamentos de campos no docu-
mento, incluindo espaços incondicionais, hifens personali-
zados, índices e notas de rodapé.

- Nomes de campos
Alterna a exibição entre o nome e o conteúdo do campo.
A presença de uma marca de seleção indica que os nomes
dos campos são exibidos e a ausência dessa marca indica
que o conteúdo é exibido. O conteúdo de alguns campos não
pode ser exibido.

- Caracteres não-imprimíveis
Mostra os caracteres não imprimíveis no texto, como
marcas de parágrafo, quebras de linha, paradas de tabulação
e espaços.

- Parágrafos ocultos
Mostra ou oculta parágrafos ocultos. Esta opção afeta so-
mente a exibição de parágrafos ocultos. Ela não afeta a im-
pressão desses parágrafos.

- Fontes de dados
Lista os bancos de dados registrados para o LibreOffice e
permite que você gerencie o conteúdo deles.

- Navegador
Mostra ou oculta o Navegador. Você pode usá-lo para
acessar rapidamente diferentes partes do documento e para
inserir elementos do documento atual ou de outros docu-
mentos abertos, bem como para organizar documentos mes-
tre. Para editar um item do Navegador, clique com o botão
direito do mouse no item e, em seguida, escolha um coman-
do do menu de contexto. Se preferir, você pode encaixar o
Navegador na borda do espaço de trabalho.

- Tela inteira
Exibe ou oculta os menus e as barras de ferramentas no - Quebra manual
Writer ou no Calc. Para sair do modo de tela inteira, clique no Insere uma quebra manual de linha, de coluna ou de pá-
botão Ativar/Desativar tela inteira. gina na posição atual em que se encontra o cursor.

- Zoom - Campos
Reduz ou amplia a exibição de tela do LibreOffice. Insere um campo na posição atual do cursor. O submenu
lista os tipos de campos mais comuns. Para exibir todos os
campos disponíveis, escolha Outro. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Caractere especial
Insere caracteres especiais a partir das fontes instaladas.

- Marca de formatação
Abe um submenu para inserir marcas especiais de forma-
tação. Ative o CTL para mais comandos.

- Seção
Insere uma seção de texto no mesmo local em que o
cursor está posicionado no documento. Também é possível
selecionar um bloco de texto e, em seguida, escolher esse
comando para criar uma seção. Use as seções para inserir
blocos de texto de outros documentos, para aplicar layouts
de colunas personalizados ou para proteger ou ocultar os
blocos de texto quando uma condição for atendida.

41
- Hiperlink - Tabela
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie e Insere uma tabela no documento. Você também pode cli-
edite hiperlinks. car na seta, arrastar o mouse para selecionar o número de
linhas e colunas a serem incluídas na tabela e, em seguida,
- Cabeçalho clicar na última célula.
Adiciona ou remove um cabeçalho do estilo de página
que você selecionar no submenu. O cabeçalho é adiciona- - Figura
do a todas as páginas que usam o mesmo estilo de página. Selecione a origem da figura que deseja inserir.
Em um novo documento, é listado apenas o estilo de página
“Padrão”. Outros estilos de páginas serão adicionados à lista - Objeto de desenho
depois que você aplicá-los ao documento. Insere um objeto no documento. Para vídeo e áudio utili-
ze Inserir - Multimídia - Áudio ou vídeo.
- Rodapé
Adiciona ou remove um rodapé do estilo de página se- - Quadro flutuante
lecionado no submenu. O rodapé é adicionado a todas as Insere um quadro flutuante no documento atual. Qua-
páginas que usam o mesmo estilo. Em um novo documento, dros flutuantes são utilizados em documentos HTML para
somente o estilo de página “Padrão” é listado. Outros estilos exibir conteúdo de outro arquivo.
serão adicionados à lista depois que forem aplicados ao do-
cumento. - Áudio ou vídeo
Insere um arquivo de vídeo ou áudio no documento.
- Nota de rodapé / Nota de fim
Insere uma nota de rodapé ou uma nota de fim no docu- - Arquivo
mento. A âncora para a nota será inserida na posição atual do Insere um arquivo de texto na posição atual do cursor.
cursor. Você pode escolher entre numeração automática ou
um símbolo personalizado. Formatar
Contém comandos para formatar o layout e o conteúdo
- Legenda de seu documento.
Adiciona uma legenda numerada à figura, tabela, qua-
dro, quadro de texto ou objeto de desenho selecionado. Você
também pode acessar este comando clicando com o botão
direito do mouse no item ao qual deseja adicionar a legenda.

- Marcador
Insere um indicador na posição do cursor. Use o Navega-
dor para saltar rapidamente para a posição indicada em ou-
tra hora. em um documento HTML, os indicadores são con-
vertidos em âncoras para você navegar através de hyperlinks.

- Referência
Esta é a posição em que você insere as referências ou os
campos referidos no documento atual. As referências são os
campos referidos no mesmo documento ou em subdocu-
mentos de um documento mestre.

- Anotação
Insere uma anotação.

- Script
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Insere um script na posição atual do cursor em um docu-


mento HTML ou de texto.

- Índices e índices gerais


Abre um menu para inserir entradas de índice e inserir
índices e tabelas.

- Envelope
Cria um envelope. Nas três guias, você pode especificar o
destinatário e o remetente, a posição e o formato de ambos
os endereços, o tamanho e a orientação do envelope.

- Quadro
Insere um quadro que você pode usar para criar um la- - Limpar formatação direta
yout com uma ou mais colunas de texto e objetos. Remove a formatação direta e a formatação por estilos de
caracteres da seleção.

42
- Caractere - Inverter
Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres se- Inverte o objeto selecionado, horizontalmente ou verti-
lecionados. calmente.

- Parágrafo - Agrupar
Modifica o formato do parágrafo atual, por exemplo, ali- Agrupa os objetos selecionados de forma que possam ser
nhamento e recuo. movidos ou formatados como um único objeto.

- Marcadores e numeração - Objeto


Adiciona marcadores ou numeração ao parágrafo atual e Abre um submenu para editar propriedades do objeto se-
permite que você edite o formato da numeração ou dos mar- lecionado.
cadores.
- Quadro
- Página Insere um quadro que você pode usar para criar um la-
Especifique os estilos de formatação e o layout do estilo yout com uma ou mais colunas de texto e objetos.
de página atual, incluindo margens da página, cabeçalhos,
rodapés e o plano de fundo da página. - Imagem
Formata o tamanho, a posição e outras propriedades da
- Alterar caixa figura selecionada.
Altera a caixa dos caracteres selecionados. Se o cursor es-
tiver no meio de uma palavra e não houver texto selecionado, Tabela
então a palavra será a seleção.

- Guia fonético asiático


Permite que você adicione comentários sobre caracteres
asiáticos para serem usados como manual de pronúncia.

- Colunas
Especifica o número de colunas e o layout de coluna para
um estilo de página, quadro ou seção.

- Seções
Altera as propriedades das seções definidas no documen-
to. Para inserir uma seção, selecione o texto ou clique no do-
cumento e, em seguida, escolha Inserir - Seção.

- Estilos e formatação
Use a janela Estilos e formatação para aplicar, criar, edi-
tar, adicionar e remover estilos de formatação. Clique duas
vezes para aplicar o estilo.

- Autocorreção
Formata automaticamente o arquivo de acordo com as
opções definidas em Ferramentas - Opções da autocorreção.

- Ancorar
Define as opções de ancoramento para o objeto selecio- PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
nado.

- Quebra Automática - Inserir


Define as opções de quebra automática de texto para fi- Tabela
guras, objetos e quadros. Insere uma nova tabela.

- Alinhar (objetos) Colunas


Alinha os objetos selecionados em relação a outro. Insere colunas.

- Alinhamento (objetos de texto) Linhas


Define as opções de alinhamento para a seleção atual. Insere linhas.

- Dispor - Excluir
Altera a ordem de empilhamento do(s) objeto(s) selecio- Tabela
nado(s). Exclui a tabela atual.

43
Colunas - Altura de linha ideal
Exclui as colunas selecionadas. Ajusta automaticamente a altura das linhas para que cor-
responda ao conteúdo das células. Esta é a definição padrão
Linhas para novas tabelas.
Exclui as linhas selecionadas.
- Distribuir linhas uniformemente
Selecionar Ajusta a altura das linhas selecionadas para a altura da
Tabela linha mais alta na seleção.
Seleciona a tabela atual.
Permitir quebra de linha em páginas e colunas
Coluna Permite uma quebra de página na linha atual.
Seleciona a coluna atual.
Repetir linhas de cabeçalho
Linha Repete os cabeçalhos das tabelas nas páginas subsequen-
Seleciona a linha atual. tes quando a tabela se estende por uma ou mais páginas.

Célula Converter
Seleciona a célula atual.
Texto em tabela
- Mesclar células Abre uma caixa de diálogo para poder converter em tabe-
Combina o conteúdo das células selecionadas da tabela la o texto selecionado.
em uma única célula.
Tabela para texto
- Dividir células Abre uma caixa de diálogo para converter a tabela atual
Divide a célula ou grupo de células horizontalmente ou em texto.
verticalmente em um número especificado de células.
Classificar
- Mesclar tabela Classifica alfabeticamente ou numericamente os pará-
Combina duas tabelas consecutivas em uma única tabe- grafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir até
la. As tabelas devem estar lado a lado, e não separadas por três chaves de classificação bem como combinar chaves alfa-
um parágrafo vazio. béticas com numéricas.

- Dividir tabela Fórmula


Divide a tabela atual em duas tabelas separadas na posi- Abre a Barra de fórmulas para inserir ou editar uma fór-
ção do cursor. Você também pode clicar com o botão direito mula.
do mouse em uma célula da tabela para acessar este comando.
Formato numérico
- Autoformatação de tabela Abre uma caixa de diálogo para especificar o formato de
Aplica automaticamente formatos à tabela atual, incluin- números na tabela.
do fontes, sombreamento e bordas.
Limites da tabela
Autoajustar Mostra ou oculta os limites em torno das células da tabe-
Largura da coluna la. Os limites só são visíveis na tela e não são impressos.
Abre a caixa de diálogo Largura da coluna para alterar a
largura de uma coluna. Propriedades da tabela
Especifica as propriedades da tabela selecionada, como,
- Largura de coluna ideal por exemplo, nome, alinhamento, espaçamento, largura da
Ajusta automaticamente a largura das colunas para coin- coluna, bordas e plano de fundo.
cidir com o conteúdo das células. A alteração da largura de
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma coluna não afeta a largura das outras colunas na tabela.


Ferramentas
A largura da tabela não pode exceder a largura da página.
Contém ferramentas de verificação ortográfica, uma ga-
leria de objetos artísticos que podem ser adicionados ao do-
- Distribuir colunas uniformemente
Ajusta a largura das colunas selecionadas para a largura cumento, bem como ferramentas para configurar menus e
da coluna mais larga da seleção. A largura total da tabela não definir preferências do programa.
pode exceder a largura da página.

Altura da linha
Abre a caixa de diálogo Altura da linha para alterar a altu-
ra de uma linha.

44
- Assistente de Mala Direta
Inicia o Assistente de Mala Direta para criar cartas-mo-
delo ou enviar mensagens de e-mail a vários destinatários.

- Classificar
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pará-
grafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir até
três chaves de classificação bem como combinar chaves alfa-
béticas com numéricas.

- Calcular
Calcula a fórmula selecionada e copia o resultado para a
área de transferência.

- Atualizar
Atualiza os itens do documento atual com conteúdo di-
nâmico, como campos e índices.

- Player de mídia
Abre a janela do Player de mídia, para poder visualizar
arquivos de vídeo e áudio e inseri-los no documento atual.

- Macros
Permite gravar, organizar e editar macros.

- Gerenciador de extensão
O Gerenciador de extensão adiciona, remove, desativa,
ativa e atualiza extensões do LibreOffice.

- Verificação ortográfica - Filtros XML


Verifica a ortografia manualmente. Abre a caixa de diálogo Configurações do filtro XML, onde
você pode criar, editar, excluir e testar filtros para importar e
- Idioma exportar arquivos XML.
Abre um submenu para escolher comandos específicos
do idioma. - Opções da Autocorreção
Configura as opções para substituir texto automatica-
- Contagem de palavras mente ao digitar.
Conta as palavras e caracteres, com ou sem espaços, na
seleção atual, e em todo o documento. A contagem é manti- - Personalizar
da atualizada enquanto digita, ou altera a seleção. Personaliza menus, teclas de atalho, barras de ferramen-
tas e atribuições de macros do LibreOffice para eventos.
- Numeração da estrutura de tópicos
Especifica o formato de número e a hierarquia para a nu- - Opções
meração de capítulos no documento atual. Este comando abre uma caixa de diálogo para configura-
ção personalizada do programa.
- Numeração de linhas
Adiciona ou remove e formata números de linha no do- Janela
cumento atual. Para desativar a numeração de linhas em um PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
parágrafo, clique no parágrafo, escolha Formatar - Parágrafo,
clique na guia Numeração e, em seguida, desmarque a caixa
de seleção Incluir este parágrafo na numeração de linhas

- Notas de rodapé
Especifica as configurações de exibição de notas de roda-
pé e notas de fim.

- Galeria
Abre a Galeria, onde você poderá selecionar figuras e sons
para inserir em seu documento. Contém comandos para manipulação e exibição de jane-
las de documentos.
- Banco de dados bibliográfico
Insira, exclua, edite e organize arquivos no banco de da- - Nova janela
dos bibliográfico. Abre uma nova janela que exibe os conteúdos da janela
atual. Você pode agora ver diferentes partes do mesmo docu-

45
mento ao mesmo tempo.
Itálico
- Fechar a janela
Fecha a janela atual. Escolha Janela - Fechar janela, ou - Sublinhado
pressione Ctrl+F4. Na visualização de impressão do LibreOf- Sublinha o texto selecionado ou remove o sublinhado do
fice Writer e Calc, você pode fechar a janela ao clicar no botão texto selecionado.
Fechar visualização.
Sublinhado
- Lista de documentos
Lista os documentos abertos no momento atual. Selecio-
ne o nome de um documento na lista para alternar para esse - Sobrescrito
documento. Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e levanta
o texto acima da linha de base.
Ajuda
O menu da Ajuda permite iniciar e controlar o sistema de
Ajuda do LibreOffice. Sobrescrito

- Subscrito
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e posi-
ciona o texto abaixo da linha de base.

Subscrito

- Esquerda
Alinha o parágrafo selecionado em relação à margem es-
querda da página.

Barras de ferramentas Alinhar à esquerda

Barra de objetos de texto


Contém comandos de formatação para o texto de um - Centralizar
objeto de desenho. A barra Objetos de texto aparece quando Centraliza na página os parágrafos selecionados.
você faz um duplo clique dentro de um objeto de desenho.
- Nome da fonte
Permite que você selecione um nome de fonte na lista ou
digite um nome de fonte diretamente.
- Direita
Você pode inserir várias fontes, separadas por ponto-e-
Alinha os parágrafos selecionados em relação à margem
-vírgulas. O LibreOffice usará cada fonte nomeada em suces-
direita da página.
são se as fontes anteriores não estiverem disponíveis.

Alinhar à direita
Nome da fonte
- Justificar
- Tamanho da fonte Alinha os parágrafos selecionados às margens esquerda e
Permite que você escolha entre diferentes tamanhos de direita da página. Se preferir, você pode especificar as opções
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fonte na lista ou que digite um tamanho manualmente. de alinhamento para a última linha de um parágrafo, esco-
lhendo Formatar - Parágrafo - Alinhamento.
- Negrito
Aplica o formato negrito ao texto selecionado. Se o cur-
sor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em negrito. Se a Justificado
seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será
removida. - Suporte a idiomas asiáticos
Esses comandos só podem ser acessados após ativar o
suporte para idiomas asiáticos em Ferramentas - Opções -
Negrito Configurações de idioma - Idiomas.

- Itálico - Texto escrito da esquerda para a direita


Aplica o formato itálico ao texto selecionado. Se o cur- Especifica a direção horizontal do texto.
sor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em itálico. Se
a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será
removida. Direção do texto da esquerda para a direita

46
- Texto escrito de cima para baixo
Especifica a direção vertical do texto.

Texto escrito de cima para baixo

- Selecionar tudo
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou objeto de texto atual.

Selecionar tudo

- Caractere
Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres selecionados.

Caractere

- Parágrafo
Aqui você pode definir recuos, espaçamento, alinhamento e espaçamento de linha para o parágrafo selecionado.

Parágrafo

Adicionando e editando texto

Você pode adicionar texto ao documento das seguintes maneiras:


• Digitando texto com o teclado
• Copiando e colando texto de outro documento
• Importando texto de outro arquivo

Digitando texto

A maneira mais fácil de inserir texto no documento é digitar o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção corrige auto-
maticamente possíveis erros de ortografia comuns, como “catra” em vez de “carta”.
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta palavras longas enquanto você digita. Ao começar a digitar novamente
a mesma palavra, o
LibreOffice.org completa automaticamente a palavra. Para aceitar a palavra, pressione Enter ou continue digitando.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica – Para desativar as ferramentas de completar e substituir automaticamente procure na ajuda on-line os seguintes
termos:
• Função de AutoCorreção
• Função de AutoEntrada
• Completar palavras
• Reconhecimento de números
• Função de AutoFormatação

47
Selecionando texto
Você pode selecionar texto com o mouse ou com o teclado.

Selecionando texto com o mouse


• Para selecionar um trecho de texto, clique no início do trecho, mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e arraste
o mouse até o fim do texto.
Pode também clicar na frente do trecho, mover o mouse até o fim do texto, manter pressionada a tecla Shift e clicar nova-
mente.
• Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes em qualquer lugar na frase.
• Para selecionar uma única palavra, clique duas vezes em qualquer lugar na palavra.
• Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção, selecione o trecho, mantenha pressionada a tecla Ctrl e selecione outro
trecho de texto.

Selecionando texto com o teclado


• Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctrl+A.
• Para selecionar uma única palavra em um dos lados do cursor, mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e pressione a
seta para a esquerda <- ou a seta para a direita ->.
• Para selecionar um único caractere em um dos lados do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a seta para
a esquerda <- ou a seta para a direita ->. Para selecionar mais de um caractere, mantenha pressionada a tecla Shift enquanto
pressiona a tecla de direção.
• Para selecionar o texto restante na linha à esquerda do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla
Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direita do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla End.

Copiando, colando e excluindo texto


Você pode copiar texto de um lugar para outro no mesmo documento ou de um documento para outro.

- Para copiar e colar texto


Etapas
1. Selecione o texto que deseja copiar e siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar – Copiar.
• Pressione Ctrl+C.
• Clique no ícone Copiar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse no texto selecionado e escolha Copiar.
O texto continua na área de transferência até você copiar outra seleção de texto ou item.
2. Clique ou mova o cursor para onde deseja colar o texto. Siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar – Colar.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Pressione Ctrl+V.
• Clique no ícone Colar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse onde deseja colar o texto e escolha Colar.

- Para excluir texto


Etapas
1. Selecione o texto que deseja excluir.
2. Siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar - Recortar ou pressione Ctrl+X.
O texto é excluído do documento e adicionado à área de transferência, para você colar o texto onde pretender.
• Pressione a tecla Delete ou Backspace.
Observação – Você pode usar essas teclas para também excluir caracteres individuais.
Se desejar desfazer uma exclusão, escolha Editar - Desfazer ou pressione Ctrl+Z.

48
-Para inserir um documento de texto Verificando ortografia
Você pode inserir o conteúdo de qualquer documento de
texto no documento do Writer, desde que o formato do ar- O Writer pode verificar possíveis erros ortográficos en-
quivo seja conhecido pelo LibreOffice.org. quanto você digita ou em um documento inteiro.
Etapas
1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir o - Para verificar ortografia enquanto digita
texto. O Writer pode avisar sobre possíveis erros de ortografia
2. Escolha Inserir – Arquivo. enquanto você digita.
3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em Inse- Para ativar e desativar esse recurso, clique no ícone Au-
rir. toOrtografia e gramatica na barra de Ferramentas. Quando
Localizando e substituindo texto esse recurso está ativado, uma linha vermelha ondulada
Você pode usar o recurso Localizar e substituir no Li- marca possíveis erros ortográficos.
breOffice.org Writer para procurar e substituir palavras em
um documento de texto.

- Para localizar e substituir texto

1. Clique com o botão direito do mouse em uma palavra


com um sublinhado ondulado em vermelho.
2. Siga um destes procedimentos:
• Escolha uma das palavras de substituição sugeridas no
alto do menu de contexto.
A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
escolher.
• Escolha uma das palavras de substituição no submenu
AutoCorreção.
A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
escolher.
Etapas As duas palavras são acrescentadas automaticamente à
1. Escolha Editar – Localizar e substituir. lista de substituição da ferramenta AutoCorreção. Na próxi-
Abre-se a caixa de diálogo Localizar e substituir. ma vez que cometer o mesmo erro ortográfico, o Writer fará a
2. Na caixa Pesquisar por, digite o texto que você deseja correção ortográfica automaticamente.
localizar no documento. • Escolha Ortografia e gramatica para abrir a caixa de diá-
Pode selecionar também a palavra ou a frase que deseja logo Ortografia e gramatica.
procurar no documento de texto e escolher Editar - Localizar • Para adicionar a palavra a um dos dicionários, escolha
e substituir. O texto selecionado é inserido automaticamente Adicionar e clique no nome do dicionário. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
na caixa Procurar. Observação – O número de entradas em um dicionário
3. Na caixa Substituir por, insira a palavra ou a frase de definido pelo usuário é limitado, mas você pode criar quan-
substituição. tos dicionários definidos pelo usuário forem necessários.
4. Clique em Localizar para iniciar a procura.
5. Quando o Writer localizar a primeira ocorrência da pa- - Para verificar a ortografia em um documento inteiro
lavra ou frase, siga um destes procedimentos: Se não deseja verificar a ortografia enquanto digita, você
• Para substituir a ocorrência do texto encontrada pela pode usar a ferramenta Ortografia e gramatica para corrigir
que você inseriu na caixa Substituir por, clique em Substituir. erros manualmente. A ferramenta Ortografia e gramatica co-
• Para substituir todas as ocorrências do texto encontra- meça a partir da posição atual do cursor ou a partir do início
das pela que você inseriu na caixa Substituir por, clique em do texto selecionado.
Substituir tudo. Etapas
• Para ignorar o texto encontrado e continuar a procura, 1. Clique no documento ou selecione o texto que deseja
clique em corrigir.
Localizar próxima. 2. Escolha Ferramentas - Ortografia e gramatica.
6. Clique em Fechar quando concluir a procura. 3. Quando um possível erro de ortografia é localizado, a
caixa de diálogo Ortografia e gramatica sugere uma correção.

49
4. Siga um destes procedimentos:
• Para aceitar uma correção, clique em Corrigir.
• Substitua a palavra incorreta na caixa no alto pela palavra correta e clique em Alterar.
• Para ignorar a palavra atual uma vez e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar uma vez.
• Para ignorar a palavra atual no documento inteiro e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar sempre.

Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou ao usar estilos. Com os dois métodos, você controla tamanho, tipo
de fonte, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A principal diferença é que a formatação manual aplica-se apenas ao texto
selecionado, enquanto a formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento.

Formatando texto manualmente

Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e a cor do texto, use os ícones na barra Formatação. Se desejar, pode
também usar os comandos de menu no menu Formato, assim como teclas de atalho.

Selecione o texto que deseja alterar e siga um destes procedimentos:


• Para alterar o tipo de fonte usado, selecione uma fonte diferente na caixa Nome da fonte.
• Para alterar o tamanho do texto, selecione um tamanho na caixa Tamanho da fonte.
• Para alterar o tipo de letra do texto, clique no ícone Negrito, Itálico ou Sublinhado.
Pode também usar as seguintes teclas de atalho: Ctrl+B para negrito, Ctrl+I para itálico ou Ctrl+U para sublinhado. Para
restaurar o tipo de letra padrão, selecione o texto novamente e clique no mesmo ícone, ou pressione as mesmas teclas de atalho.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para alterar o alinhamento do texto, clique no ícone Alinhar à esquerda, Centralizar, Alinhar à direita ou Justificado.
• Para adicionar ou remover marcadores ou números de uma lista, clique no ícone Ativar/desativar numeração ou Ativar/
desativar marcadores.
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de recuo.
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da fonte.
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, clique no ícone Cor do plano de fundo ou no ícone Realce.
Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação sobre a diferença desses dois ícones.

Formatando texto com estilos


No Writer, a formatação padrão de caracteres, parágrafos, páginas, quadros e listas é feita com estilos. Um estilo é um con-
junto de opções de formatação, como tipo e tamanho da fonte. Um estilo define o aspecto geral do texto, assim como o layout
de um documento.
Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos os estilos aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar estilo na barra
Formatar.

50
Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação é
com a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela Estilos e
formatação, escolha Formatar – Estilos e formatação. 3. (Opcional) Para usar um layout de tabela predefinido,
clique em AutoFormatar, selecione o formato desejado e cli-
que em OK.

Cabeçalho e rodapé
Cabeçalhos e rodapés são áreas nas margens superior e
inferior das páginas para adiciona textos ou figuras. Os cabe-
çalhos e rodapés são adicionados ao estilo de página atual.
Todas as páginas que usarem o mesmo estilo receberão auto-
maticamente o cabeçalho ou rodapé adicionado. É possível
inserir Campos, tais como números de páginas e títulos de
capítulos, nos cabeçalhos e rodapés de um documento de
texto.
Obs.: O estilo de página para a página atual será exibido
na Barra de status.
Para adicionar um cabeçalho a uma página, escolha Inse-
rir - Cabeçalho e, em seguida, no submenu, selecione o estilo
de página para a página atual.
Para adicionar um rodapé a uma página, escolha Inserir
- Rodapé e, em seguida, selecione o estilo de página para a
página atual no submenu.
Você também pode escolher Formatar - Página, clicar na
guia Cabeçalho ou Rodapé, e selecionar Ativar cabeçalho ou
Ativar rodapé. Desmarque a caixa de seleção Mesmo conteú-
do esquerda/direita se desejar definir cabeçalhos e rodapés PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
diferentes para páginas pares e ímpares.
Usando tabelas em documentos do Writer Para utilizar diferentes cabeçalhos e rodapés documen-
Você pode usar tabelas para apresentar e organizar infor- to, adicione-os a diferentes estilos de páginas e, em seguida,
mações importantes em linhas e colunas, para as informa- aplique os estilos às páginas nas deseja exibir os cabeçalhos
ções serem lidas com facilidade. A interseção de uma linha e ou rodapés.
uma coluna é chamada de célula.
Marcadores e numeração
- Para adicionar uma tabela a um documento do Writer Para adicionar marcadores
Etapas Selecione o(s) parágrafo(s) ao(s) qual(is) deseja adicionar
1. Escolha Tabela - Inserir – Tabela. marcadores.
2. Na área Tamanho, digite o número de linhas e colunas Na barra de Formatação, clique no ícone Ativar/desativar
para a tabela. marcadores.

51
Para remover marcadores, selecione os parágrafos com
marcadores e, em seguida, clique no ícone Ativar/Desativar
marcadores na barra Formatação.
Para formatar marcadores
Para alterar a formatação da lista com marcadores, esco-
lha Formatar - Marcadores e numeração.

O novo número da página é um atributo do primeiro pa-


rágrafo da página.

Para formatar o estilo dos números de página


Você deseja que os números da página sejam em nume-
rais romanos: i, ii, iii, iv e assim por diante.
Clique duas vezes imediatamente na frente do campo de
número da página. A caixa de diálogo Editar campos se abrirá.
Selecione um formato de número e clique em OK.
Por exemplo, para mudar o símbolo do marcador, clique Utilizar diferentes estilos de número de página
na guia Opções , clique no botão de seleção (...) perto de Ca- Você precisa que algumas páginas apresentem o estilo
ractere, e selecione um caractere especial. Pode-se também em numerais romanos e o restante das páginas, outro estilo.
clicar na guia Figura, e clicar num estilo de símbolo na área No Writer, serão necessários vários estilos de página.
Seleção. O primeiro estilo de página apresenta um rodapé com um
campo de número de página formatado em numerais roma-
Números de página nos. O estilo de página seguinte apresenta um rodapé com
No Writer, o número da página é um campo que pode ser um campo de número de página formatado em outro estilo.
inserido no texto. Ambos estilos de página devem estar separados por uma
quebra de página. No Writer, é possível inserir quebras de pá-
Para inserir números de página gina automática ou manualmente.
Escolha Inserir - Campos - Número da página para inserir Uma quebra de página automática aparece no final de
um número de página na posição atual do cursor. uma página quando o estilo de página possui um “próximo
Obs.: Se, em vez do número, aparecer o texto “Número da estilo” diferente.
página”, escolha Exibir - Nome de campos. Por exemplo, o estilo de página da “Primeira página”
No entanto, esses campos mudarão de posição quando apresenta “Padrão” como próximo estilo. Para comprovar
um texto for adicionado ou removido. Assim, é melhor inse- essa possibilidade, pressione F11 para abrir a janela Estilos e
rir o campo de número da página em um cabeçalho ou ro- formatação, clique no ícone Estilos de página e clique com o
dapé que se encontram na mesma posição e se repetem em botão direito do mouse na entrada Primeira página. Escolha
todas as páginas. Modificar no menu de contexto. Na guia Organizador, pode
Escolha Inserir - Cabeçalho - (nome do estilo de página) ser visto o “próximo estilo”.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ou Inserir - Rodapé - (nome do estilo de rodapé) para adicio- A quebra de página manual pode ser aplicada com ou
nar um cabeçalho ou um rodapé em todas as páginas com o sem alterações dos estilos de página.
estilo de página atual. Se pressionar Ctrl+Enter, será aplicada a quebra de pági-
na sem alterações nos estilos de página.
Para iniciar com um número de página definido Se escolher Inserir - Quebra manual, a quebra de página
Agora você que ter um pouco mais de controle sobre o pode ser inserida com ou sem alterações no estilo ou com
número da página. Você está editando um documento de alterações no número da página.
texto que deve começar com o número de página 12. Dependendo do documento, é melhor: utilizar a quebra
de página inserida manualmente entre os estilos de página,
Clique no primeiro parágrafo do documento. ou utilizar uma mudança automática. Se for necessária ape-
Escolha Formatar - Parágrafo - Fluxo de texto. nas uma página de título com estilo diferente, o método au-
Em Quebras, ative Inserir. Ative Com estilo de página tomático pode ser utilizado:
para poder definir o novo Número da página. Clique em OK.

52
Para aplicar um estilo de página diferente na primeira página Teclas de atalho para o LibreOffice Writer
Clique na primeira página do documento. Teclas de atalho - Efeito
Escolha Formatar - Estilos e formatação. Ctrl+A - Selecionar tudo
Na janela Estilos e formatação, clique no ícone Estilos de Ctrl+J - Justificar
página. Ctrl+D - Sublinhado duplo
Clique duas vezes no estilo “Primeira página”. Ctrl+E - Centralizado
A página de título apresentará o estilo “Primeira página” e as Ctrl+H - Localizar e substituir
páginas seguintes apresentarão automaticamente o estilo “Padrão”. Ctrl+Shift+P - Sobrescrito
Ctrl+L - Alinhar à esquerda
Ctrl+R - Alinhar à direita
#FicaDica Ctrl+Shift+B - Subscrito
Você pode agora por exemplo, inserir um rodapé Ctrl+Y - Refaz a última ação
somente para o estilo de página “Padrão”, ou Ctrl+0 (zero) - Aplica o estilo de parágrafo Padrão
inserir rodapés em ambos estilos de página, Ctrl+1 - Aplica o estilo de parágrafo Título 1
mas com os campos de número de página Ctrl+2 - Aplica o estilo de parágrafo Título 2
formatados de modo diferente. Ctrl+3 - Aplica o estilo de parágrafo Título 3
Ctrl+4 - Aplica o estilo de parágrafo Título 4
Ctrl+5 - Aplica o estilo de parágrafo Título 5
Ctrl + tecla mais - Calcula o texto selecionado e copia o
Para aplicar uma alteração de estilo de página inserida resultado para a área de transferência.
manualmente Ctrl+Hífen(-) - Hifens personalizados; hifenização defini-
Clique no início do primeiro parágrafo da página onde da pelo usuário.
será aplicado um estilo de página diferente. Ctrl+Shift+sinal de menos (-) - Traço incondicional (não
Escolha Inserir - Quebra manual. A caixa de diálogo Editar
utilizado na hifenização)
quebra se abrirá.
Ctrl+sinal de multiplicação * (somente no teclado numé-
Na caixa de listagem Estilo, selecione um estilo de página.
rico) - Executar campo de macro
Você pode definir um novo número de página também. Cli-
Ctrl+Shift+Espaço - Espaços incondicionais. Esses
que em OK.
O estilo de página selecionado será usado a partir do pa- espaços não serão usados para hifenização nem serão ex-
rágrafo atual até a próxima quebra de página com estilo. Você pandidos se o texto estiver justificado.
pode precisar criar primeiro um novo estilo de página. Shift+Enter - Quebra de linha sem mudança de parágrafo
Ctrl+Enter - Quebra manual de página
Teclas de atalho do LibreOffice Writer Ctrl+Shift+Enter - Quebra de coluna em textos com várias
Você pode utilizar teclas de atalho para executar rapida- colunas
mente tarefas comuns no LibreOffice. Esta seção relaciona as Alt+Enter - Insere um novo parágrafo sem numeração
teclas de atalho padrão do LibreOffice Writer. numa lista. Não funciona se o cursor estiver no fim da lista.
Alt+Enter - Insere um novo parágrafo antes ou depois de
Teclas de função para o LibreOffice Writer uma seção ou antes de uma tabela.
Teclas de atalho - Efeito Seta para a esquerda - Move o cursor para a esquerda
F2 - Barra de fórmulas Shift+Seta para a esquerda - Move o cursor para a esquer-
Ctrl+F2 - Insere campos da com seleção
F3 - Completa o autotexto Ctrl+Seta para a esquerda - Vai para o início da palavra
Ctrl+F3 - Edita o autotexto Ctrl+Shift+Seta para a esquerda - Seleciona à esquerda,
F4 - Abre a exibição da fonte de dados uma palavra de cada vez
Shift+F4 - Seleciona o próximo quadro Seta para a direita - Move o cursor para a direita
F5 - Ativar/Desativar o Navegador Shift+Seta para a direita - Move o cursor para a direita
Ctrl+Shift+F5 - Ativar Navegador, vai para número da página com seleção
F7 - Verificação ortográfica Ctrl+Seta para a direita - Vá para o início da próxima pa-
Ctrl+F7 - Dicionário de sinônimos lavra PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
F8 - Modo de extensão Ctrl+Shift+Seta para a direita - Seleciona à direita, uma
Ctrl+F8 - Ativar/Desativar sombreamentos de campos palavra de cada vez
Shift+F8 - Modo de seleção adicional Seta para cima - Move o cursor uma linha acima
Ctrl+Shift+F8 - Modo de seleção por bloco Shift+Seta para cima - Seleciona linhas de baixo para
F9 - Atualiza os campos cima
Ctrl+F9 - Mostra os campos Ctrl+Seta para cima - Move o cursor para o começo do
Shift+F9 - Calcula a tabela parágrafo anterior
Ctrl+Shift+F9 - Atualiza os campos e as listas de entrada CtrlShift+Seta para cima - Seleciona até o começo do pa-
Ctrl+F10 - Ativar/Desativar caracteres não imprimíveis rágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do parágrafo
F11 - Ativar/Desativar janela Estilos e formatação anterior
Shift+F11 - Cria um estilo Seta para baixo - Move o cursor uma linha para baixo
Ctrl+F11 - Define o foco para a caixa Aplicar estilos Shift+Seta para baixo - Seleciona linhas de cima para baixo
Ctrl+Shift+F11 - Atualiza o estilo Ctrl+Seta para baixo - Move o cursor para o final do pa-
F12 - Ativar numeração rágrafo.
Ctrl+F12 - Insere ou edita a tabela CtrlShift+Seta para baixo - Seleciona até o fim do pará-
Shift+F12 - Ativa marcadores grafo. Ao repetir, estende a seleção até o fim do próximo pa-
Ctrl+Shift+F12 - Desativa Numeração / Marcadores rágrafo

53
Home - Vai até o início da linha
Home+Shift - Vai e seleciona até o início de uma linha MICROSOFT EXCEL 2013: ELABORAÇÃO,
End - Vai até o fim da linha CÁLCULOS E MANIPULAÇÃO DE TABELAS E
End+Shift - Vai e seleciona até o fim da linha GRÁFICOS.
Ctrl+Home - Vai para o início do documento
Ctrl+Home+Shift - Vai e seleciona o texto até o início do
documento MS EXCEL1
Ctrl+End - Vai para o fim do documento O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para
Ctrl+End+Shift - Vai e seleciona o texto até o fim do do- tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas ele
cumento também funciona muito bem para cálculos simples e para
Ctrl+PageUp - Alterna o cursor entre o texto e o cabeçalho rastrear de quase todos os tipos de informações. A chave para
Ctrl+PageDown - Alterna o cursor entre o texto e o rodapé desbloquear todo esse potencial é a grade de células. As cé-
Insert - Ativa / Desativa modo de inserção lulas podem conter números, texto ou fórmulas. Você insere
PageUp - Move uma página da tela para cima dados nas células e as agrupa em linhas e colunas. Isso per-
Shift+PageUp - Move uma página da tela para cima com mite que você adicione seus dados, classifique-os e filtre-os,
seleção insira-os em tabelas e crie gráficos incríveis. Vejamos as eta-
PageDown - Move uma página da tela para baixo pas básicas para você começar.
Shift+PageDown - Move uma página da tela para baixo
com seleção Criar uma nova pasta de trabalho
Ctrl+Del - Exclui o texto até o fim da palavra Os documentos do Excel são chamados de pastas de tra-
Ctrl+Backspace - Exclui o texto até o início da palavra balho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, normal-
Em uma lista: exclui um parágrafo vazio na frente do pa- mente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar
rágrafo atual quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode
Ctrl+Del+Shift - Exclui o texto até o fim da frase criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se-
Ctrl+Shift+Backspace - Exclui o texto até o início da frase paradamente.
Ctrl+Tab - Próxima sugestão com Completar palavra au-
tomaticamente Clique em Arquivo e em Novo.
Ctrl+Shift+Tab - Utiliza a sugestão anterior com Comple- Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco
tar palavra automaticamente
Ctrl+Alt+Shift+V - Cola o conteúdo da área de transferên-
cia como texto sem formatação.
Ctrl + clique duplo ou Ctrl + Shift + F10 - Utilize esta com-
binação para encaixar ou desencaixar rapidamente a janela
do Navegador, a janela Estilos e Formatação ou outras janelas

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (Câmara de Pará de Minas - MG - Auxiliar de Administra-


ção – Fundamental – FUMARC – 2018). Fonte padrão de
um novo documento do OpenOffice Writer 4.1.3, versão
português, logo após a instalação:
(A) Arial. Insira os dados
(B) Calibri. Clique em uma célula vazia.
(C) Times New Roman. Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As célu-
(D) Verdana. las são referenciadas por sua localização na linha e na coluna
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira linha da


O padrão do Writer é a fonte Times New Roman. coluna A.
Resposta: C
Inserir texto ou números na célula.
02. (Câmara de Pará de Minas - MG - Assistente Administra- Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
tivo – Médio – FUMARC – 2016). São opções disponíveis guinte.
no menu “Ferramentas” do LibreOffice Writer 5.2, versão
português, EXCETO: Usar a AutoSoma para adicionar seus dados
(A) Calcular Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje somá-
(B) Estilos e formatação -los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
(C) Macros Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
(D) Ortografia e gramática... você deseja adicionar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique em Au-
Todos os itens se encontra no menu Ferramentas menos o Esti- toSoma no grupo Edição.
los e Formatação, este se encontra no menu Estilos e na opçao
Estilo e Formatação ou pela tecla F11
Resposta: B 1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

54
A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na
célula selecionada.

Criar uma fórmula simples


Somar números é uma das coisas que você poderá fazer,
mas o Excel também pode executar outras operações mate-
máticas. Experimente algumas fórmulas simples para adicio-
nar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores.
Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fórmula.
Digite uma combinação de números e operadores de cál-
culos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de menos
(-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação ou a bar-
ra (/) para divisão.
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Pressione Enter.
Isso executa o cálculo.

#FicaDica
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se
você deseja que o cursor permaneça na célula
ativa).

Caso você não veja o formato de número que está procu-


Aplicar um formato de número rando, clique em Mais Formatos de Número.
Para distinguir entre os diferentes tipos de números, adi-
cione um formato, como moeda, porcentagens ou datas. Inserir dados em uma tabela
Selecione as células que contêm números que você de- Um modo simples de acessar grande parte dos recursos
seja formatar. do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso permite que
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na seta você filtre ou classifique rapidamente os dados.
na caixa Geral. Selecione os dados clicando na primeira célula e arrastar
a última célula em seus dados.

#FicaDica
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift
pressionada ao mesmo tempo em que pressiona PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
as teclas de direção para selecionar os dados.

Selecione um formato de número


Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
direito da seleção.

55
Para classificar os dados, clique em Classificar de A a
Z ou Classificar de Z a A.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-


la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
tão Tabela.

Clique em OK.

Mostrar totais para os números


Clique na seta no cabeçalho da tabela de uma coluna. As ferramentas de Análise Rápida permitem que você to-
Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Sele- talize os números rapidamente. Se for uma soma, média ou
cionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você dese- contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados do
ja mostrar na tabela. cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
Selecione as células que contêm os números que você so-
mar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para ver
os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão para
aplicar os totais.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar significado aos seus dados


A formatação condicional ou minigráficos podem des-
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados.

56
Se você salvou seu trabalho antes, está pronto.
#FicaDica Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo:
Use a ferramenta Análise Rápida para um Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de traba-
Visualização Dinâmica para experimentar. lho e navegue até uma pasta.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pasta
de trabalho.
Clique em Salvar.
Selecione os dados que você deseja examinar mais deta-
lhadamente. Imprimir o seu trabalho
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior di- Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Imprimir ou
reito da seleção. pressione Ctrl+P.
Explore as opções nas guias Formatação e Minigráfi- Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági-
cos para ver como elas afetam os dados. na e Página Anterior.

A janela de visualização exibe as páginas em preto e


branco ou colorida, dependendo das configurações de sua
impressora.
Se você não gostar de como suas páginas serão impres-
sas, você poderá mudar as margens da página ou adicionar
quebras de página.
Por exemplo, selecione uma escala de cores na galeria For- Clique em Imprimir.
matação para diferenciar as temperaturas alta, média e baixa.
Localizar ou substituir texto e números em uma planilha
do Excel para Windows
Localize e substitua textos e números usando curingas ou
outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas, co-
lunas ou pastas de trabalho.
Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Loca-
lizar e Selecionar.
Quando gostar da opção, clique nela.

Mostrar os dados em um gráfico


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico correto
para seus dados e fornece uma apresentação visual com ape-
nas alguns cliques.
Selecione as células contendo os dados que você quer
mostrar em um gráfico.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior di- Siga um destes procedimentos:
reito da seleção. Para localizar texto ou números, clique em Localizar.
Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos recomen- Para localizar e substituir texto ou números, clique
dados para ver qual tem a melhor aparência para seus dados em Substituir.
e clique no que desejar. Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que você
deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e, em se-
guida, clique em uma pesquisa recente na lista. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco (*)
ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa:
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de caracte-
res. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.
Use o ponto de interrogação para localizar um único ca-
ractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”.
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de inter-
rogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha prece-
OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta ga-
dendo-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para
leria, dependendo do que for recomendado para seus dados.
localizar dados que contenham “?”, use ~? como critério de
Salvar seu trabalho pesquisa.
Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de Aces- Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e
so Rápido ou pressione Ctrl+S. siga um destes procedimentos:
Para procurar dados em uma planilha ou em uma pasta
de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha ou Pasta
de Trabalho.

57
Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na caixa Pes- Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a
quisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas. 409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai- ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm).
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários. A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente
OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comentá- 1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
rios só estão disponíveis na guia Localizar, e somente Fórmu- (zero), a linha ficará oculta.
las está disponível na guia Substituir. Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de mi- da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
núsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiúsculas de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
de minúsculas. ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
Para procurar células que contenham apenas os carac- das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa de é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou
seleção Coincidir conteúdo da célula inteira. milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na
Se você deseja procurar texto ou números que também categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na lis-
tenham uma formatação específica, clique em Formato e ta Unidades da Régua).
faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar Formato.
Definir uma coluna com uma largura específica
Selecione as colunas a serem alteradas.
#FicaDica Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
Se você deseja localizar células que matar.
correspondam a uma formato específico,
exclua qualquer critério da caixa Localizar e
selecione a célula que contenha a formatação
que você deseja localizar. Clique na seta ao lado
de Formato, clique em Escolher formato da
célula e, em seguida, clique na célula que possui
a formatação a ser pesquisada.
Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
Siga um destes procedimentos: Clique em OK.
Para localizar texto ou números, clique em Localizar DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
Tudo ou Localizar Próxima. coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna sele-
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as cionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor deseja-
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão do e clique em OK.
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesquisa Lo- mente ao conteúdo (AutoAjuste)
calizar Tudo clicando em um título de coluna. Selecione as colunas a serem alteradas.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa matar.
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
em Localizar ou Localizar Tudo.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dispo-
nível, clique na guia Substituir.
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
andamento pressionando ESC.
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor- Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da Co-
rências dos caracteres encontrados, clique em Substi- luna Automaticamente.
tuir ou Substituir tudo.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma


DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formatação rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Selecio-
que você define. Se você pesquisar dados na planilha nova- nar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer limite
mente e não conseguir encontrar caracteres que você sabe entre dois títulos de coluna.
que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções de for-
matação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Localizar e
Substituir, clique na guia Localizar e depois em Opções para
exibir as opções de formatação. Clique na seta ao lado de For-
mato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.

Alterar a largura da coluna e a altura da linha


Em uma planilha, você pode especificar uma largura de
coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o número de
caracteres que podem ser exibidos em uma célula formatada
com a fonte padrãoTE000127106. A largura de coluna padrão
é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for definida como 0
(zero), a coluna ficará oculta.

58
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de outra
coluna
Selecione uma célula da coluna com a largura desejada.
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no grupo Área
de Transferência, clique em Copiar.

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as colu-


nas desejadas e arraste um limite à direita do título de coluna
selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas vezes
no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha, cli-
que no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qualquer
título de coluna.
Clique com o botão direito do mouse na coluna de desti-
no, aponte paraColar Especial e clique no botão Manter Lar-
gura da Coluna Original
Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma pla-
nilha ou pasta de trabalho
O valor da largura de coluna padrão indica o número mé-
dio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma célula. É
possível especificar outro valor de largura de coluna padrão
para uma planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma planilha,
clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de tra- Definir uma linha com uma altura específica
balho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma Selecione as linhas a serem alteradas.
guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas as Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
Planilhas no menu de atalhoTE000127572. matar.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em Formatar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja e,
em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Selecione as linhas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
matar. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.
Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova me-
dida e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas as
novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar um
modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo como
base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura
Siga um destes procedimentos: da Linha.
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite do DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida to-
lado direito do título da coluna até que ela fique do tamanho das as linhas da planilha, clique no botão Selecionar Tudo e,
desejado. em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de um dos
títulos de linha.

59
Alterar outros aspectos de formatação
Selecione as células que você deseja formatar.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de
Diálogo ao lado deNúmero.

Alterar a altura das linhas com o mouse


Siga um destes procedimentos: DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir a
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abaixo caixa de diálogoFormatar Células.
do título da linha até que ela fique com a altura desejada. Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Categoria,
clique em Moedaou Contábil.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas


desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de linha
selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, clique
no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de qual-
quer título de linha.

Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda desejado.

FIQUE ATENTO!
Se desejar exibir um valor monetário sem um
Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao conteú- símbolo de moeda, clique em Nenhum.
do, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha.

Formatar números como moeda no Excel


Para exibir números como valores monetários, forma- Na caixa Casas decimais, insira o número de casas deci-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de mais desejadas para o número.
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colocar R$
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As opções de formatação de número estão disponíveis na 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas decimais. Con-
guia Página Inicial, no grupo Número. forme você faz alterações, preste atenção ao número na cai-
xa Amostra. Ela mostra como a alteração das casas decimais
afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exibi-
ção que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir números
negativos, você pode criar seu próprio formato de número.

Formatar números como moeda FIQUE ATENTO!


Você pode exibir um número com o símbolo de moeda A caixa Números negativos não está disponível
padrão selecionando a célula ou o intervalo de células e cli- para o formato de número Contábil. O motivo
cando em Formato de Número de Contabilização no gru- disso é que constitui prática contábil padrão
po Número da guia Página Inicial. (Se desejar aplicar o for- mostrar números negativos entre parênteses.
mato Moeda, selecione as células e pressione Ctrl+Shift+$.)

60
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique em OK.
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso significará que tal-
vez a célula não seja suficientemente larga para exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique duas vezes no limite
direito da coluna que contém as células com o erro #####. Esse procedimento redimensiona automaticamente a coluna para se
ajustar ao número. Você também pode arrastar o limite direito até que as colunas fiquem com o tamanho desejado.

Remover formatação de moeda


Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na caixa de listagem Geral.
As células formatadas com o formato Geral não têm um formato de número específico.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais
complexos e vários valores. Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exemplo, na função:
=SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a função o processo passa a ser mais
fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se
nos cálculos a referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma função depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos podem
ser números, textos, valores lógicos, referências, etc...

Operadores

Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:

Criar uma fórmula simples


Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fórmulas sim- PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ples sempre começam com um sinal de igual (=), seguido de constantes que são valores numéricos e operadores de cálculo
como os sinais de mais (+), menos (-), asterisco (*) ou barra (/).
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o primeiro
número ao resultado. Seguindo a ordem padrão das operações matemáticas, a multiplicação e executada antes da adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos operadores que você deseja usar no cálculo.
Você pode inserir quantas constantes e operadores forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula, você pode selecionar as células que contêm os valores que deseja
usar e inserir os operadores entre as células da seleção.
Pressione Enter.
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente (guia Página
Inicial, grupo Edição ).
Você também pode usar funções (como a função SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as referências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma fórmula
simples.

61
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas mos-
trarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas para
ver todos os dados.

Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial especificado
‘=A2^A3 =A2^A3
em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2

Usar referências de célula em uma fórmula


Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa uma função, você pode fazer referência aos dados das células de uma
planilha incluindo referências de célula nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou seleciona a referência
de célula A2, a fórmula usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você também pode fazer referência a um intervalo de
células.
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Na barra de fórmulas , digite = (sinal de igual).
Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local em
outra pasta de trabalho.
Ao selecionar um intervalo de células, você pode arrastar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou arrastar o
canto da borda para expandir a seleção.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadrados.

FIQUE ATENTO!
Se não houver um canto quadrado em uma
borda codificada por cor, significa que a
referência está relacionada a um intervalo
nomeado.
Pressione Enter.

62
#FicaDica
Você também pode inserir uma referência a um
intervalo ou célula nomeada.

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas mos-
trarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas para
ver todos os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos” (B2:B4) e “Pas-
sivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o total de ativos dos três
departamentos no nome definido “Ativos”,
‘=SOMA(Ativos) =SOMA(Ativos)
que é definido como o intervalo de células
B2:B4. (385000)
Subtrai a soma do nome definido
‘=SOMA(Ativos)- =SOMA(Ativos)-
“Passivos” da soma do nome definido
SOMA(Passivos) SOMA(Passivos)
“Ativos”. (293000)

Criar uma fórmula usando uma função


Você pode criar uma fórmula para calcular valores na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas =SO-
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre
começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir Função .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na caixa Procure
por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de texto
ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em
para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.

63
#FicaDica
Se você usar funções frequentemente, poderá
inserir suas fórmulas diretamente na planilha.
Depois de digitar o sinal de igual (=) e o nome
da função, poderá obter informações sobre a
sintaxe da fórmula e os argumentos da função
pressionando F1.

Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas que
usam funções.

Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
Calcula a média de todos os números no
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
intervalo A1:B4

Principais atalhos
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir para excluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célula e a exibição de fórmulas na planilha.
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos e exibir espaços reservados para objetos.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura de tópicos.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha contiver dados, este comando seleciona a região atual. Pressionar CTR-
L+A novamente seleciona a região atual e suas linhas de reSOMAo. Pressionar CTRL+A novamente seleciona a planilha inteira.
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do argumento quando o ponto de inserção está à direita de um nome
de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área de Transferência.


CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para copiar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um intervalo
selecionado nas células abaixo.
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir com a guia Localizar selecionada.
SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIFT+F4 repete a última ação de Localizar.
CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também exibe essa caixa de diálogo.)
CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir com a guia Substituir selecionada.
CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para os
hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.

64
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de um inter-
valo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponível so-
mente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um objeto,
textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Marcas
Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para valores
negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é diferente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula de =SOMA(A1;A2).
soma você precisa, apenas, Dica: Sempre separe a
selecionar as células indicação das células com
que estarão envolvidas ponto e vírgula (;). Dessa
Adição =SOMA(célulaX;célula Y)
na adição, incluindo a forma, mesmo as que
sequência no campo estiverem em localizações
superior do programa junto distantes serão consideradas
com o símbolo de igual (=) na adição
Segue a mesma lógica da
adição, mas dessa vez você PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
usa o sinal correspondente
Subtração =(célulaX-célulaY) a conta que será feita (-) no =(A1-A2)
lugar do ponto e vírgula (;),
e retira a palavra “soma”
da função
Use o asterisco (*) para
Multiplicação = (célulaX*célulaY) indicar o símbolo de = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a
barra de divisão (/) entre as
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
células e sem palavra antes
da função

65
Fórmulas bastante requisitadas
Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e míni-
mo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Média =MEDIA(célula X:célulaY) Você deve usar a palavra =MEDIA(A1:A10)
“media” antes das células
indicadas, que são sempre
separadas por dois pontos
(:) e representam o grupo
total que você precisa
calcular
Máxima =MAX(célula X:célulaY) Segue a mesma lógica, =MAX(A1:A10)
mas usa a palavra “max”
Mínima =MIN(célula X:célulaY) Dessa vez, use a expressão =MIN(A1:A10)
“min”

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa saber se os
produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


=se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no
estoque”)
Essa linguagem diz ao Excel que se
o conteúdo da célula B1 é menor
=se(célulaX<=0 ; “O que precisa ou igual a zero ele deve exibir a
Função Se
saber 1” ; “o que precisa saber 2”) mensagem “a ser enviado” na
célula que contem a fórmula. Caso
o conteúdo seja maior que zero,
a mensagem que aparecerá é “no
estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
-vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador – Superior – FUMARC – 2018). Considere o seguinte gráfico do Micro-
soft Excel, versão português do Office 2013:
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

66
Todas as afirmativas a seguir estão corretas, EXCETO: Fundamentos da planilha
(A) Caso a opção “Alternar entre Linha/Coluna” da janela Uma planilha (“sheet”) é uma grande tabela, já prepara-
“Selecionar Fonte de Dados” seja acionada, o tipo de da para efetuar cálculos, operações matemáticas, projeções,
gráfico será alterado para “Colunas Agrupadas”. análise de tendências, gráficos ou qualquer tipo de operação
(B) O conjunto de valores correspondente à população de que envolva números.
cada cidade em 2017 representa uma “Série” do gráfico. Cada planilha se compõe de colunas e linhas, cuja inter-
(C) O gráfico apresentado é do tipo “Barras Agrupadas”. secção delimita as células:
(D) O nome da cidade, sigla do estado e a respectiva posição Colunas: Estão dispostas na posição vertical e são identi-
representam “Categorias” do gráfico. ficadas da esquerda para a direita, começando com A até Z.
Depois de Z, são utilizadas 2 letras: AA até AZ, que são segui-
Caso a opção “Alternar entre Linha/Coluna” da janela das por BA até BZ, e assim por diante, até a última (IV), num
“Selecionar Fonte de Dados” seja acionada, o tipo de gráfico total de 256 colunas.
será alterado para “Colunas Agrupadas”. Linhas: Estão dispostas na posição horizontal e são nu-
Resposta: A meradas. Portanto, a intersecção entre linhas e colunas gera
milhões de células disponíveis.
02. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Advogado – Superior – Cada planilha possui 1.048.576 linhas e as colunas vão até
FUMARC – 2016). Opção disponível no grupo “Número” AMJ.
da guia “Página Inicial” utilizada para exibir o valor da cé- Valores: Um valor pode representar um dado numérico
lula com um separador de milhar no Microsoft Excel, ver- ou textual entrado pelo usuário ou pode ser resultado de
são português do Office 2010: uma fórmula ou função.
Fórmulas: A fórmula é uma expressão matemática dada
(A) ao computador (o usuário tem que montar a fórmula) para
calcular um resultado, é a parte inteligente da planilha; sem
(B) as fórmulas a planilha seria um amontoado de textos e nú-
meros.
(C) Funções: São fórmulas pré-definidas para pouparem
tempo e trabalho na criação de uma equação.
Uma célula é identificada por uma referência que consis-
(D) te na letra da coluna a célula seguida do número da linha da
célula. Por exemplo, a referência de uma célula na interseção
da coluna A e da linha 2 é A2. Além disso, a referência do in-
Para exibir números como valores monetários, formate-os tervalo de células nas colunas de A a C e linhas 1 a 5 é A1:C5.
como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de número Endereço ou Referência: Cada planilha é formada por li-
Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. As opções nhas numeradas e por colunas ordenadas alfabeticamente,
de formatação de número estão disponíveis na guia Página que se cruzam delimitando as células. Quando se clica sobre
Inicial, no grupo Número. uma delas, seleciona-se a célula.
a) separador de milhares Célula: corresponde à unidade básica da planilha, ou
b) estilo de porcentagem seja, cada retângulo da área de edição.
c) aumentar casas decimais Célula Ativa: É a célula onde os dados serão digitados, ou
d) diminuir casas decimais seja, onde está o cursor no instante da entrada de dados.
Dá-se o nome Endereço ou Referência ao conjunto das
Resposta: A coordenadas que uma célula ocupa em uma planilha. Por
exemplo, a intersecção entre a coluna B e a linha 3 é exclusiva
da casela B3, portanto é a sua referência ou endereço.
LIBREOFFICE CALC 5.4.7: ELABORAÇÃO, A figura abaixo mostra a célula B3 ativa (ou atual, ou se-
CÁLCULOS E MANIPULAÇÃO DE TABELAS lecionada), ou seja, o cursor está na intersecção da linha 3
E GRÁFICOS. com a coluna B. (Notar que tanto a linha 3 como a coluna B
destacam-se em alto relevo).
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O LibreOffice Calc é um programa de planilha que você


pode usar para organizar e manipular dados que contêm tex-
to, números, valores de data e tempo, e mais, por exemplo
para o orçamento doméstico.
O Calc nos permite:
• Aplicar fórmulas e funções a dados numéricos e efe-
tuar cálculos
• Aplicação de uma muitas formatações, como tipo,
tamanho e coloração das fontes, impressão em colunas, ali-
nhamento automático etc ...,
A célula ativa ou célula atual é a que está clicada, ou seja,
• Utilização de figuras, gráficos e símbolos,
é aquela na qual serão digitadas os dados nesse momento.
• Movimentação e duplicação dos dados e fórmulas
Apenas uma célula pode ficar ativa de cada vez e a seleção
dentro das planilhas ou para outras planilhas,
é representada pelas bordas da célula que ficam negritadas.
• Armazenamento de textos em arquivos, o que per-
Para mudar a posição da célula ativa pode-se usar o mou-
mite usá-los ou modificá-los no futuro.
se ou as teclas de seta do teclado.

67
FIQUE ATENTO!
Você pode também incluir o nome do arquivo e
o nome da folha em uma referência a uma célula
ou a um intervalo de células. Pode atribuir um
nome a uma célula ou intervalo de células, para
usar o nome em vez de uma referência à coluna/
número.

Layout

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém criada, seu nome é
Sem título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome a sua escolha.

Barra de Menus
A Barra de Menus é composta por 9 menus, que são: Arquivo, Editar, Exibir, Inserir, Formatar, Tabela, Ferramentas, Janela e
Ajuda. Onde encontra-se todos os comandos do Calc.
Menu Arquivo: Este menu contém os comandos para Criar uma planilha, salva-la, abrir os documentos já salvos e os mais
recentes e por fim fechar a planilha.
Menu Editar: Responsável pelos comando de copiar, mover e excluir os dados, desfazer e refazer uma ação além de localizar
e substituir dados.
Menu Exibir: Esse menu é utilizado para estruturar a área de trabalho. A partir de suas opções, podem ser exibidas ou ocul-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tadas as barras do LibreOffice.Calc. Ainda podem ser trabalhadas a aparência e o tamanho da tela de trabalho.
Menu Inserir: É responsável pela inserção de elementos como linhas, colunas, comentários nas células, figuras, gráficos,
fórmulas músicas, vídeos entre outros.
Menu Formatar: É responsável pela formatação de fontes e números, alinhamento dados nas células inserção de bordas nas
células e alteração de cores tanto de fonte quanto de plano de fundo.
Menu Ferramentas: Possui comandos para proteger o documento impedindo que alterações sejam feitas, personaliza
menus e as teclas de atalho, além de possuir recurso Galeria, onde podemos selecionar figuras e sons do próprio LibreOffice
para inserir no documento.
Menu Dados: Seleciona um intervalo e Classifica as linhas selecionadas de acordo com as condições especificas além de
outras funções.
Menu Janela: É utilizado para Abrir uma nova janela, Fecha a janela atual, Dividir a janela atual e listar todas as janelas do
documento.
Menu Ajuda: Abre a página principal da Ajuda de OpenOffice.org.br para o aplicativo atual. Você pode percorrer as páginas
da Ajuda e procurar pelos termos do índice ou outro texto.
Você pode personalizar a Barra de menu conforme as suas necessidades, para isso, vá em Ferramentas Personalizar... e vá
na guia Menu.

68
Barra de ferramentas
Três barras de ferramentas estão localizadas abaixo da Barra de menus, por padrão: A Barra de ferramentas padrão, a Barra
de ferramentas de formatação, e a Barra de fórmulas.
Na Barra de ferramentas padrão estão várias opções tais como, gráficos, impressão, ajuda, salvar, outros.
Na Barra de ferramentas de formatação existem opções para alinhamento, numeração, recuo, cor da fonte e o outros.

Barra de fórmulas

Apresentando a barra de fórmulas.


À direita da Caixa de nome estão os botões do Assistente de Funções, de Soma, e de Função.
Clicando no botão do Assistente de Funções abre-se uma caixa de diálogo onde pode-se pesquisar em uma lista de funções
disponíveis em várias categorias como data e hora, matemática, financeira, dados, texto e outras. Isso pode ser muito útil por-
que também mostra como as funções são formatadas.
Clicando no botão Soma insere-se uma fórmula na célula selecionada que soma os valores numéricos das células acima
dela. Se não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.
Clicando no botão Função insere-se um sinal de igual (=) na célula selecionada e na Linha de Entrada de dados, ativando a
célula para aceitar fórmulas.
Quando você digita novos dados numa célula, os botões de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar.
O conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) são exibidos na Linha de Entrada de Dados, que é um lem-
brete da Barra de Fórmulas. Você pode editar o seu conteúdo na própria Linha de Entrada de Dados. Para editá-la, clique na
Linha de Entrada de Dados e digite suas alterações. Para editar dentro da célula selecionada, clique duas vezes nela.

Células individuais
A seção principal da tela exibe as células na forma de uma tabela, onde cada célula fica na interseção de uma coluna com
uma linha. É nela que colocaremos valores, referências e formatos.
No alto de cada coluna, e à esquerda de cada linha, há uma célula cinza, contendo letras (colunas) e números (linhas). Esses
são os cabeçalhos das colunas e linhas. As colunas começam em A e seguem para a direita, e as linhas começam em 1 e seguem
para baixo.
Os cabeçalhos das colunas e linhas formam a referência da célula que aparece na Caixa de Nome na Barra de Fórmulas. Você
pode desligar esses cabeçalhos em Exibir Cabeçalhos de Linhas e Colunas.

Abas de folhas
Abaixo da tabela com as células estão as abas das folhas. Essas abas permitem que você acesse cada folha da planilha indi-
vidualmente, com a folha visível (ativa) estando na cor branca. Você pode escolher cores diferentes para cada folha.
Clicando em outra aba de folha exibe-se outra folha e sua aba fica branca. Você também pode selecionar várias folhas de
uma só vez, pressionando a tecla Ctrl ao mesmo tempo que clica nas abas.

Barra de estado
Na parte inferior da janela do Calc está a barra de estado, que mostra informações sobre a planilha e maneiras convenien-
tes de alterar algumas das suas funcionalidades. A maioria dos campos é semelhante aos outros componentes do LibreOffice. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Partes esquerda e direita da barra de estado, respectivamente:

69
Criando uma planilha Digitando ou colando dados
Para criar uma nova planilha a partir de qualquer progra- A maneira mais simples de adicionar dados a uma folha é
ma do Libreoffice, escolha Arquivo - Novo – Planilha. digitar, ou copiar e colar dados de outra folha do Calc ou de
Movendo-se em uma folha outro programa.
Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se em - Para digitar ou colar dados em uma planilha
uma folha do Calc ou para selecionar itens na folha. Se sele- Etapas
cionou um intervalo de células, o cursor permanece no inter- 1. Clique na célula à qual deseja adicionar dados.
valo ao mover o cursor. 2. Digite os dados.
- Para mover-se em uma folha com o mouse Se desejar colar dados da área de transferência na célula,
Etapa escolha Editar - Colar.
Use a barra de rolagem horizontal ou vertical para mover 3. Pressione Enter.
para os lados ou para cima e para baixo em uma folha. Você pode também pressionar uma tecla de direção para
• Clique na seta na barra de rolagem horizontal ou ver- inserir os dados e mover a próxima célula na direção da seta.
tical.
• Clique no espaço vazio na barra de rolagem.
• Arraste a barra na barra de rolagem. #FicaDica
Dica – Para mover o cursor para uma célula específica,
clique na célula. Para digitar texto em mais de uma linha em uma
célula, pressione Ctrl+Return no fim de cada
- Para mover-se em uma folha com o teclado linha e, quando concluir, pressione Return.
Etapa
Use as seguintes teclas e combinações de teclas para mo-
ver-se em uma folha: - Para inserir rapidamente datas e números consecutivos
• Para mover uma célula para baixo em uma coluna, pres- O Calc oferece um recurso de preenchimento para você
sione a tecla de seta para baixo ou Enter. inserir rapidamente uma série sucessiva de dados, como da-
• Para mover uma célula para cima em uma coluna, pres- tas, dias, meses e números. O conteúdo de cada célula suces-
sione a tecla de seta para cima. siva na série é incrementado por um. 1 é incrementado para
• Para mover uma célula para a direita, pressione a tecla 2, segunda-feira é incrementada para terceira-feira, e assim
de seta para a direita ou Tab. por diante.
• Para mover uma célula para a esquerda, pressione a te- Etapas
cla de seta para a esquerda. 1. Clique em uma célula e digite o primeiro item da série,
Dica – Para mover para a última célula que contém dados por exemplo, segunda-feira. Pressione Return.
em uma coluna ou linha, mantenha pressionada a tecla Ctrl 2. Clique na célula novamente para ver a alça de preen-
enquanto pressiona uma tecla de direção. chimento — a caixa preta pequena no canto direito inferior
da célula.
Selecionando células em uma folha 3. Arraste a alça de preenchimento até realçar o intervalo
Você pode usar o mouse ou o teclado para selecionar cé- de células no qual deseja inserir a série.
lulas em uma folha do Calc. 4. Solte o botão do mouse.
• Para selecionar um intervalo de células com o mouse, Os itens consecutivos na série são adicionados automati-
clique em uma célula e arraste o mouse para outra célula. camente às células realçadas.
• Para selecionar um intervalo de células com o teclado,
certifique-se de que o cursor esteja em uma célula, mantenha
pressionada a tecla Shift e pressione uma tecla de direção.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série,


pressione a tecla Ctrl enquanto arrasta.

Editando e excluindo o conteúdo de células


Você pode editar o conteúdo de uma célula ou intervalo
de células em uma folha.

70
- Para editar o conteúdo de células em uma folha
Etapas
1. Clique em uma célula ou selecione um intervalo de células.
Dica – Para selecionar um intervalo de células, clique em uma célula. Em seguida arraste o mouse até cobrir o intervalo que
deseja selecionar.
Para selecionar uma linha ou coluna inteira, clique no rótulo da linha ou coluna.
2. Para editar o conteúdo de uma única célula, clique duas vezes na célula, faça as alterações necessárias e pressione Return.
Observação – Pode também clicar na célula, digitar as alterações na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula e clicar no
ícone verde da marca de seleção.
No entanto, não pode inserir quebras de linha na caixa de Linha de entrada.
3. Para excluir o conteúdo da célula ou do intervalo de células, pressione a tecla Backspace ou Delete.
a. Na caixa de diálogo Excluir conteúdo, selecione as opções que deseja.
b. Clique em OK.

Formatando planilhas
O Calc permite-lhe formatar a folha manualmente ou ao usar estilos. A diferença principal é que a formatação manual apli-
ca-se apenas às células selecionadas. A formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento de planilha.

Usando AutoFormatação
A maneira mais fácil de formatar um intervalo de células é usar o recurso AutoFormatação do Calc.

- Para aplicar formatação automática a um intervalo de células


Etapas
1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar.
Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3.
2. Escolha Formatar - AutoFormatar. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação.
3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja usar e clique em OK.

Formatando células manualmente


Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, como alterar o tamanho do texto, use os ícones na barra For-
matar objeto.
- Para formatar células com a barra Formatar objeto
A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapidamente a células individuais ou intervalos de células.
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar.
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde à formatação que deseja aplicar.
Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas Nome da fonte ou Tamanho da fonte.

71
- Para aplicar formatação manual com a caixa de diálogo
Formatar células
Se precisar de mais opções de formatação do que a barra
Objeto fornece, use a caixa de diálogo Formatar células.

- Para aplicar formatação com a janela Estilos e forma-


tação
Etapas Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja 1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
formatar e escolha Formatar - Células. 2. Para alterar a formatação de células, clique em uma cé-
Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.
lula ou selecione um intervalo de células.
2. Clique em uma das guias e escolha as opções de for-
a. Clique no ícone Estilos de célula na parte superior da
matação.
janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
Guia Números
Altera a formatação de números nas células, como a alte- 3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qualquer
ração do número de casas decimais exibidas lugar na folha.
a. Clique no ícone Estilos de página na parte superior da
Guia Fonte janela Estilos e formatação.
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra usado b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
na célula
Usando fórmulas e funções
Guia Efeitos de fonte Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efetuar
Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tachado cálculos.
ou alto-relevo do texto Se a fórmula contiver referências a células, o resultado
será atualizado automaticamente toda vez que você alterar
Guia Alinhamento o conteúdo das células. Você pode também usar uma das
Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto no várias fórmulas ou funções pré-definidas que o Calc oferece
interior das células para efetuar cálculos.

Guia Bordas Criando fórmulas


Altera as opções de bordas das células Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e pode
conter valores, referências a células, operadores, funções e
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Plano de fundo constantes.


Altera o preenchimento do plano de fundo das células
- Para criar uma fórmula
Guia Proteção de célula Etapas
Protege o conteúdo das células no interior de folhas pro- 1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da fór-
tegidas. mula.
2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula.
3. Clique em OK. Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da célula
A1 ao conteúdo da célula A2, digite =A1+A2 em outra célula.
Formatando células e folhas com estilos 3. Pressione Return.
No Calc, a formatação padrão de células e folhas faz-se
com estilos. Um estilo é um conjunto de opções de formata-
ção que define o aspecto do conteúdo da célula, assim como
o layout de uma folha. Quando você altera a formatação de
um estilo, as alterações são aplicadas toda vez que o estilo é
usado na planilha.

72
Usando operadores
Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas:

Exemplo de Fórmulas do Calc

=A1+15
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da células A1
=A1*20%
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das células A1 e A2

Usando parênteses PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma fórmula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adição e subtração,
independentemente de onde esses operadores aparecem na fórmula. Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, o Calc retorna o
valor de 17 e não de 24.

Editando uma fórmula


Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas o resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada.

- Para editar uma fórmula


Etapas
1. Clique em uma célula que contém uma fórmula.
A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula.

73
* Você também pode editar uma célula pressionado F2 ou dando um clique duplo na célula
2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as alterações.
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla Delete ou Backspace.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fórmula para confirmar as alterações.
Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou clique no ícone na barra Fórmula.

Usando funções
O Calc é fornecido com várias fórmulas e funções predefinidas. Por exemplo, em vez de digitar =A2+A3+A4+A5, você pode
digitar =SUM(A2:A5) .

- Para usar uma função


Etapas
1. Clique na célula à qual deseja adicionar uma função.
2. Escolha Inserir – Função.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de função.
3. Na caixa Categoria, selecione a categoria que contém o tipo de função que você deseja usar.
4. Na lista Funções, clique na função que deseja usar.
5. Clique em Próximo.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6. Insira os valores necessários ou clique nas células que contêm os valores que você deseja.
7. Clique em OK.

Usando gráficos
Gráficos podem ajudar a visualizar padrões e tendências nos dados numéricos.
O LibreOffice fornece vários estilos de gráfico que você pode usar para representar os números.
Observação – Gráficos não se restringem a planilhas. Você pode também inserir um gráfico ao escolher Inserir - Objeto -
Gráfico nos outros programas do LibreOffice.

74
- Para criar um gráfico
Etapas
1. Selecione as células, inclusive os títulos, que contêm dados para o gráfico.
2. Escolha Inserir – Gráfico.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de Graficos. O intervalo de célula selecionado é exibido na caixa Intervalo.
Observação – Se desejar especificar um intervalo de célula diferente para os dados, clique no botão Encolher ao lado da
caixa de texto Intervalo e selecione as células. Clique no botão Encolher novamente quando concluir.
3. Clique em Próximo.
4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de gráfico que deseja criar.
5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que deseja usar.
7. Clique em Próximo.
8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico.
9. Clique em Concluir.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Editando gráficos
Depois de criar um gráfico, poderá voltar e alterar, mover, redimensionar ou excluir o gráfico.
- Para redimensionar, mover ou excluir um gráfico
Etapa
Clique no gráfico e siga um destes procedimentos:
• Para redimensionar o gráfico, mova o ponteiro do mouse sobre uma das alças, pressione o botão do mouse e arraste o
mouse.

75
O Calc exibe uma linha pontilhada do novo tamanho do gráfico enquanto você arrasta.
• Para mover o gráfico, mova o ponteiro do mouse para dentro do gráfico, pressione o botão do mouse e arraste o mouse
para um novo lugar.
• Para excluir o gráfico, pressione a tecla Delete.

- Para alterar a aparência de um gráfico


Você pode usar os ícones na barra de ferramentas Padrão do gráfico para alterar a aparência do gráfico.
Etapas
1. Clique duas vezes em um gráfico para exibir a barra de ferramentas Padrão do gráfico.
A barra de ferramentas aparece ao lado da barra padrão do Calc ou Writer.

2. Use os ícones na barra de ferramentas para alterar as propriedades do gráfico.


3. Para modificar outras opções do gráfico você pode dar um clique duplo sobre o respectivo elemento ou acessar as opções
através do menu Inserir e Formatar.

Navegando dentro das planilhas


O Calc oferece várias maneiras para navegar dentro de uma planilha de uma célula para outra, e de uma folha para outra.
Você pode utilizar a maneira que preferir.

Indo para uma célula específica


Utilizando o mouse: posicione o ponteiro do mouse sobre a célula e clique.
Utilizando uma referência de célula: clique no pequeno triângulo preto invertido na Caixa de nome. A referência da célula sele-
cionada ficará destacada. Digite a referência da célula que desejar e pressione a tecla Enter. Ou, clique na Caixa de nome, pressione
a tecla backspace para apagar a referência da célula selecionada. Digite a referência de célula que desejar e pressione Enter.
Utilizando o Navegador: para abrir o Navegador, clique nesse ícone na Barra de ferramentas padrão, ou pressione a
tecla F5, ou clique em Exibir Navegador na Barra de menu, ou clique duas vezes no Número Sequencial das Folhas na Barra de
estado. Digite a referência da célula nos dois campos na parte superior, identificados como Coluna e Linha, e pressione Enter.
Você pode embutir o Navegador em qualquer lado da janela principal do Calc, ou deixá-lo flutuando. (Para embutir ou fazer
flutuar o navegador, pressione e segure a tecla Ctrl e clique duas vezes em uma área vazia perto dos ícones dentro da caixa de
diálogo do Navegador.)
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 5: Apresentando o navegador.

O Navegador exibe listas de todos os objetos em um documento, agrupados em categorias. Se um indicador (sinal de mais
(+) ou seta) aparece próximo a uma categoria, pelo menos um objeto daquele tipo existe. Para abrir uma categoria e visualizar
a lista de itens, clique no indicador.
Para esconder a lista de categorias e exibir apenas os ícones, clique no ícone de Conteúdo. Clique neste ícone de novo
para exibir a lista.

76
Movendo-se de uma célula para outra Clique em Inserir Colunas ou Inserir Linhas.
Em uma planilha, normalmente, uma célula possui uma Utilizando o mouse:
borda preta. Essa borda preta indica onde o foco está. Se um gru- Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer inse-
po de células estiver selecionado, elas são destacadas com a cor rir a nova coluna ou linha.
azul, enquanto a célula que possui o foco terá uma borda preta. Clique com o botão direito do mouse no cabeçalho da
Utilizando o mouse: para mover o foco utilizando o mou- coluna ou da linha.
se, simplesmente coloque o ponteiro dele sobre a célula que Clique em Inserir Linhas ou Inserir Colunas.
deseja e clique com o botão esquerdo. Isso muda o foco para
a nova célula. Esse método é mais útil quando duas células Múltiplas colunas ou linhas
estão distantes uma da outra. Você pode inserir várias colunas ou linhas de uma só vez,
Utilizando as teclas de Tabulação e Enter ao invés de inseri-las uma por uma.
Pressionando Enter ou Shift+Enter move-se o foco para Selecione o número de colunas ou de linhas pressionan-
baixo ou para cima, respectivamente. do e segurando o botão esquerdo do mouse na primeira e
Pressionando Tab ou Shift+Tab move-se o foco para a es- arraste o número necessário de identificadores.
querda ou para a direita, respectivamente.
Proceda da mesma forma, como fosse inserir uma única
Utilizando as teclas de seta
linha ou coluna, descrito acima.
Pressionando as teclas de seta do teclado move-se o foco
na direção das teclas.
Utilizando as teclas Home, End, Page Up e Page Down
A tecla Home move o foco para o início de uma linha.
A tecla End move o foco para a ultima célula à direita que
contenha dados.
A tecla Page Down move uma tela completa para baixo e a
tecla Page Up move uma tela completa para cima.
Combinações da tecla Ctrl e da tecla Alt com as teclas
Home, End, Page Down, Page Up, e as teclas de seta movem o
foco da célula selecionada de outras maneiras.

Localização e substituição de dados


Este recurso é muito útil quando há a necessidade de se-
rem localizados e substituídos dados em planilhas.
Para localizar e substituir escolha o menu Editar Loca-
lizar e substituir ou pressione Ctrl + H; Você pode somente
localizar, ou localizar e substituir; Inserindo 3 linhas abaixo da linha 1.

Apagando colunas e linhas


Colunas e linhas podem ser apagadas individualmente
ou em grupos.
Coluna ou linha única
Uma única coluna ou linha pode ser apagada utilizando-
-se o mouse:
Selecione a coluna ou linha a ser apagada.
Clique com o botão direito do mouse no identificador da
coluna ou linha.
Selecione Excluir Colunas ou Excluir Linhas no menu de
contexto.

Múltiplas colunas e linhas PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA


Você pode apagar várias colunas ou linhas de uma vez ao
invés de apagá-las uma por uma.
Selecione as colunas que deseja apagar, pressionando o
botão esquerdo do mouse na primeira e arraste o número
necessário de identificadores.
Proceda como fosse apagar uma única coluna ou linha
acima.

Trabalhando com colunas e linhas

Inserindo colunas e linhas


Você pode inserir colunas e linhas individualmente ou
em grupos.
Coluna ou linha única
Utilizando o menu Inserir:
Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer inserir
a nova coluna ou linha.

77
Na visualização de impressão: Move para a página de im-
pressão seguinte.
Alt+Page Up / Move uma tela para a esquerda.
Alt+Page Down / Move uma página de tela para a direita.
Shift+Ctrl+Page Up / Adiciona a planilha anterior à se-
leção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do-
cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação
de teclas de atalho somente selecionará a planilha anterior.
Torna atual a planilha anterior.
Shift+Ctrl+Page Down / Adiciona a próxima planilha à
seleção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do-
cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação
de teclas de atalho somente selecionará a próxima planilha.
Torna atual a próxima planilha.
Ctrl+ * onde (*) é o sinal de multiplicação no teclado nu-
mérico
Excluir 3 linhas abaixo da linha 1. Seleciona o intervalo de dados que contém o cursor. Um
intervalo é um intervalo de células contíguas que contém
Teclas de atalho para planilhas dados e é delimitado por linhas e colunas vazias.
Navegar em planilhas Ctrl+ / onde (/) é o sinal de divisão no teclado numérico
Teclas de atalho/Efeito Seleciona o intervalo de fórmulas de matriz que contém
Ctrl+Home / Move o cursor para a primeira célula na o cursor.
planilha (A1). Ctrl+tecla de adição / Insere células (como no menu In-
Ctrl+End / Move o cursor para a última célula que con- serir - Células)
tém dados na planilha. Ctrl+tecla de subtração / Exclui células (tal como no
Home / Move o cursor para a primeira célula da linha menu Editar - Excluir células)
atual. Enter ( num intervalo selecionado) / Move o cursor uma
End / Move o cursor para a última célula da linha atual. célula para baixo no intervalo selecionado. Para especificar
Shift+Home / Seleciona todas as células desde a atual até a direção do movimento do cursor, selecione Ferramentas -
a primeira célula da linha. Opções - LibreOffice Calc - Geral.
Shift+End / Seleciona todas as células desde a atual até a Ctrl+ ` / Exibe ou oculta as fórmulas em vez dos valores
última célula da linha. em todas as células.
Shift+Page Up / Seleciona as células desde a atual até A tecla ` está ao lado da tecla “1” na maioria dos teclados
uma página acima na coluna ou extende a seleção existente em Inglês. Se seu teclado não possui essa tecla, você pode
uma página para cima. atribuir uma outra tecla: Selecione Ferramentas - Persona-
Shift+Page Down / Seleciona as células desde a atual até lizar, clique na guia Teclado. Selecione a categoria “Exibir” e
uma página abaixo na coluna ou estende a seleção existente a função “Exibir fórmula”.
uma página para baixo.
Ctrl+Seta para a esquerda / Move o cursor para o canto
Teclas de função utilizadas em planilhas
esquerdo do intervalo de dados atual. Se a coluna à esquerda
Teclas de atalho / Efeito
da célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se mo-
verá para a esquerda da próxima coluna que contenha dados. Ctrl+F1 / Exibe a anotação anexada na célula atual
Ctrl+Seta para a direita / Move o cursor para o canto di- F2 / Troca para o modo de edição e coloca o cursor no fi-
reito do intervalo de dados atual. Se a coluna à direita da cé- nal do conteúdo da célula atual. Pressione novamente para
lula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá sair do modo de edição.
para a direita da próxima coluna que contenha dados. Se o cursor estiver em uma caixa de entrada de uma cai-
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto superior xa de diálogo que possui o botão Encolher, a caixa de diá-
logo ficará oculta e a caixa de entrada permanecerá visível.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do intervalo de dados atual. Se a linha acima da célula que


contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para cima Pressione F2 novamente para mostrar a caixa de diálogo
da próxima linha que contenha dados. inteira.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto inferior
do intervalo de dados atual. Se a linha abaixo da célula que Ctrl+F2 / Abre o Assistente de funções.
contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para baixo Shift+Ctrl+F2 / Move o cursor para a Linha de entrada
da próxima linha que contenha dados. onde você pode inserir uma fórmula para a célula atual.
Ctrl+Shift+Seta / Seleciona todas as células contendo da- Ctrl+F3 / Abre a caixa de diálogo Definir nomes.
dos da célula atual até o fim do intervalo contínuo das células F4 / Mostra ou oculta o Explorador de Banco de dados.
de dados, na direção da seta pressionada. Um intervalo de Shift+F4 / Reorganiza as referências relativas ou absolu-
células retangular será selecionado se esse grupo de teclas tas (por exemplo, A1, $A$1, $A1, A$1) no campo de entrada.
for usado para selecionar linhas e colunas ao mesmo tempo. F5 / Mostra ou oculta o Navegador.
Ctrl+Page Up / Move uma planilha para a esquerda. Shift+F5 / Rastreia dependentes.
Na visualização de impressão: Move para a página de im- Shift+F7 / Rastreia precedentes.
pressão anterior. Shift+Ctrl+F5 / Move o cursor da Linha de entrada para a
Ctrl+Page Down / Move uma planilha para a direita. caixa Área da planilha.

78
F7 / Verifica a ortografia na planilha atual.
Ctrl+F7 / Abre o Dicionário de sinônimos se a célula atual EXERCÍCIO COMENTADO
contiver texto.
F8 / Ativa ou desativa o modo de seleção adicional. Nesse
modo, você pode usar as teclas de seta para estender a sele- 01. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Administra-
ção. Você também pode clicar em outra célula para estender tivo – Médio – FUMARC – 2016) - Adaptado. São opções
a seleção. disponíveis no menu “Inserir” do LibreOffice Calc, versão
Ctrl+F8 / Realça células que contém valores. português, EXCETO:
F9 / Recalcula as fórmulas modificadas na planilha atual. (A) Tabela dinâmica...
Ctrl+Shift+F9 / Recalcula todas as fórmulas em todas as (B) Linhas...
planilhas. (C) Gráfico...
Ctrl+F9 / Atualiza o gráfico selecionado. (D) Figura...
F11 Abre a janela Estilos e formatação para você aplicar
um estilo de formatação ao conteúdo da célula ou à planilha Na nova versão o Calc ganhou um novo menu que é o ‘’ MENU
atual. PLANILHA’’, esse menu agora é responsável por tratar especi-
Shift+F11 / Cria um modelo de documento. ficamente das particularidades da planilha, por ex : inserir
Shift+Ctrl+F11 / Atualiza os modelos. coluna, linhas, células, quebra de página, exclui linhas, colu-
F12 / Agrupa o intervalo de dados selecionado. nas, células, inserir planilha, renomear planilhas, preencher
Ctrl+F12 / Desagrupa o intervalo de dados selecionado. células, dentre outras funções.
Alt+Seta para baixo / Aumenta a altura da linha atual (so- Resposta: B
mente no Modo de compatibilidade legada do OpenOffice. 02. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Adminis-
org). trativo – Médio – FUMARC – 2016) - Adaptado. Função do
Alt+Seta para cima / Diminui a altura da linha atual (so- LibreOffice Calc, versão português, que retorna a soma de
mente no Modo de compatibilidade legada do OpenOffice. todos os argumentos:
org). (A) ADICAO
Alt+Seta para a direita / Aumenta a largura da coluna (B) SOMAR
atual. (C) SOMAS
Alt+Seta para a esquerda / Diminui a largura da coluna (D) SOMA
atual.
Alt+Shift+Tecla de seta / Otimiza a largura da coluna ou o A função SOMA, uma das funções de matemática e trigonome-
tamanho da linha com base na célula atual. tria, adiciona valores. É possível adicionar valores individuais,
referências de célula ou intervalos, ou uma mistura dos três.
Formatar células com as teclas de atalho Por exemplo:
Os formatos de célula a seguir podem ser aplicados com =SOMA(A2:A10)
o teclado: Resposta: D
Teclas de atalho / Efeito
Ctrl+1 (não use o teclado numérico) / Abre a caixa de diá-
logo Formatar células MICROSOFT POWERPOINT 2013:
Ctrl+Shift+1 (não use o teclado numérico) / Duas casas ESTRUTURA BÁSICA DE APRESENTAÇÕES,
decimais, separador de milhar EDIÇÃO E FORMATAÇÃO.
Ctrl+Shift+2 (não use o teclado numérico) / Formato ex-
ponencial padrão LIBREOFFICE IMPRESS 5.4.7: ESTRUTURA
Ctrl+Shift+3 (não use o teclado numérico) / Formato de BÁSICA DE APRESENTAÇÕES, EDIÇÃO E
data padrão FORMATAÇÃO.
Ctrl+Shift+4 (não use o teclado numérico) / Formato mo-
netário padrão
Ctrl+Shift+5 (não use o teclado numérico) / Formato de MS POWERPOINT2
porcentagem padrão (duas casas decimais) As apresentações do PowerPoint funcionam como apre- PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ctrl+Shift+6 (não use o teclado numérico) / Formato pa- sentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou uma
drão história, você a divide em slides. Considere cada slide com
uma tela em branco para as imagens, palavras e formas que
ajudarão a criar sua história.

Escolha um tema
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e temas
internos. Um tema é um design de slide que contém corres-
pondências de cores, fontes e efeitos especiais como som-
bras, reflexos, dentre outros recursos.
Escolher um tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e clique
em Criar.

2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint

79
#FicaDica
Para visualizar a aparência que o slide terá com
um tema aplicado, coloque o ponteiro do mouse
sobre a miniatura de cada tema.

Para aplicar uma variação de cor diferente a um tema es-


pecífico, no grupo Variantes, selecione uma variante.
O grupo de variantes aparece à direita do grupo temas e
Adicionar cor e design aos meus slides com temas as opções variam dependendo do tema que você selecionou.
Você não é um designer profissional, mas você quiser sua
apresentação pareça que você está. “Temas” tudo o que fazer
para você — você apenas escolha um e crie!
Quando você abre o PowerPoint, vê os designs de slide
coloridos internos (ou ‘temas’) que pode aplicar às apresen-
tações.

Escolher um tema quando você abre o PowerPoint


Escolha um tema.

FIQUE ATENTO!
Se você não vir quaisquer variantes, pode
ser porque você está usando um tema
personalizado, um tema mais antigo projetado
para versões anteriores do PowerPoint, ou
porque você importou alguns slides de outra
apresentação com um tema personalizado ou
mais antigo.

Criar e salvar um tema personalizado


Você pode criar um tema personalizado modificando um
tema existente ou começar do zero com uma apresentação
DICA : Esses temas internos são ótimos para widescreen em branco.
(16:9) e apresentações de tela padrão (4:3). Clique primeiro slide e, em seguida, na guia Design, cli-
Escolha uma variação de cor e clique em Criar. que na seta para baixo no grupo variantes.
Clique em cores, fontes, efeitos ou Estilos de plano de
fundo e escolha uma das opções internas ou personalizar o
seu próprio.
Quando terminar de personalizar estilos, clique na seta
para baixo no grupo temas e clique em Salvar tema atual.
Dê um nome para seu tema e clique em Salvar. Por padrão,
ele é salvar com seus outros temas do PowerPoint e estará dis-
ponível no grupo temas em um cabeçalho personalizado
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar um novo slide


Na guia Exibir, clique em Normal.

Alterar o tema ou variação da sua apresentação


Se você mudar de ideia, poderá sempre alterar o tema ou
variação na guia Design.
Na guia Design, escolha um tema com as cores, as fontes
e os efeitos desejados. No painel de miniaturas de slides à esquerda, clique no
slide depois do qual deseja adicionar o novo slide.
Na guia Início, clique em Novo Slide.

80
#FicaDica
Para selecionar vários slides, pressione e
mantenha pressionada a tecla CTRL enquanto
clica em cada slide que deseja mover e arraste-
os como um grupo para o novo local.

Excluir um slide
No painel à esquerda, clique com o botão direito do mou-
se na miniatura de slide que você deseja excluir (mantenha
pressionada a tecla CTRL para selecionar vários slides) e en-
tão clique em Excluir Slide.

Na galeria de layouts, clique no layout desejado para o


seu novo slide. Cada opção na galeria é um layout de slide
diferente que pode conter espaços reservados para texto,
vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, uma tela de fundo e
formatação de temas, como cores, fontes e efeitos.
Seu novo slide é inserido, e você pode clicar dentro de um
espaço reservado para começar a adicionar conteúdo.

Reorganizar a ordem dos slides


No painel à esquerda, clique na miniatura do slide que
deseja mover e então arraste-o para o novo local.

Salvar a sua apresentação


Na guia Arquivo, escolha Salvar.
Selecionar ou navegar até uma pasta.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a apre-
sentação e escolha Salvar. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
OBSERVAÇÃO : Se você salvar arquivos com frequência em
uma determinada pasta, você pode ‘fixar’ o caminho para que
ele fique sempre disponível (conforme mostrado abaixo).

81
#FicaDica
Salve o trabalho à medida que o fizer.
Pressione CTRL + S com frequência.

Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece a digitar.

Formatar seu texto


Selecione o texto.
Em Ferramentas de desenho, escolha Formatar.

Siga um destes procedimentos:


Para alterar a cor de seu texto, escolha Preenchimento de Texto e escolha uma cor.
Para alterar a cor do contorno de seu texto, escolha Contorno do Texto e, em seguida, escolha uma cor.
Para aplicar uma sombra, reflexo, brilho, bisel, rotação 3D, uma transformação, escolha Efeitos de Texto e, em seguida, es-
colha o efeito desejado.

Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unidade local ou em um servidor interno, escolha Imagens, procure a ima-
gem e escolha Inserir.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens Online e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.

Escolha uma imagem e clique em Inserir.

82
Adicionar anotações do orador
Os slides ficam melhores quando você não insere informações em excesso. Você pode colocar fatos úteis e anotações nas
anotações do orador e consultá-los durante a apresentação.
Para abrir o painel de anotações, na parte inferior da janela, clique em Anotações .
Clique no painel de Anotações abaixo do slide e comece a digitar suas anotações.

Fazer sua apresentação


Na guia Apresentação de Slides, siga um destes procedimentos:
Para iniciar a apresentação no primeiro slide, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo.

Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar Online
para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business

Sair da exibição Apresentação de Slides


Para sair da exibição de Apresentação de Slides a qualquer momento, pressione a tecla Esc do teclado.

O que é um layout de slide?


Cada layout de slide contém espaços reservados para texto, vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, um plano de fundo e PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
muito mais, contendo também a formatação, como cores de tema, fontes e efeitos para esses objetos.
Cada tema (paleta de cores, fontes e efeitos especiais) que você usa em sua apresentação inclui um slide mestre e um con-
junto de layouts relacionados. Se usar mais de um tema na apresentação, você terá mais de um slide mestre e vários conjuntos
de layouts.
Você alterar os layouts de slide que são criados para o PowerPoint no modo de exibição de Slide mestre. A imagem abaixo
mostra o slide mestre e dois dos dez layouts do tema base no modo de exibição de Slide mestre.

83
Em seguida, ao incluir conteúdo nos slides, você pode escolher os layouts de slide mais adequados ao conteúdo, como
mostrado aqui no Modo de Exibição Normal.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O diagrama a seguir mostra as várias partes de um layout que você pode incluir em um slide do PowerPoint.

84
O que é um slide mestre?
Slides mestres foram projetados para ajudá-lo a criar apresentações com ótima aparência em menos tempo, sem muito
esforço. Quando desejar que todos os slides para conter as mesmas fontes e imagens (como logotipos), você poderá fazer essas
alterações no Slide mestre e elas vai ser aplicadas a todos os slides.

Para acessar o modo de exibição de Slide mestre, na guia Exibição, localizamos o bloco Modos de Exibição Mestre.

Os layouts de slide relacionados aparecem logo abaixo do slide mestre.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando você edita o slide mestre, todos os slides que seguem aquele mestre conterá essas alterações. No entanto, a maioria
das alterações feitas serão provavelmente ser os layouts de slide relacionada ao mestre.
Quando fizer alterações em layouts e o slide mestre no modo de exibição de Slide mestre, outras pessoas que trabalham na
sua apresentação (no modo de exibição Normal) não podem excluir acidentalmente ou editar que você já fez.

85
#FicaDica
É recomendável editar o slide mestre e os layouts
antes de começar a criar os slides individuais.
Dessa maneira, todos os slides adicionados à
sua apresentação se basearão em suas edições
personalizadas. Se você editar o slide mestre ou
os layouts após criar cada slide, precisará aplicar
novamente os layouts alterados aos slides da
apresentação no modo de exibição Normal.
Caso contrário, as alterações não aparecerão
nos slides.

Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que comple-
mentar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses temas
predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação incluem um slide mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você usar
mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.

Layouts de Slide
Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide mestre,
na guia Exibir, selecione Mestre de lado. Os layouts estão localizados embaixo do slide mestre no painel de miniatura no lado
esquerdo da tela.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cada tema tem um número diferente de layouts. Você provavelmente não usar todos os layouts fornecidos com um tema
específico, mas escolher os layouts que melhor correspondem conteúdo do slide.
No modo de exibição Normal, você aplicará os layouts aos slides (mostrado abaixo).

86
Você pode alterar nada sobre um layout para atender às
suas necessidades. Quando você altera um layout e vá para
Normal visualização, todos os slides que você adiciona de-
pois que será baseado neste layout e refletirão a aparência
alterada de layout. No entanto, se houver slides existentes na
sua apresentação que se baseiam a versão antiga do layout,
você precisará reaplicar o layout para esses slides.

Aplicar ou alterar um layout de slide


Todos os temas no PowerPoint incluem um slide mestre
e um conjunto de layouts de slide. O layout de slide que você
escolher dependerá da cor, tipos de letra e como você quer
que o texto e outro conteúdo sejam organizados nos slides.
Se os layouts predefinidos não funcionarem, você poderá al-
terá-los.
Aplicar um layout de slide no Modo de Exibição Normal
Escolha um layout predefinido que coincida com o arran-
jo do texto e outros espaços reservados de objeto que você
planeja incluir no slide.
Na guia Exibição, clique em Normal.
No Modo de Exibição Normal, no painel de miniaturas
à esquerda, clique no slide ao qual você deseja aplicar um
layout.
Na guia Página Inicial, clique em Layout e selecione o la-
Cada layout de slide é configurada de forma diferente — yout desejado.
com tipos diferentes de espaços reservados em locais dife-
rentes em cada layout.
Cada slide mestre tem um layout de slide relacionados cha-
mado Layout de Slide de título, e cada tema organiza o texto
e outros espaços reservados de objeto para que o layout dife-
rente, com efeitos, fontes e cores diferentes. A imagem abaixo
mostra primeiro, a versão do tema base do layout chamado La-
yout do Slide de título. E para compará-lo, o layout de slide
abaixo dele é o Layout de Slide de título do tema Integral.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alterar um layout de slide no Modo de Exibição de Slide


Mestre
Se você não encontrar um layout de slide que funcione
com o texto e outros objetos que você planeja incluir nos sli-
des, altere um layout no Modo de Exibição de Slide Mestre.
Na guia Exibição, clique em Normal.
No Modo de Exibição de Slide Mestre, no painel de mi-
niaturas à esquerda, clique em um layout de slide que você
deseja alterar.

87
Alterar a orientação dos slides
Você pode alterar a orientação de todos os slides padrão,
widescreen ou um tamanho personalizado, e você pode es-
pecificar a orientação retrato ou paisagem de slides e ano-
tações.
Na guia Design, clique em Tamanho do Slide e selecione
uma opção.

Alterar a orientação, clique em Tamanho do Slide perso-


nalizado e, em seguida, selecione na orientação desejada em
orientação.

Na guia Slide Mestre, para alterar o layout, execute um ou


mais dos seguintes procedimentos:
Para adicionar um espaço reservado, clique em Inserir
Espaço Reservado e, em seguida, escolha um tipo de espaço
reservado na lista.
Para reorganizar um espaço reservado, clique na borda
do espaço reservado até ver uma seta de quatro pontas e ar-
raste o espaço reservado para o novo local no slide.
Para excluir um espaço reservado, selecione-o e, em se-
guida, pressione Delete no teclado.
Para adicionar um novo layout, clique em Inserir Layout.
Para renomear um layout, no painel de miniaturas à es- Para criar um tamanho de slide personalizado, clique
querda, clique com o botão direito do mouse layout que você em Tamanho do Slide personalizado e selecione tela, largura
deseja renomear, clique em Renomear Layout, digite o novo e altura opções no lado esquerdo da caixa de diálogo Tama-
nome do layout e clique em Renomear. nho do Slide.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicione espaços reservados para slide layouts para conter


FIQUE ATENTO! texto, imagens, vídeos, etc.
Espaços reservados são caixas com bordas pontilhadas
Se você alterar um layout que você usou em sua
que armazenam conteúdo em seu lugar em um layout de sli-
apresentação, ir para o modo de exibição Normal
de. Você pode adicionar um espaço reservado para um layout
e reaplicar o novo layout para esses slides se
de slide para conter conteúdo, como texto, imagens, tabelas,
desejar obter suas alterações. Por exemplo, se
gráficos, SmartArt gráficos, clip-art, vídeos e muito mais.
você alterar o layout de slide de demonstração,
os slides da sua apresentação usando o layout
de demonstração mantêm a aparência original,
se você não aplicar o layout revisado para cada FIQUE ATENTO!
uma delas.
Só podem ser adicionados a espaços reservados
em layouts, slides não individuais em uma
apresentação de slides.

88
Na guia Exibir, clique em Slide Mestre.
No painel de miniaturas esquerdo, clique no layout de slide ao qual você deseja adicionar um ou mais espaços reservados.
A seguir é mostrado o layout de slide Título e Conteúdo, que contém um espaço reservado para o título e outro para qual-
quer tipo de conteúdo:

Na guia Slide Mestre, clique em Inserir Espaço Reservado e, em seguida, clique no tipo de espaço reservado que você deseja
adicionar.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em um local no layout de slide e arraste para desenhar o espaço reservado. Você pode adicionar quantos espaços
reservados como desejar.
Quando terminar, na guia Slide mestre, clique em Fechar modo de exibição mestre.
Siga um destes procedimentos:
Para reaplicar o layout alterado recentemente a um slide existente, na lista de miniaturas de slide, selecione o slide e, em
seguida, na guia página inicial, clique em Layout e, em seguida, selecione o layout revisado.
Para adicionar um novo slide que contém o layout (com os recém-adicionado espaços reservados), na guia página inicial,
clique em Novo Slide e, em seguida, selecione o layout revisado do slide.
Você pode alterar um espaço reservado para redimensioná-lo, reposicione, ou alterando a fonte, o tamanho, o caso, a cor
ou o espaçamento do texto dentro dele. Você também pode excluir um espaço reservado de um layout de slide ou um slide
individual selecionando-a e pressionando Delete.

89
Atalhos usados com frequência
A tabela a seguir relaciona os atalhos mais usados no PowerPoint.

LibreOffice Impress
O LibreOffice Impress é o editor de apresentações da família LibreOffice.org e apresenta soluções atuais para esta finalidade.
O Impress permite criar apresentações de slides profissionais que podem conter gráficos, objetos de desenho, texto, multi-
mídia e vários outros itens. Se desejar, você poderá importar e modificar apresentações do Microsoft PowerPoint.
O usuário poderá criar slides com complexidades variadas, indo de uma simples apresentação escolar até as mais comple-
xas apresentações profissionais. De uma forma geral, poderá ser criado e editado com o LibreOffice.org Impress:
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a) Apresentações: Conjunto de slides, folhetos, anotações do apresentador e estruturas de tópicos, agrupados em um ar-
quivo;
b) Slides: É a página individual da apresentação. Pode conter títulos, textos, elementos gráficos, desenhos (clipart), etc;
c) Folhetos: É uma pequena versão impressa dos slides, para distribuir entre os ouvintes.
d) Anotações do Apresentador: Anotações que o apresentador queira adicionar ao slide sem que sejam visualizadas na
apresentação.
e) Estrutura de Tópicos: É o sumário da apresentação. Aparecem apenas os títulos e os textos principais de cada slide.

90
Layout

Antes de iniciar a utilização do Impress, é interessante ter alguns conceitos básicos de informática bem fixados, como por
exemplo:
– Cursor de Ponto de Inserção: barra que indica posição dentro do documento;
– Menu: conjunto de opções (comandos) utilizados durante a tarefa, que podem dividir-se em sub-menus. As opções po-
dem ser acessadas pela barra de menu, barra de ferramentas e teclas de atalho; – Janela: espaço onde fica um conjunto de
configurações de um comando.
– Barra de Menu: dá acesso a menus suspensos, onde estão todas as opções (comandos) do programa;
– Barra de Ferramentas: dá acesso a um conjunto de botões com as mesmas funcionalidades da barra de menu;
– Barra de Rolagem Horizontal e Vertical: facilita a navegação na página quando o zoom de visualização excede o tamanho
da tela;
– Barra de Status: exibe na parte inferior da janela do documento alguns status de comportamento e edição do texto no
programa.

Painel de slides
O Painel de Slides contém imagens em miniaturas dos slides de sua apresentação, na ordem em que serão mostrados (a
menos que se mude a ordem de apresentação dos slides). Clicando em um slide deste painel, isto o selecione e o coloca na Área
de Trabalho. Quando um slide está na Área de Trabalho, pode-se aplicar nele as alterações desejadas.
Várias operações adicionais podem ser aplicadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
• Adicionar novos slides para a apresentação.
• Marcar um slide como oculto para que ele não seja mostrado como parte da apresentação.
• Excluir um slide da apresentação, se ele não é mais necessário.
• Renomear um slide. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Duplicar um slide (copiar e colar) ou movê-lo para uma posição diferente na apresentação (cortar e colar).
Também é possível realizar as seguintes operações, apesar de existirem métodos mais eficientes do que usando o Painel de
Slides:
• Alterar a transição de slides para o slide seguinte ou após cada slide em um grupo de slides.
• Alterar a sequência de slides na apresentação.
• Alterar o modelo do slide.
• Alterar a disposição do slide ou para um grupo de slides simultaneamente.

Painel de tarefas
O Painel de Tarefas tem cinco seções. Para expandir a seção que se deseja, clique no triângulo apontando para a es-
querda da legenda. Somente uma seção por vez pode ser expandida.

Páginas mestre
Aqui é definido o estilo de página para sua apresentação. O Impress contém Páginas Mestre pré-preparadas (slides mestres).
Um deles, o padrão, é branco, e os restantes possuem um plano fundo.

91
Layout
Os layouts pré-preparados são mostrados aqui. Você pode escolher aquele que se deseja, usálo como está ou modificá-lo
conforme suas próprias necessidades. Atualmente não é possível criar layouts personalizados.

Modelos de tabela
Os estilos de tabela padrão são fornecidos neste painel. Pode-se ainda modificar a aparência de uma tabela com as seleções
para mostrar ou ocultar linhas e colunas específicas, ou aplicar uma aparência única às linhas ou colunas.

Animação personalizada
Uma variedade de animações/efeitos para elementos selecionados de um slide são listadas. A animação pode ser adiciona-
da a um slide, e também pode ser alterada ou removida posteriormente.

Transição de slide
Muitas transições estão disponíveis, incluindo Sem transição. Pode-se selecionar a velocidade de transição (lenta, média,
rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher por quanto tempo o slide selecionado será mostrado.

Área de trabalho
A Área de Trabalho tem cinco guias: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Classificador de slide. Estas cinco guias
são chamadas botões de Visualização. A Área de Trabalho abaixo dos botões muda dependendo da visualização escolhida.

Barra de status
A Barra de status, localizada na parte inferior da janela do Impress, contém informações que podem ser úteis quando tra-
balhamos com uma apresentação. Ela mostra algumas informações sobre o documento e maneiras convenientes de alterar
algumas funcionalidades. Ela é parecida, tanto no Writer, como no Calc, Impress e Draw, mas cada componente inclui alguns
itens específicos.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Canto esquerdo da barra de status no Impress

Canto direito da barra de status do Impress


Os itens da barra de status estão descritos abaixo.

92
Número do slide Exibições da área de trabalho
Mostra o número do slide e o número total deles no do- Cada uma das exibições da área de trabalho é projetada
cumento. Clique duas vezes nesse campo para abrir o Nave- para facilitar a realização de determinadas tarefas; portanto,
gador. é útil se familiarizar com elas, a fim de se realizar rapidamen-
te estas tarefas.
Estilo do slide A exibição Normal é a principal exibição para trabalhar-
Mostra o estilo atual do slide. Para editá-lo, clique duas mos com slides individuais. Use esta exibição para projetar
vezes nesse campo. e formatar e adicionar texto, gráficos, e efeitos de animação.
Para colocar um slide na área de projeto (Exibição nor-
Alterações não salvas mal), clique na miniatura do slide no Painel de slides ou cli-
que duas vezes no Navegador.
Um ícone aparece aqui se alterações feitas no do-
cumento não foram salvas. Exibição estrutura de tópicos
A visualização Estrutura de tópicos contém todos os sli-
Assinatura digital des da apresentação em sua sequência numerada. Mostra
Se o documento foi assinado digitalmente, um ícone tópico dos títulos, lista de marcadores e lista de numeração
é mostrado aqui. Você pode clicar duas vezes sobre ele para para cada slide no formato estrutura de tópicos. Apenas o
ver o certificado. texto contido na caixa de texto padrão em cada slide é mos-
trado, portanto se o seu slide inclui outras caixas de texto
Informação do objeto ou objetos de desenho, o texto nesses objetos não é exibido.
Mostra informações importantes relativas à posição do Nome de slides também não são incluídos.
cursor ou do elemento selecionado no documento. Clicar
duas vezes nessa área normalmente abre uma caixa de diá-
logo.

Zoom e proporção
Para alterar a visualização para mais perto ou mais longe,
arraste o botão de Zoom, ou clique nos botões + e –, ou cli-
que com o botão direito do mouse no marcador de nível de
zoom para mostrar uma lista de valores que se podem esco-
lher para a exibição. Use a exibição Estrutura de tópicos para as seguintes fi-
Clicando duas vezes sobre o Zoom e proporção, aparece a nalidades:
caixa de diálogo Zoom & Visualização do Layout. Fazer alterações no texto de um slide :
Adicione e exclua o texto em um slide assim como no
Navegador modo de exibição Normal.
O Navegador exibe todos os objetos contidos em um do- Mova os parágrafos do texto no slide selecionado para
cumento. Ele fornece outra forma conveniente de se mover cima ou para baixo usando as teclas de seta para cima e para
em um documento e encontrar itens neste. Para exibir o Na- baixo (Mover para cima ou Mover para baixo) na barra de fer-
vegador, clique no ícone na barra de ferramentas Padrão, ramenta Formatação de Texto.
ou escolha Exibir Navegador na barra de menu, ou pressio- Altere o nível da Estrutura de tópicos para qualquer um
ne Ctrl+Shift+F5. dos parágrafos em um slide usando as teclas seta esquerda e
O Navegador é mais útil se se der aos slides e objetos (fi- direita (Promover ou Rebaixar).
guras, planilhas, e assim por diante) nomes significativos, ao Move um parágrafo e altera o seu nível de estrutura de
invés de deixá- los como o padrão “Slide 1” e “Slide 2” mos- tópicos usando a combinação destas quatro teclas de seta.
trado na Figura abaixo. Comparar os slides com sua estrutura (se tiver prepara-
do uma antecipadamente). Observe a partir do seu esquema
que outros slides são necessários, pode-se criá-los direta-
mente na exibição Estrutura de tópicos ou pode-se voltar ao PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
modo de exibição normal para criá-lo.

Exibição Notas
Use a exibição Notas para adicionar notas para um slide.
Clique na guia Notas na Área de trabalho.
Selecione o slide ao qual se deseja adicionar notas.
Clique o slide no painel Slides, ou Duplo clique no nome
do slide no Navegador.
Na caixa de texto abaixo do slide, clique sobre as palavras
Clique para adicionar notas e comece a digitar.
Pode-se redimensionar a caixa de texto de Notas utili-
zando as alças de redimensionamento verdes que aparecem
quando se clica na borda da caixa. Pode-se também mover
a caixa colocando o cursor na borda, então clicando e arras-
tando. Para fazer alterações no estilo de texto, pressione a te-
cla F11 para abrir a janela Estilos e formatação.

93
Exibição Folheto
A exibição Folheto é para configurar o layout de seu slide para uma impressão em folheto. Clique na guia Folheto na Área de
trabalho, então escolha Layouts no painel de Tarefas. Pode-se então optar por imprimir 1,2,3,4,6 ou 9 slides por página

Use esta exibição também para personalizar as informações impressas no folheto.


Selecione a partir do menu Inserir Número da pagina ou Inserir Data e hora e na caixa de diálogo que abre, e clique na
guia Notas e Folheto. Use esta caixa de diálogo para selecionar os elementos que se deseja para aparecer em cada página do
folheto e seus conteúdos.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

94
Exibição classificador de slides
A exibição Classificador de slides contém todas as miniaturas dos slides. Use esta exibição para trabalhar com um grupo de
slides ou com apenas um slide.

Personalizando a exibição classificador de slides

Para alterar o número de slides por linha:


Escolha Exibir Barra de ferramentas Exibição de slides para fazer a barra de ferramenta Exibição de slide visível.

Ajuste o número de slides (até um máximo de 15).

Movendo um slide usando o Classificador de slide


Para mover um slide em um apresentação no Classificador de slides:
1) Clique no slide. Uma borda grossa e preta é desenhada em torno dele. 2) Arraste-o e solte-o no local desejado.
Conforme o slide se move, uma linha vertical preta aparece para um lado do slide.
Arraste o slide até que esta linha vertical preta esteja localizada onde deseja-se que o slide seja movido.

Selecionando e movendo grupos de slides


Para selecionar um grupo de slides, use um destes métodos:
Use a tecla Ctrl: Clique no primeiro slide e, mantendo a tecla Ctrl pressionada, selecione os outros slides desejados.
Use a tecla Shift: Clique no primeiro slide e, enquanto pressiona a tecla Shift, clique no slide final do grupo. Isto seleciona
todos os slides entre o primeiro e o último.
Use o mouse: Clique ligeiramente à esquerda do primeiro slide a ser selecionado.
Mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e arraste o ponteiro do mouse para o ponto um pouco à direita do
último slide a ser incluído. (Pode-se também fazer isto da direita para a esquerda) Um contorno tracejado retangular se forma
enquanto arrasta-se o cursor através das miniaturas dos slides e uma borda é desenhada em torno de cada slide selecionado.
Certifique-se de que o retângulo incluiu todos os slides desejados para a seleção.

Para mover um grupo de slides:


Selecione o grupo. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arraste e solte o grupo para sua nova localização. Um linha vertical preta aparece para mostrar para onde o grupo de slides
será movido.

Trabalhando na exibição Classificador de slides


Pode-se trabalhar com slides na exibição Classificador de slides assim como se trabalha no Painel de slides.
Para fazer alterações, clique com o botão direito do mouse em um slide e escolha qualquer uma das seguintes opções do
menu suspenso:
Adicionar um novo slide após o slide selecionado.
Renomear ou excluir o slide selecionado.
Alterar o layout do slide.
Alterar a transição do slide.
– Para um slide, clique no slide para selecioná-lo e então adicione a transição desejada.
– Para mais de um slide, selecione o grupo de slides e adicione a transição desejada.
Marcar um slide como oculto. Slides ocultos não serão mostrados na exibição de slides.
Copiar ou cortar e colar um slide.

95
Renomeando slides
Clique com o botão direito do mouse em uma miniatura no Painel de slides ou o Classificador de slides e escolha Renomear
slide no menu suspenso. No campo Nome, apague o nome antigo do slide e digite o novo nome. Clique OK.

Criando uma nova apresentação através do assistente


Para acessar o assistente devemos ir até o menu Arquivo / Assistentes / Apresentação, que ira exibir a seguinte tela:

Formatando uma apresentação


A nova apresentação contém somente um slide em branco. Nesta seção vamos iniciar a adição de novos slides e prepará-los
para o conteúdo pretendido.

Inserindo slides
Isto pode ser feito de várias maneiras, faça a sua escolha:
• Inserir Slide.
• Botão direito do mouse no slide atual e selecione Slide Novo slide no menu suspenso.
• Clique no ícone Slide na barra de ferramenta Apresentação.
Às vezes, ao invés de partir de um novo slide se deseja duplicar um slide que já está inserido. Para fazer isso, selecione o slide
que se deseja duplicar no painel de Slides e escolha Inserir Duplicar slide.

Selecionando um layout
No painel de Tarefas, selecione a aba Layouts para exibir os layouts disponíveis. O Layout difere no número de elementos que um
slide irá conter, que vai desde o slide vazio (slide branco) ao slide com 6 caixas de conteúdo e um título (Título, 6 conteúdos).
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

96
O Slide de título (que também contém uma seção para ao texto conforme o que insere. Pode-se alterar o nível da Es-
um subtítulo) ou Somente título são layouts adequados para trutura de cada parágrafo assim como sua posição dentro do
o primeiro slide, enquanto que para a maioria dos slides se texto usando os botões de seta na barra de ferramenta For-
usará provavelmente o layout Título, conteúdo. matação de texto.
Vários layouts contém uma ou mais caixas de conteúdo.
Cada uma dessas caixas pode ser configurada para conter Modificando a aparência de todos os slides
um dos seguintes elementos: Texto, Filme, Imagem, Gráfico Para alterar o fundo e outras características de todos os
ou Tabela. slides em uma apresentação, é melhor modificar o slide mes-
Pode-se escolher o tipo de conteúdo clicando no ícone tre ou escolher um slide mestre diferente como explicado na
correspondente que é exibido no meio da caixa de conteúdo, seção Trabalhando com slide mestre e estilos na página 28.
como mostrado na Figura abaixo. Para texto, basta clicar no Se tudo que se necessita fazer é alterar o fundo, pode-se
local indicado na caixa para se obter o cursor. tomar um atalho:
1. Selecione Formatar Página e vá para a aba Plano
de fundo.
2. Selecione o plano de fundo desejado entre cor sóli-
da, gradiente, hachura e bitmap.
3. Clique OK para aplicá-lo.
Uma caixa de diálogo se abrirá perguntando se o fundo
deve ser aplicado para todos os slides. Se clicar em sim, o Im-
press irá modificar automaticamente o slide mestre.

Modificando a apresentação de slides


Por padrão a apresentação de slides irá mostrar todos os
slides na mesma ordem em que aparecem na apresentação,
sem qualquer transição entre os slides, e precisa-se do tecla-
do ou da interação com o mouse para mover de um slide para
o próximo.
Pode-se usar o menu apresentação de slides para alterar
a ordem dos slides, escolher quais serão mostrados, automa-
ticamente mover de um slide para outro e outras configura-
ções. Para alterar a transição, animação de slides, adicionar
Para selecionar ou alterar o layout, coloque o slide na uma trilha sonora na apresentação e fazer outras melhorias,
Área de trabalho e selecione o layout desejado da gaveta de necessita-se o uso de funções do Painel de tarefas.
layout no Painel de tarefas.
Se tivermos selecionado um layout com uma ou mais cai- Adicionando e formatando texto
xas de conteúdo, este é um bom momento para decidir qual Muitos dos slides podem conter algum texto. Esta seção lhe
tipo de conteúdo se deseja inserir. dá algumas orientações de como adicionar texto e alterar sua
aparência. O texto em um slide está contido em caixas de texto.
Há dois tipos de caixas de texto que pode-se adicionar a
Modificando os elementos de slide
um slide:
Atualmente cada slide irá conter os elementos que estão
Escolha de um layout pré-definido na seção Layouts no
presentes no slide mestre que se está usando, como imagens Painel de tarefas e não selecionar qualquer tipo de conteú-
de fundo, logos, cabeçalho, rodapé, e assim por diante. No do especial. Estas caixas de texto são chamadas texto Layout
entanto, é improvável que o layout pré-definido irá atender automático .
todas as suas necessidades. Embora o Impress não tenha a Criar uma caixa de texto usando a ferramenta texto na
funcionalidade para criar novos layouts, ele nos permite barra de ferramenta Desenho.
redimensionar e mover os elementos do layout. Também é
possível adicionar elementos de slides sem ser limitado ao Usando caixas de texto criadas a partir do painel Layouts
tamanho e posição das caixas de layout. Na exibição Normal: PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para redimensionar uma caixa de conteúdo, clique sobre Clique na caixa de texto que se lê Clique para adicionar
o quadro externo para que as 8 alças de redimensionamento texto, Clique para adicionar o título, ou uma notação similar.
sejam mostradas. Para movê-la coloque o cursor do mouse Digite ou cole seu texto na caixa de texto.
no quadro para que o cursor mude de forma. Pode-se agora
clicar com o botão esquerdo do mouse e arrastar a caixa de Usando caixa de texto criadas a partir da ferramenta
conteúdos para uma nova posição no slide. caixa de texto Na exibição Normal:
Nesta etapa pode-se também querer remover quadros in- Clique no ícone na barra de ferramenta Desenho. Se a
desejados. Para fazer isto: barra de ferramenta com o ícone texto não é visível, escolha
Clique no elemento para realçá-lo. (As alças de redimen- Exibir Barra de ferramentas Desenho.
sionamento verdes mostram o que é realçado). Clique e arraste para desenhar uma caixa para o texto no
Pressione a tecla Delete para removê-lo. slide. Não se preocupe com o tamanho e posição vertical; a
caixa de texto irá expandir se necessário enquanto se digita.
Adicionando texto a um slide Solte o botão do mouse quando terminar. O cursor apare-
Se o slide contém texto, clique em Clique aqui para adi- ce na caixa de texto, que agora está no modo de edição.
cionar um texto no quadro de texto e então digite o texto. O Digite ou cole seu texto na caixa de texto.
estilo Estrutura de esboço 1:10 é automaticamente aplicado Clique fora da caixa de texto para desmarcá-la.
Pode-se mover, redimensionar e excluir caixas de texto.

97
Adicionando imagens, tabelas, gráficos e filme As teclas Seta move o cursor para a próxima célula da ta-
Como foi visto, além de texto uma caixa pode conter tam- bela se a célula está vazia, caso contrário, elas movem o cur-
bém imagens, tabelas, gráficos ou filme. Esta seção fornece sor para o próximo caractere na célula.
uma visão rápida de como trabalhar estes objetos. A tecla Tab move para a próxima célula, pulando sobre o
conteúdo da célula; Shift+Tab move para trás pulando para o
início do conteúdo se houver.

Adicionando gráficos
Para inserir um gráfico em um slide pode-se usar o re-
curso Inserir gráfico ou selecionar gráfico como tipo de uma
caixa de conteúdo. Em ambos os casos o Impress irá inserir
um gráfico padrão.
Adicionando imagens
Adicionando clips de mídia
Para adicionar uma imagem a uma caixa de conteúdo:
Pode-se inserir vários tipos de músicas e clips de filme em
Clique no ícone Inserir imagem.
seu slide selecionando o botão Inserir filme em uma caixa
Use o navegador de arquivos para selecionar o arquivo de
de conteúdo vazia. Um reprodutor de mídia será aberto na
imagem que se quer incluir. Para ver uma pré-visualização parte inferior da tela, o filme será aberto no fundo da tela e
da imagem, selecione Visualizar na parte inferior da caixa de pode-se ter uma visualização da mídia. No caso de um arqui-
diálogo Inserir imagem. vo de áudio, a caixa de conteúdo será preenchida com uma
Clique Abrir. imagem de alto falante.
A imagem será redimensionada para preencher a área da
caixa de conteúdo. Siga as instruções da nota abaixo e cuida- Adicionando gráficos, planilhas, e outros objetos
do quando redimensioná-la a mão. Gráficos tais como formas, textos explicativos, setas, etc...
são muitas vezes úteis para complementar o texto em um
Adicionando tabelas slide. Estes objetos são tratados da mesma forma como um
Para a exibição de dados tabulares, pode-se inserir tabe- gráfico no Draw.
las básicas diretamente nos slides escolhendo o tipo de con- Planilhas embutidas no Impress incluem a maioria das
teúdos na Tabela. Também é possível adicionar uma tabela funcionalidades de planilhas no Calc e, portanto, capaz de
fora da caixa de conteúdo de uma série de formas: realizar cálculos extremamente complexos e análise de da-
Escolha Inserir Tabela na barra de menu. dos. Se houver necessidade de analisar seus próprios dados
Com o botão Tabela na barra de ferramenta Principal ou aplicar fórmulas, essas operações podem ser melhor exe-
Com o botão Modelos de tabela na barra de ferramenta cutadas em uma planilha Calc e os resultados mostrados em
tabela. uma planilha incorporada no Impress ou ainda melhor em
Selecione uma opção de estilo na seção Modelos de tabe- uma tabela Impress nativa.
la do painel de Tarefas. Alternativamente, escolha Inserir Objeto Objeto OLE
Cada método abre a caixa de diálogo Inserir tabela. Alter- na barra de menu. Isso abre uma planilha no meio do slide
nativamente, clicando na seta preta ao lado do botão Tabela e o menu e as barras de ferramentas mudam para os utiliza-
mostra um gráfico que pode-se arrastar e selecionar o núme- dos no Calc para que se possa começar a adicionar os dados,
ro de linhas e colunas para a tabela. embora talvez seja necessário redimensionar a área visível no
slide. Pode-se também inserir uma planilha já existente e usar
Com a tabela selecionada, a barra de ferramentas Tabela
o visor para selecionar os dados que se deseja exibir no slide.
deve aparecer. Se não, pode-se acessá-la selecionando Exibir
Barra de ferramentas Tabela. A barra de ferramentas Ta-
bela oferece muito dos mesmos botões como a barra de fer-
ramentas Tabela no Writer, com a exceção de funções como #FicaDica
Classificar e Soma para realização de cálculos. Para estas fun- O Impress oferece a capacidade de inserir em
ções, é preciso usar uma planilha do Calc inserida (discutido um slide vários outros tipos de objetos como
abaixo). documentos Writer, Fórmulas matemáticas, ou
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Depois que a tabela é criada, pode-se modificá-la de for- mesmo uma outra apresentação.
ma semelhante ao que se faria em uma tabela no Writer: adi-
cionando e excluindo linhas e colunas, ajustando largura e
espaçamento, adicionando bordas, cores de fundo, etc... Trabalhando com slide mestre e estilos
Modificando o estilo da tabela a partir da seção Modelos Um slide mestre é um slide que é usado como ponto de
de tabela no painel de Tarefas, pode-se alterar rapidamente a partida para outros slides. É semelhante a página de estilos
aparência da tabela ou quaisquer tabelas recém-criadas com no Writer: controla a formatação básica de todos os slides
base nas opções de estilo que se selecionou. Pode-se escolher baseados nele. Uma apresentação de slides pode ter mais de
optar por dar enfase ao cabeçalho e as linhas de totais, bem um slide mestre. O slide mestre também pode ser chamado
como a primeira e a ultima colunas da tabela, e aplicar uma de slide principal ou página mestre.
faixa aparecendo nas linhas e colunas. Um slide mestre tem um conjunto definido de caracte-
Tendo concluído o modelo da tabela, inserir dados dentro rísticas, incluindo a cor de fundo, gráfico, ou gradiente; ob-
das células é semelhante a trabalhar com objetos caixa de tex- jetos (como logotipos, linhas decorativas e outros gráficos)
to. Clique na célula que se deseja adicionar dados, e comece no fundo; cabeçalhos e rodapés; localização e tamanho dos
a digitar. Para se deslocar rapidamente nas células, use as se- quadros de texto; e a formatação do texto.
guintes opções de teclas:

98
Estilos Criando um slide mestre
Todas as características de slide mestre são controladas Criar um novo slide mestre é semelhante ao modificar o
por estilos. Os estilos de qualquer novo slide que se crie são slide mestre padrão. Para começar, permita a edição de slides
herdados do slide mestre do qual ele foi criado. Em outras pa- mestres em Exibir Mestre Slide mestre.
lavras, o estilo do slide mestre estão disponíveis e aplicados a
todos os slides criados a partir desse slide mestre. Alterando
um estilo em um slide mestre resulta em mudança para to-
dos os slides com base nesse slide mestre, mas pode-se mo-
dificar slides individualmente sem afetar o slide mestre.
O slide mestre tem dois tipos de estilos associados a ele: esti-
los de apresentação e estilos gráficos. Os estilos de apresentação
pré-configurados não podem ser modificados mas novos estilos Na barra de ferramenta Exibição mestre, clique no ícone
de apresentação podem ser criados. No caso de estilos gráficos, Novo mestre.
pode-se modificar os préconfigurados e também criar novos. Um segundo slide mestre aparece no Painel de slides.
Estilos de apresentação afetam três elementos de um sli- Modifique este slide mestre para atender suas necessidades.
de mestre: o plano de fundo, fundo dos objetos (como íco- Também é recomendável renomear este novo slide mestre:
nes, linhas decorativas e quadro de texto) e o texto colocado clique com o botão direito do mouse no slide no Painel de
no slide. Estilos de texto são subdivididos em Notas, Alinha- slides e selecione Renomear mestre no menu suspenso.
mento 1 ate Alinhamento 9, Subtítulo, e Título. Os estilos de Quando terminar, feche a barra de ferramenta Exibição
alinhamento são usados para os diferentes níveis de alinha- mestre para retornar para o modo de edição de slide normal.
mento a que pertencem. Por exemplo, Alinhamento 2 é usa-
do para os subpontos do Alinhamento 1, e Alinhamento 3 e Aplicando um slide mestre
usado para os subpontos do Alinhamento 2. No Painel de tarefas, certifique-se de que a seção Páginas
Estilos gráficos afetam muitos dos elementos de um slide. mestre é mostrada.
Repare que estilos de texto existem tanto na seleção do estilo Para aplicar um dos slides mestre para todos os slides de
de apresentação como no estilo gráfico.
sua apresentação, clique sobre ele na lista.
Para aplicar um slide mestre diferente para um ou mais
Slides mestres
slides selecionados:
O Impress vem com vários slides mestres pré-configura-
No Painel de slides, selecione o slide que se deseja alterar.
dos. Eles são mostrados na seção
No Painel de tarefas, com o botão direito do mouse no
Páginas mestre no painel de Tarefas. Esta seção tem três
subseções: Utilizadas nesta apresentação, Recém utilizadas e slide mestre que se deseja aplicar aos slides selecionados, e
Disponível para utilização. Clique no sinal + ao lado do nome clique Aplicar aos slides selecionados no menu suspenso.
de uma subseção para expandi-la para mostrar miniaturas
dos slides, ou clique o sinal – para esconder as miniaturas. Configurando a apresentação de slide
Cada um dos slides mestres mostrados na lista Disponí- Impress aloca configurações padrão para apresentação
vel para utilização é de um modelo de mesmo nome. Se tiver- de slide, enquanto ao mesmo tempo permite a personaliza-
mos criado nossos próprios modelos, ou adicionado mode- ção de vários aspectos da experiência para apresentação de
los de outras fontes, os slides mestres a partir destes modelos slide.
também aparecem nesta lista. A maioria das tarefas são melhor realizadas tendo em exi-
bição classificador de slide onde pode-se ver a maioria dos
slides simultaneamente. Escolha Exibir Classificador de sli-
de na barra de menu ou clique na guia Classificador de slide
na parte superior da área de trabalho.

Um conjunto de slides – várias apresentações


Em muitas situações, pode-se achar que se tenha slides
mais do que o tempo disponível para apresentá-los ou pode- PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
-se querer dar uma visão rápida sem se deter em detalhes. Ao
invés de ter que criar uma nova apresentação; pode-se usar
duas ferramentas que o Impress oferece: slides escondidos e
apresentação de slide personalizada.
Para ocultar um slide, clique com o botão direito do mou-
se sobre a miniatura do slide senão na área de trabalho se
se estiver usando a exibição classificador de slide e escolha
Ocultar slide no menu suspenso. Slides ocultos são marcados
por hachuras no slide.
Se deseja reordenar a apresentação, escolha Apresenta-
ção de slides Apresentação de slides personalizada. Clique
no botão Nova para criar uma nova sequência de slides e sal-
vá-lo.
Pode-se ter muitas apresentações de slides como se quer
a partir de um conjunto de slides.
Transições de slide

99
Transição de slide é a animação que é reproduzida quan- Clique em Aplicar para todos os slides.
do um slide for alterado. Pode-se configurar a transição de Você pode aplicar um tempo diferente para cada slide para
slide a partir da aba Transição de slides no painel de Tarefas. avançar para o próximo. A função de ensaio cronometrado po-
Selecione a transição desejada, a velocidade da animação, e derá auxiliá-lo no sincronismo correto.
se a transição deve acontecer quando se clica com o mouse Para avançar para o primeiro slide, após todos os slides te-
(de preferência) ou automaticamente depois de um determi- rem sido exibidos, você deverá configurar a apresentação de sli-
nado número de segundos. Clique Aplicar a todos os slides, a des com repetição automática.
menos que prefira ter diferentes transições na apresentação.
Escolha Apresentação de slides - Configurações da apresen-
Avançar slides automaticamente tação de slides.
Pode-se configurar a apresentação para avançar automa- Na área Tipo, clique em Automático e selecione o tempo de
ticamente para o próximo slide após um determinado perío- espera entre as apresentações.
do de tempo (por exemplo na forma de quiosque ou carro- Quando criar uma nova apresentação de slides utilizando o
cel) a partir do menu Apresentação de slide Configurações Assistente de apresentação, você poderá selecionar a duração e o
da apresentação de slides ou para avançar automaticamente tempo de espera de cada slide, na terceira página do assistente.
após um período preestabelecido de tempo diferente para
cada slide. Para configurar este último, escolha Apresentação Para aplicar um efeito de transição a um slide
de slide Cronometrar. Quando usamos esta ferramenta, um Na exibição Normal, selecione o slide ao qual você deseja
temporizador de pequeno porte é exibido no canto inferior adicionar efeito de transição.
esquerdo. Quando estiver pronto para avançar para o próxi- No painel de Tarefas, clique em Transição de slides.
mo slide, clique no temporizador. O Impress vai memorizar Selecione uma transição de slides na lista.
os intervalos e na próxima apresentação dos slides, estes irão Você pode visualizar o efeito de transição na janela do do-
avançar automaticamente após o tempo expirar. cumento.
Executando a apresentação de slides
Para executar a apresentação de slides, execute um dos
seguintes comandos:
Clique Apresentação de slides Apresentação de slides.
Clique no botão Apresentação de slides na barra de ferra-
menta Apresentação.

Pressione F5 ou F9 no teclado.
Se a transição de slides é Automaticamente após x segun-
dos. Deixe a apresentação de slides executar por si só.
Se a transição de slides é Ao clique do mouse, escolha uma
das seguintes opções para se mover de um slide para o outro:
Use as teclas setas do teclado para ir para o próximo slide
ou voltar ao anterior.
Clique com o mouse para mover para o próximo slide.
Pressione a barra de espaço para avançar para o próximo slide.
Use o botão direito do mouse em qualquer lugar na tela
para abrir um menu a partir do qual se pode navegar os slides
e definir outras opções.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

#FicaDica
Para sair da apresentação de slide a qualquer
momento, inclusive no final, pressione a tecla
Esc.

Mostrar uma apresentação de slides automática (modo No painel de slides, um Fade effect indicator.png ícone apa-
quiosque) rece perto da visualização dos slides, indicando que há uma
Para uma mudança automática para o próximo slide, você transição de slide. Ao passar a apresentação com a console do
deve atribuir uma transição de slides para cada slide. apresentador, um Presenterscreen-Transition.png ícone indi-
No painel de Tarefas, clique em Transição de slides para cará que o próximo slide possui uma transição.
abri-la. Para aplicar o mesmo efeito de transição a mais de um slide
Na área Avançar slide, clique em Automaticamente após, Na exibição Classificador de slides, selecione os slides os
e selecione o tempo de duração. quais você deseja adicionar efeitos.

100
Se desejar, você pode utilizar a barra de ferramentas Ctrl+ clique / Entre em um grupo para que você possa
Zoom Ícone para alterar a ampliação da exibição dos slides. editar os objetos individuais do grupo. Clique fora do grupo
No painel Tarefas, clique em Transição de slides. para retornar à exibição normal.
Selecione uma transição de slides na lista. Shift+Ctrl+ K / Combinar os objetos selecionados.
Para visualizar o efeito de transição de um slide, clique no Shift+Ctrl+ K / Dividir o objeto selecionado. Essa combi-
ícone pequeno abaixo do slide no Painel de slides. nação funcionará apenas em um objeto que tenha sido cria-
do pela combinação de dois ou mais objetos.
Para remover um efeito de transição Ctrl+ tecla de adição /Trazer para a frente.
Na exibição Classificador de slides, selecione os slides os Shift+Ctrl + tecla mais /Trazer para frente.
quais você deseja remover os efeitos de transição. Ctrl + tecla menos Enviar para trás.
Escolha Sem transição na caixa de listagem no painel Ta- Shift+Ctrl + tecla menos /Enviar para o fundo.
refas.
Teclas de atalho ao editar texto
Teclas de atalho no LibreOffice Impress Teclas de atalho /Efeito
Ctrl+Hífen(-) / Hifens personalizados; hifenização defini-
Teclas de função para o LibreOffice Impress da pelo usuário.
Teclas de atalho/Efeito Ctrl+Shift+Sinal de menos (-) / Traço incondicional (não
F2 / Editar o texto. utilizado na hifenização)
F3 / Entrar no grupo Ctrl+Shift+Barra de espaços / Espaços incondicionais. Os
Ctrl+F3 / Sair do grupo espaços incondicionais não são utilizados na hifenização e
Shift+F3 / Duplicar não se expandem se o texto estiver justificado.
F4 / Posição e tamanho Shift+Enter / Quebra de linha sem mudança de parágrafo
F5 / Exibir apresentação de slides. Seta para a esquerda / Move o cursor para a esquerda
Ctrl+Shift+F5 / Navegador Shift+Seta para esquerda / Mover cursor com seleção
F7 / Verificação ortográfica para a esquerda
Ctrl+F7 / Dicionário de sinônimos Ctrl+Seta para a esquerda / Ir para o início da palavra
Ctrl+Shift+Seta para a esquerda / Selecionar palavra a pa-
F8 / Editar pontos.
lavra para a esquerda
Ctrl+Shift+F8 / Ajustar o texto ao quadro.
Seta para a direita/ Move o cursor para a direita
F11 / Estilos e formatação
Shift+Seta para a direita / Move o cursor com seleção para
a direita
Teclas de atalho em apresentações de slides Ctrl+Seta para a direita / Ir para o início da palavra se-
Teclas de atalho / Efeito guinte
Esc / Finalizar a apresentação. Ctrl+Shift+Seta para a direita / Seleciona palavra a pala-
Barra de espaço ou seta para direita ou seta para baixo ou vra para a direita
Page Down ou Enter ou Return ou N / Reproduzir o próximo Seta para cima / Move o cursor para cima uma linha
efeito (se houver, caso contrário ir para o próximo slide). Shift+Seta para cima / Seleciona linhas para cima
Alt+Page Down / Ir para o próximo slide sem reproduzir Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o início do pa-
os efeitos. rágrafo anterior
[número] + Enter / Digite o número de um slide e pressio- Ctrl+Shift+Seta para cima / Seleciona até ao inicio do pa-
ne Enter para ir para o slide. rágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do parágrafo
Seta para a esquerda ou seta para cima ou Page Up ou anterior
Backspace ou P / Reproduz o efeito anterior novamente. Se Seta para baixo / Move o cursor para baixo uma linha
não houver efeito anterior nesse slide, exibir slide anterior. Shift+Seta para baixo / Seleciona linhas para baixo
Alt+Page Up / Ir para o slide anterior sem reproduzir os Ctrl+Seta para baixo / Move o cursor para o final do pa-
efeitos. rágrafo. Ao repetir, move o cursor até ao final do parágrafo
Home / Saltar para o último slide da apresentação. seguinte.
End / Saltar para o último slide da apresentação. CtrlShift+Seta para baixo / Seleciona até ao final do pará-
Ctrl+ Page Up / Ir para o slide anterior. grafo. Ao repetir, estende a seleção até ao final do parágrafo PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ctrl+ Page Down / Ir para o próximo slide. seguinte
B ou . / Exibir tela em preto até o próximo evento de tecla Home / Ir para o início da linha
ou da roda do mouse. Shift+Home / Ir e selecionar até o início de uma linha
W ou , / Exibir tela em branco até o próximo evento de End / Ir para o fim da linha
tecla ou da roda do mouse. Shift+End / Ir e selecionar até ao final da linha
Ctrl+Home / Ir para o inicio do bloco de texto do slide
Teclas de atalho na exibição normal Ctrl+Shift+Home / Ir e selecionar até ao inicio do bloco
Teclas de atalho / Efeito de texto do slide
Tecla de adição (+) / Mais zoom. Ctrl+End / Ir para o final do bloco de texto do slide
Tecla de subtração (-) / Menos zoom. Ctrl+Shift+End / Ir e selecionar até ao final do bloco de
Tecla de multiplicação (×) (teclado numérico) / Ajustar a texto do slide
página à janela. Ctrl+Del / Exclui o texto até ao final da palavra
Tecla de divisão(÷) (teclado numérico) / Aplicar mais Ctrl+Backspace / Exclui o texto até o início da palavra
zoom na seleção atual. Numa lista: exclui um parágrafo vazio na frente do pará-
Shift+Ctrl+G / Agrupar os objetos selecionados. grafo atual
Shift+Ctrl+Alt+A / Desagrupar o grupo selecionado. Ctrl+Shift+Del / Exclui o texto até ao final da frase
Ctrl+Shift+Backspace / Exclui o texto até o início da frase

101
Teclas de atalho no LibreOffice Impress
Teclas de atalho / Efeito EXERCÍCIO COMENTADO
Tecla de seta / Move o objeto selecionado ou a exibição
da página na direção da seta.
Ctrl+ tecla Seta / Mover pela exibição da página. 01. (PC-MG - Investigador de Policia – Médio – FUMARC –
Shift + arrastar / Limita o movimento do objeto selecio- 2014) – Adaptado. São “Modos de Exibição de Apresenta-
nado no sentido horizontal ou vertical. ção” no Microsoft PowerPoint, versão português do Offi-
Ctrl+ arrastar (com a opção Copiar ao mover ativa) / ce, EXCETO:
Mantenha pressionada a tecla Ctrl e arraste um objeto para (A) Anotações
criar um cópia desse objeto. (B) Classificação de Slides
Tecla Alt / Mantenha pressionada a tecla Alt para dese- (C) Modo de Exibição de Leitura
nhar ou redimensionar objetos arrastando do centro do ob- (D) Slide Mestre
jeto para fora.
Tecla Alt+clique / Selecionar o objeto que está atrás do Modos de exibição estão na guia exibição.
objeto atualmente selecionado.
Existem quatro modos de exibição:
Alt+Shift+clique / Selecionar o objeto que está na frente
1- NORMAL;
do objeto atualmente selecionado.
2- CLASSIFICAÇÃO DE SLIDES;
Shift+clique / Seleciona os itens adjacentes ou um trecho
de texto. Clique no início de uma seleção, vá para o fim da 3- ANOTAÇÕES;
seleção e mantenha pressionada a tecla Shift enquanto clica. 4- MODO DE EXIBIÇÃO DE LEITURA.
Shift+arrastar (ao redimensionar) / Mantenha pressiona- Resposta: D
da a tecla Shift enquanto arrasta um objeto para redimensio-
ná-lo mantendo suas proporções.
Tecla Tab / Selecionar os objetos na ordem em que foram 02. (Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Assistente Técni-
criados. co - Informática – Médio – FUMARC – 2014) – Adaptado.
Shift+Tab / Selecionar objetos na ordem inversa em que A inserção de um novo slide em uma apresentação do
foram criados. Microsoft PowerPoint, versão português do Office 2003,
Escape / Sair do modo atual. pode ser feita por meio da seguinte tecla de atalho:
Enter / Ativa um objeto de espaço reservado em uma nova (A) Ctrl+M
apresentação (somente se o quadro estiver selecionado). (B) Ctrl+N
Ctrl+Enter / Move para o próximo objeto de texto no sli- (C) Ctrl+P
de. (D) Ctrl+S
Se não houver objetos de texto no slide, ou se você chegou
ao último objeto de texto, um novo slide será inserido após o Ctrl+M = novo slide em branco
slide atual. O novo slide usará o mesmo layout do atual. Ctrl+N = Negrito
PageUp / Alternar para o slide anterior. Sem função no Ctrl+P = Imprimir
primeiro slide. Ctrl+S = Sublinhado
PageDown / Alternar para o próximo slide. Sem função Resposta: A
no último slide.

Navegar com o teclado no classificador de slides


Teclas de atalho / Efeito MICROSOFT OUTLOOK 2013: CORREIO
Home/End / Define o foco para o primeiro/último sli- ELETRÔNICO.
de.
Seta para a direita/esquerda ou Page Up/Page Down /
Define o foco para o slide anterior/seguinte.
OUTLOOK
Enter / Mudar para o modo normal com o slide ativo.
O Microsoft Outlook é um software de automação de
escritório e cliente de correio electrónico que faz parte do
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

*texto adaptado do material disponivel em:


https://help.libreoffice.org/ pack Microsoft Office. Mas não é apenas um gerenciador de
http://www.ufpa.br/dicas/open/oo-odf1.htm#opendoc e-mails, o Outlook possui funcionalidades de grupos de dis-
www.pm.pa.gov.br/sites/default/files/ cussão com base em padrões avançados de internet, além
http://www.inf.unioeste.br/guardamirim/apostilas/ de possuir calendário integral e gerenciamento de tarefas e
http://www.petsi.facom.ufu.br/system/files de contatos. Além disso, possui capacidades de colaboração
em tempo de execução e em tempo de criação robustos e
integrados.

Configurando uma conta3


Em muitos casos, o Outlook pode configurar a sua conta
para você apenas com um endereço de email e uma senha.
Ao iniciar o Outlook pela primeira vez, o Assistente Automá-
tico de Conta é iniciado.

3 Fonte: Ajuda do MSOutlook

102
Para configurar uma conta automaticamente Para configurar uma conta manualmente
Abra o Outlook e, quando o Assistente Automático de Escolha Configuração manual ou tipos de servidor adi-
Conta for aberto, escolha Avançar. cionais > Avançar.
Observação : Se o Assistente não abrir ou se você quiser
adicionar uma outra conta de email, na barra de ferramen-
tas, escolha a guia Arquivo.

Na página Contas de Email, escolha Avançar > Adicionar


Conta. Selecione o tipo de conta desejado e escolha Avançar.
Preencha as seguintes informações:
Seu Nome, Endereço de Email, Tipo de Conta, Servidor
de Entrada de Emails, Servidor de Saída de Emails, Nome de
Usuário e Senha.
Escolha Testar Configurações da Conta para verificar as
informações inseridas.
Observação : Se o teste falhar, escolha Mais Configu-
rações. O administrador poderá solicitar que você faça ou-
tras alterações, incluindo inserir portas específicas para o
servidor de entrada (POP3 ou IMAP) ou o servidor de saída
(SMTP).
Escolha Avançar > Concluir.

Excluir uma conta de email


Para excluir uma conta de email
No painel direito da guia Arquivo, selecione Configura-
ções de Conta > Configurações de Conta.

Na página Configuração Automática de Conta, insira o


seu nome, endereço de email e senha e escolha Avançar.
Observação : Se você receber uma mensagem de erro
após escolher Avançar, verifique novamente seu endereço de
email e senha. Se ambos estiverem corretos, escolha Confi-
guração manual ou tipos de servidor adicionais..
Escolha Concluir.

A configuração automática não funcionou


PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se a instalação não tiver sido concluída, o Outlook pode


solicitar que você tente novamente usando uma conexão não
criptografada com o servidor de email. Se isso não funcionar,
escolha Configuração manual ou tipos de servidor adicio-
nais.
Se você atualizar para o Outlook 2016 a partir de uma ver-
são anterior e receber mensagens de erro informando que
não é possível fazer logon ou iniciar o Outlook, é porque o
serviço Descoberta Automática do Exchange não foi configu-
rado ou não está funcionando corretamente.

103
Na lista de contas de email, selecione a conta que deseja
excluir e escolha Remover. #FicaDica
Se você não gostar a fonte ou o estilo do seu
email, você pode alterar sua aparência. Também
é uma boa ideia Verificar a ortografia em sua
mensagem antes de enviar.

Após terminar de redigir sua mensagem, clique em Enviar.


Observação : Se você não consegue encontrar o botão En-
viar, talvez você precise configurar uma conta de email.

Pesquisar email
Da Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de email,
localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas mensagens.
Para encontrar uma palavra que você sabe que está em
uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em par-
ticular, digite a palavra ou o nome da pessoa na caixa Pesqui-
sar. Mensagens que contenham a palavra ou o nome que você
especificou serão exibidas com o texto de pesquisa destacado
Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser- nos resultados.
vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que
pode ser instalado somente em plataformas da família Win- Restrinja os resultados de pesquisa
dows Server. No grupo Escopo na faixa de opções, escolha onde você
deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de Correio
Criar uma mensagem de email Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do Outlook.
Clique em Novo Email, ou pressione Ctrl + N. No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você está
procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou pelo as-
sunto.
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa ao
selecionar:
Com Anexos – para localizar somente emails com anexos
Categorizado – para localizar emails que tenham sido atri-
buídos a uma categoria específica
Esta Semana – para pesquisar quando o email foi recebido.
Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje, Ontem, Mês
Passado, etc.)
Enviado para – para localizar emails enviados a você, não
enviados diretamente a você ou enviados por outro destina-
Se várias contas de email configuradas no Microsoft tário
Outlook, o botão de aparece e a conta que enviará a mensa- Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você ape-
gem é mostrada. Para alterar a conta, clique em de. nas
Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. Importante – para localizar somente emails rotulados
Insira os endereços de email dos destinatários ou os no- como importantes
mes na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários
com um ponto e vírgula.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista
no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e clique
EXERCÍCIO COMENTADO
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nos nomes desejados.


Não vejo a caixa Cco. Como posso ativá-lo?
Para exibir a caixa Cco para esta e todas as mensagens fu- 01. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador – Su-
turas, clique em Opções e, no grupo Mostrar Campos, clique perior – FUMARC – 2018). Analise as seguintes afirmativas
em Cco. sobre as opções disponíveis na guia “MENSAGEM” quando
Clique em Anexar arquivo para adicionar um anexo. Ou uma mensagem enviada pelo Microsoft Outlook, versão
clique em Anexar Item para anexar itens do Outlook, como português do Office 2013, estiver aberta na tela do compu-
mensagens de email, tarefas, contatos ou itens de calendário. tador:
I – Para “Encaminhar” a mensagem a outros destinatários,
basta acionar o atalho de teclado “Ctrl + Shift + R”.
II – Para encaminhar a mensagem como um anexo de uma
nova mensagem, basta selecionar a opção “Mais” do grupo
“Responder” e, em seguida, selecionar a opção “Encami-
nhar como Anexo”.
III – Para cancelar uma mensagem enviada, basta acionar a
opção “Ações” do grupo “Mover” e, em seguida, selecionar
a opção “Cancelar Mensagem Enviada...”.

104
Estão CORRETAS as afirmativas: não deve nada para os gigantes Firefox e Internet Explorer e
(A) I e II, apenas. mostra que não está de brincadeira no mundo dos softwares.
(B) I e III, apenas. Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo
(C) I, II e III. Google Chrome.
(D) II e III, apenas.
Funções visíveis
Ctrl + Shift + R: responder a todos
Se a ideia é responder a todos (destinatário e pessoas copia- Antes de detalhar melhor os aspectos mais complicados do
das no e-mail), use o atalho Ctrl + Shift + R. navegador, vamos conferir todas as funções disponíveis logo
em sua janela inicial. Observe a numeração na imagem abaixo
Ctrl + F: encaminhar uma mensagem e acompanhe sua explicação logo em seguida:
Para encaminhar rapidamente um e-mail recebido, use o
atalho Ctrl + F.

Ctrl + Shift + B: abrir a agenda de endereços


Se você não se lembra dos dados de algum contato, pode co-
meçar abrindo a agenda de endereços do Outlook. Para isso,
use o atalho Ctrl + Shift + B.
1. As setas são ferramentas bem conhecidas por todos que
já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar ou voltar
Ctrl + Shift + M: criar nova mensagem
nas páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao manter o
Se você vai mandar um e-mail para alguém, use o atalho Ctrl botão pressionado sobre elas, você fará com que o histórico in-
+ Shift + M para criar uma nova mensagem. teiro apareça na janela.
2. Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos
Resposta: D são sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o
link em que você se encontra, o que serve para situações bem
02. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Assistente Administra- específicas – links de download perdidos, imagens que não
tivo – Médio – FUMARC – 2016) - Adaptado. Na janela de abriram, erros na diagramação da página.
edição de mensagens do Microsoft Outlook, versão por- 3. O ícone remete à palavra home (casa) e leva o navegador à
tuguês do Office 2010, uma mensagem pode ser marcada página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos você a modi-
com “Alta Prioridade” na guia “Marcas” pelo ícone: ficar esta página para qualquer endereço de sua preferência.
4. A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, que
nada mais são do que sites que você quer ter a disposição de um
(A) modo mais rápido e fácil de encontrar.
5. Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar
outros sites sem precisar de duas janelas diferentes.
(B) 6. A barra de endereços é o local em que se encontra o link
da página visitada. A função adicional dessa parte no Chrome é
que ao digitar palavras-chave na lacuna, o mecanismo de busca
(C) do Google é automaticamente ativado e exibe os resultados em
questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna à
esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no navega-
(D)
dor. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor
detalhadas nos próximos parágrafos.
Na guia Mensagem, no grupo Marcas, escolha Alta Priorida- Para Iniciantes PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
de ou Baixa Prioridade. O ícone escolhido será realçado para Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvidas
indicar que está ativo. básicas sobre essa categoria de programas, continue lendo este
parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe seu tem-
Resposta: A po. Aqui falaremos um pouco mais sobre os conceitos e ações
mais básicas do programa.
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma for-
GOOGLE CHROME: NAVEGAÇÃO NA ma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar o
INTERNET. programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o endereço do
local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki, por exem-
plo, basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível dispensar o
famoso “www”, inserido automaticamente pelo programa.)
GOOGLE CHROME No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que
O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e já queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-cha-
conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O progra- ve do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o
ma apresenta excelente qualidade em seu desenvolvimen- Chrome acessa o site de buscas do Google e exibe os resul-
to, como quase tudo o que leva a marca Google. O browser tados rapidamente. No exemplo utilizamos apenas a pala-
vra “Baixaki”.

105
Abas
A segunda tarefa importante para quem quer usar o Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito úteis e faci-
litam a navegação. Como citado anteriormente, basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda mais rápido.
Também é possível utilizar o botão direito sobre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em uma nova guia”.

Liberdade
É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar a aba da
janela e desta forma abrir outra independente. Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para testar suas funções.
Clicar nelas com a rodinha do mouse faz com que fechem automaticamente.

O botão direito abre o menu de contexto da aba, em que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar a guia ou
cancelar todas as outras. No teclado você pode abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simplesmente apertando o F1.

Fechei sem querer!


Quem nunca fechou uma aba importante acidentalmente em um momento de distração? Pensando nisso, o Chrome conta
com a função “Reabrir guia fechada” no menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecioná-la para que a última pá-
gina retorne ao navegador.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

106
Configuração
Antes de continuar com as outras funções do Google Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para isso, vamos às
configurações. Vá até o canto direito da tela e procure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e selecione “Opções”.

Básicas
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e configurar
as páginas que deseja abrir.
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Também é
possível escolher se o atalho para a home (aquele em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro, aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar na lacuna do
programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista de mecanismos.
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sempre que
algum software ou link for executado, o Chrome será automaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais
Senhas: define basicamente se o programa salvará ou não as senhas que você digitar durante a navegação. A opção “Mostrar
senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) serão su-
geridos automaticamente após a primeira digitação.
Dados de navegação: durante o uso do computador, o Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar sites, links
e conteúdos com mais facilidade. O botão “Limpar dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto a função “Importar
dados” coleta informações de outros navegadores. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um de sua
preferência. Para retornar ao normal, selecione “Redefinir para o tema padrão”.

107
Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas pre-
ferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em “Local de download” é possível escolher a pasta em que os arquivos
baixados serão salvos. Você também pode definir que o navegador pergunte o local para cada novo download.

Downloads
Todos os navegadores mais famosos da atualidade contam com pequenos gerenciadores de download, o que facilita a vida
de quem baixa várias coisas ao mesmo tempo. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link de download, mui-
tas vezes o programa perguntará se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:

Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo da janela, mostrando o progresso do download. Você pode clicar no
canto dela e conferir algumas funções especiais para a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos os down-
loads” (Ctrl + J), uma nova aba é exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando.

Pesquise dentro dos sites


Outra ferramenta muito prática do navegador é a possibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de alguns sites,
como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o que você precisa
fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do Chrome.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação anônima
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou históricos de navegação no computador, utilize a navegação anô-
nima. Basta clicar no menu com o desenho da chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também pode ser
aberta com o comando Ctrl + Shift + N.

108
Gerenciador de tarefas
Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o botão direi-
to no topo da página (como indicado na figura) e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.

Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. Ela controla todas as abas e funções executadas pelo navegador. Caso
uma das guias apresente problemas você pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o programa. A função é muito
útil e evita diversas dores de cabeça.

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Administrativo – Médio – FUMARC – 2016). São exemplos específicos de um
navegador da internet e uma ferramenta de correio eletrônico, respectivamente:
(A) Google Chrome e Microsoft Outlook
(B) Internet Explorer e Google Chrome
(C) Microsoft Outlook e Internet Explorer
(D) Mozilla Firefox e Google Chrome

NAVEGADORES WEB : Google Chrome, Internet Explorer, Mozilla Firefox e Safari PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CORREIOS ELETRÔNICOS : Microsoft Outlook e Mozilla Thunderbird
Resposta: A

02. (CEMIG-TELECOM - Analista de Vendas JR – Superior – FUMARC – 2016). Atalho de teclado do navegador Google Chrome,
versão português 52.0 ou superior, que abre a página de downloads:
(A) Ctrl + d
(B) Ctrl + j
(C) Ctrl + n
(D) Ctrl + t

CTRL + D -> Adicionar aos favoritos


CTRL + J -> Downloads
CTRL + N -> Nova aba
CTRL + T -> Nova aba
Resposta: B

109
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema que
SEGURANÇA: TIPOS DE VÍRUS, CAVALOS não serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia automati-
DE TRÓIA, WORMS, SPYWARE, PHISHING, camente diversos aplicativos que não são necessários, esses
PHARMING, SPAM aplicativos também podem facilitar a vida de um atacante;
• Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações de
rede: problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o sis-
tema vulnerável a ataques remotos que podem ser realizados
A Segurança da Informação refere-se à proteção existente através da rede ou Internet;
sobre as informações de uma determinada empresa, institui- • Use partições diferentes para os diferentes tipos de da-
ção governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto as infor- dos: a divisão física dos dados facilita a manutenção da se-
mações corporativas quanto as pessoais. gurança;
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo ou • Remova todas as contas de usuários não utilizadas:
dado que tenha valor para alguma organização ou pessoa. Contas de usuários sem senha, ou com a senha original de
Ela pode estar guardada para uso restrito ou exposta ao pú- instalação, podem ser facilmente exploradas para obter-se
blico para consulta ou aquisição. acesso ao sistema.
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não de Grande parte das invasões na Internet acontece devido
ferramentas) para a definição do nível de segurança existente a falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os ad-
e, com isto, serem estabelecidas as bases para análise da me- ministradores de sistemas não foram capazes de corrigir a
lhoria ou piora da situação de segurança existente. tempo. Essa afirmação pode ser confirmada facilmente pelo
A segurança de uma determinada informação pode ser simples fato de que quando uma nova vulnerabilidade é
afetada por fatores comportamentais e de uso de quem se descoberta, um grande número de ataques é realizado com
utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca ou sucesso. Por isso é extremamente importante que os admi-
por pessoas mal intencionadas que tem o objetivo de furtar, nistradores de sistemas se mantenham atualizados sobre os
destruir ou modificar a informação. principais problemas encontrados nos aplicativos utilizados,
Antes de proteger, devemos saber: através dos sites dos desenvolvedores ou específicos sobre
• O que proteger. segurança da Informação. As principais empresas comerciais
• De quem proteger. desenvolvedoras de software e as principais distribuições Li-
• Pontos vulneráveis. nux possuem boletins periódicos informando sobre as últi-
• Processos a serem seguidos. mas vulnerabilidades encontradas e suas devidas correções.
Alguns sistemas chegam até a possuir o recurso de atualiza-
Mecanismos de segurança ção automática, facilitando ainda mais o processo.
O suporte para as recomendações de segurança pode ser
encontrado em: Firewalls
CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam o con- Definimos o firewall como sendo uma barreira inteligen-
tato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que te entre duas redes, geralmente a rede local e a Internet, atra-
garante a existência da informação) que a suporta. vés da qual só passa tráfego autorizado. Este tráfego é exami-
Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas nado pelo firewall em tempo real e a seleção é feita de acordo
nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâm- com um conjunto de regras de acesso Ele é tipicamente um
pagos, alagamentos, problemas na rede elétrica, acesso in- roteador (equipamento que liga as redes com a Internet), um
devido de pessoas aos servidores ou equipamentos de rede, computador rodando filtragens de pacotes, um software Pro-
treinamento inadequado de funcionários, etc. xy, um firewall-in-a-box (um hardware proprietário específi-
Medidas de proteção física, tais como serviços de guarda, co para função de firewall), ou um conjunto desses sistemas.
uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno de Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de um
televisão e sistemas de escuta são realmente uma parte da produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a rede. Ge-
segurança da informação. As medidas de proteção física são ralmente, essas regras são elaboradas considerando as políti-
frequentemente citadas como “segurança computacional”, cas de acesso da organização.
visto que têm um importante papel também na prevenção Podemos observar que o firewall é único ponto de entra-
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dos itens citados no parágrafo acima. da da rede, quando isso acontece o firewall também pode ser
O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados designado como check point.
por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhuma De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos
se a segurança física não for garantida. firewalls podemos destacar três tipos principais:
• Filtros de pacotes
Instalação e Atualização • Stateful Firewalls
A maioria dos sistemas operacionais, principalmente as • Firewalls em Nível de Aplicação
distribuições Linux, vem acompanhada de muitos aplicati-
vos que são instalados opcionalmente no processo de insta- - Filtros de Pacotes
lação do sistema. Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele
Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos se- controla a origem e o destino dos pacotes de mensagens da
jam observados para garantir a segurança desde a instalação Internet. Quando uma informação é recebida, o firewall veri-
do sistema, dos quais podemos destacar: fica as informações sobre o endereço IP de origem e destino
• Seja minimalista: Instale somente os aplicativos neces- do pacote e compara com uma lista de regras de acesso para
sários, aplicativos com problemas podem facilitar o acesso determinar se pacote está autorizado ou não a ser repassado
de um atacante; através dele.

110
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na Para uma proteção eficiente contra as ameaças de segu-
maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém rança existentes, os firewalls devem ser usados em conjunto
pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o com diversas outras medidas de segurança.
uso de roteadores como única defesa para uma rede corpo- Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
rativa não é aconselhável. apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes / blin-
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita direta- dagem / guardas / etc.
mente no roteador, para uma maior performance e controle,
é necessária a utilização de um sistema específico de firewall. CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem ou
Quando um grande número de regras é aplicado diretamen- limitam o acesso à informação, que está em ambiente con-
te no roteador, ele acaba perdendo performance. Além dis- trolado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, ficaria
so, Firewall mais avançados podem defender a rede contra exposta a alteração não autorizada por elemento mal inten-
spoofing e ataques do tipo DoS/DDoS. cionado.
Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
- Stateful Firewalls troles lógicos:
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall.
Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, Mecanismos de encriptação
que é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de
firewall examina todo o conteúdo de um pacote, não apenas A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas pa-
seu cabeçalho, que contém apenas os endereços de origem lavras gregas:
e destino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’ porque • CRIPTO = ocultar, esconder.
examina os conteúdos dos pacotes para determinar qual é o • GRAFIA = escrever
estado da conexão, Ex: Ele garante que o computador destino Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou em
de uma informação tenha realmente solicitado anteriormen- códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam uma
te a informação através da conexão atual. mensagem incompreensível permitindo apenas que o desti-
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, natário que conheça a chave de encriptação possa decriptar
os stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas e ler a mensagem com clareza.
até que uma conexão para a porta específica seja requisitada. Permitem a transformação reversível da informação de
Isso permite uma maior proteção contra a ameaça de port forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal,
scanning. algoritmos determinados e uma chave secreta para, a partir
de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma se-
- Firewalls em Nível de Aplicação quência de dados encriptados. A operação inversa é a desen-
Nesse tipo de firewall o controle é executado por apli- criptação.
cações específicas, denominadas proxies, para cada tipo de
serviço a ser controlado. Essas aplicações interceptam todo Assinatura digital
o tráfego
recebido e o envia para as aplicações correspondentes; Um conjunto de dados encriptados, associados a um
assim, cada aplicação pode controlar o uso de um serviço. documento do qual são função, garantindo a integridade do
Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de per- documento associado, mas não a sua confidencialidade.
formance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando A assinatura digital, portanto, busca resolver dois proble-
proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle no mas não garantidos apenas com uso da criptografia para co-
tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar me- dificar as informações: a Integridade e a Procedência.
lhor os eventos associados a um dado serviço. Ela utiliza uma função chamada one-way hash function,
A maior dificuldade na sua implementação é a necessi- também conhecida como: compression function, cryptogra-
dade de instalação e configuração de um proxy para cada phic checksum, message digest ou fingerprint. Essa função
aplicação, sendo que algumas aplicações não trabalham cor- gera uma string única sobre uma informação, se esse valor
retamente com esses mecanismos. for o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, signifi-
ca que essa informação não foi alterada.
Considerações sobre o uso de Firewalls Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e são pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um
inestimáveis para segurança da informação, existem alguns novo hash pode ter sido calculado.
ataques que os firewalls não podem proteger, como a inter- Para solucionar esse problema, é utilizada a criptografia
ceptação de tráfego não criptografado, ex: Interceptação de assimétrica com a função das chaves num sentido inverso,
e-mail. Além disso, embora os firewalls possam prover um onde o hash é criptografado usando a chave privada do re-
único ponto de segurança e auditoria, eles também podem metente, sendo assim o destinatário de posse da chave pú-
se tornar um único ponto de falha – o que quer dizer que os blica do remetente poderá decriptar o hash. Dessa maneira
firewalls são a última linha de defesa. Significa que se um ata- garantimos a procedência, pois somente o remetente possui
cante conseguir quebrar a segurança de um firewall, ele vai a chave privada para codificar o hash que será aberto pela
ter acesso ao sistema, e pode ter a oportunidade de roubar sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da informação
ou destruir informações. Além disso, os firewalls protegem original, protegido pela criptografia, garantirá a integridade
a rede contra os ataques externos, mas não contra os ata- da informação.
ques internos. No caso de funcionários mal intencionados,
os firewalls não garantem muita proteção. Finalmente, como
mencionado os firewalls de filtros de pacotes são falhos em
alguns pontos. - As técnicas de Spoofing podem ser um meio
efetivo de anular a sua proteção.

111
Mecanismos de garantia da integridade da informação digitais, e assim tínhamos garantido, além da identidade do
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, consis- servidor, o sigilo na sessão. Entretanto, apenas com a chega-
tindo na adição. da dos certificados para os browsers é que pudemos contar
também com a identificação na ponta cliente, eliminando
Mecanismos de controle de acesso assim a necessidade do uso de senhas e logins.
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois
inteligentes. permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem
encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os
Mecanismos de certificação e-mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros
Atesta a validade de um documento. O Certificado Digi- durante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a do
tal, também conhecido como Certificado de Identidade Di- destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia da
gital associa a identidade de um titular a um par de chaves identidade de quem enviou o e-mail.
eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas em O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
conjunto, fornecem a comprovação da identidade. É uma usuários emitam recibos online com seus certificados digitais.
versão eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cédula de Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Banking e solicita
Identidade - serve como prova de identidade, reconhecida uma transferência de fundos. O sistema do banco, antes de fa-
diante de qualquer situação onde seja necessária a compro- zer a operação, pede que o usuário assine com seu certificado
vação de identidade. digital um recibo confirmando a operação. Esse recibo pode
O Certificado Digital pode ser usado em uma grande va- ser guardado pelo banco para servir como prova, caso o clien-
riedade de aplicações, como comércio eletrônico, groupware te posteriormente negue ter efetuado a transação.
(Intranets e Internet) e transferência eletrônica de fundos. O Authenticode e o Object Signing são tecnologias que
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping permitem que um desenvolvedor de programas de compu-
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certifi- tador assine digitalmente seu software. Assim, ao baixar um
cado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a software pela Internet, o usuário tem certeza da identidade
identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado por ele do fabricante do programa e que o software se manteve ínte-
apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá solicitar ao gro durante o processo de download. Os certificados digitais
comprador seu Certificado de Identidade Digital, para iden- se dividem em basicamente dois formatos: os certificados de
tificá-lo com segurança e precisão.
uso geral (que seriam equivalentes a uma carteira de identi-
Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado de
dade) e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco,
Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e a co-
carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral são emiti-
municação com segurança não será estabelecida.
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assinado dos diretamente para o usuário final, enquanto que os de uso
por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate Autho- restrito são voltados basicamente para empresas ou governo.
rity). Para tanto, esta autoridade usa as mais avançadas téc- Integridade: Medida em que um serviço/informação é
nicas de criptografia disponíveis e de padrões internacionais genuino, isto é, esta protegido contra a personificação por
(norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para a emissão intrusos.
e chancela digital dos Certificados de Identidade Digital. Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é
Podemos destacar três elementos principais: detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um spam-
- Informação de atributo: É a informação sobre o objeto mer, ou de qualquer agente externo estranho ao sistema, en-
que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode incluir ganando-o, fazendo-o pensar que esteja de fato explorando
seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua organização uma vulnerabilidade daquele sistema.
e o departamento da organização onde trabalha.
- Chave de informação pública: É a chave pública da enti- Ameaças à segurança
dade certificada. O certificado atua para associar a chave pú- Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco al-
blica à informação de atributo, descrita acima. A chave pú- gum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de algu-
blica pode ser qualquer chave assimétrica, mas usualmente ma vulnerabilidade do ambiente.
é uma chave RSA. Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos
- Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA as- de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sina os dois primeiros elementos e, então, adiciona credibili- existem as prioridades; essas prioridades são os pontos que
dade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica a as- podem comprometer o “Negócio da Empresa”, ou seja, o que
sinatura e acreditará na informação de atributo e chave pú- é crucial para a sobrevivência da Empresa é crucial no seu
blica associadas se acreditar na Autoridade em Certificação. projeto de Segurança.
Existem diversos protocolos que usam os certificados di- Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de
gitais para comunicações seguras na Internet:
FVRDNE:
• Secure Socket Layer ou SSL;
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
Falsificação
• Form Signing;
• Authenticode / Objectsigning. Falsificação de Identidade é quando se usa nome de
usuário e senha de outra pessoa para acessar recursos ou
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os certifi- executar tarefas. Seguem dois exemplos:
cados digitais e é usado em praticamente todos os sites que • Falsificar mensagem de e-mail;
fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lojas de CD, • Executar pacotes de autenticação.
bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de adoção onde Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt
apenas os servidores estavam identificados com certificados com sua senha, grudado no seu monitor.

112
Violação É necessário identificar quem pode atacar a minha rede,
A Violação ocorre quando os dados são alterados: e qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
• Alterar dados durante a transmissão; • Principiante – não tem nenhuma experiência em pro-
• Alterar dados em arquivos. gramação e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não
tem noção do que está fazendo ou das consequências da-
Repudiação quele ato.
A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um • Intermediário – tem algum conhecimento de progra-
ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi fei- mação e utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa
to. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log após um pode querer algo além de testar um “Programinha Hacker”.
acesso indevido. Exemplos: • Avançado – Programadores experientes, possuem co-
• Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu; nhecimento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar
• Comprar um produto e mais tarde negar que comprou. ataques estruturados. Certamente não estão só testando os
seus programas.
Divulgação Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da
A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/ou empresa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma
custar tão caro quanto um ataque de “Negação de Serviço”, vulnerabilidade do seu ambiente.
pois informações que não podiam ser acessadas por tercei-
ros, agora estão sendo divulgadas ou usadas para obter van- Vulnerabilidades
tagem em negócios. Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles
Dependendo da informação ela pode ser usada como ob- que exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilidade
jeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação: do sistema operacional, aplicativos ou políticas internas.
• Expor informações em mensagens de erro; Veja algumas vulnerabilidades:
• Expor código em sites. • Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas
previsíveis ou que não usam requisitos mínimos de comple-
Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS) xidade. Deixar um Postit com a sua senha grudada no moni-
A forma mais conhecida de ataque que consiste na per- tor é uma vulnerabilidade.
turbação de um serviço, devido a danos físicos ou lógicos • Software sem Patches – Um gerenciamento de Service
causados no sistema que o suportam. Para provocar um DoS, Packs e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade comum.
os atacantes disseminam vírus, geram grandes volumes de Veja casos como os ataques do Slammer e do Blaster, sendo
tráfego de forma artificial, ou muitos pedidos aos servidores que suas respectivas correções já estavam disponíveis bem
que causam subcarga e estes últimos ficam impedidos de antes dos ataques serem realizados.
processar os pedidos normais. • Configuração Incorreta – Aplicativos executados com
O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo: contas de Sistema Local, e usuários que possuem permissões
• “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood); acima do necessário.
• “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados. • Engenharia Social – O Administrador pode alterar uma
O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server con- senha sem verificar a identidade da chamada.
tendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o DHCP • Segurança fraca no Perímetro – Serviços desnecessários,
Server Local com solicitações de IP, fazendo com que nenhu- portas não seguras. Firewall e Roteadores usados incorreta-
ma estação com IP dinâmico obtenha endereço IP. mente.
• Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de au-
Elevação de Privilégios tenticação usando protocolos de texto simples, dados impor-
Acontece quando o usuário mal-intencionado quer exe- tantes enviados em texto simples pela Internet.
cutar uma ação da qual não possui privilégios administrati- Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que não
vos suficientes: seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco de suas
• Explorar saturações do buffer para obter privilégios do vulnerabilidades.
sistema; Nem todos os problemas de segurança possuem uma so-
• Obter privilégios de administrador de forma ilegítima. lução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento de
Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador da Risco, analisando e balanceando todas as informações sobre PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Rede efetuou logon numa máquina e a deixou desbloqueada, Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabilidade e impacto.
e com isso adicionar a sua própria conta aos grupos Domain
Admins, e Remote Desktop Users. Com isso ele faz o que qui- Nível de segurança
ser com a rede da empresa, mesmo que esteja em casa. Depois de identificado o potencial de ataque, as organi-
zações têm que decidir o nível de segurança a estabelecer
Quem pode ser uma ameaça? para um rede ou sistema os recursos físicos e lógicos a ne-
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, mui- cessitar de proteção. No nível de segurança devem ser quan-
tas vezes conhecidos como crackers, (hackers não são agen- tificados os custos associados aos ataques e os associados à
tes maliciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). implementação de mecanismos de proteção para minimizar
Estas pessoas são motivadas para fazer esta ilegalidade por a probabilidade de ocorrência de um ataque .
vários motivos. Os principais motivos são: notoriedade, au-
toestima, vingança e o dinheiro. É sabido que mais de 70% Políticas de segurança
dos ataques partem de usuários legítimos de sistemas de De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Handbook),
informação (Insiders) -- o que motiva corporações a investir
uma política de segurança consiste num conjunto formal de
largamente em controles de segurança para seus ambientes
corporativos (intranet). regras que devem ser seguidas pelos usuários dos recursos de
uma organização.

113
As políticas de segurança devem ter implementação rea- arquivo em anexo. É nesse anexo que se encontra o vírus. Os
lista, e definir claramente as áreas de responsabilidade dos meios de convencimento são muitos e costumam ser bastan-
usuários, do pessoal de gestão de sistemas e redes e da dire- te criativos. O e-mail (e até o campo assunto da mensagem)
ção. Deve também adaptar-se a alterações na organização. costuma ter textos que despertam a curiosidade do internau-
As políticas de segurança fornecem um enquadramento para ta. Muitos exploram assuntos eróticos ou abordam questões
a implementação de mecanismos de segurança, definem atuais. Alguns vírus podem até usar um remetente falso, fa-
procedimentos de segurança adequados, processos de audi- zendo o destinatário do e-mail acreditar que se trata de uma
toria à segurança e estabelecem uma base para procedimen- mensagem verdadeira. Muitos internautas costumam iden-
tos legais na sequência de ataques. tificar e-mails de vírus, mas os criadores destas “pragas digi-
O documento que define a política de segurança deve tais” podem usar artifícios inéditos que não poupam nem o
deixar de fora todos os aspetos técnicos de implementação usuário mais experiente.
dos mecanismos de segurança, pois essa implementação O computador (ou, melhor dizendo, o sistema opera-
pode variar ao longo do tempo. Deve ser também um docu- cional), por si só, não tem como detectar a existência deste
mento de fácil leitura e compreensão, além de resumido. programinha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dos
Algumas normas definem aspectos que devem ser le- seus arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se mos-
vados em consideração ao elaborar políticas de segurança. trar antes do ataque fatal.
Entre essas normas estão a BS 7799 (elaborada pela British Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por
Standards Institution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão bra- completo o vírus que usa todas as formas possíveis de conta-
sileira desta primeira). minar e se ocultar) chega até a memória do computador de
Existem duas filosofias por trás de qualquer política de duas formas.
segurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente per- A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer
mitido é proibido) e a permissiva (tudo que não é proibido é disco (tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido
permitido). primeiro pelo sistema operacional quando o computador o
Enfim, implantar Segurança em um ambiente não de- acessa. Este setor identifica o disco e informa como o sistema
pende só da Tecnologia usada, mas também dos Processos operacional (SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente neste
utilizados na sua implementação e da responsabilidade que setor, e espera que o computador o acesse.
as Pessoas têm neste conjunto. Estar atento ao surgimento A partir daí ele passa para a memória do computador e
de novas tecnologias não basta, é necessário entender as ne- entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da
cessidades do ambiente, e implantar políticas que conscien- segunda fase, vamos analisar o segundo método de infecção:
tizem as pessoas a trabalhar de modo seguro. o
Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que ins- vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado
talando um bom Antivírus você elimina as suas vulnerabili- mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo
dades ou diminui a quantidade de ameaças. É extremamente está não é o suficiente para se contaminar.
necessário conhecer o ambiente e fazer um estudo, para de- É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se
pois poder implementar ferramentas e soluções de seguran- anexa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não inter-
ça. fira no seu funcionamento (do arquivo), pois assim o usuário
não vai perceber nenhuma alteração e vai continuar usando
NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COMPUTADOR o programa infectado.
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora na
memória do computador, e imediatamente infecta todos os
O que são vírus de computador? discos que estão ligados ao computador, colocando uma có-
Os vírus representam um dos maiores problemas para pia de si mesmo no tal setor que é lido primeiro (chamado
usuários de computador. setor de boot), e quando o disco for transferido para outro
Consistem em pequenos programas criados para causar computador, este ao acessar o disco contaminado (lendo o
algum dano ao computador infectado, seja apagando dados, setor de boot), executará o vírus e o alocará na sua memória,
seja capturando informações, seja alterando o funciona- o que por sua vez irá infectar todos os discos utilizados neste
mento normal da máquina. Os usuários dos sistemas opera- computador, e assim o vírus vai se alastrando.
cionais Windows são vítimas quase que exclusivas de vírus,
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os vírus que se anexam a arquivos infectam também to-


já que os sistemas da Microsoft são largamente usados no dos os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Al-
mundo todo. Existem vírus para sistemas operacionais Mac guns às vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes
e os baseados em Unix, mas estes são extremamente raros e e ele fica tão grande que passa a ocupar um espaço conside-
costumam ser bastante limitados. Esses “programas malicio- rável (que é sempre muito precioso) em seu disco. Outros,
sos” receberam o nome vírus porque possuem a caracterís- mais inteligentes, se escondem entre os espaços do progra-
tica de se multiplicar facilmente, assim como ocorre com os ma original, para não dar a menor pista de sua existência.
vírus reais, ou seja, os vírus biológicos. Eles se disseminam Cada vírus possui um critério para começar o ataque pro-
ou agem por meio de falhas ou limitações de determinados priamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados,
programas, se espalhando como em uma infecção. o micro começa a travar, documentos que não são salvos e
Para contaminarem os computadores, os vírus antiga- várias outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens
mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os ví- chatas, outros mais elaborados fazem estragos muitos gran-
rus podem atingir em poucos minutos milhares de computa- des.
dores em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O método
de propagação mais comum é o uso de e-mails, onde o vírus
usa um texto que tenta convencer o internauta a clicar no

114
Tipos Os spywares e os keyloggers podem ser identificados por
programas anti-spywares. Porém, algumas destas pragas são
Cavalo-de-Tróia tão perigosas que alguns antivírus podem ser preparados
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atri- para identificá-las, como se fossem vírus. No caso de hijac-
buída aos programas que permitem a invasão de um compu- kers, muitas vezes é necessário usar uma ferramenta desen-
tador alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo volvida especialmente para combater aquela praga. Isso por-
é análogo ao famoso artefato militar fabricado pelos gregos que os hijackers podem se infiltrar no sistema operacional
espartanos. Um “amigo” virtual presenteia o outro com um de uma forma que nem antivírus nem anti-spywares conse-
“presente de grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quan- guem “pegar”.
do o leigo o executa, o programa atua de forma diferente do
que era esperado. Hoaxes, o que são?
Ao contrário do que é erroneamente informado na mí- São boatos espalhados por mensagens de correio eletrô-
dia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não nico, que servem para assustar o usuário de computador.
se reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus total-
computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso. mente destrutivo que está circulando na rede e que infec-
Deve-se levar em consideração, também, que a maioria dos tará o micro do destinatário enquanto a mensagem estiver
antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A ex- sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada tecla
pressão “Trojan” deve ser usada, exclusivamente, como defi- ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente costu-
nição para programas que capturam dados sem o conheci- ma dizer que a informação partiu de uma empresa confiável,
mento do usuário. como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá danificar a má-
O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um quina do usuário. Desconsidere a mensagem.
arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de rou-
bar informações como passwords, logins e quaisquer dados, Firewall
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a Firewall é um programa que monitora as conexões fei-
máquina contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, tas pelo seu computador para garantir que nenhum recurso
poderá ter todas as informações contidas no HD visualizadas do seu computador esteja sendo usado indevidamente. São
e capturadas por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas úteis para a prevenção de worms e trojans.
imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de um com-
putador alheio sabe as possibilidades oferecidas. Antivírus
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no
mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o sem-
Worm
pre atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos os dias
Os worms (vermes) podem ser interpretados como um
e seu antivírus precisa saber da existência deles para prote-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal
ger seu sistema operacional.
diferença entre eles está na forma de propagação: os wor-
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de
ms podem se propagar rapidamente para outros computa- atualização automática. Abaixo há uma lista com os antiví-
dores, seja pela Internet, seja por meio de uma rede local. rus mais conhecidos:
Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e o Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br -
usuário só nota o problema quando o computador apresen- Possui versão de teste.
ta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui
é a gama de possibilidades de propagação. O worm pode versão de teste.
capturar endereços de e-mail em arquivos do usuário, usar AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e
serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails) próprios ou outra gratuita para uso não comercial (com menos funcio-
qualquer outro meio que permita a contaminação de com- nalidades).
putadores (normalmente milhares) em pouco tempo. Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware.
com.br - Possui versão de teste.
Spywares, keyloggers e hijackers É importante frisar que a maioria destes desenvolvedo-
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três res possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover ví-
nomes também representam perigo. Spywares são progra- rus específicos. Geralmente, tais softwares são criados para PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas combater vírus perigosos ou com alto grau de propagação.
ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um
computador, os spywares podem vir embutidos em softwares Proteção
desconhecidos ou serem baixados automaticamente quando A melhor política com relação à proteção do seu compu-
o internauta visita sites de conteúdo duvidoso. tador contra vírus é possuir um bom software antivírus origi-
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem vir nal instalado e atualizá-lo com frequência, pois surgem vírus
embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, desti- novos a cada dia. Portanto, a regra básica com relação a vírus
nados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O objetivo (e outras infecções) é: Jamais execute programas que não
principal, nestes casos, é capturar senhas. tenham sido obtidos de fontes absolutamente confiáveis.
Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
O tema dos vírus é muito extenso e não se pode pretender
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar orientações
rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do
essenciais. Vamos a algumas recomendações.
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagandas
Os processos mais comuns de se receber arquivos são
em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferramentas
como anexos de mensagens de e-mail, através de programas
no navegador e podem impedir acesso a determinados sites
de FTP, ou por meio de programas de comunicação, como o
(como sites de software antivírus, por exemplo).
ICQ, o NetMeeting, etc.

115
Note que: mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS NO COMPUTADOR. Isto
Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus es- quer dizer que você não deve usar, ou deve desabilitar, se já
condidos em programas anexados ao e-mail. Você não in- usa, os recursos do tipo “lembrar senha”. Eles gravam sua se-
fecta seu computador só de ler uma mensagem de correio nha para evitar a necessidade de digitá-la novamente. Só que,
eletrônico escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler o con- se a sua senha está gravada no seu computador, ela pode ser
teúdo de arquivos anexados sem antes certificar-se de que lida por um invasor. Atualmente, é altamente recomendável
eles estão livres de vírus. Salve-os em um diretório e passe que você prefira digitar a senha a cada vez que faz uma cone-
um programa antivírus atualizado. Só depois abra o arquivo. xão. Abra mão do conforto em favor da sua segurança.
Cuidados que se deve tomar com mensagens de correio
eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a mensa-
gem não causa qualquer problema. No entanto, se a mensa-
gem contém anexos (ou attachments, em Inglês), é preciso
cuidado. O anexo pode ser um arquivo executável (progra-
ma) e, portanto, pode estar contaminado. A não ser que você
tenha certeza absoluta da integridade do arquivo, é melhor
ser precavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem antes pas-
sá-lo por uma análise do antivírus atualizado
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo ape-
nas de texto, é possível relaxar os cuidados?
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati-
vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus que
contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. São os
chamados vírus de macro, que infectam os macros (executá-
veis) destes arquivos. Assim, não abra anexos deste tipo sem
prévia verificação.
É possível clicar no indicador de anexo para ver do que se
trata? E como fazer em seguida?
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express é
uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar um
clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o anexo
for um programa, será executado. Faça assim:
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo aparece
como um ícone no rodapé);
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que
pode ser feito de dois modos:
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em se-
guida clicar em “Salvar como...”;
b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos...
3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se
certificar de que este não está infectado.
Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o progra-
ma para o seu computador não causa infecção, seja por FTP,
ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o programa
(de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores de tela,
etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus.
O que acontece se ocorrer uma infecção?
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quando
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu com-


putador e realizar atividades nocivas desde apenas ler seus
arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e até mes-
mo roubar suas senhas, causando todo o tipo de prejuízos.

Como me proteger?
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude básica
de evitar executar programas desconhecidos ou de origem
duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute progra-
mas que não tenham sido obtidos de fontes absolutamente
confiáveis.
Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro estiver
infectado outras pessoas poderiam acessar as suas senhas. E
troca-las não seria uma solução definitiva, pois os invasores
poderiam entrar no seu micro outra vez e rouba-la novamen-
te. Portanto, como medida extrema de prevenção, o melhor

116
Referência
EXERCÍCIO COMENTADO *Texto adaptado do material disponivel em:
https://help.libreoffice.org/
http://www.ufpa.br/dicas/open/oo-odf1.htm#opendoc
01. (CEMIG-TELECOM - Analista de Vendas JR – Superior – www.pm.pa.gov.br/sites/default/files/
FUMARC – 2016). O firewall no Microsoft Windows 7, ver- http://www.inf.unioeste.br/guardamirim/apostilas/
são português, ajuda a impedir que hackers ou programas http://www.petsi.facom.ufu.br/system/files
maliciosos obtenham acesso ao computador pela Internet http://www.portaleducacao.com.br/informatica/arti-
ou por uma rede. A opção de ativação ou desativação do gos/46697/o-que-e-um-sistema-computacional
“Firewall do Windows” pode ser encontrada no Painel de http://www.portaleducacao.com.br/informatica/arti-
Controle dentro da categoria: gos/46198/o-setor-de-boot
(A) Contas de Usuário e Segurança Familiar https://docente.ifrn.edu.br/higormorais/disciplinas/in-
(B) Programas formatica-1.2401.1v/hardware
(C) Rede e Internet http://www.din.uem.br/~yandre/fundamentos_produ-
(D) Sistema e Segurança cao/Capitulo1.pdf
http://www.manualdousuario.net/windows-10-atuali-
SISTEMA E SEGURANÇA zar/
Central de ações http://www.tecmundo.com.br/infografico/10187-do-bi-
Firewall do windows t-ao-yottabyte-conheca-os-tamanhos-dos-arquivos-digi-
Sistema tais-infografico-.htm
Windows update http://www.juliomoraes.com/pt/2008/07/unidades-de-
Opções de energia -medida-do-sistema-binario-dos-computadores/
Backup e restauração http://www.ufpa.br/dicas/
Windows anytime upgrade http://knowledge.seagate.com/articles/en_US/FA-
Ferramentas administrativas Q/194563en?language=pt-br
Resposta: D http://windows.microsoft.com/pt-br/
http://www.adrenalinanet.com.br/informativo/conhe-
02. (PC-MG - Investigador de Policia – Médio – FUMARC – ca-melhor-os-processadores-e-saiba-qual-e-bom/683
2014). Analise as seguintes afirmativas sobre ameaças à http://hardplus.com.br/blog/apu-ou-cpu-entenda-me-
segurança na Internet: lhor-esses-conceitos/
I – Cavalos de Troia são programas que atraem a atenção do “Barramentos” Arquivado no curso de Ciência da Com-
usuário e, além de executarem funções para as quais fo- putação na UFPA
ram aparentemente projetados, também executam opera- http://www.tecmundo.com.br/intel/1866-conheca-co-
ções maliciosas sem que o usuário perceba. mo-e-uma-placa-mae-sem-medo.htm
II – Spyware são programas que coletam informações sobre http://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noti-
as atividades do usuário no computador e transmitem cia/2014/06/qual-diferenca-entre-blu-ray-dvd-e-cd-enten-
essas informações pela Internet sem o consentimento do da.html
usuário.
h t t p : / / w w w. c l u b e d a i n f o r m a t i c a . c o m . b r /
III – Pharming consiste na instalação de programas nas má-
site/2008/06/17/como-e-um-hd-disco-rigido-por-dentro-e-
quinas de usuários da internet para executar tarefas auto-
-como-funciona/
matizadas programadas por criminosos cibernéticos.
https://www.oficinadanet.com.br/artigo/hardware/
Estão CORRETAS as afrmativas: qual-a-diferenca-entre-hd-e-ssd
(A) I e II, apenas. http://www.portaleducacao.com.br/informatica/arti-
(B) I e III, apenas. gos/46198/o-setor-de-boot#ixzz48DW7EZNL
(C) II e III, apenas. http://windows.microsoft.com/pt-br/windows/compu-
(D) I, II e III. ter-parts#1TC=windows-7
http://brasilescola.uol.com.br/informatica/pen-drive.
I) correta! Por isso o nome cavalo de tróia que faz referência htm PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ao presente grego famoso na história. Os cavalos de tróia são h t t p : / / w w w. t e c h t u d o . c o m . b r / n o t i c i a s / n o t i -
enviados ao destinatário em forma de “presente”, geralmente cia/2015/01/o-que-sao-workstations-saiba-como-funcio-
links, vídeos, fotos...necessita da ação do usuário para entrar nam-esses-super-computadores.html
em ação, a partir dai, executa diversas ações, assim como uma http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/super-
das mais perigosas é a instalação de uma backdoor (porta dos computadores/supercomputadores-01.htm
fundos) que permitirá ao Craker executar um ataque futuro http://imasters.com.br/artigo/4655/gerencia/sistemas_
a maquina. colaborativos_conceito_caracteristicasdes_e_funcionalida-
II) Correta! Spywares são malwares espiões, os mais famosos des/
são os Keyloogers e Screenlogers que capturam as informações https://br.ccm.net/faq/8033-windows-7-os-principais-
dos usuários, sua utilização mais perigosa é a espionagem -atalhos-de-teclado
de sites de bancos https://br.pinterest.com/pin/54254370495225617/
III) Errado,Pharming é a evolução do Phishing eles são um
tipo de malware que criam páginas falsas na internet com o
objetivo de capturar senhas e dados de usuários, sua utiliza-
ção mais comum também são em páginas falsas de bancos.
Resposta: A

117
04. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Ad-
HORA DE PRATICAR ministrativo – Médio – FUMARC – 2016)
Analise as seguintes afirmativas sobre os atalhos de teclado
do LibreOffice Writer 5.2, versão português:
I – “Ctrl+N” aplica a formatação “Negrito” ao texto selecio-
nado.
01. (Câmara de Pará de Minas - MG - Auxiliar de Ad- II – “Ctrl+U” aplica a formatação “Sublinhado” ao texto sele-
ministração – Fundamental – FUMARC – 2018) cionado.
Texto formatado no Microsoft Word, versão português do Of- III – “Ctrl+I” aplica a formatação “Itálico” ao texto selecionado.
fice 2013, que utiliza as opções e os efeitos de formatação
sublinhado, itálico, tachado e versalete: Estão CORRETAS as afirmativas:
(A) I e II, apenas.
(A) (B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(B) (D) I, II e III.

(C) 05. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Assistente Admi-


nistrativo – Médio – FUMARC – 2016)
(D) São exemplos de gráfico de “Dispersão” do Microsoft Excel,
versão português do Office 2010, EXCETO:
02. (COPASA - Analista de Saneamento - Administra-
dor – Superior – FUMARC – 2018)
Analise as seguintes afirmativas sobre as opções disponíveis
na guia “MENSAGEM” quando uma mensagem enviada (A)
pelo Microsoft Outlook, versão português do Office 2013,
estiver aberta na tela do computador:
I – Para “Encaminhar” a mensagem a outros destinatários,
basta acionar o atalho de teclado “Ctrl + Shift + R”. (B)
II – Para encaminhar a mensagem como um anexo de uma
nova mensagem, basta selecionar a opção “Mais” do gru-
po “Responder” e, em seguida, selecionar a opção “Enca-
minhar como Anexo”. (C)
III – Para cancelar uma mensagem enviada, basta acionar a
opção “Ações” do grupo “Mover” e, em seguida, selecio-
nar a opção “Cancelar Mensagem Enviada...”.
(D)
Estão CORRETAS as afirmativas:
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas. 06. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Advogado – Su-
(C) I, II e III. perior – FUMARC – 2016) - Adaptado
(D) II e III, apenas. Função do Microsoft Excel, versão português do Office, que
verifica se uma condição foi satisfeita e retorna um valor
03. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Ad- se for verdadeiro ou retorna outro valor se for falso:
ministrativo – Médio – FUMARC – 2016) (A) CONT.SE
Opção da barra de ferramentas “Padrão” do LibreOffice Wri- (B) SE
ter 5.2, versão português, que permite inserir uma nota (C) SEERRO
de rodapé: (D) SOMASE
PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

07. (Câmara de Lagoa da Prata - MG - Assistente Ad-


ministrativo – Médio – FUMARC – 2016) - adaptado
(A) Em relação às opções disponíveis na barra de ferramentas
“Padrão” do LibreOffice Calc, versão português, correla-
cione as colunas a seguir:
(B)

(C)

(D)

118
Está CORRETA a seguinte sequência de respostas: 11. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Advogado – Su-
(A) III, I, IV, II. perior – FUMARC – 2016)
(B) IV, I, II, III. A opção “Dispositivos e Impressoras” pode ser encontrada
(C) IV, I, III, II. no “Painel de Controle” do Microsoft Windows 7, versão
(D) IV, III, II, I. português, dentro da categoria:
(A) Aparência e Personalização.
08. (Câmara de Pará de Minas - MG - Auxiliar de Ad- (B) Hardware e Sons.
ministração – Fundamental – FUMARC – 2018) - (C) Rede e Internet.
adaptado (D) Sistema e Segurança. (A) Contas de Usuário e Segurança
Atalho de teclado do OpenOffice Calc, versão português, que Familiar
abre a janela “Formatar células” para formatação de Nú-
meros, Fonte, Borda, dentre outras opções, nas células 12. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Assistente Admi-
selecionadas: nistrativo – Médio – FUMARC – 2016)
(A) Ctrl+1. A possibilidade de alteração do fuso horário pode ser feita
(B) Ctrl+2. no “Painel de Controle” do Microsoft Windows 7, versão
(C) Ctrl+D. português, dentro da categoria:
(D) Ctrl+F. (A) Aparência e Personalização.
(B) Facilidade de Acesso.
09. (Prefeitura de Matozinhos - MG - Advogado – Su- (C) Relógio, Idioma e Região.
perior – FUMARC – 2016) (D) Sistema e Segurança.
Analise as seguintes afirmativas sobre as opções disponíveis
na guia “Página Inicial” do Microsoft Outlook, versão por-
tuguês do Office 2010:

I– Permite mover ou copiar um item.

II – Permite responder ao remetente.

III – Permite encaminhar o item.

Estão CORRETAS as afirmativas:


(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.

10. (SEBRAE-NACIONAL - Agente de Inovação – Supe-


rior – FUMARC – 2013)
Sobre tecnologias e aplicações da internet, todas as afirmati-
vas estão corretas, EXCETO:
(A) Google Chrome, Internet Explorer, Opera e Safari são
exemplos de navegadores para acesso à Internet. PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(B) O Facebook é uma rede social em que usuários criam
perfis com fotos e listas de interesses pessoais e trocam
mensagens públicas ou privadas entre si.
(C) Cloud Computing ou Computação em Nuvem foi criada
com o objetivo exclusivo de armazenar dados de usuários
ou empresas em discos virtuais espalhados pelo mundo.
(D) Um dos principais objetivos do HTML5 é facilitar a mani-
pulação de elementos, possibilitando que o desenvolve-
dor seja capaz de modificar características de objetos de
uma forma não intrusiva e transparente ao usuário final.

119
GABARITO ANOTAÇÕES

1 A
2 D ————————————————————————
3 D ————————————————————————
4 C
————————————————————————
5 A
————————————————————————
6 B
7 C ————————————————————————
8 A ————————————————————————
9 D ————————————————————————
10 C
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11 B
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12 C
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PROGRAMA DE NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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120
ÍNDICE

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Perícias e Peritos. ............................................................................................................................................................................01


Documentos médico-legais...........................................................................................................................................................01
Quesitos oficiais..............................................................................................................................................................................01
Perícias médicas. ............................................................................................................................................................................01
Ética médica e pericial. ..................................................................................................................................................................01
Legislação sobre perícias médico-legais. .....................................................................................................................................01
Antropologia Médico-legal. ...........................................................................................................................................................03
Identidade e identificação. ............................................................................................................................................................03
Identificação judiciária. .................................................................................................................................................................03
Traumatologia Médico-legal. ........................................................................................................................................................04
Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico. ...........................................................................................................................04
Energias de Ordem Mecânica........................................................................................................................................................04
Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias. ......................................................................04
Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, radiações, luz e som. ......................04
Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral. Asfixias em espécie: por gases irrespiráveis, por monóxido de carbono,
por sufocação direta, por sufocação indireta, por afogamento, por enforcamento, por estrangulamento, por esganadura,
por soterramento e por confinamento. ........................................................................................................................................04
Energias de Ordem Biodinâmica e Mistas....................................................................................................................................04
Tanatologia Médico-legal. .............................................................................................................................................................09
Tanatognose e cronotanatognose. ................................................................................................................................................09
Fenômenos cadavéricos. ...............................................................................................................................................................09
Necropsia, necroscopia. ................................................................................................................................................................09
Exumação. .......................................................................................................................................................................................09
“Causa mortis”. ...............................................................................................................................................................................09
Morte natural e morte violenta. ....................................................................................................................................................09
Direitos sobre o cadáver.................................................................................................................................................................09
Sexologia Médico-legal. .................................................................................................................................................................11
Crimes contra a dignidade sexual e provas periciais...................................................................................................................11
Gravidez, parto, puerpério, aborto, infanticídio. .........................................................................................................................11
Reprodução assistida. ....................................................................................................................................................................11
Transtornos da sexualidade e da identidade sexual. ...................................................................................................................11
Psicopatologia Médico-legal. ........................................................................................................................................................12
Imputabilidade penal e capacidade civil. ....................................................................................................................................12
Limite e modificadores da responsabilidade penal e capacidade civil. ....................................................................................12
Repercussões médico-legais dos distúrbios psíquicos. ..............................................................................................................12
Simulação, dissimulação e supersimulação.................................................................................................................................12
Embriaguez alcoólica. ....................................................................................................................................................................13
Alcoolismo. .....................................................................................................................................................................................13
Aspectos jurídicos. .........................................................................................................................................................................13
Toxicofilias. .....................................................................................................................................................................................14
Hora de Praticar ..............................................................................................................................................................................16
f) Prontuários: estes documentos guardam o registro
do paciente, todos os cuidados e assistência médicas
6.1 PERÍCIAS E PERITOS.
prestadas a ele de forma organizada e padronizada em
6.1.1 DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS. um acervo documental.
6.1.2 QUESITOS OFICIAIS.
6.1.3 PERÍCIAS MÉDICAS.
6.1.4 ÉTICA MÉDICA E PERICIAL.
6.1.5 LEGISLAÇÃO SOBRE PERÍCIAS Quesitos oficiais
MÉDICO-LEGAIS. Os quesitos são as perguntas formuladas pelas autorida-
des judiciárias, policiais, Ministério Público, bem como, pe-
las partes (através de advogados). Os quesitos oficiais nada
mais são, do que as “respostas” padronizadas, realizadas para
cada tipo de conduta criminosa.
Documentos médicos - legais

Os documentos médico legais são os documentos em


que o profissional médico utiliza-se para auxiliar tanto a Perícias médicas
autoridade policial em fase de inquérito como juiz em sede
processo judicial, para que haja esclarecimentos um fato Define-se perícia médico-legal como um conjunto de
compreendido como criminoso. procedimentos médicos e técnicos, a qual tem por finalidade
o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça. Ou ain-
Esses documentos, habitualmente utilizados na prática da, como um ato pelo qual a autoridade procura conhecer,
forense, revestem-se de valor probatório relevante, pois eles por meios técnicos e científicos a existência ou não de cer-
tem o objetivo principal de auxiliar no esclarecimento dos fa- tos acontecimentos, capazes de interferir na decisão de uma
tos úteis a serem manuseados em ações penais. questão judiciária ligada à vida ou à saúde do homem ou que
com ele tenha relação (FRANÇA, p. 72, 2017).
São espécies de documentos médicos legais:
O objetivo principal da pericia é a produção de provas
a) Notificação: consiste na comunicação às autoridades para que se comprove a existência ou não de um ato em de-
competentes sobre doenças infectocontagiosas. É dever sacordo com a lei. A partir da pericia, são colhidas provas,
do médico realizar a comunicação, podendo , em caso de as quais demonstraram os fatos ocorridos, o que, por con-
omissão, responder pelo crime tipificado no art. 269 do sequência, será analisado pelo juiz, que tomará sua decisão
Código Penal. pelo seu livre convencimento.
b) Atestados: esse documento seria uma afirmação sim- As pericias devem ser nomeadas por autoridades, a qual
ples realizadas pelos médicos. Importante ressaltar, que será realizada por um perito competente.
quando pedidos pelo particular, esse documento é “ofi-
cioso”. Quando requisitado pela administração pública, O documento em si, ira se materializar por meio dos
o documento é “administrativo”. Realizado o pedido do laudos, constituídos de uma peça escrita, tendo por base o
atestado pela justiça, é documento “judiciário”. material examinado. O atestado fornecido por médico parti-
cular não pode substituir o laudo para comprovação da ma-
terialidade em processo criminal.
FIQUE ATENTO! As perícias que possuem natureza civil, o magistrado po-
Somente quando requisitado pelo judiciário, derá nomear o perito tendo as partes 5 (cinco) dias, a facul-
o atestado é considerado documento médico dade de indicar assistentes e apresentarem quesitos. O pe-
legal. PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
rito apresentará laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz.

c) Relatórios: consiste em ser um documento do qual


relata detalhadamente, sobre os fatos que ocorreram no #FicaDica
caso, através das pericias médicas científicas. O relatório De uma forma geral, as pericias podem ser
é dividido em sete partes: Preâmbulo, quesitos, comemo- realizadas nos vivos, mortos, cadáveres,
rativo, descrição “visum et repertum”, discussão, conclu- esqueletos, animais e objetos.
são e resposta aos quesitos.

d) Depoimento oral: seria o depoimento do perito em


audiência, relatando sobre os fatos que foram apurados.
Por fim, a perícia médico-legal, é um elemento técnico
e) Parecer: este documento é similar ao relatório, pois é de suma relevância para convicção dos magistrados nas suas
um documento, requisitado pelas partes, para que sanem decisões, devendo ser muito bem interpretada, à luz dos co-
os quesitos duvidosos sobre o fato. nhecimentos cientifico-forense e aplicada conforme disposi-

1
tivos legais. A medicina legal tem ampla aplicação na ciência Art. 97 - Autorizar, vetar, bem como modificar, quando
jurídica, seja ela penal civil ou trabalhista, auxiliando na apli- na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêu-
cação das leis e permitindo à justiça o cumprimento de seu ticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em
mister social e constitucional. situações de urgência, emergência ou iminente perigo de
morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao mé-
dico assistente.

Ética médica e pericial Art. 98 - Deixar de atuar com absoluta isenção quan-
do designado para servir como perito ou como auditor, bem
O código de ética médica regulamenta a atividade médi- como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua
ca pericial a qual consiste em ser uma atividade legal e res- competência.
ponsável pela produção de prova técnica em procedimentos
administrativos ou em processos judiciais. Parágrafo único. O médico tem direito a justa remune-
ração pela realização do exame pericial. (CÓDIGO DE ÉTICA
O perito médico tem natureza de um agente público, MÉDICA).
ainda que temporariamente investido nesta condição, de
maneira a sujeitar-se aos princípios cuja definição são:

I) Principio da legalidade: o perito é vinculado a atos le- Legislação sobre perícias médicos - legais
gais (previsto na lei) e deve obedecer rigorosamente, para
Na matéria criminal, a Lei nº 12.030/2009, organiza e re-
a efetivação do direito.
gulariza a atuação dos peritos no trabalho de identificação
de pessoas, identificação da espécie animal, determinação
II) Princípio da moralidade: está ligado a conduta do pe- da morte, prova de virgindade ou conjunção carnal, diagnós-
rito, os quais, devem estar de acordo com os valores éticos tico de lesões corporais e dos instrumentos ou meios que as
e legais dos atos. causaram, apreciação do estado mental do criminoso ou da
vítima e etc.
III) Princípio da razoabilidade: refere-se a utilização de
meios idôneos, adequados, para a concretização e efetiva- No tocante a matéria civil, a mesma tem previsão legal
ção dos atos, para atingir melhores resultados. na Lei 13.105/15, bem como na Lei nº 10.406/2002, e visam
regularizar a atuação dos peritos no exercício de atividades
IV) Princípio da supremacia do interesse público: este como: documentar situações para favorecer a aplicação do
princípio aborda e tutela a efetivação a boa e justa rea- Código Civil, como por exemplo, declarar a insanidade de
lização dos atos, acima de qualquer outro interesse vin- pessoas para fins de interdição de direitos, prova da impo-
culado. tência cuendi, visando a anulação de casamento, investiga-
ção de paternidade etc.

Por fim, existe ainda pericias nos foros trabalhistas, re-


Ainda assim, O Capítulo XI do Código de Ética Médica, gulada pela Lei nº 13.647/2017, a qual organiza as atividades
em seu típico sistema de vedações, estabelece: exercidas pelo perito, como: acidentes de trabalho, lesões
que ocorreram no trabalho, avalia o grau de incapacidade
Art. 92 - Assinar laudos periciais, auditoriais ou de veri- resultante do acidente, estabelece o nexo de causa e efeito,
ficação médico-legal, quando não tenha realizado pessoal- analisa a insalubridade/periculosidade de determinado lo-
mente o exame. cal etc.

Art. 93 - Ser perito ou auditor do próprio paciente, de


pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha
PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa


em que atue ou tenha atuado.

Art. 94 - Intervir, quando em função de auditor, assis-


tente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro mé-
dico, ou fazer qualquer apreciação em presença do exami-
nado, reservando suas observações para o relatório.

Art. 95 - Realizar exames médico-periciais de corpo de


delito em seres humanos no interior de prédios ou de de-
pendências de delegacias de polícia, unidades militares, ca-
sas de detenção e presídios.

Art. 96 - Receber remuneração ou gratificação por va-


lores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa, quando na
função de perito ou de auditor.

2
A identificação judiciária é executada pelas Secretarias de
Segurança Estaduais através de seus Institutos de Identifica-
ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL.
ção para obter a identificação das pessoas.
IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO.
IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA. Ainda assim, importante destacar, que os meios mais uti-
lizados pelos policiais para identificação seria:

1) Bertilonagem: que seria a utilização de retrato falado,


fotografia sinalética e impressões digitais.
Identidade e Identificação
2) Dactiloscopia: que são realizadas pelas secreções digi-
Conceitua-se identidade como o conjunto de caracte- tais.
res que individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a
distinta das demais. Seria um elenco de atributos que torna Por fim, temos dois principais métodos de identificação
alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio (FRANÇA, que são frequentemente utilizados, para obter efetivação no
p. 225, 2017). processo:

Isto é, a identidade é de cada pessoa, características pes- 1) Sistema Decadactilar de Vucetich: que seria o estudo das
soais do ser humano que o individualiza e distingue ele de impressões digitais (visíveis, invisíveis, formatos e etc)
outros. Cada um tem a sua.
2) Biometria: se utilizam das características físicas ou com-
Existem ainda, dois tipos de identidades: portamentais dos seres vivos. Atualmente os sistemas bio-
métricos são utilizados para diversas coisas como: identifi-
1) Subjetiva: a maneira de ser de cada um, sua natureza, cação criminal, controle de ponto e etc, sendo registrados
essência e etc. e utilizados a partir das mãos, olhos, polegares, reconheci-
mento de voz e/ou face, dentre outros.
2) Objetiva: seriam as características físicas, funcionais e
psicológicas.

Já a identificação, consiste em ser um processo, pelo qual


se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa,
ou até mesmo um conjunto de diligências cuja finalidade é
levantar uma identidade. Consequentemente, identificar
uma pessoa é determinar uma individualidade e estabelecer
caracteres ou conjunto de qualidades que a fazem diferente
de todas as outras e igual apenas a si mesma (FRANÇA, p.
227, 2017).

FIQUE ATENTO!
A identificação divide-se em médico-legal e
judiciária ou policial.

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

Identificação Judiciária

A identificação médica - legal, é realizada através de co-


nhecimentos técnicos específicos dos médicos legais, como
por exemplo: físicas, funcionais e psíquicas, levando-se em
consideração a raça, sexo, idade e estigmas.

Já a identificação policial/judiciária é realizada através


de confronto de dados e estatísticas, as quais, não precisão
ser realizadas por médicos leais, pois, podem ser realizadas
pelas impressões digitais do indivíduo, podendo ainda, uti-
lizar: fotos, antropometria, datiloscopia e descritivos dados
informativos e qualitativos.

3
TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL.
LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO.
ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA.
ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA, CÁUSTICOS E VENENOS, EMBRIAGUEZ, TOXICOMANIAS.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA: EFEITOS DA TEMPERATURA, ELETRICIDADE, PRESSÃO
ATMOSFÉRICA, RADIAÇÕES, LUZ E SOM.
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA: ASFIXIAS EM GERAL. ASFIXIAS EM ESPÉCIE:
POR GASES IRRESPIRÁVEIS, POR MONÓXIDO DE CARBONO, POR SUFOCAÇÃO
DIRETA, POR SUFOCAÇÃO INDIRETA, POR AFOGAMENTO, POR ENFORCAMENTO, POR
ESTRANGULAMENTO, POR ESGANADURA, POR SOTERRAMENTO E POR CONFINAMENTO.
ENERGIAS DE ORDEM BIODINÂMICA E MISTAS.

Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico

A Traumatologia ou Lesonologia Médico-legal estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por
violência nos seus aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais e socioeconômicas. Trata também do
estudo das diversas modalidades de energias causadoras desses danos (FRANCA, p. 345, 2017).

A lesão corporal é crime e está tipificada no art. 129 do Código Penal, e consiste em ser uma lesão de natureza leve, grave
ou gravíssima, o ato que atinge a integridade física ou psíquica do ser humano, apresentando elementos que determinaram
o crime.

a) Lesão leve: as lesões leves são as equimoses, escoriações e feridas contusas. Ás não qualificadas como lesão grave nem
gravíssimas.

b) Lesão grave: essa modalidade de lesão causa incapacidade para as ocupações habituais normais durante 30 dias, ou
debilidade permanente de membros, sentidos ou funções.

c) Lesão gravíssima: já a lesão gravíssima, causa incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda
ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente, aborto e etc.

Energias de Ordem Mecânica

Os meios mecânicos causadores do dano vão desde as armas propriamente ditas (punhais, revólveres, soqueiras), armas
eventuais (faca, navalha, foice, facão, machado), armas naturais (punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios imagináveis
(máquinas, animais, veículos, quedas, explosões e precipitações) (FRANÇA, p. 346. 2017).

Ainda assim, os meios mecânicos de lesões, classificam em:


PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

4
a) Perfurantes

São os, alongado e fino, e de diâmetro transverso reduzido,


com características bem próprias.

Ex: estilete, a sovela, a agulha, o florete e o furador de gelo.

b) Cortantes:

São os objetos cortantes que agem através de um gume d) Perfurocortantes:


mais ou menos afiado, por um mecanismo de deslizamento
sobre os tecidos. Já essa modalidade de lesão, penetra perfurando com a
ponta e cortam com a borda afiada os planos superficiais e
Ex: Navalha, a lâminas de barbear e o bisturi. profundos do corpo da vítima, agindo, consequentemente,
por pressão e por secção.

Ex: faca-peixeira, canivete, espada (um só gume); punhal,


faca “vazada” (dois gumes); lima (três gumes ou triangulares).

PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

c) Contundentes:

Esses instrumentos são os que causam mais danos. Eles


agem por pressão, explosão, deslizamento, percussão, com-
pressão, descompressão, distensão, torção, fricção, por con-
tragolpe ou de forma mista.

Frisa-se, que essa modalidade deriva de vários tipos de


lesões, podendo elas serem mais “simples” como mais “gra-
vosas”. Ex: Desenluvamento por extração de anel, como tam-
bém, a esmagamento crânio facial. Essas lesões tem como
características: bordas irregulares, escoriadas e equimosadas,
fundo irregular, forma estrelada, sinuosa ou retilínea, e etc.

5
e) Perfurocontundentes: a) Cáusticos

Por fim, as lesões causadas pelos instrumentos perfuro- O cáustico é uma substância que pode resultar em efei-
contusos, são perfura e contunde ao mesmo tempo, porém, tos coagulantes (causam escaras endurecidas), isto é, nitrato
a maioria das vezes eles são mais perfurantes do que con- de prata. Ou efeito liquefacientes (escaras úmidas), ou seja,
tundentes. a soda.

Ex: Arma de fogo. A gravidade da lesão será analisada de acordo com o uso
desses componentes. O que por sua vez, poderão ser levadas
a morte.

b) Venenos

A qualificação de “veneno” será realizada a partir de cada


individuo, bem como, poderá ser analisada também, de
acordo com a quantidade utilizada.

Exemplo 1: Açúcar. Normalmente, o açúcar não é consi-


derado veneno, porém, para uma pessoa diabética, ele é um
veneno.

Exemplo 2: A estricnina em pequenas doses serve de esti-


mulante, porém, em dosagem excessiva, é mortal.

c) Embriaguez e Drogas

Por fim, o uso excessivo de bebida, além de trazer altera-


As lesões de ordem mecânica produzem feridas puntifor- ções imediatas no corpo e no cérebro, poderá provocar desde
mes, cortantes, contusas, perfurocortantes, perfurocontusas gastrite e pancreatite, até cirrose hepática, infertilidade e, até
e cortocontusas. câncer.

Já o uso de drogas, também traz mudanças e alterações


#FicaDica no sistema nervoso imediatas e quando usadas excessiva-
Não aceita-se as denominações: mente, poderá provocas: comprometimento cerebral, cirro-
feridas dilacerantes, cortodilacerantes, se e câncer no fígado, insuficiência renal, além da AINDS e
perfurodilacerantes e contusodilacerantes pelo doenças venéreas.
fato de não existireminstrumentos dilacerantes,
cortodilacerantes, perfurodilacerantes, como
também a contusodilacerantes.
Energias de Ordem Física: efeitos da temperatura, eletrici-
dade, pressão atmosférica, radiações, luz e som
PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

As energias de ordem físicas são energias que causam as


lesões por uma ação que modifica o estado físico do corpo,
Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embria- podendo, além de causar lesões, danos á saúde e morte.
guez, toxicomanias

As energias de ordem química possuem substâncias que,


por ação física, química ou biológica, são capazes de entran- a) Temperatura
do em reação com os tecidos, podem causar danos à vida ou
à saúde. As modalidades de temperaturas são as ocasionadas pelo
frio, calor e as oscilações de temperaturas.
Neste diapasão, passaremos a ver as energias de ordem
bioquímicas, as quais podem agir de forma externa (cáusti- Normalmente, a temperatura fria ocorre mais de forma
cos) ou de forma interna (venenos). acidental, porém, a modalidade dolosa não pode ser descar-
tada, quando ela acontece principalmente em abandono de
recém-nascido.

6
Para constatar a morte do ser humano em decorrência do Já as de origem atômica, podem levar à morte por desgar-
frio, o perito irá averiguar o ambiente, bem como o corpo, e ramento cutâneo, hemorragias viscerais, projeção á distância
procurará indícios de fadiga, depressão, orgânica, idade, al- com traumatismo indireto e até mesmo problemas futuros.
coolismo e certas perturbações mentais.

O frio leva a ocorrer alterações no sistema nervoso, como:


sonolência, delírios, convulsões, isquemia de vísceras, den- e) Luz e Som
tre outras, as quais, dependendo da gravidade, levará o indi-
viduo a morte. A luz e o som podem lesionar gravemente os órgãos e os
sentidos de qualquer individuo. A luz nos órgãos da visão,
Já o calor pode ocorrer de forma “difusa” ou seja, por in- por exemplo, quando em alta intensidade pode levar a ce-
solação, ou também de forma direta, que seriam as queima- gueira total. Já o som por sua vez, pode levar o individuo a
duras que variam de intensidade (1º, 2º, 3º e 4º). Essas quei- surdez total.
maduras podem causar tanto um ferimento leve, como um
ferimento grave, as quais poderão levar a morte do individuo.

Por fim, as oscilações de temperaturas, normalmente, são Energias de Ordem Físicas – Químicas: Asfixias em geral,
casos de acidentes de trabalho, bem como, as doenças pro- Asfixias em espécie: gases irreparáveis, monóxido de car-
fissionais como: pneumonia, broncopneumonia e tubercu- bono, sufocação direta e indireta, afogamento, enforca-
lose podem ser desencadeadas ou agravadas pela oscilação mento, estrangulamento, esganadura, soterramento e
brusca da temperatura. confinamento

b) Pressão atmosférica As lesões de ordem físico-químicas são aquelas provoca-


das pelo impedimento da passagem do ar às vias respirató-
As oscilações da pressão atmosférica podem causar inú- rias, o que consequentemente, altera a composição bioquí-
meros danos aos homens. Quando a pressão diminui (ocorre mica do sangue produzindo um fenômeno chamado asfixia;
quando subimos muito e o ar fica rarefeito) há diminuição Modifica a função respiratória, inibindo a hematose (trans-
do oxigênio no gás carbônico, o que poderá acarretar sinto- formação do sangue venoso em sangue arterial), podendo,
mas comuns como: cefaleia, dispneia, anorexia, fadiga, insô- em consequência, levar o indivíduo até a morte (FRANÇA,
nia, tonturas e vômitos. p. 507, 2017).

Caso a pressão atmosférica se eleva, (quando você desce


nas profundidades das aguas ou túneis subterrâneos) ocorre
uma patologia de compressão, caracterizada pela intoxica- a) Asfixia Geral
ção por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, o que, muitas
vezes leva a morte do individuo. A asfixia significa que a pessoa esta sem ou com pouco
oxigênio do sangue. Ela pode ser ocasionada por ausência ou
c) Eletricidade baixíssima concentração do oxigênio no ar respirável devi-
do a um impedimento mecânico de causa normal, violenta
Essa modalidade de lesão causada pela eletricidade pode e externa em circunstâncias as mais variadas. Ou a privação,
ocorrer de forma natural, artificial ou industrial. completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna,
do oxigênio.
As naturais se dão, normalmente, pelas tempestades e
descargas elétricas que atinge o homem. O que pode até che- Na asfixia, o pulmão consome todo o oxigênio, ficando
gar a mata-lo. presente apenas o gás carbono, podendo levar o individuo
a morte. PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
Já a eletricidade artificial/industrial, geralmente é aci-
dental, porém pode ainda ser suicida, como também, caso Ainda assim, importante lembrar que o oxigênio chega
de homicídio. Elas podem ocorrer por baixa tensão, bem aos tecidos através da ventilação pulmonar, da hemoglobi-
como, através de alta tensão, o que pode causa queimaduras na, da circulação e das trocas gasosas, e por sua vez, cada um
graves e até levar a morte. desse mecanismos dá lugar há um tipo diferente de anoxia,
que são:

- anoxia de ventilação ou anóxica


d) Radioatividade
- anoxia anêmica
A energia causadora da radioatividade é o que possui no
Raio X e também nas bombas atômicas. - anoxia de circulação e de estase

As lesões causadas pelo Raio X, normalmente é por negli- - anoxia tissular ou histotóxica
gência, imprudência ou imperícia médica, as quais afetam os
órgãos profundos e principalmente as gônadas do individuo.

7
b) Asfixia em espécie: b6) Estrangulamento

b1) Gases Irrespiráveis No estrangulamento, a morte se dá principalmente pelo


“aperto” do pescoço por um laço acionado por uma força
Podem ser considerados gases irrespiráveis, tais como estranha/terceiro, fechando a passagem de ar aos pulmões,
o de iluminação, gases de esgoto, fossas e pântanos, como interrompendo a circulação do sangue ao encéfalo e compri-
também, os famosos gases de pimentas e lacrimogênios. mindo os nervos do pescoço.

Tanto o gás lacrimogênio e o gás de pimenta, não são


considerados letais, porém, dependendo da quantidade uti-
lizada, pode trazer danos ao individuo. b7) Esganadura

Em geral, a morte ocorre pelo “fechamento” das vias res-


piratórias ou da obstrução da circulação das carótidas, por
b2) Monóxido de Carbono ação da prega do cotovelo sobre a face lateral do pescoço.
Podendo realizar isso, com o conhecido “golpe gravata”.
O monóxido de carbono fixa na hemoglobina dos glóbu-
los vermelhos, impedindo a passagem do oxigênio para os
tecidos. Esse tipo de asfixia ocorre mais como forma suicida
do que acidental e homicida. b8) Soterramento

Forma de asfixia mecânica motivada por obstrução das


vias respiratórias por terra ou substâncias pulverulentas.
b3) Sufocação direta e indireta

A sufocação ocorre quando há o impedimento de ar res-


pirável pelas vias aéreas, podendo ser caracterizado pela su- b9) Confinamento
focação direta ou indireta.
Esse tipo de asfixia ocorre quando, o individuo esta em
A sufocação direta pode acontecer através: um local restrito e fechado, sem condições de renovação do
ar, acabando com o oxigênio e acumulando o gás carbônico.
- oclusão do nariz e da boca (utilizado muito em infanti- Essa modalidade de asfixia ocorre mais de forma acidental
cídio ou em homicídios através de sacos plásticos); do que como forma de suicídio e homicídio.

- oclusão das vias respiratórias (ocorre às vezes por corpos


estranhos que impedem a passagem de ar até os pulmões);
Energias de Ordem Biodinâmicas
Já a sufocação indireta, ocorre quando há a compressão
o tórax e abdome impede os movimentos respiratórios, le- As energias de ordem bioquímica são aquelas que se ma-
vando em consequência, à asfixia, conhecida também como nifestam por ação combinada – química e biológica, atuando
“congestão compressiva de Perthes”. lesivamente por meio negativo (carencial) ou de maneira po-
sitiva (tóxica ou infecciosa) sobre a saúde, levando em conta
ainda as condições orgânicas e de defesa de cada pessoa. É,
deste modo, diferente da ação química propriamente dita
b4) Afogamento dos venenos (FRANÇA, p. 578, 2017).

Essa modalidade de asfixia é realizado através da pene- Os danos causados à vida ou à saúde do individuo através
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tração de um meio líquido ou semilíquido nas vias respirató- desta energia são:
rias, impedindo a passagem do ar até os pulmões.

a) Perturbações alimentares
b5) Enforcamento
- Inanição: seria privação de elementos imprescindíveis
O enforcamento é uma modalidade de asfixia que se ca- ao metabolismo orgânico, o que podem ocorrer através de
racteriza pela interrupção do ar até as vias respiratórias, em acidente, através de culpa, ou crime.
decorrência da constrição do pescoço por um laço, agindo o
peso do próprio corpo da vítima como força ativa. - Doenças Carênciais: seriam as perturbações orgânicas
decorrentes de alimentação insuficiente ou da carência de
certos elementos indispensáveis, entre os quais estão, prin-
cipalmente, as vitaminas.

- Intoxicação Alimentar: ingestão alimentar que contém


substâncias ou microrganismos nocivos à saúde.

8
b) Autointoxicações Fenômenos Cadavéricos

Seriam as perturbações orgânicas originárias da trans- Após a morte do individuo, começará a ocorrer os fenô-
formação química e da elaboração de substâncias perni- menos abióticos ou imediatos ou avitais ou vitais negativos.
ciosas na própria constituição física do indivíduo, por de-
formação endógena ou eliminação defeituosa. Por isso, são Logo após a parada cardíaca, morte cerebral e o colap-
também chamadas de intoxicações endógenas (FRANÇA, p. so e morte dos órgãos e estruturas, começam a surgir sinais
585, 2017). abióticos imediatos, como: perda da consciência, abolição
do tônus muscular com imobilidade, perda da sensibilidade,
relaxamento dos esfíncteres, cessação da respiração, cessa-
ção dos batimentos cardíacos, ausência de pulso, fácies hi-
c) Infecções pocrática e pálpebras parcialmente cerradas.

Seriam as complicações mais ou menos frequentes, Após esses primeiros indícios que houve a morte do indi-
oriundas de perturbações orgânicas provocadas por mi- viduo, começa aparecer os sinais abióticos mediatos, tardios
crorganismos patógenos e que apresentam certo ciclo evo- ou consecutivos, indicativos de certeza da morte, como: res-
lutivo. As infecções podem ser de caráter local ou generali- friamento paulatino do corpo, rigidez cadavérica, espasmo
zado (FRANÇA, p. 585, 2017). cadavérico, manchas de hipóstase e livores cadavéricos, des-
secamento: decréscimo de peso, pergarninhamento da pele
e das mucosas dos lábios, modificações dos globos oculares;
mancha da esclerótica e etc.
d) Castração química
Após 16 a 24 horas da morte do individuo, aparecerá uma
Seria uma forma temporária de inibição do desejo se- mancha verde no abdome, o que indica o primeiro sinal de
xual por meio da aplicação de medicamentos, principal- putrefação.
mente à base de hormônios femininos como pena ou medi-
da de segurança com os autores de crimes contra dignidade Em seguida, iniciam-se os fenômenos destrutivos (au-
sexual, principalmente nos casos de pedofilia. tólise, putrefação e maceração) e os conservadores (mumi-
ficação e saponificação). São, portanto, sinais de certeza da
realidade de morte.

TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL. Necropsia/Necroscopia


TANATOGNOSE E CRONOTANATOGNOSE.
Uma necropsia, necropsia, autópsia ou exame cadavéri-
FENÔMENOS CADAVÉRICOS. co é um procedimento médico que consiste em examinar um
NECROPSIA, NECROSCOPIA. cadáver para determinar a causa, bem como o modo de mor-
EXUMAÇÃO. te e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar
“CAUSA MORTIS”. presente. É geralmente realizada por um médico especiali-
MORTE NATURAL E MORTE VIOLENTA. zado, chamado de legista num local apropriado denominado
morgue, ou necrotério.
DIREITOS SOBRE O CADÁVER.
As necropsias são realizadas mediante solicitação médica
e autorização do responsável

(com parentesco). Serão necessários o prontuário médico


Tanatognose e Cronotanatognose
do paciente e outros documentos médicos que contenham PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
informações clínicas, como também imagem relevante, além
da declaração de óbito com todos os dados de identificação
É a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnós- do paciente.
tico da realidade da morte do individuo. Esse diagnóstico é
elaborado por um perito que deverá observar vários aspec- O técnico ira abrir e observar o corpo do morto e retirar as
tos que nortearam a causa da morte. Antes do surgimento vísceras, órgãos e todos os tecidos que achar necessário para
dos fenômenos transformativos do cadáver, não existe sinal realizar exames.
patognomônico de morte. Então, o perito observará dois
tipos de fenômenos cadavéricos: os abióticos, avitais ou Após todos os exames realizados, será efetuado um laudo
vitais negativos (imediatos ou consecutivos) e também, os pelo médico, informando a causa da morte.
transformativos (destrutivos ou conservadores).

9
Exumação No que tange a morte violenta, a ciência da Tanatologia
médico legal é a qual busca a obter um diagnóstico da causa
A exumação de corpos é realizada a partir da autorização jurídica da morte na busca de determinar as hipóteses de ho-
da família, ou então, sob autorização judicial para casos es- micídio, suicídio ou acidente.
peciais. Exemplo: confirmação de paternidade post mortem;
nesses casos, o corpo precisa ser exumado para a realização Cada um desses tipos de morte possuem particularida-
da coleta do material genético; Em caso de mortes violen- des e característica próprias nas lesões causadas no corpo,
tas, quando o falecimento está sendo analisado pela Polícia por isso, cada uma tem uma causa especifica da morte.
ou quando as seguradoras necessitam confirmar a causa da
morte e etc. Nos diagnósticos, as causas antecedentes que motivaram
as lesões, tais como “atropelamento”, “queda de uma escada
A exumação, nada mais é que retirar os restos mortais de no trabalho”, “agressão por arma branca” etc. Tais eventua-
alguém do local onde ele foi sepultado para transferi-lo para lidades não devem constar do diagnóstico de causa mortis,
outro espaço, outra cidade ou, ainda, devido a alguma ques- pois são fatos que dependem da conclusão da peça pro-
tão judicial, será levada a outro local. cessual. O que devem constar é: “Ferimento penetrante do
abdome com lesões do fígado e do estômago e hemorragia
Em regra, a exumação não pode ocorrer antes de 3 anos interna consecutiva” (FRANÇA, p. 1527, 2017).
de sepultamento, exceto por casos sérios que gerem a urgên-
cia do ato.

Por fim, destaca-se que, se a exumação não for resultado Direitos sobre o cadáver
de nenhum dos itens que foram citados acima ela é consi-
derada ilegal e poderá ser considerada como uma violação As tradições determinam que os cadáveres sejam respei-
de sepultura. No mais, nem sempre as exumações solicitadas tados e homenageados. Porém, com a morte, o corpo do in-
pelos familiares com prazos inferiores a três anos podem ser dividuo não tem mais vida, ou seja, ele não é mais uma pes-
autorizadas. soa, e sim, uma coisa.

Em sentido estrito, o cadáver pertence a família, porém, de


inicio, é direito do Estado em ter a posse do cadáver para que
“Causa mortis” ele possa realizar o cumprimento das normas especificas.

Antigamente, considerava-se a morte do individuo, com


a cessação total e permanente das funções vitais do corpo. FIQUE ATENTO!
No entanto, com a modernização, foram surgindo os trans- O cadáver não pode ser utilizado para fins
plantes de órgão e tecidos, motivo do qual, foram revistos os lucrativos.
conceitos adotados anteriormente.

Atualmente, a doutrina aplicada é a da morte cerebral.


Destaca-se que o cadáver não faz parte da sucessão. A fa-
Ou seja, quando há a constatação da morte do cérebro do
mília do morto tem deveres e direitos. Tem como dever pri-
individuo, conclui-se, que ele esta morto. mordial respeitar e executar a sua vontade, se essa vontade é
lícita, a não ser que ela entre em contradição com a própria
No entanto, a causa da morte varia de caso para caso, lei. Tem também direito, mas não pode ultrapassar a norma
pois, são diversas as formas de homicídio, suicídio ou, até estatuída (FRANÇA, p. 1462, 2017).
mesmo morte natural.
Neste diapasão, importante lembrar que o de cujus, em
A causa da morte é sempre registrada em documento testamento, pode deixar seu cadáver a disposição, fazendo
próprio (atestado médico de óbito), para que se possa reali- uma doação para instituição científica para fins didáticos ou
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zar os posteriores tramites legais do corpo. terapêuticos, como forma de generosidade e altruísmo em
favos dos outros indivíduos.
Em cada caso, como: morte violenta ou até mesmo morte
natural, há pré-requisitos a serem realizados para que se pos-
sa registar “o porquê que o individuo morreu”.
#FicaDica
A família NUNCA poderá ceder o cadáver a uma
instituição científica se esta não era a vontade
Morte natural e Morte violenta do morto. Esta regra é ABSOLUTA.

A morte natural é aquela que vem como consequência de


um processo esperado e previsível, como nos casos do enve-
lhecimento e a consequência parada dos órgãos e funções. Por fim, o de cujus poderia também ter registrado sua
Ainda assim, temos outros casos, como uma doença interna, vontade em ser doador de órgãos, ocasião da qual, após a sua
aguda ou crônica, porém, apesar do óbito não ser “natural” morte, seria extraído do corpo órgãos e tecidos para ajudar
e, sim, patológica, a doutrina estabelece como morte natural. outras pessoas compatíveis.

10
Importante destacar que, nos crimes sexuais, em que há a
conjunção carnal (introdução do pênis na vagina) ou ato libi-
SEXOLOGIA MÉDICO-LEGAL. dinoso (ato que gera prazer sexual), isto é, como todos os de-
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL E mais contatos físicos que não a “cópula vaginal”, que geram a
satisfação da “lascívia”, Ex: sexo anal, oral e toques nos peitos,
PROVAS PERICIAIS.
pernas e etc da vítima, dentre outros, existe a possibilidade
GRAVIDEZ, PARTO, PUERPÉRIO, ABORTO, de se comprovar a materialidade por meio de exame pericial,
INFANTICÍDIO. Ex: Exame de Conjunção Carnal, Exame de Ato Libidinoso e
REPRODUÇÃO ASSISTIDA. Exame de Pesquisa de Espermatozoides, além do Exame de
TRANSTORNOS DA SEXUALIDADE E DA Lesão Corporal, utilizado geralmente para caracterização do
IDENTIDADE SEXUAL. emprego de violência, para alcançar o constrangimento ine-
rente ao crime de estupro.

Ainda assim, importante destacar, que os crimes contra


a dignidade sexual poderão ser comprovados por meio de
Crimes contra dignidade sexual e provas periciais exame de corpo de delito, como também pela declaração da
vítima, lastreada ou não por laudo psicológico.

Neste diapasão, o art. 158 do Código de Processo Penal,


São considerados crimes contra a dignidade sexual: dispõe: “quando a infração deixar vestígios será indispensá-
vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não poden-
a) Estupro (art. 213 do CP): Constranger alguém, me- do supri-lo a confissão do acusado”.
diante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libi- Isto é, é de extrema valia a realização de pericias e exames
dinoso. para que se comprovem os abusos e os crimes contra a dig-
nidade sexual da vitima. Porém, é considerado como prova
b) Violação sexual mediante fraude (art. 215 do também, o depoimento da vitima sobre o caso.
CP): Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Gravidez, parto, puerpério, aborto e infanticídio
c) Assédio sexual (art. 216-A, CP): Constranger al-
guém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento se- Quando a mulher está com perturbações digestivas e sus-
xual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior pensão da menstruação, são grandes indícios de que ela es-
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de empre-
teja gravida. Ainda assim, sinais como: movimentos do feto,
go, cargo ou função.
batimentos de coração, sopro e etc, dão a certeza de que a
Neste diapasão, são crimes sexuais contra vulnerável: mulher esta gravida.

a) Estupro de vulnerável (art. 217, CP): conjunção Exames de farmácia e exames de sangue são meios efeti-
carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 vos para se averiguar se está realmente grave.
(catorze) anos.
Já a ultrassonografia e demais exame, a mulher irá rea-
b) Corrupção de menores (art. 218, CP): induzir al- lizar para ver o desenvolvimento do bebê, como também,
guém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia eventuais problemas.
de outrem.
Define-se parto como o conjunto de fenômenos fisiológi- PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
c) Satisfação de lascívia mediante presença de cos e mecânicos cuja finalidade é a expulsão do feto. Dá-se
criança ou adolescente (art. 218-A, CP): praticar, na seu começo, para os obstetras, com as contrações uterinas
presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou in- rítmicas, e, para nós, com a ruptura da bolsa, e termina com
duzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libi- o deslocamento e a expulsão da placenta (FRANÇA, p. 1067,
dinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem. 2017).
d) Favorecimento da prostituição ou outra forma Já o “puerpério”, sobreparto ou pós-parto é o espaço de
de exploração sexual de vulnerável (art. 218-B, tempo variável que vai do desprendimento da placenta até
CP): submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra a volta do organismo materno às suas condições anteriores
forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoi-
ao processo gestacional. Dura, em média, 6 a 8 semanas. Seu
to) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do diagnóstico é muito importante nas questões médico-legais
ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone. ligadas a sonegação, simulação e dissimulação do parto e da
subtração de recém-nascidos, principalmente nos caso em
que se discute a hipótese de aborto ou de infanticídio, ou
ainda de parto próprio ou alheio (FRANÇA, p. 1072, 2017).

11
O aborto seria a interrupção da gravidez, ou seja, a ex-
pulsão do feto antes do final da gravidez e de seu desenvolvi- PSICOPATOLOGIA MÉDICO-
mento, a qual mata o feto.
LEGAL
Existe três tipo de aborto: 1) Aborto espontâneo: o abor- IMPUTABILIDADE PENAL E
to ocorre por vontade alheia da mulher. Muitas vezes pode CAPACIDADE CIVIL.
ocorrer devido a um grande estresse. LIMITE E MODIFICADORES DA
RESPONSABILIDADE PENAL E
2) Aborto induzido: este tipo de aborto é legalizado, pois
somente é realizado quando há perigo a mãe, ou má forma- CAPACIDADE CIVIL.
ção, e etc. REPERCUSSÕES MÉDICO-
LEGAIS DOS DISTÚRBIOS
3) Aborto ilegal: é realizado por vias não tuteladas pela PSÍQUICOS.
legislação brasileira, tornando o ato criminoso. SIMULAÇÃO, DISSIMULAÇÃO E
Por fim, o infanticídio ocorre quando a mulher (em esta- SUPERSIMULAÇÃO.
do puerperal) mata a criança recém-nascida.

Reprodução assistida Imputabilidade penal e capacidade civil

Entende-se por reprodução assistida o conjunto de pro- Os portadores de transtornos de personalidade (psicopa-
cedimentos que contribui na resolução dos problemas da in- tas) são grupos nosológicos que se distinguem por um esta-
fertilidade humana, facilitando assim o processo de procria- do psíquico capaz de determinar profundas modificações do
ção quando outras terapêuticas ou condutas tenham sido caráter e do afeto, e para muitos de etiologia congênita. Não
ineficazes para a solução e obtenção da gravidez desejada são, essencialmente, personalidades doentes ou patológicas,
(FRANÇA, p. 1088, 2017). por isso seria melhor denominá-las personalidades anormais,
pois seu traço mais marcante é a perturbação da afetividade e
O médico é quem irá realizar o procedimento, no entan- do caráter, enquanto a inteligência se mantém normal ou aci-
to, após passar todas as informações às partes, bem como, ter ma do normal. Tanto é verdade que, antes, foram chamados
o consentimento delas documentado. de “loucos sem delírios” e de “loucos racionais” (FRANÇA, p.
1855, 2017).

É grande os números de psicopatas no mundo do crime, os


Transtornos da sexualidade e da identidade sexual quais agem friamente de forma inteligente e que arquitetam
planos se tornando um perigo para à sociedade em geral.
O transtorno da identidade sexual ou de gênero é uma
questão de ordem médica e psicológica que ocorre quando Na expressão “personalidade psicopática” está enquadrado
um indivíduo de um determinado gênero biológico (homem todos os portadores desses transtornos do caráter e do afeto,
ou mulher), no entanto, se identifica mais com pessoas do que nascem, vivem assim e morrem assim. São privados do
sexo oposto. Isso não tem relação com sua orientação sexual senso ético, deformados de sentimentos e inconscientes da
culpabilidade e do remorso (FRANÇA, p. 1862, 2017).
e lhe causa enorme desconforto. Os mais comuns transtor-
nos da identidade sexual são: 1) Transexualismo: o indivíduo
Alguns doutrinadores colocam eles como semi-imputá-
tem o desejo de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo
veis, pela capacidade de entendimento, pela posição fronteiri-
oposto. 2) Travestismo bivalente: Para satisfazer o desejo de
ça dos psicopatas anormais. Há até quem os considere sempre
viver como um indivíduo do sexo oposto, a pessoa faz uma
penalmente imputáveis, o que reputamos como um absurdo,
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experiência temporária nesse sentido através das vestimen- pois o caráter repressivo e punitivo penal a esses indivíduos re-
tas. Todavia, vestir-se como um indivíduo do sexo oposto não velar-se-ia nocivo, em virtude de convivência maléfica para a
lhe traz qualquer prazer sexual. O transtorno da identidade ressocialização dos não portadores desta perturbação (FRAN-
sexual na infância manifesta-se antes da puberdade. É carac- ÇA, p. 1862, 2017).
terizado por um extremo sofrimento da criança em relação
ao sexo a que ela pertence e a vontade de ser do outro sexo No que tange a sua imputabilidade, será aferida em avalia-
(disponível em: www.doctoralia.com.br/enfermidade/trans- ção a sua intensidade de seus sintomas, atos e capacidade de
tornos+sexuais+e+da+identidade+sexual-17587) discernimento. Atualmente eles são considerados semi-impu-
táveis, ficando sujeitos à medida de segurança por tempo de-
A quem diga que esses transtornos são por fatores bioló- terminado e a tratamento médico-psiquiátrico, para que res-
gicos, no entanto, prevalece a ideia de que os transtornos de guarde os interesses da sociedade, bem como, sua segurança.
identidade sexual se dão por questões psicológicas.
Já a capacidade civil pode ser conservada em vários gru-
pos dessas personalidades, a não ser nos casos mais graves e
mais ostensivos que podem ser modificados pelo judiciário.

12
Limite e modificadores da responsabilidade penal e capaci- Neste quadro de fraudes de sintomas e sinais podemos
dade civil encontrar a simulação (apresentação de sinais e sintomas
falsos), a metassimulação (exagero de sinais e sintomas real-
A perícia médico-psiquiátrica serve tanto como determi- mente existentes) e dissimulação ou simulação negativa (ato
nação, como para avaliação da cessação da periculosidade do de apresentar-se como normal, ou seja, simular que não tem
paciente. Quando esta perícia é favorável à cessação da pericu- sintomas). Em todos estes casos o indivíduo tenta obter um
losidade do paciente o juiz determinará a desinternação ou o resultado que favoreça a licença médica, aposentadoria, se-
encerramento do tratamento ambulatorial, embora em algu- guro, inimputabilidade penal, acesso à função pública, entre
mas vezes sob certas condições como: obtenção de atividade outros (FRANÇA, p. 1876, 2017).
lícita, comunicação periódica dessa ocupação, aviso quando da
mudança do território da Comarca, recolhimento à habitação
em horário determinado e proibição de frequência em deter-
minados lugares. EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA.
ALCOOLISMO.
Caso a situação do paciente mude, sua imputabilidade e ca- ASPECTOS JURÍDICOS.
pacidade civil deverá mudar também, conforme seu progresso.

Essa mudança será averiguada por médicos psiquiatras, pe-


ritos, psicólogos, que serão passadas para o juiz.

Como dito anteriormente, a capacidade e a imputabilidade Alcoolismo


do psicopata será averiguada a partir do grau de sua psicopatia.
A partir desta conclusão, serão aplicadas medidas como inter- O alcoolismo tem como causa a ingestão continua e imodera-
nação, ou até mesmo prisão. da de bebida alcoólica, a qual vai produzindo no paciente uma sé-
rie de perturbações, terminando por configurar um perfil anormal
As doutrinas majoritárias defende a internação do paciente, não psicótico que poderia ser chamado de personalidade alcoolis-
porem, por tempo DETERMINADO, a fim de que ele tenha um ta. O estudo do alcoolismo é de fundamental importância pelos
período certo para cumprir. Este é um dos limites exigidos pela seguintes motivos: (1) por apresentarem seus portadores transtor-
doutrina. nos de conduta e relativo perigo a si próprios e aos outros; (2) por
serem tendentes a outras formas de transtornos mentais; (3) por
apresentarem modificações do juízo crítico e da capacidade de ad-
ministrar seus interesses (FRANÇA, p. 1414. 2017).
Repercussões médico – legal dos distúrbios psíquicos
O alcoolismo apresenta manifestações somáticas como:
Doutrinadores defende que a pena é a sanção prevista em hepatomegalia, edemas palpebrais, tremores nas mãos e etc.
nosso diploma penal aos imputáveis que cometeram delito ali
previsto, enquanto a medida de segurança é aplicada aos inim- Ainda assim, traz também perturbações neurológicas
putáveis ou semi-imputáveis infratores em virtude de transtor- como: iperestesias, cutâneas, hipoestesiasuperficial, mialgias,
no mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retarda- impotência motora dos músculos braquiais e crurais, altera-
do. Na prática não passam de coisas iguais (FRANÇA, p. 1883, ções dos reflexos, paralisia dos músculos do globo ocular, sin-
2017). tomas trigeminais (nevralgia facial), paralisia dos músculos
faciais, amnésia, dificuldade em recordar de fatos, demência,
Neste diapasão, há uma grande repercussão quanto ao tem- delírio e etc.
po de pena em que os psicopatas irão cumprir nas medidas
de segurança. A corrente majoritária do STF, entende que para
qualquer crime praticado, o limite de pena é de 30 anos, com
base no art. 75 do CP. Aspectos jurídicos

Ainda assim, importante frisar, que os médicos/peritos, não Para o Código Penal, considera ser imputável quem se PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
acreditam em sua ressocialização, nem em uma possível “cura”, colocou em condições de inconsciência ou descontrole, de
pairando uma insegurança jurídica para a sociedade, pois eles forma culposa ou dolosa, e, em tal situação, comete o delito.
não podem ficar “presos” eternamente e, dependendo do grau, Adota-se, portanto, o princípio em que se indica a responsabi-
não vão obter melhoras. lidade do agente no momento em que ele delibera beber para
embriagar-se e não no instante em que, no estado de embria-
guez, comete ele o crime.

Simulação, dissimulação e supersimulação Ou seja, a lei penal reconhece como responsável a pessoa
que comete crime embriagado, ainda que completa, se essa
Os peritos médicos devem sempre considerar a motivação embriaguez resulta de ato voluntário ou culposo, conforme
que leva o indivíduo ao exame, a história clínica atual e pregres- art. 28 d CP. Caso o individuo beba para cometer o crime, o ato
sa, seus comemorativos, a observação de prontuários, de trata- será agravado conforme art. 61, II do CP.
mentos anteriores e atuais, relato de familiares mais próximos,
e dispor de um tempo razoável para observa e analisar o com- Já no Código de Trânsito Brasileiro, atualmente, o fato de
portamento do examinado. Pode-se dizer que é na perícia simplesmente dirigir sob influencia de álcool (sem causar da-
psiquiátrica que a simulação é mais comum (FRANÇA, p. nos) já é considerado infração gravíssima com pena de mul-
1876, 2017).

13
ta (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) b) Morfina: utilizado em forma de injeção essa substan-
meses, bem como, recolhimento da habilitação e retenção do cia é um alcaloide e o individuo vai injetando aos poucos,
veículo (art. 165 do CTB). gradativamente, até tornar-se (em pouco tempo) escravo
da substância.
Caso o policial perceba conduta estranha do condutor, ou
caso o condutor se envolve em acidente, o mesmo será sub- c) Heroína: de forma injetável, a heroína é bem mais rá-
metido a exame para constatar a influência ou não de álcool pida para viciar o individuo do que a própria morfina, pro-
no sangue. vocando delírios, vômitos, convulsões, bloqueio das vias
respiratórias, o que causa a morte muito rápida.
Não só apenas os exames serão considerados como provas,
mas também fotos, testemunhas e a própria palavra do poli- d) Cocaína: essa substância é extraída da folha de coca
cial, terão valor probatório. e transformada em pó branco. Ela é colocada na mucosa
nasal através da aspiração e ela causa grandes transtornos
Ainda assim, os crimes cometidos pelo condutor, o mes-
psíquicos como: excitação, agitação, confusão. Problemas
mo será submetido a lei penal, no que nela couber, como por
exemplo: lesão corporal. neurológicos: paralisias, tremores, convulsões. Problemas
circulatórios: dor precordial, taquicardia e etc.
Importante ressaltar que, o caput do art. 302 do CTB, con-
sidera homicídio na direção de veículo como crime culposo, a e) LSD 25: essa droga é a que tem maior poder aluci-
não ser que a embriaguez seja preordenada, ou seja, se o con- nógeno e é utilizada em forma de tabletes ou facilmente
dutor usou a bebida com o objetivo de se encorajar e praticar o diluída em agua. O viciado apresenta depressão, fadiga e
ilícito ou assumido o risco de produzi-lo. tristeza, como também delírios e alucinações.

No tocante a esfera cível, é considerado absolutamente in- Além dessas 5 drogas, ainda temos o ópio, crack, anfeta-
capazes de exercer, por si só, os atos da vida civil os que, por en- minas, oxi, desiree, cogumelo, cola, merla e etc. Todas subs-
fermidade ou deficiência mental, não tiverem o discernimen- tância nocivas a saúde que causam transtornos psicológicos e
to necessário para a prática dos seus atos (art. 3º, II do CC). podem até levar a morte.
Quanto aos ébrios habituais, há uma incapacidade relativa no
que diz respeito a certos atos ou à maneira de exercê-los (art.
4º, II do CC).

Ainda assim, ficam sujeitos a curatela os deficientes men-


EXERCÍCIO COMENTADO
tais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.

6.8 TOXICOFILIAS. 1. (PC-CE – Delegado de Policia – Nível superior – VU-


NESP – 2015) Com relação ao crime sexual, sexualidade
anômala e criminosa, é correto afirmar:

Drogas A) a sexualidade anômala engloba diferentes distúrbios ca-


racterizados por degeneração psicopatológica, sempre
A Organização Mundial da Saúde definiu toxicomania envolvendo uma alteração de personalidade, mas sem
ou toxicofilia como um estado de intoxicação (periódica ou qualquer tipo de associação com distúrbios orgânicos ou
crônica) nociva ao indivíduo ou à sociedade, produzida pelo glandulares.
repetido consumo de uma droga natural ou sintética. Essas
substâncias podem causar tolerância (aumento das doses pe- B) a violência sexual sádica é a expressão de uma explosão
riodicamente), dependência (necessidade de uso devido o pró- de agressão totalmente instintiva e impulsiva, não sendo
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prio organismo pedir) e crise abstinência (pela falta do uso dos premeditada.
elementos, causa tremores, náuseas, vômitos e etc).
C) o comportamento sexual anômalo é muito mais frequen-
Assim, esses estados toxicofílicos caracterizam-se pela com- te em mulheres, na faixa dos 15 aos 25 anos, associado à
pulsão irresistível e incontrolável que têm suas vítimas de conti- baixa escolaridade e a distúrbios psiquiátricos primários.
nuar seu uso e obtê-los a todo custo, pela dependência psíquica,
pela tendência a aumentar gradativamente a dosagem da droga e D) o onanismo é a forma de excitação sexual em objetos que
pelo efeito nocivo individual e coletivo (FRANÇA, p. 1337, 2017). ligam o indivíduo à pessoa desejada ou amada, muitas ve-
zes de forma patológica, em geral peças de roupas ou de-
terminadas partes do corpo.
Tipos de toxicofilias:
E) o abuso sexual é a prática de ato sexual com pessoa inca-
a) Maconha: seu uso é realizado através de xaropes, bolo paz de opor resistência ou pessoa inconsciente, sendo as
de folha para mascar e também em forma de cigarros. Seu crianças e os adolescentes as maiores vítimas.
uso traz problemas psicológicos como: fuga da realidade,
indiferença, alucinações, ilusões e etc.

14
Comentário: A alternativa correta é a letra E. No caso em tela, C) informar à autoridade policial sobre a alteração do local de
trata-se da descrição do crime do artigo 217-A, parágrafo 1o. morte, emitir o laudo de impedimento e determinar a re-
(estupro de vulnerável) isto é, o abuso sexual seria gênero do moção imediata do cadáver para o instituto médico-legal.
qual cada tipo penal dos crimes contra a dignidade sexual seria
espécie. D) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é encon-
trado em torno dele ou que possa ter relação com o fato em
questão, e registrar no laudo a alteração notada no local de
morte.
2. (PC-BA – Delegado de Policia – Nível superior – VU-
NESP – 2018) Com relação aos ferimentos de entrada em E) realizar o registro fotográfico do local, investigar as circuns-
lesões produzidas por projéteis de arma de fogo, é correto tâncias da morte, não realizar o exame pericial do cadáver,
afirmar: coletar o provável instrumento utilizado e descrever no lau-
do a alteração do local de morte.
A) a aréola equimótica é representada por uma zona superficial
e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica
oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizi-
nhanças do ferimento, geralmente de tonalidade violácea. Comentário: A alternativa correta é a letra D. Conforme art. 162
do CPP, os peritos irão realizar exame no cadáver, relatar tudo
B) o formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo que for encontrado ao redor dele e registrar no laudo.
com a inclinação do disparo, assim, quando o tiro é oblíquo,
a ferida é arredondada ou ligeiramente oblíqua, além de evi-
denciar uma orla de escoriação concêntrica.

C) diz-se que uma lesão tem as características das produzidas


por tiro a distância quando ela não apresenta os efeitos se-
cundários do tiro, com diâmetro maior que o do projétil,
aréola equimótica e bordas reviradas para dentro.

D) ferimentos em tiros encostados podem ter forma arredon-


dada ou elíptica, com zona de compressão de gases, eviden-
ciada pela depressão da pele em virtude do efeito gerado
pelo projétil com a ação mecânica de gases que descolam e
dilaceram os tecidos.

E) tiros a curta distância causam ferimentos arredondados,


com entalhes, zona de tatuagem e de esfumaçamento, de-
vido à ação resultante dos gases que descolam e dilaceram
os tecidos, com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo
aspecto de cratera de mina.

Comentário: A alternativa correta é a letra A. Característica


cutânea que possibilitou ao perito identificar a distância do dis-
paro do projétil denomina-se: aréola equimótica.

3. (PC-BA – Delegado de Policia – Nível superior – VU- PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
NESP – 2018) Jovem do sexo masculino é encontrado mor-
to no seu quarto, aparentemente um caso de suicídio por
enforcamento. Logo ao chegar no local de morte, a equipe
pericial encontra a vítima na cama, com o objeto usado
como elemento constritor removido.

Nessa situação, o perito criminal deve

A) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de envolvi-


mento de terceiros, não realizar o exame pericial do cadáver
e registrar a alteração notada no laudo final.

B) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, isolar


e preservar o local de morte, e solicitar o envio de equipe
pericial do instituto médico-legal para realização de perícia
conjunta.

15
4. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –
HORA DE PRATICAR FUMARC – 2014) A ação potencializadora dos efeitos
tóxicos determinados pela ingestão simultânea de várias
substâncias venenosas é denominada

A) Fixação.
1. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –
FUMARC – 2014) Experimentalmente, o enforcamento B) Sinergismo.
evolui em três períodos até o êxito letal. Constitui um
sinal clínico característico da evolução do seu “segundo C) Toxicidade.
período”:
D) Transformação.
A) Calor.

B) Convulsão.
5. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –
C) Fosfeno. FUMARC – 2014) O registro da anamnese do paciente,
dos cuidados médicos e dos documentos relativos à
D) Zumbido. assistência prestada é denominado

A) Atestado.
2. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio – B) Notificação.
FUMARC – 2014) É muito importante em Medicina Legal
a estimativa do tempo aproximado de permanência de um C) Prontuário.
corpo dentro da água e sua transformação após a morte.
Mesmo tendo em conta as múltiplas variáveis que podem D) Relatório.
atuar, o tempo aproximado de morte e permanência em
meio líquido de um corpo que mostrou as seguintes
características: “pequenas crostas arredondadas de sais
calcários sobre remanescentes da pele” é de 6. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio
– FUMARC – 2014) A presença de coágulos brancos
A) três meses de morte. (fibrinosos) nos vasos da base do coração, em um exame
de autópsia, denota uma morte
B) seis meses de morto.
A) agônica.
C) um dia de morte.
B) refexa.
D) uma semana de morte.
C) súbita.

D) violenta.
3. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –
FUMARC – 2014) Considerando as lesões produzidas por
projéteis de arma de fogo, não é raro encontrar eventos
em que um único projétil é capaz de transfxar várias 7. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio
partes do corpo, determinando vários orifícios de entrada – FUMARC – 2014) O aparecimento dos núcleos de
e saída. Essa condição é denominada trajeto em
PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL

ossifcação no esqueleto é fundamental para avaliar


a idade fetal em um exame médico-legal. O início da
A) chuleio. ossifcação da clavícula (ponto radiológico de ossifcação)
dá-se em meados do
B) diagonal.
A) oitavo mês de gestação.
C) giro.
B) quarto mês de gestação.
D) pêndulo.
C) segundo mês de gestação.

D) sexto mês de gestação.

16
8. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –
FUMARC – 2014) A perda da tensão do globo ocular, o GABARITO
enrugamento da córnea e a mancha negra da esclerótica
caracterizam um fenômeno abiótico consecutivo
denominado

A) rigidez cadavérica. 1 B
2 A
B) espasmo cadavérico.
3 A
C) esfriamento cadavérico. 4 B
5 C
D) desidratação cadavérica.
6 A
7 C
9. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio 8 D
– FUMARC – 2014) Um cadáver de homem adulto, 9 B
exumado, apresentava redução do peso, pele dura,
10 D
seca, enrugada e de tonalidade enegrecida; A sua face
conservava, de maneira vaga, os traços fsionômicos
mostrados em vida.

O fenômeno transformativo caracterizado pela descrição é de

A) maceração.

B) mumificação.

C) putrefação.

D) saponificação.

10. (PC-MG – Investigador de Policia – Nível médio –


FUMARC – 2014) Um homem de 25 anos morreu com
um fígado preservado quanto à sua reserva de glicogênio,
apurada pela docimásia hepática química. Diante dessa
informação, pode- se concluir que a morte se deu de
forma

A) tardia.

B) agônica.

C) mediata.
PROGRAMA DE NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL
D) instantânea.

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ÍNDICE

PROGRAMA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Interpretação e compreensão de textos. .....................................................................................................................................01
Identificação de tipos textuais: narrativo, descritivo e dissertativo. .........................................................................................01
Critérios de textualidade: coerência e coesão. .............................................................................................................................01
Recursos de construção textual: fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos. ............................................................01
Gêneros textuais da Redação Oficial. ...........................................................................................................................................07
Princípios gerais. ...........................................................................................................................................................................07
Uso dos pronomes de tratamento. ...............................................................................................................................................07
Estrutura interna dos gêneros: ofício, memorando, requerimento, relatório, parecer. ...........................................................07
Conhecimentos linguísticos. ........................................................................................................................................................21
Conhecimentos gramaticais conforme padrão formal da língua. ............................................................................................21
Princípios gerais de leitura e produção de texto. Intertextualidade. Tipos de discurso. Vozes discursivas: citação, paródia,
alusão, paráfrase, epígrafe. ...........................................................................................................................................................21
Semântica: construção de sentido; sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia; denotação e conotação;
figuras de linguagem. ....................................................................................................................................................................94
Pontuação e efeitos de sentido. ..................................................................................................................................................104
Sintaxe: oração, período, termos das orações; articulação das orações: coordenação e subordinação; concordância verbal e
nominal; regência verbal e nominal. ..........................................................................................................................................107
Hora de praticar............................................................................................................................................................................137
Condições básicas para interpretar
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE
TEXTOS Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
IDENTIFICAÇÃO DE TIPOS TEXTUAIS: texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese;
NARRATIVO, DESCRITIVO E DISSERTATIVO capacidade de raciocínio.

CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE: Interpretar/Compreender


COERÊNCIA E COESÃO Interpretar significa:

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.


RECURSOS DE CONSTRUÇÃO TEXTUAL:
FONOLÓGICOS, MORFOLÓGICOS, Através do texto, infere-se que...
SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS.
É possível deduzir que...

Interpretação textual O autor permite concluir que...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relaciona- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
das entre si, formando um todo significativo capaz de produ-
zir interação comunicativa (capacidade de codificar e deco- Compreender significa
dificar).
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em
cada uma delas, há uma informação que se liga com a ante- O texto diz que...
rior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutura-
ção do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se É sugerido pelo autor que...
o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
e analisada separadamente, poderá ter um significado dife-
rente daquele inicial. O narrador afirma...

Intertexto - comumente, os textos apresentam referências


diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse Erros de interpretação
tipo de recurso denomina-se intertexto.
• Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, loca- quer por conhecimento prévio do tema quer pela ima-
lizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argu- ginação.
mentações (ou explicações), que levam ao esclarecimento das
questões apresentadas na prova. • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o
entendimento do tema desenvolvido.
• Identificar os elementos fundamentais de uma argu-
mentação, de um processo, de uma época (neste caso, • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias contrá-
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem rias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equi-
o tempo). vocadas e, consequentemente, errar a questão.

• Comparar as relações de semelhança ou de diferenças Observação:


entre as situações do texto.
Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a ótica do
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de concurso,
LÍNGUA PORTUGUESA

uma realidade. o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e
nada mais.
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que re-
• Parafrasear = reescrever o texto com outras palavras. laciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em
outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um prono-
me relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblí-
quo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o

1
que já foi dito. • Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
cada questão.
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo • O autor defende ideias e você deve percebê-las.
átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do seu
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pro- • Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
nomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a geralmente mantém com outro uma relação de conti-
necessidade de adequação ao antecedente. nuação, conclusão ou falsa oposição. Identifique mui-
to bem essas relações.
Os pronomes relativos são muito importantes na inter-
pretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. • Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, a
Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um ideia mais importante.
pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou “in-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, correto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
mas depende das condições da frase. resposta – o que vale não somente para Interpretação
de Texto, mas para todas as demais questões!
qual (neutro) idem ao anterior.
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia principal,
quem (pessoa) leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.

cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o • Olhe com especial atenção os pronomes relativos, pro-
objeto possuído. nomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
mados vocábulos relatores, porque remetem a outros
como (modo) vocábulos do texto.

onde (lugar)
Sites
quando (tempo)
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
quanto (montante) gues/como-interpretar-textos

Exemplo: http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melho-
rar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
Falou tudo QUANTO queria (correto)
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-para-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria -voce-interpretar-melhor-um.html
aparecer o demonstrativo O).
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
tao-117-portugues.htm
Dicas para melhorar a interpretação de textos

• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do EXERCÍCIO COMENTADO
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos can-
didatos na disputa, portanto, quanto mais informação
você absorver com a leitura, mais chances terá de resol- 1) (Secretaria de Estado da Administração Pública do Dis-
ver as questões. trito Federal/DF – Técnico em Eletrônica – Médio - IA-
DES/2014)
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura. Gratuidades

• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas fo- Crianças com até cinco anos de idade e adultos com mais
rem necessárias. de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF. Para os
menores, é exigida a certidão de nascimento e, para os ido-
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma con- sos, a carteira de identidade. Basta apresentar um documen-
clusão). to de identificação aos funcionários posicionados no blo-
LÍNGUA PORTUGUESA

queio de acesso.
• Volte ao texto quantas vezes precisar.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
autor.
Conforme a mensagem do primeiro período do texto, as-
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor sinale a alternativa correta.
compreensão.
a) Apenas as crianças com até cinco anos de idade e os adul-

2
tos com 65 anos em diante têm acesso livre ao Metrô-DF. – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada por Oscar
Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969 e doada pela
b) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os adultos Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje Secretaria de
com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF. Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. Foi o primeiro
grande palco da cidade.
c) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de idade e
adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Me- Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa-cul-
trô-DF. tura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, com
adaptações.
d) Somente crianças e adultos, respectivamente, com cinco
anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso livre Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem com-
ao Metrô-DF. patível com o texto.

e) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com até cin- a) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Oscar Nie-
co anos de idade e com 65 anos em diante, têm acesso li- meyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, no
vre ao Metrô-DF. Setor de Clubes Esportivos Norte.

Resposta: Letra C - Dentre as alternativas apresentadas, a b) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF em
única que condiz com as informações expostas no texto é “So- 1969.
mente crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adul-
tos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. c) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que hoje é a
Secretaria de Cultura do DF.

2) (SUSAM/AM – Técnico (Direito) – Superior - FGV/2014 - d) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura do DF.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá lo?” a declaração do e) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília.
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à
imprensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um Resposta: Letra A - Recorramos ao texto: “Localizada às mar-
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substân- gens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
cia – mas a forma conta”. (...) lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha Acús-
tica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As informações
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013) contidas nas demais alternativas são incoerentes com o texto.

O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como um


trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mesma Tipologia e gênero textual
dois sentidos, que são
A todo o momento nos deparamos com vários textos, se-
a) o barulho e a propagação. jam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do
discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está
b) a propagação e o perigo. sendo transmitido entre os interlocutores. Estes interlocuto-
res são as peças principais em um diálogo ou em um texto
c) o perigo e o poder. escrito.

d) o poder e a energia. É de fundamental importância sabermos classificar os


textos com os quais travamos convivência no nosso dia a dia.
e) a energia e o barulho. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais e gê-
neros textuais.
Resposta: Letra A - Ao comparar a declaração do Papa Fran-
cisco a um trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato
mostrar o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião
afora. Você pode responder à questão por eliminação: a segun- sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar que
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém que aca-
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a alter- bamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações
nativa a! corriqueiras que classificamos os nossos textos naquela tra-
dicional tipologia: Narração, Descrição e Dissertação.
LÍNGUA PORTUGUESA

3) (Secretaria de Estado de Administração Pública do Distri- As tipologias textuais se caracterizam pelos aspectos
to Federal/DF – Técnico em Contabilidade – Médio - IA- de ordem linguística
DES/2014 - adaptada)
Os tipos textuais designam uma sequência definida pela
Concha Acústica natureza linguística de sua composição. São observados as-
pectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações logicas.
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clu- Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argumentativo/
bes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de Brasília

3
dissertativo, injuntivo e expositivo. Referências bibliográficas
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
demarcados no tempo do universo narrado, como Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
também de advérbios, como é o caso de antes, agora, raiva, 2010.
depois, entre outros: Ela entrava em seu carro quando
ele apareceu. Depois de muita conversa, resolveram... Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, des- Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
crevem características tanto físicas quanto psicológi-
cas acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os
tempos verbais aparecem demarcados no presente ou Site
no pretérito imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros
como a asa da graúna...” http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.
htm
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje
desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela Reescrita de textos/equivalência de estruturas
acontecer, como em: O cadastramento irá se prorrogar
até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esqueça de “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase le-
fazê-lo, sob pena de perder o benefício. va-nos a refletir sobre a organização das ideias em um texto.
Significa dizer que, antes da redação, naturalmente devemos
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, posterior-
modalidade na qual as ações são prescritas de for- mente, planejar o modo como iremos expô-lo, do contrário
ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no haverá dificuldade em transmitir ideias bem acabadas. Por-
imperativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture tanto, a leitura, a interpretação de textos e a experiência de
todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar vida antecedem o ato de escrever.
uma massa homogênea.
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é neces-
-se pelo predomínio de operadores argumentativos, sário saber ordenar as ideias em frases bem estruturadas.
revelados por uma carga ideológica constituída de Logo, não basta conhecer bem um determinado assunto, te-
argumentos e contra-argumentos que justificam a po- mos que o transmitir de maneira clara aos leitores.
sição assumida acerca de um determinado assunto: A
mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado
para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para
que significa que os gêneros estão em complementação, tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”,
não em disputa. conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que
estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no
discurso, bem como a relação lógica das frases entre si”; ou
Gêneros textuais em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistura”, isto é, saber
misturar as palavras de maneira a produzirem um sentido
São os textos materializados que encontramos em nosso evidente para os receptores das nossas mensagens. Observe:
cotidiano; tais textos apresentam características sócio-co-
municativas definidas por seu estilo, função, composição, 1) A desemprego globalização no Brasil e no na está Lati-
conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária, na América causando.
e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada, de-
bate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. 2) A globalização está causando desemprego no Brasil e
na América Latina.
A escolha de um determinado gênero discursivo depen-
de, em grande parte, da situação de produção, ou seja, a fina- Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
lidade do texto a ser produzido, quem são os locutores e os frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de
interlocutores, o meio disponível para veicular o texto, etc. “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esferas maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de lín-
de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo, são
LÍNGUA PORTUGUESA

gua portuguesa inteirados da situação econômica e cultural


comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais, entre- do mundo atual.
vistas e outros; na esfera de divulgação científica são comuns
gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia, artigo
ou ensaio científico, seminário, conferência. A ordem dos termos na frase

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é


organizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia,
há diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal

4
frase, tudo depende da necessidade ou da vontade do reda- A globalização nasceu no século XX. (idem)
tor em manter o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado
ênfase a algum dos seus termos. Significa dizer que, ao escre- Há ainda frases nominais que não possuem verbos: cada
ver, podemos fazer uma série de inversões e intercalações em macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta
nossas frases, conforme a nossa vontade e estilo. Tudo de- faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos existentes
pende da maneira como queremos transmitir uma ideia, do nelas.
nosso estilo. Por exemplo, podemos expressar a mensagem
da frase 2 da seguinte maneira: Levando em consideração a ordem direta, podemos esta-
belecer três regras básicas para o uso da vírgula:
No Brasil e na América Latina, a globalização está causan-
do desemprego. Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá
a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo disto:
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, ape-
nas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns A globalização está causando desemprego no Brasil e na
termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para ob- América Latina.
ter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
que mais nos auxilia na organização de um período, pois fa- mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra
cilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula aju- básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:
da-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos frases
complexas. Com isto, “entregamos” frases bem organizadas A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” cau-
aos nossos leitores. sam desemprego…

O básico para a organização sintática das frases é a ordem (três núcleos do sujeito)
direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal
ordem da seguinte maneira: A globalização causa desemprego no Brasil, na América
Latina e na África.
Sujeito + verbo+ complemento verbal+ circunstâncias
(três adjuntos adverbiais)
A globalização + está causando+ desemprego + no Brasil
nos dias de hoje. A globalização está causando desemprego, insatisfação e
sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. (três
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas complementos verbais)
contêm todos estes elementos, portanto cabem algumas ob-
servações: B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar
com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu
A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) nor- complemento, nem o complemento e as circunstân-
malmente são representadas por adjuntos adverbiais cias, ou seja, não devemos separar com vírgula os ter-
de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, mos da oração. Veja exemplos de tal incorreção:
quando queremos recordar algo ou narrar uma histó-
ria, existe a tendência a colocar os adjuntos nos come- O Brasil, será feliz.
ços das frases:
A globalização causa, o desemprego.
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e outros Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os
elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…” termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, assim o
sentido da ideia principal não se perderá. Esta é a regra bási-
Observações: ca n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em outras palavras:
quando intercalamos expressões e frases entre os termos da
Tais construções não estão erradas, mas rompem com a oração, devemos isolar os mesmos com vírgulas. Vejamos:
ordem direta;
A globalização, fenômeno econômico deste fim de século
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas XX, causa desemprego no Brasil.
frases que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo:
Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São qua- Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o su-
LÍNGUA PORTUGUESA

tro horas agora; jeito e o verbo.

Outras frases são construídas com verbos intransitivos, Outros exemplos:


que não têm complemento:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural,
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ adjunto está causando desemprego no Brasil e na América Latina.
adverbial)
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.

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As orações adjetivas explicativas desempenham frequen- Coesão e coerência
temente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por
isto são também isoladas por vírgula. Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que esta-
belecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou falado
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu - são os referentes textuais, que buscam garantir a coesão
complemento. textual para que haja coerência, não só entre os elementos
que compõem a oração, como também entre a sequência de
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no orações dentro do texto. Essa coesão também pode muitas
Brasil… vezes se dar de modo implícito, baseado em conhecimentos
anteriores que os participantes do processo têm com o tema.
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginá-
é apenas um comentário à parte entre o complemento verbal ria - composta de termos e expressões - que une os diversos
e os adjuntos). elementos do texto e busca estabelecer relações de sentido
entre eles. Dessa forma, com o emprego de diferentes pro-
Observação: cedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição, associa-
ção), sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções,
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A glo- numerais, elipses), constroem-se frases, orações, períodos,
balização não causou desemprego no Brasil e na América La- que irão apresentar o contexto – decorre daí a coerência tex-
tina. tual.

C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apre-
quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º 3 senta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência
da colocação da vírgula. é resultado do mau uso dos elementos de coesão textual. Na
organização de períodos e de parágrafos, um erro no empre-
No Brasil e na América Latina, a globalização está causan- go dos mecanismos gramaticais e lexicais prejudica o enten-
do desemprego… dimento do texto. Construído com os elementos corretos,
confere-se a ele uma unidade formal.
No fim do século XX, a globalização causou desemprego
no Brasil… Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e
dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Tra- independência sintática e semântica, recobertos por unidades
ta-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes,
elas são colocadas em orações chamadas adverbiais que têm Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é im-
uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais, isto é, de- prescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases es-
notam tempo, lugar, etc. Exemplos: tejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se de
que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre os
Quando o século XX estava terminando, a globalização co- elementos que compõem a estrutura textual.
meçou a causar desemprego.
Formas de se garantir a coesão entre os elementos de
Enquanto os países portadores de alta tecnologia desenvol- uma frase ou de um texto:
vem-se, a globalização causa desemprego nos países pobres.
• Substituição de palavras com o emprego de sinônimos
Durante o século XX, a Globalização causou desemprego - palavras ou expressões do mesmo campo associativo.
no Brasil.
• Nominalização – emprego alternativo entre um verbo,
Observação: o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
/ desgaste / desgastante).
Quanto à equivalência e transformação de estruturas, um
exemplo muito comum cobrado em provas é o enunciado • Emprego adequado de tempos e modos verbais: Em-
trazer uma frase no singular e pedir a passagem para o plural, bora não gostassem de estudar, participaram da aula.
mantendo o sentido. Outro exemplo é a mudança de tempos
LÍNGUA PORTUGUESA

verbais. • Emprego adequado de pronomes, conjunções, prepo-


sições, artigos:

Site O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,


Sua Santidade participou de uma reunião com a Presidente
http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu- Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as pes-
dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/ soas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito por
elas.

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 Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Referência bibliográfica
base na maior especificidade do significado de um de-
les. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
genérico). – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
 Emprego de hiperônimos - relações de um termo de
sentido mais amplo com outros de sentido mais espe-
cífico. Por exemplo, felino está numa relação de hipe- Site
ronímia com gato.
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/
 Substitutos universais, como os verbos vicários. COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html

Ajuda da Zê:
GÊNEROS TEXTUAIS DA REDAÇÃO OFICIAL
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado no
período, evitando repetições. Geralmente é o verbo fazer e
ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque preciso. O PRINCÍPIOS GERAIS
“faço” foi empregado no lugar de “estudo”, evitando repeti-
ção desnecessária.

A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- USO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO


tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais,
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan-
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é ESTRUTURA INTERNA DOS GÊNEROS:
facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se cedo. OFÍCIO, MEMORANDO, REQUERIMENTO,
Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jo- RELATÓRIO, PARECER
vem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre
as duas orações).
1. O que é redação oficial
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade
de fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma-
discurso. Exercem, por excelência, essa função de progressão neira pela qual o Poder Público redige atos normativos e co-
textual, dada sua característica: são elementos que não municações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Po-
significam, apenas indicam, remetem aos componentes da der Executivo.
situação comunicativa.
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoali-
Já os componentes concentram em si a significação. Elisa dade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão,
Guimarães ensina-nos a esse respeito: formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atri-
butos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37:
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de
os participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstra- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
tivos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os ral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterio- Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios funda-
ridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); mentais de toda administração pública, claro está que de-
ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de vem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica-
(pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (fu- ções oficiais.
turo).”
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na-
A coerência de um texto está ligada: tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos
1) à sua organização como um todo, em que devem estar atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisi-
assegurados o início, o meio e o fim; tos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto
legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade impli-
2) à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um ca, pois, necessariamente, clareza e concisão.
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
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fundamentada em comprovações, apresentação Além de atender à disposição constitucional, a forma dos


de estatísticas, relato de experiências; um texto atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para
informativo apresenta coerência se trabalhar com sua elaboração que remontam ao período de nossa história
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, por imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabele-
outro lado, trabalham com a linguagem figurada, livre cida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de
associação de ideias, palavras conotativas. que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no
período republicano. Esses mesmos princípios (impessoa-
lidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem

7
formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem em nome do Serviço Público que é feita a comunica-
sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente ção. Obtém-se, assim, uma desejável padronização,
impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de que permite que comunicações elaboradas em dife-
linguagem. rentes setores da Administração guardem entre si certa
uniformidade;
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um
comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de ex- cidadão, sempre concebido como público, ou a outro
pedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário
dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea concebido de forma homogênea e impessoal;
(o público).
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se
Outros procedimentos rotineiros na redação de comuni- o universo temático das comunicações oficiais se
cações oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como restringe a questões que dizem respeito ao interesse
as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de re- público, é natural que não cabe qualquer tom parti-
dação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por cular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na reda-
exemplo, a fixação dos fechos para comunicações oficiais, ção oficial para impressões pessoais, como as que, por
regulados pela Portaria n.º 1 do Ministro de Estado da Justiça, exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um
de 8 de julho de 1937. artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto lite-
rário. A redação oficial deve ser isenta da interferência
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou da individualidade que a elabora.
fazer das características específicas da forma oficial de redi-
gir não deve ensejar o entendimento de que se proponha a A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
de linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejo- tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
rativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção soalidade.
do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso
de expressões e clichês do jargão burocrático e de formas ar-
caicas de construção de frases. 1.2. A linguagem dos atos e comunicações oficiais
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica – gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe próprio caráter público desses atos e comunicações; de ou-
certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira tro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como
diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da corres- atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a con-
pondência particular, etc. duta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for em-
Apresentadas essas características fundamentais da reda- pregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
ção oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
delas. clareza e objetividade. As comunicações que partem dos ór-
gãos públicos federais devem ser compreendidas por todo
e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há
1.1. A impessoalidade que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabu-
pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: lares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.
a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c)
alguém que receba essa comunicação. No caso da redação Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre
oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica,
aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi- reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e
ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto re- pode eventualmente contar com outros elementos que au-
lativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário xiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc.,
dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por
ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente
da União. as transformações, tem maior vocação para a permanência,
LÍNGUA PORTUGUESA

e vale-se apenas de si mesma para comunicar.


Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
ser dado aos assuntos que constam das comunicações ofi- A língua escrita, como a falada, compreende diferentes
ciais decorre: níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo,
em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determina-
a) da ausência de impressões individuais de quem comu- do padrão de linguagem que incorpore expressões extrema-
nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não
assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre se há de estranhar a presença do vocabulário técnico corres-

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pondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que pensáveis para a padronização.
atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a
empregamos.
1.4. Concisão e clareza
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em mitir um máximo de informações com um mínimo de pala-
que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se vras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual
do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de
uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem even-
ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintá- tuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
ticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincra-
sias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
pretendida compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se princípio de economia linguística, à mencionada fórmula
de que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo.
expressão, desde que não seja confundida com pobreza de Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de
expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária. exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias,
passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e
preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido
obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também
mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a ideias secundárias que não acrescentam informação alguma
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, po-
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá dendo, por isso, ser dispensadas.
sempre sua compreensão limitada.
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em si- Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita ime-
tuações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscrimina- diata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não é
do. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulá- algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das de-
rio próprio à determinada área, são de difícil entendimento mais características da redação oficial. Para ela concorrem:
por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o
cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações enca- a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
minhadas a outros órgãos da administração e em expedien- tações que poderia decorrer de um tratamento perso-
tes dirigidos aos cidadãos. nalista dado ao texto;

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de


1.3. Formalidade e padronização entendimento geral e por definição avesso a vocábulos
de circulação restrita, como a gíria e o jargão;
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já menciona- c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
das exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de prescindível uniformidade dos textos;
linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de trata-
mento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao cor- d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
reto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para linguísticos que nada lhe acrescentam.
uma autoridade de certo; mais do que isso, a formalidade diz
respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao É pela correta observação dessas características que se
assunto do qual cuida a comunicação. redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, princi-
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a admi- palmente, da falta da releitura que torna possível sua corre-
LÍNGUA PORTUGUESA

nistração federal é una, é natural que as comunicações que ção.


expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse
padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se
para todas as características da redação oficial e que se cuide, ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos
ainda, da apresentação dos textos. parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domí-
nio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os
texto definitivo e a correta diagramação do texto são indis- tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre

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é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos vo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa
técnicos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o
específicos que não possam ser dispensados. assunto”.

A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
com que são elaboradas certas comunicações quase sem- pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
pre compromete sua clareza. Não se deve proceder à reda- “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vos-
ção de um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.
redigir. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis-
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa
2. As comunicações oficiais Senhoria deve estar satisfeita”.

Introdução
2.1.3. Emprego dos pronomes de tratamento
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo,
seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Ge- Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento
rais da Redação Oficial. Além disso, há características especí- obedece a secular tradição. São de uso consagrado:
ficas de cada tipo de expediente, que serão tratadas em deta-
lhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de co-
municação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a) do Poder Executivo;
a forma dos fechos e a identificação do signatário.
Presidente da República;

2.1. Pronomes de tratamento Vice-Presidente da República;

2.1.1. Breve história dos pronomes de tratamento Ministros de Estado;

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamen- Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis-


to tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com trito Federal;
Said Ali, após serem incorporados ao português os prono-
mes latinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou Oficiais-Generais das Forças Armadas;
pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar,
como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se- Embaixadores;
gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierar-
quia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de tratamen- Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupan-
to indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um tes de cargos de natureza especial;
atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria supe-
rior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria
(...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e Prefeitos Municipais.
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vos-
sa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” b) do Poder Legislativo:

A partir do final do século XVI, esse modo de tratamen- Deputados Federais e Senadores;
to indireto já estava em voga também para os ocupantes de
certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e Ministros do Tribunal de Contas da União;
depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo,
caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual empre- Deputados Estaduais e Distritais;
go de pronomes de tratamento indireto como forma de diri-
girmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas. Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;

Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.


LÍNGUA PORTUGUESA

2.1.2. Concordância com os pronomes de tratamento


c) do Poder Judiciário:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa in-
direta) apresentam certas peculiaridades quanto à concor- Ministros dos Tribunais Superiores;
dância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram a
segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a Membros de Tribunais;
quem se dirige a comunicação), levam a concordância para
a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substanti- Juízes;

10
Auditores da Justiça Militar. (...)

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas No envelope, deve constar do endereçamento:


aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do
cargo respectivo: Ao Senhor

Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Fulano de Tal

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Rua ABC, n.º 123

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal 12345-000 – Curitiba. PR


Federal.
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Se- emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que
nhor, seguido do cargo respectivo: recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares.
É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Senhor Senador,
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento,
Senhor Juiz, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações di-
Senhor Ministro, rigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído
curso universitário de doutorado. É costume designar por
Senhor Governador, doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito
e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor con-
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigi- fere a desejada formalidade às comunicações.
das às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se-
guinte forma: Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, em-
pregada, por força da tradição, em comunicações dirigidas a
A Sua Excelência o Senhor reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Mag-
nífico Reitor, (...)
Fulano de Tal
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo
Ministro de Estado da Justiça com a hierarquia eclesiástica, são:

70064-900 – Brasília. DF Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O


vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...)
A Sua Excelência o Senhor
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima,
Senador Fulano de Tal em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reve-
Senado Federal rendíssimo Senhor Cardeal, (...)

70165-900 – Brasília. DF Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunica-


ções dirigidas a Arcebispos e Bispos;
A Sua Excelência o Senhor
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssi-
Fulano de Tal ma para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.

Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
e demais religiosos.
Rua ABC, n.º 123

01010-000 – São Paulo. SP 2.2. Fechos para comunicações


Em comunicações oficiais, está abolido o uso do trata- O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina-
mento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista lidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário.
LÍNGUA PORTUGUESA

anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qual- Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram
quer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evoca- regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério da Justiça, de
ção. 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli-
ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades
e para particulares. O vocativo adequado é: de comunicação oficial:

Senhor Fulano de Tal, a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da

11
República: Respeitosamente, res.

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é diri-
quia inferior: Atenciosamente, gida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluí-
do também o endereço.
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha-
próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação mento de documentos, o expediente deve conter a se-
do Ministério das Relações Exteriores. guinte estrutura:

– introdução, que se confunde com o parágrafo de aber-


2.3. Identificação do signatário tura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”,
República, todas as demais comunicações oficiais devem empregue a forma direta;
trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo
do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o
a seguinte: texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que con-
(espaço para assinatura) fere maior clareza à exposição;

NOME – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente rea-


presentada a posição recomendada sobre o assunto.
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos
(espaço para assinatura) casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e
subtítulos. Já quando se tratar de mero encaminhamento de
NOME documentos a estrutura é a seguinte:

Ministro de Estado da Justiça – introdução: deve iniciar com referência ao expedien-


te que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa a informação do motivo da comunicação, que é en-
página ao menos a última frase anterior ao fecho. caminhar, indicando a seguir os dados completos do
documento encaminhado (tipo, data, origem ou sig-
natário, e assunto de que trata), e a razão pela qual
3. O Padrão Ofício está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
“Em resposta ao Aviso n.º 12, de 1.º de fevereiro de 1991,
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes encaminho, anexa, cópia do Ofício n.º 34, de 3 de abril
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o me- de 1990, do Departamento Geral de Administração, que
morando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma trata da requisição do servidor Fulano de Tal.” Ou “En-
diagramação única, que siga o que chamamos de padrão ofí- caminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia
cio. do telegrama no 12, de 1.º de fevereiro de 1991, do Pre-
sidente da Confederação Nacional de Agricultura, a res-
peito de projeto de modernização de técnicas agrícolas
3.1. Partes do documento no padrão ofício na região Nordeste.”

O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguin- – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar
tes partes: fazer algum comentário a respeito do documento que
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desen-
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do ór- volvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
gão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encami-
123/2002-SG Of. 123/2002-MME nhamento.

b) local e data em que foi assinado, por extenso, com ali- f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
nhamento à direita: Exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

g) assinatura do autor da comunicação; e


Brasília, 15 de março de 1991.
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Sig-
c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos: natário).

Assunto: Produtividade do órgão em 2002.

Assunto: Necessidade de aquisição de novos computado-

12
3.2. Forma de diagramação 3.3. Aviso e ofício

Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à se- 3.3.1. Definição e finalidade


guinte forma de apresentação:
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Esta-
notas de rodapé; do, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o
ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Ro- têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos
man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
também com particulares.
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o nú-
mero da página;
3.3.2. Forma e estrutura
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do
margens esquerda e direita terão as distâncias inverti- padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o des-
das nas páginas pares (“margem espelho”); tinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
Exemplos:
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
distância da margem esquerda; Excelentíssimo Senhor Presidente da República

f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no Senhora Ministra


mínimo, 3,0 cm de largura;
Senhor Chefe de Gabinete
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm; Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as
seguintes informações do remetente:
O constante neste item aplica-se também à exposição de
motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Men- – nome do órgão ou setor;
sagem).
– endereço postal;
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas
e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de – telefone e endereço de correio eletrônico.
texto utilizado não comportar tal recurso, de uma li-
nha em branco;
3.4. Memorando
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli-
nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, 3.4.1. Definição e finalidade
bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a elegância e a sobriedade do documento; O memorando é a modalidade de comunicação entre
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis dife-
papel branco. A impressão colorida deve ser usada rentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação
apenas para gráficos e ilustrações; eminentemente interna. Pode ter caráter meramente admi-
nistrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos,
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x setor do serviço público. Sua característica principal é a agi-
21,0 cm; lidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar- burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número
quivo Rich Text nos documentos de texto; de comunicações, os despachos ao memorando devem ser
dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço,
m)dentro do possível, todos os documentos elaborados em folha de continuação. Esse procedimento permite formar
devem ter o arquivo de texto preservado para consul- uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
LÍNGUA PORTUGUESA

ta posterior ou aproveitamento de trechos para casos transparência à tomada de decisões, e permitindo que se his-
análogos; torie o andamento da matéria tratada no memorando.

n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-


vem ser formados da seguinte maneira: tipo do docu- 3.4.2. Forma e estrutura
mento + número do documento + palavras-chaves do
conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
2002” padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve

13
ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos: Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente
que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (cla-
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração reza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e
uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada.
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
A exposição de motivos é a principal modalidade de co-
municação dirigida ao Presidente da República pelos Minis-
4. Exposição de motivos tros.

4.1. Definição e finalidade Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada có-
pia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda,
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presi- ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em par-
dente da República ou ao Vice-Presidente para: te.

a) informá-lo de determinado assunto;


5. Mensagem
b) propor alguma medida; ou
5.1. Definição e finalidade
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas
da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para in-
assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição formar sobre fato da Administração Pública; expor o plano
de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros en- de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa;
volvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem
de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer
e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse
4.2. Forma e estrutura dos poderes públicos e da Nação.

Formalmente, a exposição de motivos tem a apresenta- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
ção do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias ca-
berá a redação final.
A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade,
apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aque- As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
la que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato
normativo. a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
mentar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples- complementar são enviados em regime normal (Cons-
mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente tituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64,
da República, sua estrutura segue o modelo antes referido §§ 1.º a 4.º). Cabe lembrar que o projeto pode ser enca-
para o padrão ofício. Já a exposição de motivos que subme- minhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto
ta à consideração do Presidente da República a sugestão de de nova mensagem, com solicitação de urgência.
alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto
de ato normativo – embora sigam também a estrutura do pa- Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros
drão ofício –, além de outros comentários julgados pertinen- do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do
tes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro
Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início
a) na introdução: o problema que está a reclamar a ado- sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
ção da medida ou do ato normativo proposto;
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminha-
o problema, e eventuais alternativas existentes para mento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e os
equacioná-lo; respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário
do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição
LÍNGUA PORTUGUESA

c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser toma- impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em
da, ou qual ato normativo deve ser editado para solu- sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimen-
cionar o problema. to comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5.º),
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à expo- que comanda as sessões conjuntas.
sição de motivos, devidamente preenchido, de acordo Com
o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º 4.176, de 28 de As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvol-
março de 2002. vido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso

14
exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das maté- O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias
rias objeto das proposições por elas encaminhadas. após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congres-
so Nacional as contas referentes ao exercício anterior (Cons-
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos tituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão
órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles o Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1.º), sob pena de
da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Cons-
as análises necessárias constam da exposição de motivos do tituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art.
órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – expo- 215 do seu Regimento Interno.
sição que acompanhará, por cópia, a mensagem de encami-
nhamento ao Congresso. g) mensagem de abertura da sessão legislativa.

b) encaminhamento de medida provisória. Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a si-
tuação do País e solicitação de providências que julgar neces-
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons- sárias (Constituição, art. 84, XI).
tituição, o Presidente da República encaminha mensagem
ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presi-
Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da dência da República. Esta mensagem difere das demais por-
medida provisória, autenticada pela Coordenação de Docu- que vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas
mentação da Presidência da República. em forma de livro.

c) indicação de autoridades. h) comunicação de sanção (com restituição de autógra-


fos).
As mensagens que submetem ao Senado Federal a in-
dicação de pessoas para ocuparem determinados cargos Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso
(magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da
Presidentes e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o nú-
da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em mero que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três
vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República
àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa terá aposto o despacho de sanção.
para aprovar a indicação.
i) comunicação de veto.
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado,
acompanha a mensagem. Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição,
art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar,
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre- se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões
sidente da República se ausentar do País por mais de do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial
15 dias. da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das demais
mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu en-
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. vio ao Poder Legislativo.
49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do
Congresso Nacional. j) outras mensagens.

O Presidente da República, tradicionalmente, por cor- Também são remetidas ao Legislativo com regular fre-
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz quência mensagens com:
uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes
mensagens idênticas. – encaminhamento de atos internacionais que acarre-
tam encargos ou compromissos gravosos (Constitui-
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de ção, art. 49, I);
concessão de emissoras de rádio e TV.
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Con- operações e prestações interestaduais e de exportação
gresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Consti- (Constituição, art. 155, § 2.º, IV);
tuição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou reno-
vação da concessão após deliberação do Congresso Nacional – proposta de fixação de limites globais para o montante
(Constituição, art. 223, § 3.º). Descabe pedir na mensagem a da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
LÍNGUA PORTUGUESA

1.º do art. 223 já define o prazo da tramitação. – pedido de autorização para operações financeiras ex-
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros.
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a men-
sagem o correspondente processo administrativo. Entre as mensagens menos comuns estão as de:

f) encaminhamento das contas referentes ao exercício – convocação extraordinária do Congresso Nacional


anterior. (Constituição, art. 57, § 6.º);

15
– pedido de autorização para exonerar o Procurador- telegrafia, telex, etc.
-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restrin-
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX); gir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não
seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgên-
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a cia justifique sua utilização e, também em razão de seu cus-
paz (Constituição, art. 84, XX); to elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela
concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de
sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º);
6.2. Forma e estrutura
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio
(Constituição, art. 137); Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a es-
trutura dos formulários disponíveis nas agências dos Cor-
– relato das medidas praticadas na vigência do estado reios e em seu sítio na Internet.
de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
único);
7. Fax
– proposta de modificação de projetos de leis financei-
ras (Constituição, art. 166, § 5.º); 7.1. Definição e finalidade
– pedido de autorização para utilizar recursos que fica- O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
rem sem despesas correspondentes, em decorrência forma de comunicação que está sendo menos usada devido
de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orça- ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmis-
mentária anual (Constituição, art. 166, § 8.º); são de mensagens urgentes e para o envio antecipado de do-
cumentos, de cujo conhecimento há premência, quando não
– pedido de autorização para alienar ou conceder terras há condições de envio do documento por meio eletrônico.
públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela
art. 188, § 1.º); etc. via e na forma de praxe.

Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia


5.2. Forma e estrutura xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
modelos, deteriora-se rapidamente.
As mensagens contêm:

a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, ho- 7.2. Forma e estrutura


rizontalmente, no início da margem esquerda:
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a es-
Mensagem n.º trutura que lhes são inerentes.

b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e É conveniente o envio, juntamente com o documento
o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com os
margem esquerda; dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
me exemplo a seguir:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
[Órgão Expedidor]
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
[setor do órgão expedidor]
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto,
e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a [endereço do órgão expedidor]
margem direita.
Destinatário:____________________________________
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presi-
dente da República, não traz identificação de seu signatário. No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___
LÍNGUA PORTUGUESA

Remetente: ____________________________________
6. Telegrama
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
6.1. Definição e finalidade
No de páginas: ________No do documento:____________
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de Observações:___________________________________
telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de

16
8. Correio eletrônico mas que podem ser ou intercalados aos elementos que de-
sempenham as outras funções, ou deslocados para o início
8.1 Definição e finalidade da oração.

O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e ce- Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
leridade, transformou-se na principal forma de comunica- mentos que compõem uma oração (Observação: os parênte-
ção para transmissão de documentos. ses indicam os elementos que podem não ocorrer):

(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).


8.2. Forma e estrutura
Podem ser identificados seis padrões básicos para as ora-
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico ções pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa (a
é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida função que vem entre parênteses é facultativa e pode ocorrer
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lin- em ordem diversa):
guagem incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A
Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais). 1) Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

O campo assunto do formulário de correio eletrônico O Presidente - regressou - (ontem).


deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
mental tanto do destinatário quanto do remetente. 2) Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjun-
to adverbial)
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utiliza-
do, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na ma-
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas nhã de terça-feira).
sobre seu conteúdo.
3) Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confir- (adjunto adverbial).
mação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da
mensagem pedido de confirmação de recebimento. O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os setores).

4) Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto -


8.3 Valor documental obj. indireto - (adj. Adv.)

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - ao
de correio eletrônico tenha valor documental, e para que Deputado - (no Congresso).
possa ser aceito como documento original, é necessário exis-
tir certificação digital que ateste a identidade do remetente, 5) Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad-
na forma estabelecida em lei. verbial - (adjunto adverbial)

A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos


Elementos de ortografia e gramática Aires - (na próxima semana).

Problemas de construção de frases O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)

A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas, 6) Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
principalmente, pela construção adequada da frase, “a me- verbial)
nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
Celso Pedro Luft. O problema - será - resolvido - prontamente.

A função essencial da frase é desempenhada pelo predi- Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja,
cado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendido as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons-
como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre que trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em
a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome de pe- ordem inversa à mencionada, misturando-se e confundin-
ríodo, que terá tantas orações quantos forem os verbos não do-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos os pa-
auxiliares que o constituem. drões existentes na língua portuguesa. O que importa é fixar
a ordem normal dos elementos nesses seis padrões básicos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis- Acrescente-se que períodos mais complexos, compostos por
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, duas ou mais orações, em geral podem ser reduzidos aos pa-
de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. drões básicos (de que derivam).
Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função de Os problemas mais frequentemente encontrados na
complementos (objetos direto e indireto, predicativo e com- construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am-
plemento adverbial). Função acessória desempenham os biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da oração, mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-

17
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, Erros de paralelismo
a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes
na construção de frases, registrados em documentos oficiais. Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
“consiste em apresentar ideias similares numa forma gra-
matical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, in-
Sujeito corre-se em erro ao conferir forma não paralela a elementos
paralelos. Vejamos alguns exemplos:
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios
mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, economizar energia e que elaborassem planos de redução de
construções como: despesas.

Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
Errado: Apesar das relações entre os países estarem corta- planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
das, (...). introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem corta- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
das, (...). volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:

Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim. redução de despesas.

Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...). Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
como reduzidas de infinitivo:
Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...). economizar energia e elaborar planos para redução de despe-
sas.
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
coordenação de orações subordinadas.
Frases fragmentadas
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma ora- culta:
ção subordinada ou uma simples locução como se fosse uma
frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma frase Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não
simples. Embora seja usada como recurso estilístico na lite- ser inseguro, inteligência e ter ambição.
ratura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos
oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. Exemplo: O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs-
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo).
Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
Nacional. Depois de ser longamente debatido. Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por
transformá-la em frase simples, substituindo as orações re-
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso Na- duzidas por substantivos:
cional, depois de ser longamente debatido.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu-
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re- rança, inteligência e ambição.
cebeu a aprovação do Congresso Nacional.
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso para-
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- lelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) a
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consulta- ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, de
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
LÍNGUA PORTUGUESA

Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme- Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.
tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas
as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):

18
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- “demais”) acarretou imprecisão:
ma capital, encontrou-se com o Papa.
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado que os outros Ministérios do Governo.
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que
não contém nenhum “que” anterior. Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
que os demais Ministérios do Governo.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem
sólida formação acadêmica.
Ambiguidade
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo:
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
formação acadêmica. todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
possam gerar equívocos de compreensão.
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”:
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de iden-
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas tificar a qual palavra se refere um pronome que possui mais
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com:
programa.
A) pronomes pessoais:
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante-
rior, aqui podemos suprimir a conjunção: Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre-
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu secre-
ma. tariado.

Ou então, caso o entendimento seja outro:


Erros de comparação
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exone-
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara- ração deste.
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na
língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sem- B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
pre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omiti-
do. A ausência indevida de um termo pode impossibilitar o Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
entendimento do sentido que se quer dar a uma frase: ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado,
mas isso não o surpreendeu.
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um
médico. Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
A omissão de termos provocou uma comparação indevi-
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção fe-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o sa- deral em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente da
lário de um médico. República.

Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de C) pronome relativo:


um médico.
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costu-
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria. mava trabalhar.

Novamente, a não repetição dos termos comparados Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração
confunde. Alternativas para correção: faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambiguidade se
deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gênero. A so-
Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por- lução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as quais,
LÍNGUA PORTUGUESA

taria. que marcam gênero e número.

Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costuma-
va trabalhar.
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
do que os Ministérios do Governo. Se o entendimento é outro, então:

No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costuma-

19
va trabalhar. Resposta: Letra D - Podemos começar pelo pronome demons-
trativo. Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa”
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da dú- (muitas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vos-
vida sobre a que se refere a oração reduzida: so”), os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre
na terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o fun- o número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer
cionário. dos pronomes de tratamento apresentados nas alternativas,
o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, então, os
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, de- itens a, c e e. Agora recorramos ao pronome adequado a ser
ve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. utilizado para deputados. Segundo o Manual de Redação Ofi-
cial, temos:
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este indis-
ciplinado. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e Membros
chamou o médico. da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (...).

Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi cha-


mado por uma senhora. 2) (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços de Trans-
portes Aquaviários – Superior - CESPE/2014) Conside-
rando aspectos estruturais e linguísticos das correspon-
Site dências oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo
com o Manual de Redação da Presidência da República.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual-
redpr2aed.pdf O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
EXERCÍCIO COMENTADO públicos.

1) (TJ-PA - Médico Psiquiatra – Superior - VUNESP - 2014) ( ) CERTO ( ) ERRADO


Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual
de Redação da Presidência da República, no qual expres- Resposta: Errado - Vamos ao Manual: O Manual ainda pre-
sões foram substituídas por lacunas. ceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida
(...) afinal, a dignidade é condição primordial para que tais
Senhor Deputado cargos públicos sejam ocupados.

Em complemento às informações transmitidas pelo tele-


grama n.º 154, de 24 de abril último, informo ______de que as 3) (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – Médio -
medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida ao CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas
Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo pro- direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
cedimento administrativo de demarcação de terras indíge- dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
nas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de 1991 do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
(cópia anexa).
( ) CERTO ( ) ERRADO
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado)
Resposta: Certo - Segundo o Manual de Redação Oficial: (...)
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferen-
lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua tes para todas as modalidades de comunicação oficial:
portuguesa e atendendo às orientações oficiais a respeito do
uso de formas de tratamento em correspondências públicas, A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
é: pública: Respeitosamente,

a) Vossa Senhoria … tua. B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia


inferior: Atenciosamente,
b) Vossa Magnificência … sua.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a


c) Vossa Eminência … vossa. autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
d) Vossa Excelência … sua. Ministério das Relações Exteriores.

e) Sua Senhoria … vossa.

20
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS

CONHECIMENTOS GRAMATICAIS CONFORME PADRÃO FORMAL DA LÍNGUA

PRINCÍPIOS GERAIS DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO. INTERTEXTUALIDADE. TIPOS DE


DISCURSO. VOZES DISCURSIVAS: CITAÇÃO, PARÓDIA, ALUSÃO, PARÁFRASE, EPÍGRAFE

Letra e fonema
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da língua
quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também, de as-
pectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas palavras.
Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na pronúncia
de cada falante são estudadas pela Fonética.

Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de símbo-
los gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma
distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre os pares
de palavras:

amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que você
- como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma os signifi-
cantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a
letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).

Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser
representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:

A) o fonema /sê/: texto

B) o fonema /zê/: exibir

C) o fonema /che/: enxame

D) o grupo de sons /ks/: táxi

O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.

Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o

1234567 12 3 45 6
LÍNGUA PORTUGUESA

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho

12 3 4 12345

As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas pala-
vras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o “n” não
é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.

21
Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: hoje

1 2 3 1234

1.2 Classificação dos fonemas

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1.2.1 Vogais

As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:

Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.

Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.

/ã/: fã, canto, tampa

/ /: dente, tempero

/ /: lindo, mim

/õ/: bonde, tombo

/ /: nunca, algum

Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.

Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.

Quanto ao timbre, as vogais podem ser:

Abertas: pé, lata, pó

Fechadas: mês, luta, amor

Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”).

1.2.2 Semivogais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só emissão
de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre vogais e semivogais
está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.

Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca é o “a”.
Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, história, série.

1.2.3 Consoantes
LÍNGUA PORTUGUESA

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade bu-
cal, fazendo com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém
justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: /b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.

1.3 Encontros vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-

22
-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato.

A) Ditongo

É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:

Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i = semivogal, e = vogal)

Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a = vogal, i = semivogal)

Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai

Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe

B) Tritongo

É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba. Pode ser oral
ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.

C) Hiato

É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma
vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).

1.4 Encontros consonantais

O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem
basicamente dois tipos:

A) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta,
cri-se.

B) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.

Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-có-lo-go.

1.5 Dígrafos

De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.

Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.

Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.

Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa
língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais e vocálicos.

A) Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
LÍNGUA PORTUGUESA

ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia

23
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção
B) Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda
Observação:

“gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aquilo. Nestes
casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um fonema - semivo-
gal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há dígrafos quando são seguidos
de “a” ou “o” (quase, averiguo).

#FicaDica
Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água
= /agua/ pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas.
Já em guitarra = /gitara/ - não pronunciamos o “u”, então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “gu” e
“rr”). Portanto: 8 letras e 6 fonemas.

1.6 Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos!), exite letra que representa dois fonemas.
Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos de dífonos.
Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Referências bibliográficas

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

Site

http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php

24
1. Estrutura das palavras verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desi-
nências que indicam o modo e o tempo (desinências
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista modo-temporais) e outras que indicam o número e a
de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos em pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):
seus menores elementos (partes) possuidores de sentido. A
palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por três ele- cant-á-va-mos:
mentos significativos:
cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência modo-
In = elemento indicador de negação -temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo) /
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira pes-
Explic – elemento que contém o significado básico da pa- soa do plural)
lavra
cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência modo-
Estes elementos formadores da palavra recebem o nome -temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo) /
de morfemas. Através da união das informações contidas -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa
nos três morfemas de inexplicável, pode-se entender o signi- do plural)
ficado pleno dessa palavra: “aquilo que não tem possibilidade
de ser explicado, que não é possível tornar claro”. D) Vogal temática

Morfemas = são as menores unidades significativas que, Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge sem-
reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. pre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical às desi-
nências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-se
ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical
1.2 Classificação dos morfemas + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto
os verbos como os nomes apresentam vogais temáticas. No
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento caso dos verbos, a vogal temática indica as conjugações: -a
portador de significado. É através do radical que (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª conjugação = escrever)
podemos formar outras palavras comuns a um grupo e –i (3.ª conjugação = partir).
de palavras da mesma família. Exemplo: pequeno, pe-
quenininho, pequenez. O conjunto de palavras que se D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
agrupam em torno de um mesmo radical denomina- átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola,
-se família de palavras. base, combate. Nestes casos, não poderíamos pensar
que essas terminações são desinências indicadoras
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os de gênero, pois mesa e escola, por exemplo, não so-
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (su- frem esse tipo de flexão. É a estas vogais temáticas
fixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s,
escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tô-
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob- nicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apre-
têm-se formas como amava, amavas, amava, amáva- sentam vogal temática.
mos, amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à
medida que o verbo vai sendo flexionado em número D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que carac-
(singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou ter- terizam três grupos de verbos a que se dá o nome de
ceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é
modo do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo). -a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja
Assim, podemos concluir que existem morfemas que vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação
indicam as flexões das palavras. Estes morfemas sem- e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira
pre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o conjugação.
nome de desinências. Há desinências nominais e desi-
nências verbais. E) Interfixos

C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o número São os elementos (vogais ou consoantes) que se interca-
dos nomes. Para a indicação de gênero, o português lam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mesmo possi-
costuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; bilitar a leitura de uma determinada palavra. Por exemplo:
menino/menina. Para a indicação de número, costu-
LÍNGUA PORTUGUESA

ma-se utilizar o morfema –s, que indica o plural em Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
oposição à ausência de morfema, que indica o singu-
lar: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meninos; Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
menina/meninas. No caso dos nomes terminados
em –r e –z, a desinência de plural assume a forma -es:
mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes. 2. Formação das palavras

C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Há em Português palavras primitivas, palavras derivadas,

25
palavras simples, palavras compostas. 2.1.1.2 Derivação
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-  Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor. dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na for-
mação de substantivos derivados de verbos.
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura. janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
(substantivo) – deriva de pescar (verbo)
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:
azeite, cavalo.  Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob-
tida pela mudança de categoria gramatical da palavra
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais de primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas
um radical: couve-flor, planalto. somente na classe gramatical.

As palavras compostas podem ou não ter seus elementos Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê”
ligados por hífen. deriva da conjunção porque)

Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva do


2.1 Processos de formação de palavras verbo olhar).

Na Língua Portuguesa há muitos processos de formação


de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação, a #FicaDica
composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo. A derivação regressiva “mexe” na estrutura
da palavra, geralmente transforma verbos em
substantivos: caça = deriva de caçar, saque = de-
2.1.1 Derivação por acréscimo de afixos riva de sacar
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas A derivação imprópria não “mexe” com a pa-
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A lavra, apenas faz com que ela pertença a uma
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. classe gramatical “imprópria” da qual ela real-
mente, ou melhor, costumeiramente faz parte. A
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por alteração acontece devido à presença de outros
acréscimo de prefixo. termos, como artigos, por exemplo:
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a
In feliz / des leal funcionar como substantivo devido à presença
do artigo “o”)
Prefixo radical prefixo radical

B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por 2.1.2 Composição


acréscimo de sufixo.
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais ra-
Feliz mente / leal dade dicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de com-
posição: justaposição e aglutinação.
Radical sufixo radical sufixo
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que for-
C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo mam o composto são postos lado a lado, ou seja, jus-
simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese for- tapostos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segun-
mam-se principalmente verbos. da-feira, girassol.

En trist ecer B) Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-


mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo
Prefixo radical sufixo menos um deles perde sua integridade sonora: aguar-
dente (água + ardente), planalto (plano + alto), pernal-
En tard ecer ta (perna + alta), vinagre (vinho + acre).

prefixo radical sufixo


LÍNGUA PORTUGUESA

2.1.3 Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir


Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva
e a derivação imprópria.
2.1.4 Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia).

26
bulo “entristecido” é um exemplo de:
FIQUE ATENTO!
Abreviatura: é a redução na grafia de certas pa- a) palavra composta
lavras, limitando-as quase sempre à letra inicial
ou às letras iniciais: p. ou pág. (para página), Sr. b) palavra primitiva
(para senhor).
c) palavra derivada
Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual
se reduzem locuções substantivas próprias às d) neologismo
suas letras iniciais (são as siglas puras) ou sí-
labas iniciais (siglas impuras), que se grafam Resposta: Letra C - en + triste + ido (com consoante de ligação
de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras); DE- “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufi-
TRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si- xo “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
glas impuras). de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixação.
Para o exercício, basta “derivada”!

2.1.5 Hibridismo: é a palavra formada com elementos


oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego; mó- 1. Classes de palavras e suas flexões
vel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sambódromo
(samba: dialeto africano; dromo: grego). 1.1 Adjetivo

É a palavra que expressa uma qualidade ou característica


Referências bibliográficas do ser e se relaciona com o substantivo, concordando com
este em gênero e número.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As praias brasileiras estão poluídas.

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plu-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- ral e feminino, pois concordam com “praias”).
raiva, 2010.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação 1.1.2 Locução adjetiva


/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessá-
rias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa,
Site tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem
o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expres-
http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e- são que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite
-formacao-de-palavras-i.htm (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada).

Observe outros exemplos:


EXERCÍCIO COMENTADO
de águia aquilino
1) (Rioprevidência – Especialista em Previdência Social –
Superior - CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for- de aluno discente
mada pelo seguinte processo: de anjo angelical
a) sufixação de ano anual
b) prefixação de aranha aracnídeo
de boi bovino
c) parassíntese
de cabelo capilar
d) justaposição
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
LÍNGUA PORTUGUESA

e) aglutinação

Resposta: Letra B - Infra = prefixo + estrutura – temos a jun- de chuva pluvial


ção de um prefixo com um radical, portanto: derivação prefi-
xal (ou prefixação).
de criança pueril
de dedo digital
2) (Secretaria de Estado de Defesa Social/MG – Agente de
de estômago estomacal ou gástrico
Segurança Socioeducativo – Médio - IBFC/2014) O vocá-

27
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observação:

Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série. / O muro
de tijolos caiu.

1.1.3 Morfossintaxe do adjetivo (função sintática):


LÍNGUA PORTUGUESA

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como ad-
junto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

1.1.4 Adjetivo pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

28
Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

1.1.4.1 Adjetivo pátrio composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Ob-
serve alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

1.1.5 Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

1.1.5.1 Gênero dos adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos substanti-
vos, classificam-se em:
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.

Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a moça
norte-americana.

Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.

29
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no 1.1.5.3 Grau do adjetivo
feminino: conflito político-social e desavença político-social.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten-
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o
1.1.5.2 Número dos adjetivos comparativo e o superlativo.

A) Plural dos adjetivos simples A) Comparativo

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuí-
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs- da a dois ou mais seres ou duas ou mais características atri-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa buídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
e boas. de superioridade ou de inferioridade.

Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, No comparativo de igualdade, o segundo termo da com-
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: paração é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
a palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se
estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superio-
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza. ridade

Motos vinho (mas: motos verdes) Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de Inferio-
ridade
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/
B) Adjetivo Composto maior, baixo/inferior.

É aquele formado por dois ou mais elementos. Normal- Observe que:


mente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o
último elemento concorda com o substantivo a que se refe-  As formas menor e pior são comparativos de
re; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um superioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
dos elementos que formam o adjetivo composto seja um mau, respectivamente.
substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará in-
variável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um  Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por feitas entre duas qualidades de um mesmo elemen-
hífen, formará um adjetivo composto; como é um substanti- to, deve-se usar as formas analíticas mais bom, mais
vo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. mau,mais grande e mais pequeno. Por exemplo:
Veja:
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
Camisas rosa-claro. mentos.

Ternos rosa-claro. Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas


qualidades de um mesmo elemento.
Olhos verde-claros.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferio-
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. ridade

Telhados marrom-café e paredes verde-claras. Sou menos passivo (do) que tolerante.

Observação: B) Superlativo

Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjeti- O superlativo expressa qualidades num grau muito eleva-
vo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre invariáveis: do ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e apre-
LÍNGUA PORTUGUESA

roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos cor-de-ro- senta as seguintes modalidades:


sa.
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois elementos um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
flexionados: crianças surdas-mudas. Apresenta-se nas formas:

 Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de pa-


lavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por

30
exemplo: O concurseiro é muito esforçado. Site
 Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por exem- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32.
plo: O concurseiro é esforçadíssimo. php

Observe alguns superlativos sintéticos:


1.2 Advérbio
benéfico - beneficentíssimo Compare estes exemplos:
bom - boníssimo ou ótimo
O ônibus chegou.
comum - comuníssimo
O ônibus chegou ontem.
cruel - crudelíssimo
difícil - dificílimo Advérbio é uma palavra invariável que modifica o senti-
do do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo, de
doce - dulcíssimo modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio ad-
fácil - facílimo vérbio.

fiel - fidelíssimo Estudei bastante. = modificando o verbo estudei

B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
um ser é intensificada em relação a um conjunto de (bem)
seres. Essa relação pode ser:
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adjetivo
 De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de todas. (claros)

 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de todas. Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescentar
ideia de:

FIQUE ATENTO! Tempo: Ela chegou tarde.


O superlativo absoluto analítico é expresso por
meio dos advérbios muito, extremamente, ex- Lugar: Ele mora aqui.
cepcionalmente, antepostos ao adjetivo.
Modo: Eles agiram mal.
O superlativo absoluto sintético se apresenta
sob duas formas: uma erudita - de origem latina Negação: Ela não saiu de casa.
– e outra popular - de origem vernácula. A forma
erudita é constituída pelo radical do adjetivo la- Dúvida: Talvez ele volte.
tino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo:
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é
constituída do radical do adjetivo português + o 1.2.1 Flexão do advérbio
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresen-
Os adjetivos terminados em –io fazem o super-
tam variação em gênero e número. Alguns advérbios, porém,
lativo com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – se-
admitem a variação em grau. Observe:
riíssimo; os terminados em –eio, com apenas
um “i”: feio - feíssimo, cheio – cheíssimo.
A) Grau Comparativo

Referências bibliográficas Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo


que o comparativo do adjetivo:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Renato
raiva, 2010. fala tão alto quanto João.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-  de inferioridade: menos + advérbio + que (do que): Re-
LÍNGUA PORTUGUESA

coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nato fala menos alto do que João.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação  de superioridade:


/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato fala
mais alto do que João.

A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala

31
melhor que João. mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.

B) Grau Superlativo G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,


bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
O superlativo pode ser analítico ou sintético: assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de
todo, de muito, por completo, extremamente, intensa-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato mente, grandemente, bem (quando aplicado a proprie-
fala muito alto. dades graduáveis).

muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen-
modo te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando,
o vento apenas move a copa das árvores.
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.
Observação: Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante
a adolescência.
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são co-
muns na língua popular. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) meus amigos por comparecerem à festa.

A criança levantou cedinho. (muito cedo) Saiba que:

Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se ao


1.2.2 Classificação dos advérbios advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei o mais
longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos tarde pos-
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio sível.
pode ser de:
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, em
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu calma e
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, respeitosamente.
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhu-
res, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo,
externamente, a distância, à distância de, de longe, de 1.2.3 Distinção entre advérbio e pronome indefinido
perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.
Há palavras como muito, bastante, que podem aparecer
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, como advérbio e como pronome indefinido.
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, an-
tes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sem- Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro ad-
pre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente,
vérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
entrementes, imediatamente, primeiramente, proviso-
riamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de
manhã, de repente, de vez em quando, de quando em Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e so-
quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, fre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
em breve, hoje em dia.

C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,


#FicaDica
acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, Como saber se a palavra bastante é advérbio
à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jei- (não varia, não se flexiona) ou pronome inde-
to, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a fren- finido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para
te, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos substituir o “bastante” por “muito”, estamos
que terminam em “-mente”: calmamente, tristemente, diante de um advérbio; se der para substituir
propositadamente, pacientemente, amorosamente, do- por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
cemente, escandalosamente, bondosamente, generosa- 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
mente. muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti- 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavel- (estudei muitos capítulos) = pronome indefini-
mente. do

E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de


forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. 1.2.4 Advérbios interrogativos

F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel- São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? por
quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes às cir-

32
cunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:

Interrogação Direta Interrogação Indireta


Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava.
Por que choras? Não sei por que choras.
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
Donde vens? Pergunto donde vens.
Quando voltas? Pergunto quando voltas.

1.2.5 Locução adverbial

Quando há duas ou mais palavras que exercem função de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expressar as mes-
mas noções dos advérbios. Iniciam ordinariamente por uma preposição. Veja:

A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, por aqui, etc.

B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.

C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente, etc.

D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais, etc.

FIQUE ATENTO!
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais mal antes de adjetivos ou de verbos no parti-
cípio:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advérbio: Cheguei primeiro.
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução adverbial desempenham na oração a função
de adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as circunstâncias que acrescentam ao verbo,
ao adjetivo ou ao advérbio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “can-
sada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensidade e de tempo, respectivamente.

Referências bibliográficas
LÍNGUA PORTUGUESA

Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

33
Site O artigo também é usado para substantivar palavras per-
tencentes a outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75. tudo isso. / O bem vence o mal.
php
1.3.2 Há casos em que o artigo definido não pode
1.3 Artigo ser usado:

O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-se Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas co-
como o termo variável que serve para individualizar ou ge- nhecidas: O professor visitará Roma.
neralizar o substantivo, indicando, também, o gênero (mas-
culino/feminino) e o número (singular/plural). Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a presença
do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela Roma.
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as variações
“a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações “uma”[s] e Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria sairá
“uns]). agora?

A) Artigos definidos – São usados para indicar seres de- Exceção: O senhor vai à festa?
terminados, expressos de forma individual: O concur-
seiro estuda muito. Os concurseiros estudam muito. Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse é
o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o candidato
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de cuja nota foi a mais alta.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprovada!
Umas candidatas foram aprovadas!
Referências bibliográficas

1.3.1 Circunstâncias em que os artigos se manifes- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja,
tam: Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010.
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu-
meral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCONI,
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) ad- Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed.
mitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janei- Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ro, Veneza, A Bahia...
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
Quando indicado no singular, o artigo definido pode in- Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
dicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. raiva, 2010.

No caso de nomes próprios personativos, denotando a


ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do Site
artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O Pedro é o
xodó da família. http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm

No caso de os nomes próprios personativos estarem no


plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os In- 1.4 Conjunção
cas, Os Astecas...
Além da preposição, há outra palavra também invariável
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) que, na frase, é usada como elemento de ligação: a conjun-
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do ar- ção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras de
tigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. mesma função em uma oração:

Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) O concurso será realizado nas cidades de Campinas e São
Paulo.
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe) A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é faculta-


tivo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. 1.4.1 Morfossintaxe da conjunção

A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns propriamente uma função sintática: são conectivos.
vinte anos.

34
1.4.2 Classificação da conjunção ficou nervosa.

De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e su-
bordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados pela E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração que
conjunção podem ser isolados um do outro. Esse isolamen- a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas:
to, no entanto, não acarreta perda da unidade de sentido que que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
cada um dos elementos possui. Já no segundo caso, cada um
dos elementos ligados pela conjunção depende da existência Não demore, que o filme já vai começar.
do outro. Veja:
Falei muito, pois não gosto do silêncio!
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.

Podemos separá-las por ponto: 1.4.2.2 Conjunções subordinativas

Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas de-
pendente da outra. A oração dependente, introduzida pelas
Temos acima um exemplo de conjunção (e, consequen- conjunções subordinativas, recebe o nome de oração subor-
temente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”. Já em: dinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado quando
ela chegou.
Espero que eu seja aprovada no concurso!
O baile já tinha começado: oração principal
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração princi- quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
pal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce a ela chegou: oração subordinada
função de objeto direto do verbo da oração principal).
As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-
grantes e adverbiais:
1.4.2.1 Conjunções coordenativas
1.4.2.2.1 Integrantes - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo e in- por elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
dependente ou termos da oração que têm a mesma função cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou
gramatical. Subdividem-se em: seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.

A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando ideia Quero que você volte. (Quero sua volta)
de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não), não
só... mas também, não só... como também, bem como, 1.4.2.2.2 Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
não só... mas ainda. exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
com a circunstância que expressam, classificam-se em:
A sua pesquisa é clara e objetiva.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocor-
Não só dança, mas também canta. rência da oração principal. São elas: porque, que, como
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, expres- vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
sando ideia de contraste ou compensação. São elas:
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não obstante.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impe-
dir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressando de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que conquanto, etc.
se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora...
ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a hi-
pótese ou a condição para ocorrência da principal. São
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São que, a menos que, sem que, etc.
elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conse-
guinte, por isso, assim. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

Marta estava bem preparada para o teste, portanto não

35
modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito
#FicaDica que, que (tendo como antecedente na oração principal
Você deve ter percebido que a conjunção con- uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.
dicional “se” também é conjunção integrante.
A diferença é clara ao ler as orações que são in- Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exa-
troduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia da me.
condição para que recebamos um telefonema
(se for preciso ajuda). Já na oração: Não sei se
farei o concurso. Não há ideia de condição al- FIQUE ATENTO!
guma, há? Outra coisa: o verbo da oração prin- Muitas conjunções não têm classificação única,
cipal (sei) pede complemento (objeto direto, já imutável, devendo, portanto, ser classificadas
que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto, de acordo com o sentido que apresentam no
a oração em destaque exerce a função de obje- contexto (destaque da Zê!).
to direto da oração principal, sendo classificada
como oração subordinada substantiva objetiva Referências bibliográficas
direta.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
D) Conformativas: introduzem uma oração que exprime coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a conformidade de um fato com outro. São elas: con-
forme, como (= conforme), segundo, consoante, etc. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
O passeio ocorreu como havíamos planejado. raiva, 2010.

E) Finais: introduzem uma oração que expressa a finali- Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
dade ou o objetivo com que se realiza a oração prin- / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
cipal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (=
para que), que, etc.
Site
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
F) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa php
um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência
do expresso na principal. São elas: à medida que, à
proporção que, ao passo que e as combinações quanto 1.5 Interjeição
mais... (mais), quanto menos... (menos), quanto
menos... (mais), quanto menos... (menos), etc. Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
sensações, estados de espírito. É um recurso da linguagem
O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira ló-
seiam. gica, como são as sentenças da língua, mas sim a manifes-
tação de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma
Observação: situação particular, um momento ou um contexto específico.
Exemplos:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em
que, na medida que e na medida em que. Ah, como eu queria voltar a ser criança!

G) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
uma circunstância de tempo ao fato expresso na ora-
ção principal. São elas: quando, enquanto, antes que, Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sem-
pre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc. hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição

A briga começou assim que saímos da festa. O significado das interjeições está vinculado à maneira
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o sentido
H) Comparativas: introduzem uma oração que expressa que a expressão vai adquirir em cada contexto em que for
ideia de comparação com referência à oração prin- utilizada. Exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

cipal. São elas: como, assim como, tal como, como se,
(tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, Psiu!
tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado com me-
nos ou mais), etc. contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua ;
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. espere!”

I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Psiu!


a consequência da principal. São elas: de sorte que, de

36
contexto: alguém pronunciando em um hospital; signifi- N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô!
cado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” Ora!

Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!

puxa: interjeição; tom da fala: euforia P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva!
Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Saiba que:
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interessante! As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem
variação em gênero, número e grau como os nomes, nem de
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da minha número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.
frente. No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem
variação em grau. Não se trata de um processo natural desta
As interjeições podem ser formadas por: classe de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem
afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô

 palavras: Oba! Olá! Claro! 1.5.2 Locução interjetiva


 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus! Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex-
Ora bolas! pressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem Ma-
ria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!

1.5.1 Classificação das interjeições Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclamativo
torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise dos
Comumente, as interjeições expressam sentido de: termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha-me
Deus!, Quem me dera!
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten-
ção! Olha! Alerta!
#FicaDica
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 1. As interjeições são como frases resumidas,
sintéticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! por essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me descul-
pe)
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjei-
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- ção é o seu tom exclamativo; por isso, palavras
mo! Adiante! de outras classes gramaticais podem aparecer
como interjeições. Por exemplo: Viva! Basta!
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! (Verbos) / Fora! Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “pala-
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! vra-frase” porque sozinha pode constituir uma
mensagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! Silêncio! Fique quieto!
Essa não! Chega! Basta!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira ou imitativas, que exprimem ruídos e vozes. Por
Deus! exemplo: Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapim-
ba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
J) Desculpa: Perdão!
LÍNGUA PORTUGUESA

5. Não se deve confundir a interjeição de apelo


K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! “ó” com a sua homônima “oh!”, que exprime ad-
miração, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! depois do “oh!” exclamativo e não a fazemos de-
pois do “ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza!
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!

37
Referências bibliográficas mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-


coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 1.6.2 Flexão dos numerais

Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. zentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatro-
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
Site são invariáveis.

http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. Os numerais ordinais variam em gênero e número:


php
primeiro segundo milésimo
1.6 Numeral primeira segunda milésima
Numeral é a palavra variável que indica quantidade primeiros segundos milésimos
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pessoas
ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determinada
primeiras segundas milésimas
sequência.
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
FIQUE ATENTO! e conseguiram o triplo de produção.
Os numerais traduzem, em palavras, o que os Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais fle-
números indicam em relação aos seres. Assim, xionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
quando a expressão é colocada em números (1, do medicamento.
1.º, 1/3, etc.) não se trata de numerais, mas sim
de algarismos. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
Além dos numerais mais conhecidos, já que re- mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
fletem a ideia expressa pelos números, existem terças partes.
mais algumas palavras consideradas numerais
porque denotam quantidade, proporção ou or- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dú-
denação. São alguns exemplos: década, dúzia, zia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
par, ambos(as), novena.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de senti-
1.6.1 Classificação dos numerais do. É o que ocorre em frases como:

A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determinada “Me empresta duzentinho...”


de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, É artigo de primeiríssima qualidade!
década, bimestre.
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou gunda divisão de futebol)
alguma coisa ocupa numa determinada sequência:
primeiro, segundo, centésimo, etc.
1.6.3 Emprego e Leitura dos Numerais
#FicaDica Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos,
As palavras anterior, posterior, último, antepe- contados da direita para a esquerda, em forma de centenas,
núltimo, final e penúltimo também indicam dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação
posição dos seres, mas são classificadas como através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
adjetivos, não ordinais. 8.234.456 ou 8 234 456.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exa-


C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou gero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
etc.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- e noventa e dois.

38
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos reais.
(R$1.500,00)

Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e, a
partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:

Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)

Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as
duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização exige a presença
do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado caso haja um pronome
demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
LÍNGUA PORTUGUESA

nove nono nônuplo nono


dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos

39
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Referências bibliográficas

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

Site

http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

1.7 Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente

40
há uma subordinação do segundo termo em relação ao
primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura #FicaDica
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem O “a” pode funcionar como preposição, prono-
valores semânticos indispensáveis para a compreensão do me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-
texto. -los? Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo
um substantivo, servindo para determiná-lo
como um substantivo singular e feminino: A
1.7.1 Tipos de Preposição matéria que estudei é fácil!
A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi- Quando é preposição, além de ser invariável,
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, liga dois termos e estabelece relação de subor-
com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, so- dinação entre eles.
bre, trás, atrás de, dentro de, para com.
Irei à festa sozinha.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gra- Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a”
maticais que podem atuar como preposições, ou seja, é artigo; o segundo, preposição.
formadas por uma derivação imprópria: como, duran-
te, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto. Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupan-
do o lugar e/ou a função de um substantivo: Nós
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.
como uma preposição, sendo que a última palavra é
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao
1.7.2 Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, em-
das por meio das preposições:
baixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
Destino = Irei a Salvador.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a ou-
Modo = Saiu aos prantos.
tras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero
ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Lugar = Sempre a seu lado.
Essa concordância não é característica da preposição,
Assunto = Falemos sobre futebol.
mas das palavras às quais ela se une.
Tempo = Chegarei em instantes.
Esse processo de junção de uma preposição com outra
palavra pode se dar a partir dos processos de:
Causa = Chorei de saudade.
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vo-
cábulos não sofrem alteração.
Instrumento = Escreveu a lápis.
 Contração: união de uma preposição com outra pa-
Posse = Vi as roupas da mamãe.
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema:
de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele =
Autoria = livro de Machado de Assis
daquele, em + isso = nisso.
Companhia = Estarei com ele amanhã.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição
+ “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pro-
Matéria = copo de cristal.
nome “aquilo”).
Meio = passeio de barco.

Origem = Nós somos do Nordeste.

Conteúdo = frascos de perfume.

Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.


LÍNGUA PORTUGUESA

Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.

Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas locu-


ções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução preposi-
tiva por trás de.

41
Referências bibliográficas escola neste ano.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. adequada]

Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, [neste: pronome que determina “ano” = concordância
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- adequada]
raiva, 2010.
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação dância inadequada]
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de-
monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Site

http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ 1.8.1 Pronomes Pessoais

São aqueles que substituem os substantivos, indicando


1.8 Pronome diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes “tu”,
Pronome é a palavra variável que substitui ou acompanha “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige, e
um substantivo (nome), qualificando-o de alguma forma. “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou
às pessoas de quem se fala.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o ho-
mem destrói a natureza... Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é su- caso oblíquo.
perior à natureza, por isso ele a destrói...
A) Pronome Reto
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos
(homem e natureza). Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
Grande parte dos pronomes não possuem significados fi-
xos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero
um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma,
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interro- o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
gativos e indefinidos, os demais pronomes têm por função
principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se re- 1.ª pessoa do singular: eu
lacionar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no espa-
ço. Em virtude dessa característica, os pronomes apresentam 2.ª pessoa do singular: tu
uma forma específica para cada pessoa do discurso.
3.ª pessoa do singular: ele, ela
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
1.ª pessoa do plural: nós
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
2.ª pessoa do plural: vós
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
3.ª pessoa do plural: eles, elas
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]

A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. FIQUE ATENTO!
Esses pronomes não costumam ser usados
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem se como complementos verbais na língua-padrão.
fala] Frases como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na
praça”, “Trouxeram eu até aqui”- comuns na
LÍNGUA PORTUGUESA

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras va- língua oral cotidiana - devem ser evitadas na
riáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número língua formal escrita ou falada. Na língua for-
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência atra- mal, devem ser usados os pronomes oblíquos
vés do pronome seja coerente em termos de gênero e núme- correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na
ro (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
quando este se apresenta ausente no enunciado.

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa

42
#FicaDica FIQUE ATENTO!
Frequentemente observamos a omissão do Os pronomes o, os, a, as assumem formas espe-
pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se ciais depois de certas terminações verbais:
dá porque as próprias formas verbais marcam,
através de suas desinências, as pessoas do verbo 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pro-
indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa via- nome assume a forma lo, los, la ou las, ao mes-
gem. (Nós) mo tempo que a terminação verbal é suprimida.
Por exemplo:

B) Pronome Oblíquo fiz + o = fi-lo


fazeis + o = fazei-lo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
tença, exerce a função de complemento verbal (objeto direto dizer + a = dizê-la
ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto) 2. Quando o verbo termina em som nasal, o pro-
nome assume as formas no, nos, na, nas. Por
Observação: exemplo:
O pronome oblíquo é uma forma variante do pronome viram + o: viram-no
pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o repõe + os = repõe-nos
sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento retém + a: retém-na
da oração. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo
com a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos tem + as = tem-nas
ou tônicos.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
B.1 Pronome Oblíquo Átono
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
Ele me deu um presente. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.

Lista dos pronomes oblíquos átonos Lista dos pronomes oblíquos tônicos:

1.ª pessoa do singular (eu): me 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo

2.ª pessoa do singular (tu): te 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo

3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela

1.ª pessoa do plural (nós): nos 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco

2.ª pessoa do plural (vós): vos 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco

3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas


3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.

As preposições essenciais introduzem sempre pronomes


pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal,
os pronomes costumam ser usados desta forma:
LÍNGUA PORTUGUESA

Não há mais nada entre mim e ti.

Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.

Não há nenhuma acusação contra mim.

Não vá sem mim.

43
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
FIQUE ATENTO!
Há construções em que a preposição, apesar 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes com
de surgir anteposta a um pronome, serve para esta conquista.
introduzir uma oração cujo verbo está no infi-
nitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito ex- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se co-
presso; se esse sujeito for um pronome, deverá nheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimen- #FicaDica
tar. O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
Não vá sem eu mandar. ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
me arrumei e saí.
É pronome recíproco quando indica reciproci-
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” está dade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-nos
correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”. A or- calados.
dem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para mim!
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
A combinação da preposição “com” e alguns pronomes ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, co- necessária e sem função sintática: Os explora-
nosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequen- dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
temente exercem a função de adjunto adverbial de compa- se foram?
nhia: Ele carregava o documento consigo.
C) Pronomes de Tratamento
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Ela
veio até mim, mas nada falou. São pronomes utilizados no tratamento formal, cerimo-
nioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, a
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de in- segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. Alguns
clusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na pro- exemplos:
va, até eu! (= inclusive eu)
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
“com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são re- Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
forçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos,
ambos ou algum numeral. Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religiosos
em geral
Você terá de viajar com nós todos.
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
Estávamos com vós outros quando chegaram as más no- à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
tícias. sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais,
governadores, secretários de Estado, presidente da República
Ele disse que iria com nós três. (sempre por extenso)
B.3 Pronome Reflexivo Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universidades
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da ora-
ção. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
pelo verbo. até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
igual categoria
Lista dos pronomes reflexivos:
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes de
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me lembro direito
disso.
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ceri-
LÍNGUA PORTUGUESA

2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. monioso


3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Guilher- Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
me já se preparou.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora
Ela deu a si um presente. e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento fa-
Antônio conversou consigo mesmo. miliar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente;

44
em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária. NÚMERO PESSOA PRONOME
singular primeira meu(s), minha(s)
Observações:
singular segunda teu(s), tua(s)
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
em relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. plural primeira nosso(s), nossa(s)
Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
plural segunda vosso(s), vossa(s)
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pes- plural terceira seu(s), sua(s)
soa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu Note que:
com propriedade.
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a
3. Os pronomes de tratamento representam uma forma que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele
Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por momento difícil.
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que
esse deputado supostamente tem para poder ocupar o Observações:
cargo que ocupa.
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3.ª seu José.
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e
os pronomes oblíquos empregados em relação a eles 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
devem ficar na 3.ª pessoa. Podem ter outros empregos, como:
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes- A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos anos.
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou
“teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
pessoa. pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelên-
cia trouxe sua mensagem?
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus e anotações.
cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
ou quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-
-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
para que não ocorra redundância: Coloque tudo nos
1.8.2 Pronomes Possessivos respectivos lugares.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (pos-
suidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa pos- 1.8.3 Pronomes Demonstrativos
suída).
LÍNGUA PORTUGUESA

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra


Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser de
singular) espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

A) Em relação ao espaço:

Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da pessoa


que fala:

45
Este material é meu. la(s).

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da pessoa Invariáveis: isto, isso, aquilo.
com quem se fala:
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Esse material em sua carteira é seu?
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e pu-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está distante derem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem se fala:
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Aquele material não é nosso.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te in-
Vejam aquele prédio! diquei.)

B) Em relação ao tempo:  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam


em gênero quando têm caráter reforçativo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em rela-
ção à pessoa que fala: Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.

Esta manhã farei a prova do concurso! Eu mesma refiz os exercícios.

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, porém Elas mesmas fizeram isso.
relativamente próximo à época em que se situa a pessoa que
fala: Eles próprios cozinharam.

Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! Os próprios alunos resolveram o problema.

Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamento  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
no tempo, referido de modo vago ou como tempo remoto:
 tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Naquele tempo, os professores eram valorizados.

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se falará #FicaDica


ou escreverá): 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr.
Alcides eram amigos íntimos; aquele casado,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer fazer solteiro este. (ou então: este solteiro, aquele ca-
referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará: sado) - este se refere à pessoa mencionada em
último lugar; aquele, à mencionada em primei-
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, orto- ro lugar.
grafia, concordância.
2. O pronome demonstrativo tal pode ter cono-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende fazer tação irônica: A menina foi a tal que ameaçou o
referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: professor?
3. Pode ocorrer a contração das preposições a,
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais desejamos! de, em com pronome demonstrativo: àquele,
àquela, deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não
Este e aquele são empregados quando se quer fazer refe- acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
rência a termos já mencionados; aquele se refere ao termo
referido em primeiro lugar e este para o referido por último:
1.8.4 Pronomes Indefinidos
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo], São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso,
aquele [Palmeiras]) dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
quantidade indeterminada.
ou
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
LÍNGUA PORTUGUESA

Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo; -plantadas.


aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
aquele [Palmeiras]) Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma im-
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou in- precisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser huma-
variáveis, observe: no que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhe-
cida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-

46
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar Cada um escolheu o vinho desejado.
do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada,
ninguém, outrem, quem, tudo. 1.8.5 Pronomes Relativos
Algo o incomoda? São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
Quem avisa amigo é. orações subordinadas adjetivas.

B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quanti- grupo racial sobre outros.
dade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros =
Cada povo tem seus costumes. oração subordinada adjetiva).

Certas pessoas exercem várias profissões. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sis-
Note que: tema” é antecedente do pronome relativo que.

Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora prono- O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome
mes indefinidos adjetivos: demonstrativo o, a, os, as.

algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Não sei o que você está querendo dizer.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem ex-
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), presso.
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
Quem casa, quer casa.
Menos palavras e mais ações.
Observe:
Alguns se contentam pouco.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variá- quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
veis e invariáveis. Observe: quantas.

 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita,
pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quais- Note que:
quer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, vários,
tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, todas, O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sen-
muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. do por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, for um substantivo.
algo, cada.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo querer),
por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plural é A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
feito em seu interior).
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
Todo e toda no singular e junto de artigo significa inteiro;
sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
quais)
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que
LÍNGUA PORTUGUESA

Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por
Trabalho todo dia. (= todos os dias) motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria am-
um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja biguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou en-
e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. cantado: o sítio ou minha tia?).

47
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se o qual /
a qual)

O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta,
que era a sua vocação natural.

O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente (o ser
possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale a do qual, da
qual, dos quais, das quais.

Existem pessoas cujas ações são nobres.

(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.

(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.

(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.

É um professor a quem muito devemos.

(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde mo-
rava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:

 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:

Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:

Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.

O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.

= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que con-
versava, (que) ria, observava.
LÍNGUA PORTUGUESA

1.8.6 Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem-se
à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações).

Com quem andas?

48
Qual seu nome? 1.9 Substantivo
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis,
as quais denominam todos os seres que existem, sejam reais
ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os
#FicaDica substantivos também nomeiam:
O pronome pessoal é do caso reto quando tem
função de sujeito na frase. O pronome pessoal é  lugares: Alemanha, Portugal
do caso oblíquo quando desempenha função de
complemento.  sentimentos: amor, saudade
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.  estados: alegria, tristeza
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se
devia lhe ajudar.  qualidades: honestidade, sinceridade

 ações: corrida, pescaria


Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de 1.9.1 Morfossintaxe do substantivo
complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções di-
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O retamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo do
pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a se- sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou indire-
gunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia to) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcionar como
ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). núcleo do complemento nominal ou do aposto, como núcleo
do predicativo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vo-
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou cativo. Também encontramos substantivos como núcleos de
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di- adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando es-
ferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de sas funções são desempenhadas por grupos de palavras.
preposição.

A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu 1.9.2 Classificação dos Substantivos
estava fazendo.
A) Substantivos Comuns e Próprios
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o
que eu estava fazendo. Observe a definição:

Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas casas


Referências bibliográficas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- oposição aos bairros).
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cida-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- de. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo co-
raiva, 2010. mum.

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, ho-
mem, mulher, país, cachorro.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Estamos voando para Barcelona.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São
Paulo: Saraiva, 2002. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espé-
cie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele que
designa os seres de uma mesma espécie de forma particular:
LÍNGUA PORTUGUESA

Site Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. B) Substantivos Concretos e Abstratos


php
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
existe, independentemente de outros seres.

Observação:

49
Os substantivos concretos designam seres do mundo real e do mundo imaginário.

Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília.

Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma.

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestarem ou existirem. Por
exemplo: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja
bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.

Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e
sem os quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

Substantivos Coletivos

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.

Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.

Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substantivo no singular (enxame)
para designar um conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).

O substantivo enxame é um substantivo coletivo.

Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma
espécie.

Substantivo coletivo Conjunto de:


assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
acervo livros
antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
LÍNGUA PORTUGUESA

concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
enxoval roupas

50
falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas
malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
rebanho ovelhas
repertório peças teatrais, obras musicais
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas
revoada pássaros
sínodo párocos
talha lenha
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos

1.9.3 Formação dos Substantivos

A) Substantivos Simples e Compostos


LÍNGUA PORTUGUESA

Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.

O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. É um substantivo simples.

A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento.

Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos

51
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto. A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fê-
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa- o jacaré fêmea.
tempo.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
B) Substantivos Primitivos e Derivados pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a
vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: indi-
O substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois cam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
se originou a partir da palavra limão. colega, o doente e a doente, o artista e a artista.

B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou-


tra palavra. #FicaDica
Substantivos de origem grega terminados em
ema ou oma são masculinos: o fonema, o poe-
1.9.4 Flexão dos substantivos ma, o sistema, o sintoma, o teorema.

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável


quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exem-
 Existem certos substantivos que, variando de gênero,
plo, pode sofrer variações para indicar:
variam em seu significado:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: me-
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça (lí-
ninão / Diminutivo: menininho
der) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e a ca-
pital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira,
A) Flexão de Gênero
juba); o lente (professor) e a lente (vidro de aumento); o moral
(estado de espírito) e a moral (ética; conclusão); o praça (sol-
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
dado raso) e a praça (área pública); o rádio (aparelho recep-
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito a
tor) e a rádio (estação emissora).
todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram a seres
animais providos de sexo, quer designem apenas “coisas”: o
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
gato/a gata; o banco, a casa.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - alu-
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e fe-
na.
minino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja estes
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
títulos de filmes:
masculino: freguês - freguesa
O velho e o mar
 Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de
três formas:
Um Natal inesquecível
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Os reis da praia
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po-
dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
A história sem fim
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - sul-
tana
Uma cidade sem passado
 Substantivos terminados em -or:
As tartarugas ninjas
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
LÍNGUA PORTUGUESA

troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz


1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem –
 Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul
mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
- consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque -
duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única for-
ma, que serve tanto para o masculino quanto para o
 Substantivos que formam o feminino trocando o -e fi-
feminino. Classificam-se em:
nal por -a: elefante - elefanta

52
 Substantivos que têm radicais diferentes no masculino preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
e no feminino: bode – cabra / boi - vaca os personagens dos contos de carochinha.

 Substantivos que formam o feminino de maneira es- Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: O
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras ante- problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
riores: czar – czarina, réu - ré a personagem.

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo foto-
gráfico Ana Belmonte.
Epicenos:

Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. #FicaDica


Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume,
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso o dó (pena), o sanduíche, o clarinete, o cham-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma panha, o sósia, o maracajá, o clã, o herpes, o
para indicar o masculino e o feminino. pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o per-
noite, o púbis.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a
epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessida- omoplata, a cataplasma, a pane, a mascote,
de de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. a gênese, a entorse, a libido, a cal, a faringe, a
cólera (doença), a ubá (canoa).
A cobra macho picou o marinheiro.
São geralmente masculinos os substantivos de origem
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o
plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o
Sobrecomuns: estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o ede-
ma, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
Entregue as crianças à natureza.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo masculi-
no, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções,
nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos se- nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. /
res a que se refere a palavra. Veja: A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma
Londres imensa e triste.
A criança chorona chamava-se João.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A criança chorona chamava-se Maria.
Gênero e Significação
Outros substantivos sobrecomuns:
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa e outra no feminino. Observe:
criatura.
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os mo-
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Mar- vimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
cela faleceu de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a baliza
(marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição de
Comuns de Dois Gêneros: trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o cis-
ma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar,
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de
combustão), o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor
vermelha, canto em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez (óleo sagrado, usado na administração da crisma e de outros
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. sacramentos), a crisma (sacramento da confirmação), o cura
(pároco), a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente),
LÍNGUA PORTUGUESA

A distinção de gênero pode ser feita através da análise do a estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o outras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcio-
jovem; artista famoso - artista famosa; repórter francês - re- nário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o
pórter francesa lente (professor), a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo),
a moral (honestidade, bons costumes, ética), o nascente (lado
A palavra personagem é usada indistintamente nos dois onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem
gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acentuada como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomotiva movi-

53
da a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior do boné ou Observação:
quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emisso-
ra), o voga (remador), a voga (moda). Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
dois – e até três – plurais:
B) Flexão de Número do Substantivo
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos
Em português, há dois números gramaticais: o singular,
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que in- ancião – anciões/anciães/anciãos
dica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do
plural é o “s” final. charlatão – charlatões/charlatães

Plural dos Substantivos Simples corrimão – corrimãos/corrimões

Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” guardião – guardiões/guardiães


fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs;
hífen - hifens (sem acento, no plural). vilão – vilãos/vilões/vilães

Exceção: cânon - cânones. Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o


látex - os látex.
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
“ns”: homem - homens. Plural dos Substantivos Compostos

Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural A formação do plural dos substantivos compostos de-
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
Atenção: Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como os
substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/giras-
O plural de caráter é caracteres. sóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.

Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se O plural dos substantivos compostos cujos elementos são
no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara- ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discus-
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e sões. Algumas orientações são dadas a seguir:
cônsules.
A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de de:
duas maneiras:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
Observação:
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
A palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
répteis ou reptis (pouco usada). B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
formados de:
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
duas maneiras: verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas

1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses -falantes

2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural de formados de:
LÍNGUA PORTUGUESA

três maneiras.
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações colônia e águas-de-colônia

2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
-vapor e cavalos-vapor
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
substantivo + substantivo que funciona como determi-

54
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-reló- túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
gio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espada - pai(s) + zinhos = paizinhos
peixes-espada.
pé(s) + zinhos = pezinhos
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
pé(s) + zitos = pezitos
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
Plural dos Nomes Próprios Personativos
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-
-rolhas Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
pre que a terminação preste-se à flexão.
Casos Especiais
Os Napoleões também são derrotados.

o louva-a-deus e os louva-a-deus As Raquéis e Esteres.


o bem-te-vi e os bem-te-vis Plural dos Substantivos Estrangeiros
o bem-me-quer e os bem-me-queres
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
o joão-ninguém e os joões-ninguém. critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
Plural das Palavras Substantivadas
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras clas- com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os
ses gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens.
plural, as flexões próprias dos substantivos.
Observe o exemplo:
Pese bem os prós e os contras.
Este jogador faz gols toda vez que joga.
O aluno errou na prova dos noves.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Plural com Mudança de Timbre
Observação:
Certos substantivos formam o plural com mudança de
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato foné-
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis tico chamado metafonia (plural metafônico).
e alguns dez.

Plural dos Diminutivos Singular Plural


corpo (ô) corpos (ó)
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas poço poços
LÍNGUA PORTUGUESA

flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos


mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
funi(s) + zinhos = funizinhos esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.

55
Observação: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- Paulo: Saraiva, 2002.
lho (ó) = feixe (molho de lenha).

Site
FIQUE ATENTO!
Há substantivos que só se usam no singular: o http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.
sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc. php
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os
pêsames, as espadas/os paus (naipes de bara-
lho), as fezes. 1.10 Verbo
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferen-
te do singular: bem (virtude) e bens (riquezas), Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
honra (probidade, bom nome) e honras (home- tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o nome
nagem, títulos). de conjugação (por isso também se diz que verbo é a palavra
que pode ser conjugada). Pode indicar, entre outros proces-
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, sos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno (choverá); ocor-
mas com sentido de plural: rência (nascer); desejo (querer).
Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em 1.10.1 Estrutura das Formas Verbais
capelas improvisadas.
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar os
seguintes elementos:
C) Flexão de Grau do Substantivo
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: (radical fal-)

1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica
normal. Por exemplo: casa a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fa-
la-r. São três as conjugações:
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do
ser. Classifica-se em: 1.ª Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - E -
(vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo
que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. C) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa
o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo) /
dor de aumento. Por exemplo: casarão.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do D) Desinência número-pessoal: é o elemento que desig-
ser. Pode ser: na a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (singular
ou plural):
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (indica
a 3.ª pessoa do plural.)
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica-
dor de diminuição. Por exemplo: casinha.
FIQUE ATENTO!
O verbo pôr, assim como seus derivados (com-
Referências bibliográficas por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação,
LÍNGUA PORTUGUESA

pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vo-


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- gal “e”, apesar de haver desaparecido do infiniti-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. vo, revela-se em algumas formas do verbo: põe,
pões, põem, etc.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010. 1.10.2 Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos

56
verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos tiam)
com facilidade que nas formas rizotônicas o acento tônico
cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por exemplo. Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radi-
cal, mas sim na terminação verbal (fora do radical): opinei, Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
aprenderão, amaríamos.
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

1.10.3 Classificação dos Verbos 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)

Classificam-se em: Faz invernos rigorosos na Europa.

A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical Era primavera quando o conheci.
inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da mesma Estava frio naquele dia.
conjugação. Por exemplo: comparemos os verbos
“cantar” e “falar”, conjugados no presente do Modo 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da nature-
Indicativo: za são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói,
“Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em
canto falo sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, empre-
cantas falas gado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para
ser pessoal, ou seja, terá conjugação completa.
canta falas
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
cantamos falamos
cantais falais Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)

cantam falam Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


#FicaDica tempo: Já passa das seis.
Observe que, retirando os radicais, as desinên-
cias modo-temporal e número-pessoal manti- 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”,
veram-se idênticas. Tente fazer com outro verbo indicando suficiência:
e perceberá que se repetirá o fato (desde que o
verbo seja da primeira conjugação e regular!). Basta de tolices.
Faça com o verbo “andar”, por exemplo. Substi-
tua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do Chega de promessas.
verbo andar). Viu? Fácil!
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse. referência a sujeito expresso anteriormente (por exem-
plo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o
Observação: sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, pes-
soais.
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas para
que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/corrijo, 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de
fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais alterações não “ser possível”. Por exemplo:
caracterizam irregularidade, porque o fonema permanece
inalterado. Não deu para chegar mais cedo.

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- Dá para me arrumar uma apostila?
gação completa. Os principais são adequar, precaver,
computar, reaver, abolir, falir. E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-
se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, plural. São unipessoais os verbos constar, convir, ser (=
normalmente, são usados na terceira pessoa do preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de
singular. Os principais verbos impessoais são: animais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-


zar-se ou fazer (em orações temporais).

Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-

57
#FicaDica
Os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):

Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)

Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)

É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.

Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)

Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além das
formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).

O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é empregado
na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
LÍNGUA PORTUGUESA

Murchar Murchado Murcho


Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso

58
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto,
dizer/dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e ir
(fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal (aque-
le que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!

(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!

(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:

Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremosseríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam
SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
LÍNGUA PORTUGUESA

que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos


que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

59
SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio


Particípio
ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles
ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam
ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
LÍNGUA PORTUGUESA

estejam estivessem estiverem estejam estejam

60
ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem
HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.


doPreté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo


Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam
HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio


Particípio
haver haver havendo havido
haveres
haver
LÍNGUA PORTUGUESA

havermos
haverdes
haverem

61
TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no pró-
prio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se,
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está
implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do ver-
bo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa
pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):

Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado
por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral,
os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.

A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

FIQUE ATENTO!
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não
possuem função sintática.
LÍNGUA PORTUGUESA

Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essen-
cialmente pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se
encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

62
1.10.4 Modos Verbais Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em
curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo
verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Exis- Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
tem três modos:
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu es-
tudo para o concurso. Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo),
ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando fu-
tebol.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude,
colega! 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois


1.10.5 Formas Nominais transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjeti- exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verifi-
vo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. car”.
Observe:
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos
A) Infinitivo tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o
resultado de uma ação terminada, flexionando-se em
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os
vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs- exames, os candidatos saíram.
tantivo. Por exemplo:
Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-
Viver é lutar. (= vida é luta) nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente


(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:

É preciso ler este livro.

Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três


pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular,
não apresenta desinências, assumindo a mesma 1.10.6 Tempos Verbais
forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da
seguinte maneira: Tomando-se como referência o momento em que se fala,
a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
A) Tempos do Modo Indicativo
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colé-
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) gio.

3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num mo-
ou advérbio. Por exemplo: mento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
vérbio) Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido
antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) quando os amigos chegaram. (forma simples).

63
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
as lições amanhã.

Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele pudesse,
estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.

Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja,
levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
LÍNGUA PORTUGUESA

cantoU vendeU partiU U


cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
Pretérito mais-que-perfeito

64
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM
Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão
Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarIAS venderIAS partirIAS


cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

65
Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indica-
tivo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaR vendeR partiR R Ø


cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

66
C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

#FicaDica
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois
uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa
razão, utiliza-se você/vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarDES venderDES partirDES


cantarEM venderEM partirEM

67
1. Vozes do verbo
FIQUE ATENTO!
O verbo parecer admite duas construções: Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação
expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando se este
Elas parecem gostar de você. (forma uma locu- é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz
ção verbal) verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as vozes ver-
bais:
Elas parece gostarem de você. (verbo com su-
jeito oracional, correspondendo à construção:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
parece gostarem de você).
expressa pelo verbo:
O verbo pegar possui dois particípios (regular
e irregular): Ele fez o trabalho.
Elvis tinha pegado minhas apostilas. sujeito agente ação objeto (pacien-
Minhas apostilas foram pegas. te)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a


Referências bibliográficas ação expressa pelo verbo:

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- O trabalho foi feito por ele.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
sujeito paciente ação agente da passi-
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, va
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010. C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. O menino feriu-se.

Site #FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. com a noção de reciprocidade:
php
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
EXERCÍCIO COMENTADO
1) (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advogado – 1.1 Formação da Voz Passiva
FUMARC-2016)
A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana-
A Folha de S. Paulo recebe várias críticas por erros cometi- lítico e sintético.
dos em relação ao uso da norma padrão da Língua Portu-
guesa. A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte manei-
ra:
Servidor que manter greve ficará sem reajuste, diz governo.
Folha de S. Paulo,25 de agosto de 2012. Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:

As críticas recebidas em relação à manchete acima refe- A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os
rem-se a um erro de: alunos pintarão a escola)

a) Concordância verbal. O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

b) Conjugação verbal. Observações:

 O agente da passiva geralmente é acompanhado da


LÍNGUA PORTUGUESA

c) Ortografia.
preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
d) Regência verbal. preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de
soldados.
Resposta: Letra B - A forma correta do verbo “manter” é: Ser-
vidor que mantiver greve (conjuga-se igual ao verbo “ter”). O  Pode acontecer de o agente da passiva não estar explí-
período apresenta erro quanto à conjugação verbal. cito na frase: A exposição será aberta amanhã.

 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar

68
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a trans-
formação das frases seguintes: FIQUE ATENTO!
Quando o sujeito da voz ativa for indetermina-
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) do, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudica-
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfei- do.
to do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer,
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) dormir, acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa,
passiva ou reflexiva, porque o sujeito não pode
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo) ser visto como agente, paciente ou agente pa-
ciente.
Ele fará o trabalho. (futuro do presente)

O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)


EXERCÍCIO COMENTADO
 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o
mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. 1) (TST - Técnico Judiciário – Área Administrativa –
Observe a transformação da frase seguinte: FCC/2012)
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) As vitórias no jogo interior talvez não acrescentem no-
vos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas, [...]
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
que contribuem de forma significativa para nosso sucesso
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou posterior, tanto na quadra como fora dela.
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa,
seguido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os ele-
Abriram-se as inscrições para o concurso. mentos sublinhados na frase acima, na ordem dada, por:

Destruiu-se o velho prédio da escola. a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem

Observação: b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem

O agente não costuma vir expresso na voz passiva sinté- c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
tica.
d) acrescentariam − trariam− contribuíram

1.2 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs- Resposta: Letra E - Questão que envolve correlação verbal.
tancialmente o sentido da frase. Realizando as alterações solicitadas, segue como ficariam (em
destaque):
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)

Sujeito da Ativa objeto Direto Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribuiriam

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva) Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam

Sujeito da Passiva Agente da Passiva Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuíram

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuíram =
correta
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos 2) TST - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Es-
mestres. pecialidade Medicina do Trabalho – FCC/2012 - Está ina-
dequado o emprego do elemento sublinhado na seguinte
Eu o acompanharei. frase:

Ele será acompanhado por mim. a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao que
dispenso aos homens religiosos.

69
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de que b) foi alcançada.
deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente
virtuosos. c) fora alcançada.

c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescindir d) seria alcançada.


os que se dizem homens de fé.
e) era alcançada.
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. Resposta: Letra E - Temos um verbo na voz ativa, então tere-
mos dois na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa,
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer o no mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nunca
mesmo com aqueles que não a têm. era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no pretérito
imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar também (é = pre-
Resposta: Letra C - Corrigindo o inadequado: sente, foi = pretérito perfeito, era = imperfeito, fora = mais que
perfeito, será = futuro do presente, seria = futuro do pretérito).
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
que dispenso aos homens religiosos.
5) TST - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Es-
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos pecialidade Medicina do Trabalho – FCC/2012.
de que deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente
virtuosos. Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação de que
todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós mesmos.
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) não
podem prescindir os que se dizem homens de fé. Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra altera-
ção seja feita na frase, o elemento grifado pode ser substi-
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de tuído por:
nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
a) ademais.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer
o mesmo com aqueles que não a têm. b) conquanto.

c) porquanto.
3) TST - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Es-
pecialidade Medicina do Trabalho – FCC/2012 d) entretanto.

Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus e) apesar.


despertariam a ira de qualquer fanático, a forma verbal
obtida será: Resposta: Letra D - Contudo é uma conjunção adversativa
(expressa oposição). A substituição deve utilizar outra de mes-
a) seria despertada. ma classificação, para que se mantenha a ideia do período. A
correta é entretanto.
b) teria sido despertada.

c) despertar-se-á. 6) TST - Analista Judiciário - Área Administrativa – FCC/2012


- O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se
d) fora despertada. no singular para preencher adequadamente a lacuna da
frase:
e) teriam despertado.
a) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
Resposta: Letra A - Os ateus despertariam a ira de qualquer corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
fanático
b) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre
Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A ira de o peso de suas mais graves decisões.
qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
c) Aos governantes mais responsáveis não ......
LÍNGUA PORTUGUESA

(ocorrer) tomar decisões sem medir suas consequên-


4) TST - Técnico Judiciário - Área Administrativa - Especia- cias.
lidade Segurança Judiciária – FCC/2012 – ...ela nunca al-
cançava a musa. d) A toda decisão tomada precipitadamente ......
(costumar) sobrevir consequências imprevistas e injus-
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma tas.
verbal resultante será:
e) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade, reco-
a) alcança-se. menda Gramsci, os critérios que levam em conta a

70
dor humana. so amigo Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a
história de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão
Resposta: Letra C - Flexões em destaque e sublinhei os termos da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único
que estabelecem concordância: período, o segmento destacado deverá ser antecedido de
vírgula e substituído por
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar de cor-
responder nossos valores éticos mais rigorosos. a) perante ao qual

Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir sobre o b) de cujo


peso de suas mais graves decisões.
c) o qual
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocorre tomar
decisões sem medir suas consequências. = Isso não ocorre d) frente à quem
aos governantes – uma oração exerce a função de sujeito (sub-
jetiva) e) de quem

Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente costu- Resposta: Letra E - Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo
mam sobrevir consequências imprevistas e injustas. Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única
alternativa que substitui corretamente o trecho destacado é
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, reco- “de quem ouvi oralmente”.
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
humana.
9) TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC - Técnico Judiciário – FCC-
2016
7) TRT 23.ª REGIÃO-MT - Analista Judiciário - Área Admi-
nistrativa- FCC-2016 “Isto pode despertar a atenção de outras pessoas que te-
nham documentos em casa e se disponham a trazer para a
... para quem Manoel de Barros era comparável a São Academia, que é a guardiã desse tipo de acervo, que é muito
Francisco de Assis... difícil de ser guardado em casa, pois o tempo destrói e aqui
temos a melhor técnica de conservação de documentos”,
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da disse Cavalcanti.
frase acima está em:
O termo sublinhado faz referência a
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
a) pessoas.
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no espaço...
b) acervo.
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Char-
les Baudelaire. c) Academia.

d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros d) tempo.


na literatura...
e) casa.
e) ... para depois casá-las...
Resposta: Letra B - Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo,
Resposta: Letra A - “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito que (o qual) é muito difícil de ser guardado...
do Indicativo. Procuremos nos itens:

Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo 10) TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC - Técnico Judiciário – FCC-
2016
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do Indicativo
O marechal organizou o acervo...
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito do In-
dicativo A forma verbal está corretamente transposta para a voz
passiva em:
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indicativo
LÍNGUA PORTUGUESA

a) estava organizando
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar elas)
b) tinha organizado

8) TRT 20.ª REGIÃO-SE - Analista Judiciário - Área Adminis- c) organizando-se


trativa – FCC-2016
d) foi organizado
Aí conheci o escritor e historiador de sua gente, meu saudo-

71
e) está organizado e o mundo são privilegiados pelo modelo ainda dominante.

Resposta: Letra D - Temos: sujeito (o marechal), verbo na ati-


va (organizou) e objeto (o acervo). Como há um verbo na ati- 13) TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-2016 -
va, ao passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no Empregam-se todas as formas verbais de acordo com a
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do verbo da norma culta na seguinte frase:
voz ativa = organizado). O objeto exercerá a função de sujeito
paciente, e o sujeito da ativa será o agente da passiva (ufa!). A a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
frase ficará: O acervo foi organizado pelo marechal. não poderia receber qualquer tipo de retificação.

b) Os documentos com assinatura digital disporam de algo-


11) TRT 20.ª REGIÃO-SE - Técnico Judiciário – FCC-2016 ritmos de criptografia que os protegeram.

Precisamos de um treinador que nos ajude a comer... c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
contar com a proteção de uma assinatura digital.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o su-
blinhado acima está também sublinhado em: d) Quem se propor a alterar um documento criptografado
deve saber que comprometerá sua integridade.
a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
amas... e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos.
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
Resposta: Letra E - Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse)
c) ... país que transformou a infância numa bilionária in- sua autenticidade, o documento não poderia receber qualquer
dústria de consumo... tipo de retificação.

d) E, mesmo que se esforcem muito... Em “b”: Os documentos com assinatura digital disporam (dis-
puseram) de algoritmos de criptografia que os protegeram.
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Resposta: Letra D - que nos ajude = presente do Subjuntivo (puderam) contar com a proteção de uma assinatura digital.

Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um documento
criptografado deve saber que comprometerá sua integridade.
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e também mais-
-que-perfeito) do Indicativo Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos = correta
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indicativo

Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo 14) TRT 11.ª REGIÃO-AM e RR - Técnico Judiciário – FCC-
2017
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do Indicativo
Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo
conselhos...
12) TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-2016
Sem prejuízo da correção e do sentido, o elemento subli-
O modelo ainda dominante nas discussões ecológicas pri- nhado acima pode ser substituído por:
vilegia, em escala, o Estado e o mundo...
a) através de que se pedia
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será: b) que lhe pedia

a) é privilegiado. c) da qual pedia-lhe

b) sendo privilegiadas. d) onde pedia-se


LÍNGUA PORTUGUESA

c) são privilegiados. e) em que se pedia

d) foi privilegiado. Resposta: Letra B - Freud uma vez recebeu carta de um conhe-
cido que (= o qual) lhe pedia conselhos...
e) são privilegiadas.

Resposta: Letra C - Há um verbo na ativa, então teremos dois 15) TRT 11.ª REGIÃO-AM e RR - Técnico Judiciário – FCC-
na passiva (auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado 2017

72
Uma criança pode revelar grande interesse por uma pro- c) Surgirão − possuíam − decida
fissão ______________ os pais sonharam, mas nunca exer-
ceram. d) Havia surgido − possuíssem − decidirão

Preenche corretamente a lacuna da frase acima o que e) Surgem − possuam − haveria de decidir
está em:
Resposta: Letra B - A primeira lacuna deve ser preenchida
a) por que com um verbo no plural (independente do tempo verbal), pois
concordará com “alguns críticos”. Temos os itens “b”, “c”, e “e”.
b) de que Agora é observar a conjugação e concordância da segunda e
terceira lacunas, em conformidade com nossa primeira opção.
c) à qual As formas corretas serão:

d) na qual Em “b” = Surgiram / possuíam / decidiram

e) com que Em “c” = Surgirão / possuirão / decidirão

Resposta: Letra E - Quem sonha, sonha com algo ou com al- Em “e” = Surgem / possuem / decidem
guém.
Apenas o item “b” apresenta os três verbos conjugados de ma-
Uma criança pode revelar grande interesse por uma profissão neira correta (correlação verbal).
com a qual (= que) os pais sonharam, mas nunca exerceram.

18) Polícia Militar do Estado de São Paulo - Soldado PM 2.ª


16)TRT 21.ª REGIÃO-RN - Técnico Judiciário – FCC-2017 Classe – Vunesp/2017 – Considere as seguintes frases:

Sessenta anos de história marcam, assim, a trajetória da Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
utopia no país.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será: Terceiro, rabisque!

a) foram marcados. Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:
b) foi marcado.
a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com
c) são marcados. que o cérebro humano não considere útil gravar esses da-
dos...
d) foi marcada.
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-nú-
e) é marcada. mero de informações.

Resposta: Letra E - Temos um verbo (no tempo presente) na c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
ativa, então teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo pre- dele...
sente] + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
pia do país é marcada pelos sessenta anos de história. d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em que
morou quando era criança?

17)TRT 21.ª REGIÃO-RN - Técnico Judiciário – FCC-2017 e) É o que mostra também uma pesquisa recente conduzida
pela empresa de segurança digital Kaspersky...
____(I)_______ , no cinema, alguns críticos e intelectuais
que, como o russo Sergei Eisenstein, ___(II)_______ co- Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo (ex-
nhecimento teórico sobre a linguagem cinematográfica pressam ordem). Vamos aos itens:
e, em determinado momento, __(III)______ colocar suas
teorias em prática. Resposta: Letra D - Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade
de textos fazem = presente do Indicativo
LÍNGUA PORTUGUESA

(Adaptado de: BALLERINI, Franthiesco. Op. cit.)


Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do Indicativo
Preenchem corretamente as lacunas I, II e III da frase
acima, na ordem dada: Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos = pre-
sente do Indicativo
a) Surge − possuíram − decidirão
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo
b) Surgiram − possuíam − decidiram

73
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = presente do depois de “cuja/cujo”. Dentre os itens que sobraram, a forma
Indicativo correta para preencher a lacuna é “em que”, e não “a qual” –
pois esta retomaria o termo anterior (situações), que está no
plural - mas aí o restante da frase deveria se referir a este termo
(situações as quais são...).

19) TCE-SP - Agente da Fiscalização – Administração - Vu-


nesp-2017 – Assinale a alternativa em que, se o termo em 21) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2014
destaque for flexionado no plural, o verbo da oração tam- – Em – Ela é proibida por lei no Brasil, mas é prática
bém deverá ir para o plural. regulamentada, em alguns outros países,... – a conjunção
em destaque pode ser substituída, sem alteração de sen-
a) … e deu o atestado de óbito. tido do texto, por:

b) Apanhou um resfriado… a) isto é.

c) … para não haver dúvida… b) pois.

d) Alguns dias depois, deu-se o evento. c) porque.

e) Tomou-se conhecimento de uma carta… d) porém.

Resposta: Letra D - Enunciado: “se o termo em destaque for e) portanto.


flexionado no plural, o verbo da oração também deverá ir
para o plural”. Passemos os termos para o plural: Resposta: Letra D - “Mas” é conjunção adversativa – expressa
ideia contrária ao fato apresentado anteriormente. Na frase
Em “a”: e deu os atestados de óbito = posso manter o verbo no citada ela exerce esta função. Portanto, procuremos outra con-
singular, pois o sujeito é indeterminado (singular, no caso) junção adversativa presente nos itens: “porém”.

Em “b”: Apanhou resfriados = posso manter o verbo no singu-


lar, pois o sujeito é indeterminado (singular, no caso) 22) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2014
– Assinale a alternativa em que a palavra em destaque na
Em “c”: para não haver dúvidas = com o sentido de “existir”, o frase pertence à classe dos adjetivos (palavra que qualifi-
verbo “haver” é invariável ca um substantivo).
Em “d”: deu-se os eventos = deram-se os eventos (verbo vai a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eutaná-
para o plural) sia...
Em “e”: Tomou-se conhecimento de umas cartas = o verbo con- b) ... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
corda com “conhecimento”, portanto, fica no singular
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar a
morte.
20) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2014
– Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti- d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
vamente, as lacunas da frase, de acordo com a norma-pa-
drão da língua portuguesa. e) E como seria a verdadeira boa morte?

_________ situações _________ a batalha contra as doen- Resposta: Letra E - Em “a”: Existe grande confusão = substan-
ças torna-se um fracasso. tivo

a) Existe ... em que Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a morte = pro-
nome
b) Existem ... em que
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando distanciar
c) Existem ... a qual a morte = substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Existem ... em cuja Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo

e) Existe ... as quais Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = adjetivo

Resposta: Letra B - Vamos por eliminação: o verbo “existir”


sofre flexão, portanto, concorda em número com o termo ao 23) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2014
qual está ligado. Na frase dada temos “situações” – plural. – A frase com a forma verbal no tempo futuro, expressan-
Restam-nos os itens B, C e D. Usa-se “cuja” com o sentido de do uma hipótese, está na alternativa:
posse – o que não é o caso, além de que não deve haver artigo

74
a) E como seria a verdadeira boa morte? mundo.

b) ... os agradecimentos que não fizemos antes. Resposta: Letra D - Em “a”: Quero olhar = verbo

c) Morrer é como uma curva na estrada... Em “b”: O jovem nem se dignou olhar = verbo

d) Faz 28 anos que busco mais vida com qualidade para os Em “c”: Ela se pôs a olhar = verbo
pacientes...
Em “d”: Esse teu olhar = substantivo
e) ... prefiro denominar de ortotanásia.
Em “e”: Quando você olhar = verbo
Resposta: Letra A - Em “a”: E como seria = futuro do pretérito
do Indicativo

Em “b”: os agradecimentos que não fizemos = pretérito perfeito


do Indicativo

Em “c”: Morrer é = presente do Indicativo

Em “d”: Faz 28 anos que busco = pretérito perfeito do Indica-


tivo

Em “e”: prefiro = presente do Indicativo

Quando eu for...
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado)
Mario Quintana

Quando eu for, um dia desses,


25)PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014 – De acor-
Poeira ou folha levada do com a norma-padrão da língua portuguesa, a lacuna
na fala da mulher de Hagar, no último quadrinho, deve
No vento da madrugada, ser preenchida com:

Serei um pouco do nada a) Onde

Invisível, delicioso b) Qual lugar

Que faz com que o teu ar c) De que lugar

Pareça mais um olhar, d) Que lugar

Suave mistério amoroso, e) Aonde

Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) Resposta: Letra A - “Onde você disse que o Dr Zook estudou
Medicina?” = utilizado para fazer referência a lugar.
E talvez de meu repouso...

26)PC-SP - Escrivão de Polícia – Vunesp-2014 - As formas


24) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2014 verbais conjugadas no modo imperativo, expressando or-
– Na frase – Pareça mais um olhar (7.º verso) –, a palavra dem, instrução ou comando, estão destacadas em
em destaque é um substantivo, como na frase:
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem nítidas
a) Quero olhar bem em seus olhos e dizer tudo o que sinto. na memória: são aqueles donos de qualidades incomuns.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) O jovem nem se dignou olhar para trás. b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e quase
não acreditei no que ouvi.
c) Ela se pôs a olhar carinhosamente para o amado.
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá pro
d) Esse teu olhar , quando encontra o meu, fala de tantas estúdio e ponha a rádio no ar.
coisas...
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário, pre-
e) Quando você olhar para mim serei a pessoa mais feliz do cisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o locutor
não chegava para os textos de abertura, publicidade, cha-

75
madas. Resposta: Letra E - O enunciado já nos dá a resposta: na rua
ou em qualquer parte do globo = qualquer outro lugar do glo-
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qualquer bo!
coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já suando
frio e atentos às suas finas e cortantes palavras.
29) PC-SP - Agente de Polícia – Vunesp-2013 - Em – O desti-
Resposta: Letra C - Aos itens: no me prestava esse pequeno favor: completava minha
identificação com o resto da humanidade, que tem sem-
Em “a”: há = presente / acabam = presente / são = presente pre para contar uma história de objeto achado; – o prono-
me em destaque retoma a seguinte palavra/expressão:
Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = pretérito perfeito
a) o resto da humanidade.
Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo imperativo
afirmativo (ordens) b) esse pequeno favor.
Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretérito imper- c) minha identificação.
feito / chegava = pretérito imperfeito
d) O destino.
Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
e) completava.

27) PC-SP - Agente de Polícia – Vunesp-2013 - Considerando Resposta: Letra A - Completava minha identificação com o
que o termo em destaque em – Esse valor é dobrado caso resto da humanidade, que (a qual) tem sempre para contar
o motorista seja reincidente em um ano. – estabelece re- uma história de objeto achado = pronome relativo que retoma
lação de condição entre as orações, assinale a alternativa o resto da humanidade.
que apresenta o trecho corretamente reescrito, e com seu
sentido inalterado.
30) PC-SP - Agente de Polícia – Vunesp-2013 - Considere o
a) Como o motorista é reincidente em um ano, esse valor é trecho apresentado a seguir:
dobrado.
O destino me prestava esse pequeno favor: completava
b) Se o motorista for reincidente em um ano, esse valor é minha identificação com o resto da humanidade...
dobrado.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados para o
c) Porque o motorista é reincidente em um ano, esse valor é tempo presente, sem qualquer outro ajuste, tem-se, de
dobrado. acordo com a norma-padrão da língua portuguesa:
d) À medida que o motorista é reincidente em um ano, esse a) O destino me prestará esse pequeno favor: completará
valor é dobrado. minha identificação com o resto da humanidade...
e) Conforme o motorista for reincidente em um ano, esse b) O destino me prestou esse pequeno favor: completou mi-
valor é dobrado. nha identificação com o resto da humanidade...
Resposta: Letra B - A conjunção “caso” dá a ideia de condição c) O destino me prestaria esse pequeno favor: completaria
para que se dobre o valor da multa (caso o motorista seja rein- minha identificação com o resto da humanidade...
cidente). Outra conjunção condicional presente nas alternati-
vas e que apresenta o mesmo sentido é “se”. d) O destino me prestasse esse pequeno favor: completasse
minha identificação com o resto da humanidade...

28) PC-SP - Agente de Polícia – Vunesp-2013 - Em – Jamais e) O destino me presta esse pequeno favor: completa minha
em minha vida achei na rua ou em qualquer parte do glo- identificação com o resto da humanidade...
bo um objeto qualquer. –, o termo em destaque introduz
ideia de Resposta: Letra E - Passemos a frase para o presente, depois a
procuremos nos itens:
a) posse.
LÍNGUA PORTUGUESA

O destino me presta esse pequeno favor: completa minha


b) modo. identificação com o resto da humanidade...

c) tempo.
31)PC-SP - Agente de Polícia – Vunesp-2013 - Considere o
d) direção. trecho a seguir.
e) lugar É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados

76
se as pessoas __________ a atenção voltada para seus vérbio de tempo.
pertences, conservando-os junto ao corpo.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- 34)PC-SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial – Vunesp-2013
mente, as lacunas do texto. – No trecho – … suspeitaram de um rapaz e resolveram
abordá-lo… – passando-se os verbos destacados para o
a) sejam ... mantesse tempo presente, correta e respectivamente, tem-se:
b) sejam ... mantém a) suspeitavam e resolviam.
c) sejam ... mantivessem b) suspeitam e resolvem.
d) seja ... mantivessem c) suspeitariam e resolveriam.
e) seja ... mantêm d) suspeitarão e resolverão.
Resposta: Letra C - Completemos as lacunas e depois busque- e) suspeitassem e resolvessem.
mos o item correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação
do verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver): Resposta: Letra B - Passemos os verbos para o tempo solicita-
do (presente) e busquemos a resposta nos itens: suspeitam de
É comum que objetos sejam esquecidos em locais públicos. um rapaz e resolvem abordá-lo = suspeitam / resolvem.
Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
mantivessem a atenção voltada para seus pertences, conser-
vando-os junto ao corpo. 35) PC-SP - Escrivão de Polícia – Vunesp-2013 – Assinale a al-
ternativa que completa respectivamente as lacunas, em
conformidade com a norma-padrão de conjugação ver-
32)PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2013 bal.
– Na frase – Porém, essa ocupação impede o bom desem-
penho nos estudos… – a palavra em destaque tem o mes- Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
mo sentido que quando __________ um diploma de mestrado, mas há
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
a) Portanto. cursos profissionalizantes.
b) Por isso. a) obtiver … divirgem
c) Mas também. b) obter … divergem
d) Todavia. c) obtesse … devirgem
e) Embora. d) obter … divirgem
Resposta: Letra D - A conjunção “porém” - adversativa – dá à e) obtiver … divergem
frase o sentido de oposição à ideia apresentada anteriormente,
o que seria mantido se fosse substituída pela conjunção “to- Resposta: Letra E - Há quem acredite que alcançará o sucesso
davia”. profissional quando obtiver um diploma de mestrado, mas há
aqueles que divergem de opinião e procuram investir em cur-
sos profissionalizantes.
33) PC-SP - Atendente de Necrotério Policial – Vunesp-2013
– Nas frases – Não vou mais à escola!… – e – Hoje estão
na moda os métodos audiovisuais. – as palavras em des- 36) PC-SP - Auxiliar de Necropsia – Vunesp-2014 – Consi-
taque expressam, correta e respectivamente, circunstân- derando que o adjetivo é uma palavra que modifica o
cias de substantivo, com ele concordando em gênero e número,
assinale a alternativa em que a palavra destacada é um
a) dúvida e modo. adjetivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) dúvida e tempo. a) ... um câncer de boca horroroso, ...


c) modo e afirmação. b) Ele tem dezesseis anos...
d) negação e lugar. c) Eu queria que ele morresse logo, ...
e) negação e tempo. d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às famí-
lias.
Resposta: Letra E - “não” – advérbio de negação / “hoje” – ad-

77
e) E o inferno não atinge só os terminais. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
Resposta: Letra A - Em “a”: um câncer de boca horroroso = raiva, 2010.
adjetivo
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio


Site
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às famí-
lias = substantivo http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
php
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = substantivo

1. Acentuação
37)PC-SP - Oficial Administrativo – Vunesp-2014 – Em – Você
podia me dar os 25 centavos agora e evitar a humilhação Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
depois! –, os termos destacados expressam, respectiva- vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se dá
mente, circunstâncias de maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por isso,
vamos às regras!
a) afirmação e de afirmação.
Regras básicas
b) intensidade e de afirmação.
A acentuação tônica está relacionada à intensidade com
c) tempo e de tempo. que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se
dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tôni-
d) modo e de causa. ca. As demais, como são pronunciadas com menos intensi-
dade, são denominadas de átonas.
e) tempo e de modo.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
Resposta: Letra C - agora = advérbio de tempo / depois = ad- como:
vérbio de tempo.
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a úl-
tima sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel
38)Polícia Civil/SP – Perito Criminal – Vunesp-2013 - Observe
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba:
os enunciados:
útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
• A Guerra do Vietnã se faz presente até hoje.
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima sí-
laba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
• A probabilidade de um veterano branco ser preso por
um crime violento é significativamente mais alta do que...
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são os
chamados monossílabos. Estes são acentuados quando tôni-
Os advérbios em destaque expressam, respectivamente,
cos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
circunstâncias de

a) lugar e modo.
1.2 Os acentos
b) tempo e intensidade.
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, “u”
e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen-
c) modo e intensidade.
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, públi-
co. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade,
d) tempo e causa.
timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
e) tempo e modo.
B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra E - “Hoje” = tempo; geralmente os advérbios


tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
terminados em “-mente” são de modo (= com significância).
C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Referências bibliográficas
D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em palavras derivadas de nomes próprios estrangei-

78
ros: mülleriano (de Müller)
Antes Agora
E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais assembléia assembleia
nasais: oração – melão – órgão – ímã
idéia ideia
1.2.1 Regras fundamentais geléia geleia
jibóia jiboia
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas ter-
minadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu- apóia (verbo apoiar) apoia
ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. paranóico paranoico
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:

Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, segui- 1.2.3 Acento Diferencial
dos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, segui- acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para di-
das de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo ferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras e/
ou tempos verbais. Por exemplo:
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas ter-
minadas em: Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do
Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do
i, is: táxi – lápis – júri mesmo verbo).

us, um, uns: vírus – álbuns – fórum Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: ter-
minada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, mas
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, para
que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Os demais casos de acento diferencial não são mais uti-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não lizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substantivo),
de “s”: água – pônei – mágoa – memória pelo (preposição). Seus significados e classes gramaticais são
definidos pelo contexto.

#FicaDica Polícia para o trânsito para que se realize a operação pla-


Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que nejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, conjunção
esta palavra apresenta as terminações das paro- (com relação de finalidade).
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui in-
clua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais
fácil a memorização!
#FicaDica
Quando, na frase, der para substituir o “por” por
“colocar”, estaremos trabalhando com um ver-
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando a bo, portanto: “pôr”; nos demais casos, “por” é
sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quan- preposição: Faço isso por você. / Posso pôr (co-
to à regra de acentuação: todas as proparoxítonas são locar) meus livros aqui?
acentuadas, independentemente de sua terminação:
árvore, paralelepípedo, cárcere.
1.2.4 Regra do Hiato

1.2.2 Regras especiais Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segunda
vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá acento:
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos aber- saída – faísca – baú – país – Luís
tos), que antes eram acentuados, perderam o acento de acor-
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
do com a nova regra, mas desde que estejam em palavras pa- seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
LÍNGUA PORTUGUESA

roxítonas.
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
FIQUE ATENTO! Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
estiverem em uma palavra oxítona (herói) ou
monossílaba (céu) ainda são acentuados: dói, Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
escarcéu. precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba

79
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando Referências bibliográficas
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
feiúra feiura raiva, 2010.
Sauípe Sauipe
Site
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abo-
lido: http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
htm
Antes Agora
crêem creem EXERCÍCIO COMENTADO
lêem leem
1) CEMIG – Médico do Trabalho – FUMARC-2017
vôo voo
Ortografia é assunto legislado, lembra-nos o linguista Pos-
enjôo enjoo senti. Assim, de acordo com o novo Acordo Ortográfico,
em vigor desde 2009, a afirmativa INCORRETA é:
#FicaDica
a) Aboliu-se o uso do trema nos dígrafos – güe, güi, qüe, qüi –
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos em itens como “linguiça”, “linguística”, “frequência”, “elo-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não rece- quente”.
bem mais acento como antes: CRER, DAR, LER
e VER. b) Caiu o acento diferencial em pares como “para” (verbo) /
“para” (preposição), “pelo” (substantivo) / “pelo” (preposi-
ção + artigo).
Repare:
c) Os itens lexicais “hiper-resistente”, “anti-inflamatório”,
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. “hiper-sensibilidade”, “auto-estima”, “aero-espacial” man-
tiveram o hífen.
Elza lê bem! / Todas leem bem!
d) Palavras como “assembléia”, “idéia”, “jóia” - com ditongo
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os ga- aberto (-ÉI, -ÓI, -ÉU) seguido de hiato, e itens como “en-
rotos deem o recado! jôo”, “crêem”, com hiatos ôo e êe, perderam o acento gráfi-
co.
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Resposta: Letra C - Vamos aos itens (lembre-se de que o exer-
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à tar- cício quer o incorreto):
de!
Em “a”: Aboliu-se o uso do trema nos dígrafos – güe, güi, qüe,
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, qüi – em itens como “linguiça”, “linguística”, “frequência”, “elo-
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” quente”. = correto
não serão mais acentuadas:
Em “b”: Caiu o acento diferencial em pares como “para” (ver-
bo) / “para” (preposição), “pelo” (substantivo) / “pelo” (preposi-
Antes Depois ção + artigo). = correto
apazigúe (apaziguar) apazigue
Em “c”: Os itens lexicais “hiper-resistente”, “anti-inflamatório”,
averigúe (averiguar) averigue “hiper-sensibilidade”, “auto-estima”, “aero-espacial” manti-
veram o hífen. = “autoestima” e “aeroespacial” não têm mais
argúi (arguir) argui
LÍNGUA PORTUGUESA

hífen
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa do Em “d”: Palavras como “assembléia”, “idéia”, “jóia” - com diton-
plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir). go aberto (-ÉI, -ÓI, -ÉU) seguido de hiato, e itens como “enjôo”,
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, “crêem”, com hiatos ôo e êe, perderam o acento gráfico. = corre-
deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles obtêm, to (lembrando que essa regra é para paroxítonas; monossíla-
ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. bas e oxítonas mantiveram o acento nos ditongos abertos: céu,
escarcéu, herói)

80
1. Ortografia marte - marciano / infrator - infração / absorto – ab-
sorção.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem ter as B) O fonema z
letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são grafados
segundo acordos ortográficos. São escritos com S e não Z

A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender  Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substan-
ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, fami- tivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
liarizando-se com elas. O conhecimento das regras é neces- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
sário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, em alguns
casos, há necessidade de conhecimento de etimologia (ori-  Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
gem da palavra). fose.

 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,


1.1 Regras ortográficas quiseste.

A) O fonema S  Nomes derivados de verbos com radicais terminados


em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender
São escritas com S e não C/Ç - empresa / difundir – difusão.

 Palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
/ expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter
- inversão / aspergir - aspersão / submergir - submer-  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
são / divertir - diversão / impelir - impulsivo / compe-
lir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer - recurso /  Verbos derivados de nomes cujo radical termina com
discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir – con- “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
sensual.
São escritos com Z e não S
São escritos com SS e não C e Ç
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir
ou -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso não termine com s): final - finalizar / concreto – concretizar.
/ percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir -
opressão / comprometer - compromisso / submeter –  Consoante de ligação se o radical não terminar com
submissão. “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal

 Quando o prefixo termina com vogal que se junta com Exceção: lápis + inho – lapisinho.
a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - as-
simétrico / re + surgir – ressurgir. C) O fonema j

 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- São escritas com G e não J


plos: ficasse, falasse.
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Exceção: pajem.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,  Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, lití-
LÍNGUA PORTUGUESA

esperança, carapuça, dentuço. gio, relógio, refúgio.

 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-  Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. mugir.

 Após ditongos: foice, coice, traição.  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
gir.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):

81
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical termina-
do com j: ágil, agente. #FicaDica
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à or-
São escritas com J e não G tografia de uma palavra, há a possibilidade de
consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. Portuguesa (VOLP), elaborado pela Academia
Brasileira de Letras. É uma obra de referência
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, até mesmo para a criação de dicionários, pois
manjerona. traz a grafia atualizada das palavras (sem o sig-
nificado). Na Internet, o endereço é www.acade-
 Palavras terminadas com aje: ultraje. mia.org.br.
D) O fonema ch
Informações importantes
São escritas com X e não CH
Formas variantes são as que admitem grafias ou pronún-
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, cias diferentes para palavras com a mesma significação: alu-
guel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, dependurar/
xucro.
pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, infarto/enfarte, louro/
loiro, percentagem/porcentagem, relampejar/relampear/re-
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- lampar/relampadar.
tixa.
Os símbolos das unidades de medida são escritos sem
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plural, sem
espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km, 120km/h.
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra
iniciada com ch - Cheio - (enchente) Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
São escritas com CH e não X 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
quatro segundos).
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
E) As letras “e” e “i” vertical ($).

 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com Alguns Usos Ortográficos Especiais
“i”, só o ditongo interno cãibra.
Por que / por quê / porquê / porque
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
POR QUE (separado e sem acento)
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos
com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: É usado em:
trai, dói, possui, contribui.
1. interrogações diretas (longe do ponto de interrogação)
= Por que você não veio ontem?
FIQUE ATENTO!
Há palavras que mudam de sentido quando 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale a
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por que
(superfície), ária (melodia) / delatar (denun- faltara à aula ontem.
ciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à tona),
imergir (mergulhar) / peão (de estância, que 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = Ig-
anda a pé), pião (brinquedo). noro o motivo por que ele se demitiu.

POR QUÊ (separado e com acento)


LÍNGUA PORTUGUESA

Usos:

1. como pronome interrogativo, quando colocado no fim


da frase (perto do ponto de interrogação) = Você faltou.
Por quê?

2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por quê?

82
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) Site

Usos: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
tografia
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita
(pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto final) =
Compre agora, porque há poucas peças.
EXERCÍCIO COMENTADO
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu porque
se antecipou. 1) (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advogado –
FUMARC-2016)
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
Também será o último dia para conferir a peça “Cazuza
Usos: - Pro Dia Nascer Feliz, O Musical”. Com direção de João
Fonseca, o texto resgata a tragetória do cantor, que é inter-
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão” pretado por Emílio Dantas.
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Geral-
mente é precedido por artigo = Não sei o porquê da http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/12/
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 1 5 6 4 9 3 4 - p re p a re - s e - d o m i n g o - e a - u l t i m a - c h a n -
ce-de-ver-cazuza-e-terca-insana-em-sp.shtml
ONDE / AONDE
No texto acima, há um erro de:
Onde = empregado com verbos que não expressam a
ideia de movimento = Onde você está? a) Sintaxe.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos que
b) Regência.
expressam movimento = Aonde você vai?

MAU / MAL c) Ortografia.

Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se como d) Concordância.


qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mau elemento.
Resposta: Letra C - O período apresenta um erro ortográfico:
Mal = pode ser usado como trajetória (e não “tragetória”).

1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, “logo


que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 1.2 Hífen
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi mal O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
na prova? ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presiden-
te, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe-
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou receram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a transli-
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal não neação de palavras, isto é, no fim de uma linha, separar uma
compensa.
palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).

Referências bibliográficas A) Uso do hífen que continua depois da Reforma Orto-


gráfica:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 1. Em palavras compostas por justaposição que formam
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, unem para formam um novo significado: tio-avô, por-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- to-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segun-
raiva, 2010. da-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primei-
LÍNGUA PORTUGUESA

ro-ministro, azul-escuro.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoo-
lógicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbo-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, ra-menina, erva-doce, feijão-verde.
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira You-
sseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e
2002. sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-
-casado.

83
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
exceções continuam por já estarem consagradas pelo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação,
pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus- autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, pluria-
-dará. nual, autoescola, infraestrutura, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês”
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com- e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: desu-
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, mano, inábil, desabilitar, etc.
Angola-Brasil, etc.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
quando associados com outro termo que é iniciado coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, ção, coexistir, etc.
etc.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para-
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. quedista, etc

8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. benquerer, benquerido, etc.

9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-


-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.

10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo FIQUE ATENTO!
termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi- correspondentes átonas, aglutinam-se com o
-hospitalar, super-homem. elemento seguinte, não havendo hífen: pospor,
predeterminar, predeterminado, pressuposto,
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo propor.
termina com a mesma vogal do segundo elemento:
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-
vação, etc. -infeccioso, auto-observação, contra-ataque,
semi-interno, sobre-humano, super-realista,
O hífen é suprimido quando para formar outros termos: alto-mar.
reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirrefor-
ma, antisséptico, antissocial, contrarreforma,
minirrestaurante, ultrassom, antiaderente,
#FicaDica anteprojeto, anticaspa, antivírus, autoajuda,
Lembrete da Zê! autoelogio, autoestima, radiotáxi.
Ao separar palavras na translineação (mudan-
ça de linha), caso a última palavra a ser escri-
ta seja formada por hífen, repita-o na próxima
linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório e, Referência bibliográfica
ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima linha
escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
linhas). Devido à diagramação, pode ser que a coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
repetição do hífen na translineação não ocorra
em meus conteúdos, mas saiba que a regra é
esta! Site

http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
tografia
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Não se emprega o hífen:

1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter- 1. CRASE


mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais idênti-
antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, cas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com o artigo
minissaia, microrradiografia, etc. feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pronomes de-
monstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com o “a” per-

84
tencente ao pronome relativo a qual (as quais). Casos estes
em que tal fusão encontra-se demarcada pelo acento grave ( FIQUE ATENTO!
` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às quais. Nas situações em que o nome geográfico se
apresentar modificado por um adjunto adno-
O uso do acento indicativo de crase está condicionado minal, a crase está confirmada.
aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e nomi-
nal, mais precisamente ao termo regente e termo regido. Ou Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de
suas praias.
seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige comple-
mento regido pela preposição “a”, e o termo regido é aquele
que completa o sentido do termo regente, admitindo a ante-
posição do artigo a(s).
#FicaDica
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- Lembrete da Zê!
tratada recentemente. Ao separar palavras na translineação (mudan-
ça de linha), caso a última palavra a ser escri-
Após a junção da preposição com o artigo (destacados ta seja formada por hífen, repita-o na próxima
entre parênteses), temos: linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório e,
ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima linha
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as
recentemente. linhas). Devido à diagramação, pode ser que a
repetição do hífen na translineação não ocorra
em meus conteúdos, mas saiba que a regra é
esta!
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, classi-
fica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos
a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o artigo
FIQUE ATENTO!
feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome demons-
trativo aquela (àquela). Quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. =
mesmo que, pela regrinha acima, seja a do
Observações importantes: “VOLTO DE”

Alguns recursos servem de ajuda para que possamos con- Irei à Salvador de Jorge Amado.
firmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:

 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina


equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase está
confirmada. A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), aque-
la(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo regente
Os dados foram solicitados à diretora. exigir complemento regido da preposição “a”.

Os dados foram solicitados ao diretor. Entregamos a encomenda àquela menina.

(preposição + pronome demonstrativo)

 No caso de nomes próprios geográficos, substitui-


-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres-
são “voltar da”, há a confirmação da crase. Iremos àquela reunião.

Faremos uma visita à Bahia. (preposição + pronome demonstrativo)

Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)


LÍNGUA PORTUGUESA

Sua história é semelhante às que eu ouvia quando criança.


(àquelas que eu ouvia quando criança)
Não me esqueço da viagem a Roma.
(preposição + pronome demonstrativo)
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos jamais
vividos.

85
A letra “a” que acompanha locuções femininas (adver- Casos em que não se admite o emprego da crase:
biais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento grave:

 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às


pressas, à vontade... Antes de vocábulos masculinos.

 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
de...
Esta caneta pertence a Pedro.
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.

Antes de verbos no infinitivo.


Cuidado: quando as expressões acima não exercerem a
função de locuções não ocorrerá crase. Repare: Ele estava a cantar.

Eu adoro a noite! Começou a chover.

Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer objeto


direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não preposição.
Antes de numeral.

O número de aprovados chegou a cem.


Casos passíveis de nota:
Faremos uma visita a dez países.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.

 Também é facultativa diante de pronomes possessi- Observações:


vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fica- cionando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá
rá aberta até as (às) dezoito horas. crase: Os passageiros partirão às dezenove horas.

 Constata-se o uso da crase se as locuções prepositivas  Diante de numerais ordinais femininos a crase está
à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas, mesmo confirmada, visto que estes não podem ser empregados sem
diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por comprar sa- o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira aluna
patos à Luis XV. (à moda de Luís XV) da classe.

 Não se efetiva o uso da crase diante da locução adver-  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
bial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos a quei- essa não se apresentar determinada: Chegamos todos exaus-
ma de fogos a distância. tos a casa.

Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma lo- Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto adno-
cução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi arremes- minal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaustos à
sado à distância de cem metros. casa de Marcela.

 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,  Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
faz-se necessário o emprego da crase. indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a ter-
ra, já era noite.
Ensino à distância.
LÍNGUA PORTUGUESA

Contudo, se o termo estiver precedido por um determi-


Ensino a distância. nante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.

 Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti- Paulo viajou rumo à sua terra natal.
das, não há ocorrência da crase.
O astronauta voltou à Terra.
Ela ficou frente a frente com o agressor.

Eu o seguirei passo a passo.

86
 Não ocorre crase antes de pronomes que requerem D. O personagem refere-se à uma maneira de se portar com
o uso do artigo. relação ao tempo.

Os livros foram entregues a mim. E. O personagem revelou à pessoa com quem conversava
que jogava o tempo fora.
Dei a ela a merecida recompensa.

Aos itens:
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o uso da Em “a”: evita considerar à internet = a internet (objeto direto)
crase está confirmado no “a” que os antecede, no caso de o
termo regente exigir a preposição. Em “b”: tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem acento
grave indicativo de crase antes de verbo no infinitivo)
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
Em “c”: tinha um comportamento indiferente à qualquer in-
 Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado fluência = a qualquer (antes de pronome indefinido)
em sentido genérico ou indeterminado:
Em “d”: refere-se à uma maneira = a uma (antes de artigo in-
Estamos sujeitos a críticas. definido)

Refiro-me a conversas paralelas. Em “e”: O personagem revelou à pessoa com quem conversava
que jogava o tempo fora = revelou o quê? que jogava o tempo
fora; revelou a quem? à pessoa (objeto indireto, com preposi-
ção) = correta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GABARITO OFICIAL: E
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, 02. PM-SP - Soldado de 2.ª Classe – Vunesp-2017 Assi-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- nale a alternativa que preenche, correta e respectivamen-
raiva, 2010. te, as lacunas do texto a seguir.

Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendimento


_____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo, o médico
SITE oncologista Drauzio Varella chega ao fim de uma trilogia
com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Estação Carandiru”
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.html (1999), que mostra ________ entranhas daquela que foi
________maior prisão da América Latina, e de “Carcerei-
ros” (2012), sobre os funcionários que trabalham no sis-
tema prisional, Varella agora faz um retrato das detentas
EXERCÍCIO COMENTADO da Penitenciária Feminina da Capital, também na capital
paulista, onde cumprem pena mais de duas mil mulheres.

(https://oglobo.globo.com. Adaptado)

01. Polícia Militar do Estado de São Paulo - Soldado A. à … às … a


PM 2.ª Classe – Vunesp/2017 O acento indicativo de
crase está empregado corretamente em: B. a … as … a

A. O personagem evita considerar à internet responsável por C. a … às … a


suas atitudes.
LÍNGUA PORTUGUESA

D. à … às … à
B. O personagem reconheceu que já tinha uma propensão à E. a … as … à
jogar o tempo fora.

C. O personagem tinha um comportamento indiferente à

qualquer influência da internet.

87
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendimento 04. IPSM-SP - Assistente de Gestão Municipal - Vu-
a (preposição – regência nominal de “atendimento”, mas sem nesp-2018 De acordo com a norma-padrão, o acento in-
acento grave por estar diante de palavra masculina) presos da dicativo da crase está corretamente empregado em:
Casa de Detenção, em São Paulo, o médico oncologista Drau-
zio Varella chega ao fim de uma trilogia com o livro “Prisio- A. O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de talen-
neiras”. Depois de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as to: quem não tem, não vai nunca aprender.
(objeto direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela que foi a
(artigo definido) maior prisão da América Latina, e de “Carce- B. A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada pela
reiros” (2012), sobre os funcionários que trabalham no sistema clareza e precisão, afastando o leitor da confusão
prisional, Varella agora faz um retrato das detentas da Peni-
ou tédio.
tenciária Feminina da Capital, também na capital paulista,
onde cumprem pena mais de duas mil mulheres. C. De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um te-
cido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
Teremos: a / as / a.
D. Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões seme-
GABARITO OFICIAL: B lhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.

E. Também não estamos falando só de correção gramatical e


ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento.
03. Câmara Municipal de Dois Córregos-SP - Oficial de
Atendimento e Administração – Vunesp-2018 Assi-
nale a alternativa em que o acento indicativo de crase está
empregado corretamente. Em “a”: O leitor aludiu à escrita = correta (regência do verbo
“aludir” pede preposição)
A. Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer com
dores de cabeça. Em “b”: A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a uma
(antes de artigo indefinido)
B. Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episódios
de nosso passado. Em “c”: De parte à parte = parte a parte (entre palavras repe-
tidas)
C. Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito difícil à
determinadas pessoas. Em “d”: Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões = a
conclusões (antes de palavra no plural e o “a” está “sozinho” =
D. Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente os somente preposição)
momentos dolorosos.
Em “e”: Estamos nos referindo à pensamento = a pensamento
E. Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsideramos (palavra masculina)
o que ela traz de bom.
GABARITO OFICIAL: A

Aos itens:
05. Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes-SP - Au-
Em “a”: chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no infinitivo xiliar de Apoio Administrativo - Vunesp-2018
não se usa acento grave)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos Es-
Em “b”: que nos fazem voltar à episódios = a episódios (pala- tados Unidos deu origem _______ algumas das maiores
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vanderbilt
vra masculina e no plural)
e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e aço,
obtendo um grande retorno, e passaram _________ osten-
Em “c”: pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas = a
tar sua riqueza. O período ficou conhecido como Era Dou-
determinadas (palavra no plural e presença só da preposição)
rada. A desigualdade nunca foi tão grande – até agora. É o
que mostra um relatório da UBS, companhia de serviços
Em “d”: Ela referiu-se à vontade = correta (quem se refere, refe-
LÍNGUA PORTUGUESA

financeiros, feito em parceria com a consultora PwC.


re-se a algo ou a alguém)
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada acon-
Em “e”: Ao nos atermos à uma experiência = a uma (antes de
teceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual começou
artigo indefinido) em 1980 e deve se estender pelos próximos 10 a 20 anos,
prolongada pelo desempenho econômico da Ásia e de ne-
GABARITO OFICIAL: D gócios ligados ________ tecnologia.

(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)

88
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto C) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem
devem ser preenchidas, respectivamente, com: tudo!

A. a … a … a D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se esfor-


çou.
B. à … à … à
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportunidade.
C. a … à … à
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
D. à … à … a

E. a … a … à
 Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Quem lhe disse isso?

Vamos aos trechos:  Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan-


to se ofendem!
a rápida industrialização nos Estados Unidos deu origem a
algumas das maiores fortunas = antes de pronome indefinido  Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Que Deus o ajude.
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo no infini-
tivo  A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o material ama-
e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal de “liga-
nhã. / Tu sabes cantar?
dos” pede preposição

GABARITO OFICIAL: E
1.2 Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
verbo. A mesóclise é usada:
1. COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos do pretérito, contanto que esses verbos não estejam prece-
pronomes oblíquos átonos na frase. didos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Realizar-
-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol da paz
no mundo.

Repare que o pronome está “no meio” do verbo “realizará”: realizar


#FicaDica – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra que justificasse o uso da
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função próclise, esta prevaleceria.Veja: Não se realizará...
de complemento verbal (objeto). Por isso, me-
morize: Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
OBlíquo = OBjeto!
(com presença de palavra que justifique o uso de prócli-
se: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanharia
nessa viagem).
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes
não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser
observadas na linguagem escrita.
1.3 Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A ênclise é
usada quando a próclise e a mesóclise não forem possíveis:

1.1 Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.  Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
A próclise é usada:
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando eu avisar, silenciem-se todos.

 Quando o verbo estiver precedido de palavras que  Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Não era minha intenção machucá-la.
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, ja-  Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
mais, etc.: Não se desespere! inicia período com pronome oblíquo).
B) Advérbios: Agora se negam a depor.

89
Vou-me embora agora mesmo.
#FicaDica
Levanto-me às 6h. Dica da Zê!

 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig-
no concurso, mudo-me hoje mesmo! nifica “antes”! Pronome antes do verbo!
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, / nd/ (end, em
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a Inglês – que significa “fim, final!). Pronome de-
proposta fazendo-se de desentendida. pois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo

Colocação pronominal nas locuções verbais

 Após verbo no particípio = pronome depois do ver-


bo auxiliar (e não depois do particípio): REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Tenho me deliciado com a leitura! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Eu tenho me deliciado com a leitura!
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja,
Eu me tenho deliciado com a leitura!
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010.
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e
nas locuções verbais:

Vamos nos unir! SITE


Iremos nos manifestar. http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
-pronominal-.html
 Quando há um fator para próclise nos tempos
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar (e
não: “não nos vamos preocupar”).
EXERCÍCIO COMENTADO

Emprego de o, a, os, as

 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os 01. Polícia Militar do Estado de São Paulo - Soldado
pronomes: o, a, os, as não se alteram. PM 2.ª Classe – Vunesp/2017

Chame-o agora. “Efeito Google” muda uso da memória humana

Deixei-a mais tranquila. Pense rápido: qual o número de telefone da casa em que morou
quando era criança? E o celular das pessoas com quem tem tro-
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan- cado mensagens recentemente? Por certo, foi mais fácil respon-
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: der à primeira pergunta do que à segunda – mas você não está
sozinho. Estudos científicos chamam esse fenômeno de “efeito
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. Google” ou “amnésia digital”, um sintoma de um comporta-
mento cada vez mais comum: o de confiar o armazenamento
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. de dados importantes aos nossos dispositivos eletrônicos e à
internet em vez de guardá-los na cabeça.
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
LÍNGUA PORTUGUESA

em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-núme-
na, nos, nas. ro de informações. Segundo Adrian F. Ward, da Universi-
dade de Austin, nos Estados Unidos, o acesso rápido e a
Chamem-no agora. quantidade de textos fazem com que o cérebro humano
não considere útil gravar esses dados, uma vez que é fácil
Põe-na sobre a mesa. encontrá-los de novo rapidamente. “É como quando con-
sultamos o telefone de uma loja: após discar e fazer a liga-
ção, não precisamos mais dele”, explica Paulo Bertolucci,

90
da Unifesp. D. Mas só uma biografia de verdade oferece o quadro com-
pleto. Mas só uma biografia de verdade oferece-lo.
É o que mostra também uma pesquisa recente conduzida
pela empresa de segurança digital Kaspersky, realizada E. ... ligaram os instrumentos no volume máximo... ... liga-
com 6 mil pessoas em países da União Europeia. Ao ram-nos no volume máximo...
receberem uma questão, 57% dos entrevistados tentam
sugerir uma resposta sozinhos, mas 36% usam a internet
para elaborar sua resposta. Além disso, 24% de todos os
entrevistados admitiram esquecer a informação logo Vamos aos itens:
após utilizá-la para responder à pergunta – o que gerou a
expressão “amnésia digital”. Em “a”: usar as armas de um biógrafo mas só se ela usar-las
= usá-las
Para Bertolucci, no entanto, o conceito é incorreto. “Amnésia
significa esquecer-se de algo; na ‘amnésia digital’, a pessoa Em “b”: publicassem suas memórias. publicassem-as = pu-
não chega nem a aprender e, portanto, não consegue es- blicassem-nas
quecer algo que escolheu nem lembrar.”
Em “c”: publicar um livro delicioso acaba de publicar-lhe =
(Bruno Capelas. O Estado de S.Paulo, 06.06.2016. Adaptado) publicá-lo

A forma pronominal -los, destacada ao final do primeiro pa- Em “d”: oferece o quadro completo oferece-lo = oferece-o
rágrafo, retoma a expressão
Em “e”: ligaram os instrumentos ligaram-nos = correta
A. armazenamento de dados.
GABARITO OFICIAL: E
B. nossos dispositivos eletrônicos.

C. estudos científicos.
03. PM-SP - Soldado de 2.ª Classe – Vunesp-2017 Assi-
D. dados importantes. nale a alternativa em que o trecho está reescrito conforme
a norma-padrão da língua portuguesa, com a expressão
E. dispositivos eletrônicos e internet. destacada substituída pelo pronome correspondente.

A. ... o prazer de contar aquelas histórias... ... o prazer de


contar-nas...
O pronome oblíquo “lo” exerce a função de objeto direto,
complementando o verbo “guardar”. Voltemos ao texto para B. ... meio século sem escrever livros. ... meio século sem
identificarmos qual termo ele retoma: (...) o de confiar o ar- escrevê-los.
mazenamento de dados importantes aos nossos dispositivos
eletrônicos e à internet em vez de guardá-los na cabeça. = con- C. ... puxo a mesinha... ... puxo-lhe...
fiamos o armazenamento de dados à internet e não os guar-
damos na cabeça. D. ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He-
mingway... ... livro que reúne-as...
GABARITO OFICIAL: D
E. O médico que atendia pacientes... O médico que lhe
atendia...

02. Polícia Militar do Estado de São Paulo - Soldado


PM 2.ª Classe – Vunesp/2017 Assinale a alternativa em
que o trecho está reescrito conforme a norma-padrão da Aos itens:
língua, com a expressão em destaque corretamente subs-
tituída pelo pronome. Em “a”: contar aquelas histórias = contá-las (objeto direto)

A. ... mas só se ela usar as armas de um biógrafo... ... mas só Em “b”: sem escrever livros = sem escrevê-los (correta)
LÍNGUA PORTUGUESA

se ela usar-las...
Em “c”: puxo a mesinha = puxo-a (objeto direto)
B. ... gostaria que mais cantores publicassem suas memórias.
Em “d”: reúne entrevistas e textos de Ernest Hemingway = que
... gostaria que mais cantores publicassem-as.
as reúne (o “que” atrai o pronome oblíquo)
C. Rita Lee acaba de publicar um livro delicioso... Rita Lee
Em “e”: que atendia pacientes = que os atendia (objeto direto)
acaba de publicar-lhe ...
GABARITO OFICIAL: B

91
1. INTERTEXTUALIDADE Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é mui-
to utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia. Aqui
o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto pri-
mitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido
Intertextualidade acontece quando há uma referência principal do texto, que é a saudade da terra natal.
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, fil-
me, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocor-
re a intertextualidade. 1.2 Paródia

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o ob- A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar ou-
jeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor tros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por
do texto citado é indicado; já na forma implícita, a indicação é isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das
oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do tex-
mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando to original é retomada para transformar seu sentido, leva o
há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas
afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. anteriormente. Com esse processo há uma indagação sobre
Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia. os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, con-
cebida através do raciocínio e da crítica. Os programas hu-
morísticos fazem uso contínuo dessa arte. Frequentemente
os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
1.1 Paráfrase e contestadora, provocando risos e também reflexão a res-
peito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do tex- mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma
to é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, paródia.
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado
por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfra-
se & Cia” (p. 23): Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Texto Original Onde canta o sabiá,

Minha terra tem palmeiras As aves que aqui gorjeiam

Onde canta o sabiá, Não gorjeiam como lá.

As aves que aqui gorjeiam (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Paródia

Minha terra tem palmares

Paráfrase onde gorjeia o mar

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos os passarinhos daqui

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. não cantam como os de lá.

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).


Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu tão esquecido de minha terra...


O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui
Ai terra que tem palmeiras a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial
neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi
Onde canta o sabiá! dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto pri-
mitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
no Brasil.

92
Tipos de Discurso “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com
a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado.
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam Que pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!”
eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prá-
tica social. A análise de um discurso deve, portanto, conside- “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entre-
rar o contexto em que se encontra, assim como as persona- tanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado)
gens e as condições de produção do texto.
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos ir-
de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discur- mãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)
so indireto livre. Não necessariamente estes três discursos
estão separados, eles podem aparecer juntos em um texto.
Dependerá de quem o produziu.
Verbos de Elocução

Chamam-se verbos de elocução – ou discendi – aqueles


Discurso Direto que introduzem o diálogo (característica do discurso direto),
denotam o ato de falar. Os principais verbos discendi são: di-
Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É zer, responder, perguntar, inquirir, mandar, afirmar.
o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que
traços da fala e da personalidade das personagens sejam
destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz
fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar, Passagem do Discurso Direto para o Indireto
perguntar, entre outros, servem para que as falas das per-
sonagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em
uma peça teatral. Travessões, dois pontos, aspas e exclama-
Direto:
ções são muito comuns durante a reprodução das falas.
O delegado afirmou:
O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis
que suspira lá na língua dele:
- Não confio em ninguém.
- Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...

- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!


Indireto

O delegado afirmou que não confiava em ninguém.


Discurso Indireto

O narrador conta a história e reproduz fala e reações das


Direto:
personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa.
Neste caso, o narrador utiliza-se de palavras suas para repro-
O rapaz garantiu:
duzir aquilo que foi dito pela personagem.
- Farei a revisão do texto.
“Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de
Assis)

“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo Indireto:


cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mes-
mo se o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da mas- O rapaz garantiu que faria a revisão do texto.
morra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)
LÍNGUA PORTUGUESA

SITE:
Discurso Indireto Livre
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/
O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta
a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo
com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma
mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se
fundem.

93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Observação:

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A antonímia pode se originar de um prefixo de sentido
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e antipá-
tico; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e inativo;
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, esperar e desesperar; comunista e anticomunista; simétrico e
Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Sa- assimétrico.
raiva, 2010.

Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática


– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa 1.3 Homônimos e Parônimos
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
 Homônimos = palavras que possuem a mesma
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
Podem ser

SEMÂNTICA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDO; A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e diferen-


SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, tes na pronúncia:
PARONÍMIA, POLISSEMIA; DENOTAÇÃO E
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher (subst.);
CONOTAÇÃO; FIGURAS DE LINGUAGEM.
jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e denuncia (ver-
bo); providência (subst.) e providencia (verbo).

1. SIGNIFICADO DAS PALAVRAS


B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e dife-
rentes na escrita:
Semântica é o estudo da significação das palavras e das
suas mudanças de significação através do tempo ou em de-
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar)
terminada época. A maior importância está em distinguir si-
e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (arreio);
nônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e homônimos
censo (recenseamento) e senso (juízo); paço (palácio) e passo
e parônimos (homonímia / paronímia).
(andar).

1.1 Sinônimos
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando,
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, em
 Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
deteminado enunciado (aguadar e esperar).
porém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de vime;
cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o almoço),
Observação: eminente (ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
A contribuição greco-latina é responsável pela existência “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento (medida)
de numerosos pares de sinônimos: adversário e antagonista; e cumprimento (saudação), autuar (processar) e atuar (agir),
translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contraveneno infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e
e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; transformação e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir som), apren-
LÍNGUA PORTUGUESA

metamorfose; oposição e antítese. der (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de), tráfi-
co (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movimento, trânsito),
mandato (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
1.2 Antônimos

São palavras que se opõem através de seu significado: ordem -


anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.

94
1.4 Hiperonímia e Hiponímia A) Denotação

Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem a Uma palavra é usada no sentido denotativo quando apre-
um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipôni- senta seu significado original, independentemente do con-
mo uma palavra de sentido mais específico; o hiperônimo, texto em que aparece. Refere-se ao seu significado mais obje-
mais abrangente. tivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas
vezes associado ao primeiro significado que aparece nos di-
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipônimo, criando, cionários, sendo o significado mais literal da palavra.
assim, uma relação de dependência semântica. Por exemplo: Veícu-
los está numa relação de hiperonímia com carros, já que veículos é A denotação tem como finalidade informar o receptor da
uma palavra de significado genérico, incluindo motos, ônibus, cami- mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um caráter
nhões.Veículos é um hiperônimo de carros. prático. É utilizada em textos informativos, como jornais, re-
gulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos,
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, por exemplo,
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utiliza- em seu sentido denotativo é apenas um pedaço de madeira.
ção correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a re- Outros exemplos:
petição desnecessária de termos.
O elefante é um mamífero.

As estrelas deixam o céu mais bonito!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-


coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. B) Conotação

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apresenta
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, depen-
raiva, 2010. dendo do contexto em que esteja inserida, referindo-se a sentidos,
associações e ideias que vão além do sentido original da palavra,
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação ampliando sua significação mediante a circunstância em que a
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. mesma é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por- pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei pau no
tuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. concurso).

A conotação tem como finalidade provocar sentimentos


no receptor da mensagem, através da expressividade e afe-
SITE tividade que transmite. É utilizada principalmente numa
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
blicitários, entre outros. Exemplos:

Você é o meu sol!


1. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Minha vida é um mar de tristezas.

Você tem um coração de pedra!


Exemplos de variação no significado das palavras:

Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido lite-


ral) #FicaDica
Procure associar Denotação com Dicionário:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido fi-


trata-se de definição literal, quando o termo
gurado)
é utilizado com o sentido que consta no
dicionário.
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

As variações nos significados das palavras ocasionam o


sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo (co-
notação) das palavras.

95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- polissemia porque os diferentes significados para a palavra
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra polis-
sêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto, o texto
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, de uma canção ou a caligrafia de um determinado indivíduo.
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
Neste caso, os diferentes significados estão interligados por-
raiva, 2010.
que remetem para o mesmo conceito, o da escrita.

SITE
Polissemia e ambiguidade
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
cao/ Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na interpre-
tação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser ambíguo, ou
seja, apresentar mais de uma interpretação. Esta ambiguidade pode
ocorrer devido à colocação específica de uma palavra (por exemplo,
1. POLISSEMIA um advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:

Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir mul- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequente-
tiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de um mente são felizes.
contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, mas
que abarca um grande número de significados dentro de seu Neste caso podem existir duas interpretações diferentes:
próprio campo semântico.
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são felizes
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo perce-
ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
bemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo.
Possibilidades de várias interpretações levando-se em con-
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
sideração as situações de aplicabilidade. Há uma infinidade
de exemplos em que podemos verificar a ocorrência da po- pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre-
lissemia: tação. Para fazer a interpretação correta é muito importante
saber qual o contexto em que a frase é proferida.
O rapaz é um tremendo gato.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção do
O gato do vizinho é peralta. enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, comici-
dade. Repare na figura abaixo:
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.

Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so-


brevivência

O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de com-


putadores e rede elétrica, por exemplo, temos em comum a
palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de “entrelaça-
mento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, que pode ser uti-
lizada representando “tecido”, “prisão” ou “jogo” – o sentido
comum entre todas as expressões é o formato quadriculado (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabe-
que têm. lo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia e homonímia Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, mas


duas seriam:
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signi- Corte e coloração capilar
ficados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
quando duas ou mais palavras com origens e significados ou
distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma homo-
nímia. Faço corte e pintura capilar

96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE

http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.htm

1. FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abril, 2018

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja por uma
relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São construções que
transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem nova.

1.1 Tipos de Figuras de Linguagem

1.1.2 Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro sig-
nificativo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Três pratos de trigo para três tigres tristes.

Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)

Quem com ferro fere com ferro será ferido.

97
Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum.
vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato mu-
lato democrático do litoral.” Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase acima,
uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma
Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na rústica e abandonada (e angustiadamente inútil), há uma compara-
forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam blem, ção subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil)
blem, blem. quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum.

Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras A Amazônia é o pulmão do mundo.


próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra) Em sua mente povoa só inveja.

1.1.3 Figuras de Palavras ou de Pensamento Metonímia (ou sinédoque)

É a substituição de um nome por outro, em virtude de


existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
Metáfora pode acontecer dos seguintes modos:

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtu- de ler a obra literária de Machado de Assis).
de da circunstância de que o nosso espírito as associa e per-
cebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da palavra Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As
fora de seu sentido normal. lâmpadas iluminam o mundo).

Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da


cruz. (= Não te afastes da religião).
Observação:
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Ha-
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, vana. (= Fumei um saboroso charuto).
em que o elemento comparativo não aparece.
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates
Seus olhos são como luzes brilhantes. tomou veneno).

O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu tra-
através do emprego da palavra como. balho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo).

Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Be-
beu todo o líquido que estava no cálice).
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a au-
sência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, quali- Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram
dade do que é semelhante. atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores).

Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada-
substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é a mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).
verdadeira metáfora.
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse
mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo).

Outros exemplos: Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às


ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chama-
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pes- das, não apenas uma mulher).
LÍNGUA PORTUGUESA

soa)
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Mi-
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que o nha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
poeta estabelece relações de semelhança entre um rio sub-
terrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a flui- Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns
dez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). astronautas foram à Lua).

Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá


para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).

98
Catacrese Antítese

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Consiste no emprego de palavras que se opõem quanto
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essencial-
de um termo específico para designar um conceito, toma-se mente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que
outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar algumas não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos.
palavras fora de seu sentido original. Exemplos: “asa da xíca- Observe os exemplos:
ra”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da mesa”, “braço da
cadeira”, “coroa do abacaxi”. “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

O corpo é grande e a alma é pequena.

Perífrase ou Antonomásia “Quando um muro separa, uma ponte une.”

Trata-se de uma expressão que designa um ser através de Não há gosto sem desgosto.
alguma de suas características ou atributos, ou de um fato
que o celebrizou. É a substituição de um nome por outro ou
por uma expressão que facilmente o identifique:
Paradoxo ou oximoro
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atrain-
do visitantes do mundo todo. É a associação de ideias, além de contrastantes,
contraditórias. Seria a antítese ao extremo.
A Cidade-Luz (=Paris)
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
O rei das selvas (=o leão)
Ouvimos as vozes do silêncio.

Observação:
Eufemismo
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
nome de antonomásia. Exemplos: É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando desagradável ou chocante.
o bem.
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem. (= morreu)

O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)

Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)

Sinestesia Faltar à verdade. (= mentir)

Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensa-


ções percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o cruza-
mento de sensações distintas. Ironia

Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = audi- É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
tivo; áspero = tátil) as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construída
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconteci- para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
mentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mínima.

Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que


estão por perto.

O governador foi sutil como um elefante.

99
Hipérbole O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
É a expressão intencionalmente exagerada com o intuito céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos.
de realçar uma ideia. Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos:
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) amor”. (Olavo Bilac)

O concurseiro quase morre de tanto estudar! “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-
-se.” (Padre Antônio Vieira)

Prosopopeia ou Personificação
Elipse
É a atribuição de ações ou qualidades de seres animados
a seres inanimados, ou características humanas a seres não Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração
humanos. Observe os exemplos: e que podem ser facilmente identificados, tanto por elemen-
tos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo
As pedras andam vagarosamente. contexto.

O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego A catedral da Sé. (a igreja catedral)
que guia.
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao estádio)
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.

Chora, violão.
Zeugma

Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a


1.1.4 Figuras de Construção ou de Sintaxe omissão de um termo já mencionado anteriormente.

Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de por-


tuguês)
Apóstrofe
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa dernos. (só havia móveis)
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário
ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pen-
samento do discurso, destacando-se assim a entidade a que
se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal Silepse
invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:
A silepse é a concordância que se faz com o termo que
Moça, que fazes aí parada? não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
“Pai Nosso, que estais no céu” termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de silep-
se: de gênero, número e pessoa.
Deus, ó Deus! Onde estás?
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femini-
no. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz
com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
Gradação (ou clímax)
LÍNGUA PORTUGUESA

A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinônimas
intenso.
ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descendente (an-
ticlímax). Observe este exemplo: Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando com
o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gêne-
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com
ro masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de
seus olhos claros e brincalhões...
Porto Velho).

100
B) Vossa Excelência está preocupado. que não apresenta conectivo é assindética. Recordado esse
conceito, podemos definir as duas figuras de construção:
O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa,
que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa Exce- A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela
lência. repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O me-
nino resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.

B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausência,


Silepse de Número - Os números são singular e plu- pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no
ral. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:
não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
com a ideia que nele está contida. Exemplos: Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.

A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Salvador.

O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.


Pleonasmo

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mes-


Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e gri- mas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a
tavam não concordam gramaticalmente com os sujeitos das ideia, torná-la mais expressiva.
orações (que se encontram no singular, procissão e povo,
respectivamente), mas com a ideia que neles está contida. O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os
verbos estão no plural. Nesta oração, os termos “o problema da violência” e “lo”
exercem a mesma função sintática: objeto direto. Assim, te-
mos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pronome “lo”
classificado como objeto direto pleonástico. Outro exemplo:
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: eu,
tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as três do Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de
concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no
sujeito. Exemplos:

O que não compreendo é como os brasileiros persistamos Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pro-
em aceitar essa situação. nome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleonástico.

Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.

“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins Observação:


públicos.” (Machado de Assis)
O pleonasmo só tem razão de ser quando confere mais
vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo vicioso:

Observe que os verbos persistamos, temos e somos não Vi aquela cena com meus próprios olhos.
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei-
Vamos subir para cima.
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), mas
com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os agri-
Ele desceu pra baixo.
cultores e os cariocas).
LÍNGUA PORTUGUESA

Anáfora
Polissíndeto / Assíndeto
É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias
Para estudarmos as duas figuras de construção é necessá-
frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coerência.
rio recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período
Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta
composto. No período composto por coordenação, podemos
em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado
ter orações sindéticas ou assindéticas. A oração coordenada
elemento textual. Os termos anafóricos podem muitas vezes
ligada por uma conjunção (conectivo) é sindética; a oração
ser substituídos por pronomes.

101
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhecia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba.” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
(Padre Vieira) coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja,


Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
Anacoluto raiva, 2010.

Consiste na mudança da construção sintática no meio da CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
frase, ficando alguns termos desligados do resto do período. Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
É a quebra da estrutura normal da frase para a introdução Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São
de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação sintática Paulo: Saraiva, 2002.
com as demais.

Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.


SITES
Morrer, todo haveremos de morrer.
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5.php

http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, deve-
ria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma inter-
rupção da frase e esta expressão fica à parte, não exercendo
nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado
de “frase quebrada”, pois corresponde a uma interrupção na EXERCÍCIO COMENTADO
sequência lógica do pensamento.

Observação:
1. (Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro –
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em Técnico Superior Especializado em Biblioteconomia
casos muito especiais. Em geral, evite-o. Superior – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os sho-
ppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo
de linguagem figurada denominada
Hipérbato / Inversão
a) metonímia.
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
b) eufemismo.
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
sujeito venha depois do predicado:
c) hipérbole.
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
d) metáfora.
venceu ao ódio)
e) catacrese.
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu
cuido dos meus problemas)

#FicaDica A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto


convencional (denotativo) e transportá-la para um novo cam-
Observação da Zê!
po de significação (conotativa), por meio de uma comparação
O nosso Hino Nacional é um exemplo de implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
LÍNGUA PORTUGUESA

hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As


margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado (Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/me-
retumbante de um povo heroico”. tafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

GABARITO OFICIAL: D

102
2. (Prefeitura de Arcoverde/PE - Administrador de Recursos Humanos – Superior - CONPASS/2014) Identifique a
figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia

b) prosopopeia

c) hipérbole

d) eufemismo

e) onomatopeia

“Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera, de-
sagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

GABARITO OFICIAL: D

3. (CASAL/AL - Administrador de Rede – Superior - COPEVE/UFAL/2014)

Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.

O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário do dia
em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a 65ºC. Para fritar
um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.

Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de linguagem. O autor
do texto refere-se a qual figura de linguagem?

a) Eufemismo.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Hipérbole.

c) Paradoxo.

d) Metonímia.

e) Hipérbato.

103
A expressão é um exagero! Ela serve apenas para representar o  Separa partes de frases que já estão separadas por
calor excessivo que está fazendo. A figura que é utilizada “mil vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta-
vezes” (!) para atingir tal objetivo é a hipérbole. nhas, frio e cobertor.

GABARITO OFICIAL: B  Separa itens de uma enumeração, exposição de


motivos, decreto de lei, etc.

Ir ao supermercado;
PONTUAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO. Pegar as crianças na escola;

Caminhada na praia;

Reunião com amigos.


1. PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que


servem para compor a coesão e a coerência textual, além de C) Dois pontos (:)
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto
escrito adquire diferentes significados quando pontuado  Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou-
de formas diversificadas. O uso da pontuação depende, em tinho trata este assunto:
certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim,
os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao  Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
contexto e ao interlocutor. chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.

 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-


tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a rotina
1.1 Principais funções dos sinais de pontuação de sempre.

 Em frases de estilo direto

A) Ponto (.) Maria perguntou:

 Indica o término do discurso ou de parte dele, en- - Por que você não toma uma decisão?
cerrando o período.

 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-


panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de período, D) Ponto de Exclamação (!)
este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto de abre-
viatura marca, também, o fim de período. Exemplo: Estudei  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
português, matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”) ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar com
você!
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:  Depois de interjeições ou vocativos

Haverá eleições em outubro Ai! Que susto!

O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão João! Há quanto tempo!
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)

 Os números que identificam o ano não utilizam


ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú- E) Ponto de Interrogação (?)
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
LÍNGUA PORTUGUESA

“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)


B) Ponto e Vírgula (;)

 Separa várias partes do discurso, que têm a mesma


importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão
pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a
vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)

104
F) Reticências (...) 2. Para marcar inversão:

 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
pis, canetas, cadernos... Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.

 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pes-
dizer... é verdad... Ah!” quisadores, não lhes destinaram verba alguma.

 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
mal... pega doutor? de 1982.

 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,


depois, o coração falar...
3. Para separar entre si elementos coordenados
(dispostos em enumeração):

G) Vírgula (,) Era um garoto de 15 anos, alto, magro.

A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

Não se usa vírgula

Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam- 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
-se diretamente entre si: remos comer pizza; e vocês, churrasco.

1. Entre sujeito e predicado:

Todos os alunos da sala foram advertidos. 5. Para isolar:

Sujeito predicado A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-


ra, possui um trânsito caótico.

B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.


2. Entre o verbo e seus objetos:

Observações:
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão
V.T.D.I. O.D. O.I. latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dis-
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
Usa-se a vírgula:
As perguntas que denotam surpresa podem ter combina-
dos o ponto de interrogação e o de exclamação: Você falou
isso para ela?!
1. Para marcar intercalação:
Temos, ainda, sinais distintivos:
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.  a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC);
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão pro-
duzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
LÍNGUA PORTUGUESA

 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas


pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção aos
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
parênteses, principalmente na matemática;
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
abrir mão dos lucros altos.  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um nome
que não se quer mencionar.

105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Saraiva,
2010.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE

http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/

http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm

EXERCÍCIO COMENTADO

01. PM-SP - Soldado de 2.ª Classe – Vunesp-2017 (adaptada) Nesse momento sou invadido por uma sensação de felicidade
plena que vai e volta por vários dias. Após o acréscimo das vírgulas, a frase permanece pontuada corretamente, conforme a
norma-padrão da língua, em:

A. Nesse momento sou, invadido por uma sensação de felicidade plena, que vai e volta por vários dias.

B. Nesse momento sou invadido, por uma sensação, de felicidade plena que vai e volta por vários dias.

C. Nesse momento sou invadido, por uma sensação de felicidade, plena que vai, e volta por vários dias.

D. Nesse momento sou invadido por, uma sensação de felicidade plena, que vai e volta por vários dias.

E. Nesse momento, sou invadido por uma sensação de felicidade plena, que vai e volta por vários dias.

Separaríamos “nesse momento” do período, dando-lhe ênfase, pois faz referência ao tempo em que acontece a ação relatada: Nesse
momento, sou invadido por uma sensação de felicidade plena, (aqui o uso da vírgula separará um pronome relativo, tornando a
próxima oração subordinada adjetiva explicativa) que vai e volta por vários dias.

GABARITO OFICIAL: E

02. Câmara Municipal de Cotia-SP – Contador - Vunesp-2017


LÍNGUA PORTUGUESA

(Gazeta do Povo, 01.12.2016)

106
O motivo pelo qual se separa entre vírgulas o termo “Baia-
no” também está presente na seguinte frase: 2.2.5 SINTAXE: ORAÇÃO, PERÍODO,
TERMOS DAS ORAÇÕES; ARTICULAÇÃO
A. Era um lugar estranho, ou melhor, onde coisas sem ex-
DAS ORAÇÕES: COORDENAÇÃO E
plicação aconteciam.
SUBORDINAÇÃO; CONCORDÂNCIA
B. Foi em Curitiba, capital do Paraná, que seu coração ga- VERBAL E NOMINAL; REGÊNCIA VERBAL
nhou companhia. E NOMINAL.

C. A jovem Veridiana, que estava em viagem, acabou sem


saber da tragédia. 1. Frase, oração e período

D. Eu lhe disse, meu amigo, que esta cidade tem belezas 1.1 Sintaxe da Oração e do Período
e encantamentos.
1.1.2 Termos da Oração
E. Ficava a pensar em coisas absurdas, por exemplo, nos
sonhos das formigas. 1.2 Coordenaçao e Subordinação

Na charge, o termo “Baiano” está entre vírgulas por se tratar Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para es-
de um vocativo (com quem a personagem está dialogando = tabelecer comunicação. Normalmente é composta por dois
interlocutor). Aos itens: termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente,
pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou muito ontem
Em “a”: Era um lugar estranho, ou melhor, onde = intercalar à noite.
termo que ratifica algo informado
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em ver-
Em “b”: Foi em Curitiba, capital do Paraná, = intercala termo bais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais (sem
explicativo a presença de verbos), feita a partir de seus elementos cons-
tituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido
Em “c”: A jovem Veridiana, que estava em viagem, = intercala global:
oração subordinada adjetiva explicativa
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem formu-
Em “d”: Eu lhe disse, meu amigo, = vocativo (com quem se la uma pergunta: Que dia é hoje?
mantém um diálogo)
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz
Em “e”: Ficava a pensar em coisas absurdas, por exemplo, = um pedido: Dê-me uma luz!
intercala termo que precede uma explicação
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado
GABARITO OFICIAL: D afetivo: Que dia abençoado!

D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A pro-


va será amanhã.

Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo (ora-


ção) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito
e predicado.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em


número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema
do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da frase que
LÍNGUA PORTUGUESA

contém “a informação nova para o ouvinte”, é o que “se fala


do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo a declaração
do que se atribui ao sujeito.

Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-


que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo significa-
tivo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver em
um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predicado

107
nominal (os verbos deste tipo de predicado são os que indi- A função do sujeito é basicamente desempenhada por
cam estado, conhecidos como verbos de ligação): substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação (pre- palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
dicado verbal) dem exercer a função de sujeito.

A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o núcleo é Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, substan-
“fácil” (predicado nominal) tivo)

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exemplo:
uma ou mais orações, formando um todo, com sentido com- substantivo)
pleto. O período pode ser simples ou composto.

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o


Período simples é aquele constituído por apenas uma de determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Um sujeito é determinado quando é facilmente identifi-
Chove. cado pela concordância verbal. O sujeito determinado pode
ser simples ou composto.
A existência é frágil.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possí-
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. vel identificar claramente a que se refere a concordância ver-
bal. Isso ocorre quando não se pode ou não interessa indicar
precisamente o sujeito de uma oração.

Período composto é aquele constituído por duas ou Estão gritando seu nome lá fora.
mais orações:
Trabalha-se demais neste lugar.
Cantei, dancei e depois dormi.

Quero que você estude mais.


O sujeito simples é o sujeito determinado que apresen-
ta um único núcleo, que pode estar no singular ou no plural;
pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, sublinhei
1.1.2 Termos da Oração os núcleos dos sujeitos:
1.1.2.1 Termos essenciais Nós estudaremso juntos.
O sujeito e o predicado são considerados termos es- A humanidade é frágil.
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis para a
formação das orações. No entanto, existem orações forma- Ninguém se move.
das exclusivamente pelo predicado. O que define a oração é
a presença do verbo. O sujeito é o termo que estabelece con- O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
cordância com o verbo. derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)

O candidato está preparado. As crianças precisam de alimentos saudáveis.

Os candidatos estão preparados.

O sujeito composto é o sujeito determinado que apresen-


ta mais de um núcleo.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candidato”
LÍNGUA PORTUGUESA

é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denominada Alimentos e roupas custam caro.
núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, estabele-
cendo a concordância (núcleo no singular, verbo no singular: Ela e eu sabemos o conteúdo.
candidato = está).
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.

108
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a refe- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido
rência ao sujeito implícito na desinência verbal (o “an- do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos verbos
tigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do sujeito que não apresentam complemento direto:
que está implícito e que pode ser reconhecido pela desinência
verbal ou pelo contexto. Precisa-se de mentes criativas.

Abolimos todas as regras. = (nós) Vivia-se bem naqueles tempos.

Falaste o recado à sala? = (tu) Trata-se de casos delicados.

Sempre se está sujeito a erros.

Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na primei-


ra pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segunda do
singular (tu) ou do plural (vós), desde que os pronomes não O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
estejam explícitos. indeterminação do sujeito.

Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito na


desinência verbal “-mos”
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem
nência verbal “-ais” está centrada no processo verbal. Os principais casos de ora-
ções sem sujeito com:

 os verbos que indicam fenômenos da natureza:


Mas:
Amanheceu.
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Está trovejando.
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós

 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam


O sujeito indeterminado surge quando não se quer - ou fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
não se pode - identificar a que o predicado da oração refere- geral:
-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrá-
rio, teríamos uma oração sem sujeito. Está tarde.

Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indeterminado Já são dez horas.


de duas maneiras:
Faz frio nesta época do ano.
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o
sujeito não tenha sido identificado anteriormente: Há muitos concursos com inscrições abertas.

Bateram à porta;

Andam espalhando boatos a respeito da queda do minis- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
tro. informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere do
composto: sujeito numa oração é o seu predicado.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os meninos bateram à porta. (simples) Chove muito nesta época do ano.

Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) Houve problemas na reunião.

109
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predicado. Na se- O predicado nominal é aquele que tem como núcleo sig-
gunda oração, “problemas” funciona como objeto direto. nificativo um nome; este atribui uma qualidade ou estado ao
sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O
As questões estavam fáceis! predicativo é um nome que se liga a outro nome da oração
por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Sujeito simples = as questões
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto
Predicado = estavam fáceis é, não indica um processo, mas une o sujeito ao predicativo,
indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito: Os
dados parecem corretos.

Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. O verbo parecer poderia ser substituído por estar, andar,
ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como elemento
Sujeito = uma ideia estranha de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
Predicado = passou-me pelo pensamento

A função de predicativo é exercida, normalmente,


por um adjetivo ou substantivo.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu
núcleo é um nome (então teremos um predicado nominal) ou O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois
um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar também se núcleos significativos: um verbo e um nome. No predicado
as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao sujeito ou ao
verbo ou também ao sujeito da oração. complemento verbal (objeto).

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significa-


tivo, indicando processos. É também sempre por intermédio
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de do verbo que o predicativo se relaciona com o termo a que
opinião. se refere.
Predicado O dia amanheceu ensolarado;

As mulheres julgam os homens inconstantes.


O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se
refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se ligam direta
ou indiretamente ao verbo. No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação.
A cidade está deserta. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um verbal e
outro nominal.

O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.


O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se ao
sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento de
ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a palavra
a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo do sujeito). No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo signi-
ficativo um verbo:

Chove muito nesta época do ano. 1.1.2.2 Termos integrantes da oração


Estudei muito hoje! Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
LÍNGUA PORTUGUESA

complemento nominal são chamados termos integrantes da


Compraste a apostila? oração.

Os complementos verbais integram o sentido dos verbos


transitivos, com eles formando unidades significativas. Estes
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem verbos podem se relacionar com seus complementos direta-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro- mente, sem a presença de preposição, ou indiretamente, por
cessos. intermédio de preposição.

110
O objeto direto é o complemento que se liga diretamen- Ao traidor, nada lhe devemos.
te ao verbo.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se
Houve muita confusão na partida final. complemento nominal, que se liga ao nome que completa
por intermédio de preposição:
Queremos sua ajuda.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
“necessária”

O objeto direto preposicionado ocorre principalmen- Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
te:

A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns


referentes a pessoas: 1.1.2.3 Termos acessórios da oração e vocativo

Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. Os termos acessórios recebem este nome por serem ex-
plicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomina- adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este,
-se: objeto direto preposicionado) sem relação sintática com outros temos da oração.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma


circunstância do processo verbal ou intensifica o sentido de
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial,
tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a Vossa pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercerem o
Senhoria. papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a pé àquela ve-
lha praça.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina,


C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva,
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica a pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o
crise) papel de adjunto adnominal na oração. Também atuam
como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os
pronomes adjetivos.

O objeto indireto é o complemento que se liga indireta- O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu ami-
mente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. go de infância.

Gosto de música popular brasileira. O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo


a que se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo
Necessito de ajuda. do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.

O poeta português deixou uma obra originalíssima.


Objeto Pleonástico O poeta deixou-a.

(originalíssima não precisou ser repetida, portanto:


adjunto adnominal)
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.

Normalmente, as frases em que ocorrem objetos pleo-


násticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o objeto, O poeta português deixou uma obra inacabada.
antecipado para o início da oração; em seguida, ele é repeti-
do através de um pronome oblíquo. É à repetição que se dá o O poeta deixou-a inacabada.
LÍNGUA PORTUGUESA

nome de objeto pleonástico.


(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves Dias) objeto)

objeto pleonástico

111
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se rela- as orações de um período composto: uma relação de coorde-
ciona apenas ao substantivo. nação ou uma relação de subordinação.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Duas orações são coordenadas quando estão juntas em
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de infor-
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segun- mações, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas,
da-feira, passei o dia mal-humorado. estruturas individuais, como é o exemplo de:

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo (Período Composto)
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira
passei o dia mal-humorado. Podemos dizer:

O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor 1. Estou comprando um protetor solar.
na oração, em:
2. Irei à praia.
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas,
permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo. Separando as duas, vemos que elas são independentes.
Tal período é classificado como Período Composto por
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coi- Coordenação.
sas: amor, arte, ação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.
tudo forma o carnaval.

D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-


ram-se por muito tempo na baía anoitecida. A) Coordenadas Assindéticas

São orações coordenadas entre si e que não são ligadas


através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
relação sintática com outro termo da oração. A função de
vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel
na linguagem. B) Coordenadas Sindéticas
João, venha comigo! Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre
si, mas que são ligadas através de uma conjunção coordena-
Traga-me doces, minha menina! tiva, que dará à oração uma classificação. As orações coor-
denadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas,
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
1.2 Períodos Compostos

1.2.1 Período Composto por Coordenação


Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
O período composto se caracteriza por possuir mais de
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
uma oração em sua composição. Sendo assim:
suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração) bém, não só... como, assim... como.
LÍNGUA PORTUGUESA

Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
(Período Composto =locução verbal + verbo, duas orações)
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um pro-
tetor solar. (Período Composto = três verbos, três orações).

112
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversati- A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é
vas: suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia, a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada
entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão. “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta
agora verbo no infinitivo (ser). Além disso, a conjunção “que”,
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações
subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais
Li tudo, porém não entendi! (infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações
reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).

 Orações Coordenadas Sindéticas Alternati-


vas: suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer... Observação:
quer; seja...seja.
As orações reduzidas não são introduzidas por conjun-
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. ções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.

 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:


suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por A) Orações Subordinadas Substantivas
conseguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
A oração subordinada substantiva tem valor de substan-
Passei no concurso, portanto comemorarei! tivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante
(que, se).
A situação é delicada; devemos, pois, agir.

Não sei se sairemos hoje.


 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na ver- Oração Subordinada Substantiva
dade, pois (anteposto ao verbo).

Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.


Temos medo de que não sejamos aprovados.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Oração Subordinada Substantiva

1.2.2 Período Composto Por Subordinação


Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
Quero que você seja aprovado! como).

Oração principal oração subordinada

O garoto perguntou qual seu nome.

Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, Oração Subordinada Substantiva
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presen-
te do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As
orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer
dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjun- Não sabemos quando ele virá.
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo e imperativo) e são iniciadas por conjunção, chamam-se


orações desenvolvidas ou explícitas. Oração Subordinada Substantiva

Podemos modificar o período acima. Veja:

Quero ser aprovado.

Oração Principal Oração Subordinada

113
Classificação das Orações Subordinadas Substantivas Observação:

Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva,


o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
Conforme a função que exerce no período, a oração su- singular.
bordinada substantiva pode ser:

1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do ver-


bo da oração principal: 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do
verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Todos querem sua aprovação no concurso.
Sujeito
Objeto Direto

É fundamental que você compareça à reu-


nião. Todos querem que você seja aprovado. (Todos que-
rem isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta

FIQUE ATENTO! As orações subordinadas substantivas objetivas diretas


Observe que a oração subordinada substantiva (desenvolvidas) são iniciadas por:
pode ser substituída pelo pronome “isso”. As-
sim, temos um período simples:  Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
É fundamental isso ou Isso é funda- “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
mental.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
Desta forma, a oração correspondente a “isso” vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
exercerá a função de sujeito. pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.

 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às


vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
não sei por que ela fez isso.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
principal:

 Verbos de ligação + predicativo, em constru- 3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do ver-
ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece bo da oração principal. Vem precedida de preposição.
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado

É bom que você compareça à minha festa.


Meu pai insiste em meu estudo.

Objeto Indireto
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou-
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste
LÍNGUA PORTUGUESA

nisso)
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva
Indireta
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar
- importar - ocorrer - acontecer

Convém que não se atrase na entrevista.

114
Observação: 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo
da oração principal.
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na ora-
ção. Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!

Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Aposto

Oração Subordinada Substantiva


Objetiva Indireta
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!

Oração subordinada substantiva


4. Completiva Nominal = completa um nome que per- apositiva reduzida de infinitivo
tence à oração principal e também vem marcada por prepo-
sição.

Sentimos orgulho de seu comportamento. (Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Complemento Nominal

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Senti-


mos orgulho disso.)
B) Orações Subordinadas Adjetivas
Oração Subordinada Substantiva Com-
pletiva Nominal Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a
função de adjunto adnominal do antecedente.

#FicaDica Esta foi uma redação bem-sucedida.


As orações subordinadas substantivas
objetivas indiretas integram o sentido de um Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
verbo, enquanto que orações subordinadas
substantivas completivas nominais integram
o sentido de um nome. Para distinguir uma
da outra, é necessário levar em conta o termo O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjeti-
complementado. Esta é a diferença entre o vo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
objeto indireto e o complemento nominal: o construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
primeiro complementa um verbo; o segundo,
um nome. Esta foi uma redação que fez sucesso.

Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
sujeito do verbo da oração principal e vem sempre de- jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pois do verbo ser. pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
Nosso desejo era sua desistência. função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
Predicativo do Sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era


isso)

Oração Subordinada Substantiva Predi


cativa

115
No período acima, observe que a oração em destaque res-
FIQUE ATENTO! tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se
Vale lembrar um recurso didático para reco- de um homem específico, único. A oração limita o universo
nhecer o pronome relativo “que”: ele sempre de homens, isto é, não se refere a todos os homens, mas sim
pode ser substituído por: o qual - a qual - os àquele que estava passando naquele momento.
quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta ora-
ção é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual
Exemplo 2:
estuda.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age
animalescamente.

Oração Subordinada Adjetiva Explicativa


Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e


apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as ora- Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
ções subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explicita
Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas redu- uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “ho-
zidas, que não são introduzidas por pronome relativo (po- mem”.
dem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí-
pio).
Saiba que:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. oração principal por uma pausa que, na escrita, é represen-
tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja
indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas
No primeiro período, há uma oração subordinada adjeti- por vírgulas; as restritivas, não.
va desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do
indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva
reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo C) Orações Subordinadas Adverbiais
está no infinitivo.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim,
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- exclusão das integrantes, que introduzem orações subordi-
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas nadas substantivas). Classifica-se de acordo com a conjun-
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi- ção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como acon-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. tece com as coordenadas sindéticas).
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas Oração Subordinada Adverbial
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

Exemplo 1:
LÍNGUA PORTUGUESA

A oração em destaque agrega uma circunstância de tem-


Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que pas- po. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
sava naquele momento. temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que
indicam uma circunstância referente, via de regra, a um ver-
Oração Subordi- bo. A classificação do adjunto adverbial depende da exata
nada Adjetiva Restritiva compreensão da circunstância que exprime.

Naquele momento, senti uma das maiores emoções de mi

116
nha vida. doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração su-
blinhada relata um fato que aconteceu depois, já que primei-
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de mi- ro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
nha vida.
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequência,
é efeito do que se declara na oração principal. São introduzi-
das pelas conjunções e locuções: que, de forma que, de sorte
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que,
adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No tamanho...que.
segundo período, este papel é exercido pela oração “Quando
vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordinada adver- Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
bial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois é introduzida (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
por uma conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma
forma verbal do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo-se: cretizando-os.

Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida
vida. de Infinitivo)

A oração em destaque é reduzida, apresentando uma das


formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é intro-
duzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma pre- C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe como
posição (“a”, combinada com o artigo “o”). necessário para a realização ou não de um fato. As orações
subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve
ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de se realizar - o
fato expresso na oração principal.
Observação:
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou-
A classificação das orações subordinadas adverbiais é fei- tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que,
ta do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adver- salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
biais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração. vez que (seguida de verbo no subjuntivo).

Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, cer-


tamente o melhor time será campeão.
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
Caso você saia, convide-me.
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do que D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo da
se declara na oração principal. Principal conjunção subor- oração principal, isto é, admitem uma contradição ou um
dinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções cau- fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente liga-
sais: como (sempre introduzido na oração anteposta à oração da ao contraste, à quebra de expectativa. Principal conjun-
principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. ção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se também a
conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda quan-
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. do, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.
Já que você não vai, eu também não vou. Só irei se ele for.

A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir


só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a sin-
dética explicativa é que esta “explica” o fato que aconteceu Compare agora com:
na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta a
“causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela se Irei mesmo que ele não vá.
LÍNGUA PORTUGUESA

subordina. Repare:

1. Faltei à aula porque estava doente.


A distinção fica nítida; temos agora uma conces-
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. são: irei de qualquer maneira, independentemente de
sua ida. A oração destacada é, portanto, subordinada
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) adverbial concessiva.
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar

117
Observe outros exemplos: I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
Embora fizesse calor, levei agasalho. simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locuções
não estudasse). (reduzida de infinitivo) conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
depois que, sempre que, desde que, etc.

Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.


E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
comparativas estabelecem uma comparação com a ação in-
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
dicada pelo verbo da oração principal. Principal conjunção
subordinativa comparativa: como.

Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) Orações Reduzidas


Você age como criança. (age como uma criança age) As orações subordinadas podem vir expressas como re-
duzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas no-
minais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conectivo
subordinativo que as introduza.
 geralmente há omissão do verbo.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a execu- É preciso que se estude = oração desenvolvida (presença
ção do que se declara na oração principal. Principal conjun- do conectivo)
ção subordinativa conformativa: conforme. Outras conjun-
ções conformativas: como, consoante e segundo (todas com o Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
mesmo valor de conforme). “desenvolvidas” – como no exemplo acima.

É preciso estudar = oração subordinada substantiva sub-


Fiz o bolo conforme ensina a receita.
jetiva reduzida de infinitivo
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm di- É preciso que se estude = oração subordinada substantiva
reitos iguais. subjetiva

G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que se Orações Intercaladas


declara na oração principal. Principal conjunção subordina-
tiva final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque (= São orações independentes encaixadas na sequência do
para que) e a locução conjuntiva para que. período, utilizadas para um esclarecimento, um aparte, uma
citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou travessões.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
Nós – continuava o relator – já abordamos este assunto.
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional:
à proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio- CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me- Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São
LÍNGUA PORTUGUESA

nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), Paulo: Saraiva, 2002.


quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
nos...(menos).

À proporção que estudávamos mais questões acertávamos. SITE

À medida que lia mais culto ficava. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-


se-periodo-e-oracao

118
teve uma discussão séria com sua namorada. Ou melhor,
EXERCÍCIO COMENTADO teve uma fight over text. Em uma situação onde ele seria
tomado por um surto de pânico, Adam resolve mandar – e
esse é o exemplo que a autora dá – uma foto de seu pró-
prio pé (risos?) para a namorada. Isso alivia a situação e
01. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo- tudo acaba bem.
gado – FUMARC-2016 – adaptada)
Essa possibilidade de esconder vulnerabilidades explica, de
certa forma, o crescimento de aplicativos como o Snap-
chat (e suas mensagens “fantasmas”) e o Instagram. Nes-
O grande paradoxo das redes sociais virtuais sas redes sociais, o Adam de Turkle é sempre o Adam que
quer ser. Não é por um acaso que o Facetime, aplicativo da
Por Vinicius Pereira Colares em 12/02/2016 na edição 889 Apple onde os envolvidos conversam por vídeo, não deu
tão certo quanto o esperado.

As mídias digitais e as redes sociais estão movimentando


Existe uma contradição inerente ao uso de mídias digitais. uma quantidade cada vez maior de pesquisas em torno de
Essa afirmação comprova-se, principalmente, quando a suas problemáticas. Termos como Fomo (Fear Of Missing
ligamos ao smartphones. Ninguém usaria o celular por Out – algo equivalente a “medo de perder algo”) estão ten-
tanto tempo se não acreditasse de verdade nos benefícios tando explicar o que está por trás do desenvolvimento de
dele. Poupar tempo, ser mais produtivo e ter acesso à in- aplicativos e dispositivos.
formação em qualquer lugar são alguns dos aspectos po-
sitivos citados, geralmente. Em Stanford, por exemplo, foi criado o Persuasive Techno-
logy Lab (Laboratório de Tecnologia da Persuasão). São
Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum ouvir relatos, estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos
quando estes são sinceros, de donos de smartphones que que causam essa espécie de “dependência” por parte do
se sentem frustrados com o tempo empreendido nas re- usuário das redes sociais. Os resultados desses estudos
des sociais ou em outros aplicativos inúteis. Na tentativa acabam gerando mais aplicativos de persistent routine
de controlar sua rotina (e imagem), o indivíduo, em sua (rotina persistente, quase um pleonasmo) ou behavioral
contemporaneidade, é cada vez mais vulnerável. loop (comportamento repetitivo), que integram-se à nos-
sa rotina e, na maioria dos casos, não são produtivos – e
Desde 2007, com o lançamento do primeiro aparelho celular sim, distrativos.
com um sistema operacional próprio totalmente touch-s-
creen (o primeiro iPhone da Apple), os hábitos mudaram. O Instagram talvez venha a ser o melhor exemplo, definido
E mudam-se os hábitos, sabe-se, mudam-se as pessoas. como um produto habit-forming (ou criador de hábito). É
comum conhecer pessoas que, ao acordar, assumem abrir
A psicóloga e socióloga do MIT (Massachusetts Institute of Te- o aplicativo antes mesmo de sair da cama. Isso se torna,
chnology), Sherry Turkle, analisou a possibilidade de um em curto e médio prazo, o equivalente a despertar toda
novo tipo de comunicação estar surgindo com as novas manhã e puxar a alavanca de uma máquina de apostas em
tecnologias. um cassino.

As amizades nesse cenário, por exemplo, mudaram. Hoje “a Essa incapacidade de controlar os próprios hábitos implica
arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de saber dividir a geralmente na falta de capacidade de controlar as pró-
atenção de alguém constantemente – com o smartphone, prias emoções. E são esses indivíduos que tentam, com o
por exemplo. Quem nunca passou por uma situação pare- uso das redes sociais, apropriar-se de uma imagem ideali-
cida, de encontrar-se falando consigo mesmo, que atire a zada e controlar (ou contrariar) os atos do próximo.
primeira pedra.
Existem maneiras de tentar mudar isso. Deixar o smartphone
É a possibilidade de repensar um ato que faz com que, longe da mesa enquanto faz uma refeição ou sair de casa
normalmente, um indivíduo não repita um erro. Para sem o celular no bolso, por exemplo. Mas a melhor e mais
alcançar esse tipo de reflexão, porém, é preciso estar valiosa dica é de Sherry Turkle: leia (ou releia) Walden, de
sozinho. Não é uma regra, mas é sozinho que o sujeito Henry David Thoreau.
LÍNGUA PORTUGUESA

consegue ponderar sua existência individual e, respecti-


vamente, perceber a independência daqueles que o cer- http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/o-gran-
cam. As relações através das redes sociais impossibilitam, de-paradoxo-das-redes-sociaisvirtuais/
de certa forma, que tudo isso aconteça.
[adaptado]
O termo fight over text – que significa mais ou menos “briga
por mensagem de texto” – é extremamente ilustrativo para
pensar esse aspecto. Um exemplo usado por Turkle: Adam

119
A frase “que se sentem frustrados com o tempo empreendido O “sujeito” de uma oração é sobre quem se fala algo ou alguém
nas redes sociais ou em outros aplicativos inúteis”, do pon- que pratica uma ação. No caso, “sobre quem se fala algo: Rede
to de vista sintático, tem valor: social aqui em casa é outra coisa. O período se refere a “rede
social” = sujeito simples (um único núcleo).
A. Explicativo.
GABARITO OFICIAL: D
B. Imperativo.

C. Injuntivo.
1. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
D. Restritivo.
Os concurseiros estão apreensivos.

Concurseiros apreensivos.
Voltemos à passagem do texto: (...) Ao mesmo tempo, é cada
vez mais comum ouvir relatos, quando estes são sinceros, de
donos de smartphones que se sentem frustrados com o tempo
empreendido nas redes sociais ou em outros aplicativos inú- No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na ter-
teis. Na tentativa de controlar sua rotina (e imagem), o indiví- ceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, os
duo, em sua contemporaneidade, é cada vez mais vulnerável. concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreensivos”
A oração em destaque é subordinada adjetiva restritiva (faz está concordando em gênero (masculino) e número (plural)
referências “aos donos” – os quais se sentem frustados). com o substantivo a que se refere: concurseiros. Nesses dois
exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se corres-
GABARITO OFICIAL: D pondem. A correspondência de flexão entre dois termos é a
concordância, que pode ser verbal ou nominal.

02. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-


gado – FUMARC-2016) 1.1 Concordância Verbal

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com seu


sujeito.

1.1.1 Sujeito Simples - Regra Geral

O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em


número e pessoa. Veja os exemplos:

A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.

3.ª p. Singular 3.ª p. Singular

Fonte: http://www.ivancabral.com/ Os candidatos à vaga chegarão às 12h.

3.ª p. Plural 3.ª p. Plural

O sujeito gramatical do enunciado “Rede social aqui em casa


é outra coisa” é:
Casos Particulares
LÍNGUA PORTUGUESA

A. composto.
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão parti-
B. elíptico. tiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maio-
ria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um
C. indeterminado. substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no
singular ou no plural.
D. simples.

120
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos,
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo
proposta. pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa
do plural) ou com o pronome pessoal.

Quais de nós são / somos capazes?


Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos
coletivos, quando especificados: Um bando de vândalos des- Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
truiu / destruíram o monumento.
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.

Observação:
Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a uni-
dade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos ele- Veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclu-
mentos que formam esse conjunto. são ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou escreve
“Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, ele está se
incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre ao dizer ou
escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, frase
B) Quando o sujeito é formado por expressão que indica que soa como uma denúncia.
quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto
de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no
com o substantivo. singular, o verbo ficará no singular.

Cerca de mil pessoas participaram do concurso. Qual de nós é capaz?

Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. Algum de vós fez isso.

Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas


Olimpíadas.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve
concordar com o substantivo.
Observação:
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais de 85% dos entrevistados não aprovam a administração do
um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao ou- prefeito.
tro)
1% do eleitorado aceita a mudança.

1% dos alunos faltaram à prova.


C) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a au-
sência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar o  Quando a expressão que indica porcentagem não é se-
plural. guida de substantivo, o verbo deve concordar com o número.

Os Estados Unidos possuem grandes universidades. 25% querem a mudança.

Estados Unidos possui grandes universidades. 1% conhece o assunto.


LÍNGUA PORTUGUESA

Alagoas impressiona pela beleza das praias.

As Minas Gerais são inesquecíveis.  Se o número percentual estiver determinado por artigo ou
pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles:
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
Os 30% da produção de soja serão exportados.

Esses 2% da prova serão questionados.

121
F) O pronome “que” não interfere na concordância; já o Observação:
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre,
Fui eu que paguei a conta. etc., o verbo concordará com esse sujeito.

Fomos nós que pintamos o muro. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.

És tu que me fazes ver o sentido da vida. Soa quinze horas o relógio da matriz.

Sou eu quem faz a prova.

Não serão eles quem será aprovado. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da natureza.
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assumir Exemplos:
a forma plural.
Havia muitas garotas na festa.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encanta-
ram os poetas. Faz dois meses que não vejo meu pai.

Este candidato é um dos que mais estudaram! Chovia ontem à tarde.

 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum 1.1.2 Sujeito Composto


dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular:

Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.


A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a
Nem uma das que me escreveram mora aqui. concordância se faz no plural:

Pai e filho conversavam longamente.

 Quando “um dos que” vem entremeada de substan- Sujeito


tivo, o verbo pode:

1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa o Estado de


São Paulo. (já que não há outro rio que faça o mesmo). Pais e filhos devem conversar com frequência.

2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão poluí- Sujeito


dos (noção de que existem outros rios na mesma condição).

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais


H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o ver- diferentes, a concordância ocorre da seguinte maneira: a primeira
bo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. pessoa do plural (nós) prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que,
por sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
Vossa Excelência está cansado?
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Vossas Excelências renunciarão?
Primeira Pessoa do Plural (Nós)

I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de


acordo com o numeral. Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
LÍNGUA PORTUGUESA

Deu uma hora no relógio da sala. Segunda Pessoa do Plural (Vós)

Deram cinco horas no relógio da sala.

Soam dezenove horas no relógio da praça. Pais e filhos precisam respeitar-se.

Baterão doze horas daqui a pouco. Terceira Pessoa do Plural (Eles)

122
Observação: Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
ção”. Já em:
Quando o sujeito é composto, formado por um elemento
da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível em- Juca ou Pedro será contratado.
pregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e teus
irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.

C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, passa a Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no
existir uma nova possibilidade de concordância: em vez de con- singular.
cordar no plural com a totalidade do sujeito, o verbo pode estabe-
lecer concordância com o núcleo do sujeito mais próximo.

Faltaram coragem e competência.  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem


outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
Faltou coragem e competência.
Um ou outro compareceu à festa.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Compareceu o banca e todos os candidatos.

 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou


D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordância no singular: Um e outro farão/fará a prova.
é feita no plural. Observe:

Abraçaram-se vencedor e vencido.


 Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
muito próximo ao de “e”.

1.1.3 Casos Particulares O pai com o filho montaram o brinquedo.

O governador com o secretariado traçaram os planos para


o próximo semestre.
 Quando o sujeito composto é formado por núcleos
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular. O professor com o aluno questionaram as regras.

Descaso e desprezo marca seu comportamento.

A coragem e o destemor fez dele um herói. Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
ideia é enfatizar o primeiro elemento.

O pai com o filho montou o brinquedo.


 Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: O governador com o secretariado traçou os planos para o
próximo semestre.
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segundo
me satisfaz. O professor com o aluno questionou as regras.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Quando os núcleos do sujeito composto são unidos


por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acordo
com o valor semântico das conjunções:

Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia


brasileira.

Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.

123
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
FIQUE ATENTO! acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
Com o verbo no singular, não se pode falar em de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira
sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez pessoa do singular:
que as expressões “com o filho” e “com o secre-
tariado” são adjuntos adverbiais de companhia. Precisa-se de funcionários.
Na verdade, é como se houvesse uma inversão
da ordem. Veja: Confia-se em teses absurdas.
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
“O governador traçou os planos para o próximo
semestre com o secretariado.” Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos
“O professor questionou as regras com o alu-
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o
no.”
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:

Construiu-se um posto de saúde.


Casos em que se usa o verbo no singular: Construíram-se novos postos de saúde.
Café com leite é uma delícia!
Aqui não se cometem equívocos
O frango com quiabo foi receita da vovó.
Alugam-se casas.

Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões


correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somente”..., #FicaDica
“não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo ficará Para saber se o “se” é partícula apassivadora
no plural. ou índice de indeterminação do sujeito, tente
transformar a frase para a voz passiva. Se a
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Nor- frase construída for “compreensível”, estaremos
deste. diante de uma partícula apassivadora; se não, o
“se” será índice de indeterminação. Veja:
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
tícia. Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados
Quando os elementos de um sujeito composto são resu- (ou precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
destacado é índice de indeterminação do
midos por um aposto recapitulativo, a concordância é feita
sujeito.
com esse termo resumidor.
Agora:
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Vendem-se casas.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante na Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
vida das pessoas. correta! Então, aqui, o “se” é partícula
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
semelhança? Agora é só memorizar!).
1.1.4 Outros Casos

O Verbo “Ser”
LÍNGUA PORTUGUESA

O Verbo e a Palavra “SE”


A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas de sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância
particular interesse para a concordância verbal: pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do su-
jeito.
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;

B) quando é partícula apassivadora.

124
Quando o sujeito ou o predicativo for:  Quando um dos elementos (sujeito ou predicati-
vo) for pronome pessoal do caso reto, com este concordará
o verbo.

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER No meu setor, eu sou a única mulher.
concorda com a pessoa gramatical:
Aqui os adultos somos nós.
Ele é forte, mas não é dois.

Fernando Pessoa era vários poetas.


Observação:
A esperança dos pais são eles, os filhos.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) represen-
tados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o pro-
nome sujeito.
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o Eu não sou ela.
que estiver no plural:
Ela não é eu.
Os livros são minha paixão!

Minha paixão são os livros!


 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
SER concordará com o predicativo.
Quando o verbo SER indicar
A grande maioria no protesto eram jovens.

O resto foram atitudes imaturas.


 horas e distâncias, concordará com a expressão nu-
mérica:

É uma hora. O Verbo “Parecer”

São quatro horas. O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução ver-
bal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilômetros.
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexio-
na o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.

 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode


estar expressa ou subentendida:
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infiniti-
Hoje é dia 26 de agosto. vo sofre flexão:

Hoje são 26 de agosto. As crianças parece gostarem do desenho.

(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho aas


crianças)
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:

FIQUE ATENTO!
LÍNGUA PORTUGUESA

Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.


Com orações desenvolvidas, o verbo parecer
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. fica no singular. Por exemplo: As paredes pa-
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes
Duas semanas de férias é muito para mim. têm ouvidos = oração subordinada substantiva
subjetiva).

125
1.2 Concordância Nominal Observação:

A concordância nominal se baseia na relação entre no- Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois
mes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se ligam indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois subs-
para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, tantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no plural
numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: normalmente, masculino, que é o gênero predominante quando há subs-
o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração, tantivos de gêneros diferentes.
e o adjetivo, como adjunto adnominal.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as se- fica no singular ou plural.
guintes regras gerais:
A beleza e a inteligência feminina(s).
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando se
refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denuncia- O carro e o iate novo(s).
vam o que sentia.

C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:


B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo
nos seguintes casos: não for acompanhado de nenhum modificador: Água é bom
para saúde.
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for modi-
O adjetivo concorda em gênero e número com o substan- ficado por um artigo ou qualquer outro determinativo: Esta
tivo mais próximo. água é boa para saúde.

Encontramos caídas as roupas e os prendedores.

Encontramos caída a roupa e os prendedores. D) O adjetivo concorda em gênero e número com os pro-
nomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as muito
Encontramos caído o prendedor e a roupa. felizes.

Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de paren- E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
tesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + adje-
tivo, este último geralmente é usado no masculino singular:
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. Os jovens tinham algo de misterioso.

Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun-


ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que se
 Adjetivo posposto aos substantivos: refere:

O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou Cristina saiu só.


com todos eles (assumindo a forma masculina plural se hou-
ver substantivo feminino e masculino). Cristina e Débora saíram sós.

A indústria oferece localização e atendimento perfeito.

A indústria oferece atendimento e localização perfeita. Observação:


LÍNGUA PORTUGUESA

A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “apenas”,
tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Eles só
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. desejam ganhar presentes.

126
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
#FicaDica minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se como o adjetivo concordam com ele.
a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se
de advérbio, portanto, invariável; se houver É proibida a entrada de crianças.
coerência com o segundo, função de adjetivo,
então varia: Esta salada é ótima.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
A educação é necessária.
Ele está só descansando. (apenas descansando)
- advérbio São precisas várias medidas na educação.

Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois


de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e Estas palavras adjetivas concordam em gênero e número
descansando) com o substantivo ou pronome a que se referem.

Seguem anexas as documentações requeridas.

A menina agradeceu: - Muito obrigada.


G) Quando um único substantivo é modificado por dois
ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as constru- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
ções:
Seguem inclusos os papéis solicitados.
 O substantivo permanece no singular e coloca-se o
artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola Estamos quites com nossos credores.
e a portuguesa.

 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo


antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portuguesa.
Bastante - Caro - Barato - Longe

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como


advérbios. Concordam com o nome a que se referem quando
1.2.1 Casos Particulares funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nume-
rais.

As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)


É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É permitido
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (prono-
me adjetivo)

 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo). As casas estão caras. (adjetivo)

É proibido entrada de crianças. Achei barato este casaco. (advérbio)

Em certos momentos, é necessário atenção. Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)

No verão, melancia é bom.


Meio - Meia
LÍNGUA PORTUGUESA

É preciso cidadania.
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, con-
Não é permitido saída pelas portas laterais.
corda normalmente com o nome a que se refere: Pedi meia
porção de polentas.

Quando empregada como advérbio permanece invariá-


vel: A candidata está meio nervosa.

127
#FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
saberei que se trata de um advérbio, não de
adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”.
01. Polícia Militar do Estado de São Paulo - Soldado
PM 2.ª Classe – Vunesp/2017 A concordância está de
acordo com a norma-padrão da língua em:

Alerta - Menos A. Apresentou-se três maneiras de melhorar a capacidade de


memorização, mas devem haver uma infinidade de méto-
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem dos igualmente eficazes.
sempre invariáveis.
B. Quem nunca passou pelo constrangimento de esquecer o
Os concurseiros estão sempre alerta. nome de pessoas que tinham acabado de conhecer, pe-
dindo-lhe que os repetisse posteriormente?
Não queira menos matéria!
C. São importantes adquirir meios para ampliar nossa
capacidade de memorizar, da qual depende nossas
histórias pessoais e nossa própria identidade.
Tome nota!
D. É sempre válido aprender técnicas de memorização, espe-
Não variam os substantivos que funcionam como adje- cialmente quando se tratam de exercícios simples, como
tivos: rabiscar enquanto se assistem a uma palestra.

Bomba – notícias bomba E. Mesmo indivíduos com uma excelente memória têm epi-
sódios de esquecimento, os quais se tornam frequentes
Chave – elementos chave em momentos de estresse.

Monstro – construções monstro

Padrão – escola padrão Correções feitas nos itens, entre parênteses:

Em “a”: Apresentou-se (Apresentaram-se) três maneiras de me-


lhorar a capacidade de memorização, mas devem (deve) haver
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS uma infinidade de métodos igualmente eficazes.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Em “b”: Quem nunca passou pelo constrangimento de esque-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa- cer o nome de pessoas que tinham (tinha) acabado de conhe-
raiva, 2010. cer, pedindo-lhe que os (o) repetisse posteriormente?
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Em “c”: São (É) importantes (importante) adquirir meios para
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ampliar nossa capacidade de memorizar, da qual depende
(dependem) nossas histórias pessoais e nossa própria identi-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação dade.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Em “d”: É sempre válido aprender técnicas de memorização,
especialmente quando se tratam (trata) de exercícios simples,
como rabiscar enquanto se assistem (assiste) a uma palestra.
SITE
Em “e”: Mesmo indivíduos com uma excelente memória têm
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
episódios de esquecimento, os quais se tornam frequentes em
LÍNGUA PORTUGUESA

momentos de estresse. = correta

GABARITO OFICIAL: E

128
02. PM-SP - Soldado de 2.ª Classe – Vunesp-2017 A frase Acertos entre parênteses:
escrita em conformidade com a norma-padrão da língua
portuguesa, no que se refere à concordância, é: Em “a”: Pessoas com HSAM apresenta (apresentam) cérebro
com o lobo temporal maior.
A. Muitas pessoas tem negligenciado as horas de sono, o que
levam a vários problemas de saúde. Em “b”: Os cérebros de pessoas com HSAM têm o lobo temporal
maior. = correta
B. É no período do sono que precede imediatamente o estado
de vigília que ocorre os sonhos. Em “c”: As pessoas com HSAM dispõe (dispõem) de cérebro
com lobo temporal maior.
C. As horas dedicadas ao sono devem ser respeitadas por
quem deseja ter uma vida saudável. Em “d”: O lobo temporal nos cérebros de pessoas com HSAM
parecem (parece) ser maior.
D. Alguns sonhos se tornam recorrente, e deve ser dado espe-
cial atenção a sua interpretação. Em “e”: Ter cérebro com lobo temporal maior são comuns (é
comum) em pessoas com HSAM.
E. O sono, segundo explicam os especialistas, é essencial
para que seja consolidado a memória. GABARITO OFICIAL: B

Acertos entre parênteses: 04. Câmara Municipal de Cotia-SP – Contador - Vu-


nesp-2017 Assinale a alternativa correta quanto à con-
Em “a”: Muitas pessoas tem (têm) negligenciado as horas de cordância nominal.
sono, o que levam (leva) a vários problemas de saúde.
A. Notícias falsas sempre circularam. Sobretudo nas camadas
Em “b”: É no período do sono que precede imediatamente o menas expostas ao jornalismo.
estado de vigília que ocorre (ocorrem) os sonhos.
B. Basta recordar os persistente mitos relativo à falsidade das
Em “c”: As horas dedicadas ao sono devem ser respeitadas por viagens tripuladas pelo homem à Lua.
quem deseja ter uma vida saudável = correta
C. A rapidez e a instantaneidade da circulação de informa-
Em “d”: Alguns sonhos se tornam recorrente (recorrentes), e ções, próprio desse meio, propiciam a formação de ondas
deve ser dado (dada) especial atenção a sua interpretação. de credulidade.

Em “e”: O sono, segundo explicam os especialistas, é essencial D. As redes sociais da internet se mostram o veículo ideal
para que seja consolidado (consolidada) a memória. para a difusão de bastante notícias falsas.

GABARITO OFICIAL: C E. Essas ondas conferem escala e velocidade inéditas à


tradicional circulação de boatos.

03. Câmara Municipal de Dois Córregos-SP - Oficial de


Atendimento e Administração – Vunesp-2018 Assi- Em “a”: Notícias falsas sempre circularam. Sobretudo nas ca-
nale a alternativa em que a concordância está de acordo madas menas (menos) expostas ao jornalismo.
com a norma-padrão da língua.
Em “b”: Basta recordar os persistente (persistentes) mitos rela-
A. Pessoas com HSAM apresenta cérebro com o lobo tempo- tivo (relativos) à falsidade das viagens tripuladas pelo homem
ral maior. à Lua.

B. Os cérebros de pessoas com HSAM têm o lobo temporal Em “c”: A rapidez e a instantaneidade da circulação de infor-
maior. mações, próprio (próprias) desse meio, propiciam a formação
de ondas de credulidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

C. As pessoas com HSAM dispõe de cérebro com lobo tem-


poral maior. Em “d”: As redes sociais da internet se mostram o veículo ideal
para a difusão de bastante (bastantes) notícias falsas.
D. O lobo temporal nos cérebros de pessoas com HSAM pa-
recem ser maior. Em “e”: Essas ondas conferem escala e velocidade inéditas à
tradicional circulação de boatos = correta
E. Ter cérebro com lobo temporal maior são comuns em pes-
soas com HSAM. GABARITO OFICIAL: E

129
05. Câmara Municipal de Porto Ferreira-SP - Assessor O conhecimento do uso adequado das preposições é um
de Imprensa - Vunesp-2017 Assinale a alternativa cor- dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
reta quanto à concordância verbal. também nominal). As preposições são capazes de modificar
completamente o sentido daquilo que está sendo dito.
A. O acesso às universidades podem ser um caminho para
uma vida melhor. Cheguei ao metrô.
B. Com as cotas, garantiram-se vagas a negros, pardos, índios Cheguei no metrô.
e pobres nas universidades.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segun-
C. Houveram muitos mitos quando se cogitaram a imple-
mentação das cotas. do caso, é o meio de transporte por mim utilizado.

D. Já fazem quinze anos que as cotas nas universidades vem


sendo implementadas.
A voluntária distribuía leite às crianças.
E. As cotas, implementadas no país nos últimos quinze anos,
é um feito a comemorar. A voluntária distribuía leite com as crianças.

Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado


como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje-
Em “a”: O acesso às universidades podem (pode) ser um cami- to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
nho para uma vida melhor. (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial).

Em “b”: Com as cotas, garantiram-se vagas a negros, pardos,


índios e pobres nas universidades = correta
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
Em “c”: Houveram (Houve) muitos mitos quando se cogitaram acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um fato
(cogitou) a implementação das cotas.
absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas
Em “d”: Já fazem (faz) quinze anos que as cotas nas universi- em frases distintas.
dades vem (vêm) sendo implementadas.

Em “e”: As cotas, implementadas no país nos últimos quinze


anos, é (são) um feito a comemorar. A) Verbos Intransitivos

GABARITO OFICIAL: B Os verbos intransitivos não possuem complemento. É


importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.

1. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Chegar, Ir


que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
(regência nominal) e seus complementos. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.

1.1 Regência Verbal = Termo Regente: VERBO Fui ao teatro.


A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os Adjunto Adverbial de Lugar
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e ob-
jetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). Há verbos
que admitem mais de uma regência, o que corresponde à diversi-
dade de significados que estes verbos podem adquirir dependen-
Ricardo foi para a Espanha.
do do contexto em que forem empregados.
LÍNGUA PORTUGUESA

A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, contentar. Adjunto Adverbial de Lugar

A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agrado


ou prazer”, satisfazer.

Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar


a alguém”.

130
Comparecer C) Verbos Transitivos Indiretos

O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em Os verbos transitivos indiretos são complementados por
ou a. objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o últi- pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que
mo jogo. podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”,
para substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a,
as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com
os objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
B) Verbos Transitivos Diretos pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em
lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Os verbos transitivos diretos são complementados por
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar
esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos o, a, Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo-
os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais termi- iguais para todos.
nadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais
terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando
complementos verbais, objetos indiretos.
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando- tos introduzidos pela preposição “a”:
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admi-
rar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, casti- Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
gar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger,
estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, Eles desobedeceram às leis do trânsito.
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


como o verbo amar: Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
Amo aquele rapaz. / Amo-o. quem” ou “ao que” se responde.

Amo aquela moça. / Amo-a. Respondi ao meu patrão.

Amam aquele rapaz. / Amam-no. Respondemos às perguntas.

Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Respondeu-lhe à altura.

Observação: Observação:

Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para O verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnomi- exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva ana-
nais): lítica:

Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) O questionário foi respondido corretamente.

Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)


LÍNGUA PORTUGUESA

Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-


tos introduzidos pela preposição “com”.

Antipatizo com aquela apresentadora.

Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-


nam para uma minoria privilegiada.

131
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Observação:

Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanha- A mesma regência do verbo informar é usada para os se-
dos de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, guintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos que
apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indi-
reto relacionado a pessoas.
Comparar

Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as


Agradeço aos ouvintes a audiência. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento in-
direto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
Objeto Indireto Objeto Direto criança.

Paguei o débito ao cobrador. Pedir

Objeto Direto Objeto Indireto Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.

Pedi-lhe favores.
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
particular cuidado: Objeto Indireto Objeto Direto

Agradeci o presente. / Agradeci-o.

Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.

Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva


Objetiva Direta
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.

Paguei minhas contas. / Paguei-as.

Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. #FicaDica


A construção “pedir para”, muito comum
na linguagem cotidiana, deve ter emprego
muito limitado na língua culta. No entanto, é
Informar considerada correta quando a palavra licença
estiver subentendida.
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indi- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos
reto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. em casa.
Informe os novos preços aos clientes.

Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos


preços)
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Na utilização de pronomes como complementos, veja as
construções:
LÍNGUA PORTUGUESA

Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. Preferir

Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indire-
eles) to introduzido pela preposição “a”:

Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.

Prefiro trem a ônibus.

132
Observação: Assistir

Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem ter- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
mos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um assistência a, auxiliar.
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existen-
te no próprio verbo (pre). As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.

As empresas de saúde negam-se a assisti-los.

Mudança de Transitividade - Mudança de Significado

Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimento estar presente, caber, pertencer.
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguís-
tico muito importante, pois além de permitir a correta inter- Assistimos ao documentário.
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades ex-
pressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: Não assisti às últimas sessões.

Essa lei assiste ao inquilino.

Agradar

Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intransiti-
acariciar, fazer as vontades de. vo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar intro-
duzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada
Sempre agrada o filho quando. cidade.

Aquele comerciante agrada os clientes.

Chamar

Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solici-
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido tar a atenção ou a presença de.
pela preposição “a”.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la.
O cantor não agradou aos presentes.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
O cantor não lhes agradou.

Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-


O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: O sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
cantor desagradou à plateia. preposicionado ou não.

A torcida chamou o jogador mercenário.

Aspirar A torcida chamou ao jogador mercenário.

Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o A torcida chamou o jogador de mercenário.
ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspirá-
LÍNGUA PORTUGUESA

vamos a ele)
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, as Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são utilizadas,
mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. Veja o exem-
plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)

133
Namorar
Custar Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
anos.
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e
verduras não deveriam custar muito.
Obedecer - Desobedecer
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração reduzida Sempre transitivo indireto:
de infinitivo.
Todos obedeceram às regras.

Ninguém desobedece às leis.


Muito custa viver tão longe da família.

Verbo Intransitivo Oração Subordinada Subs-


tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”:
As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Custou-me (a mim) crer nisso.


Proceder
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva Reduzida de Infinitivo Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabi-
mento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segunda
acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de
modo.
A Gramática Normativa condena as construções que atri-
buem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa: As afirmações da testemunha procediam, não havia como
Custei para entender o problema. = Forma correta: refutá-las.
Custou-me entender o problema.
Você procede muito mal.

Implicar
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
implicavam um firme propósito. O avião procede de Maceió.

B) ter como consequência, trazer como consequência, Procedeu-se aos exames.


acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
O delegado procederá ao inquérito.

Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envol-


ver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. Querer

No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter von-
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem tade de, cobiçar.
não trabalhasse arduamente.
LÍNGUA PORTUGUESA

Querem melhor atendimento.

Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, esti-


mar, amar: Quero muito aos meus amigos.

134
Visar Simpatizar - Antipatizar

Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Não simpatizei com os jurados.
O homem visou o alvo.
Simpatizei com os alunos.
O gerente não quis visar o cheque.

Importante:
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objeti-
vo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. A norma culta exige que os verbos e expressões que dão
ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público. Cláudia desceu ao segundo andar.

Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Esquecer – Lembrar

Lembrar algo – esquecer algo 1.2 Regência Nominal

Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal) É o nome da relação existente entre um nome (substanti-
vo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No
estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro. verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo sig-
nifica, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspon-
exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, dentes: todos regem complementos introduzidos pela pre-
transitivos indiretos: posição a. Veja:

Ele se esqueceu do caderno. Obedecer a algo/ a alguém.

Eu me esqueci da chave. Obediente a algo/ a alguém.

Eles se esqueceram da prova.

Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu. Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja,
exercer a função de complemento nominal, ela será comple-
tiva nominal (subordinada substantiva).

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembra-


da passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve altera-
ção de sentido. É uma construção muito rara na língua con-
temporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por
exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
LÍNGUA PORTUGUESA

Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)

Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= mo-


mentos é sujeito)

135
Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Observação:

Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente
a; relativa a; relativamente a.
LÍNGUA PORTUGUESA

136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HORA DE PRATICAR
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010.
01. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- gado – FUMARC-2016 – adaptada)
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
O grande paradoxo das redes sociais virtuais
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Por Vinicius Pereira Colares em 12/02/2016 na edição 889

SITE Existe uma contradição inerente ao uso de mídias digitais.


Essa afirmação comprova-se, principalmente, quando a
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php ligamos ao smartphones. Ninguém usaria o celular por
tanto tempo se não acreditasse de verdade nos benefí-
cios dele. Poupar tempo, ser mais produtivo e ter acesso
à informação em qualquer lugar são alguns dos aspectos
*Não foram encontrados exercícios abrangendo o con- positivos citados, geralmente.
teúdo, embora esteja relacionado, também, ao uso do acento
indicativo da crase (acento grave). Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum ouvir relatos,
quando estes são sinceros, de donos de smartphones que
se sentem frustrados com o tempo empreendido nas re-
des sociais ou em outros aplicativos inúteis. Na tentativa
de controlar sua rotina (e imagem), o indivíduo, em sua
contemporaneidade, é cada vez mais vulnerável.

Desde 2007, com o lançamento do primeiro aparelho celular


com um sistema operacional próprio totalmente touch-s-
creen (o primeiro iPhone da Apple), os hábitos mudaram.
E mudam-se os hábitos, sabe-se, mudam-se as pessoas.

A psicóloga e socióloga do MIT (Massachusetts Institute of Te-


chnology), Sherry Turkle, analisou a possibilidade de um
novo tipo de comunicação estar surgindo com as novas
tecnologias.

As amizades nesse cenário, por exemplo, mudaram. Hoje “a


arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de saber dividir a
atenção de alguém constantemente – com o smartphone,
por exemplo. Quem nunca passou por uma situação pa-
recida, de encontrar-se falando consigo mesmo, que atire
a primeira pedra.

É a possibilidade de repensar um ato que faz com que, nor-


malmente, um indivíduo não repita um erro. Para alcan-
çar esse tipo de reflexão, porém, é preciso estar sozinho.
Não é uma regra, mas é sozinho que o sujeito consegue
ponderar sua existência individual e, respectivamente,
perceber a independência daqueles que o cercam. As re-
lações através das redes sociais impossibilitam, de certa
forma, que tudo isso aconteça.

O termo fight over text – que significa mais ou menos “bri-


ga por mensagem de texto” – é extremamente ilustrativo
LÍNGUA PORTUGUESA

para pensar esse aspecto. Um exemplo usado por Turkle:


Adam teve uma discussão séria com sua namorada. Ou
melhor, teve uma fight over text. Em uma situação onde
ele seria tomado por um surto de pânico, Adam resolve
mandar – e esse é o exemplo que a autora dá – uma foto
de seu próprio pé (risos?) para a namorada. Isso alivia a
situação e tudo acaba bem.

137
Essa possibilidade de esconder vulnerabilidades explica, de Está CORRETO o que se afirma em:
certa forma, o crescimento de aplicativos como o Snap-
chat (e suas mensagens “fantasmas”) e o Instagram. Nes- A. I e II, apenas.
sas redes sociais, o Adam de Turkle é sempre o Adam que
quer ser. Não é por um acaso que o Facetime, aplicativo B. I e III, apenas.
da Apple onde os envolvidos conversam por vídeo, não
deu tão certo quanto o esperado. C. II e III, apenas.

As mídias digitais e as redes sociais estão movimentando D. I, II e III.


uma quantidade cada vez maior de pesquisas em torno
de suas problemáticas. Termos como Fomo (Fear Of Mis-
sing Out – algo equivalente a “medo de perder algo”) estão
tentando explicar o que está por trás do desenvolvimento 02. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-
de aplicativos e dispositivos. gado – FUMARC-2016)

Em Stanford, por exemplo, foi criado o Persuasive Techno- O texto anterior caracteriza-se:
logy Lab (Laboratório de Tecnologia da Persuasão). São
estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos A. como um texto jornalístico, o que o torna acessível a qual-
que causam essa espécie de “dependência” por parte do quer leitor.
usuário das redes sociais. Os resultados desses estudos
acabam gerando mais aplicativos de persistent routine B. como uma prescrição, por convencer os leitores sobre a
(rotina persistente, quase um pleonasmo) ou behavioral dependência das redes sociais.
loop (comportamento repetitivo), que integram-se à nos-
sa rotina e, na maioria dos casos, não são produtivos – e C. pela informalidade, característica típica dos textos da in-
sim, distrativos. ternet.

O Instagram talvez venha a ser o melhor exemplo, definido D. por ser uma narrativa em que o autor apresenta uma pes-
como um produto habit-forming (ou criador de hábito). quisa.
É comum conhecer pessoas que, ao acordar, assumem
abrir o aplicativo antes mesmo de sair da cama. Isso se
torna, em curto e médio prazo, o equivalente a despertar
toda manhã e puxar a alavanca de uma máquina de apos- 03. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-
tas em um cassino. gado – FUMARC-2016) As aspas sinalizam ironia em:

Essa incapacidade de controlar os próprios hábitos implica A. Hoje “a arte da amizade”, diz Turkle, virou a arte de saber
geralmente na falta de capacidade de controlar as pró- dividir a atenção de alguém constantemente – com o
prias emoções. E são esses indivíduos que tentam, com o smartphone, por exemplo.
uso das redes sociais, apropriar-se de uma imagem idea-
lizada e controlar (ou contrariar) os atos do próximo. B. O termo fight over text – que significa mais ou menos “bri-
ga por mensagem de texto” – é extremamente ilustrativo
Existem maneiras de tentar mudar isso. Deixar o smartphone para pensar esse aspecto.
longe da mesa enquanto faz uma refeição ou sair de casa
sem o celular no bolso, por exemplo. Mas a melhor e mais C. São estudados nesse centro, por exemplo, os mecanismos
valiosa dica é de Sherry Turkle: leia (ou releia) Walden, de que causam essa espécie de “dependência” por parte do
Henry David Thoreau. usuário das redes sociais.

http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/o-gran- D. Termos como Fomo (Fear Of Missing Out – algo equiva-


de-paradoxo-das-redes-sociaisvirtuais/ lente a “medo de perder algo”) estão tentando explicar
o que está por trás do desenvolvimento de aplicativos e
[adaptado] dispositivos.

Analise as afirmativas a seguir: 04. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-


gado – FUMARC-2016) Analise as seguintes afirmativas:
I. As redes sociais causam tanto benefícios quanto malefí-
LÍNGUA PORTUGUESA

cios. I. No primeiro parágrafo do texto, o autor posiciona-se favo-


ravelmente ao uso dos smartphones.
II. As pessoas que utilizam as redes sociais estão expostas so-
cialmente. II. No 2.º parágrafo, o autor posiciona-se desfavoravelmente
ao uso dos smartphones.
III. As redes virtuais configuram-se como uma ferramenta de
construção de identidade pessoal. III. A sugestão dada pelo autor, no 13.º parágrafo, é avessa ao
uso dos smartphones.

138
São CORRETAS as afirmativas: 07. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-
gado – FUMARC-2016)
A. I e II, apenas.

B. I e III, apenas.

C. II e III, apenas.

D. I, II e III.

05. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-


gado – FUMARC-2016) Os resultados desses estudos
acabam gerando mais aplicativos de persistente routine
(rotina persistente, quase um pleonasmo) ou behavioral
loop (comportamento repetitivo), que integram-se à nos-
sa rotina e, na maioria dos casos, não são produtivos – e
sim, distrativos.

O uso do travessão no trecho anterior tem como objetivo:


Fonte: http://www.ivancabral.com/
A. Indicar a fala do autor.

B. Realçar o sintagma.
Dos recursos linguísticos presentes nos quadrinhos, o que
C. Separar a frase intercalada. contribui de modo DECISIVO para o efeito de humor é:

D. Substituir o uso dos parênteses. A. A fala do personagem.

B. O segmento “é outra coisa”.

06. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo- C. O texto não verbal.


gado – FUMARC-2016) Na frase “Essa incapacidade de
controlar os próprios hábitos implica geralmente na falta D.) O título “Rede Social”.
de capacidade de controlar as próprias emoções.”, o verbo
implica poderia ser substituído, sem alteração de senti-
do, por:
08. (Prefeitura Municipal de Matozinhos-MG – Advo-
A. causa. gado – FUMARC-2016) O efeito de humor da charge é
construído a partir dos(as)
B. envolve.
A. conhecimentos prévios dos leitores sobre fatos sociais.
C. provoca.
B. conhecimentos sobre o uso das redes sociais.
D. requer.
C. expressões dos personagens.

D. representações preconceituosas sobre determinada classe


social.

09. (CEMIG – Médico do Trabalho – FUMARC-2017) Aten-


te para os fragmentos e os itens lexicais neles sublinha-
dos, para os quais foram indicados sinônimos. Assinale a
LÍNGUA PORTUGUESA

opção em que a correlação feita esteja INCORRETA:

A. “Crianças poderiam escrever tisviu ou tisfiu e variantes


(ver, de novo, o famoso texto de Mattoso Câmara sobre
erros de escolares, e a sofisticada explicação para a troca
entre surdas e sonoras, que ele reclassifica).” [sofisticada
= requintada, rebuscada]

139
B. “O JN (27/06) informou que candidatos a emprego se fer- 11. (Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município
ram em provas de português. Mostrou um exemplo de de Guanhães/MG – Engenheiro – FUMARC-2017) Há
prova: um ditado com 30 palavras - relativamente inco- oração adjetiva, EXCETO em:
muns ou “bem” escolhidas, coisas como “obsessiva, exe-
quível” etc., boas para errar.” [exequível = compreensível, A. “[...] de se levar em conta as vidas humanas que ali hão de
inteligível] correr riscos sérios”.

C. “Também quero verificar se, de fato, alguém não consegue B. “[...] mas para ser pessoas decentes, que acreditam em al-
ler este título (eventualmente, tentará descobrir alguma gum tipo de felicidade tranquila [...]”.
ironia ou, ao menos, uma alusão ou sugestão, que o texto
esclarecerá).” [alusão = menção, insinuação] D. “Um riso C. “Os humanos que andam eretos e, para complicar tudo,
de deboche, em geral, um riso meio grosso, meio besta, o pensam [...]”.
mais reles que a humanidade consegue produzir. Prazer
que deriva de achar que ‘não sou como eles’”. [reles = or- D. “Talvez digam que é apenas utopia minha [...]”.
dinário, pífio]

12. (Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município


10. (CEMIG – Médico do Trabalho – FUMARC-2017) de Guanhães/MG – Engenheiro – FUMARC-2017) O
Atente para os pares de enunciados e assinale aquele em tempo dos verbos destacados está corretamente identifi-
que a alteração da ordem de algum constituinte NÃO pro- cado entre parênteses, EXCETO em:
vocou alteração semântica:
A. “[...] se cada um mudasse um pouquinho [...]”. (pretérito
A. A discussão apenas da ética mostra a relevância do tema imperfeito do indicativo)
nos dias atuais.
B. “A gente podia mudar [...]”. (pretérito imperfeito do indi-
A discussão da ética mostra apenas a relevância do tema nos cativo)
dias atuais.
C. “Haveríamos de nos respeitar mais”. (futuro do pretérito
do indicativo)

B. Somente dessa forma se poderia pensar em criar vínculo en- D. “O material foi recolhido pela insanidade [...]”. (pretérito
tre a empresa e seus funcionários. perfeito do indicativo)

Dessa forma se poderia somente pensar em criar vínculo en-


tre a empresa e seus funcionários.
13. (Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município
de Guanhães/MG – Engenheiro – FUMARC-2017) A
crase foi empregada CORRETAMENTE em:
C. Vantagens como horário flexível, a participação nos lucros
e a remuneração vinculada ao desempenho deveriam, as- A. A medalha enviada era semelhante à esta.
sim, tornar-se mais e mais comuns.
B. À quem foi enviado o relatório?
Vantagens como horário flexível, a participação nos lucros e,
assim, a remuneração vinculada ao desempenho deve- C. Ele ajuntou-se à um grupo de repórteres.
riam tornar-se mais e mais comuns.
D. Ele não respondeu àqueles apelos feitos pelo grupo.

D. No sistema econômico de mercado, hoje, o grande fator de


diferenciação é o talento. 14. (Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município
de Guanhães/MG – Engenheiro – FUMARC-2017) A
Hoje, no sistema econômico de mercado, o grande fator de redação oficial deve caracterizar-se, EXCETO:
diferenciação é o talento.
A. pela clareza e pela concisão.
LÍNGUA PORTUGUESA

B. pela formalidade e pela uniformidade.

C. pela impessoalidade e pelo uso do padrão culto de lingua-


gem.

D. pelo jargão burocrático e pela linguagem técnica.

140
15. (Câmara Municipal de Pará de Minas-MG - Analis- CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Lín-
ta de Compras – FUMARC-2017) gua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2004, p. 335.
Grifos nossos.

“Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim


como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza Tomando como referência as prescrições da gramática nor-
coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, mativa, atente para os excertos do artigo lido e respecti-
ficamos muito vulneráveis. Porque a dor é um alerta e a vas análises. A seguir, assinale a opção que contém afir-
dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra mação INCORRETA:
não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.”
A. “Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apeque-
ne. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.” =
É inadequado o uso do ponto final separando a segunda
Nesse fragmento, encontram-se conectivos que estabelecem oração adjetiva do seu núcleo, o pronome “aquilo”.
as relações semânticas indicadas abaixo, EXCETO:
B. “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se
A. Causalidade. sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que
se ignora”. = Está adequado o uso do ponto e vírgula se-
B. Comparação. parando constituintes do aposto enumerativo, o qual é
indicado pelos dois pontos.
C. Concessão.
C. “Por incrível que pareça esse termo francês significa, na
D. Condicionalidade. dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, me-
xendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar.”
= É inadequada a ausência da vírgula que deveria ocorrer
após a oração adverbial deslocada para o início da sen-
16. (Câmara Municipal de Pará de Minas-MG - Ana- tença.
lista de Compras – FUMARC-2017) Sobre o conectivo
“que”, sublinhado acima, verifica-se que desempenha a D. “Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito
mesma função sintática destacada na opção: vulneráveis.” = Está inadequado o uso de vírgula sepa-
rando o sujeito composto (você e eu) do predicado a ele
A. “Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para referente – “ficamos muito vulneráveis”.
ser pequena.”

B. “Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apeque-


ne.” 18. (Câmara Municipal de Pará de Minas-MG - Analis-
ta de Compras – FUMARC-2017)
C. “Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por
que não fez isso antes?” A crase representa, na escrita, um duplo fenômeno que se
prende à fonologia e à regência (verbal ou nominal):
D. “Tem gente que tem esperança do verbo esperar.”
Nos estudos de língua portuguesa, [crase] é o nome que se
dá à fusão de duas vogais idênticas. Tem particular im-
portância a crase da preposição a com o artigo feminino
17. (Câmara Municipal de Pará de Minas-MG - Analista de a(s), com o pronome demonstrativo a(s), com o a inicial
Compras – FUMARC-2017) Atente para o que afirmam Pasqua- dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo e com o a do
le e Ulisses (2004) sobre a frase e a pontuação: relativo a qual (as quais). Em todos esses casos, a fusão
das vogais idênticas é assinalada na escrita por um acen-
to grave.

Na escrita, os elementos vocais da linguagem são substituídos por CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Lín-
um sistema de sinais visuais que com eles mantêm alguma gua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2004, p. 510.
correspondência. Esses sinais são conhecidos como sinais de Grifos dos autores.
pontuação e seu papel na escrita é semelhante ao dos elemen-
tos vocais na língua falada: participam da estruturação das
LÍNGUA PORTUGUESA

frases na construção dos textos escritos. O estudo do emprego


dos sinais de pontuação está ligado à percepção de seu papel
estruturador na língua escrita. Isso significa que não se apren-
de a usá-los partindo do pressuposto de que eles representam
na escrita as pausas e melodias da língua falada: não é esse o
papel desses sinais. O estudo de seu emprego baseia-se na or-
ganização sintática e significativa das frases escritas e não nas
pausas e na melodia das frases faladas.

141
Assinale a opção em que, nos segmentos indicados, deverá 20. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-
ocorrer crase: MARC-2017)

A. Outros autores relacionam a ideia de equilíbrio a concep- “A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os
ção a qual Cortella se referiu, ou seja, aquela de avalia- pais da modernidade nos deixaram de herança a confian-
ção, pesagem, balanceamento. ça nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o
homem no centro do pensamento e a acreditar que a ra-
B. O autor deixa claro que é preciso a toda pessoa que dese- zão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre
ja ser bom profissional em cargo de liderança fortalecer e justa.”
aquela equipe a qual tem a sua disposição.
São figuras de linguagem identificáveis no fragmento acima,
C. Segundo o autor, quem chega a alguma situação limite, EXCETO:
como um infarto, passa a se cuidar, dedica-se a caminhar
e a fazer outros exercícios. A. Antítese.

D. Para o articulista, aquela perturbação que abale a integri- B. Ironia.


dade da vida de uma pessoa e impeça a ela de ser autên-
tica deve ser evitada. C. Metáfora.

D. Perífrase.

19. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-


MARC-2017)
21. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-
MARC-2017) Destacaram-se alguns itens lexicais e lhes
foram indicados sinônimos apropriados ao valor que as-
“O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de sumem no contexto em que se inserem. A correspondên-
vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não es- cia encontra-se INCORRETA na opção:
tamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gas-
tando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, A. “Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e
e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a o estético.” = momentâneo, transitório
impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos
esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado B. “E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensa-
e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transfor- mento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos,
mam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de construiria uma sociedade livre e justa.” = normas, axio-
um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente mas
incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade
onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.” C. “Já não há utopias de um futuro diferente.” = ilusões, qui-
meras

D. “Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentá-


Com relação ao emprego dos pronomes destacados, assinale ria, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a
a afirmativa INCORRETA: dispersão.” = divergência, disjunção

A. O emprego do demonstrativo “neste” está inadequado; o


autor deveria ter utilizado o pronome “nesse”.
22. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-
B. O emprego do pronome relativo “onde” desvia-se da nor- MARC-2017) Foram indicadas corretamente as ideias
ma prescrita, visto que não retoma constituinte que indi- representadas pelos conectivos destacados, EXCETO em:
ca espaço físico.
A. “... causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a
C. O pronome pessoal oblíquo “nos” poderia ser substituído impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos es-
pela forma tônica “a nós”. perança de mudá-lo.” = concessão

D. O pronome pessoal oblíquo átono “-lo” retoma, adequa- B. “... um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de
damente, o substantivo “país”, dito na frase anterior. Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa.” = condi-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção

C. “Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger,


caminhando por veredas perdidas.” = conformidade

D. “O evento soa mais importante que a história e o detalhe


sobrepuja a fundamentação.” = comparação

142
23. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU- 26. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-
MARC-2017) “A globalização tem sombras e luzes. Se de MARC-2017) Atente para o emprego dos pronomes pes-
um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunica- soais oblíquos e a análise apresentada, na sequência. As-
ção, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o sinale a opção que traz afirmação INCORRETA:
caráter de globocolonização.”
A. Enquanto nos deleitamos com essa esquizofrenia consu-
O item lexical destacado: mista, nós não enxergaremos ela e não a combateremos.
= Emprego correto: ambos os pronomes pessoais com-
A. é forma derivada dos itens “global” + “colonizar”. plementam verbos transitivos – “enxergar” e “combater”,
respectivamente.
B. é formado por composição, pois contém duas bases.
B. Para mim, falar sobre pós-modernidade é difícil. Para eu
C. exemplifica caso de formação por derivação regressiva. discutir esse tema, terei de ler muito sobre ele. = Empregos
corretos: pronome pessoal oblíquo funciona como com-
D. trata-se de um caso especial de formação, a derivação im- plemento; o pronome reto, como sujeito.
própria.
C. A ciência prometia dar segurança ao homem, mas lhe deu
mais desgraças e não lhe tranquilizou a existência. = Em-
pregos corretos: o pronome oblíquo “lhe” funciona como
24. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU- complemento verbal, na primeira ocorrência, e como ad-
MARC-2017) Com relação à acentuação gráfica dos itens junto adnominal, na segunda.
destacados, avalie as afirmações e assinale a opção que traz
uma asserção INCORRETA: D. A argumentação do professor Sanches nos faz sair da zona
de conforto do individualismo e nos deixa refletir sobre a
A. Assim como os itens “crítica” e “sétimo”, todas as demais que existência. = Emprego correto: pronome oblíquo “nos”
apresentarem tal tonicidade deverão receber acento gráfico. funciona como sujeito dos verbos “sair” e “refletir”, após
os causativos “fazer” e “deixar”.
B. Os itens lexicais “ruínas”, “saía” e “país” são acentuados pela
mesma razão: a presença de vogal -I ou -U tônica num hia-
to, seguida ou não de -S.
27. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU-
MARC-2017)
C. Os vocábulos “cristã”, “não”, “são” e “evasão” recebem acento
gráfico pela mesma razão: trata-se de oxítonas com vogal
Crase significa fusão de dois fonemas “a”, em circunstância
nasal no segmento final.
marcada por uma exigência verbal ou nominal; é, portan-
to, fenômeno tanto fonológico quanto morfossintático.
D. Os vocábulos “Rússia” e “delírio” recebem acento gráfico de- Sabe-se que há situações de crase obrigatória, outras em
vido ao encontro vocálico presente em sua última sílaba. que o acento grave é considerado facultativo e, finalmen-
te, casos em que sua presença é proibida.

Atente para as asserções sobre excertos do texto. A seguir, as-


25. (CEMIG - Analista de Gestão Contábil Jr – FU- sinale a opção que traz a afirmativa CORRETA:
MARC-2017) Atente para a semântica introduzida pelos
conectivos (palavras ou locuções) destacados e assinale a A. “A vida se tornou absurda e difícil de ser vivida, face a esse
afirmação INCORRETA: “mal-estar” do homem ocidental.”
A. “O mundo está sem ordem e valores, como disse Dostoievski: = Crase proibida. Haveria, porém, crase em: A vida se tornou
‘Se Deus não existe, tudo é permitido’”. = Ideia de compara- absurda e difícil de ser vivida, face à face com esse “mal-
ção. -estar” do homem ocidental.
B. “... as luzes da razão poderiam colocar o homem como ge- B. “A pós-modernidade talvez seja uma reação a esse quadro
rador de sua história. Mas tudo não passou de um sonho, desolador.”
um sonho de verão (parodiando Shakespeare).” = ideia de
adversidade. = Crase proibida. Haveria, porém, crase diante da forma fe-
minina: A pós-modernidade talvez seja uma reação à essa
C. “Restou-nos o refúgio nos grandes espetáculos, como os do grave situação.
Coliseu antigo: o pão e o circo, para preencher o vazio da
LÍNGUA PORTUGUESA

vida.” = Ideia de finalidade. C. “A razão, além de não nos responder às grandes questões
que prometeu responder, engendra novas e terríveis per-
D. “Harvey põe o dedo na ferida ao dizer que o projeto do Ilumi- guntas, que chegam até hoje, vagando sobre a incerteza de
nismo já era, na origem, uma “patranha”, na medida em que nossos precários destinos.”
disparava um discurso redentor para o homem com as luzes
da razão, em troca da lenta e gradual perda de sua liberda- = Crase proibida. Haveria, porém, crase obrigatória, se alte-
de.” = Ideia de proporcionalidade. rássemos a preposição para “... que chegam até hoje, va-
gando até à incerteza”.

143
D. “ A cultura moderna, ou pós-modernista, não tem uma ra- 30. (COPASA-MG - Analista de Saneamento: Engenheiro
zão para produzir sua autocrítica, mas muitas razões, de- Civil – FUMARC-2018 - adaptada)
vido à sua prolongada irracionalidade do “modo de vida
global” segundo Jameson”. Diante desse contexto inquietante a respeitável psicanalis-
ta Elisabeth Roudinesco, alerta: “Que sempre haverá um
= Crase facultativa. O autor poderia ter optado por não colo- medicamento a ser receitado, pois cada paciente é trata-
car crase antes do pronome possessivo: “... muitas razões, do como um ser anônimo, pertencente a uma totalidade
devido a sua prolongada irracionalidade”. orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados
à imagem de um clone, ele vê ser-lhe receitado à mesma
gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”. So-
bre o excerto, afirma-se:
28. (COPASA-MG - Analista de Saneamento: Engenhei-
ro Civil – FUMARC-2018) Do ponto de vista do uso dos 1. O pronome pessoal “ele” retoma o sintagma “um clone”.
sinais de pontuação prescrito pela gramática normativa,
que se respalda na estruturação sintática das sentenças, 2. Há um termo deslocado no início do período, que, segundo
avalie as sentenças transcritas. Constata-se que apresen- prescrições da gramática normativa, deveria ser marcado
tam desvios de pontuação, EXCETO: por vírgula.

A. “A felicidade, adverte o sistema, consiste em comprar, com- 3. A citação, marcada pelas aspas, parece mal introduzida, vis-
prar, comprar.” to que começa por um conectivo.

B. “Em relação às crianças se constata o aumento do Transtor- 4. A vírgula após o nome da psicanalista Elisabeth Roudinesco
no por Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).” é inadequada, posto que se trata do sujeito gramatical.

C. “Fora do mercado não há salvação. E dentro dele feliz é 5. A crase empregada no sintagma “à mesma gama de medica-
quem sabe empreender com sucesso, manter-se perene- mentos” é correta, regida pelo verbo “receitar”. Estão COR-
mente jovem, brilhar aos olhos alheios.” RETAS as afirmativas:

D. “Huxley declarou mais tarde que a realidade havia confir- A. 1, 2 e 4.


mado muito de sua ficção.”
B. 1, 3, 4 e 5.

C. 2, 3 e 4.
29. (COPASA-MG - Analista de Saneamento: Engenhei-
D. 3, 4 e 5.
ro Civil – FUMARC-2018) Atente para o excerto abaixo:

31. (COPASA-MG - Analista de Saneamento: Engenheiro


Huxley declarou mais tarde que a realidade havia confir- Civil – FUMARC-2018) Atente para o excerto:
mado muito de sua ficção. De fato, hoje a nossa subje-
tividade é controlada por medicamentos. São ingeridos
comprimidos para dormir, acordar, ir ao banheiro, abrir
o apetite, estimular o cérebro, fazer funcionar melhor as “Na mesma linha de raciocínio, o renomado jornalista ame-
glândulas, reduzir o colesterol, emagrecer, adquirir vita- ricano Robert Whitaker, questiona os métodos de trata-
lidade, obter energia etc. O que explica encontrar uma mento adotados pela psiquiatria para os casos de pacien-
farmácia em cada esquina e, quase sempre, repleta de tes com doenças mentais. Whitaker escreveu dois livros
consumidores. analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em
países como Índia, Nigéria e Estados Unidos, e afirma que
Apresentam a mesma função sintática, no contexto em que a psiquiatria está entrando em um período de crise e con-
ocorrem, EXCETO: clui: “A história que nos contaram desde os anos oitenta
caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são
A. a realidade causadas por desequilíbrios químicos no cérebro”.”
B. as glândulas

C. comprimidos Assinale a afirmativa INCORRETA:


LÍNGUA PORTUGUESA

D. energia A. O uso do gerúndio em “analisando”, segundo prescrições da


gramática normativa, é inadequado: não há simultaneida-
de de ações. O autor deveria ter utilizado “em que (ou nos
quais) analisa a evolução...”

B. É adequada a vírgula que segue o sintagma “o renomado jor-


nalista americano Robert whitaker”, por ser muito longo.

144
C. Ao utilizar a expressão “caiu por terra”, em relação ao cons- 34. (Secretaria de Estado de Educação de Minas Ge-
tituinte “A história que nos contaram”, o autor lançou rais - Professor de Educação Básica – PEB – Nível
mão de uma metáfora. I – Grau A – Língua Portuguesa – FUMARC-2018)

D. Ao dizer que os métodos de tratamento são adotados “pela


psiquiatria” – e não “pelos psiquiatras” –, constitui-se
uma figura de linguagem denominada metonímia. Terrorismo lógico

Antônio Prata

32. (Prefeitura Municipal de Carneirinho-MG - Assis-


tente Social – FUMARC-2018) No que se refere ao uso
da vírgula, julgue os itens a seguir: Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes.
Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal
I. “Não me dei conta, imediatamente, do que estava em jogo «Charlie Hebdo”, na França. Se não houvesse imigrantes
(tratando-se de outra língua, a presteza nunca é muito na França, não teria havido ataque ao “Charlie Hebdo”.
grande)”. = A supressão das vírgulas na palavra imediata-
mente preservaria a correção gramatical do período, mas Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal “Charlie
prejudicaria seu sentido original. Hebdo”, eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho
de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.
II. “Ele achou graça, elogiou a aluna etc.” = A vírgula sepa-
rando as duas orações se justifica porque ela substitui a Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi,
conjunção e. suspeitos do ataque ao jornal “Charlie Hebdo”, eram fi-
lhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar fu-
III. “Ela me deu o contexto, que é o seguinte:” = A vírgula an- tebol.
tes do pronome que se justifica porque a oração introdu-
zida por ela é explicativa. Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma
minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que
Está CORRETO o que se afirma em: dá defender minoria...

A. I e II, apenas. A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma


minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda
B. I e III, apenas. francesa é culpada pelo ataque terrorista.

C. II e III, apenas. A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque


terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema
D. I, II e III. direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. “Le Pen”


é “O Caneta”, se tomarmos o artigo em francês e o subs-
33. (Prefeitura Municipal de Carneirinho-MG - Assis- tantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da
tente Social – FUMARC-2018) Em relação à ocorrência extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos
da palavra a nos enunciados seguintes, avalie as afirma- erros de concordância nominal.
ções que se seguem:
(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do
I. Um Secretário de Instrución Pública falava a um grupo de David Lynch não fazem muito sentido. Este último pará-
alunos em uma escola e os incentivava a “ler”. grafo é um filme do David Lynch.)

II. Depois disso é que surgiu a piada narrada no primeiro pa- O “Charlie Hebdo” zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichi-
rágrafo, uma montagem. nhas, zoo gorda, zoo geral! “Je suis Charlie!”

III. Observe-se que o fenômeno ocorre nos dois casos, o que Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os
favorece a tese dos sociolinguistas. criticam. “Charlie Hebdo” fez piada com religião, e terro-
ristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.
A. A palavra a classifica-se, respectivamente, como: artigo –
preposição – artigo. Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres
LÍNGUA PORTUGUESA

para se expressar. Algumas dessas expressões podem


B. Em todas as três ocorrências, a palavra a pertence à mes- ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é dese-
ma classe gramatical. jável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

C. Somente em uma ocorrência a palavra a encabeça o com- O “Charlie Hebdo” foi atacado por terroristas. A editora Abril
plemento de um verbo transitivo direto. foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é
Charlie.
D. Somente uma ocorrência registra um caso da preposição a.

145
Os terroristas que atacaram o jornal “Charlie Hebdo” usavam 35. (Secretaria de Estado de Educação de Minas Ge-
gorros pretos. “Black blocs” usam gorros pretos. “Black rais - Professor de Educação Básica – PEB – Nível
blocs” são terroristas. I – Grau A – Língua Portuguesa – FUMARC-2018)
Assinale a alternativa em que o hífen tenha sido CORRE-
“Black blocs” não são terroristas. A polícia os trata como ter- TAMENTE utilizado na formação de compostos e na in-
roristas. Os “black blocs” têm o direito de tocar o terror. dicação de divisão silábica, em situação de escrita de um
texto, tendo em conta que a barra sinaliza final de linha.
Os terroristas que atacaram o jornal “Charlie Hebdo” usavam
gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques A. malcom-/portado – cor-de-/rosa – mal-/-sucedido
com drones não são terrorismo.
B. mesoclí-/tico – dois-/-pontos – pré-/datado
Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O “Oci-
dente” usa drones. É justificável o terror contra o “Oci- C. pon/to-e-vírgula – anti-/-infeccioso – ante-/-projeto
dente”.
D. subu-/mano – hiper-/-realismo – mãe-d’á-/gua
O ataque terrorista contra o “Charlie Hebdo” foi no dia 7/1. A
derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 E. sub-/-locatário – pree-/xistente – geo-/histórico
devem ser imediatamente presos e submetidos a “técni-
cas reforçadas de interrogatório”, tais como simulação de
afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por
via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também. 36. (Secretaria de Estado de Educação de Minas Ge-
rais - Professor de Educação Básica – PEB – Nível
Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk I – Grau A – Língua Portuguesa – FUMARC-2018)
é um abacate. Em todas as alternativas, o hífen foi utilizado de forma
incorreta ao menos uma vez, EXCETO em:
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/
antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. A. sub-humano, micro-ondas, socioeconômico, sub-remu-
Acesso em: 2 fev. 2015.) nerado

B. hiper-sensibilidade, ultravioleta, infravermelho, anticor-


rupção
Leia as considerações abaixo, sobre o texto.
C. hipersensibilidade, inter-regional, super-aquecimento,
I. Os recursos de construção recorrentemente adotados em inter-sindical
cada parágrafo do texto atuam diretamente na constru-
ção da ironia. D. contracheque, contragolpe, contra-reforma, contra-senso

II. O texto toma como objeto central de reflexão os ataques E. anti-inflamatório, anteprojeto, antiabortivo, anti-social
terroristas na França.

III. Em alguns parágrafos do texto, revela-se, de forma explí-


cita, a defesa do autor ao combate ao terror do Ocidente.

IV. Subjaz ao texto uma crítica à fragilidade das generaliza-


ções e conclusões apressadas ou inconsistentes.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

A. I e II.

B. I e IV.

C. II.

D. II e III.
LÍNGUA PORTUGUESA

E. III e IV.

146
GABARITO ANOTAÇÕES

01 D
02 A
03 A ————————————————————————
04 D
————————————————————————
05 B
06 B ————————————————————————
07 C ————————————————————————
08 A ————————————————————————
09 B
————————————————————————
10 D
11 D ————————————————————————
12 A ————————————————————————
13 D
————————————————————————
14 D
————————————————————————
15 C
16 C ————————————————————————
17 D ————————————————————————
18 A
————————————————————————
19 A
————————————————————————
20 A
21 D ————————————————————————
22 B ————————————————————————
23 B
————————————————————————
24 C
25 A
————————————————————————
26 A ————————————————————————
27 D ————————————————————————
28 A
————————————————————————
29 D
30 C ————————————————————————
31 B ————————————————————————
32 C ————————————————————————
33 D
————————————————————————
34 B
35 D ————————————————————————
LÍNGUA PORTUGUESA

36 A ————————————————————————
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147
ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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