Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Informativo 601-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO À SAÚDE
Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de terem se passado vários
anos sem o julgamento.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Termo inicial da ação civil para a perda do cargo.
DIREITO CIVIL
COMPRA COM RESERVA DE DOMÍNIO
Em caso de compra e venda com reserva de domínio é possível a comprovação da mora por meio de notificação
extrajudicial enviada pelo RTD.
ALIMENTOS
Se o filho é maior de 18 anos, mas apresenta doença mental incapacitante, seus pais têm dever de prestar alimentos,
sendo a necessidade presumida.
DIREITO EMPRESARIAL
REPRESENTAÇÃO JUDICIAL
Presunção da existência de exclusividade em zona.
DIREITO FALIMENTAR
A extinção das obrigações do falido depende da quitação dos tributos?
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Para a aplicação da multa por litigância de má-fé não se exige a comprovação de dano.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Honorários com cláusula ad exitum e renúncia do advogado antes do fim da demanda.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Termo inicial do prazo para apresentar impugnação em caso de comparecimento espontâneo logo após a penhora.
DIREITO PENAL
CRIME DE DESABAMENTO
Representante legal de empresa que contratou a realização de obra não responde penalmente por desabamento
ocorrido na construção.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
O valor da TUSD compõe a base de cálculo do ICMS.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PREVIDÊNCIA PRIVADA
Não se pode conferir à aposentadoria complementar os aumentos reais concedidos para benefícios mantidos pelo INSS.
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO À SAÚDE
Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto
pelo simples fato de terem se passado vários anos sem o julgamento
O STJ concordou com a argumentação da Fazenda Pública? O processo em curso deverá ser extinto pela
perda do objeto?
NÃO. O STJ entendeu que não houve perda do objeto e deu provimento ao recurso ordinário do autor.
O Poder Público, ao se recusar a fornecer leite especial que é necessário para a saúde da criança, viola o
direito fundamental à saúde e à vida, que são garantidos pela Constituição Federal.
Como se trata de direito fundamental da pessoa é dever do Poder Público garantir a saúde e a vida, não
há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da demanda ter demorado.
Ademais, cumpre destacar que a necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança
deverá ser apurada em fase de execução, quando será conferida oportunidade ao demandante para
comprovar suas alegações.
Vale lembrar também que, se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido
principal formulado na exordial, em virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que
a parte requeira a conversão em perdas e danos.
Desse modo, não é possível afastar a responsabilidade do Estado mediante a alegação de perda de objeto,
cabendo ao Ente demandado judicialmente prover a prestação dos produtos necessários à saúde do
requerente, sob pena de ofensa ao direito fundamental à saúde.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Termo inicial da ação civil para a perda do cargo
Neste PAD, o Promotor poderia ter sido demitido? Se um membro do Ministério Público pratica uma
infração disciplinar grave, ele poderá ser condenado, em processo administrativo, à pena de demissão?
NÃO. Os membros do MP gozam de vitaliciedade e somente podem perder o cargo por sentença judicial
transitada em julgado (art. 128, § 5º, I, “a”, da CF/88).
Além da CF/88, essa vitaliciedade foi regulamentada pelo art. 38, § 1º da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica
Nacional do MP) e pelo art. 57, XX, da LC 75/93 (Estatuto do MPU). Essas leis preveem que é necessária a
propositura de uma ação civil para a decretação da perda do cargo contra o membro do Ministério Público
que tiver praticado uma infração disciplinar grave.
Lei nº 8.625/93
O § 2º do art. 38 da Lei nº 8.625/93 (que trata sobre os membros do MP estadual) exige que a ação para
perda do cargo seja proposta contra o Promotor de Justiça pelo Procurador-Geral de Justiça, após
autorização do Colégio de Procuradores:
Art. 38. (...)
§ 1º O membro vitalício do Ministério Público somente perderá o cargo por sentença judicial
transitada em julgado, proferida em ação civil própria, nos seguintes casos:
I - prática de crime incompatível com o exercício do cargo, após decisão judicial transitada em
julgado;
II - exercício da advocacia;
III - abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos.
§ 2º A ação civil para a decretação da perda do cargo será proposta pelo Procurador-Geral de
Justiça perante o Tribunal de Justiça local, após autorização do Colégio de Procuradores, na forma
da Lei Orgânica.
LC 75/93
O inciso XX do art. 57 da LC 75/93 (que versa sobre os membros do MPU) afirma que a ação para perda
do cargo deve ser proposta pelo PGR, após autorização do Conselho Superior do MPF:
Art. 57. Compete ao Conselho Superior do Ministério Público Federal:
XX - autorizar, pela maioria absoluta de seus membros, que o Procurador-Geral da República ajuíze
a ação de perda de cargo contra membro vitalício do Ministério Público Federal, nos casos
previstos nesta lei;
(...)
Art. 242. As infrações disciplinares serão apuradas em processo administrativo; quando lhes forem
cominadas penas de demissão, de cassação de aposentadoria ou de disponibilidade, a imposição
destas dependerá, também, de decisão judicial com trânsito em julgado.
Voltando ao exemplo:
Em 2012, o Procurador-Geral de Justiça ajuizou ação penal contra o Promotor no Tribunal de Justiça (art.
96, III, da CF/88) pela prática de corrupção passiva (art. 317 do CP).
Em 2016, o Tribunal de Justiça condenou o réu a uma pena de 2 anos.
Houve o trânsito em julgado.
O Tribunal de Justiça poderá determinar a perda do cargo, com base no art. 92, I, “a”, do CP (São também
efeitos da condenação: a perda do cargo quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual
ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública)?
NÃO. As regras sobre a perda do cargo de membro do Ministério Público estadual estão previstas em
norma especial, qual seja, Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), que dispõe que a
perda do referido cargo somente pode ocorrer após o trânsito em julgado de ação civil proposta para esse
fim.
Em outras palavras, o art. 92, I, “a”, do CP não se aplica para membros do Ministério Público.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.251.621-AM, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2014 (Info 552).
Segundo a tese de João, a falta disciplinar por ele praticada é prevista como crime (corrupção passiva –
art. 317 do CP). Logo, deve ser aplicado o art. 244, parágrafo único, da LC 75/93.
Como João recebeu pena de 2 anos pelo crime praticado, a prescrição deverá ser contada com base nessa
pena em concreto. Assim, o prazo prescricional seria de 4 anos, nos termos do art. 109, V, do CP:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do
art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se:
(...)
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
De acordo com João, este prazo prescricional iniciou-se na data da decisão do PAD, em 2011.
Primeira pergunta: a LC 75/93 pode ser aplicada à situação de João, mesmo ele sendo membro do
Ministério Público estadual?
SIM. A Lei Orgânica do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) determina que a LC 75/93 deverá ser aplicada
de forma subsidiária:
Art. 80. Aplicam-se aos Ministérios Públicos dos Estados, subsidiariamente, as normas da Lei
Orgânica do Ministério Público da União.
Segunda pergunta: o prazo prescricional da ação civil de perda do cargo do membro do Ministério
Público é regido pelo art. 244 da LC 75/93?
SIM.
Terceira pergunta: em caso de falta disciplinar que também é crime, o prazo prescricional será regido
pela pena em concreto que foi aplicada? Em nosso exemplo, o prazo prescricional deve ser calculado a
partir da pena de 2 anos?
NÃO. O prazo prescricional deve ser contado com base na pena máxima em abstrato do crime imputado.
Nesse sentido:
(...) 3. Quando o promotor comete uma infração administrativa, a prescrição é aquela disciplinada em um
dos incisos do art. 244 da Lei Complementar nº 75/93; já quando a infração cometida é prevista também
na lei penal, o prazo prescricional é aquele referente ao crime praticado.
4. A disposição da lei de que a falta administrativa prescreverá no mesmo prazo da lei penal, leva a uma
única interpretação possível, qual seja, a de que este prazo será o mesmo da pena em abstrato, pois este,
por definição originária, é o prazo próprio prescricional dos crimes em espécie. (...)
STJ. 6ª Turma. REsp 379.276/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/12/2006.
Em nosso exemplo, o crime imputado é o de corrupção passiva (art. 317), cuja pena máxima é de 12 anos.
Logo, aplicando-se o art. 109, II, do CP, o prazo prescricional para ajuizar a ação contra João seria de 16 anos.
Quarta pergunta: esse prazo prescricional para o ajuizamento da ação é contado a partir de quando?
A partir do trânsito em julgado da condenação criminal. Isso porque o art. 38, § 1º, I, da Lei nº 8.625/93
afirma que a ação civil para perda do cargo somente deve ser interposta após o trânsito em julgado da
sentença penal, nos casos em que a falta funcional corresponde também a uma conduta criminosa.
Assim, uma das condições de procedibilidade da ação civil para perda do cargo é a existência de decreto
condenatório proferido no juízo criminal e transitado em julgado.
Logo, se a ação somente pode ser proposta após o trânsito em julgado, não se pode contar a prescrição
antes dessa condição ocorrer.
Prescrição somente ocorre quando alguém, podendo agir, deixa de fazê-lo, no tempo oportuno.
DIREITO CIVIL
Importante!!!
A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor com o intuito de recuperação da coisa
vendida com cláusula de reserva de domínio, pode ser comprovada por meio de notificação
extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos (RTD).
Assim, em caso de cláusula de reserva de domínio, existem três formas pelas quais o vendedor
(credor) poderá comprovar a mora do comprador (devedor):
a) mediante protesto do título;
b) por meio de interpelação judicial;
c) por notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Títulos e Documentos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.000-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
Exemplo
A venda com reserva de domínio é normalmente utilizada pelas grandes lojas de departamento quando
vendem a prazo eletrodomésticos de maior valor, como televisões, geladeiras, fogões etc.
Características
A cláusula de reserva de domínio deve ser estipulada por escrito.
Para valer contra terceiros, o contrato precisa ser registrado no domicílio do comprador (art. 522). A
serventia competente para esse registro é o RTD (Registro de Títulos e Documentos).
Se o bem vendido foi um automóvel, caberá a anotação do gravame no Certificado de Registro do Veículo
(CRV), nos termos da Lei nº 11.882/2008:
Art. 6º Em operação de arrendamento mercantil ou qualquer outra modalidade de crédito ou
financiamento a anotação da alienação fiduciária de veículo automotor no certificado de registro
a que se refere a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, produz plenos efeitos probatórios
contra terceiros, dispensado qualquer outro registro público.
Apesar de a venda com reserva de domínio não ser o mesmo que alienação fiduciária, aplica-se aqui o
mesmo raciocínio que inspirou a edição da súmula 92 do STJ:
Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de
registro do veículo automotor.
Ex.: se João compra uma TV em 12x com reserva de domínio e no terceiro mês um ladrão furta o bem,
João deverá pagar as nove prestações que faltam, mesmo sem ficar com a coisa.
Existe uma regra que diz o seguinte: "res perit domino" (a coisa perece para o dono), ou seja, se o bem
pereceu, quem deve sofrer o prejuízo é o proprietário. O art. 524 acima analisado é uma exceção a essa
regra. Na compra com reserva de domínio vigora a regra do "res perit emptoris" (a coisa perece para o
comprador).
Apesar de o dispositivo acima transcrito mencionar duas hipóteses (ação de cobrança ou recuperação da
posse), a doutrina especializada afirma que o vendedor (credor) possui três opções:
b) Ação de cobrança
Se o contrato assinado não preenche os requisitos para ser considerado um título executivo, o vendedor
poderá ajuizar ação cobrando as prestações vencidas e vincendas e o que mais for devido.
Repare, portanto, que, em caso de atraso, ocorrerá o vencimento antecipado das parcelas futuras.
Ex.: eram 12 parcelas; depois da 4ª, o comprador tornou-se inadimplente; logo, todas as 8 restantes já são
consideradas vencidas.
Vale ressaltar que, se o vendedor conseguir receber esse valor pleiteado na ação, o bem objeto do negócio
jurídico passa a pertencer ao comprador.
c) Ação de reintegração de posse da coisa vendida (alguns autores defendem que seria uma ação de
busca, apreensão e depósito, com base no art. 1.071 do CPC 1973, que não foi repetido no CPC 2015)
Caso opte por pedir a reintegração de posse (ou busca e apreensão), mesmo depois de ter de volta o bem,
o vendedor poderá reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as
despesas feitas e o que mais de direito lhe for devido (art. 527). Em outras palavras, o vendedor poderá
utilizar o valor já pago pelo comprador para cobrir seus prejuízos. Isso porque a coisa foi usada e já não
vale o mesmo do que valia quando era nova. Além disso, o vendedor teve despesas com notificação
extrajudicial etc.
Se as prestações pagas pelo comprador forem maiores do que os gastos do vendedor, deverá este
devolver o excedente ao comprador.
Se forem menores, poderá ajuizar ação de cobrança para pleitear o restante.
Se o vendedor quiser ajuizar a ação de reintegração de posse, ele precisará primeiro pedir a rescisão do
contrato?
NÃO. Se o vendedor quiser ajuizar a ação de reintegração de posse da coisa vendida, não precisará
previamente pedir a rescisão do contrato, podendo propor desde logo a ação possessória. Nesse sentido,
decidiu o STJ:
Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de compra e venda com reserva de domínio,
o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a proteção possessória sobre o bem
móvel objeto da avença.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.056.837-RN, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 3/11/2015 (Info 573).
Para o STJ, mesmo a mora no contrato de compra e venda com reserva de domínio sendo uma mora ex
re, é possível aplicar ao caso o parágrafo único do art. 397 do CC:
Art. 397 (...)
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.
Assim, em caso de cláusula de reserva de domínio, existem três formas pelas quais o vendedor (credor)
poderá comprovar a mora do comprador (devedor):
a) mediante protesto do título;
Instituição financeira que paga o preço da coisa ao vendedor sub-roga-se em seus direitos
Algumas vezes pode acontecer de a loja vender parceladamente ao comprador e receber o dinheiro da
venda à vista ou logo depois, por intermédio de uma instituição financeira. Isso é feito para que a loja
tenha capital de giro e, obviamente, o banco irá cobrar do vendedor um valor por este adiantamento.
Se essa situação se verificar, a instituição financeira irá se sub-rogar nos direitos do vendedor e, assim, se
o comprador tornar-se inadimplente, ela poderá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato como
se fosse o vendedor.
Vale ressaltar que, no momento da assinatura do contrato, o comprador deverá ser informado e concordar
com essa operação.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações
decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva
ciência do comprador constarão do registro do contrato.
ALIMENTOS
Se o filho é maior de 18 anos, mas apresenta doença mental incapacitante,
seus pais têm dever de prestar alimentos, sendo a necessidade presumida
Importante!!!
É presumida a necessidade de percepção de alimentos do portador de doença mental
incapacitante, devendo ser suprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados em razão do
poder familiar, independentemente da maioridade civil do alimentado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
João paga R$ 4 mil de pensão alimentícia para seu filho Gabriel (de 7 anos), que teve com sua ex-esposa.
Qual é o fundamento jurídico para o pagamento dessa prestação?
O fundamento está no poder familiar.
Poder familiar é um conjunto de direitos e deveres conferido aos pais com relação ao filho menor de 18
anos (não emancipado), dentre eles o poder de dirigir a criação e a educação, de conceder consentimento
para casar, de exigir que preste obediência, e outros previstos no art. 1.634 do CC.
Como decorrência do poder familiar, os pais são obrigados a dar sustento aos filhos menores, nos termos
do art. 1.566, IV, do CC:
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
IV – sustento, guarda e educação dos filhos;
Até quando João terá que pagar pensão alimentícia em favor de Gabriel?
Em regra, até 18 anos. Isso porque o poder familiar dos pais sobre os filhos cessa com a maioridade, ou
seja, quando os filhos completam 18 anos (art. 1.630 e art. 1.635, III).
Assim, em regra, a obrigação dos pais de prestar alimentos aos filhos cessa com o fim do poder familiar,
isto é, quando os filhos completam 18 anos.
É importante, no entanto, fazer um alerta. O fato de o filho completar 18 anos não autoriza que o pai, a
partir desse dia, automaticamente, deixe de pagar a pensão. É necessário que o genitor faça um pedido
ao juiz de exoneração da obrigação de alimentar. Há, inclusive, uma súmula do STJ a respeito:
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
Esse pedido ao juiz deverá ser formulado nos próprios autos da ação de alimentos (se houver) ou, então,
o pai terá que propor uma ação de exoneração.
É necessário esse pedido expresso porque o filho deve ter a oportunidade de se defender e pedir para
continuar recebendo a pensão por outro motivo que não seja a menoridade (ex: estudo, doença etc.).
Veremos mais sobre isso logo abaixo.
Dessa forma, é devido alimentos ao filho maior quando comprovada a frequência em curso universitário
ou técnico, por força da obrigação parental de promover adequada formação profissional:
Esse filho que está fazendo curso superior ou técnico terá direito à pensão alimentícia até que idade?
Em regra, até 24 anos. Essa idade não está prevista no Código Civil, tendo sido uma criação da
jurisprudência com base na legislação do imposto de renda, que estipula que até esta idade o filho pode
ser considerado dependente para fins desse tributo. Nesse sentido:
“Observamos, de outro lado, que, com relação ao direito dos filhos maiores pedirem alimentos
aos pais, não é o poder familiar que o determina, mas a relação de parentesco, que predomina e
acarreta a responsabilidade alimentícia. Com relação aos filhos que atingem a maioridade, a ideia
que deve preponderar é que os alimentos cessam com ela. Entende-se, porém, que a pensão
poderá distender-se por mais algum tempo, até que o filho complete os estudos superiores ou
profissionalizantes, com idade razoável, e possa prover a própria subsistência.
Nesse sentido, o art. 1.694 do presente Código sublinha que os alimentos devem atender,
inclusive, às necessidades de educação. Tem-se entendido que, por aplicação do entendimento
fiscal quanto à dependência para o Imposto de renda, que o pensionamento deva ir até os 24 anos
de idade.” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito de Família. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 381-382)
Vale ressaltar, no entanto, que esta idade “máxima” de 24 anos é apenas um parâmetro e que o juiz, no
caso concreto, poderá ampliar o pagamento da pensão para depois dessa idade, desde que demonstrada,
de forma efetiva, a necessidade do alimentando.
Recapitulando o que vimos até agora:
Até 18 anos, o filho tem direito à pensão por força do poder familiar;
De 18 até 24 anos, o filho continuará tendo direito à pensão se estiver fazendo curso superior ou
técnico, hipótese na qual o pai terá que pagar os alimentos com fundamento no parentesco.
Vamos avançar. Alguns de vocês devem estar pensando: e se o filho, já graduado, estiver fazendo
especialização, mestrado ou doutorado, ele terá direito à pensão alimentícia?
NÃO. Aí já está demais.
O estímulo à qualificação profissional dos filhos não pode ser imposto aos pais de forma perene, sob pena
de subverter o instituto da obrigação alimentar oriunda das relações de parentesco, que tem por objetivo,
tão só, preservar as condições mínimas de sobrevida do alimentado.
Em rigor, a formação profissional se completa com a graduação, que, de regra, permite ao bacharel o
exercício da profissão para a qual se graduou, independentemente de posterior especialização, podendo
assim, em tese, prover o próprio sustento, circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de
necessidade do filho estudante.
STJ. 3ª Turma. REsp 1505079/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/12/2016.
Necessidade presumida
Conforme vimos acima, quando o filho atinge a maioridade, cessa o dever do pai de pagar os alimentos
com fundamento no poder familiar. No entanto, é possível que esse dever continue, mas agora com base
em outro alicerce jurídico: o parentesco.
No caso dos alimentos decorrentes do poder familiar, a necessidade do filho é presumida.
Por outro lado, no caso dos alimentos com fundamento no parentesco, em regra, é necessário que o filho
prove que necessita da pensão. É necessária comprovação da necessidade.
Na situação de Lucas, quando ele completou 18 anos, o dever de alimentar de seu pai mudou de
fundamento: deixou de ser pelo poder familiar e passou a ser pelo parentesco. Apesar disso, como ele é
portador de doença mental incapacitante, a necessidade continua sendo presumida.
Assim, em caso de filho maior de 18 anos com doença mental incapacitante, o pai continua tendo
obrigação de prestar os alimentos, com base no parentesco, sendo, presumida a necessidade do
alimentado.
Quadro-resumo:
Fundamento:
Pais têm obrigação de prestar alimentos.
Filho até 18 anos Poder familiar
A necessidade do filho é presumida.
(art. 1.566, IV)
Como regra, os pais não têm obrigação de prestar alimentos. Fundamento:
Filho maior de 18 anos O filho poderá provar que necessita dos alimentos (ex: Parentesco
motivo de doença). (art. 1.694)
Pais continuam tendo a obrigação de prestar alimentos.
Filho maior de 18 e
A necessidade do filho é presumida. Fundamento:
menor de 24 anos, se
Como o filho está estudando, a jurisprudência considera Parentesco
estiver fazendo curso
que existe uma presunção de que ele necessita dos (art. 1.694)
superior ou técnico.
alimentos.
Filho maior de 18 e
menor de 24 anos, se Como regra, os pais não têm obrigação de prestar alimentos. Fundamento:
estiver cursando O filho poderá provar que necessita dos alimentos (ex: Parentesco
especialização, mestrado motivo de doença). (art. 1.694)
ou doutorado.
Pais continuam tendo a obrigação de prestar alimentos.
Filho maior de 18 anos Fundamento:
A necessidade do alimentado se presume, e deve ser
que apresenta doença Parentesco
suprida nos mesmo moldes dos alimentos prestados em
mental incapacitante. (art. 1.694)
razão do poder familiar.
DIREITO EMPRESARIAL
REPRESENTAÇÃO JUDICIAL
Presunção da existência de exclusividade em zona
É considerado um negócio jurídico com natureza de “colaboração empresarial por aproximação” de forma
que o representante auxilia na circulação e distribuição dos produtos e serviços do representado nos
mercados consumidores.
Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação
de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a
mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para,
transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios.
Exemplo
A empresa “XX” é representante comercial da indústria “ZZ”. Isso significa que “XX” irá em busca de
clientes para adquirir os produtos da indústria “ZZ”, anotando os pedidos e os transmitindo para o
representado a fim de que ele providencie a venda.
Como contraprestação, o representante recebe uma comissão consistente em um percentual sobre as
vendas intermediadas.
Regulamentação
Essa espécie de contrato está regulada pela Lei nº 4.886/65, chamada de “Lei de Representação Comercial”.
Trata-se, portanto, de contrato típico, em que os direitos e obrigações das partes estão dispostos em lei.
Autônomo
Vale ressaltar que o representante não é considerado empregado do representado. Por isso, diz-se que a
representação é exercida em caráter autônomo pelo representado.
É possível, no entanto, que haja uma desvirtuação do contrato, ou seja, a empresa possui um funcionário
exercendo a representação de seus produtos, com todas as características de uma relação de empregado,
mas celebra um suposto contrato de representação comercial. Neste caso, a Justiça do Trabalho poderá
desconsiderar este contrato e reconhecer que existe uma relação de emprego.
Exclusividade de zonas
O contrato de representação comercial deverá estipular a zona ou as zonas em que o representante irá
atuar (art. 27, “d”, da Lei nº 4.886/65). Ex: somente nos bairros X, Y e Z; em toda a cidade; em alguns
Municípios; em todo o Estado etc.
Além disso, o contrato deverá dizer se o representante possui ou não exclusividade sobre essa zona.
Se tiver exclusividade, isso significa que o representado assumiu o compromisso de somente comercializar
seus produtos ou serviços nessa zona por meio do representante. Em outras palavras, havendo
exclusividade, o representante não poderá vender diretamente nem por meio de outro representante os
seus produtos naquela área.
Como vimos acima, a Lei estabelece que o contrato deverá ter obrigatoriamente uma cláusula dizendo
se há ou não exclusividade de zona. Apesar disso, observa-se, na prática, que muitos contratos de
representação não possuem essa cláusula, ou seja, não dizem se há ou não exclusividade. O que
acontece nesses casos? Se não houver cláusula dispondo a respeito da exclusividade, ela existe ou não?
O STJ decidiu que:
É possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de representante comercial quando:
a) não houver previsão expressa em sentido contrário; e
b) houver demonstração por outros meios da existência da exclusividade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.077-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/3/2017 (Info 601).
DIREITO FALIMENTAR
A extinção das obrigações do falido depende da quitação dos tributos?
Conceito
Falência é o processo coletivo de execução forçada de um empresário ou sociedade empresária cuja
recuperação mostra-se inviável.
Finalidade
A falência tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e recursos do falido a fim de
que, com os recursos obtidos pela alienação de tais bens, possam os credores ser pagos, obedecendo a
uma ordem de prioridade estabelecida na lei.
Legislação aplicável
Atualmente, a falência do empresário e da sociedade empresária é regida pela Lei n. 11.101/05.
Antes da Lei n. 11.101/05, a falência era regulada pelo Decreto-Lei n. 7.661/45.
O caso julgado pelo STJ e que será comentado abaixo ocorreu na época em que ainda vigorava o DL 7.661/45.
Depois que a falência for encerrada, isso significa que todas as obrigações do falido estão extintas?
NÃO. Mesmo depois de ter se encerrado a falência, o falido só ficará “livre” e terá suas obrigações extintas
se cumprir uma das situações previstas no art. 158 da Lei nº 11.101/2005 (art. 135 do DL 7.661/45):
Lei atual de Falências Antiga Lei de Falências
Art. 158. Extingue as obrigações do falido: Art. 135. Extingue as obrigações do falido:
I – o pagamento de todos os créditos; I - o pagamento, sendo permitida a novação dos
créditos com garantia real;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, II - o rateio de mais de quarenta por cento, depois
de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos de realizado todo o ativo, sendo facultado o
quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa
depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem, se para tanto não bastou a integral
porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação da massa;
liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado III - o decurso do prazo de cinco anos, contado a
do encerramento da falência, se o falido não tiver partir do encerramento da falência, se o falido, ou
sido condenado por prática de crime previsto o sócio gerente da sociedade falida, não tiver sido
nesta Lei; condenado por crime falimentar;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado IV - o decurso do prazo de dez anos, contado a
do encerramento da falência, se o falido tiver sido partir do encerramento da falência, se o falido, ou
condenado por prática de crime previsto nesta Lei. o sócio gerente da sociedade falida, tiver sido
No regime do DL 7.661/45, os créditos tributários não se sujeitam ao concurso de credores instaurado por
ocasião da decretação da quebra do devedor (art. 187), de modo que, por decorrência lógica, não
apresentam qualquer relevância na fase final do encerramento da falência, na medida em que as
obrigações do falido que serão extintas cingem-se unicamente àquelas submetidas ao juízo falimentar.
E atualmente, ou seja, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é condição para a
extinção das obrigações do falido?
Ainda não há um julgado expresso do STJ a respeito. O tema é polêmico. Há doutrinadores que defendem
que não. No entanto, a Min. Nancy Andrighi, por exemplo, sustenta que sim, ou seja, é necessária a
apresentação da prova de quitação dos tributos.
Em provas objetivas, fique atento porque pode ser cobrada a redação literal do art. 191 do CTN, devendo
essa alternativa ser assinalada como correta:
Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.
(Redação dada pela LC 118/2005)
COMPETÊNCIA
É de competência da Justiça Estadual a ação de restituição de indébito
proposta pelo usuário contra a concessionária de energia elétrica
Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para
figurar como ré ou assistente simples de ação de repetição de indébito relativa a valores
cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado entre usuário
do serviço e concessionária do serviço público.
Em razão disso, essa ação é de competência da Justiça Estadual.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.389.750-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/12/2016 (recurso
repetitivo) (Info 601).
A União ou a ANEEL (autarquia federal) deverão figurar no polo passivo desta demanda?
NÃO. A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que na ação envolvendo restituição de valores
indevidamente cobrados aos usuários do serviço de fornecimento de energia elétrica, a União e/ou a
ANEEL não detêm legitimidade passiva, devendo figurar no polo passivo somente a concessionária do
serviço público.
Por quê?
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é uma autarquia sob regime especial, que tem por
finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica
(art. 2º da Lei nº 9.427/96).
Se o autor está pedindo a restituição de valores que supostamente pagou a mais para a concessionária de
energia elétrica, pode-se concluir que a relação jurídica discutida em juízo está relacionada,
exclusivamente, com o contrato de prestação de serviços que foi firmado entre o usuário e a
concessionária.
A ANEEL não faz parte desse contrato e, portanto, não possui interesse para justificar sua presença na lide.
O fato de a ANEEL ser a entidade reguladora dos serviços de energia elétrica não faz com que ela tenha
que figurar em todas as ações propostas pelos clientes contra as concessionárias.
Essa conclusão foi agora reafirmada pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo:
Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como
ré ou assistente simples de ação de repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de
contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do
serviço público.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.389.750-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo)
(Info 601).
O fato de a concessionária do serviço de energia elétrica ser uma sociedade de economia mista federal
não desloca a competência para a Justiça Federal?
NÃO. As sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela União, não são julgadas pela Justiça
Federal. Houve uma opção do constituinte de não incluir tais empresas estatais no rol do art. 109 da CF/88.
Sobre esse tema existem três enunciados de súmula do STF:
Súmula 508-STF: Compete à justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que
for parte o Banco do Brasil S.A.
Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a União intervém
como assistente ou opoente.
Súmula 556-STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de
economia mista.
INTIMAÇÕES
Intimação eletrônica prevalece sobre o Diário da Justiça Eletrônico
Exemplo:
Exemplo:
Se houver duplicidade de intimações, ou seja, o advogado for intimado tanto pelo DJe como pelo Portal
de Intimação, qual deverá prevalecer?
A intimação eletrônica (pelo Portal). Deve prevalecer a intimação via portal eletrônico, pois essa
modalidade de intimação dispensa a publicação via DJe, conforme expressamente previsto no caput do
art. 5º da Lei nº 11.419/2006:
Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem
na forma do art. 2º desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.
Essa previsão expressa de dispensa de publicação no DJe reforça a conclusão de que a intimação eletrônica
é a que deve prevalecer.
Aliás, essa também foi a opção normativa esposada pelo novo CPC/2015, conforme se verifica nos
seguintes dispositivo legais:
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação
dos atos no órgão oficial.
Em suma:
Na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a intimação eletrônica sobre aquela realizada por
meio do DJe.
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017
(Info 601).
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Para a aplicação da multa por litigância de má-fé não se exige a comprovação de dano
Importante!!!
O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista
no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável
inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
O CPC possui uma seção para tratar das consequências aplicáveis aos casos em que as partes agem com
má-fé durante o processo.
No CPC/1973, o tema era previsto nos arts. 16 a 18.
No CPC/2015, o assunto está disciplinado nos arts. 79 a 81.
Observações:
Não houve nenhuma mudança substancial entre os dispositivos, tendo sido apenas substituída a
palavra pleitear por litigar.
Chamo atenção para o fato de que essa responsabilidade atinge tanto o autor como o réu e eventual
terceiro que intervenha no processo.
Cuidado: a responsabilidade por atos processuais praticados pelo membro do MP ou pelo magistrado
não é disciplinada pelo art. 79 do CPC/2015, estando sujeita a dispositivos específicos. Confira:
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.
(...)
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I — no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II — recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a
requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte
requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez)
dias.
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de § 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes
má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção
seu respectivo interesse na causa, ou de seu respectivo interesse na causa ou
solidariamente aqueles que se coligaram para solidariamente aqueles que se coligaram para
lesar a parte contrária. lesar a parte contrária.
§ 2º O valor da indenização será desde logo fixado § 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz
pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado
cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por por arbitramento ou pelo procedimento comum,
arbitramento. nos próprios autos.
Observações:
A multa por litigância de má-fé aumentou. Agora ela deverá ser fixada entre 1% a 10% sobre o valor
da causa corrigido (caput).
Agora existe uma regra expressa prevendo que, se o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa
será fixada em até 10 salários-mínimos.
Sanções aplicáveis
Repare no caput do art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015) que são previstas três sanções aplicáveis
ao litigante de má-fé:
a) multa;
b) indenização pelos prejuízos causados à parte contrária;
c) condenação nos honorários advocatícios e despesas.
Para que seja aplicada a multa de que trata o art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015) é necessário
que se prove que houve dano (prejuízo)?
NÃO.
O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art.
18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
E para que seja exigida a indenização prevista na segunda parte do art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do
CPC/2015), é necessário que se prove que houve dano (prejuízo)?
Por mais estranho que pareça, prevalece que NÃO, ou seja, não existe necessidade de se provar o dano.
Há, inclusive, um julgado da Corte Especial do STJ nesse sentido:
A indenização prevista no art. 18, caput e § 2º, do CPC/1973 (art. 81, caput e § 3º do CPC/2015) tem
caráter reparatório (ou indenizatório), decorrendo de um ato ilícito processual.
Apesar disso, é desnecessária a comprovação do prejuízo para que haja condenação ao pagamento da
indenização prevista nesse dispositivo.
Em outras palavras, é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao
pagamento de indenização por litigância de má-fé (art. 18, caput e § 2º, do CPC/1973; art. 81, caput e §
3º do CPC/2015).
STJ. Corte Especial. EREsp 1.133.262-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/6/2015 (Info 565).
Para o STJ, uma vez reconhecida a litigância de má-fé, devem ser impostas a multa e a indenização (perdas
e danos), sendo, no entanto, DESNECESSÁRIA a prova do prejuízo sofrido pela parte adversa.
A Corte entende que, em momento algum, o art. 18, caput e § 2º do CPC/1973 (art. 81, caput e § 3º do
CPC/2015) exigem que haja prova do prejuízo para que a indenização seja fixada. Segundo pensa o STJ,
para a fixação da indenização, a lei só exige que haja um prejuízo, mas este pode ser potencial ou
presumido (não precisando ser demonstrado em concreto).
Outro argumento do STJ é o de que se fosse exigida comprovação de prejuízo, essa demonstração seria
extremamente difícil de ser feita, o que praticamente impossibilitaria a aplicação de tais sanções,
comprometendo a sua eficácia.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Honorários com cláusula ad exitum e renúncia do advogado antes do fim da demanda
Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços
advocatícios prestados, a renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da
causa, não lhe confere o direito imediato ao arbitramento de verba honorária proporcional ao
trabalho realizado, sendo necessário aguardar o desfecho processual positivo para a apuração
da quantia devida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/2/2017 (Info 601).
causa, torna-se uma obrigação de resultado, já que o advogado somente irá receber os honorários
contratuais se o julgamento for favorável ao seu cliente.
O pedido do Dr. Rui deverá ser acolhido? Ele tem direito de receber imediatamente os honorários
advocatícios pelos serviços já realizados?
NÃO.
Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios
prestados, a renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o
direito imediato ao arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, revelando-se
necessário aguardar o desfecho processual positivo para a apuração da quantia devida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/2/2017 (Info 601).
Condição suspensiva
Nos contratos de prestação de serviços advocatícios ad exitum, a vitória processual constitui condição
suspensiva, cujo implemento é obrigatório para que o advogado faça jus à devida remuneração. Em outras
palavras, o direito aos honorários somente é adquirido com a ocorrência de um evento futuro e incerto (o
sucesso na demanda).
Relembre o que o Código Civil fala sobre a condição suspensiva:
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
(...)
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se
não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Assim, nos contratos com cláusula ad exitum enquanto não ocorrer a condição prevista no ajuste o
advogado não terá adquirido o direito à remuneração pelos serviços prestados. Dito de outro modo,
enquanto não ocorrer a condição (êxito na causa), ele não terá direito aos honorários.
O fato de o advogado renunciar ao mandato não modifica ou invalida a condição suspensiva. Este
advogado continuará tendo que esperar o resultado da ação para ter direito ou não aos honorários.
Se o ex-cliente perder a causa, o antigo advogado não terá direito a nenhum valor a título de honorários,
considerando que a condição não se realizou.
Se o ex-cliente vencer a causa, o antigo advogado terá direito aos honorários de forma proporcional ao trabalho
realizado, devendo a outra parte ser paga ao novo profissional que o substituiu na condução do processo.
Desse modo, nos contratos ad exitum, ainda quando ocorrida a revogação do mandato, o implemento da
condição contratada constitui elemento essencial para a produção dos seus efeitos remuneratórios e,
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Termo inicial do prazo para apresentar impugnação em
caso de comparecimento espontâneo logo após a penhora
A intimação é ato solene pelo qual é cientificada a parte sobre algum ato processual, sendo desnecessária
a sua expedição formal quando a parte comparecer espontaneamente ao processo.
Assim, se já houve comparecimento espontâneo do executado logo após a penhora, não é mais necessário
que ele (devedor) seja formalmente intimado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença.
O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação ou da
intimação, fluindo a partir desta data o prazo para a prática do ato processual.
A parte não pode se valer de sua própria torpeza, comparecendo ao processo espontaneamente e a
posteriori alegar que não foi iniciado seu prazo pugnando pela expedição formal de ato de intimação para
tão somente praticar o ato processual.
Para que o devedor apresente impugnação, é indispensável a garantia do juízo, ou seja, é necessário
que exista penhora, depósito ou caução?
CPC 1973: SIM.
CPC 2015: NÃO.
Desse modo, na vigência do CPC/1973, o devedor somente poderia apresentar a impugnação se o juízo
estivesse garantido. Ex: se tivesse havido penhora on line do valor da dívida. No novo CPC, a impugnação
independe de prévia garantia do juízo.
O prazo para que o devedor apresente impugnação é de 15 dias. A partir de quando é contado esse prazo?
CPC 1973: o prazo era contado da intimação do auto de penhora e avaliação (art. 475-J, § 1º).
CPC 2015: o prazo de 15 dias para impugnação inicia-se imediatamente após acabar o prazo de 15 dias
que o executado tinha para fazer o pagamento voluntário (art. 525, caput). Não é necessária nova
intimação. Acabou um prazo, começa o outro.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de
15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente,
nos próprios autos, sua impugnação.
Logo, se o exemplo que foi dado acima tivesse acontecido na vigência do CPC/2015, a situação seria assim:
João ingressou com uma petição em juízo requerendo o cumprimento da sentença.
Mesmo intimada, a empresa não efetuou o pagamento da quantia no prazo de 15 dias.
Passado esse prazo de 15 dias para pagar, já se inicia o prazo de 15 dias para impugnar.
Logo, não mais interessa, para fins de início do prazo da impugnação, o dia em que ocorreu a penhora.
Isso porque a penhora (garantia do juízo) não é mais um requisito para que haja impugnação.
DIREITO PENAL
CRIME DE DESABAMENTO
Representante legal de empresa que contratou a realização de obra
não responde penalmente por desabamento ocorrido na construção
Importante!!!
O representante legal de sociedade empresária contratante de empreitada não responde pelo
delito de desabamento culposo (art. 256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada,
quando não demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade
de garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou mesmo a
ingerência indevida sobre a consecução da obra.
STJ. 6ª Turma. RHC 80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
A controvérsia jurídica no presente caso é a seguinte: de acordo com o que foi exclusivamente narrado
acima, Sérgio, na condição de representante legal da empresa contratante da empreitada, deve ser
responsabilizado pelo desabamento culposo ocorrido na obra que estava sendo realizada pela
construtora contratada?
NÃO.
O representante legal de sociedade empresária contratante de empreitada não responde pelo delito de
desabamento culposo ocorrido na obra contratada, quando não demonstrado o nexo causal, tampouco
pode ser responsabilizado, na qualidade de garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção
voluntária de custódia ou mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da obra.
STJ. 6ª Turma. RHC 80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
Nexo de causalidade
O nexo de causalidade ou simplesmente nexo causal é o liame que liga a conduta ao resultado.
Trata-se de elemento do fato típico, previsto no art. 13, caput, do Código Penal:
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Segundo esse método, se você quiser saber se determinado evento é ou não considerado causa, o
procedimento é o seguinte:
Deve-se imaginar o resultado criminoso e suprimir o fato ocorrido anteriormente:
Se mesmo ele tendo sido suprimido, o fato ocorreu da mesma forma, significa que esse fato não
influenciou no resultado e, portanto, ele não é considerado concausa;
Por outro lado, se esse fato for suprimido e, por conta disso, o resultado se alterar, deve-se então
considerar que esse fato anterior foi causa do evento.
Em outras palavras, uma ação ou omissão será considerada como causa do evento sempre que, suprimida
mentalmente do contexto fático, o resultado tenha deixado de ocorrer tal como ocorreu.
Dentro dessa cadeia de fatos, se excluirmos os fatos 1, 2, 3, 5 e 6, o resultado não teria ocorrido. Logo, são
considerados causas. Por outro lado, se excluirmos o fato 4, ainda assim o evento teria acontecido. Dessa
forma, a refeição tomada pelo sujeito não é considerada causa (Direito Penal. Vol. 1, Parte geral. 28ª ed.,
São Paulo: Saraiva, 2006, p. 248).
Até aqui, se fosse feita uma interpretação apressada da norma e da teoria, isso poderia levar facilmente
o intérprete à conclusão de que Sérgio teria sim parcela de responsabilidade no crime. Ora, a empreitada
jamais seria realizada se a ABC não tivesse contratado a empresa Lego para a construção. Além disso, a
obra também jamais sairia do papel sem a concordância dos representantes legais da ABC, dentre os quais
se inclui Sérgio.
Essa parece ter sido a tônica utilizada pela acusação para deflagração da ação penal. Impressionado pelo
evento danoso resultante do sinistro (morte do operário), o Parquet houve por bem incluir no processo
causal todos aqueles que de alguma forma participavam direta ou indiretamente da empreitada, lançando
mão da pretensão punitiva em desfavor desde o operador da máquina perfuratriz, passando pelo
encarregado da obra, engenheiro responsável, até se chegar ao representante legal da empresa
contratante.
Assim sendo, duas operações devem ser realizadas para explicitar o modelo causal:
1º) em primeiro lugar, identifica-se a imputação objetiva do evento (causa). Isso é causa segundo o
método de eliminação hipotética?
2º) se sim, em um momento, testa-se a imputação subjetiva (dolo/culpa). O agente que praticou a conduta
considerada causa agiu com dolo ou culpa para o crime em questão? O agente somente poderá ser
responsabilizado penalmente se agiu com dolo ou culpa em relação ao resultado.
Em conclusão, se de um lado não se pode imputar de forma direta qualquer resultado penalmente
relevante ao acusado, dada a ausência de causalidade psíquica, de outro não cabe falar em omissão
imprópria, considerando a não qualificação do agente como garantidor.
Por conseguinte, a ação penal intentada contra o acusado é manifestamente incabível, devendo ser
obstado o seu prosseguimento em face da atipicidade.
Não é possível que o juiz determine, como medida cautelar substitutiva da prisão, a
incomunicabilidade do acusado com seu genitor/corréu.
A fixação da medida restritiva substitutiva não deve se sobrepor a um bem tão caro como é a
família, sendo isso protegido inclusive pela Constituição Federal, em seu art. 226.
STJ. 6ª Turma. HC 380.734-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
A proibição de que o acusado mantenha contato com seu genitor, mesmo ele também sendo réu, é algo
que afeta evidentemente a esfera da vida privada e familiar de maneira grave. Vale ressaltar que mesmo
as pessoas presas continuam com o direito de receber visitas de seus familiares.
A fixação da medida restritiva substitutiva não deve se sobrepor a um bem tão caro como é a família,
sendo isso protegido inclusive pela Constituição Federal, em seu art. 226.
Assim como o magistrado permitiu que o réu tivesse contato com suas irmãs, deveria também ter
permitido a comunicação com o pai do acusado, mesmo ele sendo o líder da organização criminosa.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
O valor da TUSD compõe a base de cálculo do ICMS
(Obs: julgado que interessa apenas aos concursos que cobram ICMS de forma muito aprofundada)
E sobre a Tarifa de Uso de Sistema de Distribuição (TUSD)? Imagine que um consumidor livre pague R$
5 mil de tarifa de energia e R$ 7 mil de TUSD. Esse consumidor pagará ICMS sobre R$ 5 mil ou sobre R$
12 mil (5 + 7)? O valor pago a título de TUSD deverá ser computado na base de cálculo do ICMS?
SIM.
A Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) compõe o preço final da operação de fornecimento
de energia elétrica e está incluída na base de cálculo do ICMS.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.163.020-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 21/3/2017 (Info 601).
Havia uma tese defendida por alguns doutrinadores e julgados no sentido de que não seria exigido o
ICMS sobre a TUSD, ao fundamento de que essa tarifa remunera o exercício de uma atividade meio de
"transporte de energia elétrica", que foge ao espectro de incidência do tributo. Essa tese é atualmente
acolhida pelo STJ?
NÃO. A transmissão e distribuição da energia elétrica, ou seja, o seu transporte até o consumidor não
pode ser classificado como mera atividade meio, sendo, na verdade, atividade indissociável do próprio
fornecimento de energia elétrica. Em outras palavras, só existe o fornecimento dessa mercadoria (energia
elétrica) se houver a transmissão.
Assim, o ICMS incide sobre todo o processo de fornecimento de energia elétrica, tendo em vista a
indissociabilidade das suas fases de geração, transmissão e distribuição, sendo que o custo inerente a cada uma
dessas etapas – entre elas a referente à Taxa de Uso do Sistema de Distribuição (TSUD) – compõe o preço final
da operação e, consequentemente, a base de cálculo do ICMS, nos termos do art. 13, I, da LC 87/96.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PREVIDÊNCIA PRIVADA
Não se pode conferir à aposentadoria complementar os
aumentos reais concedidos para benefícios mantidos pelo INSS
da inflação (aumento real do valor do benefício) não será estendido aos beneficiários da
previdência complementar.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.564.070-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/3/2017 (recurso
repetitivo) (Info 601).
Previdência complementar
Previdência complementar é um plano de benefícios feito pela pessoa que deseja receber, no futuro,
aposentadoria paga por uma entidade privada de previdência.
A pessoa paga todos os meses uma prestação e este valor é aplicado por uma pessoa jurídica, que é a
entidade gestora do plano (ex: Bradesco Previdência).
É chamada de "complementar" porque normalmente é feita por alguém que já trabalha na iniciativa
privada ou como servidor público e, portanto, já teria direito à aposentadoria pelo INSS ou pelo regime
próprio. Apesar disso, ela resolve fazer a previdência privada como forma de "complementar" a renda no
momento da aposentadoria.
O plano de previdência complementar é prestado por uma pessoa jurídica chamada de "entidade de
previdência complementar" (entidade de previdência privada).
Em outras palavras, se o plano de previdência prever que o reajuste da aposentadoria complementar será
feito segundo os mesmos índices dos benefícios mantidos pelo INSS, isso não garante que os beneficiários
da previdência complementar terão exatamente o mesmo aumento da previdência oficial. Eles terão
direito apenas à reposição das perdas causadas pela inflação (nos mesmos índices do regime geral). No
entanto, aquilo que for além da reposição da inflação (aumento real do valor do benefício) não será
estendido aos beneficiários da previdência complementar.
O índice de correção total periodicamente aplicado pela Previdência Social (INSS) nos seus benefícios nem
sempre corresponde apenas à inflação apurada no período, podendo haver outros componentes, como o
ganho real.
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial
necessário à sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante
perdeu essa qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. ( )
2) Na hipótese de membro de Ministério Público Estadual praticar falta administrativa também prevista na lei
penal como crime, o prazo prescricional da ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do
cargo somente tem início com o trânsito em julgado da sentença condenatória na órbita penal. ( )
3) (Promotor MPE SC 2016 banca própria) A vitaliciedade do membro do Ministério Público permite a perda do
cargo em razão de sentença judicial transitada em julgado proferida em ação instaurada para essa finalidade;
ação movida pela prática de ato de improbidade administrativa; ou, em decorrência de decisão prolatada em
processo disciplinar pelo Conselho Nacional do Ministério Público, assegurada, em todos os casos, a ampla
defesa. ( )
4) (Promotor MP/MS 2015 banca própria) O Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP, conforme a
Constituição Federal pode avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade,
a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, a perda do cargo, inclusive
do membro do Ministério Público vitalício, e aplicar outras sanções administrativas, assegurada a ampla
defesa. ( )
5) A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor com o intuito de recuperação da coisa vendida com
cláusula de reserva de domínio, não pode ser comprovada por meio de notificação extrajudicial enviada pelo
Cartório de Títulos e Documentos (RTD). ( )
6) (Juiz Federal TRF1 2009 CESPE) A cláusula de reserva de domínio consiste no direito que o vendedor se reserva
de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço mais as despesas por ele
realizadas. ( )
7) É presumida a necessidade de percepção de alimentos do portador de doença mental incapacitante, devendo
ser suprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados em razão do poder familiar, independentemente da
maioridade civil do alimentado. ( )
8) (DPE/CE 2014 FCC) Quando João completou 18 anos, Renato, seu pai, parou automaticamente de lhe pagar
pensão alimentícia sob o argumento de que o filho já seria maior de idade, além de possuir condições para
trabalhar. De acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça, a postura de Renato é
A) incorreta, pois a menoridade cessa aos 21 anos completos.
9) (Promotor MP/SC 2014 banca própria) O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. ( )
10) Não é possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de representante comercial. ( )
11) (Juiz Federal TRF2 2013) José é representante comercial da empresa X, com exclusividade de zona para o
território do estado do Rio de Janeiro estabelecida em contrato. Nessa situação hipotética, José terá direito
de receber as comissões dos negócios realizados no estado Rio de Janeiro, entre a representada e
compradores domiciliados nesse estado, nos casos em que os negócios tenham sido realizados com a
intermediação
A) dele ou de terceiros, apenas.
B) dele ou nos casos em que os negócios tenham sido realizados diretamente pela empresa X, apenas.
C) dele ou de algum preposto seu, apenas.
D) dele ou de terceiros ou nos casos em que os negócios tenham sido realizados diretamente pela empresa X.
E) dele, apenas.
12) Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº 11.101/2005, a decretação da extinção
das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova da quitação de tributos. ( )
13) Há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como assistente
simples de ação de repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento
de energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público. ( )
14) Na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a intimação eletrônica sobre aquela realizada por meio
do DJe. ( )
15) O dano processual é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art. 18 do
CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). ( )
16) (Proc. Municipal PGM-SALVADOR 2015 CESPE) A condenação judicial da parte em multa e indenização
decorrentes da litigância de má-fé depende de requerimento da parte prejudicada, devendo os valores da
multa e da indenização ser liquidados por arbitramento. ( )
17) Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados,
a renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato
ao arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, sendo necessário aguardar o
desfecho processual positivo para a apuração da quantia devida. ( )
18) O representante legal de sociedade empresária contratante de empreitada não responde pelo delito de
desabamento culposo (art. 256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada, quando não
demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade de garante, se não havia o
dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da
obra. ( )
19) Não é possível que o juiz determine, como medida cautelar substitutiva da prisão, a incomunicabilidade do
acusado com seu genitor/corréu. ( )
20) Nos planos de benefícios de previdência complementar administrados por entidade fechada, a previsão
regulamentar de reajuste, com base nos mesmos índices adotados pelo Regime Geral de Previdência Social,
não inclui a parte correspondente a aumentos reais. ( )
Gabarito
1. C 2. C 3. E 4. E 5. E 6. E 7. C 8. Letra B 9. C 10. E
11. Letra D 12. C 13. E 14. C 15. E 16. E 17. C 18. C 19. C 20. C