Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
INTERNA DE RH
autora
LUCIANA SPÍNPOLO CAMPOS
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
adriana maria christino
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-228-1
Prefácio 5
2. O Processo de Consultoria 37
5. Aspectos Fundamentais da
Consultoria Interna de Recursos Humanos 115
5
desenvolvimento de talentos, além da criação da vantagem competitiva. Ainda
veremos o perfil desses consultores internos, as oportunidades e ações. Para
tanto, dividimos esse livros em 5 capítulo, no primeiro abordaremos a Gestão
Estratégica de Pessoas e a Consultoria, onde discutiremos a evolução da gestão
de pessoas até chegarmos no atual modelo de gerenciamento de recursos hu-
manos e a figura do consultor, seja ele interno ou externo. No segundo capítulo
entenderemos o Processo de Consultoria, onde identificaremos o que é neces-
sário para que o processo de Consultoria Interna de Recursos seja implantado
e como obter su¬cesso, gerando vantagens competitivas. No terceiro capítulo,
intitulado, Cenários para a Implantação da Consultoria Interna de RH, enten-
deremos como fazer uma análise do contexto da em¬presa e das necessidades
do mercado consumidor para que possamos implantar a CIRH. No quarto capí-
tulo, veremos como deve ser o Perfil do Consultor Interno de RH para que este
atenda as expectativas dos gestores, bem como dos consultores e funcionários.
Por fim, teremos o capítulo Aspectos Fundamentais da Consultoria Interna de
Recursos Humanos, que aborda as características principais que uma organi-
zação deve ter ao implantar a CIRH e o alinhamento das habilidades e gestão
do conhecimento nesse processo de evolução da gestão de pessoas. Vamos lá?!
Bons estudos!
1
Gestão Estratégica
de Pessoas e a
Consultoria
O mundo corporativo mudou e vai mudar ainda mais, ele se tornou mais di-
nâmico e complexo, o que exige cada vez mais dos profissionais. E, também
das organizações, que devem assumir novos papéis e com responsabilidades
sociais e ambientais. Estamos vivenciando a era da informação constante, de
incertezas, complexidades, portanto existem mudanças e adaptações por parte
das organizações, na tentativa de se estabelecerem e manterem-se em um mer-
cado competitivo.
Nos últimos 25 anos, diversos estudiosos da gestão estratégica vem deba-
tendo a respeito do assunto, uma vez que as constantes e rápidas mudanças
ambientais exigem um posicionamento e reposicionamento (muitas vezes)
das organizações, em virtudes dessas adaptações ao ambiente e as novas exi-
gências, tanto por parte dos consumidores, quanto pelas legislações e busca
por profissionais mais capacitados. É nesse sentido que a conscientização de
empresários e executivos sobre a gestão estratégica faz parte do dia a dia orga-
nizacional. E, descobriu-se que as práticas de gestão de pessoas têm influência
direta nos seus resultados. Portanto, essas práticas são fundamentais para sua
sobrevivência e manutenção no mercado.
Nesse sentido, a visão gerencial deve mudar, tornando-se mais ativa e sen-
sível aos aspectos inconstantes e conflitantes do meio, fazendo com que a
organização permaneça e se torne mais competitiva em seu segmento. Isto é
conquistar a perenidade, o que pode e deve ser feito a partir de boas práticas
de gestão, incluindo a gestão de recursos humanos. Toda organização busca a
maximização de seus resultados, atingindo ou elevando seus índices de produ-
tividade para melhor seu market-share. Quando falamos em todas as organiza-
ções, não estamos exagerando, trata-se mesmo da necessidade de se manter no
mercado e para tanto é necessária o alcance de resultados positivos, seja uma
empresa privada, uma estatal ou mesmo uma organização do terceiro setor da
economia.
Sendo assim, para que essa sobrevivência aconteça é importante que as or-
ganizações entendam qual o cenário em que se encontra em termos mundiais
e quais os fatores que originam as necessidades de mudanças organizacio-
nais. E, é nesse contexto que o papel da gestão de recursos humanos faz todo o
sentido, pois é partir do gerenciamento das pessoas que os executivos e por
consequência as organizações conseguem produzir, entregar seus produtos/
serviços e até mesmo evoluir em seu segmento mercadológico.
8• capítulo 1
A mudança premente nos processos de trabalho, nos sistemas organizacio-
nais, nos produtos e serviços será conduzida pelas pessoas. Portanto, a evolu-
ção da gestão de pessoas passa a ser fator crítico de sucesso organizacional, e
uma das respostas encontradas pelas organizações na busca pelo sucesso é a
consultoria, assunto que trataremos ao longo desse livro. Vamos lá?
OBJETIVOS
Compreender os conceitos básicos da gestão de pessoas e como as mudanças no modelo
de gestão de recursos humanos evoluiu com o passar dos anos.
E, ainda compreenderemos o papel dos gerentes, suas competências e habilidades para
o bom desempenho de suas funções. Por fim, entenderemos como essa evolução na gestão
organizacional abre novas oportunidades para a consultoria em gestão de pessoas.
capítulo 1 •9
1.1 A evolução dos conceitos básicos em
gestão nas organizações
10 • capítulo 1
(MAXIMIANO, 2004; SOBRAL; PECI, 2013; CHIAVENATO, 2011). As mudanças
descritas também alteram a concepção da produção, trazendo uma nova forma
de organização e da racionalização que marcaram um novo modelo de admi-
nistrar as organizações, lembrando que estamos falando de um período onde
as organizações estão passando por mudanças do modelo artesanal para o mo-
delo industrial de produção.
Neste sentido, a Teoria da Administração, rumo a evolução do conceito de
administração (gestão) temos as ideias de Taylor, que defendia a repetição das
atividades, pois acreditava que uma tarefa era melhor realizada se fosse repe-
tidamente feita pela mesma pessoa, ou seja, especialização da mão de obra.
As empresas foram divididas em departamentos, agrupando profissionais da
mesma área. A análise e reorganização dos processos permite a melhora da efi-
ciência e produtividade, centrando os esforços corporativos na atividade fim
da empresa (NASCIMENTO; SANTOS, 2002). Seguindo os preceitos de Taylor,
temos a teoria da Administração Clássica de Henry Fayol e a Burocracia de Max
Weber. Segundo Sobral e Peci (2013) o processo de organização foi definido por
Fayol e Weber e até hoje alguns princípios são úteis para a organização, como
por exemplo, as definições que se seguem:
• do grau de especialização do trabalho para ganhos de eficiência;
• da cadeia de comando, distribuindo a autoridade e responsabilidade;
• da amplitude de controle;
• dos critérios de departamentalização;
• do grau de centralização do processo de tomada de decisão;
• do grau de formalização das funções.
capítulo 1 • 11
de Hawthorne, que deu início ao que conhecemos hoje por Abordagem
Comportamental. Ele concentrou as suas pesquisas no estudo do relacio-
namento dos trabalhadores e seu impacto na produtividade da organização
(RIBEIRO, 2003). Daí então surgiram as preocupações com os aspectos psicoló-
gicos e sociológicos da organização e é aqui que os conceitos: motivação; dinâ-
mica de grupo; liderança; comunicação; relacionamento interpessoal e satisfa-
ção no trabalho etc. foram aplicados no contexto da organização (ORLICKAS,
2012).
Podemos analisar a evolução das teorias da administração conforme:
12 • capítulo 1
entendermos que uma organização possui algumas variáveis básicas: estrutu-
ra organizacional; pessoas; tarefas; tecnologia; ambiente e competitividade.
Essas variáveis estão relacionadas e qualquer mudança em uma delas influen-
cia as demais, conforme podemos verificar na figura 1.1.
Competitividade
Tecnologia Pessoas
Organização
Estrutura Ambiente
Tarefas
Figura 1.1 – Variáveis básicas das organizações. Fonte: Chiavenato (2003, p. 14).
capítulo 1 • 13
dentro dessa evolução cabe ao gestor de pessoas buscar novos caminhos para
que essa adaptação ocorra envolvendo as pessoas para que essas sejam de fato
o principal ativo organizacional, neste sentido vamos entender melhor como
ocorreram as mudanças organizacionais e em seguida o processo evolucioná-
rio da área de RH nas organizações dos últimos anos. Vamos lá?
Podemos afirmar que estamos vivendo uma era de rápidas e inesperadas mu-
danças, estima-se que nos próximos anos, o mundo verá o fim do modelo or-
ganizacional existente hoje (modelo burocrático) e verá o surgimento de novas
arquiteturas organizacionais. De acordo com Chiavenato (2011) essa previsão
está baseada nos princípios evolucionários desenvolvidos em cada época. As
fraquezas do atual modelo burocrático se fundamentam em:
• Mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios, alterações nos
campos do conhecimento, explosão populacional;
• Crescimento e expansão das organizações, tornando-as mais complexas
e globalizadas.
• Atividades que exijam pessoas de diversas competências e que possuam
rápidas respostas para as mudanças.
Diante desse cenário, podemos afirmar que estamos lidando com uma
enorme complexidade, a qual se tornou uma das características predomi-
nantes da atual sociedade industrial. E, que os administradores (sejam eles
gestores, gerentes, supervisores, consultores etc.) terão um grande desafio,
pois o ambiente organizacional terá uma infinidade de variáveis, mudanças e
transformações cheias de ambiguidade e incertezas. Para Caravantes, Panno e
Kloeckner (2005) essas complexidades não eram imagináveis até 50 anos atrás.
Hoje temos sistemas globais de comércio e informações, uma comunicação
global instantânea por meio de redes sociais cada vez mais sofisticadas, em-
presas transglobais gigantescas, fábricas automatizadas etc. Podemos nos con-
tactar com todo o globo terrestre em questões de segundos. Fazemos conexões
sociais, amorosas e comerciais com o mundo todo.
Além dessas questões tecnológicas, as organizações passam por um pro-
cesso de mudança básica, no sentido de adaptação ao ambiente corporativo,
bem como tornar-se sustentáveis do ponto de vista ecológico e, portanto exige
14 • capítulo 1
discussões sobre a mudança empresarial (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER,
2005). De acordo com Dellagnelo e Silva (2000), as novas formas organizacio-
nais vêm sendo discutidas sobre dois aspectos: representação de uma lógica de
ação diferente da instrumental, que é típica do modelo modernista de organi-
zação, e como simples aperfeiçoamento da abordagem contingencial da ges-
tão. Assim, a burocracia tradicional e os modelos hierárquicos de organização
do trabalho têm sido altamente criticados por serem inflexíveis e dificultarem
o acompanhamento das exigências de velocidade e qualidade requeridas pelo
mercado atual. Diante de tantas mudanças e da complexidade organizacional o
gestor tem papel preponderante na tentativa de adaptar a organização e ainda
ir em busca da vantagem competitiva, assim podemos assumir que as pessoas
são as principais responsáveis por alcançar uma diferenciação no mundo cor-
porativo e assim gerar essa vantagem diante dos concorrentes.
Segundo Porter (1986) é preciso estabelecer estratégias competitivas, que
visam estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que de-
terminam a competição industrial. Os administradores, por sua vez, precisam
escolher ou criar um ambiente, no qual as competências e recursos organiza-
cionais possam produzir essas vantagens competitivas. Pensando em tudo isto,
você consegue enxergar o seu papel enquanto gestor? Esperamos que sim, e
para lhe ajudar, vamos colocar o seguinte, a área de Recursos Humanos é uma
área crítica para a obtenção do sucesso organizacional, isto porque é ela quem
lida, gerencia, cria um clima organizacional favorável para que as pessoas me-
lhorem seu desempenho.
capítulo 1 • 15
duais. E, por outro lado as organizações também dependem das pessoas para
poder operar, produzir seus bens e serviços, atender seus clientes, competir
nos mercados e atingir seus objetivos. Na verdade, organizações e pessoas são
dependentes e há benefícios recíprocos, entretanto cada uma possui objetivos
diferentes, como podemos ver na tabela 1.1.
OBJETIVOS OBJETIVOS
ORGANIZACIONAIS INDIVIDUAIS
Tabela 1.1 – Objetivos organizacionais e Objetivos individuas. Fonte: Chiavenato (2010, p. 6).
16 • capítulo 1
puni-los, controlar cartão de ponto e demissão. Portanto, tratava-se de uma fun-
ção fiscalizadora e reguladora. Neste sentido, a “consultoria” era aplicada apenas
à elaboração de respostas técnicas, lógicas e concretas aos questionamentos dos
membros da organização. Dessa forma, as perguntas mais frequentes estavam
relacionadas a valores de salários, férias, rescisões e também não havia enten-
dimentos ou negociações, portanto, o contato era frio e racional, dificultando o
estabelecimento de relações mais afetivas (LEITE et al., 2007).
Entretanto, com a evolução das técnicas de gestão, da escola das relações hu-
manas e o aperfeiçoamento das teorias comportamentais, o papel da área de RH
migrou para orientação voltada a seleção, cargos e salários, treinamento, desen-
volvimento, benefícios, serviço social etc. (ORLICKAS, 2012). Já nesse período as
relações interpessoais e as negociações melhoraram, ainda com algumas restri-
ções e resistências. Mas de alguma forma, havia a possibilidade de administrar as
pessoas, a partir de informações de profissionais especializados em determina-
dos assuntos, como por exemplo, plano de cargos e salários. Esses profissionais
tinham formação acadêmica e valorizavam a satisfação e motivação dos indiví-
duos como parte fundamental para o atendimento dos objetivos. O aperfeiçoa-
mento da estruturação do trabalho nas organizações atuais, aliadas as inovações
tecnológicas e o rápido acesso a informações vem alterando o panorama e a visão
da área de RH, bem como o papel dos gestores de pessoas, conforme podemos
observar no tabela 1.2, que representa os modelos de gestão de RH.
Orientação para a
Controle jurídico, admi- Atuação diante de obtenção dos resul-
Ação de RH
nistrativo e legal especialidades tados estratégicos da
empresa
Explícitas, formalizadas
Implícitas, algumas e diretamente relacio-
Políticas de RH Inesistentes
vezes formalizadas nadas aos resultados
estratégicos
capítulo 1 • 17
ADMINISTRAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE CONSULTORIA INTERNA
MODELO/AÇÃO
PESSOAL RECURSOS HUMANOS DE RECURSOS HUMANOS
Sofisticados, articula-
Relacionados com Baseados na utilização
dos com a obtenção
Sistema exigências legais e ao de várias técnicas de
dos resultados estraté-
pagamento de salários Administralção de RH
gicos da empresa
Subordinado ao princi-
Subordinado a uma Subordinado a uma mé- pal executivo ou parte
Status
gerência média dia ou alta gerência integrante de grupo
dirigente
Pudemos perceber que o antigo formato de ARH está com os dias conta-
dos, as organizações aprenderam que as pessoas são seus principais ativos.
Dessa forma, entendemos que há aspectos fundamentais da moderna Gestão
de Pessoas:
Ademais, temos diferentes autores com diversos conceitos sobre Gestão de Pessoas:
Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e práticas
necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as
“pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recom-
pensas e avaliação do desempenho.
ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avaliação e re-
muneração dos empregados. Todos os gerentes são, em um certo sentido, gerentes
de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em atividades como recrutamento,
entrevistas, seleção e treinamento.
ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influen-
ciam a eficácia dos funcionários e das organizações.
ARH é a função na organização que está relacionada com a provisão, treinamento,
desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados.
18 • capítulo 1
Gestão de Pessoas é o conjunto integrado de atividades de especialistas e de ges-
tores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas
– no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização.
Gestão de Pessoas é a área que constrói talentos por meio de um conjunto integra-
do de processos e cuida do capital humano das organizações, o elemento fundamen-
tal do seu capital intelectual é a base do seu sucesso (CHIAVENATO, 2010).
Gestão
de
Pessoas
Processos
Processos Processos Processos Processos Processos
de
de de de de de
aplicar
agregar recompensar desenvolver manter monitorar
pessoas
pessoas pessoas pessoas pessoas pessoas
capítulo 1 • 19
Financeiro
Para ter sucesso
financeiramente, como nós
devemos aparecer para os
nossos investidores?
Processos Internos do
Cliente
Negócio
Para alcançar nossa visão, Visão e
Para satisfazer os clientes,
como devemos ser vistos Estratégia
em quais processos devemos
pelos nossos clientes?
nos sobressair?
Aprendizado e
Crescimento
Para alcançar nossa visão,
como sustentar a habilidade
de mudar e progredir?
Figura 1.3 – Figura 1.3: Balanced Sorecard. Fonte: Kaplan e Norton (1996).
20 • capítulo 1
resultados, mas sim de que forma esses resultados podem ser alcançados e su-
perados, levando a uma nova forma de gerenciamento de pessoas.
Se pensarmos na evolução das teorias da administração, podemos relem-
brar os conceitos da escola japonesa da qualidade, que levam em consideração
os clientes e fornecedores externos e internos como aspectos fundamentais ao
sucesso organizacional, podemos então estabelecer uma analogia com o novo
modelo de gestão de pessoas. Isto porque nesse novo modelo há uma preocu-
pação com a satisfação tanto dos trabalhadores (clientes internos) quanto dos
consumidores (clientes externos). Sendo assim, o gestor de resultados e de pes-
soas deve se preocupar com os objetivos, mas também com a satisfação dos
membros de sua equipe. Essa necessidade de um ambiente no qual os funcio-
nários estejam satisfeitos e motivados, nos leva a uma busca por profissionais
que ajudem os gestores nesse compromisso com o ambiente organizacional
favorável. É neste contexto que a figura do consultor, interno ou externo, eleva
seu valor, vamos entender melhor algumas características desse consultor.
capítulo 1 • 21
de consultoria organizacional em função da demanda e especificidade de pro-
blemas, geralmente ligados à área comportamental; e pela oportunidade da ex-
ploração de seu conhecimento e experiência, e ainda eram melhor remunerados
por isto. Consolidou-se como uma das formas de gerenciar pessoas, na década de
90, em virtude da demanda por mudanças culturais, estruturais e práticas para a
competitividade organizacional (JOHRI; COOPER; PROKOPENKO, 1998).
Já no Brasil apesar de ter sido iniciada a partir de década de 1960, 10 anos
após dos países desenvolvidos, de fato evoluiu após a década de 1990. Isto se
deu devido a necessidade de atualização das técnicas de gestão organizacional,
evolução tecnológica, orientação das organizações para o futuro, busca pela
melhoria no conhecimento das pessoas e pela alteração na relação organiza-
ção-cliente, visando um processo de melhoria contínua e sustentada. A partir
de tudo que foi dito até aqui, podemos perceber que a alterações na gestão
organizacional se deu, em maior intensidade, após 1990, período também de
maior inserção econômica mundial de todos os países, em virtude da globali-
zação. A globalização traz consigo um cenário de forte concorrência interna e
externa, assim administrar com efetividade, eficácia e eficiência passou a ser a
ordem do dia, não havendo mais espaço para amadorismos, ou que nos leva a
uma nova forma de gestão, incluindo a consultoria.
Vamos então relembrar o contexto das mudanças organizacionais, onde es-
tão inseridas todas as organizações do mundo e portanto brasileiras. Existem
alguns fatores que impactaram as organizações modernas, dentre eles pode-
mos citar as seguintes: globalização, fusões e aquisições, novos contratos de
trabalho, gestão da qualidade, mudança nas estruturas organizacionais, orga-
nizações virtuais, redes de organizações, uso de equipes multidisciplinares,
criatividade e inovação, cultura organizacional, gestão do conhecimento, ca-
pital humano, prioridade do cliente. Nesse contexto, as organizações buscam
por maior competitividade e assim precisam focar suas ações nas necessidades
e desejo de seus consumidores, entregando produtos e serviços com maior qua-
lidade e buscam ainda um baixo custo. E, para que elas consigam tudo isto é im-
portante gerir adequadamente seus recursos, dentre eles os recursos humanos.
De acordo com uma pesquisa com 12 mil líderes empresariais do mundo
todo, liderada pela Havard Business Review, o serviço ao consumidor e a quali-
dade do produto são considerados os mais importantes no sucesso de suas or-
ganizações (CHIAVENATO, 2006). Sendo assim, é inerente à atividade de gestão
22 • capítulo 1
a busca pela excelência e como fazemos isto? A resposta pode estar dentro ou
fora de sua organização, buscando por talentos capazes de entregar valores que
gerem vantagem competitiva para suas organizações, o que estamos falando
então? Sobre pessoas, portanto é importante gerir adequadamente as pessoas,
motivá-las e incentivá-las a manter um aprendizado contínuo que seja capaz de
enfrentar as mudanças ambientais e as novas exigências do mercado. Portanto,
cabe ao gerenciamento de pessoas a busca pelo ideal e podemos então afirmar
que a consultoria é um desses processos.
A atividade de consultoria não é apenas uma técnica ou atividade, mas sim
um novo recurso que contribui para uma melhor qualidade do trabalho desen-
volvido pela equipe, bem como da qualidade de vida no trabalho. Portanto, o
serviço de consultoria deve realizar-se por meio de diagnósticos e processos de
intervenção técnica e tem o propósito de identificar as necessidades do cliente,
formular e propor soluções, recomendar ações pertinentes. De toda forma, é im-
portante salientar que o consultor deve ter uma posição de influência, mas não
pode assumir o controle das mudanças, ele presta consultoria e não assumir
uma posição de gerência, esta posição baseia-se na abordagem educacional.
Segundo Orlickas (2012) a consultoria, de uma forma ampla, é o forneci-
mento de determinada prestação de serviço, geralmente por um profissional
muito qualificado e conhecedor do tema para um determinado cliente. E, con-
forme dissemos acima, ele deve ser realizado por meio de diagnósticos e pro-
postas de soluções e ações, lembrando que tudo deve estar baseado nas neces-
sidades do cliente.
Nesse sentido, podemos dizer a consultoria representa a influência sobre
indivíduos, grupos ou toda uma organização empresarial, no sentido de alterar
ou de solucionar uma determinada situação-problema. Nesse caso, o consul-
tor propõe as correções ou melhorias adequadas nos processos, nos procedi-
mentos e nos produtos e serviços elaborados. Segundo o Instituto Ethos (s/d) a
Consultoria Organizacional deve assistir o cliente nas suas necessidades, iden-
tificando problemas, decidindo que forma de ajuda se faz necessária, diagnos-
ticando e implementando programas de ação ou mudanças concretas na cultu-
ra empresarial, enfim, apoiando a organização no cumprimento de sua missão.
capítulo 1 • 23
Vamos relembrar o que é Missão e sua relação com o negócio?
O negócio e a missão refletem a percepção de oportunidades e ameaças, dos valores
da organização e de sua vocação. A vocação compreende as áreas em que a orga-
nização tem facilidade para atuar, devido a suas competências e recursos. Identificar
a missão é entender qual problema a empresa está resolvendo no ambiente. Para
analisar a missão da organização no presente, é preciso responder a perguntas como
as seguintes: Quem são os nossos clientes? Em que negócio estamos? Que necessi-
dades estamos atendendo? Ou: qual nossa utilidade para os clientes? (MAXIMIANO,
2011, p. 137-138).
24 • capítulo 1
importantes para o desempenho profissional bem-sucedido: habilidade técni-
ca; habilidade humana e habilidades conceituais. Vamos a elas?
capítulo 1 • 25
Habilidades Habilidades Habilidades de
Técnicas Interpessoais Consultoria
Diagnóstico
Trazer à tona vários níveis
de análise
Lidar com climas políticos
Resistir a necessidade de dados,
mais completos
Ver a entrevista como
uma intervenção
Feedback
Afunilar os dados
Identificar e trabalhar com
diferentes formas
de resistência
Apresentar dados
pessoais e organizacionais
Decisão
Conduzir reuniões em grupo
Enfocar as escpçjas aqui e
agora
Não encarar as reações co-
mo algo pessoal
O Evento Principal
Engajamento e Implementação
26 • capítulo 1
coordenação de trabalho e envolvimento dos membros da organização na alo-
cação dos recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos de
uma forma eficiente e eficaz. Podemos então identificar os diferentes níveis or-
ganizacionais e as habilidades de gestão, conforme figura 1.5:
Administração Habilidades
Superior Conseituais
Nível
Instrucional
Gerência Habilidades
Nível Intermediária humanas
Intermediário
Supervisão de
Nível Habilidades
primeira linha
operacional Técnicas
capítulo 1 • 27
CONEXÃO
Para saber mais entre no site da IBCO para consultar o Código de Ética: http://ibco.org.br/
estatuto-e-codigo-de-etica-ibco/
A Consultoria externa é exercida por um profissional que não faz parte do qua-
dro funcional da empresa-cliente, ou seja, ele é externo. Ele não possui vínculo
empregatício, por consequência não tem salário mensal, benefícios, bônus,
entre outros. Em alguns casos esses consultores fazem parte do quadro de
funcionários de uma Empresa de Consultoria e pode seguir carreira. Portanto,
nesse caso esse consultor terá todos os direitos trabalhistas, mas em relação
a empresa de consultoria e não com a empresa-cliente. O consultor externo
possui imparcialidade sobre o projeto em que está trabalhando, geralmente
suas ideias são mais bem aceitas do que as de um consultor interno. Segundo
Oliveira (2007) a consultoria externa é um processo interativo de um agente de
mudanças, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profis-
sionais de uma empresa nas tomadas de decisões, por outro lado não possui o
controle direto da situação.
Ainda de acordo com o autor, a consultoria externa possui vantagens e des-
vantagens. As vantagens são: maior experiência, já que realizou o mesmo ser-
viço em diversas empresas; maior aceitação nos escalões superiores da empre-
sa-cliente; poder correr riscos; maior imparcialidade, por não estar envolvido
nas rotinas da empresa-cliente. Já as desvantagens são: menor conhecimento
das informalidades da empresa-cliente; não possuir poder formal, devido a não
pertencer à estrutura hierárquica da empresa-cliente; menor acesso informal a
pessoas e grupos; não ter presença diária. Dentro da consultoria externa temos
a consultoria autônoma; consultoria associada; consultoria particular/exclusi-
va. Passemos a elas:
A Consultoria Autônoma trata-se da atuação de um profissional qualificado
que atua de forma independente, ou seja, sem vínculo empregatício com a or-
ganização-cliente, para a realização de consultoria em um determinado proje-
to. Apesar de não possuir vínculo empregatício é necessário que o profissional
possua registro junto a Prefeitura de seu município para que ele possa atuar.
28 • capítulo 1
Muitos profissionais devidamente credenciados na profissão trabalham como
consultores autônomos, dispondo de escritórios próprios ou home offices, ou
seja, em sua própria residência. Segundo Menezes (2010) uma organização
pode contratá-lo de duas formas: mediante contrato de trabalho por tempo de-
terminado ou por realização de projeto e a segunda forma é diretamente pela
empresa-cliente.
Os consultores autônomos exercem sua atividade na própria empresa-clien-
te, ou seja, eles vão até a empresa. Durante o tempo da consultoria eles vão diag-
nosticar problemas e falhas e, a partir de então, formular soluções. Este tipo de
consultor pode ser contratado mesmo sem problemas aparentes, de modo que
ele faça diagnósticos para evitar futuros obstáculos ou para promover mudan-
ças e inovações. Dentro da consultoria autônoma temos as consultorias mais
específicas e menos procuradas, como por exemplo a consultoria por pacote.
Nessa consultoria os clientes recebem produtos pré-formatados de estruturas
metodológicas e técnicas administrativas. O objetivo é atingir todos os níveis,
como um tipo de consultoria de baixo custo e de alto impacto, com resultados
esperados em curto prazo. Temos também a consultoria artesanal, é o oposto,
pois aqui o consultor formula um pacote de metodologia e técnicas administra-
tivas personalizadas aos problemas de cada cliente ou empresa.
CONEXÃO
Para saber mais sobre Consultoria Autônoma acesse: http://www.projectbuilder.com.br/
blog-pb/entry/pessoas/vantagens-de-uma-empresa-contratar-um-consultor-autonomo.
capítulo 1 • 29
avaliadores, árbitros de artigos enviados para a publicação. E, ainda no concei-
to de consultoria associado temos aqueles que realizam em parceria um proje-
to ou trabalho de consultoria, sob a liderança de um dos profissionais do grupo
e devidamente aceito pelo cliente.
A Consultoria exclusiva é uma atividade exercida por profissional que se
dedica em aconselhamento gerencial a executivos ou gestores, individualmen-
te ou em grupo, ou em conduzir projetos especiais de consultoria (mentoring,
counselling, coaching) no âmbito restrito de uma determinada empresa. Dessa
forma, esse tipo de consultor deve possuir um consistente background, ou seja,
uma vasta experiência, geralmente chamamos de sênior, além de ter uma for-
te relação com a empresa-cliente. Atualmente, muitos investidores tem atuado
no mercado empresarial com esses profissionais ao seu lado, obviamente esses
consultores possuem uma remuneração extremamente atraente.
Mais recentemente, ligadas as inovações tecnológicas, temos a consultoria
virtual, que é a nova forma diferenciada de serviços ditos convencionais, ao rea-
lizar suas atividades por meio da internet, facilita a divulgação e o aumento da
comercialização de produtos ou serviços, podendo conquistar novos clientes e
melhoria de sua rede de relacionamentos (SEBRAE, s/d). Esse tipo de empresa
está inserida num mercado considerado promissor, uma vez que seu canal para
a realização de negócios, a internet, está em crescimento, expansão e sofistica-
ção, com um público a cada dia maior. Na verdade também há uma vantagem
para esse tipo de consultoria, o investimento inicial não é elevado, podendo ser
montado com valores variando entre R$ 8.000,00 e R$ 40.000,00, este último
com cinco funcionários.
CONEXÃO
Para saber mais acesse: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-mon-
tar-uma-empresa-de-consultoria-virtual.
Por fim, temos a consultoria total, que atua em praticamente todas as áreas
do cliente. Este tipo de consultoria tem sofrido diversos tipos de restrições, já
que ela lida com muitos assuntos e todos ao mesmo tempo, mas não neces-
sariamente de modo integrado pode ser identificada como um desperdício de
tempo e recursos (financeiros e não financeiros). Muitos críticos acabam por
30 • capítulo 1
identificá-la como tiro para todo lado e com pouquíssimas chances de acerto.
Isto porque os consultores podem acabar se perdendo em um contexto de tan-
tas variáveis a serem analisadas e solucionadas.
capítulo 1 • 31
descrevemos acima. Nesse sentido, Eltz (1999) relata que o Consultor Interno
de RH assume diferentes papéis na organização como, por exemplo: negocia-
dor, comunicador e líder.
Temos que salientar que geralmente consultor interno precisa de atuali-
zação prática, uma vez que a obtenção de seus conhecimentos são adquiridos
de maneira teórica e portanto possui menor experiência que o consultor au-
tônomo. Vamos aprofundar nossos conhecimentos em Consultoria Interna,
bem como entender o processo de implantação desse tipo de consultoria no
próximo capítulo. De qualquer forma, é imperativo entendermos as principais
distinções entre as consultorias interna e externa. Vamos lá? A figura 1.6 de-
monstra as principais diferenças entre o consultor externo e o interno:
Autonomia;
Sem vínculo empregatício;
Consultor Não faz parte da estrutura herárquica da empresa-cliente;
Externo Imparcialidade;
Facilidade de apoio;
Não enfrenta muitas resistências.
Funcionário;
Consultor Faz parte da estrutura hierárquica da empresa-cliente;
Interno Tem objetivos e metas enquanto funcionário;
Pode enfrentar resistências.
Figura 1.6 – Principais diferenças entre Consultoria Externa e Interna. Fonte: Elaborado
pela autora com base em Block (2013) e Orlickas (2012)
Vale ressaltar, que o consultor, seja externo ou interno, deve ser um agen-
te de mudança na empresa em que atua. Ele deve estar comprometido com o
serviço aos seus clientes e a todos que são direta ou indiretamente influencia-
dos pelo seu trabalho. Para esclarecermos, o agente de mudança é aquele que
conduz ou orienta o processo de mudança em uma situação organizacional.
Ele inicia o processo e ajuda a fazer acontecer a mudança. De acordo com Rosa
(2002) o trabalho de consultoria consiste em saber transformar a ajuda num
32 • capítulo 1
processo que favoreça gradativamente a autonomia e a aprendizagem. Cabe
aqui lembrar que os serviços de consultoria não devem ser vendidos, mas sim
comprados. O que queremos dizer é que não temos que colocar anúncios de
divulgação de seu trabalho, o correto é que o consultor torne o seu trabalho co-
nhecido no mercado. Para a divulgação de seu trabalho, pode utilizar algumas
técnicas mercadológicas, como: folhetos explicativos dos serviços; palestras e
conferências; publicações; apresentação por antigos clientes; consolidação de
marca própria. O plano de carreira para atuar como consultor, deve ser baseado
pela sustentação conceitual, experiência com foco de atuação e publicações,
com apresentações e debates (OLIVEIRA, 2007). Para finalizarmos o conteúdo
desse capítulo é importante entendermos que o processo de consultoria trata-
-se de uma evolução do gerenciamento de pessoas e a qualidade desse gestão,
juntamente com a qualidade de seus produtos e serviços são os meios para que
as organizações enfrentem os constantes desafios postos pelo mercado e pelo
processo de globalização.
ATIVIDADES
01. Explique o processo evolucionário da gestão organizacional até chegarmos ao conceito
de consultoria.
REFLEXÃO
Quando o termo consultoria é empregado, acabamos por imaginar que sua utilização é re-
cente, entretanto essa atividade de consultoria é desenvolvida há muito tempo, mas o fato é
que, agora que ela vem ganhado espaço tanto por meio de empresas que se constituem para
esse fim, como por profissionais autônomos. Na última década do século passado acabou
capítulo 1 • 33
conquistando seu espaço nas organizações e está cada vez mais sendo desenvolvida de
maneira interna. A prática de consultoria acabou sendo um modelo encontrado pelas organi-
zações como forma de enfrentar o novo contexto ambiental, ou seja, como resposta às novas
necessidades da gestão organizacional, já que é um formato mais dinâmico e presencial, no
que tange a adaptação às mudanças ambientais e a complexidade organizacional.
O papel da consultoria se torna ainda mais interessante quando ligamos à área de Ges-
tão de Recursos Humanos. Isto porque a consultoria visa à inovação e a introdução de me-
lhorias para a organização por meio do levantamento das necessidades do cliente, da identifi-
cação de soluções e da sugestão de ações. Como vimos, essa atividade desenvolve, implanta
e viabiliza um projeto de acordo com as necessidades específicas de cada empresa-cliente.
Durante o processo de consultoria devemos realizar um diagnóstico para levantar as necessi-
dades do cliente, identificar soluções e recomendar ações. Falando mais especificamente da
Consultoria Interna de Recursos Humanos, ela consegue descentralizar as informações da
organização facilitando, assim, a disseminação da comunicação e oferecendo uma resposta
mais próxima da realidade vivenciada na organização.
LEITURA
DRUCKER. Peter F. Administrando para o futuro: os anos 90 e a virada do século. 6.ed. São Paulo:
Thompson Learning, 1998.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLOCK, Peter. Consultoria infalível: um guia prático, inspirador e estratégico. 3. ed. São Paulo: M.
Books, 2013.
CARAVANTES, Geraldo; PANNO, Cláudia C.;KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e
processos. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2005.
CHIAVENATO, I. Administração nos Novos Tempos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CROCCO, Luciano; GUTTMANN, Erik. Consultoria empresarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DELGADO, Gabriela Neves. Terceirização: paradoxo do direito do trabalho contemporâneo. São
Paulo: LTr, 2003.
ELTZ, Fábio; VEIT, Mara. Consultoria interna: Use a rede de inteligência que existe na sua empresa.
Salvador: Casa da Qualidade, 1999.
34 • capítulo 1
HANSEN, J et al. Consultoration: concepts and practices. New Jersey: Prencice-Hall, 1990.
KURPIUS, D., ROBINSON, S. An overview of consultation. Personal and Guidance
Journal. p. 321-323, Feb. 1978.
ORLICKAS, Elizenda. Consultoria interna de recursos humanos. 11. ed. São Paulo: Danelli, 2012.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência.
18.ed. São Paulo: Campus, 1986.
ROSA, Luiz Edmundo Prestes. Consultoria Interna de RH. In: BOOG, Gustavo e Manual de Gestão de
Pessoas e Equipes. volume 1. São Paulo: Gente. 2002.
SOBRAL, F., PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2013.
capítulo 1 • 35
36 • capítulo 1
2
O Processo de
Consultoria
Conforme vimos no capítulo anterior, algumas organizações modernas estão
utilizando a modalidade de consultoria interna para o aproveitamento dos
profissionais e suas competências dentro da própria organização. Esses cola-
boradores possuem qualificações que lhes permitem o exercício de atividades
típicas de consultoria em suas especialidades, como é o caso de consultorias
internas em informática, na qual os profissionais especializados dão todo o su-
porte e ajudam a resolver os problemas com relação, por exemplo a desenvolvi-
mento de programas e aplicativos. E, nesse mesmo sentido temos os consulto-
res internos em recursos humanos, que buscam um processo de recrutamento
e seleção mais adequado, analisando o perfil e verificando sua adequação a
esta função para visualizar até onde ele poderá se enquadrar nas necessidades
da organização. Esse aqui é apenas um exemplo das ações de um consultor in-
terno de gestão de pessoas. Existem inúmeras atividades relacionadas às ati-
tudes e necessidades de gestão de recursos humanos, nas quais um consultor
pode atuar, ou seja, há muitas possibilidades e oportunidades de trabalho para
esse profissional.
Entretanto, é importante avaliar o que é necessário para que o processo de
Consultoria Interna de Recursos seja implantado e para que ele obtenha su-
cesso e gere vantagens competitivas para a organização em questão. Primeiro
devemos ter em mente que gerenciar pessoas não se trata de uma atividade tão
fácil de ser executada, basta pensarmos que as pessoas não são iguais, portanto
exige que o profissional de RH tenha essa consciência e que suas sejam pau-
tadas nessa direção. Ao lidar com pessoas estaremos vivenciando momentos
inesperados, já que as pessoas são diferentes e possuem interesses, atitudes
diferentes. A consultoria interna de RH não é uma obrigatoriedade e muito
menos algo estático, ao contrário, como não se trata de algo legal ou que está
nas regras da empresa ela pode não ser bem aceita pelos funcionários e ain-
da por outro lado, ela deve ser flexível e passível de ajustes, inclusive durante
sua implantação.
Apenas para relembrarmos trata-se de um processo em que temos um con-
junto de atividades desenvolvidas por um ou mais profissionais do quadro da
organização, devidamente qualificados, para desenvolver, aconselhar e asses-
sorar de forma metódica e consistente os clientes internos. E, para tanto a par-
tir de agora vamos entender quais os pontos a serem considerados ao implan-
tarmos um processo de consultoria interna, bem como reduzir as resistências a
essa implantação. Vamos lá?
38 • capítulo 2
OBJETIVOS
Compreender o processo de implantação de um processo de Consultoria Interna.
Entender os riscos e oportunidades do processo de Consultoria.
Entender quais as condições devem ser dimensionadas para que a implantação ocorra de
modo mais eficiente.
capítulo 2 • 39
2.1 O Processo de Consultoria Interna
A Consultoria Interna deve lidar adequadamente com as novas realidades,
tecnologias, exigências, satisfações e insatisfações, produtividade, que são as-
pectos fundamentais para o sucesso e crescimento organizacional. Estamos
falando de um ambiente de elevada concorrência e no qual há a exigência de
se atingir resultados de negócio. É aqui que temos a figura do Consultor como
uma fonte de oportunidades para que esse resultado seja alcançado. Não esta-
mos falando que ele será o “salvador” de todos os problemas organizacionais,
mas como certeza poderá ajudar e muito no diagnóstico e proposição de so-
luções desses problemas. Segundo Leite et al (2007) a consultoria é utilizada
como forma de reduzir os riscos e maximizar as oportunidades de alcance de
metas. O consultor pode e deve entender o contexto no qual a organização está
inserida, e considerando que estamos vivendo um momento de grandes mu-
danças e estas já são consideradas partes integrantes das estratégias de negó-
cios, cabe a ele (o consultor) identificar as mudanças e quais as medidas e solu-
ções que a organização deve buscar para passar por elas.
Nesse sentido, é necessário um grande conhecimento do negócio, do mer-
cado e dos objetivos estabelecidos para que esse consultor possa pensar, agir e
orientar com relativa tranquilidade. E, é claro, com reduzidos índices de apon-
tamentos e tomada de decisões inadequadas. Estamos dizendo em orienta-
ções, aconselhamento, indicações, porque seu papel não é atuar diretamente
sobre o problema ou sobre a situação, mas sim identificar situações, fatos e
sentimentos com a maior abrangência possível, já que ele age de forma mais
impessoal possível.
Como vimos, a ação da consultoria desenvolve, implanta e viabiliza um pro-
jeto de acordo com a necessidade específica de cada cliente ou área organiza-
cional, depois de ser realizado um diagnóstico para levantar as necessidades
do cliente, identificar soluções e recomendar ações. Falando mais especifica-
mente da Consultoria Interna de RH, cabe ao consultor de pessoas o diagnós-
tico referente à admissão e demissão; treinamento e desenvolvimento; plano
de cargos e salários; plano de carreira; avaliação de desempenho entre outros.
Sendo assim, é importante que este profissional tenha o respeito e apoio tan-
to da Alta direção quanto dos funcionários da empresa, para que suas orienta-
ções sejam bem recebidas e implantadas. De fato, atualmente, existe um maior
respeito pelos pareceres e aconselhamento dos consultores responsáveis pela
40 • capítulo 2
negociação ou por pareceres técnicos. Leite et al (2007) nos lembra que os pa-
receres de admissão dados pelos consultores internos de RH são levados em
consideração pela organização. Eles utilizam, por exemplo, instrumentos es-
pecíficos, sua própria vivência e percepção apurada, juntamente com o enten-
dimento das necessidades do cliente para estabelecer suas recomendações de
modo mais confiável. Ao longo desse livro veremos mais exemplos da atuação
do consultor interno de RH.
A implantação do processo de Consultoria Interna de Recursos Humanos
(CIRH) tem como principal objetivo a descentralização das informações da
organização facilitando a difusão comunicação e oferecendo ao seu cliente
melhor atendimento aproximando-se dele e conhecendo as suas reais neces-
sidades, o que reduz o ciclo de tempo do serviço prestado. Também cabe aqui
dizer que é a consultoria interna de RH que deve detectar os interesses e as ne-
cessidades do cliente interno empregando de maneira eficiente as informações
recebidas para desenvolver estratégias globais, aprimorando os produtos ofe-
recidos aos recursos humanos. Portanto, ela deve identificar as tendências de
RH e alinhar sua atuação de acordo com suas estratégias e com as da organiza-
ção. Você pode perceber que estamos nos referindo a organizações que se des-
prenderam dos modelos burocráticos de gerir pessoas, sem aqueles exageros
de normas e regulamentos. Assim, a necessidade de mudança nos processos,
nos sistemas organizacionais na verdade é conduzida pelos colaboradores das
organizações e se ampliou com o passar do tempo, e o processo de comunica-
ção é fundamental para que a CIRH tenha sucesso. Vamos relembrar alguns
conceitos importantes sobre comunicação?
Para Terra (2001), uma questão fundamental para que as organizações
atinjam os resultados esperados com os programas de gestão de Recursos
Humanos é o processo de comunicação. Segundo diversos autores processo de
comunicação pode ser dividido em 5 itens, neste livro escolhemos a definição
de Fidelis (2008), mas você poderá utilizar outros autores, pois a essência do
processo é a mesma. Então, temos:
capítulo 2 • 41
Elemento mais importante do processo de co-
municação. É importante que o emissor conheça
RECEPTOR com que irá se comunicar, suas potencialidades e
limitações, quanto ao propósito final da sua ideia.
Meio de comuinicação
Emissor Mensagem Receptor
Ruído
Retroalimentação
42 • capítulo 2
de tempo com retrabalho, mal entendidos, suscetibilidades afetadas, perda de
motivação e estresse”.
Portanto, é preciso lidar com essas falhas na comunicação, já que todos
os envolvidos no processo de CI devem manter uma comunicação constante,
lembra que temos relações constantes e diárias nesse processo de CI, então é
fundamental uma boa comunicação entre os envolvidos. A comunicação aju-
da a atingir os objetivos da empresa. Se bem administrada oferece a qualquer
empresa agilidade e clareza, sendo ela a responsável pelo desenvolvimento hu-
mano e de sua organização. Temos uma excelente frase do autor Bueno (1995,
p.9) que relata essa necessidade de comunicação assertiva: “Hoje, não se pode
imaginar uma empresa que se pretenda ser líder de mercado e que volte as cos-
tas para o trabalho de comunicação”.
A comunicação organizacional ou empresarial não é coisa para amador,
pois a comunicação tem suas sutilezas que só profissionais da área dominam e
qualquer ação errada pode provocar sintomas graves. Aqui, o consultor interno
deve estar atento a todas as modulações e emoções envolvidas nesse processo,
trata-se de um trabalho árduo e complexo, mas extremamente necessário para
que ele obtenha sucesso em sua atuação. Além da comunicação dita explíci-
ta, há uma quantidade significativa da comunicação interpessoal que também
ocorre por meio da comunicação não-verbal. “A linguagem do corpo refere-se
àqueles aspectos da comunicação não verbal diretamente relacionado ao mo-
vimento do corpo, como gestos e posturas” (DUBRIN, 2006, p.33). Fato é que os
consultores devem se preocupar com todos os tipos de comunicação e ainda
lidar com os ruídos. Segundo Fidelis (2008), os principais aspectos que atrapa-
lham o processo de comunicação são:
capítulo 2 • 43
• Administração centralizadora – causa distanciamento das expectativas
na relação de emprego;
• Falta de participação dos trabalhadores no processo de decisão – não há
o envolvimento do funcionário;
• Remuneração e benefícios – funcionários insatisfeitos com o pacote de
remuneração e benefícios oferecidos pela organização.
CONEXÃO
As autoras Maria Iolanda Sachuk e Hilka Pelizza Vier Machado desenvolveram um estudo
bastante interessante na área da comunicação organizacional, o texto: Reflexões sobre
o processo de comunicação nas organizações, trata de modo muito autêntico e inte-
ressante a respeito tanto do processo de comunicação, quanto da sua importância para a
negociação de diversos interesses dos agentes envolvidos dentro de uma organização. É
uma interessante leitura. Acesse: http://www.maringamanagement.com.br/novo/index.php/
ojs/article/viewFile/108/75
44 • capítulo 2
CONEXÃO
Para saber mais sobre o McDonald´s e suas políticas de RH, acesse: http://
www.mcdonalds.com.br/
capítulo 2 • 45
de recursos (financeiros, de pessoas); estrutura decisória e atuação dos executi-
vos; sistema de pensões (compensação e benefícios). O consultor interno de RH
está ligado a todos os itens listados acima, é claro com suas devidas especiali-
zações. Temos ainda ótimas oportunidades para o trabalho do consultor, por
exemplo quando a economia está em crescimento, ele pode atuar analisando
e consolidando novos negócios para a empresa-cliente, e aqui cabe a figura do
CIRH, já que ele pode e deve atuar na capacitação dos indivíduos. Outro exem-
plo, quando a economia está em declínio, ou seja, trabalhando com redução de
custos; ou quando a economia está apresentando momentos de instabilidade e
os executivos não sabem o que fazer é a hora do consultor interno entrar em ação.
Dessa forma ao implantar a consultoria interna é importante que se tome
alguns cuidados e ainda analisar cada caso:
• Monitoramento imediato dos focos de insatisfação: como o consultor
interno está constantemente em contato com funcionários e líderes é possí-
vel identificar mais facilmente focos de insatisfação e ainda propor soluções
de ajustes.
• A consultoria interna permite atender a maioria das necessidades dos
funcionários: o modelo de consultoria interna prevê a sinergia com as estraté-
gias de negócios. O consultor trabalha juntamente aos funcionários e, portan-
to, consegue entender a dinâmica e dificuldades que eles possuem.
• Proximidade entre cliente e consultor: a adoção de uma abordagem flexí-
vel e estruturada garante a capacidade de rápida resposta.
• Multifuncionalidade do consultor interno: o consultor consegue ter uma
macrovisão das questões e problemas, já que está mais próximo do cliente.
• Rapidez na resolução de problemas: a resposta e o estudo mais apurado
dos problemas, uma vez que está dentro da empresa vivenciando as rotinas.
• Maior interação e a geração de uma relação de confiança: consultor e
cliente partilham informações, ideias, valores, resolvem problemas juntos.
• Envolvimento com colegas de trabalho: a convivência permite o estabele-
cimento de laços de amizade, mas é necessária muita cautela, já que isto pode
ser um risco para o consultor, pois ele não pode quebrar as regras da empresa
em benefícios de algum funcionário.
• Avaliação e controle do trabalho efetuado: o consultor tem condições de con-
tinuar acompanhando e propor mudanças sempre que sentir essa necessidade.
• Menor custo fixo: devido a redução da estrutura de RH pode ocorrer uma
redução dos custos de manutenção da área.
46 • capítulo 2
• Especialistas versus Generalistas: a empresa pode ter optado por capaci-
tar internamente seus funcionários do RH, tornando-os multidisciplinares, e
mediante demanda podem ser alocados para outras atividades mais especiali-
zadas em determinados projetos. Entretanto, é necessário o acompanhamento
para que não haja benefícios para os envolvidos no novo projeto por parte do
profissional de RH.
• Competições internas entre os consultores de RH: algumas medidas de-
vem ser tomadas para evitar o surgimento de competições, é claro que em al-
gumas situações a competitividade pode ser interessante. Para minimizar as
atitudes negativas com relação as competições, deve haver uma coerência de
tratamento para o grupo, cuidando para que o Consultor Interno não tenha ati-
tudes que possam gerar diferenças significativas. Reuniões constantes e utili-
zação de job rotation, assunto que trataremos mais adiante com maior detalha-
mento, podem minimizar a ocorrência desse risco.
• Menor background do profissional de RH: o profissional pode conhecer
apenas uma situação ou cultura organizacional específicas, já que ele não de-
senvolveu trabalhos semelhantes em outras empresas. As empresas podem im-
plantar o processo de consultoria interna paulatinamente, de forma que o pro-
fissional seja transformado de especialista em generalista de modo gradativo.
capítulo 2 • 47
2.2.1 Consultoria Interna por Projeto
48 • capítulo 2
Projetos para adequação da organização perante
OPORTUNIDADES às exigências do mercado. Por exemplo: um projeto
ESTRATÉGICAS para Certificação ISO 9000 ou para Certificação
EXTERNAS ambiental.
capítulo 2 • 49
são provavelmente os mais importantes no projeto e os mais numerosos; dos
44 processos elencados em um projeto, 21 são de planejamento (PMI, 2004). O
planejamento do projeto irá determinar o que deve ser feito, quem irá fazê-lo,
quanto tempo será necessário e quanto irá custar. Segundo Sotille et. al. (2006)
o escopo é o “foco” do projeto, ou seja, a definição do trabalho necessário para
fazer o produto. O escopo de um projeto especifica seu produto principal e
respectivos elementos secundários, ou seja, as entregas ao longo do projeto.
O escopo do projeto é descrito como “A soma dos produtos (receptivos = delive-
rables) e serviços a serem fornecidos como um projeto” (PMI, 2004, s/p). Nesse
sentido é importante lembrar que a definição do escopo deve ser acordada en-
tre o cliente e o consultor interno que vai executar o projeto.
Além do escopo é importante gerenciar o tempo do projeto. Quando fala-
mos em tempo estamos nos referindo aos prazos das atividades necessárias
para produzir as entregas definidas no escopo. Inclui procedimentos para de-
finir, estimar e sequenciar as atividades ou tarefas e os recursos (pessoas, ma-
teriais e equipamentos) para realizar as atividades do projeto dentro de uma
programação determinada (PMI, 2004). Segundo Leite et.al. (2012) o prazo de
um projeto é importante, pois é a partir dele que podemos prever o estabeleci-
mento de recursos necessários para viabilizar o projeto, sem se esquecer que é
necessário o seu acompanhamento. Após a definição do escopo e prazos pre-
cisamos alocar os recursos adequados e necessários para o desenvolvimento
do projeto. Os recursos podem ser: humanos, financeiros e tecnológicos. Eles
devem ser compatíveis com a realidade da organização. De qualquer forma, é
preciso diferenciar o que são atividades rotineiras de um projeto. As ativida-
des de um projeto têm um escopo bem definido e um prazo determinado. Já
as atividades rotineiras são aquelas executadas com uma periodicidade maior
(repetitivas) e buscam otimização e racionalização, buscando a melhoria con-
tínua. Cabe aqui ressalvar que um projeto possui fases, o ciclo de vida. Ele con-
siste no conjunto de fases que o compõem, geralmente em ordem sequencial
de execução: iniciação; planejamento; implementação ou execução; controle e
encerramento, conforme podemos verificar na figura 2.2:
50 • capítulo 2
Execução
Planejamento
Iniciação
Encerramento
Intensidade
Controle
Tempo
Definição da meta
Padronização dos Análize do problema
resultados positivos Análize das causas
Tratamento dos desvios A P Elaboração dos
planos de ação
Verificação dos
C D Treinamento
Execução dos palnos
resultados
de ação
capítulo 2 • 51
Segundo Falconi (2003) o ciclo PDCA é utilizado para manutenção do nível
de controle, melhoria e planejamento da qualidade. Você pode estar se pergun-
tando, mas porquê um consultor interno de RH deve saber tudo isto? Simples,
um consultor terá atribuições muito parecidas com a de gestores de linhas, já
que irá fazer diagnósticos de problemas e necessidades; propor ações e solu-
ções; acompanhar o andamento das atividades, veja, que tudo que dissemos
agora nessa última frase está resumido no ciclo PDCA. Vamos vê-lo em mais
detalhes? Até porque se você pretende ser um consultor, você o utilizará em
sua rotina.
O PDCA foi criado na década de 20 por Walter A. Shewart, mas foi William
Edward Deming, o “guru do gerenciamento da qualidade”, quem disseminou
seu uso no mundo todo (por isso, a partir da década de 50, o ciclo PDCA passou
a ser conhecido como “Ciclo Deming”). O ciclo PDCA apresenta quatro etapas
(SHIBA et al., 1995):
52 • capítulo 2
Conselho
Presidente
consultivo
Alocação de Ligação em
recursos mercado
Pessoal Contabilidade
Produção Engenharia Materiais & &
Segurança Controle
Projeto
B
Projeto
C
Figura 2.4 – Estrutura por projeto. Fonte: Leite et al. (2012, p. 98).
capítulo 2 • 53
lheiro e facilitador no processo. Basta lembramos da estrutura organizacional
por processo. Só para fazermos uma pequena lembrança sobre esse assunto,
que você já viu em outras disciplinas, vamos falar um pouquinho sobre como
as organizações estão organizadas, ou seja, o que é estrutura organizacional.
As organizações são compostas por pessoas, impreterivelmente, pois sem elas
não há quem tome decisões nem quem realize as tarefas. E, ainda as organiza-
ções tem uma estrutura que define as responsabilidades e o comportamento
esperado dos membros da organização. O desenvolvimento dessa estrutura or-
ganizacional leva em consideração regras, procedimentos, divisão de trabalho,
definição de funções e relações de autoridade (SOBRAL; PECI, 2013). Assim, é
importante que tenhamos uma divisão do trabalho, pois permite superar as li-
mitações individuais por meio de especialização (MAXIMIANO, 2007). E, com
a divisão do trabalho podemos entender melhor como ocorrem os processos
dentro de uma empresa, bem como seus elementos. Em uma organização te-
mos os recursos (inputs), os processos (transformação) e as saídas (outputs).
Dessa forma, a figura 2.5, ilustra de modo mais detalhado o sistema organiza-
cional de processos:
Feedback
Para termos uma ideia da importância dos processos dentro de uma organi-
zação, é na operação que residem as competências essenciais da organização.
As organizações se baseiam nesses processos produtivos para estabelecerem o
54 • capítulo 2
critério de departamentalização da estrutura organizacional. A departamenta-
lização por processos muitas vezes é utilizada no setor de produção, mas tam-
bém pode ser utilizada nos setores administrativos. As atividades são agrupadas
conforme as fases do processo, por exemplo: fundição, usinagem, montagem,
pintura etc. “A departamentalização por processo é um meio conveniente de
coordenação e controle das atividades orientadas pelo processo dentro de uma
organização” (KWASNICKA, 2011, p. 237).
Segundo Vasconcellos (2003) existem algumas condições favoráveis para
a utilização da departamentalização por processos, a alta diferenciação entre
as fases do processo, necessidades técnicas da mesma fase ficarem juntas, de
modo a permitir ajuda mútua e troca de experiências, além do aprimoramento
técnico. Percebeu o que temos aqui? O processo de consultoria interna se en-
quadra perfeitamente nesses critérios. Vasconcellos (2003) afirma ainda que
este tipo de departamentalização possui a vantagem de ter especialização em
várias fases do processo e elevada integração entre as pessoas que trabalham
em uma determinada fase, mais uma vez podemos enquadrar o papel do con-
sultor interno neste contexto, já que ele precisa da integração entre todos e o
acompanhamento de perto das atividades. Em consonância as vantagens aci-
ma citadas, os custos também podem ser reduzidos ao alocar pessoas e equipa-
mentos em uma mesma fase do processo, uma vez que a departamentalização
por processo “é resultado da natureza e da proximidade geográfica dos fatores
operacionais que proporcionam incentivo de lucro com a departamentaliza-
ção” (KWASNICKA, 2011, p. 237).
capítulo 2 • 55
blema. Um dos pontos importantes da atuação da Consultoria Interna de RH
é exatamente essa relação constante entre o consultor e o cliente, onde temos
a parceria na identificação, análise e busca de solução ágil para os problemas.
Ao perceberem a assistência constante os funcionários e gestores passarão a
ter mais confiança e motivação em relação ao consultor interno e seu trabalho.
As soluções encontradas para os problemas e seus efetivos resultados podem
ser melhor acompanhados e avaliados tanto pelo consultor interno como pelo
cliente, considerando a presença constante do consultor no local do trabalho,
como já mencionamos anteriormente.
Por outro lado, a relação e convivência constante, pode levar o consultor
a ter certas preferências ou tendências de defesa para determinados profis-
sionais ou áreas dentro da organização, então é preciso que sua atitude seja
neutra. Assim, um dos riscos associados está na perda de foco do consultor,
se ele ficar por muito tempo em um mesmo setor da organização. Os riscos é
claro que existem, mas podem ser revertidos em oportunidades. Para isso, é
recomendável que, ao ser implantada e implementada a Consultoria Interna,
uma ampla divulgação da função e do papel dos consultores internos de RH
junto às diferentes áreas da organização, para que todos despertem o interesse
em conhecer o trabalho do Consultor, bem como a construção da contribuição
desses profissionais.
Para implantar um processo de consultoria interna de RH, Orlickas (2012)
aponta os a necessidade dos seguintes passos: executar benchmark, conscien-
tizar a todos na organização, desburocratizar e racionalizar, políticas de RH
definidas, Job rotation, sustentação administrativa e funcional, capacitação de
cada profissional de RH, certificação pelas Normas ISO 9000, definição do pa-
pel do consultor interno, profundo comprometimento da alta direção, geren-
tes de linha como gestores de seus recursos humanos, tornar a área de RH em
uma unidade de negócios, acompanhamento constante, adequação de perfis,
valorização do background e da competência individual, revisões e avaliações,
administração dos dificultadores e coragem.
1. Executando um Benchmark: trata-se de uma pesquisa a respeito das
empresas que mais se destacam no mercado, ou seja, são as empresas de refe-
rência, traduzindo o termo é marca de referência. Assim, as organizações mais
bem-sucedidas são “copiadas”. É um processo positivo e ativo para alterar os
procedimentos da organização de uma forma estruturada e obter um melhor
desempenho. Pode ser realizado por meio de visitas técnicas às empresas, mas
56 • capítulo 2
é importante não descuidar da análise do que pode e do que não pode ser adap-
tado às necessidades de sua empresa.
2. Conscientização de todos: Os colaboradores precisam receber todas as
informações referentes à necessidade, ao objetivo e às consequências do pro-
cesso de implantação da Consultoria Interna de Recursos Humanos.É absoluta-
mente imprescindível para o seu sucesso o processo de comunicação. Quando
temos colaboradores conscientes de que o trabalho do Consultor Interno tem
por finalidade colaborar com eles próprios, todas as outras fases acontecerão
naturalmente, com facilidade. Esse processo pode ser realizado a partir da par-
ticipação em workshops, seminários e, é nesse momento que podemos notar
os possíveis resistentes ao processo.
3. Desburocratização e Racionalização: Uma das maneiras de eliminar os
dificultadores da implantação da Consultoria Interna de Recursos Humanos é
desburocratizar e racionalizar os processos de administração de pessoal (por
exemplo: folha de pagamento e controles legal-jurídicos). Uma das possibili-
dades é a terceirização das funções-meio da Área de Recursos Humanos. A des-
burocratização está atrelada à inovação dos sistemas, composta pela criação
de um banco de dados e pelo investimento em softwares e hardwares. Tarefas
como controle de ponto, por exemplo, podem ser informatizadas.
4. Políticas de RH bem definidas: somente com políticas bem delinea-
das o Consultor Interno terá condições de atuar sem tantas interferências.
Isto porque consultar o RH corporativo a todo instante prejudica o trabalho do
consultor.
5. Aplicação da técnica do Job Rotation: o job rotationé a rotatividade dos
Consultores Internos pelas diversas áreas da empresa, como intuito de evitar
que o Consultor perca a sua identidade funcional e, ao mesmo tempo, enrique-
ça a sua atuação conhecendo outras áreas da organização.
6. Sustentação administrativa e funcional: O Consultor possui como prin-
cipal função planejar a solução das questões e nelas atuar estrategicamente.
A empresa deve ter sustentação administrativa e funcional, como ter sistemas
informatizados e apoio logístico de analistas e auxiliares para colaborar com os
trabalhos dos Consultores.
7. Capacitação de cada profissional de RH: As empresas estão exigindo,
cada vez mais, profissionais com perfil generalista. Há uma exigência de que o
profissional conheça os processos de seleção, treinamento e benefícios e proje-
tos de remuneração, incluindo programas de estatística para efetuar pesquisas
capítulo 2 • 57
salariais. Portanto, as empresas devem oferecer treinamentos e estes podem
ocorrer com a participação em grupos de estudos e conhecendo a realidade de
outras empresas. A maioria das empresas realiza essa etapa internamente, com
trocas de experiências entre colegas. Ao contrário do que muitos pensam so-
mente isso não torna a empresa atuante no modelo de Consultoria Interna de
Recursos Humanos.
8. Definição do papel do consultor interno: Para que a implantação do
processo de Consultoria Interna de Recursos Humanos tenha sucesso, é preci-
so primordialmente que a definição do papel do Consultor Interno fique claro
logo de imediato, para evitar distorções no futuro. Deve ficar claro que sua fun-
ção é de assessoramento estratégico aos clientes internos, colaborando, acom-
panhando na solução de problemas e nas tendências de RH, participando em
processos determinados de seu cliente, assessorando as áreas no levantamento
de necessidades de treinamento, assim como colaborar na identificação de no-
vos talentos, oferecer suporte na execução de programas específicos de cargos,
salários, benefícios, entre outros.
9. Gerentes de Linha como gestores de seus recursos humanos: Esse é
um dos pontos mais importantes do processo. A administração de faltas, atra-
sos, admissões e demissões passam a ser de responsabilidade dos Gerentes de
Linha, ou seja, para muitas empresas trata-se de uma mudança drástica.
10. Tornar a área de recursos humanos uma Business Unit: Nesse processo
o RH se transformar em uma unidade de negócios, o que é o diferencial do mo-
delo. Dessa forma, os planos de RH apóiam e caminham juntos com o negócio.
11. Certificação pelas Normas ISO 9000: quando os procedimentos inter-
nos de uma empresa estão catalogados e incorporados na rotina diária da orga-
nização, estamos tratando das normas. Então, os funcionários já estão habitua-
dos com os conceitos de produtividade, qualidade, eficiência, eficácia etc.; os
procedimentos já ocorrem de acordo com a norma; e a organização já se acos-
tumou com o ambiente de mudanças, resistências e reação dos funcionários.
12. Profundo comprometimento da Alta Direção: para que algo seja im-
plantado ou reestruturado é fundamental o comprometimento de todos os en-
volvidos, principalmente dos executivos da organização. Se um executivo não
“comprar a ideia" a implantação pode ter seus dias contados.
13. Acompanhamento Constante: no início é imprescindível as reuniões
constantes com todos os consultores internos para que seja acompanhado o
projeto de implantação da consultoria. Essas reuniões devem ser constantes
até que a implantação esteja incorporada na rotina da empresa.
58 • capítulo 2
14. Adequação de perfis: a organização deve ter o cuidado de escolher o
perfil correto de cada consultor interno para cada cliente interno. Essa sinergia
é fundamental para o sucesso da parceria.
15. Valorizar o background e a competência individual: a experiência e for-
mação do profissional de RH pode ser esquecida ou preterida, ela faz parte da
vivência profissional dele.
16. Revisões e Avaliações: a empresa deve adequar as novas situações vivi-
das à sua realidade, elas necessitam realizar constantes revisões e reavaliações
do processo para corrigi-lo e aperfeiçoá-lo, pois o que pode ser favorável à em-
presa hoje, pode não ser amanhã.
17. Administrar os dificultadores: é importante que haja uma certa descen-
tralização nas unidades de negócios ou filiais, o que possibilita melhores ações
em todos os sentidos. E, também é necessário o fortalecimento do corpo geren-
cial, para que o enfrentamento das mudanças ocorra de forma mais tranquila.
18. Coragem: muitas vezes o Consultor Interno sabe que sua função pode
ser extinta, portanto exigem que ele seja muito profissional e digno.
capítulo 2 • 59
é ter receio de perder o controle, o poder e a segurança. Isto faz parte dos seres
humanos, afinal são seres humanos. Assim, identificar esse processo emocio-
nal e os sentimentos que estão por trás dele é fundamental para que o consul-
tor reconheça com o que ele estará lidando nos próximos meses de trabalho.
Administrar a resistência é um grande desafio a ser vencido para o sucesso da
implantação de Consultoria Interna de Recursos Humanos. Deve-se ter essa
sensibilidade e apoiar o cliente interno para que se expresse, pois caso contrá-
rio seu problema só aumentará, essa pessoa poderá ser um crítico ferrenho da
implantação ou pior ainda ser um resistente implícito, que é aquele que é con-
tra a mudança, mas não fala explicitamente e age camufladamente junto aos
demais funcionários.
Então, entender que ela não é uma adversária a ser derrubada é a melhor op-
ção ou essa pessoa pode se considerar como adversária e somente se intensifi-
cará os problemas. Algumas empresas, a fim de minimizar as resistências, têm
realizado workshops de conscientização e palestras informativas de maneira
constante. Muitas vezes um cliente interno não concorda com a função de ad-
ministrar seus próprios recursos humanos porque acredita que essa função é
da Área de RH (OLIVEIRA, 2006). Uma das opções para lidar com essa resistên-
cia é mostrando o objetivo do trabalho e salientando que ele conhece melhor
do que ninguém seus colaboradores.
De qualquer forma, como já mencionamos, todo processo de mudança vai
gerar resistências, que também podemos chamar de elementos dificultadores.
Geralmente esses elementos estão relacionados a pessoas com perfis mais con-
servadores. Segundo Orlickas (2012) são pessoas que escolhem maximizar as
dificuldades em detrimento das facilidades, ou seja se sentem desconfortáveis
e manifestam sua insatisfação de modo explícito ou implícito. Fato é que as
pessoas, como já sabemos, resistem às mudanças e em algum momento vão
manifestar-se. Orlinckas (2012) aponta que, em geral, são ações relacionadas
ao emocional, vejamos alguns exemplos apontados pela autora:
60 • capítulo 2
• Prolixidade no fornecimento de informações: quando a pessoa resistente
começa a querer expor que entende bastante do assunto, uma reunião de 20
minutos se torna interminavelmente 3 horas, pois a pessoa quer deixar claro
que também entende do assunto.
• Cliente interno alega falta de tempo para gerir seus próprios recursos hu-
manos: ele não quer gerir as pessoas de sua equipe, mas por outro lado é ele
quem as entende e conhece melhor.
• Criação de barreira e distância: o profissional não se envolve nos traba-
lhos, não vai as reuniões ou quando vai não tem interesse e nem participa das
ideias.
• Ataque ao trabalho da CI, sob a alegação de que não está vendo os resulta-
dos propostos, ou pressão por soluções imediatistas: essa é a mais comum das
manifestações de resistência. O indivíduo ignora, ironiza, pressiona, não per-
cebe que mudanças estão mesmo acontecendo. Quando uma pessoa tem esse
tipo de comportamento é porque ela tem medo do novo, de perder o controle.
• Cliente interno ora participa, ora permanece em silêncio, ou age com sub-
missão: o cliente está querendo se desobrigar da responsabilidade de gerir sua
equipe negar o seu comprometimento com o trabalho.
• Os demais profissionais de RH alegam que “outras empresas já tentaram
isto antes e não deu certo”: com o objetivo de evitar dor ou medo da nova situa-
ção os indivíduos mostram claramente seu pessimismo e tentam defender-se
ao retirar-se do contexto. Isto ocorre porque tem medo do novo, por exemplo
desburocratizar uma empresa ou informatizar um setor, causa-lhe medo de
perder o emprego. Muitas vezes as empresas têm estruturas inchadas que pre-
cisam ser mesmo revistas, mas isto aconteceria em algum momento, e quando
temos CIRH isto de fato vai ocorrer, por isto algumas pessoas trabalham com
pessimismo (devido ao medo).
• O profissional tem um súbito processo de envolvimento com o projeto:
esta manifestação merece atenção por parte do CI, pois é uma resistência ca-
muflada, o que demonstra uma forte dificuldade em trabalhar com a situação.
É claro que lidar com todas essas resistências vai exigir muito do consultor
interno de RH, mas existem métodos que o ajudará nesse processo. Elaboramos
um quadro com as principais manifestações de resistências a implantação do
CIRH e quais atitudes que o consultor interno deve assumir para que essas re-
sistências sejam reduzidas ou eliminadas.
capítulo 2 • 61
MANIFESTAÇÕES ATITUDES DO CI
Cliente interno alega falta de tempo a medida que o cliente percebe que as
para gerir seus próprios recursos demais áreas tem aderido ao programa
humanos ele acabará cedendo.
Cliente interno ora participa, ora uma conversa informal pode trazê-lo à
permanece em silêncio, ou age com realidade. Esclarecer as suas dúvidas e
submissão incerteza.
62 • capítulo 2
MANIFESTAÇÕES ATITUDES DO CI
ATIVIDADES
01. Quais devem ser as ações iniciais de um consultor?
02. Cite e explique pelo menos 3 oportunidades de se implantar uma Consultoria Interna?
03. Qual a relação que pode ser estabelecida entre Normas ISO 9000 e o papel do Con-
sultor Interno?
capítulo 2 • 63
05. Como podemos lidar com as resistências à implantação do processo de Consultoria
Interna de RH?
REFLEXÃO
A Consultoria Interna possui diversos desafios importantes, dentre eles é lidar adequada-
mente com as novas realidades, tecnologias, exigências, satisfações e insatisfações, produ-
tividade, aspectos fundamentais para o sucesso e crescimento organizacional. O ambiente
de elevada concorrência e no qual há a exigência de se atingir resultados de negócio exige
cada vez mais do CIRH. Ao oferecer um atendimento customizado aos recursos humanos
da organização, aproveitando de modo mais adequado as informações recebidas e suas
experiências ele conseguirá apresentar para os indivíduos o diagnóstico da situação e ainda
propor soluções. Com uma atuação descentralizada, a área de RH acaba antecipando as
necessidades do cliente interno, pois tem a oportunidade de vivenciar o dia-a-dia do cliente.
Podemos afirmar que a consultoria interna de Recursos Humanos é uma tendência dos
novos modelos gerenciais. O CIRH atua como um facilitador de processos, diagnostican-
do, buscando possibilidades, esclarecendo dúvidas sobre aplicações de políticas. Ele deve
assessorar o cliente para o atingimento de suas metas, apoiando-o no gerenciamento de
pessoas e fortalecendo o seu papel como gestor.
LEITURA
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Evoluções e declínios da empresa de consultoria alpha
LTDA. In: OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Manual de Consultoria Empresarial. São Paulo:
Atlas, 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, Wilson. Comunicação empresarial: teoria e pesquisa. São Paulo: Manole, 2003.
BLOCK, Peter. Consultoria infalível: um guia prático, inspirador e estratégico. 3. ed. São Paulo: M.
Books, 2013.
CARAVANTES, Geraldo; PANNO, Cláudia C.;KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e
processos. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2005.
64 • capítulo 2
CHIAVENATO, I. Administração nos Novos Tempos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CONHECIMENTOS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS (Guia PMBOK), 3. ed., 2004. Project
Management Institute, Four Campus Boulevard, Newtown Square, PA 19073-3299 EUA.
CROCCO, Luciano; GUTTMANN, Erik. Consultoria empresarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DUBRIN, Andrew J. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Cengage, 2006.
ELTZ, Fábio; VEIT, Mara. Consultoria interna: Use a rede de inteligência que existe na sua empresa.
Salvador: Casa da Qualidade, 1999.
FIDELIS, G. J. Treinamento e desenvolvimento de pessoas e carreira. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2008.
MENEZES, Taís Rodrigues; ECARD, Tânia; ANDRADE, Antonio Rodrigues de. Consultoria Interna de
Recursos Humanos: processo e cuidados para a sua implantação. [entre 2007 e 2012]. Disponível
em <http://www.aedb.br/seget/artigos08/173_CONSULTORIA_INTERNA_DE_RECURSOS_
HUMANOS.pdf.>>. Acesso em: 23 jun. 2015.
ORLICKAS, Elizenda. Consultoria interna de recursos humanos. 11. ed. São Paulo: Danelli, 2012.
ROSA, Luiz Edmundo Prestes. Consultoria Interna de RH. In: BOOG, Gustavo eManual de Gestão de
Pessoas e Equipes. volume 1. São Paulo: Gente. 2002.
SOTILLE, M. A. ; MENEZES, L. C. de M. ; XAVI, L. F. da S. Gerenciamento do Escopo em Projetos
Editora: Editora FGV 2006 UM GUIA DO CONJUNTO DE
VASCONCELLOS, Eduardo; HEMSLEY, James R.. Estrutura das Organizações: estruturas
tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 4.ed. São Paulo: Thomson, 2003.
capítulo 2 • 65
66 • capítulo 2
3
Cenários para a
Implantação da
Consultoria Interna
de RH
Todo processo de mudança merece uma análise profunda do contexto, da em-
presa e das necessidades do mercado consumidor. Não é diferente com o pro-
cesso de implantação e implementação do modelo de gestão de pessoas com o
apoio da Consultoria Interna de RH que necessitam de uma cuidadosa pesqui-
sa sobre o que tem sido utilizado pelas empresas que se destacam como proa-
tivas no campo da administração de RH. Lembra-se do termo Benchmarking
que aprendemos no capítulo 1? Vamos relembrá-lo neste capítulo, pois é a par-
tir da análise das melhores práticas de gestão de pessoas que podemos estabe-
lecer uma boa base de como estabelecer um novo modelo de gestão de pessoas.
Neste início de século, a economia de mercado segue evoluindo, e as em-
presas são desafiadas a expandir para assegurar a continuidade nesse con-
texto, é aqui que todo cuidado é pouco. Muitas empresas na ânsia por ganhar
mais mercado ou reduzir custos para tentar se tornar mais competitiva, aca-
bam “enfiando os pés pelas mãos”. Isto porque não fizeram uma análise do
setor em que está inserida, da economia, do público-alvo e mais ainda sequer
identificaram seus talentos, quem são de fato aqueles que podem enriquecer
as atividades, melhorar os produtos ou serviços e aí sim tornar essa empresa
mais competitiva.
Nesse sentido, para utilizar a consultoria e ainda respeitar a realidade da or-
ganização, temos de conhecer a dinâmica de seus diversos níveis na perspectiva
de mudança. É nesse sentido que o gestor organizacional e o consultor interno
além de interagir, devem conhecer os diversos componentes de seu ambiente
decisório e liderar as pessoas vinculando-as às estratégias da organização. Você
perceberá que por diversas vezes falamos em diagnósticos empresariais e mu-
danças ambientais, isto porque eles são elementos essenciais para o processo
de gestão e é claro da ação do consultor.
No capítulo anterior vimos os principais pontos da implantarmos um pro-
cesso de consultoria interna, bem como reduzir as resistências dessa implan-
tação. Neste capítulo vamos observar quais os cenários em que inserimos o
processo de implantação de uma consultoria interna de RH, e vamos encarar a
nova visão estratégica de uma área de RH. Vamos lá?
OBJETIVOS
Analisar, discutir e descrever o processo de implantação de uma consultoria interna de RH;
Conhecer e descrever a visão estratégica de uma área de RH.
68 • capítulo 3
3.1 Modelagem de consultoria para o atual
cenário
capítulo 3 • 69
a competitividade. Bem, percebemos que as mudanças são realidades cons-
tantes na vida das organizações, pessoas, gestores e consultores. Não podemos
falar de mudança organizacional, sem falarmos de globalização, já que é um
dos fatores preponderantes para as alterações na organização. Para Fialho et
al. (2006, p. 17), a globalização teve início quando “duas tribos pré-históricas
fizeram contato pela primeira vez e começaram a se inter-relacionar”. Como
mencionamos, com os avanços tecnológicos advindos da Revolução Industrial
e sua inserção na indústria e comércio, a globalização pôde se expandir mais
rápido e facilmente.
A partir da globalização as nações puderam conhecer vários produtos e faci-
lidades, tais como: o rádio, telefone e telégrafo sem fio, ferrovias, o automóvel
e o avião (LACOMBE, 2009). Para Robbins (2005) existem forças que impulsio-
nam a mudança, como é o caso da inserção tecnológica, em alguns casos, ocor-
reram a substituição da supervisão direta por sistemas informatizados, o que
aumenta a amplitude de controle dos administradores e “achata” (downsizing)
a organização, que foram importantes alterações no RH. A figura 3.1 resume as
seis forças específicas que estimulam a mudança:
Concorrência global;
Competição Fusões e consolidações;
Crescimento do comércio eletrônico.
Invasão do Iraque;
Política Internacional Abertura de mercados na China;
Guerra ao terrorismo.
70 • capítulo 3
O fato é que a globalização alargou a concorrência e a necessidade de ser com-
petitiva e em alguns casos, às vezes as organizações no ímpeto de ser cada vez
mais competitiva, optam por comprar empresas rivais, ou promovem a fusão
com outras (LACOMBE; HEILBORN, 2010). A fusão ou incorporação de grandes
empresas traz dificuldades para conciliar culturas organizacionais distintas (da
empresa compradora e da comprada). Frequentemente as fusões ou incorpora-
ção levam a demissão em massa, remanejamentos de pessoal, cortes salariais
e outras ações complicadas do ponto de vista da gestão de pessoas (LACOMBE;
HEILBORN, 2010). Por outro lado, há empresas que optam por estabelecer alian-
ças no lugar das fusões. Essas alianças consistem em uma alternativa para viabi-
lizar acordos de cooperação, sendo consideradas estratégias de reposta aos desa-
fios ou oportunidades encontradas no mercado (FAÇANHA, 2012).
Segundo Wood Jr (2009), as mudanças nas organizações precisam ser mais
frequentes, mais rápidas e, grande parte das vezes, mais profundas. Sob esse
prisma, podemos assumir a existência de três abordagens a respeito da mudan-
ça: radical, gradual e sustentável. De acordo com Costa Leite et. al (2007)
capítulo 3 • 71
Visualizar um cenário sustentável em um ambiente de incer-
tezas é bem difícil. Mas trata-se de algo natural: incertezas. O
SUSTENTÁVEL gestor de pessoas precisa criar uma cultura de mudança, na
qual criatividade, inovação, flexibilidade e desenvolvimento per-
manente estejam enraizados na dinâmica organizacional.
72 • capítulo 3
das ações, normas de comportamento, preferências de produto e a idealização
da experiência coletiva. Já a mudança com base na estratégia, a atuação da or-
ganização pode ser ampliada para novos mercados ou o posicionamento estra-
tégico da empresa pode ser alterado, devido as mudanças estratégicas. Vamos
relatar um exemplo, uma empresa que antes produzia produtos com baixo cus-
to e portanto em seu segmento tinha liderança, resolve mudar sua estratégia
de produção e muda sua estrutura e passa a produzir produtos diferenciados.
Dessa forma, toda a empresa deverá se adaptar e caberá ao consultor interno de
RH informar aos seus funcionários os novos procedimentos e ainda acompa-
nhar o processo de mudança, identificando falhas, propondo rápidas soluções.
Temos diversos autores que nos relatam a mudança organizacional como
algo relevante e impossível de se evitar, e temos diversas teorias que explicam
todo esse processo. Biech e Burke (2001) ilustraram essa nova realidade, na li-
nha reta é a mudança linear e convencional, e a linha caótica representa o ines-
perado, a incerteza. Esses são os novos elementos que devemos trabalhar.
Velocidade + Abiente caótico/imprevisível = Mudança não-linear
Progresso do
planejamento
Tempo
Figura 3.2 – Caos e ordem no processo de mudança. Fonte: Biech e Burke (2001)
Além das resistências por parte dos indivíduos, a própria organização às ve-
zes adota uma postura chamada por Costa Leite et al (2007) por antimudança.
Trata-se da institucionalização do staus quo, no qual há uma cultura profunda-
mente estratificada e crente de que os procedimentos atuais são os melhores
e insubstituíveis; ambiente de baixo desafio com pouca mudança no negócio
e por fim, insucessos pessoais quanto a experiências anteriores. Dessa forma,
podemos entender que o consultor interno deverá desmistificar todas as an-
tigas crenças. Tanto em processos contínuos quanto em projetos o consultor
deve se assegurar que as diferentes atividades e oportunidades ocorram dentro
de lógica, ou seja, as coisas devem seguir um processo. É assim que temos uma
sequência de etapas a serem seguidas na implantação da CIRH. Vamos a eles!!
capítulo 3 • 73
3.2 Etapas do processo de CIRH
Uma vez assumida a decisão da implantação do processo de Consultoria Inter-
na de Recursos Humanos, é preciso fazer uma ampla divulgação e conscienti-
zação de todos na organização sobre a nova política de RH a ser adotada. Pro-
vidências facilitadoras do processo como desburocratização e racionalização
dos processos e procedimentos, onde for conveniente, devem ser realizadas
preventivamente. As políticas referentes à gestão de RH devem necessariamen-
te ser revistas e atualizadas. E, como medida indispensável, há a qualificação
do consultor interno para que possa exercer o seu papel com base nos conheci-
mentos, habilidades e atitudes necessária ao consultor profissional.
Para tanto, é preciso primeiramente entender o contexto, pois muitas vezes
pressões por resultados imediatos podem esconder alguns aspectos sobre mu-
dança. Por exemplo, muitas vezes os gestores de área solicitam um treinamen-
to, com o design de um curso técnico simples e espera que resolva problemas
complexos que tem origem em outras variáveis que não técnicas. Aqui cabe ao
CIRH compatibilizar os contextos e vislumbrar quais tipos de treinamentos e
ações deveriam ser tomadas, conforme exemplo acima.
Após o entendimento do contexto, é necessária uma definição do foco, ou seja,
onde se quer chegar daqui algum tempo (se você relacionou essa informação com
visão, acertou!). Essa informação deve ser amplamente divulgada, pois quanto
mais compartilhada, maior será a chance de sucesso, já que os esforços serão mais
eficazes (COSTA LEITE et al, 2007). Ao consultor cabe ainda deixar muito claro que
não é qualquer caminho que serve, é preciso planejamento. Além disso, ele deve
envolver as pessoas, nenhuma mudança acontece de forma isolada.
Um modelo de consultoria deve garantir a inclusão de todos os fatores e pes-
soas, desde o patrocinador até o cliente final. E, ainda que prazos e objetivos
sejam factíveis e alcançáveis. O consultor precisa interagir e definir juntamente
com o cliente as métricas do processo, isto é quais são os indicadores de acom-
panhamento e avaliação de desempenho que serão utilizados. Segundo Costa
Leite et al (2007) para assegurar o sucesso do processo de CIRH é preciso esta-
belecer critérios fundamentais:
• Avaliações do progresso;
• Metodologias amigáveis;
• Percepção de utilidade pelos usuários;
• Liderança firme no controle de crises e afastamentos dos objetivos.
74 • capítulo 3
Perceba que para que tudo funcione da melhor maneira possível é preciso
que haja uma capacitação dos profissionais de RH para que assumam o papel de
consultores internos e adquiram uma visão generalista de sua área. Assim, po-
dem atuar de forma estratégica em todos os pontos de Recursos Humanos nas
empresas. Isto porque o papel de um consultor interno de RH está ligado a área
estratégica, ele deve agir como um facilitador das transições internas. Para tanto,
deverá estar plenamente atualizado quanto à evolução do negócio da empresa de
modo que possa agregar conhecimentos e propor ações eficazes para resolver os
problemas identificados. Ao passo que as organizações começam a incutir em
sua área de RH a consultoria interna, podemos ter ao menos quatro perfis:
capítulo 3 • 75
Segundo Orlickas (2012) implantar uma consultoria interna de RH é uma
evolução absolutamente necessária. Ainda que o papel da área de Recursos
Humanos tenha passado por grandes transformações, muitas empresas ainda
continuam mantendo o antigo modelo de administração de pessoal. A verdade
é que muitos gestores de linha tem dificuldades em assumir seu novo papel de
gestão de pessoas e utilizam o consultor como operador de rotinas descentrali-
zadas. Este é mais um dos desafios da consultoria interna, tentar conscientizar
os gestores de linha da importância de um modelo de gestão em parceria.
76 • capítulo 3
A empresa deverá investir na seleção, no treinamento e na profissionaliza-
ção dos funcionários com potencial para o exercício formal do papel de consul-
tor interno, sempre vinculados à área de RH. Quando prontos para a atuação
deverão ser alocados às áreas-cliente onde exercerão suas competências como
consultores, conselheiros ou facilitadores (moderadores) conforme cada situa-
ção. Portanto, a formação e qualificação dos consultores internos é a fase pre-
liminar da implantação da consultoria interna, como parte da nova atuação da
gestão estratégica de RH na empresa moderna e pró-ativa. Como tal, trata-se
de um investimento da empresa no sentido da melhoria contínua e, assim, do
desenvolvimento organizacional.
capítulo 3 • 77
Era da Industrialização Era da Industrialização Era da Informação
Clássica Neoclássica
(De 1900 a 1950) (De 1950 a 1990) (Após 1990)
78 • capítulo 3
Conforme podemos observar na figura 3.3, temos um versão bem-humora-
da da pirâmide, que é dividida em 5 partes, sendo: necessidades fisiológicas,
que se encontram como base para a pirâmide e são as necessidades relaciona-
das ao organismo, como alimentação, sono, abrigo, água e outros; de seguran-
ça que são as necessidades de estabilidade, como proteção contra a violência,
proteção para saúde, recursos financeiros e outros; sociais que são necessida-
des de amizades, socialização, aceitação; estima, representa autoconfiança, re-
conhecimento, conquista, respeito dos outros, confiança e, de autorrealização
que se encontram no topo da pirâmide hierárquica são: moralidade, criativida-
de, espontaneidade, autodesenvolvimento, prestígio.
Auto
Realização
Auto Estima
Sociais
Segurança
Básicas
capítulo 3 • 79
abertura à autonomia, inovação, flexibilidade, para atender às demandas
dos clientes.
Novas tendências no processo de seleção, contratação e desenvolvimento
de profissionais de RH, visando à otimização dos recursos, é o que as empresas
hoje têm buscado por meio de conhecimento de novas formas de gerenciamen-
to e adaptação à gestão de RH e o conhecimento das competências individuais
para a eficácia na gestão de pessoas (ROCHA, 20009). Segundo Chiavenato
(2010) a adaptação do RH ocorre de maneira irreversível e ampla, isto é deixa
de ser ARH e torna-se gestão estratégica de pessoas. Em consequência os pro-
fissionais dessa área também têm assumido novos papéis, eles devem desem-
penhar atividades operacionais e ao mesmo tempo estratégicas. Eles precisam
ser parceiros e polícia ao mesmo tempo. É preciso compreender os objetivos e
ainda criar vantagens competitivas, nesse sentido, temos que os profissionais
do RH podem ter quatro papéis (CHIAVENATO, 2010), conforme figura 3.5:
1. Administração de estratégias de recursos humanos: como o profissio-
nal pode impulsionar a estratégia estabelecida.
2. Administração da infraestrutura da empresa: como o RH pode oferecer
uma base de serviços à organização para ajudá-la e ser eficiente e eficaz.
3. Administração da contribuição dos funcionários: como o RH pode aju-
dar no envolvimento e comprometimento das pessoas.
4. Administração da transformação e da mudança: como pode ajudar na
criação de uma visão mais inovadora e criativa.
Foco no futuro
estratégico
Administração de
Administração de
transformação e
estratégias de RH
Foco nos mudança
Foco nas pessoas
processos
Administração da Administração da
infraestrutura de contribuição dos
empresa funcionários
Foco no cotidiano
operacional
80 • capítulo 3
Na era da informação as mudanças ocorrem nas empresas são acima de
tudo comportamentais e culturais alterando o papel das pessoas. Essas altera-
ções estão acontecendo em todas as áreas da organização e provocam mudan-
ças nas áreas como podemos observar nas figuras 3.6 e 3.7:
ANTES AGORA
Concentração na função de RH Apoio no core business da área
Especialização das funções Gerenciamento de processos
Vários níveis hierárquicos Enxugamento do downsizing
Introversão e isolamento Benchmarking e extroversão
Rotina operacional e burocrática Consultoria e visão estratégica
Preservação da cultura organizacional Inovação e mudança cultural
Ênfase nos meios e procedimentos Ênfase nos objetivos e resultados
Busca da eficiência interna Busca de eficácia organizacional
Visão voltada para o presente Visão voltada para o fururo e destino
e passado Assessorar na gestão com pessoas
Administrar recursos humanos Ajudar os gerentes e equipes
Fazer tudo sozinha Ênfase na liberdade e participação
Ênfase nos controles operacionais
capítulo 3 • 81
Assim, neste novo contexto estrutural e cultural, os gerentes de linhas assu-
mem a responsabilidade sobre seus recursos humanos, para tanto é necessário
adquirir novas habilidades humanas. O que importa agora não é o tamanho
da organização, mas seus talentos. Portanto, o RH se reposicionou para atuar
cada vez mais de forma estratégica e consultiva, fornecendo todo o apoio aos
gestores da empresa, tanto no nível gerencial quanto na direção. O elemento
essencial da função estratégica é a execução e orientação tática para a entrega
dos objetivos dos acionistas (CHIAVENATO, 2010). Foi-se a época do departa-
mento de pessoal, na era da informação ocorre forte mudança e instabilidade
o que exige uma flexibilização da estrutura organizacional. Assim, temos três
tendências na ARH:
82 • capítulo 3
Alta
Direção
Órgãos de
GP Operacional Gestão de
Pessoas Agregar Aplicar Recompensar Desenvolver Manter Monitorar
Pessoas Pessoas Pessoas Pessoas Pessoas Pessoas
Figura 3.8 – Os três níveis de atuação da Gestão de pessoas. Fonte: Chiavenato (2010, p.
94).
Capital Capital
Pessoas Talentos Competência Resultados
Humano Intelectual
Figura 3.9 – A cadeia de valor a partir das pessoas. Fonte: Baseado em Chiavenato (2010).
capítulo 3 • 83
CONEXÃO
A Revista EXAME publicou uma reportagem a respeito dessas mudanças no foco do RH, in-
titulado: “O novo papel do RH envolve a estratégia da empresa”. Para acessar o artigo clique
em: http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/1/noticias/o-novo-papel-do-rh
CONEXÃO
Vimos ao longo desse capítulo as mudanças organizacionais, a evolução do RH tradicional
para o Estratégico e é claro o papel da consultoria interna. No link: http://www.rh.com.br/
Portal/Mudanca/Materia/4099/consultoria-interna-atuacao-estrategica-de-rh.html Temos
um interessante relato de cases. Acesse e confira.
3.5 Competências
As competências constituem o maior patrimônio pessoal do administrador, o
seu capital intelectual. Entretanto, como vivemos em um mundo globalizado e
84 • capítulo 3
em constantes mudanças às vezes é necessário adquirir novas competências, o
que significa geralmente a renúncia de alguma que ficou obsoleta. Mas, e o que
é uma competência? Uma competência constitui um repertório de comporta-
mentos que integram, mobilizam, transferem conhecimentos, habilidades jul-
gamentos e atitudes que agreguem valor econômico a organizacional e valor
social ao indivíduo (CHIAVENATO, 2010). As competências são construídas a
partir das próprias características de um indivíduo e também das característi-
cas adquiridas com o passar dos anos, experiências e aprendizado.
Segundo Fleury (2000) o conceito de competência está relacionado a ideia
de conjunto, composto de conhecimentos, habilidades e atitudes, associadas
a um alto desempenho, acreditando-se que os melhores desempenhos estão
fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas. Em um estudo de
Fleury e Fleury (2001) foram levantados os diferentes conceitos e discussões a
respeito do conceito de competência. Na literatura francesa dos anos 90, o con-
ceito de competência procurou ir além da restrita definição de qualificação. O
francês Zarifian (1999) informa que há três mutações principais, que justificam
a utilização do modelo de competência para a gestão das organizações:
A noção de incidente, que ocorre de forma imprevista, não programada,
perturbando a funcionalidade normal do sistema de produção. Isto implica
que a competência não pode estar contida nas pré-definições da tarefa ou seja
a pessoa precisa estar sempre mobilizando recursos para resolver as novas si-
tuações de trabalho. A comunicação: comunicar implica compreender o outro
e a si mesmo. Serviço: atender a um cliente externo ou interno da organização
precisa ser central e estar presente em todas as atividades; para tanto, a comu-
nicação é fundamental.
Segundo o autor, a competência é a inteligência prática para situações em
que se utiliza os conhecimentos adquiridos e ainda os fortalecem e aumenta
a complexidade das situações. Outro autor francês, Le Boterf (1995), acredita
que a competência está num cruzamento com três eixos: pessoa (sua biografia,
socialização), formação educacional e experiência profissional. A competência
é o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas pela apren-
dizagem, formação e pelo sistema de avaliações de desempenho.
Além da escola francesa temos a literatura inglesa, norte-americana e nacio-
nal que se complementam, mas também se confrontam com relação a defini-
ção de competência. McClelland (1973) afirma que é uma característica subja-
cente a uma pessoa que é casualmente relacionada com desempenho superior
capítulo 3 • 85
na realização de uma tarefa ou em determinada situação. A escola dos autores
americanos aponta a importância de alinhar as competências às necessidades
dos cargos ou posições existentes nas organizações. A competência, então pode
ser estruturada e prevista. Para isto a organização deve definir qual o conjunto
de competências necessárias para que a pessoa desenvolva uma performance
superior na realização do seu trabalho. De acordo com Bitencourt (2004), a no-
ção de competência surge como parte de um discurso empresarial, ou seja, vol-
tado para os objetivos organizacionais. Trata-se de definições sem mencionar
os aspectos da relação social, sendo uma espécie de contraponto ao conceito
de qualificação. A autora elaborou um quadro que contempla o “debate” a res-
peito do tema:
86 • capítulo 3
AUTOR CONCEITO AUTOR CONCEITO
4. Bruce (1996, p. 6) “Competência é o 9. Fleury e Fleury “Competência: um
resultado final da (2000, p. 21) saber agir responsável
aprendizagem.” e reconhecido, que im-
plica mobilizar, integrar,
transferir conhecimen-
tos, recursos, habili-
dades, que agreguem
valor econômico à
organização e valor
social ao indivíduo.”
5. Boterf (1997, p. 267) “Competência é assu- 10. Becker et al. (2001, “Competências refe-
mir responsabilidades p. 156) rem-se a conhecimen-
frente a situações de tos individuais, habilida-
trabalho complexas, des ou características
buscando lidar com de personalidade que
eventos inéditos, influenciam diretamen-
surpreendentes, de te o desempenho das
natureza singular.” pessoas.”
capítulo 3 • 87
atualidade exige a sistematização das reflexões conceituais a respeito do novo
contexto de gestão de pessoas, bem como do alinhamento das experiências de
empresas. Portanto, o consultor interno de RH deve estar atento tanto as suas
competências quanto a dos funcionários.
ATIVIDADES
01. Quais são as características organizacionais da Era da Informação?
02. Por que as organizações estão preocupadas com o futuro e qual a relação com a ARH?
REFLEXÃO
As organizações estão sendo cada vez mais pressionadas pelo ambiente interno e externo
para encontrar novos caminhos orientados para o desenvolvimento mútuo: pessoas e organi-
zação. Nesse contexto, figura o papel do consultor interno de RH que deve possuir a capaci-
dade de compreender o que está acontecendo e ainda fazer previsões de futuras alterações
ambientais. E, a partir dessas informações elaborar diagnósticos e propor novas soluções, de
modo que a mudança possa ser planejada e com menor consequências negativas. Entenden-
do que são as pessoas as principais fontes de riqueza atualmente é importante desenvolver
competências. E, assim contribuírem para o objetivo final da empresa.
A Gestão Estratégica de Recursos Humanos possui enorme importância dentro da orga-
nização e da estratégia organizacional. É ela que incentivará a aquisição e desenvolvimento
de novas competências e procurará investimentos em treinamentos, capacitação e desenvol-
vimento das pessoas. O consultor interno contribui para a evolução de práticas inovadoras,
na medida em que conhece melhor as necessidades do cliente interno, estando diretamente
ligada ao posicionamento estratégico de RH.
88 • capítulo 3
LEITURA
MASI, Domênico de. O futuro do trabalho. São Paulo : José Oympio, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cláudia. Gestão Contemporânea de Pessoas. Porto Alegre: Bookman, 2004.
BOOG, G. e M.(coord.) Manual de gestão de pessoas e equipes: estratégias e tendências. São
Paulo: Gente, 2002.
CARAVANTES, Geraldo; PANNO, Cláudia C.;KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e
processos. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2005.
CHIAVENATO, I. Administração nos Novos Tempos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
COSTA LEITE, L. A. M.; CARVALHO, I, V.; OLIVEIRA, J. L. C. R.; ROHM, R. H. D. Consultoria em
gestão de pessoas. Rio de janeiro: FGV, 2007.
DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa
moderna. São Paulo: Atlas, 2004.
FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e Formação de competências. São
Paulo: Atlas, 2000.
FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. Rev. adm.
contemp. [online]. 2001, vol.5.
HAFSI, Taïeb. DEMERS, Christiane. The dynamics of radical change in complex
organizations. v. 87. 24 ed. Québec: Ecole des hautes études commerciales, 1987.
MENEZES, Taís Rodrigues; ECARD, Tânia; ANDRADE, Antonio Rodrigues de. Consultoria Interna de
Recursos Humanos: processo e cuidados para a sua implantação. [entre 2007 e 2012]. Disponível
em <http://www.aedb.br/seget/artigos08/173_CONSULTORIA_INTERNA_DE_RECURSOS_
HUMANOS.pdf.>>. Acesso em: 23 jun. 2015.
ORLICKAS, Elizenda. Consultoria interna de recursos humanos. 11. ed. São Paulo: Danelli, 2012.
VASCONCELLOS, Eduardo; HEMSLEY, James R.. Estrutura das Organizações: estruturas
tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 4.ed. São Paulo: Thomson, 2003.
capítulo 3 • 89
90 • capítulo 3
4
Perfil do Consultor
Interno de RH
A implantação de modelos de consultoria interna em recursos humanos en-
frenta dificuldades com relação sua aceitação, bem como da própria fase de
implantação. Isto ocorre porque trata-se de um processo de mudança organi-
zacional, o que é natural e esperado, um pouco de resistência e adaptação aos
novos moldes de gestão de pessoas. Nesse processo de evolução da gestão de
pessoas, a CIRH vem sendo adotada pelo Brasil e ainda vem se intensificando
um bom modelo de gerir os recursos humanos. É importante lembrar que ape-
sar de ser fonte de melhoria do desempenho de pessoal, não é algo novo, mas
merece todo nosso olhar crítico, já que demanda muito conhecimento próprio,
além de envolver os aspectos éticos.
A empresa que adota este tipo de modelo de gestão deve conhecer quais são
os papéis a serem desempenhados pelo consultor interno, além de ter clareza
do que esperar do processo de consultoria. É fundamental que tanto o consul-
tor quanto o gestor trabalhem em prol do alcance dos objetivos organizacio-
nais. Portanto é preciso alinhar os talentos a estes objetivos e alavanquem esses
talentos. Nesse sentindo, é possível incentivá-los e para que sejam mais pro-
dutivos, em suas tarefas diárias e que todos tenham competências e atitudes
favoráveis a mudança e adaptações. Neste capítulo entenderemos o perfil do
Consultor Interno de RH, que segue uma orientação estratégica, com intuito
de assegurar o alinhamento das competências individuais e grupais, propor-
cionando o efetivo suporte dos colaboradores à realização das metas e objetivos
do negócio empresarial.
Ponderar sobre o detalhamento do perfil do consultor interno de RH é fun-
damental para que haja um alinhamento entre as expectativas dos gestores,
bem como dos consultores e funcionários. O consultor será o agente do proces-
so de mudança planejada, que deve ocorrer no contexto interno da organização
empresarial. Neste capítulo entenderemos quem pode ser o consultor interno.
Muitas empresas que adotaram esse modelo de gestão admitem esses CIRH
podem ser os próprios executivos e técnicos, selecionados de acordo com a
competência e motivação para o exercício do papel. Então, vamos agora enten-
der o papel do CIRH e quais os benefícios da implantação do processo de CIRH.
OBJETIVOS
Analisar e conhecer as principais características do perfil profissional de um consultor de RH.
Conhecer aspectos mais amplos da consultoria interna de RH e os benefícios trazidos por ela.
92 • capítulo 4
4.1 Papel do consultor interno
As organizações são fundamentadas nas necessidades humanas, estando di-
retamente relacionadas com os desejos dos indivíduos que as compõem e dos
seus consumidores. Assim que a organização alcança os objetivos inicialmente
abordados, novas metas surgem e novas necessidades são criadas. Evidente-
mente o dinamismo, por sua vez, determina a competitividade acirrada que as
organizações enfrentam em busca de sobrevivência e expansão. Neste cenário,
os recursos devem ser mais diversificados: temos desde avanços tecnológicos
até o reconhecimento da importância da competência das pessoas como fator
decisivo nessa competitividade pela excelência empresarial. E, como já perce-
bemos ao longo desse livro, o gerenciamento adequado de recursos humanos é
fundamental para que os objetivos sejam alcançados e para que o processo de
mudança ocorra da melhor forma possível.
Neste sentido, o novo formato do RH, que vimos no capítulo 3, é essencial
para atender as expectativas dos recursos humanos (talentos) para que estes
entreguem valores que auxiliem na vantagem competitiva de uma empresa. De
outra forma, basta pensarmos que o Consultor Interno de Recursos Humanos
vai ser aquele profissional que efetuará o diagnóstico das necessidades e
compartilhar ideias e experiências com os demais membros da organização.
Entretanto, não basta a organização implantar o processo de CIRH se ela não
preparar: a si mesma, o ambiente, os funcionários, os diretores e o próprio con-
sultor interno. Todos devem estar em sinergia para que todo o processo fun-
cione. Algumas organizações assumem que os consultores internos poderiam
ser os próprios executivos e técnicos, selecionados dentre os que tivessem mais
competência e motivação para o exercício do papel. Essas organizações esco-
lhem os melhores e mais dispostos para assumirem a nova função. E, os sub-
metem a treinamentos específicos e intensivos para potencializar seus conhe-
cimentos, habilidades e atitudes.
A tentativa é de pesquisar meticulosamente qual o melhor arranjo de um
perfil profissional para que o consultor interno de RH possa atuar realmente
como um facilitador, conselheiro, solucionador de problemas e possuir as ha-
bilidades e atitudes ajustadas ao papel. Vale salientar que o profissional que
assumir a função do CIRH deve ter conhecimentos sólidos sobre a organiza-
ção em que atua, sobre a gestão empresarial, e sobre a atual gestão de RH, é
imprescindível que também possua as habilidades e atitudes apresentadas
capítulo 4 • 93
pelo consultor interno de RH no exercício de seu papel. Essas características
devem ser identificadas e desenvolvidas, de modo que a atuação desse profis-
sional seja melhor exercida. É preciso que o CIRH e o cliente interno interajam
e que essas habilidades e atitudes sejam “aproveitadas” para o bem comum. É
o chamado “momento da verdade” em que a verdadeira parceria se constrói por
meio da confiança mútua e da melhoria contínua do desempenho do cliente,
ou de seu grupo, do próprio consultor e da empresa como um todo.
Relembrando o que dissemos no capítulo 1, as habilidades são funda-
mentais para o desempenho da função do CIRH. Vejamos neste capítulo al-
gumas novas visões a respeito do conceito e aplicação das habilidades para a
Consultoria interna de RH.
94 • capítulo 4
DIMENSÃO DESCRIÇÃO EXEMPLO FUNCIONAL
Habilidade para entender o que
Gerente de fábrica: fazer cum-
Compreensão verbal é lido ou escutado, e a relação
prir as políticas da organização
das palavras entre si
capítulo 4 • 95
Veja o tabela 4.2 para identificar as nove habilidades físicas básicas.
FATORES DE FORÇA
Habilidade em exercer força muscular repetidamente ou continua-
1. Força dinâmica
mente, por um certo tempo
FATORES DE FLEXIBILIDADE
Habilidade em estender os músculosr do tronco e das costas o
5. Flexibilidade de extensão
máximo possível
OUTROS FATORES
Habildade em coordenar movimentos simultâneos de diferentes
7. Coordenação motora
partes do corpo
Tabela 4.2 – As Nove Habilidades Físicas Básicas. Fonte: HR Magazine (s/d apud ROB-
BINS, 2005).
APTIDÕES FÍSICAS
1. Força Muscular:
• Capacidade para exercer pressão muscular contra objetos, como: puxá-los, em-
purrá-los, levantá-los, carregá-los ou baixá-los.
• Exercer força muscular em investidas rápidas (energia muscular).
• Exercer força muscular contínua no tempo, com resistência a fadiga (resistência
muscular).
96 • capítulo 4
2. Resistência Cardiovascular:
• Capacidade para manter atividade física que resulte em aumento da pulsação por
um período prolongado.
3. Qualidade do movimento:
• Capacidade para flexionar e estender os membros do corpo para trabalhar em
posições incômodas ou contorcidas .
• Capacidade de manter o corpo numa posição estável e resistir as forças que
provoquem perda de estabilidade (equilíbrio).
• Capacidade de movimento sequencial dos dedos, braços, pernas ou corpo para
resultar em ação qualificada coordenação.
Tabela 4.3 – Aptidões físicas. Fonte: Wagner III e Hollenbeck (2006, p. 35).
APTIDÕES COGNITIVAS
1. Compreensão Verbal
• A capacidade de compreender e utilizar efetivamente a linguagem escrita e
falada.
2. Habilidade Quantitativa:
• A capacidade de resolver todos os tipos de problemas com rapidez e preci-
são, inclusive adição, subtração, multiplicação e divisão, bem como de aplicar regras
matemáticas.
3. Capacidade de Raciocínio:
• A capacidade de pensar indutiva e dedutivamente a fim de criar soluções para
problemas novos.
4. Visualização Espacial:
• A capacidade de detectar com precisão a disposição espacial dos objetos com
relação ao próprio corpo.
Tabela 4.4 – Aptidões Cognitivas. Fonte: Wagner III e Hollenbeck (2006, p. 36).
capítulo 4 • 97
dessa identificação a organização pode fazer investimentos no aperfeiçoamen-
to das habilidades. Esse investimento é importante porque ao desenvolver as
habilidades, os funcionários podem atuar de forma eficiente e eficaz dentro
desse novo contexto de trabalho, destacando-se entre eles a iniciativa, a flexi-
bilidade, o jogo de cintura, a criatividade, a pró-atividade, resultando assim, na
busca de soluções para os problemas organizacionais e o comprometimento
em relação ao alcance dos objetivos e metas da organização. Muitas vezes quem
identifica essa necessidade de aperfeiçoamento das habilidades é o próprio
CIRH. E, ainda não podemos nos esquecer que ele (o CIRH) também deve apri-
morar sua habilidades.
Neste sentido, é fundamental que haja uma adequação entre o trabalho e a
habilidade, ou seja, o bom desempenho de uma função depende dos requisi-
tos da tarefa. Imagine se um piloto de avião não possuísse uma habilidade de
visualização espacial, ele não desempenharia adequadamente sua função. No
caso do consultor interno é essencial que ele possua habilidade de raciocínio
dedutivo, pois ele usará a lógica para avaliar as proposições de uma solução.
Obviamente ele necessitará também de outras habilidades. Robbins (2005) lis-
tou algumas habilidades e as relacionou com as profissões, então por exem-
plo: salva-vidas precisam de habilidades de visualização espacial e coordena-
ção motora; executivos precisam de habilidades de verbalização; operários da
construção civil precisam de equilíbrio; jornalistas de habilidades de raciocí-
nio. Vimos então que é necessário entendermos quais os requisitos das tarefas
e assim definirmos as habilidades correlatas. De acordo com Costa Leite (et
al., 2005), às habilidades, competências e atitudes esperadas de um consultor
interno de RH são:
• Observador, atento e discreto;
• Empático;
• Excelente ouvinte;
• Flexível emocionalmente;
• Bom pensador analítico e sistêmico;
• Paciente e perseverante;
• Bom educador;
• Bom vendedor;
• Inteligente e criativo;
• Disciplinado e bom administrador;
• Autoconfiante e otimista.
98 • capítulo 4
Conforme vimos no capítulo 1, Block (2001) acredita que para os consul-
tores atuarem de forma eficaz necessitam possuir algumas habilidades bási-
cas: Habilidades técnicas: os consultores precisam ser especialistas no assun-
to a que se propõe atuar; Habilidades interpessoais: saber lidar com pessoas,
transformar ideias em palavras, ouvir, dar apoio, estabelecer relacionamentos;
Habilidades de consultoria: conhecer toda a metodologia, seguir as fases e as
técnicas, saber fazer um diagnóstico, entrevistar, fazer reuniões, planejar, lide-
rar, dar feedback.
Vale ressaltar que todas as habilidades podem ser aprendidas ou desenvol-
vidas. Conforme Goleman (2008, p. 5) “todas as habilidades que formam a inte-
ligência podem ser aprendidas, qualquer pessoa motivada pode melhorar. Em
segundo lugar, ninguém precisa dominar cada elemento da expertise de que
precisamos”. De toda forma é essencial que os indivíduos sintam-se capazes
de desempenhar seu papel e não se sintam frustrados por possuírem habilida-
des superiores aos desafios, ou não possuírem tais habilidades que as funções
exigirem. No próximo capítulo falaremos um pouco mais sobre como melhorar
um ambiente de aprendizagem organizacional, já o desenvolvimento das habi-
lidades necessita de um ambiente que proporcione ao indivíduo a possibilida-
de de aprender. Sabemos que o papel do CIRH é bastante complexo e existem
exigências de várias habilidades, conhecimentos e atitudes, vamos entender e
como podem ser definidos os papéis do Consultor Interno. Vamos lá?
capítulo 4 • 99
Entretanto, essa visão tem sido alterada, conforme as mudanças do com-
portamento dos indivíduos da organização, dos objetivos organizacionais e das
exigências do mercado. A figura do profissional especialista tem dado lugar a
um profissional com qualificações múltiplas, que possam dar o suporte para a
mudança planejada e também não prevista. O consultor interno tem sido bas-
tante exigido nesse sentido, pois processos de mudanças têm sido cada vez mais
intensos e necessitam de diferentes práticas e abordagens para que a organiza-
ção e seus membros se adaptem, já que esses processos incluem mudanças que
envolvam produto, qualidade, produtividade, estrutura, cultura, tecnologia etc.
Segundo Huber e Nascimento (2014) o perfil do Consultor Interno de
Recursos Humanos é relevante no processo de mudanças, porém, há modelos
diversificados de sua atuação. Assim, ele deve possuir uma filosofia própria,
atuar de maneira personalizada, ou seja, ter uma atuação específica desde que
em consonância com os princípios de sua área. O consultor deve agregar valor
ao trabalho, justificando sua existência no contexto organizacional no momen-
to em que ajuda o cliente interno, principalmente no desenvolvimento e na ava-
liação de ações que solucionam os problemas da área sob sua gestão. Segundo
Block (2001), o consultor interno possui três papéis fundamentais para o bom
desempenho organizacional:
100 • capítulo 4
Assume o papel de colaborador, sabendo que
os aspectos (metas, problemas ou projetos) só
podem ser tratados eficazmente com a junção de
CONSULTOR INTERNO seu conhecimento especializado com o conheci-
COMO COLABORADOR mento que o gerente tem da organização. Neste
caso, o consultor e gerente trabalham para se
tornar interdependentes.
Falamos no termo Staff para designar o papel do consultor. Staff significa apoio em in-
glês. O termo está associado a corpo de assistentes ou equipe de auxiliares. Designa
funções acessórias dentro das organizações, que não possuem autoridade hierárquica
sobre nenhuma área, apenas assessoram gerentes e/ou diretores com informações,
pesquisas etc.
capítulo 4 • 101
soluções e fazer recomendações, já o cliente é responsável por implementar as
recomendações propostas pelo consultor. Na participação passiva, o Consultor
atua no papel de formador, que deve educar o cliente para que ele possa condu-
zir o processo ou resolver problemas sempre que surgirem, em vez de centrar as
soluções na figura do consultor. Este é um processo bastante interessante para
o modelo de aprendizagem organizacional.
CONEXÃO
Pudemos perceber que vários autores tem opiniões complementares e outros divergentes
sobre o papel do consultor interno de RH. Mas o que de fato todos concordam é que o RH
mudou e temos novos desafios para o RH e que o CIRH é uma boa resposta para estes
desafios. Leia o artigo sobre esse assunto em: http://abrhba.org.br/artigo/consultor-interno
-em-gestao-de-pessoas-um-desafio-para-o-rh
102 • capítulo 4
Agregar valor – Ao fazê-lo, o consultor interno estará diferenciar-se dos res-
tantes e a conquistar a credibilidade de todos;
Facilidade de diálogo e de relacionamento – A empatia e reconhecimento ao
direito do outro expor as suas opiniões abrem portas e permitem a assertividade;
Estabelecer um relação de confiança – O consultor deve ser uma pessoa com
quem se pode partilhar informações e dúvidas. A relação deve ser transparente;
Ser negociador – Deve ser um negociador por excelência, pois estará a nego-
ciar quase o tempo inteiro. Trata-se de um processo de procura de aceitação de
idéias, propósitos e interesses pelos resultados;
Colocar ênfase nas pessoas – É essencial acreditar que o grande foco é o ser
humano e também assegurar a participação intensa das pessoas no processo,
acreditando no valor das suas contribuições e abrindo espaço para o seu desen-
volvimento profissional e pessoal;
Ter um comportamento ético – O consultor tem acesso a informações con-
fidenciais e dados sensíveis, necessitando, portanto, de um comportamento
ético impecável;
Ser inovador – O consultor, enquanto antecipador de tendências, deve ter
abertura para aceitar novas ideias e incentivar o processo de criação. Inovar
mais rapidamente que os concorrentes (internos ou externos), oferecendo
idéias únicas e com padrões diferenciados, deve ser a sua preocupação;
Disposição para assumir riscos – Deve saber gerir o possível fracasso de um
projeto, encarar os erros como fonte de aprendizagem e aprender a lidar com
a frustração;
Maturidade e equilíbrio – À medida que o consultor interno adquire matu-
ridade, a sua contribuição deve, gradualmente, conquistar maior espaço. Só a
convivência com a incerteza e com os riscos terá com que aprimore o exercício
do seu trabalho;
Ter pensamento estratégico – Raciocínio e lógica estratégicos são a base
para o pensamento estratégico. Este tipo de raciocínio pressupõe o sexto sen-
tido por parte do consultor e isso só se conquista com o tempo, com o treino e
muita perseverança;
Compartilhar a responsabilidade – deve esclarecer que o projeto é respon-
sabilidade do conjunto das pessoas envolvidas;
Perceber e saber lidar com os sentimentos – Deve ler nas entrelinhas, isto é,
ser capaz de observar os sentimentos e as reações das pessoas envolvidas;
Propor ações que vão à raiz do problema – deve fazer uma leitura que vá
além do que é manifesto. Assim, estará a propiciar capacidade de análise ao
capítulo 4 • 103
cliente interno, fazendo com que ele pense da mesma forma em problemas se-
melhantes no futuro;
Saber lidar com as resistências – Deve tentar minimizar as reações defensi-
vas, as rejeições e os receios.
104 • capítulo 4
de conhecimentos e competências. Em consonância a tudo que dissemos até
aqui para Schein (1972 apud MANCIA, 2004), o papel do consultor também é
de orientar e oferecer respostas, porém não é de sua responsabilidade a deci-
são final, referindo-se à postura do consultor interno, com base em nove pa-
péis básicos: Observador; Reflexivo; Facilitador; Conselheiro; Coach; Professor;
Assessor técnico; Especialista e Modelador de comportamento.
Segundo Costa Leite et al. (2005), independente do papel que ele assume,
o consultor interno deve ter o domínio de conhecimentos científicos relativos
à gestão, que devem ser constantemente atualizados. Estes conhecimentos
devem abranger as áreas do comportamento organizacional e gestão de pes-
soas, além de teorias de liderança, gestão estratégica, estrutura organizacio-
nal, gestão de custos e qualidade, psicologia da aprendizagem e didática, ges-
tão de projetos, metodologia de pesquisa, estatística e legislação trabalhista.
Eles também deverão ser conhecedores de ferramentas de informática, como
softwares para edição de textos, planilhas e gráficos, isto porque eles também
devem fazer apresentações aos membros da organização e entregar relatórios
de atividades, este assunto será explorado no próximo tópico. Ainda segundo
o autor eles devem desenvolver o domínio de línguas estrangeiras, já que exis-
te um alto índice de internalização de negócios, devido aos desafios da econo-
mia globalizada.
CONEXÃO
Algumas empresas estão redesenhando sua estrutura para que o consultor interno passe a
ter um papel mais estratégico. Leia o artigo disponível no link abaixo para entender melhor
essa nova constituição: http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/27/noticias/bu-
siness-partner-longe-do-mundo-ideal
capítulo 4 • 105
salientar que sua atuação deve estar pautada não apenas na reunião de conhe-
cimentos e competências essenciais, mas também em uma conduta ética.
A avaliação dessas diversas competências que contemplam desde a dimen-
são cognitiva até a dimensão atitudinal, ou seja, é tão importante o comporta-
mento quanto os conhecimentos. Assim, atuação do consultor interno de RH
exige um perfil multidisciplinar condizente com as exigências e expectativas da
organização. Dissemos várias vezes que o consultor interno deve possuir com-
petências essenciais, dentre elas destacamos a habilidade de realizar diagnós-
ticos e propor soluções, dentre tantas outras. Para a elaboração de diagnósticos
ele pode utilizar uma ferramenta inovadora e que diversas empresas tem ado-
tado recentemente, o turnaround.
4.4 Turnaround
É importante entender que a organização é um sistema dinâmico, ou seja, em
constante mudança, e tentam se adaptar ao ambiente, criar um novo posicio-
namento estratégico, ou simplesmente sobreviver ao intenso mercado com-
petitivo. Neste contexto do ambiente de crise, é fato que é preciso desenvolver
o entendimento sobre as necessidades da recuperação de uma empresa, aqui
cabe o CIRH e ele pode usar como ferramenta o turnaround.
O turnaround é um conjunto de ações corretivas necessárias para a recu-
peração dos indicadores de desempenho/performance de uma organização ou
unidade de negócios, sem as quais as empresas poderiam caminhar para um
processo de falência ou de restrições graves em seu caixa em um futuro previsí-
vel (SLATTER; LOVETT, 1999).
Quanto mais cedo ocorrer a identificação de problemas de gestão, maiores
são as chances de sucesso. Temos dois tipos de turnaround management, o
early ou late turnaround. No turnaround management early, a crise é normal-
mente identificada e sua gestão é iniciada e conduzida pela empresa sem a
necessidade da intervenção de credores. No late turnaround, a crise entra na
sua fase mais aguda, geralmente iniciada ou agenciada pelos credores. Para
entendermos melhor o funcionamento turnaround management é importante
identificar o Ciclo de Vida Organizacional. Podemos associar analogicamente
ao ciclo de vida do homem, claro que com suas especificações: elas têm a pos-
sibilidade de manter-se no estágio da maturidade de forma perpétua, quando
106 • capítulo 4
tudo for planejado prevendo o surgimento das necessidades, criando e recrian-
do estratégias empresariais, produtos e serviços que tragam vantagens compe-
titivas permanentemente renovadas.
Brider et al (2012) afirmam que crises fazem parte da vida das organizações
e afetam os seus mais diversos subsistemas – mercadológico, produtivo, lide-
rança, recursos humanos, financeiros, culturais, relacionais etc. E, ainda essas
crises podem atingir o ambiente organizacional, envolvendo segmentos de
mercado, competitividade, inovação tecnológica, legislação, relações com con-
sumidores e com a sociedade, entre outros. Sabidamente cada organização tem
um ciclo de vida e um comportamento esperado para cada fase. Problemas, nor-
mais ou não, relacionadas ao ciclo de vida ou a decisões equivocadas existirão,
podendo originar crises de desempenho. O sucesso ou fracasso da organização
está intimamente ligado a gestão de cada fase e aos problemas pertinentes às
mudanças organizacionais ao longo de seu ciclo de vida. Neste sentido pode-
mos dizer que a gestão deve ter o conhecimento da realidade organizacional,
ter capacidade de liderança, o consultor interno tem papel-chave nessa emprei-
tada. Observe que estamos nos referindo a análise da organização, ou seja, en-
tender seus problemas e necessidades, portanto elaborar um diagnóstico, algo
que é muito bem executado pelo CIRH. Nestes casos é importante entender o
ciclo de vida. Podemos dividí-lo em cinco etapas ou fases, em função do estágio
de desenvolvimento da empresa, conforme a figura 4.1.
Maturidade
Início
Falência
Figura 4.1 – Ciclo de viga de um negócio e a aplicação do Turnaround. Fonte: Scott e Bruce
(1987).
capítulo 4 • 107
Pormenorizando, a fase início é primeira etapa do modelo, é onde ocorre a
concepção da empresa, ou seja, do nascimento da ideia do negócio e colocá-lo
em funcionamento. A sobrevivência diz respeito aos primeiros anos de vida da
empresa. A etapa crescimento, significa que uma estabilidade foi atingida e te-
rão novos desafios, fazendo com que os negócios cresçam, porém, sem grandes
alterações na atual estrutura. Na fase expansão as coisas de fato acontecem, ou
seja, as ideias traçadas na etapa anterior são postas em prática. A última fase
é a maturidade da organização são a conquista de tranquilidade relativa e a
maior habilidade de planejar e ordenar o futuro. Quando entramos no declí-
nio, estamos iniciando uma possível crise. Uma crise pode ter diversos níveis
de intensidade e causas diversas, bem como uma solução potencial por meio
de diferentes tratamentos, mas com elementos em comum. Na fase mais pre-
matura as alternativas são maiores e a solução pode ser promovida com mais
sucesso, se conjugada à recondução do negócio (foco operacional e mercadoló-
gico) (BRIDE et. al, 2012).
De fato, o importante é compreender as causas da crise e agir rapidamente
sempre que possível. As empresas entram em crise geralmente estrangulando-
se em dívidas, incapacitadas de gerar caixa e deteriorando seus recursos. O rela-
cionamento com fornecedores, bancos e acionistas vai ficando caótico. Aí, o que
vem adiante já conhecemos, o desespero bate e gestores começam a se perder.
Perde-se o foco estratégico, tem dificuldades em levantar os recursos necessá-
rios, de reter o capital humano, e todos estes elementos são fundamentais para
um bom nível de competitividade no mercado. É um evento traumático com
certeza e a figura do consultor interno pode ser um grande aliado para superar
conscientemente esse momento. Claro, que ele também poderá e irá se sentir
incomodado com toda a situação, afinal de contas ele também é empregado da
empresa. Mas é exatamente nesse momento que entram as competências que
listamos nos itens anteriores. Geralmente os indivíduos que passam por esse
tipo de evento tem determinadas fases: negação, raiva, barganha/negociação,
depressão e aceitação. O CIRH deve estar atento e apoiar os indivíduos de tal
forma que eles consigam continuar produzindo e entregando valores. E, ainda
apoiar os gestores para que eles não percam o foco.
De acordo com Bride et al (2012, p. 14) não é simples contornar essas crises,
mas existem três fatores que podem ajudar:
108 • capítulo 4
• Experiência anterior na gestão de crises: além de experiências reais dos
executivos, simulações periódicas com testes de stress podem preparar os en-
volvidos sem as desagradáveis consequências de um evento real;
• Escolha do líder: a experiência já mostrou que um bom líder em situações
“normais” não terá necessariamente o mesmo desempenho em momentos de
crise, razão pela qual a contratação de um executivo de turnaround contribui-
ria de forma mais efetiva para o equacionamento das soluções. Simulações de
crise (exemplo: workshops, roleplays etc) podem ajudar a identificar os líderes
adequados para cada momento da empresa. É importante, também, que o líder
escolhido tenha uma visão holística, e não seja alguém com foco exclusivamen-
te financeiro ou comercial ou jurídico, por exemplo;
• Reavaliação estruturada de questões-chave: o cenário de crise é dinâmico
e mudanças de rota podem ser necessárias durante o processo. Para se obter
sucesso nessa reavaliação é fundamental a disposição de todos os executivos,
partindo do nível gerencial, para realizar análises sem qualquer tipo de viés e
para mudar de opinião, se necessário, desprezando assim o senso comum vi-
gente e a fácil convergência de entendimentos.
capítulo 4 • 109
4.5 Atuação do consultor interno de RH
A validade da atuação da consultoria interna de RH, devidamente implantada
e implementada, tem sido comprovada por meio de pesquisas e estudos do de-
sempenho de empresas líderes do mercado como a Microsoft, a Bayer do Brasil
S.A., Rhodia e a Mercedes-Benz para citar algumas. Vejamos o caso da Micro-
soft disposto pelos autores Robbins (2005) e Orlickas (2012):
A Microsoft recebe anualmente, em sua matriz Seatle, em torno de 120 mil
currículos de candidatos a empregos. Desses talvez uns dois mil sejam selecio-
nados para uma entrevista. As entrevistas dos candidatos são muito diferen-
tes das tradicionais entrevistas realizadas pela maioria das organizações. Para
aqueles que chegam nesse estágio respondem a perguntas estranhas como: por
que as tampas de postos de inspeção são redondas? Quantos postos de gasolina
existem no Estados Unidos? Qual o volume de água passa por um determinado
rio diariamente? Obviamente, os entrevistadores não esperam que os candida-
tos saibam as respostas, mas eles observam como é a forma de pensar do can-
didato e maneira como ele verbaliza suas ideias. O que eles querem saber é o
quanto o candidato é esperto.
Ao contrário da maioria das organizações, a Microsoft dá total atenção ao
único fator – inteligência. Os funcionários da empresa formam um grupo bem
diversificado, mas há um denominador comum: eles são todos inteligentes!!
Bill Gattes afirma que quando se trata de QI escolhe os mais elevados para o
desenvolvimento de softwares. Para ele QI é mais importante do que experiên-
cia. “Você pode ensinar qualquer coisas a uma pessoa inteligente”. A empresa
acredita que seu principal ativo é o recurso da capacidade intelectual coletiva
de seus funcionários.
Por que você acha que eles buscam tantos talentos com elevado QI? Claro
que é determinado pelo tipo de negócio, o desenvolvimento de softwares, mas
também pela análise realizada para entender os requisitos das atividades e as
habilidades necessárias para que o softwares seja bem delineado. Na Microsoft
há a valorização do Consultor Interno. No Brasil, por exemplo, a gestão de re-
cursos humanos teve uma evolução quando Claudio Neszlinger assumiu a
Diretoria de RH da Microsoft Brasil em 1994. O RH mostrou-se extremamente
dinâmico e ousado com Claudio. O grande desafio da área de RH da Microsoft
reside no processo de contratação de profissionais qualificados, percebemos
isto no início desse case quando falamos sobre o quantitativo de interessados e
110 • capítulo 4
sobre o próprio processo de seleção bastante original. Mas por outro lado gera
um trabalho intenso para o RH, já que cada cliente interno tem suas peculiari-
dades e responsabilidades. Na tentativa de agilizar o processo de recrutamento
e seleção, anualmente a área de RH na matriz (Seatle) realiza simpósios mun-
diais para falar sobre a qualidade e prazo desejados para o R&S compartilhando
história de sucesso. Para se ter uma ideia do volume de R&S que estamos falan-
do em 1998 a Microsoft tinha 3500 vagas em aberto no mundo todo. E, olha que
eles recebem milhares de currículos anualmente, conforme vimos no começo
desse case. O RH da Microsoft Brasil conta com diversos profissionais, dentre
eles Consultores internos, que atuam focados em áreas especificas. A definição
dessas áreas se dá devido as necessidades e especialidades do mercado e do nú-
mero de funcionários de cada setor. Em projetos que existam sinergia os fun-
cionários de área trabalham juntos com o CIRH. Geralmente o cliente interno
requisita o RH para discutir carreira, treinamento, desempenho, remuneração.
Dentro do modelo de CIRH da Microsoft cada gerente é um gestor de RH,
lembra-se da transferência de responsabilidades para o gerente de linha que
já aprendemos no capítulo 1, pois então aqui há um exemplo real. O papel do
gerente de RH é oferecer ferramentas, orientar, mostrar caminhos e informa-
ções oficiais das políticas de RH existentes e ainda auxiliam na resolução de
problemas.
ATIVIDADES
01. Faça uma análise e descreva quais os passos específicos que você utilizaria para identi-
ficar as habilidades necessárias para uma determinada função.
02. Faça uma pesquisa na internet e encontre três organizações que tenham utilizado a
Consultoria Interna de RH como uma nova forma de melhorar o desempenho da organiza-
ção. Faça um pequeno resumo contendo: o negócio, o objetivo da implantação de CIRH e as
competências essenciais para o sucesso do negócio.
03. A Microsoft faz perguntas um tanto estranhas em entrevistas com candidatos a empre-
gos, o que ela está tentando mensurar?
a) Conhecimentos específicos
b) Inteligência Emocional
c) Habilidades práticas em Tecnologia
d) Habilidades em refletir e solucionar problemas
capítulo 4 • 111
04. Análise as profissões abaixo e identifique, segundo Robbins, quais seriam as habilida-
des requeridas:
a) Secretária;
b) Bombeiro;
c) Polícia;
d) CIRH
05. Explique os processos do Turnaround e como ele pode ser utilizado pelas organizações
.
REFLEXÃO
As organizações têm sido desafiadas a descobrir novos caminhos para se sustentarem no mer-
cado cada vez mais competitivo e claro, a área de recursos humanos (RH) passa a receber no-
vas demandas. Dentre as diversas concepções para a atuação dessa área, temos a Consultoria
Interna de RH, que busca frequentemente uma rápida solução para os problemas apresenta-
dos, elaborando diagnósticos e análises minuciosas, interagindo com seu cliente interno. Neste
capítulo pudemos analisar os diferentes papéis que um Consultor Interno de RH pode assumir.
Dizemos que um bom consultor interno precisa conhecer seus próprios limites e assim
ele saberá a contribuição que poderá oferecer ao desenvolvimento das pessoas e das orga-
nizações. Isso está ligado às características de cada um dos CIRH, ou seja, são os valores
pessoais, as experiências vividas, é a história de cada um. E é essa história que desenvolve
algumas habilidades fundamentais para o consultor. Como vimos, temos diversas habilidades
e para cada tarefa ou necessidade uma delas vai despontar e ser necessário um processo de
desenvolvimento para que o trabalho do CIRH seja melhor executado. Dentre as habilidades
requeridas para a função podemos destacar: saber ouvir, saber falar, saber ensinar, saber
que ele não tem respostas prontas para o cliente e que é apenas um facilitador de novidades
e oportunidades de melhoria. Temos ainda outras características importantes para o desen-
volvimento do trabalho do consultor interno é a habilidade de fazer síntese de situações
complexas, é saber lidar com situações críticas, é preparar bem os relatórios, é saber dar uma
palestra e tantas outras que são percebidas pelos clientes e colegas. Pudemos perceber que
as organizações modernas têm utilizado o CIRH como um facilitador e apoio para ultrapassar
as barreiras impostas por uma crise. Ele deve ser capaz de utilizar modelos e ferramentas
que auxiliem nesse processo de mudanças e crises organizacionais, e como dissemos ele
deve possuir determinadas habilidades que façam com que funcionários e gestores confiem
nele e aprendam com ele.
112 • capítulo 4
LEITURA
NERI, A. Os vários chapéus de um consultor. Revista Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo,
ago. 1995.
BLOCK, P. Consultoria: o desafio da liberdade. São Paulo: McGraw-Hill, 1991.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cláudia. Gestão Contemporânea de Pessoas. Porto Alegre: Bookman, 2004.
BOOG, G. e M.(coord.) Manual de gestão de pessoas e equipes: estratégias e tendências. São
Paulo: Gente, 2002.
CARAVANTES, Geraldo; PANNO, Cláudia C.;KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e
processos. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2005.
CHIAVENATO, I. Administração nos Novos Tempos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
COSTA LEITE, L. A. M.; CARVALHO, I, V.; OLIVEIRA, J. L. C. R.; ROHM, R. H. D. Consultoria em
gestão de pessoas. Rio de janeiro: FGV, 2007.
DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa
moderna. São Paulo: Atlas, 2004.
FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e Formação de competências. São
Paulo: Atlas, 2000.
FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. Rev. adm.
contemp. [online]. 2001, vol.5.
HAFSI, Taïeb. DEMERS, Christiane. The dynamics of radical change in complex
organizations. v. 87. 24 ed. Québec: Ecole des hautes études commerciales, 1987.
MENEZES, Taís Rodrigues; ECARD, Tânia; ANDRADE, Antonio Rodrigues de. Consultoria Interna de
Recursos Humanos: processo e cuidados para a sua implantação. [entre 2007 e 2012]. Disponível
em <http://www.aedb.br/seget/artigos08/173_CONSULTORIA_INTERNA_DE_RECURSOS_
HUMANOS.pdf.>>. Acesso em: 23 jun. 2015.
ORLICKAS, Elizenda. Consultoria interna de recursos humanos. 11. ed. São Paulo: Danelli, 2012.
SLATTER, S.; LOVETT, D. Corporate Turnaround. London: Penguin Business, 1999.
VASCONCELLOS, Eduardo; HEMSLEY, James R.. Estrutura das Organizações: estruturas
tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 4.ed. São Paulo: Thomson, 2003.
capítulo 4 • 113
114 • capítulo 4
5
Aspectos
Fundamentais
da Consultoria
Interna de Recursos
Humanos
Na evolução de processos de apoio à de gestão de recursos humanos devemos
reconhecer que dois papéis estão mudando na organização: gestores e siste-
mas de RH. Os gestores de área passam a ser responsáveis por gerenciar seus
recursos humanos e o RH descobre novas funções, caminhando mais para as
atividades estratégicas. Assim ao termos um RH mais estratégico é preciso que
tanto gestores, consultores e os executivos da Alta Administração percebam
esse movimento de migração dos papéis, que eles compreendam os seus novos
papéis e apoiem entre si. Essa modificação afeta diretamente a dinâmica das
organizações empresariais, no contexto econômico mundial.
Nesse contexto a disponibilização de uma equipe de consultores internos
de RH, devidamente qualificados e com experiência oferece eficiente potencial
desses colaboradores especializados para a busca por solução de problemas.
Ao contar com a presença dos consultores internos junto aos seus clientes, os
diretores, gerentes e chefes a organização recebe ideias sobre a moderna tecno-
logia de gestão de pessoas. Essa transferência de ideias é fundamental para os
conhecimentos e atitudes que afetam positivamente o desempenho desses lí-
deres executivos. Ao assumir que a função de gestão de recursos humanos pre-
cisa evoluir e potencializar seus resultados por meio implementação de proce-
dimentos de Consultoria Interna de RH, a organização estará vivenciando um
processo de mudança planejada. Sendo assim, a CIRH estará promovendo o
permanente desenvolvimento organizacional, criando um ambiente de apren-
dizagem organizacional contínuo, algo atualmente muito exigido pelas contin-
gências da economia de mercado.
Antes de qualquer coisa é imperativo que a área de RH proceda à cuida-
dosa análise do nível de maturidade da cultura organizacional para que haja
uma aceitação da mudança. Os dirigentes, as gerências, devem efetivamente
administrar os recursos humanos sob sua supervisão e conforme as diretrizes
emanadas da área de gestão dos RH. A expectativa é que se tem um exercício
multidisciplinar ou polivalente da função gerencial na empresa moderna. Para
atingir os objetivos das organizações todas as atividades tem que ser planeja-
das e acompanhadas para que esses objetivos sejam alcançados com maior efi-
ciência e eficácia. Umas das maneiras é utilizar conhecimento, talento e habi-
lidade, mas não apenas utilizando-os a esmo, é preciso gerenciá-lo e mantê-los
na organização mesmo quando um indivíduo saia dela. O que queremos dizer
116 • capítulo 5
é que o aprendizado organizacional é fundamental nesse processo de CIRH,
uma vez que o indivíduo que aprende compartilha os conhecimentos com a or-
ganização, perpetuando-o. Vamos entender como isto deve ocorrer? Vamos lá!!
OBJETIVOS
Analisar e descrever os principais pontos da implementação de consultoria interna de RH.
Avaliar a Consultoria Interna como um novo conceito que complementa e reforça a mo-
derna gestão estratégica de Recursos Humanos.
capítulo 5 • 117
5.1 Análises para implementação da
consultoria interna de recursos humanos
Proposta de
Aprensentação da Negociação do
Diagnóstico e
Consultoria Contrato
proposta de Ação
Figura 5.1 – Etapas para a implantação da Consultoria Interna. Fonte: Baseado em Block
(2001).
118 • capítulo 5
uma proposta detalhando todos os pontos e explicando como serão realizadas
as fases de diagnóstico e plano de ação. Aqui é fundamental que o consultor
interno explique detalhadamente e tente convencer o gestor sobre o método
que ele escolheu. Além disso, é preciso demonstrar as necessidades da organi-
zação e apresentar dados obtidos na reunião anterior, até mesmo como forma
de justificar essas necessidades. Na negociação do contrato temos a possível
concordância explícita entre o consultor interno e o cliente. Normalmente ele é
verbal, mas há casos em que este contrato é por escrito. Alguns consultores in-
ternos gostam de ter sempre um documento por escrito, descrevendo o projeto
no qual estão trabalhando. Estamos então falando em contratos com o chefe. O
objetivo desse contrato está voltado a comunicação clara sobre o que vai acon-
tecer no projeto. É neste momento em que é preciso realizar uma reunião na
qual são expostos quem são os envolvidos na consultoria; quais aspectos serão
tratados; qual o foco a ser considerado; quais as expectativas; prazos, entre ou-
tros, conforme podemos ver na figura 5.2.
Reconhecimento Pessoal
Se ainda há ....
Intercâmbio de
Termine......
Desejos e Ofertas
.......
Figura 5.2 – Conduzindo uma reunião de consultoria. Fonte: Block (2001, p. 54).
capítulo 5 • 119
O diagnóstico e plano de ação, nesta etapa, o consultor interno faz uma aná-
lise profunda dos setores ou processos organizacionais. Um diagnóstico pode
ser feito por meio da utilização de modelos de gestão existentes (análise SWOT
– trata-se de uma análise das forças e fraquezas; ameaças e oportunidades -
quando voltado para construção de um planejamento estratégico, ou a implan-
tação do ciclo PDCA de melhoria nos processos, que já vimos anteriormente)
ou de uma metodologia de consultoria previamente estabelecida (método de
mapeamento de processos, com técnicas de entrevistas, construção de fluxo-
grama etc.). O plano de ação demonstra o que a organização precisa realizar, os
responsáveis pela execução, o tempo de realização e os recursos necessários.
Para tanto, podem ser utilizados como ferramentas: a metodologia de geren-
ciamento de projetos e o modelo 5W2H (usada em várias atividades como um
check-list para verificar a completude das ações). Na figura 5.3 podemos identi-
ficar as fases do diagnóstico:
O problema apresentado
Redefinição do problema
Recomendações
Figura 5.3 – Modelo de diagnóstico para Consultoria. Fonte: Block (2001, p. 134).
120 • capítulo 5
é o apoio do gestor da empresa responsável pela contratação da consultoria.
Se não tiver esse apoio ao processo, dificilmente as ações serão colocadas em
prática porque as pessoas não irão acreditar na mudança e nem obedecer as
decisões. A segunda questão se refere ao processo de mudança em si. Aqui é
importante um processo de conscientização e promover a mudança de cultu-
ra organizacional e incutir nas pessoas a informação sobre a importância da
mudança. A terceira questão se refere ao cumprimento do cronograma estabe-
lecido. Se o consultor interno não cumprir o cronograma colocar as ações em
prática, ele pode cair no "descrédito". O consultor deve se preocupar com rela-
ção ao tempo consumido em cada etapa, pois quanto mais tempo for consu-
mido na execução, mais difícil será a absorção e o desempenho das atividades
envolvidas com o processo de mudança na organização. Por fim, a conclusão
da consultoria, onde o consultor, após executar as ações planejadas, conclui o
seu trabalho. Nesse sentido, a organização deve estar pronta para absorver as
mudanças realizadas e mantê-las na rotina organizacional, até que novamen-
te ela precise ser modificada. Para que o consultor interno obtenha sucesso e
manutenção de suas funções é importante que ele tenha segurança de que seu
trabalho foi bem realizado, além de apresentar ao seu cliente os primeiros re-
sultados obtidos com o seu plano idealizado e implantado. Para isso, ele pode
construir um conjunto de indicadores de desempenho que possam medir o
"antes" e o "depois" da consultoria. Assim é possível mensurar o ganho de de-
sempenho dos processos empresariais que cada setor obteve com a realização
do serviço da consultoria interna.
Após a leitura dessas etapas há de fato a necessidade de que a área de RH
proceda à cuidadosa análise do nível de maturidade da cultura organizacional
para que se obtenha a aceitação de todos para que a mudança ocorra. Neste
sentido, a descentralização da execução das políticas e procedimentos da ges-
tão de pessoas por meio das áreas funcionais da empresa ajudará a alcançar os
objetivos da organização. O que estamos dizendo é que os gestores das diferen-
tes áreas devem efetivamente administrar os recursos humanos sob sua super-
visão e conforme as diretrizes emanadas da área de gestão dos RH. Os gestores
além de suas competências específicas, deverão agregar a capacidade de admi-
nistrar os assuntos referentes aos interesses dos seus subordinados no que se
refere à aplicação das políticas e procedimentos de RH.
capítulo 5 • 121
5.2 A cultura organizacional para as
organizações modernas
122 • capítulo 5
por isso têm uma visão bastante precisa daquilo que a organização deve ser. Ao
longo de tempo, conforme essa visão vai sendo compartilhada com os colabo-
radores, os valores e as crenças do fundador são aprimorados. Essa transforma-
ção exige a sensibilização e a preparação dos dirigentes para esse novo papel.
Por isso, é necessário o apoio da área de RH para que haja essa redefinição dos
papéis e funções dos dirigentes, cada qual em sua área de atuação funcional.
É nesse esforço que os consultores internos de RH agiram como agentes de
mudança junto aos seus clientes internos, os dirigentes. Para Johann (2004) a
cultura organizacional é o resultado de anos de reforço de valores dentro da
organização. Quando há a consolidação dessa cultura, ela passa a dar suporte
aos seus membros. Alterar essa estrutura implica em causar desestruturações
nos valores aprendidos pelos funcionários. É essa a causa de grande parte das
resistências às mudanças.