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Cálculo de terças metálicas de cobertura para telhados

Biapioadas com carga uniformemente distribuída, fabricado com perfis de chapa finas a frio, conforme estudo da
Norma Brasileira NBR-14762-2009
Resumo
Este artigo descreve a formulação empregada no programa Excel, desenvolvido para cálculo e dimensionamento
de terças com perfil U enrijecido, formado a frio com chapas de aço fina, com espessuras menores ou igual a 8
mm e com cargas uniformemente distribuídas ao longo da terça. Utiliza-se o Método da Seção Efetiva-MSE para
cálculo das propriedades efetivas (Aef e Wef ), e obtenção da força (ou momentos) local e de flambagem e com
estes calculam-se as características geométricas reduzidas do perfil e, conseqüentemente, a resistência do perfil.
Introdução
Existem vários programas de cálculos, que calculam perfis formados a frio, entre eles, o DIM-Perfil - da CBCA -
Centro Brasileiro de Construção em Aço, "Dimensionamento de perfis formados a frio conforme norma NBR 14762
-2008" dos professores, M.Sc. Edison Lubas Silva e Dr. Valdir Pignatta e Silva; M-Calc-Programa de calculo
estrutural da Stabile Engenharia, etc. Nestes programas entra-se com o momento final solicitante (Msd), já com
os coeficientes de ponderações de norma. Isto pode se tornar confuso, pois para cada tipo de carga, e cada tipo
de combinação, existem coeficientes de ponderação diferentes para serem considerados.
Este trabalho apresenta um software em linguagem Excel, onde entramos com as dimensões do perfil, altura,
largura, aba enrijecida e espessura, indicamos o tipo de aço, vão da terça, distância entre travamento
intermediário, inclinação do telhado em graus, peso das telhas, carga acidental, carga de vento e cargas
adicionais. Como resultado o programa faz a verificação conforme o estudo da norma NBR 14762-2009, pelo
método da seção efetiva, da flexão simples, flambagem lateral por torção e flechas. O programa calcula ainda as
principais características geométricas do perfil.
A vantagem de se usar este programa, é que ele é especifico para terças, e já calcula os momentos solicitantes de
cálculos (Msd) automaticamente, levando em consideração todos os coeficientes de ponderação conforme norma
NBR-14762.
As terças devem ser contidas lateralmente através da fixação da mesa superior da terça às telhas com parafusos
auto-atarrachantes ou através de cintas rígidas, para combater a flexão obliqua.

2. Comportamento Estrutural de Perfil de Seção Aberta


Todas as equações abaixo empregadas, para o cálculo das propriedades geométricas e resistências dos perfis,
foram obtidas da norma NRB-14762.
2.1. Método da Seção Efetiva-MSE
O método da seção efetiva é um método alternativo para cálculo das propriedades efetivas ( Aef – área efetiva
ou Wef - modulo de resistência efetivo do perfil) que se pode usar no lugar do clássico MLE (método da largura
efetiva). No MSE se determina uma força (ou momento) local de flambagem elástica (em substituição da analise
de estabilidade elástica) com a qual, diretamente, calculam-se características geométricas reduzidas do perfil, que
por tradição, continuam sendo chamadas de propriedades efetivas (ver item 5). Com o MSE é possível considerar-
se a flambagem local de um perfil na compressão ou na flexão (ver figuras 01 e 02).

O MSE utiliza parâmetros que permitem o cálculo para os perfis usados no dia a dia profissional. A principal
diferença entre o MSE e o MLE (método da largura efetiva), é que no último devemos calcular em separado, para
cada parte do perfil (alma, mesa e aba enrijecida), as propriedades geométricas e as larguras efetivas.
Conseqüentemente este método torna-se muito trabalhoso e requer muitos cálculos e experiência do profissional.
Já no MSE (método da seção efetiva) as propriedades geométricas e as seções efetivas são calculadas em
conjunto e são diferentes para cada tipo de perfil ( U, Z, EU, etc.). No final os resultados são bem próximos, e o
estudo da norma NBR 14762-2009 nos oferece estas duas opções de cálculo.

2.2. Cálculo das Resistências


A resistência de cálculo (momento fletor resistente de cálculo), Mrd, a ser adotado será o menor valor entre os
calculados de acordo com:

Onde:
Mrd1 - Momento resistente calculado a flexão no início do escoamento da seção efetiva.
Mrd2-Momento resistente calculado no estado limite de flambagem lateral por torção.
Wef- Módulo de resistência elástica da seção efetiva em relação à fibra extrema que atinge o escoamento.
fy - Tensão de resistência ao escoamento do aço, para o aço ASTM-A36, fy = 2500 Kg/ cm2.
flt - Fator de redução do momento fletor resistente, associado à flambagem lateral por torção.
Wc - Módulo de resistência elástica da seção bruta em relação à fibra extrema comprimida.
Estes momentos resistentes devem ser maiores que o momento solicitante de cálculo (Msd).

2.3. Cálculo da Flecha


A flecha máxima de serviço (flecha máxima) deve ser menor que a flecha máxima admissível (flecha limite).

Onde:
Lx- Vão da terça.
E - módulo de elasticidade do aço, E=2.000.000 Kg/cm².
CP - cargas permanentes.
SC - cargas acidentais (sobrecargas).

2.4. Critérios adotados no programa.


O Momento resistente calculado à flexão, no início do escoamento, da seção efetiva é dado por:

e o módulo da seção efetiva

Sendo:
Wef - módulo de resistência elástica da seção efetiva em relação à fibra extrema que atinge o escoamento.
Wx - módulo de resistência elástica da seção bruta em relação à fibra extrema que atinge o escoamento.
O índice de esbeltez reduzido do elemento ou da seção completa é definido como:
e o momento fletor de flambagem local elástica

Onde:
Wc - módulo de resistência elástica da seção bruta em relação à fibra extrema comprimida.
v - coeficiente de Poisson, para o aço = 0,3.
O Coeficiente de flambagem local Kl para a seção completa em barras sob flexão simples em torno do eixo de
maior inércia é:

Para cálculo de Kl ver caso “b” da norma NBR-14762, específico para perfil U enrijecidos.

Para:

O momento fletor resistente de cálculo referente à flambagem lateral com torção é dado por:

O Índice de esbeltez reduzido do elemento ou da seção completa por:


e o Índice de esbeltez associado à flambagem global

O Momento fletor de flambagem local elástica

O Me-momento fletor de flambagem lateral com torção em regime elástico é:

ro - raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro da torção.

Nez = força axial de flamb. elástica por flexo torção

Onde:
Cb - Fator de modificação para momentos fletores não uniformes. Para cargas uniformemente distribuídas Cb =
1,3.

Principais propriedades geométricas adotadas no programa


Ix = Momento de inércia em relação ao eixo X do perfil.
3. Exemplos
3.1. Para este exemplo, utilizamos os dados da tabela 1 que foram obtidos da apostila de dimensionamento de
estruturas com perfis de aço formados a frio do professor Paulo Roberto Marcondes de Carvalho, paginas 78 a 82,
100 a 104.

Os resultados obtidos são comparados aos da referida apostila onde podemos verificar a boa concordância obtida.
3.2. Para o próximo exemplo, comparamos resultados obtidos com a utilização do programa Cypecad Metalicas 3d
da Multiplus aos obtidos utilizando o programa proposto. Novamente a concordância dos resultados é satisfatória.

3.3. Neste exemplo comparamos nossos resultados aos obtidos do programa Dim-Perfil da CBCA-Centro Brasileiro
de Construção em Aço, dos professores, M.Sc. Edison Lubas Silva e Dr. Valdir Pignatta e Silva. Novamente a
concordância é satisfatória.

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