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CAPÍTULO 9 - Inflação, Atividade Econômica e Expansão Monetária

Produto, Desemprego e Inflação

 Este capítulo baseia-se em três relações:

 A lei de Okun, que relaciona a variação no desemprego ao crescimento do


produto.

 A curva de Phillips, que relaciona variações na inflação ao desemprego.

A relação de demanda agregada, que relaciona o crescimento do produto à inflação e à


expansão monetária.

Lei de Okun
mostra relação entre crescimento do produto e variação do desemprego

Segundo a equação abaixo, a variação da taxa de desemprego deveria ser igual ao negativo da
taxa de crescimento do produto.
Se o crescimento do produto for, por exemplo, de 4%, então a taxa de desemprego deverá cair
4%.
Ut é a taxa de desemprego no período t, Ut-1 é a taxa de desemprego no período anterior e
Gyt é o crescimento do produto.
ut  ut 1   g yt
 A verdadeira relação entre o crescimento do produto e a variação da taxa de
desemprego é conhecida como lei de Okun.

 Usando dados de trinta anos, a reta que melhor se ajusta aos dados corresponde a:

ut  ut 1   0.4( g yt  3%)

Segundo a equação acima,

Para manter uma taxa de desemprego constante, o crescimento do produto nos EUA deve ser
de pelo menos 3% ao ano.
Isto se deve a 2 fatores não considerados até agora: crescimento da força de trabalho e
crescimento da produtividade do trabalho
Essa taxa de crescimento do produto é chamada taxa de crescimento normal do produto.
 Segundo a equação acima, uma expansão do produto 1% acima do normal provoca
uma redução de apenas 0,4% da taxa de desemprego, por duas razões:

1. Manutenção dos empregos: as empresas preferem manter os funcionários em


vez de demiti-los quando o produto cai.
2. Quando o emprego aumenta, nem todas as novas vagas são preenchidas pelos
desempregados.
3. Um aumento de 0,6% na taxa de desemprego leva a uma redução de apenas
0,4% na taxa de desemprego.
4. Veja que o coeficiente da equação é 0,4, comparado com -1,0 na equação
anterior. Portanto, segundo a equação acima, o crescimento do produto 1%
acima do normal leva a uma redução da taxa de desemprego de apenas 0,4%,
em vez de uma redução de 1% na eq. anterior. Isto ocorre por dois motivos:

1. Entesouramento de mão-de-obra: as empresas preferem manter seus


trabalhadores em vez de suspender seu contrato de trabalho quando o
produto diminui.

2. Quando o emprego aumenta, nem todas as novas vagas são preenchidas pelos
desempregados. Um aumento de 0,6% na taxa de emprego leva a uma
redução de apenas 0,4% na taxa de desemprego.

Portanto, podemos dizer que:

O crescimento do produto acima (abaixo) do normal leva a uma diminuição (aumento) da taxa
de desemprego. Esta é a Lei de Okun:

g yt  g y  ut  ut 1 g yt  g y  ut  ut 1
Em síntese temos que:

O desemprego responde menos do que proporcionalmente a movimentos no


emprego, que responde menos do que proporcionalmente a movimentos no produto.

Portanto,podemos escrever a equação anterior de uma forma mais geral:


Ut – Ut-1 = -β(gyt – gy)

onde Ut é a taxa de desemprego no período t, Ut-1 é a taxa de desemprego no período


anterior, β mede o efeito do crescimento do produto acima do normal sobre a mudança na
taxa de desemprego, gyt é o crescimento do produto e gy é a taxa é taxa de crescimento
normal do produto.

A curva de Phillips

 t   e t   (ut  un )
A inflação depende da inflação esperada e do desvio do desemprego em relação à taxa natural
de desemprego. Quando et se aproxima de t-1 (inflação esperada se aprox. da inflação do ano
anterior), então:

 t   t 1    (ut  un )
Segundo a curva de Phillips, o desemprego abaixo da taxa natural implica aumento da inflação,
ocorrendo o contrário para a relação inversa:

ut  un   t   t 1 ut  un   t   t 1

A relação de demanda agregada

A relação de demanda agregada, como vimos no Capítulo 7, agora acrescida dos índices
temporais:
Ignorando variações no produto causadas por fatores outros (G e T) que não as variações no
estoque real de moeda, temos:

Mt
Yt  
Pt

 Em termos das taxas de crescimento de produto, moeda e nível de preços:

g yt  g mt   t
 De acordo com a relação de demanda agregada:

gmt   t  g yt  0 gmt   t  g yt  0
 Dada a inflação, uma política monetária expansionista aumenta o crescimento do
produto.

 Observe que foram acrescentados índices temporais;

 Esta equação afirma que a demanda por bens e, portanto, o produto é proporcional ao
estoque real de moeda;

 A equação anterior conserva em si o mecanismo visto no modelo IS-LM: um aumento


do estoque de moeda implica redução da taxa de juros. A redução da taxa de juros
implica elevação da demanda e então ao aumento do produto.

 no entanto, esta equação nos fornece uma relação entre níveis (moeda, produto e
preços). Precisamos de uma relação entre taxas de crescimento.

 Portanto, se uma variável é igual à relação ente 2 variáveis, então sua taxa de
crescimento deve ser igual à diferença entre as taxas de crescimento destas variáveis.

 Desse modo, se γ é constante, temos que: gy = gm – π

 Onde gy é a taxa de crescimento do produto, Gm é a taxa de crescimento da moeda


nominal e π é a taxa de crescimento da inflação.

Usando índices temporais : gyt = gmt – πt

Interpretação:

 se o crescimento da moeda nominal for maior do que a inflação, o crescimento da


moeda real será positivo, assim como o crescimento do produto.

 se o crescimento da moeda nominal for menor do que a inflação, o crescimento da


moeda real será negativo, assim como o crescimento do produto.

 Portanto, dada a inflação, uma política monetária “muito” contracionista (redução da


moeda nominal) implica um crescimento do produto baixo ou até mesmo negativo.

gmt > πt → gyt > 0 gmt < πt → gyt < 0

Os efeitos do crescimento da moeda

Vamos reunir as 3 relações:


 A Lei de Okun relaciona a variação da taxa de desemprego com o desvio do
crescimento do produto em relação ao normal:

ut  ut  1    ( gyt  g y )
 A curva de Phillips relaciona a variação da inflação com o desvio da taxa de
desemprego em relação à taxa natural:

t  t  1    (ut  un)
 A relação da demanda agregada relaciona o crescimento do produto com a diferença
entre o crescimento da moeda nominal e a inflação

gyt  gmt  t
A relação de demanda agregada

As 3 relações podem ser assim sintetizadas:


Pela ótica da demanda agregada, o crescimento da moeda e a inflação determinam o
crescimento do produto.
Pela lei de Okun, o crescimento do produto determina a mudança no desemprego.
Pela curva de Phillips, o desemprego determina a variação da inflação.
O objetivo a partir de agora consistirá em verificar as implicações destas 3 relações
quanto aos efeitos do crescimento da moeda nominal sobre o produto, desemprego e inflação.
O método usado será retroativo, isto é, irá considerar primeiro o médio prazo (ponto
de chegada após a dinâmica econômica) para depois então analisar a própria dinâmica em si
(observar como a economia alcança este ponto de chegada).

O Médio Prazo
 Considere uma taxa constante de expansão monetária, ƴm.

 No médio prazo, a taxa de desemprego deve ser constante, então, t


u u
t 1 ,
g  y
implicando que yt . O produto cresce à sua taxa natural.
 Com a expansão monetária igual a ƴm e o crescimento do produto igual a ƴy, a
relação de demanda agregada implica que a inflação é constante e satisfaz:
g y  gm  
 Daqui, obtemos a expressão para a inflação:
  gm  g y
 Segundo a equação acima, no médio prazo, a inflação é igual à expansão monetária
nominal ajustada.
 Se a inflação for constante, então πt = πt-1, o que na curva de Phillips implica que
ut = un. Portanto, no médio prazo, a taxa de desemprego deve ser igual à sua taxa
natural.
 Variações na taxa de crescimento da moeda nominal não afetam o produto ou o
desemprego no médio prazo, mas se refletem na proporção de um para um em
variações na taxa de inflação.
Inflação e desemprego no médio prazo

No médio prazo, o desemprego é igual à taxa natural e a inflação é igual à expansão monetária
nominal ajustada.

Desinflação

Para diminuir a inflação, a expansão monetária nominal deve ser reduzida. Eis o que acontece:

 gm  ( gm   )  g y 
 Na relação de demanda agregada

 gy  u 
 Então, da lei de Okun

 Por fim, segundo a relação da curva de Phillips  u   

Mas ao longo do tempo:

 Segundo a relação da curva de Phillips u  un   

  gm  g y  g y
 Na relação de demanda agregada

gy  gy  u 
 Então, da lei Okun

Após uma redução na expansão monetária nominal, o desemprego primeiro aumenta, mas,
por fim, começa a cair.

πt - πt- 1 = - α(ut - un )

 Na relação da curva de Phillips acima, a desinflação — a queda na inflação — só pode


ser obtida ao custo de maior desemprego.

( πt - πt- 1 ) < 0 Þ ( ut - un ) > 0 Þ ut > un

 Um ano-ponto de excesso de desemprego é a diferença entre as taxas de desemprego


atual e natural de um ponto percentual por ano.

 Por exemplo, supondo que a =1, reduzir a inflação em 10% em 5 anos requer 5 anos de
desemprego a 2% acima da taxa natural.

 A taxa de sacrifício é o número de anos-ponto de excesso de desemprego necessários


para conseguir reduzir a inflação em 1%.
 Por exemplo, se α =1, uma taxa de sacrifício de 1,32 significa que uma desinflação de
10% requer 13,2 anos-ponto de excesso de desemprego.

Deduzindo a Trajetória da Expansão Monetária Nominal

 A trajetória da inflação mostra os valores da inflação antes de alcançar os 6%


desejados.
 A trajetória do desemprego mostra o desemprego requerido para obter uma queda na
inflação.
 A trajetória do produto mostra o crescimento de produto necessário para alcançar a
trajetória do desemprego requerida.
 A trajetória da expansão monetária nominal mostra o crescimento necessário para
alcançar a trajetória do produto requerida.
Expectativas, Credibilidade e Contratos Nominais

 Esta seção examina como as mudanças na formação de expectativas podem afetar o


desemprego como custo da desinflação.
 Dois grupos distintos de macroeconomistas desafiam a noção tradicional de que a
política pode mudar o timing, mas não o número de anos-ponto de excesso de
desemprego.
Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas

 A crítica de Lucas afirma que não é realista supor que os fixadores de salário não
considerariam mudanças na política ao formarem suas expectativas.

 Se fosse possível convencer os fixadores de salários de que a inflação seria


menor do que a do ano anterior, eles baixariam suas expectativas de inflação,
o que por sua vez diminuiria a inflação atual, sem necessidade de uma
mudança na taxa de desemprego.

 Thomas Sargent, que trabalhava com Robert Lucas, argumentou que, para
alcançar a desinflação, o aumento no desemprego poderia ser pequeno.

 Segundo ele, o ingrediente essencial da desinflação bem-sucedida era a


credibilidade da política – a convicção de que o banco central de fato estava
comprometido com a redução da inflação. O banco central deveria almejar
uma desinflação.

Rigidez Nominal e Contratos

 Uma visão oposta foi considerada por Stanley Fischer e John Taylor. Eles enfatizavam a
existência de uma rigidez nominal ou o fato de que muitos salários e preços não
costumam ser reajustados quando há mudança na política.
 Para os salários fixados antes da mudança na política, a inflação já estaria embutida
nos acordos salariais existentes.
 Taylor argumentou que o escalonamento das decisões salariais impunha fortes
limitações sobre como uma desinflação rápida poderia ser implementada.
 Para reduzir o custo do desemprego resultante da desinflação, seria necessário dar
tempo aos fixadores de salários para levarem em conta a mudança na política
econômica.
 Uma desinflação com credibilidade poderia ter um custo menor. O banco central
deveria optar por uma desinflação lenta.

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