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HIPERCALCEMIA E HIPOCALCEMIA

HPIM 65

PEDRO RIBEIRO QUEIRÓS


pedroribeiroqueiros@gmail.com

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LEGENDA

a minha aposta

conhecimento muito importante

contraintuitivo | não diria novo na 19ª edição

HPIM …
27
referência a outro capítulo …
não referido no livro


Ex! pergunta de exame frases importantes

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EXAMES

- 2009: 1 perguntas

- 2010: 2 perguntas

- 2011: 0 pergunta CLASSIFICAÇÃO

- 2012: 1 pergunta

- 2013: 0 perguntas

- 2014: 1 perguntas

- 2015: 0 perguntas

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FISIOLOGIA
ESSENCIAL
– ansa de Henle:

– 1 ião Na+ na ansa Henle absorvido com:


– 1 ião K+
– 2 iões Cl-
– desta forma troca é eletricamente neutra

– no entanto, [K+]ic é muito alta


– K+ absorvido é exteriorizado para o
túbulo via canal iónico
– cria-se eletropositividade luminal que
repele cargas positivas
– provoca absorção Ca2+ paracelular

assim, absorção Na+ na ansa de Henle


leva a absorção de Ca2+

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FISIOLOGIA
ESSENCIAL
– ansa de Henle:

Ca2+ sérico
regula absorção de Na+
– Ca2+ sérico interage com recetor (CaSR)
– quando em excesso absorção Na+
– assim, trava também absorção Ca2+

– então duas implicações hipercalcemia:

causa absorção Na+ e


hipercalciúria
– leva a perda de Ca2+ e volume

quebra passo fundamental do – impede concentração adequada da urina


mecanismo contra-corrente – leva a diabetes insipidus nefrogénica

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FISIOLOGIA
ESSENCIAL
– tubulo contornado distal (TCD):

– tiazídicos bloqueiam absorção Na+ TCD:


– assim contribuem para Na+ic

– Ca2+ absorvido do tubulo via canal iónico:


– não está dependente de transportador
– portanto desde que haja gradiente
favorável tem entrada livre na célula

– Ca2+ic é trocado com Na+ec :


– quanto menor Na+ic maior gradiente
para este trocador funcionar
– menor se torna o Ca2+ic
– maior estimulo para absorção Ca2+ tiazídicos Na+ic local
via canal iónico e absorção Ca2+

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INTRODUÇÃO
o ião Ca2+ tem um papel crítico
na função e sinalização celular normais
– sinalização neuromuscular
– regula vários processos fisiológicos – contractilidade cardíaca
– secreção hormonal
– coagulação sanguínea

concentrações de Ca2+ são mantidas


dentro de limites muito estreitos (9-10 mg/dl) (2.2-2.2mM)
– glândulas paratiroides
– rim
– conseguido por mecanismos feedback
– osso
– intestino

estes mecanismos envolvem a


hormona paratiroide (PTH) e vitamina D ativa [1,25(OH)2D]

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INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO
[Ca2+] provoca secreção PTH
pela ausência de estimulação
do CaSR (calcium sensing receptor)

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INTRODUÇÃO
secreção PTH…

reabsorção óssea reabsorção renal


de Ca2+ de Ca2+

produção renal
de 1,25(OH)2D

reabsorção intestinal
de Ca2+

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INTRODUÇÃO
normalizando o Ca2+
estes mecanismos são inibidos

contudo, distúrbios [Ca2+] são relativamente comuns


e frequentemente prenunciam doença subjacente

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback
Ex!
causa mais comum de – surge em distúrbios neoplásicos
primários das paratiroides
hipercalcemia crónica
– adenomas
– hiperplasia
– carcinoma (raramente)

– associados massa paratiroide


– função independente do Ca2+
– inib. feedback pelo Ca2+

secreção PTH por tumores


é extremamente rara
– categorias causas que não sejam das paratiroides
– mais importante (referido no texto) (produção ectópica)

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback
– mutações heterozigóticas
– levam a inativação
– CaSR
– proteína G

– impedem deteção de Ca2+:


– nas paratiroides
– no rim
hipercalcemia hipocalciúrica familiar (FHH)

inativação CaSR renal


absorção Na+ e Ca2+
– categorias causas na ansa de Henle
– mais importante (referido no texto)

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback

– conversão da vitamina D
– 25(OH)D 1,25(OH)2D

– absorção intestinal Ca2+

leva a hipercalcemia com


supressão da PTH

– categorias causas
– mais importante (referido no texto)

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback

secreção PTH por tumores


é extremamente rara
que não sejam das paratiroides
(produção ectópica)

– muitos tumores sólidos produzem


PTHrP (PTH related peptide)
– homologia PTH (primeiros 13 aa)
– rim
– imita efeitos da PTH – osso

Ex!
segunda causa mais leva a hipercalcemia com
comum de hipercalcemia supressão da PTH

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback

– mobilização de Ca2+ ósseo

leva a hipercalcemia com


supressão da PTH

– sobrecarga de Ca2+ exógena

leva a hipercalcemia com


supressão da PTH

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback

todas as causas abordadas levam a hipercalcemia


com supressão PTH exceto produção excessiva PTH
– mobilização de Ca2+ ósseo

leva a hipercalcemia com


supressão da PTH

– sobrecarga de Ca2+ exógena

leva a hipercalcemia com


supressão da PTH

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HIPERCALCEMIA

causa hipercalcemia pode ser classificada com base


nas perturbações dos mecanismos de feedback

Ex!

Ex!

Ex!

Ex!
– alguma importância
– pouco importante

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CLÍNICA
hipercalcemia ligeira (<11-11,5 mg/dl)
é normalmente assintomática
– reconhecida apenas em análises de rotina
– dif. concentração
– podem surgir sintomas neuropsiquiátricos vagos – alterações personalidade
– depressão
– doença ulcerosa péptica
– outros sintomas – nefrolitíase
– risco fraturas

hipercalcemia mais grave (>12-13 mg/dl)


pode resultar em letargia, estupor ou coma
– náusea, anorexia
– também causa sintomas gastrointestinais – obstipação
– pancreatite
– sintomas surgem particularmente se for aguda

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CLÍNICA
– poliúria
– provoca capacidade concentração urina – polidipsia

– bradicardia
– causa alterações electrocardiográficas importantes – bloqueio AV
– QT curto

alterações no Ca2+ sérico


podem ser monitorizadas através do intervalo QT

– dor óssea
– hiperparatiroidismo crónico reabsorção óssea – fraturas patológicas

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DIAGNÓSTICO
causa mais comum de hipercalcemia crónica
é hiperparatiroidismo primário

segunda causa mais comum de hipercalcemia


é neoplasia maligna
– história detalhada pode dar pistas sobre etiologia
– uso medicação
– deve incluir questões sobre – cirurgia pescoço
– sintomas sugestivos sarcoidose/linfoma

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DIAGNÓSTICO
primeiro passo (na hiper ou hipocalcemia) é
confirmar que não se deve a alterações na albumina

cerca de 50% do cálcio no plasma


é ionizado
– restante encontra-se ligado à albumina

– é possível medir diretamente o cálcio ionizado


– no entanto facilmente afetada por método colheita e outros artefactos
Ex!
é normalmente preferível medir o cálcio total
e corrigir para o valor de albumina plasmática
– correção: (0,2mM|0,8mg/dl) Ca total por cada (1g/dl) albumina (do basal 4,1 g/dl)
– vice-versa se albumina

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DIAGNÓSTICO
Ex!

após confirmação hipercalcemia verdadeira


segundo teste mais importante é medição PTH
– utilizando teste para dois locais distintos da hormona intacta

– PTH é frequentemente acompanhado por hipofosfatemia Ex!

– creatinina sérica deve ser determinada para avaliar função renal


– hipercalcemia pode função renal
– clearance renal de PTH pode estar afetado

se PTH, Ca2+ e PO43- diagnóstico é


quase sempre hiperparatiroidismo primário
Ex!
causa mais comum de hipercalcemia crónica
é hiperparatiroidismo primário
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DIAGNÓSTICO
– no entanto FHH também se pode apresentar com PTH e Ca2+

diagnóstico deve ser considerado e excluído porque


paratiroidectomia nesta situação é ineficaz

rácio entre clearance cálcio e creatinina <0.01


é sugestivo de FHH
𝑪𝒂𝟐+ 𝐶𝑟𝑢𝑟𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎
– quociente entre 𝒖𝒓𝒊𝒏á𝒓𝒊𝒐
e
𝑪𝒂𝟐+
𝒔é𝒓𝒊𝒄𝒐 𝐶𝑟𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑎

– particularmente se história familiar de hipercalcemia ligeira assintomática

atualmente sequenciação genética CaSR


é comum para fazer diagnóstico definitivo
– no entanto em algumas famílias FHH não surge por mutações do CaSR
– causada por mutações em proteínas G que medeiam sinal do CaSR

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DIAGNÓSTICO
se PTH e Ca2+ consistente com
causa não mediada pelas paratiroides

mais frequentemente devido a


neoplasia maligna
Ex!

segunda causa mais comum de hipercalcemia


é neoplasia maligna

– neoplasia causadora de hipercalcemia é normalmente evidente


– pode ser necessário dosear PTHrP para estabelecer o diagnóstico

– avaliação clínica e laboratorial normalmente diagnostica restantes causas

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TRATAMENTO
Ex!
hipercalcemia ligeira assintomática
não precisa de tratamento imediato
– atitudes devem ser orientadas pelo diagnóstico subjacente

hipercalcemia significativa sintomática


requer normalmente intervenção terapêutica
– independentemente da etiologia

hipercalcemia conduz invariavelmente


a desidratação
– tratamento inicial: expansão de volume Ex!

– podem ser necessários 4-6L de solução salina nas primeiras 24h


– comorbilidades podem justificar uso de diuréticos de ansa Ex!
– p.e. insuficiência cardiaca – estimula excreção Na+ e Ca2+

– diuréticos só devem ser utilizados após restauração de normovolemia


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TRATAMENTO
mobilização excesso
Ca2+ ósseo 1,25(OH)2D

– bifosfonatos: se mobilização Ca2+ ósseo – hiperparatiroidismo grave


– neoplasia maligna
– zolendronato, pamidronato ou ibandronato

– administrados por via endovenosa


– início de ação em 1-3 dias com normalização Ca2+ em 60-90%
– repetição pode ser necessária se hipercalcemia recidivar
– nitrato de gálio: alternativa aos bifosfonatos
– 200mg/m2 IV diariamente durante 5 dias

– também eficaz mas potencialmente nefrotóxico

– hemodiálise: raramente necessária

– PO43- IV: quela e Ca2+ mas pode ser tóxico


– complexos Ca2+-PO43- podem depositar-se nos tecidos e causar dano
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TRATAMENTO
mobilização excesso
Ca2+ ósseo 1,25(OH)2D

Ex!
– corticóides: terapêutica de escolha na hipercalcemia por 1,25(OH)2D
– hidrocortisona IV (100-300mg/d) ou prednisona (40-60mg/d) por 3-7d

– produção de 1,25(OH)2D

– outros: cetoconazol, cloroquina e hidroxicloroquina


– também produção de 1,25(OH)2D
– usados ocasionalmente

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HIPOCALCEMIA
causas diferenciadas com base no nível de PTH
(hipoparatiroidismo) ou (hiperparatiroidismo secundário)

etiologias mais comuns são


produção PTH ou produção vitamina D
– PTH é principal defesa vs. hipocalcemia

hipocalcemia neste contexto


pode ser grave e fatal

– dano cirúrgico a todas as 4 glândulas

cirurgia é causa mais comum de


hipoparatiroidismo em adultos

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HIPOCALCEMIA
causas diferenciadas com base no nível de PTH
(hipoparatiroidismo) ou (hiperparatiroidismo secundário)

etiologias mais comuns são


produção PTH ou produção vitamina D
– doenças infiltrativas (p.e. sarcoidose)
são causa rara de hipoparatiroidismo

hipoparatiroidismo carac. central


nas endocrinopatias autoimunes

– secreção PTH secundária a:


– hipomagnesemia
– CaSR
– mutações ativadoras
– proteína G
– efeitos opostos à HHF

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HIPOCALCEMIA
causas diferenciadas com base no nível de PTH
(hipoparatiroidismo) ou (hiperparatiroidismo secundário)

etiologias mais comuns são


produção PTH ou produção vitamina D

grau hipocalcemia menos grave


do que no hipoparatiroidismo
– paratiroides compensam por PTH
– queimaduras
– rabdomiólise
– lesão tecidual grave – pancreatite
– lise tumoral
– albumina
– PTH
– hipocalcemia multifatorial – PO 3-
4
– dep. tecidos

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HIPOCALCEMIA
causas diferenciadas com base no nível de PTH
(hipoparatiroidismo) ou (hiperparatiroidismo secundário)

etiologias mais comuns são


produção PTH ou produção vitamina D

Ex! Ex!
Ex!

Ex! Ex!

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CLÍNICA
Ex!

se hipocalcemia for ligeira e crónica


pode ser assintomática

se hipocalcemia for mais grave


pode ter consequências fatais

– moderada a grave: irritabilidade neuromuscular


– dedos
– leva a parestesias – região perioral Ex!

– sinal de Chvostek, embora também surja em 10% pessoas normais Ex!


– espasmo músculos periorais após percussão nervo facial
– sinal de Trousseau (espasmo do carpo)
– insuflação braçal PA até 20mmHg acima da PAS durante 3min

– convulsões
– grave: pode induzir – espasmo carpopedal, broncospasmo, laringoespasmo
– prolongamento QT
Ex!

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DIAGNÓSTICO
– para além de Ca2+ é útil determinar albumina, PO43- e Mg2+
Ex!
tal como na hipercalcemia determinar níveis PTH
é central na avaliação da hipocalcemia

causas diferenciadas com base no nível de PTH


(hipoparatiroidismo) ou (hiperparatiroidismo secundário)

– história permite determinar causa (p.e. agenesia vs. destruição paratiroides)


– deve dirigir atenção para eixo da vitamina D como causa

etiologias mais comuns são


produção PTH ou produção vitamina D
– na avaliação do eixo vitamina D:
– défice nutricional: medição níveis séricos 25(OH)D (reflete reservas)
– DRC/resistência vitamina D: medição níveis séricos 1,25(OH)2D
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TRATAMENTO

aguda crónica crónica


hipoparatiroidismo défice vitamina D

– sintomática: gluconato de cálcio é o tratamento inicial


– 10ml 10% wt/vol (90mg/2.2mmol) em 50ml D50% ou NaCl 9% via IV durante 5min

– infusão contínua se manutenção hipocalcemia


– 10 ampolas gluconato cálcio ou 900mg cálcio em 1L D5% ou NaCL9% durante 24h

– hipomagnesémia deve ser tratada com suplementação magnésio

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TRATAMENTO

aguda crónica crónica


hipoparatiroidismo défice vitamina D

– sintomática: gluconato de cálcio é o tratamento inicial


– 10ml 10% wt/vol (90mg/2.2mmol) em 50ml D50% ou NaCl 9% via IV durante 5min

– infusão contínua se manutenção hipocalcemia


– 10 ampolas gluconato cálcio ou 900mg cálcio em 1L D5% ou NaCL9% durante 24h

– hipomagnesémia deve ser tratada com suplementação magnésio

– tratada com suplementação


– cálcio (1000-1500 mg/d em várias doses)
– vitamina D2 ou D3 (25000-100000 U/d) ou calcitriol (1,25(OH)2D 0.25-2 μg/d)

hipoparatiroidismo não é tratado


com reposição de PTH
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TRATAMENTO

aguda crónica crónica


hipoparatiroidismo défice vitamina D

– melhor forma de tratamento é suplementação com vitamina D

– dose depende da gravidade de défice e da causa:


– nutricional: responde a baixas doses (50000 U 2-3x semana por vários meses)
– malabsorção: requer doses muito maiores (100000 U/d ou mais)

objetivo é trazer cálcio para


valores baixos dentro do limite normal
– assim evita-se hipercalciúria que pode levar a nefrolitíase

portanto tratamento depende da


gravidade, rapidez de instalação e complicações
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CONSIDERAÇÕES
GLOBAIS
– países com menor acesso a cuidados de saúde ou rastreio Ca2+ sérico:
– forma grave hiperparatiroidismo primário surge frequentemente
– osteíte fibrosa cística

nos países desenvolvidos


a forma assintomática é a mais comum

– défice vitamina D paradoxalmente comum em alguns países


– apesar de bastante luz solar
– surge por evicção da exposição e défice nutricional

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NEFROLITÍASE
HPIM 342

PEDRO RIBEIRO QUEIRÓS


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EXAMES

- 2009: 1 pergunta

- 2010: 1 pergunta

- 2011: 1 pergunta CLASSIFICAÇÃO

- 2012: 1 pergunta

- 2013: 1 pergunta

- 2014: 1 pergunta

- 2015: 0 perguntas

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INTRODUÇÃO
a nefrolitíase
é uma doença comum, dolorosa e dispendiosa
– embora cálculo se forme no trato urinário superior…
– …pode migrar para o ureter e causar cólica renal
– doentes com cólica renal referem ser a pior dor que já sofreram

a nefrolitíase
raramente é fatal

especialistas concordam que recorrência da maioria


(quiçá todos) tipos de cálculo pode ser evitada

tratamento preventivo de recorrência é essencial


e pode ser necessário para toda a vida
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INTRODUÇÃO
identificar o tipo de cálculo tem implicações
no prognóstico e na seleção tratamento preventivo

oxalato fosfato
ácido úrico
cálcio cálcio (8%)
o mais (75%) (15%)
comum
Ex! Ex!

estruvite cistina
(1%) (<1%)

– muitos são mistura cristais (p.e. oxalato cálcio + fosfato cálcio)


– também podem ter proteína na matriz

– raramente: compostos por fármacos (p.e. aciclovir, indinavir e triantereno)

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EPIDEMIOLOGIA
– nefrolitíase é uma doença global

dados sugerem que


a prevalência está a aumentar
– provavelmente pela ocidentalização estilo de vida (p.e. alterações dieta, IMC)
– peso risco nefrolitíase (obesidade pode justificar prevalência)

até 19% dos homens e 9% das mulheres


irão desenvolver pelo menos um cálculo na vida

prevalência é 50% menor


em negros comparativamente a brancos
– incidência também varia com idade, sexo e raça
– homens brancos: pico aos 40 anos (3.5/1000, para 2/1000 aos 70 anos)
– mulheres brancas: aos 30 anos 2.5/1000 ( para 1.5/1000 aos 50 anos)

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EPIDEMIOLOGIA
nefrolitíase é mais comum em
homens brancos de meia idade
– existe também variabilidade geográfica (p.e. mais comum no sudeste dos EUA)
– ambiente e ocupação também podem ter impacto importante
– trabalhar ambiente quente ou sem acesso água pode volume urinário
– taxas de recorrência variam com as definições e métodos diagnóstico
– algumas baseadas em sintomas, outras em imagem

mais de metade dos doentes com primeiro episódio


terá recorrência em 10 anos

especialistas concordam que evidência radiográfica


segundo cálculo deve ser considerada recorrência
– mesmo que ainda não tenha causado sintomas

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DISTÚRBIOS MÉDICOS
ASSOCIADOS

a nefrolitíase
é uma doença sistémica
– vários distúrbios predispõem à formação de cálculos renais:

malabsorção hiper
- doença Crohn paratiroidismo obesidade
- bypass gástrico primário

DM ATR
tipo 2 distal

– outros distúrbios têm maior probabilidade estar presentes se nefrolitíase


– hipertensão, gota, colelitíase, densidade mineral óssea e DRC

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DISTÚRBIOS MÉDICOS
ASSOCIADOS

– espongiose medular renal tem frequentemente anomalias metabólicas


– maior probabilidade de cálculos fosfato cálcio – Ca2+ urinário
– citrato urinário
– diagnóstico tornou-se menos frequente
urografia endovenosa é raramente utilizada hoje em dia

no entanto espongiose não altera


avaliação ou tratamento da nefrolitíase

– pesquisa deste diagnóstico em doentes com nefrolitíase não é necessária

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DISTÚRBIOS MÉDICOS
ASSOCIADOS

– nefrolitíase não causa diretamente ITUs superiores

ITU no contexto de cálculo obstrutivo


é uma emergência urológica
– requer intervenção urgente para reestabelecer drenagem imediatamente
– via colocação de stent ureteral ou nefrostomia

cálculos infeciosos não tratados podem ter


consequências devastadoras e levar a DRET

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PATOGÉNESE
– a urina é uma solução complexa: tem vários solutos
– supersaturação: produto concentração excede produto solubilidade
– isto é, há mais soluto que aquele que o solvente consegue dissolver

a urina da maioria dos indivíduos


está supersaturada para um ou mais cristais
– no entanto, presença de inibidores na urina previne cristalização
– impede que a maioria da população forme cálculos continuamente

inibidor clinicamente mais importante


de cálculos de cálcio é o citrato urinário
– supersaturação é um valor calculado e não diretamente medido
– não tem em conta a presença de inibidores
– não prediz perfeitamente a formação de cálculos

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PATOGÉNESE
apesar disso, supersaturação é um guia útil
na avaliação da nefrolitíase
– integra os múltiplos fatores que são medidos numa urina de 24h

– estudos recentes alteraram paradigma do local de génese dos cálculos


– biópsias renais revelam fosfato de cálcio no interstício renal

– este fosfato de cálcio estende-se até à papila renal e através do epitélio


– fornece local para deposição de cristais de fosfato e oxalato de cálcio

maioria cálculos de oxalato cálcio crescem no


fosfato cálcio da ponta da papila (placa de Randall)

processo de formação de cálculos pode iniciar-se


anos antes de clinicamente detetável

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– pacientes que têm nefrolitíase mudam frequentemente a sua dieta


– portanto estudos retrospetivos podem sofrer de viés de memória

– estudou-se relação entre dieta e composição urina via supersaturação


– no entanto composição não prediz perfeitamente risco de litíase
– nem todos componentes que modificam risco são incluídos no cálculo

melhores estudo dieta são prospetivos e que


examinem formação de cálculos de facto
– não apenas a supersaturação urinária

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– fatores associados a risco nefrolitíase:

proteína
sódio oxalato sacarose frutose
animal

– fatores associados a risco nefrolitíase:

alto
cálcio potássio fitatos volume
urinário

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– cálcio: inicialmente suspeitava-se que cálcio dieta risco de nefrolitíase

estudos demonstram que intake cálcio dieta


está relacionado com risco de nefrolitíase
– associa-se a absorção intestinal de oxalato com oxalato urinário

baixo intake de cálcio dieta


está contraindicado
– risco de nefrolitíase Ex!

– pode contribuir para densidade óssea

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– apesar da biodisponibilidade semelhante…

cálcio em suplementos (vs. dieta)


pode risco de nefrolitíase

– discrepância entre tipos de cálcio pode ser devida:


– timing de administração dos suplementos
– maior quantidade total de cálcio consumida com cálcio urinário

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– oxalato: na urina deriva tanto de fontes endógenas como da dieta


– biodisponibilidade baixa/variável: maioria oxalato não absorvido
– no entanto absorção pode estar nos formadores de cálculos

embora oxalato dieta seja fator risco fraco, o oxalato


urinário é fator risco forte para litíase oxalato cálcio

oxalato dieta é principal contribuidor


e é a parte modificável do oxalato urinário
– evicção alto consumo oxalato na dieta deve ser benéfica
– Ca2+ dieta absorção oxalato e oxalato urinário

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

risco de nefrolitíase aumenta


conforme volume de urina diminui
– baixo volume urina é fator de risco comum e facilmente modificável
– quando volume urina é <1L o risco >2x
– consumo de fluidos é principal determinante do volume urina
Ex!

consumo fluidos elevado volume urina


e formação/recorrência cálculos
– café, chá, cerveja e vinho: associados a risco nefrolitíase
– bebidas gaseificadas açucaradas: podem risco nefrolitíase

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– proteína animal: excreção urinária cálcio e ácido úrico e de citrato


– todos fatores que contribuem para risco nefrolitíase

– sódio e sacarose: excreção urinária cálcio


– independentemente do consumo de cálcio

– suplementos vitamina C: risco cálculos de oxalato de cálcio


– provavelmente por oxalato urinário
– doentes com litíase oxalato cálcio devem evitar suplementos vit. C

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– potássio: excreção urinária cálcio


– muitos alimentos ricos K+ citrato urinário (têm alto conteúdo básico)

– magnésio e fitato: inconsistentemente associados a risco nefrolitíase

– vitamina B6: altas doses benéfica em alguns hiperoxalúria primária tipo 1


– benefício suplementação noutros pacientes é incerto

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

Ca2+ urinário probabilidade de cálculos


oxalato de cálcio e fosfato de cálcio
– termo “hipercalciúria” usado frequentemente mas não existe cutoff aceite
– de facto uso de limite arbitrário deve ser evitado…

relação entre cálcio urinário e risco de litíase


parece ser contínua
– Ca2+ urinário está se história de nefrolitíase (mecanismos mal compreendidos)

– absorção GI Ca2+ e turnover ósseo são contribuidores importantes


– perda renal primária de Ca2+ é rara ( Ca2+ sérico, PTH, N vitamina D)

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– oxalato: oxalato urinário risco cálculos oxalato cálcio


– tal como Ca2+ não existe cutoff aceite nem separação tem interesse

relação entre oxalato urinário e risco de litíase


é contínua
Ex!
– citrato: na urina é inibidor natural cálculos cálcio ( citrato litíase Ca2+)
– reabsorção citrato é influenciada pelo pH das cél. tubulares proximais
– acidose metabólica citrato urinário pois reabsorção citrato
– proporção notável doentes: citrato urinário razões desconhecidas

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– pH: altera a solubilidade de alguns cristais


– cistina: solubilidade quando pH urina
Ex!

cálculos de ácido úrico


apenas quando pH é consistentemente ≤5.5
– fosfato de cálcio: probabilidade litíase quando pH urina ≥6.5
Ex!

cálculos de oxalato de cálcio


não são influenciados pelo pH urinário
a𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑢𝑟𝑖𝑐𝑜 = 𝐻+ + 𝑢𝑟𝑎𝑡𝑜−
𝑎𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑜𝑠𝑓𝑜𝑟𝑖𝑐𝑜 = 𝐻 + + 𝑓𝑜𝑠𝑓𝑎𝑡𝑜 −

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

níveis ácido úrico urinário são fator de risco


para formação cálculos apenas de ácido úrico
– não parecem estar associados a risco cálculos oxalato de cálcio

– níveis surgem em doentes com – consumo purinas excessivo


– produção ác. úrico (doença genética rara)

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

risco nefrolitíase mais de 2x


quando há história familiar de formação de cálculos
– predisposição genética
– provavelmente por combinação – exposição ambiental semelhante
– contribuidores genéticos neste contexto por determinar

– monogénicas: mais comuns são hiperoxalúria primária e cistinúria

– hiperoxalúria primária: doença autossómica recessiva Ex!

– distúrbio causa geração hepática de oxalato


– leva a nefrolitíase oxalato cálcio e deposição cristais noutros órgãos
– deposição parênquima renal pode leva a DRET

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FATORES RISCO
não
dietéticos urinários genéticos
dietéticos

– cistinúria: doença autossómica recessiva


– distúrbio causa reabsorção anormal de aminoácidos dibásicos
– excreção urinária excessiva cistina (pouco solúvel) leva a litíase
– múltiplos bilaterais
– cálculos são visíveis em raio-x e frequentemente – coraliformes

– episódios obstrução e instrumentação repetidos podem causar DRC

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ABORDAGEM
– não existem verdadeiras guidelines para avaliação e tratamento nefrolitíase
– agudas
– existem abordagens standardizadas para apresentações – crónicas

– crescimento cálculo até clinicamente detetável: semanas ou meses


– frequentemente até muito mais

embora passagem cálculo seja evento dramático


formação/crescimento são clinicamente silenciosos
– cálculo pode ser assintomático até sinais ou sintomas após décadas
– hematúria – dor

início dos sintomas (passagem cálculo)


não dá informação sobre contexto formação cálculo
– fatores precipitantes do movimento cálculo são desconhecidos

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ABORDAGEM AGUDA
CLÍNICA

duas apresentações agudas comuns:


cólica renal e hematúria macroscópica indolor
– cólica renal: termo impróprio porque dor não desaparece completamente
– o que acontece de facto é uma variação de intensidade

– quando cálculo chega ao ureter surge frequentemente dor unilateral flanco


– intensidade da dor pode rapidamente e não existem fatores alívio
– frequentemente acompanhada por náuseas e ocasionalmente vómitos

– dor pode irradiar dependendo da localização do cálculo


– ureter superior: pode irradiar anteriormente
– ureter inferior: pode irradiar para testículo/lábio vaginal ipsilateral

– hematúria macroscópica indolor: surge mais ocasionalmente

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ABORDAGEM AGUDA
CLÍNICA
– diagnóstico diferencial: confusão pela localização cálculo na cólica aguda
– junção ureteropélvica direita: colecistite aguda
– ureter direito na passagem pela cintura pélvica: apendicite aguda
– ureter esquerdo na pasasgem pela cintura pélvica: diverticulite aguda

– se cálculo na junção ureterovesical: urgência e frequência urinária


– nas mulheres podem levar a diagnóstico errado de cistite bacteriana
– urina terá eritrócitos e leucócitos mas urocultura será negativa
– no entanto obstrução com infeção proximal pode dar pielonefrite aguda

– situações extraluminais podem também comprimir e obstruir o ureter


– pelo caracter progressivo não causam tipicamente cólica renal

– dor musculoesquelética – dist. ginecológicos


– outros diagnósticos – herpes zoster – estenose ureteral
– úlcera duodenal – coágulo
diferenciais – aneurisma aorta abdominal – obstrução – descolamento
papila

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ABORDAGEM AGUDA
DIAGNÓSTICO
– analítico: bioquímica tipicamente normal mas pode surgir leucocitose

– sedimento: revela eritrócitos e leucócitos e ocasionalmente cristais


– ausência hematúria não exclui litíase (particularmente se obstrução fluxo urinário)

– diagnóstico frequentemente feito com história, exame físico e sedimento


– pode não ser necessário confirmação radiográfica para tratar

diagnóstico é confirmado
por imagem apropriada que, de preferência, é TC

– vantagens: muito sensível, visualiza cálculos ác. úrico e evita contraste


– tipica/ considerados “radiolucentes”
– deteta cálculos até 1mm (ao contrário de outros métodos)
– pode ser visível cálculo ou evidência passagem recente
– p.e. hidronefrose ou fat stranding

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ABORDAGEM AGUDA
DIAGNÓSTICO

radiografia abdominal pode não detetar cálculo


mesmo que seja radiopaco
– além disso não fornece informações quanto à obstrução (p.e. hidronefrose)

– ecografia: evita radiação e dá informação sobre hidronefrose (ou seja obstrução)


– menos sensível que TC: apenas vê rim e possivelmente ureter proximal

maioria dos cálculos ureterais


não são detetáveis por ecografia

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ABORDAGEM AGUDA
DIAGNÓSTICO

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ABORDAGEM AGUDA
TRATAMENTO

AINEs parentéricos são tão eficazes


como opióides no alívio de sintomas
– têm também menos efeitos adversos

– bloqueador alfa: pode acelerar passagem espontânea cálculo

– administração excessiva de fluidos não é benéfica


– objetivo é manter a euvolemia

– se dor for controlada e se tolerar hidratação oral internamento é evitável

– intervenção urológica deve ser evitada a não ser que:

baixa prob.
evidência dor passagem - cálculo >6mm
- anomalia anatómica
ITU intratável espontânea

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ABORDAGEM AGUDA
TRATAMENTO
– escolha intervenção: cálculo, anatomia, experiência urologista
– local, composição e tamanho
– atualmente cirurgia aberta praticamente eliminada

– litotripsia extracorporal: abordagem menos invasiva


– utiliza ondas de choque extracorporais para fragmentar cálculo

– via endourológica: remove cálculo por cesto ou fragmenta com laser

– stent ureteral: pode ser colocado por via cistoscópica


– no entanto procedimento requer habitualmente anestesia geral
– é desconfortável, pode causar hematúria macroscópica e risco ITU

– nefrolitotomia percutânea: melhor para cálculos grandes e superiores


– maior probabilidade de sucesso nestes casos

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ABORDAGEM CRÓNICA
AVALIAÇÃO
– avaliação cuidadosa é indicada para identificar fatores risco modificáveis
– importante proceder a avaliação logo após primeiro episódio pois…

recorrências são comuns (>50% a 10 anos)


e normalmente evitáveis
– com recurso a modificações do estilo de vida e outros tratamentos

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ABORDAGEM CRÓNICA
HISTÓRIA & EX. FÍSICO

– história: deve incluir nº/frequência episódios e atitudes prévias


– avaliações e exames imagem
– também: ITUs, cirurgia bariátrica, gota, HTA e DM – intervenções e tratamentos

– história familiar pode revelar predisposição genética


– importante lista de medicação e suplementos em consumo
– tentar identificar débito urinário, frequência micções e malabsorção
– hábitos dieta importantes: consumo cálcio, oxalato e fluidos
– espinafre
– ruibarbo
– batata

– exame físico: peso, PA, dor ângulo costovertebral, edema memb. inferiores
– hiperparatiroidismo primário
– procurar sinais doenças sistémicas – gota

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ABORDAGEM CRÓNICA
ANALÍTICO
– análises: deve-se medir sempre eletrólitos, creatinina, cálcio e ác. úrico
– para detetar hipocalémia ou acidose tubular renal

– PTH deve ser medida se cálcio sérico e urinário


– frequentemente 25(OH)D é medida em conjunto com PTH
– investigar PTH secundário a vitamina D

– sedimento: eritrócitos/leucócitos frequentes na litíase residual assintomática


– cristais ajudam identificar tipo cálculo dão informação prognóstica

cristalúria é fator de risco forte


para nova formação de cálculos

– urocultura: se houver possibilidade de ITU

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ABORDAGEM CRÓNICA
ANALÍTICO

resultados da urina 24h são o pilar


em que recomendações terapêuticas são baseadas
– alterações estilo vida proteladas até colheita urina estar concluída
– devem colher duas amostras com hábitos normais dieta e fluidos
– medições: volume, Ca2+, oxalato, citrato, ác. úrico, Na+, K+, pH, creatinina, supersaturação
– existe variação substancial dia-a-dia na excreção 24h de vários fatores
– importante duas amostras antes de modificações/tratamento longo prazo
– colheita normalmente feita ao fim-de-semana em casa do paciente
– hábitos podem variar durante semana ou trabalho (benéfica ou deleteriamente)
– esta variação deve ser tida em conta na análise resultados

– testes especializados (p.e. restrição/excesso consumo Ca2+) não são recomendados


– não influenciam recomendações clínicas (são baseadas no dia-a-dia)

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ABORDAGEM CRÓNICA
ANALÍTICO

urina 24h não permite determinar com certeza


o tipo de cálculo
Ex!
assim análise composição cálculo é essencial
se houver cálculo/fragmento disponíveis
– pacientes devem ser encorajados a recolher cálculos que passaram

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ABORDAGEM CRÓNICA
IMAGEM

gold standard do diagnóstico


é o TC sem contraste
– deve ser realizado imediatamente para definir carga basal de cálculos

– estudo imagem não-TC pode não detetar cálculo residual pós-episódio


– se cálculo passar pode ser confundido com litíase de novo
– tratamento preventivo pode ser alterado sem motivo (cálculo era pré-existente)

– recomendações para imagem follow-up devem ser individuais


– embora TC seja melhor radiação é substancialmente maior (vs. outros)
– TC só deve ser repetido se for para alterar recomendações clínicas
– embora menos sensíveis e com limitações…

ecografia ou radiografia simples


são utilizadas no follow-up para radiação

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PREVENÇÃO
GERAL

– após exclusão causas secundárias remediáveis: alterar composição urina


– p.e. hiperparatiroidismo primário

constituintes urinários são variáveis contínuas


e risco associado é também contínuo
– não existem limites definitivos
– dicotomização normal/anormal é enganadora e deve ser evitada

urina consistentemente diluída


risco de cristalização
– volume urinário diário deve ser pelo menos 2L

– consumo diário total necessário ≠ entre pessoas (perdas insensíveis, fluidos comida)
– mais útil informar quanto mais devem beber vs. consumo total ideal
– com base na urina 24h
– p.e. se volume urina diário 1.5L então deve beber mais 0.5L/d

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– excreção urinária cálcio tende a absorção cálcio ingerido


– no entanto restrição dietética de cálcio não é recomendada
– tiazídicos: conseguem substancialmente excreção Ca2+ na urina
– administrados em doses superiores às utilizadas para HTA
Ex!
vários estudos demonstram que tiazídicos
recorrência cálculos oxalato cálcio em ~50%
– restrição Na+ dieta é essencial para se obter excreção Ca2+

– bifosfonatos: excreção Ca2+ urinário em alguns doentes


– não existem dados que demonstrem formação cálculos
– não podem ser recomendados para este efeito

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– endógeno: evitar suplementos vitC é única atitude produção oxalato

– exógeno: todo oxalato absorvido é excretado na urina (é produto final metabolismo)


– existem duas abordagens para oxalato absorvido da dieta:

– primeiro: evitar alimentos com alto conteúdo oxalato (espinafre, ruibarbo, batata)

restrição extrema não demonstrou recorrência


e pode até ser deletéria para saúde
– pela perda benefícios de alimentos supostamente “ricos” em oxalato
– controvérsia sobre qual melhor método para saber o oxalato alimentos

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– segundo: aconselhar consumo adequado de cálcio


– absorção de oxalato é se consumo cálcio
– absorção oxalato pode ser influenciada pelo microbioma
– depende da presença de bactérias metabolizadoras de oxalato
– não existe tratamento que altere microbioma de forma benéfica

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– inibidor natural de cálculos oxalato e fosfato de cálcio

– consumo alimentos ricos em bases pode citrato urinário


– p.e. frutas e vegetais

– se dieta não for suficiente: suplementação com bases citrato urinário


– tipicamente citrato de K+, evitando sais de Na+ (p.e. NaHCO3)
– embora citrato na mesma o Na+ excreção cálcio

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– não existe associação entre ác. úrico urinário e cálculos oxalato cálcio

alopurinol recorrência cálculos oxalato cálcio


em doentes com ác. úrico urinário
– falta associação sugere mecanismo diferente para benefício alopurinol

– restrição proteína animal não-láctea é razoável


– pode levar a citrato e cálcio urinário

– redução de consumo Na+ (<2.5g/d) pode excreção cálcio urinária Ex!

– consumo sacarose e frutose deve ser minimizado

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PREVENÇÃO
OXALATO CÁLCIO

fatores cálcio oxalato citrato


outros
risco: alto alto baixo

– dieta DASH: mais fácil que manipular nutrientes individualmente


– Dietary Approaches to Stop Hypertension
– fornece uma opção apropriada e facilmente disponível

estudos demonstram relação inversa forte e


consistente entre DASH e risco de cálculos

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PREVENÇÃO
FOSFATO CÁLCIO

cálcio fosfato citrato pH


fatores
risco: alto alto baixo alto
(tipicamente ≥6.5)

– cálculos fosfato cálcio partilham alguns fatores risco com oxalato cálcio
– cálcio e citrato urinários
– no entanto existem fatores de risco adicionais, como fosfato e pH
– hiperparatiroidismo primário
– cálculos fosfato cálcio mais comuns
– acidose tubular renal distal

– relembrar:

pH urina ≥6.5
risco de cálculos fosfato cálcio

pH urina não influencia


risco de cálculos oxalato cálcio

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PREVENÇÃO
FOSFATO CÁLCIO

cálcio fosfato citrato pH


fatores
risco: alto alto baixo alto
(tipicamente ≥6.5)

– não existem estudos para basear recomendações (ao contrário oxalato cálcio)
– intervenções consistem em modificar fatores de risco conhecidos

– tiazídicos: podem excreção Ca2+ (associados restrição Na+)

– suplementos básicos: podem citrato urinário

no entanto nestes pacientes


pH urina deve ser monitorizado
– podem alcalinizar a urina e risco cálculos fosfato cálcio

– fosfato dieta pode ajudar a fosfato urinário

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PREVENÇÃO
ÁCIDO ÚRICO

pH ác. úrico
fatores
risco: baixo alto
consist. ≤5.5

– principal influência na solubilidade ác. úrico é o pH


Ex!

pilar da prevenção de cálculos ác. úrico


consiste no pH urinário para 6-7

– dieta: alimentos básicos e alimentos que geram ácido


– fruta e vegetais – carne animal
– suplementação: se necessário sais de citrato (preferência K+) ou HCO3-

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PREVENÇÃO
ÁCIDO ÚRICO

pH ác. úrico
fatores
risco: baixo alto
consist. ≤5.5

– ác. úrico: excreção é determinada pela produção (metabolito final purinas)

redução consumo alimentos com purinas


excreção urinária de ácido úrico

ác. úrico sérico depende da excreção fracional (EF)


e não dá informação sobre excreção
– produção alta e EF alta excreção total alta mas ác. úrico sérico N/

– inibidores oxídase xantinas: alopurinol ou febuxostat excreção 40-50%


– se alcalinização e dieta para ác. úrico não forem suficientes

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PREVENÇÃO
CISTINA

– excreção cistina não é facilmente modificável


– restrição cistina dieta a longo prazo não é exequível
– moléculas ligam cistina
– objetivo: solubilidade cistina – alcalinizando urina

– ligandos cistina: tiopronina e penicilamina

tiopronina é o agente de escolha


pelo melhor perfil reações adversas

– alcalinizar urina: agente de escolha é citrato potássio


– sais de sódio podem excreção cistina

– manter débito urinário é componente essencial da prevenção litíase


– especialmente nos doentes com cistinúria

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PREVENÇÃO
ESTRUVITE = cálculo infeção ou triplo fosfato

formam-se apenas quando trato urinário superior


está infetado com bactérias produtoras urease
– bactérias: Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae e Providencia spp. Ex!

– urease hidroliza a ureia: pH para níveis suprafisiológicos (>8)


– cálculos crescem rápido e preenchem pelve renal (cálc. coraliformes)

cálculos requerem remoção completa


por um urologista

– formação novos cálculos evitada via prevenção de ITUs superiores

– ITUs recorrentes: inibidor urease ácido acetohidroxâmico pode utilizar-se


– drenagem urinária alterada cirurgicamente ou lesão medula espinhal

– precaução com efeitos laterais

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SEGUIMENTO
LONGO PRAZO
– medidas preventivas não curam processo patofisiológico subjacente
– medidas são para toda a vida e devem ser ajustadas ao paciente
– seguimento longo prazo importante para assegurar aplicação medidas

– imagens de seguimento devem ser planeadas cuidadosamente


– doentes cólica recorrente vão ao SU e fazem TCs repetidos
– embora TC dê melhor informação radiação é substancialmente maior

minimizar exposição a radiação


deve ser um objetivo no seguimento longo prazo
– deve ser equilibrada com ganhos de informação diagnóstica

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