João Pessoa
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
1) DESCRIÇÃO DA ESCOLA
A Escola Cidadã Integral Técnica de João Pessoa Pastor João Pereira Gomes Filho
(ECIT-JP), além de referência é também modelo de instituição de ensino para outras ECIT’s
do Estado da Paraíba. O nome dessa escola faz referência ao “Pastor João Pereira Gomes
Filh” que faleceu precocemente aos 49 anos de idade vítima de infarto. Ele exerceu uma
militância junto à juventude no combate às drogas, tanto no campo religioso na Igreja Batista
de João Pessoa, como também no seu cargo público, exercendo a função de gestor do
Programa Estadual de Políticas Sobre Drogas da Paraíba.
Portanto, o nome dessa instituição de ensino faz homenagem a esse ilustre cidadão,
realizada pelo o então governador da Paraíba Ricardo Coutinho. Vale ressaltar que existem
outras ECIT’s no Estado da Paraíba, sendo outras duas na cidade de Bayeux (ECIT Erenice
Cavalcanti Fideles) e em Mamanguape (ECIT João da Matta Cavalcanti de Albuquerque) vale
destacar que as ECIT’s em cada cidade homenageiam uma personalidade pública importante
da cidade.
No entanto, essas não são as únicas três escolas técnicas existentes na Paraíba, sendo
ao total um número de 26 escolas denominadas Escolas Cidadãs Integrais Técnicas estaduais
da Paraíba (ECIT) sendo essas três descritas, como pertencente a um novo padrão
arquitetônico, as demais são escolas de ensino médio regular que absorveram o molde integral
de educação e não necessariamente os cursos técnicos.
Em 2016, ano de inauguração da ECIT-JP utilizou prova de seleção como forma de
ingresso, já no ano de 2017 usou como critério a apresentação de nota do histórico escolar.
A escola, visitada para realizar o presente trabalho, como já foi citada anteriormente,
está localizada na Rua Hilton Solto Maior, S/N no bairro de Mangabeira VII na cidade de
João Pessoa. A área de entorno é em quase toda totalidade formada por prédios públicos,
outras escolas da rede privada e o comércio, assim como aproximação com o Shopping
Mangabeira.
A escola possui um duplo padrão de ensino, é, concomitantemente, ensino regular e
ensino técnico; para a área técnica conta com dois cursos à saber: Vendas e Cozinha. Posto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
isso, inferi que os cursos, supracitados, provavelmente foram escolhidos como necessários
para o desenvolvimento das potencialidades turísticas daquela localidade, uma vez que
também se situa nas proximidades do conjunto Quadramares que é região litorânea, bastante
valorizada com a presença de estabelecimentos turísticos, tais como o “Centro de
Convenções” e a “Estação Ciência”, assim como uma cadeia hoteleira bem diversificada.
A escola consta de 15 docentes e 14 profissionais de apoio; além de oito turmas,
quatro de cada curso que também é médio regular em que as atividades se distribuem ao
longo do dia de forma intercalada pela sua postura de ensino integral; por sala de aula existe
uma média de 40 estudantes.
A escola possui diversos espaços: 12 salas de aula, diretoria, secretaria, coordenação,
ambiente dos professores, auditório, ginásio poliesportivo, cozinha, biblioteca, laboratório (de
matemática, robótica, biologia, química, idiomas e informática), banheiros, refeitório, sala de
grêmio estudantil, anfiteatro, estacionamento e pátio.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Introdução
Constata-se que Durkheim, Marx e Weber, por diferentes enfoques, abordam a violência
como importante mecanismo instrumental e contendo uma eficácia simbólica, mas não sendo
campo de análise direto por estes pesquisadores.
A percepção da violência como um acontecimento exterior que perturba a ordem
social parece fortalecer o dualismo no debate nas ciências sociais no qual aparecem
polarizações opostas tais como: ordem/desordem, normalidade/desvio, centro/periferia,
sujeito/vítima. Neste sentido, privilegia-se, nos estudos da violência a sua incursão enquanto
fenômeno social isolado, casual, no qual o “outro” é percebido como uma ameaça ao
consenso e a unidade social. E a violência praticada por este sujeito pode provoca um temor
da desintegração que poderá por colocá-lo nas margens da sociedade? A instituição de ensino
juntamente com os pais e comunidade podem fazer a diferença e contorna esses tipos de
situação vivenciados no ambiente escolar?
PROBLEMA
JUSTIFICATIVA
dificuldades destes alunos em frequentar normalmente o curso , davá-se, entre outros coisas,
por um medo quase que instintivo das violências reinantes no entorno da Escola.
Enfim, para compreender e equacionar esta problemática tão atual, nada melhor que
analisá-la no contexto de um projeto de pesquisa científico.
Hipóteses de Trabalho
H.1 ) A violência física e/ou verbal entre alunos e professores é demarcada pela reprovação e
notas baixas existente na sala de aula;
H.2) A violência na sala de aula nada tem haver com questões metodológicas e pedagógicas,
estando ligada às desigualdades sociais reinante na sociedade;
H.3) O agir ético por parte do professor anula ou coíbe a violência na sala de aula, seja ela
física ou simbolíca.
Objetivo Geral
Objetivo específico
-Refletir sobre a relação entre Instituição, Professor (a) e Aluno (a) e suas possíveis
implicações quanto ao fator violência escolar no ECIT-JP.
METODOLOGIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
REFERENCIAL TEÓRICO
da escola, mas construída juntamente com o corpo docente, colaboradores e alunos. Nesta
escola há um grêmio organizado possuindo representantes de cada turma e um suplente, como
também, os professores participam como conciliadores. A escola defende um discurso
democrático que prioriza o debate e o diálogo como formas de manter a unidade e a interação
entre os alunos.
Outro exemplo trazido por este estudo é uma escola de São Paulo localizada em um
bairro operário que era chamada de “o circo dos horrores” até a chagada de um diretor que
trabalhou usando uma filosofia de equipe, respeitando as regras estabelecidas pela escola e
“valorizando os alunos, resgatando a auto estima por meio do estímulo ao diálogo. Incluiu na
sua prática a conservação da estrutura física, fez-se mais presente. Hoje, a escola é uma das
mais procuradas do bairro e tida como modelo.” (ABRAMOVAY & RUA, 2008)
Com esses exemplos, podemos refletir sobre a situação de cada escola como um
estado, um momento, uma realidade que pode ser modificada com práticas que objetivam
valorizar o espaço, mudar o perfil da escola em relação à violência, construindo valores que
não tolerem a falta de respeito às regras postas, democratizando o ambiente escolar e, muito
importante, a conservação da estrutura física que é um convite à ocupação deste espaço por
todos de forma prazerosa. A estrutura inadequada também é uma forma de violência
simbólica (BOURDIEU, 2004). Classes abarrotadas de alunos, sem ventilação e luz precária,
tetos na iminência de desabar, “sala medindo seis por seis com 40 alunos dispostos em
carteiras de grupo de quatro alunos, temperatura sufocante” (MATTOS & COELHO, 2011)
representa um estrato de violência institucional que pode ser mudada a partir de um olhar
administrativo e pedagógico dos responsáveis pela escola.
A escola ECIT-JP possui uma estrutura nova, com salas com ar condicionado e bem
cuidada.Está situada entre os bairros de mangabeira e bancários e em sua maioria os
estudantes são oriundos do bairro de mangabeira, considerado como um bairro popular e de
violência média. Segundo a coordenadora pedagógica, uma parte dos alunos são filhos de
professores e poderiam frequentar uma escola particular, porém essa escola tem atrativo para
esses alunos, levando em conta que em João Pessoa a maioria das escolas públicas são de
baixa qualidade e mal cuidadas.
Contudo, uma boa estrutura da escola não basta como prevenção à violência, pois
existe a necessidade de medidas pedagógicas e para isso é necessário, como afirma
Abramovay e Rua, “realizar diagnósticos e pesquisas para conhecer o fenômeno em sua
concretude, legitimação pelo atores/sujeitos envolvidos e fazer um monitoramento
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
permanente das ações nas escolas” (ABRAMOVAY e RUA, 2002). A legitimação pelos
atores e sujeitos pressupõe uma participação da comunidade escolar de forma permanente. O
problema da violência na escola não é apenas da escola. Ela vai além dos seus muros e atinge
toda a comunidade que necessita dela como ponte, suporte para o combate às desigualdades,
as exclusões sociais e a construção do respeito aos direitos de cidadania, que serão
transmitidos aos alunos, parte desta comunidade, por profissionais com conhecimento
pedagógico – uma vez comprometidos com a escola - que levarão essa instituição ao patamar
de modelo e exemplo de espaço democrático e propício ao conhecimento.
Não se pode ter dúvidas que a escola tem capacidade de se tornar um local
privilegiado de combate à violência, onde o diálogo e o debate precisam de incentivo do
corpo docente e da administração. Em uma visita a escola ECIT-JP, descobrimos que os
alunos aproveitam um horário vago após a refeição do meio dia para se reunirem e
conversarem sobre algo que lhes interessa. Com isso, surgiram vários grupos que eles
chamam de “Clubes”, onde elegem um representante e duas vezes por semana se reúnem para
discutir um tema proposto.
Segundo a coordenadora pedagógica, existem cerca de 15 clubes sobre diversos temas
como: dança, literatura, ação social, atletismo, ecumenismo, circo e um que me chamou
atenção que é o clube “Grito à resistência” que tem como representante a aluna do terceiro
ano Elisa Celi. Ao conversar com a Elisa ela nos informou que o grupo tem um plano de ação
bem definido e que a proposta é refletir sobre a realidade do nosso país de forma crítica. O
plano de ação deste grupo tem a seguinte configuração:
Nome do Clube: Grito à resistência;
Missão: direcionar, ensinar e debater, ajudando os jovens alunos a criarem seu pensamento
crítico e ideológico, despertando seu posicionamento sobre os assuntos debatidos;
Objetivos: Criar o pensamento crítico, abrir a conscientização e posicionamento ideológico;
Valores: Responsabilidade ética, conscientização, diálogo e construção de pensamento;
Estratégias: Palestras, dinâmicas, mesa redonda e tudo o que possa ser utilizado para passar
melhor a mensagem;
Prioridades: Tirar todas as dúvidas e conscientização;
Resultados esperados: Posicionamento, empoderamento e desenvoltura de raciocínio, tendo
domínio na hora de argumentar seu ponto de vista.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
vise entender, diagnosticar e buscar soluções para conter as várias formas de violência nas
escolas.
REFRÊNCIAS