Você está na página 1de 16

Fisio endo

André P. Lourenço, J. Soares Fortunato

Introdutione
Etimologicamente, “endocrinologia” (“endo” + “crinos” + “logos”) é o estudo das
secreções internas.

Um conceito fundamental da fisiologia é o de homeostase; o sistema endócrino é o


principal implicado na manutenção da constância do meio interno, do ser e da espécie,
face às variações e ameaças ambientais. Caracteriza-se pelo seu dinamismo, precisão e
adaptabilidade.

Classicamente, a função endócrina correspondia à acção de substâncias (hormonas)


produzidas por determinada célula que, após travessia na circulação sanguínea, exerce
acção reguladora em outras células. Sabe-se, hoje, que sistemas altamente complexos,
redes hormonais, regulam o crescimento, metabolismo corporal, reprodução,
comportamento, etc. O desenvolvimento de métodos de investigação e a expansão de
conhecimentos, alargaram o âmbito da endocrinologia, a ponto de terem tornado muito
difícil defini-la como disciplina e imprecisa a sua separação em relação a outras áreas.
A regulação hormonal da função celular faz apenas parte de um amplo espectro de
comunicações químicas, que é do foro da neurobiologia, biologia celular e imunologia.
Os processos celulares e moleculares, associados a toda a fisiologia hormonal, não são
distintos dos processos parácrinos e autócrinos, imunomoduladores, neurotransmissores,
factores de crescimento, etc. É hoje sobejamente conhecido que o sistema endócrino
interactua com o sistema nervoso, imunitário e outros reguladores funcionais

Não obstante, um conceito mantém-se intocável: o papel do sistema endócrino é


coordenar e integrar a actividade celular no organismo, regulando as funções celulares,
e dos orgãos, à distância. De facto, cada vez mais é realçada a importância e a
abrangência deste sistema em toda a função corporal.

A partir do estudo dos receptores hormonais, essenciais para que a hormona possa
produzir as suas acções em células alvo, chegou-se à conclusão que as hormonas actuam
num leque muito mais diversificado de células do que aquele que inicialmente era
suposto, e que praticamente todos os tecidos corporais participam em funções
endócrinas (pleiotropia).

Interacção com o Sistema Nervoso:


Há similitudes funcionais entre os sistemas nervoso e endócrino, sistemas que veiculam
informações (sinais), que associam estímulos e respostas, de modo a regular o
funcionamento fisiológico, conseguindo a cooperação de células, tecidos e órgãos num
todo.

Como vimos, com o aprofundar do conhecimento fisiológico, tornou-se óbvia a


sobreposição entre os dois sistemas. Hoje, a separação entre hormonas e
neurotransmissores não é mais que um hábito enraizado, sem qualquer justificação
biológica; as células endócrinas e os neurónios são capazes de segregar para a corrente
sanguínea, umas e outras geram potenciais eléctricos e podem despolarizar-se; as
substâncias envolvidas num sistema, neuronal ou endócrino, têm vindo a ser
identificadas igualmente no outro e há mesmo genes que podem transcrever tanto
neurotransmissores peptídicos como hormonas.

Os sistemas nervoso e endócrino actuam em conjunto e em estreita colaboração nas


mais variadas situações fisiológicas.

O espectro da sinalização hormonal está hoje subdividido em grupos:

 neurócrina – transporte de mensageiro biológico (neurohormona) ao longo de


um axónio, secreção para a circulação sanguínea, e acção à distância.

 endócrina – secreção de mensageiro biológico (hormona), a partir de uma


célula endócrina, para a circulação.

 Parácrina – transmissão de mensageiro biológico de uma célula para um tipo


celular diferente, mas vizinho, por difusão no fluído intercelular.

 Autócrina – semelhante ao anterior, mas actuando na mesma célula, ou em


tipos celulares idênticos.

A mesma substância pode actuar como neurotransmissor, hormona, neurohormona e


hormona autócrina ou parácrina.

Tipos de Hormonas:
Vulgarmente, faz-se uma divisão em três grandes grupos químicos:

 Aminas – foram as primeiras descobertas, têm origem na tirosina; são, por


exemplo, as hormonas tiroideias (anel benzénico iodado) e as catecolaminas
(hidroxilação do anel).

 Hormonas proteicas e peptídicas.

 Esteróides – como, por exemplo, os corticóides suprarrenais e as hormonas


sexuais, cujo precursor comum é o colesterol.

Síntese Hormonal:
As hormonas peptídicas têm síntese idêntica à de qualquer proteína.

O ARNm é transcrito a partir do gene da hormona e codifica uma sequência específica


de aminoácidos. Como regra geral, um gene único determina a síntese de uma só
hormona, mas pode haver múltiplos genes codificando a mesma sequência, ou variantes
idênticas, e um gene único pode originar vários ARNm, por splicing alternativo.
A tradução do ARNm inicia-se por um peptídeo de sinalização, no terminal N, que se
fixa a receptores no retículo endoplasmático, através de proteínas de ancoragem; após
esta fixação, a tradução completa-se, formando-se toda a sequência peptídica
codificada, que recebe a designação de pré-pro-hormona. O peptídeo de sinalização
terminal é clivado, formando-se uma pro-hormona. Esta é deslocada para as cisternas
que fazem a transição do retículo endoplasmático para o aparelho de Golgi.

A pro-hormona contém a sequência aminoacídica da hormona e outras sequências


peptídicas, que podem ter várias funções: auxiliar a criação da estrutura terciária,
orientar a molécula para localizações intracelulares específicas, actuar de uma forma
dependente ou independentemente da hormona, quando co-segregada.

No aparelho de Golgi, a pro-hormona pode ser armazenada em grânulos secretores, que


podem possuir enzimas proteolíticas responsáveis pela conversão da pro-hormona em
hormona. O processamento, no aparelho de Golgi, também pode envolver glicosilação e
fosforilação.

Muitos grânulos secretores contêm uma proteína ácida solúvel, a cromogranina, cuja
função é a de fixar e estabilizar a hormona em plena vesicula secretória

As hormonas derivadas de aminas (tirosina) e do colesterol são produzidas através da


acção sequencial de várias enzimas.

Secreção Hormonal:
As catecolaminas e hormonas peptídicas são armazenadas em grânulos secretores. A
libertação hormonal ocorre por exocitose, após activação de sistemas de segundos
mensageiros que envolvem o Ca2+. Após estimulação, o transiente de Ca2+ activa a
movimentação de vesículas secretoras, ao longo de microtúbulos e microfilamentos, em
direcção à membrana plasmática.

No entanto, para além desta libertação, após estimulação, há uma exocitose contínua,
constitutiva, basal, em baixa quantidade.

Para os esteróides e hormonas tiroideias, não há armazenamento em grânulos secretores.


As moléculas saem da célula por difusão; mas pode haver compartimentação celular.

Regra geral, a produção e libertação hormonais são processos unicelulares. Todavia, é


possível a interacção entre dois tipos celulares; uma hormona pode ser produzida e
libertada por uma célula e modificada noutra, adquirindo um espectro de acção
completamente distinto. Isto acontece, particularmente, no caso dos esteróides. A este
respeito, os tecidos periféricos, como o tecido adiposo, anteriormente considerados não-
endócrinos, têm, hoje, papel endócrino reconhecido, convertendo androgénios em
estrogénios e produzindo hormonas e citocinas.

Uma forma particular desta interacção é a possibilidade de modificação de uma


molécula precursora de baixa actividade noutra, ou outras (sequencialmente), de maior
actividade. Como exemplo, a vitamina D, na sua forma mais activa, existe após síntese
cutânea e modificação hepática e renal. Uma ainda mais atípica é a conversão em
formas mais activas, na própria circulação sanguínea, como acontece, por exemplo, ao
angiotensinogénio, que após produção hepática sofre modificações, sequencialmente,
por acção da renina e da enzima da conversão.

Regulação da Secreção Hormonal:


Vários mecanismos condicionam a secreção hormonal:

Controlo por Feedback Controlo Neuronal Controlo Cronotrópico


Hormona – hormona Adrenérgica Oscilatório
Substrato – hormona Acetilcolina Pulsátil
Mineral – hormona Dopaminérgica Ritmo Circadiano
Serotoninérgico Ritmo menstrual ou lunar
Endorfinérgico – Ritmo sazonal
encefalinérgico
GABAérgico
O feedback negativo é o mecanismo mais característico na fisiologia hormonal. Traduz
um controlo da secreção hormonal pelos próprios efeitos que esta produz. Limita os
excessos de hormona e das suas acções/produtos, porque, quando estes últimos estão em
excesso, é frenada a secreção hormonal; quando em defeito, é estimulada. A
acção/produto em questão pode ser a produção de outra hormona (as hormonas
regulam-se mutuamente). O resultado final deste mecanismo de regulação é a
manutenção dos valores de secreção hormonal num nível constante, que é o ponto de
ajuste (set point) do sistema homeostático.

O feedback positivo é bastante menos comum; neste, as acções ou produtos hormonais


provocam o aumento da secreção hormonal e, assim, acentuam o efeito biológico
primário da hormona. Este tipo de retroacção é gerador de mudanças bruscas e
instabilidade, não sendo, por isso, estranho que não actue de forma isolada; se num
determinado espectro da sua actividade, a acção hormonal pode ser reforçada, para além
deste espectro predominam outras influências, entre as quais o feedback negativo.

O controlo neuronal modula a secreção hormonal em função de estímulos internos e


externos; podem ser sensoriais, conscientes ou não, emocionais, etc. Efectivamente, o
modelo de feedback é muito pouco flexível; apesar de contribuir para a constância do
meio, não permite adaptação às condições ambientais; as influências neurais alteram o
ponto de ajuste dos sistemas homeostáticos, adaptando-os às necessidades fisiológicas e
condições ambientais. Um exemplo típico de feedback positivo é o reforço da libertação
de oxitocina produzido pelo aumento da força de distensão do colo do útero, durante o
parto. Quanto maior for esta, maior é a libertação de oxitocina, e esta apenas reforça a
contracção uterina, e o seu efeito distensor do colo.

Várias hormonas têm uma secreção pulsátil, cada qual com características distintas; os
padrões são ditados por características hereditárias, pelos ritmos circadianos, etc.
Exemplo claro dos ritmos circadianos são as células da glândula pineal, que evidenciam
variações regulares de 24 horas na síntese da melatonina, na N-acetiltransférase (que é
essencial à sintese da primeira) e no AMPc, 2º mensageiro estimulatório. Há vários
sistemas endócrinos com uma variação deste tipo, intrínseca e independente da
luminosidade; contudo, apesar desta relativa independência, é possível desviar,
temporalmente, estes ciclos, criando situações artificiais de sono, luminosidade, etc. O
núcleo supraquiasmático hipotalâmico pode ser fundamental nestes ciclos intrínsecos e
a modificação depende de aferências retinianas, talâmicas, mesencefálicas,
hipocâmpicas e pineais. De facto, o hipotálamo é essencial na integração da resposta
endócrina a modificações ambientais externas e internas, modulando os pontos de ajuste
dos vários subsistemas.

A variação sazonal é função da temperatura, foto-períodos, marés, fases da lua etc. ; não
parece ter qualquer vantagem biológica, é um remanescente evolutivo.

Acção Hormonal:
Há três elementos essenciais à acção hormonal:

 receptor celular a que se liga a hormona;

 via de transdução de sinal;

 2º mensageiros que alteram os processos celulares.

E dois grandes sistemas para a acção hormonal:

 Um, com início na membrana plasmática, por ligação da hormona a um


receptor, que activa um sistema de sinalização. É o receptor que sofre alteração
conformacional adquirindo actividade biológica, a hormona fica no exterior da
célula. Esta é característica das hormonas peptídicas e catecolaminas, a resposta
celular ocorre com uma latência de segundos a minutos.

 Outro em que a hormona entra na célula e se liga a um receptor, formando


um complexo que altera a transcrição do ADN. A hormona é um sinal
intracelular. É característico de hormonas esteróides e tiroideias e a resposta
celular tem uma latência de minutos, horas ou dias. Todavia tais acções não são
exclusivas; as primeiras também têm acção genómica e os esteroides também
têm acções a nível membranar e citoplasmático

Sistemas de Receptores de Membrana:

Os receptores de hormonas peptídicas e catecolaminas são grandes complexos, com


várias subunidades.

Após a associação com a hormona, os receptores poder-se-ão agregar e ser endocitados,


às vezes em vesículas revestidas (por clatrina ou outras proteínas), sofrendo, mais tarde,
destruição lisosómica, ou separação em relação à hormona, sendo reincorporados na
membrana.

Após fixação ao receptor, seguem-se os processos celulares de transdução do sinal, ou


seja, de integração de vários estímulos, através de redes complexas de interacções, e
elaboração de respostas.
As proteínas G estão muito implicadas nas fases iniciais deste processo; são uma família
de proteínas que fazem o acoplamento entre o receptor activado e mecanismos
efectores. Na sua actuação, há um ciclo que envolve o consumo de ATP; a mesma
proteína é activada repetidamente, oscilando entre o receptor e o efector enquanto a
hormona se mantiver ligada, (activando o receptor). A actividade das proteínas G
amplifica muito o sinal original, libertando, ou formando, grandes quantidades de
segundos mensageiros.

Os segundos mensageiros são moléculas envolvidas na transdução do sinal; por


variação das suas concentrações, suscitam respostas distintas a nível celular. Em termos
clássicos, há três sistemas bem descritos de segundos mensageiros, que se associam a
acções intracelulares distintas: o do AMPc (o primeiro sistema a ser descrito, que deu
origem ao conceito de 2º mensageiro), o do Ca2+ (e calmodulina) e o dos fosfolípidos
membranares (fosfatidilinositol bifosfato ou derivados do ácido araquidónico).

Alguns receptores não estão associados a proteínas G; nestes, a transdução do sinal


depende da porção intracelular dos receptores. Após ligação da hormona, a porção
intracelular do receptor sofre autofosforilação, os receptores dimerizam e adquirem
actividade de cínases da tirosina, fosforilando enzimas e proteínas, cuja actividade pode
ser aumentada ou diminuída. Este tipo de receptores é o que, vulgarmente, se associa a
factores de crescimento.

Não é pretensão deste texto de apoio rever os mecanismos de sinalização intracelular,


sendo o aluno aconselhado a documentar-se, quanto a este tema, noutra fonte. Resta
dizer que já foram descritos outros sistemas de segundos mensageiros envolvidos na
transdução do sinal; por exemplo, a resposta ao ANP (peptídeo auricular natriurético)
envolve o GMPc.

Estes sistemas de sinalização associam-se, em muitos dos casos, a alterações na


expressão génica; um exemplo paradigmático é o do AMPc; algumas moléculas de
ADN têm um elemento regulador do AMPc (CRE), que fixa a proteína de ligação ao
elemento de resposta ao AMPc (CREB), que, por sua vez, é fosforilada pela cínase A
(dependente do AMPc).

As hormonas podem activar diferentes vias de sinalização, em simultâneo ou


sequencialmente, e os sistemas podem interagir, por exemplo, o sistema Ca2+-
calmodulina também estimula a adenilcíclase e a respectiva fosfodiesterase, produzindo
alteração dos níveis de AMPc (ampliação seguida de redução), e o AMPc e cínase A
inibem a via dos fosfolípidos membranares, por diminuição da formação do
diacilglicerol.

Há sistemas de feedback negativo; por exemplo, a activação de canais da membrana,


por acção da cínase A, diminui a afinidade dos receptores para as hormonas.

Como conclusão, resta salientar que, no que diz respeito ao receptor, há dois domínios
fundamentais, um extracelular, cuja responsabilidade é fixar o seu ligando, e um
intracelular, que se associa aos processos intracelulares de resposta. Para além disto,
mais do que o tipo de domínio intracelular do receptor e vias de sinalização activadas, é
fundamental o aparelho enzimático e proteico, de resposta, de que a célula realmente
dispõe, como consequência da sua via de diferenciação. Esta diversidade explica a
multiplicidade de respostas evocadas pela mesma hormona, nas mais variadas células e
orgãos.

Sistemas de Receptores Intracelulares:

As hormonas esteróides e tiroideias fixam-se a receptores nucleares, que são proteínas


oligoméricas fosforiladas, codificadas por uma superfamília de genes relacionada com
os oncogenes cis. Na forma inactiva, estes receptores surgem como oligómeros,
provavelmente associados a proteínas bloqueadoras. A ligação hormonal a estes
oligómeros activa o receptor, modificando a sua conformação e libertando as proteínas
bloqueadoras. O receptor sofre activação adicional por fosforilação.

No núcleo, há proteínas aceitantes (acceptor proteins) que se ligam a dímeros de


complexos hormona-receptor; integrado no complexo resultante, o receptor interage
com elementos reguladores hormonais (HRE), de 8 a 15 pares de bases, do ADN
nuclear.

A ligação aos HRE activa elementos promotores na molécula de ADN. Após transcrição
em ARN, processamento deste e tradução citoplasmática são produzidas proteínas alvo.

A acção hormonal pode passar por activação de elementos reguladores positivos e


diminuição da acção de elementos reguladores negativos.

Como o conteúdo genético é idêntico em todas as células, a expressão da actividade


hormonal depende da presença/ausência do receptor ou da existência de proteínas que
bloqueiam a proteína aceitante. Outra explicação é a metilação do ADN que pode
diminuir ou anular a expressão génica numa fase precoce do desenvolvimento.

As proteínas alvo da acção deste tipo de hormona são muito diversificadas; vão desde
enzimas a proteínas estruturais ou segregadas. Mas, mais importante, podem ser factores
de transcrição e proteínas reguladoras da expressão de múltiplos genes; neste último
caso, os mecanismos enzimáticos não são activados ou inactivados, mas, antes,
induzidos ou reprimidos.

Como a actividade biológica envolve a transcrição de genes, são, normalmente,


necessárias horas para que os efeitos biológicos hormonais se façam sentir.

Cinética de Receptores:

Uma mesma hormona pode ligar-se a múltiplos receptores e células distintas. Mas a
ligação de várias hormonas a um mesmo receptor, com afinidades significativas, é um
fenómeno raro, acontecendo, por exemplo, no caso da hormona paratiroideia e do
peptídeo relacionado com a paratiroideia.

A activação dos receptores é, presentemente, considerada um fenómeno de tudo-ou-


nada. As respostas celulares poderão variar de intensidade, mas, no que diz respeito aos
receptores, a intensidade de resposta varia somente em função do número que é activado
em cada célula.
A associação de uma hormona (H) a um receptor (R) é uma reacção reversível com a
seguinte cinética de reacção:

H + R  H-R

Ka = H-R/(R*H) , ou, Ka *R = H-R/H ; em que Ka é a constante de afinidade.

A capacidade do receptor, que corresponde a R + H-R, ou seja, à disponibilidade


total, inicial, de receptor, representa-se, comummente, por R0.

A afinidade do receptor para a hormona, é dada pela concentração hormonal, para a


qual metade dos receptores (R0/2) são ocupados pela hormona; e quanto maior for esta,
menor é a afinidade. Num paralelismo com a cinética enzimática, para esta
concentração hormonal, a velocidade de ligação da hormona ao receptor é metade da
velocidade máxima possível (que se obtém para valores mais altos de concentração de
hormona); esta concentração é característica de um sistema de receptores, uma
constante, que é Kd, (constante de dissociação).

Incubando uma quantidade fixa de receptor com concentrações crescentes de hormona,


aumenta a ocupação dos receptores até aos 100%; neste ponto, o número de moléculas
ligadas ao receptor corresponde ao número total de moléculas de receptor disponíveis
inicialmente (R0). Contudo, estes valores de ocupação, em muitos casos, só se verificam
para concentrações enormes de hormona (tendem para valores infinitos); portanto, a
razão entre a hormona ligada e a hormona livre aproxima-se de 0 (tende para 0). Então:
H  , H-R  R0 e H-R/[H]  0.

Neste sistema, torna-se claro que a concentração de receptores desocupados resulta da


subtracção da quantidade de receptores ocupados ao número total de receptores
disponíveis inicialmente (R = R0 - H-R).

Sendo assim, é possível, por modificação da equação definidora da constante de


afinidade, chegar a outra equação:

H-R/H = Ka*R, é o mesmo que H-R/H = Ka* (R0 - H-R)

Ou seja:

horm. associada/ horm. livre = -Ka * horm. associada+ Ka * Capacidade do Receptor

Equação em que quer Ka, quer Ka*R0 são constantes, e que, portanto, corresponde a
uma função linear cujos valores das abcissas (eixo dos xx) são as concentrações de
hormona associada a receptor, e cujos valores das ordenadas (eixo dos yy) são a razão
entre este valor e as concentrações de hormona livre, sendo o declive –Ka e a
intersecção no eixo das abcissas Ka*R0. A representação gráfica desta é o que se designa
por diagrama de Scatchard.

Apesar do que ficou dito, em termos práticos, a maioria dos diagramas resultam em
curvas exponenciais, o que se pode explicar por várias condicionantes.
Em primeiro lugar, pode explicar-se pela existência de diferentes tipos, ou subtipos, de
receptores, cada qual com diferentes valores de Ka e R0; sendo a ocupação do receptor
mínima (de 5 a 10% da capacidade total) e a acção hormonal máxima, na actividade
biológica normal (o que acontece na maior parte dos sistemas hormonais), nos estudos
de cinética de receptores, um aumento progressivo da concentração de hormona
consegue aumentar a quantidade fixa desta; contudo, isto acontecerá à custa da ligação a
subtipos de receptores de menor afinidade ou de ligações inespecíficas, cujas cinéticas
de associação são distintas. Deste modo, o resultado final, em diagrama, afastar-se-á
consideravelmente da função linear.

Outra explicação é a possibilidade de ocorrência de um efeito cooperativo negativo – a


fixação de algumas moléculas reduz a afinidade dos receptores vizinhos. Tal efeito pode
ser encarado como uma vantagem biológica, pois reduz a acção hormonal nos casos de
elevação abrupta das concentrações hormonais.

Os diagramas de Scatchard, apesar de tudo, são diagramas que se obtêm em condições


experimentais; como tal, avaliam os efeitos de manipulações fisiológicas e
farmacológicas nesse sistema, não sendo comparáveis com dados obtidos noutros
sistemas.

Resolvendo uma equação já apresentada em relação à concentração de hormona


associada:

H-R/H = Ka*(R0 - H-R), pode converter-se em: H-R = R0* [(Ka*H) / (Ka*H +
1)]

Desta nova equação, conclui-se que a concentração de hormona associada ao receptor, a


qualquer instante, é proporcional ao número máximo de receptores disponíveis
(capacidade do receptor).

Frequentemente, a capacidade do receptor é modulada pela própria hormona. Em


muitos casos, a regulação é negativa– down regulation. Um excesso persistente de
hormona diminui o número de receptores disponíveis na célula, e os efeitos da acção
hormonal. Noutras, sobretudo para concentrações hormonais mais reduzidas, há uma
relação directa, parecendo que a hormona recruta os seus próprios receptores – up
regulation, o que amplifica a resposta celular à hormona. Estes fenómenos dependem de
alterações do equilíbrio entre a síntese e a degradação, entre a endocitose e a
sequestração, ou da modificação, por fosforilação ou desfosforilação, dos receptores.

Um aumento na afinidade dos receptores aumenta a concentração de hormona ligada e a


sensibilidade da célula à acção hormonal. Esta pode variar com o pH, osmolaridade,
concentração iónica e níveis de substrato.

Capacidade de Resposta a Hormonas:


O resultado final da acção hormonal depende de múltiplos factores, entre os quais:

1. Concentração hormonal disponível, que é determinada, por sua vez,


por:
 Taxa de secreção hormonal;

 Capacidade de transporte do sistema circulatório até à superfície


celular da célula alvo;

 Taxa de depuração metabólica da hormona.

2. Quantidade de células alvo, com capacidade funcional;

3. Sensibilidade das células alvo à estimulação hormonal, que é função


de:

 Número de receptores funcionais expressos;

 Afinidade do receptor para a hormona;

 Capacidade dos mecanismos de amplificação do estímulo inicial;

 Quantidade e actividade das moléculas efectoras e condicionalismos


intracelulares.

4. Acção concomitante de hormonas antagonistas, sinergistas, ou com


outros efeitos, que podem afectar qualquer um dos factores listados;

5. Em condições experimentais, a duração da exposição e o intervalo


entre exposições repetidas;

As curvas de dose-resposta, que relacionam a concentração hormonal com magnitude de


resposta, são complexas e, comummente, assumem uma configuração sigmóide.

Normalmente, há um nível basal, intrínseco, de actividade hormonal, sendo necessária


uma concentração mínima, supraliminar, para provocar uma resposta mensurável. Para
doses hormonais que saturam os receptores, obtém-se uma resposta máxima da célula,
tecido, ou sistema em estudo.

A concentração hormonal necessária para desencadear uma resposta que é 1/2 da


máxima (ED50), é um bom índice da sensibilidade da célula alvo à acção hormonal.

A sensibilidade não se pode correlacionar directamente com a ligação aos receptores,


porque depende, como referimos, de muitas condicionantes ulteriores a esta associação.
Quando menos de 100% dos receptores precisam de ser activados, para que se obtenha
uma resposta máxima, diz-se que as células têm receptores de reserva (spare
receptors). Nos sistemas hormonais em que há reserva de receptores, uma pequena
percentagem de ocupação desencadeia respostas máximas; neste caso, a sensibilidade à
hormona é superior ao que seria de esperar atendendo à sua afinidade.

A actuação das hormonas peptídicas, na maior parte dos casos, associa-se a receptores
de reserva; concentrações hormonais submáximas produzem respostas máximas, ou
próximas destas; é o caso da insulina. Apesar disso, se aumentar o número de receptores
disponíveis, aumenta o número de moléculas de hormona associadas, porque há uma
maior disponibilidade do outro “reagente”, na reacção de associação. A célula fica mais
sensível à acção hormonal.

Para as hormonas tiroideias e esteróides, não estão descritas reservas de receptores


mobilizáveis; e, em muitas das suas acções, é a ligação ao receptor o passo limitante;
deste modo, o aumento do número disponível de receptores, por indução da sua
transcrição, aumenta a acção hormonal.

Quanto às modificações da sensibilidade a estímulos hormonais, é mais frequente que


os sistemas orgânicos a alterem modificando o número de receptores do que a afinidade
destes para a hormona. Nos sistemas em que há níveis muito significativos de
receptores de reserva, as alterações na quantidade de receptores disponíveis não têm
grande repercussão nos níveis de sensibilidade; pelo contrário, nos sistemas que
praticamente não os possuem, a modificação do número de receptores é muito
significativa.

Como dissemos, apesar da ED50 ser um bom índice da sensibilidade da célula à acção
hormonal, nos sistemas biológicos, esta pode estar aumentada sem alteração da
sensibilidade, ou da ED50, por alteração da capacidade máxima de resposta. A curva de
dose-resposta pode sofrer, então, dois grandes tipos de alterações (aqui listados apenas
para uma diminuição da acção hormonal):

 Diminuição na capacidade de resposta máxima, por:

 Diminuição do número de células alvo;

 Diminuição do número de receptores em cada célula


(capacidade de cada célula);

 Diminuição das enzimas/proteínas alvo activadas pela


hormona, ou de algum dos seus precursores ou substratos;

 Presença de inibidor não competitivo.

 Diminuição da sensibilidade à hormona; a resposta máxima mantém-se, mas


para níveis mais altos de hormona:

 Diminuição do número ou afinidade dos receptores;

 Alterações da concentração de factores moduladores;

 Maior duração da acção hormonal;

 Presença de inibidores competitivos (antagonistas).

É muito variável a capacidade de resposta a hormonas, mesmo dentro do campo


fisiológico, devido aos inúmeros factores que modulam esta. Mas é precisamente a
complexidade dos sistemas moduladores que permite manter a estabilidade metabólica.
Interacção entre Hormonas - Integração da Resposta
Hormonal:
As hormonas actuam em conjunto, interagem entre si, quer em acções, quer noutros
aspectos; desta interacção resulta parte da capacidade de integração da resposta
endócrina.

Algumas formas de interacção, seleccionadas entre uma grande diversidade possível de


exemplos, são:

1. Efeito aditivo e sinergismo. A primeira expressão refere-se ao


somatório das acções individuais das hormonas, quando estas se
associam; a segunda traduz um efeito final superior ao do somatório
dos efeitos hormonais individuais.

2. Reforço. As várias acções de uma mesma hormona , exercidas em


diferentes tecidos alvo, convergem para ampliarem uma acção
unificadora.

3. Push-pull. Expressão de difícil tradução para a língua portuguesa, que


traduz um aumento da eficácia de uma hormona, numa determinada
acção, quando é retirado o efeito inibitório de outra; num sistema em
que duas hormonas têm acções opostas, a variação dos valores destas
em sentidos opostos associa-se a uma maior resposta, ou num, ou
noutro sentido. È disso exemplo a acção hepática da relação
insulina/glicagina no sangue portal.

Transporte Hormonal:
Após a secreção, as hormonas passam a um reservatório plasmático, circulando livres
ou associadas a proteínas transportadoras.

As catecolaminas e a maioria das hormonas peptídicas circulam na forma livre. As


hormonas esteróides e as hormonas tiroideias circulam predominantemente em ligação a
globulinas plasmáticas de produção hepática.

A fixação às proteínas plasmáticas condiciona o grau de libertação para os tecidos e a


semi-vida plasmática; como exemplo, a T4 (tiroxina) liga-se muito a proteínas
plasmáticas (99,95%) e tem uma semi-vida plasmática de 6 dias, ao passo que a
aldosterona apenas se liga numa fracção de 15%, tendo uma semi-vida plasmática de 25
minutos.

As hormonas proteícas, de maior dimensão e complexidade, têm, igualmente, maior


semi-vida plasmática; o mesmo acontecendo com as hormonas com extensa composição
glicídica.

Eliminação de Hormonas:
Resulta de captação pelas células alvo, degradação metabólica e excreção urinária ou
biliar, e expressa-se pela taxa de depuração metabólica (MCR - metabolic clearence
rate), em mililitros eliminados por minuto.

O cociente entre a MCR e o volume de distribuição da hormona dá-nos um indicador da


taxa de turnover fraccional (K); a semi-vida plasmática, proporcional ao inverso de
K, é um indicador mais rudimentar, mas de determinação mais simples.

A MCR correlaciona-se inversamente com a semi-vida plasmática e a percentagem de


ligação às proteínas plasmáticas.

O fígado e o rim são locais essenciais de extracção do plasma e degradação hormonal.

A depuração renal sofre grande redução quando a hormona se liga a proteínas


plasmáticas; só as fracções plasmáticas livres são excretadas. No entanto, uma hormona
com extensa ligação às proteínas plasmáticas pode sofrer considerável excreção renal
através dos seus metabolitos, porque estes não se ligam do mesmo modo.

Pequenas hormonas peptídicas sofrem filtração glomerular, mas, normalmente, são


reabsorvidas pelos túbulos e degradadas, aparecendo em escassa quantidade na urina.

A degradação metabólica ocorre por intermédio de processos enzimáticos que incluem a


proteólise, a redução, a oxidação, a hidroxilação, descarboxilação e, finalmente, a
metilação.

Praticamente todas as hormonas são extraídas do plasma e degradadas no fígado. Para


além dos processos anteriores, a nível hepático pode ocorrer glicuronidação
(glicuronoconjugação) e sulfatação de hormonas e metabolitos, com excreção
subsequente na bile ou na urina.

Nos tecidos alvo, também ocorre alguma degradação hormonal; pode, por exemplo,
haver internalização do complexo enzima-receptor e degradação enzimática da
hormona.

Doseamento Hormonal:
A endocrinologia evoluiu muito como consequência do aperfeiçoamento da
metodologia de doseamento hormonal.

Inicialmente, a avaliação era feita medindo os efeitos biológicos provocados, em


animais, sob determinadas condições experimentais; a sensibilidade era reduzida e a
precisão ainda menor, porque não era possível controlar múltiplas variáveis. Com a
evolução, foi possível estudar órgãos e tecidos, passando do in vivo para o in vitro,
melhorando assim a sensibilidade, precisão e especificidade.

Paralelamente a esta evolução, outra ocorreu nos métodos fisicoquímicos. A


espectrofotometria e a fluorometria sofreram desenvolvimentos, aumentando a
sensibilidade e permitindo aplicação ao doseamento de catecolaminas, hormonas
tiroideias e esteróides, ou seus metabolitos. Mesmo assim, os doseamentos exigiam
concentrações relativamente altas e, no final, era necessária cromatografia para separar
hormonas com agrupamentos químicos semelhantes.

Radio–Imunoensaio:

O seu aparecimento, no final dos anos 50, foi revolucionário; passou a ser possível, por
aumento de sensibilidade, detectar as concentrações hormonais normais no plasma e,
por melhoria da precisão, níveis de variação de 20 ou 10%, com uma facilidade e
relação custo/benefício óptimas. A especificidade tornou-se, também, muito melhor,
sendo possível separar uma hormona do seu precursor, ou dos seus metabolitos.

No radio imuno-ensaio, a amostra é incubada com uma quantidade fixa de anticorpo que
se liga à hormona. As moléculas da hormona na amostra (não radioactivas) competem,
com as moléculas marcadas, pelos locais de fixação; quantidades maiores das primeiras
deslocam um número progressivamente maior de moléculas marcadas dos seus locais de
fixação. No final da incubação separam-se as moléculas marcadas fixas das livres.

Inicialmente, constrói-se uma curva, realizando sucessivos ensaios com quantidades


crescentes de hormona não marcada. Esta curva, que geralmente é exponencial
(podendo tornar-se linear por conversão logarítmica), é usada como referência para
experiências subsequentes. Numa experiência teste, em que se pretende saber a
concentração hormonal numa amostra, após incubação, calcula-se a fracção hormonal
marcada ligada/livre e é possível saber a concentração hormonal da amostra em questão.

A especificidade deve-se à ligação da hormona a um único local, que apenas reconhece


esta molécula. Foi aumentada consideravelmente a partir do momento em que se
começaram a empregar anticorpos contra epítopos distintos da molécula da hormona. A
elevada sensibilidade depende da grande afinidade da reacção anticorpo–antigénio, da
capacidade de aferir quantidades mínimas de radioactividade ou, mais recentemente, do
uso da quimioluminescência ou actividade enzimática conjugada.

Apesar de tudo, o radioimunoensaio nem sempre consegue discriminar claramente entre


hormonas semelhantes, segregadas pela mesma glândula, entre uma hormona peptídica
e a prohormona, ou entre a hormona e os seus catabolitos. Neste caso, são úteis
processos de separação como a cromatografia líquida a altas pressões (HPLC-high
pressure liquid cromatography).

Em contextos clínicos, muitas vezes, é necessário realizar provas de estimulação e


supressão, avaliando as flutuações dos valores hormonais no plasma, para diferenciar
situações de patologia.

Avaliação da Secreção Hormonal:


Taxa de Secreção:

Os valores absolutos de secreção de uma única hormona (taxa de secreção, em unidades


de massa/tempo), por uma glândula individual, apenas se podem conhecer com rigor
cateterizando, in vivo, os vasos que libertam a hormona e avaliando as concentrações
hormonais arterial ([H]a) e venosa ([H]v), e o fluxo sanguíneo através da glândula; em
equação:

Taxa de Secreção = ([H]v – [H]a) * Fluxo sanguíneo

É um método que se pode aplicar em estudos com animais, mas não num contexto
clínico. Embora se possam fazer medições por cateterismo venoso para localizar focos
de produção hormonal excessiva.

Taxa de Produção (plasmática):

É um método menos directo, mas é minimamente satisfatório. Avalia a quantidade total


de hormona que entra na circulação periférica num determinado período de tempo,
admitindo que, num estado de equilíbrio, esta será semelhante à quantidade que é
perdida da circulação, ou seja:

Taxa de Produção = [H]plasmática * MCR; em que [H]plasmática é a concentração plasmática


de hormona.

A taxa de produção (PR-production rate) é mais usada em investigação, mas pode ser
empregue nalguns contextos clínicos.

Níveis Plasmáticos:

Quando a depuração metabólica da hormona se encontra dentro dos limites normais,


pode ser tomada como constante e, nesse caso, a simples determinação da concentração
plasmática é um indicador válido da taxa de produção da hormona. É possível usar,
então, medições plasmáticas de hormona como indicadores da actividade da glândula de
origem. Contudo, para muitas hormonas, há picos de secreção e variações circadianas;
como tal, justificam-se múltiplas medições, porventura em diferentes alturas do dia, ou
uma análise conjunta, por mistura de várias colheitas, obtendo-se uma concentração
média.

Excreção Urinária:

É difícil tentar avaliar a excreção urinária de hormonas, porque são necessárias colheitas
com horários rigorosos; contudo, este tipo de análise é vantajosa, porque permite inferir
a flutuação plasmática média no período de colheitas e, em muitos casos, a quantidade
de um metabolito hormonal, doseável na urina, excede a da hormona no plasma ou
urina.

A excreção urinária resulta do produto da concentração urinária ([H] urinária) pelo débito
urinário e pode correlacionar-se com a taxa de produção da hormona e a sua depuração
ou clearance renal (C):

C = ([H]urinária * débito urinário)/ [H]plasmática

Conjugando as equações que definem a taxa de produção e a depuração renal, e


resolvendo em relação à taxa de produção, temos:
Taxa de produção = [H]urinária * débito urinário * (MRC/ C)

Sempre que MRC e a C possam ser tomadas como constantes, a taxa de produção pode
considerar-se proporcional à excreção urinária de uma hormona; mas é também
necessário que o rim esteja a contribuir, na sua respectiva fracção, para a taxa de
depuração metabólica global, e que se mantenha a distribuição usual entre degradação
intrarrenal e excreção na urina da hormona em questão.

As fontes de erro, quando se relaciona a excreção urinária com a secreção hormonal, são
a insuficiência renal, o erro na colheita das amostras e a alteração do padrão de
processamento da hormona a nível renal. As colheitas erradas podem ser corrigidas
normalizando a excreção hormonal para a excreção de creatinina, determinada na
mesma amostra, se não houver grandes variações diurnas.

Leituras Recomendadas
1- Berne, R. M., Levy, M.N., Koeppew, B. M., Stanton, B. A. The hypothalamus and
pituitary gland. Physiology. Fifth edition, 8/9.859. Mosby 2004.
2- Barzon L, Bonaguro R, Palu G, Boscaro M. New perspectives for gene therapy in
endocrinology. Eur J Endocrinol. 2000 Oct;143(4):447-66.
3- Lang J. Molecular mechanisms and regulation of insulin exocytosis as a paradigm
of endocrine secretion. Eur J Biochem. 1999 Jan;259(1-2):3-17.
4- Zimmerman GA, Lorant DE, McIntyre TM, Prescott SM. Juxtacrine intercellular
signaling: another way to do it. Am J Respir Cell Mol Biol. 1993 Dec;9(6):573-7.
5- Nagy L, Schwabe JW. Mechanism of the nuclear receptor molecular switch.
Trends Biochem Sci. 2004 Jun;29(6):317-24.
6- Bai M. Dimerization of G-protein-coupled receptors: roles in signal transduction.
Cell Signal. 2004 Feb;16(2):175-86.

Você também pode gostar