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Prof Leonardo,

AULA DIA 07/04/2014


Princípios da Execução Penal:

Livro para 2 prova: DIA 21/07 FINAL: 28/07


Juarez Cirino dos Santos: Sistema Penal Brasileiro (cap 19 (3 assuntos dentro), 21 (livramento),
22)
Assunto:
- PEna privativa de liberadade;
- restritiva de direito;
- multa;
- medida de seguranca;
- livramento e suspensão condicional da pena;

1. Legalidade
2. Humanidade
3. Individualização da pena
4. Pessoalidade
5. Presunção de inocência
6. Ampla defesa e contraditório

1 - Princípio da Legalidade:

HASSEMER

Funções da legalidade
- irretroatividade da lei penal, salvo para beneficiar;
- proibição da analogia (em benefício é possível);
- proibição dos costumes (também o benefício é possível. Reinsere os tipos penais em novos
costumes, em outros contextos históricos. Ex.: art 229, CP - quando o motel é excluído, apesar
de ser facilmente encaixado);
- exigência de lei certa e precisa. NÚCLEO DO TIPO DEFINIDO. Grande desafio da legalidade
segundo Welzel, hoje em dia. Além da precisão semântica (Rafael diniz??): evitar tipos abertos,
exemplificativos, evitar elementos normativos (difícil, são juízo de valor). Em razão de direito
penal há muitos problemas, ex: ato libidinoso - elemento normativo de vasto entendimento,
impreciso. Enquadramento possível em diversas situações caso a proporcionalidade não seja
considerada.

2 - Princípio da Humanidade:

BECCARIA

Beccaria escreve "dos delitos e das penas". Fala da legalidade também, porém num aspecto mais
político.
Princ. da Humanidade foi amplamente aceito, procura evitar penas cruéis, de tortura, que visam o
sofrimento do condenado. Impede que a pena tenha caráter de sofrimento (ou apenas este
caráter, já que é difícil separar o sofrimento). Até mesmo pelo fato da pena ser retributiva (pagar o
mal com outro mal), o caráter de sofrimento está presente, porém não pode representar apenas
isto.

LER "RECORDAÇÃO DA CASA DOS MORTOS" - Doystoyvesk ?!?!? hehehehe PROCURAR O


NOME!! Procurar edição 33 (ou editora 37) , que é tradução direta! Experiência do autor quando
foi preso na Sibéria.
3 - Princ. da Individualização da Pena:

Abrange as 3 fases:
- fase 1: criação legislativa (individualização legislativa): legislador cria o tipo e estabelece o
quantum mínimo e o máximo. O código eleitoral as vezes não estabelece o quantum mínimo
(mas diz quando não traz, a pena mínima é de 6 meses ou 1 ano - isto fica na parte geral do
código penal eleitoral)... Por este princípio o quantum deve ser definido. Mas diz também se é
detenção ou reclusão, se há pena alternativa de multa...

- fase 2: mais importante. Influencia na exec penal. Define a FIXAÇÃO DA PENA in concreto a
partir do sistema trifásico, sistematizado por nossa nova parte geral de 1984.
- a) fixação da pena base (art 59, CP). Parte difícil, diferença entre 6 a 20 anos no homicídio
por ex. O quantum de pena gera normalmente o regime inicial do cumprimento da pena.
Penas superiores, art 33, devem iniciar pelo regime fechado, por ex. A pena define critérios
de regime, e também de PROGRESSÃO. Qualquer lei penal que na sua criação limite,
impeça ou dificulte a progressão de regimes (liberdade incondicional, por ex) ela
normalmente será inconstitucional (ex.: lei dos crimes hediondos, antiga lei de lavagem de
dinheiro, a do crime organizado também...). Neste caso, essas leis ferem o princ. da
individualização da pena na fase EXECUTIVA. O culpado TEM o direito de progredir em sua
pena.
- b) Agravantes e atenuantes (art 61, 62, 65 e 66, CP). Lembrar que o rol das agravantes é rol
taxativo, em face da legalidade. O quantum não é estabelecido, mas convencionou-se nos
tribunais que vai de 1/6 a 1/5 da pena (PESQUISAR!!!).

ATENÇÃO: NUNCA ESQUECER das circunstâncias que PREVALECEM/PREPONDERANTES


na fixação da pena (art 67 - motivos determinantes do crime, personalidade e reincidência). Há 2
que preponderam sobre as demais (na reincidência??): estar o agente entre 18 e 21 anos + >= 70
na data da sentença. A interpretação pelo estatuto do idoso (60 anos) não é majoritária. O CP
estabelece 70 anos. Estas circunstâncias preponderantes ficam sobre aquelas que mais agravam
(funciona como uma compensação, daí a preponderação ...).

- c) concurso de causas de aumento e causas de diminuição (estão tanto na parte geral


quanto na especial). Lembrar do art 68, CP - havendo concurso na parte especial apenas, o
juiz pega um só aumento ou só uma diminuição. Se for na parte geral, ou acumulado com a
parte especial, pode aplicar os 2. O que não pode são 2 causas de aumento na parte
especial, apenas.

E a questão da qualificadora??? não é uma 4 fase, é definida na própria TIPICIDADE. A


qualificadora estabelece um novo quantum de pena. Não entra nem na 1 fase, mas na própria
tipicidade, que o estabelecimento da pena base precisa da pena inicial, que é definida na própria
tipicidade.

- fase 3 : executiva, quando não é possível proibir, restringir aquilo que não é permitido. A pena
deve ser individualizada levando em consideração as características daquele agente. Não pode
obrigar todos os incidentes na lei de drogas a iniciar no regime fechado, por ex. A não previsão de
liberdade condicional, vedação de liberdade provisória... Discutimos isso acima.

ATENÇÃO: o STF, em face deste princ., tem considerado inconstitucional até o estabelecimento
de um regime inicial obrigatório. Na lei de drogas, ainda se iniciava o cumprimento num regime
fechado, por ex... Mesmo para aquele que pegava poucos anos de pena... Igualam-se pessoas
diferentes num mesmo âmbito presidional.

* Questão do aluno: quando tem uma pena substituída por restrição de direitos (que não seja
multa ou restituição de valores), quando é por tempo (limitação por fim de semana, pena de
trabalho, por ex), o indivíduo tem que cumprir essas restrições no mesmo tempo da pena
privativa de liberdade. Mas essa pena de restrição pode ser reconvertida em privação de
liberdade. Se no fim do cumprimento (faltando 5 dias por ex) ele tem sua pena reconvertida para
restrição, como fica?? O CP fala que deve ser respeitado o limite de 30 dias para este
cumprimento (art 44, par 4, CP??). Mas se ele tinha 5 dias para cumprir apenas, deverá cumprir
os 30 dias??? ABSURDO... Mas são poucos os casos. O cumprimento deveria ser
exclusivamente o que falta da pena.

4 - Princ. da Pessoalidade:

Ver livro que critica este princ.


A pena não passa da pessoa do condenado. Tem sede constitucional (art 5, CF). Na exce. penal,
na tentativa de cumprimento deste princ. existe a assistência à família do preso. Também, o preso
que trabalha na instituição também tem direito ao salário, cuja finalidade, entre outras, é manter a
subsistência da família, até para que esta não cumpra pena no lugar do condenado.

E quanto aos bens com relação aos sucessores?? E a pena de multa (que não pode ser
convertida em privativa de liberdade, diferente da pecuniária, que é restritiva de direitos)?? A pena
de multa não pode ser utilizada como critério limitador de liberdade, já a pecuniária pode, pois é
restritiva de direitos, pode ser convertida em privativa de liberdade.

* Art 81 - suspensão condicional da pena (SURSI). Suspensão revogada se no curso do prazo


(inc 2) frustra a execução da pena de multa. Isto não foi recepcionado pela CF.

A pena de multa vira portanto dívida ativa da fazenda, e aí obriga os sucessores. O próprio
dispositivo da CF é autofágico, a pena passa da pessoa do condenado, passa aos sucessores,
portanto.

E em alguns casos, a privação de liberdade acaba atingindo o família do condenado. Não há


ajuda séria à família do preso, principalmente quando é ele o principal responsável financeiro.

5 - Princ. da Presunção de Inocência:

Crítica ao termo de presunção, a palavra certa deveria ser ESTADO DE INOCÊNCIA (por conta
das cautelares, prisões provisórias...). Se aplica também na execução penal, no julgamento de
uma falta grave, por ex. Esta falta grave gera perda de dias trabalhados. O condenado seria
inocente até que se prove o contrário...

O estado de inocência faz parte dos principais princ. do direito penal.

Faltas leves e graves não geram perda de dias remidos, por ex. Daí não tem previsão por lei
federal, geram geralmente restrições administrativas na execução penal. A grave até tem, já que
pode causar algum efeito na execução da pena.

6 - Princ. da Ampla Defesa e Contraditório:

Tudo que envolve quantidade ou qualidade de pena é decidido judicialmente, daí a necessidade
do juízo penal que decidirá sobre todos os incidentes da execução: progressão, saídas no ano,
trabalho externo, liberdade condicional, regressão, SURSi...

ATENÇÃO: Depois da sentença de primeiro grau, é o juiz da EXECUÇÃO QUE DECIDE sobre os
incidentes da execução. Antes disso, é o juiz da condenação.

E a diferença??
Contraditório dá mesma oportunidade para a outra parte se manifestar (lembrar da IGUALDADE
DE ARMAS). Concede-se mesmo prazo para as 2 partes. Mesma oportunidade, com igual tempo
e igual medida. É contraditório quantitativo e qualitativo.

A ampla defesa trata da defesa efetiva. O contraditório permite a defesa efetiva, mas a ampla
defesa analisa se ela houve de fato. É pessoal e técnica. Pessoal pelo próprio acusado, e a
técnica se este foi defendido como deveria (ler a súmula vinculante 5, STF - fala da falta de defesa
técnica no processo administrativo. NÃO SE APLICA AO PRESO, ao processo penal!!). Na
execução penal é necessária a defesa técnica eficiente, efetiva. Se ela realmente ocorreu. O prof
é contrário ao advogado ser nomeado no ato!!!

AULA DIA 09/04/2014

SUJEITOS PASSIVOS DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL:

1 - Preso provisório;
2 - Condenado
2.1 Classificação
2.2 Exame criminológico
3 - Beneficiário do SURSIS e o libertado condicionalmente
4 - Submetido à medida de segurança
5 - Prisão civil, administrativa e o estrangeiro

PRESO PROVISÓRIO:

Art 41 da LEP. Mesmo o preso provisório, não submetido ao juízo de culpabilidade, está sujeito
aos mesmos direitos e deveres previstos aos condenados (art 41).

Dependendo da fase processual, se determina o juiz que definirá os incidentes processuais. Até a
sentença condenatória é o juízo do processo do conhecimento, passando da 1 sentença, é o juízo
da execução.

* execução provisória da pena: não existe mais, em face do princ. da inocência. O preso
provisório não está em execução de pena. Para isso pressupõe o transito em julgado.

CONDENADO :

O condenado pode iniciar o regime no: fechado, semi-aberto e aberto. Importante para o exame
criminológico.

Logo que se inicia a execução, deve se proceder a uma classificação dos condenados. É formada
a COMISSÃO TÉCNICA para avaliar e classificar os condenados.
Esta classificação geralmente é formada pelos antecedentes e personalidade do agente.

OLHAR na LEP.

Art 7 - composição da comissão técnica.

Esta classificação é normalmente completada pelo EXAME CRIMINOLÓGICO, que só é


obrigatório no regime fechado. No semi-aberto é facultativo e no aberto é não utilizado.

O exame é feito no início da execução. Em caso de regressão de regime não se faz o exame.

Ver art 34, CP. A LEP é que define como será feito o exame.
Este exame até 2003 era requisito para a concessão da progressão de regimes. Seria um exame
favorável ao agente, à concessão. Hoje já não é mais.
O problema é que o STF já decidiu, de forma absurda, que o juiz pode exigir o exame se quiser,
para conceder a progressão. Só quem poderia fazer isso seria a lei. Lesa a legalidade. Absurdo.

E o que é o exame criminológico?

Pela formação da comissão técnica já ajuda: é exame psicológico, psíquico, social e biológico do
condenado. É a chamada biologia clínica, que procura identificar as causas do crime, analisando
todos os fatores, para assim dispor de um tratamento melhor ao condenado, e ao crime. Tentativa
de individualizar a execução penal àquele indivíduo.

A grande furada desta criminologia clínica é a pressuposição de que se consegue identificar as


causas do crime, e tratá-las.
A origem da criminologia vem do POSTIVISMO CRIMINOLÓGICO italiano: LOMBROSO, FERRI e
GAROFALO.

Lombroso passa a examinar os condenados, tanto vivos quanto mortos, procurando identificar
padrões, tipologias biológicas. É uma teoria biológica racista inclusive, que fundamenta até o
nazismo. Ele chamava as pessoas, dentro dos padrões que ele determinava, de socialmente
debilitadas, que fatalmente cometeriam crimes. Esta é a maior furada! Não é possível identificar
padrões de comportamento, e aplicá-los a todos os casos.

É o direito penal de cunho autoritário, direito penal do autor.


É até difícil de aceitar essa teoria pois o crime não existe por si, é criado pelo legislador, de acordo
com uma política, geralmente econômica. Daí ser impossível ligado a um padrão biológico.

LER: "As razões do positivismo penal no Brasill", do prof Ricardo de Brito.

A criminologia hoje passa por uma fase de analisar os efeitos da criminalização aos presos.

O exame criminológico define o GRAU DE PERICULOSIDADE do agente.


Mas o fundamento da pena é a culpabilidade, e não a periculosidade.
Daí esse exame deveria ser feito pela gravidade do delito, e não pela personalidade do agente.

A periculosidade é fundamento da MEDIDA DE SEGURANÇA.


A periculosidade não deveria importar na execução penal, volta-se ao direito penal do autor, e não
do fato.
Daí saber que a medida de segurança é indeterminada, pois não se sabe quando a periculosidade
cessará.

Art 5, LEP.
Classificação dos condenados.

Art 6 - comissão técnica, programa individualizador da pena.

Art 8 - adequar ao art 34, CP. Exame criminológico, com vistas a individualização da execução.

BENEFICIÁRIO DO SURSIS e LIBERTADO CONDICIONAL:


Suspensão da pena, condicional, pressupõe condenação de até 2 anos. Tem tempo de prova e
tudo mais, e fica submetido ao juízo de execução.

O condenado não cumpre a pena, esta fica suspensa.

Da mesma forma o libertado condicionalmente, pressupõe o cumprimento de uma parte da pena


privativa de liberdade, só permitida para condenações acima de 2 anos. Este cumpre a liberdade
condicional no tempo do restante da pena.
SUBMETIDO À MEDIDA DE SEGURANÇA (NÃO HÁ CRIME, não esquecer!!!):
Se houver crime, é pena, não MS.

Apesar de absolvido, esta é uma absolvição IMPRÓPRIA, daí o juízo ser o da execução.
Todos os princípios do direito penal também se aplicam a medida de segurança.

Aqui pode o condenado (apenas aquele que demonstre periculosidade, não esquecer!!!!. Aquele
que não entende o caráter ilícito do fato não cumpre a MS, será inimputável):
- receber tratamento ambulatorial. Mais brando, aplicado para crimes que cominam detenção.
Para tanto deve haver o crime.
- HCTP (hospital de custódia e tratamento psiquiátrico) - casos de reclusão. É como se fosse o
regime fechado. É tratamento curativo e obrigatório, forçado.

O juiz da execução é muito importante aqui pois a MS é de tempo indeterminado, e deve ficar
atento ao fim da periculosidade do condenado. A cada ano deve haver uma nova avaliação, que
pode ser feita também a qualquer momento solicitada pelo juiz. Ao cessar a periculosidade, não
faz mais razão de manter o condenado em MS.

PRISÃO CIVIL :

Prisão civil hoje é regida pelo CC. Só permite-se para o preso alimentando. Não havendo
estabelecimento próprio, uma ala especial para tanto, a prisão se submete à LEP.
Art 201, LEP - falta de estabelecimento adequado, o condenado cumprirá em cadeia pública em
ala especial.

Progressão de regime não se aplica, é claro, mas o que tiver de direitos e deveres, se aplica...

A prisão administrativa NÃO EXISTE MAIS!

E a questão do estrangeiro?
Pelo princ. da ubiquidade, cumprirá pena aqui se a ação ou resultado ocorrer no Brasil. Será
tratado como um condenado qualquer. Não há benefício ou restrição a mais por ser estrangeiro.

E a questão dos ÍNDIOS imputáveis? Os inimputáveis não sofrem sanção.


Ver qual a lei que fala que ao índio deve ser aplicado no máximo regime semi-aberto, num
estabelecimento adequado. Seria um benefício que recebe por conta de sua condição cultural.
Então, eles também se submetem à execução penal.

Lembrar que muitas das decisões a respeito da execução penal fica a cargo do estado,
principalmente por haver vários efeitos administrativos.

AULA DIA 14/04/2014

ASSISTÊNCIA AO PRESO:

Principais previsões:

1 Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social, religiosa, ao egresso;


2 Auxílio reclusão.

Existem regras mínimas para o tratamento do recluso previstas pela ONU.


Foram criadas pelo direito brasileiro de forma simbólica, pois não se concretiza. É feita para não
se concretizar.

Assistência Material:
Não é apenas àquele condenado transitado em julgado, serve para o provisório e o egresso (até 1
ano do término de cumprimento para a pena) também.
O preso provisório não está obrigado ao trabalho, mas pode trabalhar e servirá para o instituto da
remissão.

O estado deve conceder vestuário, alimentação e instalações adequadas (bem genérico, deve ser
interpretado pelas regras mínimas da ONU: cela individual, janelas grandes, cama com lençóis
trocados, banheiros adequados ao banho, instalações limpas, vestuário adequado a sua
condição). São coisa inaplicáveis no Brasil.

* Tem gente que defende essa não aplicação: Paulo Nogueira - comentários a LEP - NÃO É UM
BOM LIVRO. Defende a não manutenção dos direitos do cidadão ao preso.

* Como falar em dignidade quando temos 30 presos numa sala de 6 m2?

Vamos à LEP, art 12 e 13.


O estado deve fornecer ao presídio lugares onde o preso pode comprar - aqueles que trabalham -
coisas para sua vida diária, permitidos e que não são fornecidos pela administração.
São 2 artigos apenas, por isso interpretar de acordo com a visão da ONU.

Assistência à Saúde:
O bem estar do preso deve ser representado por atividades recreativas.
Em SP eles podem sair para participar de eventos, apresentações públicas, concedido pelo diretor
do presídio (previsto na CE de SP).
Em PE não existe tal previsão.

O presídio deve contar com uma espécie de hospital, que possua 24h assistência médica e
odontológica (regras da ONU). Inclusive fala que o médico deveria morar dentro do presídio, ou
nas imediações. Aqui isso não existe.

O Plano Nacional de Saúde está para fazer um levantamento do número de presos com DST's. É
uma análise geral com o objetivo de poder dar melhorar assistência à saúde do preso. Não se
sabe se será feito...

E se alguém precisar de atendimento urgente? Sem estrutura adequada, leva-se ao hospital civil,
sempre do SUS. O preso que tiver condições pode e deve ser acompanhado por um médico
particular, que tem livre acesso ao presídio caso se comprove a doença.
Se o preso precisar ficar mais tempo, o correto seria ser posto num hospital penitenciário, mas se
não existir, fica no civil com segurança adequada.
O STJ já concedeu prisão domiciliar para o preso sem condições de internamento, até que
convalescesse. Lembrar que prisão domiciliar, ou hospitalar, conta como pena!!
* há até previsão (em matéria penal inovação é no RS, local de criminalidade mais baixa se
comparado ao país) para o preso que pede o trabalho e não o recebe, participa da remissão
como se estivesse trabalhando. É um direito do preso (previsto no art 1, CF).

Art 14. tratamento odontológico de qualidade. O prof diz que nunca viu odontologista no presídio.
Par 2 - assistência médica prestada em outro local mediante autorização do chefe do
estabelecimento.
Par 3 - assistência à mãe do recém nascido. A mãe vê a criança somente no tempo da
amamentação. A criança fica sob cuidado de pessoas do presídio, para que a criança fique com a
mãe.

Esta previsão é anterior à CF, interessante. A LEP é anterior à CF, daí ser necessária a
verificação com a recepção da CF.

Assistência Jurídica:
Estado fornecer à defensoria pública instalação dentro do presídio. Facilitar a análise do processo
do preso, para que permaneça o menor tempo possível no presídio. Assistência dentro (apoiar o
preso) e fora do presídio, estrutura organizada para assessorar o preso. Isto porque diariamente
há situações a questões relacionadas à liberdade do preso. Se houver arbitrariedade do diretor
do presídio, o juiz de execução penal deve intervir.

Art 15 - presos sem recursos financeiros para constituir o advogado. Daí a defensoria pública.

As questões relacionadas à execução penal geralmente são simples, seria de muita utilidade um
estabelecimento adequado à defensoria dentro do presídio, até mesmo pela questão da
condenação.

* lembrar que o Aníbal Bruno é para preso provisório, e o Barreto Campelo é para preso definitivo.

Art 16 - serviços de assistência jurídica integral e gratuita. Mudança em 2010, influência das
regras mínimas da ONU. A LEP não previa isto originalmente.
LER!

Assistência Educacional:
Seria a mais importante de todas. O prof concorda. Acha muito mais importante que o trabalho.
Desde a CF, mesmo a LEP prevendo, o ensino do 1 grau (novo ensino fundamental) é obrigatório
e garantido pelo estado. Fornecido de forma gratuita pelo estado.

O presídio deve prestar essa assistência. A partir de 2010, também por influência da ONU, o
estado pode fazer parceria com a iniciativa privada, que oferece cursos de especialização técnica.
Cursos profissionalizantes... Segundo grau ou ensino médio deveria ser oferecido. No regime
semi-aberto o preso pode sair para estudar (supletivo).

O prof acha que nada na execução penal deveria ser obrigatório. Vai explicar lá na frente.

* Procurar entrevista feita por Fernandinho Beira-Mar, falando que o RDD foi a pior coisa que
passou na vida. SAFADO!!
* Limites das penas: é possível que alguém passe mais que 30 anos em pena restritiva de
liberdade, SOMENTE ÀQUELE QUE COMETE CRIME DURANTE O CUMPRIMENTO!! NÃO
ESQUECER!! Art 75, CP - fato posterior ao início de cumprimento da pena. Ex.: aquele que
comete crime do presídio, o que já se cumpriu de pena é desprezado, pega-se o restante a
cumprir, soma com a nova pena, e começa de novo!

É prevista a remissão (art 126 da LEP - 1 dia de pena a cada 12h de frequência escolar) pelo
estudo. Já era prevista por analogia, agora tem previsão lega.

Art 17 - formação profissional do preso. Deveria ser voltada ao mercado de trabalho.


Vamos adiantar um pouco do trabalho.
Nele, não se deve estimular o artesanato, ou tecnologias ultrapassadas. Isso para impedir que
eles tenham dificuldade de voltar ao mercado de trabalho.
A doutrina fala, mas precisa confirmar se a LEP prevê esse não estímulo.

Assistência Social:
Deve ser feita por pessoa formada em serviço social, mas que tivesse também conhecimentos de
direito, economia, política... Visa tanto o preso, quanto a família do preso. É "ajudar o preso a se
ajudar". A assistência social acompanha o egresso, deve acompanhar as saídas, questões
familiares. Deve servir como orientação no retorno à sociedade... Isso na realidade não se aplica...
Orientar a procurar um trabalho...

Art 22 - amparo do preso no preparo ao retorno à liberdade.


Art 23 - conhecer o resultado do exame criminológico, que deve ser feito também por assistente
social (comissão interdisciplinar). O objetivo é saber quais as aptidões do preso para melhor
orientá-lo.
...

Assistência Religiosa:
Existe previsão por lei federal do ingresso de pastor, padre, rabino... para atendimento pessoal ao
preso que solicita. As regras da ONU prevêem que se um certo número de pessoas compartilham
uma religião, pode o líder representante da religião pregar cultos no presídio, que oferecerá um
local adequado para a realização deste culto.
A liberdade de culto é prevista, mesmo antes da CF.
Art 24 - liberdade de culto prestada aos presos. Posse de livros religiosos também. Não há
obrigação de participação em atividade religiosa.

Assistência ao Egresso:
Egresso, para fins de assistência ao preso, é o liberado no prazo (até) de 1 ano, além aquele que
está em liberdade condicional durante o tempo de prova (depois do tempo de prova já não está
mais em assistência).
Quais assistências?
- orientação social a procurar emprego lícito;
- fornecimento de alojamento caso não consiga emprego (por 2 meses, prazo criticado.. depende
de ele estar se esforçando para procurar emprego. Não somente alojamento, mas também
elementos indispensáveis às necessidades básicas do egresso);

Art 25 - prorrogação do prazo por declaração do assistente social.


Art 26 e 27 - colaboração na obtenção do trabalho.

Auxílio Reclusão:
Não está previsto na LEP. Teve mudança em 2014 sobre isso. Livros atualizados são difíceis.
* Ler instrução normativa do INSS n 45/2010. Fala sobre a pensão em caso de morte, mesma
natureza do auxílio-reclusão.

Se equivale à pensão por morte. É para os dependentes do segurado (mulher, filho mesmo que
nasça enquanto estiver preso). O preso deve ser segurado. Envolve a previdência.
* No caso da mulher, só aquelas via casamento ou união estável antes da prisão. Diferente para o
caso do filho, que recebe mesmo nascido após a prisão.

E que regras para o auxílio?


- preso segurado. Deve contribuir ao INSS. Mesma ideia do direito previdenciário. O último
salário dele não pode ser superior a R$ 1.025, 81 (mesmo que o último recebido tenha sido
antes de estar desempregado, e só assim foi preso. Ex.: passou 3 meses desempregado antes
de ser preso, mas o último salário foi maior que o valor acima). Passando disso, não se permite
o auxílio aos dependentes. Está na instrução normativa.
- É considerado o último salário antes de ser preso.
- O mínimo do auxílio é R$ 720,00. O máximo é 100% do que ele recebe (se for aposentado) ou
do que receberia no caso de aposentadoria por invalidez, que pode ultrapassar o valor de R$
1.025, 81 visto acima. É preciso fazer o cálculo.
- SÓ VALE PARA REGIME FECHADO E SEMI-ABERTO;

E como perde o direito?


- se tiver auxílio doença;
- invalidez;
- perder a qualidade de segurado;
- LER A IN n45/2010.
...
* tudo previsto por previdenciário..
* quando foge é suspenso, e não revogado;

O que se tem doutrinariamente pacífico é que se ele trabalha, não perde o direito ao auxílio.

E quando começa o início do auxílio?


Se ele requerer até 30 dias a partir da data de preso, começa a partir da data da prisão. Se passar
dos 30 dias, começa a contar da data do requerimento.

Há algumas regras para a manutenção do auxílio... daí ler a IN., isso é direito previdenciário!!!

TRABALHO :
Assunto importante.

1. Finalidades
2. Regras
3. Remuneração
4. Trabalho interno
5. Externo
6. Exceções

Trabalho do preso é obrigatório, nem é dever nem direito.


Leva em considerações as habilidades do preso.

Isso deriva do positivismo: trabalho como forma de reintegrar o agente à sociedade. Visa ao
pagamento da vítima, do estado.
Seria pagar pelos serviços do preso??? Não faz sentido por se tratar de prisão compulsória, não
se utiliza o serviço por opção. É uma condição peculiar.

A ideia de que o trabalho dignifica o homem é necessário à ideologia burguesa, às formas de


produção, ao capitalismo. Na história antiga, o trabalho era coisa de escravo, na Grécia, por ex.
Daí houve essa inversão pelos valores burgueses.

Segundo o prof, ninguém deveria ser obrigado a trabalhar, o estado não tem legitimidade para
cobrar isso. É uma visão extremamente burguesa. A prisão pode até servir como meio de
eliminação da mão de obra excedente, quando isso influencia na economia.

16/04/14
Execução Penal
Aula
Prof. Leonardo
NIVALDO MACHADO NETO

O trabalho do preso é, além de um dever, um direito. Isso porque o trabalho só pode ser aplicado
levando em consideração as aptidões intelectuais e físicas do agente.
A falta injustificada ao trabalho pode gerar punição, com perda de dias remidos.
A grande finalidade do trabalho é servir como tratamento pedagógico, a fim de reinserir o agente
na sociedade.
O preso provisório tem a faculdade de trabalhar. Para ele, aplicam-se as mesmas regras que
cabem ao condenado definitivo que trabalha.
Não se aplica a CLT ao trabalho do preso, apenas a Lei de Execução Penal. Há, porém, garantias
mínimas ao preso. Ex: Cômputo como tempo de trabalho do período de recuperação de doença,
indenização relacionado a acidentes de trabalho. Ele só perde os direitos decorrentes da
liberdade; todos os outros são mantidos.
Hora extra realizada pelo preso conta para a remissão. O preso trabalha de 6h a 8h diárias, com
direito a descanso nos domingos e feriados.
O que fazer em relação ao preso que requer trabalho e o Estado não concede? Doutrinariamente,
a remissão começa a partir do dia em que o condenado pediu e o Estado não concedeu.
A cada 3 dias de trabalho, diminui 1 dia da pena. Igualmente, a cada 3 dias de estudo, diminui 1
dia da pena.

Art. 29, LEP → Remuneração do preso não pode ser inferior a ¾ do salário-mínimo. Apenas a
Constituição Estadual do Rio de Janeiro prevê a igualação do salário de mercado daquela função
do preso à do trabalhador de mercado.
O professor entende que não existe justificativa para o salário-mínimo do preso ser inferior ao do
trabalhador de mercado.
O trabalho do preso deverá atender: indenização dos danos causados pelo crime, assistência a
família, despesas pessoais, ressarcimento do Estado das despesas realizadas com a manutenção
do condenado.
O trabalho é obrigatório para o condenado definitivo; não é para o preso provisório. Se existir
parceria público-privada, o preso só vai trabalhar na empresa privada se ele quiser. A anuência
dele é necessária. Se ele trabalha na iniciativa privada, quem o remunera não é o Estado, mas
sim a empresa privada.

Prestação de serviços à comunidade pena restritiva de direitos. Por isso, não cabe remuneração
em caso de serviços prestados à comunidade.

Trabalho interno: 6 a 8 horas diárias; descanso nos domingos e feriados; possibilidade de parceria
com órgãos públicos e privados (no caso do órgão privado, é este quem paga o salário do preso).

No regime semi-aberto, é sempre possível o trabalho externo, sendo este regra no regime aberto.
Em caso de acidente de trabalho do preso, há responsabilidade objetiva do Estado. O trabalho
externo tem que ser feito de forma controlada, com vistas a evitar a fuga e garantir a segurança do
preso.

O trabalho externo pode ser revogado por falta grave, insubordinação ou prática de qualquer fato
definido como crime (não cabe para contravenção penal).
Limite máximo de presos em obra: 10% dos trabalhadores.
O preso precisa ter cumprido 1/6 da pena para executar trabalho externo.

AULA DIA 23/04/2014

Pegar as aulas com Niva!


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6.EXCEÇÕES:

Vimos que o trabalho é obrigatório, mas há exceções.


Em 2 hipóteses é facultativo:

1. LCP, lei de contravenções penais - decreto lei de 1941


Quando a pena é de no máximo 15 dias, é opcional o trabalho (art 6, par 2).

2. Na Lei de segurança nacional:


O trabalho é facultativo. As pessoas condenadas pelo crime dessa lei, podem ou não trabalhar. É
previsão sem explicação.

E o trabalho pra quem sofre medida de segurança? É possível?


Não se pode falar em dias remidos, pois as penas para os inimputáveis por periculosidade são
indeterminadas. Apenas o prazo mínimo para a perícia médica. Daí não se falar em remissão.
Mas não existe óbice para o trabalho, principalmente como parte do tratamento. É amplamente
possível ao custodiado.
DEVERES E DIREITOS DO PRESO:

1. Deveres
2. Direitos
1. Constitucionais
1. Quanto à pena
2. Prisão
3. Preso
2. LEP
3. Direitos suspensos

O rol de direitos estabelecidos pela LEP é meramente exemplificativo. Serve apenas como
reforço. Mantém intactos todos os direitos, excetuando-se aqueles retirados pela sanção, pela
restrição da liberdade.
Tem o preso direito à assist. religiosa, educacional...

Deveres:

As regras mínimas da ONU estabelecem que todos os deveres devem ser entregues por escrito
ao preso (provisório ou definitivo). Também de todas as questões relacionadas ao dia a dia do
presídio. As regras mínimas falam apenas dessa garantia. Infelizmente isso não ocorre.
É um direito penal simbólico.
Se o preso não conhece as regras (faltas médias e leves são de cada estado) como eles podem
saber como se comportar?

LER Art 38, LEP.

*NÃO LER PAULO NOGUEIRA!!!

Direitos:

Apenas os direitos relacionados à restrição da liberdade são perdidos. Todos os outros são
mantidos: salário do mercado de trabalho, direitos civis, sociais... Não perde o status de cidadão.

Aspecto constitucional (art 5, CF):

a) Quanto à pena (inc XLV):


Individualização da pena, impossibilidade penas cruéis, perpétuas.. salvo em caso de guerra, a
pessoalidade da pena (não passa da pessoa do condenado - art 5, inc XLV, por ex... LER OS
SEGUINTES incisos)

b) Quanto à prisão (inc LXI):


Relacionadas à qualquer prisão (do condenado ou as cautelares).
A prisão em flagrante realizada pelo particular não permite o uso de força, que resulte lesões
corporais graves, por ex. Deve esperar autoridade policial. Quem fala sobre isso no Brasil é
Juarez Cirino dos Santos.
Questão relacionada ao flagrante, ou ordem por escrito fundamentada pelo juiz. Em face do princ.
da presunção de inocência, havendo possibilidade de liberdade provisória, deve ser concedida.
Deve haver a identificação dos condutores do flagrante, comunicação com o advogado e
comunicação ao juiz , ao defensor , ao promotor e à família em 24hs.
Lembrar que não há prisão civil, além da alimentícia.

LER art 5, LXI.


* se houver prisão em flagrante, o pedido é de liberdade provisória (ou relaxamento por
ilegalidade), havendo prisão preventiva, o pedido é de revogação da prisão preventiva (falta de
requisitos).

c) Quanto ao preso condenado (inc XLVIII):


Cumprir pena em estabelecimento adequado.
A CF traz a individualização da pena em relação à natureza do delito, idade e sexo do apenado.
Em relação às mulheres, têm o direito de permanecer com os filhos até os 6 meses (LEP) no
período de amamentação.
Integridade física e moral...

LER o inc XLVIII.

LEP - lei de execução penal:

Veremos os direitos mais importantes.


Ler a partir do art 40, LEP.
- alimentação e vestuário;
- previdência social;
- trabalho descanso e recreação (pode ser restringido a depender da falta leve ou média);
- práticas desportivas (também pode ser suspenso);
- saúde religiosa;
- proteção contra exposição;
- igualdade de tratamento, saldo em questões relacionadas à individualização da pena;
- proteção do sigilo da correspondência (até que ponto?)
...

* as regras mínimas da ONU não permitem restrições para visita conjugal e família.

AULA 28/04/2014

Continuação dos direitos do preso...


VISITAS:

A LEP prevê as visitas, mas não as regulamenta (regularidade, quem pode visitar...).
Isto fica em cargo das instituições executivas estaduais, é o governo estadual que as
regulamenta.
Passam a exigir regras comuns, mesmo na seara estadual.

O decreto?, ou portaria?, CONFIRMAR: 122/2007, do departamento penitenciário nacional,


inspirado nas constituições, a regulamentar essas visitas. É essa portaria seguida basicamente
pelos estados.
Essa portaria regulamenta as visitas semanais (é claro que cada estado pode regulamentar de
forma diversa). As disposições estaduais, porém, foram quem fundamentaram essa portaria,
apesar dela regulamentar as penitenciárias federais.
Os estados podem ir mesmo de encontro a esta portaria, já que a LEP não prevê essa
regulamentação, e seria esta que vincularia os estados.

Enfim:
1 - 3 visitantes no máximo, sem contar os filhos menores de 18 anos. Há um cadastro de
visitantes. É necessária aprovação do diretor do presídio, em 10 dias. Esse cadastro muitas
vezes é considerado ilegal, pois em alguns casos existe análise dos antecedentes criminais. É
uma atividade discriminatória. A ideia da visita é manter a integração do preso com a sociedade,
para que este não se ausente completamente do seio de sua família. Não faz sentido negar ao
preso a visita de alguém que tem antecedentes criminais. Como o estado quer reintegrar alguém
após o cometimento de pena, se esta pessoa é discriminada até mesmo em situações familiares?

2 - Existe previsão de revistas os visitantes. Há o constrangimento de revistas íntimas. Isto se


resolveria com a instalação de um detector de metal, por exemplo. Além disso, as revistas
ocorrem no salão onde todos se encontram. Outra solução seria revistar não os visitantes, mas
sim o preso após a visita, até porque é ele que está sob custódia do estado, e não as visitas. A
revista é constrangedora e degradante para aquele que vai visitar o preso.

Visitas virtuais:
Previstas na portaria 500/2010, do próprio departamento penitenciário nacional. Lembrar que em
tese regulam as penitenciárias federais, mas pode ser aplicada como referência às estaduais,
desde que exista tecnologia para tanto.

Essa visita ocorre numa sala específica no presídio e numa sala da DPU (onde a família ficaria).
São 5 visitantes semanais.

Visitas íntimas:

Tem previsão no REGULAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL (procurar!!!). É um decreto, que


fala sobre a previsão de visita íntima.
Esta é a principal discussão dos projetos penitenciários, principalmente à década de 70. Muitos do
congresso acham que não deveria haver visitas íntimas. Outros defendem até que o preso saia do
presídio para cobrar o "crédito conjugal".
A regularidade das visitas íntimas pode ser regulamentada de forma diversa pelos estados. NÃO
ESQUECER!!.

A visita íntima federal é prevista de 15 em 15 dias. 2 encontros mensais. Há um cadastro dos


parceiros, com realização até de exames de DST's. Não pode haver mais de uma pessoa
cadastrada. Em caso de divórcio, deve haver a espera de 6 meses para cadastrar outra pessoa.

Há uma série de questões relacionadas à higiene e à segurança. Roupas íntimas não podem ser
tão resistentes (sob o argumento da segurança do presídio), nem possuir metais acessórios.

Lembrar que o preso tem o direito de peticionar ao juiz da execução penal sobre melhora de suas
condições no presídio: higiene, comida... O juiz funciona como fiscal das condições do preso sob
sua custódia.

Entrevista Pessoal com o Advogado:

Deve existir um local específico, longe dos agentes penitenciários, para que o preso possa
conversar com seu advogado. É a proteção ao direito de receber o advogado. O advogado não
passa por revista, mas ele vê o preso separado por meio físico (uma parede com buracos para
passar dinheiro, por ex).

BOA FRASE DO PROF: É difícil pensar em ressocialização do preso, se retirarmos o que o torna
sociável.

Existe previsão de audiência com o diretor do presídio, para se queixar sobre algo.

Questão importante é a da correspondência do preso.


Qualquer correspondência que chegue ao preso é devassada. E a inviolabilidade da
correspondência, da intimidade? É evidente que não é absoluta. Mas lembrar que há necessidade
de ordem judicial. Não existe sequer previsão para o tratamento da violação ao sigilo da
correspondência.
Lembrar que o direito penal serve de termômetro para definir o nível de democracia de certo
estado. Quanto mais autoritário é o direito penal, mais autoritário, e menos democrático, será o
estado.

PERDA DE DIREITOS:

Aqui não é restrição nem suspensão (é perda DEFINITIVA, não volta após o cumprimento da
sentença).
O art 91 e 92, CP fala dos efeitos da condenação (LER!!!):
- perda dos instrumentos do crime;
- do produto do crime ou bem auferido (NÃO CONFUNDIR COM PERDA DE BENS E VALORES,
do art 45, par 3, CP, como prestação pecuniária - VEREMOS DEPOIS);
- perda da função pública, cargo público (art 92);
- perda do poder familiar (tutela, curatela, quando existir ...);

O art 91 tem efeito imediato, automático, o art 92 só faz perder direito se houver motivação judicial
(juiz tem que explicar).

* o produto do crime é o objeto material, objeto sobre o qual recai a conduta. Inclui um relógio
comprado com o dinheiro obtido do crime, o relógio passa a ser produto do crime também. O
carro adquirido com dinheiro do tráfico, também é produto do crime.

Ler as situações em que ocorre a perda da função pública, e a questão da perda do poder familiar.
No art 92 há caso de SUSPENSÃO DE DIREITO, na perda da habilitação, do direito de dirigir. É
suspensão porque, ao fim do cumprimento (reabilitação penal - art 93, 94 e 95, veremos à frente),
o status anterior é readquirido.

A questão de inelegibilidade tem efeitos civis (recibo de quitação eleitoral): fica-se até 8 anos
inelegível, após o cumprimento da pena. Sem isso, não se pode retirar OAB, assumir cargo
público, entrar em qualquer universidade pública. Perde-se o recibo de quitação eleitoral. É
instituto completamente contrário à ideia de ressocialização. O que deveria existir era uma
certidão exclusiva de inelegibilidade, e não a perda total de questões eleitorais, que provoca
efeitos na seara civil.
A maioria dos crimes, o agente fica inelegível.
Lembrar que isto não é pena, e sim punição administrativa eleitoral.

Direitos políticos:
A suspensão dos direitos políticos permanece até a extinção da pena, quando ocorre a
reintegração dos presos.
Os presos provisórios não "perdem" os direitos políticos, que só se suspendem com a
condenação em definitivo.

E aquele que está em liberdade condicional ou em suspensão do cumprimento da pena?


Tem os direitos suspensos?
Alguns doutrinadores defendem que eles recuperariam o direito de votar. Na prática isto não
ocorre. Bastaria que o juiz da execução decidisse isso de forma incidental, e comunicasse ao
cartório eleitoral.

RESTRIÇÃO DE DIREITOS:

Art 41, par U. Já lemos. E ler o art 58, também. Tudo na LEP.
Incisos 5, 10 e 15, sofrem restrição pelo prazo máximo de 30 dias.
- restrição de descanso e recreação;
- restrição de visitas;
- restrição do contato com o mundo exterior;
AULA DIA 30/04/2014

DISCIPLINA:

1 - Tipicidade e anterioridade da infração


2 - Competência disciplinar
3 - Faltas graves
4 - Faltas médias e leves
5 - Sanções
6 - RDD
7 - Recompensas
8 - Procedimento e aplicação das sanções
9 - Prescrição da sanção administrativa

A disciplina visa a manutenção da ordem no presídio. Há regras de condutas para cumprir.


Garante a eficácia da execução penal.
Quase todas as sanções aqui vistas podem ser aplicadas pelo diretor do presídio, de forma
administrativa, sem intervenção judicial. Outras sanções precisam da homologação do juiz.

As faltas médias e leves se resolvem puramente no âmbito administrativo.

1 - Tipicidade e Anterioridade:
A LEP diz que não somente a lei pode estabelecer as infrações... Ou seja, lei e regulamento
(SOMENTE chefe do poder executivo) podem estabelecer infrações. As faltas graves são todas
criadas por lei, as leves e médias, por regulamento. Fica a cargo, portanto, a cada estado criar
infrações por faltas médias ou leves.

Neste caso, tudo que o princ. da legalidade fala no direito penal, funciona para o administrativo. É
necessário regulamento anterior para definir quais condutas são médias ou leves. Evidentemente
deveria ser lei para estabelecer isso, absurdo. A legalidade no administrativo é mais relaxada
(procurar sobre a anterioridade legal no dir. administrativo), porém no que diz respeito às
sanções/infrações, deve obedecer o princ. da anterioridade. Ou seja, ao regulamento aqui é
aplicada a anterioridade (com todas as garantias penais - proibição da analogia, anterioridade, lex
mior, excludentes...).

E como tem conteúdo penal, é necessário provar se há o dolo ou culpa, e a forma tentada é
punida como falta consumada. A responsabilização administrativa por falta imprescinde a
comprovação do dolo ou culpa. Para punir por falta, é necessário isso. Apura-se a falta tal como
se fosse um crime.
O regulamento penitenciário federal permite que o preso não tenha defesa na apuração dessas
faltas... mas isso está fadado à nulidade, com base na sistemática penal do direito brasileiro.
(inclusive a súmula do STF 5 diz que isso é possível - falta de defesa técnica não gera nulidade
em processo adm.. Há decisões divergentes...).

Então, da mesma forma que o direito penal, é necessária a defesa técnica.

2 - Competência Disciplinar;

É de competência do diretor do presídio, excetuando-se aquela apurada ao RDD.


Há decisões que dizem que o diretor pode incluir alguém no RDD no prazo de 10 dias
CAUTELARMENTE (aplica-se como analogia à inclusão do preso em solitária por 10 dias)...

Mas, para incluir no RDD, somente com ordem JUDICIAL, concedido via DECISÃO fundamentada
INTERLOCUTÓRIA, e não despacho, como diz a LEP. As partes tem que ser ouvidas também,
diferente do despacho.
Em relação às faltas graves, devem ser HOMOLOGADAS pelo juiz. Ou seja, devem ser
homologadas tanto a falta, como a sanção aplicada ao sujeito.

3 - Faltas Graves:

Geram inúmeras consequências:


- perde direito das saídas temporárias (regime semi-aberto);
- leva a regressão de regime;
- leva a reversão da restritiva de direito em privativa de liberdade;
- pode perder dias remidos, de forma proporcional, pelo trabalho (art 121, LEP??)
- pode levar ao RDD;

Art 50 e 51 LEP - falta grave, o condenado à pena privativa de liberdade.


LER!!
- incitar movimento para subverter à ordem;
- FUGIR
Ver art 352, CP - evasão do preso, usando de violência contra a pessoa... E se ele foge SEM
VIOLÊNCIA, é afirmação de um direito de fuga? Há direito à fuga sem violência?!?! Se ele fugir
sem violência, não há crime, mas comete falta grave.
- possuir instrumentos capazes de ferir outrem (armas próprias ou impróprias);
- provocar acidente de trabalho (apenas na modalidade culposa, porque dolosa é cometimento
de um crime, que já é falta grave - previsto no art 52, fala do RDD também...);
- descumprir no regime aberto as condições impostas. O regime aberto se baseia no princípio da
auto-disciplina. Se uma das condições é arrumar trabalho, e o juízo da execução vê que ele
está tentando, não há o que se discutir...
- o trabalho é obrigatório, se não executado é falta grave. ABSURDO, vai contra a autonomia da
vontade de cada pessoa. Nem todos trabalham porque não há emprego para todos, mas se
existisse, todos deveriam trabalhar para não cometer falta grave. ATENÇÃO: o trabalho para o
preso provisório é facultativo... por isso que essa falta não se aplica.
- uso de aparelho telefônico...

Art 51 - falta grave para pena restritiva de direito:


- descumprir proibição imposta (viajar sem justificar);
- retardar cumprimento da obrigação imposta (prestação de serviço à comunidade...)

05/05/14
Prof. Leonardo
NIVALDO MACHADO NETO
Disciplina:
A LEP não determinou quais seriam as faltas médias e leves. Cada Estado, mediante
regulamento, pode dispor sobre as faltas médias e leves.
Todavia, os Estados normalmente se inspiram no Regulamento Penitenciário Federal (Decreto nº
6.049/2007).

Art. 43, Decreto nº 6.049/2007 → Faltas leves.


Art. 44, Decreto nº 6.049/2007 → Faltas médias.
Mesmo as faltas médias e leves têm repercussões penais. Ex: Saídas temporárias.
A reiteração de faltas médias e leves interfere no desempenho do apenado, o que pode prejudicar
a progressão de regime.

São cinco as espécies de sanção disciplinar:


a) Advertência → Reprimenda verbal. O teor da admonestação não é colocado no prontuário do
apenado.
b) Repreensão → Reprimenda por escrito. O teor da admonestação é colocado no prontuário do
apenado.
Essas duas sanções são destinadas às faltas médias e leves.

c) Suspensão ou restrição de direitos → Contato com o exterior por meio de escrito; visitas.
d) Isolamento na própria cela (Isolamento celular) → Funciona como uma espécie de solitária. O
apenado ficará sem contato com nenhum outro, pelo prazo máximo de 30 dias. O juiz precisa ser
comunicado de tal decisão. Tal isolamento deve ser sempre precedido de um parecer médico, a
fim de avaliar as condições psíquicas do apenado para suportar o isolamento ao qual será
submetido. É possível a restrição de alimentos, desde que conforme o parecer médico.
A LEP prevê, ainda, um isolamento provisório, de caráter preventivo/natureza cautelar, por 10 dias
(independentemente de comunicação ao magistrado – art. 60, LEP). Esses 10 dias são abatidos
do tempo total ao qual o apenado se submeter ao isolamento celular.
A sanção disciplinar tem as mesmas características e garantias da pena. Não são possíveis,
portanto, tortura, punições de caráter perpétuo, etc. Assim, a sanção disciplinar deve levar em
conta, dentro do possível, a culpabilidade do agente.
Finalidades da sanção disciplinar:
o Retribuição → Finalidade ainda vista como mais importante para a sanção disciplinar no
Direito brasileiro.
o Prevenção geral → Negativa e positiva.
o Prevenção especial → Negativa e positiva.
Para o funcionalismo, a pena e a sanção disciplinar são vistas somente como sendo algo de
finalidade preventiva. Gilmar Mendes já adota essa visão. Os mais novos posicionamentos e
doutrinadores vêm aceitando apenas a finalidade preventiva.

e) RDD
Essas três últimas sanções são destinadas às faltas graves.
É possível o diretor do estabelecimento praticar o RDD cautelarmente pelo prazo de 10 dias?
Vem-se entendendo que sim.
RDD foi criado em São Paulo, em 2001, como um regulamento estadual, sob a justificativa de
combater a criminalidade que ocorria dentro do presídio, inclusive com repercussão fora do
presídio. Portanto, em sua origem, o RDD era ilegal (necessidade de lei federal).
No RDD, o apenado fica 22 horas na cela, sendo monitorado. Ele tem direito a 2 horas diárias de
banho de sol, igualmente sob monitoramento. No tocante às visitas, ele tem direito a 2 horas
semanais.
A duração máxima é de 360 dias, sem prejuízo de nova aplicação da medida em caso de
cometimento de nova falta grave. Ao todo, o máximo de tempo que o apenado pode se submeter
ao RDD é 1/6 da pena.
Ainda não há jurisprudência consolidada quanto à necessidade de parecer médico para a
aplicação do RDD. No entanto, já há algumas decisões nesse sentido.
A gravidade do crime, por si só, não pode levar ao RDD.

Excluindo-se o RDD, essas sanções são aplicadas pelo diretor do estabelecimento,


independentemente de autorização judicial. A inclusão no RDD, porém, só pode ser feita pelo
magistrado.
O juiz só pode incluir um pedido fundamentado pelo diretor do estabelecimento ou por seu
superior, ouvidos o Ministério Público e o advogado do apenado. A decisão interlocutória deve ser
fundamentada. Em face de tal decisão, cabe agravo em execução.
Os Estados apenas podem criar faltas. As sanções estão submetidas à legalidade; apenas a lei
pode criar sanções.

AULA 07/05/2014 (faltou a aula anterior)

PROVA 26/05
LER RDD.

Aula de hoje: RECOMPENSAS:

Art 56 - LEP.

- Elogio: anotação no prontuário. Questões relacionadas a bom comportamento. Dependendo da


quantidade de elogios, se conseguem regalias. Tirando isso, a importância é pequena.
- Regalia: comida diferenciada, visitas conjugais mais frequentes, visitas fora do prazo por mais
tempo, dormir mais tarde, melhores acomodações, cargo diferenciado no estabelecimento
(cada estado prevê em suas normas).

PROCEDIMENTO E APLICAÇÃO DAS SANÇÕES:


Para as faltas leves e médias, basta a SINDICÂNCIA.
Para faltas graves, o PA => que precisa ser homologado pelo juiz.

* Lembrar que as sanções que se remetem às faltas graves, o diretor as aplicará apenas após
homologação do juiz. Diferente das faltas leves e médias, aplicadas diretamente pelo diretor do
presídio. Então, se homologam a falta grave e a sanção aplicada.

Ela é homologada pelo juiz para garantir os efeitos na execução: revogação do SURSi, conversão
das penas restritivas de direitos em privativas de liberdade...
As sanções disciplinares aplicadas pelo diretor do presídio são 5:
- apreensão e advertência (faltas leves e médias)
- suspensão de direitos;
- isolamento (solitária, precisa de um laudo médico que comprove a sobrevivência do sujeito no
isolamento);
- RDD;

As últimas 3 para faltas graves. Apenas o RDD não é aplicado pelo diretor do presídio
diretamente, das vistas acima.

O juiz tem um prazo para homologar no caso de falta grave, sob pena de prescrição da medida
administrativa. E como se calcula o prazo da prescrição, que é visto através da pena abstrata ou
em concreto? E como se dá com relação a medida administrativa?

Se vê o prazo do art 109, CP.


Prazo mínimo do art 109 CP, que agora é de 3 anos. Antes de maio de 2010 era de 2 anos.

A BOA CONDUTA E A REABILITAÇÃO ADMINISTRATIVA:


Reabilitação é forma de reinserir o agente no convívio social. Busca torna sigilosa a condenação
que ele teve. A reabilitação faz com que os antecedentes saiam limpos.

A LEP, e o CP, falam da reabilitação PENAL ou judicial!!!


A LEP fala que após 1 ano todo mundo deveria ser reabilitado, mas isso não acontece... Deve ser
solicitado de acordo com o código penal, art 93 ao 95.

* depois de 5 anos volta a ser réu primário e ter bons antecedentes. ISSO É OUTRA COISA.

E com relação à boa conduta? Que é importante para definir a progressão do regime, que
imprescinde do atestado da boa conduta, tratado pelo departamento penitenciário federal.

Ler Art 76, a 83, regulamento penitenciário federal.

Condutas:
- Ótima: nenhuma anotação de falta e ter pelo menos 1 elogio;
- Boa: nenhum falta, ou ter sido reabilitado (quando tiver falta).
- Média: conduta regular, punição por faltas leves ou médias, sem reabilitação;
- Ruim: faltas graves cometidas.

A reabilitação administrativa vai no mesmo sentido da judicial. Serve para o atestado de boa
conduta.
A reabilitação administrativa retira do prontuário as faltas registradas.

O prazo para reabilitação se inicia a partir do término do cumprimento da sanção:


- 3 meses para faltas leves;
- 6 meses para faltas médias;
- 12 meses para as graves;
- 24 meses para aquelas que levem ao RDD;
Art 81.

pegar aulas passadas

AULA DIA 14/05/2014

Estudar a estrutura arquitetônica dos regimes... Senso de responsabilidade dado ao preso que
muda de regime (trabalhar fora, por ex).

No caso da penitenciária agrícola (industrial ou similar) pressupõe trabalho fora do


estabelecimento prisional, por ex... No caso de industrial ainda é possível que o trabalho seja
dentro do complexo industrial, no caso do agrícola é mais difícil.
O isolamento celular à noite, só no fechado.
O semi-aberto pressupõe alojamento coletivo, respeitadas as questões de salubridade (o que não
ocorre na prática - banheiro , lavatório e cama com colchão).

Regime semi-aberto. Pode iniciar nele, ou em outras penas privativas desde que se encaixe em
atenuantes do cumprimento, ou então por regressão.

O prof é da opinião de que deviam construir mais presídios de regime semi-aberto ou de casa de
albergado, que são a maioria dos crimes. (aqueles que imprescindem segurança máxima são
menos de 10%).

O conselho de política criminal e penitenciário, junto com as regras da ONU, estabelece que a
quantidade de presos num estabelecimento é de 50 a 150. E num de segurança máxima, 500
presos... absurdo.

Os de regime fechado e semi-aberto devem ser construídos em locais distantes. Já a casa de


albergado nos grandes centros, não tem muro... sem vigilância durante o dia. O regime aberto
pressupõe um senso de responsabilidade e disciplina, até para a tentativa de dar emprego ao
preso, cursos profissionalizantes, técnicos.

* cadeia, próximo aos centros urbanos;

A exigência do trabalho é diretamente proporcional à progressão do regime. No fechado é


exceção, no semi-aberto quase que opcional e no aberto, obrigatório.

Art 93 - casa de albergado... 5hs no sábado e 5h no domingo (tem no CP), com cursos
profissionalizantes. Quase não se aplica, já que não temos essas casas (exceto Paraná).
...
Art 95 - Prédio deve ficar em centro urbano, ausentes obstáculos urbanos (muros).

CENTRO DE OBSERVAÇÃO CRIMINOLÓGICO:


Art 96 - Importante que fique perto da penitenciária, não necessariamente dentro, mas pode. é
nele onde ocorrem os exames criminológicos para classificação do agente (exame para
individualizar a pena para aquele condenado), para regime fechado - que é obrigatório, por ex. O
resultado é enviado para comissão de classificação.

O COTEL é centro de observação e triagem, deveria funcionar como centro de observação, mas é
triagem para presos em flagrante, que encaminha os presos para os estabelecimentos em que
devem ficar. Só que ele acaba funcionando como uma cadeira pública, como um próprio presídio.
É melhor que o Aníbal Bruno.

Art 99 - HCTP (em Itamaracá) - inimputáveis que cometeram um ilícito. Tem as mesmas
características de regime fechado. Já o tratamento ambulatório não, ele pode ser feito no HCTP,
mas só está lá para tratamento. O tratamento pode ser compulsório, neste caso o preso fica
integralmente no hospital. Quando falarmos em MS, é a ele que nos referiremos. No HCTP o
tratamento é obrigatório, no ambulatorial, que pode ser feito aqui na região metropolitana, é feito
apenas em visitas. O internado se trata, e sai.

Art 100 - exames psiquiátricos são obrigatórios a todos os internados.

CADEIA PÚBLICA: são os presídios, destinados aos presos provisórios. Devem ser construídas
perto dos centros urbanos, não é como a penitenciária - AFASTADA, mas perto, desde que não
seja dentro do centro.
É o caso de PE, temos um em Igarassu, temos o Anibal Bruno..

Colocar a penitenciária distante é uma atitude discriminatória... É o caso da Barreto Campelo,


Itamaracá. A distância dificulta as visitas.

Art 103 - Cada comarca terá pelo menos uma cadeia pública.

Ver exigências mínimas do art 88 dessa lei.

PROVA:
- natureza objeto e objetivos da execucao;
- principios;
- sujeitos
- assistencia ao preso
- trabalho do preso
- direitos e deveres
- disciplina
- estabelecimentos penais

AULA DIA 19/05/2014

FINS DA PENA:

Esse assunto não cai em prova. A 2 prova começará a partir de prisões preventivas.

Conceito de pena:
Não confundir o conceito de pena com sua justificativa.
A pena também é uma violência, portanto também é um mal. Ela incide sobre bens
constitucionalmente protegidos: liberdade, patrimônio, vida (em casos de guerra)....
A pena é uma retribuição. Ela é um mal, é uma retribuição para o crime cometido.
É um mal legitimado, pois aplicado pelos órgãos estatais competentes. Ela só pode ser aplicada
como consequência jurídica do crime. É, portanto, consequência jurídica do crime.

Teoria agnóstica da pena: não é possível determinar as causas do crime, e portanto, impossível
de encontrar finalidade da pena. Esta teoria não legitima o direito penal (Zaffaroni).

Então, pena é uma relação entre os elementos abaixo:


- retribuição;
- existência de um crime;
- aplicada pelos órgãos estatais competentes.
São requisitos dela.

O mal da pena é chamado de justo da pena, no sentido de mal legal justo, lícito.
É a forma mais invasiva de mudança social, numa visão utilitarista da pena. Lembrar que o direito
penal sempre deve ser a última medida a ser tomada.
O combate à criminalidade não deve ser pensado com a política penal, apenas. Esta deveria ser a
ultima ratio. Porque criminalizar uma conduta impondo a pena em primeiro lugar, sem se
preocupar com políticas educacionais de incentivo a não execução daquela conduta?

O caso da embriaguez no trânsito foi considerada de forma imediata uma questão criminal. Por
quê não uma medida administrativa em primeiro lugar? A multa já não seria necessariamente?
Se a pena fosse de 20 a 30 anos, altíssima, se não houvesse fiscalização, a pena não cumpriria
sua função... dificilmente as pessoas deixariam de beber. A fiscalização cumpriria a função que
dizem a pena possuir.

Finalidades da pena:

Aqui ocorre a justificativa da pena. Por quê ela ocorre?


A partir dessa justificativa é que se pode, ou não, legitimar o direito penal.
Todas as teorias que veremos são criticadas. Isso põe em crise a legitimidade do direito penal.

1 - Pena como retribuição:


Analisar a pena como retributiva sob diversos aspectos.
"A pena é um mal que deve ser proporcional ao delito". De uma forma geral, deve existir uma
proporcionalidade entre a pena e o delito. Então, como finalidade, a pena é um mal proporcional.
O mal é devolvido, porém na mesma proporcionalidade. É resquício da lei de Talião. Por quê ela é
aceita na humanidade? Há uma necessidade subjetiva dessa proporcionalidade da lei de Talião?
Enfim... essa retribuição pode ser analisada a partir da vítima ou do agente.

Se for a partir da vítima, não há como distinguir pena da vingança privada. Daí ela não poder
existir. Já que a vingança privada não é permitida.
Pensar a partir do agente que a sofre, a pena será uma penitência, é uma expiação (sofrer um mal
pelo mal cometido - penitência) da culpabilidade. A retribuição viria com base na culpabilidade do
agente.

Daí se tem a retribuição jurídica. O que interessa na retribuição jurídica para definir a proporção
entre crime e pena seria a culpabilidade do agente.
Todas essas são teorias ABSOLUTAS.

Kant e Hegel influenciaram o direito penal no sentido da retribuição, mesmo que de formas
diferenciadas. O neokantismo influencia o conceito neoclássico do delito. Kant dizia que a justiça
retributiva era um imperativo categórico: mesmo que a sociedade se dissolvesse, o último
condenado deveria ter sua pena retributiva cumprida, sob pena de manchar a existência da
humanidade. Uma visão extremamente religiosa. É um direito da idade média. O sentimento de
culpa é criado pelo cristianismo, já dizia Nietzsche.
A ideia inicial do direito penal é cheia de resquícios religiosos. O cristianismo influencia até no
próprio sentido das palavras. O bem e o mal tinham um sentido distinto do que é hoje, pós-
cristianismo.

A maioria dos autores defendem a culpabilidade através da ideia de livre-arbítrio. Como aplicar
um mal proporcional à culpabilidade?
Como falar em livre-arbítrio (discussão bastante difícil) num conceito não metafísico? Como medir
algo metafísico? Como definir a proporcionalidade de algo metafísico?

E as teorias RELATIVAS? Tem 2 visões.


A visão GERAL da teoria relativa visa incidir sobre toda a sociedade (veem na pena algo a mais
que apenas o conceito de pena, esta se justifica por outras razões), a ESPECIAL, sobre o agente.

Tais visões podem ser:


- Positiva;
- Negativa;

Historicamente vem a geral negativa, depois as especiais, depois a geral positiva (novos autores).

Prevenção Geral Negativa:


Teoria da coação psicológica, surge com Feuerbach.
Beccaria já falava, em certa medida, numa prevenção geral negativa, porém num discurso mais
político do que criminal. Seria uma limitação do poder de punir do estado - princ. da legalidade
veio com ele, é o que dizem.

Feuerbach era iluminista, acreditada demais na racionalidade. O ser humano calculava os


benefícios e malefícios de uma certa conduta. Se os benefícios da conduta são superiores aos
malefícios da pena, o agente realizaria o delito. Daí o direito deve exercer uma coação psicológica
na sociedade, para que o agente, ao pesar as vantagens e desvantagens, não escolha a conduta
delituosa.
E como o estado realiza essa coação, para aquele que já cometeu o crime?
E como coagir alguém a não cometer o crime? Pela AMEAÇA PENAL. Daí a legalidade é
importante, pois a lei seria a responsável pela previsão legal da punição, que serviria como
coação para o não cometimento do crime. É a ameaça penal que leva à coação psicológica, e não
a retribuição, na aplicação da sanção. Se a coação viesse da aplicação da pena, estaria
instrumentalizando o agente, o ser humano, o que iria de encontro a questões que defendem a
dignidade da pessoa humana. Isto poderia levar a um totalitarismo completo.
Se a ideia é punir as pessoas através da aplicação, caso os crimes continuem, as penas vão
aumentando, gerando um terror penal absurdo, daí o totalitarismo. É o caso da nossa lei dos
crimes hediondos. Se existe pena de morte nos EUA, por quê as pessoas continuam matando?

Prevenção Especial Negativa e Positiva:


Criada pelo positivismo criminológico, principalmente a positiva.
A negativa já existia, mas se desenvolve também com o positivismo criminológico.
A especial negativa é a "imobilização" do sujeito, torna-o inócuo, tirar da sociedade para que este
não cometa crime. Esta é a única função que a pena realmente cumpre.

Surge a especial positiva, no auge doo capitalismo. O sistema penal se amolda à engrenagem
capitalista, Foucault fala dos ortopedistas da moral, ideia de ressocialização. A prisão passa a
ser um espaço moral de exclusão.

Prevenção Geral Positiva:


Atualmente a mais trabalhada. No Brasil, principalmente em SP.
Analisada sob diversas óticas, principalmente a de Roxin e a de Jakobs.
Falam que a pena só tem finalidades preventivas. Para Roxin, a pena fica na medida da
prevenção, limitada pela culpabilidade. A pena nunca pode ficar acima da culpabilidade. A
necessidade da prevenção não justifica o aumento da pena acima da culpabilidade.
Para Jakobs, não existe limite da pena, esta se justifica apenas na prevenção. Jakobs é
considerado neonazista.

Roxin fala que a finalidade da pena é reforçar ou restabelecer a confiança da sociedade no


ordenamento jurídico. Fortificar os laços sociais abalados pelo cometimento do crime. Dai essa
função positiva de restabelecer a confiança. Mas também teria um caráter social pedagógico de
ensinar a população quais condutas reprimidas, e quais aceitáveis.
Essa subfunção social pedagógica levaria a uma pacificação social. Roxin é mais garantista,
impede a instrumentalização do sujeito.

Não há nada que comprove o restabelecimento dessa confiança, apesar de poder acontecer. Não
dá pra dizer que todas as pessoas agiriam assim. Isto não ocorre com toda a população... é
trabalhar com o que não é verdade.

Jakobs, que submete a pena unicamente a razões de prevenção geral, diz que a pena visa o
restabelecimento das expectativas normativas DO ORDENAMENTO, e não da sociedade,
defraudadas com o comportamento delituoso. O ordenamento traz expectativas que estariam
abaladas pelo crime. A pena seria um exercício de fidelidade ao direito. O crime corrompe o
sistema. A pena é necessária para o restabelecimento das expectativas do próprio direito. Quanto
mais é a necessidade de recuperar essas expectativas, maior será a pena.

Só que nesse caso, com a infidelidade do sujeito, ele acaba servindo como exemplo, e um
instrumento legal, indo de encontro à dignidade da pessoa humana.

Se volta ao totalitarismo falado acima. E é Jakobs que cria o direito penal do inimigo. Por ser o
direito penal uma decisão política, é muito perigoso. É dar liberdade a definir quem é o inimigo. A
visão do direito penal do inimigo é importante para servir como referência, porém sua aplicação é
bastante perigosa.

Aulas Marina:

Execução Penal – Aula XIII

Juarez Cirino dos Santos. Direito Penal: parte geral.

Pena privativa de liberdade


- introdução
- pena privativa de liberdade e unificação das penas
- prisão especial
- regimes e progressão de regimes
-- fechado
-- semiaberto
-- aberto e domiciliar
-- progressão e regressão
- remição
- detração
- autorização de saída
-- permissão de saída
-- saída temporária
-- perda do direito
A política criminal brasileira não é, de fato, uma política criminal. Na verdade, confundimos a
política criminal com a política penal. Nesse sentido, todo o nosso sistema penal tem como
elemento principal/base a pena privativa de liberdade. Nos sistemas penais mais avançados, a
pena de multa passa a ser a principal, o que é bom pois leva em conta a situação econômica do
réu.

Diferença:
- Política criminal. Medidas de combate à criminalidade. Melhorias normalmente sociais. Ex:
distribuição de renda, saneamento básico, diminuição das desigualdades.

- Política penal. O que o nosso legislador faz: tratar lesões a bens primeiramente no âmbito penal.
Vê-se isso na criação cada vez maior de tipos penais, no endurecimento das penas.

Pena privativa de liberdade. Pena mais importante e aplicada. Tudo gira em torno dela, embora
fiquem cada vez mais claros os seus malefícios. No BR ainda não se cogita na abolição ou
mesmo na redução de aplicação desta pena. Essa adequação ainda é tímida, mas aos poucos
caminhamos em passos lentos para ela.

Existe um rigor maior no regime fechado (“deve”) que não se justifica face ao princípio da
individualização da pena. Mesmo nas condenações acima de 8 anos, deveria ser aplicado um
regime que mais se adequasse ao indivíduo no caso. É um engessamento no sistema de regimes
que não deveria existir.

A execução provisória da pena não é possível. A pena só pode ser executada com o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória face ao princípio da presunção da inocência. Isso é
necessário, inclusive, porque se faz uma execução provisória da pena se irá obrigar o preso a
trabalhar quando, na verdade, o trabalho para o preso provisório é facultativo. Todavia, isso não
quer dizer que ele não possa progredir de regime, já que se aplica a LEP e, por conseguinte, os
benefícios que ela concede. Agora, não se trata de execução provisória, já que execução se dá
apenas na condenação definitiva.

Art. 106, LEP. Guia de recolhimento provisório. Muito importante pois é ela que dá inicio à
execução da pena.

No BR um condenado só pode cumprir uma pena privativa de liberdade por, no máximo, 30 anos
(nos 3 regimes). Já nas condenações por concurso de crime, por exemplo, quando a pena é
superior a 30 anos, há uma unificação em 30 anos para fins de cumprimento. Todavia, para
concessão de qualquer outro benefício (ex: progressão e regressão de regime; LC), não se utiliza
como parâmetro a pena unificada, mas a pena aplicada como um todo (a pena real).

Arts. 84 e 85, CP. Súmula 715.

Ex: X está cumprindo pena e é condenado por crime anterior à execução: o juiz da execução
penal despreza o período já cumprido; pega a nova pena e soma. Se a soma passar de 30, unifica
em 30; senão, deixa como está. Crime cometido durante a execução: há uma diferença. Ex: 7
anos para cumprir ainda + nova condenação. Se já tiver ultrapassado os 30 anos e tiver sido
unificado, não se faz nada. Usa-se o quantum total apenas para efeito dos benefícios.

Art. 75. §2º. Exceção aos 30 anos. Ex: sujeito condenado a 30 anos. Se ele for condenado por
crime anterior, a pena continua de 30 anos para fins de cumprimento e se usa a pena real para
fins de benefícios.

Ex: sujeito condenado a 42 anos/unificou-se em 30/não houve crime hediondo -> a progressão
seria 1/6. No 7º ano, iria progredir. No 6º ano, é condenado por mais um crime por 8 anos.
Continua unificado em 30, mas para progressão se faz 1/6 de 50 (ex: 9). No 8º ano, é condenado
por outro crime anterior (10). Continua unificado em 30, mas para progressão 1/6 de 60: 10 anos.
Essa é a regra para os crimes anteriores; vai aumentando na progressão.
*Condenação depois de concedida a progressão. Único caso de regressão automática, desde que
a soma das penas não seja compatível com o novo regime.

Ex: sujeito condenado a 30 anos por crime hediondo. Progressão: 2/5 de 30 = 12. No 12º ano,
teria direito à progressão, mas no 2º ano comete outro crime (ou seja, durante a execução). E no
10º ano, é condenado por esse crime a uma pena de 20 anos. Neste caso, despreza-se o já
cumprido (10 anos); pega-se o que resta (20) e se soma à nova condenação. E ele cumprirá
novamente 30 anos porque foi unificado em 40. 2/5 de 40 = 16. Cometendo outro crime no 2º; no
10º é condenado. Despreza-se e se pega a nova. Há uma nova unificação.

Exceção apenas para crime cometido durante a execução.

Diferença entre reincidência* e maus antecedentes. *Para crimes hediondos, é 3/5.

O sujeito comete 4 crimes: A 10.10.10/B 15.12.11/C 16.02.12/D 12.12.12.

Obs.: crime continuado. O máximo de tempo que se admite é de 30 dias entre uma ação e outra.

O processo A está parado; o processo B andou primeiro/condenação em 13.10.13 e transitou em


julgado. Réu primário. Nenhum inquérito ou processo em andamento pode ser considerado para
fins de maus antecedentes face ao princípio da presunção da inocência. Súmula 444, STJ.

O B é considerado reincidência ou maus antecedentes? Todos os crimes são considerados maus


antecedentes.

- Maus antecedentes: condenações com trânsito em julgado que não geram reincidência.

- Reincidência: 2ª condenação após o trânsito em julgado de uma sentença penal que condenou o
sujeito por crime anterior até o prazo de 5 anos contados da extinção da pena (e não da
condenação). Passado esse prazo, tem-se o tecnicamente primário. Nossa reincidência é ficta e
não real.

Não gera reincidência porque não foi cometido o crime após o trânsito em julgado da sentença
penal que o condenou por crime anterior.

Art. 64, II. Não são considerados para efeitos de reincidência os crimes militares próprios e os
crimes políticos. A contravenção também não é levada em consideração, já que o dispositivo não
fala em infração penal, mas apenas em crime (art. 63).

*Exemplo: quando ele cometeu cada um dos crimes, não havia nenhuma condenação com
trânsito em julgado. Então, não pode ser considerado reincidente. Agora, se ele já foi condenado
com trânsito em julgado por um, para o segundo, o primeiro será considerado.

Foi condenado por D em 13.10.13, mas ainda há recurso. No dia 16.11.13, foi condenado por B.
Na individualização da pena, não será levado em consideração D pois não houve o trânsito em
julgado.

A doutrina mais moderna diz que, se não existe pena de caráter perpétuo e se a reincidência que
é mais gravosa só tem o prazo de 5 anos, não haveria motivo para os maus antecedentes não
terem esse mesmo prazo, contado da mesma forma que a reincidência (extinção da pena).

*O que se comete antes dos 18 anos não pode ser levado em consideração em nenhum momento
(para efeito de má conduta social ou maus antecedentes), pois não há crime.

Prisão especial. Segundo muitos, padece de constitucionalidade, pois trata as pessoas de forma
diferenciada (violação ao princípio da isonomia). Aplica-se apenas aos presos provisórios. Com o
trânsito em julgado, perde-se o direito a ela. Prevista no CPP e em leis extravagantes. Ex:
LOMAN/MP/Defensoria Pública Art. 295, CPP. Excetua-se a lei de contravenções penais em que
há previsão de prisão simples que não tem o rigor penitenciário.

Se no presídio não existir a prisão especial, devem ser feitas adequações. Ex: cela individual,
separada.

Execução Penal – Aula XIV

Art. 33, CP define o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade. Quando o crime
é apenado com reclusão, o preso pode iniciar o cumprimento da pena nos regimes fechado,
semiaberto ou aberto; quando é apenado com detenção, o preso pode iniciar nos regimes
semiaberto ou aberto.

Neste caso, não se exclui a possibilidade de o preso chegar ao regime fechado através da
regressão. Por isso se diz que a detenção possui o rigor penitenciário, diferentemente da prisão
simples que requer que a penitenciária possua um local separado dos demais e se aplica às
contravenções.

A prisão simples poderia ser aplicada a penas com até 5 anos, mas as contravenções não
chegam a este patamar pois geralmente são aplicadas multas. Por isso se diz que se aplica aos
regimes semiaberto e aberto, embora sem o rigor penitenciário pois o preso não pode chegar ao
regime fechado.

Para definição do regime inicial de cumprimento, o principal critério é a quantidade de pena.


Superior a 8 anos: regime necessariamente fechado/4 a 8: semiaberto, desde que o preso não
seja reincidente em crime doloso/até a 4: aberto, desde que o preso não seja reincidente em crime
doloso.

A reincidência não leva necessariamente o preso ao regime fechado. Art. 33, §2º. Necessidade do
regime fechado (“deverá”), embora possa ser mitigada até por conta do princípio da
individualização da pena. Ex: concurso de crimes. Crimes que isoladamente levariam a um regime
aberto, todavia, em virtude da soma das pena seria possível aplicar o regime fechado que é
incompatível com as características do próprio agente.

Ex: X foi condenado a um 2º crime após o trânsito em julgado do 1º dentro do prazo de 5 anos
(reincidente); recebe a pena de 2 anos pelo 2º crime -> qual o regime aplicável? Pode ser o
fechado, mas não necessariamente; ele pode ir para o regime imediatamente menos rigoroso, ou
seja, o semiaberto.

§3º. Permite que o juiz, observando os critérios do art. 59, imponha um regime ainda mais
gravoso. Essa amplitude do dispositivo é aplicada, inclusive, para o agente que não é reincidente
que, em tese, se submeteria ao regime aberto. Ex: condenado a 2 anos e não é reincidente.

Agora, o STF tenta limitar isso. Ele, inclusive, editou uma súmula afirmando que as impressões
subjetivas do julgador em relação ao crime ou à gravidade do delito não poderiam ensejar a
aplicação de um regime mais gravoso (súmula 718).

O art. 59 elenca 8 circunstâncias; pelo menos 5 (mais da metade) devem ser desfavoráveis ao
agente para aplicação do regime mais gravoso. Isso é relevante, por exemplo, para aplicação do
SURSIS*. Enquanto que o especial pressupõe que todas as circunstâncias sejam amplamente
favoráveis, o comum requer a maioria delas. Claro que não existe previsão neste sentido, mas
isso se aplica por consenso doutrinário. *Diferente da suspensão condicional do processo (art. 39,
lei 9099/95).
Existem algumas leis que impõem o início do cumprimento no regime fechado. Antes, algumas até
determinavam aplicação do regime integralmente fechado. Ex: crimes hediondos/organização
criminosa. Agora, hoje todas estas previsões foram relativizadas.

Súmula vinculante 26, STF. A declaração de inconstitucionalidade fez alusão ao cumprimento


integral no regime fechado (ofensa ao princípio da individualização da pena), mas não ao
cumprimento inicial que foi submetida apenas a uma declaração incidental via HC possibilitando o
início do cumprimento em outros regimes que não o fechado (para observância deste princípio
também).

- Características dos regimes (isolamento celular ou não/tamanho da cela/trabalho).

Trabalho para o regime aberto: a progressão pressupõe que o preso beneficiado aceite as
condições impostas (fechado - semiaberto/semiaberto - aberto). Agora, há implicações. Alguns
dizem que o preso não poderia progredir em saltos, mas em tese é possível.

Para progressão para o regime aberto, algumas condições são obrigatórias; outras são
facultativas.
Obrigatórias:
- Trabalhar ou comprovar aptidão para o trabalho;
- Demonstrar, por meio dos antecedentes e exame criminológico, as aptidões para este regime, ou
seja, o senso de autodisciplina e responsabilidade.

Art. 114, LEP.

Também existem condições facultativas que serão aplicadas pelo juiz dependendo de caso a
caso. Art. 115, LEP. Ex: comparecer mensalmente ao juízo para informar suas atividades/hora
para retorno à casa de albergado.

*Trabalho externo no semiaberto: possível e regido pela CLT/dentro da colônia: LEP. Fechado:
excepcional. Regido pela LEP, ainda que o empregador seja privado, embora com observância de
todas as garantias.

Prisão domiciliar. Existe um rol para aplicação: maior de 70 anos/doença grave/gestante ou filho
recém-nascido. Art. 117, LEP. Muitos doutrinadores defendem que este rol seria taxativo, mas
evidentemente ele possui cunho exemplificativo, já que tem caráter puramente humanitário e a
circunstância que o origina pode ser tanto antes quanto depois do crime cometido. Ex: doença
grave/maior de 70 anos pode ser na data da sentença ou depois de cometido o fato.

Aplica-se para o regime aberto. Também é possível a prisão domiciliar quando não existe casa de
albergado (analogia em bonam parte).

Idoso: poderia ser entendido como maior de 60 anos face ao estatuto do idoso, mas não existe
respaldo jurisprudencial. Impera entendimento no sentido de que, se houvesse desejo do
legislador neste sentido, ele faria a alteração expressamente.

Na prisão domiciliar é possível a aplicação de um monitoramento eletrônico. Inclusive, para as


saídas – permissões de saída e temporárias (que podem ocorrer tanto no regime semiaberto ou
aberto).

Progressão e regressão de regimes.

Progressão. O preso sai de um regime mais gravoso para um menos gravoso. Em tese, há
apenas dois requisitos: quantum de pena e bom comportamento. Antes, era exigido também um
exame criminológico favorável. Hoje não é mais, embora o STF abra essa possibilidade, o que é
absurdo pois cria uma restrição indevida que não está prevista em lei (violação ao princípio da
legalidade).
- Bom comportamento: art. 77 e seguintes do decreto 6049.
- Quantum de pena: 1/6 para a maioria dos crimes. Crimes hediondos: 2/5 se o agente não for
reincidente específico (homicídio simples e tráfico de drogas); 3/5 se for reincidente específico
(crime da mesma natureza, ou seja, hediondo). Ex: tortura e tráfico.

Ex: 1/6 da pena. Sujeito condenado a 6 anos e está no regime fechado. Vai para o regime
semiaberto em 1 ano. E para o aberto? Esta já foi uma discussão muito travada, mas hoje se
entende que se utiliza como parâmetro não a pena total, mas a que resta (1/6 de 5 anos).

2 questões:
- A progressão em saltos é possível em tese. Ex: sujeito que não aceita as condições para o
semiaberto, permanecendo mais tempo no regime mais rigoroso (fechado). Cumpre 1/6 da pena e
continua no fechado; depois cumpre mais 1/6 (+ bom comportamento) = 2/6 = 1/3 de pena -
requisito para concessão do LC (ainda mais benéfico do que o regime aberto). Assim, aceitando
as condições, poderia ir para o regime aberto, já que há possibilidade de ir até para o LC que tem
ainda mais benefícios.

- Falta de vagas na progressão. Há muitas decisões dizendo que o preso permanece no regime
mais rigoroso, com os benefícios daquele que faz jus, embora isso não devesse ocorrer pois a
estrutura é totalmente diferente. Já outras decisões vão no sentido oposto, dizendo que o preso
deve ir para o regime ainda mais benéfico daquele que faz jus. Para regressão para o regime
fechado, normalmente não importa a falta de vagas/superlotação.

Para progressão de regime nos crimes cometidos contra a administração pública, o CP no art. 33,
§4º traz mais um requisito: a reparação do dano salvo impossibilidade de fazê-lo ou devolver a
coisa. *Efeito da condenação (art. 91): obrigação de indenizar, o que pressupõe uma ação no cível
(ação ex delicto). Se o crime foi culposo e foi reparado o dano antes da sentença, extingue-se a
punibilidade (art. 312, §3º).

Regressão. O entendimento majoritário diz que pode ocorrer por saltos, mas o professor não
concorda, a não ser em uma única hipótese (caso de regressão automática): quando o agente
sofre condenação por crime anterior e a soma das penas torna-se incompatível com o regime.

Ex: crime a X anos/vai para fechado, semiaberto e aberto. Condenado por mais outro crime de 8
anos. 8 com o que resta (2) = 10, pena incompatível com os regimes aberto e semiaberto. Neste
caso, aplica-se a regressão em salto e automática pois a previsão é legal (art. 33 - “deverá”).

A regressão em regra não é automática. Requer motivação e ouvida das partes e do MP


(observância dos princípios da ampla defesa e do contraditório). Ex: cometimento de falta grave.
A reversão constitui um procedimento próprio/à parte.

Art. 118. Praticar fato definido como crime doloso. Hipótese que não pode ser aplicada por conta
do princípio da presunção da inocência, já que o dispositivo menciona “prática” e não
“condenação”. Não há prova, mas apenas indícios. Doutrinariamente, vem se entendendo pela
necessidade da apuração, mas aí acaba sendo tautológico pois cai em outro inciso. Destaque
para o caso de falta grave que requer não apenas a prática, mas um procedimento administrativo
para apuração, com observância do contraditório e da ampla defesa.

§1º. Problema: desde 88, o não pagamento da multa perdeu o caráter penal, tornando-se dívida
ativa da fazenda, não podendo servir como requisito para regressão de regime. Disposição que
não foi recepcionada pela CF. Desde 88, ele não pode fundamentar nenhuma restrição de
liberdade nem a conversão da pena restritiva em privativa de liberdade quanto mais a regressão.

Execução Penal – Aula XV

Remição. Sentido de resgate da dívida, ou seja, da liberdade pelo estudo ou trabalho.


A cada 3 dias de trabalho ou de 12hrs de estudo, reme-se um dia de pena. No entanto, o máximo
de estudo por dia é 4 horas ou alguma proporção que contabilize estes 3 dias.

Existe possibilidade de dupla remição caso o preso estude e trabalhe.

A mudança de 2011 foi interessante pois passou a prever que, terminado o ensino
profissionalizante ou médio, o preso ganha mais 1/3 de dias remidos (dias remidos + 1/3 deste
quantum). Art. 126.

§2º. Uma ótima novidade foi a possibilidade da metodologia de ensino à distância, sobretudo, no
regime fechado em que o preso não pode sair do estabelecimento.

§3º. Possibilidade de dupla remição.

§4º. Caso de acidente de trabalho.

Além disso, se o preso faz um requerimento para trabalhar ou estudar mas o estado não dispõe
de estrutura para tanto, conta-se a partir do dia do requerimento para fins de dias remidos.

Antes da mudança de 2011, quando se cometia uma falta grave, eram perdidos todos os dias
remidos. Hoje só se perde 1/3 deles. Ex: cometimento de falta grave ou demais casos previstos
em lei. Mudança que veio para beneficiar, então, se aplica a todos os casos em andamento.

§5º. Incentivo importante.

Art. 127.

O estudo já foi uma novidade prevista na LEP, já que antes ela falava apenas no trabalho.
Inclusive hoje existe possibilidade de ampliação do rol previsto em benefício do preso. Ex: tempo
de leitura.

Detração. Diminuição da pena definitiva pelo tempo de prisão provisória que o agente passou
durante a instrução processual. Art. 42, CP.

Ex: sujeito que ficou preso um ano provisoriamente mas depois foi absolvido pelo crime de furto
(ou seja, não houve detração) /depois de 2 anos comete homicídio, respondendo em liberdade e
sendo condenado a 7 anos. Esse tempo que ele passou preso pelo furto pode ser utilizado? A
maior parte da doutrina diz que pode, embora não haja decisões nem aplicando nem deixando de
aplicar. Aquele tempo em que ele ficou preso consiste numa restrição à liberdade. É um tempo
que não volta mais.

Autorização de saída. Há 2 hipóteses:


- permissão de saída: são casos excepcionalíssimos. Ex: morte na família. Art. 120. I. Interpreta-
se o rol como não sendo taxativo. Depende do grau de afetividade. Ex: primos ou até amigos. II.
Necessidade de tratamento médico. Só com escolta e para a finalidade específica. § único.

- saídas temporárias: só podem ser concedidas pelo juiz da execução penal. São voltadas para os
regimes semiaberto e aberto e deve haver o cumprimento de no mínimo 1/6 da pena.

São 5 saídas de 7 dias cada uma por ano. A LEP traz alguns requisitos: cada uma deve ser
concedida separadamente com uma distância de 45 dias e uma fundamentação idônea (com
ouvida das partes e MP), com exceção das saídas para cursos superior ou supletivo (uma
concessão para o período todo). Ex: visitas a famílias, cursos.

Art. 122. II. Limitação que pode ser relativizada, pois pode não haver o oferecimento do curso ou
instrução na comarca. III. Participação em teatros, manifestações culturais.
§ único. Modificação pela lei de monitoramento eletrônico.

Arts. 123, 124. §1º. Se ele deixar de cumprir tais condições, a saída será revogada. Ex:
comunicação do endereço da família/retorno em horas determinadas/proibição de não frequentar
determinados locais.

Art. 125. Interpretação no sentido de que não é a prática, mas a condenação com o trânsito em
julgado que leva à revogação da saída em virtude do princípio da presunção da inocência, até
porque a revogação é um efeito automático (sem necessidade de fundamentação. Caso de crime
ou falta grave). No entanto, na prática em muitos casos apenas com a prática há a revogação.

Vimos que a regressão não é automática, a não ser na única hipótese em que a soma das pena é
incompatível com o regime. No caso de falta grave, é necessário um procedimento administrativo
para apuração com posterior homologação do juiz.

O recurso corrente seria o agravo (incidente da execução). Hoje o HC tem sido interpretado
restritivamente.

Execução Penal – Aula XVI

Pena privativa de liberdade (continuação)

Hipóteses de perda das saídas. Agora, isso não quer dizer que o preso não possa readquirir este
direito. Passado o período de reabilitação administrativa, o preso novamente está apto novamente
a ter o direito às saídas. Ex: por cometimento de falta grave. Art. 76 e seguintes, decreto 6049.

Pena restritiva de direito


- noções gerais
- requisitos e execução da pena restritiva
- espécies
-- prestação pecuniária
-- perda de bens e valores
-- prestação de serviços
-- interdição temporária de direitos
-- limitação de fim de semana

Todo o nosso sistema punitivo gira em torno da pena privativa de liberdade, tanto é que os tipos
penais trazem tal penal. Por isso muito se discutiu se a pena restritiva de direitos seria principal ou
apenas substitutiva da pena privativa de liberdade. Não obstante a importância da pena privativa
de liberdade, a pena restritiva de direitos é sim uma pena autônoma, embora sua principal
característica seja ser substitutiva. Agora, ela também possui sim o caráter de pena principal,
como ocorre em algumas legislações extravagantes. Ex: crimes ambientais. Historicamente a
primeira lei que traz essa disposição é a de abuso de autoridade (art. 6º, §3º lei 4898/65).

Na nossa sistemática, geralmente ela aparece como substitutiva à pena privativa, o que significa
que o juiz condena a uma pena privativa e se o agente preenche os requisitos legais ele a
substitui por uma ou duas restritivas. Além disso, se ela é substitutiva, será também reversível, ou
seja, se o agente não cumpre as condições impostas ou comete um novo crime que torne
inconciliável a continuidade da pena restritiva o juiz a reconverte em uma pena privativa de
liberdade.

Agora, importante destacar que o cometimento de um crime não necessariamente leva à


reversão; o juiz da execução deve buscar, caso seja possível, adequar a pena restritiva à nova
pena privativa de liberdade. Ex: prestação de serviços à comunidade/condenação que sujeite o
agente ao regime semiaberto. Claro que se o agente descumprir as condições impostas ou
cometer um novo crime será possível a reversão, mas não existe nenhuma hipótese de reversão
automática como ocorre com a regressão de regimes em virtude de nova condenação.

Ex: prestação pecuniária e regime fechado (conciliáveis, pois o agente pode continuar pagando)
/prestação de serviços à comunidade e regime fechado (inconciliáveis). Agora, observar que
existe, inclusive, a possibilidade de o juiz da execução (de ofício ou por provocação) substituir
uma espécie de pena restritiva por outra que se adeque mais à execução da pena diante da nova
condenação, não obstante haja casos em que isso não é possível. Ex: vítima já indenizada na
esfera cível.

Existem casos em que a reversão é inevitável. Seria ótimo que dentro das penitenciárias
houvesse instituições filantrópicas para que fossem conciliadas determinadas penas restritivas
também no regime fechado. Agora, só o fato de não haver a reversão automática e de haver a
possibilidade de adequação já é uma novidade muito importante.

A práxis é sempre ouvir o MP e a defesa quando as condições da pena restritiva não são
cumpridas (observância do contraditório). O agente é chamado a justificar as faltas antes de o juiz
decidir pela reversão.

A pena restritiva de direito sempre é mais benéfica que os demais institutos “despenalizadores”.
Ex: SURSIS que restringe bem mais os direitos do agente do que a restritiva.

Há 5 espécies de penas restritivas. No entanto, muitas leis extravagantes trazem penas restritivas
diferentes que são mais adequadas aos crimes nelas previstos. Ex: na lei de trânsito, existe
inclusive uma multa reparatória que tem características de restritiva de direitos e não de multa.
Enquanto que a multa prevista no CP é destinada ao FUNPEN, aquela é destinada à vítima e
seus sucessores, tendo bem mais o caráter de prestação pecuniária (pena restritiva de direitos) do
que de multa (embora seja calculada com base nos seus critérios) /lei de crimes ambientais/CDC.

2 primeiras espécies: penas que se traduzem em valores econômicos. 3 últimas espécies: penas
determinadas pelo tempo. A importância desta distinção está no cumprimento. Nas primeiras, a
extinção se dá pelo pagamento (pela prestação pecuniária ou pela perda de bens e valores). Nas
segundas, o tempo em tese corresponde ao da pena privativa de liberdade, embora tais penas
possam ser cumpridas em menos tempo.

Ex: pena privativa de liberdade aplicada e substituída por uma prestação de serviços. O agente
descumpre suas condições e ocorre a reversão. O tempo que cumprirá será apenas o que restar.
Agora, se faltarem menos de 30 dias, deve ser cumprido no mínimo esse período.

*Prescrição da pretensão executória: só é interrompida por 2 fatores -> pela reincidência (que nem
sempre ocorre) e pelo efetivo cumprimento.

A prestação pecuniária (e, de certa forma, a perda de bens e valores) guarda semelhanças com a
pena de multa, tanto é que alguns autores defendem que aquela deveria ser calculada tal qual
esta.

*A prestação pecuniária tem certo caráter indenizatório, sendo descontada do montante da


condenação no cível (ação ex delicto para reparação). Obviamente o beneficiário deve ser o
mesmo.

Sabe-se que a pena de multa não pode ser convertida em pena privativa de liberdade, vez que
perde o caráter penal, tornando-se dívida ativa da FP. Mas e a prestação pecuniária? A maioria da
doutrina defende que sim, mas já existem autores que, com base na previsão da pena de multa,
estendem a proibição para este caso (analogia in bonam partem). Art. 51.

O preso necessariamente tem que cumprir o prazo de 30 dias quando ocorrer a reversão. Art. 44.
*Juiz prevento (se já existe uma condenação): aquele que está acompanhando a execução
(distribuição por dependência). Agora, se a pena já tiver sido executada, será pelo sistema
aleatoriamente por distribuição.

Quando a pena privativa de liberdade é igual ou inferior a 1 ano, o juiz aplica uma restritiva ou
uma multa. Quando é superior a 1 ano e inferior a 4 anos, aplica 2 restritivas ou 1 restritiva e
multa. A primeira multa é substitutiva (já que não existe sequer a previsão de multa), enquanto
que a segunda é cumulativa.

Agora, no caso em que o CP já prevê a aplicação cumulativa com a pena de multa, a substituição
não pode ser por ela, pois não podem ser aplicadas 2 multas para o mesmo caso. Neste caso, o
juiz terá que aplicar a restritiva.

Requisitos para a concessão da restritiva. 1º se deve definir se o crime é doloso ou culposo,


porque para ele qualquer que seja a pena aplicada, sempre será cabível a sua concessão, desde
que se observem os requisitos. No caso dos crimes dolosos, devem ser separados os crimes com
e sem violência ou grave ameaça. Sem: a substituição é possível quando a pena privativa de
liberdade vai até 4 anos. Com: a substituição apenas ocorre se a pena privativa de liberdade for
até 1 ano. Art. 54. Interpreta-se que esta previsão seria referente aos crimes com violência ou
grave ameaça, já que o art. 44 apenas fala dos crimes sem.

2º: ser reincidente em crime doloso afasta a substituição. Crime culposo e contravenção não
podem ser abarcados pela vedação da interpretação extensiva. Agora, se a medida for
socialmente recomendável e desde que os requisitos sejam favoráveis à substituição, ainda que o
agente seja reincidente em crime doloso, o juiz pode afastar este requisito. Além disso, a
reincidência não pode ser específica.

Execução Penal – Aula XVII

Pena restritiva de direitos (continuação)

- Prestação pecuniária.

Destinada à vítima ou aos seus sucessores. Pode chegar a ser destinada a uma instituição, mas
sua função primordial é a indenização.

Chamada de prestação inominada. Pode ser dada em peças de roupas, por exemplo. Dação em
pagamento. “Prestação de outra natureza”.

Vai de no mínimo 1 até 360 salários mínimos. Alguns autores criticam o valor mínimo, dizendo que
deveria ser igual a pena de multa = 1/30, porque às vezes não há indenização na esfera cível ou
ela é inferior a um salário mínimo.

*Não existe previsão de parcelamento, mas como para a multa é possível o desconto em folha
essa prestação pecuniária pode ser requerida.

A sua principal característica é ser indenizatória. Então, com a compra de cestas básicas ela
perde esse caráter.

Alguns autores defendem, inclusive, que por ela ter esse caráter indenizatório não poderia ser
revertida em pena privativa de liberdade. Posição que ainda não prevalece, mas na já
jurisprudência já vem se convertendo.
*Vítima: União. É possível cumular a prestação pecuniária com a multa. Apenas não é possível a
cumulação de 2 multas. Isso também ocorre com os particulares. O que não se deveria aplicar em
conjunto é a perda de valores com a multa, pois ambas têm a mesma destinação (FUNPEN). Mais
adequado seria aplicar a prestação pecuniária e a multa.

Por ter caráter indenizatório, como esta pena se relaciona com o princípio da pessoalidade da
pena? Foi aplicada uma pena privativa de liberdade, mas substituída por uma restritiva. O juiz
defende que não é cabível a reversão em caso de inadimplemento.

Transitada em julgado a sentença que aplica a prestação pecuniária, tal pena não adimplida será
executada no juízo cível, possuindo o caráter de indenização. Consequentemente, se o sujeito
morre, ela passa para os seus sucessores. Agora, ela não passaria se o sujeito não pagou a
prestação, o juiz quis reverter a restritiva em privativa, mas o sujeito morre, até porque neste caso
com a morte se extingue a punibilidade.

Qualquer outra pena não passaria para os sucessores. Com a morte, extingue-se a punibilidade.
Ex: prestação de serviços à comunidade, limitação de fim de semana. O caráter indenizatório da
prestação pecuniária é que torna isso possível.

- Perda de bens e valores


Incide sobre o patrimônio lícito do condenado, já que o ilícito (instrumentos ou produto do crime,
direta ou indiretamente produzidos) já é objeto de perda em decorrência de um dos efeitos
automáticos da condenação (art. 91). Muito se discute se isso seria uma pena de confisco que é
vedada em nossa CF na modalidade específica do prejuízo causado. Na modalidade do proveito,
não seria algo ilícito, pois não é o produto direto do crime, mas o benefício que ele obtém com
isto. Ex: procedência de ação em decorrência do crime de corrupção. Haveria neste caso a perda
de bens e valores, mas não justificativa para caracterização do confisco.

Critério para esta penal: o que for maior -> o proveito obtido pelo agente na prática do crime ou o
prejuízo causado.

Destina-se ao fundo penitenciário nacional.

- Prestação de serviços à comunidade


Só pode ser aplicada quando a pena privativa de liberdade for superior a 6 meses. Não existe
justificativa; trata-se de uma restrição legal.

Consiste no cumprimento de 1hr diária (que equivale a 1 dia de condenação) de serviços


normalmente em entidades públicas com destinação social. Ex: orfanatos, hospitais, escolas.
Podem ser cumpridas mais horas por dia, desde que isto não atrapalhe a jornada de trabalho.

Devem ser cumpridas 8hrs semanais.

Pena relacionada ao tempo de condenação. Há uma equivalência. Ex: condenação a 3 anos = 3


anos de pena restritiva, embora seja possível o cumprimento em menos tempo, desde que
respeitada a metade do tempo da pena privativa de liberdade e esta seja superior a 1 ano (razão:
cumprimento em metade do tempo = 6 meses que é o mínimo aplicável).

Obs.: prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos e limitação de fim de


semana: têm o mesmo tempo da pena privativa de liberdade.

- Limitação de fim de semana


Consiste em atividades realizadas em casas de albergado na razão de 5 horas no sábado e 5
horas no domingo (assistir cursos profissionalizantes e palestras que variam a depender do
agente). Para os crimes abarcados pela lei Maria da Penha, tal pena é obrigatória. Como não
temos casa de albergado, cumpre-se a pena no próprio fórum.
E se o trabalho do agente for nos finais de semana? É possível o cumprimento em apenas um dia.
Todas estas analogias para beneficiar são permitidas. Vimos que, na prestação de serviços à
comunidade, a pena não pode atrapalhar a jornada de trabalho e, por analogia, isso se aplica
aqui.
Por uma analogia in bonam partem com a prestação de serviços à comunidade, a limitação de fim
de semana pode ser cumprida em menos tempo nos mesmos moldes da primeira, embora não
haja previsão legal. Não existe óbice nenhum a esta aplicação.

- Interdição temporária de direitos.


Excetuando-se a obrigatoriedade de assistir palestras com relação aos crimes vinculados à lei
Maria da pena, esta é a única pena restritiva de direitos que tem natureza vinculante, ou seja, que
deve ser necessariamente aplicada no cometimento de determinados crimes.

Art. 47. I. Para os crimes cometidos por funcionário público contra a administração pública com
violação de dever funcional. Trata-se de uma interdição temporária, ou seja, o cargo público não é
perdido, até porque não se fala aqui num dos efeitos da condenação (art.92), mas é como se ele
ficasse suspenso, sendo mantido, embora o agente fique temporariamente impossibilitado de
exercê-lo.
O cargo “suspenso” é tão somente aquele no qual se violou o dever funcional. Também não se
obsta o ingresso em outro cargo.
O tempo da interdição corresponde ao tempo da pena privativa de liberdade.
II. Ex: médicos que cometem crimes no exercício de suas funções (negligência) /advogados que
cometem o crime de patrocínio infiel (advogar para ambas as partes) -> o sujeito fica
impossibilitado temporariamente de exercer a profissão.
Tudo que necessite de habilitação especial pode ser abarcado, mas deve existir uma relação
entre o crime cometido e a profissão exercida.
III. Para os crimes cometidos no trânsito, exceto no caso de crimes dolosos (ex: LC/homicídio)
quando o veículo for utilizado como instrumento do delito. A interdição se aplica aos crimes
culposos cometidos no trânsito (ex: homicídio culposo) quando não se observam as regras de
trânsito ou aos crimes dolosos que não sejam esses (ex: embriaguez ao volante).
IV. Aplicado para lesões corporais em bares, boates, brigas em estádios.
V. Aplicado para um crime específico, fraudes em certames de interesse público (art. 311-A).
Utilização de pontos eletrônicos que até então se subsumia ao tipo legal de estelionato. Em 2011,
foi criado este crime específico, aliado a esta interdição de direito.

PEGAR AS ÚLTIMAS AULAS


AULA DIA 02/07:

Aula passada falamos de 3 penas restritivas de direito (prestação pecuniária e ...)


as de hoje envolvem o tempo. Tem o mesmo tempo da pena privativa de liberdade (limitação de
direitos, prestação de servi. a comunidade, limitação de fim de semana).

- Limitação de fim de semana:


5hs aos sábados e 5hs aos domingos, comparecer a casa de albergado pra ouvir palestras,
cursos profissionalizantes, orientações. Nos crimes da Lei Maria da Penha isso é obrigatório.
Quando não houver casa de albergado, essas ações são feitas no FORUM. Se não puder no fds,
pode ser outro dia. O fds é importante para quem trabalha durante a semana, sem problemas.
NÃO EXISTE PREVISÃO DE CUMPRIR EM MENOS TEMPO, mas como há previsão para a
prestação comunitária, aqui também se faz como analogia a favor do réu.
Seria o caso de passar mais tempo no fds, ou trabalhar mais dias seguidos...

- Interdição temporária de direitos:


Tirando a obrigação de assistir palestras vinculadas aos crimes da Lei MAria da Penha (limitação
de fds - o que se vincula são as palestras), nenhuma pena restritiva de direito, fora a interdição
temporária de direitos, tem natureza vinculante. ESSA É A ÚNICA.
No cometimento de certos delitos, ESTA PENA deve ser NECESSARIAMENTE aplicada.
Abaixo de 1 ano, só aplica uma, aí é ela. Se for acima, aplica 2, aí é ela e outra.
Portanto, em certos crimes essa pena é obrigatória.

Art 47, CP . LER!


* inciso 1: crimes cometidos por FP, contra a adm, pública, violando dever funcional. ISSO NÃO É
PERDA DO CARGO PÚBLICO (art 92) - lembrar que é temporário (fica temporariamente
impossibilitado de exercer). Em virtude da condenação ele pode perder o cargo, mas não
necessariamente.
A suspensão temporária terá o tempo da condenação.
* Inciso 2: proibição do exerc. de profissão.
* Inciso 3: suspensão de autorização para dirigir veículo (PREVISÃO APENAS PARA CRIMES
CULPOSOS DE TRÂNSITO, ou crimes de embriaguez ao volante [crimes previstos no CTB] -
diferente quando se utiliza o carro para matar alguém dolosamente [carro como instrumento],
porque aí é homicídio - aí não se usa essa interdição); A justificativa aqui é a mesma utilizada
para o inciso 2, prevenir temporariamente a sociedade das condutas realizadas pelo agente.
* Inciso 4: proibição de frequentar certos lugares. Ex.: estádio de futebol no caso de briga de
torcidas organizadas, bares, boates, nos casos de briga em bar.
* Inciso 5: proibição de escrever-se em concurso (aplicada somente a 1 crime incluído pela lei
12550/2011 - o crime de uso de ponto eletrônico ao fazer provas (art 311-A , fraudes contra
certames publicos))

AULA DIA 07/07/2014

PENA DE MULTA:

1.Introdução;
2. Sistema de dias-multa;
3. pagamento e execução;

A pena de multa hoje em dia é a mais aplicada, no sistema penal ocidental.


88% das penas aplicadas em 1994/95 eram de multa.

Sua aplicação abarca igualmente todas as classes sociais... é uma pena mais justa, seus critérios
de aplicação leva em consideração a situação econômica do acusado: quem pode mais, paga
mais. Seria, a grosso modo, uma pena aplicada a toda classe social, não apenas à camada mais
pobre, como nas privativas de liberdade.

Ela é prevista na parte especial, de forma alternativa ou cumulativa à pena privativa de liberdade.
Na parte geral, existe a previsão de multa SUBSTITUTIVA à pena privativa de liberdade (art 44,
CP).

Mas temos 2 artigos que falam dessa substituição, e parece haver uma contradição entre eles.
O parágrafo 2, do art 44, fala da substituição (substituição para penas de até 1 ano: substitui por
multa ou por uma restritiva de direito).
Acontece que no art 60, par 2, também fala: (substituição pela de multa às penas privativas não
superiores a 6 meses).

E aí? Muitos advogam que o art 60, par 2, foi revogado tacitamente com a mudança em 1996 do
art 44 (lei posterior mais benéfica). Mas essa não é a interpretação mais aceita.

A interpretação aceita é que, abaixo de 6 meses, o juiz é OBRIGADO a aplicar a MULTA


SUBSTITUTIVA, e apenas a multa. Acima de 6 meses e abaixo de 1 ano, pode optar pela pena de
restritiva de direito ou de multa (uma das duas). Na prática, o juiz pode não pensar assim, mas
essa seria a interpretação mais aceita.
A interpretação da substituição deve ser feita, portanto, com os 2 artigos.

O prof concorda com a revogação tácita.

Existe a possibilidade de multa com outra disposição? Além de alternativa, cumulativa ou


substitutiva ?
Tem sim. Ela pode ser a única cominada para o tipo penal.
Na lei de contravenções penais há previsão para este caso.

* lembrar de nunca poder aplicar 2 multas para o mesmo caso. Viu nas aulas anteriores. É o caso
de quando se aplica a multa + pena privativa (substituída posteriormente por multa). Neste caso,
não poderia.

Sistema de dias-multa:

Criado no Brasil. Exportado aos países estrangeiros.


Alguns falam que surgiu na Finlândia, porém o código penal de 1824? já previa esse sistema
(Zaffaroni fala que é criação genuinamente brasileira).

A multa vai para o fundo do sistema nacional previdenciário. Diferente da multa indenizatória, que
vai para a vítima.

Como funciona (art 49, CP)?


O juiz leva em consideração 2 fatores:

A) quantidade de dias-multa (mínimo de 10, máximo de 360 dias-multa);


B) valor do dia-multa (1/30 até 5x salário mínimo);

Ao final de tudo, a multa pode ser multiplicada por 3 (art 60, par 1 - ineficácia do valor inicial da
multa, em virtude da situação econômica do réu).

O valor do dia-multa e a questão da multiplicação por 3 do valor final, LEVA EM CONSIDERAÇÃO


A SITUAÇÃO ECONÔMICA DO RÉU.
A quantidade de dias-multa leva em consideração a CULPABILIDADE DO AGENTE (fase 1 da
dosimetria da pena: circunstâncias do crime e a culpabilidade do agente - reprovação sobre o
injusto, ver art 59, CP??).

Na legislação extravagante, há critérios diferentes do visto, veremos mais a frente.

Na lei 11343, de drogas (2006), no art 36 - financiar os crimes do art 33 (tráfico). É crime de
financiamento do tráfico (pena reclusão de 8 a 20 anos, e multa de 1500 a 4mil dias-multa).

Art 43, da mesma lei, aumenta ainda mais... podendo a pena máxima chegar a 144 milhões,
aproximadamente.

A multa prevista no CP, parte geral, é bem mais amena, e coerente, que a lei de drogas.
Para a maioria dos crimes, a pena de multa é a considerada no art 49, CP.
Observar as previsões existentes na lei extravagante.

Pagamento (art 50):


Realizado 10 (prazo quase nunca cumprido, o juiz da execução quem estabelece as condições)
dias após o transito em julgado da sentença penal condenatória.
O valor pode ser dividido.
Lembrar da audiência ADMONITÓRIA ?? Ler rápido - pode se discutir as condições de
pagamento?? O juiz da execução penal, nessa audiência, em regra, é quem determina as
condições do pagamento da pena.
O pagamento geralmente é feito em cobrança de folha mensal (art 50, par 1).

ATENÇÃO: O juiz não tem o poder de cobrar o valor. A frustração da pena de multa não leva à
substituição por pena privativa de liberdade. Vira dívida ativa, e será cobrada pela fazenda (art 51,
as regras da cobrança da multa mudam). Daí é melhor o juiz dividir o valor, por ser mais fácil o
pagamento pelo réu.
NÃO HAVERÁ QUALQUER SANÇÃO NA ESFERA PENAL.
Regressões do regime, por ex, a insolvência na pena de multa, foi declarada inconstitucional. Não
pode haver qualquer repercussão na esfera penal (agravamento da multa, reversão de regime...),
em virtude do não pagamento da pena de multa.

Lembrar que, depois de transitada em julgado, o valor passa a ser dívida ativa, com ato
prescricional diferenciado. 2 anos - PREVISÃO DE PRESCRIÇÃO PARA A MULTA.

* A prescrição executória começa a correr com o transito em julgado para o MP, ACUSAÇÃO (art
110, CP). Porém isso não é aplicado. Aplica-se do transito em julgado para o réu e o MP, pros 2.
Quer dizer que antes do transito em julgado para o réu, já pode correr a prescrição. Caso do réu
recorrer, o MP não (já ocorreu o transito em julgado para o MP). Daí começa a correr a
prescrição...
* Lembrar da tabela do art 109, CP. (NÃO CAI NA PROVA).

* Art 52, CP: Superveniência de doença mental, leva a suspensão da execução da pena de multa.
(para a pena privativa de liberdade haverá conversão por medida de segurança);

AULA DIA 09/07

MEDIDA DE SEGURANÇA:

1. Fundamentos:

MS é espécie de sanção penal (além dela há a pena).


Tanto a pena como a MS têm fundamentos.

Tanto a pena como a MS tem o MESMO FUNDAMENTO GERAL: o cometimento de um injusto


penal (fato típico e ilícito apenas). O agente tem que cometer ato típico e ilícito, como
fundamento geral.
Ex.: se o doente mental mata uma pessoa em legítima defesa (mesmo sendo pessoa que não
entende o caráter criminoso do fato, da maior periculosidade, ela não sofre MS... o fato deve ser
típico e ilícito).

Como FUNDAMENTO ESPECÍFICO:


- a Pena: CULPABILIDADE;
- a MS: PERICULOSIDADE;

E qual a diferença?
1- a culpabilidade se refere a um fato, ao agente ator do fato, ocorrido no passado. A análise feita
é de um fato cometido no passado. Por isso que a pena é sempre certa e precisa. Daí a
culpabilidade ser fundamento para a exatidão da pena, pois esta é calculada num fato concreto
ocorrido no passado, podendo ser valorada e individualizada.

2- a periculosidade se fundamenta na pessoa que cometeu o crime. Aqui a análise da


personalidade do agente ganha contornos primordiais. Aqui o juízo é feito para o futuro. Analisa a
probabilidade do autor voltar a cometer crimes. Assim, ela poderia ser determinada, exata? Não
se sabe quando cessará a periculosidade... se baseia numa probabilidade. Só pode haver
extinção da MS quando cessa a periculosidade, que em tese não poderia ser definida em anos, já
que a análise é feita ao futuro.

Questão para nosso futuro: o maníaco do parque está em MS. Queremos ver quando chegar
aos 30 anos de cumprimento de MS (posição do STF é que o máximo de cumprimento da MS é
30 anos - tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade. O prof concorda com
esse posicionamento. De não haver MS perpétua... Deveria ser limitada pelo máximo da pena
abstrata para o crime. Esta é a posição do STJ? Procurar...).

* Sobre a semiimputabilidade (termo equivocado, deveria ser imputável ou inimputável - deveria


ser imputável, porém com culpabilidade diminuída), é conceito fictício... Não deveria existir. É
quando o juiz opta por aplicar MS, no lugar da pena, a depender das características do agente
(art 98, CP)... Veremos mais à frente diferenças com relação ao inimputável.

A MS surgiu com o positivismo criminológico (Henrico Ferri??). É diferente do positivismo


científico, que veio com Lobroso (italiano).
Nele há a crítica muito grande da pena baseada na culpabilidade. Para Ferri, todas as pessoas
que cometiam crimes eram doentes, anormais, um discurso mais sociológico jurídico penal que
Lombroso (mais médico, técnico).
Os criminosos natos, para Ferri, não tinham desenvolvimento físico-mental para conviver em
sociedade, não acompanharam a evolução de se viver em sociedade. A maioria das penas eram
de morte ou perpétuas (Von Litz??).
O discurso positivista é extremamente policial, e muito pobre.

Nessa época, da diferenciação entre culpabilidade periculosidade, surge a ideia do sistema


DUPLO-BINÁRIO (para o mesmo caso, o juiz pode aplicar pena e MS), o que influencia na
legislação de 1940 em sua parte geral. Existia uma confusão entre os casos. Podia haver o
cumprimento da pena, depois uma MS , que analisaria a periculosidade, e assim seria liberado...

Ex.: hoje, para o crime impossível não se aplica pena. Em 1940, aplicava-se MS pela
periculosidade do agente.

* a grande contribuição do positivismo criminológico (científico também) é a criação de uma nova


linha de estudo... apenas isso. A forma e no que eles acreditavam não eram éticos. O estudo do
criminoso busca a causa do crime, numa tentativa de prevenção.
* o nosso sistema agora é sistema misto-alternativo, ou vicariante.

Na década de 50, há discussões para mudar o sistema para o misto-alternativo: ou se aplica pena
ou MS, nunca os dois juntos.

* ler sobre "label and aproach" - etiquetamento. O sistema penal cria criminosos, os etiquetando.
Daí essas pessoas começam a atuar dentro desse papel outorgado pelo estado, é uma
estigmatização.

A MS é aplicada em face do agente demonstrar periculosidade. Esta periculosidade é


PRESUMIDA, sem prova em contrário, pelo caput do art 26 iure et di iuire?, quando o agente for
considerado inimputável. Gera de forma direta e absoluta a aplicação de MS, desde que o autor
se enquadre no caput do art 26 - presunção absoluta de periculosidade. Houve funamento
específico, se aplica a MS.

E para se declarar a inimputabilidade, qual o critério? Critério BIO-PSICOLÓGICO.


Para a idade, o critério é apenas BIOLÓGICO (17 anos e todos os dias antes dos 18 anos),
mesmo que tenha noção do que se está fazendo, É INIMPUTÁVEL.
Para o maior de 18 anos, o critério é BIO-PISCOLÓGICO, é, em virtude da doença mental, no
momento da ação, ou omissão, o autor não entender o caráter ilícito do fato. Se ele conseguiu
entender, responde como imputável. Dependerá do exame mental, que determinará o
entendimento do caráter ilícito do fato, ou se o autor conseguira se determinar de acordo com
esse entendimento.
Ex.: o cleptomaníaco entende o caráter ilícito, mas não consegue se determinar, pois continua
roubando.

A comprovação do critério bio-psicológico deve ocorrer. Uma pessoa com doença mental pode ser
imputável, desde que tenha o entendimento do que cometeu.

**ATENÇÃO 2 EXCEÇÕES (par U, art 26) ao caput art 26 - caso em que a periculosidade
precisa ser comprovada: é possível aplicar MS quando o agente é considerado imputável. Neste
caso PRECISA COMPROVAR A PERICULOSIDADE, que não é presumida. Nos casos abaixo
(arts 98 e 41, CP):

1- nos casos de semimputabilidade - art 98,CP (usado erroneamente,prof chama de


culpabilidade diminuída, pena diminuída de 1/3 a 2/3 LER!!). Isso mostra que ha uma menor
reprovação de sua conduta. Quem tem menor entendimento, terá uma pena menor. Mas é pena, e
não MS.
O autor sofre uma pena, certa e precisa, porém reduzida. Mas em virtude de necessidades
curativas, o juiz pode substituir a pena privativa de liberdade por uma MS, DESDE QUE
COMPROVADA A PERICULOSIDADE. Os prazos veremos mais adiante...

Na semimputabilidade, há perturbação da saúde mental, geralmente transitório, que o leva a não


entender completamente o caráter ilícito do fato, nem se determinar de acordo com esse
entendimento. Normalmente o juiz aplicaria pena, mas, se o agente demonstrar periculosidade,
aplica-se a MS.
Aqui ocorre a necessidade de tratamento curativo, por isso a substituição da pena por MS.

2- superveniência de doença mental (art 41, CP):


No momento da ação era imputável, sofre pena. durante o cumprimento da pena, é acometido por
doença mental séria, que demonstrou uma elevada periculosidade. O juiz pode retirá-lo de lá e
mandá-lo para o HCTP. Prazos e efeitos veremos a frente. Não seria qualquer doença mental, é
preciso a demonstração da necessidade de se aplicar a substituição pela MS.

* Usamos o conceito legal de loucura, e não o conceito médico. O doente pode ser considerado
doente mental para toda a vida, mas para o Direito, ele só será se não entender o fato no
momento da execução.

AULA DIA 14/07

Lembrar que dentro do processo penal é instaurado o INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL.


Indicará se o agente no tempo do fato tinha discernimento.
É o caso clássico de aplicação de MS - a inimputabilidade. Cuidado que esse termo é usado
também para o menor (inimputável), mas a ele não se aplica a MS. O menor sempre estará fora
do dir. penal. Apesar de pertencerem à mesma categoria de inimputáveis, ao menor se aplica
medida socio-educativa, e não MS, mesmo que seja doente mental.
Nesse caso, há presunção absoluta de inimputabilidade.

Espécies de MS:

1- INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA;
2- TRATAMENTO AMBULATORIAL;

Na internação compulsória (hospital de custódia e tratamento psiquiátrico - HCTP), o HCTP


equivale a uma prisão de segurança máxima/média, para regime fechado. Lá, o culpado receberá
tratamento médico (remédios, consultas). É OBRIGATÓRIA A INTERNAÇÃO NO HCTP, não
pode ser em outro local.
O tratamento ambulatorial é quase como um regime semi-aberto/aberto. Pode ser feito em
hospital particular (não é necessário convênio com o poder público), inclusive. Pelo SUS
também... Nele, o agente recebe o tratamento (medicamento, consultas) e volta pra casa. O
tratamento ambulatorial, comprovada a necessidade curativa e a periculosidade, pode ser
convertido em sanção mais grave, no caso, a internação compulsória/ HCTP.

E quando se aplica um ou outro?


O critério do CP é simplista... é o aplicado na prática.
Se a pena for de reclusão, vai pro HCTP. Se detenção, para o tratamento ambulatorial.

O prof acha que deveria haver mais 2 critérios:


- se crime não for cometido com grave ameaça e violência => não deveria se aplicar o HCTP.
- a comprovação de real necessidade do tratamento compulsório diário. Se é caso de saúde, o
tratamento penal deveria se adequar às circunstâncias.. às vezes não é necessário ir ao HCTP,
iria apenas para o tratamento ambulatorial.

Prazos/Duração:

Tem duração indeterminada.


No Brasil, há o limite de 30 anos (STF): analogia em benefício da parte. Não faz sentido a MS ser
menos grave que uma pena (não admite pena perpétua, máximo 30 anos), porém durar
eternamente.
Apesar disso, o STJ já entende de forma mais benéfica: seria o máximo da pena cominada ao
crime. Ex.: se o homicídio tem pena máxima de 20 anos, só poderia haver aplicação de MS por 20
anos.

MAS TEM PRAZO MÍNIMO DE 1 A 3 ANOS. Quem determina é o juiz que ABSOLVE, pois se
trata de absolvição imprópria (não tem pena, porém sanção. O termo utilizado, portanto, é
ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA).
E se a pena for de 3 anos, e em 1 ano o agente não demonstra mais periculosidade,
excepcionalmente pode ser feita um novo exame, mas é raro. Normalmente se espera o prazo
mínimo dado pelo juiz. Depois desse prazo mínimo, a avaliação de periculosidade é feita de ano a
ano. O prazo mínimo é utilizado para se iniciarem os novos exames.

Se acaba o prazo da MS, é posto em liberdade. Porém, se no prazo de 1 ano há indícios de


retorno da periculosidade, volta-se a MS. Chama de DESINTERNAÇÃO CONDICIONAL.
Desinternado condicionalmente. Essa demonstração quem diz é o psiquiatra. Dentro desse 1 ano,
ele deve se consultar com médicos, que analisam a possibilidade de retorno da periculosidade.
Depois disso, só volta a sofrer MS com novo processo (novo fato típico, novo exame mental).
Portanto, a MS só se extingue depois de 1 ano, após a desinternação.

* ATENÇÃO: O conceito de reincidência e maus antecedentes SÓ é considerado para CRIME.


Não há reincidência aqui. Por isso quando se aplica a MS, chama-se de ABSOLVIÇÃO.

Exemplos:
No caso do art 41 (superveniência de doença mental), o réu sofre 12 anos por homicídio
qualificado. Cumpriu 2 anos. Restam 10. É acometido por doença mental e demonstra
periculosidade. O juiz da execução converte para MS. No décimo ano restante, ele continua
demonstrando periculosidade... ele poderá ficar ainda em MS???

Como no momento do fato ele era imputável, ele não pode cumprir a mais do que cumpriria na
pena original. Como houve a conversão da pena, ele deve ser solto obrigatoriamente ao final do
cumprimento dos 12 anos. Ou seja, o prazo máximo a ser cumprido é o que foi determinado na
pena. Se ele não demonstrar periculosidade, e não terminaram os 12 anos cumpridos, deve voltar
ao cumprimento da pena original, contando-se o tempo em tratamento como progressão de
regime, detração penal...conta pra tudo.
O TEMPO CUMPRIDO EM MS SERVE COMO TEMPO DE CUMPRIMENTO DE PENA!!

CASO POLÊMICO: PAR U, ART 26, combinado com o art 98:


A substituição da pena privativa de liberdade pela MS...
A pena privativa de liberdade é aplicada e depois substitui. Aqui não ocorre absolvição. O réu é
condenado. Ocorre a substituição.
Então a pena privativa é aplicada (o réu é condenado), porém o cumprimento da pena se dá com
a substituição. A redução é obrigatória, pois a pena é diminuída.
Com a substituição, não é caso de ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA.

Neste caso o juiz deve fundamentar a demonstração da periculosidade, já que não se trata do
caput do art 26 (presunção). No art 26, par cc/ art 98 , precisa da prova da periculosidade.

* ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA é unicamente para o caso do caput do art 26.

E com a substituição, qual o prazo máximo da MS???


Funciona igual à superveniência vista acima? Aplica-se o prazo máximo da pena cominada, e não
sanção sem prazo máximo?
O prof não lembra de ter havido essa discussão... Mas, sim. Esse caso se aplica analogicamente
em benefício do agente.
Para essa substituição é NECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DA PERICULOSIDADE, não
esquecer.

E nesse caso, como o réu foi condenado, há contagem de reincidência e efeitos penais... diferente
da doença mental comprovada para o momento da execução do fato.

Nesse caso, o acusado (que é imputável, porém recebeu substituição) cometeu um crime, na
medida da culpabilidade. Lhe foi imposta pena certa, precisa e individualizada. Por isso só deve
cumprir durante o prazo que lhe foi cominado.

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