Você está na página 1de 7

Psicomotricidade: história conceitos e aplicações nas

áreas psicomotoras da Educação Física infantil

Professores de Educação Física


Licenciatura e Academicos do 4º ano de
Educação Física - Bacharel Kathrin Rúbia dos Santos Gomes
Pela Unipan – Uniban – Anhanguera – Kathrin.gomes@live.com
Cascavel - Paraná Marlon Wilson Franco

Resumo:
Este artigo pretende apresentar informações de forma sucinta, da história, das
discussões, dos conceitos e repassar conhecimentos sobre a Psicomotricidade na Educação
Física Infantil, que nada mais é, do que o relacionamento entre o ser corpo, a mente, o
espírito, a natureza e a sociabilidade. A pessoa utiliza seu corpo para demonstrar o que sente e
inserir ao meio social. O trabalho com a educação Psicomotora das crianças deverá ter sua
base no desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, para isso deverá ser feito de modo que a
criança através de jogos, brincadeiras e outras atividades lúdicas possam perceber seu corpo,
seus movimentos, aptidões e controle emocional. Para trabalhar a Psicomotricidade na
Educação Infantil se faz necessário a utilização de atividades físicas de caráter recreativo, que
irão proporcionar o desenvolvimento corporal e mental, melhorando assim, a coordenação
motora, a socialização e a criatividade, desta forma favorecendo a formação da personalidade
intelectual da criança. A Psicomotricidade irá permitir a consciência do próprio corpo da
criança e também a expressão por meio desse corpo localizando–a no tempo e no espaço. A
criança em si é movimento. Todas as fases da vida do ser humano estão relacionadas com o
movimento, o qual inclui corpo, mente e espírito e tudo isso se relaciona ao meio onde se vive
e a sociedade que se faz parte. Estudar sobre Psicomotricidade significa valorizar cada
estágio do ser humano, bem como sua forma de ser e, acima de tudo direcioná-los para uma
educação inovadora, moderna e globalizada.
Palavras-chave: Psicomotricidade, movimento e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Na década de 70 e início da década de 80, surgiu uma novidade para a


educação das crianças: a Psicomotricidade, a qual possui duas vertentes, uma
é a Psicomotricidade funcional, que tem como referência inicial o perfil
psicomotriz da criança e outra é a Psicomotricidade relacional que usa o jogo
como atividade-meio, como elemento pedagógico, o qual trabalha a
imaginação e a criatividade da criança.
Para que realmente se possa trabalhar a Psicomotricidade de modo
correto, almejando resultados positivos no desenvolvimento pedagógico da
criança, este trabalho poderá servir de base para consultas de outros
profissionais e pesquisadores da área da educação.

Metodologia:

A pesquisa alicerçou-se na revisão de literatura, análise documental,


tanto quanto no contexto histórico, tanto no contexto comparativo, pois
constatou-se divergências e analogia dos conceitos e definições do assunto
abordado.
A pesquisa foi realizada de forma indireta, tendo em vista a existência de
dados do assunto em questão, já escrito e discutido por diversos autores
renomados. O modelo de estudo, sem dúvida foi a pesquisa descritiva,
qualitativa, tendo como base primordial a análise de conteúdo e revisão de
assuntos pertinentes a Psicomotricidade na Educação Física Infantil.

Histórico da Psicomotricidade

Sabemos que a palavra “psicomotricidade” foi dito por um médico


neurológico, no início do século XIX, utilizado para citar regiões do córtex
cerebral localizadas mais além das regiões motoras. Com isso através da
neurofisiologia descobriu-se que existem diferentes disfunções graves em que
o cérebro possa estar lesionados. Foram descobertos distúrbios das
atividades gestuais e práxicas. Porém o “esquema anátomo – clínico” que
determinava e focalizava cada lesão, fenômeno este inexplicável pela
patologia. A partir desses fenômenos clínicos, que pela primeira vez é citado o
termo Psicomotricidade, isso no ano de 1870, sendo estas as primeiras
pesquisas no campo psicomotor neurológico (SBP, 2003).
A Psicomotricidade no Brasil, iniciou-se nas primeiras décadas do
século XX, logo após a primeira guerra mundial, nos moldes da escola
francesa, a qual também influenciou mundialmente a psiquiatria infantil, a
psicologia e a pedagogia. Neste período a questão passava a ser estudada
por André Thomas e Sani-Anné Gargaissie, já em 1925 Henri Wallon, médico
psicólogo dá ênfase aos estudo do movimento humano psíquico, dessa forma
permitiu que WALLON relacionasse o movimento ao afeto, à emoção, ao meio
ambiente e aos hábitos do sujeito. Em 1935 Edouard Guilmanin, neurologista
desenvolveu o exame psicomotor para fins de diagnóstico. Porém em 1947
Julian Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora,
considerando-a como uma síndrome de particularidades, ainda se ostentou
nas teorias de Wallon em ralação ao Tônus para estudar o diálogo tônico. No
tocante a relaxação psicotônica foi estudada por Gieselle Soubiran (SBP, 2003
(ISPE-GAE, 2007).

Entre tantas definições e conceitos de Psicomotricade, podemos


citar alguns:
Psicomotrocidade é uma ciência que tem como objeto de estudo o
homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu
mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber,
atuar agir, com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está
relacionado o processo de maturação, onde a consciência corporal é a
origem das ações cognitivas, afetivas, motor e orgânicas. (S.B.P.1999).

Psicomotricidade é um caminho, é o desejo de fazer; o saber fazer e o


poder fazer. (ibidem, 1001 p. 34).

A Psicomotricidade se conceitua como ciência da Saúde e da


Educação, pois indiferente das diversas escolas, psicológicas,
condutistas genéticas, etc. ela visa a representação e a expressão
motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo
(AJURIAGUERRA Apud ISPE-GAE,2007).
Psicomotricidade é a otimização corporal dos potenciais neuro, psi-
cognitivo funcionais, sujeitos as leis de desenvolvimento e maturação,
manifestados pela dimensão simbólica corporal própria, original e
especial do ser humano. (LOUREIRO apud ISPE-GAE, 2007).
Desenvolvimento:

Atualmente constata-se que a Educação Física Escolar deixou de ser


helenista, higienista, tradicional, mecanicista e descobridora de talentos, e
passou a ser uma ferramenta pedagógica de suma importância que auxilia
em muito na formação integral, disciplinar, no desenvolvimento intelectual,
corporal e social por meio de movimentos de coordenação motora, auxiliando
sem sombra de dúvida na aprendizagem. Contudo, deve o profissional fazer o
emprego das áreas Psicomotora: Coordenação Motora Fina ( controlar
pequenos músculos para exercícios refinados) e Global (controle da
musculatura ampla para realizar exercícios complexos), Estrutura Espacial (é a
consciência do corpo e o meio), Orientação Temporal (é situar o momento do
tempo em relação aos outros), Lateralidade (noção de direções, preferência,
velocidade e dominância cerebral), Estruturação Corporal (adaptação do
mesmo ao meio ambiente).
Conforme Jean Piaget, Lev Semenovich Vigotski e Henri Wallon (2007)
a intervenção do adulto, que é o caso do Professor, é algo importantíssimo,
pois o mesmo será o elo entre a criança e o meio, para que o aluno aprenda de
modo individual ou em grupo exercer todas as atividades propostas.
Utilizando o lúdico a criança aprende a conhecer seu corpo através do
movimento e também aprende a exercitar o raciocínio, a mente, a imaginação,
unindo o psíquico e o físico valorizando a psicomotricidade.
O relacionamento entre o aluno e o professor deve ser ambíguo, com
afetivo, perceptivo, não deixando de observar e sensibilidade. No contexto
geral o diálogo e a conquista deve ser priorizado, dessa forma a criança
atingirá o objeto maior que é o desenvolvimento. No tocante, a avaliação deve
ser diversificada de acordo com a capacidade física, motora, mental, afetiva e
social de cada aluno, no entanto, de forma democrática, motivadora,
espontânea, mas responsável.
Embora o movimento faça parte de todo o cotidiano da criança é
extremamente importante que em cada Instituição de Ensino haja espaço
físico suficiente para o aprimoramento das atividades pedagógicas, onde se
possa criar, inovar novos exercícios psicomotores, tendo em vista que o sujeito
assimila e adapta com facilidade novas brincadeiras, novos jogos, enfim novos
movimentos, desde cedo devemos influenciá-los a serem inovadores, saindo
da mesmice e do repetitivo.
Além dos profissionais da área de educação física, inseridos em
estabelecimentos de ensino no nosso município, há outras entidades
filantrópicas, que estão preocupadas com a formação psíquica, física e moral
das crianças. Podemos citar alguns projetos que se utilizam da
psicomotricidade “criança x movimento”. Dentre eles um Projeto sem fins
lucrativos do município de Vera Cruz do Oeste/Pr denominado “Formando
Cidadão” criado e coordenado por funcionários públicos estaduais e municipais
custeado por empresas privadas, o qual tem como um dos principais objetivos
tirar as crianças das ruas, incluindo-os ao convívio social e familiar, tornando-
as cidadãos autônomos, críticos e compreensivos. No Projeto valoriza-se
muito a Psicomotricidade, pois ele trabalha desde o reforço escolar,
acompanhamento pedagógico e psicológico e também de maneira lúdica as
crianças aprendem vários tipos de esportes, como atletismo, basquete,
handebol, futsal. Além da pratica tradicional destes esportes o Projeto
“Formando Cidadão” ensina a Capoeira que como arte, dança hierarquia,
respeito e disciplina, além de valorizar o folclore, a cultura negra, ainda trabalha
muito o movimento físico e mental, favorecendo o equilíbrio, a coordenação
motora, raciocínio lógico, habilidade e outros elementos básicos dando ênfase
a Psicomotricidade.
A capoeira pode ser considerada uma das atividades humanas
culturalmente construídas que mais atende as vertentes curriculares atuais da
Educação física, seja em relação à ginástica, a dança, os jogos, o esporte o
equilíbrio, o raciocínio lógico. Segundo Monteiro (2000, p. 22-24) encontram-se
várias formas de analisar a Capoeira sob a ótica da Educação Física que
justificam esta afirmação.
Atividade Devido a sua diversidade gestual, facultar movimentações riquíssimas o que
ginástica toca a originalidade, variabilidade e exigência neuromotora.
Segmentos Trabalhados com diversas formas ( sentido, intensidade, contração, como
corporais estimulares de valências físicas.
Dança Seu exercício é comandado pelo ritmo de instrumentos e, esse ritmo deverá
ser respeitado de forma correta na formação do jogo.
Atividades O fato de todos tocarem os diversos instrumentos de percussão faz com que
rítmicas todos se beneficiam da percepção rítmica e auditiva. E ainda, as seqüências
de movimentos aprendidos no compasso rítmico, tem efeito similar ao da
seqüência coreográficas da dança, sem termo de controle neural.
Jogo A constituição própria da capoeira (jogo de capoeira)
Brincadeira O caráter lúdico se evidencia favorecendo a integração do sujeito no todo
comunitário (social), onde ele terá que se afirmar como único e como parte de
todo.
Esporte Haja vista a mecantilização já ter atingido todos os setores sociais. Apesar de
incipiente o fator esportivo já se faz presente em competições de capoeira.

Considerações finais:

Ao analisar a origem, conceitos, definições de Psicomotiricade, bem


como as áreas psicomotoras, constatou-se que há controvérsias e
semelhanças entre os autores, no entanto são unânimes em afirmarem que a
psicomotricidade está literalmente ligada com o dia a dia da criança na
Instituição escolar. Praticamente todas as disciplinas podem e devem ser
observadas como elementos formadores do fator psíquico, físico, afetivo e
social do educando.
A Educação Física é com certeza uma matéria multidisciplinar e
interligada com a Psicomotricidade, pois utiliza de metodologias que irão
favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo e sociopsicomotoras, que através
do movimento corporal expressa a interação corpo e mente, tornando o sujeito
fisicamente e mentalmente educado e sadio, o qual terá com certeza sua vida
ativa, saudável e produtiva, facilitando sua relação com o meio.
Referências bibliográficas

 FREITAS, Jorge Luiz de. Capoeira na educação física: como ensinar.


21ª ed. Curitiba – Editora.
 SILVA, Daniel Vieira da. Ludicidade e Psicomotrocidade. Curitiba,
2007.
 ALVES, Fátima. Psicomoticidade: corpo, ação e emoção. Rio de
Janeiro: WAK, 2003.
 EDUCAÇÃO FÍSICA E PSICOMOTRICIDADE. Disponível em
htt://www,edeportes.com.br. Acessado em 08 de janeiro de 2009.
 PSICOMOTRICADE nas salas de aula. Disponível
htt://www,edeportes.com.br. Acessado em 08 de janeiro de 2009.
 PSICOMOTRICIDADE, em busca da educação. Disponível
htt://www,edeportes.com/efd124/educação-fisica-e-psicomotricidade.
Acessado em 08 de janeiro de 2009.
 http://www.artigonal.com/educacao-artigos/a-importancia-da-
psicomotricidade-na-educacao-infantil-340329.html, acessado em 22 de
dezembro de 2008.
 MORAES, Marques. O movimento infantil. 5ª ed. Florianópolis:
CEITEC.
 PAULA, Ercilia Maria Angelli T. de; MENDONÇA, Fernando Wolff.
Psicologia do desenvolvimento do trabalho pedagógico. Curitiba:
IESD.
 MOLL, Luis C (Org). Vygotski e a educação: implicações
pedagógicas da Psicologia sócio-histórico. Porto Alegre: Artmed,
2002.
 FERREIRO, Emilia, Atualidade em Jean Piaget. Porto Alegre: Artmed,
2001.
 GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do
desenvolvimento infantil. Petrópolis Vozes, 1988.

Você também pode gostar