Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anais do evento
VOL.1: LINGUÍSTICA
COMISSÃO ORGANIZADORA
MONITORES
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
Apolo Macoto Hino
PRONOMES INDEPENDENTES E DEPENDENTES EM LÍNGUAS TUPÍ 08
Betânia Rocha de Sousa
APRENDENTES IDOSAS E A PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS ............................ 16
Breno de Campos Belem
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E AUTONOMIA NA PRODUÇÃO ORAL DOS
ALUNOS DE LICENCIATURA INTENSIVA EM INGLÊS................................................. 25
Celso Francês Júnior
O PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA MUNDURUKÚ: Observações
preliminares................................................................................................................................... 34
Carlos Nédson Silva Cavalcante
O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS FALADO EM BRAGANÇA (PA):
ANÁLISE EXPERIMENTAL.................................................................................................... 41
Cinthia Neves
CODE-SWITCHING NA FALA PARKATÊJÊ:
ASPECTOS SOCIAIS E ESTRUTURAIS DO CONTATO LINGUISTICO COM O
PORTUGUÊS............................................................................................................................... 49
Cyntia de Sousa Godinho
A VARIAÇÃO DAS OCLUSIVAS ALVEOLARES NO FALAR PARAENSE_
RESULTADOSPRELIMINARES............................................................................................ 54
Danielle Abreu Franco
LINGUAS OBSOLESCENTES: UMA VISAO SOCIOLINGUISTICA SOBRE A
DINAMICA DOS CONTATOS EM COMUNIDADES MINORITARIAS........................ 64
Edirnelis Moraes dos Santos
HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICO-CULTURAL EM TURMAS DE PORTUGUÊS
LÍNGUA ESTRANGEIRA: OS GÊNEROS TEXTUAIS COMO INSTRUMENTOS
PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA PRODUÇÃO ORAL....................................... 71
Edson de Freitas Gomes
VARIAÇÃO LEXICAL EM SEIS MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO SUDESTE DO
ESTADO DO PARÁ.................................................................................................................. 82
Eliane Oliveira da Costa
TERMINOLOGIA DA CERÂMICA ARTESANAL DE ICOARACI: UMA
ABORDAGEM SOCIOTERMINOLÓGICA.......................................................................... 89
Flávia Helena da Silva Paz
HAPLOLOGIA NO FALAR BELENENSE: UMA ANÁLISE
VARIACIONISTA...................................................................................................................... 98
Francinete de Jesus Pantoja Quaresma
ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS BILINGUES PARA O ENSINO DA LÍNGUA
MẼBÊNGÔKRE........................................................................................................................ 108
Giovani dos Santos Silva
ESTUDO FONOLÓGICO DO DIALETO MUNDURUKÚ DO
AMAZONAS............................................................................................................................... 116
Gizelia Maria da Silva Freitas
O GERENCIAMENTO DO ERRO NO ENSINO/APRENDIZAGEM DE INGLÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (LE): UM ESTUDO COM FOCO NA PRODUÇÃO
ESCRITA...................................................................................................................................... 125
7
ABSTRACT: This paper is a presentation of a research involving the positioning and the
sintatic function of independent and dependent (clitics) pronouns in six languages with the
same Tupí linguistic root, based on other researches realized with the goal to study the same
language root. The languages that were the object of our research are three from the Tupí-
Guarani family: Kamaiurá, Mbyá e Asuriní from Xingu region, and three from Juruna,
Mundurukú and Tuparí families. They are Xipaya, Mundurukú and Mekens respectivily.
Introdução
A relevância de um estudo tipológico se fundamenta no funcionamento de um
determinado fenômeno em várias línguas. Com base nesse aspecto, o propósito deste trabalho
é mostrar a ocorrência dos pronomes independentes e dependentes (clíticos) quanto à sua
posição e função sintática em algumas línguas Tupí, dentre as quais: Xipaya, da família
Juruna (RODRIGUES, 1995); Mbyá (MARTINS, 2003), Asuriní do Xingu (PEREIRA, 2009)
e Kamaiurá (SEKI, 2000), todas três da família Tupí-Guaraní; Mekens, da família Tuparí
(GALÚCIO, 2001); e Mundurukú, da família Mundurukú (GOMES, 2006).
Os pronomes independentes são definidos, normalmente, como formas autônomas
fonológica e sintaticamente, enquanto os pronomes clíticos são definidos como formas que
dependem fonologicamente de uma outra palavra. Quanto a esses dois grupos de pronomes,
nas línguas que apresentam pronomes independentes e/ou pronomes dependentes, ou seja,
pronomes clíticos, percebe-se que os clíticos são, em geral, formas derivadas dos pronomes
fortes (independentes) que se enfraqueceram na evolução da língua.
No grupo de línguas consideradas nesta pesquisa, identificamos um conjunto de
pronomes independentes e um conjunto de pronomes clíticos, dos quais apenas algumas das
formas pronominais serão exemplificadas neste trabalho. Inicialmente, será apresentada, em
9
I Pronomes Independentes
Xipaya:
1 - una u-mabɨ a didaku anu
//1S./prf.1s.-fils/frapper/m. mod.//
‗Je suis en train de frapper mon fils.‘
(Eu estou batendo em meu filho) (RODRIGUES, 1995, p.55)
//adv. de temps/dormir-nég./1S.//
Litt. : ‗Aujourd'hui, (je) n'ai pas dormi, moi.‘
‗Aujourd'hui, je n'ai pas dormi.‘
(Hoje eu não dormi) (op. cit.)
Mbyá:
4 - ndee xe=r-apy
você 1sg=Rel-queimar
‗você me queimou‘ (MARTINS, 2003, p. 78)
Asuriní do Xingu:
5 - dje djawara a-etxak
1sg cachorro 1-ver
‗eu vi o cachorro‘ (PEREIRA, 2009, p. 121)
7 - ga a-etxak
3sg.Mas 1-ver
O A-V
‗eu o vi‘ (op. cit)
Kamaiurá:
08 - ene je=r-etsak
você 1sg=Rel-ver
‗você me viu‘ (SEKI, 2000, p.155)
Mekens:
10 - õt o-ser-a
I 1s-leave-Them
‗I will leave‘
(Eu irei) (GALÚCIO, 2001, p. 39)
12 – e-aso-bõ ẽt
2s-bath-Neg You
‗Do not bathe‘
(Não tome banho) (op. cit., p. 93)
14 - ɨ sɨ ɨ so-a-t õt
deer see-Them-past I
‗I saw the deer‘
(Eu vi o veado) (op. cit., p. 79)
Mundurukú:
15 - õn bio o=y-aoka kapusu
eu anta 1S=R2-matar.PRF ontem
12
16 - i-mu-wexan õn ico-m
R2-CAUS1-transformar.se.IPRF eu cesto-TRANSL
‗Eu vou fazer um cesto.‘
(lit. ‗Eu vou transformar algo em cesto.‘) (op. cit., p. 93)
17 - xen puk õn
dormir.IPRF iminente eu
‗Eu estou indo dormir‘ (op. cit., p. 174)
É notável que tanto em Mekens, assim como em Xipaya (1-3), a posição dos pronomes
independentes é relativamente livre, ou seja, podem ocorrer no início, no meio ou no final da
oração (10-14). O mesmo acontece em Mundurukú (15-17). Note-se também a semelhança
fonética entre a ‗primeira pessoa do singular‘ em Mekens /õt/ e a ‗primeira pessoa do
singular‘ em Mundurukú /õn/.
II – Pronomes Clíticos
Segundo Zwicky (1977, p. 3), o pronome clítico refere-se a uma forma presa sem
acento que atua como variante de uma forma livre com o mesmo significado e com
característica fonológica semelhante. Ao observar as formas pronominais nas línguas
analisadas, é possível considerar esse pressuposto teórico para determinados pronomes
clíticos, pelo menos, conforme a semelhança fonológica existente entre certos pronomes
independentes e a forma do clítico correspondente. Na língua Xipaya, por exemplo, o
pronome clítico /na/ (ex. 18) é variante do pronome forte /una/ (exs. 1-3) e assume também a
função sintática de sujeito (exs. 18).
Xipaya:
18 - senapɨ du na
//homme/voir/1s.//
‗J'ai vu l'homme.‘
(Eu vi o homem) (RODRIGUES, 1995, p. 105)
19 - bɨ ya da anu
13
//chanter/3pl./m. mod.//
‗Ils sont en train de chanter.‘
(Eles estão cantando) (op. cit.)
Em Xipaya, os pronomes clíticos podem estar no final (ex. 18) ou no meio (ex. 19) da
oração, ocorrendo como sujeito.
Mbyá:
20 - xe=ø-kavaju xe=ø-joko
1sg=Rel-cavalo 1sg=Rel-cercar
‗meu cavalo me cercou‘ (MARTINS, 2003, p. 47)
Asuriní do Xingu:
21 - dje r-agỹ
1sg Rel-estar apressado
‗eu estou apressado‘ (PEREIRA, 2009, p. 123)
Kamaiurá:
23 - je=ø-katu
1sg=Rel-ser bom
14
24 - ene je = r -etsak
você 1sg=Rel-ver
‗você me viu‘ (op. cit., p. 155)
Mekens:
25 - /o-akop=õt/
1s-hot=I
‗I am hot‘
(Eu estou quente) (GALÚCIO, 2001, p. 43)
Mundurukú:
27 - o=d-op
1=R1-flecha
‗minha flecha‘ (GOMES, 2006, p. 27)
28 - ayacat o'='at
mulher 3S=cair.PRF
‗A mulher caiu.‘ (op. cit., p. 37)
15
29 - o=nomuwã du e)n
1O=R1.chamar.PRF INT você
‗Você me chamou?‘ (op. cit., p. 27)
30 - kapusu ma õn e=nomuwã
ontem mesmo eu 2O=R1.chamar.PRF
‗Ontem mesmo eu chamei você.‘ (op. cit.)
Conclusão
De acordo com o que foi apresentado neste trabalho, foi possível verificar algumas
distinções em relação ao papel sintático dos dois conjuntos de pronomes (independentes e
clíticos) nas línguas analisadas. Nos dados apresentados, foi visto que esses pronomes podem
se comportar, em algumas línguas, apenas como sujeito – por exemplo, o Xipaya – e, em
outras línguas, ora como sujeito ora como objeto. Há diferenças também quanto ao seu
posicionamento dentro da oração: em algumas línguas, estão no início e meio de sentença; em
outras, no meio e no final da oração; ou ainda, no início, meio e no final da oração.
Note-se que esse trabalho foi apenas um ensaio sobre as ocorrências dos pronomes em
seis línguas Tupí, sabendo-se que há muito ainda o que dizer sobre o comportamento dessas
formas pronominais nas línguas estudadas.
Referências Bibliográficas:
GALÚCIO, Ana Vilacy. The morphosyntax of Mekens (Tupi). 2001. 272p. Tese de
doutorado. Chicago. 2001.
GOMES, Dioney Moreira. Estudo morfológico e sintático da língua Mundurukú (Tupí).
2006. 320p. Tese de doutorado. Brasília. 2006.
MARTINS, Marci Fileti. Descrição e análise de aspectos da gramática do Guarani Mbyá.
2004. 209p. Tese de doutorado. Campinas, SP. 2004.
PEREIRA, Antônia Alves. Estudo morfossintático do Assurini do Xingu. 2009. 341p. Tese
de doutorado. Campinas, SP. 2009.
RODRIGUES, Carmen Lúcia Reis. Etude morphosyntaxique de la langue Xipaya (Brasil).
1995. 277p. Tese de doutorado. Paris. 1995.
SEKI, Lucy. Gramática do Kamaiurá: língua Tupí-Guaraní do Alto Xingu. Campinas,
SP: Imprensa Oficial. 2000.
SIEWIERSKA, Anna. Person. Cambridge: Cambridge University Press. 2004.
ZWICKY, Arnold M. On clitics. Indiana University Linguistic Club: Bloomington. 1977.
RÉSUMÉ: Cet article présente les résultats partiels d'une recherche participative, réalisée
dans la classe de la deuxième étape du «Grupo de Educação na Terceira Idade (GETI)»,
programme d'extension de l'Université Fédérale du Pará (UFPA) qui développe ses actions
pédagogiques dans le Campus Universitaire de Castanhal. L'objet de cette recherche est axé à
l'enseignement et à l'apprentissage de production de textes écrits dans des classes de
personnes âgées, ayant en vue les productions socialement pertinentes. La plus part de ces
apprenants âgés ont passé plus de 40 ans absents des espaces formels de scolarité. En ce sens,
l'objectif général est d‘analyser quelle manière la proposition d'évaluation formative, liée aux
principes d'éducation «freireana» et à l'approche interactionnelle d'enseignement-
apprentissage de langue, est valable pour l'élévation qualitative de la production de textes
écrits des personnes âgées qui font partie de la classe susmentionnée. L'approche théorique se
décompose en quatre piliers fondamentaux qui sous-tendent cette étude: 1) l'éducation
émancipatrice (FREIRE, 1983, 1987, 1996), qui vise à éduquer pour la citoyenneté ; 2) le
vieillissement humain comme un processus naturel de la vie, dont la compréhension de ce
qu'il est la personne âgée est conçue comme un sujet actif et potentiellement capable (NERI ;
FREIRE, 2000 ; BOSE, 1994) – vu que le locus de la recherche s'intègre dans le programme
pour les personnes agées; 3) L'approche interactionnelle d'enseignement-apprentissage de
langue (ANTUNES, 2006) ; 4) l'évaluation formative (AMARAL, 2008; CUNHA, 2006) afin
de réguler l'apprentissage. La méthodologie s'inscrit dans l'approche qualitative, plus
spécifiquement, dans la perspective de la recherche participative. Les procédures
instrumentales qui ont viabilisé la génération de données sont : l'interview semi-structurée
réalisée avec les apprenants âgés (es) et avec l‘enseignant de la classe; un cahier de notes; le
Modèle de Séquence Didactique (SCHNEUWLY, DOLZ, 2004); des activités et des
matériaux développés pour et dans la classe. Les résultats sont encore partiels, parce que la
recherche est en cours.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1
Dados recolhidos no dia 10 de junho de 2011 do site:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/metodologia.pdf
19
2
Entrevista cedida à Revista Comciencia, em 2002. Disponível em:
http://www.comciencia.br/entrevistas/envelhecimento/neri.htm <acesso em: 13.01.2011>
20
A escrita, assim como a oralidade, por muito tempo foi concebida como instâncias
dissociadas das práticas sociais. Concepção que atualmente, pelo menos no discurso, não se
sustenta mais. A Compreensão da escrita (e também a oralidade), como prática socialmente
situada que se constitui e se materializa por meio dos gêneros do discurso, conforme
Marcuschi (2001), Antunes (2003, 2009), Geraldi (2003), Rojo (2008) significa, sobretudo,
situar o texto e a produção do mesmo nas relações interacionais e culturais. Assim, o texto
pode ser interpretado como um instrumento de participação ativa numa sociedade
marcadamente letrada como a nossa.
Partindo dessa concepção, conforme Geraldi (2006), o ensino-aprendizagem de línguas
assume contornos que vão para além do ensino de gramática e se configura em práticas de
leitura, de produção de textos e de análise linguística. Todas articulas entre si para cumprir a
3
op. cit. , p. 52 (giros do autor).
4
cf. op. cit. , p. 24.
21
um único objetivo de criar nas próprias aulas, e a partir delas, as condições necessárias para
que o educando e a educanda desenvolvam as habilidades leitoras e escritoras, tendo em vista
uma formação para a cidadania.
No contexto dessa proposta, qual seria o papel da avaliação da aprendizagem? Verificar
para classificar e atribuir notas ou conceito, práticas comumente utilizadas na avaliação
escolar brasileira, conforme Luckesi (2010)? Ou avaliar para promover aprendizagens? Seria
um dissenso se, no contexto de um ensino-aprendizagem de línguas que se propõe sócio
interacional, a avaliação se erigisse a partir do paradigma da nota e/ou dos conceitos.
Avaliar para promover aprendizagens se insere dentro de uma proposta dialógica, cuja
primeira fase seria o diagnóstico das reais necessidades do educando; depois a construção de
instrumentos que possibilitassem tanto ao educador acompanhar a evolução ou não do
educando, a fim de auxiliá-lo a superação das dificuldades, quanto ao educando no sentido de
regular conscientemente seu aprendizado.
Condemarín e Medina (2005) expõem que a finalidade primordial da avaliação, baseada
em princípios da Avaliação Formativa seria a de
Nesse sentido, compreende-se que essa proposta de avaliação dialoga perfeitamente com
os princípios de educação emancipatória de Paulo Freire e com a abordagem de ensino de
língua apresentado nesse artigo.
3. METODOLOGIA
Este estudo teve como suporte a pesquisa qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), na
modalidade de pesquisa participante (BRANDÃO, 1984), pois a mesma aproxima-se do
referencial teórico deste trabalho no sentido de compreender que o compromisso histórico de
mulheres e homens pesquisadores não existe fora da práxis enquanto prática de apropriação,
reflexão e transformação da realidade (FREIRE, 1983, 1987, 1996; MACKAY, 2003).
Os instrumentos metodológicos que estão subsidiando a geração de dados: pesquisa
bibliográfica; entrevistas semiestruturadas; notas em diário de campo; aplicação do Modelo de
Sequência Didática (SCHNEUWLY, DOLZ, 2004) que pressupõe etapas e módulos para se
trabalhar com gênero textual: apresentação da situação, primeira produção textual, módulos
(várias atividades ou exercícios que servirão como instrumentos para o domínio das
capacidades ainda não dominadas pelos alunos) e produção final.
Com base na sequência didática, foi realizado em parceira com a professora titular da
turma e com as educandas idosas da 2ª etapa do GETI o Projeto ―Receitas culinárias: mãos
experientes, escrevendo com autonomia‖. Como o espaço de desse artigo é insuficiente para a
descrição minuciosa da sequência desenvolvida e a análise da mesma, as apresentarei de
forma sumária.
A escolha pela escrita de receitas culinárias partiu das próprias educadas, pois segundo
elas essa temática fazia parte da vivência delas, ficando mais fácil falar e escrever de algo que
elas, de certo modo já conheciam. Propus, então, às senhoras a escrita de um livro de receitas
culinárias, elas gostaram da proposta e aceitaram o desfio de escreverem suas próprias
receitas, registrando no papel o que a memória oral já vinha fazendo há algum tempo. O
caderno de receitas seria publicizado durante o seminário sobre envelhecimento humano que
o GETI promove todos os anos, previsto para outubro, mas por motivos técnicos foi adiando
para novembro.
Definidos o projeto de escrita, o suporte, o meio de divulgação e os interlocutores dessa
prática discursiva, foi realizada uma roda de conversas para dialogarmos sobre receitas
culinárias: a importância dessa temática; os valores sociais, culturais e econômicos agregados
a elas; receitas que mais gostavam; como também a composição estrutural da mesma. Então,
foi solicitado que as senhoras escrevessem uma receita culinária, da preferência das mesmas.
De posse da primeira produção, diagnostiquei a forte presença da oralidade na escrita
das educandas idosas, como também, a maioria das receitas continha apenas a indicação dos
ingredientes, faltando o modo de preparo. Com base nesses dados, os módulos da sequência
foram elaborados, contendo atividades individuais, em duplas e em grupos para auxiliar as
aprendentes idosas a superarem essas dificuldades. Ao longo dos módulos foi construída uma
ficha avaliativa para que as educandas autorregularizassem a aprendizagem no que se refere à
escrita da receita culinária.
A última produção das educandas idosas demonstrou avanços consideráveis em relação
à primeira, o que demonstrou que a educada e o educando idosos, contextualizados em
processos de ensino-aprendizagem (nesse caso do texto escrito) que criem situações
pedagógicas socialmente situadas e de auxiliados por instrumentos avaliativos que promovam
aprendizagens significativas, oportunizando ao aprendente ser coparticipante na construção do
24
conhecimento, são capazes de escrever, refletir sobre sua escrita e assim decidir
conscientemente em direção à elevação qualitativa da mesma.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desse estudo é de grande relevância, pois permite revisitar minhas práticas
enquanto professora de língua portuguesa, especificamente no que tange práticas de produção
textual. Assim como, busca responder aos questionamentos propostos por esta pesquisa, no
que se refere às contribuições da avaliação formativa, da abordagem interacional do ensino do
português e dos princípios de educação freireana para a elevação qualitativa da produção
textual dos aprendentes idosos do programa Grupo de Estudos da Terceira Idade, a fim de que
esses sujeitos idosos construam sua autonomia escritora.
REFERÊNCIAS
AMARAL, M. C. E.. Julgar, medir, diagnosticar, formar... afinal, para que serve a
avaliação? Mal-Estar e Sociedade - Ano I - n. 1 - Barbacena - nov. 2008 - p. 129-145. <
http://eduemg.uemg.br/docs/Mal%20Estar%201/7.pdf > acesso em: 14. Mai. 2011
ANTUNES, Irandé. Aulas de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola
Editorial, 2003.
______ . Avaliação da produção textual no ensino médio. p. 163-180. In: BUNZEN, Clecio;
MENDONÇA, Márcia (orgs). Português no ensino médio e formação do professor. São
Paulo: Parábola Editorial, 2006. 255p.
______. Língua, texto e ensino: outra escola é possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
238p
BOSI, Ecléia. História e Sociedade: Lembranças de Velho. São Paulo: Companhia de
Letras, 1994.
CACHIONI, Meire. Gerontologia Educacional/educação gerontológica. In: NERI, A. L.
Palavras-chaves em Gerontologia. Campinas, SP: Editora Alínea, 2008. 92-95p
CONDEMARIN, Mabel; MEDINA, Alejandra. Avaliação Autêntica: um meio para
melhorar as competências em linguagem e Comunicação. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre:
Artmed, 2005. 200p
ROJO, Roxane (org.). A prática de Linguagem em Sala de aula, praticando os PCNs.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim e colaboradores. Gêneros orais e escritos na
escola. Trad. E org. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de
Letras, 2004.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 11ª ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
_____. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
_____ . Pedagogia da Autonomia; saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1996. 186p.
GERALDI, J.W. (org). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. 136p
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A.. Pesquisa em Educação: abordagens
Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
25
RESUMO: Segundo Benson (2001), a autonomia é a chave para que o aprendente encontre
meios de buscar novas informações relacionadas ao que ele está aprendendo, com ou sem o
auxílio do professor. Os estudantes que são ativos em procurar esclarecimentos e
confirmação dos seus próprios pensamentos e suposições são mais bem sucedidos na
aprendizagem do que aqueles que não o fazem (DICKINSON, 1987). Um dos elementos
importantes para que o aluno se torne autônomo é ser auxiliado pelas estratégias de
aprendizagem com o propósito de melhorar a aprendizagem (RUBIN, 1987; WENDEN, 1987;
O‘MALLEY; CHAMOT, 1990; OXFORD, 1990). Esse sucesso pode ser atribuído a aspectos
cognitivos e metacognitivos com os quais os aprendentes se engajam. O presente trabalho tem
como objetivo averiguar que de que forma os acadêmicos do curso de licenciatura em língua
inglesa, em caráter intensivo da Universidade Federal do Pará apreendem práticas autônomas,
utilizado as estratégias de aprendizagem para melhor apropriarem-se da habilidade oral. A
produção oral é, para Brown e Yule (1983), a habilidade de maior dificuldade para o
aprendente de língua estrangeira. Sendo assim, ao retornar à academia, depois dos períodos
sem aulas, os alunos sentem-se incapazes de participar efetivamente das aulas expondo suas
idéias oralmente. Deste modo, a proposta desta pesquisa é atuar em prol de mudanças que
levem a um aprimoramento das práticas analisadas. A metodologia utilizada nesta pesquisa é
a pesquisa-ação de abordagem qualitativa longitudinal empregando instrumentos como
narrativas, questionários e entrevistas semi-etruturadas, ao longo de três períodos letivos da
universidade, sendo dois períodos intensivos e um extensivo.
ABSTRACT: According to Benson (2001), autonomy is the key to the learner to find ways to
search new information related to what he or she is learning, with or without the teacher‘s
help. The students who are active on searching, clarification and confirmation on their own
thoughts and suppositions are much more successful on their learning process than those who
don‘t act this way (DICKINSON, 1987). One of the important elements to the learner to
become autonomous is to be helped by the learning strategies with the purpose of improving
learning (RUBIN, 1987; WENDEN, 1987; O‘MALLEY; CHAMOT, 1990; OXFORD, 1990).
This success can be attributed to cognitive and metacognitive aspects which learners engage
in. The present work aims at investigating in which way the students majoring in English, of
an intensive course at Universidade Federal do Pará, apprehend autonomous practices,
26
making use of learning strategies to learn oral skills. The oral production is, to Brown and
Yule (1983), the most difficult skill to the foreign language learner. Thus, when coming back
to the academy, after the periods without any classes, the students feel incapable of
participating effectively in class exposing orally their ideas. This way, the purpose of this
research is to act in favor of changes that improve these practices. The methodology in this
research is the action research with a qualitative longitudinal approach; instruments used are
narratives, questionnaires and semi-structured interviews, during three academic periods of
the university, two intensive periods and one extensive.
Sendo assim, propõe-se esta pesquisa como forma de criar condições para que os alunos
possam, em períodos em que não estão presentes em sala de aula, entender e utilizar os
procedimentos necessários para melhor se apropriarem da habilidade oral ao longo dos quatro
27
anos de curso. A proposta deste trabalho é também proporcionar aos acadêmicos reflexões
que estimulem comportamentos autônomos, para que eles se motivem a aprimorar a
habilidade oral.
Para dar suporte ao nosso estudo, pesquisamos sobre as estratégias de aprendizagem na
visão dos teóricos e os papéis dos professores em uma proposta para o ensino das estratégias.
Ademais, discutimos alguns conceitos autonomia e uma reconfiguração nos papéis do
professor e do aluno. Além disso, buscamos informações que tratam da habilidade da fala
com teóricos que tratam mais especificamente da produção oral.
No que concerne as estratégias de aprendizagem, O‘Malley e Chamot (1990), afirmam
que as estratégias de aprendizagem são maneiras de processar a informação para melhorar a
compreensão, aprendizagem ou retenção da informação. Estes autores defendem a teoria da
cognição como aspecto fundamental na compreensão da aprendizagem de línguas, pois, para
que a aprendizagem seja bem sucedida, é necessário entender como a língua é armazenada na
memória e como este processo resulta na produção e compreensão da linguagem.
Na visão de Oxford (1990, p. 8) as estratégias de aprendizagem são ―ações específicas
tomadas pelos aprendentes para tornar a aprendizagem mais fácil, mais rápida, mais
agradável, mais auto-direcionável, mais eficaz e mais transferível para novas situações‖ 5.
Identificamos-nos com a definição proposta por Oxford (1990), pois acreditamos que o
emprego de estratégias em sala de aula seja benéfico para melhorar a aprendizagem dos
aprendentes em língua estrangeira. Compartilhamos dessa idéia, pois vamos a possibilidade
do aprendente tornar-se mais auto-direcionável, contribuindo para a sua autonomização na
aprendizagem. Quando este aprendente se sente confiante de que está aprendendo com
sucesso, utilizando as estratégias de aprendizagem adequadas, torna-se também, mais
motivado a aprender.
A autonomia é de primordial importância em contextos de ensino e aprendizagem de
língua estrangeira. A incessante busca pela informação possibilita ao aprendente uma melhor
competência nas habilidades linguageiras. Entretanto, diferentemente de contextos de
aprendizagem de língua segunda, o aprendente de uma língua estrangeira não tem contato
com a língua quando está fora de sala de aula, a não ser que ele busque meios para praticar o
que aprendeu. Nesse sentido, estudos sobre a autonomia (HOLEC, 1981; LITTLE, 1991;
BENSON; VOLLER, 1997; BENSON, 2001; DICKINSON, 1987; MAGNO E SILVA, 2003)
5
No original, ―Specific actions taken by the learner to make learning easier, faster, more enjoyable, more self-
directed, more effective, and more transferrable to new situations‖. Esta e todas as demais traduções de citações
do inglês são de minha responsabilidade.
28
mostram que alunos que estão conscientes de que habilidades e competências podem ser
desenvolvidas e treinadas de acordo com suas vontades, ou com a interdependência de um
outro sujeito, tornam-se melhores aprendentes e, por conseqüência, demonstram melhores
habilidades no uso da língua.
Benson (2001, p. 47) conceitua autonomia como ―uma capacidade multidimensional
que assumirá formas diferentes para indivíduos diferentes, e até mesmo para o mesmo
indivíduo em épocas diferentes‖6. Com esta definição, pode-se perceber que a autonomia do
aprendente não é algo estável. Ela pode estar presente em um determinado momento e em
outros não. Vários fatores podem influenciar a presença ou ausência da autonomia. Em
muitos casos, é a própria figura do professor e, como ele direciona a sua aula, que faz com
que atitudes autônomas sejam evidenciadas.
Apesar da maioria das teorias da autonomia se referirem ao aprendente, Dam (2003)
considera que é necessária uma mudança nas atitudes do professor para alcançar seus
objetivos com a responsabilidade e a autonomização dos alunos. Ao mudar o foco de sua aula
para a constante negociação de atitudes e procedimentos em prol da aprendizagem dos alunos,
o professor começará a criar as condições necessárias para a ressignificação de conceitos
sobre a aprendizagem fazendo surgir o aluno autônomo. Magno e Silva (2008) complementa
que, quando o professor modifica seu posicionamento em sala de aula, provoca novos
comportamentos nos seus alunos. A autora também postula que na formação de professores,
os cursos ―precisam tratar de assuntos tais como controle sobre os alunos, a sala de aula e os
conteúdos a serem ensinados e aprendidos de forma a abrigar a escolha dos aprendentes‖
(MAGNO E SILVA, 2008, p. 295).
Segundo Brown e Yule (1983, p. 25) ―a produção da linguagem falada, aprender a falar
uma língua estrangeira, é frequentemente considerada um dos aspectos mais difíceis na
aprendizagem de línguas para que o professor ajude seus alunos‖ 7. No entanto, essa
dificuldade deve ser superada visto que ao final do curso este aluno irá atuar como
profissional da área e no mercado de trabalho apresentar-se-á como falante da língua e
sabedor desta língua. Neste ponto é importante citar que:
as pessoas que sabem uma língua são referidas como ‗falantes‘ daquela
língua, como se falar incluísse todas os tipos de conhecimento; e muitos se
não a maioria dos aprendentes de línguas estrangeiras estão prioritariamente
6
No original: ―a multidimensional capacity that will take different forms for different individuals, and even for
the same individual in different contexts or at different times‖.
7
No original: Spoken language production, learning to talk in the foreign language, is often considered to be one
of the most difficult aspects of language learning for the teacher to help the students with.
29
8
No original: People who know a language are referred to as ‗speakers‘ of that language, as if speaking included
all other kinds of knowing; and many if not most foreign language learners are primarily interested in learning to
speak.
9
Fluency means responding coherently within the turns of the conversation, linking words and phrases, using
intelligible pronunciation and appropriate intonation, and doing all of this without undue hesitation.
30
Observa-se, por este depoimento, que a aluna precisou de uma certa autonomia para
aprender a língua alvo, visto que a aluna cita que foi somente em 2005 que ela se matriculou
efetivamente em um curso de idiomas. O conhecimento que ela tinha da língua alvo,
incluindo metodologias, era apenas o da escola regular. Além disso, a aluna precisou, ao
31
longo desse período, criar suas próprias estratégias de aprendizagem para aprender, para
então, poder lecionar.
Nas narrativas dos alunos A1, A3, A4 e A5, percebe-se a busca pela informação mesmo
fora de contextos de aprendizagem, como a sala de aula.
―Pegava as letras das músicas e tentava traduzir‖ (A1)
―Como aqui na cidade nunca teve cursos de idioma meus pais sempre que podia
comprava livros sobre o assunto pra mim fiz um ensino médio com boas notas em inglês‖
(A3)
―[...] mas ao ouvir músicas internacionais eu gostava de escutá-las repetidamente com a
letra da mesma em mãos [...]‖ (A4)
―Comecei a estudar inglês com a idade de 12 anos, sozinho de um livro que meu irmão
achou no lixo, e outros ganhei de amigos‖.
Aspectos de estratégias de aprendizagem podem ser observados nas narrativas de A1 e
A4. Na fala de A1, percebe-se que para que ela aprendesse e se motivasse a entender a
música que estava cantando, preferia traduzi-la. Diferentemente dela, a A4 sentia-se bem
apenas escutando a música de forma repetida acompanhando com a letra das músicas. Já nas
falas de A3 e A5, aspectos de autonomia podem ser identificados. Quando A3 fala que seu
pai comprava livros relacionados ao idioma, e por consequência fazia com que ele tivesse
bons resultados, subentende-se que ele usava os livros para estudar de forma autônoma. Na
fala de A5, surpreendentemente a autonomia liga-se ao primeiro contato da língua, no qual em
busca de informação, este aprendente inicia a aprendizagem da língua por curiosidade e
motivação.
Semelhante à situação da A1, A2 também iniciou a carreira docente sem possuir curso
superior em licenciatura. Ela relata:
Como aqui na cidade nunca teve cursos de idioma meus pais sempre que
podia comprava livros sobre o assunto pra mim fiz um ensino médio com
boas notas em inglês. Em 2001 as escolas particulares começaram a
oferecer aulas de inglês de 1ª a 4ª série e como eu tinha sido uma boa alunos
meus professores me indicaram para eu dar aula para essas séries e fui
contratada. Como era carência e poucas pessoas se interessavam nessa
disciplina fui contratada para dar aula no ensino fundamental II 5ª a 8ª serie,
então comecei a estudar nos áudios e livros o pouco tempo que tinha tentava
aprender do jeito que dava.
Mesmo de forma precária, sem recursos, A2 afirma que tentava aprender da forma que
os materiais que possuía lhe proporcionavam a aprendizagem. Sendo assim, ao longo dos
32
anos de atuação, A2 deve ter refletido sobre suas práticas de ensino, em como fazer seus
alunos aprenderem para poder, também, aprender melhor a língua.
Em relação à produção oral, podemos observar nas narrativas alguns dados relevantes
para o nosso estudo. A4 mostra como a aprendizagem da habilidade oral aconteceu ao longo
de sua vida estudantil no seguinte trecho:
A preocupação atual com a forma corrida com que a disciplina era ministrada e a não
preocupação em trabalhar a conversação talvez se faça presente em sua vida hoje, pela
necessidade de utilizar a língua inglesa no contexto em que ela se insere. Na maioria dos
casos, os professores de ensino fundamental e médio não tem interesse e não estão dispostos a
trabalhar com produção oral nas mínimas aulas dispostas semanalmente pela coordenação ou
escola É importante observar que A4 tomou a atitude de aceitar o inglês como uma simples
matéria de sala de aula, mas não ignorou o inglês do seu cotidiano. Foi partindo da produção
oral, de como as palavras eram pronunciadas, que o interesse de A4 de aprender de forma
fluente motivou o interesse de ingressar em um curso de idioma. No final, A4 menciona que
as dificuldades não eram barreiras e sim motivações para superações. Quanto mais difícil se
tornava, mais A4 queria aprender.
Por ser uma pesquisa em andamento, os dados preliminares ainda não nos possibilitaram
mostrar conclusões. Entretanto, com esses dados e as discussões apresentadas, podemos
observar os três aspectos estudados neste trabalho: estratégias de aprendizagem, autonomia e
produção oral se fazem presentes nas narrativas de aprendizagem dos sujeitos deste trabalho.
33
Mesmo sem ser ensinado de forma explicita, os alunos puderam apresentar em suas
narrativas características relevantes para uma aprendizagem eficaz. Entretanto, quando se
transporta para o contexto de sala de aula, professores e alunos, especialmente em
modalidades intensivas de graduação, prendem-se ao cumprimento de conteúdos e questões
que subjazem a aprendizagem ficam para trás para que o programa disciplinar possa ser
cumprido.
Com este trabalho esperamos contribuir para futuros estudos em autonomia e motivação
de aprendentes de cursos de Licenciatura em Língua Inglesa em modalidade intensiva
promovidos pela Universidade Federal do Pará, visto que são cursos com um alto índice de
evasão discente, e provavelmente a cobrança pela produção oral eficaz seja um dos motivos
desta evasão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RUBIN, J. Learner Strategies: Theoretical Assumptions, Research History and Typology. In:
WENDEN, A; RUBIN, J. Learner Strategies in Language Learning. Cambridge: Prentice
Hall International (UK) Ltd., 1987. p. 3-13.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
WENDEN, A. Conceptual Background and Utility. In: WENDEN, A; RUBIN, J. Learner
Strategies in Language Learning. Cambridge: Prentice Hall International (UK) Ltd., 1987.
p. 3-13.
language and history, education, attitude and language use. With the use of digital recorder
harvested approximately 13 hours of audio recording, which will be transcribed for qualitative
analysis. We intend to develop this research under the assumption that in this community
want to revitalize their language from the disciplines of language Mundurukú Course Teacher
Training Specific Mundurukú Indigenous College of Education, Federal University of
Amazonas. The proposal is that this training is also possible to the students of the Community
Mundurukú learn the language and teach it to all children in the community. Among the
factors that motivate them to the process of revitalization, linguistic bias seems to be more
pronounced because of the students in the words "white society consider them less Indian by
not speaking their language."
1 INTRODUÇÃO
Nossa diversidade cultural está em extinção, e com ela está desaparecendo uma grande
quantidade de línguas ainda existentes no Brasil. Hoje, calcula-se que o número de línguas
indígenas faladas no Brasil deve estar entre 150 e 180. Este número pode até impressionar,
mas é pouco em comparação com as estimativas de que teriam sido mais de 1200 línguas
quando da chegada dos europeus há 500 anos. Segundo a professora Solange Aparecida
Gonçalves (2009) citando Moore, 2006.
Das cerca de 150 línguas indígenas, pelo menos 21% estão seriamente
ameaçadas de desaparecer em curto prazo, devido ao número reduzido de
falantes e à baixa taxa de transmissão para as novas gerações.
que se deve fazer para mantê-la viva? Essas são questões polemizadas na obra de Cristal
(2000) chamada ―Language Death‖ e que dá um tom mais responsável para o problema de
extinção das línguas. ―O que pode ser feito?‖. Esta é, sem dúvida, uma boa pergunta. Hinton
(2001), em estudos importantes sobre o processo de revitalização de línguas, lembra que há
hoje, no mundo cerca de 250 nações, onde se falam em torno de 6.000 línguas. Essa imensa
desproporção entre o número de países e o de línguas indica que apenas uma minoria das
línguas do mundo pode ser caracterizada como língua de governo. É importante levar até a
nossa consciência que a maioria das línguas do mundo está ameaçada de extinção e isto é fato.
Uma língua só morre se seus falantes morrem. Uma tautologia que devemos considerar
quando nos propomos a falar de revitalização de línguas.
Segundo Hilton e Hale (2001) a revitalização da língua deve ser um esforço de
colaboração que envolve dedicação dos membros da comunidade. Os projetos devem ser
iniciados por pessoas que estão interessadas realmente no processo de revitalização. Uma
pessoa que se dedica à causa pode fazer uma grande diferença, mas muito mais pode ser
alcançado uma vez que o apoio da comunidade é adquirido. O importante é começar, e para
isso precisamos nos fazer a seguinte pergunta: O que se pode fazer para começar um processo
de revitalização? Conhecer a real intenção da comunidade no processo; saber o que é descrito
sobre a língua; aprender a língua ou os recursos que estão disponíveis; desenvolver materiais
de aprendizagem; motivar a comunidade para o processo, esses são alguns aspectos o qual
devem ser considerados quando se objetiva revitalizar uma língua.
2 OS MUNDURUKÚ
3 OBSERVAÇÃO DA REVITALIZAÇÃO
HISTÓRICO
1. Qual a primeira língua que você aprendeu quando criança?
2. Que língua seus pais aprenderam quando criança?
3. Que língua seus avós aprenderam quando criança?
4. Você escutava seus avós falarem com seus pais na língua Mundurukú?
5. Que língua você usa mais frequentemente em casa para falar com as crianças?
6. Que língua você usava mais frequentemente em casa para falar com adultos?
7. O você conhece da cultura de seu povo?
8. Como você conheceu?
9. Em que língua isso aconteceu?
EDUCAÇÃO
1. Que língua você usa mais frequentemente em casa para escrever?
2. Que língua você prefere para ler?
3. Que língua você prefere para escrever?
4. Você foi alfabetizado em que língua e como foi este processo?
5. Em que língua você gostaria que seus filhos fossem alfabetizados?
6. Você já teve algum tipo de experiência de aprendizagem em língua Mundurukú? Se teve,
como isso aconteceu?
7. Você acha importante aprender a forma escrita do Mundurukú? Por quê?
8. Se tivesse que estudar a língua Mundurukú na escola, como você gostaria que fossem as
aulas?
9. Qual sua expectativa nas disciplinas onde irão aprender a língua Mundurukú?
ATITUDE
1. Que língua você fala mais confortavelmente?
2. Que língua deve ser ensinada na escola?
3. Qual seu interesse em voltar a falar sua língua nativa?
4. Atualmente, quantos falantes falam sua língua nativa e quem são eles?
5. Se você aprender sua língua nativa, o que vai acontecer com o português?
6. Que futuro você imagina para a sua língua de cultura?
7. Você gostaria que todos de sua comunidade falassem a língua Mundurukú. Por quê?
8. Você acha que a sociedade os considera menos indígenas por não falarem o Mundurukú?
39
USO
1. Que língua você usa no trabalho para falar com seus colegas?
2. Que língua você fala com pessoas da mesma idade na vizinhança?
3. Na sua comunidade ainda fazem algum tipo de cerimônia?
4. Que língua você usa durante uma cerimônia de sua tribo?
5. Você conhece alguma palavra na língua Mundurukú? Se conhece, utiliza com que
frequência ?
6. Você, geralmente se interessa em aprender novas palavras em Mundurukú?
7. Como você vai fazer isso? (só se tiver interesse)
8. Para que fazer isso?(só se tiver interesse)
9. Que língua você acha ―mais bonita‖? Por que?
10. Você sabe que língua seus pais consideravam mais bonita?
O processo de pesquisa por meio de questionário pode proporcionar uma análise mais
concreta do objeto e a construção de uma hipótese mais consistente. No entendimento daquilo
que se quer pesquisar podemos criar um ambiento onde o pesquisador pode interagir com
indivíduos da comunidade a partir das perguntas existentes no questionário.
4 COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS DA PESQUISA
O levantamento inicial para o começo do projeto de pesquisa foi feito a partir de uma
reunião que minha orientadora teve com os alunos do curso para que pudesse reter a maior
quantidade possível de informação sobre o que realmente eles queriam fazer com sua língua
nativa. A ideia é que os alunos aprendam a língua para ensiná-la às crianças, em casa e nas
escolas. É importante consideramos que o futuro de uma língua, em processo de revitalização,
está no que as crianças vão fazer com a língua. São elas que determinam o sucesso ou não do
processo. Outro fator determinante que devemos considerar foi a informação dadas pelos
alunos de que a maior motivação da revitalização é porque eles acham que a sociedade os
consideram menos índio por não falarem mais a sua língua.
A maioria das comunidades possuem escolas de ensino fundamental e as crianças são
alfabetizadas em Língua Portuguesa, o que no nosso entendimento foi um dos fatores de
desuso da língua nativa. Todos os professores receberam um tipo de formação para o
magistério proposto por um projeto chamado Kabia‘ra do Governo do Estado do Amazonas.
Entendemos ser importante para o processo de revitalização que os alunos deste curso
aprendam o Mundurukú e ensinem às crianças, esse talvez seja o princípio do processo,
contudo, também sabemos que o português aprendido por eles não irá desaparecer
subitamente, portanto esperamos que o futuro linguístico desta comunidade seja de
bilinguismo.
São muitos os fatores de aculturação e que consequentemente levam à perda da língua.
Historicamente o contato com o branco; a presença dos jesuítas contribuiu para isso. Outros
fatores importantes são: a saída dos índios para o trabalho fora das aldeias; a saída, também,
para o estudo em escolas não indígenas, etc. Para os governos o processo de revitalização de
uma língua não é um negócio vantajoso. Revitalizar uma língua custa muito caro aos cofres
públicos. Hoje, as políticas linguísticas voltadas para esta questão ainda são tímidas e muitas
vezes hipócritas. A mobilização para a manutenção de línguas minoritárias ainda parte de
pesquisadores interessados no assunto.
5 CONCLUSÃO
minoritárias, neste caso de língua indígenas, que podem contribuir para a elaboração de
políticas linguísticas indígenas mais eficazes para a manutenção e revitalização de língua em
processo de extinção.
Esperamos que a tentativa de revitalização de língua Mundurukú tenha bons resultados
e que isso possa gerar, na consciência da comunidade linguística, um sentimento ecológico
em favor das línguas em perigo de extinção. Que a elaboração de gramáticas e dicionários
possam servir como instrumentos eficazes para o ensino e transmissão de línguas indígenas
para as futuras gerações.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABSTRACT: This paper presentes the research The Vowel System of the Portuguese spoken
in Bragança (PA): Experimental Analysis. Its main objective is to characterize acoustically
middle vowels in a position pre-stressed this variety spoken in the Amazon region of Pará.
The data underlying our analysis are obtained from 18 informants socially stratified on age,
sex and educational level. The data to be analyzed include realizations of middle pre-stressed
vowels that will be achieved by inducing the speakers to produce target words containing the
vowels in two different protocols: a) a test image projection and b) reading a text. For the
composition of the material, we selected 74 words to more frequent occurrence in existing
sociolinguistic corpora studied on the linguistic varieties of Pará. The contexts are the same
factors which were selected by the program Varbrul to explain the phenomenon of variation
of vowels targets in their descriptions previous variational (RODRIGUES & ARAÚJO 2007,
CAMPOS 2008, CRUZ et al 2008, SOUSA 2010). Measures will be taken F1, F2, F0 and
duration of middle pre-stressed vowels. The acoustic measurements are made with the help of
the PRAAT. Provision is also made using the R software for statistical treatment to be
analyzed. They are also provided measures of stressed vowel of these 74 words in order to
provide a reference vowel space.
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa está integrada ao Projeto Vogais do Norte10 e já procedeu a descrição do processo
de variação das vogais médias pretônicas de cinco localidades do Estado do Pará, a saber: i) do
português falado em Cametá (RODRIGUES & ARAÚJO 2007); ii) em Mocajuba (CAMPOS, 2008);
iii) em Breves (CASSIQUE et al no prelo; DIAS, et al 2007; OLIVEIRA 2007); iv) em Belém
(SOUSA 2010; CRUZ et al 2008) e, v) em Breu Branco (MARQUES 2008, COELHO 2008,
CAMPELO 2008). Os estudos são descrições sociolinguísticas de cunho variacionistas, que
apresentam um tratamento quantitativo dos dados e todos os resultados sobre as variedades do
português falado na Amazônia paraense apontam para uma tendência de preferência pela preservação
das médias pretônicas em detrimento do alteamento. Também confirmam que quando ocorre o
alteamento das vogais médias pretônicas nas variedades linguísticas paraenses, o mesmo se dá
motivado por uma clara harmonização vocálica, principalmente condicionada pela vogal da sílaba
tônica e pela sílaba imediata, que contempla as hipóteses de Câmara Junior (1969), que afirmava ser o
alçamento da pretônica determinado pela altura da vogal da tônica e de Silva Neto (1957) que
afirmava ser o alçamento ainda mais favorecido por sílaba com vogal alta contígua e imediata à sílaba
da vogal pretônica.
Análises dos dados da variedade de Belém11 (PA) de caráter ainda preliminar (CRUZ 2011,
REIS 2011, REIS et al 2011) tem demonstrado que a variedade do português falada na Amazônia
Paraense possui no nível acústico 4 (quatro) variantes para as vogais médias pretônicas: a) alteamento
como em fut[i]bol e c[u]madre; b) manutenção como em fut[e]bol e c[o]madre; c) abaixamento como
em fut[E]bol e c[O]madre; d) mas há também casos de enfraquecimento das vogais pretônicas ou
mesmo de total apagamento das mesma como em fut[Ø]bol e c[Ø]madre. As análises acústicas têm
confirmado os resultados das descrições sociolinguísticas de que a manutenção das médias é a variante
de maior ocorrência no português falado na Amazônia Paraense, seguida do alteamento das médias
pretônicas e a variante de abaixamento é a de menor ocorrência nos corpora.
A variedade linguística objeto da presente pesquisa faz parte do português regional
paraense. Bragança é um município situado na região Nordeste do Pará a 200 km de Belém e
a 16 km do Oceano Atlântico, à margem esquerda do rio Caeté. É um dos municípios mais
populosos do estado do Pará e recebe grande fluxo migratório. Possui uma intrínseca relação
entre campo e cidade devido às relações de trabalho, estudo e/ou familiar, pois, comumente,
bragantinos urbanos têm pais bragantinos de origem rural. As principais atividades comerciais
estão relacionadas à pesca (há o predomínio das grandes companhias pesqueiras; já a extração
do caranguejo é essencialmente familiar), ao comércio de produtos locais e industrializados,
10
Projeto de Pesquisa Descrição Sócio-Histórica das Vogais do Português do Norte do Brasil (Portaria nº
047/2009ILC).
11
Novo estudo realizado por CRUZ, Regina. Projeto de Pesquisa ―Brazilian Amazon Portuguese vowel system:
acoustic analysis” (processo BEX1754/10-6) Brasília: CAPES/ Fulbright, New York (USA): New York
University, 2011. (Relatório Técnico-científico Aprovado).
44
2 METODOLOGIA
Como se trata de uma nova fase do trabalho de análise das vogais médias, cujo objetivo
é definir a avaliação subjetiva dos falantes sobre sua variedade, novos sujeitos foram
selecionados para o trabalho de campo, mantendo-se, entretanto, a mesma estratificação social
utilizada nas descrições variacionistas realizadas pela equipe da UFPA ligada ao
PROBRAVO12 (cf. RODRIGUES & ARAUJO 2007, SOUSA 2010, CAMPOS 2008, CRUZ
et al 2008).
12
Projeto Descrição Sócio-Histórica das Vogais do Português do Brasil coordenado por Dr. Marco Antônio de
Oliveira (PUCMG) e Dr. Seung-Hwa Lee (UFMG) e do qual fazem parte 15 outras instituições nacionais além
da UFPA e da própria UFMG que sedia o projeto. Para maiores detalhes, consultar o site do projeto
http://relin.letras.ufmg.br/probravo
45
estudadas do Pará. Os contextos são os mesmos cujo fatores foram selecionados pelo
programa Varbrul como favorecedores para explicar o fenômeno de variação das vogais alvos
em suas descrições variacionistas prévias (RODRIGUES & ARAÚJO 2007, CAMPOS 2008,
CRUZ et al 2008, SOUSA 2010).
O corpus utilizado para o presente plano de trabalho foi formado com dados coletados a
partir de duas etapas experimentais rigorosamente controladas: a) um teste de projeção de
imagens e b) a leitura de um texto, as quais serão descritas em seguida.
Para essa primeira etapa da coleta de dados foi utilizado um material visual contento
imagens que representam os setenta e quatro vocábulos alvos que compõem o corpus final do
estudo. A sequência dos setenta e quatro imagens foi projetada três ou quatro vezes,
dependendo do desempenho do sujeito durante a coleta em emitir os vocábulos desejados.
Quando ocorreu de o vocábulo não ter sido emitido imediatamente pelo sujeito, perguntas
eram feitas de forma a levá-lo a emissão dos vocábulos alvos. As sequencias de imagens
foram dispostas em ordem aleatória de forma a evitar qualquer efeito lista na emissão dos
vocábulos. Inspirou-se para a montagem deste teste em RIBEIRO (2007), que elaborou este
mesmo tipo de instrumento de coleta de dados ao estudar as médias postônicas não finais.
Para esta etapa da coleta de dados foi utilizado um texto contendo os 74 vocábulos
selecionados. Os 18 sujeitos selecionados para participarem do teste, leram um texto contendo
os 74 vocábulos do corpus. Um texto foi elaborado considerando sua extensão (pois tememos
que o experimento seja cansativo com um texto longo), seu gênero textual (selecionar-se-á um
texto de um gênero de fácil acesso), o assunto central (pensa-se utilizar um texto cujo
conteúdo seja familiar aos sujeitos para que o mesmo não interfira na produção das vogais
médias). Foi dado um tempo de dez minutos para que cada sujeito se familiarizasse com o
texto antes da sua leitura em voz alta.
3 ANDAMENTO DA PESQUISA
05 minutos são referentes à leitura do texto. Dos 12 informantes selecionados, apenas três
apresentaram dificuldade nas duas etapas do protocolo experimental, sendo necessário refazer
a gravação do teste de projeção de imagens de dois informantes.
As coletas já efetuadas foram realizadas nos meses de setembro/outubro de 2011, e tem
sua conclusão prevista para novembro de 2011. A análise e sistematização dos dados são as
próximas etapas a serem desenvolvidas.
4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BISOL, Leda. Harmonização Vocálica: uma regra variável. Tese de Doutorado em
Lingüística e Filologia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1981.
CAGLIARI, Luiz Carlos. An experimental study of nasality with particular reference to
Brazilian Portuguese. Edinburgh: University of Edinburgh. Ph.D. Thesis, 1977.
CALDAS, Raimunda, CRUZ, Regina & SILVA, Tabita. ―Possibilidade de interferência da
Língua Geral Amazônica na combinação de orações em Urubú-Ka‘apór‖, in Atas do
Workshop sobre Lingüística Histórica e Línguas em Contato: Línguas Indígenas
Brasileiras e de Áreas Adjacentes. Brasília: UnB, no prelo.
CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Estrutura da Língua Portuguesa. 24 ed. Petrópolis:
Vozes, 1969.
CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro:
Padrão, 1977.
CAMPELO, Maria Madalena. A Variação das Vogais Médias Anteriores Pretônicas no
Português Falado no Município de Breu Branco (PA): uma Abordagem Variacionista.
Belém: UFPA/ILC/FALE, 2008. (Trabalho de Conclusão de Curso em Letras).
CAMPOS, Benedita do Socorro. Alteamento das vogais médias pretônicas no português
falado em Mocajuba (PA): uma abordagem variacionista. Belém: UFPA/CML, 2008.
(Dissertação de Mestrado em Lingüística).
48
ABSTRACT: One of the recurring phenomena in language contact situations is the code-
switching, which allows the bilingual speaker, during a single conversation, alternately using
language that dominates, without changing the topic or speaker. The alternation may be
affected and conditioned both by external factors or social – that are associated to the speaker,
the topic of conversation and the ethnic identification of the individual – and by internal
factors or linguistic. The purpose of this study is to describe aspects of the sociolinguistic and
structural alternation between Portuguese and Parkatêjê, an indigenous language of the
Complexo Dialetal Timbira, spoken in the southeast of Pará, in the speech of bilingual
individuals in the community. The analysis is based on traditional stories of the people,
collected since 2000, where we can find several occurrences of the phenomenon.
1. Introdução
O modelo de Myers-Scotton apresenta duas oposições básicas: (a) língua matriz (LM)
x língua encaixada (LE); (b) morfemas de conteúdo x morfemas sistêmicos. Segundo este
modelo:
A autora denomina CP
LM. Entretanto, ilhas de LE são ainda que formadas pela gramática da LE obedecem a
gramática da LM.
Na identificação da LM outra distinção é fundamental: ―morfemas que expressam
aspectos semânticos e pragmáticos e atribuem ou recebem papéis temáticos‖ (Oliveira, op.
cit., 129) – morfemas de conteúdo, como verbos, adjetivos e substantivos – e os que
―expressam a relação entre os morfemas de conteúdo e não recebem ou atribuem papel
temático‖ (Oliveira, ibidem). Com base nisso, Myers-Scotton propõe dois princípios para
identificar a LM:
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
oclusivas alveolares /t/ e /d/ pode ocorrer em sílabas: átonas, tônicas, sílabas iniciais e sílaba
final, desde que condicionadas ao elemento que favorece esse processo, no caso, a vogal alta
[i]. (DIAS, 2009, p. 61)
Segundo Labov (1972, 2008) a língua é um fenômeno social e cultural com variações
passíveis de serem mensuradas e sistematizadas, a partir do levantamento estatístico de
ocorrências das variáveis na fala dos indivíduos. A língua é regida por regras, algumas são
categóricas e outras, variáveis, que mudam devido a parâmetros de escolaridade, sexo, idade.
Guy; Zilles (2007), por sua vez, afirmam que:
2 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
2.1 Atlas linguístico do Brasil _ ALIB
Figura 1: Cidades pesquisadas pelo ALIB Norte _ SEPA 2011. Adaptado por Cyntia Godinho.
13
O ALIB coleta inquéritos referentes a informantes do ensino superior apenas nas capitais. Nesta pesquisa
foram desconsiderados estes dados por serem pouco representativos, uma vez que, Belém é a única cidade que
apresentaria tais informantes.
60
Bisol (1986, p. 171) esclarece que a regra da palatalização, muitas vezes, encontra-se
relacionada à outra regra, de elevação vocálica, esta acaba interferindo aditivamente,
aumentando o número de itens em que a primeira opera, o que pode ser atestado nos
resultados aqui expostos.
3.2 Sonoridade
palatalização quando há o contexto ‗di‘, essa hipótese, porém só deverá ser comprovada a
partir da rodada dos fatores linguísticos no programa estatístico que deve apontar
detalhadamente outros processos favorecedores e desfavorecedores para a aplicação da regra,
como a posição da consoante na sílaba e a tonicidade.
Com relação à variação diatópica, verifica-se que três das cidades selecionadas
apresentam índices mais relevantes de palatalização: Jacareacanga (com 19.2% e 0.65 de peso
relativo), Soure ( com 29.1% e 0.55 de peso relativo) e Belém (com 17.3% e 0.51 de peso
relativo).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
63
A partir da pesquisa realizada sobre a variação das oclusivas alveolares seguidas de [i],
nas cidades de Soure, Bragança, Jacareacanga, Marabá e Belém, chegamos às seguintes
conclusões:
O contexto fonológico tipo de vogal alta foi selecionado como a variável mais
significativa quanto à aplicação da regra de palatalização, a vogal derivada ‗e‘ apresenta-se
como favorecedora da regra, enquanto que a não-derivada ‗i‘ não favorece o fenômeno.
Sobre a sonoridade, observamos que a consoante surda /t/ tende a favorecer a aplicação
da palatalização, enquanto a consoante sonora /d/ funciona como inibidora do processo.
Acreditamos que isso ocorre quando este fator é correlacionado ao fator tipo de vogal, em que
a vogal não-derivada ‗i‘ é apontada como inibidora do processo. Essa hipótese, porém só
deverá ser comprovada a partir da rodada dos fatores linguísticos que deverá apontar
detalhadamente outros aspectos relevantes.
A variável grupo geográfico demonstrou dois níveis de variação entre as cinco cidades:
as com índices mais relevantes, como Jacareacanga, Soure e Belém, e as com menores índices
de palatalização como Bragança e Marabá. Nas três primeiras cidades foi observado que a
africada alveopalatal é considerada variante de maior preferência entre os falantes, enquanto
que em Marabá e Bragança, a oclusiva alveolar é que detêm essa preferência. Não podemos
afirmar se isso reflete algum prestigio de uma forma ou outra, devido todos os falantes terem
a mesma escolaridade: fundamental incompleto. Indícios de mudança em curso também não
podem ser observados nesta amostra, uma vez, que fatores como escolaridade, idade e sexo
são imprescindíveis para determinar esse estado de mudança em curso e foram considerados
estatisticamente irrelevantes pelo programa de análise estatística.
Como pesquisa preliminar, este trabalho, limitou-se a delimitar os aspectos
extralinguísticos, várias questões ainda serão acrescentadas futuramente, a partir da análise
dos demais fatores selecionados para a finalização do projeto do mestrado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BISOL, L. A palatalização e sua restrição variável. Estudos, Salvador, n. 5, p. 163-177, 1986.
BISOL, L.; HORA, D. da. Palatalização da oclusiva dental e fonologia lexical. Letras, Santa
Maria, 1993.
DIAS, Ana Lourdes Cardoso. Processo de palatalização no Português: Lagoa da Pedra e
Canabrava – TO. Goiânia. 2009. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade
Federal de Goiás. 2009. Disponível em:
http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=742 Acesso em:
21/06/2010.
64
ABSTRACT: This research will address the general issues surrounding the processes of
linguistic obsolescence in minority languages, especially the Brazilian indigenous languages.
Treat the description and documentation of minority languages is not easy, because
according to Hinton (2001) in the world for nearly 250 nations that speak languages around
6:00. We can infer that there is a huge disproportion between the numbers of countries and
languages that have official status of a nation. In addition make sure that statistic with the
difficulty of having accurate knowledge of many languages and dialects in the world,
because the nature of this relationship can be both social and linguistic field. According to
65
the author was after the publication of the article by Michael Krauss in 1992, which
presented an estimate that approximately 90% of the languages in the world would be in
danger of extinction in the XXI century, the international movement intensified discussions
about minority languages. It is known that the speech community, in touch with the majority
language, which will gradually replace their mother tongue by another presenting the highest
social prestige, and so are lost stories, achievements of a people registered in the framework
of this linguistic community. Thus, the research aims to present a work that contributes to the
study of factors responsible for the process of extinction of languages. And that points out
the importance of maintaining the native language as a prerequisite for learning any other
language, for all the knowledge produced by the description and documentation of a
language will contribute to the improvement of educational proposals aimed at revitalization
and minority language communities.
1 - Introdução
14
MOORE, Denny. Línguas indígenas: a situação atual, levantamento e registro. Revista Eletrônica do IPHAN.
Disponível em : http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia.php?id=213. Acessado em 05/08/2010.
66
2 - Línguas em contato
esteja afetada desde sempre pelo politico‖. Pois, a língua faz parte das relações entre os
sujeitos e o seu meio social e politico, sendo a interação linguística inevitável. O contato
entre línguas ocasiona o aparecimento de vários fenômenos linguísticos que nem sempre são
determinantes na mudança estrutural de uma língua, mas representam um indicador de
mudança. Thomason (2001) afirma que os processos linguísticos mais comuns atestadas em
línguas minoritárias são os empréstimos e o fenômeno de code switching.
Por isso, especialistas no estudo de línguas em contato como Krauss (1992), Crystal
(2000) e Netlle e Romaine (2000) vem investigando as motivações de mudança linguística
em línguas ameaçadas de extinção, com isso podendo avaliar as condições de revitalização
destas línguas.
4 – Metodologia
fluência
Quanto à abordagem quantitativa, os dados serão analisados com base nos fatores
condicionantes que caracterizam a obsolescência da língua nativa, dentre esses fatores estão
as variáveis extralinguísticas como idade, sexo e escolaridade. No que se refere a abordagem
qualitativa, os dados serão analisados para identificar as atitudes dos falantes desta
comunidade em relação à interação entre as duas línguas ali existentes – Parkatêjê e o
Português – à preferencia e necessidade de usos de cada uma das línguas.
Com isso busca-se verificar o uso da língua em seus diversos domínios sociais e em
diferentes relações identitárias.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
15
Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) que ―é uma atividade de cooperação, cujo objetivo é
a formação de recursos humanos, a fim de possibilitar aos cidadãos de países em desenvolvimento com os
quais o Brasil mantém acordos educacionais ou culturais realizarem estudos universitários no país, em nível de
graduação, nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras participantes do PEC-G‖ (SESu/MEC)
16
O Programa Capes/Brafitec tem como objetivo ―Apoiar a cooperação bilateral entre o Brasil e a França por
meio de parcerias universitárias nas especialidades das engenharias, favorecendo o intercâmbio de estudantes
de graduação, as iniciativas para aproximação de estrutura e conteúdos curriculares e de metodologias de
ensino nos dois países‖ (CAPES)
73
17
O Programa de Cooperação Brasil-EUA ―objetiva o desenvolvimento de cooperação entre as instituições
participantes na área de educação em engenharia e tecnologia que incluam intercâmbio de estudantes e
membros do corpo docente‖ (ENGCOMP/UPFA)
18
O artigo de Weiss (2001) não possui paginação.
74
a cultural de cada aluno e a da língua-alvo. Conforme Fontes (2002), a relação entre língua e
cultura é intrínseca, tornando concomitante o ensino-aprendizagem da língua e da cultura,
pois é os alunos geralmente fazem ―uma comparação com aquilo que lhe é caro, até que haja,
finalmente, a compreensão e a aceitação da outra [língua-]cultura‖ (WEISS, 2001).
É visível, nas salas de aula, a dificuldade que grande parte dos alunos demonstra quanto
à competência de produção oral, seja no momento de tomar a palavra em público, seja para
expor um conteúdo, seja para discutir sobre determinado assunto e apresentar seu ponto de
vista, ou porque sua língua materna é muito ―diferente‖ da língua portuguesa.
A PA toma como base duas situações sociais: (1) uma sociedade multicultural e
multilíngue em que uma pessoa poderá ficar durante um curto ou longo período no país em
que a língua estrangeira (LE) que ele está aprendendo é falada. Para que o aprendente tenha
êxito durante sua estadia, ele deve ser capacitado a conviver em permanência com pessoas de
línguas-culturas diferentes; (2) o campo profissional – que abrange tanto a formação (ex.:
escolas, universidades) quanto a sua efetivação (ex.: empresas, comércio) – também é levado
em conta, pois o aprendente precisa ser capaz de interagir com outros estudantes e
professores, assim como trabalhar com seus colegas de línguas-culturas diferentes. A
proposição da PA é, portanto,
formar em nossas classes de línguas, não mais (ou não mais simplesmente) o
viajante encontrando pontualmente estrangeiros (em um quadro turístico ou
profissional), ou o inverso, aquele que encontra estrangeiros de passagem,
19
O QECR é um documento que ―fornece uma base comum para a elaboração de programas de línguas, linhas de
orientação curriculares, exames, manuais, etc., na Europa.‖ (CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 19 – versão
portuguesa anterior ao Acordo Ortográfico)
75
O aprendente é visto como um ator social, isto é, como um indivíduo crítico, autônomo,
cidadão do mundo, que poderá ir morar em um país estrangeiro e saberá conviver em uma
sociedade multilíngue e multicultural.
Na Perspective Acional, o aluno precisa ser levado a cumprir ―tarefas ‗próximas da vida
real‘ escolhidas em função das necessidades que o aprendente tem fora da classe ou do
contexto de aprendizagem‖ (ROSEN, 2009, p. 7)21. Por isso, pode-se definir tarefa como
Nas aulas de LE, o que geralmente ocorre, segundo Puren (2000d), são atividades que
visam a PO a partir de reprodução e elaboração de diálogos, ou atividades que combinam a
compreensão de um texto (escrito ou oral), para que os alunos comentem. Não se pode dizer
que tais atividades não favorecem a PO, entretanto, se o trabalho de aperfeiçoamento da PO
for feito com base em tarefas, os aprendentes serão levados a utilizar a língua-alvo em
situações de interação mais complexas e que se aproximam do uso da linguagem oral que eles
encontrarão fora da classe, seja individualmente, seja em grupo, como, por exemplo,
estabelecer contato com outras pessoas em contextos mais ou menos formais, como nos casos
de iniciar uma amizade ou fazer uma exposição oral em dupla.
Nunan (1989) e CE (2001) propõem um modelo de elaboração de tarefas com os
seguintes componentes:
Atividades: é o conjunto de exercícios que serão feitos para a realização da tarefa;
Insumo (input): é o material utilizado para dar ter informações sobre o se pretende
executar na tarefa, o qual pode ser autêntico ou fabricado;
20
Original: ―former dans nos classes de langues, donc, ce n‘est plus (ou plus simplement) le voyageur
rencontrant ponctuellement des étrangers (dans un cadre touristique ou même professionnel), ou à l‘inverse
celui qui rencontre chez lui des étrangers de passage, mais le citoyen d‘un pays multilingue et multiculturel
intégré dans l‘espace commun (...), et qui, dans le cadre de sa formation et de sa profession, doit désormais être
capable de travailler dans la longue durée en langue-culture étrangère avec des allophones et même avec des
personnes partageant sa langue maternelle‖ (PUREN, 2009a, p. 91).
21
Original: ―les tâches ‗proches de la vie réelle‘ choisies en fonction des besoins de l‘apprenant hors de la classe
ou du contexte d‘apprentissage‖ (ROSEN, 2009,p. 7).
76
A determinação desses componentes em uma tarefa pode favorecer o E/A da PO, assim
como propiciar uma melhor a interação entre professor-aluno, aluno-aluno, pois a participação
dos aprendentes não se restringirá a reprodução de diálogos e a breves comentários de textos.
A avaliação também é uma etapa das apresentações, por isso é importante selecionar
critérios com base no que foi estudado, por exemplo: a gestão de conteúdos, a estruturação
22
Original : ―comme un genre textuel public, relativement formel et spécifique, dans lequel un exposant expert
s‘adresse à un auditoire, d‘une manière (explicitement) structurée, pour lui transmettre des informations, lui
décrire ou lui expliquer quelque chose‖ (SCHNEUWLY, DOLZ, 1998, p. 143).22
79
Note-se também que esta é uma proposta de sequência didática. Outro percurso
poderia ter sido adotado, todavia, optamos por esse trajeto que pareceu mais suscetível de
favorecer nossa análise quanto:
• à percepção dos estudantes acerca das características e da função do gênero
exposição oral;
• à determinação do que os alunos sabiam sobre tal gênero e o que lhes poderia ser
apresentado como novidade;
• à comparação entre as produções iniciais e finais dos aprendentes;
• ao interesse dos alunos pelos assuntos propostos para as apresentações;
• à relação que os aprendentes conseguiram estabelecer com as suas línguas-
80
culturas.
Vale enfatizar que ao trabalhar com a exposição oral, pretendíamos propor uma
interação ativa entre o professor e os alunos, entre os alunos e as fontes de conhecimento e
entre alunos expositores e a plateia. Sabíamos que o que estava em jogo, neste caso, não era
apenas um tema que serviu de mote para uma apresentação oral e discussão de conteúdos,
mas, sobretudo, o processo de apropriação de um gênero e também de instâncias ligadas a
línguas-culturas na produção oral dos aprendentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi dito anteriormente, produzir oralmente é uma das dificuldades encontradas
pelos aprendentes de PLE. Quando solicitados a tomar a palavra em público, seja para expor
um conteúdo, seja para discutir sobre determinado assunto e apresentar seu ponto de vista, os
alunos não conseguem se expressar. Alguns por timidez, outros por não se sentirem seguros
com o nível de língua que possuem, há alunos que em virtude de se compararem com outros
alunos que já aprenderam ―mais‖ sobre a língua-alvo, sentem-se acanhados.
Se o trabalho para o desenvolvimento da PO for desenvolvido a partir dos pressupostos
teóricos mostrados até o momento, ele poderá possibilitar a apropriação de uma competência
comunicativa, visando otimizar a influência de diferentes línguas‐culturas e minimizar as
eventuais dificuldades encontradas no que concerne a PO dos estudantes estrangeiros de PLE.
Por meio das tarefas, o aluno poderá apropriar-se de um conteúdo que permitirá
aumentar a sua consciência linguística, permitindo seu engajamento e atuação social na
comunidade estrangeira na qual se insere, e legitima o uso da língua. Tais fatores tornam a
aprendizagem significativa.
No que diz respeito ao ensino PLE, a SD pode favorecer o ensino-aprendizagem da PO
de estrangeiros, pois, ela auxilia o professor a sistematizar o trabalho com os gêneros,
possibilitando o planejamento de como se poderão explorar as características funcionais e
composicionais do gênero oral selecionado para o estudo.
Pelo exposto, consideramos que o ensino PLE, pode familiarizar o aprendente com as
formas de organização textual da língua-alvo, para que ele adquira segurança e se torne apto a
produzir os gêneros orais que circulam na língua-alvo. Dessa maneira, segundo Bustamante
81
REFERÊNCIAS
23
O artigo de Bustamante (2007) não possui paginação.
82
ABSTRACT: This paper aims to show the phenomenon of "Lexical Variation in Six
Municipalities in southeastern region of Pará" which aims to collect, analyze, compare and
map the language lexical variants present in the speech of twenty-four residents of the
informants said meso (Curionópolis, Itupiranga, Santana do Araguaia, Sao Felix do Xingu,
São João do Araguaia and Tucuruí). The research being conducted for the dissertation is part
of the studies GeoLinTerm attached to the project, coordinated by Prof. Dr. Abdelhak Razky.
Data collected for the constitution of the corpus of work are being recorded on digital recorder
from the application of a lexical-semantic questionnaire with 256 questions asked of
informants selected according to criteria that take into account extralinguistic factors (sex,
age, schooling). As a result letters will be made to map the lexical variation in the
southeastern region of Pará.
INTRODUÇÃO
Objetivo da dissertação
MAPA 1. Mapa do estado do Pará com as seis mesorregiões, dentre as quais a mesorregião
sudeste que é objeto desta pesquisa.
Referencial teórico
Para a realização do presente trabalho estão sendo utilizados como referencial teórico os
estudos sobre a dialetologia e a geolinguística, que têm como interesse estudar a diversidade
linguística no espaço geográfico. Bem como, a sociolinguística que aborda os fatos da língua
a partir de perspectiva social, registrando os fatos comprovados através de mapas. Uma das
obras de destaque até aqui no trabalho é Geolinguística: tradição e modernidade de Cardoso
(2010), pela propriedade com que a autora aborda o assunto em questão.
85
Metodologia
Etapa realizada
Este trabalho está em andamento desde março de 2011, com previsão de conclusão para
fevereiro de 2013. Nos meses de julho e agosto de 2011 fomos para os municípios de Santana
do Araguaia, São Félix do Xingu e Tucuruí, para cumprir a primeira etapa da coleta dos
dados, a fim de identificarmos os 12 informantes para gravar as entrevistas para a formação
do corpus do trabalho de dissertação. Os dados coletados já estão em fase inicial de
tratamento, a partir da seleção para transcrições, análises e confecção das cartas lexicais.
MAPA 2. Mapa da mesorregião sudeste do estado do Pará, com destaque para os municípios
que são objetos de estudo desta pesquisa.
Constituição do corpus
onde deveríamos começar o deslocamento para tornar viável o trabalho de campo e realizar
em menor tempo a coleta dos dados, chegamos à conclusão de que faríamos o trabalho de
campo em duas etapas. Primeiramente, começaria por Santana do Araguaia que fica na divisa
com o estado do Tocantins, que é o município mais distante de Belém. Depois São Félix do
Xingu, que além da distância, é de difícil acesso e de maior extensão territorial, o que
dificultaria o trabalho de coleta de dados. Posteriormente fui para Tucuruí que fica mais
próximo a Belém, o que facilitou o acesso. Num segundo momento iremos para os municípios
de São João do Araguaia, Curionópolis e Itupiranga que ficam mais concentrados, próximos a
Marabá, o que deverá facilitar o deslocamento e a coleta dos dados.
Ao chegarmos aos municípios de Santana do Araguaia, São Félix do Xingu e de
Tucuruí, procuramos a EMATER para nos orientasse sobre os lugares onde teria maior
chance de encontrar informantes. Essa decisão foi fundamental para o sucesso da pesquisa,
porque foram os servidores deste órgão público que me deram as maiores dicas sobre
possíveis lugares onde encontraria os informantes ideais para gravar as entrevistas. Também
foi com o pessoal da EMATER que conseguimos hospedagem a maior parte do tempo em que
estivemos naqueles municípios, com exceção de Tucuruí, que ficamos no alojamento da
UFPA.
Foram muitas as dificuldades encontradas antes e durante a realização da coleta dos
dados. A primeira está relacionada à viagem, devido à dimensão territorial do Estado do Pará
e ao péssimo estado das rodovias estaduais que tornam as viagens ainda mais demoradas,
desconfortáveis e perigosas. A outra dificuldade foi encontrar os informantes que
preenchessem os requisitos exigidos pelo projeto ALIPA, pois, as exigências do projeto
seguem os seguintes critérios,
Pelo fato de os municípios de Santana do Araguaia e São Félix do Xingu não sediarem
Campi da UFPA, e que o município de Tucuruí tem Campus, mas só funcionam cursos da
área de Engenharia. Isso descartou qualquer possibilidade de apoio através da UFPA local, o
que nos forçou a procurar outros meios de apoio para chegar aos informantes. Por fim, o
maior desafio foi encontrar informantes que tenham nascidos nos locais, haja vista o grande
88
número de pessoas vindas de outras regiões do Brasil, durante os períodos migratórios, e que
habitam as zonas rurais destes municípios (Projetos de Assentamento). Por conta dessa
realidade, às vezes se torna mais fácil encontrar moradores que nasceram naqueles
municípios, que trabalham na zona rural e moram na cidade.
Mas, apesar das dificuldades para conseguirmos encontrar os informantes, nas três
localidades onde coletamos os dados, contando com a boa vontade das pessoas dos lugares,
foi possível entrevistar os 12 informantes. E ainda poderíamos entrar mais informantes se não
fosse o desgaste físico e psicológico que a aplicação do questionário provoca e o pouco tempo
disponível para a realização da atividade.
Até o presente momento tudo o que temos são os dados coletados em três dos seis
municípios que iremos coletar. Estes dados coletados e os que serão coletados vão ser
transferidos para equipamentos e programas computacionais, a fim de serem realizados os
procedimentos necessários para o tratamento dos dados, como transcrições fonéticas de
acordo com IPA (Alfabeto Fonético Internacional), análises, comparações e conclusões.
Como resultado serão confeccionadas cartas lexicais que mapearão a variação lexical na
mesorregião sudeste do estado do Pará. Posteriormente, serão submetidos à apresentação
pública e publicados nos meios de comunicações apropriados e integrarão o corpus do Projeto
GeoLinTerm.
Referências bibliográficas
BRANDÃO, Silvia Figueiredo. A geografia linguística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
RAMOS, Conceição de Maria de Araujo et al (Org.). Pelos caminhos da dialetologia e da
sociolinguística: entrelaçando saberes e vidas. São Luis: Edufma, 2010.
RAZKY, Abdelhak (Org.). Estudos geo-sociolinguísticos no estado do Pará. Belém:
Edufpa, 2003.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. 4 ed. São Paulo: Ática, 1994.
89
INTRODUÇÃO
por profissionais que praticam o fazer ceramista. Para desenvolvermos tal pesquisa, adotamos
os princípios teórico-metodológicos da Socioterminologia, tal como pensada por Gaudin e por
Faulstich, que propõem a análise e a descrição das unidades terminológicas em contextos
socioculturais reais de uso da língua.
A adoção dessa base teórico-metodológica deve-se ao fato de ela nos permitir analisar
a terminologia em questão a partir de situações sociais reais de comunicação, o que não seria
possível se o fizéssemos à luz da Terminologia de cunho prescritivo, já que essa disciplina
prevê a normalização dos termos técnicos e científicos. Assim, em divergência a esse ideal
normalizador, a inclusão da dimensão social nos estudos terminológicos redirecionou o modo
se estudar as linguagens especializadas ao definir as comunicações profissionais, lugar onde
as terminologias funcionam naturalmente, como ponto de partida do fazer socioterminológico.
Quanto ao nosso objeto de estudo, a terminologia da cerâmica artesanal do Distrito de
Icoaraci, justificamos a sua escolha pelos seguintes fatos: a) por seu valor socioeconômico,
uma vez que a sua produção envolve a maioria das famílias que residem no bairro do Paracuri
(bairro icoaraciense onde funcionam diariamente dezenas de olarias), funcionando como fonte
de renda de onde provém seu sustento; b) por ser uma atividade cultural local que representa o
Estado do Pará a nível nacional e internacional, corroborando a valorização da cultura
paraense, bem como o fortalecimento da identidade regional; c) por ser o artesanato em
cerâmica um veículo da memória individual e coletiva dos membros da comunidade, uma vez
que constitui uma atividade que se perpetualiza por meio das várias gerações que o mantém,
ou seja, é uma atividade que passa de pai para filho; d) por contribuir com o projeto
SocioTerm, no que tange à descrição e à documentação do léxico do português paraense; e)
por não existir, que seja do nosso conhecimento e alcance, um instrumento terminográfico em
que esteja registrada a terminologia da cerâmica artesanal da localidade investigada.
Nesta perspectiva, entendemos que a nossa pesquisa contribuirá para o
desenvolvimento dos estudos terminológicos, os quais têm avançado amplamente no Brasil,
sobretudo, no espaço acadêmico das Universidades brasileiras. Na Universidade Federal do
Pará (UFPA), por exemplo, no âmbito do Projeto SocioTerm, a pesquisa terminológica tem se
destacado com a produção de glossários que analisam, descrevem e documentam, sob o ponto
de vista linguístico-descritivo, ou seja, considerando os fenômenos da variação, polissemia e
sinonímia, e, ainda sociocultural, ou seja, considerando os diferentes usos linguísticos como
indicadores de diferença e de identidade de uma comunidade, o léxico do português paraense,
documentando-o em glossários.
91
24
Una unidad descrita por un conjunto de características linguísticas sistemáticas y dotada de la propiedad de
referirse a un elemento de la realidad.
93
25
la terminologie nait d‘une demande sociale réel et correspond à desbesoins économiques et/ou dês décisions
politiques
94
especialista penetra no coração dos domínios temáticos‖, segundo Boulanger (1995, não
paginado). Permiti-nos, assim, adentrar e nos situar no universo do léxico. Sobre o exposto,
Boulanger (op. cit.), bem conclui que o trabalho com a Terminologia pressupõe ter
―conhecimentos de léxico, de semântica, de morfologia, de lexicografia. Uma obra
lexicográfica ou terminográfica permite, portanto, que se mensurem o progresso e os
conhecimentos linguísticos adquiridos pelos estudantes‖.
O termo Socioterminologia aparece pela primeira vez em 1981, num artigo cunhado
por Jean-Claude Boulanger e publicado nos números 7-8 do Terminogramme do OLF,
Québec, segundo Faulstich (1995, não paginado). Daí em diante, a Socioterminologia começa
a se instituir como campo de estudo voltado para o estabelecimento de estudos mais
condizentes com a realidade das comunicações especializadas. Neste contexto, observou-se
uma avalanche de movimentações que iam de encontro com as concepções das escolas
normalizadoras.
Os ideais socioterminológicos se desenvolveram amplamente a partir dos trabalhos de
François Gaudin, que publicou duas grandes obras de referência, a saber: Pour une
socioterminologie – des problèmes semantiques aux pratiques institutionnelles, em 1993, e
Socioterminologie – une approche sociolinguistitique de la terminologie, em 2003. Nessas
obras Gaudin discute as colocações da Terminologia Clássica, mostrando que os estudos
terminológicos podem ser mais reais, se considerarem o fator social.
Nessa mesma linha de raciocínio, Faulstich retoma o tema variação lexical, discutido
em sua tese de doutoramento, denominada Interpretação de Variante Lexical, defendida na
Universidade de São Paulo, em 1988, e desenvolve a Teoria da Variação em Terminologia,
cujos princípios são:
dissociação entre estrutura terminológica e homogeneidade ou univocidade ou
monorreferencialidade, associando-se à estrutura terminológica a noção de
heterogeneidade ordenada;
abandono do isomorfismo categórico entre termo-conceito-significado;
95
5. METODOLOGIA
mesmos o tempo de atuação na produção de cerâmica em Icoaraci. Vale dizer, então, que
desse total apenas dois não nasceram em Icoaraci. Assim sendo, o corpus da nossa pesquisa
está constituído de quinze textos orais provenientes de entrevistas realizadas in loco e feitas
com um gravador digital OLUMPUS VN-5200PC. O Tempo dessas entrevistas varia, dado o
desempenho de cada informante, e foram gravadas em diversos espaços (a casa do
informante, o Liceu, a COARTI).
Após as duas etapas acima descritas, passamos ao tratamento dos dados. Começamos,
com a transcrição grafemática das entrevistas realizadas, utilizando o programa Transana
(versão 2.12). Em seguida geramos listas de palavras no programa Wordsmith (versão 05)
para que pudéssemos analisar e extrair os termos. Finalmente, depois que validarmos os
termos, passaremos ao manuseio do programa Lexique Pró (versão 2.8.6), que nos ajudará
com a organização do glossário.
Barreiro s.m. [Extração da argila]: lugar aonde se vai para extrair argila.
―L2: ... eles vão sempre quando a maré tá vamos dizê eles vão pro barrêro eles tem que
entrar no onde tá o corte da argila eles tem que vê a maré se a maré for de lanço...”
(IBF2MES).
Forno s.m. [confecção da peça]: Instrumento utilizado para queimar a peça na produção de
cerâmica.
―L2: ...tem peça que tu vai esperá dias pra ela ficá um pôco mais seca pra PINtá que a gente
chama de pintura natural né tu pinta aí depois tu desenha aí quando ela sai do forno ela já
sai pronta não precisa mais pintá...‖ (IBF3MEST).
Oleiro s.m. [confecção da peça]: Pessoa que modela a peça com as mãos.
―L1: onde o oleiro se senta para trabalhar no torno? Tem um nome específico? L2: não...
eles chamam assento do oleiro mesmo...‖ (IBF3MEST).
Palheta s.f. [confecção da peça]: ferramenta utilizada pelo oleiro para fazer o acabamento
da peça.
97
“L2: porque é assim tu modela com as mãos a palheta é só pra ela dá aquela aquela::
quando tu passa assim ela via ficando toda lisinha é só pra isso só pra dá esse acabamento
mesmo...” (IBF3MEST)
Torno de desenho s.t.m. [confecção da peça]: instrumento utilizado pelo desenhista para
movimentar a peça durante a decoração.
Var. torno de gravação
“L1: ... onde o desenhista põe a peça para que ele possa desenhar? L2: ele usa o torno de
desenho...” (IBF3MES).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
BARBOSA, Maria Aparecida. Lexicologia, lexicografia, terminologia, terminografia,
identidade científica, objeto, métodos, campos de atuação. Disponível
<http://www.riterm.net/actes/2simposio/barbosa2.htm>Acesso em: 20 jan. de 2011.
BIDERMAN, M. T. A face quantitativa da linguagem: um dicionário de frequências do
português. Alfa, São Paulo, v.42, p.161-181, 1998. Número especial.
BOULANGER, Jean-Claude. Alguns componentes linguísticos no ensino da terminologia.
Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 3, 1995.
CABRÉ, Maria Teresa. La terminologia hoy: concepciones, tendencias y aplica
aplicaciones. Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 3, 1995.
COSTA, Celiane Sousa. Glossário terminológico da cultura do cacau em
Medicilândia/PA. 2009. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Letras e Comunicação,
Universidade Federal do Pará, 2009.
DUBOIS, Jean et. al. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 2006.
98
RESUMO: Este trabalho trata do fenômeno da Haplologia entre frases na fala espontânea de
cidadãos da capital do Estado do Pará, Belém. Avaliam-se os contextos de frases compostas
apenas por /t/ - /d/, /d/ - /d/, /t/ - /t/ e /d/ - /t/, tais como: la(du) di fora, per(tu) du, a gen(ti)
tinha medu e tu(du) tinha, respectivamente. São analisados fatores linguísticos e
extralinguísticos com o objetivo de mostrar os contextos favoráveis e desfavoráveis à
aplicação do fenômeno em estudo. Ao estudarmos os fatores linguísticos, observaremos além
dos tipos de frases já mencionados, os tipos de vogais que acompanham as consoantes. Essas
vogais serão definidas como vogais idênticas, parecidas e diferentes, levando-se em
consideração o movimento vertical e horizontal da língua. No que se refere aos fatores
extralinguísticos, analisaremos: idade, sexo e escolaridade, seguindo a estratificação proposta
no projeto Atlas Linguístico do Pará (ALIPA). A coleta dos dados seguiu a orientação da
Sociolinguística Variacionista. Os dados já foram coletados e estão em fase de tratamento. Os
resultados obtidos podem mostrar qual o nível de relevância dos diferentes fatores
mencionados sobre o fenômeno em estudo.
1-INTRODUÇÃO:
Considerar a dinâmica que caracteriza o uso da língua nas diversas situações de
interação é considerar a língua como elemento linguístico-social vivo que pode e deve ser
usado de acordo com as necessidades linguísticas do falante que a domina, já que a língua é
mutável.
A língua é variável, modifica-se e amplia-se constantemente. Isto faz com que haja
transformações na fonologia, na morfologia e na sintaxe, ou uma modificação maior, a
extinção da própria língua. Para a perspectiva sociolinguística variacionista (Labov) 26, os
responsáveis pelas transformações que ocorrem na língua em todos os espaços: físico,
psicológico ou social são os sujeitos falantes de uma comunidade linguística.
Ao estudarmos a língua a partir da perspectiva sociolinguística variacionista, estamos
considerando além do aspecto lingüístico, os fatores sociais e culturais que se fazem presentes
na cultura linguística de uma língua, e podem nos auxiliar no esclarecimento das variações
reentrantes ou não, que não podem ser explicadas somente por fatores linguísticos isolados,
mas podem ser explicados por fatores extralinguísticos.
Nossa pesquisa de mestrado, ―Haplologia no falar belenense: uma análise
variacionista‖ propõe discutir e mostrar como ocorre a haplologia na cidade de Belém-Pará, a
partir da fala de habitantes desta cidade, pois se acredita que a realização deste estudo possa
vir a contribuir para as pesquisas realizadas sobre o fenômeno da haplologia no português
paraense, assim como para a descrição e documentação do português brasileiro.
Partiremos da pesquisa sociolingüística variacionista de Labov (1972), trabalhando com
narrativas contadas por informantes de Belém. Verificaremos o fenômeno estudado,
26
LABOV, William. The social motivation of a sound change. In: Sociolinguistic patterns. Pensilvânia:
University Press, 1972
100
2 REVISÃO DA LITERATURA
27
Varbrul/Goldvarb 3.0b3 de Robinson, Lawrence e Tagliamonte (2001) é um pacote de programas utilizado
para análise estatísticas.
28
CRYSTAL, apud BATTISTI, 2005. p. 73.
29
Sândi é um processo que ocorre quando é afetado foneticamente o início ou o final de uma palavra, ou um
morfema.
30
COUTINHO, 1976. p.148.
31
PAVEZI, 2006. p.11.
101
3 METODOLOGIA
Belém é a capital paraense que representa um dos 143 municípios que constitui o Estado
do Pará. Pertence à mesorregião Metropolitana de Belém e à microrregião de Belém.
Localizando-se no Norte do Brasil. Com uma área de aproximadamente 1 064,918 km²,
32
O Projeto Atlas Linguístico do Brasil ainda está em fase de construção e tem como objetivo englobar de
maneira ampla a diversidade e a realidade linguística de nosso país.
33
O Projeto Atlas Geo-Sociolingüístico do Pará foi instituído em 1996. Tem como coordenador o professor
Abdelhak Razky. O ALIPA, objetiva por meio da coleta de dados de fala e estudos de variações linguísticas, de
algumas cidades do Pará, mapear e identificar o falar dos cidadãos paraenses.
102
Fonte: maps.google.com.br
Labov (1972), afirma que para se coletar a língua vernácula de um informante, este
precisa estar totalmente relaxado e agir naturalmente para que a sua língua materna possa
fluir. As narrativas de Belém, que fazem parte do ALIPA, apresentam conversas livres e
relato de experiências espontâneas vivenciados pelo informante, que fazem com que este se
aproxime bastante da sua língua vernácula. As narrativas encontram-se em forma de áudio
apresentando em média 40 minutos de duração, cada uma. No momento estão sendo
transcritas para fazermos a seleção dos contextos que podem favorecer a aplicação do
fenômeno da haplologia. Para a transcrição estamos utilizando o programa PRAAT 34
Após a fase de transcrição dos dados selecionaremos os contextos pertinentes em que há
a frequência da haplologia, para fazermos a análise e descrição dos mesmos. Em seguida,
procederemos à codificação dos dados no VARBRUL e, posteriormente, à análise das
frequências fornecidas pelo programa, a fim de prepararmos os dados para submissão ao
programa de regra variável. Verificaremos o fenômeno estudado, observando como se realiza
o condicionamento de variáveis linguísticas e extralinguísticas. Por fim, a discussão dos
resultados da análise quantitativa desta pesquisa se fará a partir dos dados fornecidos pelo
programa VARBRUL.
34
Programa computacional para análise acústica Praat (BOERSMA & WEENINK, 2006).
103
O Princípio do Contorno Obrigatório (PCO) proposto por Leben (1973) 35é um princípio
linguístico que veta a sequência de estruturas segmentais contíguas idênticas. Este
condicionamento pode fazer com que as estruturas segmentais contíguas, possam vir a se
fundir ou a apagar-se totalmente. Tal condicionamento nos permite evidenciar que o OCP é
relevante na aplicação do fenômenos da haplologia, já que para esta ocorrer é preciso que haja
o apagamento de uma das estruturas segmentais idênticas ou quase idênticas.
35
Leben (1973) apud Bisol ( p.66, 1999).
104
relação à sílaba tônica. Os resultados nos mostrarão em quais desses grupos de palavras há
mais aplicação do fenômeno em estudo e o posicionamento da sílaba átona (que cai) em
relação à sílaba tônica da palavra que apresenta a sílaba elidida.
5 Fatores Extralinguísticos
Analisaremos os grupos de fatores escolaridade, sexo e faixa etária.
5.1 Escolaridade
O grau de escolaridade de um sujeito é o que faz com que ele se utilize da forma
linguística mais adequada ao seu nível de escolaridade e tenha mais cuidado ao usar a língua.
Este estudo analisa três níveis diferentes de escolaridade, a saber: Sem escolaridade (1);
Ensino Fundamental (2); e Ensino Médio (3). Pretendemos por meio da análise dos dados,
mostrar qual destes é mais favorável a aplicação do fenômeno e se há uma disparidade nos
resultados.
5.2 Sexo
O sexo é considerado por muitas pesquisas como fator relevante para investigações
científicas. Em nosso estudo analisaremos qual a protuberância de cada sexo, masculino e
feminino, na aplicação do fenômeno da haplologia. Os resultados nos mostrarão o sexo que
mais aplica o fenômeno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BATTISTI, Elisa. Haplologia no português do sul do Brasil. Letras de Hoje, Porto Alegre,
v. 40, n. 3, p. 73-88, 2005.
BISOL, Leda. Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1999.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica.7. ed. Rio de janeiro: Ao livro Técnico,
1976.
LABOV, William. The social motivation of a sound change. In: Sociolinguistic patterns.
Pensilvânia: University Press, 1972.
LEAL, Eneida Goes. Elisão silábica e haplologia: aspectos fonológicos do falar da cidade
paulista de Capivari, 2006. http://www.ibge.gov.br>.Acesso em: 22 out 2011.
MENDES, Regina Maria Gonçalves. A haplologia na oralidade do português de Belo
Horizonte. Belo Horizonte, 2009.
PAVEZI, Vanessa Cristina. A haplologia na variedade paulista. São Jose do Rio Preto:
[s.n.], 2006.
PRADO, Natália Cristine. Haplologia na formação de palavras envolvendo o sufixo –cão
in Anais do IX Encontro do CELSUL Palhoça, SC, out. 2010.
RAZKY, Albdelhak (org.). Estudos Geo-sociolinguisticos no Estado do Pará. 1ª Ed.
Belém: Grafia, 2003.
SILVA, Thaïs Cristófaro da. Fonética e Fonologia do Português: Roteiro de Estudos e
Guia de Exercícios. 9ª ed- São Paulo: Contexto, 2007.
108
RESUMO: Este trabalho surgiu a partir da problemática da perda das línguas indígenas no
Brasil. Temos como objetivo analisar a modalidade escrita nos livros didáticos bilíngues
utilizados no processo de alfabetização na comunidade indígena mẽbêngôkre porque
acreditamos que materiais escritos em língua indígena podem contribuir para sua manutenção
e valorização e que a alfabetização em língua materna constitui-se em uma metodologia de
revitalização eficiente, capaz de combater o quadro da extinção linguística indígena. Para
realização deste estudo analisamos manuais de ensino bilíngues escritos em línguas
mẽbêngôkre e portuguesa. A metodologia empregada para este trabalho foi a pesquisa
bibliográfica e as análises qualitativa e quantitativa dos dados coletados. Com relação a
análise qualitativa, essa foi realizada a partir de um roteiro baseado nos parâmetros de análise
utilizados por Marcuschi (1996). Buscamos fundamentação teórica para este estudo na
Sociolinguística com Labov (2010); na Linguística Textual com Marcuschi (1996; 2008;
2010) e com Geraldi (1995); no Ensino-aprendizagem de línguas com Spinassé (2006),
Scarpa (2001), Baltar (2004) e Perrenoud (1997; 1999); na literatura das Línguas Indígenas
com Rodrigues (2000; 2003), Moore (2008), Pimentel da Silva (2003) e Maria Amélia Reis
Silva (2001); e na Educação Escolar com Paulo Freire (1996), Mortatti (2000; 2010), Lajolo
(1996), Rojo (1998; 2005; 2009) e Magda Soares (2001; 2011). Esperamos com esta pesquisa
colaborar com informações teóricas que possibilitem a elaboração de outros livros didáticos
indígenas bilíngues mais adequados à comunidade indígena mẽbêngôkre.
INTRODUÇÃO
A perda das línguas indígenas é uma problemática que preocupa não somente os povos
indígenas, mas também pesquisadores que se interessam por essas línguas. Por estarmos na região
amazônica, onde, segundo Morre, Galúcio e Gabas Jr. (2008), se concentra o maior número de
população indígena no país – 60% desses povos, o equivalente a mais de dois terços das línguas
indígenas faladas no país -, a preservação dessas línguas torna-se também um compromisso nosso.
―Somente no Estado do Pará são faladas cerca de 25 línguas nativas, um número semelhante ao de
línguas faladas na Europa ocidental‖ (MORRE, GALÚCIO, GABAS JR., 2008)36, e muitos desses
idiomas correm o risco de desaparecer completamente se ações imediatas de preservação não forem
realizadas.
Uma das ações que podem ser realizadas em prol da preservação das línguas indígenas é investir
na educação escolar indígena. A escola pode incentivar e favorecer a manutenção ou revitalização
dessas línguas quando nela se utiliza a língua da comunidade como a língua de instrução oral e escrita
do conteúdo curricular.
Sendo a educação escolar uma iniciativa importante para preservar as línguas indígenas,
decidimos analisar elementos que contribuem para o ensino escolar indígena, dentre esses possíveis
elementos optamos pelos Livros Didáticos (doravante LDs), pois partimos das hipóteses que: a)
materiais escritos em língua indígena podem contribuir para sua manutenção e valorização; b) a
alfabetização em língua materna constitui-se como uma metodologia de revitalização eficiente. Assim,
nossa pesquisa intitula-se ―Análise de livros didáticos bilingues para o ensino da língua
mẽbêngôkre37‖.
Compartilhamos os pensamentos que apresentamos em nossas hipóteses com Moore, Galúcio e
Gabas Jr. (2008), para quem a alfabetização em língua materna constitui-se uma das principais
metodologias de revitalização de línguas ameaçadas de extinção, essa é uma metodologia usada
mundialmente em casos onde há um número razoável de falantes da língua e vontade de transmitir o
idioma às crianças.
Nossa pesquisa tem como objetivo principal analisar a modalidade escrita nos LDs bilíngues
utilizados no processo de alfabetização na comunidade indígena mẽbêngôkre. Tomamos a escrita
como objeto de estudo porque, como sabemos, as línguas indígenas não possuem longa tradição nessa
36
A obra dos autores a qual nos referimos foi encontrada na Internet, ela não possui numeração nas páginas,
portanto, qualquer referência a esse trabalho será feia por meio do ano.
37
Os mẽbêngôkres são mais conhecidos como kayapós, constituem um grupo de 7.196 pessoas, estão localizados
no norte do Mato Grosso e no sul do Pará e falam uma língua pertencente à família linguística Jê, principal
família do tronco Macro-Jê.
110
modalidade, são línguas ágrafas, a escrita alfabética para muitas línguas indígenas ainda não é
realidade, a produção escrita e a publicação de livros em língua indígena é recente. Dos povos que
habitam o Estado do Pará temos conhecimento que os mẽbêngôkre já possuem um sistema de escrita
alfabética veiculado em LDs. Assim, pretendemos saber qual o tratamento que vem sendo dado a
modalidade escrita nas cartilhas bilíngues de alfabetização elaboradas por professores indígenas
mẽbêngôkre, para, se necessário, contribuir na melhoria do ensino de língua, indígena e portuguesa,
nessas comunidades.
Para mostrar como nossa pesquisa está acontecendo organizamos este trabalho da seguinte
forma. Apresentamos, em um primeiro momento os pressupostos teóricos e metodológicos que
fundamentam o estudo; em seguida, a metodologia empregada em nossa pesquisa; em um terceiro
momento mostramos o corpus analisado; após mostramos os aspectos e critérios dos LDs
considerados na análise; seguimos apresentando resultados da análise; e finalizamos com nossas
considerações finais.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Dos materiais didáticos mais comuns presentes em sala de aula o LD é um dos mais
essenciais, visto que influi mais diretamente na aprendizagem, daí estudiosos como Rojo
(2006), por exemplo, mostrar-se favorável ao uso do LD por professores e alunos. Dentre os
argumentos apresentados pela autora, destacamos o fato do LD ser um material impresso que
favorece a leitura literária, dentro e fora da instituição escolar.
Rojo (2005) afirma que na atualidade os livros mais presentes em sala de aula são os
manuais didáticos e os paradidáticos. A supremacia dos LDs nas salas de aula dá-se devido ao
fato desses livros serem ―centrais na produção e apropriação de conhecimentos, sobretudo dos
conhecimentos por cuja difusão a escola é responsável‖ (LAJOLO, 1996, p. 3-4).
No que se refere ao uso do LD em escolas indígenas, os professores desse público
parecem compartilhar do mesmo ponto de vista de Rojo, vendo de modo positivo a presença
desses manuais escolares no ambiente escolar. Porém, essa importância, da parte dos
professores indígenas, não é justificada apenas porque tais livros apresentam-se como um
grande instrumento de apoio no processo de ensino-aprendizagem, auxiliando o professor em
sua prática pedagógica, transmitindo conceitos, facilitando a aquisição dos conhecimentos e
saberes a serem ensinados, mas também porque o LD, por ser produzido em uma dada língua
indígena, é visto como uma ferramenta importante na revitalização e valorização dessas
línguas para suas respectivas comunidades. Ou seja, ao constituírem-se como materiais
escritos em língua indígena os LDs também contribuem para revitalizar e impedir que as
111
línguas indígenas desapareçam, haja vista que os manuais didáticos auxiliam na alfabetização
dos povos indígenas, levando-os a apropriarem-se do sistema de escrita alfabética de seu
idioma, para que possam registrar os conhecimentos expressados por sua língua.
Sobre o assunto, Moore, Galúcio e Gabas Jr. (2008) afirmam que ―materiais escritos na
língua geralmente aumentam o prestígio da mesma e chamam a atenção da geração mais
jovem‖.
Dada a importância do LD nas escolas indígenas, faz-se necessário analisá-los dentro de
concepções teóricas que nos permitam ter uma visão coerente sobre o assunto. Assim, para
realizarmos nossa análise estamos pautados nos pressupostos teóricos e metodológicos da
Sociolinguística de Labov (2010) sobre perda linguística; da Linguística Textual com a
proposta de Marcuschi (1996; 2008; 2010) sobre concepção de língua e de texto - o estudioso
nos fornece pressupostos teóricos para elaborarmos um roteiro de análise para ser aplicado
nas cartilhas indígenas - e com a proposta de Geraldi (1995) sobre concepção de língua; do
Ensino-aprendizagem de línguas, com os trabalhos de Spinassé (2006) sobre conceitos de
Língua Materna, Língua Segunda e Língua Estrangeira, Scarpa (2001) sobre a aquisição de
linguagem, Baltar (2004) sobre competências discursivas, e Perrenoud (1997; 1999) sobre
estratégias de aprendizagem; das Línguas Indígenas, sobre essa abordagem destacamos os
estudos de Rodrigues (2000; 2003), Moore (2008), Pimentel da Silva (2003), Maria Amélia
Reis Silva (2001) dentre outros; da Educação Escolar, dentro desse quadro destacamos o
trabalho de Paulo Freire (1996) sobre alfabetização de adultos, Mortatti (2000; 2010), Lajolo
(1996) e Rojo (1998; 2005; 2009) sobre concepções de livros didáticos e alfabetização, e
Magda Soares (2001; 2011) sobre letramento. Vale ressaltar que há outros nomes
fundamentando nosso trabalho, destacamos apenas os mais significativos.
Na próxima seção, apresentaremos a metodologia empregada nesta pesquisa.
2. METODOLOGIA
38
Citamos em especial a biblioteca particular de Marília Ferreira, professora da Universidade Federal do Pará e
orientadora desta pesquisa.
112
bibliotecas desta instituição de ensino. É válido ressaltar que não tivemos êxito em nossas
pesquisas realizadas nas bibliotecas da Universidade Federal do Pará.
Em seguida passamos para a leitura dos textos teóricos que dão fundamentação teórica
ao nosso trabalho, essa é uma etapa que ainda estamos realizando, pois as leituras não se
esgotam.
Antes de iniciarmos as análises precisávamos definir os critérios de escolha dos livros
didáticos que utilizaríamos em nossa pesquisa, assim elaboramos uma lista com vários
critérios para escolha do corpus, essa será apresentada posteriormente. Também precisávamos
definir os procedimentos de nossa análise, decidimos em realizar dois tipos de análise:
qualitativa e quantitativa. Na primeira, por privilegiarmos o enfoque da escrita nos livros
didáticos indígenas, tomamos como parâmetros e princípios de análise a proposta de
Marcuschi (1996). Assim sendo, na análise qualitativa elaboramos um roteiro baseado nos
parâmetros de análise que Marcuschi utilizou quando ele se propôs a investigar livros
didáticos de língua portuguesa. Por meio desse roteiro buscaremos observar o tratamento que
está sendo dado à escrita nos livros didáticos mẽbêngôkre, como são realizadas as atividades
propostas para essa modalidade de ensino de língua, etc. A escrita será analisada por meio dos
textos presentes nos manuais, neles observaremos o enfoque que é dado à compreensão e à
produção escrita nas línguas portuguesa e mẽbêngôkre.
Na análise quantitativa pretendemos mostrar a frequência de determinados tipos de
atividade envolvendo escrita nesses manuais. Em nossa análise preliminar observamos que as
atividades de produção escrita ―não passam de uma descomprometida atividade de copiação‖
(MARCUSCHI, 1996)39.
No próximo segmento apresentaremos o corpus no qual está sendo aplicada a análise
qualitativa e quantitativa.
3. O CORPUS
39
A obra de Marcuschi a qual nos referimos foi encontrada na Internet, ela não possui numeração nas páginas,
portanto, qualquer referência a esse trabalho será feia por meio do ano.
113
Sobre os livros, informamos que são obras produzidas por professores indígenas da
referida comunidade durante Cursos de Formação de Professores Indígenas. Nesses cursos
são realizadas oficinas de produção de materiais didáticos bilíngues para que, auxiliados e
assistidos por especialistas como linguistas, antropólogos e educadores, os professores
indígenas elaborem os materiais que desejam utilizar em sua prática pedagógica.
São três os títulos analisados até agora:
Daremos prosseguimento apresentando os aspectos dos LDs que foram considerados em nossa
análise.
destina. Também há espaço para confirmar ou não a existência dos aspectos observados no LD, anotar
a(s) página(s)s onde esses são encontrados e, ainda, comentar sobre as observações feitas.
Na próxima seção, apresentaremos os resultados preliminares de nossas análises.
5. RESULTADO DA ANÁLISE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alfabetização em língua materna é uma metodologia que precisa de fato ser adotada nas
escolas indígenas, isto é, precisa fazer parte da educação escolar indígena como um instrumento a
serviço da manutenção e revitalização dessas línguas em risco de extinção. Dentro desse contexto o
LD indígena apresenta-se como uma ferramenta de apoio para a alfabetização de uma dada língua
materna, daí enfatizarmos a necessidade desse material didático ser investigado. Nosso objetivo não
consiste em julgar os LDs que estamos analisando a fim de indicar ou promover algum em especial
para ser usado em contexto escolar indígena, em nossa pesquisa buscamos refletir como a modalidade
escrita está sendo tratada nos LDs indígenas selecionados para que, fundamentados em estudiosos do
assunto, possamos colaborar com informações teóricas que possibilitem a elaboração de outros
materiais didáticos indígenas bilíngues mais adequados ao contexto intercultural da comunidade
indígena, em especial da comunidade mẽbêngôkre.
REFERÊNCIA
________. Letramento múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola editorial,
2009.
SCARPA, E. M. Aquisição da linguagem. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.)
Introdução à linguística – domínios e fronteiras. v. 2, São Paulo: Cortez, 2001.
SILVA, M. A. Pronomes, ordem e ergatividade em Mebêngôkre (Kayapó). Dissertação
(Mestrado em Linguística) – Departamento de Linguística do Instituto de Estudos de
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Campinas: UNICAMP, 2001.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
__________. Alfabetização e letramento. 6. ed., São Paulo: Contexto, 2011.
SPINASSÉ. Karen Pupp. Os conceitos de Língua Materna, Segunda língua, e Língua
Estrangeira e os falantes de línguas alóctones minoritárias. Contingentia, 2006, v. 1, nov.
2006. p. 1-8. Disponível em:
HTTP://www.seer.ufrgs.br/index.php/contingentia/article/viewFile/3837/2144. Acesso em:
20/09/10.
ABSTRACT: The Mundurukú is a language belonging to the Tupi, and shows familiarity to
Kuruaya, composing in this way, the language family Mundurukú. The Mundurukú located in
the Rio Tapajos, in Para state, Mundurukú on Indigenous Land, in the Rio Madeira,
Amazonas state, in Indigenous Kwatá-Laranjal in the municipality of Borba, AM, and the
Indigenous Land Apiaká, city of Juara, MT. The current sociolinguistic reality of the
Indigenous Land Mundurukú Kwatá-Laranjal show a situation of high monolingualism in
Portuguese, with rare-speaking of this language, an age group above eighty years. In this
work, we will develop a segmental phonological study of the language Mundurukú Amazon,
in which, more systematic data will be presented to the consolidation of family Mundurukú,
including unpublished data Mundurukú this variant. It is the principal object of this study to
describe and analyze the segmental phonology of the dialect Mundurukú the Amazon, with
their views and distinctive articulatory properties, based on existing documents and
descriptions Crofts (1973 and 1985); Picanco (2005), Mendes Júnior (2007) and Borella,
Santos (2011), as sources of research and analysis as the initial proposal based in Cagliari
(2002). In addition to recordings made with one of the last speakers living in T. I. Kwatá-
Laranjal. The trail methodology used consisted of the following steps: identify the vowel and
consonant sounds of the language, describe the articulatory properties of vowels and
consonants; describe phonological processes; indicate the sounds that occur in complementary
distribution and / or in free variation, to analyze the pairs sounds suspicious, identifying
phonemes, to describe the distribution patterns of the phonemes, allophones and identify each
phoneme. This research development has continued with the recent data collection and
information about the language Mundurukú. With the data entered will be thorough
knowledge of phonetics and phonology of the language.
INTRODUÇÃO
1. Línguas em risco
Stendhal
Young (2009, p 03) certifica que a ferramenta de maior proveito para a evolução
humana é a habilidade de coexistir e trabalhar eficientemente em grupo, de maneira que cada
sujeito faça uso de seus melhores predicados para o bem comum. Tal modo de vida só é
possível por meio de um diálogo uniformizado, complexo e bem articulado, ao qual damos o
nome de Língua. O autor supra (2009, p 03) destaca ainda que:
No entanto, no decorrer dos dias, há que se examinar que, além de sucessivas mutações,
algumas línguas estão a caminho à completa obsolescência. Neste panorama, é concebível que
119
um terço das línguas conhecidas, não mais existe e as restantes estão em iminente perigo de
extinção. Dentre os vários estágios de extinção, o Mundurukú do Amazonas, sendo uma
língua indígena da Amazônia se enquadra no estágio Extinção Gradual, o qual é mais
comumente observado e pode demorar gerações para chegar à situação de inexistência. Dado
ao seu caráter gradual, muitos trabalhos são realizados com o intento de revitalizar o uso da
língua em seu grupo de origem ou, nos casos tidos como irreversíveis, registrá-la para que não
se esvaeça sem qualquer registro escrito ou fonético.
Para programas de revitalização e/ou registro das línguas humanas, há uma classificação
designada aos falantes e os tipos de registros que eles são capazes de fornecer. Deste modo,
ficando dispostos em fluentes, semifalantes e recordantes (rememberers). Young (2009, p 04)
delineia esta classificação assim:
É possível dizer que todas as línguas têm competência de expansão sem respeitar limites
meramente geográficos. De tal modo, há línguas de diferentes alcances, desde local, de
reiterado contato com língua limítrofe, até extranacional. Em meio as milhares de línguas
faladas por todo o mundo, raras são as que não sofrem qualquer problema quanto à
quantidade de falantes, à qualidade da comunicação e à perda de espaço para outra língua que
se adequou melhor ao mundo moderno. A maioria dessas línguas ditas dominantes foi esteada
por regimes expansionistas que instituíram políticas de aculturação em seus territórios
120
conquistados e para que seus falantes abandonassem seus traços culturais locais. Este
processo teve como um de seus alvos principais as línguas locais.
Atualmente, a maioria das comunidades falantes dessas línguas vitimadas pela
aculturação tem meios para se defender e políticas autônomas para afiançar a existência de
suas culturas e de seus modos de vida. Muitas dessas comunidades somente conseguiam se
manter quando uma liderança de governo tolerava o uso de outras línguas, ou quando estavam
enclaustradas geograficamente. Em correspondência, recentemente há possibilidades de maior
ingresso à educação e de um aumento no nível social capaz a trazer liberdade no uso da língua
(sem necessidade do cumprimento de ordens exógenas). Ademais, há casos em que a língua
dominante é incorporada e a língua-mãe mantida para a comunicação cotidiana: é o caso do
bilinguismo (ou diglossia), fato observado no lócus da tribo indígena estudada neste trabalho.
As comunidades que conseguem manter um bom padrão dos dois sistemas de comunicação
podem optar por uma língua segundo o tipo de retórica ou a consciência ideológica que as
represente num dado contexto.
datam da segunda metade do século XVIII, sendo a primeira referência escrita feita pelo
vigário José Monteiro de Noronha, em 1768, que os nomeou Maturucu, na ocasião do seu
avistamento às margens do rio Maués, afluente do rio Madeira, ancestral Capitania do Rio
Negro – atualmente estado do Amazonas. Localidade onde, presentemente, existem
comunidades desta etnia cuja história de contato e relações com a sociedade nacional,
apresenta aspectos distintos das comunidades Mundurukú situadas na região do alto Tapajós.
Atualmente, a população Mundurukú da bacia do Madeira é habitante da Terra Indígena
Kwatá-Laranjal.
A historiografia destaca este povo indígena, com revelada notoriedade, sendo uma
nação audaciosamente guerreira, que realizava grandes excursões do Madeira ao Tocantins,
com o desígnio, entre outros, de obter troféus: cabeças de inimigos, as quais eram
mumificadas e se atribuíam poderes mágicos. Os Mundurukú sobrepujaram de forma bélica e
cultural o Vale do Tapajós desde o final do século XVIII, região conhecida secularmente
como Mundurukânia, onde permanecem até os dias de hoje, seja em terras reconhecidas
oficialmente, seja habitando diminutas comunidades ribeirinhas.
Os Mundurukú só foram derrotados pelos conquistadores após o envio de inúmeros
contingentes e tropas de resgate, instituídas pelos portugueses em retaliação à resistência
nutrida pelos indígenas por meio de ataques aos povoados, ultimada com a adoção de
―acordos de paz‖ entre chefes Mundurukú e comandos coloniais da região do baixo
Madeira/Tapajós, ao final do século XVIII. A partir de então, foram assentados em
aldeamentos missionários, arraigados na exploração das chamadas drogas do sertão, sendo
que alguns grupos permaneceram brigando contra etnias rivais, facilitando a ação dos
colonizadores quanto à ocupação da região.
Em decorrência das vastas áreas que ocupavam, o contato dos Mundurukú com o
levante expansionista alterou decisivamente, de acordo com as cercanias e facilidades de
acesso aos seus territórios. Eventos que resultaram no surgimento de aspectos distintos da
cultura entre os indígenas situados nas margens do rio Tapajós, rio Madeira, Cururú e na área
de cerrado conhecida como campos do Tapajós.
Esta pesquisa tem seus alicerces nas considerações metodológicas e técnicas próprias
a uma análise fonológica básica, de cunho estruturalista, obedecendo aos pressupostos por
Kindell (1981). Este aponta que os sons de uma língua são organizados automática e
inconscientemente pelos seus falantes, em unidades estruturais, tais como fonemas,
sílabas, pés e contornos. O estudo das características fônicas relacionadas à articulação
dessas unidades é o objetivo geral da fonética articulatória, e constitui-se como pré-requisito
para uma análise fonológica. Uma importante distinção a ser ponderada é a diferença entre
fonética e fonologia. Segundo Kindell (1981), a fonética é o estudo dos sons em geral,
enquanto a fonologia é o estudo da organização dos sons de uma determinada língua. Do
ponto de vista prático, a fonética permite precisão na aquisição de dados, e a fonologia
possibilita a explicação desses dados.
Cagliari (2002, p. 20) assinala que toda análise fonológica, ―seja ela de que tipo for,
baseia-se sempre em dados e fatos obtidos por meio de uma cuidadosa análise fonética‖.
Kindell (1981) corrobora que uma análise fonológica deve possuir um inventário fonético e
um inventário fonológico, em que a unidade mínima da análise fonológica seja o fonema. Na
elaboração dos inventários fonético e fonológico, empregaremos a técnica de oposição e
variação. Silva (2001, p. 126) observa que um dos objetivos de uma análise fonêmica é
determinar quais são os sons de uma língua que têm valor distintivo. O método tradicional de
identificação de fonemas é procurar duas palavras com significados diferentes cuja cadeia
sonora seja análoga. Essas palavras formam um binário mínimo, e a oposição entre eles é
designada contraste em ambiente idêntico (CAI). Ao não encontrarmos pares mínimos,
podemos caracterizar os dois segmentos em questão como fonemas distintos pelo contraste
em ambiente análogo (CAA), premissas estas que serão utilizadas neste estudo.
Por sua vez, Cagliari (2002, p.24) assegura que a função opositiva é uma função
fonológica que possibilita, utilizando o teste de comutação (o qual consiste na substituição de
um som por outro num determinado ponto do sintagma ou enunciado), fazer o levantamento
dos sons que desempenham a função de fonemas numa dada língua ou do valor fonológico
que as demais unidades possuem. Partindo desse pressuposto, na fonologia, tudo se faz por
oposição, tendo como forma de controle o significado resultante das alterações nas
comparações, assim:
124
Alguns estudos observam que, quando da impossibilidade de atestar, por meio de pares
mínimos, a oposição entre dois sons, e quando a substituição de um pelo outro em um mesmo
contexto não resulta em mudança de significado, a oposição/contraste entre os pares, em vez
de mostrar dois fonemas, comprova duas variantes fonológicas. A esse respeito, Cagliari
(2002, p. 25) enfatiza que ―A função fonológica desses dois sons não é distintiva nem
opositiva, mas redundante do ponto de vista do sistema linguístico‖. Todavia, como a
presença de um ou de outro é necessária na formação do morfema, devemos reconhecer a
presença de um fonema nesse ponto do enunciado. A realização fonética (alofônica) desse
fonema pode ser através de um som ou de outro detectado como variante, mas não dos dois
simultaneamente, pois, existe um ambiente para apenas um som na cadeia-da-fala, naquele
contexto.
Silva (2001, p.128) realça que, no estágio incipiente de descrição de uma língua, a finalidade
central é identificar como se organiza a cadeia sonora da fala. Deste modo, satisfeito o requisito de que
encontremos pares mínimos para sons foneticamente semelhantes (SFS). A autora assinala ainda, que
um par de sons foneticamente semelhantes se constitui como um par suspeito. Um par suspeito satisfaz
a um par de sons para os quais devemos buscar um exemplo de par mínimo para atestar o status de
fonemas dos segmentos em questão.
Por fim, Silva (2001) abaliza que, às vezes, a investigação de um par mínimo para identificar
fonemas de uma língua pode ser improdutiva. De tal modo, quando não encontramos pares mínimos
para dois segmentos suspeitos, podemos chegar a concluir que os segmentos em questão não são
fonemas. Se não conseguimos caracterizar esses segmentos como fonemas, precisamos buscar
evidências para caracterizá-los como alofones de um mesmo fonema, o que será feito pelo método da
distribuição complementar e/ou métodos que se fizerem necessários à análise fonológica proposta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
RESUMO: Esta pesquisa tem como finalidade investigar o gerenciamento do erro em aulas
de inglês como língua estrangeira (LE), assim como suas implicações para o ensino-
aprendizagem da produção escrita, no que concerne à motivação para a aprendizagem dessa
habilidade. A investigação se fundamenta na pressuposição de que a percepção de escrita e o
gerenciamento dos erros pensados pelos professores (e que repercute na formação dos alunos-
professores) apresenta traços análogos àqueles arrolados na escrita vista como produto e na
correção direta dos erros – o que não envolve o aprendente em qualquer etapa. O referencial
teórico utilizado para este estudo inclui a literatura disponível sobre escrita em segunda língua
(BAZERMAN, 2006; FIGUEIREDO, 2001; HYLAND, 2001; SCARCELLA e OXFORD,
1992), erro e gerenciamento dos erros (FERRIS, 1999, 2004; ALLWRIGHT e BAILEY,
2004; ELLIS, 1994, CORDER, 1967) e motivação na aprendizagem de língua estrangeira
(DÖRNYEI, 2001; DÖRNYEI e OTTÓ, 1998). A investigação é de caráter observatório não-
participante, pois busca descrever uma situação específica de ensino/aprendizagem de uma
126
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo este autor, error refere-se a um desvio ocasionado pela falta de conhecimento, ou
seja, é um erro de competência. Devido ao aprendente não dispor desse conhecimento, ele
próprio não poderá corrigir-se. Por outro lado, o mistake ocorre quando o aprendente falha no
desempenho da competência: ele já possui o conhecimento e, mesmo assim, comete o desvio.
No entanto, ele próprio é capaz de corrigir-se.
De maneira geral, a definição de erro não deixa de ser tarefa árdua, complexa, pois
depende da teoria lingüística adotada. Assim, pode-se definir o erro do ponto de vista da
gramática normativa, para a qual é erro tudo o que foge às normas da língua padrão, ou da
gramática descritiva, que considera erro a ocorrência que, em contexto algum, seria produzida
por um falante nativo da língua que se pretende aprender.
Neste trabalho, adotaremos a noção de Ferris (2004), que percebe o erro como parte
natural do processo de aprendizagem de uma língua. Para a autora, ele pode sinalizar mais
progresso do que deficiência.
No que se refere ao termo a ser utilizado para denominar a intervenção perante o erro
produzido, temos Allwright e Bailey (2004) que apresentam o termo tratamento de erros para
confrontar correção de erros. De acordo com esses autores, correção implica em ―cura‖ e
assim o erro não mais existiria ou se repetiria, o que não condiz bem com a realidade,
diferentemente de um tratamento, o qual se refere a um efeito mais imediato no
comportamento do aluno. Assim, o professor não deve apenas fornecer uma solução, mas
conduzir o aluno a realizar comparações e fazer com que ele mesmo possa encontrar a forma
correta.
Cardoso-Brito (2004) rebate esta distinção. Para ela, o tratamento é posterior à
correção, visto que existe uma outra distinção também baseada no conceito de cada vocábulo.
A correção é a atitude tomada pelo professor, pelo aluno ou pelos colegas no momento em
que um erro é cometido. Tratamento, por outro lado, refere-se a tarefas que possam fazer com
que o aluno reflita e avance no processo de aprendizagem da LE.
Há também outros termos utilizados para denominar as diferentes formas de
intervenção. Dentre eles, estão o feedback (doravante podendo ser referido como ‗retorno‘40)
e repair (‗reparo‘), utilizados por Ellis (1994). O primeiro designa um termo geral que
fornece informação ao emissor sobre a recepção e compreensão de mensagens; o segundo é
utilizado para designar as tentativas de identificação e correção de problemas na
comunicação.
40
Estamos utilizando neste trabalho o termo retorno conforme tradução encontrada no Glossário de Linguística
Aplicada, de Almeida Filho (1997).
128
41
Do original: ―the choice of a particular action, the persistence with it, the effort expended on it. In other words,
motivation is responsible for why people decide to do something, how long they are willing to sustain the
activity, how hard they are going to pursue it‖ (DÖRNYEI, 2001, p. 8).
130
42
Tradução de MAGNO E SILVA e DINIZ (s/d) para―In broad terms, motivation is responsible forwhypeople
decide to do something, how longthey are willing to sustain the activity, and how hardthey are going to pursue
it.‖
131
qualquer aspecto da vida e em especial na aprendizagem de uma nova língua. Sem ele,
segundo Ford (1992, apud DÖRNYEI, 2001), as pessoas, de modo geral, não conseguem
continuar avançando em direção a um objetivo. Assim, até mesmo as metas mais importantes
podem ser deixadas de lado.
De uma perspectiva motivacional, pode-se perceber que nem todo retorno apresenta-se
com tanta eficácia para determinados momentos e, dependendo da ação do professor, ele pode
ou não ser produtivo para a aprendizagem da L2. O retorno eficaz deve envolver, segundo
Dörnyei (2001), três aspectos principais, conforme se observa a seguir.
Primeiramente, para que o retorno tenha efeito motivacional, é necessário que tenha
uma função gratificante, isto é, pelo elogio se pode aumentar a satisfação do aprendente,
assim como seu espírito de aprendizagem.
Em Segundo lugar, ao se expressar confiança e encorajamento, o retorno pode
despertar no aluno autoconfiança e uma visão positiva acerca de si mesmo.
O terceiro aspecto do retorno motivacional é levar o aprendente a refletir sobre as
áreas que precisam ser melhoradas, além de identificar possíveis estratégias para maximizar a
aprendizagem. A esse terceiro tipo de retorno, Raffini (1993 apud DÖRNYEI, 2001)
denomina “positive information feedback” (retorno de informação positiva), o qual envolve o
retorno descritivo e positivo a respeito dos pontos fortes, das conquistas, progresso e atitudes.
Mas o mais importante, segundo Good e Brophy (1994 apud DÖRNYEI, 2001, p. 124), é que
esse retorno ―fornece aos alunos informações, mais que julgamentos contra padrões externos
ou realizações de pares (cuja principal característica é o ‗retorno controlador‘43‖.
Além desses aspectos, há também aqueles sugeridos por Alison (1993 citado por
DÖRNYEI, 2001) para que o retorno tenha eficácia e se apresente de forma positiva na sala
de aula. Primeiramente, há o fato de que se espera que um professor não se restrinja aos erros
ou pormenores cometidos pelos alunos enquanto negligencia contribuições positivas, quando
o que se espera é o contrário.
2. METODOLOGIA
43
―this feedback provides students with information rather than judgements against external standards or peer
achievement (which is the main feature of `controlling feedback‘‖.
133
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLWRIGHT, D.; BAILEY, K. M. Focus on the Language Classroom. Cambridge:
Cambridge University Press, 1991.
CARDOSO, S. A. Correção e Tratamento de Erros e seus Possíveis Efeitos na Produção
Oral no Processo de Aprendizagem/Aquisição da Língua Estrangeira em Classes de
Adolescentes. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada) UNESP. 2002.
DÖRNYEI, Z; OTTÓ, I. Motivation in action: a process model o L2 motivation. Working
papers in applied Linguistics. Thames Valley University, London, v. 4, 1998. p. 43-69.
135
Abstract: This study has a base on science Laboratory and speech technology campus
Cametá, UFPA, Universidade Federal do Pará, uses this infrastructure to implement their
activities. The overall objective of this project is to characterize the dialect prosodic variation
of Portuguese spoken in Abaetetuba city. The methodology follows the AMPER guidelines of
project. The recordings will be made to work in the field. The language productions of
Abaetetuba‘s speakers be recorded using a standard for all recordings, ensuring: a record of
the acoustic signal of uniform quality and a good representative of the dialect variety. The
corpus will consist of 66 sentences, SVC ( Subject + Verb + Complement ) and expansions
(Adjectival Syntagma and Adverbial Syntagma), structured with the same phonetic
restrictions and syntactic restrictions, and maintain the standard of corpora constituted by
Portuguese varieties of project AMPER- by, enabling future comparative analysis.
INTRODUÇÃO
1
http://w3.u-grenoble3.fr/dialecto/AMPER/AMPERfr_fichiers/frame.htm
137
2
www2.ii.ua.pt/cidlc/gcl/AMPER-POR.ht
www2.ii.ua.pt/cidlc/gcl/
138
OBJETIVOS
Objetivo geral
O presente projeto tem como objetivo principal caracterizar a variação prosódica dialetal
do português falado no município de Abaetetuba (PA).
Objetivos específicos
Com a perspectiva de delinear a variação dialetal do nível prosódico do português regional
paraense, são previstas:
1. constituição de um corpus prosódico com amostras dialetais do português falado no
município de Abaetetuba (PA);
2. disponibilização do corpus formado on line;
3. análise instrumental dos aspectos prosódicos do português falado no município de
Abaetetuba (PA).
139
METODOLOGIA
Constituição do Corpus
gravados foram codificados de acordo com a organização sintática da frase e de acordo com o
tipo entoacional.
Quadro 01 - composição sintática e prosódica das 66 frases do corpus gravado e seus códigos
correspondentes.
Elementos sintáticos Tipos Código
Personagem O bisavô N1
O Renato N2
O pássaro N3
Verbo Gostar V
Sintagmas Adjetivais Nadador Adj1
Pateta Adj2
Bêbado Adj3
Sintagmas Adverbiais De Mônaco y
De Veneza
De Salvador
Ø47 Ø w
Modalidade entoacional Declarativa a
Interrogativa i
Fonte: Santos Jr. (2008: 21
47
Indica ausência de sintagmas adverbiais.
141
de trinta anos; e 3) ter escolaridade até, no máximo, o ensino médio. A partir desses critérios,
deveriam ser selecionados quatro informantes, dois homens e duas mulheres.
A seleção dos informantes, de ambos os sexos (dois homens e duas mulheres, de
preferência, com mais de 30 anos de idade e cujo grau de escolaridade não deve exceder o 9º
ano), obedece a critérios de representatividade e espontaneidade. A cada informante serão
pedidas seis repetições da série de frases do corpus (em ordem aleatória), sendo selecionadas
para análise as três melhores repetições, a fim de se poderem estabelecer médias nos diversos
parâmetros a analisar: duração, F0 e intensidade. Cada informante receberá um código de
acordo com o sistema de notação adotado pela coordenação do projeto AMPER - POR.
As gravações serão realizadas na própria casa dos informantes, para garantir a
espontaneidade do discurso. Para a gravação serão utilizados um aparelho MD SONY MZ-
R900, um microfone SONY estéreo e um notebook.
Por meio dos slides exibidos pelo computador no programa powerpoint, serão
projetadas as figuras formadoras das 66 frases de forma visual aos informantes, sem
apresentar-lhes suas formas escritas. A cada informante serão pedidas seis repetições da série
de frases do corpus (em ordem aleatória), no momento da gravação propriamente dita. As
gravações serão feitas sem interrupção até a última frase.
O projeto está, ainda em andamento, na fase de trabalho de campo, concluindo-se a
coleta de dados, tendo como data de previsão para qualificação da dissertação da aluna, o mês
de junho de 2012.
O material gravado terá as seguintes etapas de tratamento: a) Codificação das
repetições; b) Segmentação vocálica dos sinais selecionados no programa PRAAT; c)
Aplicação do script Praat; d) Seleção das três melhores repetições; e) Aplicação da interface
Matlab para se obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições.
No caso da Codificação das repetições, retomou-se o código do informante, contendo o
seu perfil e acrescentou-se o código de cada frase já estabelecido pelo Projeto AMPER.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO: O presente projeto de pesquisa tem como tema a variação do /s/ no falar de
Aurora do Pará. Pauta-se nos pressupostos teóricos da sociolinguística (BORTONI-
143
RICARDO, 1985). Acredita-se que a variação do /s/ presente nesta variedade linguística tenha
reflexo da influência dos dialetos que migraram para esta região do Pará. O objetivo principal
do presente projeto é descrever a variação fonética do /s/ no português falado em Aurora do
Pará, levando-se em conta os fatores lingüísticos e extra-lingüísticos que poderão influenciar e
condicionar o fenômeno pesquisado, caracterizando-o sociolinguisticamente este falar. A
pesquisa será realizada no município de Aurora do Pará, localizado na Mesorregião do
Nordeste Paraense. Dois grupos de informantes serão formados: a) um grupo de ancoragem a
ser formado com 24 informantes (12 do sexo masculino e 12 do sexo feminino), distribuídos
em duas faixas etárias de 26 a 46 anos e acima de 50 anos; b) um grupo de controle de 12
informantes (6 do sexo masculino e 6 do sexo feminino), descendentes do grupo de
ancoragem. Uma vez o trabalho de campo concluído, o tratamento dos dados seguirá todas as
etapas previstas em um estudo sociolingüístico, a saber: (i) transcrição dos dados no moldes
da análise da conversação (CASTILHO 2003); (ii) triagem dos grupos de força (CAMARA
JR. 1969); (iii) transcrição fonética dos vocábulos contendo marcas dialetais, utilizando-se o
alfabeto SAMPA; (iv) codificação dos dados e; (v) tratamento quantitativo VARBRUL.
ABSTRACT: This paper has as theme the variation of the /s/ in the speech of Aurora (Pará)
city.This work is based on the assumptions of the linguistics‘ theoricals (BORTONI-
RICARDO, 1985). It is believed that the variation of the /s/ present in this linguistic variation
is a reflex of the dialects that migrated to this particular region. The main objective of this
paper is to describe the fonetic variation of the /s/ in the spoken portuguese in ―Aurora do
Pará‖, taking in consideration the linguistical and extra linguistical factors that may influence
and condition the researched phenomenon, caractrizing it social-linguistically. The research
will be made in the town of Aurora, located in Pará‘s Northeast. Two groups of informants
will be formed: a) a group of anchorage with 24 informants (12 men and 12 women), between
the ages of 26 and 46 years-old and above fifty years-old; b) a control group of twelve
informants (6 men and 6 women), descending of the anchorage group. Once the field work is
concluded, the data treatment will follow all the steps of a social linguistic study, as follows:
(i) transcription of the data in the shape of conversation analysis (CASTILHO, 2003); (ii)
selection of the force groups (CAMARA JR, 1969); (iii) phonetic transcription of the words
with dialect marks, using the SAMPA alphabet; (iv) data codification and; (v) VARBUL
quantitative treatment
INTRODUÇÃO:
CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA
Aurora do Pará é uma cidade que recebeu bastante migrantes nordestinos, sobretudo, do
Ceará. Devido a isso possui características peculiares em sua cultura e língua; o fluxo
migratório dessa região se deu por volta dos meados do século XIX quando da abertura da
rodovia Belém-Brasília que atraiu para região projetos de exportação de madeira e,
posteriormente, a agricultura. Sucessivamente a isso, passou a cultivar malva e algodão que
145
tevem sua decadência nos anos 1960. Na década de 70 a 80, com a penetração da colônia
Japonesa em Tomé-açu, o municipio também começa a cultivar pimenta do reino. Todas essas
atividades econômicas atraiam para região muitos migrantes, que vinham convidados de seus
conterrâneos, a maioria era nordestinos e poucos paraenses. Com a decadência dessas
atividades, muitos desses migrantes passaram a desempenhar atividades de agricultura em
colônias próximas a área urbana do município. Atualmente, a economia local sobrevive
basicamente da agricultura e de empregos públicos, que trouxe para cidade,no início do século
XIX, com a realização de concursos públicos no município, várias pessoas de outras cidades
do Pará, e mesmo outros estados. Diante da gama de migrantes nessa região questiona-se
como se realiza o /s/ no falar aurorense? Os contextos fonético-fonológicos podem interferir
na realização de determinada variente de /s/? O uso do /s/ em Aurora do Pará é diferente do
utilizado em outras regiões já estudadas sobre esse fenômeno? Dentre outras.
PERCURSOS METODOLÓGICOS:
O grupo de ancoragem serve de base para a pesquisa, e é composto por falantes não
nativos do Estado, oriundo do Ceará. O grupo de controle, que servirá como parâmetro para o
grupo de ancoragem, é composto por jovens nascidos na mesma região proveniente de seus
ascendentes, que vieram ainda crianças para Aurora do Pará, locus do presente projeto ou
mesmo que já tenha nascido no município onde se realiza a pesquisa.
Durante a coleta de dados, utilizamos a técnica de narrativas de experiência pessoal
(Tarallo 1988), tomando cuidado para registrar o vernáculo dos falantes. O tema das
narrativas giram em torno da vinda destes para o estado, além de outros assuntos direcionados
pelo questionário-guia. A técnica da narrativa é válida para nossa pesquisa devido o fenômeno
estudado ser bastante produtivo na fala.
Análise dos dados, que ocorrerá posterior à coleta, será feita à luz do tempo da duração
da residência na localidade escolhida, dos anos de escolaridade, da estabilidade de emprego
dos informantes selecionados, além dos parâmetros usuais de sexo e idade, como fizera
Bortoni-Ricardo (1985) ao proceder a um estudo sociolingüístico sobre a difusão dialetal no
repertório dos falantes do português no Brasil que migram da região rural para a urbana.
Tal como Bortoni-Ricardo (1985), considera-se fatores sócio-ecológicos e variáveis
independentes na correlação com o comportamento lingüístico. Segundo a autora, o melhor
instrumento para lidar simultaneamente com as diferenças individuais e com a identificação
da variação sutil dos padrões sistemáticos é o da analise das redes sociais dos migrantes, já
usado anteriormente em sociolinguistica correlacional (Labov, 1972; Milroy, 1980).A rede
social é o conjunto de ligações que se estabelecem entre indivíduos, conforme Bortoni-
Ricardo (1985 apud Cunha [s.d.]). Ela é útil em investigações sociolingüísticas envolvendo
comunidades lingüísticas de migrantes, no caso de Aurora, quando o interesse da investigação
não está nos atributos dos indivíduos, mas na caracterização das relações de um com outro, a
qual pode predizer e explicar o comportamento destes indivíduos, inclusive o comportamento
lingüístico.
Além da rede de relações sociais, vamos utilizar nas análises o conceito de grupo de
referência dos falantes, que para Bortoni-Ricardo (1985), é aquele que serve de alavanca à
construção da identidade do indivíduo, ou seja, o falante modela seu discurso de acordo com o
grupo com o qual ele busca identificar-se, o grupo que atende as suas expectativas
psicossociais. A partir de fatores sócio-ecológicos como variáveis independentes, e,
considerando como variáveis intervenientes tanto a rede social como o grupo de referência,
Bortoni-Ricardo (1985) estabelece um modelo metodológico, eficiente e inovador, para a
147
Uma vez o trabalho de campo concluído, o tratamento dos dados seguirá todas as etapas
previstas em um estudo sociolingüístico, a saber: (i) transcrição dos dados no moldes da
análise da conversação (Castilho 2003); (ii) triagem dos grupos de força (Câmara Jr. 1969);
(iii) transcrição fonética dos vocábulos contendo marcas dialetais, utilizando-se o alfabeto
SAMPA; (iv) codificação dos dados e; (v) tratamento quantitativo VARBRUL.
A pesquisa está sendo realizada desde o mês de setembro de 2011. Conta com o apoio
de uma professora bastante conhecida na cidade que nos auxilia na procura e execução da
coleta de dados. No início da pesquisa fazíamos duas visitas à casa dos informantes, uma para
o primeiro contato e outra para a coleta. Todavia, percebendo o grau de intimidade com os
informantes, grande parte conhecidos nossos, achamos desnecessárias essas visitas. Assim, no
primeiro contato coletamos os dados.
As conversas com os informantes acontecem sempre nas dependências de suas casas,
sala ou cozinha; Sempre é feita uma pequena introdução sobre o trabalho e uma breve
conversa antes de iniciarmos a coleta de dados, por meio da gravação, que é iniciada sempre
na mesma situação discursiva. Até o momento, foram coletados dados de nove informantes do
grupo de ancoragem, sendo cinco mulheres e três homens, da faixa etária acima de 50, e um
da faixa etária de 26 a 46, do sexo masculino.
Dentre as dificuldades em se realizar o trabalho de campo está a dificuldade de
encontrarmos informantes, do sexo masculino, na faixa etária de 26 a 46 anos. Isso ocorre
porque grande parte dos migrantes possuem mais de 50 anos e por terem vindo para o
município na década de 50 a 60. Ainda não foram feitas nenhuma análise dos dados já
148
coletados, porque queremos terminar a etapa da coleta, que está prevista para no máximo final
de novembro. A duração desses dados é em torno de 30 a 40 minuntos. As gravações estão
sendo feitas, geralmente finais de semana com gravador digital.
CONSIDERAÇÕES:
Como pudemos compreender com a leitura deste texto, da pesquisa aqui implementada,
não há nenhum resultado sobre o fenômeno da variação do /s/ em Aurora do Pará-PA, isso
porque a pesquisa ainda é bastante recente, faz parte de nossa dissertação de mestrado em
Letras-Linguística, realizado na Universidada Federal do Pará. Do que já foi realizado e
obervado em nossa pesquisa, algumas hipóteses podem ser levantadas. Dentre elas está o fato
do /s/ variar na fala do mesmo falante em contextos fonéticos distintos. Acredita-se também
que a variante fricativa alveola surda seja a mais produtiva. As variantes do /s/ ocorrem de
forma idênticas tanto da fala de nativos (grupo de controle) como na fala de migrantes (grupo
de ancoragem) nos mesmos contextos fonéticos. Esperamos, desse modo, ao concluir nosso
trabalho contribuir para que futuros estudos possam ser realizados a partir dele, sejam os de
cunho comparativo ou aqueles que possam utilizar os dados para outras análises.
REFERÊNCIAS:
ABSTRACT: Studies in the variation have been gaining prominence in the state of Pará para
the survey and update of the corpus of the Atlas project Geo-sociolinguistic Pará (ALIPA)
Between 1999 an 2011. Following this trend, the present study, based on the database project
ALIPA, tries to give an account of lexical variation in a rural area of Pará has thus been
mapped and analyzed data from twelve municipalities in the state, two of each of the sixmese
Pará. To this end, we adopted the theorical and methodological principles of linguistics and
geography, they observe, analyse and map the linguistic variant sinterrelated social factors.
Regarding the area of research in Geography Linguistics, there is adearth of such studies in
the state of Pará. The study organizes and a portion of thecorpus collected by researchers on
the projectfor the development GeoLinTerm Atlas Geosociolinguistic Pará (ALIPA), and
draw a parallel between lexias occuring anr record the same in other atlases and dictionaries
of the portuguese language.
1 INTRODUÇÃO
Este estudo sobre a variação lexical no estado do Pará é uma colaboração a um projeto
mais amplo: o Atlas Geo-sociolinguístico do Pará (ALIPA), que está em fase de elaboração,
além deste, outros trabalhos já foram publicados utilizando dados ALIPA, inclusive o Atlas
Linguístico Sonoro do Pará - ALiSPA (RAZKY, 2004), que tratou os dados da pesquisa em
zona urbana do projeto. O estudo que aqui se apresenta identifica, cartografa e analisa dados
da pesquisa em zona rural do referido projeto, para tanto, foram selecionados e cartografados
dados de doze municípios, sendo dois de cada uma das seis mesorregiões paraenses, valendo-
se dos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia e da Geolinguística.
Vários aspectos mostram a relevância de pesquisas como esta que aqui se apresenta,
dentre eles, vale ressaltar a urgência que há no registro e preservação da diversidade lexical
do português, em especial dos falares das zonas rurais. Sobre isso, Couto (2009, p. 146) alerta
que a diversidade linguística representa riqueza, para ele, contudo, essa diversidade está em
perigo de desaparecimento.
Em termos gerais, o objetivo deste trabalho é identificar, cartografar e analisar a
variação lexical na zona rural de doze municípios do estado do Pará, sendo dois de cada uma
das seis mesorregiões paraenses, quais sejam: Santarém e Oriximiná (Mesorregião do Baixo
Amazonas); Anajás e Breves (Mesorregião do Marajó); Castanhal e Santo Antônio do Tauá
(Mesorregião Metropolitana de Belém); Abaetetuba e Bragança (Mesorregião Nordeste);
Altamira e Itaituba (Mesorregião Sudoeste); e Conceição do Araguaia e Redenção
(Mesorregião Sudeste), no intuito de projetar imagens prévias da variação lexical na zona
151
rural do estado do Pará, a partir de uma amostragem dos dados que compõem o corpus do
Atlas Geo-sociolinguístico do Pará, que está em fase de elaboração.
Em termos específicos este trabalho objetiva:
mapear a variação lexical diatópica (espacial), diagenérica (sexo) e diageracional
(faixa etária) que ocorre na fala dos informantes selecionados;
confeccionar cartas lexicais correspondentes a uma amostragem dos dados
coletados nos referidos municípios;
analisar os resultados obtidos, como: produtividade dos campos semânticos, os
processos ocorridos na constituição das lexias, etc.
Investigar a ocorrência das lexias registradas em outros atlas e em dicionários de
língua portuguesa;
Espera-se que este estudo sirva como fonte de informações para linguístas,
historiadores, sociólogos, antropólogos e pesquisadores de outras áreas afins, acerca do
português brasileiro falado na zona rural do estado do Pará.
variações regionais ou diatópicas, o que por sua vez produzia resultados monodimensionais,
monostráticos, monogeracionais e monofásicos. Neste contexto a autora, citando Elizaicín e
Trun (1992, p. 128-129), afirma que a moderna Dialetologia estuda também as causas sociais
e estilísticas que determinam as variações regionais, o que implica dizer que um o atlas
linguístico pode e deve propiciar uma imagem multidimensional da variação.
3.2 INFORMANTES
Foram selecionados quarenta e oito informantes no total, sendo quatro por localidade.
Os critérios de seleção de informantes na zona rural utilizados pelo projeto ALIPA são os
seguintes:
– todos os informantes deveriam ter escolaridade igual ou inferior à 4ª série do ensino
fundamental;
– um do sexo masculino e um do sexo feminino, entre 18 e 30 anos e
– um do sexo masculino e um do sexo feminino, entre 40 e 70 anos, para cada uma das
localidades.
do Brasil, acrescido de itens dos questionários usados para a construção do Atlas Linguístico
do Estado de São Paulo e do Atlas Linguístico do Paraná, e ainda de outros itens
acrescentados pela equipe do ALIPA.
A versão final do Questionário Semântico-lexical (QSL) utilizado na coleta de dados
para elaboração do ALIPA é composta de 257 questões, sendo 256 perguntas e uma
solicitação para que o informante faça um relato de experiência pessoal. As perguntas estão
distribuídas em 14 campos semânticos como: Astros e tempo, Flora, Fauna, etc.
48
A equipe responsável pela atividade de digitalização foi coordenada por mim, sob a orientação do professor
Abdelhak Razky, e composta por bolsistas e voluntários do projeto GeoLinTerm.
154
4. ANÁLISE CARTOGRÁFICA
Nesta pesquisa foram confeccionadas até o momento 10 cartas lexicais, que
representam amostras dos campos semânticos do Questionário Semântico-Lexical do ALIPA,
além da carta explicativa, que objetiva nortear a leitura das demais cartas lexicais.
Na carta 005, elaborada para a questão 142 do QSL, obtivemos 8 variantes lexicais,
sendo a lexia jacinta a mais recorrente (com 21 ocorrências).
Sobre o aspecto diatópico, a carta apresenta uma tendência de uso das lexias jacinta e
cambito em regiões distintas do estado. Neste sentido seria possível traçar uma isoglossa
separando as mesorregiões mais ao norte do estado da mais próxima ao Centro-oeste do
Brasil. Acima da isoglossa ficariam as mesorregiões Baixo Amazonas (pontos 1 e 2),
Sudoeste (pontos 9 e 10), Marajó (pontos 3 e 4), Metropolitana e Nordeste (pontos 5, 6, 7 e
8), onde há predomínio da lexia jacinta. Abaixo da isoglossa ficaria a mesorregião Sudeste
(pontos 11 e 12), para a qual a carta 005 projeta uma imagem que indica um predomínio da
lexia cambito. Ambas as lexias estão dicionarizadas em Aurélio (2009) como sinônimos de
libélula.
157
formas lexicais semanticamente similares, como mão trancada, mão apertada, mão de sapo,
etc.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do andamento da pesquisa até esta etapa é possível afirmar que as cartas produzidas
projetam uma imagem mais completa da variação lexical no estado do Pará, isso em relação a
pesquisas anteriores, uma vez que estas pesquisas trabalharam os dados ao ALIPA de forma
compartimentada, isto é, mapeando isoladamente algumas das mesorregiões paraenses. Neste sentido a
pesquisa que aqui se delineia proporcionará uma visão mais ampla dessa variação, uma vez que
mapeia nas cartas lexicais amostras de cada uma das seis mesorregiões que compõem o estado do
Pará.
A visão multidimensional mais abrangente que se espera ter da variação lexical na zona rural
paraense só será projetada quando da publicação do Atlas Geo-sociolinguístico do Pará, que, como é
sabido, está em fase de elaboração. Isso por que, no ALIPA, serão mapeados os 50 pontos de inquérito
previstos. A conclusão desta pesquisa, que mapeia dados de 12 municípios, apresentará, por tanto,
imagens prévias da rica variação lexical do português brasileiro falado na zona rural do estado do
Pará.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, M. do S. de. O léxico da região norte do Brasil. In: ARAGÃO, M. do S. de.
(Org.). Estudos em Lexicologia, lexicografia, terminologia e terminografia. Fortaleza:
UFC/MÍDIA, 2009.
ALTINO, F. C. Atlas linguístico do Paraná II. 2007. Tese (Doutorado) - Centro de Letras e
Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
CARRETER, F. L. Diccionario de términos filológicos. 3. ed. corregida. Madrid: Gredos,
1974.
COSTA, C. S. Variação lexical no nordeste do Pará. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Letras) – Instituto de Letras e Comunicação, Universidade Federal do Pará, 2005.
COUTO, H. H. do. Linguística, ecologia e ecolinguística: contato de línguas. São Paulo:
Contexto, 2009.
DUBOIS, J. et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1978
FEITOSA, A. da S. Variação lexical no sudeste do Pará. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Letras) – Instituto de Letras e Comunicação, Universidade Federal do Pará, 2006.
FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. [S. l., 2009]. 1 CD. [versão 6]
GUEDES, R. J. da C. Variação lexical nos dados do atlas geo-sociolinguístico do Pará. (Comunicação
em Seminário – VII SEPA) – Instituto de Letras e Comunicação, Universidade Federal do Pará, 2011.
GUEDES, R. J. da C. Variação lexical em quatro municípios da mesorregião metropolitana de Belém.
2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras) – Instituto de Letras e Comunicação,
Universidade Federal do Pará, 2007.
MARTINS, A. F. C. Variação lexical e fonética na Ilha do Marajó. Revista Científica da
UFPA, Belém, v. 4, abr. 2004. Disponível em: <http://www.ufpa.br/revistaic>. Acesso em: 10
de setembro de 2011.
159
Os últimos anos têm sido marcados por um avanço tecnológico expressivo no que tange
os meios de comunicação. As interações se concretizam independente das distâncias, pois a
tecnologia assumiu a responsabilidade de permitir ao homem comunicar-se com seus
semelhantes ultrapassando toda e qualquer fronteira física ou cultural.
49
De acordo com visita em 27/09/2010 ao site http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/naoseriadas/cortes/
textos/sinonimia.html
50
‗Coió‟, „lagartinho-da-pá‟, „lombinho‟, „tatuzinho-da-paleta‟ são variantes registradas por Joaquim Santana
Caixeta, em Agroindústria: abate e preparação de carne, padronização de cortes de carne bovina e adotadas
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
161
A terminologia, enquanto ciência, distingue-se das outras ciências da linguagem por ser
normativa e ter como objeto de estudo o termo.
51
O autor referencia-se a William Labov, linguísta que, assim como Saussure, vê a linguística como uma ciência
do social; dessa forma, a sociolinguística equivale à linguística com ênfase na atenção às variáveis de natureza
extra-linguística.
163
Podemos entender que uma unidade terminológica pode suscitar significados variados
dependendo da função que a variável assumirá nos diferentes contextos de uso.
Ainda de acordo com Faulstich (idem) a terminologia de Wüster não observava
ambiguidades, originárias de denominações plurivalentes e múltiplas, como homônimos,
termos polissêmicos e sinônimos. Segundo a autora, a terminologia está voltada para a
observação do uso do termo em contextos de língua oral e de língua escrita, o que possibilita a
identificação de variantes em um mesmo contexto ou em diferentes contextos em que o termo
é usado.
Desta forma, assim como na língua geral, as variações não decorrem apenas do meio
linguístico e social, mas as comunicações entre os membros de uma sociedade podem gerar
conceitos interacionais para um só termo ou ainda termos diferentes para um mesmo conceito
até em áreas de especialidade.
A terminologia estruturou-se em um ponto de vista puramente descritivo e Boulanger
(1991), por não aceitar esse postulado, muito contribuiu para o surgimento de uma nova
corrente, a Socioterminologia.
A Socioterminologia nasceu do ―desejo de se atenuar os efeitos prescritivos exagerados
de algumas proposições normativas" (FAULSTICH,2006, p.27) usadas pela terminologia.
Essa corrente foi uma reação às escolas hipernormalizadoras que não consideravam as
situações linguísticas específicas de cada lugar. A socioterminologia buscou suas origens no
cruzamento da sociologia da linguagem e da harmonização linguística."
(FAULSTICH,2006,p.27) e, em dezembro de 1993, formalizou-se com François Gaudin ao
publicar sua tese de doutorado – "Pour une socioterminologie – des problèmes sémantiques
aux pratiques institutionnelles", e nela discutir a questão terminológica voltada para o social.
Segundo ele,
164
Considerações Finais
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT: This paper aims to contribute to a reflection toward the Formative Assessment
in the teaching of written production in Portuguese as a Foreign Language (PFL). We are
trying to investigate how some tools of the Formative Assessment help students about self-
regulation, self-assement and co-assement and permit to understand the functioning of
language in the written production of PLE. The study was developed by an action research
with the public chosen to help learners to appropriate resources to solve their production
problems writing. We believe that learning to write in PLE is more than understanding the
grammatical structures of language because is necessary to know what to say according the
context. We believe this research can help to make the teaching of writing more effective and
better understand the learning processes of writing of our learners.
KEYWORDS: Formative Assessment, Written Production, PFL.
1. Considerações Iniciais
Segundo Allal (2005, p.241) o conceito de Avaliação Formativa foi introduzido por
Scriven (1967) em um artigo a respeito de avaliação de programas educacionais em que se
discutiam temas, tais como currículo, métodos, e materiais de instrução. Para Scriven a
Avaliação Formativa visa providenciar dados que permitam sucessivas adaptações de um
novo programa durante a fase de seu desenvolvimento e sua implementação.
Autores como Fernandes (2006, p. 26 -27) afirmam que na perspectiva francófona, a
avaliação formativa representa uma fonte de regulação dos processos de aprendizagem e a
regulação poderia ser apontada como a peça-chave desta tradição teórica.
De acordo com Allal (p. 246, 2005) o conceito de regulação na literatura de língua
francesa enfatiza a importância dos fatores ligados aos processos de intervenção na tentativa
de alterar a diferença entre o que se deseja e o que se tem. Estes processos refletem-se
em:
- Ações efetivamente realizadas pelo professor e os alunos para melhorar a aprendizagem;
-Grau de participação ativa do aluno em tais ações;
- Uso que os alunos fazem das ferramentas e recursos presentes no ambiente de ensino para
se adaptar ou enriquecer a sua atividade de aprendizagem;
- Significado atribuído pelos alunos e professores para os diversos aspectos da avaliação;
- Maneiras pelas quais professores e alunos negociam a avaliação (discussão sobre os
critérios, discutir os requisitos, construir entendimentos partilhados sobre o que é esperado).
Na perspectiva teórica de origem francófona os processos cognitivos e metacognitivos
são bastante relevantes, assim, aspectos da aprendizagem internos ao aprendente tais como
auto-controle, a auto-avaliação ou a autorregulação são postos em destaque.
Esta perspectiva teórica busca entender os mecanismos de aprendizagem dos
aprendentes para que se possa utilizar a avaliação formativa a fim de ajudá-los a regularem
sozinhos sua aprendizagem.
É bastante evidente o papel central ocupado pelo aprendente nesta modalidade de
avaliação. O trabalho formativo exige mudanças no papel do professor e do aluno.
É necessário tentar fazer o aprendente se envolver no conhecimento e avaliação de seu
próprio processo de aprendizagem. Esta tarefa exige criatividade do professor para motivar
e promover a autonomia de seus aprendentes.
Um dos princípios da avaliação formativa é considerar a análise e o posterior
tratamento dos problemas da escrita como o centro da aprendizagem. Por isso, aprender a
avaliar é um objetivo indispensável no processo de aprendizagem.
170
Os critérios de avaliação precisam ser partilhados pelos aprendentes, para que tenham
mais segurança ao analisar seu próprio texto.
Segundo Portal (2008) ―se o aluno desenvolve a capacidade de auto-avaliar a sua
produção por ter internalizado os critérios, logo, percebe-se que a avaliação se tornou, de
fato, um instrumento que o ajuda a construir textos coerentes.‖
Utilizar a avaliação formativa para avaliar a produção escrita é considerar que os
aprendentes podem e devem participar da avaliação.
Para que os aprendentes internalizem melhor a representação de um texto é necessário
que partilhem com o professor os objetivos e os critérios da avaliação, para que assim,
possam auto-avaliar seu texto e auto corrigi-lo.
Dessa forma, o aprendente tem a possibilidade de tornar-se mais autônomo no seu
processo de aprendizagem da língua, pois não cabe mais ao professor assumir sozinho a
regulação da produção textual de seus alunos.
A avaliação formativa, de fato, mostra-se bastante eficaz no auxílio da aprendizagem
da produção escrita. Desde que os aprendentes sejam levados a desenvolver, por meio da
reflexão e da análise, a competência auto-avaliativa tornando-se cada vez mais autônomos
na apropriação de conhecimentos da produção escrita.
Um dos procedimentos de planejamento das atividades de sala de aula que valoriza a
avaliação formativa, deixando a esta um espaço primordial, é a chamada "Seqüência
Didática", procedimento que foi adotado neste trabalho como proposta para o ensino da
produção escrita em PLE, conforme trataremos posteriormente.
De acordo com Antunes (2003, p.47) ―a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre
funções comunicativas socialmente específicas e relevantes‖, por meio dela é possível
realizar uma atividade sociocomuniativa entre as pessoas. Além disso, por se realizar em
diferentes gêneros e cumprir diferentes funções de comunicação a escrita sofre variação em
sua forma também. Por isso, o ensino da modalidade escrita em PLE deve levar em conta
que a produção de textos escritos ganha formas diferentes, conforme as diferentes funções
que se pretende cumprir.
Outra maneira de abordar as atividades de produção escrita é analisar as várias etapas,
interdependentes e intercomplementares, que constituem o processo de elaboração de um
texto escrito. De acordo com Antunes (2003, p. 54) as etapas seriam:
- Planejamento: envolve a delimitação do tema, a escolha dos objetivos, a escolha do gênero,
a delimitação dos critérios de ordenação das ideias, a identificação dos leitores e ainda a
escolha da forma linguística do texto (mais formal ou menos formal).
- Escrita propriamente dita: corresponde ao ato de registrar o que foi planejado.
- Revisão e reescrita: diz respeito ao momento de análise do que foi escrito, é a fase de
verificação se os objetivos foram cumpridos, se conseguiu manter a temática, se há coerência
e clareza no desenvolvimento das ideias.
As etapas citadas acima demonstram a natureza interativa da escrita, elas são
procedimentos que implicam análises e tomadas de decisões diferentes por parte de quem
escreve, verificação constante da adequação entre o que está sendo produzido e as intenções
comunicativas daquele que escreve, da adequação daquilo que está sendo escrito para o
destinatário do escrito.
É importante que o professor de produção escrita em língua estrangeira, ou mesmo de
língua materna, conheça as características e as habilidades da modalidade escrita de
comunicação. Pois, desta forma, pode ajudar os alunos a terem mais sucesso na elaboração
de um texto escrito. Também vale ressaltar a necessidade daquele que ensina de conhecer as
etapas do processo de produção de um texto escrito, uma vez que, esta produção não implica
apenas o ato de escrever.
172
3. Metodologia
Esta pesquisa foi realizada por meio de uma pesquisa-ação durante aulas de produção
escrita de PLE oferecidas pelo Projeto de Extensão de Ensino de PLE/FALEM/UFPA. Os
participantes além da professora, foram oito alunos integrantes do Programa Convênio de
Graduação (PECG). Eles são estudantes africanos que chegaram ao Brasil em março de 2011
para estudar português por sete meses e prepararem-se para submissão ao Exame de
Proficiência em Português Brasileiro realizado pelo Ministério da Educação do Brasil. Os
alunos aprovados no exame podem fazer um curso de graduação no Brasil.
A coleta de dados foi feita mediante a aplicação de uma sequência didática que, conforme
dito anteriormente, é um procedimento formativo de avaliação. Esta sequência visava ensinar
a produção do gênero carta do tipo argumentativa. Ela foi realizada em quatro módulos
elaborados com atividades variadas para trabalhar os problemas diagnosticados na elaboração
da primeira produção escrita: argumentação, expressar opinião, referenciar o assunto,
adequar-se ao interlocutor: vocativo e pronome de tratamento, saudação e aspectos
linguísticos.
Após a aplicação da Sequência Didática iniciamos a análise prévia das produções
escritas dos aprendentes por meio da observação das modificações nas diferentes reescritas e
da montagem de quadros para verificar o que, de fato, foi regulado. Esta análise já mostra
que o trabalho formativo favoreceu a regulação mais não de forma igualitária, pois apesar de
terem apresentado problemas similares na primeira produção escrita proposta pela sequência,
cada aprendente reagiu de forma diferente em sua reescrita, uma vez que, os ajustes no
processo de aprendizagem ocorrem de forma diferente para cada indivíduo.
4. Considerações finais
173
Uma das verificações que tivemos durante a realização deste trabalho formativo foi a
motivação elevada dos alunos participantes durante a aplicação da sequência. Além disso,
verificamos que os processos de co-avaliação e auto-avaliação continuaram presentes nas
aulas posteriores de produção escrita.
De fato, a Avaliação Formativa mostra-se bastante eficaz no auxílio da aprendizagem
da produção escrita, pois leva os aprendentes a perceberem os problemas da escrita deles, o
modo como conseguem corrigir e que instrumentos ou estratégias podem ajudá-los nessa
tarefa de modo que adquiram autonomia na produção textual.
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: This research touches the boundaries of the studies on language awareness and
autonomy influenced by motivational factors in adult learners of English as a Foreign
Language. Considering the relevance of the explicit input and the language awareness which
takes place by means of the conscious focus on form, observation, identification, reflection,
comparison and use of metalanguage mechanisms, we hypothesized that by using these
principles, teachers will favor learners with the emergence of behaviors that will lead them to
the control of their own learning. In doing so, the current study aims at verifying the
correlation between language awareness, autonomy and motivation. The basis of this study
lies on the theoretical contributions from authors such as: David Little (2010), Flavell (1976),
Gillan Donmall (1991), Hawkings (2001), Peter Garret; Carl James (1991), Batstone (1994)
Phil, Van Lier (2001) by means of their studies, observations and registers on this issue with
the purpose of collecting, selecting, analyzing, contrasting and interpreting their theoretical
contributions. Besides the bibliographical investigation, an action research took place, in
order to formulate hypothesis within the enhanced classroom dynamic context. The data
collection took place at a sixth level English language classroom from the Foreign Language
Courses at UFPa. Results have demonstrated that when a complex linguistic input was
presented, both oral and written productions were hindered and learners participation,
minimal. We have also observed that focus on form and the explicitude in reflective activities
carried out through metalanguage brings learners closer to the solution of difficulties in facing
complex input and leads them towards different learning alternatives. Data were crossed as
for verifying the implications of language awareness on autonomous behaviors fostering
meaningful insights for the solution of problems emerged in the unpredictability of the
classroom context.
52
Tradução nossa do original: (...) when the struggling foreign language students were explicitly taught the
phonology of the foreign language, they were able to learn the target language fairly successfully, and also
improve their phonological skills.Disponível em http://dyslexia.mtsu.edu/modules/articles/
displayarticle.jsp?id=25.
53
Tradução nossa para o original I have claimed that subliminal language learning is impossible, and that intake
is what learners consciously notice....Schmidt, 1995 p.149.
179
54
Tradução nossa do original em Inglês: ―a large body of empirical research in social psychology affirm that
autonomy:―feeling free and volitional in one‘s actions‖ (Deci 1995, p.2) – is a basic human need. It is nourished
by, and in turn nourishes, our intrinsic motivation, our proactive interest in the world around us‖.
180
3. De que maneira essas instruções explícitas podem ser relacionadas com comportamentos
autônomos dos aprendentes?
O tipo de pesquisa adotada foi a pesquisa ação por seu respaldo na perspectiva
qualitativa etnográfica e por implicar em investigação participativa e engajada, isto é,
vivenciada por mim como docente e compartilhada com meus alunos nas aulas de língua
inglesa do sexto nível do Curso livre da UFPa onde o foco foram as ações, reações e relações
emergidas do processo de ensino e aprendizagem.
A pesquisa ação me permitiu refletir sobre minha própria prática, na tentativa de
encontrar caminhos que mediassem a aprendizagem destes alunos. Neste caso meu recurso
metodológico foi o FonF e a implementação dos aspectos de CL.
Originalmente, Kurt Lewin (1947) concebeu este tipo de pesquisa estabelecendo que
se tratava de um processo em espiral composto de três fases: planejamento a partir do
reconhecimento; tomada de ações; descoberta de fatos a partir dos resultados das ações.
Para Dornyei (2007) pesquisa ação é uma terminologia genérica que se presta a uma
família de métodos que seguem alguns princípios importantes em comum. O mais evidente
destes princípios é a ligação entre pesquisa e ensino e pesquisador e professor. Porém outros
princípios se evidenciam como o propósito de obter melhor compreensão do ambiente
educacional e melhorar a eficácia do ensino, justificando assim a introdução de modificações
e o enriquecimento da prática.
Os dados foram coletados por meio de: observação, entrevistas grupais abertas,
entrevistas grupais seriadas semi estruturadas e questionário individual, e foram
posteriormente analisados de forma interpretativa e comparativa.
A investigação em curso está atualmente na fase de análise dos dados para a melhor
compreensão da dinâmica representada pelo gráfico que propormos abaixo.
REFERÊNCIAS:
ABSTRACT: This work intent to analyse the anaphoric referentiation strategies with
nominal cores, using as corpus the profile ―@sosbelem‖, of Twitter support, with the
objective of reconstruct the object-of-speech senses those anaphoras refer – in this case, the
Belém mayor Duciomar Costa. Thus, we‘ll looking for to evidence and bring to the surface
the intents and the positionament of the announcer(s) through yours choices, contributing thus
for the discussions about remission phenomenon. KOCH (2003), the reactivation process of
referents in the text, realized through anaphoric expressions form cohesive chains that, as
MOURA (2006), enable to speaker keep control about which was enunciated (objects or
individuals). To deepen our knowledge about referentiation and, in particular, about the
anaphor, we‘ll search scholars of the subject, which will enable the necessary theoretical
backgrounds to ours analyses. We‘ll observe too the inter announcers participation, how they
interact and why they interact in such as way, i.e., we‘ll try to explain the interaction process
which that develops in this virtual environment. The investigation about the interaction
process between ―tweeters‖ and about the socio-historic context which those subjects are
inserted refer us to others fields that will go besides Linguistic of the Text.
Considerações Iniciais
Com o surgimento da internet e com a popularização das redes de informações e
relacionamentos em nossa sociedade, emergiram novas práticas sociocomunicativas no
ciberespaço que se distinguem pelos aspectos interacionais, objetivos ilocucionais e estrutura
composicional. Dessa forma, essas novas práticas discursivas modificaram e/ou
184
55
http://twitter.com/sosbelem Acesso em 05/10/2011
56
http://twitter.com/acaidevinte Acesso em 05/10/2011
57
http://twitter.com/donamariadisse Acesso em 05/10/2011
185
Como se pode verificar, o uso de das descrições definidas não só retomam determinados
elementos do texto trazendo a superfície dados/informações que o produtor julga importante
para seus interlocutores, mas podem também revelar ao interlocutor aspectos importantes
sobre as opiniões, crenças e atitudes do produtor do texto, e isso, por sua vez, auxilia na
construção dos sentidos.
2. O suporte Twitter
As pesquisas acerca dos e-gêneros e discursos eletrônicos têm avançado ao longo dos
anos concomitantemente aos avanços tecnológicos, a popularização da internet e as diversas
modificações nas formas e possibilidades de utilização da linguagem, porém, muito se precisa
avançar nos estudos sobre as atividades linguística-interacionais mediadas por computador,
sendo este um dos principais objetivos que subjaz esse trabalho.
O uso da internet é cada vez mais frequente entre indivíduos do mundo inteiro, logo, é
importante ficar atento às modificações na linguagem influenciadas por ela. Os suportes que a
internet oferece – suportes estes que são inventados, modificados, reeditados o tempo todo –
possibilitam que os indivíduos criem e recriem a língua na mesma proporção, com a mesma
dinamicidade.
Um dos suportes mais recentes e que tem ganhado projeção considerável no meio virtual
e midiático é o Twitter – que será a base das análises desse trabalho. O Twitter é uma
ferramenta de micromensagens, também conceituado como um microblog, apesar de alguns
autores como Recuero & Zago (2009) não concordarem com essa definição, pois para elas
embora a ferramenta seja comumente referida como microblog, optou-se por denominá-la
como um ―micromensageiro‖, já que considerá-se que as apropriações conferidas ao suporte
fizeram com que ele se afastasse da idéia de um blog. Lançado em 2006, o Twitter tem
crescido nos dois últimos anos, tendo um aumento significativo de usuários no Brasil e no
mundo. Twitter, em português, significa ―gorjear‖, ―trinar‖, é o ―canto dos pássaros58‖ e tem a
intenção de denotar algo curto, instantâneo, sintético. .
Por ser um suporte relativamente novo e que redefiniu e/ou recriou um gênero existente
no espaço virtual – blog – agregando-lhe especificidades diferentes, fez com que despertasse
58
O símbolo do Twitter é um pássaro azul, o que reforça a questão da tradução dessa palavra.
187
59
Tuiteiro é a denominação em português para quem usa o Twitter.
188
No início do Twitter, não era possível destinar mensagens de uma pessoa para outra, o
suporte era utilizado apenas para que os tuiteiros postassem suas próprias atualizações.
Porém, com o tempo, os usuários pensaram que seria interessante entabular conversas e
publicá-las. (O‘REILY, MILSTEIN, 2009). Eles passaram a adicionar o símbolo @ antes dos
nomes das contas numa forma de destinar mensagens públicas a usuários ou como forma de
citá-los. Após um tempo, o Twitter incorporou esse sistema de conversação e o @ seguido do
nome da conta se transformou em um link que direciona o usuário para o perfil da conta
referida. Também chamado de menções ou respostas, Essas mensagens encadeia, muitas
vezes, interações extensas, transformando o Twitter em uma grande sala de bate-papo.
Os Retweets (RT) é o simples ato de utilizar como tweet ou mensagem algo que foi
postado por outro usuário e que você achou interessante, dando a ele os devidos créditos. Ao
retuitar uma postagem, o usuário ativa o recurso da citação e intertextualidade deixando
implícito o caráter valorativo do que foi dito e de quem disse. Alguns tuiteiros utilizam as RT
de maneira literal, enquanto outros acrescentam comentários próprios às RTs, deixando as
com um caráter um pouco mais autoral.
Como não havia no Twitter uma maneira de categorizar um grupo de mensagens que
remetesse a um mesmo assunto ou evento, os usuários criaram uma solução para isso: quando
alguém quer indicar uma relação entre mensagens, cria um pequeno termo, expressão ou
palavra-chave (tags) que tenha relação com o assunto, precedido do símbolo hash (#), também
conhecido como jogo da velha. Resumindo, uma Hashtag nada mais é do que um agrupador
dos tweets relacionados a um determinado assunto. Este recurso facilita a disseminação de um
tópico, assim como organiza o acompanhamento do conteúdo e discussões feitas em relação
ao tema colocado em pauta.
60
Na linguagem do Twitter, é como são denominadas as mensagem publicadas pelos usuários.
189
@sosbelém disse:
A @bina_jares Acho que o blog do Vic Fofoca e o Belchior-com-medo-de-avião
aparecem primeiro que Dudu, o fantasminha-não-tão-camarada
@sosbelém disse:
B
Quando encontrarem o Belchior, perguntem se ele não viu o prefeitinho por aí.
@sosbelém disse:
C @joalkg As pessoas de Belém são gente muito boa. O único defeito: alguns não
sabem votar e elegem essas coisas que a gente nem consegue ver.
@sosbelém disse:
D Será que se o prefeito Gasparzinho conseguir privatizar a Cosanpa vai dar
flashback dessa venda da Celpa?
Observando o diálogo entre os dois interactantes é possível notar que, à medida que a
interação vai acontecendo, os participantes ativam os elementos referenciais, construindo,
assim, uma imagem do prefeito Duciomar.
As primeiras anáforas nominais a serem construídas nessa interação é ―Duciomala‖ e
―prefeitinho bom de praça‖, em E. O termo Duciomala (aglutinação de Duciomar + mala) nos
remete a construção da imagem de algo/alguém que não é fácil de ser carregado, algo pesado,
que atrapalha o ir e vir das pessoas, comumente utilizado para se referir a pessoas de difícil
convivência, ―chatas‖, cansativas etc.
A expressão ―prefeitinho bom de praça‖ faz referência a um comercial de campanha
eleitoral veiculado no primeiro semestre de 2011, em que o prefeito Duciomar aparece
fazendo exercícios em uma academia de ginástica ao ar livre que construiu em Mosqueiro,
distrito administrativo de Belém. Como o espaço é uma praça que contém alguns aparelhos
para exercícios físicos, o tuiteiro @acaidevinte aproveitou para satirizar dizendo que o
191
prefeito costuma construir apenas ―praças‖, enquanto deixa de lado obras mais importantes
para o crescimento da cidade. Para corroborar com @acaidevinte na construção negativa da
imagem do prefeito, @donamariadisse ativa jocosamente o referente ―Dudumarombeiro, em
F, fazendo relação ao fato de Duciomar aparecer ―malhando‖ no comercial, como costumam
fazer os marombeiros (termo utilizado para pessoas que vivem se exercitando em academias).
Em G e H as anáforas em destaque são utilizados de forma irônica e depreciativa.
―Duduzinho‖ reforça a pequenez e desqualificação da figura do prefeito. ―Uma benção‖ é
termo bastante utilizado em Belém com o sentido oposto do original. Significa que o prefeito
não é visto como alguém ―bom‖ no sentido mais amplo da palavra.
Por último, nos tweets I e J, o contexto, outra vez, será a base para se entender o
referente. ―Dudumerendeira‖ relaciona-se novamente a outro comercial de campanha da
Prefeitura, em que o prefeito aparece, em uma escola de Belém, fazendo uma refeição com os
alunos, para exemplificar a qualidade da merenda escolar. Além, de utilizar novamente a
―brincadeira‖ de unir o nome do prefeito a um outro termo, criando assim, uma expressão de
deboche e ironia, o interactante irá ativar outra anáfora para dar um pouco mais de
sustentação a sua crítica. Para @acaidevinte, a atitude do prefeito ―ausente‖ em ―merendar‖
com as crianças de uma escola administrada por ele, na tentativa de provar a entrega e a
qualidade da merenda, é no mínimo uma atitude falsa, falaciosa. Isso justificaria a utilização
da anáfora ―sujeitinho falso‖. Para finalizar e mais uma vez ratificar a fala do outro,
@donamariadisse ativa o termo anafórico ―falso dotô‖, que além de retomar a ―falsidade‖ de
merendar com as crianças, remete ao episódio das acusações de falso médico em 2000,
quando descobriram que Duciomar exercia ilegalmente a medicina com um diploma falso de
oftalmologista e de possuia três CPFs.
Dessa forma, foi possível traçar uma sucinta análise, tentando reconstruir o objeto-de-
discurso referido nesse corpus, de modo a procurar evidenciar como o fenômeno da remissão
é importante na construção dos sentidos do texto e o quanto eles demonstram do
posicionamento do produtor diante ao termo referido.
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
KOCH, Ingedore Villaça. Referenciação e orientação argumentativa. In: KOCH, Ingedore
Villaça; MORATO, Edwiges Maria; BENTES, Ana Cristina. (Orgs.). Referenciação e
Discurso. São Paulo: Contexto, 2005.
__________. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
__________. O Texto e a Construção dos Sentidos. São Paulo: Cortez, 2003.
O‘REILLY, Tim; MILSTEIN,Sarah. Desvendando o Twitter. São Paulo: Digerati Books,
2009.
RECUERO, Raquel. Por que os blogueiros têm Twitter?. Blog Social Media, 27 de maio de
2009. Online, 2009b. Disponível em: http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/
__________. Dos Blogs aos Microblogs: aspectos históricos, formatos e características.
Niterói: 2008. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/zago-gabriela-dos-blogs-aos-
microblogs.pdf
RECUERO, Raquel; ZAGO, Gabriela. Em busca das “redes que importam”: Redes
Sociais e Capital Social no Twitter. GT Comunicação e Cibercultura, XVIII Encontro da
Compós. Belo Horizonte, 2009c. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/trabalhos
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo principal a distribuição geográfica do ditongo
/ej/ na fala dos informantes das capitais nortistas, a saber: Belém, Manaus, Macapá, Boa
Vista, Porto Velho, Rio Branco. O corpus faz parte do projeto Atlas Linguístico do Brasil
(ALIB). Estamos verificando quais os fatores linguísticos e extralinguísticos que podem
193
influenciar na realização ditongada ou monotongada como ocorre nas situações peixe – pexe,
solteiro – soltero, manteiga – mantega. Dentre as hipóteses que nos instigam ao referido
estudo destacamos: o contexto fonético seguinte pode influenciar no apagamento do ditongo
/ej/ e a monotongação é usada mais que a ditongação pelos falantes de escolaridade baixa.
Este trabalho, ainda, está fundamentado conforme a perspectiva teórica - metodológica da
Sociolingüística e da Geolinguística. No tratamento destes dados, estamos considerando como
variável dependente a supressão da semivogal /j/ correlacionando-a com as variáveis
linguísticas e sociais. Nesta investigação, buscamos quantificar os dados por meio do
Programa Estatístico Varbrul. Até o momento, rodamos os dados das capitais Belém, Boa
Vista e Macapá. No resultado dessa rodada estamos observando os percentuais e os pesos
relativos das referidas capitais. Com base nesses percentuais e pesos será feita a análise dos
resultados. Esperamos com este trabalho verificar, dentre outros objetivos específicos, qual a
capital que mais aplica a regra da monotongação; se o contexto seguinte tem forte influência
para a monotongação e quanto ao sexo, quem não aplica a regra com tanta frequência.
ABSTRACT: This research's main objective is the geographical distribution of the diphthong
/ ej / in the speech of informants from northern capitals: Belém, Manaus, Macapá, Boa Vista,
Porto Velho, Rio Branco. The corpus is part of the Linguistic Atlas project in Brazil (ALIB).
We are checking which extralinguistic and linguistic factors that may influence the
achievement diphthongize or monophthongs or situations such as in peixe - pexe, manteiga –
mantega, solteiro - soltero. Among the hypotheses that force us to this study include: the
following phonetic context can influence the deletion of the diphthong / ej /
monophthongization and is used by more than the speakers ditongação low schooling. This
work also is based according to the theoretical perspective - Sociolinguistics and
methodological Geolinguística. In the treatment of this corpus, we are considering as the
dependent variable suppression of semivowel / j / correlating it with the linguistic and social
variables. In this research, we seek to quantify the corpus by the Statistical program Varbrul.
So far, the corpus ran from Bethlehem capital, Boa Vista and Macapá. The outcome of this
round we are looking at percentages and the relative weights of these capitals. Based on these
percentages and weights will be analyzing the results. We expect this work to verify, among
other specific objectives, which the capital over the monophthongization rule applies; if the
context has a strong following for monophthongization and influence of gender, who did not
apply the rule so often.
I. Introdução
Nosso objetivo geral está relacionado com um dos objetivos do Projeto Atlas
Linguístico do Brasil – que é o registro da manifestação geosociolinguística em nível
fonético. Desta feita, destacamos a variação fonética do ditongo /ej/ que aqui apresentaremos
como parte de uma pesquisa - realizada no âmbito do Projeto GeoLinTerm61- e que ainda está
em fase de elaboração para a conclusão do Curso de Mestrado em Letras, da Universidade
Federal do Pará.
O referido projeto é coordenado, no Pará, pelo Professor Abdelhak Razky. Atualmente
estamos realizando a análise dos dados de três capitais Belém, Boa Vista e Macapá para que
possamos alcançar os nossos objetivos e ratificar ou não as hipóteses, tecidas por nós, sobre a
variação dos ditongos /ej/.
Pesquisas que tem como objetivo de descrever a Língua Portuguesa estão cada vez mais
sendo produzidas dentro das Universidades. A parceria entre algumas delas faz com que
trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, publicação de artigos e de livros
além da elaboração de atlas linguísticos cresçam cada vez mais ampliando, assim, o leque de
bibliografias sobre o estudo da nossa língua
Sabemos que o trabalho científico sobre a língua ainda é pouco valorizado. Mas isso
não tem abalado àqueles que pretendem colaborar para uma mudança que propicie uma
realidade escolar diferenciada e inovadora. Nosso país precisa, urgentemente, ter um olhar
diferenciado para os trabalhos que buscam demonstrar como os falantes usam e manipulam a
língua.
Para contribuir com as pesquisas de caráter geosociolinguístico, buscamos realizar um
estudo que tenha como meta descrever como os falantes usam a língua em certo espaço
geográfico e conforme alguns condicionantes.
Investigar a língua considerando o seu contexto social – Sociolinguística – e utilizar
uma metodologia que contribua para a coleta e análise dos dados dialetais demarcados
geograficamente – Geolinguística – são peças fundamentais para a execução do trabalho
dialetal.
Os estudos geosociolinguísticos buscam contribuir para o conhecimento linguístico e
para a reflexão das variantes. Além disso, propõem que esta reflexão gere frutos nas escolas,
nos dicionários, nos livros didáticos, nas conversas sem preconceito linguístico.
61
O GeoLinterm integra quatro eixos de pesquisas, sendo que a nossa está inserida nos eixos ALIB - Norte e
Atlas Geosociolinguístico do Pará.
195
Após traçarmos o nosso objetivo geral – que é a analise e descrição do ditongo /ej/,
buscamos elencar algumas hipóteses, que futuramente, serão ratificadas ou não com base na
análise estatística:
O contexto fonético seguinte pode influenciar no apagamento do ditongo /ey/;
A monotongação é usada mais que a ditongação pelos falantes de escolaridade baixa;
As palavras polissílabas têm a maior probabilidade de sofrerem monotongação;
Ditongos /ej/ em posição final se realizam plenamente;
A variável localização geográfica não é um fator preponderante para a realização da
monotongação.
Os ditongos, no espaço brasileiro, tem sido objeto de investigação por parte daqueles
que pretendem investigar a língua em uso, ou seja, como ela verdadeiramente é utilizada pelos
falantes.
Realizamos uma pesquisa teórica sobre os ditongos e constatamos que Câmara Jr.
(1986, p. 101) define os ditongos como um ―grupo de dois fonemas vocálicos pronunciados
na mesma sílaba sonora‖.
Enquanto que Silva (2002) ressalta que um ditongo consiste de uma sequência de
segmentos vocálicos sendo que ―um dos segmentos é interpretado como vogal e o outro é
interpretado como ‗semivocóide, semicontóide, semivogal, vogal assilábica‘ ou de glide‖
(SILVA, 2002, p.73). Os segmentos glides (y e w), nos ditongos, são destituídos de
proeminência acentual; enquanto que a vogal tem proeminência acentual.
A Língua Portuguesa, segundo Aragão (2000), possui trinta e seis ditongos sendo
quinze decrescentes e vinte e um crescentes distribuídos em orais e nasais. Quanto esta
classificação, verificamos que as gramáticas também classificam os ditongos em crescentes
ou decrescentes. Aqueles são formados por uma sequência de glide e vogal; enquanto que
estes são constituídos pela sequência vogal e glide. .
Essa classificação tem gerado algumas controvérsias, pois Bisol (1989) afirma que na
Língua Portuguesa não existe ditongos crescentes. A autora explica que o glide estando em
uma seqüência GV (glide e vogal) está em variação livre com a vogal alta correspondente.
Assim, o ditongo crescente é um processo de ressilabificação, ou seja, união de rimas de duas
sílabas diferentes, como nas palavras (qui.abo,o.este, i.ate, su.ar).
196
Para Bisol (1989) há duas classes dos ditongos, em Português: os leves e os pesados. Os
pesados são também chamados de fonológicos; enquanto que os leves são denominados de
fonéticos. Os ditongos pesados são denominados de fonológicos porque criam pares mínimos
com a vogal simples, como pauta/pata, teima/tem; já os leves, que passam pelo processo de
monotongação, são denominados de fonéticos porque alternam com a vogal simples sem
alterar o sentido, como nas palavras peixe/pexe, roupa/ ropa. Assim, o glide pode ser apagado
sem comprometer o sentido da palavra ao passo que nos ditongos pesados, se isso acontecer,
haverá a alteração do significado da palavra.
Os verdadeiros ditongos são os pesados, ou seja, ligados a dois elementos V (vogal).
Nestes ―o glide aparece por substituição ou apagamento de uma consoante. Toma lugar de
consoante, [na estrutura silábica] e tende a ser preservado‖ (BISOL, 1989, p. 192).
Os ditongos leves são os falsos, porque apresentam variação em sua estrutura e ―são
criados por espraimento ou duração compensatória, diante de palatal‖ (BISOL, 1989, p. 192).
A formação de um ditongo, ou seja, a união de uma vogal mais uma semivogal ou vice-
versa é denominada de ditongação, ou seja, processo este que pode ocorrer na fala espontânea
e também na escrita.
A monotongação é um processo pelo qual há a supressão da semivogal, como peixe –
pexe, caloteiro – calotero. Essa variação, que pode ocorrer com os ditongos leves, é
denominada de monotongação.
Câmara Jr. (1986, p. 100 - 170) define a Monotongação como:
Pretendemos com este trabalho descrever e analisar a distribuição do ditongo /ey/ nas
capitais nortistas e verificar quais os fatores que influenciam na realização ditongada ou
monotongada como peixe – pexe, solteiro – soltero, manteiga – mantega, sob a perspectiva
teórica - metodológica da Sociolingüística e da Geolinguística.
A Sociolinguística surgiu em 1960, nos Estados Unidos, quando muitos estudiosos da
linguagem decidiram analisar a língua considerando a sociedade que a utiliza. Entretanto, foi
William Labov quem impulsionou o estudo da variação e da mudança linguística sob o viés
sociolingüístico.
A Sociolinguística estuda a língua em seu contexto social, observando o seu objeto de
estudo - que é a diversidade linguística. Quanto à definição do termo, Labov destaca que não
há uma nova disciplina, mas que a Linguística ao criar a Sociolingüística, tenha encontrado o
que é realmente é o seu foco de pesquisa. Isso implica, para Labov, uma incoerência em se
definir a sociolingüística, já que ela é a própria linguística.
Os trabalhos de natureza geolinguística começaram a surgir no século XIX. Estes
contribuíram com eficácia para o novo ramo dos estudos da linguagem, isto é, da dialetologia
atrelada ao método da geografia lingüística.
Neste século houve a preocupação em se registrar e estudar os fatos da língua, apesar de
as regiões ainda estarem demarcadas geograficamente e pelas dificuldades de interação com
as diferentes áreas geográficas, como salienta Cardoso (2010, p.39):
Todavia, não se pode negar que a dialetologia, a ciência que brotou nos fins
do século XIX, demonstrou, e demonstra até os dias de hoje, seu maior
interesse pelos dialetos regionais, rurais, sua distribuição e intercomparação,
portanto não parece atitude parcial ou incoerente identificá-la com a
linguística diatópica, horizontal.
Corroborando com Brandão, Cardoso (2010, p. 46) salienta que ―Firma-se, assim, a
geografia linguística como método por excelência da dialetologia e vai se incumbir de
recolher de forma sistemática o testemunho das diferentes realidades dialetais refletidas nos
espaços considerados‖.
Assim, a Geografia Linguística ou Geolinguística pode ser definida como uma
metodologia para a execução do trabalho dialetal. A coleta e análise dos dados linguísticos
são utilizados para a elaboração de atlas linguísticos. Esses dados são as variações dialetais
demarcadas geograficamente, socialmente, A dialetologia pode ser considerada como uma
ciência que estuda a diversidade linguística e que possui uma metodologia específica para a
coleta dialetal, que no caso é a geografia linguística.
O método geolinguístico foi e ainda é utilizado, no espaço brasileiro, na elaboração de
atlas nos quais podemos verificar a distribuição espacial da língua portuguesa.
Escolhemos como variável dependente binária as duas possíveis formas que o ditongo /ej/ pode
ocorrer, ou seja, o ditongo pleno /ej/ e a sua forma monotongada, isto é, a ausência do glide /j/.
Assim, na aplicação da regra consideramos a forma monotongada do ditongo /ej/, ocorrida nas
V. Desenvolvimento da Pesquisa
Um longo caminho já foi trilhado para tentarmos chegar a um final que justifique nossas
hipóteses.
Já temos os resultados parciais das capitais estudadas, no caso, Belém, Boa Vista e
Macapá. Atualmente estamos realizando a análise dos mesmos com base na rodada que
executamos no programa Varbrul62 o qual nos forneceu os percentuais e pesos relativos para
cada variável selecionada. Nessa análise, consideramos como variáveis os fatores linguísticos
e extralingüísticos.
Não podemos dizer muito de nossos resultados, somente afirmamos que condizem com
algumas das hipóteses levantadas. Na análise estamos fazendo uma relação com os resultados
dos trabalhos anteriores, buscando justificar o motivo que leva o falante, por exemplo, a
realizar a ditongação conforme certo contexto linguístico e/ou extralinguístico.
Esperamos, em breve, apresentar no próximo Seminário de Pesquisa em Andamento
(SEPA) o resultado final de todas as capitais em estudo.
Referências Bibliográficas
ARAGÃO, Maria do Socorro Silva de (2000). Ditongação x Monotongação no falar de
Fortaleza. Disponível em: http://www.profala.ufc.br/trabalho9.pdf. Acessado em: 01 de maio
de 2011.
62
Programa que realiza estatisticamente dados linguísticos variáveis
201