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Homo

Antero de Quental

Nenhum de v�s ao certo me conhece,


Astros do espa�o, ramos do arvoredo,
Nenhum adivinhou o meu segredo,
Nenhum interpretou a minha prece...

Ninguem sabe quem sou... e mais, parece


Que ha dez mil annos j�, neste degredo,
Me v� passar o mar, v�-me o rochedo
E me contempla a aurora que alvorece...

Sou um parto da Terra monstruoso;


Do humus primitivo e tenebroso
Gera��o casual, sem pae nem m�e...

Mixto infeliz de trevas e de brilho,


Sou talvez Satanaz;�talvez um filho
Bastardo de Jehov�;�talvez ninguem!

(PORTO � IMPRENSA PORTUGUEZA MDCCCLXXX)

Nota: mantida a escrita original.

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