Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract
This article refers to the presentation of the changes that are occurring as new approach to the
occupational diseases as the employer's responsibilities and the INSS and the consequences of such
liabilities arising from these facts. It also discusses the civil liability and criminal negligence of the
employer, the security measures of protection and worker safety in their economic activity. Exemplified
by a case the causal link the activity with the disease and its consequences on the insurance rates of
work accidents. Shows the great impact on businesses that comply only with the legal documentation
about wireless security to accompany them and deploy them. Does the correlation of short non-
payment of premium life insurance with a private Social Security's refusal to cover accidents and
illnesses due to neglect of some companies to take steps required in regulatory standards, searching
through actions regressive compensation paid to the worker when due. Ends suggesting measures to be
implemented to minimize labor liabilities and a genuine policy of prevention with significant results in
productivity in companies committed with health and security at the work environment.
Keywords: Pension liabilities, NTEP, FAP, Regressive judicial case, Actions regressive compensation
1
1 INTRODUÇÃO
Mensurar a realidade ambiental relativa à segurança de funcionários de cada empresa para fins
de avaliar com justiça em que nível vem trabalhando, no sentido de reduzir ao mínimo os acidentes e
doenças ocupacionais, tem sido uma constante do INSS, desde 1989, com a Lei no. 7.787, que instituiu
em seu art. 4º: “A empresa cujo índice de acidente de trabalho seja superior à média do respectivo
setor, sujeitar-se-á a uma contribuição adicional de 0,9% a 1,8%, para financiamento do respectivo
seguro.“
Através de vários estudos, leis, decretos e portarias, chegou-se a uma metodologia que foi aceita
tanto pelos empresários, sindicatos e governo sobre como o INSS iria buscar recursos para financiar os
benefícios previdenciários acidentários que, ano a ano, vinha crescendo sem que nada fosse feito para
reduzi-los. A falta de bases sólidas que pudessem ser usadas sem penalizar as empresas conscientes de
que a mão-de-obra é o seu maior patrimônio e por isto investiam em programas para aperfeiçoar a
higiene e segurança de seus trabalhadores fossem premiadas, e outras que não pensam assim e
contribuem para que esses índices não recuem, levou o Governo a pensar de maneira mais abrangente
levando até em consideração a ocultação de informações relativas à sonegação dessas informações pela
não emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, pelas empresas mal intencionadas que
procuravam minimizar suas responsabilidades, contribuindo para que os alíquotas de determinados
setores da economia fossem elevadas, ficando assim todas as empresas niveladas em uma mesma
alíquota, as “boas” e as “más” e o custo distribuído entre todas da mesma atividade. A busca por uma
metodologia que premia as empresas conscientes e penaliza as que apenas cuidam da “burocracia” que
as normas as impõem, segundo a visão dessas, levou o Governo a estipular uma nova metodologia que
vem a ser definitivamente implantada e finalizada a partir do início de 2010, pelo Decreto 6.957 de 9 de
setembro de 2009 e a portaria interministerial 254 de 24 de setembro de 2009. São mudanças
profundas e já se vê uma queda de braço ente a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o INSS.
Até o momento não foi visto nenhum recuo do governo, mesmo porque já vinha adiando a entrada em
vigor por dois anos seguidos para aprimorá-la, a pedido dos empresários. A CNI tem recomendado a
seus filiados que entrem com recurso jurídico e tem orientado como fazê-lo, mas, por outro lado, o
governo não mostra qualquer intenção de postergar a entrada em vigor das novas regras, mesmo porque
já o fez e tem dado claras evidências de que pode aprimorar, mas não recuar. O ponto central desse
trabalho é mostrar que, a partir de todos esses procedimentos, o INSS vai buscar os benefícios já pagos
com as empresas que negligenciaram as medidas e melhorias na segurança, contribuindo para o
acidente ou doença ocupacional.
4
Figura 1- Como é feita a variação do FAP no período de 60 meses
Fonte : Siamfesp – Sind. da Ind. de Artefatos de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo
A planilha da Figura 2 mostra que o custo direto com um operador de máquina com
remuneração mensal de R$ 1.200,00 que se acidenta em uma máquina e fica afastado quinze dias do
trabalho, é R$7.065,00, significa que, em 15 dias, a ocorrência custa 5,89 vezes o salário mensal dele.
Se esse funcionário ficar afastado por mais tempo, terá assegurada a estabilidade por 12 meses
subsequentes ao seu retorno e a empresa terá que depositar mensalmente o FGTS devido. Observe-se
que, nos custos complementares operacionais, está computada a parada de vários funcionários na
ocasião do acidente, treinamento de outro operador além dos dias em que esta máquina ficou parada
para concerto, deixando de produzir. É possível observar também que, entre as principais causas, está
registrada a falta de treinamento, consequência constatada por utilização de uma maneira reversa na
operação da mesma, ocasionando quebra, vindo a ferir o operador, retirando a falangeta do dedo
indicador.
Fica caracterizada negligência do empregador quanto ao treinamento adequado, abrindo a
possibilidade de o INSS e o funcionário virem buscar, no futuro, indenização por falta da empresa em
relação à segurança e saúde do trabalhador. Certamente, o treinamento deve constar de PPRA e deve
ser acompanhado pelos membros da CIPA, o que, se não ocorreu, aumentará muito as chances do INSS
ser ressarcido dos benefícios já pagos ao segurado e deste receber indenização da empresa.
5
Figura 2 – Simulação de planilha de custo
Segundo foi divulgado, em 2007, a Previdência Social gastou R$ 10,7 bilhões com benefícios
previdenciários decorrentes de acidentes de trabalho e de atividades insalubres. No ano anterior, foram
R$ 9,94 bilhões. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2007, cerca de 653 mil
acidentes do trabalho foram registrados no INSS naquele ano, número 27,5% superior ao de 2006.
Para 2008, o INSS tem o percentual do total da quantidade de benefício com auxílio-acidente da ordem
de 34,32%, segundo o Boletim Estatístico da Previdência Social - Vol. 13 Nº 09, conforme mostra a
Figura 3.
6
Figura 3- Boletim Estatístico da Previdência Social - Vol. 13 Nº 09
Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS
Primeiro, é preciso que alguns profissionais entendam qual sua verdadeira posição dentro do
processo prevencionista da empresa. Isso se faz necessário devido ao longo tempo e sequência de erros
nesse tipo de relação, onde tanto os empresários e mesmo os profissionais especializados jamais
souberam ao certo o que, quando, onde e como deveria atuar o SESMT.
Conscientizar o empresário dos benefícios de tal política, bem como os riscos financeiros a que
está sujeita a empresa quanto à não implantação, visando resultados de longo prazo. Quanto custaria à
empresa referenciada na figura 4, o cálculo do custo direto em treinamento e alguns cuidados extras
com um operador de máquina? Certamente, o custo direto com encargos de meia hora desse
funcionário para treinamento gira em torno de R$ 6,00, o que é bem menos que R$ 7.065,00 referente
aos custos diretos do acidente especificado, sem mencionar os outros custos que virão decorrentes de
ações judiciais. Custo para treinamento de 100 funcionários com o mesmo salário, R$ 600,00.
A empresa deve dispor dos mesmos dados que a Previdência Social e manter registros que
permitam contestar eventuais dados incorretos da Previdência, além de ter eficiente qualidade de
assistência médica ocupacional, procurar constantemente minimizar os riscos ambientais reduzindo
assim, ano a ano, o FAP, contribuindo significativamente para que nos estudos atuariais do INSS
apresente resultado positivo. Isso também dá credibilidade para uma eficiente defesa em futuras ações
indenizatórias. O empregador tem a possibilidade de fazer um acompanhamento sistemático dos dados
da empresa ao acessar informações sobre os benefícios concedidos aos seus empregados pelo INSS, se
B 91 ou B31, e este acesso pode ser efetuado via internet através do CNPJ e de senha fornecida pela
Unidade de Atendimento da Receita Previdenciária / Receita Federal. Caso não procedam assim, não
terão como saber se o benefício concedido ocorreu com a aplicação do NTEP. Se tal ocorreu, poderá
ingressar com o recurso da decisão e tendo agilidade no estabelecimento do diagnóstico e na
recuperação do trabalhador.
Estudos epidemiológicos permanentemente atualizados mostrarão a realidade de cada empresa.
Caberá à empresa, através de contraprovas consistentes, demonstrar a inexistência do suposto vínculo
entre o afastamento e o trabalho, e relatar como funciona os postos de trabalho com as tarefas
pertinentes a cada função, os riscos de cada atividade mediante o PPP, bem como poderá usar o Código
Brasileiro de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego, para enquadramento da função,
e provar mediante o PCMSO, PPRA e o já citado PPP, a inexistência de vínculo entre o afastamento e
o trabalho realizado pelo empregado. É necessário a atuação conveniente do SESMT nos processos que
tratam de acidente de trabalho e/ou qualquer tipo de afastamento do trabalhador pelo INSS, já que
as alíquotas do SAT poderão ser reduzidas em até cinqüenta por cento ou aumentadas em até cem por
cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade.
Deverá o empregador tomar cuidado na admissão para apurar se o trabalhador não está sendo
contratado com incapacidade adquirida anteriormente, mediante um bom exame admissional e, se o
fizer, terá que estar muito bem ancorada em exames e diagnóstico para, no exame demissional,
comprovar que não contribuiu para o agravamento através de medidas prevencionistas específicas ao
caso. Cumpre aqui lembrar que a própria resolução do Conselho Nacional de Previdência Social
(CNPS) 1.269 de 15 de fevereiro de 2006 cita:
“Testa-se a hipótese por intermédio da Razão de Chances (RC), medida de associação
estatística, que também serve como um dos requisitos de causalidade entre um fator (nesse
caso, pertencer a um determinado CNAE-classe) e um desfecho de saúde, mediante um
9
agrupamento CID, como diagnostico clínico. Essa medida por si só não determina a
causalidade, até porque as doenças são eventos multicausais complexos, todavia, é
reconhecida como fundamental para a inferência causal.” (Grifo nosso)
Reconhece o Governo que o nexo causal é discutível, mas, para tanto, a empresa deverá vir para
uma futura demanda bem embasada com dados que reflitam a realidade do seu ambiente de trabalho
que procurou eliminar com eficiência os agentes causadores destes males para que tenha a chance de
descaracterizar o nexo.
A Figura 5 ilustra bem as medidas que devem ser tomadas tanto do INSS quanto da empresa para
caracterizar afastamento por doença não acidentária. O período em que se baseia seria outro já que
esse quadro foi publicado anteriormente a 2008. O período em que estarão sendo baseados os dados
no INSS é de 01/05/2004 a 31/12/2008 a partir de 2010.
A empresa terá que ser e não parecer comprometida com a segurança e saúde dos trabalhadores,
porque os resultados serão constantemente sendo monitorados. Terá que ter uma visão prevencionista
indo ao encontro dos ideais dos profissionais ligados à SST, convergindo para interesse de Capital e
Trabalho.
10
5 CONCLUSÕES
A necessidade de profissionalização das empresas se torna cada vez maior. Perdem espaço as
empresas que não beneficiam o conhecimento, a habilidade e a atitude privilegiando as decisões com
ênfase mais na emoção que na racionalidade, o que caracteriza empresas familiares onde os laços
emotivos são mais fortes. Ambientes onde a comunicação é só de palavras e estas não vêm carregadas
com comprometimentos, tem poucas chances de sobreviver nos dias de hoje, pois a informação chega
democraticamente a todos. Líderes são aqueles que acreditam que todos têm potencial de liderar
qualquer situação que seja, que não subestima a inteligência dos outros, que mostra o objetivo onde
todos trabalham em equipe para chegarem ao destino acordado. Essas empresas terão melhor chance
de ter sucesso na área de Segurança e Saúde no Trabalho e de enfrentar a evolução no relacionamento
entre patrões e empregados que hoje se assemelha mais a uma equipe de velejadores em regata, onde
todos dão o máximo de si em competência, habilidade e atitude para chegarem à linha final, é o
comprometimento de cada um deles que define a equipe vencedora. É o profissionalismo deles
prevalecendo. Sempre escutamos que o maior problema nas empresas é a comunicação e podemos
acrescentar que esta comunicação se torna muito difícil quando não é objetiva, é emotiva e não é
profissional, motivos que a tornam um sério problema nas empresas. Os profissionais da área de SST
devem estar conscientes e não subestimar a inteligência dos dirigentes de empresas familiares para a
necessidade de se adequar, porque a evolução faz parte do nosso destino e isto a natureza nos mostra a
todo o momento. Pensando assim, teremos mais chance de sucesso ao implantar uma Política de
Higiene e Segurança do Trabalho. A administração de hoje não é igual à de 100 anos atrás e não será
igual a dos próximos, certamente. Sempre será mais barato a prevenção que a correção.
REFERÊNCIAS