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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - FTC

FACULDADE DE DIREITO

MATHEUS NOVAIS ABREU SILVA

DIREITOS SOCIAIS

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2018
MATHEUS NOVAIS ABREU SILVA

DIREITOS SOCIAIS

Artigo apresentado à Faculdade de Tecnologia


e Ciências, no 2º Semestre do curso de Direito,
turma B, turno Noturno, para fins de avaliação
da Unidade, da disciplina Direito Constitucional
I, ao Docente Fábio Barbosa.

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2018
A Constituição da República Federativa do Brasil traz em seu segundo
capitulo sobre os direitos sociais, descrevendo os elementos que o definem a
partir do art. 6° ao 11°. Sendo esses direitos imprescindíveis para que haja uma
harmonia social. De forma bem elaborada, a CF fala sobre temas simples aos
mais complexos envolvendo as necessidades sociais que o homem possui,
principalmente para que haja uma igualdade e harmonia social.
No livro Curso de Direito Constitucional, página 635, escrito por Ingo
Sarlet, Luiz Mariononi e Daniel Mitideiro descrevem a importância a qual a
Constituição de 88 trás ao abordar o tema diferente das outras constituições:
“No que diz com a evolução constitucional
pretérita brasileira, observa-se que, em geral, as
constituições anteriores faziam referência a alguns direitos
sociais (assistência jurídica, proteção à maternidade e à
infância, direito à educação, entre outros) mediante
dispositivos esparsos, geralmente elencados no catálogo
dos direitos individuais ou por meio de preceitos inseridos
nos títulos da ordem econômica e social (...) foi apenas no
texto promulgado em 05.10.1988 que os direitos sociais
foram efetivamente positivados na condição de direitos
fundamentais, pelo menos de acordo com expressa
previsão do texto constitucional, já que na doutrina, como
já referido no âmbito da parte geral dos direitos
fundamentais, registra-se alguma divergência sobre a
fundamentalidade de alguns dos direitos previstos no Título
II, de modo especial no que diz respeito aos direitos sociais,
aspecto que será objeto de atenção logo adiante.”

Deixando de forma positivada os direitos de cunho social, a


Constituição Federal busca atender de forma ordenada e organizada em seu
dispositivo de lei suprema do país, a importância do desenvolvimento social.
Salvo que em um contexto de voltar a atender os problemas sociais básicos e
frequentes após uma ditadura militar que, por sua vez, subverteu em seu modelo
de governo, todas as necessidades e garantias pertencentes aos cidadãos de
forma cruel e autoritária. Assim o novo poder constituinte busca atender, na
medida do possível o desenvolvimento social resguardando os direitos e
garantias fundamentais da sociedade.
Ainda no livro Curso de Direito Constitucional, na página 637, os
autores destacam a importância do artigo 6° da Constituição federal, ao
demonstrar a proporção da abrangência a que o art. engloba ao atingir partes
fundamentais para a manutenção da sociedade:
“(...) convém relevar que boa parte dos direitos
sociais consagrados, em termos gerais, no art. 6.º da CF
foi objeto de densificação por meio de dispositivos diversos
ao longo do texto constitucional, especialmente nos títulos
que tratam da ordem econômica (por exemplo, no que diz
com aspectos ligados à função social da propriedade
urbana e rural) e da ordem social (normas sobre o sistema
de seguridade social, designadamente, saúde, assistência
e previdência social, bens culturais, família, proteção do
idoso, meio ambiente, educação etc. (...)”
Segundo José Afonso da Silva, os direitos sociais “disciplinam
situações subjetivas pessoais ou grupais de caráter concreto”, sendo que “os
direitos econômicos constituirão pressupostos da existência dos direitos sociais,
pois sem uma política econômica orientada para a intervenção e participação
estatal na economia não se comporão as premissas necessárias ao surgimento
de um regime democrático de conteúdo tutelar dos fracos e dos mais numerosos”
O art. 6°em seu caput traz os seguintes direitos:
São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015).
Não se limitando apenas aos referidos temas previstos no art. 6°, a
Constituição Federal vai mais fundo sobre o assunto ao abordar de forma
específica relações de trabalho, como previsto no art. 7°:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição
social (..)
Não obstante, a Constituição Federal também traz como enfoque o
tema sobre as associações sindicais, no art. 8°:
É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte (...)
Além disso a mesma também trata sobre o direito a greve por parte dos
trabalhadores, previsto no art. 9°:
É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender (...)
Continuando sobre os temas sociais, no art. 10 a Constituição continua
a resguardar o seguinte direito trabalhista:
É assegurada a participação dos trabalhadores e
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
objeto de discussão e deliberação.
E no último artigo do Capitulo II a Constituição federal fala sobre
representantes em empresas privadas com mais de 200 funcionários:
Art. 11° Nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores.
Não só sendo direitos sociais, uma norma supra que visa os interesses
básicos de uma sociedade, revela a visão de desenvolvimento de forma
igualitária. Não só atingindo ao que foi proposto, os direitos socias, vai além de
direitos reservados a sociedade, mas direitos da dignidade da pessoa humana.
A claridade dos temas previstos muitas das vezes podem ser subjetivos, caso
que a saúde deve atingir a todos ou a educação não somente deve ser
promovida em redes de ensino públicas, mas visa atender a todo e qualquer
indivíduo que necessita de educação e obtenção de informações.
Tratar dos direitos socias vai mais além do que a esfera jurídica, visto
que sendo os mesmos direitos negligenciados a sociedade por parte das
autoridades e órgãos públicos, seja municipal, estadual ou federal, mas engloba
todo o conceito de dignidade da pessoa humana. Uma vez que esses direitos
são impedidos de serem efetuados, não fere somente a norma supra do país,
mas também a vida humana.
No livro de Curso de Direito Constitucional, os autores também retratam
da abrangência dos direitos sociais, na página 642:
Partindo do pressuposto de que na Constituição
Federal, a despeito de alguma resistência por parte de
setores da doutrina e da jurisprudência, os direitos sociais
são direitos fundamentais, estando, em princípio, sujeitos
ao mesmo regime jurídico dos demais direitos
fundamentais (ainda que não necessariamente de modo
igual quanto ao detalhe e em alguns casos), é preciso,
numa primeira aproximação, destacar que o elenco dos
direitos sociais (termo que aqui é utilizado como gênero)
não se resume ao rol enunciado no art. 6.º da CF(...)
Direitos previstos no art 6°, quando cumpridos, pode atingir uma boa
parcela da sociedade brasileira que é muitas das vezes marginalizada e
esquecida. Pensar no cumprimento dos direitos sociais é pensar de forma ampla
no morador de rua que necessita de alimentação e moradia, é pensar na criança
ou no idoso que precisam passar por um processo de educação, mesmo que
tardio é pensar também nos doentes e enfermos que estão sofrendo em filas de
hospitais e clínicas. Não só no que é previsto de forma inteligente na Constituição
Federal, a realização desses direitos tornam os direitos sociais ainda mais
importantes.
Muitas das vezes as instituições especializadas do direito, priorizam
alguns desses direitos em detrimento das dificuldades financeiras, como o
Supremo Tribunal Federal, que por sua vez ao decidir priorizar determinados
assuntos, cria um efeito borboleta por ser o exemplo constitucional jurisdicional.
O Ministro Celso de Mello afirmou, “essa relação dilemática (...) conduz
os Juízes deste Supremo Tribunal a proferir decisão que se projeta no contexto
das denominadas ‘escolhas trágicas’ (GUIDO CALABRESI e PHILIP BOBBITT,
‘Tragic Choices’, 1978, W. W. Norton & Company), que nada mais exprimem
senão o estado de tensão dialética entre a necessidade estatal de tornar
concretas e reais as ações e prestações de saúde em favor das pessoas, de um
lado, e as dificuldades governamentais de viabilizar a alocação de recursos
financeiros, sempre tão dramaticamente escassos, de outro”
José Gomes Canotilho também retrata a problematização do
cumprimento dos direitos sociais: “... mesmo nos estritosparâmetros jurídico-
dogmáticos, os direitos sociais aparecem envoltos em quadros pictóricos onde o
recorte jurídico cede o lugar a nebulosas normativas. É aqui que surge o
‘camaleão normativo’. A expressão não é nossa. Foi utilizada pelo conhecido
constitucionalista alemão J. Isensee, há mais de quinze anos. Com ela, pretendia
o Autor significar a instabilidade e imprecisão normativa de um sistema jurídico
aberto — como o dos direitos sociais — quer a conteúdos normativos imanentes
ao sistema (system-immanente), quer a conteúdos normativos transcendentes
ao mesmo sistema (systemtranscendente). Esta indeterminação normativa
explicaria, em grande medida, a confusão entre conteúdo de um direito,
juridicamente definido e determinado, e sugestão de conteúdo, sujeita a
modelações político-jurídicas cambiantes”.
Para Pedro Lenza em seu livro Direito Constitucional Esquematizado,
na página 1295:
(...) Os direitos sociais, direitos de segunda
dimensão, apresentam-se como prestações positivas a
serem implementadas pelo Estado (Social de Direito) e
tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia
substancial e social na busca de melhores e adequadas
condições de vida, estando, ainda, consagrados como
fundamentos da República Federativa do Brasil (...).
Pedro Lenza também aborda sobre os problemas encontrados a
aplicação desses direitos em nosso estado democrático de direito, na página
1313 do seu livro:
(...) vimos que, dentro de uma realidade de
Estado Social de Direito, estabelece-se um comportamento
positivo para a implementação dos direitos sociais,
irradiando essa orientação para a condução das políticas
públicas, para a atuação do legislador e para o julgador no
caso de solução de conflitos. Assim, o administrador,
dentro da ideia da reserva do possível, deve implementar
as políticas públicas. O legislador, ao regulamentar os
direitos, deve respeitar o seu núcleo essencial, dando as
condições para a implementação dos direitos
constitucionalmente assegurados.
Não basta apenas discorremos sobre a importância dos direitos sociais
em nosso estado democrático de direito, mas também porque em muitas das
vezes esse mesmo direito, ainda que de forma positivada, seja negligenciado e
por muitas vezes filtrado pelas instituições públicas, privadas e judiciais.
Ingo Sarlet, Luiz Mariononi e Daniel Mitideiro , descrevem no seu livro,
na página 670, a reação que dá o Supremo tribunal Federal ao cumprimento
dessas normas, passando a responsabilidade de fato ao legitimo responsável, o
Estado:
o STF tem consolidado o entendimento de que
nesta seara incumbe ao Estado, em primeira linha, o dever
de assegurar as prestações indispensáveis ao mínimo
existencial, de tal sorte que em favor do cidadão há que
reconhecer um direito subjetivo, portanto, judicialmente
exigível, à satisfação das necessidades vinculadas ao
mínimo existencial, e, portanto, à dignidade da pessoa
humana.

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