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01/02/2019 Tipos de Movimentações de Massa

Geologia Ambiental Elementos de apoio preparados por J. Alveirinho Dias


mod 00; mod Mar06

MOVIMENTOS DE MASSA
Tipos de Movimentações de Massa

Cedência de vertentes - ruptura brusca de uma vertente com deslocação de material para posições mais baixas por
deslizamento, rolamento, queda ou transporte rotacional. São genericamente designados, embora de forma não
totalmente correcta, por movimentos de terras ou "landslides".

Fluxos sedimentares - fluxos de sedimentos misturados com um fluido (ar ou água).

Principais tipos de movimentações de massa

Há muitos tipos de movimentações de massa, as características dos quais dependem de factores variados, designadamente do
pendor da vertente, do conteúdo em água, do tipo de material envolvido, e dos parâmetros ambientais locais (como a
temperatura).

Pode considerar-se que existem três categorias principais: deslizamentos, fluxos sedimentares e quedas de detritos.
Quedas de rochas e de detritos

Constituem movimentações bruscas de material geológico (blocos de rochas,


calhaus, areia, etc.) que ficou solto devido à meteorização ou a outras causas.

A movimentação efectua-se por queda livre, rolamento e deslizamento.


Ocorrem geralmente em vertentes muito inclinadas, como as arribas (marinhas
e fluviais) e as barreiras das vias de comunicação.

A separação do material susceptível de movimentação ocorre, em geral, em


planos de fraqueza estrutural (planos de estratificação, diacláses, falhas etc.).

São induzidas, muitas vezes, por escavamento, natural ou artificial, da base da


vertente e/ou alteração do pendor (escavações para estradas, erosão marinha ou
fluvial, etc.).

Em climas com fortes amplitudes térmicas a termoclastia provoca frequentes


quedas de blocos. Também a alteração química da rocha devida à percolação da
água através das fissuras é responsável por muitas quedas de blocos,
principalmente em litologias carbonatadas. Por vezes o mecanismo indutor
directo é um sismo.

Com frequência, na base, existe depósito de sopé (que os processos marinhos ou


fluviais vão erodindo).

Deslizamentos

Deslizamentos rotacionais ("slumps")

Consiste na rotação de rocha ou rególito ao longo de uma superfície côncava,


podendo afectar um bloco único ou grandes complexos de blocos. A superfície
superior de cada bloco fica, frequentemente, pouco perturbada.

Mais frequentemente este tipo de movimentação afecta materiais não


consolidados ou pouco consolidados. Deixam geralmente cicatrizes arqueadas
e/ou depressões na vertente.

Podem ser induzidos por mecanismos variados, mas os mais comuns são as
precipitações elevadas, as cheias e os sismos.

No litoral, uma causa frequente destes movimentos rotacionais é a erosão


marinha da base das vertentes costeiras, designadamente das arribas. Ficando

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sem suporte na base, a vertente colapsa, muitas vezes através de movimentos
rotacionais. Nestes casos o escarpado (arriba) recua significativamente, e na
base ficam os materiais da frente da rotação que progressivamente vão sendo
erodidos pelas ondas.

Quando estes movimentos se verificam em vertentes fluviais, se são de grande


amplitude podem mesmo provocar a deslocação do leito do rio ou ribeira que,
impedida de utilizar o seu curso (devido aos materiais movimentados), rompe
pelo caminho mais fácil que, regra geral, é a frente da movimentação.

Estes tipos de movimentação são, com frequência, induzidos por actividades humanas que ampliam o pendor das
vertentes. Como tal, são comuns nas barreiras das estradas. Por vezes, a abertura de uma nova estrada provoca a
destabilização da vertente, acabando por induzir a cedência desta.

Deslizamentos translacionais (Landslides)

Também designados por "movimentações translacionais", neste tipo de


cedência verifica-se o deslizamento mais ou menos rápido de rocha ou de
detritos ao longo de um plano pré-existente (em geral planos de estratificação,
foliação, diacláses, etc.).

Diferem das movimentações rotacionais ("slumps") principalmente pelo facto


da superfície de deslocamento não ser encurvada mas sim plana.

A maior parte dos deslizamentos ocorre porque a tensão tangencial da


gravidade e a inclinação dos planos de fraqueza estrutural da rocha têm o
mesmo sentido.

Com frequência há depósito de sopé constituído por materiais anteriormente


deslocados.

O maior deslizamento conhecido é o de Saidmarreh, nas Montanhas de Zagros,


no sudoeste do Irão, ocorrido há cerca de 10 mil anos, em que um "bloco" de
calcário com 305 m de espessura, 14 km de comprimento e 5 km de largura se
destacou do maciço de Kabir kuh e deslizou através do vale de Saidmarreh, com
8 km de largura, tendo inércia suficiente para subir uma elevação com 460 m de
altura, tendo parado a cerca de 18 km da origem.

Como se referiu, são bastante comuns nas arribas marinhas, constituindo um perigo para os veraneantes. Em Portugal,
todos os Verões há turistas acidentados por este processo, apesar dos frequentes avisos existentes em muitos locais para
não ficarem junto à base das arribas.

Fluxos Sedimentares
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Fluxos Sedimentares

Fluxos Granulares

Os fluxos granulares não são saturados com água. Podem ocorrer com pouca ou nenhuma água visto que o
comportamento fluido advém da mistura com o ar. Vulgarmente contêm entre 0% a 20% de água.

+ Reptação (creeping)

É a movimentação muito lenta, geralmente contínua, de rególito numa


vertente, causado por tensões tangenciais suficientemente fortes para
produzirem deformação permanente, mas insuficientes para
conduzirem a ruptura brusca (embora, por vezes, dela sejam
precursoras). Praticamente todas as vertentes são afectadas por este
tipo de movimentação, embora os ritmos a que se verificam sejam
muito variados.

Com frequência as evidências de reptação são árvores inclinadas,


estradas e vedações deslocadas, etc.

Considera-se geralmente que há três tipos de reptação: a) sazonal, em que a movimentação é afectada por
variações sazonais da humidade e da temperatura do solo, b) contínua, em que as forças tangenciais superam
continuamente as de resistência do material; e c) progressiva, em que as vertentes estão progressivamente a
atingir o ponto de ruptura brusca.

+ Movimentos de terras (earthflows)

Nos movimentos de terras o material, geralmente rególito, entra em


liquefação e desloca-se para posições inferiores. A forma geral é
alongada e apresenta forma lenticular característica.

A zona de cedência fica registada por uma depressão e, normalmente,


por um pequeno escarpado. A parte frontal corresponde a uma
pequena elevação correspondente à principal área de deposição.

Ocorrem geralmente em vertentes moderadas a íngremes, em que os


materiais correspondem a sedimentos finos.

Estas movimentações tanto podem acontecer em condições em que não há envolvimento de grandes quantidades
de água, como em situações em que o solo está saturado com água (desenvolvendo-se, então, movimentos do tipo
fluxo detrítico).

O movimento pode ser lento ou rápido, sendo a maior parte das vezes moderado. Começa vulgarmente com
reptação cada vez mais intensa que se transforma em movimento de terras.

+ Avalanches (detríticas)

Resultam do completo colapso de uma vertente íngreme, em


consequência do que se verifica movimentação, com velocidade muito
elevada, de grandes volumes de misturas de rocha e rególito. Na
realidade, este tipo de movimentações de massa é complexo, isto é,
resulta da combinação de vários tipos de movimentação (queda de
rochas, deslizamento, fluxos vários).

Em princípio, quanto maior é a avalanche detrítica maior é a


velocidade a que ela se desloca, pois que maior é a energia associada ao
material em movimento.

Estima-se que no caso da avalanche que ocorreu na Pedreira de Elm,


na Suíça, em 1881, a velocidade tenha sido da ordem de 180km/h.

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Algumas avalanches podem transportar grandes blocos, tendo mesmo
sido reportada, num caso, a movimentação de um bloco com três
quilómetros que se deslocou, juntamente com o restante material,
vários quilómetros. Em tais avalanches de grande magnitude a
velocidade atingida pode ser da ordem de 300km/h.

Com frequência são induzidas por sismos ou erupções vulcânicas.


Neste contexto, convém distinguir entre avalanches "quentes" e
avalanches "frias". As primeiras resultam de actividade vulcânica
sendo induzidas por sismos associados ao vulcanismo, explosões
vulcânicas ou qualquer outro tipo de perturbação associada. O
material mobilizado, por via de regra, são tephra provenientes desse
mesmo vulcão (embora possam ter sido produzidas em erupções
anteriores). As avalanches frias ocorrem em regiões não vulcânicas.

Uma avalanche quente bem estudada foi a que ocorreu no Monte de


Santa Helena, em 1980, vários meses antes da erupção deste vulcão. A
injecção de magma no flanco norte criou, à superfície, uma elevação
com vertentes extremamente instáveis. Um sismo associado ao
vulcanismo provocou o início de uma movimentação de massa,
resultando numa grande avalanche detrítica que desceu a encosta a
grande velocidade.
Avalanche detrítica do Monte de Stª. Helena, ocorrida
em 1980 (U.S.G.S.)

Fluxos Aquosos (slurry flows)

Os fluxos aquosos são fluxos em que o solo ou/e o rególito saturados de água se comportam como uma massa fluida e,
como tal, têm com frequência comportamentos torrenciais. Contêm geralmente entre 20% e 40% ou mais de água.

Quando a água corresponde a mais do que cerca de 40% do fluxo, este acaba por progredir na rede fluvial distâncias
longas, por vezes da ordem de dezenas de quilómetros. O fluxo é do tipo turbulento. Em geral, devido à quantidade de
sedimentos finos em suspensão, a mistura de água com sedimento comporta-se, na globalidade, como um fluido de
densidade global elevada . Nestas condições podem transportar, eventualmente, elementos de grandes dimensões, que
podem, excepcionalmente, ter expressão decamétrica, como se verificou, por exemplo, durante as cheias de Dezembro de
1999 na Venezuela.

Em geral ocorrem na sequência de períodos de precipitação intensa ou moderada mas contínua, estando muitas vezes
associados a episódios de cheia. Na história recente têm sido responsáveis por grandes catástrofes.

+ Solifluxão

É a lenta movimentação, da ordem de centímetros por dia, ao longo de


uma vertente do rególito saturado com água.

Este tipo de movimentação produz lobos típicos nas vertentes. Ocorrem


em áreas em que os solos ficam saturados com água durante longos
períodos.

São muito comuns em climas frios em que a parte superior do solo


congela e descongela periodicamente.
Lobos de solifluxão em permafrost
São extremamente frequentes no permafrost (solos permanentemente gelados, que constituem 20% da superfície
dos continentes) em que durante a estação quente a parte superior do permafrost descongela constituindo a água e
o sedimento uma massa viscosa que flui por solifluxão sobre a camada gelada, produzindo topografia lobada
característica.

+ Fluxos detríticos (debris flows)

Os fluxos detríticos são fluxos saturados com água em mistura homogénea com detritos variados, em que a
percentagem de materiais grosseiros (areias e cascalhos) é elevada (em geral mais de 50%). Normalmente, a
quantidade de materiais finos (siltes e argilas) em suspensão turbulenta é, também, elevada.
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Os detritos envolvidos nestes fluxos podem ter dimensões muito variadas, desde partículas muito pequenas, como
as argilas, até blocos com várias dezenas de metros. É esta mistura densa que serve de sustentáculo ao transporte
em suspensão de elementos maiores. Blocos, por vezes muito grandes (dezenas de metros), podem ser
transportados nestes fluxos, como se verificou, por exemplo, durante as cheias de Dezembro de 1999 na
Venezuela.

Geram-se, normalmente, quando massas de materiais não consolidados, saturados com água, se tornam instáveis.
A água pode ser proveniente de chuvas intensas, da fusão de neve e gelos, ou do transbordo de lagos (p.ex.: lagos
vulcânicos). Por vezes iniciam-se como movimentações rotacionais.

As velocidades atingidas por estes fluxos são muito variáveis, dependendo, entre outros factores, da quantidade de
água, da percentagem de material sólido, e do pendor. Em termos genéricos pode dizer-se que a velocidade pode
variar entre menos de 1m/ano e mais de 100km/h, embora normalmente a frente do fluxo tenha velocidade
bastante maior do que a parte posterior. Tal pode conduzir à segregação de vários fluxos individuais, com
densidades médias diferentes e, consequentemente, com velocidades diferentes, como se verificou, em Novembro
de 1985, no evento de Nevados del Ruiz.

Os fluxos detríticos podem deslocar-se por distâncias muito grandes, e


a parte frontal pode atingir velocidades muito elevadas, superiores a 85
km/h. Os fluxos detríticos produzidos aquando da erupção do
Cotopaxi, no Equador, em 1877, deslocaram-se mais de 320 km à
velocidade média de 27 km/h.

Quando atingem velocidades muito grandes, os fluxos detríticos podem


mesmo subir vertentes de vales ou outras elevações que estejam na sua
trajectória. Quando confinados em vales encaixados ou por
construções, estes fluxos podem temporariamente aumentar de
espessura, preenchendo esses vales até 100 metros de altura ou mais.

Estes fluxos tendem a deslocar-se pela rede de drenagem superficial pré-existente. Todavia, muitas vezes abrem os
seus próprios canais de passagem, construindo frequentemente, à sua passagem, diques naturais. A localização
exacta dos sítios por onde passará um futuro fluxo deste tipo é impredictível.

Os depósitos correspondentes são, em geral, maciços, heterométricos e não granuloclassificados, tendo a parte
frontal forma lobada e a superfície cristas e depressões de relativamente pequena amplitude.

Sobre a forma como se desenvolvem e actuam os fluxos detríticos vejam-se, entre outros, os casos do Nevados de
Huascaran (10 de Janeiro de 1963 e 31 de Maio de 1970), do Nevado del Ruiz (13 de Novembro de 1985) e do
Monte de Santa Helena (18 de Maio de 1980), do furacão Mitch (Outubro de 1998) e das cheias da Venezuela
(Dezembro de 1999).

+ Fluxos de lama (mudflows)

Os fluxos de lama são fluxos aquosos que diferem dos anteriores por a percentagem de materiais grosseiros ser
relativamente pequena. A percentagem de materiais finos (siltes e argilas) corresponde, em geral, a mais de 50%.
Podem ocorrer em quase todos os tipos de vertentes.

São induzidos, frequentemente, por períodos de elevada pluviosidade, podendo desenvolver-se todos os termos de
transição entre cheia constituída quase apenas por água da escorrência superficial e fluxos de elevada densidade
em que a quantidade de matéria em suspensão é muito grande.

Normalmente são muito fluidos e, por isso, deslocam-se através da rede


de drenagem pré-existente. Podem, assim, atingir grandes distâncias,
mesmo deslocando-se em vales com inclinação suave.

Podem atingir velocidades bastante superiores a 1 km/h, tendo-se,


nalguns casos, estimado velocidades de deslocação da ordem de
150km/h. Na fase inicial, os fluxos de lama muito fluidos podem atingir
velocidades da ordem de 30 metros por segundo (mais de 100km/h) em
apenas alguns segundos. Na fase terminal, quando atingem zonas
aplanadas, a velocidade diminui para, apenas, alguns metros por dia.

São frequentemente induzidos por elevadas precipitações ou por erupções vulcânicas que provocam a fusão das
neves Os fluxos de lama vulcânica são designados por "lahar" e podem ser bastante quentes se resultam de
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neves. Os fluxos de lama vulcânica são designados por "lahar" e podem ser bastante quentes se resultam de
erupções com emissão de grandes quantidades de "tephra".

Como os fluxos de lama podem atingir velocidades muito grandes e percorrer longas distâncias, são
potencialmente muito perigosos. Algumas das grandes catástrofes ocorridas nas últimas décadas foram
ocasionadas for este tipo de movimentações de massa, Acresce que, com frequência, na mesma altura em que se
desenvolvem estes fluxos ocorrem, também, outros tipos de movimentações de massa.

Lahars

Lahar (palavra com origem em "lahar", que significa avalanche em javanês, uma das línguas da
Indonésia) é a designação dada aos fluxos detríticos ou de lama provenientes das encostas dos vulcões.
Ambos estes tipos de fluxo contêm elevada concentração de fragmentos líticos, o que lhes confere uma
resistência interna suficiente para transportar grandes blocos e, por vezes, casas e pontes. Exercem
pressões extremamente elevadas nas zonas por onde passam, o que lhes confere um elevadíssimo potencial
erosivo / destrutivo.

Como a parte frontal dos lahars se torna mais diluída à medida que se desloca para jusante, transforma-
se, com frequência, num fluxo hídrico extremamente concentrado. Assim, vai perdendo resistência interna
e, consequentemente, vai depositando os blocos maiores, primeiro, e depois, progressivamente, os detritos
de menores dimensões.

Embora os lahars sejam muito frequentes quando ocorrem erupções vulcânicas, podem desenvolver-se
mesmo em períodos de inactividade do vulcão, em encostas cobertas por piroclástos e tornadas instáveis
devido, por exemplo, a precipitações intensas. Devido à saturação em água das camadas superficiais, os
sedimentos vulcânicos podem entrar em liquefacção, constituindo-se um fluido viscoso e de muito alta
densidade, deslocando-se este fluxo através do percurso de menor energia potencial, pelo que o seu curso é
ditado pela topografia, em geral seguindo os vales dos cursos de água.

Os lahars iniciam-se frequentemente por:

grandes deslizamentos com saturação por água


erosão de depósitos vulcânicos devido a escorrência induzida por forte pluviosidade
fusão rápida de gelo e neve depositada na parte superior de uma elevação vulcânica
libertação súbita de água de glaciares ou lagos vulcânicos (devido a erupções e/ou modificações
topográficas rápidas)

Os lahars podem ter dimensões muito variadas. Por vezes são muito pequenos, tendo apenas centímetros
de largura e espessura, deslocando-se a velocidades inferiores a 1m/s, como os que ocorrem em vertentes
não vegetadas durante chuvas intensas. No entanto, por vezes, podem ter centenas de metros de largura e
dezenas de metros de espessura, fluindo a velocidades de dezenas de metros por segundo, chegando a
atingir zonas a mais de 100 km da origem. Por exemplo, o lahar que se formou, há cerca de 5600 anos
durante uma erupção do vulcão Monte Rainier (Estado de Washington, Estados Unidos da América), e
que se deslocou ao longo do rio White, tem espessura de 180m, tendo coberto vasta área, com cerca de
320km2.

Os lahars têm consistência análoga à do betão fresco, mantendo elevado grau de fluidez quando em
movimento, mas, quando deixam de se deslocar, perdem água quase instantaneamente e deixam de ser
fluido. Devido a estas características reológicas os lahars, além de se movimentarem com grande
velocidade, têm grande capacidade de penetração nos espaços vazios, o que faz com que todas as
cavidades existentes no seu percurso sejam preenchidas por estes materiais.

À medida que os lahars vão perdendo velocidade o potencial de transporte diminui e a carga sólida maior
vai sendo depositada. Por consequência, a paisagem típica de muitos lahars é caracterizada pela presença
de materiais muito grosseiros (blocos, calhaus, etc.) à superfície. A existência desses materiais muito
grosseiros à superfície deve-se, não apenas à deposição directa nessa superfície, mas essencialmente à
desidratação do lahar, que provoca diminuição do volume e modificação do fabric do sedimento, sendo os
elementos grosseiros, no decurso deste processo, "empurrados" para a superfície.

Paisagens deste tipo podem ser observadas, por exemplo, nas áreas atingidas durante o evento de 1985 do
Nevado del Ruiz. Nos Açores, na ilha Terceira, num pequeno planalto existente nas proximidades do lugar
da Caparica, existe, também, uma paisagem deste tipo, com blocos de traquito com quase uma dezena de
metros, e que foram para ali transportados por um lahar induzido pela última grande erupção do vulcão
do Pico Alto, que ocorreu há cerca de 25 000 anos.

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Sobre a formação e actuação de lahars, vejam-se os casos do Nevado del Ruiz (13 de Novembro de 1985) e
do Monte de Santa Helena (18 de Maio de 1980).

Em Portugal, há muitos vestígios da actuação de lahars nos Açores, sendo disso exemplo o que se originou
na zona do Pico Rachado (ilha Terceira) e se deslocou mais de 6km ao longo da Ribeira de São Roque.
Ficou memorável o lahar que, na noite de 21 para 22 de Outubro de 1522, na sequência de um sismo
violento, destruiu Vila Franca do Campo (ilha de São Miguel), cobrindo uma área com cerca de 3,5 km2, e
causando milhares de mortos.

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Movimentações de Massa
Categoria Descrição Subcategoria Tipo Descrição Observações
o material cai
livremente no ar,
ocorre em vertentes
Queda deslocando-se na muito íngremes
fase final por
rolamento
a superfície de
rotacional (slump) deslizamento é por vezes dão origem a
o material ( rocha, côncava fluxos sedimentares; com
Deslizamento rególito ou solo) frequência as árvores (e
move-se em bloco a superfície de mesmo casas) não são
destruídas
translacional (landslide) deslizamento é
plana
movimento muito evidências: árvores
Reptação inclinadas, estradas e
lento, visualmente vedações deslocadas,
(creeping)
quase imperceptível etc.
não são
saturados Movimentos o material, o movimento pode ser
lento ou rápido; ocorrem
com água; de terras geralmente rególito, em vertentes moderadas a
Fluxos
em geral (earthflows) entra em liquefação íngremes
Granulares
contêm entre
tipo complexo, em
0% a 20% de
geral resultante da em princípio, quanto
água. Avalanches
combinação de maior é a avalanche
detríticas maior é a velocidade
vários tipos de
as partículas movimentação
movem-se
Fluxo lenta
independentemente
umas das outras movimentação ao frequentes no permafrost;
Solifluxão longo de uma podem ocorrer em
vertentes suaves
vertente do rególito
saturados de saturado com água.
Fluxos
água (entre
Aquosos Fluxos
20% e 40% percentagem de
(slurry detríticos velocidade muito variável
ou mais de materiais grosseiros (de 1m/ano a 100km/h).
flows) (debris
água) maior que 50%
flows)
Fluxos de percentagem de
velocidade pode atingir
lama materiais finos mais de 100km/h
(mudflows) maior que 50%

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