ARMAMENTO E MUNIÇÃO
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SUMÁRIO
Propelente ....................................................................................................... 61
Tipos de Pólvoras ............................................................................................. 61
Projéteis.......................................................................................................... 61
Tipos de Projéteis ............................................................................................. 62
Tipos de Pontas ................................................................................................ 63
CALIBRE.......................................................................................................... 63
Introdução ...................................................................................................... 63
Calibre .22 ...................................................................................................... 64
Calibre 6,35 MM Browning - (.25 ACP) ................................................................ 65
Calibre .32 ...................................................................................................... 66
Calibre 7, 65 MM Browning - (.32 ACP) ............................................................... 66
Calibre .380 ACP (Automatic Colt Pistol) .............................................................. 66
Calibre .38 SPL (Special) ................................................................................... 67
Calibre .38 SPL +P (Plus Power, mais Potência).................................................... 67
Calibre .38 SPL +P+ ......................................................................................... 68
Calibre .357 Magnum ........................................................................................ 68
Calibre 9mm Parabellum (9x19mm ou 9mm Luger) .............................................. 68
Calibre 10 mm Auto .......................................................................................... 69
Calibre .40 Smith & Wesson (.40 S&W) ............................................................... 69
Calibre .44 ...................................................................................................... 70
Calibre .45 ACP ................................................................................................ 70
EFEITOS DOS PROJÉTEIS NO CORPO HUMANO .................................................... 71
Generalidades .................................................................................................. 71
Cavidades Temporária e Permanente .................................................................. 72
Cavidade temporária......................................................................................... 72
Cavidade permanente ....................................................................................... 72
"Stopping Power" ou Poder de Parada ................................................................. 72
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CONCEITO
REGRAS DE SEGURANÇA
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a) Quanto ao tipo:
a.1 - De Porte: pelo pouco peso e dimensões reduzidas pode ser conduzido no
coldre (Ex: Revólveres e Pistolas);
a.2 - Portátil: quando, apesar do peso relativamente grande, pode ser conduzido
por um só homem, sendo dotado de uma bandoleira, para facilidade e comodidade de
transporte. (Ex: Sub Mtr, Carabinas, Fuzis, etc.);
a.3 - Não portátil: quando, devido ao volume e peso, pode ser conduzido somente
por uma viatura ou dividido em fardos, por vários homens. (Ex: Metralhadoras,
Morteiros, Canhões, etc.).
b) Quanto ao emprego:
b.1 - Individual: quando destinado à proteção daquele que a conduz;
b.2 - Coletivo: quando se destina ao emprego em benefício de um grupo de
homens ou fração de tropa;
c) Quanto ao funcionamento:
c.1 - Singular ou de tiro unitário: quando o atirador executa as operações da
arma manualmente, principalmente o carregamento;
c.2 - De repetição: arma em que o atirador, após a realização de cada disparo,
decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um
componente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias
ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo;
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e) Quanto à ação:
e.1 - Ação simples: a ação do atirador sobre o gatilho só realiza o
desengatilhamento. (Ex. Pistola MD5 IMBEL, etc.);
e.2 - Ação dupla: a ação do atirador sobre o gatilho provoca o acontecimento de
várias ações, culminando com o desengatilhamento (Ex. Revólver, Pistola PT 100,
etc).
h. Quanto à alimentação:
h.1 - Manual: quando os cartuchos são introduzidos manualmente na arma. (Ex:
Espingarda Cal 12);
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• RIFLE: conceito não definido. No Brasil é Fuzil. Nos EUA é um Fuzil para uso
civil e em Portugal é Carabina.
• CARABINA: arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões
reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do fuzil - com
alma raiada.
• FUZIL: é uma arma de fogo portátil, de cano longo, com alma raiada. Pode ser
de repetição, semi-automático ou automático.
• ESPINGARDA: é uma arma longa de alma lisa.
• METRALHADORA: é arma de funcionamento automático, simples o suficiente
para ser operada por uma única pessoa, sem a necessidade de equipamentos de
apoio.
• SUBMETRALHADORA: é uma arma automática ou semi-automática de
tamanho reduzido.
• REVÓLVER: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro
giratório posicionado atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém
perfurações paralelas e eqüidistantes do seu eixo e que recebem a munição,
servindo de câmara.
• PISTOLA: é uma arma de fogo de porte, geralmente semi-automática, cuja
única câmara faz parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em posição
fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta seqüencialmente para o
carregamento inicial e após cada disparo.
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De porte
Quanto ao tipo Portátil
Não portátil
Quanto ao Individual
Emprego Coletivo
Por mecha
Quanto ao sistema Por atrito
de inflamação Extrínseca
Por percussão
Intrínseca Pino Lateral
Central Direta
Circular Indireta
AR A Ar
MA Quanto a refrigeração A Água
S A Ar e Água
D Manual
Quanto a alimentação
E Com Carregador
Simples
Singular (unitário)
Quanto ao funcionamento Múltipla
De Repetição
Semi-automática
Automática
Quanto ao princípio de
Ação Muscular do Atirador
Funcionamento
Pressão dos gases Ação dos gases sobre o êmbolo
Ação dos gases sobre o ferrolho
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Apresentação
O termo “revólver" indica "revolução”, ou seja, um movimento de rotação em
torno de um eixo. O primeiro revólver, com características dentro da moderna
concepção acima, foi construído por Samuel Colt, por volta de 1836. Posteriormente,
outros inventores empenharam-se na fabricação de revólveres, destacando-se o inglês
Adams, que foi um grande concorrente de Colt.
Inicialmente, os revólveres eram de movimento simples, ou seja, funcionavam
somente em ação simples ou ação dupla. Posteriormente, os revólveres passaram a
ser fabricados de movimento duplo, ou seja, eles funcionavam tanto em ação dupla,
quanto em ação simples. Os revólveres modernos são geralmente fabricados em
movimento duplo.
A evolução do revólver foi marcada também pelo aperfeiçoamento dos sistemas
de carregamento e extração. Foram criados diversos sistemas, tais como: sistema de
armação rígida, sistema de armação basculante e sistema de tambor reversível. Este
último é o sistema mais adotado atualmente.
O revólver é uma arma muito bem aceita pelas Forças de Segurança do mundo
inteiro, devido à sua variedade de calibres, simplicidade, robustez e fácil manutenção.
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Características
Designação
Nomenclatura: Revólver (marca) cal .38 (modelo).
Indicativo Militar: Rv (marca) .38 (modelo).
Classificação
Quanto ao tipo: de porte.
Quanto ao emprego: individual.
Quanto à alma do cano: raiada, variando entre número (5 ou 6) e sentido (à direita
ou à esquerda) de acordo com o modelo.
Quanto ao sistema de carregamento: retro carga.
Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca central, podendo ser direta
ou indireta, dependendo do modelo.
Quanto à refrigeração: a ar.
Quanto à alimentação: manual, possuindo capacidade para 6 ou 7 cartuchos
(conforme modelo), podendo ainda utilizar-se o "Spead Load" ou “Jet Load”
(carregadores que permitem introduzir todos os cartuchos no tambor de uma só vez).
Quanto ao sentido de alimentação: de trás para frente.
Quanto ao funcionamento: de repetição.
Quanto ao princípio de funcionamento: ação muscular do atirador.
Aparelho de pontaria
Alça de mira: tipo entalhe, podendo ser regulável ou fixa, dependendo do modelo.
Massa de mira: Seção retangular, fixa.
Dados numéricos
Calibre: .38.
Peso: em média 800 g, dependendo do modelo da arma.
Comprimento do cano: o comprimento padrão é de 101,6 mm (4"), existindo outros
modelos variando entre 50,8 mm (2”), 76,2 mm (3”), 127 mm (5”), e 152,4 mm (6”)
e 203,2 mm (8”) para tiro ao alvo.
Velocidade teórica de tiro: 20 tiros por minuto.
Velocidade prática do tiro: de acordo com a habilidade do atirador.
Alcance máximo: 1.400 metros.
Alcance útil: 450 metros.
Alcance com precisão (de utilização): 75 metros.
Alcance prático: 20 metros.
Vida da arma: 20.000 tiros.
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Funcionamento
O estudo do funcionamento do revólver resume-se em se estudar os sistemas de
engatilhamento da arma:
Ação simples: a ação do atirador sobre o gatilho só realiza o desengatilhamento.
Ação dupla: a ação do atirador sobre o gatilho provoca o acontecimento de várias
ações, culminando com o desengatilhamento.
Mecanismos de segurança:
Devido à particularidade do revólver estar sempre em condições de disparo,
bastando apenas que a arma esteja carregada e que o atirador acione a tecla do
gatilho. Diversos mecanismos de segurança foram inventados pelos fabricantes, para
evitar os indesejáveis disparos acidentais.
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Manejo
Municiar/Alimentar
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Carregamento
Terminada a alimentação desloque suavemente o tambor para dentro da armação
com a mão esquerda, empunhando o revólver com a mão direita, completando-se o
fechamento do tambor na armação.
Engatilhamento
Pode ser efetuado por dois processos:
Ação dupla: Acionar a tecla do gatilho com o dedo indicador.
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Ação simples: Sem colocar o dedo indicador na tecla do gatilho, leva-se o polegar da
outra mão à crista serrilhada do cão trazendo-o à retaguarda até que fique preso pelo
entalhe de engatilhamento.
Disparo
Consiste em acionar a tecla do gatilho para que seja efetuada a percussão da
espoleta e consequentemente a carga de projeção do projétil.
Extração e ejeção
Procede-se inicialmente como se fosse alimentar a arma, tendo rebatido o tambor
e segurado a arma da maneira correta, com o polegar esquerdo, pressiona-se a vareta
do extrator, colocando-se a mão direita abaixo do tambor para aparar os cartuchos
extraídos e ejetados.
Inspeção preliminar
Ao receber ou passar o revólver para alguém, fazê-lo com a arma aberta
verificando se ela está carregada. Em seguida, verifique a arma externamente,
observando:
- Limpeza das partes externas, bem como presença de resíduos ou objetos que
estejam obstruindo o cano e as câmaras;
- Inexistência ou mal atarraxamento de parafusos, com atenção especial para o dedal
serrilhado, parafuso-retém do suporte do tambor, parafuso do retém do tambor e
vareta do extrator;
- Engatilhamento na ação simples e na ação dupla;
- Retenção do tambor, quando a arma estiver em repouso ou engatilhada. Nestas
situações, se o tambor girar livremente, indica que o retém do tambor está com
algum defeito;
- Estado do percussor, verificando se este não está quebrado ou apresenta rebarbas;
- Perfeita fixação das placas da coronha.
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PISTOLAS
A pistola é uma arma semiautomática que funciona pela ação dos gases sobre o
ferrolho e com um sistema de trancamento mecânico. A percussão é exercida por um
sistema tipo “percussor lançado” e depende exclusivamente da vontade do atirador a
cada disparo.
A pistola é alimentada por carregador metálico, do tipo cofre, com capacidade
para cartuchos de acordo com o modelo, além do cartucho que pode ser introduzido
diretamente na câmara.
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Retirada do Carregador
Municiar
Com uma das mãos segure o carregador e com a outra introduza os cartuchos um a
um, pressionando-os para baixo e para trás.
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Alimentar
Segure a pistola com uma das mãos, mantendo o dedo longe do gatilho. Com a outra
mão puxe o ferrolho para trás até o batente, soltando-o a seguir. O ferrolho irá então
para frente, impulsionado pela mola recuperadora, introduzindo um cartucho na
câmara.
Desengatilhar
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Em caso de interrupção dos tiros antes do último cartucho ser detonado, pressione o
desarmador para baixo fazendo com que o cão desengatilhe automaticamente,
voltando a sua posição de descanso. Para reiniciar os tiros basta acionar o gatilho,
pois a pistola PT 100 é dotada de mecanismo de disparo em ação dupla. Para
descarregar a pistola, retire o carregador e puxe o ferrolho até o seu batente para
extração do cartucho que se encontra na câmara. Libere então o ferrolho até que volte
à sua posição de repouso e em seguida pressione o desarmador do cão para baixo.
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Montagem
Consiste no processo inverso ao da desmontagem.
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Medidas preliminares
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3° Passo: Recuar o ferrolho até que seu entalhe médio, em forma de meia-lua,
venha a coincidir com a saliência existente no dente da chaveta de fixação do cano.
5° Passo: Separar o ferrolho da armação deslizando este para a frente até que
ocorra a separação.
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Montagem
Consiste no processo inverso ao da desmontagem.
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2° Passo: Recuar o ferrolho até que seu entalhe médio, em forma de meia-lua,
venha a coincidir com a saliência existente no dente da chaveta de fixação do cano.
É recomendado fazer a empunhadura invertida para facilitar o alinhamento das
partes.
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6° Passo: Retire a mola recuperadora com a sua haste; pressione para a frente,
para cima e retire por trás.
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Montagem
Consiste no processo inverso ao da desmontagem.
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ARMAS PORTÁTEIS
CARACTERÍSTICAS
Nomenclatura: Submetralhadora Taurus Calibre 9mm Modelo Mt12A;
Classificação
Quanto ao tipo: portátil;
Quanto ao emprego: individual;
Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias, à direita;
Quanto ao sistema de carregamento: retro carga;
Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca, central e direita
(percussor acoplado ao ferrolho);
Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com capacidade para 30 ou
40 cartuchos;
Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima;
Quanto ao funcionamento: automático;
Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos gases;
Calibre: 9 mm "Parabellum" ou "Luger" (9 mm X 19 mm NATO).
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CARACTERÍSTICAS
Designação
Nomenclatura: Submetralhadora Taurus Calibre .40 Modelo Famae MT .40;
Classificação
Quanto ao tipo: portátil;
Quanto ao emprego: individual;
Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias à direita;
Quanto ao sistema de carregamento: retro carga;
Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com capacidade para 30
cartuchos;
Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima;
Quanto ao funcionamento: automático e semiautomático;
Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos gases.
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CARABINA CAL.40
CARACTERÍSTICAS
Designação
Nomenclatura: Carabina Taurus Calibre .40 Modelo Famae CT .40;
Classificação
Quanto ao tipo: portátil;
Quanto ao emprego: individual;
Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias à direita;
Quanto ao sistema de carregamento: retro carga;
Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com capacidade para 30
cartuchos;
Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima;
Quanto ao funcionamento: automático e semiautomático;
Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos gases.
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CARABINA 5,56 MD 97 LM
CARACTERÍSTICAS
Designação
Nomenclatura: Carabina 5,56 MD 97 LM
Classificação
Quanto ao tipo: portátil;
Quanto ao emprego: individual;
Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias à direita;
Quanto ao sistema de carregamento: retro carga;
Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca, central e direita
(percussor acoplado ao ferrolho);
Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com capacidade para 30
cartuchos;
Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima;
Quanto ao funcionamento: automático, semiautomático e rajada limitada 03 tiros;
Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos gases.
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CARACTERÍSTICAS
NOMENCLATURA
Fuzil Automático Leve 7,62 mm Modelo 1964 (FAL)
CLASIFICAÇÃO
Quanto ao Tipo: Portátil;
Quanto ao Emprego: Individual;
Quanto à alma do cano: raiada, 04 raias à direita;
Quanto ao Funcionamento: Automático, Semiautomático e Repetição;
Quanto ao Princípio de Funcionamento: Ações dos Gases sobre o Êmbolo;
Quanto à Refrigeração: A ar;
Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com capacidade para 20
cartuchos;
Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima;
Alça de Mira: Tipo Lâmina com Cursor (graduada de 200 a 600 metros);
Massa de Mira: Tipo Ponto, com protetores laterais;
DADOS NUMÉRICOS
CALIBRE: 7,62X51 mm;
COMPRIMENTO: 1,10 m;
PESO SEM CARREGADOR: 4,30 Kg;
PESO DO CARREGADOR VAZIO: 0,25 Kg;
PESO DO CARREGADOR CHEIO: 0,73 Kg;
VELOCIDADE INICIAL: 840 m/s;
ALCANCE MÁXIMO: 3.800 metros.
ALCANCE ÚTIL SEM LUNETA: 600 metros.
ALCANCE ÚTIL COM LUNETA: 800 metros.
CADÊNCIA DE TIRO: 850 disparos/minuto.
VIDA ÚTIL: 16.000 Tiros.
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CARACTERÍSTICAS
Designação
Nomenclatura: Espingarda Cal 12 CBC Mod 586 P
Classificação
Quanto ao tipo: portátil.
Quanto ao emprego: coletivo.
Quanto ao funcionamento: de repetição, por ação de bomba.
Quanto ao princípio de funcionamento: ação muscular do atirador.
Quanto ao sistema de refrigeração: a ar.
Alimentação
Capacidade de tiro: 5 a 8 cartuchos.
Carregador: tubular, sob o cano.
Raiamento: inexistente.
Massa de mira: massa esférica em todas as versões.
Alça de mira: com regulagem (586 AP).
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Dados numéricos:
Calibre: 12
Peso: 2,7 kg
Comprimento total: 1,0 m
Comprimento do cano: 47 cm
Coronha e telha
A telha, além de servir de apoio para a mão do policial, é utilizada para a
movimentação do mecanismo do ferrolho; para abrir o mecanismo, movimente a telha
para trás, e o ferrolho irá recuar (lembrando sempre que, para o primeiro disparo, é
necessário o acionamento da trava da corrediça).
Estando a telha no ponto máximo de recuo, ao ser acionada novamente para a
frente, o primeiro cartucho posicionado para a alimentação no carregador, será levado
pelo transportador à câmara, e nela totalmente alojado quando o ferrolho for
completamente fechado e trancado ao cano.
Cano
O cano da 586 P é fabricado em aço cromo molibdênio (SAE 4130), sendo
submetido a teste de sobrepressão, conforme atesta a marca "PN" gravada no cano.
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Conjunto do ferrolho
A arma só irá disparar se o ferrolho estiver perfeitamente trancado ao cano. O
policial deverá atentar para quando não acionar corretamente a telha da arma, ou
utilizar munição danificada que impossibilite o correto fechamento da mesma.
MECANISMOS DE SEGURANÇA
Trava de segurança
No modelo 586, a trava de segurança bloqueia o gatilho e a trava do martelo.
Quando acionada, oferece proteção contra disparo acidental ou não intencional. Para
travar o gatilho, basta mover o botão da trava da esquerda para a direita, de modo
que a indicação em vermelho não fique visível.
OPERAÇÕES DE MANEJO
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SEQUÊNCIA DE DESMONTAGEM
1. Abra a arma, trave-a e certifique-se de que não há cartucho na câmara ou no
depósito;
2. Com a arma aberta, desparafuse e remova o bujão do depósito;
3. Retire o cano, puxando-o paralelamente ao tubo do carregador;
4. Vire a arma, colocando a janela de alimentação para cima. Com o dedo indicador,
abaixe ligeiramente o transportador e pressione o localizador direito. Desvire a arma,
colocando a janela de alimentação para baixo; com a outra mão, afaste a telha do
receptáculo, até que o conjunto do ferrolho seja naturalmente extraído das hastes da
corrediça. Remova a telha e a corrediça;
SEQUÊNCIA DE MONTAGEM
1. Antes da montagem, deve-se verificar o cano em busca de possíveis obstruções;
2. Desparafusa-se o bujão do depósito, removendo-o;
3. Empurra-se, então, o acionador da trava da corrediça, recuando a telha até a
metade de seu curso;
4. Segura-se o cano paralelamente ao carregador;
5. Desliza-se a travessa no carregador, cuidando para que a extremidade traseira do
cano seja, ao mesmo tempo, introduzida no receptáculo;
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BALÍSTICA
Introdução
Discorreremos, agora, sobre alguns dos conceitos básicos que envolvem o tiro com armas de
fogo, relacionados à balística. Iremos estudar a mecânica do disparo, os fenômenos que ocorrem desde
que o projétil deixa a arma e os efeitos que o mesmo poderá causar, principalmente no alvo humano.
Entre o deflagrar da carga de projeção e o impacto do projétil no alvo, todos os princípios da
mecânica clássica se fizeram presentes, precedidos por princípios da termoquímica e da termodinâmica.
Através do estudo da balística, iremos compreender estes fenômenos, aplicando-os no correto uso do
armamento.
A Mecânica é a parte da física que estuda o movimento, assim como suas causas e efeitos. O
estudo das leis gerais da Mecânica constitui a chamada Mecânica Racional. A Mecânica Aplicada se
subdivide em três partes, a Cinemática, a Estática e a Dinâmica.
A Cinemática estuda os movimentos, independente das causas que os produzem. A Estática
estuda as forças e os equilíbrios produzidos por elas. A Dinâmica, a seu turno, estuda as relações entre
a força e os movimentos que as produzem. Estudando os movimentos e suas causas, é que se
conseguiu a construção de máquinas e mecanismos, como, por exemplo, as armas de fogo.
Balística
A Balística é uma parte da física, compreendida dentro da Cinemática e da Dinâmica, que estuda
o movimento dos corpos e projéteis no espaço. Por projétil entende-se todo o corpo que se desloca livre
no espaço, em virtude de um impulso recebido.
Ramos da Balística
Dentro do estudo da balística, existem ramos específicos, dos quais se valem os homens para
cálculos militares, astronômicos e, até mesmo, esportivos; abordaremos a balística militar e alguns
preceitos da balística forense. A primeira estuda as armas e munições com objetivo de aprimorar seus
efeitos, enquanto a segunda, visa esclarecer provas e fatos do interesse da justiça. Estes dois ramos
possuem o mesmo objeto, porém o estudam com fins diversos.
Pretendemos apenas abordar aqueles assuntos mais importantes, necessários a compor o acervo
de conhecimentos técnico-profissionais que todo profissional de Segurança Pública deve possuir, para
poder extrair o máximo de sua arma em caso de emprego real da mesma.
A balística militar, ou especial, cujo conhecimento nos afeta diretamente, pode ser dividida em
balística interior (ou interna), balística exterior, e balística de efeitos (ou terminal), como veremos a
seguir.
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Mecânica do Disparo
Já foi visto que as armas utilizam a pressão dos gases resultantes da queima da pólvora para
projetar um corpo no espaço. A mecânica do disparo pode ser assim dividida:
Percussão - uma vez que o cartucho de munição esteja alojado na câmara da arma, a
percussão ocorre com o ato de pressionar-se o gatilho, liberando o percussor, que se projeta em
direção à espoleta do cartucho, atingindo-a;
Voo Livre e Tomada do Raiamento pelo Projétil - Na maioria das armas, a primeira parte do
cano (continuação da câmara) é desprovida de raiamento, sendo que o projétil é forçado, logo após a
um curto deslocamento livre, de encontro às raias. O projétil ganha velocidade e movimento de acordo
com o sentido e o passo do raiamento. A pressão dos gases atinge seu pico a poucos centímetros da
câmara, no interior do cano, e o projétil continua seu deslocamento;
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Saída do Projétil - Neste momento, o projétil alcança a boca do cano; com a saída do projétil,
a pressão cai bruscamente, havendo escapamento dos gases. O estojo vazio, que dilatou no momento
do disparo, selando a câmara, retorna parcialmente a seu diâmetro original, permitindo sua extração.
Recuo da Arma
Isaac Newton, em 1686, já pronunciava nas leis da dinâmica, que, a cada ação corresponde uma
reação de igual intensidade, porém de sentido contrário. Imediatamente após a saída do projétil do
cano, uma força contrária, da mesma intensidade da que moveu o projétil, atua sobre a estrutura da
arma.
Esta força provoca e é conhecida como o RECUO DA ARMA, e atua no sentido do eixo do cano.
Como há diferença entre o cano e o ponto médio da empunhadura, haverá uma alavanca na arma, com
o movimento do cano para cima.
Quanto maior o calibre da arma e a potência da munição, maior será o recuo da mesma. Este,
porém, é facilmente administrável pelo atirador, através da correta empunhadura da arma. Por sua vez,
o ruído do disparo é provocado, principalmente, pela queima da pólvora.
O recuo da arma pode apresentar determinados problemas, principalmente se o atirador for
novo e inexperiente, pois ele tenderá a ter receio do "coice" da arma, em especial nas armas de grande
calibre, como os fuzis. Este fenômeno é algo com o que o atirador tem de aprender a conviver.
Para controlar os problemas referentes ao recuo das armas de fogo, algumas medidas podem
ser adotadas, como a adequação da coronha da arma, o uso de algum sistema de amortecimento do
recuo (especialmente em armas longas), como os compensadores (ou "freios de boca") ou mesmo o
constante treinamento, que auxilia a evitar os efeitos psicológicos negativos do recuo no atirador, como
antecipação do disparo, por exemplo.
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Algumas regras estabelecidas para armas de alma raiada não são válidas para as armas
desprovidas de raiamento. Nestas, as variáveis diferem, na dinâmica dos movimentos dos projéteis,
pois os cartuchos são estruturalmente diferentes.
A inexistência de raiamento faz com que a resistência ao deslocamento do projétil (ou projéteis)
seja quase nula. Há, também, o estrangulamento da boca do cano (o choque), cuja função é a de
diminuir a dispersão dos balins e aumentar o alcance útil das espingardas de combate. Entretanto, o
fenômeno do recuo é comum a ambas as armas.
Aspectos a considerar:
Pressão gerada no interior das armas – O aço das armas de fogo recebe um tratamento
específico para suportar determinado pico de pressão. A elevação indiscriminada deste índice pode
gerar a ruptura do aço, expandindo a pressão para todas as direções, inclusive a do atirador;
Condições do projétil em razão da alta pressão – Os projéteis não encamisados,
principalmente os de chumbo, tendem a deixar resíduos dentro do cano das armas, em caso de pressão
e/ou calor e velocidade excessiva, provocando o fenômeno de “chumbamento” do cano,
comprometendo assim a precisão.
A trajetória do projétil na atmosfera está sujeita à influência de vários fatores, que irão
determinar a precisão da arma, por atuarem diretamente sobre ele.
Devido à grande velocidade da maioria dos projéteis de armas de fogo, a resistência do ar detém
essencial importância, uma vez que atua como elemento frenador do projétil.
Se a trajetória fosse dividida em vários segmentos, e fosse aferida a cada um deles a energia
cinética (força viva), obteríamos diferentes valores de velocidade com relação à resistência do ar.
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Desvios do Projétil
A trajetória do projétil deve ser considerada sob um aspecto tridimensional, uma vez que os
elementos que acabamos de ver não se encontram apenas em um só plano. O projétil é passível de
deslocamentos transversais à linha de visada, devendo sua trajetória ser referida às três dimensões do
espaço. Estes deslocamentos transversais, para um ou outro lado, em relação ao objetivo visado, são
devidos a fatores intrínsecos e extrínsecos, e aos movimentos do próprio projétil, e são conhecidos pelo
nome de deriva.
Dentre os fatores extrínsecos, temos como mais significativo a influência do ar atmosférico. Este
é um elemento, na verdade, fluido, que está em constante movimento, devido ao deslocamento de
massas de ar frias e aquecidas, respectivamente, mais e menos densas, o que determina uma série de
influências sobre o projétil. A mais simples brisa lateral, dependendo da velocidade e da distância do
tiro, poderá causar grave desvio na trajetória do projétil, fazendo o atirador errar o alvo visado.
A velocidade máxima do projétil é obtida um pouco além da boca do cano da arma, em virtude
de, ainda, a pressão dos gases estar atuando sobre o mesmo. A partir daí, ele passa a perder
velocidade, por inúmeros fatores, alguns já estudados, como a resistência do ar.
Existem munições supersônicas e subsônicas; as primeiras possuem velocidade maior que a do
som (340 m/s), as segundas, menor. A utilização de um ou outro tipo de munição vai depender das
necessidades do atirador e da capacidade da arma.
Alcance da Munição
Ao referirmos o alcance de determinado tipo de munição, devemos ter em mente que este nunca
será relativo a um elemento isolado do conjunto do tiro, mas sempre a um sistema, que compreende a
arma utilizada (seu comprimento de cano, passo de raias, etc.) e a munição empregada (potência,
calibre, massa do projétil, etc.), assim como do ângulo de tiro com que a arma será disparada.
Projéteis de armas curtas, como o .38 SPL, tem baixo coeficiente balístico, algo em torno de
0,15. Já os projéteis tipos "boat tail" normalmente utilizados em armas longas, tem alto coeficiente
balístico, por volta de 0,55, destinando-se para o tiro às distâncias longas. A trajetória do projétil na
atmosfera está sujeita, também, à influência de vários fatores, que irão determinar a precisão e o
alcance do conjunto arma/munição, por atuarem diretamente sobre ele.
No início deste capítulo, nos referimos à influência da resistência do ar na trajetória do projétil. É
claro que esta resistência afeta o alcance do projétil, ou seja, se a trajetória fosse dividida em diversos
segmentos, e fosse medida a energia do projétil em cada um deles, obteríamos diferentes valores de
velocidade com relação à resistência do ar, que teria influência direta sobre o seu alcance. A força
exercida pela gravidade, como foi visto, também possui influência direta sobre o projétil.
No caso das armas curtas, quase todos os projéteis têm a configuração mais ou menos ogival ou
arredondada, e a base plana, atributos estes que fazem com que, em média a cada 100 metros,
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percam de 20 a 25 % de sua velocidade inicial. Um teste realizado pelo Exército dos EUA, quando da
escolha de sua arma de coldre regulamentar em calibre 9 mm Parabellum, revelou que uma arma curta
militar disparada a 1,5 m do solo, em posição perfeitamente horizontal (0° de inclinação), teve seu
projétil deslocando aproximadamente 250 m antes de tocar o solo.
Nas armas longas raiadas é possível melhorar sensivelmente o desempenho aerodinâmico dos
projéteis, a ponto de, em calibres como o 7 mm ou .30, a perda de velocidade ficar limitada apenas a
6% a cada 100 m de trajetória.
Como visto, o alcance de tiro, nas armas que disparam projéteis singulares ou balins múltiplos,
vai depender do ângulo de disparo (ângulo formado entre a linha de tiro e a horizontal), bem como da
arma e da munição empregada, tendo em vista a variedade de projéteis e cargas para cartuchos de
mesmo calibre.
Para estudo do alcance das munições, é necessário estabelecer diferenciação entre os diversos
tipos de alcance que serão referidos.
Alcance máximo
Também chamado alcance real, é a distância compreendida entre a boca do cano da arma e o
ponto de chegada do projétil. É calculado normalmente através de fórmulas balísticas que consideram a
velocidade inicial, o ângulo de projeção e o coeficiente de resistência (balístico).
Alcance útil
Nas armas de cano desprovido de raiamento (alma lisa), o alcance útil é determinado pela
dispersão da arma e pelas possibilidades práticas de sua utilização. Nas espingardas, o diâmetro do
círculo de dispersão, ou agrupamento, é controlado pelo choque, que é um estrangulamento na porção
final do cano, próximo à boca, que tem por finalidade agrupar os múltiplos balins disparados desde o
cartucho.
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Nas armas de cano raiado, o alcance útil é definido como sendo a distância em que o projétil
causará ferimentos de certa gravidade em alvo humano.
Alcance de utilização
Munições
São corpos carregados com propelentes ou qualquer outro produto, ou ainda uma combinação
de dois ou mais produtos, que podem ser arremessados por uma arma ou qualquer outro meio,
destinados a produzirem danos contra pessoal, material ou instalações.
Cartucho
1 - Projétil
2 – Estojo
3 - Propelente
4 - Espoleta
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Fogo Circular: A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona
quando este é amassado pelo percussor;
Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base do
estojo.
Espoleta
A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em
cartuchos de fogo central.
Tipos de Espoleta
Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de apenas um
evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;
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Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser
impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo.
Propelente
Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia química utilizada para arremessar o projétil
à frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima
do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de
matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil
Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou
pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a
pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A
pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser capaz
de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.
Tipos de Pólvoras
Atualmente, dois tipos de pólvoras, sem fumaça, são utilizadas em armas de defesa:
a) Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a
queima, aumentando a durabilidade da arma;
b) Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo
energético, gerando maior pressão e queima mais rápida.
Projéteis
Projétil é qualquer sólido que pode ser arremessado ou lançado. No universo das armas
de defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano, em virtude da queima de
uma carga de projeção.
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Tipos de Projéteis
a) Projéteis de chumbo: Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com
ligas desse metal. Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos
usos, aos quais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta.
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta
(projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos), sendo que estes
últimos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano são capazes de deformar-se e
aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Exemplos de projéteis expansivos são as
munições Hollow Point e Hydra shock.
c) Projéteis Semi-encamisados - São aqueles em que a jaqueta de cobre (ou alumínio) não
chega a cobrir todo o projétil, deixando sua ponta de chumbo exposta. Podem ser de ponta oca ou de
ponta macia, possuindo maior expansão e maior penetração, respectivamente.
São munições comumente empregadas em revólveres, em especial os de calibre .357 Magnum,
sendo que a de ponta oca é considerada a mais efetiva para o uso desse calibre.
d) Projéteis Especiais - São projéteis que, por suas particularidades únicas, são classificadas
como especiais. São as munições de fragmentação, as explosivas e as perfurantes.
Fragmentáveis: São projéteis expansivos, projetados para que se fragmentem ao entrar em
contato com o alvo. Apresentam excelentes índices de poder de parada, transmitindo grande nível de
energia ao corpo humano. Exemplos de munições fragmentáveis são as munições Glases e Mag safe.
Explosivas: São projéteis que empregam um dispositivo explosivo colocado dentro de sua
cavidade, com uma espoleta que detona ao entrar em contato com o alvo. São extremamente
perigosas, pois, podem detonar dentro da arma. Exemplo deste tipo de munição é a exploder.
Perfurantes: Seus projéteis são fabricados com aço extremamente duro, cobertos com uma
fina carapaça de Teflon, reduzindo assim sua fricção no interior do cano durante o disparo. São capazes
de atravessar sem qualquer problema obstáculos leves, como latarias de automóveis. São munições
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que devem ser utilizadas com cautela, visto que facilmente transpõem o alvo, podendo atingir o que se
encontra atrás.
Tipos de Pontas
Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o
papel de forma mais nítida;
Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar
menor número de "engasgos" com a pistola;
CALIBRE
Introdução
Calibre é o diâmetro entre os fundos do raiamento do cano de uma arma (diâmetro do projétil)
ou o diâmetro medido entre cheios, isto é, medido diretamente na boca do cano desconsiderando-se a
profundidade do raiamento (calibre real).
Estas medidas podem ser expressas em polegadas ou milímetros, sendo que ao se falar em
calibre .380, ou 9mm, faz-se referência ao calibre do projétil. Desta forma, o calibre .223" (223
milésimos de polegada ou 0,223 polegada) corresponde ao 5,56 mm. O calibre é o mesmo, apenas
expresso em unidades diferentes.
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Alma raiada: quando o interior do cano tem sulcos helicoidais dispostos no eixo longitudinal,
destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação.
Alma lisa: não possui sulcos, sendo o interior do cano liso.
Quando ouvimos falar de uma determinada munição, muitas vezes nos perguntamos: será que
esse calibre é bom para a defesa? Quando alguém diz que o calibre .22 é bom para defesa, estará ele
sendo coerente? Quando vemos o anúncio de venda de uma pistola no calibre 7,65 mm, devemos usá-
la para nossa defesa e de nossos familiares? Quando no serviço é comentado sobre o calibre .40 S&W,
ficamos calados por não saber nada sobre ele? E o .45 ACP? É tão bom assim? Se é tão bom, porque o
Exército o trocou pelo 9mm Parabellum?
No Brasil, a legislação atual não nos permite alçar grandes voos quanto aos calibres de última
geração, nem quanto ao armamento correspondente. Mas isso não impede que no policiamento nos
deparemos com uma arma cujo calibre não é permitido a civis, bem como o seu uso seja restrito às
Forças Armadas. Vamos citar aqui alguns dos calibres mais importantes no meio civil e militar para
armas curtas.
Calibre .22
É considerada a mais antiga munição de cartucho metálico do mundo, com fogo circular (1845).
Surgiu de experiências europeias na busca de munições para o tiro-ao-alvo em recintos fechados na
primeira metade do século passado. Já o primeiro revólver a calçar o .22 Curto foi um Smith & Wesson
Nº1 americano, concebido especialmente para a pioneira munição de estojo metálico.
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O calibre .22 não foi concebido para obter-se resultados balísticos excepcionais, mas sim para
uma utilização no tiro informal, ou para a prática de tiro ao alvo em competições não superiores a 50
metros, além de caça de pequenos animais, alcançando um nível de qualidade e precisão ainda não
suplantado por nenhum outro calibre (exceto os calibres recarregados profissionalmente).
Em termos de defesa, foi aperfeiçoado com o lançamento dos cartuchos de 3ª geração, além do
.22 Magnum, que possuem maior possibilidade de gerar grandes traumatismos aos órgãos atingidos,
devido à alta velocidade de deslocamento do projétil.
Usamos um revólver ou pistola neste calibre para defesa? O cartucho na configuração permitida
pela legislação brasileira (.22 LR) não é aconselhável para defesa pessoal, mas se fosse possível a
utilização legal do .22 Magnum com projétil de ponta-oca, este seria sim um cartucho razoável para
defesa, pois sua balística se aproxima do .38 SPL, devido à alta velocidade do projétil.
O calibre 6,35 mm foi criado pelo armamentista Jonh Moses Browning junto à Fabrique Nationale
de Armes de Guerre (FN), de Herstal, Bélgica, em 1906, para uso em uma supercompacta pistola de
defesa.
Nos EUA, o calibre foi introduzido em 1908, utilizando-se a medida de diâmetro de seu projétil
em centésimos de polegada, acrescido das letras ACP (Automatic Colt Pistol), tornando-se então
conhecido como .25 ACP ou .25 Auto.
Na Europa, nas décadas de 20, 30 e 40, era comum cavalheiros e até damas portarem pequenos
revólveres ou pistolas nesse calibre em seus bolsos, bolsas e até nos grandes calções de banho dos
policiais daquela época, durante seus passeios e atividades.
No Brasil, disseminaram-se pequenas armas nesse calibre até a década de 50, de origem alemã
e espanhola, sendo que até hoje é fabricado pela CBC esse cartucho.
Pelo baixíssimo Stopping Power (poder de parada) gerado pelo calibre, não cabe analisar a
viabilidade de se portar uma arma calibre 6,35 mm para defesa, pelo fato de que ele foi concebido para
ser utilizado em última instância, ou como 2ª arma.
Seu uso é útil de 2 a 5 metros, que podemos chamar de combate a curta distância, quase como
um corpo-a-corpo. É o calibre mais fraco em termos de energia, sendo desaconselhável a sua utilização
para qualquer fim pelo seu fraco desempenho
Tem como vantagem a sua destinação a armas extremamente compactas, facilitando o porte
discreto, chegando a serem usadas como a arma reserva da arma reserva. As armas cal. 6,35 mm tem
como característica o fácil manuseio e pequeno recuo, indicadas para iniciantes pouco familiarizados
com o tiro.
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Calibre .32
Foi criado por volta de 1860 nos EUA, na configuração Rim Fire (fogo circular) ou seja, sem
espoleta central no culote do cartucho.
Dez anos após a sua criação nos EUA, na Inglaterra era desenvolvido o mesmo calibre,
rebatizado de .320, de fogo central, desenvolvido especificamente para revólveres produzidos pelas
firmas Webley e Tranter. Com o advento de sua nova configuração (fogo central), o calibre disseminou-
se pela Europa, passando a ser fabricado em diversos países. Os cartuchos em fogo central, no caso o
.32 S&W (curto) e o .32 S&W Long são fabricados até hoje e ainda mantém um bom índice de vendas
para utilização em armas compactas.
O calibre .32 ao atingir um ponto vital do corpo humano, é tão letal quanto qualquer outro
calibre. Ao se tratar de pontos vitais, não existe calibre que mata mais ou calibre que mata menos.
Existe sim um índice relativo de incapacitação medido através do stopping power que cada calibre
possui ao atingir pontos não vitais do ser humano.
Criado por Jonh M. Browning em 1895, teve sua primeira utilização em uma pistola
semiautomática fabricada pela FN (Fabrique Nationale de Armes de Guerre) belga. Como na Europa já a
muito tempo existia a limitação por parte de diversos países quanto à utilização de superiores ao .32
(ou 7,65 mm), esse calibre obteve grande aceitação por parte da população, pois calibres maiores eram
considerados de uso policial ou militar, ou seja, eram considerados calibres potentes. Em 1903, a Colt
lançou nos EUA a primeira pistola no calibre, denominado Colt Pocket Model, alterando o seu nome para
.32 ACP (Automatic Colt Pistol).
Durante a 1ª Guerra Mundial (e até mesmo na 2ª), o 7,65 mm chegou a ser empregado como
munição militar por alguns países e foi largamente utilizado por Oficiais alemães como calibre de suas
armas de porte. Foi também muito utilizado em back-up guns (arma reserva) por ser calçada por armas
de pequeno porte. Utiliza projéteis com peso de 60 a 80 grains, considerados muito leves para serem
utilizados na defesa, tendo em vista a velocidade desenvolvida após a queima total da pólvora.
Cartuchos fabricados hoje pela CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), com projéteis de 71
grains (4,6 g) desenvolvem 905 pés/seg. (276 m/s) atingindo 175 joules de pressão, quando medidos
em provetes de 4 polegadas de comprimento de cano. Podem ser utilizados em qualquer arma de boa
procedência e em bom estado de conservação.
Foi lançado na Europa pela FN (Fabrique Nationale de Armes de Guerre - Herstal, Bélgica) em
1902 e chegou a ser utilizado como munição militar na Alemanha e Itália, nas armas de porte dos
Oficiais.
Com um stopping power cerca de 20% superior ao calibre .32, ainda é munição padrão de
algumas forças policiais na Europa, devido à grande portabilidade das armas que a utilizam.
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Trabalha com pressões semelhantes a do .38 Special, porém devido ao binômio baixo peso do
projétil x pequena carga de pólvora, não chega a causar igual impacto no alvo, apesar de desenvolver
velocidade superior. Encontra-se no limiar entre os calibres aceitáveis para defesa e os calibres
ineficientes.
Em 1987, o Ministério do Exército, através da Portaria nº 1237, incluiu o calibre .380 ACP e as
armas que o utilizam na classificação de armas de uso permitido, acessíveis ao civil, causando sensação
devido à novidade no mercado brasileiro.
No decorrer da Guerra Civil Norte Americana, foram desenvolvidos diversos cartuchos de fogo
circular para armas de retro carga, chegando até o calibre .58''. Em 1865, com o fim da guerra,
buscou-se um calibre que permitisse a sua utilização em armas curtas, chegando-se então ao calibre
.38, lubrificado externamente e carregado com pólvora negra.
Os primeiros cartuchos da família .38 de fogo central mantinham o diâmetro de .380'', até que
em 1875, com o lançamento do .38 Long Colt, o diâmetro foi alterado para .357/.358” (9,04 a 9,09
mm), muito longe de ser um .38'' (9.65 mm), apesar de ser mantida a denominação original de calibre
.38.
Em 1902, a Smith & Wesson (EUA) lançou no mercado o calibre .38 SPECIAL, que tornou-se um
dos calibres mais populares do mundo, projetado para ser utilizado em seu revólver Military & Police.
Hoje o calibre .38 é largamente utilizado pelas polícias militares no Brasil. Essa utilização não significa
que seja o melhor calibre para defesa. Foi popularizado pelo baixo custo e por ser o maior calibre cuja
utilização é autorizada para civis. Apesar das polícias já possuírem armas de calibres mais potentes,
perdura ainda uma quase padronização deste diâmetro no uso geral das corporações.
A munição .38 SPL+ P (plus power, plus pressure, mais força, mais pressão) é um
desenvolvimento natural do calibre .38 criado no início do século.
A munição +P é aquela que opera com pressões acima do padrão do calibre, mas ainda dentro
dos limites das margens de segurança estipulados pelos fabricantes de armas.
Em 1974, o Instituto de Fabricantes de Armas e Munições Esportivas (S.A.A.M.I.) dos EUA
normatizou a nomenclatura +P de acordo com as características técnicas de cada calibre. O calibre .38
opera a um teto de 18900 c.u.p. (Cooper Units of Pressure) sendo que o teto estabelecido para o .38
SPL + P é de 22400 c.u.p. Armas de boa procedência com manufatura recente e robusta podem utilizar
tal munição, porém seu uso constante ou excessivo acarreta um desgaste prematuro da arma. Os
revólveres TAURUS calibre .38 fabricados a partir de setembro de 1988, cujo número de série é
procedido das letras HI em diante, bem como os revólveres ROSSI fabricados a partir de janeiro de
1979 são dimensionados para atuar com munição .38 SPL + P, devido a alterações efetuadas na dureza
dos tambores dessas armas, executadas pelos fabricantes.
É importante frisar que o uso contínuo de munição +P pode reduzir a vida útil da arma que a
utiliza, em especial as de pequenas dimensões, podendo exigir ajustes periódicos em seu mecanismo.
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Com o maior recuo da arma decorrente de maior potência do cartucho, é aconselhável que o
atirador efetue prévio treinamento com tal munição, adequando inclusive o ponto de visada (armas de
mira fixa) ou regulando o seu sistema de pontaria (miras reguláveis).
Lançado juntamente com um revólver de armação pesada fabricado pela Smith & Wesson, o
calibre .357 Magnum surgiu no mercado americano em 1935, desenvolvido pela Winchester CO em
parceria com a Smith & Wesson, buscando alcançar um desempenho elevado em termos de balística,
trabalhando na faixa de 48.500 c.u.p. Possui um cartucho alongado em 14'' (3,56 mm) em relação ao
estojo do .38 SPL, visando impedir a sua introdução em tambores de revolveres .38.
Normalmente carregado com pólvora de base dupla, utiliza espoletas de maior poder iniciador,
do tipo Small Pistol Magnum.
Tal calibre é utilizado por Oficiais da PM e por pequenos grupos especializados das polícias civis e
militares, mas seu uso requer critério e bom senso. Sendo uma munição de alta potência, tem grandes
chances de atingir outro alvo, além do desejado. Sua energia pode acarretar consequências indesejadas
quando utilizado em locais com público ou contra obstáculos de baixa resistência, como paredes de
madeira, etc. A menos que se utilize um projetil altamente expansivo e deformável, este transporá o
alvo, atingindo outros mais adiante.
Este cartucho, criado pela DWM da Alemanha em 1902 para utilização na pistola militar Luger,
passou a ser utilizado posteriormente por toda a Marinha e Exército alemães. Pelas suas características,
é o cartucho para armas automáticas e semiautomáticas que obteve a maior aceitação pelas forças
militares e policiais do mundo. Destaca-se a alta velocidade de seu projétil aliado ao pequeno tamanho
do cartucho, que possibilita a utilização de carregadores de grande capacidade em armas compactas.
Essa particularidade fez nascer nos EUA o conceito wondernine, que nada mais era do que a exaltação
das pequenas pistolas nesse calibre, com carregadores de alta capacidade, classificadas então, como
armas de grande poder de fogo.
O cartucho 9 mm Luger, quando utilizado com projétil ogival, totalmente encamisado, possui
bom poder de penetração, porém com pequena deformação, reduzindo o seu poder de parada. Já com
projéteis modernos, do tipo ponta-oca (EXPO, Hidra-Shock, Silver Tip, Black Talon, entre outras
designações comerciais), ou especiais (Glaser - projétil norte-americano), o seu poder de parada
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Calibre 10 mm Auto
É um calibre que surgiu no final da década de 70 na busca de algo que se colocasse entre a alta
velocidade com trajetória tensa do 9 mm Luger, e a baixa velocidade com maior peso e diâmetro do .45
ACP.
Juntamente com o calibre, foi criada uma pistola para calçá-lo, de nome BREN TEN, fabricado
pela empresa Dixon & Dornaus, a qual, devido ao fracasso da arma, faliu dois anos após o lançamento
da mesma. O calibre ressurgiu graças à fábrica COLT, que lançou a pistola DELTA ELITE, fabricada até
hoje, onde o calibre ganhou força comercial, gerando então lançamentos de outros fabricantes, como a
GLOCK, SMITH & WESSON, SPRINGFIELD ARMORY, etc.
Apesar de ser um calibre sem repercussão nos meios militares e policiais, o FBI (EUA) fez
estudos e ensaios com a finalidade de adotar o 10 mm como padrão para o serviço, mas tal cartucho
demonstrou ser demasiadamente potente, gerando forte recuo e estampido. Trazendo dificuldade
inclusive na recuperação da visada no tiro, o calibre 10 mm foi abrandado utilizando projéteis mais
leves, disparados a velocidades mais baixas, chegando a uma balística semelhante à do calibre .45,
adequado à função policial.
A ideia da Smith & Wesson, materializada pela empresa americana Winchester, ganhou vida na
forma de um 10 mm mais curto, com menor carga propelente, pois os diâmetros dos projéteis
utilizados por aquele cartucho e o .40 S&W são idênticos (.400''/.401'').
É um cartucho que reúne diversas vantagens, como por exemplo, não ser excessivamente largo
como o .45, possuindo excelentes índices balísticos, comprovados em países de 1º mundo, boa
performance no uso militar e policial, além de ser considerado atualmente como ideal no uso esportivo.
Estatísticas publicadas nos EUA garantem que o seu Stopping Power chega a 96% de eficiência
(projétil de ponta-oca), superando o calibre .45, historicamente conhecido como mais eficaz. Além
disso, o calibre .40 S&W assemelha-se ao .45 quanto à sua operação na arma, sem falhas
significativas, ao contrário do 9 mm Luger, que é naturalmente mais seletivo quanto à configuração dos
itens utilizados na sua carga ou recarga. Cabe citar aqui que uma comparação entre os calibres 9 mm,
.40 S&W e .45 ACP é natural, pois a competição entre o 9 mm e o .45 já é histórica, quanto à eficiência
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no uso militar, policial e para a defesa do civil. O calibre .40 S&W veio somar-se à dupla, apesar de ser
considerado como uma munição que ainda encontra-se na sua infância em termos de mercado, pois foi
lançado em 1990.
A indústria de material bélico se esmera no aprimoramento de produtos para utilização deste
calibre, com o cuidado de projetar armas mais robustas, com detalhes reforçados, tendo em vista que o
calibre .40 S&W realiza uma enérgica operação de ferrolho (recuo do ferrolho, posterior ao disparo),
gerando stress à estrutura da arma.
Calibre .44
Apesar de já ser utilizado em diversas armas curtas nos anos de 1864/65, como em pistolas de
tiro único, sendo produzidas na época com cartuchos de fogo circular, o calibre .44 evoluiu ao longo dos
anos na forma de mais de 25 tipos de cartuchos diferentes.
Hoje é comercializado em três configurações diferentes, conhecidos com os nomes de .44
Special, .44-40 WCF (Winchester Center Fire), e .44 Remington Magnum.
O .44 Special é uma evolução de um cartucho elaborado para utilização militar na Rússia. Com o
advento da pólvora sem fumaça, tal cartucho cresceu comercialmente e hoje é utilizado em várias
armas no mercado americano e europeu. Taurus e Rossi fabricam para exportação excelentes armas
nesse calibre.
O .44-40 WCF, sendo um calibre originalmente lançado para ser utilizado em uma carabina
(Winchester Modelo 1873), tornou-se popular inclusive no Brasil, onde o Ministério do Exército autoriza
a utilização desse calibre para armas longas. A Amadeo Rossi fabrica a carabina Puma e a CBC
(Companhia Brasileira de Cartuchos) com cartucho nesse calibre.
O .44 Remington Magnum é considerado calibre proibido no Brasil, e não é aconselhável a sua
utilização por principiantes. Com o precedente aberto pelo calibre .357 Magnum em relação ao .38
Special, Elmer Keith - atirador conhecido nos EUA - desenvolveu o .44 Magnum aumentando a cápsula
do .44 Special em 1/8 de polegada, para impedir a utilização em armas que não fossem projetadas
para o novo calibre, que trabalhava com altas pressões (43.200 c.u.p.).
É hoje conhecido como The Big .44 (O Grande .44), alcançando o status de ser a mais poderosa
munição para caça e defesa para armas curtas no mundo. Apesar disso, não tem grande aceitação no
uso policial devido ao fato que os revólveres que a calçam são extremamente grandes, além do grande
recuo do calibre, que torna praticamente impossível efetuar disparos rápidos e seguidos com
aproveitamento.
Esportivamente, é utilizado em revólveres e pistolas de tiro único para a modalidade de silhuetas
metálicas.
Apesar de ser um cartucho com projétil e estojo muito largos, dificultando a utilização em armas
compactas, é credenciado como uma das melhores munições para defesa. Combina um projétil largo e
pesado disparado a baixa velocidade, com um grande Stopping Power.
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Generalidades
O efeito hidrostático produzido pelo impacto de um projétil num meio parcial ou totalmente
líquido é um dos principais assuntos estudados por esta parte da balística. Outro assunto
importantíssimo diz respeito à penetração de um projétil e a manutenção de sua trajetória no interior
do corpo que atinge, tendo estes assuntos grande importância nos âmbitos Policial e Militar como, por
exemplo, na determinação de projéteis que consigam perfurar pontos importantes do motor de um
veículo, ou projéteis que não proporcionem grande índice de perfuração, com o objetivo da não
transfixação de um corpo.
A seleção destes projéteis, de acordo com a sua finalidade, conta decisivamente com os estudos
acerca do perfil (formato/peso) do projétil, a velocidade do impacto, a qualidade dos materiais
utilizados na fabricação, e seu processo de fabricação, tudo isto sendo, também, objeto de estudo da
balística terminal.
A balística dos efeitos tem especial importância para a utilização das armas curtas de defesa,
com as quais se pretende não só impactar o agressor, mas também anular sua capacidade ofensiva.
Uma característica marcante deste tipo de estudo foi a criação e incorporação dos projéteis expansivos
às munições de arma curta.
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Cavidade temporária
Cavidade permanente
Cavidade que se verifica depois da saída do projétil, ou após o momento de sua parada, caso
não transfixe o corpo. Em razão da elasticidade do tecido animal, será sempre menor do que a cavidade
permanente, sendo verificada após a transmissão da energia ao corpo, quando o tecido retomará,
elasticamente, parte de sua estrutura.
Não configura a real extensão do dano, pois o mesmo é verificado no momento em que é gerada
a cavidade temporária.
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continuavam atacando, e causando baixas entre as tropas americanas. Surge, então, a preocupação
com o desenvolvimento de um tipo de munição que realmente “parasse” os inimigos.
Desta época até os dias atuais foram desenvolvidos inúmeros estudos e experiências, sempre à
procura do “calibre ideal”, que causasse incapacitação imediata do alvo atingido, sendo certo que
muitos destes estudos, levados a cabo por interessados estudiosos, dentre eles o general americano
Julian S. Hatcher, e o ex-policial americano Evan P. Marshall, tiveram várias fases, como por exemplo,
utilização de tiros em cadáveres e também em animais de pequeno e grande porte, meios para coleta
de dados buscando-se chegar ao calibre ideal. Mais recentemente (cerca de trinta anos) incluíram-se
neste rol as instituições norte americanas voltadas ao assunto, incluindo-se aí o Instituto Nacional de
Justiça, do Departamento de Justiça dos EUA.
Apesar dos inúmeros esforços, ainda nos dias atuais não se tem uma “configuração ideal” de
calibre e/ou projétil, não obstante os grandes avanços desta área, que já determinaram importantes
características, como a relação peso/velocidade e a importância da configuração dos projéteis nos
efeitos causados no alvo. Isso ocorre principalmente porque, além de todas as causas balísticas,
existem outras que interferem substancialmente na obtenção do resultado esperado, sendo os mesmos
de caráter fisiológico e/ou psicológico, inerentes à cada pessoa em particular, e que influenciam
decisivamente na questão levantada, sendo certo, porém, que ao atingir-se órgãos vitais e/ou o
sistema nervoso central, os resultados são mais rápidos e efetivos.
Um dos principais aspectos, neste sentido, é a formação das cavidades temporária e
permanente, obtidas pelo projétil ao atingir um corpo total ou parcialmente líquido, conforme o formato
do projétil e a sua velocidade, sendo o assunto estudado de forma mais específica mais adiante, neste
estudo.
Então, finalmente, o “poder de parada”, ou “stopping power” de maneira clara e simples, nada
mais é do que “a capacidade que um projétil tem para parar (ou neutralizar) a ação de um atacante,
um oponente, em seu curso de ataque, pondo-o fora de combate.” Ressalte-se, nesta definição, que
não necessariamente deve ocorrer a morte deste oponente, sendo buscada tão somente, sua
incapacitação momentânea. Outro fator é que, o índice de poder de parada da munição diz respeito,
diretamente, ao número de disparos necessários para “parar” o oponente, sendo este índice
considerado maior numa proporção inversamente proporcional ao número de disparos necessários para
esta incapacitação.
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Bibliografia Básica
• Estatuto do Desarmamento – Lei 10.826 de 22 de dezembro de 2003;
• MACHADO, Maurício Corrêa Pimentel. Coleção armamento: armas, munições e
equipamentos policiais. 22 Ed. Cascavel: Gráfica Tuicial, 2010;
• Cartilha sobre armamento e tiro da Polícia Federal;
• Manual de armamento e manuseio seguro de armas de fogo – Tribunal de Justiça do
Estado do Amazonas – 2012;
• Apostila de Armamento do Curso de Operações Especiais da Polícia Militar de Brasília.
• Manual da Pistola IMBEL MD5;
• Manual da Pistola IMBEL MD6;
• Manual da Pistola IMBEL MD7;
• Manual da Pistola TAURUS PT 100;
• Manual da Pistola TAURUS 24/7;
• Manual da Carabina IMBEL MD 97;
• Manual da IMBEL do Fuzil Automático Leve 7,62, Modelo 1964 (FAL);
• Manual da Submetralhadora TAURUS Cal 9mm MT 12A;
• Manual da Submetralhadora TAURUS Cal .40, Modelo Famae MT 40;
• Manual da Carabina TAURUS Cal .40, Modelo Famae CT 40;
• Manual da Espingarda de Combate CBC Modelo 586P.
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