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1.

Título: Literatura da revista à televisão: o hibridismo cultural nas


adaptações da obra “A Muralha”

2. Tema: Adaptação de obras literárias para a televisão (análise


comparativa dos diferentes gêneros e suportes utilizados para a
recriação da literatura e suas influências sobre a recepção do
conteúdo de “A Muralha”)

3. Identificação da área de concentração:

4. Justificativa de inclusão na linha de pesquisa pretendida:

Literatura da revista à televisão: o hibridismo cultural


nas adaptações da obra “A Muralha”

Antes do surgimento do rádio, do cinema e da televisão, os livros se constituíam


em fonte essencial de cultura e aguçavam a imaginação de seus leitores através de suas
ricas histórias. A leitura, porém, não era hábito de todos, assim como ainda não o é nos
dias de hoje. Em épocas passadas o acesso ao livro era restrito à elite da população.
Hoje, mesmo com fácil acesso a livros, a leitura ainda não é um hábito dos brasileiros.
Diante desse cenário, a literatura encontra no avanço dos meios de comunicação,
uma nova forma de exposição. O cinema desde o início do século XX se utiliza das
histórias literárias. Mas é na televisão, o meio de comunicação mais popular do país,
que a literatura se funde em diferentes gêneros e formatos através das adaptações.
Sandra Reimão define o processo de adaptação:

Uma adaptação de um texto literário para um programa televisivo é, em


primeira instância, um processo de mudança de suporte físico. Trata-se de
uma passagem de sinais e símbolos gráficos assentados em papel para um
conglomerado de imagens e sons, captados e transmitidos eletronicamente
(REIMÂO, 204, p.107)

Iremos analisar neste trabalho o processo de adaptação de obras literárias


através de diferentes suportes como revista e televisão. O objeto de estudo é a obra “A
Muralha”, de Dináh Silveira de Queirós. A obra foi escolhida devido a suas
peculiaridades: inicialmente foi escrita em capítulos que iam sendo publicados na
revista “O Cruzeiro”, de São Paulo, em 1954. Logo depois foi transformada em livro.
Na década de 1960, transformou-se em novela por duas vezes, a primeira em 1961, na
TV Tupi, e a segunda em 1968, na TV Excelsior. Finalmente no ano de 2000, em
comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil, a obra foi base de uma
superprodução da Rede Globo de Televisão, uma minissérie que atingiu uma das
melhores audiências de todos os tempos.
Percebe-se através desse rápido histórico que a riqueza de adaptações da obra é
muito vasta, representando um verdadeiro hibridismo cultural, no qual se fundem
diferentes formatos e gêneros culturais. A obra é diferenciada desde seu nascimento,
através da utilização de um suporte da comunicação – uma revista – para sua
publicação. Somente depois vira livro, então se torna novela por duas vezes e ainda uma
minissérie. Diante disso nos questionamos: como ocorre esse processo exaustivo de tirar
da literatura diferentes produtos? O que diferencia um produto do outro? O que ganha o
leitor/ telespectador com tais adaptações? O que ganha a televisão ao recorrer à
literatura e o que ganha a literatura ao ser adaptada a um meio acessível e popular?
Ao ler um livro, o indivíduo constrói um processo próprio de recepção e fruição
do que lê, utilizando a imaginação para recriar em sua mente o que é lido e sendo ainda
dono do tempo de leitura, podendo parar para analisar algum trecho da história. Já ao
ser escrita em capítulos para uma revista, a história parece encontrar um ponto mediano
entre televisão e livro: a leitura – assim como no livro – continua sendo a base, porém o
formato em capítulos se aproxima da televisão, já que o leitor não é mais senhor de seu
tempo de leitura, é preciso esperar até a próxima edição para saber o que acontece no
enredo.
Ao transformar-se em novela, temos uma nova e diferenciada adaptação que
segundo Doc Comparato vai além de uma simples mudança de suporte:

Adaptação é uma transcrição de linguagem que altera o suporte linguístico


utilizado para contar a história. Isso equivale a transubstanciar, ou seja,
transformar a substância, já que uma obra é a expressão de uma linguagem.
Portanto, já que uma obra é uma unidade de conteúdo e forma, no momento
em que fazemos nosso conteúdo e o exprimimos noutra linguagem,
forçosamente, estamos dentro de um processo de recriação.

A telenovela, produto audiovisual transmitido pela televisão em capítulos


diários, com duração em média de seis meses, é a programação mais popular do Brasil.
Em geral, visa o mero entretenimento, é composta de várias tramas e seguidamente
utiliza a literatura como fonte de inspiração. Com a novela temos não mais a
imaginação a serviço da recriação do que é lido, mas sim uma imagem pronta, unida ao
som. Temos a recriação gerada por um roteirista ou diretor de TV que oferece um
produto na maioria das vezes fechado ao telespectador.
Quando falamos em minissérie, encontramos também um produto audiovisual
pronto, porém com duração bem mais curta, que varia hoje de 30 a 50 capítulos. Alguns
estudiosos vêem a minissérie como uma forma de quebrar a mesmice da programação
televisiva. Geralmente é feita através de grandes produções, com capítulos mais caros
do que os de novelas e talvez por isso seja considerada por alguns como “a elite da
programação televisiva”.
As adaptações de obras literárias para a televisão, seja no formato novela, seja
no formato minissérie, trazem à tona importantes discussões. Não é raro encontrar quem
lê um livro e ao assistir sua adaptação para o audiovisual se diga decepcionado. Isso
porque nem sempre o que é reproduzido através de imagens e sons corresponde ao que
o leitor imaginou ao ler a obra. Alguns teóricos, inclusive, defendem a ideia de que o
produto que vai ao ar na tela é uma traição à história escrita. No entanto, sabe-se, como
já citado por Comparato, que é impossível ser absolutamente fiel a um texto. Assim
como cada indivíduo recebe o que é lido de forma diferente, devemos lembrar que a
adaptação é feita por um roteirista que é dono de sua própria forma de recepção.
Esses novos olhares sob a obra podem representar não uma traição, mas sim a
riqueza de possibilidades no campo da recriação e do hibridismo cultural existente entre
literatura e meios de comunicação. Percebe-se que é mais prudente questionar não a
fidelidade da novela ou minissérie ao texto, mas sim no que ele é transformado.
Defender a fidelidade ao texto seria ir contra a própria lógica do hibridismo cultural,
que é o entrelaçamento dos diferentes gêneros e suportes, na produção de uma
adaptação.
Alguns críticos, analisando-se então não a fidelidade ao texto, mas sim o próprio
produto criado, levantam que a obra literária é vulgarizada para se adaptar aos padrões
populares dos telespectadores da TV aberta. Habermas sustenta que a adaptação, na
maioria das vezes, transforma um produto rico culturalmente em um mero produto da
cultura de massa:

no domínio muito amplo da cultura de consumo, são as consideração ditadas


pela estratégia que determinam não somente a escolha, a difusão, a
apresentação e o condicionamento das obras, mas também a sua produção
como tal (HABERMAS, apud AVERBUCK, p. 181).
Referências bibliográficas
COMPARATO. DOC. Da criação ao roteiro. 4º Edição. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1999
DELGADO, Flavia. Do livro à TV: Personagens femininas em Os Maias de Eça de
Queiroz.140f. Dissertação (Mestrado em comunicação Social) . universidade Metodista de
São Paulo, São Bernardo do Campo.
ECO, Humberto. Apocalípticos e Integrados. SP, Perspectiva, 6ª Ed., 2001. (Págs. 33 a
67)
ECO, Humberto. Seis passeios pelos Bosques da Ficção. São Paulo. Companhia das
Letras, 2004
FIGUEREDO, Ana Maria C. Teledramaturgia brasileira arte ou espetáculo. São
Paulo:
Editora Paulus, 2003.
GUIMARÂES, Hélio. A presença da literatura na televisão: observações sobre
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literárias para programas de televisão. Revista USP. São Paulo: CCS/USP, n.º 32, p.
190-
198, 1967-1997.
LIMA, Luiz Costa. (Coord.) A Literatura e o Leitor: textos de estética da recepção.
2ª Edição revista e ampliada. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
MAINGUENEAU, Dominique. O Contexto da Obra Literária. São Paulo: Martins Fontes,
20001.
PELLEGRINI, Ada. (coord.) A literatura , cinema e Televisão. São paulo: Editora
SENAC,
2005.
REIMÃO, Sandra. Mercado editorial brasileiro. SP, ComArte, FAPESP, 1996 (Págs. 23
a 33)

___________. Livros e televisão: correlações. São Paulo: Ateliê Editorial,2004.

A Muralha (livro)
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A Muralha é um romance publicado no Brasil por Diná Silveira de Queirós em 1954,


em comemoração aos 400 anos da cidade de São Paulo. Foi escrito originalmente em
capítulos que iam sendo publicados na revista O Cruzeiro. Logo depois, apareceu
também em livro, tornando-se um dos grandes sucessos da autora. O romance foi
traduzido para o japonês—visando a colônia japonesa no Brasil e depois em Tóquio
para o público japonês—e para o coreano, na Coréia do Sul e foi quadrinizado em 1957
no Brasil. Foi adaptado para a televisão por três vezes: em 1961, na TV Tupi; em 1968,
na TV Excelsior e em 2000, na TV Globo.
Resumo
A Muralha narra a bravura, a violência, as paixões, intrigas e ódios dos primeiros
desbravadores do Brasil. A paisagem e os costumes, a família colonial, as lutas dos
homens na selva e a busca do ouro são recriados neste livro, marcado por personagens
fortes como Dom Braz, Isabel, Tiago, Mãe Cândida, Cristina, Margarida e Aimbé.

Curiosidades
Seções de curiosidades são desencorajadas sob as
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Este artigo pode ser melhorado integrando ao texto itens relevantes e
removendo os inapropriados.
 Na minissérie de 2000, a protagonista Cristina teve seu nome mudado para
Beatriz.
 No meio da minissérie é descoberto que Isabel é filha de Dom Braz, mas no
livro ela começa e termina como sobrinha de Dom Braz.
 Na minissérie, Beatriz (Cristina) descobre a traição de Tiago porque ele mesmo
lhe conta, a gravidez de Isabel ouvindo um conversa de Basília e Mãe Cândida e
a paternidade da criança ela descobre por conta própria. No livro ela descobre a
traição de Tiago e a paternidade do filho de Isabel porque Aimbé lhe conta.
 Na minissérie, Joana Antônia são duas persongens separadas.
 Dom Gonçalo, no livro, é um parente de Dom Braz, na minissérie o barbeiro da
vila.

Adaptações para TV e cinema


 A Muralha - a novela de 1961
 A Muralha - a novela de 1968 com Arlete Montenegro como Cristina, Edgard
Franco como Tiago, Cleyde Blota como Joana Antonia, Paulo Celestino como
Mestre Davidão, Fernanda Montenegro como Mãe Cândida, Mauro Mendonça
como Dom Braz, Nicette Bruno como Margarida, Gianfrancesco Guarnieri
como Leonel, Maria Isabel de Lizandra como Rosália, Paulo Goulart como
Bento Coutinho, Rosamaria Murtinho como Isabel, Rivaldo Perez como
Apingorá, Nathália Timberg como Basiléia e Stênio Garcia como Aimbé
 A Muralha - a minissérie de 2000 com Leandra Leal como Beatriz (Cristina),
Leonardo Brício como Tiago, Cláudia Ohana como Antonia, Pedro Paulo Rangel
como Mestre Davidão, Vera Holtz como Mãe Cândida, Mauro Mendonça como
Dom Braz, Maria Luísa Mendonça como Margarida, Leonardo Medeiros como
Leonel, Regiane Alves como Rosália, Caco Ciocler como Bento Coutinho,
Alessandra Negrini como Isabel, André Gonçalves como Apingorá, Deborah
Evelyn como Basília, Enrique Diaz como Aimbé e Stênio Garcia como Caraíba

A Muralha (minissérie)
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1968, veja A Muralha (1968).
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A Muralha
Informação geral
Formato Minissérie
Classificação etária
DJCTQ (Brasil)
Duração 40 minutos aproximadamente
Criador Maria Adelaide Amaral
País de origem Brasil
Idioma original Português
Produção
Diretor(es) Denise Saraceni
Elenco original Leandra Leal
Leonardo Brício
Letícia Sabatella
Alessandra Negrini
Alexandre Borges
Cláudia Ohana
Pedro Paulo Rangel
Vera Holtz
Mauro Mendonça
Maria Luísa Mendonça
Leonardo Medeiros
Tarcísio Meira
e grande elenco
Exibição
Emissora(s) de Mostrar lista
televisão lusófona(s) [Expandir]
Transmissão original 4 de janeiro de 2000 - 31 de março de 2000
N.º de temporadas 1
N.º de episódios 51
Portal Televisão · Projeto Televisão

A Muralha foi uma minissérie brasileira de televisão exibida pela Rede Globo de 4 de
janeiro a 31 de março de 2000, às 22h30, com 51 capítulos. É baseada no romance
homónimo de Dinah Silveira de Queiróz. A minissérie foi escrita por Maria Adelaide
Amaral, João Emanuel Carneiro e Vincent Villari, direção de Denise Saraceni, Luíz
Henrique Rios e Carlos Araújo. Direção geral de Denise Saraceni e Carlos Araújo e
núcleo de Denise Saraceni. A minissérie será reprisada a partir do dia 17 de agosto, às
22h50. Durante todo o período eleitoral.
Índice
[esconder]
 1 Enredo
 2 Personagens
 3 Elenco
 4 Trilha sonora
 5 Curiosidades
 6 Referências

 7 Ligações externas

[editar] Enredo
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"Século XVII, três mulheres em busca de um sonho, para alcançá-lo devem cruzar a
maior cadeia de montanhas do Brasil, devem cruzar A Muralha." (traduzido do site da
minissérie no Canal 13 do Chile)

Os bandeirantes, pioneiros no desbravamento do território brasileiro. Paulistas em sua


maioria, por volta de 1600, suas atividades consistiam em abrir rotas rumo ao interior
do país em busca de riquezas e, também, índios, para serem vendidos como escravos.
Mesmo sob domínio territorial português, a luta pela posse das propriedades era
constante. Vindos de diferentes partes do mundo, inúmeros forasteiros e estrangeiros
tentavam se apossar do território conquistado pelos bandeirantes. A muralha é referência
à Serra do Mar, um grande obstáculo às incursões ao centro do país. É pelas cercanias
da Vila de São Paulo, na fazenda de Lagoa Serena, após atravessar a muralha, que
habita Dom Braz Olinto (Mauro Mendonça), um patriarca que lidera sua família e sua
bandeira com muito trabalho e sacrifício. Sua luta principal é dominar e vender mão-de-
obra indígena, adquirida através das empreitadas feitas ao interior. Nisto se difere de seu
filho Tiago Olinto (Leonardo Brício), que vê na conquista do ouro a grande razão para
seu empenho pessoal. Junto de Dom Braz em suas aventuras está também Afonso Góis
(Celso Frateschi), seu genro, casado com Basília (Deborah Evelyn), sua filha. O casal
padece da dor da perda do filho Pedro, que desapareceu, aos 13 anos, durante uma
expedição com o pai. Em função disso, a expectativa pelo reencontro do filho é uma
constante para Afonso e Basília. Rosália (Regiane Alves), a caçula de Braz, é uma
jovem determinada, que se dispõe a largar tudo quando se apaixona de verdade por
Bento Coutinho (Caco Ciocler), que trabalha na bandeira de seu pai. Leonel (Leonardo
Medeiros),seu filho e casado com a sensível Margarida (Maria Luísa Mendonça), que
acha que seu casamento só será completo após a chegada de um filho. Ainda na fazenda,
mora Mãe Cândida (Vera Holtz), esposa de Dom Braz, que assume a casa nos períodos
em que os homens estão fora. Afetuosa, porém contida, seus critérios não se baseiam na
religião ou na justiça, mas nas prioridades de seus homens. Junto dos filhos mora a
sobrinha Isabel (Alessandra Negrini), a única mulher a enfrentar a mata e as batalhas no
meio dos homens. Ela é considerada por Dom Braz o melhor soldado de sua tropa,
inclusive, porque salvara a vida do tio durante um ataque à aldeia. Isabel é apaixonada
por Tiago e tem comportamento selvagem, o que a faz sentir-se quase como um bicho.
Após a batalha, Dom Braz informa Tiago de que havia mandado vir de Portugal uma
mulher, que não fosse uma nativa ou impura, para se casar com o filho. O conflito entre
os dois é inevitável. Tendo sido criado no Colégio dos Jesuítas, Tiago teve contato com
pensamentos renascentistas e era contra a dominação e o desrespeito aos índios. Seu
interesse estava concentrado na observação de estrelas e em sonhar com a conquista do
ouro no sertão, na cidade de Sabaraboçu, que muitos achavam se tratar de uma lenda.
Tiago tem como melhor amigo o índio Apingorá (André Gonçalves), líder de sua tribo,
que sabe ler e escrever em português e ajuda Dom Braz nas suas empreitadas. Pelo mar
chega Beatriz (Leandra Leal), a noiva de Tiago, que é também sua prima. Trata-se de
uma menina cheia de sonhos e apaixonada pelo futuro esposo, que sequer conhece.
Junto com ela chegam Ana (Letícia Sabatella), a prostituta Antônia (Claudia Ohana) e
padre Miguel (Matheus Nachtergaele). A chegada até Lagoa Serena se dá por uma
tortuosa caminhada através da Serra do Mar, que já simboliza toda a dificuldade que
Beatriz, uma dama européia, encontra na rudeza dos territórios brasileiros da época. Ao
longo do caminho, porém, ela se revela alguém de muita fibra e força, disposta a
enfrentar tudo para alcançar seus objetivos, despindo-se de seus sapatos e vestes para
enfrentar os campos coloniais. Ana é uma cristã-nova, que chega triste ao Brasil para
cumprir sua promessa e casar-se com Dom Jerônimo (Tarcísio Meira), um comerciante
inimigo de Dom Braz. A promessa de casamento fora feita por seu pai, a quem Dom
Jerônimo livrara da fogueira da Inquisição. Ao chegar ao Brasil, Ana é recebida por
Guilherme Schetz (Alexandre Borges), responsável por levá-la até Dom Jerônimo.
Assim, Ana passa uma noite na casa de Guilherme, pressentindo que seu destino após a
boa companhia do rapaz não seria bom. A figura de Dom Jerônimo era a síntese da
hipocrisia religiosa de seu tempo e, ao conhecer Ana, ele passa a escravizá-la e espioná-
la para saber de sua real conversão. Trata-se de um pervertido, que estupra a índia
Moatira (Maria Maya) inúmeras vezes. Dissimulado, porém, passa a maior parte do
tempo a procurar heresias e escrevendo cartas ao tribunal do Santo Ofício, a Inquisição.
Antônia veio ao Brasil em busca de um bom casamento, sabendo que não havia muitas
mulheres brancas por estas terras. Irreverente e debochada, ela ocupa funções
estratégicas na vila, como mensageira entre Ana e Guilherme e, mais tarde, ao
reencontrar Beatriz, ajudando-a a conquistar Tiago. Já ao chegar, cai nas graças do bem-
humorado Mestre Davidão (Pedro Paulo Rangel), que passa a cortejá-la. Padre Miguel é
um jovem idealista e verdadeiramente crente de sua missão: evangelizar o gentio. Em
seu caminho, a paixão pela índia Moatira o faz rever seus conceitos e acreditar que o
caminho cultural traçado por nossos indígenas não era errado, mas diferente. Beatriz
enfrenta forte luta para conquistar o coração de Tiago. Acobertada por Mãe Cândida,
Isabel esconde até quando pode sua gravidez, fruto do relacionamento com o primo a
quem amava. Durante uma batalha, no entanto, Dom Braz é atingido e, antes de morrer,
confessa à Isabel que ela também é sua filha. Ciente de que não poderia levar seu
sentimento adiante, a moça se despede de Tiago e entrega seu filho à Beatriz, para que
ela assuma sua criação. Isabel segue, então, para uma aldeia e, sob a proteção de
Caraíba (Stênio Garcia), é intimada a cumprir seu destino. Voltando ao lugar que lhe
pertence, nua, ela anda rumo à mata, que a acolhe, dando a entender que se transforma
em uma onça. Após denunciar vários cidadãos da vila à Inquisição, Dom Jerônimo
passa a mandar prender todos aqueles que se colocam contra sua autoridade. São presos:
Mestre Davidão e Antônia, Ana e Guilherme e, também, padre Miguel. Para o
julgamento inquisitório, o próprio Dom Jerônimo assume o papel de juiz e arma uma
audiência pública para incriminar os acusados. Lá, eles são acusados injustamente de
pecados como apostasia, prostituição e devassidão moral. Perante os demais cidadãos,
que acompanham inconformados aquele julgamento, todos são condenados à fogueira.
Antes de ser queimado, entretanto, Guilherme consegue uma faca e acerta o abdômen
de Dom Jerônimo. Nesse momento, ele passa a ouvir as verdades sobre sua própria
devassidão e pecados ditas por Ana e vê, no centro da fogueira, a falecida índia Moatira,
a quem estuprara diversas vezes e Dom Braz, seu inimigo mortal. Desesperado com as
alucinações, termina morto em uma das fogueiras que ele mesmo acendeu. Antônia
aceita casar-se com Davidão e Ana passa a viver feliz ao lado de Guilherme, terminando
grávida. Padre Miguel se dedica a cuidar dos índios, sob orientação de Caraíba, e vê nas
pequenas meninas a imagem da índia Moatira, a quem amava. Em Lagoa Serena,
Leonel chega de Sabaraboçu dizendo ao irmão Tiago que a terra do ouro não era uma
lenda. Nove meses se passam e após Beatriz dar à luz a pequena Margarida, nome dado
em homenagem a falecida cunhada, os dois irmãos tomam a estrada rumo a essas terras,
em companhia de Beatriz, que se diz pronta para enfrentar o que for ao lado do marido e
levam os filhos Braz e Margarida.

[editar] Personagens
 Beatriz Ataide: É uma bela menina, frágil e de natureza romântica. Filha de um
nobre navegador português que lutou na famosa Batalha do Alcácer Quibir e
morreu num naufrágio, quando voltava das Índias com especiarias. Vem para o
Brasil para casar-se com Tiago, o primo de segundo grau que não conhece, mas
com quem sonha viver um amor eterno. Depois do choque cultural que sofre e
de ser evitada por Tiago, Beatriz vai, aos poucos, deixando os modos aristocratas
e se adaptando à vida na colônia. Acaba se tornando uma mulher forte e decidida
e, aos poucos, vai ganhando Tiago, que a ama mas foge dela.
 Tiago Olinto: Filho de Dom Braz, foi criado no Colégio dos Jesuítas, onde
desenvolveu idéias quase renascentistas. Respeita os índios e não gosta de
escravizá-los. Aos 25 anos, tem o sonho de encontrar ouro no sertão, na cidade
de Sabaráboçu, que muitos acham ser uma lenda. Assume um comportamento
esquivo quando contraria o pai, por não estar de acordo com as ações das
Bandeiras. Guarda segredos muito graves e por isso, evita sua noiva Beatriz,
apesar de amá-la desde o dia em que Dom Braz mandou buscá-la.
 Ana Cardoso: Mulher de 25 anos, bonita e íntegra, sofre muito por ser judia e
obrigada a se converter para não morrer na fogueira. É cristã-nova, mas mantém
as tradições de sua religião de origem. Ela chega ao Brasil para se casar com
Dom Jerônimo por causa de uma dívida de gratidão que seu pai tem para com
ele. Entrega todos os bens da família para Jerônimo, se submetendo ao máximo
sacrifício pela vida do pai. Na viagem para o Brasil, se torna amiga de Antônia e
Beatriz. Ao desembarcar, conhece Dom Guilherme, por quem se apaixona. No
entanto, reprime os seus sentimentos por medo de que o pai seja morto em
Portugal a mando de Jerônimo, que é irmão do Inquisidor-Mor. Com a ajuda de
Antônia e Davidão, comunica-se com Guilherme sempre que pode.
 Dom Guilherme Schetz: Sedutor e romântico, é dono de um engenho de açúcar
em São Vicente e mantém negócios com Dom Jerônimo. É amigo da família de
Dom Braz e também tem negócios com ele, não tomando partido quanto a
inimizade dos dois. De origem flamenca, gosta do Brasil e relaciona-se com as
índias sem pudor. Trata todos os seus empregados honestamente, dando uma
retribuição por seus serviços prestados, fato inédito num tempo de escravidão.
Ao buscar Ana na praia, a pedido de Dom Jerônimo, se apaixona por ela e vai
tentar libertá-la de seu cativeiro. Gosta de cantar e tocar violão.
 Antonia Brites: Espanhola de origem, Antônia vivia em Portugal como
prostituta. Bonita, irreverente e generosa, chega ao Brasil para procurar um
marido bom e compensador de seu passado. Logo que chega, já tem vários
homens aos seus pés,pois existem poucas mulheres brancas na Vila de São
Paulo. Encanta-se com a beleza de Bento Coutinho e resolve casar-se com ele.
Quando percebe que está sendo usada, vai morar com Davidão, mas continua
procurando um marido. Amiga de Ana e Beatriz, ajuda-as com seus amores,
principalmente virando mensageira de Ana e Guilherme. Canta músicas
portuguesas e encanta com sua bela voz, doce e suave.
 Mestre Davidão: Engraçado e bem-humorado, o comerciante Mestre Davidão é
mais um judeu convertido falsamente em cristão-novo para escapar do
preconceito. Apaixona-se por Antônia desde o início, mas vê a amada escolher
outro homem. Também ajuda Ana e Guilherme passando mensagens,
principalmente nas cerimônias religiosas. Abriga Antônia em sua casa e é muito
amigo dela, apesar do desgosto amoroso.
 Mãe Cândida Olinto: Esposa de Dom Braz, pode ser tanto calada e afetuosa
quanto áspera e enérgica. Passa boa parte do tempo no tear, mas age direto na
vida de todos. Seus critérios não se orientam pela religião ou pela justiça, mas
pelas prioridades dos seus homens. Ao mesmo tempo, não hesita em rejeitar o
filho Tiago, depois que fica ferido numa luta e é acusado de covardia.
 Dom Braz Olinto: Patriarca da família de Lagoa Serena, ele é a autoridade
absoluta no local. Endurecido por causa de tantos anos no sertão, procura, ao
mesmo tempo, ser sensato e implacável com seus inimigos. É um homem
objetivo que deixa alguns momentos de ternura aparecerem, mas pode ser
violento a qualquer hora. Participa ativamente das Bandeiras, vende índios,
negocia com comerciantes de toda espécie e não hesita em comprar brigas com
quem tenta impedí-lo, no caso os jesuítas e Dom Jerônimo. Tem um fraco
especial pela sobrinha Isabel, a quem considera como um filho homem. Foi
quem arrumou o casamento de Beatriz e Tiago, fazendo de tudo para que
aconteça.
 Margarida Olinto: Esposa de Leonel, é doce, inteligente e sensível, mas de
saúde frágil. Filha de um falecido senhor de engenho de São Vicente, foi
educada no Colégio dos Jesuítas, onde aprendeu literatura, poesia e desenvolveu
um dom criativo que cultiva sempre que pode: escrever poemas. Sua casa é um
ambiente colorido e original, em contraste com os outros locais. É dona de um
papagaio falante e se tornará, juntamente com Ana e Antônia, a maior amiga de
Beatriz. Seu único sofrimento é não conseguir ter filhos. É muito apaixonada por
Leonel e sofre quando ele vai para o sertão. Desconfia de seu relacionamento
com Isabel, mas acaba confiando no amor de seu marido.
 Leonel Olinto: Filho de Braz e Cândida, Leonel é casado com Margarida, por
quem é apaixonado. É um homem de ação, tanto nas empreitadas contra os
índios quanto na busca por ouro. É contra a participação de mulheres nas
Bandeiras e desconfia do relacionamento entre Isabel e Apingorá. Tem muito
carinho por ela, o que acaba sendo mal interpretado por Margarida, que chega a
desconfiar que ele deitou-se com ela. Guarda segredos junto com Tiago, que só
irá dividir com a esposa.
 Isabel Olinto: Sobrinha de Dom Braz e muito querida por ele. Não tem
nenhuma feminilidade e comporta-se como um homem, tratada por Dom Braz
como um filho. Os dois têm muita afeição um pelo outro e ele é a única pessoa
por quem ela mostra carinho e respeito. É muito querida por Leonel, mas afasta-
o como afasta a todos. Vive no meio dos índios, pinta-se e dança como eles, o
que causa problemas com a família. Tem um comportamento muito estranho,
que ninguém entende, pois está grávida e é apaixonada pelo primo Tiago, sendo
capaz de fazer as piores maldades para conquistá-lo. Por isso, é inimiga de
Beatriz. Mais tarde descobre-se que é filha de Dom Braz.
 Apingorá: Apingorá é o melhor amigo de Tiago e convive com as pessoas de
Lagoa Serena. É alfabetizado porque estudou no Colégio dos Jesuítas, mas não
deixa sua cultura de lado. Apingorá vive parte do tempo em sua aldeia, onde é
chefe de vários outros índios. Tem uma forte amizade com Isabel e a
proximidade será interpretada como envolvimento, o que coloca sua vida em
risco.
 Rosália Olinto: Jovem, bonita, impulsiva e determinada, Rosália é a favorita da
família por sua irreverência. Gosta de brincar com os bichos que rondam a casa
e se torna companheira de Beatriz. Mesmo com toda a proteção da família, não
hesita em fugir de casa com Bento Coutinho quando seu coração pedir, causando
desgosto aos pais.
 Bento Coutinho: Bonito e sedutor, é um cafajeste aventureiro. É comerciante e
topa qualquer serviço para enriquecer. Associado a Dom Braz na Bandeira para
garantir seus índios escravizados, começa a trabalhar para Dom Jerônimo,
traindo Dom Braz. Usa Antônia para fazer marmelada, mas ela o larga quando
descobre que está engraçando-se com Rosália, por quem apaixona-se. Vira
inimigo de Dom Braz e não pode casar-se com ela.
 Basília Olinto Góis: Versão jovem e sofrida de Mãe Cândida, Basília é casada
com Afonso Góis. Ela não se conforma com o desaparecimento do único filho,
Pedro, de 13 anos, durante uma Bandeira. Basília não queria que o menino fosse,
mas o pai e o marido insistiram. Além disso, perde o marido numa emboscada
de Dom Jerônimo. Com a perda do filho e do marido, torna-se uma mulher
trabalhadora, mas de poucas palavras.
 Afonso Góis: Marido de Basília, Afonso Góis é um bandeirante que vai à luta
por índios e ouro. Assim como a esposa, sofre muito por causa do
desaparecimento do filho, tendo passado mais de um ano no sertão procurando o
garoto. Encarregado de informar a Coroa sobre a descoberta de ouro em
Ribeirão Dourado, acaba sendo vítima de uma emboscada armada por Jerônimo
Taveira.
 Leonor: É ajudante de Dom Jerônimo e encobre suas tramas e perversões. Faz
tudo que ele manda sem contestar e judia muito de Ana e das índias que passam
pelos domínios de Dom Jerônimo. É cruel e impiedosae também muito
misteriosa.
 Dom Jerônimo Taveira: Um legítimo representante de seu tempo, Dom
Jerônimo é fingido, hipócrita e esconde a sua alma malvada com uma
legitimidade religiosa que finge ter. Ao conhecer Ana, vai escravizá-la e espioná-
la dia e noite para saber se ela continua judia ou realmente se converteu. Não
poupa bolinagens às índias e vive aterrorizando os cristãos-novos que não vão à
missa ou às procissões. Está sempre à procura de alguma heresia e vive
escrevendo cartas para o Santo Oficio.
 Genoveva: Genoveva é uma índia velha, que ajudou a criar todos os filhos de
Mãe Cândida. É especialmente ligada a Rosália, que nunca a obedece. Vira
cúmplice de seu romance com Bento Coutinho, apesar de alertá-la sobre os
perigos. Empregada leal, está sempre disposta a ajudar.
 Aimbé: Filho de um branco com uma índia, Aimbê é meio-irmão de Isabel, mas
é desprezado por ela. Ele interage como os brancos, mas se sente rejeitado por
não ser um deles. Por causa disso, acaba deixando-se levar por Bento Coutinho,
trazendo mais desconfiança para a família de Dom Braz sobre sua lealdade.
 Moatira: Índia bonita, ingênua e espontânea, tem sua família destruída pelo
ataque da bandeira de Dom Braz. Seu namorado é morto e seu filho é levado por
Tiago, que fica com pena deles e a defende quando é molestada por um mestiço
de Bento. É levada por Bento Coutinho, passa pela casa de Dom Jerônimo, onde
é molestada e torturada. Acaba sendo protegida por Ana e Padre Miguel. Gosta
dos rituais católicos, embora não pratique nenhum deles. Está sempre perplexa
com a noção de pecado dos brancos e vai se deixar levar pelo sentimento que
também nutre pelo jesuíta.
 Padre Miguel: Padre jesuíta, de 25 anos, é idealista e acredita que sua missão é
converter as pessoas à sua religião, tarefa à qual se entrega de corpo e alma. Ao
conhecer a índia Moatira, irá se apaixonar e, aos poucos, percebe que o melhor é
deixar os índios seguirem sua cultura e crenças. Essas novas idéias farão com
que entre em choque com o Padre Simão. Confissor de Ana, fica espantados com
as maldades de Dom Jerônimo, mas nada pode fazer devido ao sigilo do
confissionário. Recusa-se a ajudá-la com Guilherme, pois ela é casada, apesar de
saber de suas desgraças.
 Parati: Índio também da aldeia dos Apingorás, vive com a Bandeira de Dom
Braz e é amigo de Tiago. Por amizade a ele, guarda segredos que podem
comprometer toda a sua aldeia.
 Padre Simão: Cristão-novo que se converteu realmente à igreja católica, Padre
Simão é um jesuíta convicto de seus ideais. Para ele, a ação da Companhia de
Jesus é fundamental para a sobrevivência dos índios, porque assim eles serão
protegidos das bandeiras. Porém, teme muito Dom Jerônimo por ser irmão do
Inquisidor-Mor. Apesar de saber de sua hipocrisia e de seus abusos às índias,
nada pode fazer por ele ser essencial à sustentação da Igreja.
 João Antunes: Comerciante e dono de Bandeira, João Antunes mora na Vila de
São Paulo e compete com Dom Braz no tráfico de índios. Porém, os dois se dão
bem e pretendem casar seu filho Vasco com Rosália.
 Dom Gonçalo: Gonçalo é o barbeiro da cidade, por onde passam as fofocas que
rondam a vila. Também pretende se casar com Antônia.
 Vasco Antunes: Filho de João Antunes, apaixona-se por Beatriz e pretende
casar-se com ela, portanto rival de Tiago. Porém, como ela vai casar-se com
Tiago, resolve investir em Rosália. É jovem e galanteador.
 Dom Bartolomeu: É um dos pretendentes de Antônia. Ouvidor da Capitania,
orgulha-se por ter cursado letras em Coimbra. Possuidor de uma edição dos
Lusíadas, de Camões, usará esses argumentos culturais para se casar com
Antônia, a quem fica a recitar poemas.
 Dom Cristovão Rabelo: Vereador de Vila de São Paulo, é o segundo
amancebado de Antônia. Gosta de se vestir luxuosamente, mas é tão pão-duro
que não paga nem o alfaiate. Por ser político, acha que sua posição garante
certos privilégios. Vive planejando com os outros pretendentes de Antônia
sabotar Davidão e provar que ele ainda é judeu.
 Dom Falcão: Alfaiate Falcão faz corte a Antônia e também quer se casar com
ela. Assim como Cristóvão Rabelo, será responsável por momentos de humor na
história.
 Caraíba: Figura da cultura indígena, Caraíba anda por várias tribos e funciona
como um tipo de oráculo dos índios. É uma espécie de pajé mitológico, que
sempre faz premonições e indicações, nem sempre boas, aos habitantes de Lagoa
Serena e da Aldeia dos Apingorás.
 Frei Carmelo: É um frei carmelita que vive em São Paulo. Usa a Igreja para
conseguir dinheiro e submete-se a qualquer tipo de suborno. Faz negócios com
Bento Coutinho.

Aviso: Terminam aqui as revelações sobre o enredo (spoilers).

[editar] Elenco

Alessandra Negrini interpretou A Guerreira Isabel Olinto.


Stênio Garcia, o Caraíba.

Maria Maya interpretou a índia Moatira.


em ordem da abertura da minissérie
Ator Personagem
Ada Chaseliov Leonor
Alessandra Negrini Isabel Olinto
Alexandre Borges Dom Guilherme Schetz
André Gonçalves Apingorá
Ângelo Paes Leme Vasco Antunes
Cacá Carvalho Frei Carmelo
Caco Ciocler Bento Coutinho
Carlos Eduardo Dolabella João Antunes
Cecil Thiré Dom Bartolomeu
Celso Frateschi Afonso Góis
Cláudia Ohana Antônia Brites
Deborah Evelyn Basília Olinto Góes
Edwin Luisi Dom Gonçalo
Emiliano Queiroz Dom Falcão
Enrique Diaz Aimbé
Leandra Leal Beatriz Ataide
Leonardo Brício Tiago Olinto
Leonardo Medeiros Leonel Olinto
Letícia Sabatella Ana Cardoso
Maria Maya Moatira
Maria Luísa Mendonça Margarida Olinto
Matheus Nachtergaele Padre Miguel
Mauro Mendonça Dom Braz Olinto
Pedro Paulo Rangel Mestre Davidão (David Fonseca)
Regiane Alves Rosália Olinto
Sérgio Mamberti Dom Cristovão Rabelo
Vera Holtz Mãe Cândida Olinto
Apresentando
Ator Personagem
Paulo José Padre Simão
Stênio Garcia Caraíba
Tarcísio Meira como Dom Jerônimo Taveira
Elenco de apoio
Ver página anexa: Anexo:Elenco de apoio de A Muralha

[editar] Trilha sonora


Capa: Logotipo da minissérie

 O CD da trilha sonora existiu mas não foi comercializado, apenas distribuído


internamente.

1. A Muralha
2. Chegada das Caravelas (tema da chegada de Ana, Antônia, Beatriz e Padre
Miguel)
3. Ana e Guilherme (1º tema de Ana e Dom Guilherme)
4. Padre Miguel e Moatira (tema de Moatira e Padre Miguel)
5. Epopéia Dos Bandeirantes
6. Beatriz e Tiago (1º tema de Beatriz e Tiago)
7. O Cárcere (1º tema de Ana)
8. Lagoa Serena
9. Rosália e Bento (tema de Rosália e Bento Coutinho)
10. São Paulo De Piratiniga (tema da vila)
11. Depois Da Batalha
12. Margarida e Leonel (tema de Leonel e Margarida)
13. Invasão Da Aldeia
14. D. Jerônimo Taveira (tema de Dom Jerônimo)
15. Tocaia
16. Martírio De Don'Ana (2º tema de Ana)
17. O Filho De Isabel (Acalanto) (tema de Braz)
18. Ana e Guilherme (Final) (2º tema de Ana e Dom Guilherme)
19. Ribeirão Dourado
20. Beatriz e Tiago (Final) (2º tema de Beatriz e Tiago)

 Trilha sonora original de Sérgio Saraceni

[editar] Curiosidades
Seções de curiosidades são desencorajadas sob as
políticas da Wikipédia.
Este artigo pode ser melhorado integrando ao texto itens relevantes e
removendo os inapropriados.
 Com esta adaptação para TV do romance de Dinah Silveira de Queiroz, Maria
Adelaide Amaral, criou um grande sucesso de público e crítica. A estréia rendeu
44 pontos de média para a emissora.[1] A estréia da minissérie veio a calhar no
ano de comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Obteve média
geral de 30 pontos.
 Mauro Mendonça e Tarcísio Meira trocaram de personagens poucos dias antes
de iniciar as filmagens. Tarcísio faria o bandeirantes Dom Brás, mas optou na
última hora em interpretar o malévolo Dom Jerônimo Taveira e solicitou a troca.
Os diretores acataram sua idéia, o que resultou na melhor performance artística
do ator em toda a sua carreira, segundo os críticos.
 O núcleo indígena de Lagoa Serena, composto pelos atores André Gonçalves,
Patrick de Oliveira, Maria Maya e João Pedro Roriz, realizou diversos
laboratórios na floresta da Tijuca, semanas antes do início das gravações.
Durante o laboratório, os atores caçavam, caminhavam na floresta e construíam
tabas. A intenção era "embrutecer" os atores para viverem os seus personagens,
segundo Carlos Araújo, no DVD da minissérie, recém-lançado pela Globo
Filmes.
 A trama de Dinah Silveira de Queiroz já havia sido adaptada para telenovela por
Ivani Ribeiro para a TV Excelsior em 1968, com direção de Sérgio Britto. Os
atores Mauro Mendonça e Stênio Garcia, respectivamente Dom Brás e Caraíba,
na segunda montagem, foram os únicos atores a participarem das duas
montagens televisivas, tendo interpretado Dom Brás e Aimbé, respectivamente.
 Terceira vez que Alessandra Negrini (Isabel), Leonardo Brício (Tiago) e Mauro
Mendonça (Dom Braz) trabalham juntos, as outras duas foram nas novelas Meu
Bem Querer e Anjo Mau. Nessas duas novelas, Alessandra e Mauro
interpretaram pai e filha.
 O nome da protagonista foi alterado em relação ao livro e as versões de 1961 e
1968, a protagonista na minissérie se chama Beatriz, mas originalmente se
chama Cristina.

Referências
1. ↑ http://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/mostraregistro.asp?
CodRegistro=139436&PageNo=7

PUC-Rio
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Nova Consulta

Jornal/Revista: O Globo

Data de Publicação: 17/2/2008

Autor/Repórter: Simone Mousse


'A MURALHA' - 2000

Uma minissérie com cara de superprodução. Esta é a frase que


melhor define a história que Maria Adelaide Amaral, a autora,
contou com a ajuda de Denise Saraceni, a diretora, e um elenco
de peso. A trama, adaptada do romance homônimo de Dinah
Silveira de Queiroz, passava-se um século depois da chegada de
Pedro Álvares Cabral ao Brasil, e mostrava conflitos entre índios,
colonizadores, bandeirantes e jesuítas catequisadores.

A estréia da minissérie alcançou um índice de audiência


considerado altíssimo para o horário: 44 pontos. Para contar a
saga, a equipe de produção não poupou esforços braçais e
financeiros. Cada capítulo custou R$220 mil, mais do que o de
uma novela (que gira em torno de R$150 mil); a pesquisa
histórica foi minuciosa, e contou com pinturas da época e
documentos como inventários e testamentos para remontar o
século XVII. Foram construídas duas cidades cenográficas fora
do Projac: Vila de São Paulo e Lagoa Serena, com 10 mil metros
quadrados cada uma. Além delas, a cenografia criou três aldeias
indígenas com ocas em tamanho natural, e o elenco gravou em
locações como Floresta da Tijuca, no Rio; Chapada dos
Veadeiros, em Goiás; e Serra do Mar, em São Paulo. Em muitas
cenas, índios xavantes e guaranis trabalharam como figurantes.
No primeiro capítulo, foi usada a mesma caravela do filme “1492”,
com Gérard Depardieu.

A minissérie, que está sendo reprisada no canal Futura,


começava com a chegada à costa brasileira de quatro europeus:
Ana (Letícia Sabatella), Antônia (Cláudia Ohana), Beatriz
(Leandra Leal) e Miguel (Matheus Nachtergaele). A partir de
então, muitos conflitos por posses de terras e amores proibidos
povoaram os 49 capítulos. O elenco tinha nomes poderosos
como Tarcísio Meira, Mauro Mendonça, Vera Holtz, Alessandra
Negrini, Paulo José e José Wilker.
FICHA TÉCNICA DA MINISSÉRIE:

A MURALHA

Autoria: Maria Adelaide Amaral


Escrita por: Maria Adelaide Amaral, João Emanuel Carneiro e Vincent Villari
Direção: Denise Saraceni, Carlos Araújo e Luís Henrique Rios
Direção geral: Denise Saraceni
Direção de núcleo: Denise Saraceni
Período de exibição: 04/01/2000 - 28/03/2000
Horário: 22h30
Nº de capítulos: 49
Trama/ Personagens:
- Baseada na obra homônima de Dinah Silveira de Queiroz – lançada em comemoração
aos 400 anos da cidade de São Paulo –, a minissérie A muralha conta a saga dos
bandeirantes, pioneiros no desbravamento do território brasileiro. Paulistas em sua
maioria, por volta de 1600, suas atividades consistiam em abrir rotas rumo ao interior
do país em busca de riquezas e, também, índios, para serem vendidos como escravos.
Mesmo sob domínio territorial português, a luta pela posse das propriedades era
constante. Vindos de diferentes partes do mundo, inúmeros forasteiros e estrangeiros
tentavam se apossar do território conquistado pelos bandeirantes. A muralha que dá
nome à série faz referência à Serra do Mar, um grande obstáculo às incursões ao centro
do país.
- É pelas cercanias da Vila de São Paulo, na fazenda de Lagoa Serena, após atravessar a
muralha, que habita Dom Braz Olinto (Mauro Mendonça), um patriarca que lidera sua
família e sua bandeira com muito trabalho e sacrifício. Sua luta principal é dominar e
vender mão-de-obra indígena, adquirida através das empreitadas feitas ao interior. Nisto
se difere de seu filho Tiago Olinto (Leonardo Brício), que vê na conquista do ouro a
grande razão para seu empenho pessoal. Junto de Dom Braz em suas aventuras está
também Afonso Góis (Celso Frateschi), seu genro, casado com Basília (Deborah
Evelyn), sua filha. O casal padece da dor da perda do filho Pedro, que desapareceu, aos
13 anos, durante uma expedição com o pai. Em função disso, a expectativa pelo
reencontro do filho é uma constante para Afonso e Basília. Rosália (Regiane Alves), a
caçula de Braz, é uma jovem determinada, que se dispõe a largar tudo quando se
apaixona de verdade por Bento Coutinho (Caco Ciocler), que trabalha na bandeira de
seu pai.
- Ainda na fazenda, mora Mãe Cândida (Vera Holtz), esposa de Dom Braz, que assume
a casa nos períodos em que os homens estão fora. Afetuosa, porém contida, seus
critérios não se baseiam na religião ou na justiça, mas nas prioridades de seus homens.
Junto dos filhos mora a sobrinha Isabel (Alessandra Negrini), a única mulher a enfrentar
a mata e as batalhas no meio dos homens. Ela é considerada por Dom Braz o melhor
soldado de sua tropa, inclusive, porque salvara a vida do tio durante um ataque à aldeia,
exibido ainda no primeiro capítulo. Isabel é apaixonada por Tiago e tem comportamento
selvagem, o que a faz sentir-se quase como um bicho. As cenas iniciais da minissérie
reproduzem a captura de índios pelos bandeirantes, que era feita de forma violenta e
repleta das atrocidades inerentes à cultura de poder baseado em opressão, conforme o
pensamento então vigente.
- Após a batalha, Dom Braz informa Tiago de que havia mandado vir de Portugal uma
mulher – que não fosse uma nativa, ou impura – para se casar com o filho. O conflito
entre os dois é inevitável. Tendo sido criado no Colégio dos Jesuítas, Tiago teve contato
com pensamentos renascentistas e era contra a dominação e o desrespeito aos índios.
Seu interesse estava concentrado na observação de estrelas e em sonhar com a conquista
do ouro no sertão, na cidade de Sabaraboçu, que muitos achavam se tratar de uma lenda.
Tiago tem como melhor amigo o índio Apingorá (André Gonçalves), líder de sua tribo,
que sabe ler e escrever em português e ajuda Dom Braz nas suas empreitadas.
- Pelo mar chega Beatriz (Leandra Leal), a noiva de Tiago, que é também sua prima.
Trata-se de uma menina cheia de sonhos e apaixonada pelo futuro esposo, que sequer
conhece. Junto com ela chegam Ana (Letícia Sabatella), a prostituta Antônia (Claudia
Ohana) e padre Miguel (Matheus Nachtergaele). A chegada dos personagens até Lagoa
Serena se dá por uma tortuosa caminhada através da Serra do Mar, que já simboliza toda
a dificuldade que uma dama européia – Beatriz – encontra na rudeza dos territórios
brasileiros da época. Ao longo do caminho, porém, ela se revela alguém de muita fibra e
força, disposta a enfrentar tudo para alcançar seus objetivos, despindo-se de seus
sapatos e vestes para enfrentar os campos coloniais.
- Ana é uma cristã-nova, que chega triste ao Brasil para cumprir sua promessa e casar-se
com Dom Jerônimo (Tarcísio Meira) – um comerciante inimigo de Dom Braz. A
promessa de casamento fora feita por seu pai, a quem Dom Jerônimo livrara da fogueira
da Inquisição. Ao chegar ao Brasil, Ana é recebida por Guilherme Shetz (Alexandre
Borges), responsável por levá-la até Dom Jerônimo. Assim, Ana passa uma noite na
casa de Guilherme, pressentindo que seu destino após a boa companhia do rapaz não
seria bom. A figura de Dom Jerônimo era a síntese da hipocrisia religiosa de seu tempo
e, ao conhecer Ana, ele passa a escravizá-la e espioná-la para saber de sua real
conversão. Trata-se de um pervertido, que estupra a índia Moatira (Maria Maya)
inúmeras vezes. Dissimulado, porém, passa a maior parte do tempo a procurar heresias e
escrevendo cartas ao tribunal do Santo Ofício, a Inquisição.
- Antônia veio ao Brasil em busca de um bom casamento, sabendo que não havia muitas
mulheres brancas por estas terras. Irreverente e debochada, a personagem ocupa funções
estratégicas na trama, como mensageira entre Ana e Guilherme e, mais tarde, ao
reencontrar Beatriz, ajudando-a a conquistar Tiago. Já ao chegar, cai nas graças do bem-
humorado Mestre Davidão (Pedro Paulo Rangel), que passa a cortejá-la.
- Padre Miguel é um jovem idealista e verdadeiramente crente de sua missão:
evangelizar o gentio. Em seu caminho, a paixão pela índia Moatira o faz rever seus
conceitos e acreditar que o caminho cultural traçado por nossos indígenas não era
errado, mas diferente.
- Beatriz enfrenta forte luta para conquistar o coração de Tiago. Acobertada por Mãe
Cândida, Isabel esconde até quando pode sua gravidez, fruto do relacionamento com o
primo a quem amava. Durante uma batalha, no entanto, Dom Braz é atingido e, antes de
morrer, confessa à Isabel que ela também é sua filha. Ciente de que não poderia levar
seu sentimento adiante, a moça se despede de Tiago e entrega seu filho à Beatriz, para
que ela assuma sua criação. Isabel segue, então, para uma aldeia e, sob a proteção de
Caraíba (Stênio Garcia), é intimada a cumprir seu destino. Voltando ao lugar que lhe
pertence, em sua última cena, nua, ela anda rumo à mata, que a acolhe, dando a entender
que a personagem se transforma em uma onça.
- Após denunciar vários cidadãos da vila à Inquisição, Dom Jerônimo passa a mandar
prender todos aqueles que se colocam contra sua autoridade. São presos: Mestre
Davidão e Antônia, Ana e Guilherme e, também, padre Miguel. Para o julgamento
inquisitório, o próprio Dom Jerônimo assume o papel de juiz e arma uma audiência
pública para incriminar os acusados. Lá, eles são acusados injustamente de pecados
como apostasia, prostituição e devassidão moral. Perante os demais cidadãos, que
acompanham inconformados aquele julgamento, todos são condenados à fogueira.
Antes de ser queimado, entretanto, Guilherme consegue uma faca e acerta o abdômen
de Dom Jerônimo. Nesse momento, ele passa a ouvir as verdades sobre sua própria
devassidão e pecados ditas por Ana e vê, no centro da fogueira, a falecida índia Moatira,
a quem estuprara diversas vezes. Desesperado com as alucinações, termina morto em
uma das fogueiras que ele mesmo acendeu.
- Antônia aceita casar-se com Davidão, e Ana passa a viver ao lado Guilherme,
terminando grávida. Padre Miguel se dedica a cuidar dos índios, sob orientação de
Caraíba, e vê nas pequenas meninas a imagem da índia Moatira, a quem amava. Em
Lagoa Serena, Afonso chega de Sabaraboçu dizendo ao cunhado Tiago que a terra do
ouro não era uma lenda. Os dois tomam a estrada rumo a essas terras, em companhia de
Beatriz, que se diz pronta para enfrentar o que for ao lado do marido.

Produção:
- Com uma equipe de 200 pessoas, a produção da minissérie contou com auxílio
especializado de alguns caciques e pajés de tribos brasileiras, sobretudo para a feitura de
inúmeros objetos cênicos, desde adereços utilizados pelos índios até suas ocas. Para a
construção das ocas, foi necessário recriar a tradicional Taipa de Pilão, onde o barro era
socado para formar as estruturas das paredes. Ao todo, foram feitas 14 mil telhas
englobando todas as construções da minissérie. A Vila de São Paulo ocupou uma área de
10.000 m², construída próximo ao Projac. Por ser área de declive, mais de 450
caminhões de aterro foram utilizados para corrigir a inclinação e elevar o solo em cerca
de dois metros. Compõem a história 15 construções grandes, como a Igrejinha, o
colégio e a casa de Davidão.
- O maior e mais trabalhoso de todos os cenários, entretanto, foi o de Lagoa Serena,
construído numa fazenda em Cachoeira de Macacu (RJ). A área de 10.000 m² abrigou o
depósito de munições, a senzala e a casa principal, com 320m². Três aldeias indígenas
também são locações de peso na história. Em uma delas, ergueram-se quatro ocas, onde
foi realizada a batalha retratada no primeiro capítulo da trama. Os cenários ficaram a
cargo de May Martins, Fernando Schmidt e Maurício Rohlfs, e a direção de arte foi de
Lia Renha. O figurino, composto por mais de 2 mil peças, esteve sob responsabilidade
de Cao Albuquerque e Emília Duncan. Na cena do Auto de São Lourenço, 150
figurantes participaram das gravações.
- A principal atração das gravações foram os índios, e a produção contou com o apoio da
Funai. Foram 51 xavantes do Alto Xingu, 20 kamaiurás e 20 waurás, além dos guarani,
formados por homens, mulheres e crianças das aldeias de Bracuí e Parati, e o coral de
crianças, todo formado por índios da aldeia Paratimirim. Os pareci também ajudaram na
construção das aldeias cenográficas.
- A segurança nas cenas envolvendo bichos foi garantida pelo Ibama, que ofereceu apoio
às filmagens e mobilizou uma bióloga e um veterinário para cuidarem dos animais. Nas
gravações foram feitas cenas com araras, capivaras, jaguatiricas, onças, emas, macacos,
cobras e veados.
- Para as imagens da caravela utilizada no primeiro capítulo, uma parte da equipe viajou
a Pensacola, EUA, onde gravou na Colombo Foundation. As cenas foram feitas em uma
das naus usadas no filme 1492 - A conquista do paraíso, considerada a réplica mais
perfeita existente.
- Para que o elenco e a equipe técnica entendessem o universo dos índios da época,
quatro workshops foram preparados pela produção: Visão geral do Brasil em 1600, com
o professor e escritor Eduardo Bueno; Os bandeirantes, com o professor Carlos Lemos,
da USP; Pensamento e imaginário, com a professora Maria Helena Silveira; e Religião,
cultura e linguagem, com o índio Kaká Werá e Ricardo Marielo, da Funai.

Curiosidades:
- A primeira adaptação do texto de Dinah Silveira de Queiroz foi ao ar em 1958, na TV
Tupi. Outra foi feita em 1963, pela TV Cultura. Entretanto, a adaptação de maior
sucesso foi realizada por Ivani Ribeiro, para uma novela homônima que foi ao ar em
1968 na extinta TV Excelsior. Na TV Globo, a exibição de A muralha, em 2000, fez
parte dos eventos comemorativos em função dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.
- Diferentemente do romance de Dinah Silveira de Queiroz, e das adaptações televisivas
anteriores, a minissérie de Maria Adelaide Amaral não é ambientada no século XVIII,
mas no final do século XVI. A mudança decorreu menos da vontade da autora do que da
programação comemorativa da Rede Globo em homenagem aos 500 anos do
Descobrimento. Na ocasião, a emissora iria produzir cinco minisséries – o que acabou
não acontecendo –, cobrindo a história do Brasil desde 1500. Escolhidos as obras e os
autores que assinariam as respectivas produções, Maria Adelaide Amaral decidiu contar
ao telespectador o período histórico inaugurado com o ciclo dos bandeirantes paulistas.
Para tanto, ela recuou a trama original de A muralha até a história dos avós daqueles
personagens mostrados no livro de Dinah Silveira Queiroz. Em seguida, com o
cancelamento das demais minisséries previstas inicialmente e o aumento no número de
capítulos que A muralha de Maria Adelaide Amaral deveria ter, a autora foi obrigada a
criar núcleos e personagens que também não existiam na obra de Dinah Silveira. Foi
assim que nasceram personagens como o Padre Miguel e a índia Moatira, além do
próprio Dom Jerônimo.
- A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) concedeu à minissérie o Grande
Prêmio da Crítica de TV em 2001. Tarcísio Meira recebeu, também, um prêmio na
categoria de melhor ator.
- Tarcísio Meira, inicialmente, era cotado para interpretar o personagem Dom Braz, mas
acabou fazendo o vilão da história, Dom Jerônimo. Outras atuações, como de Matheus
Nachtergaele, Alessandra Negrini, Leonardo Brício e Maria Maya, tiveram grande
destaque e receberam elogios de crítica. Na minissérie, Mauro Mendonça pôde reviver
Dom Braz, a quem já havia interpretado na versão exibida pela Excelsior. Naquela
produção, o ator, então aos 37 anos, foi maquiado para aparentar um homem de 70.
- A minissérie superou as expectativas da emissora em termos de sucesso de audiência e,
em 2002, foi comercializada através de canais pay-per-view. No mesmo ano foi lançada
em DVD e, em 2004, reapresentada em um compacto de 39 capítulos. Também foi
vendida para Chile, Costa Rica, Guatemala, Letônia, Moçambique, Nicarágua, Paraguai,
Peru, Portugal, República Dominicana e Venezuela.

Trilha sonora:
- Para a abertura da minissérie, foi utilizada Floresta do Amazonas, de Heitor Villa-
Lobos, com apenas uma modificação num dos acordes, para que a canção fosse
finalizada no tempo da abertura.

[Fontes: Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Cao Albuquerque


(24/07/2006), José Wilker (30/05/2005), Maria Adelaide Amaral (09/02/2006), Paulo
José (21/06/2000), Stênio Garcia (19/06/2002) e Tarcísio Meira (14/03/2005); Boletim
especial de programação da Rede Globo, 12/1999; “APCA faz sua festa para os
melhores de 2000” In: O Estado de São Paulo, 03/04/2001; “Estética ousada para contar
a história do século XVII” In: O Globo, 14/12/1999; JIMENEZ, Keila, “‘Vale a Pena
Ver de Novo’ na TV Paga” In: O Estado de São Paulo, 20/09/2003; LIPPELD, Vanessa,
“Minissérie bate recorde de audiência” In: O Globo, 06/01/2000; MEMÓRIA GLOBO.
Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; “Série A Muralha vai explorar questão indígena” In:
Folha de São Paulo, 22/08/1999;www.imdb.com, acessado em 12/2006;
www.teledramaturgia.com.br, acessado em 12/2006; http://viaglobal/cedoc (intranet),
acessado em 12/2006.]

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