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Cadernos PDE
Resumo: O artigo tem como objetivo explanar sobre a prática de Cartografia em sala de aula. Foi
utilizado o método de análise qualitativa, valorizando a interpretação, o desempenho e as ações na
realização das atividades propostas. Sabemos da importância de formar sujeitos participantes na
sociedade e a necessidade de atitudes investigativas em busca de mudanças, a linguagem verbal e
não verbal que são ferramentas de auxílio para a cidadania. Constatamos com a pesquisa que o
aluno ao compreender a linguagem da Cartografia será capaz de orientar-se no meio em que atua
como sujeito, podendo utilizar o aprendizado cartográfico na transformação do espaço geográfico
local e além dele. O estudo possibilitou ao aluno a compreensão de interpretar as diferentes
representações do espaço da cidade de Maringá, com a utilização de mapas, fotografias aéreas e
imagens de satélites, além do estudo do meio real. Concluímos que o desenvolvimento gradativo das
atividades cartográficas durante os meses de fevereiro a maio e o término das mesmas no mês de
junho de 2014, foi relevante na construção do cidadão diante da compreensão da realidade.
1. Introdução
Ler e interpretar o espaço geográfico com a Cartografia é fundamental. Assim
como, desenvolver atividades em sala de aula relacionadas ao meio de vivência
desperta no aluno o interesse e o compromisso com a representação do espaço.
A cartografia é uma linguagem necessária desde o início do Ensino
Fundamental até o final do Ensino Médio.
O Projeto de Intervenção Pedagógica elaborado na disciplina de Geografia
para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, do Estado do Paraná, foi
pensado e direcionado ao ensino/aprendizagem escolar e implementado com alunos
do 1º ano do Ensino Médio. Com a aplicação do mesmo, foi possível desenvolver
estudos geográficos sobre conceitos e uso de documentos cartográficos do
Município de Maringá. O manuseio do material didático pelo aluno como: fotografias
aéreas, mapas e imagens, o estudo e a interpretação dos mesmos por meio de
atividades, foram objetivos alcançados na implementação. Entendemos que as
ações de comparar, analisar e interpretar possibilita a formação de sujeitos
participativos para estudar e compreender o ambiente.
Sabemos que é preciso ir além da observação, da percepção do espaço
geográfico, o processo de leitura cartográfica precisa ser vivenciado para além do
1 - Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná –ivaniageo@bol.com.br
2 – Professora Orientadora PDE, Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá- PR –UEM-mlsouza@uem.br
nível elementar de ter a informação de um ponto, deve possibilitar a leitura global
dos elementos do espaço representado e para um verdadeiro aprendizado é preciso
que o aluno faça parte do processo, conheça o espaço a ser pesquisado. A meta é a
formação daquele que investiga, que tem autonomia intelectual para construir o
conhecimento e utilizá-lo como ferramenta em suas reinvindicações.
A escola está voltada às novas realidades, atenta ao mundo econômico,
político e cultural. O professor deve preparar o aluno para viver num mundo que se
caracteriza por ações complexas e conflitos de valores, avanços tecnológicos e
interdependência global, é preciso instigar o aluno a pensar, questionar e buscar
respostas sobre sua cidade, sua região.
Diante de uma dinâmica social relacionada aos aspectos de interesse coletivo
ou individual, o estudante precisa estar atualizado e preparado para fazer sua leitura
de mundo. Toda e qualquer linguagem de domínio do mesmo, será essencial para
uma compreensão dos acontecimentos, sejam esses próximos ou distantes. É
necessário que o ensino de Cartografia seja incluído nas escolas como linguagem
de acesso ao conhecimento para aproximar as crianças, os jovens e os adultos de
imagens, figuras e mapas.
O professor deve ser capaz de sensibilizar seus alunos, fazendo com que
os mesmos procurem entender as dinâmicas existentes no espaço que os
rodeia, pensando sempre na área de abrangência geográfica que faz parte
do cotidiano dos alunos, juntamente com o grau de abstração que os
mesmos possuem na sua idade atual. A ideia é procurar fazer com que o
aluno incentive seu cérebro a armazenar informações de maneira clara, o
que facilitará sua aprendizagem em períodos de ensino posteriores.
(COSTA, F. R. E LIMA, F. A. F., 2012, p. 110).
As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio dizem que para a
relevância da linguagem cartográfica na sala de aula, o aluno deve:
3. Procedimentos Metodológicos
Os recursos utilizados no trabalho de implementação em sala de aula foram
textos informativos entre outros gêneros, fotografias aéreas, mapas e imagens
aéreas. Iniciamos com a organização de duplas de alunos para analisar as imagens.
Durante as aulas os alunos conheceram, analisaram e discutiram o material, fizeram
a leitura e a interpretação de imagens. (Organograma 1).
Leitura da Fotografia
)
Paisagem
observação
APRENDIZAGEM
CIDADANIA
Mudanças
Localização
Espacialidade
LER O Construção do
ESPAÇO Compromisso conhecimento
s
Identificação
Avaliação
Desenho
Compreensão
atividades
Mapa
Orientação Leitura
Escrita
51º50' W
23º30' S
Figura 3: Carta Topográfica de Maringá - PR ( Folha -SF-22Y-D-II-3 - 1972)
Fonte: http//:mapas.ibge.gov.br/bases-e-referenciais/bases- Cartográficas/cartas.
Figura 4: Mapa Base Maringá – (2000)
52º00’W
23º15’S
Passini (1994) confirma que ensinar a ler mapas ou alfabetizar para a leitura
cartográfica tem implicações mais profundas para a Educação que simplesmente ser
um processo metodológico de ensino de Geografia.
O espaço sempre foi representado e interpretado pelo homem por meio dos
desenhos, fotografias e mapas, que chamamos de Linguagem Cartográfica.
A Cartografia foi a principal ferramenta usada pela humanidade para ampliar
os espaços territoriais e organizar sua ocupação, solucionar problemas urbanos, de
segurança, saúde pública, turismo e auxiliar as navegações.
As autoras, Almeida e Passini (1998) afirmam que a compreensão do mapa
por si mesmo já traz uma mudança qualitativamente superior na capacidade do
aluno pensar o espaço. Ler mapas significa dominar esse sistema semiótico, essa
linguagem cartográfica; é um modelo de comunicação visual, o mapa é de suma
importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais,
pela compreensão da distribuição e organização dos espaços e possam se informar
e se utilizar deste modelo para ter uma visão de conjunto (ALMEIDA e PASSINI,
1998, p.,16).
As figuras levaram o aluno a sentir necessidade de compreensão, pois,
ficaram surpresos com os diferentes mapas representando a mesma região em
diferentes períodos da sociedade, foi preciso decodificar.
Para Simielli (1999, p.99) a leitura de mapas pelos alunos do ensino
fundamental e médio implica na constituição de um trabalho em três níveis:
1. Localização e analise - o aluno localiza e analisa um determinado fenômeno no
mapa.
2. Correlação- ele correlaciona duas, três ou mais ocorrências.
3. Síntese - o aluno analisa e correlaciona aquele espaço.
Foi com dificuldades que realizaram as atividades de localização e orientação
espacial, a leitura da escala foi feita com mediação (Figura 5)
A aula de campo foi no entorno do Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga,
com visita ao Colégio Santa Cruz. Compreendemos que foi relevante a saída de sala
de aula, percebemos a observação do aluno de forma mais direta e concentrada, a
discussão sobre elementos da paisagem, as comparações com os objetos na
organização do espaço geográfico de alguns anos atrás e o que tem hoje na
paisagem, perceberam as transformações ocorridas no espaço.
Figura 7 : Parte do Painel de Eder Portalha de 2000, parede do Colégio Santa Cruz.
4. Considerações Finais
O projeto de intervenção confirmou a importância de se trabalhar a
Linguagem Cartográfica com alunos do Ensino Médio. Pensamos, elaboramos e
aplicamos a proposta pedagógica com o objetivo de enriquecer o ensino de
Geografia, para uma maior compreensão e interesse por parte dos alunos,
identificando inclusive a sua importância como agente no avanço, construção e
apreensão do espaço por parte de suas vivências, do seu cotidiano, de sua
realidade e visão de mundo.
É no conjunto de atividades como as leituras, as discussões e reflexões que
justifica a significativa contribuição da Cartografia para o processo de ensino-
aprendizagem de Geografia.
Foi trabalhado o conteúdo do cotidiano do aluno, valorizando o conhecimento
prévio em todas as etapas da aplicação da proposta.
Em relação a satisfação nas aulas, observamos que o aluno gosta de aulas
curiosas, atraentes, claras e interessantes. Observamos ainda que o interesse pelo
estudo está no novo, no desafiador, a exemplo das aulas e atividades no laboratório
de informática que proporcionaram maior compromisso do aluno com o estudo.
As etapas do projeto como: a análise de imagens, comparações entre mapas,
e escala, foram as de maiores dificuldades para os alunos realizarem. Percebemos
que o trabalho de campo realizado ao entorno do colégio foi a atividade mais
prazerosa, no entanto foi preciso lembrar muitas vezes da necessidade da
observação minuciosa do espaço percorrido, falta no aluno o hábito de observar.
Nesse contexto, podemos dizer que é no momento da observação, na
identificação de elementos existentes no espaço geográfico que a leitura visual
encontra barreiras, isso significa dizer a dificuldade está na interpretação do espaço.
Assim, a etapa que envolveu o estudo do meio com análise em mapas foi
considerada difícil pela necessidade de observação detalhada e do olhar geográfico.
Mesmo havendo algumas dificuldades com o estudo, podemos considerar ter sido
uma contribuição para o ensino/aprendizagem e um caminho de equilíbrio entre o
que é ideal e o que é real no ensino.
Todavia, acreditamos que no processo de interpretação na possibilidade de
ler o mundo, o aluno precisa ter acesso a diferentes linguagens, incluindo a
linguagem cartográfica. Para isso é importante que projetos de estudos sejam
criados por professores em parceria com seus alunos, desde a seleção do tema ao
desenvolvimento dos procedimentos metodológicos.
Diante do exposto, faz-se necessário comentar que esta pesquisa de cunho
metodológico considera a possibilidade de reformulação da proposta por outros
professores e pesquisadores com novas sugestões e ideias para recriar, aplicar,
avaliar e apresentar novos caminhos para que contribuam no aprendizado da
compreensão da Cartografia no ambiente escolar.
Referências
CALLAI, Helena Copetti.- Estudar o lugar para compreender o mundo in: Ensino
de Geografia: Práticas e textualizações no cotidiano. p. 83 - 131 (Org)
Castrogiovanni, Antonio Carlos. Porto Alegre 7ª ed. Editora Mediação. 2009. 172 p.
RICHTER, Denis; MARIN, Fátima Ap. D. G.; DECANINI, Mônica M.S. - Ensino de
Geografia, espaço e Linguagem Cartográfica - Revista Mercator - volume 9,
número 20, 2010: set./dez. p. 163 a 178.
Disponível em<ttp://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/469/318p >Acesso em
17/09/2014.