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PERSPECTIVA DA JUSTIÇA

A história do filme "V" de vingança se passa em uma Londres futurística, no século


XXI, onde o Chanceler Adam Sutler impõe um governo autoritário e tirano sobre o Reino
Unido - possuindo certa semelhança com o regime nazista, demonstrada pela aparição de
campos de concentração e o controle da mídia. Nesse contexto, surge no filme um anti-herói
de codinome “V”, que anseia pela liberdade desse regime opressor através da revolta da
população, resgatando os valores que estavam ocultos atrás da ideologia imposta pelo
Estado. "O medo se tornou a arma principal desse governo."
No filme, há certa dicotomia no conceito de justiça. Na visão do governo autoritário, o
chanceler (ditador) estabelecia quais seriam as condutas entendidas como crime dentro da
sociedade, sendo, ele próprio, a personificação da justiça. Esse mesmo chanceler organizava
as políticas públicas de combate à criminalidade. Por fim, era o próprio ditador quem decidia,
em um julgamento sumário, se o cidadão era inocente ou culpado, e qual seria a sua pena.
Não havia nada semelhante ao devido processo legal e direito ao contraditório, era um
julgamento puramente arbitrário.
Por outro lado, o anti-herói "V" possuía outro conceito de justiça. Para "V", a justiça
deve nascer do povo, o povo não deve temer seu Estado - ao contrário do que ocorre no
filme. Na concepção da população inglesa, "V" era um revolucionário que estava agindo
altruisticamente, se colocando em risco com o objetivo de abrir os olhos dos ingleses para a
realidade que lhes era imposta. O conceito de justiça difere tanto, que existe até mesmo uma
perspectiva anarquista nas ações realizadas por "V", visto que o revolucionário se propunha
somente a destruir a ordem estatal, nunca afirmando se esta poderia ser refeita sob outros
moldes.

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