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ESTRUTURA METÁLICA – APOSTILA 1

Propriedades mecânicas

Para efeito de cálculo devem ser adotados, para os aços aqui relacionados, os seguintes valores
de propriedades mecânicas:

Módulo de elasticidade → E = 200.000 MPa;


Coeficiente de Poisson → ν = 0,3;
Módulo de elasticidade transversal → G = 77.000 MPa;
Coeficiente de dilatação térmica → β = 1,2 x 10-5 oC-1;
Massa específica → ρ = 7.850 kg/m³ = 78,5 kN/m³.

Projeto estrutural e a norma NBR 8800:2008

O projeto é composto por especificações técnicas, cálculos estruturais, desenhos de projeto,


desenhos de fabricação e diagramas de montagem. Os principais objetivos do projeto estrutural são
proporcionar segurança estrutural quanto ao colapso e bom desempenho da estrutura em serviço.
O objetivo das normas é apresentar regras e recomendações que garantam que os projetos
atendam aos requisitos já mencionados. Elas normalmente estão relacionadas aos critérios de
segurança a serem utilizados, limites de valores das características mecânicas, carregamentos a
serem considerados, tolerâncias, etc.
A norma NBR 8800:2008 define os “princípios gerais que regem o projeto à temperatura
ambiente das estruturas de aço a das estruturas mistas de aço e concreto das edificações, incluindo
passarelas de pedestres e suportes de equipamentos”.
A NBR 8800:2008 não abrange o projeto de perfis formados a frio e de estruturas sob ação
de altas temperaturas.
Aços de uso frequente especificados pela ASTM para uso estrutural (fonte: NBR 8800:2008)

fy → tensão de escoamento;
fu → tensão de ruptura;
2 - Métodos dos estados limites

As estruturas devem ser projetadas de modo que apresentem segurança satisfatória. Esta
segurança está condicionada à verificação dos estados limites, que são situações em que a estrutura
apresenta desempenho inadequado à finalidade da construção, ou seja, são estados em que a
estrutura se encontra imprópria para o uso. Os estados limites podem ser classificados em dois tipos:

Estados limites últimos (ELU) → estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às
combinações mais desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil, durante a construção ou
quando atuar uma ação especial ou excepcional.

Estados limites de serviço (ELS) → estão relacionados com o desempenho da estrutura sob
condições normais de utilização.

Assim, a segurança pode ser diferenciada com relação à capacidade de carga e à


capacidade de utilização da estrutura.

Ações
Antes de introduzir cada um dos estados-limites, é importante caracterizar as diversas ações
que podem atuar sobre uma estrutura. São elas:

ações permanentes → ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno do tempo
durante praticamente toda a vida da construção.

ações variáveis → ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno do tempo
durante a vida da construção.

ações excepcionais → possuem duração extremamente curta com probabilidade muito baixa de
ocorrência durante a vida da construção.

Estados limites últimos (ELU)


A segurança da estrutura está atendida se, para cada um dos estados-limite últimos, a
condição abaixo for atendida.
Rd ≥ Sd
onde:
Rd representa os esforços resistentes de cálculo;
Sd representa os esforços solicitantes de cálculo;
Tabela 3 - Coeficientes de ponderação das resistências γm (fonte: NBR 8800:2008)
3 - Tração

Os elementos tracionados sujeitos a solicitações de tração axial são denominados elementos


tracionados, onde a melhor característica mecânica do aço está sendo aproveitada. os elementos
tracionados são elementos geralmente usados como:
• tirantes ou pendurais;

• contraventamentos;

• barras de treliça (banzos, diagonais e montantes);

• outros usos (cabos).

Dimensionamento

Um elemento tracionado apresenta diferente distribuição de tensões na sua seção devido a


forma de fixação de suas extremidades. Nas seções abertas tracionadas, quando em regime elástico,
elevadas concentrações de tensão são visualizadas nas bordas dos furos, porém, quando em regime
plástico, a distribuição das tensões é uniforme, em razão da característica dúctil dos aços estruturais.
Assim, a força normal de tração resistente de cálculo, Nt,Rd, a ser considerada no dimensionamento,
exceto para barras redondas com extremidades rosqueadas e barras ligadas por pinos, é o menor
dos valores obtidos, considerando-se os estados-limite de escoamento da seção bruta e ruptura da
seção líquida, de acordo com as expressões indicadas abaixo:

Resistência ao escoamento da seção bruta – Nt,Rd

Resistência à ruptura da seção líquida – Nt,Rd

onde:
Ag é a área bruta da seção transversal da barra;
Ae é a área líquida efetiva da seção transversal da barra;
fy é a resistência ao escoamento do aço;
fu é a resistência à ruptura do aço;
γa1 é o coeficiente de ponderação da resistência, sendo 1,1 (NBR 8800:2008);
γa2 é o coeficiente de ponderação da resistência, sendo 1,35 (NBR 8800:2008).
Diâmetro dos furos - df

Os furos usados em barras de estrutura de aço são executados por dois processos básicos
de fabricação, puncionamento e bronqueamento. Algumas furações com diâmetros não usuais são
executadas pelo processo de oxiacetileno ou pelo processo de corte a plasma. O processo de
furação por puncionamento gera formato cônico ao longo da espessura da chapa, gerando muitas
vezes furos com diâmetro correto na face da estampagem e na outra face um furo com diâmetro com
um incremento devido ao processo. Esse aumento no diâmetro do furo deve ser considerado no
cálculo, quando não é possível garantir o processo de furação a ser adotado. Esta consideração deve
somar 2,0mm à folga padrão que é de 1,5mm, logo:
df = db + 3,5mm

onde:
db é o diâmetro do parafuso.

Área líquida efetiva - Ae

Em regiões com furos, deve-se definir a área líquida resistente. Para furos alinhados, a área
líquida (An) é calculada subtraindo-se as áreas dos furos na seção reta da peça da área bruta (Ag).
Ae = Ct An

onde:
Ct é o coeficiente de redução;
An é a área líquida (área bruta menos a área de furo(s)).

Em barras com furos alternados ou em diagonal em relação à direção da solicitação,


verificam-se todas as possibilidades de ruptura, uma vez que é preciso encontrar a menor seção
líquida. Neste caso, deduz-se da área bruta (Ag) a área de todos os furos contidos na trajetória e
adiciona-se a cada segmento inclinado um fator conforme a expressão empírica s²/4.g, onde s é o
espaçamento entre eixos de furos no sentido longitudinal e g é o espaçamento entre eixos de furos
no sentido transversal a aplicação da carga, conforme indicado na figura abaixo.
Coeficiente de redução da área líquida - Ct

O coeficiente de redução (Ct) da área líquida deve ser considerado devido a forma de
conexão da barra, sendo 1,0 quando a força de tração for transmitida diretamente para cada um dos
elementos da seção transversal da barra, por soldas e parafusos ou ambos.
Em barras com seções abertas, onde nem todos os elementos que compõem a seção estão
conectados, deve-se considerar uma redução na capacidade resistente, avaliando se a conexão é
feita somente por parafusos ou somente por soldas. Para definição do coeficiente de redução,
considera-se a excentricidade da conexão, correspondente à distância do centro geométrico da seção
da barra ao plano de cisalhamento da conexão e o efetivo comprimento da conexão , para ligações
soldadas, este comprimento é igual ao comprimento da solda na direção da força axial, na conexão
parafusada é a distância do primeiro ao último parafuso da linha de furos com o maior número de
parafusos, na direção da força axial. A figura abaixo ilustra como se deve considerar a excentricidade
da conexão.

onde:
ec é a excentricidade da conexão;
lc é o comprimento efetivo da conexão;
limitar o valor de Ct à: 0,6 ≤ Ct ≤0,9.

Para chapas planas, quando a força de tração for transmitida somente por soldas longitudinais ao
longo de ambas as suas bordas, conforme ilustrado abaixo, respeita-se as seguintes relações:

onde:
lw é o comprimento dos cordões de solda da direção da força;
b é a largura da chapa.
Colapso por rasgamento (cisalhamento de bloco) – Fr,Rd

Para o estado-limite de colapso por rasgamento, a força resistente é determinada pela soma
das forças resistentes ao cisalhamento de uma ou mais linhas de falha e à tração em um segmento
perpendicular. Esse estado-limite deve ser verificado junto a ligações em extremidades de vigas com
a mesa recortada para encaixe e em situações similares, tais como em barras tracionadas e chapas
de nó. A força resistente de cálculo ao colapso por rasgamento é dada por:

onde:
Agv é a área bruta sujeita a cisalhamento;
Anv é a área líquida sujeita a cisalhamento;
Ant é a área líquida sujeita à tração;
Cts é igual a 1,0 quando a tensão de tração na área líquida for uniforme, e igual a 0,5 quando for não-
uniforme.

Situações típicas nas quais deve ser verificado o estado-limite (fonte NBR 8800:2008)

Av = área submetida ao cisalhamento;


At = área submetida à tração.

Limite de esbeltez - λ

A esbeltez de uma barra é a relação entre o seu comprimento e o raio de giração da seção
transversal. Nas peças tracionadas limita-se a esbeltez para reduzir efeitos de vibração, pois a
esbeltez não é um fator fundamental, já que a própria natureza da ação axial (tração) no elemento
proporciona retilinidade. A NBR 8800:2008 em seu item 5.2.8, recomenda que o índice de esbeltez de
elementos tracionados não supere 300, exceto para barras redondas pré-tensionadas ou outras
barras que tenham sido montadas com pré-tensão.

λ = k.L / r ≤ 300

onde:
k é o coeficiente de flambagem;
L é o comprimento da barra;
r é o raio de giração da seção transversal da barra.
4 - Parafuso

A ligação é formada por um conjunto de elementos e meios de ligação que, combinados entre
si, promovem a união entre as partes de uma estrutura ou entre uma estrutura e um elemento
externo, como pilar ou uma fundação.
Os elementos de ligação são os enrijecedores, chapas, cantoneiras, consolos, etc.

Os meios de ligação são as soldas, parafusos, barras redondas rosqueadas e pinos.

As ligações devem resistir aos esforços de cálculo obtidos pela análise estrutural.

Classificação das ligações.

As ligações podem ser classificadas em função da rigidez, da seguinte forma:

Ligações flexíveis → são aquelas em que a rotação relativa entre os elementos ligados está
liberada;

Ligações semi-rígidas → são aquelas em que a rotação relativa entre os elementos ligados
está parcialmente liberada;

Ligações rígidas → são aquelas em que a rotação relativa entre os elementos ligados está
restrita;

Comportamento das ligações (fonte: Manual de ligações metálicas do CBCA)

Os parafusos podem ser classificados da seguinte forma:

1. Parafusos à tração;

2. Parafusos à cisalhamento

a. Ligações por contato;

b. Ligações por atrito.

Por simplicidade, os parafusos em ligações por atrito não serão abordados nesta apostila.
Resistência à tração – Ft,Rd

A resistência de um parafuso ou barra rosqueada sujeita à tração é dada por:

onde:
fub é a resistência à ruptura do material do parafuso;
γa2 é o coeficiente de ponderação da resistência, sendo 1,35 (NBR 8800:2008);
Ab é a área da seção transversal do parafuso;
Abe é a área efetiva da seção transversal do parafuso.

Resistência ao cisalhamento – Fv,Rd

A resistência ao corte de um parafuso ou barra rosqueada com o plano de corte passando


pela rosca é dado por:

A resistência ao corte de um parafuso ou barra rosqueada com o plano de corte fora da rosca
é dado por:

onde:
fub é a resistência à ruptura do material do parafuso;
γa2 é o coeficiente de ponderação da resistência, sendo 1,35 (NBR 8800:2008);
db é o diâmetro do parafuso;
Ab é a área da seção transversal do parafuso.
Obs.:
a resistência ao cisalhamento F v,Rd do parafuso deve ser multiplicada pelo número de planos
cisalhantes.

Cisalhamento simples Cisalhamento duplo


Resistência à tração e cisalhamento combinados

onde:
Ft,Sd é a força de tração solicitante de cálculo por parafuso;
Fv,Sd é a força de cisalhamento solicitante de cálculo por parafuso;
Ft,Rd é a força de tração resistente de cálculo por parafuso;
Fv,Rd é a força de cisalhamento resistente de cálculo por parafuso.

Esforços em parafusos:

Tração Cisalhamento Tração com cisalhamento

Pressão de contato em furos – Fc,Rd

onde:
lf é a distância da direção da força entre a borda do furo e a borda do furo adjacente ou a borda livre;
db é o diâmetro do parafuso;
t é a espessura da chapa;
fu é a resistência à ruptura do aço da chapa;
γa2 é o coeficiente de ponderação da resistência, sendo 1,35 (NBR 8800:2008).

Obs.:
a força resistente total Fc,Rd é igual à soma das forças resistentes à pressão de contato
calculadas para todos os furos.
Estrutura metálica - NBR 8800:2008 Revisão_3 (07/2015)
Catálogos e anexos Prof.: Rogério de C. P. de Andrade

Materiais usados em parafusos (fonte: NBR 8800:2008)

fyb é a resistência ao escoamento do material do parafuso;


fub é a resistência à ruptura do material do parafuso;
db é o diâmetro do parafuso.

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