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A BAÍA DE SESIMBRA E A ALMA LUSA

Artigo publicado no nº 11 da revista NOVA ÁGUIA-


Revista de Cultura para o séc XXI e cujo tema é O
Mar e a Lusofonia, "da minha língua vê-se o mar" :

Há locais onde as almas sensíveis reconhecem


uma clara vibração que as eleva em asas fortes de
beleza e harmonia. A zona do Parque Natural da
Serra da Arrábida que se prolonga de Setúbal ao
Cabo Espichel é, sem dúvida, uma delas.
Vindo da Serra, a baía de Sesimbra revela-se ao
viajante como a contraparte feminina das
escarpadas arribas sobre as águas da Arrábida.
Útero de areia dourada e quente, ela acolhe a
acariciadora ondulação vinda de longe num
aconchego côncavo, onde o fogo do o brilho da
Lua espelham sua eterna dança, promessa de
harmoniosa união, ritmada pelo sopro do vento
nas velas dos moinhos do pão que se avistam no
alto do monte.
No centro em baixo junto ao mar, a Fortaleza e
em cima o Castelo com altaneira Torre e Templo
interno, qual eixo piramidal identitário e
protetor, triangulado pelo restante da escarpa da
Arrábida a nascente e pelo fértil Porto de Pesca a
poente.
É por tudo isto que a Luz da baía é pura magia nos
cambiantes de cores que mudam a cada instante
do dia ou da noite e sempre nos encantam,
remetendo a lusa alma contemplativa para essa
amorosidade íntima da Alegria de simplesmente
existir, de ser una com a Presença do Amor Vivo
que pressente na criação e emanação de tamanha
beleza.
Entrando a poente pelo mar dentro, segue-se a
esta pausa que nutre e sossega o íntimo, o Cabo
Espichel e seu peregrino Santuário Mariano
distribuidor de Graças, lembrando que há mais
caminho a descobrir na lonjura de um além
envolto na bruma do que ainda não sabemos mas
podemos pressentir em locais como este.

Sesimbra, 9h do dia 29 de Setembro de 2012, dia


dos Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel

Carminda H. Proença

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