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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prisão em Flagrante II
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

PRISÃO EM FLAGRANTE II

DOUTRINA

• “Nas infrações de menor potencial ofensivo, que são os crimes com pena
máxima de até dois anos, cumulados ou não com multa, e as contraven-
ções penais (art. 61, Lei n. 9.099/95), ao invés da lavratura do auto de fla-
grante, teremos a realização do termo circunstanciado, desde que o infra-
tor seja imediatamente encaminhado aos juizados especiais criminais ou
assuma o compromisso de comparecer, quando devidamente notificado.
Caso contrário, o auto será lavrado, recolhendo-se o agente ao cárcere,
salvo se for admitido a prestar fiança.” Fonte: Nestor Távora e Rosmar
Rodrigues Alencar (in Curso de Direito Processual Penal. 6. Ed. rev. atual.
ampl. Salvador: Editora Juspodivm, 2011, p. 540)

JULGADO

“Cuidando-se de delito de menor potencial ofensivo, aplicam-se os ditames da Lei


dos Juizados Especiais, inclusive o parágrafo único do art. 69 da Lei n. 9.099/95, que
veda a prisão em flagrante nos casos em que o agente, após a lavratura do termo,
for imediatamente encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
parecer.” STJ, Recurso Especial n. 442.035/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ: 29.9.03

MOMENTO

• A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeita-


das as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio (283, § 2º, CPP).
• Segundo a jurisprudência:

“Consoante entendimento desta Corte, em se tratando de crimes permanentes, é


despicienda a expedição de mandado de busca e apreensão, sendo permitido à
autoridade policial ingressar no interior de domicílio em decorrência do estado de
flagrância (comprovado a posteriori), não estando caracterizada a ilicitude da prova
obtida.” AgRg no AREsp 504.226/PR, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta
Turma, julgado em 01/09/2015
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“A norma que tutela a inviolabilidade de domicílio, inserta no inciso XI do art. 5º da


Constituição Federal, não é absoluta, cedendo (…) em caso de flagrante delito ou
desastre ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.” STF.
HC74127, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ de 13/06/1997, e RHC 86082,
Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma

SUJEITO ATIVO

• Qualquer pessoa do povo pode e as autoridades devem prender quem se


encontra em flagrante delito (art. 301, CPP).

Direto do concurso
1. (2008/CEFET-BA/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) O sujeito ativo de uma
prisão em flagrante obrigatório é sempre um particular, qualquer pessoa do
povo e figurará, quando da lavratura do respectivo auto, como condutor.

Comentário
Para qualquer pessoa do povo, é facultado prender quem se encontra em
situação flagrancial.

DOUTRINA

• “A prisão em flagrante é compulsória ou facultativa. A compulsória decorre


da obrigação do agente policial de fazê-la (seja policial civil, federal ou poli-
cial militar). Pouco importa que o policial esteja fora de seu horário de serviço
ou em férias, a obrigação subsiste. O policial que se omite pode ser consi-
derado partícipe do delito praticado (artigo 13 do CP – O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido (…) § 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
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a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância). É facultativa


quando levada a efeito por qualquer cidadão. Quando realizada por policial,
trata-se de estrito cumprimento de dever legal. Por qualquer cidadão consti-
tui exercício legal de um direito (artigo 23, inciso III, do CP).” Fonte: MEDEI-
ROS, Flávio Meirelles. CPP – Código de Processo Penal Comentado. Dis-
ponível em <http://www.flaviomeirellesmedeiros.com.br/principal.htm#flagr>

SUJEITO PASSIVO

• Qualquer pessoa, em regra, pode ser presa em flagrante delito.


• Exceções ou particularidades:
–– Menores de 18 anos: se for um adolescente, pode ser apreendido em
flagrante. Já no caso de ser uma criança, esta será submetida a uma
medida de proteção.
-- Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante
de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente.
–– Doente mental:
-- Doente mental pode ser preso em flagrante – no decorrer do processo,
auferida a doença mental, terá medida de segurança.

Direto do concurso
AGENTES DIPLOMÁTICOS
1. (2008/FMP CONCURSOS/MPE-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA) A, na condi-
ção de agente diplomático – adido cultural – comete fato descrito como crime
no Brasil. No que concerne à responsabilidade penal, há exclusão de jurisdição.

Comentário
• Não se pode fazer o auto de prisão em flagrante nem a portaria. Assim, não
há como ter o inquérito.
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• “Conforme as exceções da Intraterritorialidade (CP, art. 5º, “caput”), a


imunidade diplomática é causa de exclusão da jurisdição brasileira, em
razão de o agente diplomático– até o 3° secretário – seus familiares,
empregados contratados no estrangeiro e familiares deles, possuírem o
benefício dessa imunidade, pela qual somente respondem pelos crimes
cometidos no Brasil perante a legislação penal do país acreditante (do
diplomata). A aplicação da lei penal brasileira é afastada pela Convenção
de Viena de 18.04.1961 (Decreto n. 56.435/65) que regulou as relações
diplomáticas entre os países.” Fonte: www.fmb.com.br

FUNCIONÁRIOS CONSULARES
2. (2015/MPE-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA) O funcionário consular e o re-
presentante diplomático não podem figurar no polo passivo de prisão em
flagrante, nem mesmo pela prática de crime considerado grave.

Comentário
• O funcionário consular não tem os mesmos benefícios que o agente diplo-
mático.
• “A teor dos artigos 41 e 43 da Convenção de Viena sobre relações consulares,
os cônsules, que são agentes diplomáticos que representam os interesses
de pessoas físicas ou estrangeiras, não gozam de ampla imunidade, a
não ser que haja um tratado entre as nações interessadas. Pelas infrações
praticadas no exercício de suas funções respondem perante as autoridades
do País que os nomeou, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal (RTJ
63/65), gozando ainda de privilégios a respeito da prisão preventiva.” Fonte:
https://jus.com.br/artigos/38975/imunidades-diplomaticas

PRESIDENTE DA REPÚBLICA
3. (2006/EJEF-TJ/MG/JUIZ) Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
infrações penais comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão.
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Comentário
Art. 86, § 3º, CF/1988.

4. (2009/TRF – 4ª REGIÃO/TRF – 4ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL) O Presidente da


República não pode ser processado criminalmente durante a vigência do man-
dato por delitos cometidos antes da posse ou mesmo por aqueles praticados
durante a investidura, salvo se se tratarem de crimes funcionais, prerrogativa
essa que não se estende aos chefes do Poder Executivo das demais esferas.

Comentário
Art. 86, § 3º, CF/1988.

GOVERNADORES
5. (2015/CESPE/TJ-DFT/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) É lícita a prisão em
flagrante de governador de estado da Federação que cometa tentativa de
homicídio, uma vez que os governadores não gozam da prerrogativa extra-
ordinária da imunidade a esse tipo de prisão.

Comentário
Julgado:

“Ação Direta de Inconstitucionalidade — Constituição do Estado do Pernambuco


— Outorga de prerrogativa de caráter processual penal ao Governador do Estado
— Imunidade a prisão cautelar — Inadmissibilidade — Usurpação de competência
legislativa da União — Prerrogativa inerente ao Presidente da República enquanto
Chefe de Estado (CF/88, art. 86, § 3.º) — Ação direta procedente. Imunidade a pri-
são cautelar — prerrogativa do Presidente da República — impossibilidade de sua
extensão, mediante norma da Constituição estadual, ao Governador do Estado. O
Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição, não
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dispõe de competência para outorgar ao Governador a prerrogativa extraordinária


da imunidade a prisão em flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária, pois
a disciplinação dessas modalidades de prisão cautelar submete-se, com exclusivi-
dade, ao poder normativo da União Federal, por efeito de expressa reserva cons-
titucional de competência definida pela Carta da República. — A norma constante
da Constituição estadual — que impede a prisão do Governador de Estado antes
de sua condenação penal definitiva — não se reveste de validade jurídica e, conse-
quentemente, não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o
texto da Constituição Federal. PRERROGATIVAS INERENTES AO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA ENQUANTO CHEFE DE ESTADO. Os Estados-membros não po-
dem reproduzir em suas próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos
inscritos no art. 86, §§ 3.º e 4.º, da Carta Federal, pois as prerrogativas contempla-
das nesses preceitos da Lei Fundamental — por serem unicamente compatíveis
com a condição institucional de Chefe de Estado — são apenas extensíveis ao
Presidente da República. Precedente: ADI 978-PB, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de
Mello” (ADI 1.028, j. 19.10.1995, DJ de 17.11.1995. Cf., ainda, ADI 1.634-MC (Em
idêntico sentido, cf. ADI 1.020, j. 19.10.1995, para a situação particular do DF. Para
um amplo debate, cf. HC 102.732, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 04.03.2010, Plenário,
DJE de 07.05.2010).

GABARITO
1. C
2. E
3. C
4. C
5. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Gladson Miranda.
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