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6 - A Retidão Da Fé
6 - A Retidão Da Fé
John Wesley
'Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá
por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao
céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a
trazer dentre os mortos a Cristo.) Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no
teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos'
(Romanos 10:5-8)
1. O Apóstolo não contrapõe a aliança dada por Moisés, com a aliança dada
por Cristo. Se nós, alguma vez, imaginamos isto, foi por falta de observar que a
última, tanto quanto a primeira parte dessas palavras, foi falada pelo próprio Moisés
para o povo de Israel, e isto, concernente à aliança que, então, havia. (Deuteronômio
30:11-14) 'Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e
tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos
céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está
além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga,
e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti,
na tua boca, e no teu coração, para a cumprires'. Mas é a aliança da graça, que Deus,
através de Cristo, tem estabelecido, com homens de todas as épocas, (tanto quanto
diante e sob o desígnio judeu, desde que Deus foi manifestado na carne) que Paulo
confronta com as obras feitas com Adão, enquanto no paraíso, mas comumente supôs
ser apenas a aliança que Deus tem feito com o homem, particularmente por aqueles
judeus a quem o Apóstolo escreve.
2. É destes que ele fala tão afetuosamente, no início desse capítulo: (Romanos
10:1-3) 'Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para
sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com
entendimento. Porque sendo ignorantes da justiça de Deus', (da justificação que flui
de sua mera graça e misericórdia, livremente perdoando nossos pecados através do
Filho de seu amor, pela redenção que está em Jesus), 'buscando estabelecer a sua
própria retidão', (a própria santidade deles, antecedente à fé 'nele que justifica o
descrente' como o alicerce do perdão e aceitação deles) 'não têm se submetido à
retidão de Deus', e, conseqüentemente buscam a morte no erro de suas vidas.
4. E quantos são igualmente ignorantes disto agora, mesmo entre esses que são
chamados pelo nome de Cristo! Quantos têm agora um 'zelo por Deus', ainda assim,
não o têm de 'acordo com o conhecimento'; mas estão ainda buscando 'estabelecer
sua própria justiça', como o alicerce do perdão e aceitação deles; e, portanto,
veementemente recusando-se a 'submeterem a si mesmos à retidão de Deus!'.
Certamente, o desejo de meu coração, e oração para o Deus por vocês, irmãos, é que
possam ser salvos. E, com o objetivo de remover essa grande pedra de tropeço de
nosso caminho, eu vou me esforçar para mostrar, Primeiro, qual a retidão, que é pela
lei, e qual 'a retidão que é pela fé'. Em Segundo Lugar, a insensatez de se acreditar na
retidão da lei, e a sabedoria de submeter-se àquela que é da fé.
1. E, Primeiro, 'a retidão que é a da lei diz, o homem que faz tais coisas,
deverá viver por elas'. Observem constantemente e perfeitamente todas essas coisas
para fazê-las, e então, você viverá para sempre. Essa lei, ou aliança, (usualmente
chamada de Aliança das Obras), dada por Deus ao homem no paraíso, requeria uma
perfeita obediência em todas as suas partes, completa e não faltando em coisa alguma,
como a condição de sua permanência eterna na santidade e felicidade, por meio dos
quais, ele foi criado.
3. Essas eram as coisas que a retidão da lei requereu, para que aquele que as
cumprisse, pudesse viver por meio disto. Mas, mais além, requereu-se que essa
obediência completa a Deus; essa santidade interior e exterior; essa conformidade,
ambos do coração e vida para sua vontade, seria perfeita em escalas. Nenhuma
diminuição, nenhuma permissão poderia possivelmente ser feita, por escassez, em
algum nível, como de um jota ou um til, tanto da lei exterior, quanto da interior. Se
todo mandamento relacionado às coisas exteriores fosse obedecido, ainda assim, isto
não seria suficiente, a menos que cada um fosse obedecido, com toda a força, na mais
alta medida, e da maneira mais perfeita. Nem respondia à pretensão dessa aliança, o
amar a Deus, com todo poder e faculdade, a menos que Ele fosse amado, com a
completa capacidade de cada um, e com toda a possibilidade da alma.
5. A retidão, então, que é da lei, fala dessa maneira: "Tu, ó homem de Deus,
permanecerás firme no amor, na imagem de Deus, por meio do qual foste criado. Se
tu permaneceres na vida, mantenhas os mandamentos, que agora foram escritos em
teu coração. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu pensamento. Amarás, toda alma que Ele criou, como a ti mesmo..
Desejarás nada, a não ser, Deus. Almejarás a Deus, em todos os teus pensamentos,
em toda palavra e obra. Não te desviarás, em um só movimento de corpo ou alma,
Dele, a tua marca, a recompensa de teu alto chamado; e que tudo que existe em ti,
seja um louvor ao Seu santo nome; todo poder e faculdade de tua alma, de todo o
tipo, em qualquer grau, e em todo o momento de tua existência. 'Isto faças, e viverás':
Tua luz brilhará; teu amor inflamar-se-á, cada vez mais, até que sejas recebido no
alto, na casa de Deus, nos céus, para reinares com ele, para todo o sempre'".
6. Mas a retidão que é da fé fala dessa maneira: Não diga ao teu coração,
Quem subirá aos céus, ou seja, trará Cristo do alto para a terra'; (como se fosse
alguma tarefa impossível a que Deus requereu que tu executasses previamente, com o
objetivo de tua aceitação); ou, Quem deverá descer para as profundezas: ou seja,
trazer Cristo de entre os mortos'; (como se isto ainda restasse ser feito, pelo que tu
deverás ser aceito); 'mas o que ela diz?'. A palavra, conforme o teor do qual tu podes
agora ser aceito, como herdeiro da vida eterna, 'está próxima a ti, mesmo em tua
boca, e em teu coração; ou seja, a palavra da fé que nós pregamos',-- a nova aliança
que Deus tem agora estabelecido com o homem pecador, através de Jesus Cristo.
8. Agora, essa aliança não diz ao homem pecador: 'Execute a obediência, sem
pecado, e viva'. Se este fosse o termo, ela teria nenhum proveito, através de tudo que
Cristo fez e sofreu por ele, do que se lhe fosse requerido, com o objetivo da vida,
'ascender ao céu e trazer Cristo do alto'; ou 'descer às profundezas', para o mundo
invisível, e 'erguer Jesus de entre os mortos'. Ela não requer qualquer impossibilidade
de ser feita: (Embora ao homem comum, o que ela requer seja impossível; não o será
para o homem assistido pelo Espírito de Deus): Esta era apenas para escarnecer a
fraqueza humana. De fato, falando estritamente, a aliança da graça não requer que
façamos alguma coisa, afinal, como sendo absoluta e indispensavelmente necessária,
com o objetivo de nossa justificação; mas apenas, crer Nele que, por causa de seu
Filho, e da expiação que Ele fez, 'justifica o não santo, que não trabalha', e imputa
sua fé, a ele por retidão. Assim sendo Abraão 'creu no Senhor, e ele imputou isto a ele
por retidão'. (Gênesis 15:6) 'E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça'.'E
ele recebeu o sinal da circuncisão, o selo da retidão da fé, -- para que ele pudesse ser
o pai de todos os que crêem, -- para que a retidão pudesse ser imputada junto a eles
também'.
'Agora ela não foi escrita por causa de um apenas, ou seja', por exemplo, a fé
'foi imputada a Ele; mas por nós também, a quem ela deveria ser imputada'; a quem a
fé deveria ser imputada por retidão; deveria permanecer no lugar da obediência
perfeita, com o objetivo da aceitação com Deus; 'se nós crêssemos Nele, que
ressuscitou Jesus, nosso Senhor, dos mortos; que foi entregue' à morte, 'por nossas
ofensas, e ressuscitou para nossa justificação'.
(Romanos 4:23-25) 'Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse
tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos
naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor o qual por nossos
pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação'.
10. Agora 'esta palavra está próxima a ti'. Esta condição de vida é clara e
fácil, e está sempre à mão. 'Está em tua boca, e em teu coração', através da operação
do Espírito de Deus. No momento em que 'tu creres em teu coração', Nele, a quem
Deus ergueu de entre os mortos', e 'confessares com tua boca, o Senhor Jesus', como
teu Senhor e teu Deus, 'tu deverás ser salvo', da condenação, da culpa e punição de
teus primeiros pecados, e terás poder, para servires a Deus, na santidade verdadeira,
todos os dias restantes de tua vida.
11. Qual é a diferença, então, entre a 'retidão que é da lei', e a 'retidão que é
da fé:' – entre a primeira aliança, ou a aliança das obras, e a segunda, a aliança da
graça? A diferença essencial e imutável é esta: Uma supõe que ele, a quem ela é dada,
já seja santo e feliz, criado na imagem, e desfrutando do favor de Deus; e prescreve a
condição em que ele poderá continuar nela, no amor e alegria, vida e imortalidade: A
outra supõe que ele, a quem ela é dada, seja agora impuro e infeliz, expulso da
gloriosa imagem de Deus, tendo a ira de Deus habitando nele, e precipitando-se,
através do pecado, por meio do qual sua alma está morta, para a vida corpórea, e
morte eterna; e para o homem neste estado, ela prescreve a condição, por meio da qual
ele poderá recuperar a pérola que ele perdeu, poderá recuperar o favor e a imagem de
Deus, recuperar a vida de Deus em sua alma, e ser restaurado para o conhecimento e
amor de Deus, que é o início da vida eterna.
13. Ainda, novamente: A aliança das obras requereu de Adão e todos os seus
filhos, pagarem o preço, eles mesmos, em razão do que, eles receberiam todas as
bênçãos futuras de Deus. Mas, na aliança da graça, vendo que não temos nada a pagar,
Deus 'livremente nos perdoa a todos': Contanto, apenas, que acreditemos Nele que
pagou o preço por nós; que deu a si mesmo como 'Sacrifício expiatório, pelos nossos
pecados; pelos pecados do mundo todo'.
14. Assim, a primeira aliança requereu o que está agora longe de todos os
filhos dos homens; ou seja, uma obediência, sem pecado, que está distante daqueles
que 'são concebidos e nascidos no pecado'. Ao passo que a segunda requer o que está
à mão; como se pudesse ser dito: 'Tu és pecado! Deus é amor! Tu, pelo pecado, foste
excluído da glória de Deus; ainda assim, existe misericórdia Nele. Traze, então, todos
os seus pecados para o perdão de Deus, e eles se extinguirão como uma nuvem. Se tu
não fosses impuro, não haveria porque Ele justificar a ti como impuro. Mas, agora,
aproxima-te, na completa segurança da fé. Ele fala, e ela é feita. Tu não deves temer,
apenas crer; porque, sempre o justo Deus justifica todos que crêem em Jesus'.
II
1. Uma vez, essas coisas, consideradas, seria fácil mostrar, como eu propus
fazer, em Segundo Lugar, a tolice de confiar na 'retidão que é da lei', e a sabedoria
que é submeter-se 'à retidão que é da fé'. A insensatez desses que ainda confiam na
'retidão que é da lei', cujos termos são, 'Faça isto, e viva', pode aparecer
abundantemente por esta razão: Ela parte de um erro: mesmo o seu primeiro passo é
um equívoco básico: Porque, antes que eles pudessem, alguma vez, pensar em clamar
por alguma bênção, nos termos dessa aliança, eles deveriam supor que eles mesmos
estivessem, nas mesmas condições que aqueles, aos quais essa aliança fora feita. Mas
que suposição inútil é esta; já que foi feita a Adão, em um estado de inocência. Quão
deficiente deve ser aquela construção que se situa em tais fundações. E quão tolos são
os que, assim, constroem sobre areia! Que parece nunca ter considerado que a aliança
das obras não foi dada para o homem, quando ele estava 'morto nas transgressões e
pecados',, mas quando ele estava vivo para Deus, quando ele conheceu nenhum
pecado, mas era santo, como Deus é santo; que se esqueceu de que ela nunca foi
designada para a recuperação do favor e vida de Deus, uma vez perdida, mas apenas
para a continuação e crescimento, disto, até que possa ser completa na vida eterna.
2. Nem quem está, assim, buscando estabelecer a sua 'própria retidão, que é
da lei', cogita qual seja aquela maneira de obediência ou retidão, que a lei
indispensavelmente requer. Ela deve ser perfeita e completa em todo ponto, ou ela não
responde à pretensão da lei. Mas qual de vocês é capaz de executar tal obediência; ou,
conseqüentemente, viver por meio dela? Quem entre vocês cumpre cada jota e til,
mesmo dos mandamentos exteriores de Deus? – fazendo nada, grande ou pequeno,
daquilo que Deus proíbe? – deixando nada do que Ele ordenou, inacabado? – dizendo
nenhuma palavra inútil? – tendo sua conversa sempre 'adequada para ministrar a
graça para seus ouvintes?' – e, 'o que quer que coma ou beba; ou o que quer que
você faça, fazendo tudo para a glória de Deus?'. E quão menos, você é capaz de
cumprir todos os mandamentos interiores de Deus! – aqueles que requerem que cada
temperamento e movimento de sua alma possam ser santidade junto ao Senhor! Você
é capaz de 'amar a Deus com todo o seu coração?' – amar toda a humanidade, como a
sua própria alma? –'orar sem cessar? – em todas as coisas dando graças?' – ter Deus
sempre diante de você? – e manter cada afeição, desejo e pensamento, em obediência
à sua lei?
3. Você pode considerar mais além que a retidão da lei não requer apenas a
obediência a todo comando de Deus, negativo e positivo, interno e externo, mas
igualmente no grau perfeito. Em qualquer instância que seja, a voz da lei é, 'tu
servirás ao Senhor teu Deus com toda a tua força'. Ela não permite qualquer redução
dessa espécie: ela não perdoa falha: ela condena todo que se exclui da completa
medida da obediência, e imediatamente pronuncia uma punição sobre o ofensor: Ela
considera apenas as regras invariáveis da justiça, e diz, 'Eu não sei mostrar
misericórdia'.
4. Quem, então, pode se apresentar, diante de tal Juiz, que é 'extremado para
marcar o que é feito de errado?'. Quão fracos são aqueles que desejam ser tentados,
no obstáculo onde 'nenhuma carne viva pode ser justificada!' -- ninguém da
descendência de Adão. Porque, suponha que nós agora mantenhamos todo
mandamento, com toda nossa força; ainda assim, uma simples brecha que fosse,
destruiria completamente toda nossa reivindicação para a vida. Se ofendermos,
alguma vez, em algum ponto, essa retidão está no fim. Porque a lei condena todo
aquele que não executa tanto a obediência ininterrupta quanto a perfeita. De modo
que, de acordo com a sentença desta, para aquele que uma vez pecou, em algum grau,
'resta apenas um olhar temeroso, por causa da indignação irascível que deverá
devorar os adversários' de Deus.
8. Pode ser, mais além, considerado que foi da mera graça, do amor livre, da
misericórdia imerecida, que Deus tem concedido ao homem pecador algum caminho
de reconciliação consigo mesmo; que nós não fomos tirados de Suas mãos, e
inteiramente apagados de Sua lembrança. Portanto, qualquer que seja o método que
Ele se agradou indicar, de sua misericórdia terna, de sua bondade imerecida, por meio
do qual seus inimigos, que têm tão profundamente se revoltado com Ele, e há tanto
tempo e obstinadamente, se rebelado contra Ele, podem ainda encontrar favor aos
seus olhos, é, sem dúvida, nossa sabedoria aceitar isto com toda gratidão.
III
1. Portanto, quem quer que tu sejas, que desejas ser perdoado, e reconciliado,
para o favor de Deus, não digas, em teu coração, 'Eu devo, primeiro, fazer isto; eu
devo, primeiro, subjugar todo pecado; interromper toda palavra e obra pecaminosa,
e fazer todo bem a todos os homens; ou, eu devo, primeiro, ir para a igreja receber a
Ceia do Senhor, ouvir mais sermões, e fazer mais orações'. Ai de mim, meu irmão! Tu
estás claramente saindo fora do caminho. Tu és ainda 'ignorante da retidão de Deus',
e estás 'buscando estabelecer tua própria retidão', como o alicerce de tua
reconciliação. Tu não sabes que tu não podes fazer nada, a não ser pecar, até que sejas
reconciliado para Deus? Por que, então, tu dizes, 'eu devo fazer isto, e isto, primeiro,
e, então, eu devo crer?'. Não! Que, primeiro, tu creias! Creias no Senhor Jesus Cristo,
o Conciliador para teus pecados. Permite que seu bom alicerce, primeiro seja
colocado, e, então, deverás fazer todas as coisas, bem.
2. Nem digas, em teu coração, 'Eu não posso ser ainda aceito, porque não sou
bom o suficiente'. Quem é bom o suficiente – quem, alguma vez, foi – para merecer
aceitação nas mãos de Deus? Algum filho de Adão foi bom o suficiente para isto? –
ou alguém será, até a consumação de todas as coisas? E como para ti, tu não és bom,
afinal: Em ti não habita coisa alguma boa. E tu nunca serás, até que tu creias em
Jesus. Antes, tu te acharás cada vez pior. Mas existe alguma necessidade em se ser
pior, para que se seja aceito? Tu já não és mau o suficiente? Decerto que tu és, e Deus
sabe. E tu mesmo não podes negar isto. Então, não demora. Todas as coisas estão
agora prontas. 'Levanta-te, e limpa teus pecados'. A fonte está aberta. Agora é o tempo
de deixar-te limpo do sangue do Cordeiro. Agora ele irá 'purificar' a ti, e tu serás 'alvo
como a neve'.
Ó, o Cordeiro de Deus, alguma vez foi dor; alguma vez foi amor como o teu?
Olhe firmemente para Ele, até que Ele olhe para ti, e penetre em teu duro coração.
Então, que tua 'cabeça' possa ser 'águas', e teus 'olhos fontes de lágrimas'.
4. Nem ainda digas, 'Eu devo fazer alguma coisa mais, antes de vier para
Cristo'. Eu admito, supondo que teu Senhor possa demorar em sua vinda, seria
adequado e certo esperar por ela, fazendo, tanto quanto tu tens poder, o que Ele
ordenou a ti. Mas não existe necessidade de fazer tal suposição. Como tu sabes que
Ele irá demorar? Talvez, Ele vá aparecer, ao romper do dia nas alturas, antes da luz da
manhã. Ó, não estabelece para Ele um horário! Espera por Ele todo o momento!
Agora Ele está próximo! Até mesmo à porta!
5. E para que finalidade, tu esperarás por mais sinceridade, antes que teus
pecados sejam apagados? – para tornar a ti mais merecedor da graça de Deus? Ai de
mim! Tu ainda 'estabeleces tua própria retidão'. Ele irá ter misericórdia, não porque
tu a mereces, mas porque a compaixão Dele não falha; não porque tu és reto, mas
porque Jesus Cristo expiou por teus pecados.
Novamente, se existir alguma coisa boa na sinceridade, por que tu esperas por
ela, antes que tu tenhas fé? – vendo que a própria fé é apenas a raiz do que quer que
seja realmente bom e santo. Acima de tudo, por quanto tempo tu irás esquecer, que o
quer que faças, ou o que quer que tenhas feito, antes que teus pecados sejam
perdoados de ti, não importa em nada com Deus, quanto a procurar por teu perdão? --
sim, e que todos eles devem ser deixados para trás, pisoteados, tendo nenhuma
consideração a respeito, ou tu nunca irás encontrar favor às vistas de Deus; porque,
até então, tu não pudeste pedir isto, como um mero pecador, culpado, perdido,
inacabado, tendo nada a pleitear, nada a oferecer a Deus, mas apenas os méritos de
seu bem amado Filho, 'que amou a ti, e deu a si mesmo por ti!'.
6. Para concluir. Quem quer que tu sejas, Ó homem, que tenhas a sentença da
morte em ti mesmo; que sentes a ti mesmo um pecador condenado, e tens a ira de
Deus habitando sobre ti: Junto a ti, diz o Senhor, não, 'Faças isto' – obedeças,
perfeitamente, todos os meus mandamentos, -- e 'viverás'; mas, 'Creias no Senhor
Jesus Cristo, e tu serás salvo'. A palavra da fé está próxima a ti: Agora, neste
momento, neste exato momento, em teu estado presente, pecador como tu és,
exatamente como tu és, creia no Evangelho; e 'Eu serei misericordioso, junto à tua
misericórdia, e de tuas iniqüidades não mais me lembrarei'.