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Batalha de Aljubarrota
Crise de 1383-1385
Portugal Castela
com aliados Ingleses com aliados Aragoneses,
Italianos e Franceses
Comandantes
Forças
Baixas
1000 4000
Crise de 1383-1385
Atoleiros – Cerco de Lisboa – Trancoso – Aljubarrota – Valverde
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O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação
de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A aliança Luso-Britânica saiu
reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o
casamento do rei D. João I com D. Filipa de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha
de Aljubarrota, D. João I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com Castela só viria a
estabelecer-se em 1411.
A Batalha de Aljubarrota representa uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre
dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. No campo
militar significou a inovação de uma táctica, onde os homens de armas apeados foram capazes de
vencer a poderosa cavalaria medieval. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a
Inglaterra, que perdura até ao dias de hoje. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o
Reino de Portugal do Reino de Castela e Leão, permitindo a afirmação de Portugal como Reino
Independente. Tornou possível também que se iniciasse umas das épocas mais grandiosas da
história de Portugal, a época dos Descobrimentos.
Antecedentes
No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução.
A Guerra dos Cem Anosdevastava a França, epidemias de peste negra levavam vidas em todo
o continente, a instabilidade política dominava e Portugal não era excepção.
Em 1383, El-rei D. Fernando morreu sem um filho varão, que herdasse a coroa. A sua única
filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A burguesia mostrava-se
insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e
com a ordem da sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As
pessoas alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de
Avis, D. João, filho natural de D.Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do
Reino.
O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente
a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortesreunidas
em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia
advir-lhe do casamento.
Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de Julho de 1384, à entrada de Lisboa, a
frota castelhana, na batalha do Tejo. Os portugueses perdem três naus e sofrem vários
prisioneiros e mortos, no entanto, a frota portuguesa consegue romper a frota castelhana, que
era muito superior, e descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda
alimentar veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.
O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devido a determinação das
forças portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, a
ajuda dos alimentos trazidos do Porto e devido a epidemia de peste negra que assolou as
forças castelhanas acampadas no exterior das muralhas.
Em Junho de 1385, D. Juan I decide invadir novamente Portugal, desta vez à frente da
totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa.
Nuno Alvares Pereira a rezar antes da batalha, em azulejos de Jorge Colaço no Centro Cultural Rodrigues de
Faria.
Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército tomou a sua posição na
vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados.
A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de
besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e
infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de
Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a
chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina.
Esquema ilustrando a Batalha de Aljubarrota.
O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde
o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha
um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final
muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado
a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria,
protegendo esta e os besteiros. Este tipo de táctica defensiva, muito típica das legiões
romanas, ressurgia na Europa nessa altura.
Painel de azulejos pintado por Jorge Colaço (1922) representando um episódio da batalha de Aljubarrota.
NoPavilhão Carlos Lopes, Lisboa, Portugal.
O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a
romper a linha de infantaria adversária. Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o
ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as
paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre sí apenas pela distancia
necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva
de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses) fizeram
com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se
encontrar desorganizada e confusa. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque
nulo.
Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua
linha era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direcção aos
portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras)
de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se
desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças dividindo a vanguarda de D.
Nuno Álvares em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda
estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses
e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente.
Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às
mãos do povo.
Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de
Almeida, recordada como aPadeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias
mãos alguns castelhanos em fuga. A história é por certo uma lenda da época, de qualquer
forma pouco depois D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu
trégua às tropas fugitivas.
O dia seguinte
Na manhã de 15 de Agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os
cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a
colina. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos
nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa
sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as tácticas de infantaria, depois
de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a
última vez que isso aconteceu.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da dinastia de
Avis. Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I
mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha.