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Resumo: Em oito de março de 1857 na cidade de Nova York, 129 tecelãs pararam o seu
trabalho em protesto por melhores salários, igualdade de direitos e redução de jornada. Mas
este movimento terminaria em uma inesquecível tragédia. Desacostumada com motins
trabalhistas, a polícia local cercou o prédio e ateou fogo. Resultado: todas foram queimadas.
De lá para cá, as mulheres conseguiram alguns direitos fundamentais, mas ainda são
constantemente inferiorizadas. Este trabalho busca sucintamente demonstrar a luta das
mulheres pelos seus direitos, e com o agravante de enfrentarem, além do preconceito, as
investiduras sexuais de patrões que usam de posições hierárquicas privilegiadas para 1
satisfazerem seus sórdidos desejos.
Por trás do assédio existe sempre a necessidade de abusar de alguém, mostrar que se tem
mais poder, que se tem o controle. Não se trata de uma brincadeira mais pesada, nem de
um galanteio. Também não é um flerte. Trata-se de um comportamento abusivo,
humilhante, extremamente danoso para a pessoa que o suporta (COSTA, 1997, p.85).
1 Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais (Direito) pela Universidade de Ribeirão Preto - (UNAERP - 1999) e Licenciado
em História pelo Centro Universitário Claretiano (2017). Especialista em Direito Educacional (2009), Filosofia da Educação
(2011) e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Faculdade de Educação São Luis de Jaboticabal (FESL); Mestre e
Doutorando em Educação pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar na linha de pesquisa Educação, Cultura e
Subjetividade; Desenvolve investigações vinculadas à linha de pesquisa Diferenças: relações étnico-raciais, de gênero e etária
e participa do grupo de estudos sobre a criança, a infância e a educação infantil: políticas e práticas da diferença vinculado à
UFSCar. Atua principalmente nas seguintes áreas: Estatuto da Criança e Adolescente, Estudos sobre a Infância e a criança,
Sociologia da Infância, do Desastre e da Diferença. Tem interesse nos estudos sobre a história da infância e da criança, da
família, criminalidade infantil, relações étnico-raciais, abolicionismo penal (tendência estrutural historicista de Michel
Foucault), patologia forense, história da criminologia infantil, etc...
1 - Algumas Considerações Históricas sobre o Direito das Mulheres
Com base em Calil (2000), podemos dizer que os direitos das mulheres no Brasil tem
início com a obra “Direito das mulheres e Injustiça dos Homens”, de Nísia Floresta
Brasileira Augusta[i] publicada em 1832.
Figura admirada por muitos intelectuais[ii], Nísia se destacou em um Brasil que
mesclava características de Colônia e Império. Neste prenúncio de país, as mulheres eram
apenas sombra dos homens. Sem condições de protestar por seus direitos por sua condição
análoga à mera servidora do Senhor Colonial, estas mulheres não possuíam direito a voto e a
alfabetização. Quando de posses, segundo preleciona Costa (1979), a ela era reservada todas
as tarefas domésticas, organizando a moradia e administrando agregados, serviçais e
familiares enquanto o seu senhor caminhava pelas ruas das recém-inauguradas cidades.
Quando pobres ou escravas, ou cumpriam ordens de seus patrões ou costuravam, lavavam,
fiavam e roçavam para galgarem o pão de cada dia. (FALCI apud Calil, 2000, p.8).
Douglas C. Libby e Júnia F. Furtado em estudo sobre o tema descrevem que as
escravas no período colonial brasileiro sofriam duplamente: primeiro, com as investidas
sexuais de patrões e filhos; e em segundo, com ataques de tirania de suas patroas:
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Foi somente com a entrada em ação dos médicos higienistas em meados do século
XIX no âmbito familiar que as mulheres começaram a ganhar visibilidade e a conquistarem
seus direitos. Preocupados em ditar normas sobre os comportamentos sociais e moldar
sentimentos, os higienistas perceberam que somente com a inferiorização do pater poder é
que poderiam moldar a família. Neste contexto, educar a mulher para ser uma mãe cuidadosa
e higiênica significava evitar a grande mortalidade de infantes e ainda, de supetão, moldar
crianças pelas mãos de suas mães para se tornarem adolescentes produtivos e suscetíveis de
comando pelo estado. (COSTA, 1979).
A partir desta perspectiva, houve o recalque do domínio paterno, colocando as
mulheres no centro da discussão. É que, diminuindo o poder dos homens do centro da família,
o médico social pôde adentrar em seu interior e, infiltrando-se nos costumes e afazeres do lar,
acabou por modificar significativamente a família Colonial, transformando-a em um
prospecto de família burguesa (COSTA, 1979). Neste contexto, e com a iminente urbanização
das cidades, a modernidade apresenta-se por meio de seus avanços, seja no campo da
medicina com medicamentos e vacinas recém-inventados, seja com todos os apetrechos que
transformaram a antiga sociedade colonial em uma nascedoura sociedade elitista burguesa. E
junto com estes novos conceitos sociais, a vida das pessoas foi acentuadamente prolongada e
a taxa de mortalidade infantil foi diminuída drasticamente. Este foi então o veículo que
transformou um pantanoso terreno ruralista em uma promissora República comercial e
industrial. Este sonho juntamente com a abolição da escravidão acabou por despontar com o
limiar da república que insurgia no horizonte do país.
No limite, a República derruba a Monarquia ruralista e passa a cunhar uma nação de
direitos trabalhistas, especialmente após as leis que extinguiram o trabalho escravocrata
(CALIL, 2000, p.11). Leis como a do Ventre Livre (1.871), do sexagenário (1.888) e a Lei
Áurea afofam o campo desumano do trabalho escravo para a germinação de uma mão de obra
doravante remunerada. E esta mão de obra abarca também a imigração de vários
trabalhadores de outros países, em especial, italianos que viriam para o Brasil dispostos a
trabalharem na nascente indústria[iii] tupiniquim.
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Porém, nem tudo seriam flores. Com a modernização das cidades, os lugares
privilegiados acabaram sendo reservados aos mais favorecidos, restando aos pobres moradias
insalubres nos subúrbios das cidades ou cortiços nos centros antigos. Pessoas passaram a se
amontoar em casebres e sobrados centenários, prosperando neste cenário doenças e pestes.
(CARVALHO, 1987).
Ocorre que neste recente sistema capitalista burguês, incidia um estranho paradoxo:
enquanto as mulheres tiveram uma ligeira valorização frente ao machismo patriarcal pelas
mãos higienistas, em outra vertente, (e em especial as menos abastadas) tiveram um drástico
aumento em seus turnos de labor. É que a voraz indústria exigia corpos saudáveis e
domesticados para trabalharem em suas maquinarias, onde em muitas ocasiões, o turno
ultrapassava 16 horas[iv].
Existiram alguns fatos infames que mancharam de sangue este momento da história.
Em oito de março de 1957, em Nova York, 129 mulheres inconformadas com a sua condição
análoga a escravas, resolveram protestar por melhores condições de trabalho, direitos de
salário iguais aos homens e diminuição de sua jornada de trabalho que chegava a 14 horas
diárias.
Direitos a higiene e à saúde, como o mandamento legal de haver no local de trabalho
as devidas instalações sanitárias e ventilação adequada, mais do que uma garantia
legal à mulher trabalhadora, é um direito que deveria e foi, anos mais tarde,
estendido a todos os trabalhadores, porque diz respeito à dignidade da pessoa
humana. (CALIL, 2000, p.41)
O que não se imaginava, é que deste inocente assopro de greve, um fato insólito
abarcaria a vida destas tecelãs. A polícia Nova-iorquina não estava preparada para o
enfrentamento de situações de levante, e desta feita, acabou por “cercar o prédio, e de acordo
com os proprietários, incendiou-o para obrigá-las a sair”. (TRINDADE, 2002, p. 144).
Resultado estarrecedor: todas foram encontradas carbonizadas[v].
A recém-instalada Revolução Industrial tornou-se uma voraz consumidora de corpos.
O sistema domesticava[vi] os corpos dos trabalhadores e acabava por sugar a seiva de suas
vidas. O resultado eram mulheres e homens que de tanto trabalhar, acabavam pagando por
estas forçadas extravagâncias com suas próprias vidas.
Neste momento histórico, germinava consideravelmente o número de mulheres
“chefes de família”. As pobres sofriam duplamente com suas jornadas de trabalho, pois
ganhavam menos por serem mulheres e eram julgadas por não estarem em seu lar cuidando de
sua família e educando os filhos (CALIL, 2000, p.18).
Neste sentido, Calil citando João, assim se manifesta: 4
Não obstante não termos dados para quantificar a intensidade das investidas sexuais
dentro de indústrias e em residências, existem indícios de que o assédio sexual acabou
acontecendo neste final de século XIX e nas primeiras décadas do século XX
desordenadamente e com certa frequência.
Com efeito, os corpos continuaram a se dobrar até a promulgação do Decreto-Lei nº
5.452 de 1º de maio de 1943 (BRASIL, 2013a). Foi com a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) que os direitos essenciais de ambos os sexos passaram a ser observados pelo sistema
legislativo Brasileiro, e um prenúncio de cidadania encheu de esperança todos os laboriosos
do país.
Para que se verifique a conduta reprovável do assédio, é preciso que a vítima não o
deseje e se tenha sentido importunada ou constrangida com as propostas do agente e
que estas ponham em perigo ou afetem, de alguma forma, os direitos humanos, a
dignidade, a saúde, a intimidade, a segurança, a comodidade, o bem estar ou
qualquer outro direito seu, adquirido ou em expectativa (MALUF, 1999, apud
CONSTANTINO, 2002, p.37).
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos
bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato
lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a
afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão de
seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo
ou não no serviço até final decisão do processo.(Incluído pela Lei nº 4.825, de
5.11.1965) (BRASIL, 2013a).
Das alíneas acima, destacam-se as seguintes: “a”, “c”, “d” e “e”. A fórmula 7
encontrada pelo ordenamento jurídico para reparar dano causado pela violência à esfera
extrapatrimonial do indivíduo foi a possibilidade jurídica de estipulação de uma
compensação, não necessariamente pecuniária (apesar de ser, frequentemente, a mais
adotada), para tentar amenizar a dor sofrida pela vítima. Esta sanção pelo dano sofrido poderá,
inclusive, consistir em uma retratação ou desagravo público. A invasão à privacidade e
dignidade do assediado caracteriza dano moral indenizável.
A reparação civil por danos morais é constantemente invocada quando se fala em
assédio sexual.
O assédio sexual pede algumas classificações. Podemos relacioná-las da seguinte
maneira: quanto ao sexo, o assédio moral poderá ocorrer entre pessoas de sexos diferentes
bem como por pessoas do mesmo sexo. Quanto à hierarquia, o assédio poderá ocorrer do
posto superior ao inferior, ou seja, de um superior hierárquico a um subordinado; de um posto
inferior para um superior; do mesmo nível hierárquico; ou do próprio empregador para o
empregado. Quanto à forma, o assédio poderá se dar pela forma verbal (cantadas, comentários
ousados) ou escrita (cartas, bilhetinhos, comentários por e-mail) e física (gestos indicadores
de desejos sexuais). Quanto ao modo, poderá se apresentar através de intimidações ou
chantagens (VILLELA, p. 157/158). Quanto ao local, o assédio poderá ocorrer no ambiente
de trabalho (laboral) ou fora do ambiente de trabalho (extralaboral).
A caracterização do assédio sexual exige a presença do autor (quem assedia) e do
destinatário do assédio, ou seja, da vítima (assediado). Indispensável será sempre o poder do
sujeito ativo sobre o sujeito passivo, decorrente da relação de trabalho, como fator de
intimidação e, ipso facto, sujeição deste à lascívia daquele. Entendimento minoritário tem
Rodolfo Pamplona Filho (2001), ao afirmar que a relação de poder entre assediante e
assediado não é requisito essencial para configurar o delito, pois, o assédio sexual trabalhista
poderá ocorrer também entre colegas de serviço, cliente e empregado ou entre empregado e
empregador.
A chantagem pode ser utilizada por qualquer subalterno, bastando imaginar a hipótese
de se exigir sexo mediante a ameaça de revelar algo que possa comprometer o chefe.
Deste modo, resta evidenciado que a configuração de comportamentos reiterados e
repelidos, de natureza sexual, praticado por assediador, de mesmo nível hierárquico que a
vítima ou em posição inferior a esta, poderá ser punível sim, como justa causa no Direito do
Trabalho, caracterizado como incontinência de conduta. Mas não poderá ser tipificado como
assédio sexual nos parâmetros do artigo 216-A do Código Penal, já que este dispositivo
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depende da relação de subordinação.
Alguns autores admitem a hipótese tentada do delito (realização incompleta do tipo
penal), ou seja, quando há o início da execução de um crime, mas não ocorre a sua
consumação por circunstâncias alheias à vontade do criminoso. Neste sentido, Heráclito
Antonio Mossin (2002, p.25) ensina que inobstante o crime ser de natureza formal, a tentativa
poderá ocorrer. Podemos colocar como exemplo a interceptação de uma carta ou bilhete com
conteúdo coativo visando benefício sexual que acaba não chegando em mãos da vítima[vii].
Não obstante, a jurisprudência em larga escala tem entendido que meras conjecturas
não caracterizam assédio sexual. Com efeito, tentativas de aproximação para relacionamentos
amorosos ou sexuais não estão sendo considerados pelos tribunais como elementos
caracterizadores do assédio sexual. Os galanteios, elogios, flertes e namoros entre colegas de
serviço são inofensivos, desde que não haja a utilização do posto ocupado como instrumento
de facilitação ou de coerção[viii]. A proposta pode ser aceita, ou não, livremente pelo
assediado. Para que se configure, há a necessidade do uso do poder como forma de
coerção[ix]
Assim, é importante frisar que as ameaças sofridas pela vítima, o sentimento de asco e
repúdio causado pela procura diuturna de relação sexual pelo agressor acaba por transformar o
ambiente de trabalho em local intolerável, interferindo sobremaneira na produção daquele que
é com frequência assediado, levando em elevadas ocasiões a conflitos trabalhistas e
problemas psicológicos por parte do assediado.
Então, este assédio poderá ser punido, tanto com fulcro nas leis já evidenciadas
(Artigo 216-A do Código Penal e Artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho), como
poderão sofrer respaldo também na esfera Cível. É que, como sabemos, o assediador poderá
ser enquadrado no artigo 186 do Código Civil[x].
Sendo o empregador ou outro superior hierárquico, o autor da conduta de assédio
sexual, é possível ao empregado a rescisão indireta do contrato de trabalho, sendo
admissíveis, também, os pedidos de indenização por dano material e moral, em decorrência da
violação do direito à intimidade/liberdade sexual, assegurado no art. 5º, X, da Constituição
Federal (BRASIL, 2004).
É indubitável a possibilidade de responsabilizar o empregador, no caso de assédio
sexual praticado por seus prepostos, executivos ou quaisquer empregados. Tal
responsabilidade, para alguns, seria objetiva, independentemente de conhecimento prévio,
outros, porém, exigem responsabilidade direta e efetiva, ou seja, a falta de providências
concretas e a tolerância para com a chantagem sexual.
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Segundo Villela, o assédio sexual “no trabalho vem sendo considerado pela
jurisprudência uma forma de discriminação ilícita, independentemente da intenção de
discriminar”. Ainda segundo o autor, “o valor atingido pelo assédio sexual é a liberdade
sexual, ou seja, a liberdade de escolha do parceiro e do momento, causando constrangimento e
ofensa à dignidade do trabalhador” (VILLELA, 2010, p.157). Configurado o crime de assédio
sexual, nasce o dever de indenizar.
A competência para julgar o assédio sexual acabou pacificada no sentido de
considerar a Justiça do Trabalho o único órgão competente para processar e julgar ações
relativas ao dano provocado pelo assédio sexual. Neste sentido:
5 Considerações Finais
Tenho que te dar uma noticiazinha má. Como você me ensinou, para o
materialista, tudo está certo. Acabam de me despedir da fábrica, sem uma
explicação, sem um motivo. Porque me recusei ir ao quarto do chefe. Como
sinto companheira, mais do que nunca a luta de classes! Como estou
revoltada e feliz por ter consciência. Quando o gerente me pôs na rua senti
todo o alcance de minha definitiva proletarização, tantas vezes adiada.[xi]
Agora, em pleno século XXI, o que nos resta é olhar para o passado buscando uma
cidadania que se perdeu na poeira do tempo. Afinal, é ela (cidadania) a panaceia que curará
todas as dores do futuro. 12
Referências:
Notas:
[i] Conforme Calil, (2000, p.6) o nome real da autora era Dionísia de Faria Rocha. A
obra foi publicada em recife em 1832 e é uma tradução livre do livro editado em Londres em
1792 intitulado: Vindication of the Rights of Woman.
[ii] Gilberto Freire era um grande admirador de Nísia. O autor, citado por Calil assim
descreveu a escritora: “Nísia Floresta surgiu – repita-se - , como uma exceção escandalosa.
Verdadeira machona entre as sinhasinhas deugosas do meado do século XIX. No meio de
homens a dominarem sozinhos todas as atividades extradomésticas, as próprias baronesas e 14
viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e
novelas que eram quase histórias de Troncoso, causa pasmo ver uma figura como a de Nísia”.
(FREYRE apud CALIL, 2006, p.7).
[iii] Calil afirma que Dom Pedro II já teria pensado na industrialização do Brasil em
pleno Império, porém a questão escravocrata era grande empecilho para este
desenvolvimento. Relata ainda a autora que nas décadas de 40 e sessenta dos dezenove a
industrialização de tecidos de algodão já davam sinal de sua força na Bahia (2000, p.12).
[iv] Relatos apontam que “muitas mulheres eram costureiras e completavam o orçamento
doméstico trabalhando em casa, às vezes até 18 horas por dia” (PRIORE, 2006, p.581).
[v] Um dos motivos da escolha do dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher é
este trágico acontecimento (AMARAL, FLANDOLI, 2006, p.15).
[vi] Sobre Docilidade de Corpos, ver a espetacular obra de Michel Foucault “Vigiar e
Punir” (1997).
[vii] Neste mesmo sentido, admitindoa tentativa, conferir Aloysio Santos: Assédio Sexual
nas relações trabalhistas e estatutárias. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
[viii] Neste sentido: ASSÉDIO SEXUAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não revelam
assédio sexual os bilhetes que mostram amor pela autora, sem conotação sexual e sem
qualquer caráter desrespeitoso. Não foi provada a autoria dos bilhetes. O suposto autor não
era supervisor da reclamante para se falar em assédio. (Recurso Ordinário nº
00318.2004.341.02.00-1 (20060395880), 2ª Turma do TRT da 2ª Região/SP, Rel. Sérgio
Pinto Martins. J. 01.06.2006, Publ. 13.06.2006).
[ix] Neste sentido: ASSÉDIO SEXUAL. CONFIGURAÇÃO, DANO MORAL.
INDENIZAÇÃO. Se a reclamante, no interior da empresa, sofre reiteradas investidas de
conotação sexual por parte do chefe de área, submetendo-se a situação vexatória e atentadora
à sua dignidade, configura-se o assédio sexual que, segundo José Wilson Sobrinho é o
comportamento consistente na explicitação da intenção sexual que não encontra receptividade
concreta de outra parte, comportamento esse reiterado após a negativa, atraindo assim, o
direito da reclamante à reparação por dano moral. (TRT – 3ª R. 4ª T.RO nº 14159/97 – Rel.
Denise Alves Horta – DJMG – 13.06.08 – pág. 6).
[x] Diz o referido artigo: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito (BRASIL, 2013c).
[xi] Citação realizada por Margareth Rago da obra de Patrícia Galvão de nominada
Parque Industrial de 1933.
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