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As Quatro Nobres Verdades (em sânscrito: catvāri āryasatyāni; Wyle: 'phags pa'i bden pa bzhi;

em páli: cattāri ariyasaccāni) são um elemento central da doutrina do budismo. Estas verdades
referem-se ao sofrimento (dukkha), sua natureza, sua origem, sua cessação e o caminho que
conduz a essa cessação. As Quatro Nobres Verdades estão entre as diversos conhecimentos
que Sidarta Gautama realizou durante sua iluminação. [1]

As Quatro Nobres Verdades aparecem diversas vezes ao longo dos mais antigos textos
budistas, no Cânone Páli. Os primeiros ensinos e a compreensão tradicional no budismo
Teravada que é as Quatro Nobres Verdades são ensinamentos avançados para aqueles que
estão prontos a elas. O budismo Maaiana considera-as como um ensinamento prejudicial para
as pessoas que não estão prontas para seus próprios ensinamentos.[2]

O motivo pelo qual o Buda teria ensinado as nobres verdades é esclarecido pelo contexto
social da época em que ele viveu. Seu objetivo em vida era descobrir a verdade e alcançar a
real e estável felicidade.[3] Diz-se que ele alcançou este objetivo meditando debaixo da árvore
bodhi próximo ao rio Neranjana. As Quatro Nobres Verdades são a conclusão de seu
entendimento sobre a natureza do "sofrimento",[4] sobre a causa fundamental de todo o
sofrimento, sobre a fuga do sofrimento e sobre esforço que uma pessoa pode fazer para
alcançar a felicidade.[3]

Tais verdades não são expressas como uma hipótese ou como uma ideia provisória, mas sim,
como Buda disse:

As Quatro Nobres Verdades, monges, são reais, infalíveis, e não o contrário. Portanto, elas são
chamadas de nobres verdades. [5]

Buda também disse que as ensinou...

...porque são benéficas, porque pertencem aos fundamentos da vida santa, que conduz ao
desencantamento, a dissipação, a cessação do sofrimento, à paz, ao conhecimento direto, à
iluminação, ao Nirvana. É por isso que eu as declarei.[6]

As Quatro Nobres Verdades constituem o primeiro ensinamento proferido pelo Buda após sua
verdadeira iluminação.[7]

As verdades[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Cânone páli

A Realidade do Sofrimento (Dukkha):

"Esta é a nobre verdade do sofrimento. Muitas vezes a primeira Nobre Verdade proferida por
Buda Shakyamuni após sua iluminação é traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe
sofrimento", sempre indicando a natureza sofrida da vida. Em um primeiro momento esse
ensinamento pode parecer demasiado pessimista e deprimente. Mas isso se deve à tradução
simplista do termo. A primeira Nobre Verdade diz respeito à dukkha, que não tem uma
tradução literal, mas sim é todo um conjunto de idéias. Assim é possível expressar que
nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é
sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com
aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento;
não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo
apego são sofrimento."[8] [9] De uma maneira geral, dukkha diz respeito ao nosso
condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas
experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento). Todos os seres buscam a felicidade e
procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da própria
felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros. Podemos pensar da seguinte
maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo
de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e
sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver então
que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesmo pode se
tornar causa de uma experiência de sofrimento. Além disso, as experiências são
impermanentes, as idéias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam.
Por isso, dentro da experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento,
pois ela também é impermanente e irá mudar.

A Realidade da Origem do Sofrimento (Samudaya):

"Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada
existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o
desejo pelos prazeres sensoriais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir."[8] [9]

A Realidade da Cessação do Sofrimento (Nirodha):

"Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem


deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a
independência dele."[8] [9]

A Realidade do Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento:

"Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre
Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação
correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração
correta."[10]

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