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Ano 16 - n° 60 - Janeiro / Fevereiro / Março - 2019

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

VERDADES
INEGOCIÁVEIS
(Doutrinas Batistas)

Pr. Hudson Galdino


LIÇÕES
SUMÁRIO 12
FÉ: IMPORTANTE OU
SECUNDÁRIA?

CONGRESSO DA UNIÃO BÍBLIA: LIVRO HUMA


NO

02 FEMININA MISSIONÁRIA
BATISTA FLUMINENSE
16 OU DIVINO?

DEUS: EXISTÊNCIA OU
20 IMAGINAÇÃO?

03
PRIMEIRAS PALAVRAS UNIVERSO: CRIAÇÃO
PR. AMILTON VARGAS 24 OU EVOLUÇÃO?

SERVO?
ACAMPAMENTO ANUAL 28 HOMEM: SENHOR OU

06 DAS ESPOSAS DE PASTORES


BATISTAS FLUMINENSES
32
JESUS CRISTO: REALID
OU MITO?
ADE

PALAVRA DO REDATOR ESPÍRITO SANTO: A?


36
07 PR. MARCOS ZUMPICHIATTE
MIRANDA
PESSOA OU INFLUÊNCI

ENÇÃO OU FATO?
40 PECADO: INV
09 CAPACITAÇÃO
PARA ESCOLA BÍBLICA 44 SALVAÇÃO: OBRAS
OU GRAÇA?

OU LIVRE
ELEIÇÃO: SOBERANIA
48 ARBÍTRIO?

10 MISSÕES ESTADUAIS 2019


CONGRESSO DE
PO?
52IGREJA: INSTITUIÇÃO OU
COR

ISSÃO
MINISTÉRIO: PROF
56
11 APRESENTAÇÃO OU VOCAÇÃO?
HUDSON GALDINO DA IO OU
RDOMIA: PRIVILÉG
60
SILVA MO
OBRIGAÇÃO?
PRIMEIRAS PALAVRAS

COMO SAIR DO DESESPERO


PARA UMA ESPERANÇA VIVA
Estamos vivendo um tempo de
crise sem precedentes em nossa
geração. O país e, de modo espe-
cial, nosso estado tem enfrentado
grandes dificuldades em todos os
segmentos em que o poder público
precisa atender às necessidades
básicas das pessoas, como direi-
tos essenciais. O Estado está fali-
do e, segundo especialistas, só em
2028 conseguiremos restaurar o
equilíbrio econômico financeiro. O
desemprego, semelhante ao que ti-
vemos 20 anos atrás, o achatamen-
to do poder aquisitivo, mas agora Nesse cenário histórico trági-
agravado pela crise moral eviden- co, a vida do profeta Eliseu nos faz
ciada por uma corrupção sistêmica lembrar de uma situação similar re-
e uma crise espiritual demonstrada gistrada em 2Reis 6.25-31: “Houve
pelo menosprezo à vida, são alguns grande fome em Samaria; eis que
princípios e valores que resultaram a sitiaram, a ponto de se vender
no aumento desenfreado da violên- a cabeça de um jumento por oi-
cia e da criminalidade. tenta siclos de prata e um pouco
de esterco de pombas por cinco
Nesses tempos difíceis, o ní- siclos de prata. Passando o rei
vel de endividamento do brasileiro de Israel pelo muro, gritou-lhe
cresceu e mais de 60% da popu- uma mulher: Acode-me, ó rei,
lação está endividada. Iniciamos meu senhor! Ele lhe disse: Se o
esse ano com um novo presidente SENHOR te não acode, donde te
eleito, e pensamos: Como enfrenta- acudirei eu? Da eira ou do lagar?
remos nossas crises? Certamente Perguntou-lhe o rei: Que tens?
que não teremos soluções fáceis, Respondeu ela: Esta mulher me
mas há uma esperança viva com disse: Dá teu filho, para que,
fundamentação espiritual. hoje, o comamos e, amanhã, co-

3
meremos o meu. Cozemos, pois, luto (Gn 37.34-35), desgraça (2Sm
o meu filho e o comemos; mas, 13.30-31), indignação (Mt 26.65)
dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá e arrependimento (1Rs 21.27-29).
o teu filho, para que o comamos, Mas na crise precisamos mais do
ela o escondeu. Tendo o rei ouvi- que correção teológica, precisamos
do as palavras da mulher, rasgou de atitude espiritual correta.
as suas vestes, quando passava O profeta Joel no capítulo 2, verso
pelo muro; o povo olhou e viu 13, diz: “E rasgai o vosso coração,
que trazia pano de saco por den- e não as vossas vestes; convertei-
tro, sobre a pele. Disse o rei: As- vos ao Senhor vosso Deus;
sim me faça Deus o que bem lhe porque ele é misericordioso e
aprouver se a cabeça de Eliseu, compassivo...”.
filho de Safate, lhe ficar, hoje, so- Embora o significado de rasgar
bre os ombros”. as vestes e vestir trapos, ter o cabe-
Esse texto fala de um período na lo bagunçado ou raspar a cabeça e
história do povo de Israel dos mais chorar alto, indicando o início de um
difíceis, pois a cidade de Sama- tempo de sofrimento, a atitude es-
ria estava cercada pelos inimigos, piritual do rei estava errada. Ainda
havia fome, carestia e desespero. que a aparente humildade estives-
Olhando para aquela experiência se refletida na roupa e nas palavras,
dos personagens bíblicos aprende- seu coração demonstrava revolta e
mos COMO SAIR DO DESESPE- ódio pelo profeta. Ainda que tives-
RO DA CRISE PARA UMA ESPE- se aparência de servo, seu coração
RANÇA VIVA, o que exige que OS não confirmava: “Disse o rei: As-
LÍDERES CORRIJAM SUA ATITU- sim me faça Deus o que bem lhe
DE ESPIRITUAL. aprouver se a cabeça de Eliseu,
Naquele contexto de fome e filho de Safate, lhe ficar, hoje,
miséria uma mulher grita e pede sobre os ombros” (v.31).  Nes-
socorro ao rei, que responde com ta hora, a atitude espiritual do seu
correção teológica: Só o Senhor pode coração foi revelada: por fora tudo
lhe ajudar (v.26-27). Em um contexto certo, mas por dentro tudo errado.
de crise, onde não há mais recursos, Infelizmente, às vezes, a única
só o Senhor pode dar livramento! Ao maneira de Deus nos mostrar o que
perceber a desgraça das mulheres, está errado em nós é com o sofrimen-
o desespero se revelou intenso, pois to. Sentimos ódio, ressentimento, re-
rasgou suas roupas (v.28) em sinal volta, indignação e rebeldia, lutamos
de angústia e sofrimento, seguindo com as coisas e pessoas e contra os
o costume e tradição, vestiu-se profetas, ou até contra Deus, o que
de pano de saco (v.30). Rasgar a é um erro. Precisamos da teologia
roupa e se vestir de pano de saco correta, da liturgia correta, mas em
era uma maneira de demostrar todo o tempo, precisamos da atitude

4
espiritual correta. Derramar o cora- porta de Samaria. Porém o capi-
ção diante do Senhor, em rendição e tão, a cujo braço o rei se apoiava,
submissão a Ele, esperando em sua respondeu ao homem de Deus:
graça, pois Ele é Senhor e só dele Ainda que o SENHOR fizesse ja-
vem a bênção. nelas no céu, poderia suceder
Talvez suas palavras sejam: “Es- isso? Disse o profeta: Eis que tu
tou vivendo a maior crise e não vejo o verás com os teus olhos, porém
a luz no fim do túnel”. Então não fale disso não comerás”. (2Rs 7.1 e 2).
apenas sobre o que você crê, muito Não são só palavras, não é uto-
menos seja meramente cerimonia- pia, é promessa do Senhor, é o
lista, mas experimente quebrantar poder de Deus sendo proclamado.
o seu coração diante do Senhor, Que gigantesco contraste: diante
buscando seus milagres. Submeta- do Rei, só desespero; mas diante
-se ao Senhor e clame a Ele. Ouça do profeta, grande esperança. Em
o profeta do Senhor, pois proclama que time você atua? Desespero ou
a esperança. Mesmo que o sofri- esperança? A sua casa se parece
mento também esteja batendo em com a de Eliseu, sendo lugar de fé,
sua porta, lembre-se: Deus não nos ou se identifica mais com o vale da
tira do sofrimento, mas permite que sombra da morte? Qual a mensa-
também o experimentemos para gem que você tem compartilhado?
sermos mensageiros da esperança Deus deseja derramar bênçãos so-
que só procede dEle.
bre a sua vida. Ele é o Deus da gra-
A casa do profeta Eliseu era um ça e da misericórdia.
lugar de comunhão com Deus, lugar
O profeta anunciou: “Amanhã a
de oração onde os líderes, fugindo
do desespero do rei, podiam falar e esta hora, Deus dará a abundân-
orar com o mensageiro da esperan- cia” (v.1). Mesmo que o agente da
ça. Todos nós estamos no meio de descrença se manifeste, não perca
uma crise, daí termos a experiência a sua fé, pois Deus tem cuidado de
e autoridade para falar. Como não você e continuará a fazê-lo!!! Lem-
estamos sós, o Espírito Santo conti- bremo-nos: PARA SAIR DO DESES-
nuará agindo por nosso intermédio PERO DA CRISE PARA UMA ES-
em meio ao sofrimento do povo, PERANÇA VIVA É PRECISO QUE
pois, para SAIR DO DESESPERO OS LÍDERES CORRIJAM SUAS
DA CRISE, PRECISAMOS SER ATITUDES ESPIRITUAIS E TE-
ARAUTOS DA ESPERANÇA. NHAM UM CORAÇÃO QUEBRAN-
“Então, disse Eliseu: Ouvi a pa- TADO, POIS SÓ ASSIM SEREMOS
lavra do SENHOR; assim diz o SE- ARAUTOS DA ESPERANÇA.
NHOR: Amanhã, a esta hora mais
ou menos, dar-se-á um alqueire Pr. Amilton Vargas
de flor de farinha por um siclo, e Diretor Executivo da CBF
dois de cevada, por um siclo, à (Membro da PIB Universitária do Brasil)

5
PALAVRA DO REDATOR
AVANÇANDO PARA
UM NOVO TEMPO
“Irmãos, quanto a mim, não julgo
havê-lo alcançado; mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás
ficam e avançando para as que diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o
prêmio da soberana vocação de Deus
em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13,14).

Pensando hoje sobre a rapidez A chegada do Ano Novo traz


com que o ano passou, lembrei-me para nós, muitas expectativas e
de uma poesia de Olavo Bilac, so- esperanças de um tempo futuro
bre o tempo. Ela diz:
melhor. As pessoas se cumpri-
Sou o tempo que passa, que passa, mentam desejando um feliz e
Sem princípio, sem fim, sem medida! PRÓSPERO ANO NOVO…To-
dos querem ter um ano melhor!
Vou levando as vaidades da vida!
O início de um ano novo
A correr, de segundo em segundo,
pode ser uma boa ocasião para
Vou formando os minutos que correm…
se fazer esse exercício de intros-
Formo as horas que passam no mundo, pecção, é um momento oportu-
Formo os anos que passam e morrem. no para que a gente possa falar
Ninguém pode evitar os meus danos… de mudanças em várias áreas
Trabalhe porque a vida é pequena, de nossas vidas. Por isso, quero
formular 10 perguntas que po-
E não há para o tempo demoras!
deriam ajudar voc ê a crescer
Não gaste os seus minutos sem pena! em sua vida espiritual. Diante
Não faça pouco caso das horas! de Deus, em oração, procure
(O tempo, de Olavo Bilac)1 responder:
1 - http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/olavo-bilac-poemas/

7
1 – Em que área da vida devocio- Você pode tentar responder à
nal (oração, leitura da Bíblia, etc.) lista inteira de uma só vez ou res-
você acha que precisa melhorar ponder uma por uma. De toda for-
este ano? O que vai fazer para ma, seu esforço valerá a pena.
realizar isso? Lembre-se, porém, que depende-
2 – Em relação à sua família, qual mos dAquele que disse: “Sem mim
a coisa mais importante que nada podeis fazer” (Jo 15.5) e que
você poderia fazer para melhorar o nosso alvo é Cristo.
a qualidade de sua vida familiar “… prossigo para o alvo, para
em 2019? o prêmio da soberana vocação de
3 – Você teve algum relacionamen- Deus em Cristo Jesus…” (v.14). Te-
to rompido? (com seu irmão es- nha alvos claros para este ano que
piritual, familiar, amizade) O que entra. Ore a Deus, e peça que Ele
você vai fazer para restaurar esse o(a) ilumine dando a você direção
relacionamento? sobre estes alvos.
4 – O que tem atrapalhado a sua Quem tem alvos de Deus
vida espiritual? O que você vai fa- deve ter também disciplina para
zer para retirar isso da sua vida? alcançá-los.
5 – O que faz você desperdiçar o Para ser vencedor, o atleta pre-
seu tempo? Como você poderia cisa treinar diligentemente, e até
corrigir isso este ano? mesmo se submeter a certos sacri-
fícios.
6 – De que forma você poderia con-
tribuir para que a sua Igreja fosse Temos que ter meta, propósito,
mais forte? disciplina e objetivo na vida!
7 – Pela salvação de quem você Na corrida da vida, é importante
orará intensamente durante este saber antecipadamente aonde de-
ano? sejamos chegar, e lutar para alcan-
çar o alvo estabelecido. Para que o
8 – Qual é a decisão mais importante
seu ano-novo seja o “Ano da Vitó-
que você precisa tomar este ano?
ria”, defina logo seus alvos, e inicie
9 – Qual é o objetivo financeiro agora mesmo a sua caminhada!
mais importante para este ano?
Qual é o principal passo que você
poderia dar para alcançá-lo?
10 – O que você poderia fazer este
ano para enriquecer a herança Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Redator da Revista P&V
espiritual que você deixará para Diretor do Departamento de Educação
seus filhos e netos? Religiosa da CBF

8
APRESENTAÇÃO
VERDADES INEGOCIÁVEIS A Igreja de Cristo, ao longo dos
séculos, sempre se deparou com
O QUE É A VERDADE? Esta tem
desafios teológicos. O neo-ateismo está
sido a pergunta que ecoa há muito
presente em nossos dias e precisamos
tempo. O homem vem perguntando
dar uma resposta. Não é uma tarefa
a si mesmo sobre a verdade. Esses
fácil, mas necessária. Convido você,
últimos tempos, devido às mudanças e
leitor, a acompanhar essas lições tão
transformações na sociedade, alguns
relevantes para reflexão, conhecimento
chamam de pós-modernidade, mas
e reafirmação do que cremos e que
a sociologia já tem procurado outras
queremos fazer perpetuar.
expressões para conceituá-lo, dizendo
que a pós-modernidade também já
ficou para trás.
Na altermodernidade (Pós-moder-
QUEM ESCREVEU
nidade ficou para trás) alguns conceitos HUDSON GALDINO DA SILVA
continuam fincando postulados e um Pastor
deles é que a verdade é relativa. Não há 40 anos
existe “a verdade”, existem verdades. e secretá-
Não existe uma verdade por inteiro, rio geral da
existem pedaços de verdade que ABLF há 21
constroem uma verdade que também se anos; pastor
desintegra. É a minha verdade! Assim, da Segunda
desta forma, a sociedade tem tratado Igreja Batista
do assunto. Nesse tempo desafiador em Cabo Frio
para comunicar algo que possa ser há 31 anos.
absoluto, além de parecer não “cair Bacharel em
bem” no meio acadêmico moderno, traz Teologia pelo
também enorme desconforto diante Seminário
das chamadas mentes mais lógicas, Teológico Batista do Sul do Brasil, com
algumas dessas encontradas em convalidação pela Faculdade Sul Ame-
nossos arraiais evangélicos. ricana de Teologia; pós-graduado em
O que o escritor se propõe nestas Novo Testamento pelo Seminário Teoló-
lições é reafirmar, arraigar os ensinos gico Batista de Niterói; mestre em Teo-
que cremos de forma inegociável. logia pelo Seminário Teológico Batista
Abrimos alternativas para o diálogo e Fluminense; graduado em Liderança
conhecimento de vertentes diferentes, Avançada pelo Instituto Haggai; Psi-
mas JAMAIS PARA NEGOCIAR O QUE canalista Clínico pela SPOB; membro
ENTENDEMOS SER INEGOCIÁVEL. da Associação de Mídias Evangélicas
A Nossa base para não negociar está e Federação Nacional de Jornalistas;
no livro Santo, a Bíblia Sagrada, que casado com Irene Gonçalves Garcia da
apresenta temas explicitados de maneira Silva; pai de Alessandra, Vanderson e
clara, relevante e que influenciam em Vinícius; avô da Samira; sogro de Dal-
nosso estilo de vida e proclamação. ton, Karina e Anne.

11
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 1
Texto Básico: Efésios 4.14-16

FÉ: IMPORTANTE OU
SECUNDÁRIA?

Certa vez, um jovem muito tentando estabelecer e descobrir


preocupado e desejoso em saber seu preço!
sobre as questões da vida foi a um Que tipo de pessoa você tem
renomado sábio, pois queria ouvir sido diante dos ensinos da Pala-
sua opinião para ajudá-lo em algu- vra de Deus? Que tipo de crente
mas questões. O sábio disse que somos? Dependendo do preço,
queria saber do moço uma coisa da vantagem, das conveniências
e então lhe propôs uma situação e das circunstâncias, trocamos
imaginária. Disse: Imagine que a verdade pela mentira? Vamos
você nunca seria pego, ninguém nesta lição enfatizar sobre a im-
seria machucado e ninguém per- portância da doutrina, do ensino e
deria nada. Essas circunstâncias de nossa fé.
seriam garantidas. Você mentiria,
negociaria por cinquenta mil reais?
O jovem pensou, pensou e dis- 1 – FÉ E CARÁTER
se: se ninguém saberia, ninguém
seria machucado, eu negociaria Vivemos tempos trabalhosos
com a mentira. O sábio balançou quanto à sã doutrina. Já existe co-
a cabeça, e disse: Eu tenho outra michão nos ouvidos de muita gen-
pergunta. Você negociaria a ver- te (2Tm 4.3). O que podemos ob-
dade, mentindo por dez reais? O servar é que os alicerces de nossa
moço ficou furioso e indagou: Que fé estão sendo grandemente aba-
tipo de pessoa você acha que sou lados pelo descuido pastoral e
para mentir por dez reais? O sá- ensinos diversos que hoje ecoam
bio respondeu: Eu já sei que tipo pelas Igrejas eletrônicas em todos
de pessoa você é. Estou apenas os lugares e em todas as horas.

12
Não basta alguém dizer e anun- É o método que diante da revelação
ciar o nome de Jesus. É preciso que não se preocupa em saber o que
haja o entendimento e a verificação Deus disse, mas procura entender
do que se tem dito sobre Jesus. Tem o que Deus teria dito, portanto tor-
havido por parte de alguns, certa na frágil a revelação do Senhor. 2. O
resistência à doutrina. Parece-me deístico: Como crê que Deus criou,
que esta palavra, por conveniência, mas abandonou o universo, é o
tem sido riscada do vocabulário de método que vê as Escrituras como
pastores e irmãos que possuem a histórias elaboradas pelos homens
responsabilidade de ensinar a Pala- com menor importância como ex-
vra de Deus. Para alguns, doutrina é pressão da revelação de Deus. 3. O
retrógada, é coisa do passado. Não racionalista: busca resposta e acei-
faz parte da atualização eclesiásti- ta o que pode ser provado, excluin-
ca de nossos dias. A conveniência do o elemento fé, que é essencial
“política” é maior e mais interessan- para quem se aproxima de Deus.
te do que a convicção. 4. O místico: desenvolve o concei-
Não basta alguém falar que to de interpretar as Escrituras com
tem fé, é preciso conhecer o con- ênfase nas emoções e intuições hu-
teúdo dessa fé. É pelo conteúdo manas. 5. O dogmático: acrescenta
que podemos avaliar e conhecer a sobre a revelação conceitos que se
fé. Não basta dizer em alto e bom tornam como verdades, com peso
som: Eu estou com Jesus, e isso é de revelaçao. Geralmente cada um
o que interessa. Engano! Ainda que com suas nuances ficam à margem
o enunciado possa parecer razoá- das Escrituras e seu bom senso em
vel, por si só é falho. Não podemos ser examinada..
separar Jesus de suas palavras. A palavra fé tem várias conota-
Portanto, não posso separar a fé da ções no Novo Testamento. Aqui ela
doutrina (conteúdo da fé). Separar será usada no sentido de conteú-
a fé da doutrina é o mesmo que do do que cremos, a fé no sentido
jogar fora as palavras de Jesus. doutrinário. Os enunciados básicos,
Pedro diz que precisamos estar fundamentais em nossa crença; o
preparados para explicar a nossa que fundamenta nossa vida espiri-
fé: “... estai sempre preparados tual e religiosa. É a doutrina no seu
para responder com mansidão e sentido de ensino. Não podemos
temor a qualquer que vos pedir ser meninos inconstantes, levados
a razão da esperança que há em pelo vento, sem firmeza, seguindo
vós,” (1Pe 3.15). a conveniências.
Quando nos deparamos com
o assunto doutrina, geralmente a 2 – A FÉ E A SUA NATUREZA
encontramos sendo submetida a
vários métodos de apreciação e Qual é a natureza de nossa
aprovação dos postulados teológi- crença? O que é fé? – foi a pergun-
cos. São alguns: 1. O especulativo. ta de um professor da Escola Bíbli-

13
ca Dominical na classe de juniores. que elas se discernem espiritual-
Um menino muito esperto e falante mente.” (1Co 2.14).
não titubeou, respondeu logo: Fé é O que é fé? Existem diferentes
a gente acreditar numa coisa que tipos de fé nas Escrituras:
sabe que não é verdadeira. Tem
muita gente assim, achando que fé Fé natural – aquilo que nos faz
é um salto no escuro. Que ter fé é acreditar em algo que entende-
se filiar a uma mentira, a um enga- mos ser uma verdade; é a fé que
no. Algo que não é verdadeiro. todas as pessoas carregam desde
o nascimento até a morte. Alguém
Hoje, não basta crer é preci- nos conta algo e admitimos como
so saber por que se crê. Não é o sendo verdade. É um assentimento
crer que faz algo ser verdadeiro, e intelectual. Eu acredito em fatos da
também o verdadeiro nem sempre história, mesmo não tendo vivido
é crido. Algo pode ser verdadei- esses fatos.
ro independente se lança fé sobre
ele ou não. Isso se aplica a tudo e Fé temporal – nome derivado de
não apenas ao aspecto religioso. É Mateus 13.20-21. Quando eu coloco
preciso que entendamos que não a minha confiança em Deus para as
substituímos a fé pela razão, mas coisas deste mundo: minha saúde,
também não desprezamos a razão. meu emprego, minha família, minha
A razão pode ser usada para o fun- casa, etc. Eu creio no cuidado de
damento de nossa fé. Por exemplo, Deus, mas isso não significa que
eu preciso entender (razão) o que é seja uma fé com raízes num co-
pecado para poder confessá-lo. Eu ração regenerado. É a chamada fé
preciso entender o porquê do sacri- temporária porque não se mantém
fício de Jesus na cruz, para que eu diante da provação e perseguição. 
possa me encaixar nesse propósito Fé salvadora – quando transfiro
salvífico. Eu não posso provar em para Jesus minha confiança de vida
laboratório a existência de Deus, eterna. Deixo de acreditar em mim
mas eu posso averiguar que este mesmo, minhas obras ou qualquer
Deus que eu creio veio e entrou na outra coisa para a salvação e passo
minha vida através da pessoa de a crer em Jesus.
Jesus Cristo, real, tangível e com- Por fim existe a fé que é a ex-
provado. Jesus disse: “Eu e o Pai pressão de nossa crença. Fé como
somos um” (Jo 10.30). Disse mais: conteúdo. Fé como ensino. Fé
“Quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9). como corpo doutrinário. É preciso
Porém, é mais do que com- seguir a verdade, não a mentira, o
preensível que a revelação, a Pa- engodo, o engano ou qualquer tipo
lavra, só poderá ser compreendida de fraudulência.
por ação e obra do Espírito Santo:
“Ora, o homem natural não com- 3 – A FÉ E O SEU VALOR
preende as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe parecem loucu- Qual o valor de nossa crença?
ra; e não pode entendê-las, por- O conhecimento teológico doutriná-

14
rio tem valor porque ajuda na sis- cas judaicas. Tremendo erro! Paulo
tematização sobre a verdade que chama a atenção para que nenhum
declaramos crer e proclamar. Exis- outro evangelho seja recebido e cri-
te hoje, por motivos diversos, uma do. O que Paulo está deixando cla-
grande tendência em esvaziar a im- ro aqui é que o erro doutrinário, de
portância do ensino. O sentimento ensino e de fé deve ser considerado
tem estado acima do conhecimento de pouca ou nenhuma importância.
e convicção. Para muitos, hoje, o O conhecimento teológico dou-
mais importante é sentir e não crer. trinário é importante para quem
Ouve-se muito: O importante não é deseja viver e ensinar a Palavra
o que se crer e sim o que a pessoa de Deus. Estudar a verdade e sa-
sente. Colocam a experiência e o ber que ela é inegociável é colocar
sentimento acima da fé. em nosso entendimento o que nos
Quando buscamos conhecer foi dado por Deus para conhecer e
mais a verdade, isso de alguma for- viver. O valor do ensino da fé está
ma serve de referencial para ava- exatamente no fato de que ela pro-
liarmos e desenvolvermos nosso porciona o crescimento sadio e
caráter cristão. Esse fato ocorre à ajustado no corpo de Cristo, que é
medida que desenvolvemos nossa a Igreja.
fé e buscamos este conhecimento.
Nossas crenças precisam estar bem PARA PENSAR E AGIR
definidas para que nosso caráter
cristão também esteja. Crença fir- A Igreja de Jesus precisa ser re-
me, nos princípios das Sagradas Es- conhecida não pela beleza de sua
crituras, revela caráter cristão firme. liturgia, ou de seu majestoso templo
É claro que o conhecimento, a ou pela intensidade de suas emo-
verdade, a doutrina será sempre ções, mas por sua inconfundível
um gigante vencedor diante do erro, firmeza doutrinária na defesa da fé.
do equívoco: “Jesus, porém, res- Precisamos fincar bem forte e firme
pondendo, disse-lhes: Errais, não as bases de nossa fé nesses tem-
conhecendo as Escrituras, nem o pos trabalhosos que já temos vivi-
poder de Deus.” (Mt 22.29). A fal- do. Não negocie sua fé!
ta de conhecimento das Escrituras
leva ao erro. “Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos Segunda: Efésios 4.14-16
anuncie outro evangelho além Terça: Mateus 22.29
do que já vos tenho anunciado, Quarta: Gálatas 1.6-7
seja anátema.” (Gl 1.8). Paulo ad-
Leitura Diária

verte de forma veemente! As Igre- Quinta: Gálatas 1.8-10


jas da Galácia estavam trocando Sexta: Gálatas 1.11-12
o Evangelho que tinham recebido, Sábado: 1Coríntios 2.14
introduzindo na fé aspectos que ti- Domingo: 1Pedro 3.15
nham ficado no passado com práti-

15
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 2
Textos Básicos: 2Timóteo 3.10-17; 2Timóteo 2.15; Lucas 1.1-4

BÍBLIA: LIVRO HUMANO


OU DIVINO?

Uma mãe se preocupava muito empolgou mais ainda. Conta, con-


com seu filho e o incentivava a ir ta, quero saber! Pois, bem! Hoje
à Escola Bíblia Dominical, mas ela a lição foi sobre Moisés e a saída
mesma não ia. Era daquelas que do Egito. Sim! Conta, disse a mãe.
dizem: “faça o que eu digo, mas Então, vou resumir. A professora
não faça o que eu faço”. Todos disse que Moisés, o grande líder
os domingos, na hora do almoço, saiu do Egito com o povo de Deus,
perguntava ao filho como tinha mas tinha diante deles o Mar Ver-
sido a Escola Bíblica. Queria sa- melho. Não podiam atravessar. O
ber de tudo e com detalhes. Certo que Moisés fez? Conta meu filho,
dia, o menino já estava um pouco dizia a mãe entusiasticamente.
cansado e chateado com aquela Então, a professora disse que Moi-
“prova” de conhecimento e “teste” sés pegou o celular e ligou para a
que a mãe o impunha, e ela mais engenharia de Israel. A mãe foi
uma vez perguntou: Como foi a li- ficando assustada. Espera mãe!
ção hoje, meu filho? Respondeu: Você ainda não viu nada. Chega-
Mãe, uma coisa linda! Você preci- ram então engenheiros, constru-
sava estar lá! A mãe, é claro, se tores, montadores, enfim, todos

16
os profissionais e construíram uma são divinamente inspirada. Deus
moderna ponte sobre o mar e o inspirou pessoas a escreverem a
povo começou a atravessar. Em se- Sua revelação. O escritor aos He-
guida, o exército inimigo vinha atrás breus diz: “HAVENDO Deus an-
para pegar o povo de Deus. Então tigamente falado muitas vezes,
Moisés novamente pegou o celular e de muitas maneiras, aos pais,
e ligou para o Ministério da Defesa pelos profetas, a nós falou-nos
de Israel, e em questão de segun- nestes últimos dias pelo Filho”
dos chegaram modernos aviões (Hb 1.1). Também encontramos a
de guerra que jogaram bombas e revelação de Deus na natureza, em
destruíram a ponte e os egípcios. sua obra criada, conforme o sal-
A mãe já estava em apuros. Es- mista diz: “Os céus manifestam
pantada e com voz trêmula, disse: a Glória de Deus e o firmamen-
Eu não acredito que a professo- to anuncia as obras das suas
ra disse isso, meu filho! O menino mãos” (Sl 19.1).
respondeu: É minha mãe, se você A Bíblia é o registro da revelação.
não acredita que foi assim, se eu A Bíblia é a Palavra de Deus. Esta
realmente disser como aconteceu e é uma premissa da nossa fé e prá-
como ela ensinou, é que você não tica. Distorcer esse fundamento é
vai acreditar mesmo! o mesmo que esvaziar ou derrubar
Afinal, cremos ou não cremos todo e qualquer postulado de nossa
no que a Bíblia diz? A Bíblia é fé. O crente, antes de qualquer in-
realmente a Palavra de Deus para dagação sobre temas doutrinários e
você, ou não? Mais do que nunca teológicos, precisa estar muito bem
estamos precisando de crentes que resolvido sobre o que ele crê sobre
creem na inerrância da Bíblia. O a Bíblia. Em termos de fé, existem
mundo pode questionar. A ciência vários tipos de autoridade às quais
pode querer desfazer. O liberalismo as pessoas se submetem. Existe a
pode querer desfigurar. Não impor- autoridade da razão – Só aceitam
ta! Precisamos fincar bem firme e e fundamentam a crença sobre o
forte este fundamento em nossa que pode ser provado. Nossa au-
vida. A Bíblia é a Palavra de Deus! toridade de fé é a Bíblia. A Bíblia
tem autoridade porque é a Palavra
1 – A BÍBLIA: O LIVRO DA de Deus. Quando lemos a Bíblia, a
REVELAÇÃO DE DEUS conclusão que temos é que este li-
( 2Timóteo 3.16 ) vro jamais poderia ter sido planeja-
do por algum homem. É revelação
Revelação é Deus dando-se a de Deus! Deus revelou-se de ma-
conhecer ao homem. Deus fez isso neira completa e suficiente para o
de várias maneiras e em vários mo- homem em Jesus Cristo. As Escri-
mentos. Paulo diz que as Escrituras turas são o registro desta revelação.

17
Seu aspecto divino é compreendido
em sua unidade, sua atualidade e
3 – A BÍBLIA: UM LIVRO PARA SER
seu poder transformador. BEM ENTENDIDO
( 2Timóteo 2.15 )
Pedro, o apóstolo, diz em sua
2. A BÍBLIA: UM LIVRO HUMANO carta que existem pontos difíceis
COM MENSAGEM DIVINA de serem entendidos nas Escritu-
( Lucas 1.1 ) ras (2Pe 3.16). Creio que o grande
Aproximadamente 40 homens, problema hoje é a hermenêutica. É
inspirados por Deus, escreveram a perceptível como fazem da Bíblia
Bíblia durante um período aproxi- uma colcha de retalhos mal cos-
mado de 1600 anos. Esses homens turada. Quando os retalhos são
receberam a capacitação para es- bem costurados, faz-se uma linda
creverem a revelação. Os livros colcha. Mas quando não, fica algo
muito esquisito.
que compõem a Bíblia foram escri-
tos em lugares diferentes, como de- Infelizmente a má interpretação
serto, Egito, palestina, Ásia, Roma, da Bíblia tem criado esquisitices em
etc. e em épocas diferentes. Alguns, nossos dias. As falácias hermenêu-
há séculos antes de Jesus nascer; ticas têm produzido crentes esqui-
outros, no primeiro século já da era zofrênicos, espiritualmente falando.
cristã. Os escritores eram de con- Tem criado práticas esdrúxulas. Os
pregadores precisam ter cuidado,
dição social e econômica diferen-
sendo mais zelosos com a inter-
tes, tais como: reis, pescadores,
pretação bíblica. Não basta citar o
boiadeiro, etc. Deus se utilizou do
texto. É preciso ler, meditar e inter-
conhecimento e da experiência de pretar com inteligência, sabedoria e
cada um para que estes, sob a di- dependência de Deus.
reção do Espírito Santo, pudessem
escrever a Palavra de Deus. Pedro diz que ela não é de parti-
cular interpretação (2Pe 1.20). Não
Apesar de toda a complexidade é o que eu quero que ela diga. Não
de sua formação, a Bíblia é um livro é para fundamentar meus pensa-
divino. Deus dirigiu sua composição mentos já pré-estabelecidos. Paulo
para que tivéssemos de forma per- diz que é preciso manejar bem a
feita, harmoniosa e com tremenda Palavra da verdade. É preciso sa-
unidade a comunicação escrita de ber manusear a Palavra da verda-
sua vontade. A Bíblia é um livro hu- de e assim se tornar bom obreiro
mano, no sentido de homens terem do Senhor. Manejar a Palavra da
feito parte do projeto de Deus. Mas verdade é hoje o grande desafio do
a Bíblia é um livro essencialmente intérprete. Algumas indicações so-
divino, por se tratar da revelação do bre a interpretação nos indica que
Senhor Deus. a Bíblia é a sua própria intérprete.

18
A Bíblia interpreta a Bíblia, esse isto por ocasião da chamada ora-
é um princípio hermenêutico. Os ção sacerdotal de Jesus: “Assim
textos obscuros e mais difíceis pre- como lhe deste poder sobre toda
cisam ser interpretados à luz dos a carne, para que dê a vida eter-
textos mais fáceis. Não se pode na a todos quantos lhe deste. E a
desprezar o contexto escriturísti- vida eterna é esta: que te conhe-
co, bem como o contexto cultural. çam, a ti só, por único Deus ver-
Não são nossas experiências que dadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
determinam a interpretação do tex- enviaste.” (Jo 17.2-3).
to, e sim, a Bíblia que interpreta as
experiências pessoais. PARA PENSAR E AGIR
Nem todos os atos e atitudes de
personagens bíblicos devem ser re- A Bíblia é a Palavra de Deus!
petidos por nós. É preciso saber se Negligenciar a leitura, meditação,
existe algum mandamento, princí- estudo e obediência à Palavra é o
pio ou ensino que nos leve a repetir mesmo que negligenciar e se afas-
seus atos. É preciso que entenda- tar do próprio Deus que é o autor.
mos as promessas. São para todos, Portanto, a Bíblia exerce função
ou foram promessas particulares e indispensável para a nossa santifi-
já cumpridas? Enfim, é preciso que cação, conhecimento e reconheci-
conheçamos as regras de interpre- mento da vontade do Pai.
tação e lidemos com cautela, pru- Tenha um compromisso diário
dência com o que temos de mais de buscar a Palavra. Ela lhe dará
precioso: a comunicação divina que não apenas conhecimento, mas
é a revelação do Senhor Deus, por sustento para a sua fé. A fé vem
amor a nós. pelo ouvir a Palavra do Senhor
(Rm 10.17). É tempo de reafirmar-
mos nosso compromisso com a
4 – A BÍBLIA: UM LIVRO PARA SER Palavra de Deus. Não negocie sua
VIVIDO E PROCLAMADO convicção de que a Bíblia é a Pala-
( 2Timóteo 3.10, 16,17 ) vra de Deus.
A Palavra nos foi dada com um
objetivo: fazer-nos conhecer o pro- Segunda: 2Timóteo 3.10-17
pósito de vida em Cristo Jesus.
Terça: 2Pedro 1.20-21
Existe a vida vegetal, a vida animal,
a humana e a angelical. Deus está Quarta: 2Pedro 3.15-18
Leitura Diária

acima de todas as espécies de vida. Quinta: Mateus 4.4


Ele é a própria vida! Vida na expres- Sexta: Romanos 15.4 e Isaías 34.16
são máxima! Jesus veio para com- Sábado: Lucas 1.1-4
partilhar conosco a vida de Deus,
Domingo: Salmos 119.105
isto é, a vida eterna. João escreveu

19
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 3
Textos Básicos: Deuteronômio 6.4; Salmos 139; Êxodo 15.11-18;
Isaías 40.13,14; Romanos 1.19-20

DEUS: EXISTÊNCIA OU
IMAGINAÇÃO?

Um homem foi ao barbeiro para Parecia que já fazia um bom tem-


cortar o cabelo, como sempre fa- po que ele não cortava o cabelo
zia. Conversavam sobre vários as- ou fazia a barba e estava bem sujo
suntos. Começaram a falar sobre e arrepiado. Então o cliente voltou
Deus. O barbeiro disse: Eu não para a barbearia e disse: sabe de
acredito que Deus exista como uma coisa? Barbeiros não exis-
você diz. Você só precisa sair à tem! Como assim eles não exis-
rua para ver que Deus não existe. tem? Perguntou o barbeiro. Eu sou
Se Deus existisse, você acha que um! Não! O cliente exclamou. Eles
existiriam tantas pessoas doentes, não existem, pois se existissem
crianças abandonadas, dor e so- não haveria pessoas com barba e
frimento? Eu não consigo acredi- cabelos longos como aquele ho-
tar em um Deus que permita todas mem que está ali na rua. Ah, mas
essas coisas! barbeiros existem, o que acontece
O cliente pensou por um mo- é que as pessoas não me procu-
mento, mas não quis dar uma ram, e isso é uma opção delas.
resposta, para evitar uma dis- Responde o barbeiro. Exatamen-
cussão. O barbeiro terminou o te! Afirmou o cliente. É justamente
trabalho e o cliente saiu. Neste isso! Deus existe, o que acontece
momento, ele viu um homem na é que as pessoas não o procuram,
rua com barba e cabelos longos.  pois é uma opção delas.

20
aponta para um criador, no caso, a
1 – EVIDÊNCIAS REFLEXIVAS existência de Deus. Outra reflexão é
E RAZOÁVEIS SOBRE A o argumento antropológico. A natu-
EXISTÊNCIA DE DEUS reza moral do homem evidencia a
( Salmos 19.1 ) existência de alguém maior, no caso,
Deus. O homem sabe que existe o
Não existe na vida pergunta caminho do bem e do mal. Esse co-
mais intrigante e profunda do que
nhecimento que o homem tem, cha-
esta: Deus existe? É real ou ima-
mamos de consciência, presente na
ginação? Quem é Deus? A Bíblia
vida do homem em todos os lugares
também não tem o propósito de
e em todos os tempos.
provar a existência de Deus. Se
alguém pudesse provar cientifi- Essas evidências principais são
camente a existência de Deus, as que Paulo teria dito: “Porquan-
deixaria de ser Deus. Mas esta é to o que de Deus se pode conhe-
a pergunta que acompanha a hu- cer neles se manifesta, porque
manidade. Esta foi a indagação nos Deus lho manifestou. Porque as
primórdios da existência humana. suas coisas invisíveis, desde a
Jó dizia: “Porventura alcançarás criação do mundo, tanto o seu
os caminhos de Deus, ou che- eterno poder, como a sua divin-
garás à perfeição do Todo-Pode- dade, se entendem, e claramente
roso?” (Jó 11.7). Encontramos na se veem pelas coisas que estão
Bíblia pessoas buscando se rela- criadas, para que eles fiquem
cionar com Deus e nunca buscan- inescusáveis;” (Rm 1.19-20). E
do provas de sua existência. também o salmista: “Os céus de-
A Bíblia ensina sobre a existên- claram a glória de Deus e o firma-
cia de Deus e temos evidências na mento anuncia a obra das suas
constatação feita pelo homem. Evi- mãos.” (Sl 19.1).
dência da criação, que os teólogos
chamam de evidência cosmológi- 2 – A PERSONALIDADE E AS
ca. Também consideramos o que QUALIDADES DE DEUS
chamamos de lei da causa e efeito. ( Salmos 139; 2Timóteo 2.15 )
Nós, o mundo, a criação, somos
efeito, razão porque defendemos a Deus é uma pessoa e não uma
existência de uma causa não cau- imaginação. Na Bíblia, base de
sada, no caso, Deus. Existe a evi- nossa fé, vamos encontrar Deus se
dência teleológica, ou seja, existe apresentando como pessoa. Quan-
uma finalidade nesse mundo criado. do se apresenta de maneira que o
Também consideramos e admitimos entendamos em sua revelação a
a realidade de que existe um propó- nós, em linguagem fácil, com mãos,
sito, uma finalidade no universo que fala, coração e braços não é para

21
termos um entendimento humano perfeito: “SENHOR, tu me sondas-
dele, mas sim, para que entenda- te, e me conheces... ó SENHOR,
mos que Ele é uma pessoa e não tudo conheces. (Sl 139.1,4). Deus
uma força, energia ou algo similar. é santo. Absoluta pureza moral:
As qualidades de Deus, tanto “Porque eu sou o SENHOR vosso
morais como naturais, são reconhe- Deus... eu sou santo...” (Lv 11.44).
cidas em seu relacionamento com Deus é justo. Justiça é uma atitude.
a criação. Chamamos de atributos, Uma ação reta, correta em relação
qualidades atribuídas a Deus, mas a outra pessoa. Tudo que Deus
faz é justo: “Justo é o SENHOR
são qualidades presentes em sua
em todos os seus caminhos...”
natureza e caráter. Deus é infinito,
(Sl 145.17). Deus é verdade. Ver-
eterno. Não teve princípio e nem
dade é o contrário de mentira ou
fim. Não está sujeito às limitações
até mesmo de aparência dela. Ver-
do tempo e do espaço: “Antes que
dade de Deus significa a fidelida-
os montes nascessem, ou que tu de de Deus para consigo mesmo:
formastes a terra e o mundo, mes- “Se formos infiéis, ele permane-
mo de eternidade a eternidade, tu ce fiel; não pode negar-se a si
és Deus.” (Sl 90.2). Deus é único: mesmo.” (2Tm 2.13). Deus é amor.
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Quando falamos sobre o amor de
Deus é o único SENHOR.” (Dt 6.4). Deus, inclui sua graça, bondade e
Deus é onipotente. Quando pensa- misericórdia. O amor de Deus signi-
mos na onipotência de Deus preci- fica que Ele busca o melhor para a
samos entender pelo menos duas sua criatura. Deus tem por si mes-
coisas: Ele age de acordo com sua mo o melhor interesse por sua cria-
natureza; seu poder não contraria tura. E esta expressão de amor de
a sua natureza. Nada é impossível maneira grandiosa ocorreu em seu
para Deus, mas Ele não contraria plano e propósito de salvar. “Mas
sua natureza. A outra coisa é o con- Deus prova o seu amor para co-
trole que Deus tem, com poder e sa- nosco, em que Cristo morreu por
bedoria, sobre todas as coisas. “... nós, sendo nós ainda pecado-
Eu sou o Deus Todo-Poderoso...” res.” (Rm 5.8).
(Gn 17.1b). Deus é onipresente. Ne-
nhum espaço pode limitá-lo: “Para 3 – A MANEIRA DE DEUS EXISTIR
onde me irei do teu espírito, ou
para onde fugirei da tua face?” E SE MANIFESTAR
(Sl 139.7). Deus é onisciente. Co- Deus é uno e ao mesmo tem-
nhece todas as coisas. Não existe po triúno. É claro que podemos ter
nada que não esteja sob o conhe- uma compreensão sobre a maneira
cimento de Deus. Ele não precisa de Deus existir e sua manifestação,
pesquisar e nem conhecer gradual- mas vai além de nossa compreen-
mente algo. Seu conhecimento é são plena. É querer entrar no segre-

22
do da divindade. Mas a Bíblia traz “... E, sendo Jesus batizado...
para nós a compreensão devida viu o Espírito de Deus descendo
para reconhecermos e aceitarmos como pomba e vindo sobre ele. E
a realidade da maneira de Deus eis que uma voz dos céus dizia:
existir. Temos um só Deus que exis- Este é o meu Filho amado, em
te em si mesmo de forma tríplice e quem me comprazo.” (Mt 3.16,17).
se manifesta de forma trina em três No ensino de Jesus: “E eu rogarei
pessoas distintas, inseparáveis e ao Pai, e ele vos dará outro Con-
harmônicas. Não são três deuses. solador, para que fique convosco
Jamais confundir com o politeísmo. para sempre;” (Jo 14.16).
É um só Deus que existe e se ma-
nifesta em três: Pessoa do Pai, pes- PARA PENSAR E AGIR
soa do Filho e pessoa do Espírito
Santo. É uma trindade de persona- Deus é. Deus existe. Não é ima-
lidade e não de três deuses. ginação. A Bíblia Sagrada apresen-
ta Deus com seus atos poderosos.
Temos o Pai que é Deus: “...
Experimentamos à luz dos ensinos
Graça e paz de Deus nosso
da Palavra a verdade e a realidade
Pai, e do Senhor Jesus Cristo.”
de Deus. Tirar Deus da nossa vida
(Rm 1.7). Um Filho que também é
é o mesmo que tirar o ar que respi-
Deus: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus,
ramos. É o mesmo que tirar o san-
o teu trono subsiste pelos sécu-
gue das veias e artérias. Tirar Deus
los dos séculos...” (Hb 1.8). Tam-
da nossa vida é tirar a própria vida.
bém sobre o Espírito Santo é dito
A vida só tem sentido porque Deus
com referência de que ele é Deus
é. Portanto, crer na existência de
no episódio de Ananias mentindo
Deus e na possibilidade de se rela-
para os apóstolos. Vejam: “... para
cionar com Ele é uma verdade que
que mentisses ao Espírito Santo,
não pode ser negociada.
e retivesses parte do preço da
herdade?... Não mentiste aos ho-
mens, mas a Deus.” (At 5.3,4).
Alguns textos indicam essa reali-
dade da Trindade. Na grande comis-
Segunda: Deuteronômio 6.4
são: “... batizando-os em nome Terça:
do Pai, e do Filho, e do Espírito Salmo 139
Santo;” (Mt 28.19). Na bênção Quarta: Êxodo 15.11-18
Leitura Diária

apostólica: “A graça do Senhor Quinta: Isaías 40.12-15


Jesus Cristo, e o amor de Deus, Sexta: Romanos 1.19-20
e a comunhão do Espírito San- Sábado: Jó 11.7-9
to seja com todos vós. Amém.”
Domingo: Gênesis 17.1
(2Co 13.13). No batismo de Jesus:

23
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 4
Textos Básicos: Gênesis 1.1-25, Hebreus 11.1-3

UNIVERSO: CRIAÇÃO OU
EVOLUÇÃO?

Conta-se a história de que universo. Ele levou uma maque-


numa academia científica houve te do universo, cuja elaboração
uma semana especial, em que vá- demorou meses. Foi detalhista.
rios de seus membros apresenta- Conseguiu construir um mundo
riam um debate sobre o universo. É perfeito. Lá estava ele diante de
claro que seria uma semana bas- todo seu material coberto. Todos
tante relevante e cientistas ateís- pensavam que seria um discur-
tas, deístas e ateus se apresenta- so, que apresentaria de forma
riam. Havia no grupo um cientista matemática sua teoria e reflexão
muito respeitado por seus estudos científica. Mas para a surpresa de
e também um cientista cristão, todos daquela academia, o cristão
muito temente a Deus e que diver- descobriu o seu material e todos
gia de seus colegas quando o as- fixaram seus olhos admirados por
sunto versava sobre a origem do alguns instantes e, em seguida,
mundo. Mas havia muito respeito de forma espontânea, os aplausos
entre eles, sabendo que o assunto ecoaram naquele nobre salão não
é bastante polêmico na sociedade muito acostumado com esse tipo
científica também. de reação. Realmente o mundo
Chegou o dia de o cientista construído pelo cientista era algo
crente discursar e falar de suas encantador. Todos os detalhes da
pesquisas e conceitos sobre o natureza estavam ali.

24
Logo começaram a surgir as
perguntas: Quanto tempo levou
1 – O CRIADOR É MAIOR QUE A
para construir a maquete? Qual CRIAÇÃO ( Gênesis 1.1 )
foi o custo de todo material? En- Já estudamos sobre quem é
fim, de maneira cínica o construtor Deus. Mas cabe aqui o entendi-
respondeu: Não posso responder a mento de que a crença no criacio-
pergunta de vocês, porque eu não nismo baseia-se neste fato: Deus é
sei como isto surgiu. Só sei que maior que a criação. Deus (Elohim)
eu estava em casa e de repente cuja palavra é plural (deuses), mas
ouvi um estrondo. Um barulho tão empregada aqui com o verbo no
grande que vinha da grande sala e singular (criou). Deus é plural em
corri pra ver o que tinha aconteci- pessoa, mas singular em sua ação.
do. Para minha surpresa, encontrei Não existe contrariedade entre as
isso lá. Surgiu do nada. Só houve pessoas divinas, porque é um só
estrondos. Deus. João escreveu: “No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com
Sorrisos e gargalhadas mistu-
Deus, e o Verbo era Deus. Ele es-
raram-se com espanto. Muitos di- tava no princípio com Deus. To-
ziam: claro que não cremos nessa das as coisas foram feitas por
sua história. Impossível! Quando ele, e sem ele nada do que foi
então o cientista cristão respondeu: feito se fez” (Jo 1.1-3). Quando
Se vocês não creem que foi assim entendemos quem é Deus fica um
que surgiu esta maquete do uni- pouco mais fácil entender e crer no
verso, como vocês querem que eu criacionismo – Deus criou.
creia e aceite que foi assim que o A melhor expressão para a pa-
mundo surgiu? Disse ele: eu creio lavra céus e terra é universo. Algu-
que o mundo foi criado! E a partir mas poucas palavras, tão simples,
daí apresentou sua proposta de re- mas ao mesmo tempo com toda
flexão sobre o criacionismo. a sua grandeza têm ao longo dos
O objetivo desta lição não é anos desafiado os cientistas. Este
fomentar polêmica sobre o tema é um axioma de nossa fé que não
CRIAÇÃO, ainda que por si já o seja negociamos: “Deus criou.” A criação
em suas mais variadas vertentes. O foi um ato de Deus.
objetivo não é apresentar o criacio- “No princípio”, aponta para o
nismo científico, defendido e apre- tempo ou um começo inicial. Dife-
sentado por alguns. Mas reafirmar, rente do entendimento de princípio
para quem aceita a Bíblia como re- usado por João no início de seu
gra de fé, prática e revelação iner- Evangelho quando lá, é eternidade.
rante de Deus, nossa convicção de O princípio de Gênesis, mesmo com
que cremos que o universo foi cria- todos os esforços, é impossível ser
do por Deus. medido. “Criou Deus”, aponta tam-

25
bém de maneira inequívoca o poder de outros, com Deus é totalmente
de Deus. Criar algo, por menor que diferente: Ele criou e continua tendo
seja, exige destreza, capacidade, o mundo como sua possessão. Ele
domínio sobre o que está sendo fei- não transferiu. Ele não terceirizou.
to. “Os céus e a terra”, aponta para Ele estabeleceu leis da natureza e
a capacidade de criar do nada1; fa- da física, mas é Ele quem sustenta
zer existir o que nunca tinha existi- sua criação. A Bíblia diz que Jesus
do. Perceba que não existia nada Cristo tem também como missão
para que se utilizasse como meio. sustentar o universo. O mundo sub-
Deus não dependeu de nada. Ele siste por causa dEle e por Ele. Diz
é absoluto, grande. O ser humano Paulo: “E ele é antes de todas as
não faz nada sem meios, mas Deus coisas, e todas as coisas subsis-
sim. Do nada criou o universo! tem por ele” (Cl 1.17).
Que Deus grandioso! Vai além Deus deu ao homem o direito de
de tudo e de todos. Quando penso dominar a terra, “... e domine so-
e creio nesse Deus, meu coração bre os peixes do mar, e sobre as
fica em paz, tranquiliza-se diante aves dos céus, e sobre o gado, e
desse universo tão grande e possí- sobre toda a terra, e sobre todo
vel de ter sido criado, porque Deus réptil que se move sobre a ter-
é maior que o universo. O grande ra.” (Gn 1.26b), mas nunca deixou
mundo aponta e mostra não ape- ou abandonou o mundo criado. De
forma exemplar Deus criou, con-
nas a maravilha da criação, mas
tinua sendo o dono, mas decidiu
o Deus que criou. Porque cremos compartilhar o que é dEle conosco.
nesse Deus grandioso é que pode- Deus tem o domínio sobre o univer-
mos descansar nossa compreen- so, mas o criou para compartilhar.
são na possibilidade de uma cria- O desejo mais profundo na criação
ção tão grande. Deus é maior que foi o de compartilhar com a criatura
a criação! sua comunhão. Não o fez por ne-
cessidade própria, porque ELE é
2 – A CRIAÇÃO TEM HARMONIA E pleno e imensurável em seu Filho e
OBJETIVO ( Gênesis 1.31 ) no Espírito. Já havia harmonia e co-
munhão nas três pessoas. Mas cria
O texto bíblico diz “no princípio”. o mundo para compartilhar o seu
Não existe na Bíblia nenhuma data Ser com a criação. Esse foi o obje-
para a origem da terra. O ensino diz tivo maior em sua obra. O que a Bí-
que aconteceu. Tem havido um fre- blia diz sobre Deus que é amor? Di-
nesi em busca de uma data para o ferente de quem apenas tem amor
surgimento do mundo. Diferente das ou aprende sobre o amor, Deus é
criações humanas, quando o ho- o próprio amor e não poderia acon-
mem fabrica alguma coisa e deixa tecer diferente. Esse amor faz com
que sua obra passe para o domínio que Ele compartilhe o seu SER.
1 - O verbo “criar” no original bíblico significa criar do nada e inclui necessariamente a capacidade de fazer existir o que
nunca tinha existido.

26
Deus criou o mundo de manei- encontrar uma data da origem tra-
ra harmônica. Isso revela uma ma- zem desconforto para muita gente.
ravilha na direção e coordenação É preciso que se entenda que a
da criação. Criou os reinos mine- Bíblia não é um livro de ciência. É
ral, vegetal e animal. Nesta ordem, um livro de fé. Revela Deus e seu
conforme o relato de gênesis. O propósito. O criacionismo é acei-
primeiro servindo de sustentáculo to como ato de fé, conforme diz o
para o seguinte. Linda coordena- escritor aos Hebreus: “Pela fé cre-
ção, harmonia e objetivo dado por mos que os mundos pela palavra
Deus em sua criação. O criacionis- de Deus foram criados” (Hb 11.3).
mo está presente no ensino escri- O criacionismo, além de ser funda-
turístico quando diz que cada um mentado na fé, também a fortale-
foi criado segundo a sua espécie, o ce. Não é uma fé irracional, como
que contraria qualquer tentativa de imaginam alguns, mas uma fé que
evolução e mutação das espécies. aceita a harmonia da criação e não
A terra foi criada para habitação o caos. É uma fé baseada numa es-
do homem. Todas as suas caracte- colha pela observação dos fatos e
rísticas físicas e biológicas mostram pela Palavra.
isso. A terra é o único corpo no uni-
verso capaz de proporcionar esse PARA PENSAR E AGIR
habitat natural ao homem e outros
tipos de criação. O conceito de pro- Agradecer e cuidar deste mun-
pósito nos induz mais e melhor a do criado por Deus precisa ser uma
admitir que o mundo foi criado. tarefa de todos nós, de maneira
contínua e responsável. Não basta
ser criacionista. É preciso cumprir
3 – A BASE DO NOSSO nossa tarefa de cuidar da criação
ENTENDIMENTO DA CRIAÇÃO do Senhor. Deus fez tudo muito
É A FÉ ( Hebreus 11.1-3 ) bom e bonito. E nós, temos preser-
vado a beleza da criação? Destruir
O escritor aos hebreus disse a criação é ofender o Criador. Não
que pela fé cremos que o mundo negocie sua fé de crer que Deus é
foi criado. Optamos pela fé. A fé não o Criador.
desconsidera a razão, mas vai além
dela. A fé ultrapassa as barreiras
do impossível e incompreensível. A Segunda: Gênesis 1.1-10
Bíblia diz ainda que a fé é o firme Terça: Gênesis 1.11-20
fundamento: “ORA, a fé é o firme
fundamento das coisas que se Quarta: Gênesis 1.21-23
Leitura Diária

esperam, e a prova das coisas Quinta: Gênesis 1.24-25


que se não veem” (Hb 11.1). Sexta: Isaías 40.28
A Bíblia não fixa data para a Sábado: Hebreus 11.1-3
criação do universo. Os estudos Domingo: Salmo 8
científicos e as meras tentativas de

27
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 5
Textos Básicos: Gênesis 1.26-31; Gênesis 2.7; Romanos 9.20

HOMEM: SENHOR OU SERVO?

Um homem estava andando seguinte, fazia o mesmo, cumprin-


numa floresta quando, de repen- do a missão.
te, viu uma luz forte, brilhante. A Passado muito tempo, perce-
luz andava em sua direção. Ficou beu que a rocha permanecia no
assustado e preocupado, mas é mesmo lugar, não se movia. Pa-
claro que também curioso. Nun- rou, pensou, começou a refletir
ca tinha visto algo igual. A luz se e foi falar com Deus. Ele estava
aproximou dele e ele ouviu, então, aborrecido com aquela missão,
uma voz. Uma voz forte e firme que para ele não estava tendo
que disse: Eu sou Deus! E tenho nenhum êxito. Ficou frustrado,
uma missão para você. Missão, procurou a Deus e disse: Desisto!
mas que missão? Você já viu uma O Senhor me fez de fracassado.
rocha que fica perto de sua caba- Deu-me uma missão impossível.
na? Sim, já vi. Aliás, vejo todos os Há muitos dias estou empurrando
dias. Então a sua missão é empur- a rocha e ela continua no mesmo
rar todos os dias aquela grande lugar, nem um centímetro se quer
rocha. Sim, Senhor, aceito com se moveu. Então Deus respondeu
alegria esta missão. E assim foi. àquele coração angustiado: Meu
Todos os dias o homem empurra- filho, quando conversei com você
va pela manhã e à tarde a rocha. À na floresta, qual foi a missão que
noite descansava e dormia. No dia lhe dei? Respondeu o homem:

28
Empurra a rocha. Então, meu filho, o homem foi diferente. Na criação
falei para você empurrar a rocha e do homem, Deus não lança mão
não para movê-la. Depois de tanto de nada cooperativo que não seja
tempo, olha os seus braços: estão a ação divina em sua essência. É
mais fortes. Você está mais prepa- dito: “Façamos...”.
rado. Não pedi você para mover a Pensa no escultor fazendo a
rocha, mas para empurrá-la! Quan- sua obra, imagina o oleiro produ-
do for para mover a rocha, eu mes- zindo um trabalho manual. Foi as-
mo o farei, disse Deus. sim. Deus colocou as suas próprias
Deus nos deu uma missão ao mãos para criar o homem. O homem
nos criar, mas o homem não tem não é um prolongamento das vidas
entendido bem qual foi a missão existentes. Mas é uma criatura nova,
dada pelo Criador. Quem somos especial, diferenciada e que teve a
nós para replicar a Deus, não é ver- ação direta, pessoal e escultural do
dade? Vamos continuar empurran- Criador. Deus formou o corpo do
do a rocha, mesmo que ela não se homem. Para alguns, pode pare-
mova. Fazê-la mover pode não ser cer uma infantilidade. Inconcebível.
a nossa tarefa. Somos servos e não Historinha infantil. Impossibilidade
senhores. racional. Mas Deus sempre usa o
impossível do homem. A sabedoria
1 – ESCULTURA DIVINA de Deus é bem diferente da sabe-
doria humana. Quem é o homem,
( Gênesis 2.7 )
criatura, para replicar o Criador?
O homem foi criado de manei- Para indagar ao Criador e discordar
ra excepcional! Destaca-se en- dele? Fomos feitos do pó da terra.
tre todos os seres, pois foi criado A história infantil, para muitos, se
de forma diferente. É bom notar e tornou a obra escultural de Deus.
pontuar que para os demais seres Deus colocou as mãos na “massa”.
sempre houve uma ordem divina:
“produza a terra e as águas”. 2 – IMAGEM DIVINA
Deus sempre estabeleceu e exigiu
( Gênesis 1.26 )
que a terra produzisse os seres. A
sua palavra criadora deu à terra as Era projeto de Deus na criação
condições necessárias, úteis e im- do homem, fazer um ser que tives-
portantes para que cumprisse sua se relacionamento com a essência
determinação: “E disse Deus: Pro- divina. “Criou o homem à sua ima-
duza a terra erva verde, erva que gem e semelhança”. Expressões
dê semente, árvore frutífera que que podem levar os pensadores
dê fruto segundo a sua espécie, a maiores especulações teológi-
cuja semente está nela sobre a cas. Entende-se por imagem e se-
terra; e assim foi.” (Gn 1.11). Com melhança a grandeza de Deus, a

29
essência divina e seus atributos neira linda, especial e harmonio-
morais sendo transferidos para o sa. Esse sopro que veio do próprio
homem e os atributos naturais para Deus, foi o Senhor compartilhando
serem admirados, respeitados e com o homem o seu espírito. Corpo,
confiados pelo homem. Nenhuma alma e espírito agora presente na
outra criatura recebe a especiali- vida humana: “E o mesmo Deus
dade da imagem e semelhança do de paz vos santifique em tudo;
Criador. e todo o vosso espírito, e alma,
A imagem de Deus no homem e corpo, sejam plenamente con-
nos leva a pensar sobre a espiritua- servados irrepreensíveis para a
lidade humana. Assim como “Deus vinda de nosso SENHOR Jesus
Cristo” (1Ts 5.23). O homem é um
é Espírito...” (Jo 4.24a), o homem
ser espiritual e isso o difere dos ou-
é um ser espiritual. Espiritualmente,
tros seres. O homem, com o fôlego
com as devidas proporções, o ho-
da vida, adquiriu razão, consciên-
mem é semelhante a Deus. Deus é
cia, livre arbítrio, conhecimento de
Espírito e o homem é um ser espi-
si mesmo, de Deus e do mundo e
ritual. Essa espiritualidade dada por a imortalidade da alma. Existe uma
Deus fez do homem a essência da harmonia inconfundível no ser hu-
pessoa humana. mano e em estreito funcionamento
o faz ser o que é, por criação divina.
3 – SOPRO DIVINO ( Gênesis 2.7 ) Corpo, alma e espírito interagem
Depois de esculpir o homem harmonicamente. Portanto, o ho-
com a terra, Deus deu-lhe o fôlego mem é um ser integral, indivisível.
da vida. Há nesse momento, o com- Se assim não fosse, não seria o
que é.
plemento e plenitude do projeto da
criação do homem. A escultura de
barro passa a ter vida. A escultura 4 – MISSÃO DIVINA
se transforma em carne e osso com ( Gênesis 1.28 )
o seu funcionamento vital, corrente
Este ser, super importante e
sanguínea, respiração, células e
criado de maneira tão especial e
todos os órgãos do corpo humano. milagrosa tem uma missão neste
O sopro dado na criação é perma- projeto da criação. A ele, Deus deu
nente na preservação e provisão uma responsabilidade. Pois não
do funcionamento de nosso corpo. existe liberdade sem responsabili-
Quando olho para o funcionamento dade. Aliás, esse dualismo sempre
do meu corpo, reconheço e sinto o foi um drama na vida do homem.
sopro de Deus em minha vida. Sempre quis ter privilégios desas-
Mas esse sopro, que fez do ho- sociados de compromissos. Ao ser
mem alma vivente, vai além de um criado, o homem recebeu respon-
corpo em funcionamento de ma- sabilidades dadas por Deus.

30
Dominar a terra e subjugá-la princípios, pois Ele também quer
seria uma missão. Parece que com preservar a vida. Mas homens com
o tempo o homem foi distorcendo mentes malignas, leis perversas
essa tarefa. Dominar, disse Deus, e e campanhas inconvenientes tem
não destruí-la conforme tem acon- sido aliados para que esta missão
tecido. A primeira missão seria a seja manchada. O aborto é um
de ser o guardião de toda criação. assassinato! Toda vez que se fala
Cuidar da obra de Deus. Parece-me em aborto o foco principal e de-
que estamos, hoje, muito distantes terminante precisa ser a vida. Não
dessa missão que Deus nos deu. importa circunstâncias, gostos e
A ganância humana e o progresso vontades. A vida e sua perpetuação
egoísta têm trazido males e destrui- é vontade do Criador e recebemos
ção à nossa terra, obra e criação de dele esta missão. Nunca interrom-
Deus. E o homem tem feito isso sob per a vida.
gargalhadas, aplausos e corrupção.
E nós, filhos de Deus, temos sido PARA PENSAR E AGIR
cúmplices nesse processo destrui-
Não podemos nos esquecer de
dor do planeta.
que somos criatura de Deus, e não
O não cumprimento do cuidado criador. É preciso que entendamos
da terra é uma forma de destruição que fomos criados. Existimos por
não apenas da obra, mas da mani- obra das mãos de Deus. Isso repre-
festação da glória de Deus, porque senta o maior privilégio entre toda
a criação existe para manifestar a criação, mas também uma enor-
esta glória. É preciso refletir e re- me responsabilidade moral. Viver
pensar sobre muitas coisas nesse na condição de criatura especial de
aspecto missional dado por Deus Deus nos submete ao compromisso
ao homem quando o criou. de seguir os ditames daquele que
Outra responsabilidade foi a de nos fez. Se usarmos outro “manual
povoar a terra. Multiplicar. Deus de fabricação” não vai dar certo o
queria que o seu ato de criação es- funcionamento. Não negocie sua fé
pecial se perpetuasse. Cada nova de que fomos criados por Deus!
vida seria expressão da grandeza
de Deus na existência humana. Segunda: Gênesis 1.26-31
Crescer e multiplicar seriam a per-
Terça: Gênesis 2.7
petuação do ato nobre e especial
de Deus. Infelizmente essa missão Quarta: Isaías 43.1-7
Leitura Diária

e responsabilidade tem sido distor- Quinta: Gênesis 2.18-25


cida. Essa multiplicação precisa ser Sexta: Romanos 9.19,20
dentro dos ditames divinos. Deus Sábado: Salmos 8.4-5
planejou o mundo e a família dan-
Domingo: Jó 14.1-5
do compromissos e estabelecendo

31
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 6
Textos Básicos: Filipenses 2.1-11; Mateus 16.13-16

JESUS CRISTO:
REALIDADE OU MITO?

Um nadador tinha o costume Desci a escada e então os meus


de correr até a água e molhar os pés tocaram o piso da piscina. Ela
pés antes de efetuar o mergulho. estava vazia. Tremi naquela hora.
Isso acontecia sempre. Era um Haviam esvaziado a piscina e eu
hábito. As pessoas viam e ficavam não tinha percebido. Se eu tivesse
impressionadas com o comporta- saltado teria sido o último salto da
mento do nadador que não falhava minha vida. Fiquei tão agradecido
em seu procedimento. Certa vez, a Deus que me ajoelhei na beira
alguém quis saber e perguntou da piscina, confessei meus peca-
ao atleta qual era a razão daquele dos e me entreguei totalmente a
hábito. Então o nadador sorrindo, Jesus, consciente de que foi numa
respondeu. Eu era professor de cruz que Jesus morreu para me
natação há muitos anos atrás. En- salvar. Naquela noite eu fui salvo
sinava a nadar e a saltar do tram- duas vezes. A “cruz” me salvou.
polim. Certa noite, eu não conse- Vamos estudar hoje sobre a
guia dormir e fui até a piscina para pessoa de Jesus.
nadar um pouco. Quando eu esta-
va no trampolim, vi minha sombra 1 – QUEM É JESUS?
em forma de cruz refletida na pis- ( Mateus 16.13-16 )
cina. Algo surpreendente. Naquele
momento, fui tomado de uma pro- Que pensam os homens e vo-
funda reflexão. Não era um cristão cês sobre mim? Perguntou Jesus.
ainda, mas já tinha ouvido muitas Pergunta básica do cristianismo.
vezes sobre Jesus e a sua cruz. Quem é Jesus? Depois de tanta

32
convivência ocular, auditiva e pal- aqui é bem esclarecedora, porque
pável com Jesus, chegou o momen- significa que deve ser encontrada
to dos discípulos verbalizarem e em nós, por meio de nós essa men-
resumir quem era Jesus para eles. talidade de Cristo.
Os escribas e fariseus, indignados Devemos pensar corretamente
com o milagre realizado por Jesus, a respeito de Jesus. De que manei-
indagavam: “Quem é este...?” ra Ele expressou no plano humano,
(Lc 5.20,21). Ao acalmar o mar, temporal, esse sentimento que de-
perguntaram sobre Jesus: “Quem vemos imitar? A Bíblia nos apre-
é este que até o vento e o mar lhe senta o Deus que tomou a iniciativa
obedecem?” (Mc 4.41). Quando por nós. Deixou seu trono de glória,
declara perdão à mulher conside- humilhou-se e tornou-se homem.
rada indigna, os observadores dis- Paulo diz ainda sobre a humanida-
seram: “Mas quem é este que até de de Jesus: “...Jesus Cristo sen-
pecado perdoa?” (Lc 7.49). Por do rico, por amor de vós se fez
ocasião da morte trágica de João pobre, para que por sua pobreza
Batista, a autoridade indagava, re- vos tornásseis ricos”. (2Co 8.9).
ferindo-se a Jesus: “quem é este
de quem tenho ouvido tantas coi- 3 – A DIVINDADE DE JESUS
sas?” (Lc 9.9).
( Filipenses 2.6 )
O cristianismo é mais do que
postulados abstratos, filosóficos ou Jesus, sendo divino, não teve
qualquer outra coisa semelhante. O esta usurpação. Usurpar é apossar
cristianismo fundamenta-se numa de algo pela força ou sem direito.
pessoa: a pessoa de Jesus Cris- Apropriar-se de algo indevidamen-
to. Por isso, a indagação “quem é te. Apegar-se a algo de forma de-
este?” é relevante para nós hoje! A sonesta. Jesus não usou de força
Igreja de Cristo deve ser Cristocên- para permanecer na forma de Deus,
trica e bibliocêntrica. igual a Deus. Preferiu permanecer
sendo Deus, mas agora em forma
de servo. Ser Deus não foi por usur-
2 – JESUS COMPARTILHA O SEU pação, nem no princípio eterno e
SENTIMENTO ( Filipenses 2.5 ) nem neste momento temporal.
O sentimento de Jesus em nós. É interessante a expressão de
Que sentimento é esse que Paulo Paulo quando diz existindo ou sub-
diz que é de Cristo, mas que preci- sistindo, que aponta para a sua
sa ser achado em nós? Por certo, preexistência. Jesus já existia an-
deve ser o mesmo. Não é um pa- tes de nascer em Belém. Ele era,
recido, semelhante, copiado. Não! é Deus e estava com Deus. João
Paulo diz que haja em nós o mes- ensina isto em seu prólogo: “No
mo sentimento. A palavra “mesmo” princípio era o Verbo, e o Verbo

33
estava com Deus, e o Verbo era ra espontânea e voluntária, a sua
Deus. Ele estava no princípio divindade. Jesus não achou que
com Deus.” (Jo 1.1). Quando le- isso seria impossível, pelo fato de
mos Jesus existindo, somos leva- ser Deus. Pelo contrário, pelo fato
dos à visões da eternidade, ainda de ser Deus é que assim poderia.
que de forma limitada por nossa in- Tremendo poder de Jesus, de
suficiência, mas podemos, no míni- viver o esvaziamento de si pró-
mo, admitir a eternidade de Jesus, prio. Não se agarrou à sua situa-
que é Deus. Da mesma forma, dá ção preexistente, mas adentrou na
a ideia de igualdade da essência história humana para compartilhar
divina. Jesus participa da essência sua glória com os homens, trazen-
divina porque Ele mesmo, em es- do salvação e vida. Tomou a forma
sência, é Deus. Lembremos que a de servo e passou por todas as
teologia sadia é aquela que foca no experiências humanas, sendo até
essencial e nunca nas controvér- mesmo tentado em tudo, mas ja-
sias. O ponto central é este: Jesus é mais cometeu um delito sequer. Ele
Deus! Não tem como negar, obscu- mesmo declarou certa vez: “Quem
recer ou enfraquecer esta verdade. me convence a pecar?” (Jo 8.46).
O ministério de Jesus aponta para O escritor de Hebreus refere-se
sua divindade através da realização a Jesus dizendo: “...suportou a
de milagres, que autentificavam sua cruz, desprezando a afronta, e
obra e missão. Mas, acima de tudo, assentou-se à destra do trono de
sua ação poderosa de perdoar pe- Deus.” (Hb 12.2).
cados o distinguia de todas as de- Ao invés de explorar sua forma
mais ações sobrenaturais atribuí- divina para tirar vantagens em seu
das a Deus. ministério, preferiu a forma de ser-
vo, despojando-se de si mesmo.
4 – A HUMANIDADE DE JESUS Despojou-se por amor! Jesus des-
( Filipenses 2.7 ) pojou-se não de sua natureza divi-
na, mas das prerrogativas da divin-
Jesus, em sua missão, volunta- dade. Ele não trocou sua natureza
riamente aniquilou-se. Deixou a sua divina pela humana, mas demons-
glória com o Pai e entrou num mun- trou sua natureza divina em forma
do de calamidade. Vamos encontrar humana. Ao fazer-se semelhante
aqui um aspecto da grandeza de ao homem, não significa que Je-
Jesus, que foi o de esvaziar-se a si sus que não teve humanidade real.
mesmo. Ele não julgou a si mesmo, João diz que Jesus veio em carne.
como se não tivesse que abrir mão, “E o Verbo se fez carne, e habi-
abdicar de coisas que faziam par- tou entre nós...” (Jo 1.14). “O que
te de sua natureza. Nunca perdeu, os nossos olhos viram, nossas
mas em função de sua missão e mãos apalparam.” (1Jo 1.1). Paulo
obra, abriu mão de usar, de manei- não tinha nenhuma dúvida da hu-

34
manidade de Jesus e declarou em jestade, glória e poder de Deus. Os
seus escritos: “...Deus enviou seu joelhos se dobram diante da obra
Filho, nascido de mulher, nasci- salvadora de Jesus e a boca procla-
do sob a lei,” (Gl 4.4). ma em confissão de fé que Ele é o
A expressão “fazendo-se” traz Senhor: “... Com o coração se crê
a ideia de que Ele nasceu. E “se- para a justiça, e com a boca se
melhante” significa que exatamen- faz confissão para a salvação...”
te como o homem é, Ele se tornou, (Rm 10.10). Jesus é aquele que é
porém sem pecado. digno de ser exaltado porque o Pai
primeiramente o exaltou de manei-
ra soberana, dando-lhe um nome.
5 – A OBRA DE JESUS Exaltado, porque tem domínio e au-
( Filipenses 2.8 ) toridade de forma plena no céu, na
A nossa vida só tem sentido e só terra e debaixo da terra. Exaltado,
podemos interpretá-la à luz da cruz porque sua obra salvadora é reco-
de Jesus. Sem a cruz a vida não tem nhecida por aqueles que o confes-
sentido algum. Jesus é aquele que, sam como Salvador e Senhor.
por obediência, foi à cruz. Sua obra
foi perfeita! Teve como base sua PARA PENSAR E AGIR
obediência ao Pai. Recebeu do Pai Jesus Cristo é o Filho de Deus
um nome para que estivesse acima e único mediador entre Deus e os
de todo nome: “E em nenhum ou- homens. Reconhecê-lo como Sal-
tro há salvação, porque também vador e Senhor é a melhor escolha
debaixo do céu nenhum outro que alguém pode fazer. Não basta
nome há, dado entre os homens, saber quem é Jesus. É preciso viver
pelo qual devamos ser salvos.” este conhecimento. Reconhecer,
(At 4.12). Quando o anjo anunciou o declarar e viver sob o senhorio de
advento do Messias, disse à Maria Jesus é privilégio, responsabilidade
que o nome daquele que haveria de e desafio. Não negocie a sua fé de
nascer seria Jesus, porque Ele sal- que Jesus é Senhor!
varia o mundo de seu pecado: E eis
que em teu ventre conceberás e
darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás
Segunda: Filipenses 2.1-11
o nome de Jesus. (Lc 1.31). Jesus
significa “Jeová é salvação”. O “Eu Terça: Lucas 5.20-21
sou” haveria de salvar. Quarta: Lucas 1.31
Leitura Diária

A obra de salvação, por meio Quinta: Romanos 10.10


da morte e ressurreição de Jesus Sexta: Atos 4.12
possibilita então ao homem, por Sábado: Gálatas 4.4
meio da graça divina reconhecer-se Domingo: Mateus 16.13-16
pecador e curvar-se diante da ma-

35
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 7
Textos Básico:s João 14.16-26; 15.26; 16.7-14

ESPÍRITO SANTO:
PESSOA OU INFLUÊNCIA?

Três jovens, a fim de entende- e encontrou apenas o jovem que


rem melhor uma passagem bíbli- não desistiu. Ao ver o pastor, ele
ca, chegaram para o seu pastor disse meio triste: – Ah pastor, não
e perguntaram: – Pastor, a pa- consigo encher essa peneira de
lavra diz “enchei-vos do Espírito água! Já quebrei a cabeça, mas é
Santo”, mas estamos muito em impossível! Disse-lhe o pastor:
dúvida: como se faz isso? O pas- – Você só conseguirá ter água
tor lhes entregou uma peneira e nesta peneira, meu jovem, se a
disse: – Vão até o rio e encham mantiver mergulhada no rio. As-
essa peneira com água, quando sim também é para ser cheio do
conseguirem vocês terão a res- Espírito Santo. Só conseguirá ser
posta. Os três jovens foram ao rio cheio, se permanecer mergulhado
um tanto quanto duvidosos e in- n’Ele! Enchei-vos do Espírito!
crédulos. Chegando à água, eles O ensino bíblico sobre o Espí-
discutiram, mas não conseguiam rito Santo é vasto. Tanto no Antigo
pensar em alguma forma de en- Testamento quanto no Novo en-
cher aquela peneira de água. En- contraremos elementos para uma
tão, dois disseram: – O nosso pas- boa abordagem sobre Ele. De ma-
tor está louco! Isso é inútil! Vamos neira bem substanciosa, no Novo
embora, senão ficaremos o dia Testamento e mais ainda nas car-
todo aqui feito bobos. Horas mais tas paulinas. Mas quero, nesta li-
tarde o pastor foi até aquele rio ção, apresentar o ensino de Jesus

36
sobre o Espírito Santo, que servirá O Espírito Santo está em nós.
de norte para nossa compreensão Foi-nos dado como selo e garantia
em todas as demais citações, prin- de nossa salvação. Paulo diz que
cipalmente no Novo Testamento. se alguém não tem o Espírito, o tal
Posso dizer que o ensino de Jesus não é de Deus: “Vós, porém, não
sobre o Espírito Santo é como uma estais na carne, mas no Espírito,
chave para todo entendimento nas se é que o Espírito de Deus ha-
demais partes das Escrituras. bita em vós. Mas, se alguém não
tem o Espírito de Cristo, esse tal
1 – JESUS ENSINOU QUE O ESPÍRITO não é dele.” (Rm 8.9).
SANTO É OUTRO CONSOLADOR
2 – JESUS ENSINOU QUE O ESPÍRITO
( João 14.16 )
SANTO É O ESPÍRITO DA
Jesus fez a promessa de que os VERDADE ( João 14.17 )
discípulos não ficariam sozinhos.
Haveria outro consolador. Quem é Jesus se referiu ao Espírito San-
esse outro consolador? O Espírito to como sendo o Espírito da verda-
Santo. Duas coisas aqui a observar de. O cristianismo foi fundamentado
e destacar no ensino de Jesus. Ele sob a verdade que o próprio Jesus
disse “outro”. Um que iria substi- declarou: “... eu sou a verdade...”
tuí-lo. A palavra usada por Jesus, (Jo 14:6). O “Espírito da verdade”
aqui, significa outro, mas não dife- porque faria com que os discípulos
rente do primeiro. Outro igual. Ou- lembrassem, entendessem toda
tro, mas que seria da mesma es- verdade de Deus em Cristo Jesus.
sência. O Espírito Santo não é uma O Espírito Santo seria aquele, na
emanação, uma influência ou uma promessa e ensino do Mestre, que
força. É uma pessoa! Tem atribui- daria ênfase à revelação plena e
ções de uma personalidade. Tem completa de Deus, que é Jesus. A
em si mesmo elementos de existên- obra do Espírito no crente seria de
cia pessoal. Sente tristeza, ensina, enfatizar o que fora revelado, trazer
tem vontade, intercede, guia. Tem luz e entendimento.
também a mesma essência divina, A Verdade de Deus, que é Je-
assim como Jesus. sus, estava com os discípulos, por
Outra palavra que Jesus usa é isso eles teriam este Espírito da
“consolador”. A palavra usada signi- verdade. Quem não tem a verdade,
fica aquele que está ao lado, que dá não tem o Espírito de Deus. O mun-
força, que assegura vitória. Aquele do não o recebe porque não tem
que não deixa cair. Aquele que nos esse Espírito. É na experiência de
dá o suporte de vida e força. Este é conversão, ao nascer de novo, que
o Espírito Santo na vida do discípu- recebemos a verdade que é Jesus
lo. O amparo divino continuaria na e, por conseguinte, o Espírito da
vida daqueles seguidores de Cristo. verdade. Toda obra ou compreen-

37
são das Escrituras que se opuser à de convencimento, que não é nos-
vida e obra de Jesus não é do Es- sa, e confiar no poder de Deus e na
pírito da verdade. Jesus disse que o obra do Espírito.
Espírito faria com que os discípulos Uma das obras do Espírito San-
se lembrassem de tudo que o Ele to no ensino de Jesus é a do con-
havia ensinado. “Mas aquele Con- vencimento. O Espírito Santo traba-
solador, o Espírito Santo, que o lha no pecador, a fim de que este
Pai enviará em meu nome, esse entenda e aceite que é pecador.
vos ensinará todas as coisas, e
Através da persuasão, o Espírito
vos fará lembrar de tudo quanto
Santo cria uma certeza no outro. A
vos tenho dito.” (Jo 14.26). A obra
Bíblia diz que todos pecaram. Crer
do Espírito, aqui no ensinamento de
Jesus, está relacionada com a obra em Jesus é resultado desse con-
e ensino dEle mesmo. vencimento produzido pelo Espírito
no coração do homem. O Espírito
3 – JESUS ENSINOU QUE O ESPÍRITO traz para o homem o entendimen-
SANTO TEM A MISSÃO DE to de que o pecado é uma ofensa
CONVENCIMENTO DO PECADO contra Deus. O que nos faz crer em
Jesus é o reconhecimento de que
( Jo 16.8-11 )
somos pecadores. Jesus disse:
Jesus ensinou que o convenci- “Convencerá o homem do peca-
mento do pecador é obra do Espíri- do porque não creem em mim.”
to Santo. Tamanha relevância essas Jesus declarou que além de con-
palavras de Jesus naquele momen- vencer o homem, o Espírito Santo
to em que os discípulos dariam também daria o entendimento do
continuidade à Sua obra na procla- que é a justiça. O pecador precisa
mação do Evangelho e no convite saber que a salvação não é resul-
ao pecador para o arrependimento. tado de sua própria justiça, mas da
Há momentos que nossa paixão é
justiça divina. Não existe salvação
tão grande pelo pecador que nos
por obra própria. Jesus Cristo é o
dá uma vontade de convertê-lo ao
centro da justiça de Deus e o peca-
Evangelho. Mas Jesus ensina que
isso seria obra do Espírito Santo: dor precisa ter este convencimento.
“E, quando ele vier, convencerá o Disse Jesus: “... da justiça, porque
mundo do pecado, e da justiça e vou para meu Pai, e não me ve-
do juízo. Do pecado, porque não reis mais.”
crêem em mim; Da justiça, por- O homem precisa entender e
que vou para meu Pai, e não me estar convencido de que a cruz do
vereis mais; E do juízo, porque Calvário trouxe o juízo. Satanás já
já o príncipe deste mundo está está condenado e seus adeptos
julgado.” (Jo 16.8-11). Precisamos constituem o mundo perdido. A mor-
deixar de querer realizar a missão te de Jesus na cruz estabeleceu o

38
juízo de Deus. Esse entendimento Tudo o que for secundário na
e convencimento, diz o Mestre, que vida da Igreja só tem relevância
seria obra do Espírito da verdade. se convergir para o testemunho da
Jesus disse: “... e do juízo, porque vida e obra de Jesus e glorificá-lo.
o príncipe deste mundo já está É tempo de pararmos de trabalhar
julgado”. O juízo nos faz entender na Obra buscando os holofotes e
que o maior problema do homem já nossa proeminência. A glória é do
foi resolvido pelo triunfo de Jesus Salvador. Jesus não pode ser um
na cruz. O diabo já foi vencido! coadjuvante na Igreja. “Ele é o Se-
nhor. E toda a língua confesse
que Jesus Cristo é o SENHOR,
4 – JESUS ENSINOU QUE O ESPÍRITO para glória de Deus Pai.” (Fp 2.11).
SANTO TEM UMA MISSÃO NA
VIDA DO CRENTE E DA IGREJA PARA PENSAR E AGIR
( Jo 15.26,27 )
Conhecer e viver os ensinamen-
É o Espírito que nos faz dar tes- tos de Jesus sobre o Espírito Santo
temunho de Jesus. “Mas, quando é essencial para a vida do crente e
vier o Consolador, que eu da par- da Igreja. Toda experiência cristã,
te do Pai vos hei de enviar, aquele habilidades pessoais e capacida-
Espírito de verdade, que procede des adquiridas terão pouco ou ne-
do Pai, ele testificará de mim.” nhum valor produtivo no Reino de
(Jo 15.26). O crente e a Igreja não Deus se a obra não for feita, condu-
possuem uma missão própria, ori- zida e orientada pelo Espírito San-
ginada em si mesmos. A missão da to. Fazemos muito e produzimos
Igreja é a missão de Jesus enfatiza- pouco, porque muitas vezes faze-
da na pessoa do Espírito na vida do mos com a nossa força pessoal e
crente e guiada à Igreja. autossuficiente.
Façamos a obra do Senhor con-
A Missão da Igreja e sua obra
duzidos pelo Consolador, pelo Espí-
não são de marketing eclesiástico,
rito da verdade e pelo convencedor.
nem mercantilismo pessoal. Muito
menos de entretenimento. A mis-
são da Igreja é ser conduzida, diri-
Segunda: João 14.16-20
gida e capacitada pelos dons, para
que tudo redunde no testemunho Terça: João 14.24-26
de Jesus. Qualquer manifestação Quarta: João 15.26-27
Leitura Diária

pessoal ou eclesiástica que venha Quinta: João 16.7-11


chamar a atenção e focar mais as Sexta: João 16.12-14
pessoas do que Jesus é areia mo- Sábado: Atos 2.33
vediça, espiritualmente falando. É
Domingo: Romanos 8.9
falácia de interpretação, vida e obra.

39
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 8
Textos Básicos: Gênesis 3; Romanos 5.12-21

PECADO: INVENÇÃO OU FATO?

Há uma história em que um tudo que o homem queria e algo


homem estava totalmente decep- mais. O homem ficou impressio-
cionado com tudo e com todos. nado. Rapidez no atendimento e
Até mesmo com a fé. Dizia ele que ainda acréscimo no que pedira.
já durante anos havia feito vários As coisas foram acontecendo e o
pedidos a Deus e que nunca tinha pedinte cada vez mais maravilha-
obtido resposta como ele deseja- do. Um dia, o diabo o levou numa
va. O sonho dele era ter uma gran- mansão. Uma casa para ninguém
de casa, quase uma mansão, mas colocar defeito. Algo grandioso. E
nunca conseguira. Decepcionado então disse: esta casa será a sua
com sua vida espiritual, resolveu casa para fechar os seus desejos.
que mudaria de lado: passaria Só tem uma coisa, disse o inimi-
para o lado do diabo. E assim fez go, dou-lhe a casa, mas eu preci-
com o intuito de receber o que ele so de uma coisa em troca. Qual?
tanto queria e que não tinha con- Perguntou o homem. Tudo aqui
seguido até aquele instante. é teu: casa, móveis, decoração,
Fez então um pedido ao inimi- enfim, tudo, tudo. Mas eu preciso
go: queria a casa dos seus sonhos. de dois pregos na parede da sala
Então o diabo respondeu e disse e esses dois pregos serão meus
que não daria apenas a casa, mas e você não poderá mexer neles,
também um trabalho, fama, enfim, muito menos tirá-los. O homem

40
já seduzido e entusiasmado, disse: na introdução, ele escolheu o mal,
O que são dois preguinhos em com- escolheu pecar. O alvo do Criador
paração com esta mansão. Negócio de bem estar físico e espiritual foi
fechado! E assim foi. desperdiçado pelo homem ao fazer
O homem vivia um tempo de ex- sua escolha.
trema alegria. A casa era tudo. Rea- Se tudo que Deus fez foi muito
lização praticamente total. Um belo bom, por que razão nos deparamos
dia, ele chega em casa e encontra com tantas coisas que não são tão
pedaços de carne pendurados no boas assim? Por que encontramos
prego. Naquele prego! Estranhou, um mundo repleto de violência, dor,
mas achou que aquilo não tiraria a sofrimento, luto, etc? Por quê? Esta
sua alegria. No dia seguinte, mais tem sido um das muitas perguntas
carne. No terceiro dia, já percebia inquietantes na existência humana.
um incômodo. As carnes pendura- A resposta está em uma só palavra:
das já estavam putrificadas. Esta- PECADO.
vam podres. O cheiro era insuportá- O que é pecado? Existem várias
vel. Mau cheiro e insetos tomavam maneiras de se considerar o peca-
conta do ambiente que se tornou do. Em suma, pode ser dito como
inabitável. Resolveu chamar o seu sendo tudo aquilo que desagrada
doador e reclamou. O diabo disse: a Deus, que ofende o caráter de
cumpri o que disse que faria. Fize- Deus. A realidade do pecado que
mos um acordo. Dei-lhe a casa e encontramos na Bíblia é uma expe-
disse que os pregos seriam meus e riência explicitada e evidenciada na
eu poderia fazer o que eu quisesse. vida humana: “Portanto, como por
Um simples prego arruinou o am- um homem entrou o pecado no
biente da casa, trazendo mau cheiro mundo, e pelo pecado a morte,
e bichos insuportáveis. O pecado é assim também a morte passou a
assim! Cuidado com os “negócios” todos os homens por isso que to-
que fazemos na vida espiritual. dos pecaram.” (Rm 5.12). Mesmo
assim, a tendência do homem tem
1 – A REALIDADE DO PECADO sido negá-lo, amenizá-lo ou inter-
pretá-lo de outras maneiras.
( Romanos 5.12 )
A nossa história comprova a
O homem pode decidir entre o existência do pecado. Mas tem ha-
bem e o mal. A coisa mais extraor- vido um esforço na elaboração de
dinária no ser humano não é exata- teorias como ateísmo, determinis-
mente aonde ele vai quando é obri- mo, hedonismo e outras, queren-
gado a ir, mas quando ele faz bem do tirar ou atenuar a realidade do
a sua escolha ao ter a oportunidade pecado. Argumentam: se não há
de escolher entre o bem e o mal. No Deus, não há pecado. O homem
caso do homem da história contada não é livre, não fez escolhas, tudo

41
foi determinado. Segundo esses utilizar a preciosa liberdade de esco-
ensinos, o pecado é resultado de lha. Fez mau uso dela. Decidiu mal.
algo ditado por impulsos íntimos e Por influência externa, o homem es-
circunstanciais, excluindo assim, a colheu desobedecer a Deus.
responsabilidade da escolha feita A essência do pecado é a de-
pelo homem. sobediência e o egoísmo: “E viu
Outros, enfocam que a vida é di- a mulher que aquela árvore era
tada pelo prazer: o foco é o prazer, boa para se comer, e agradável
sentir-se bem, não importa o custo aos olhos, e árvore desejável
e os meios. O hedonismo tenta de para dar entendimento; tomou
todas as formas e argumentos es- do seu fruto, e comeu, e deu tam-
vaziar o conceito de pecado como bém a seu marido, e ele comeu
algo real; tenta, também, eximir o com ela.” (Gn 3.6). Precisamos
homem de responsabilidades em hoje ter cuidado. Satanás foi sutil e
relação ao pecado e não apresen- sagaz. O pecado sempre se apre-
ta suas respectivas consequências. senta dessa maneira. É preciso ter
Ensinam que o importante é o pra- cuidado! A Bíblia diz que o diabo
zer e não importa se é certo ou er- procura a quem tragar: “Sede só-
rado. Esse ensino é muito presente brios; vigiai; porque o diabo, vos-
na sociedade hoje. so adversário, anda em derredor,
A teoria da evolução, também, bramando como leão, buscando
em certo sentido, além de outros a quem possa tragar;” (1Pe 5.8).
distúrbios, esvazia o conceito de O diabo agiu com astúcia sugerindo
pecado. O que a Bíblia chama de ao homem refletir, colocando dúvi-
pecado a evolução trata como sen- das naquilo que Deus havia dito e
do herança da vida primitiva, vida fazendo sugestões.
animalesca. A Bíblia diz: Revesti-vos de
toda a armadura de Deus, para
2 – COMO O PECADO ENTROU NA que possais estar firmes con-
VIDA HUMANA ( Gênesis 3.6 ) tra as astutas ciladas do diabo.
(Ef 6.11). É assim que acontece
Ao ser criado por Deus, o ho- para que o pecado se desenvolva
mem recebeu muitos “bens, muitas na vida humana. Ele usa métodos
coisas boas”. Deus deu a ele um lar de convencimento. Podemos dizer,
perfeito, o jardim do Éden, e ainda numa linguagem bem comum, que
inteligência, domínio, matrimônio, o diabo foi bom de papo. Até hoje
enfim. Cercado de tantas coisas ma- ele é assim. Ele agiu e falou com
ravilhosas, o homem recebeu tam- sutileza, não com arrogância, im-
bém a liberdade, que é um dos bens posição ou medo. Mas com oferta
mais preciosos na vida, ainda que indutiva. A Bíblia diz que ele é astu-
mais sérios e com tremenda respon- to e o pai da mentira: “Quando ele
sabilidade. Mas o homem não soube profere mentira, fala do que lhe é

42
próprio, porque é mentiroso, e pai houve conhecimento, mas diferente
da mentira.” (Jo 8.44). A sutileza de do que eles imaginavam e espera-
Satanás abre caminho para o dese- vam. Ao invés de se tornarem iguais
jo impuro, impulsiona a desobediên- a Deus veio sobre eles a punição.
cia e o egoísmo. Satanás levanta
suspeita sobre a bondade de Deus, PARA PENSAR E AGIR
sobre sua retidão e santidade.
O pecado é real na vida huma-
3 – AS CONSEQUÊNCIAS DA na. A Bíblia ensina assim e cons-
tatamos na experiência humana.
QUEDA ( Gênesis 3.14-19 ) O pecado precisa ser tratado como
A queda do homem trouxe como pecado. Trouxe as piores conse-
consequência o juízo de Deus. Para quências para o ser humano, tra-
a serpente: “... Porquanto fizeste zendo morte, sobretudo a espiri-
isto, maldita serás mais que toda tual, com consequência de morte
a fera... E porei inimizade entre ti eterna. Não deixemos que o diabo
e a mulher, e entre a tua semente queira colocar pequenos “pregos”
e a sua semente; esta te ferirá a em nossa vida para pendurar imun-
cabeça, e tu lhe ferirás o calca- dície. O pecado é uma imundície na
nhar.” (Gn 3.14-15). Para a mulher: vida humana. Admitir que somos
“Multiplicarei grandemente a tua pecadores e buscar a solução em
dor, e a tua conceição; com dor Deus é o caminho da vitória sobre o
darás à luz filhos; e o teu dese- grande mal chamado pecado. Não
jo será para o teu marido, e ele subestime o pecado. Veja como
te dominará.” (Gn 3.16). E para o algo sério a ser combatido com o
homem: “... maldita é a terra por sangue de Jesus. Não negocie nun-
causa de ti; com dor comerás ca com ideias e conceitos filosófi-
dela todos os dias da tua vida... cos que querem esvaziar o sentido
No suor do teu rosto comerás o do pecado.
teu pão, até que te tornes à terra; Pecado existe, sim. Viver no pe-
porque dela foste tomado; por- cado, não!
quanto és pó e em pó te torna-
rás.” (Gn 3.17-19).
Quando Adão e Eva pecaram, Segunda: Gênesis 3.1-5
eles se fizeram merecedores de pu- Terça: Gênesis 3.6-7
nição pela desobediência e trouxe
consequências para todos os envol- Quarta: Gênesis 3.7-11
Leitura Diária

vidos na queda. A Bíblia é clara e Quinta: Gênesis 3:12-23


diz que: “O salário do pecado é a Sexta: Romanos 5.12-21
morte.” (Rm 6.23). O pecado gera Sábado: Romanos 6.23
culpa. A Bíblia diz: “Foram abertos
Domingo: João 8.44
os olhos e...” (Gn 3.7). Realmente

43
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 9
Textos Básicos: Gênesis 3.15; Efésios 2.1-22, João 3.16

SALVAÇÃO: OBRAS OU GRAÇA?

Conta-se que certo escultor seu local de trabalho. Olhava-a


tentou de todas as maneiras e todos os dias. E cada dia ficava
formas aproveitar um pedaço de mais apaixonado pela pedra e via
mármore para fazer uma escultu- as possibilidades de transforma-
ra, mas nada conseguiu. Passou a ção. Começou a trabalhar naquele
ser um desafio para outros escul- bloco com carinho, dedicação e
tores que entenderam que deve- amor. Resultado: daquela pedra
riam também fazer algum esforço mármore que parecia imprestável,
nesse sentido. Dias, horas, meses desprezível e irregular esculpiu
dedicados e nada. Depois de al- uma grande obra de arte conhe-
gum tempo no projeto, esses es- cida no mundo, que foi a escultura
cultores esforçados também desis- de Davi.
tiram. Durante muito tempo aquele O mundo em que vivemos é
bloco de mármore ficou esquecido repleto de pessoas e seres consi-
e rejeitado. Ficou num montão de derados irregulares, desprezíveis,
escórias e restos de obra. defeituosos, esquecidos, jogados
Um dia, passou por aquela ci- ao lixo. Alguns, recebendo ape-
dade, Miguel Ângelo. Viu o már- nas seus próprios esforços para
more, apaixonou-se por aquela verem mudança. Outros, sendo
pedra informe, sem vida e que “esculpidos” por pessoas que, na
nada representada naquele es- verdade, não podem fazer uma
tado. Admirou e amou as formas obra completa e eficaz. Só Jesus
irregulares da pedra. Estava suja, pode transformar uma pedra bru-
cheia de defeitos. Irregularidades ta, desprezível e irregular, como o
causadas pelos esforços de ou- homem, numa escultura admirá-
tros que se diziam escultores. Mi- vel. Só Jesus pode fazer a real e
guel conseguiu levar a pedra para verdadeira mudança. Salvação é o

44
que o homem precisa. Vamos estu- mem, Abrão, é chamado para for-
dar hoje sobre esta obra maravilho- mar uma nação: “E far-te-ei uma
sa de Jesus na vida do homem. Tão grande nação, e abençoar-te-ei
grande salvação em Cristo Jesus! e engrandecerei o teu nome e tu
serás uma benção.” (Gn 12.2,3).
1 – PROMESSA IMEDIATA À Desse povo, na plenitude dos tem-
QUEDA ( Gênesis 3.15 ) pos (Gl 4.4), Jesus nasceu, quan-
do tudo estava pronto, preparado
Logo após a queda do homem para o advento do Messias. Toda a
no Jardim do Édem, Deus tomou a região romana tinha um só idioma,
iniciativa de buscá-lo, agora caído o grego, o que facilitaria a comuni-
e envergonhado pelo seu pecado. cação do Evangelho. Além disso, os
“Adão, onde estás?” (Gn 3.9) – romanos tinham construído boas e
Deus iniciou a procura pelo homem. muitas estradas que ligavam as ci-
Claro que Deus, que sabe todas as dades ao seu império, o que facili-
coisas, sabia onde Adão estava, taria os comunicadores da Verdade
mas a indagação, como se diz hoje, Revelada. Estava decretada a ma-
era retórica. Era preciso que Adão nutenção da paz em toda a região,
soubesse que Deus o procurava a chamada pax romana.
e que, apesar do pecado, ele não
fora abandonado. Naquele momen- 3 – O CARÁTER E A NATUREZA DA
to, Deus decidiu buscar o perdido
e declarar a promessa de que viria
SALVAÇÃO ( Efésios 2.8-10 )
Alguém para esmagar a cabeça da Jesus disse: “E a vida eterna
serpente. Nem tudo estava perdido, é esta: que te conheçam, a ti só,
apesar da gravidade da situação. por único Deus verdadeiro, e a
Com Deus, nada estará perdido em Jesus Cristo, a quem enviaste.”
nossa vida. (Jo 17.3). A salvação acontece
quando transferimos para Jesus
2 – PREPARATIVOS PARA O Cristo nossa confiança de vida eter-
CUMPRIMENTO na. O homem é incapaz de salvar
( Gênesis 12.1-3 ) a si mesmo. Nenhum planejamen-
to, esforço ou ritual humano podem
Deus, o planejador por excelên- propiciar ao homem a salvação.
cia, tendo a história sob seu contro- São esforços em vão. Paulo aos
le, prepara de maneira “apoteótica” efésios diz: “Porque pela graça
o cumprimento de sua promessa. sois salvos, por meio da fé; e isto
O que viria a esmagar a cabeça da não vem de vós, é dom de Deus.
serpente nasceria, viria em forma Não vem das obras, para que nin-
de homem e seria a grande expres- guém se glorie;” (Ef 2.8,9). A sal-
são do Divino. João diz que “o Ver- vação não vem do homem, Paulo
bo se fez carne” (Jo 1.1). Deus usa deixa isso claro. A salvação é um
a história e a geografia como palco presente de Deus. Qualquer esforço
e atos desse preparativo. Um ho- ou participação humana anularia o

45
ato de dar a salvação. Presente que ca da perfeição moral e espiritual
tem um custo também para quem o de Jesus Cristo, mediante a pre-
recebe, deixa de ser um presente. sença e o poder do Espírito Santo
Com a salvação, ocorre o novo que nele habita”1.
nascimento e nos tornamos novas 3.6 Por fim, virá a glorificação,
criaturas com qualidade de filhos que é o estado final de nossa salva-
de Deus. O homem em Cristo, me- ção, que se dará na vinda do nos-
diante o arrependimento e a fé, re- so Senhor Jesus, quem nos levará
cebe a salvação. Esses elementos para a Sua Glória Eterna. Esses
fazem parte do primeiro aspecto aspectos nos fazem entender a na-
dessa experiência de salvação. tureza da salvação.
Pelo arrependimento o homem dei-
xa o pecado; e pela fé o homem re- 4 – A SEGURANÇA DO SALVO
cebe e aceita o sacrifício de Jesus. ( João 10.28-29 )
E então começa um longo processo
que revela a natureza da salvação: O crente não perde a salvação.
3.1 Regeneração – É a nova O ensino da perda da salvação é
vida que nos é dada. O “gene” se uma heresia que esvazia a eficá-
fez novo. O Novo Testamento fala cia do sacrifício de Jesus e agre-
da regeneração usando as pala- ga à obra salvadora o empenho e
vras novo nascimento, lavagem ou esforço humana. Jesus ensinou
outras semelhantes. que ele mesmo dá a vida eterna.
3.2 Conversão – É entendida Salvação é um presente de Deus.
como sendo uma mudança radical É dado. É um dom, conforme Paulo
que envolve a mente, o coração e disse aos efésios. Jesus disse que
o comportamento, tanto no aspecto ninguém pode tirar das mãos dele.
religioso como na vida moral, ética O salvo jamais, em hipótese algu-
e social. ma pode ser tirado das mãos de
Jesus. Quem nasceu de novo não
3.3 Justificação – É o ato de pode retroceder nesse nascimento.
Deus tornar o pecador arrependido Quem recebeu a natureza de filho
em Cristo, justo. Deus, o Pai, rece- de Deus, não perde essa natureza.
beu a sentença de quitação de nos- (Jo 1.12; 1Jo 3.8).
sa dívida.
A segurança da salvação não
3.4 Adoção – É o ato de Deus pode ser analisada conforme os ca-
nos fazer seus filhos. Fomos adota- prichos humanos, e sim de acordo
dos como filhos. com a ação de Deus e sua graça.
3.5 Santificação – O que é san- Não merecemos a salvação, mas
tificação? “A santificação é o pro- ela nos foi dada. Podemos não me-
cesso que, principiando na regene- recer a continuidade da salvação,
ração, leva o homem à realização mas a graça é que a faz permane-
dos propósitos de Deus para sua cer. A segurança da salvação não
vida e o habilita a progredir em bus- tem como base a nossa vida, e sim
1 - Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira

46
a vida de Jesus. Jesus mesmo é homem a oportunidade de ser re-
quem dá essa garantia e seguran- dimido. A resposta do homem é
ça. No Evangelho, João registrou crer, receber, aceitar. Paulo dis-
estas palavras de Jesus: “E dou- se: “A saber: Se com a tua boca
-lhes a vida eterna, e nunca hão confessares ao Senhor Jesus, e
de perecer, e ninguém as arreba- em teu coração creres que Deus
tará da minha mão. Meu Pai, que o ressuscitou dentre os mortos,
me deu, é maior do que todos; serás salvo. Visto que com o co-
e ninguém pode arrebatá-las da ração se crê para a justiça, e com
mão de meu Pai. Eu e o Pai so- a boca se faz confissão para a
mos um” (Jo 10.28-29). salvação.” (Rm 10.9-10).
A salvação é compreendida em
três tempos: ato, processo e con- PARA PENSAR E AGIR
sumação. No ato, a pessoa é salva
do poder do pecado; no processo, Não há escape para a vida do
a pessoa está sendo salva do do- homem sem Jesus e sem a sal-
mínio do pecado e na consumação, vação que Ele oferece. Por isso é
ele será salva da presença do pe- preciso agradecer a Deus por tão
cado. O ato e a consumação são grande salvação, conforme diz o
totalmente divinos e o processo é escritor aos Hebreus. Sermos eter-
divino e humano (Lv 20.8; Js 5; 1Jo namente gratos. Um dia vivíamos
2.6; 1Pe 1.16,16). nas trevas, mas Ele nos trouxe para
a sua maravilhosa luz. Um dia es-
távamos mortos, mas Ele nos deu
5 – A RESPOSTA DO HOMEM vida. Um dia estávamos condena-
( Rm 10.9-10 ) dos e Ele nos absolveu. Um dia
estávamos perdidos e sem rumo, e
Paulo, quando encontrou com fomos achados.
Jesus no caminho para Damas-
co, perguntou: “O que devo fazer, Vivamos esta salvação com gra-
Senhor?” (At 9.6). Mais tarde, um tidão e com proclamação. Portan-
carcereiro na cidade de Filipos per- to, não negocie o conhecimento e
guntou: Senhores o que devo fa- a experiência que você tem com a
zer para ser salvo? (At 16.30) Em salvação em Cristo. A salvação é
termos de providência e essência, uma verdade inegociável!
o homem não pode fazer nada, mas
em termos de resposta, sim. É pre- Segunda: Efésios 2.1-22
ciso responder se aceita ou não a Terça: João 3.16
oferta de Deus. Assim como o ho-
mem exercitou a sua vontade para Quarta: João 10.29-30
Leitura Diária

pecar, precisa também fazer a es- Quinta: Romanos 10.9-10


colha para a salvação. Sexta: Atos 9.1-9
Deus é o Deus das oportunida- Sábado: Atos 4.10-12
des. O homem fraquejou no Éden
Domingo: Gênesis 12.1-3
e agora Deus, em Cristo, dá ao

47
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 10
Textos Básicos: Deuteronômio 10.17; 1Pedro 1.2; Gênesis 2.16-17; 2Pedro 3.9

ELEIÇÃO: SOBERANIA
OU LIVRE ARBÍTRIO?

Um enorme transatlântico dei- com sua escolha. Mas não podem


xa sua cidade, seu porto, e vai em mudar o curso do navio. O transa-
direção a outro destino. A rota e o tlântico está indo à frente.
destino foram determinados pelas A ilustração acima serve para
autoridades competentes. Nada observarmos a presença da so-
pode mudar a rota e o destino da- berania e do livre arbítrio, sem ne-
quele navio. Dentro daquele na- nhuma contradição.
vio há uma multidão de viajantes. Vamos procurar, nesta lição,
O navio vai para o norte, mas as entender um pouco sobre esse
pessoas que estão dentro dele po- tema desafiador que é a eleição
dem fazer suas escolhas. Podem na perspectiva da soberania divi-
caminhar em direção contrária ao na e do livre arbítrio humano.
navio, podem escolher a hora de
dormir, podem escolher a comida
para se alimentarem, podem es-
1 – A SOBERANIA DE DEUS
colher ler, podem falar tudo que ( Deuteronômio 10.17 )
desejarem, enfim, as atividades Soberania de Deus e livre arbí-
delas ali naquele navio não foram trio não se opõem, não se contra-
determinadas. São livres para se dizem. O grande transatlântico do
movimentarem para lá e para cá propósito soberano de Deus man-
conforme desejarem, de acordo tém seu curso através do oceano

48
da história. Deus age e comanda
sem nenhum impedimento o rumo 2 – A LIBERDADE DE ESCOLHA
de seu propósito eterno, que Ele ( Gênesis 2.16-17 )
estabeleceu em Cristo Jesus antes
O que é livre arbítrio? Em resu-
da fundação do mundo.
mo, livre arbítrio seria a capacidade
Confundimos soberania quando dada por Deus ao homem de fazer
a imaginamos como sendo apenas escolhas e agir em função delas.
a manifestação da vontade de Deus. O homem tem livre arbítrio pleno,
Quando assim pensamos, come- absoluto ou relativo? É claro que o
temos outros erros. Soberania de livre arbítrio do homem é relativo,
Deus envolve todo o seu ser. É tudo pois deve estar em consonância
o que Deus é. Todos os seus atri- com sua natureza. Não pode ferir a
butos juntos, em harmonia. A ma- sua natureza humana com seu po-
nifestação de Deus em eleger, com tencial e suas limitações. Por exem-
sua soberania, está relacionada ao plo: Eu estou diante de um rio e pre-
seu ser: “Pois o SENHOR vosso ciso atravessá-lo. Eu decido se vou
Deus é o Deus dos deuses, e o atravessar andando pela ponte ou
Soberano dos soberanos, o Deus se vou atravessá-lo a nado, se te-
grande, poderoso e terrível, que nho essa aptidão. Mas jamais pode-
não faz acepção de pessoas, nem rei escolher atravessar o rio voando.
aceita recompensas;” (Dt 10.17). Não posso fazer essa terceira esco-
A soberania dEle envolve a lha, porque voar contraria a minha
sua vontade e todos os demais natureza. A minha natureza não
atributos, inclusive amor e justiça. permite voar, portanto, não tenho o
A vontade de Deus envolve seu livre arbítrio de escolher voar.
propósito e o livre arbítrio do ho- A finitude humana evidencia que
mem. Deus predestinou o meio da a sua liberdade é finita, assim como
Salvação, que é em Jesus Cristo, e sua capacidade de escolher. O ho-
isso não muda! Mas a vontade de mem faz suas escolhas com liber-
Deus está em harmonia com sua dade naquilo que é possível, den-
retidão, justiça e amor. Desta for- tro do limite de sua natureza, mas
ma, eis a sua vontade: “Que quer quase sempre o homem não pode
que todos os homens se salvem, escolher as consequências de sua
e venham ao conhecimento da escolha, porque geralmente elas
verdade.” (1Tm 2.4). Por isso, o já estão agregadas àquilo que se
texto áureo da Bíblia diz: “Porque escolhe. O homem, portanto, como
Deus amou o mundo de tal ma- um ser moral, exerce sua vontade.
neira que deu o seu Filho unigê- Vontade é a capacidade de esco-
nito, para que todo aquele que lher a ação e o modo de efetivar
nele crê não pereça, mas tenha essa ação. A pessoa é quem deter-
a vida eterna.” (Jo 3.16). mina a ação.

49
Deus disse que de toda árvore Ele continua soberano mesmo ten-
do jardim poderia comer, mas de do o homem o seu livre arbítrio, por-
uma não. O livre arbítrio existen- que no exercício de sua soberania
te deveria ser moldado, conduzido Deus criou o livre arbítrio. O Deus
pela obediência. Pode comer de soberano estabeleceu leis naturais
tudo, mas uma não convém porque e morais e quis que o homem fosse
teria várias consequências, como assim. A vontade de Deus se reali-
teve. Poder podia. A questão era: de- za naquilo que Ele fez e estabele-
veria? O homem preferiu exercer a ceu. Assim como uma amendoeira
sua escolha para o mal e não para o não pode dar uvas, Deus exerce
bem: “Toda árvore do jardim pode sua soberania naquilo que ele mes-
comer livremente, mas da árvore mo estabeleceu.
da ciência do bem e do mal, dela Ao criar o homem, Deus lhe
não comerás...” (Gn 2.16b-17a). deu vontade própria. Deus não se
O homem tinha plena liberdade de limitou em sua soberania ao criar
escolher, mas Deus disse que ele o homem assim. A glória da cria-
seria responsável por sua escolha ção está exatamente no fato de um
e pelo castigo que foi imposto... O Deus soberano ter criado o homem
próprio homem também reconhe- para fazer escolhas na condição
ceu a sua responsabilidade, tanto de um ser moral. Deus exerce sua
que procurou desculpar-se. soberania sobre os seres morais
Existem vários textos bíblicos livres, porque tem estabelecido um
que consolidam o ensino das Es- governo moral. Todos nós temos
crituras sobre o livre arbítrio do ho- um relacionamento com esse go-
mem: “Se alguém quer vir após verno moral de Deus que exerce
mim,” (Lc 9.23). “... quem quiser, sobre o homem, quer o homem es-
tome de graça da água da vida.” colha Deus ou não.
(Ap 22.17). “... e estes não qui- A vitória final desse Reino de
seram vir.” (Mt 22.3). “... escolhei Deus já está predestinado. A cena
hoje a quem sirvais;... porém eu final da história já foi estabelecida
e a minha casa serviremos ao pelo Senhor. Mas essa predestina-
SENHOR.” (Js 24.15). “... Que fa- ção, que é a teologia da história,
remos, homens irmãos? E disse- não exerce fatalismo ou determinis-
-lhes Pedro: Arrependei-vos,...” mo na vida individual do homem,
(At 2.37-38). capaz de fazer suas escolhas, sa-
bendo que a soberania do governo
3 – MINHA LIBERDADE NÃO AFETA moral de Deus é implacável, certa
A SOBERANIA DE DEUS e vitoriosa: “... aquele que em vós
( 2Pedro 3.9 ) começou a boa obra a aperfei-
çoará...” (Fp 1.6). “... para que fôs-
O livre arbítrio do homem é re- semos santos e irrepreensíveis
sultado da soberania de Deus, logo, diante dele em amor...” (Ef 1.4-5).

50
Portanto, está predestinado que doutrina da eleição ou da predesti-
aqueles que escolheram a Cristo, nação é perigosa, quando tomamos
tornar-se-ão semelhantes a Jesus. o rumo da eleição ou da predestina-
ção seletiva, afirmando que Deus
4 – O QUE É ENTÃO ELEIÇÃO? predestinou uns para salvação e ou-
( 1Pedro 1.2 ) tros não. Usando uma boa herme-
nêutica chegamos à conclusão de
Já descrevemos aqui nesta lição que isso não é o que a bíblia diz. Se-
o que é soberania e o que é livre ar- ria anular o livre arbítrio do homem.
bítrio. Duas situações que sempre
andam juntas, sabendo que a sobe- PARA PENSAR E AGIR
rania sobrepõe o livre arbítrio, pelo
fato deste ter sido dado por aque- Ainda que a eleição faça par-
la. Jesus Cristo é a base de nossa te da soberania de Deus, ela está
fé e compreensão da revelação de em perfeita harmonia, sintonia e
Deus e de seu propósito. Jesus é consonância com o livre arbítrio
tudo em todos, conforme diz Pau- do homem. São como os paralelos
de trilhos da linha de um trem: in-
lo: “Porque dele e por ele, e para
dependentes e ao mesmo tempo
ele, são todas as coisas; glória,
coparticipantes, para que o trem
pois, a ele eternamente. Amém.”
chegue ao seu destino. Soberania e
(Rm 11.36). A eleição, portanto,
livre arbítrio caminham juntos, res-
precisa ser entendida à luz da pes-
saltando que só existe o livre arbí-
soa de Jesus. A eleição é em Cristo,
trio por causa da soberania.
foi feita através de Cristo: “Eleitos
segundo a presciência de Deus Reconhecer, respeitar, honrar e
Pai, em santificação do Espírito, se submeter à soberania de Deus
para a obediência e aspersão do é a forma mais digna de exercitar
sangue de Jesus Cristo: Graça o livre arbítrio de maneira coeren-
e paz vos sejam multiplicadas.” te e honesta. Soberania de Deus e
(1Pe 1.2). livre arbítrio são dois basilares da
eleição.
Deus exerceu sua soberania em
Cristo e com base em sua presciên-
cia elegeu. Ser soberano não signi- Segunda: 1Pedro 1.2
fica ser arbitrário. O livre arbítrio foi
Terça: 1Tessalonicenses 1.4
dado para o homem fazer escolhas
morais. Se Deus fosse a causa de Quarta: Romanos 8.27-30
Leitura Diária

todas as ações humanas, então os Quinta: Efésios 1.3-6


seres humanos não seriam moral- Sexta: Efésios 1.7-14
mente responsáveis. Livre arbítrio Sábado: 2Tessalonicenses 2.13-14
não é contrário à graça, pois esta é Domingo: 1Pedro 5.10
um dom gracioso, não é imposta! A

51
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 11
Texto Básico: Mateus 16.13-19

IGREJA: INSTITUIÇÃO OU CORPO?

Um crente estava muito revol- também. Não vejo nenhuma ne-


tado. Era experiente na fé ou, pelo cessidade de frequentar a Igreja,
menos, tinha algum tempo de cren- ir aos cultos, enfim. Perda de tem-
te. Mas depois de 30 anos como po!” Ele estava bastante conflitivo,
membro de uma Igreja entendeu revoltado e decepcionado. “Devo
e decidiu não mais frequentá-la. ter ouvido uns 2000 sermões,
Dizia ele: “estou perdendo meu mais um punhado de estudos bí-
tempo, a Igreja está perdendo seu blicos e, para ser sincero, não me
tempo e o pastor com a liderança lembro de quase nenhum desses

52
sermões, com exceção de um ou
outro. Portanto, repito: estou per- 1 – IGREJA COMPROMETIDA COM
dendo o meu tempo!”. A REVELAÇÃO DA GRAÇA DE
Publicou na rede social sua de- DEUS ( Mateus 16.17 )
cisão, o que rendeu enormes vi- Jesus, diante da declaração de
sualizações e muitos comentários. Pedro, disse que a sua fé, sua cren-
Alguns até concordando com o tal ça e entendimento de quem era Je-
crente. Mas um comentário foi mui- sus fora algo do céu, revelado pelo
to importante. Um comentário sim- Pai. A graça de Deus fez com que
ples, mas com uma observação sá- Pedro compreendesse, cresse e
bia e cheia de graça: “Estou casado declarasse que “Jesus era o Cristo”.
há 30 anos. Minha esposa deve ter A partir daí, a declaração deixa de
feito mais de 2000 refeições. Mas, ser simplesmente ou tão somente
com exceção de algumas, não con- algo da mente, do intelecto e passa
sigo lembrar-me de todas as co- ser algo da alma. Não um simples
midas que ela fez. Mas eu tenho aprendizado ou coisa repetida pelo
certeza de uma coisa: as refeições processo de aprendizagem, mas
fizeram muito bem para minha vida algo que vai além, que transcende.
e de meus filhos. Deram-nos saú- O que Pedro disse era obra de
de, força e vigor. As comidas feitas Deus. Esse episódio do início da
deram-nos nutrientes, vitaminas e Igreja, pelo menos conceitual, dei-
fizeram com que nosso organismo xa claro que a Igreja deve exercer
naturalmente combatesse possíveis a sua função de ensino, mas este
enfermidades. O que seria de mim precisa ser regado com a revelação
e de meu trabalho, se não fosse as divina que é a Palavra que nos foi
refeições feitas por ela? Da mesma dada. A Igreja de Jesus é compro-
maneira, o que teria sido da minha metida com a Palavra, fala do que é
vida, de minha família se não tivés- de Deus e tem suas convicções que
semos frequentado a Igreja para vêm do Pai.
ouvir as mensagens, estudar a Bí-
blia e servir ao Senhor. Estaríamos
desnutridos e mortos espiritualmen- 2 – IGREJA QUE SAIBA
te. Mesmo sem perceber, a Igreja e DISTINGUIR SEU VERDADEIRO
a Palavra de Deus recebida lá nos FUNDAMENTO ( Mateus 16.18 )
fizeram e nos fazem muito bem”.
A pergunta de Jesus foi: “E vós
A Igreja é o corpo de Cristo. Não quem dizeis que eu sou?”. Quem
há como alguém dizer que ama a sou eu? – foi a pergunta de Jesus
Jesus, se não ama e não vive como a qual Pedro responde: “Tu és o
Igreja. Nesta lição, veremos verda- Cristo, o Filho do Deus vivo”. A
des sobre a Igreja, idealizada por Igreja foi construída e tem seu fun-
Jesus. damento não na resposta de Pe-

53
dro ou em sua declaração. A Igreja nado a importância das instituições.
não foi construída sobre uma de- Vivemos em meio a uma crise e um
claração, mas sobre uma pessoa: desafio de sermos Igreja aos mol-
JESUS, o Filho de Deus). Jesus é des de Jesus, e não ao nosso mol-
esta pedra firme, inconfundível, ro- de. Parece que o que mais quere-
cha (PETRA) e não qualquer pedra mos é formar e construir uma Igreja
(petros) ou pedrinhas, mesmo que que tenha a “nossa cara”. Já ouviu
traga alguma aparência. Jesus per- alguém dizer “a Igreja que eu quero
guntou: Quem eu sou? A questão ou a Igreja que eu gostaria que fos-
era a sua pessoa e não uma decla- se”? Tudo isso baseado nos moldes
ração simplesmente. e preferências pessoais sem, nem
de leve, saber se suas preferências
Não se pode colocar outro fun-
são, antes de tudo, as preferências
damento ou trocar o fundamento
do Senhor.
posto. Paulo diz à Igreja de Corinto:
“Porque ninguém pode pôr outro Jesus ensinou sobre Igreja di-
fundamento, além do que já está zendo “a minha Igreja”. E nós
posto, o qual é Jesus Cristo”! preocupados em fazer da Igreja de
(1Co 3.11 ). Jesus, a “nossa Igreja”. Igreja com
a “minha cara”. A Igreja precisa pa-
recer com Cristo, porque ela é de
3 – IGREJA QUE TENHA Jesus. A Igreja é o corpo de Cristo!
CONVICÇÃO DE SEU João declarou que aquele que rece-
PERTENCIMENTO beu Jesus como Salvador e Senhor
precisa “andar como ele andou”
Vivemos tempos em que institui- (1Jo 2.6). Somos Igreja do Senhor
ções têm sido questionadas e de- quando temos compromisso de an-
sacreditadas. É preciso que haja a dar como Jesus andou. Andar como
compreensão do que seja de fato Jesus andou nos identifica como
Igreja. Nos dias atuais, temos igre- sendo Igreja dEle.
jas de marketing, igrejas concorren-
tes, igrejas mercantilistas, e tantas
4 – IGREJA QUE SAIBA SER
outras. Igrejas que dizem ser o cor-
po de Cristo, que Jesus é a cabeça, IGREJA, ENQUANTO CUMPRE
mas igrejas com “cara” de homens SUA MISSÃO
e, algumas, de homens maus. Em tese, poderíamos dizer que
O reconhecido líder Mahatma a Missão da Igreja é esta: conquis-
Gandhi disse que os cristãos não tar as portas do inferno. Diferente
parecem com Cristo. Esse tem sido de alguns que vivem achando que
um dos grandes problemas hoje a Igreja existe para ficar acuada,
para a credibilidade da Igreja, num recebendo todo tipo de ameaça,
mundo que por si só tem questio- força e combate do inferno, a Igreja

54
é que tem que avançar, “saquear ser adoração, mais com o objetivo
o inferno”. Ou seja, sua missão é de agradar o público.
proclamar o Evangelho de tal for- Não se prevalece sobre as por-
ma, com veemência e vigor que as tas do inferno sem o poder de Deus.
portas do inferno não prevalece- Paulo disse que “o Evangelho é o
rão contra ela. A cada dia, vamos poder de Deus...” (Rm 1.16).
fazer com que menos gente entre
pela porta infernal. Jamais a ação PARA PENSAR E AGIR
do pecado e do inimigo irá impedir
que pessoas venham fazer parte Vale a pena estar na Igreja, sim.
do corpo de Cristo, que é a Igreja, Nesses tempos em que a Igreja
na condição de salvo. pode estar sendo questionada, não
A missão da Igreja, enquanto deixe de entender e viver que você
Igreja de Jesus, é destruir as por- faz parte do corpo de Cristo, que é
tas do inferno. Ou seja, a tarefa da a Igreja. É nela que Deus irá edificar
Igreja é a mesma de Jesus. A Igreja mais ainda a sua vida e fazer você
não tem uma missão própria. A mis- desenvolver seus dons e talentos,
são da Igreja é a Missão de Jesus para que também outros sejam edi-
e João entendeu perfeitamente a ficados.
missão de Jesus, que é a missão Estar na Igreja é privilégio! A
da Igreja, quando registrou: “Jesus Igreja não é invenção humana, é
veio para destruir as obras do obra de Jesus no resgate de vidas
diabo” (1Jo 3.8). para o seu Reino. Cristo sim, e Igre-
A missão da Igreja não é pas- ja sim. Igreja como corpo de Cristo,
siva. Não é para ficar na defensiva organismo vivo é uma verdade ine-
melancólica, lamentando as perdas. gociável. Não negocie seu conhe-
A missão é ofensiva e agressiva. cimento e pertencimento à Igreja
Com ousadia e intrepidez, sabendo de Cristo. Essa é uma verdade que
que é na força e poder do Espírito: não pode ser negociada!
“E recebereis o poder do Espírito
Santo que há de vir sobre vós (e
ele já veio) e ser-me-eis minhas
Segunda: Mateus 16.13-15
testemunhas...” (At 1.8). O grande
problema é que algumas Igrejas Terça: Mateus 16.16
usam de subterfúgios para subs- Quarta: Mateus 16.17-18
Leitura Diária

tituírem o poder do Espírito. Es- Quinta: Hebreus 10.25


tão trocando o poder de Deus por Sexta: 1Timóteo 3.14-15
programas de diversão nos cultos, Sábado: Efésios 5.27
festivais e gincanas sem propósito,
Domingo: Efésios 4.12
músicas sem expressão e longe de

55
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 12
Texto Básico: 1Timóteo 3.1-7, 4.6-16; João 15.16; 1Timóteo 5.17-18

MINISTÉRIO: PROFISSÃO
OU VOCAÇÃO?

Uma Igreja estava em suces- e ensino. Alguns crentes, porém,


são pastoral. Num determinado tem algumas coisas contra mim.
momento, um membro da comis- Falando francamente, tenho mais
são leu uma carta que recebera de 50 anos, não fico no mesmo lu-
de um possível candidato ao mi- gar, realizo um ministério itineran-
nistério pastoral daquela Igreja. te, tenho visão de Reino, ajudo ou-
Todos ficaram surpresos, mas re- tras Igrejas e tive uma experiência
solveram dar atenção àquele pro- no meu ministério em que precisei
cedimento e solicitaram a leitura deixar o pastorado e a cidade por-
da carta. A carta dizia mais ou me- que provoquei problemas, tumul-
nos assim: “Sabendo que a Igreja tos. Outra coisa que preciso dizer
está sem pastor, resolvi escrever- e confessar é que já estive preso
-lhes esta carta colocando-me à algumas vezes. Mas não foi por
disposição para o ministério da más ações. Não sou criminoso.
Igreja. Tenho muitas qualificações, Não tenho boa saúde, mas consi-
sou preparado, tenho sido muito go trabalhar. Minhas experiências
abençoado em minhas pregações são com Igrejas pequenas, quase
e plantações de Igrejas. Também todas localizadas em grandes ci-
exerço um trabalho como escritor dades. Mas tive conflitos com al-
e sou admirado pelo que escrevo guns líderes religiosos dessas ci-

56
dades. Enfim, se vocês desejarem cuidado porque existe o pastor cha-
me convidar, realizarei o ministério mado e aquele que simplesmente é
com muita alegria. Aliás, a alegria chamado pastor.
tem sido uma tônica em meu minis-
tério, mesmo passando por várias 1 – ENTENDENDO A VONTADE DE
tribulações e lutas”. DEUS ( 1Timóteo 3.1 )
Depois da carta lida, foi feita a
pergunta: temos interesse nesse Esta é a grande crise: como sa-
candidato a pastor de nossa Igre- ber a vontade de Deus? Como sa-
ja? Ouviu-se um não, bem alto ber e viver no centro da vontade de
e unânime. Esse tipo não serve Deus? É o que Paulo diz sobre de-
para a nossa Igreja. Pastor doen- sejar uma excelente obra: “Esta é
te, brigão, ex-presidiário, e tudo o uma palavra fiel: se alguém dese-
mais! Apresentar esse candidato ja o episcopado, excelente obra
seria uma ofensa à nossa Igreja! deseja.” (1Tm 3.1). Existe a vonta-
Depois de comentarem a carta, de soberana de Deus que está rela-
alguém se lembrou e fez a per- cionada com o seu plano geral e a
gunta: Qual o nome desse candi- vontade moral de Deus que se refe-
dato? Apóstolo Paulo! re às suas diretrizes, normas para
a vida e para a nossa fé. Ninguém
Nossos critérios ou os critérios precisa orar e buscar saber a von-
de Deus? Nossa avaliação ou a tade de Deus quando o assunto é a
avaliação de Deus? Pastor, chama- verdade, pois já está claro em Sua
do ou oferecido? Pastor, profissão palavra. Faz parte da vontade moral
ou vocação? Será que ainda pre- de Deus para a vida do homem.
cisamos de ministérios vocacio-
nados? Será que precisamos de Mas existe a vontade específica
pastores? O que de fato diferencia de Deus, o que chamamos de pla-
o pastor? Profissão ou vocação? nos pessoais e individuais de Deus
Qual a expectativa que se tem, ou para aqueles que querem viver
que se “cria” sobre o pastor. Nesta nessa harmonia com a vontade do
lição, vamos considerar alguns as- Senhor. Para descobrir a vontade
pectos relevantes sobre o ministé- específica de Deus, é preciso re-
conhecer que existe uma vontade
rio que precisamos restabelecer ou
soberana e também uma vontade
restaurar.
moral. Como encontrar a vontade
O que é vocação? E o que é pro- específica, se não cumprimos a von-
fissão? Vocação significa chamado tade moral? Nós só encontramos a
e profissão é um trabalho. Vocação vontade específica de Deus para a
é um convite especial de Deus. Pro- nossa vida quando colocamos em
fissão é o exercício de uma ativi- prática a sabedoria que Deus per-
dade sem compromisso intrínseco mite vivermos através do estudo da
com um chamamento. É preciso ter Palavra de Deus e da oração.

57
O chamado também precisa ter a
2 – ENTENDENDO O CHAMADO confirmação das Escrituras. A pes-
PARA O MINISTÉRIO soa chamada tem maturidade? Tem
( João 15.16 ) sua vida pautada pela Palavra. As
características prescritas na Palavra
Será que existe chamado ain-
estão presentes ou sendo desenvol-
da hoje? Ou o ministério tem sido
composto por interesses pessoais? vidas na vida do vocacionado? Mos-
Escolher qualquer atividade ou es- tra integridade? Tem a Palavra como
colher um ministério é a mesma parâmetro para seu caráter?
coisa? Creio que Deus ainda es- O apóstolo Paulo afirma: “Po-
colhe e vocaciona pessoas para o rém em nada considero a vida
ministério. O chamado se evidencia preciosa para mim mesmo, con-
em três situações: tanto que complete a minha car-
Precisa haver uma convicção reira e o ministério que recebi do
pessoal, interior e subjetiva. Algo Senhor Jesus para testemunhar
que envolve o ser. Envolve senti- o evangelho da graça de Deus.”
mentos, emoções e convicção in- (At 20.24).
terior. Não é uma intuição, e sim
convicção. Há um testemunho pre- 3 – QUALIFICAÇÕES PARA O
sente, vivo no coração de quem é
vocacionado por Deus: “Não me MINISTÉRIO ( 1Timóteo 3.2-5 )
escolhestes vós a mim, mas O apóstolo Paulo apresenta
eu vos escolhi a vós, e vos no- as qualificações para o ministério,
meei...” (Jo 15.16a). Paulo disse: escrevendo a Timóteo. Como dito
“Ai de mim se não anunciar o acima, esses requisitos fazem parte
Evangelho”. (1Co 9.16). do teste do chamado. Precisa ter
Outro aspecto que evidencia o maturidade espiritual. Precisa ter
chamado é o testemunho da Igreja. os dons relacionados ao pastoreio.
A vocação precisa ser reconhecida Precisa ter caráter em conformidade
pelas pessoas que cercam aquele com os valores exarados na Palavra
que se diz ser chamado por Deus. de Deus. Paulo diz ainda que
A Igreja capacita seus membros e precisa ser irrepreensível. Que não
reconhece os que possuem voca- dê ou não suscite motivo para ser
ção especial e específica. Saulo e
Barnabé foram chamados pelo Es- chamado atenção quanto à sua vida
pírito Santo e a Igreja de Antioquia moral e ética. Precisa ser ilibado.
reconheceu o chamado de ambos: Viver o propósito original de Deus
“... Apartai-me a Barnabé e a quanto à família. Estar atento. Saber
Saulo para a obra que os tenho vigiar. Moderado em tudo. Não
chamado... pondo a mão sobre pode ser extravagante. Equilíbrio
eles, os despediram. E assim es- é essencial para quem exerce
tes, enviados pelo Espírito Santo, liderança. Precisa ser correto com
desceram a Selêucia e dali nave- suas coisas pessoais e do Reino de
garam para Chipre.” (At 13.2b-4). Deus. Integridade é virtude humana

58
e precisa ser encontrada em grau bém no sustento ministerial: “Os
mais elevado na vida do pastor e de presbíteros que governam bem
qualquer outro líder. Saber acolher sejam estimados por dignos de
as pessoas é a marca de quem é duplicada honra, principalmente
hospitaleiro. Aquele que antes de os que trabalham na palavra e na
receber em casa, recebe com o doutrina; Porque diz a Escritura:
coração. O pastor acima de tudo é Não ligarás a boca ao boi que
o ministro da Palavra. Para tanto, debulha. E: Digno é o obreiro
precisa ser competente para ensinar do seu salário.” (1Tm 5.17-18).
e manejar a Palavra da verdade. O ministério não pode ser de torpe
ganância, assim como não pode a
4 – SUSTENTO MINISTERIAL Igreja ser avarenta e mesquinha.
( 1Timóteo 5.17-18 )
PARA PENSAR E AGIR
A Igreja precisa encarar com
Vivemos tempos em que muitos
amor e responsabilidade o sustento aparecem e se dizem chamados
de seus obreiros, aqueles que para o ministério, o que de alguma
são vocacionados e exercem o forma é bom. Mas não podemos ser
trabalho de conduzir o povo de negligentes e não reconhecer o que
Deus, seja na esfera pastoral, significa ser vocacionado por Deus.
musical, educacional, etc. Tratar e Vivemos tempos em que aparecem
falar sobre sustento ministerial é muitos pastores ou líderes, mas
desafiador. Tem sido um assunto continuamos com uma enorme
pouco considerado pelas Igrejas. O crise de liderança espiritual sadia
sustento ministerial não é invenção e comprometida, de fato, com a
humana e, portanto, não pode ser verdadeira vocação. Clamemos ao
pautado segundo os caprichos Senhor por obreiros para Sua Seara
humanos. É preciso ser analisado à e não nos esqueçamos de averiguar
luz da Palavra e com a lucidez de se todos, de fato, são respostas às
uma Igreja que não seja avarenta orações. Ser pastor ou outro tipo de
ou desprezível para com a boa líder não é difícil, mas ser conforme
prática do cuidado ministerial. a vontade de Deus, não é fácil.
Paulo diz que o ministério precisa
ter um sustento digno: Quem milita
à sua própria custa? Quem planta Segunda: 1Timóteo 3.1-7
a vinha e não come do seu fruto? Terça: 1Timóteo 4.6-16
Ou quem apascenta o gado e não Quarta: João 21.15-17
se alimenta do leite do gado?...
Leitura Diária

Se nós vos semeamos as coisas Quinta: 1Timóteo 5.17-18


espirituais, será muito que de Sexta: 1Coríntios 9.7-11
vós recolhamos as carnais? Sábado: Atos 13.1-4
(1Co 9.7;11). A generosidade da Domingo: João 15.16
Igreja deve ser demonstrada tam-

59
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 13
Textos Básicos: Mateus 25.14-30; 2Coríntios 8.1-5; Marcos 12.41-44

MORDOMIA: PRIVILÉGIO
OU OBRIGAÇÃO?

Certo pregador estava pre- dos? Respondeu o crente: vamos


gando numa Igreja em campanha ver. Se sobrar, eu dou o dízimo. Se
de mordomia. Alguns anos atrás, sobrar, eu entrego para Deus. O
era comum as Igrejas realizarem visitante ficou preocupado e pen-
campanhas de mordomia que sativo sobre os resultados da con-
envolvia estudos, palestras, com- ferência. Chegou à casa do irmão
promissos, enfim. No final de uma já um pouco constrangido. Uma
das noites, o pastor visitante foi linda, bela e farta mesa foi coloca-
levado por uma família para sua da. Fartura e variedade. Fizeram
casa, a fim de jantar. O pregador tudo para agradar o pregador vi-
muito expansivo e conversador, sitante. O anfitrião disse: Comam
depois de alguns assuntos terem a vontade! E todos começaram a
sido compartilhados no trecho da comer, menos o pregador. O dono
viagem, disse: Depois dessa cam- da casa insistiu: Pastor, é para co-
panha não tem como deixar de mer. O visitante respondeu: Não,
ser um bom mordomo, inclusive não. Vocês da casa podem comer
entregando o dízimo! Não acha, primeiro, se sobrar eu como. O
meu irmão? O irmão que durante que é isso, pastor! O Senhor acha
a viagem estava tão falante e ale- que faríamos isso? Aqui os visi-
gre, emudeceu-se. Foi perceptível tantes têm honra.
o semblante triste. Muito bem! Se você não tem
O pregador insistiu: Você é ou coragem de fazer comigo deixan-
será dizimista depois desses estu- do comer o que sobrar, como tem

60
coragem de fazer com Deus, entre- o homem, e o pôs no jardim do
gando somente as sobras? O que Éden para o lavrar e o guardar.”
pareceu ser um momento constran- (Gn 2.15). Lavrar e guardar impli-
gedor e inoportuno foi um momen- ca em responsabilidade diante do
to de quebrantamento, choro, arre- Criador, responsabilidade diante da
pendimento e decisão. missão e responsabilidade diante
Algumas vezes exercemos a de si mesmo para desempenhar
mordomia com o princípio da sobra. bem a tarefa. Na parábola dos ta-
Vamos então estudar e conhecer lentos, Jesus disse que o senhor
um pouco mais sobre o assunto. entregou ao servo todos os seus
bens:. “... homem que, partindo
para fora da terra, chamou os
1 – O QUE É MORDOMIA? seus servos, e entregou-lhes os
( Mateus 25.14 ) seus bens.” (Mt 25.14). Mordomo,
portanto, é aquele que administra
Palavra desgastada hoje é mor-
a casa. O mordomo é aquele que
domia. Tem sido mal compreendida
assume a responsabilidade de ad-
devido sua aplicação em contex-
ministrar o que é do outro: “... Dá
tos em que ela tem sido entendida
contas da tua mordomia, porque
como gastos excessivos, recursos
já não poderás ser mais meu
mal empregados, etc. Quando se
mordomo.” (Lc 16.2).
fala em mordomia, vem logo à men-
te de muitos, e porque não dizer
a maioria, as palavras dinheiro e 2 – BASES TEOLÓGICAS DA
dízimo. Mordomia não é dá dinhei- MORDOMIA ( 2Coríntios 8.1-4 )
ro para a Igreja. Esse conceito de A mordomia nasceu no Éden,
mordomia é muito pobre e aquém alcançou os patriarcas, esteve pre-
do seu real significado. Entregar o sente na lei, no tempo dos profetas,
dízimo é o mínimo de nossa mordo- nos ensinos de Jesus e presente
mia. Inclui, mas não é tudo. de maneira firme na vida da Igre-
Mordomia é a riqueza de com- ja. Quando escreveu aos coríntios
preender que tudo é de Deus. Nada sobre a contribuição, Paulo deixou
é nosso. Somos do Senhor por di- bem claro que a graça é a base de
reito de criação, redenção e preser- tudo: “... irmãos, vos fazemos co-
vação. O salmista disse: “DO SE- nhecer a graça de Deus dada às
NHOR é a terra e a sua plenitude, igrejas... deram voluntariamente.
o mundo e aqueles que nele ha- Pedindo-nos com muitos rogos
bitam.” (Sl 24.1). Ao criar o homem, que aceitássemos a graça e a
Deus o colocou no Jardim do Éden comunicação deste serviço, que
para cuidar e guardar. Deus não se fazia para com os santos.”
deu ao homem escritura de proprie- (2Co 8.1-4). Não podemos exercer
dade: “E tomou o SENHOR Deus a mordomia pensando que estamos

61
fazendo um favor para Deus. Pelo domo é aquele que sabe que tudo
contrário, a mordomia, em todos os é de Deus: “Eis que os céus e os
sentidos e também na contribuição, céus dos céus são do SENHOR
é um favor de Deus a nós. Infeliz- teu Deus, a terra e tudo o que
mente muitos ainda não alcança- nela há.” (Dt 10.14).
ram esta compreensão. Deus nos Descobrir e viver a vontade de
dá a oportunidade, o privilégio inau- Deus é outra característica do mor-
dito de cuidarmos do que é dEle. domo. É nosso dever viver o pro-
Mas por vivermos como “donos do pósito do Senhor para a aplicação
mundo”, esta reflexão fica obscura correta das coisas sob nossa ad-
em nossa prática de vida. Exerci- ministração: “E disse o SENHOR:
tar a mordomia em sua plenitude Qual é, pois, o mordomo fiel e
e inteireza é expressão de que ca- prudente, a quem o senhor pôs
minhamos em conformidade com a sobre os seus servos, para lhes
vontade de Deus. dar a tempo a ração? Bem-aven-
Outro aspecto que precisa ser turado aquele servo a quem o seu
corrigido na base da mordomia é senhor, quando vier, achar fazen-
o equívoco sobre o que é e o que do assim.” (Lc 12.42-43). O mor-
não é espiritual. Criamos um dua- domo é aquele que, antes de tudo,
lismo perigoso e ofensivo. Para o administra seu coração, colocando
mordomo, não pode existir espiri- seu coração no céu, no Reino: “...
tual e profano, sagrado e secular. esta pobre viúva deitou mais do
Tudo é de Deus, portanto, tudo tem que todos... Porque todos ali dei-
um sentido espiritual. Também é taram do que lhes sobejava, mas
preciso reafirmar nossa compreen- esta, da sua pobreza, deitou tudo
são de que mordomia não exclui a o que tinha, todo o seu sustento.”
questão econômico-financeira, mas (Mc 12.41-44). Por que aquela mu-
vai além. Não exclui, mas também lher, na observação de Jesus, fez
não se limita. Outra questão que mais do que aqueles que em quan-
firma nossa base da mordomia é a tidade depositaram? Por que ela
questão da generosidade. deu-se a si mesma. O tudo aí não foi
apenas todo o seu sustento, ou tudo
3 – CARACTERÍSTICAS DO que possuía. Mas tudo o que ela era.
MORDOMO CRISTÃO Ninguém entrega tudo, se primeira-
mente não entregar-se a si mesmo.
( 2Coríntios 8.5 ) O mesmo ocorrera com os crentes
O que encontrar naquele que que Paulo compartilha o exemplo e
tem o privilégio e responsabilidade ensinamento: “... mas a si mesmos
de administrar o que é de Deus? O se deram primeiramente ao SE-
mordomo é aquele que já tem Cris- NHOR, e depois a nós, pela von-
to como Salvador e Senhor. O mor- tade de Deus.” (2Co 8.5).

62
“Ai de vós... pois que dizimais a
4 – BÊNÇÃOS DA MORDOMIA hortelã, o endro e o cominho, e
( Mateus 25.21 ) desprezais o mais importante da
Vivemos de forma que cresce- lei, o juízo, a misericórdia e a fé;
mos no conhecimento de que tudo deveis, porém, fazer estas coisas,
é de Deus, a bênção do conheci- e não omitir aquelas.” (Mt 23.23).
mento certo e coerente com uma vi- No Novo Testamento, o que rege
são do mundo dentro dos princípios a contribuição é a graça e a sabe-
do Evangelho. A mordomia faz com doria da cooperação, que estão
que exercitemos e desenvolvamos além da lei. Não é uma imposição
o nosso caráter. A mordomia de- de fora para dentro. Mas de dentro
senvolve a bênção da responsabi- da alma, do coração, que envolve
lidade. Aprender a ser responsável obediência. O crente precisa ter a
é uma bênção a ser reconhecida: vontade de contribuir: “... deram
“...Bem está, servo bom e fiel. voluntariamente” (2Co 8.3).
Sobre o pouco foste fiel, sobre o
muito te colocarei; entra no gozo PARA PENSAR E AGIR
do teu senhor.” (Mt 25.21).
A mordomia traz e desenvolve Exercitar a mordomia é um privi-
a bênção da cooperação. Cooperar légio e uma grande responsabilida-
é uma virtude extraordinária. Fazer de. Quer queiramos ou não, somos
parte do todo no sustento da obra mordomos do Senhor. A questão
de Deus, seja no âmbito local ou é: que tipo de mordomo estamos
mais abrangente. No caso espe- sendo em nossa vida? Não esque-
cífico do dízimo, por exemplo, que çamos que em tudo o servo há de
bênção saber que a fidelidade do prestar contas ao Senhor de sua
crente na entrega do que é do Se- mordomia. Vivamos de tal maneira
nhor, pode alcançar o mundo. que sejamos encontrados na condi-
O dízimo é anterior à lei. Tan- ção de servos fiéis. Não negocie sua
to Abraão quanto Jacó foram dizi- condição de mordomo do Reino!
mistas: “... E deu-lhe o dízimo de
tudo” (Gn 14.20b). “... Certamente
te darei o dízimo” (Gn 28.22b). O Segunda: Lucas 12.41-44
dízimo fez parte da lei: “Também Terça: Gênesis 14.18-20
todas as dízimas do campo... são
do SENHOR...” (Lv 27.30). O dízi- Quarta: Levítico 27.28-34
Leitura Diária

mo esteve presente no tempo dos Quinta: Gênesis 28.22


profetas: “Trazei todos os dízimos Sexta: Malaquias 3.10
à casa do Senhor...” (Ml 3.10). E Sábado: Mateus 25.14-30
o dízimo esteve presente no ensi-
Domingo: 2Coríntios 8.1-24
no de Jesus e da Igreja iniciante:

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Currículo
2019
Primeiro Trimestre Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 16 - n° 60 - Janeiro / Fevereiro / Março - 2019
VERDADES INEGOCIÁVEIS
(Doutrinas Batistas) Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas

Pr. Hudson Galdino


Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente: Pr. Vanderlei Batista Marins

Segundo Trimestre Primeira Vice-Presidente: Profª. Esmeralda Oliveira Augusto


Segundo Vice-Presidente: Pr. Ronem Rodrigues do Amaral
Terceiro Vice-Presidente: Pr. Eber Silva
CICLO DE VIDA
Primeiro Secretário: Pr. Felipe Silva de Oliveira
MULTIPLICADORA
Segundo Secretário: Pr. Juvenal Gomes da Silva
Pr. Marcelo Farias Terceiro Secretário: Pr. Luciano Cozendey dos Santos
Quarto Secretário: Pr. Ceza Alencar Rodrigues

Terceiro Trimestre Diretor de Educação Religiosa:


Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
APRENDENDO A EVANGELIZAR
COM JESUS Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Pr. Nilson Gomes Godoy Revisão Bíblico Doutrinária: Pr. Jailton Barreto Rangel
Pr. Elias Muniz dos Santos

Quarto Trimestre
Pr. Pedro Salvador de Azevedo
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob

MOTIVAÇÕES CRISTÃS Revisão e copidesque: Edilene Oliveira


(Estudo em 1 e 2 Pedro)
Produção Editorial, Diagramação e Impressão:
Pr. Samuel Mury de Aquino
Print Master Editora (22) 3021-3091

Distribuição:
Seja Mordomo Print Master Editora

Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais


Convenção Batista Fluminense
revistas que o número de jovens e adultos
matriculados na EBD ou em outro grupo de Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ
estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção CEP 24210-145
se for este o seu caso. Queremos investir seu Tel.: (21) 2620-1515
dízimo também em outros projetos.
E-mail: contato@batistafluminense.org.br

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