Você está na página 1de 14
« Acumulagdo Dependante e Subdesenvolvimento ~ André G. Frank + Aprender Econoinis ~ Paulo Singer prasi Histéria—vol. 4—A Era de Vargas ~ A. Mendes Jr. & A. Maranhdotorgs.) «+ Desenvolvimento Capitalists no Bra Autores « Desenvolvimento e Crise no Brasil — L. C. Bresser Pereira ‘1 Ratudo Subdesenvolvido e lndustializado — LC. Bresser Pereira « Formage do Capitaismo Cependente no Brasil Dowbor « Formago do Brasil Conternpordneo — Caio Predo Jr 1 Histéria Econdmica do Brasil ~ Caio Prado Jr J Que Crise & Esta? — Marce! Bursztyn/ Arnaldo Chairi/Pedra Leitdo (orgs.) + Revista de Economie Pol il vol. 1e2 ~ Dv = Lagisow = Div, Autores Cologia Primeiros Passos + O que é Capital ~ Ladislau Dowbor 6 que é Capital internacional — Rabat Benekouche © que é Capitelisma — AfrSnio Mendes Cota © que é Imperialismo — Atrdnio Mendes Caton {© que 880 Multinacionaie — Bernardo Kucinshi Oqued Recessio — Paulo’ Sanaroni © que é Subdesenvalvimento ~ Horacio Gonzilex Cologito Tudo 6 Historia «+ América Central: Dé Coléria 8 Crise Atual ~ Hector Brignoli J A’ Burguesia Brasileira ~ Jacob Gorender Tas independéncias na Ambica Latina — Leon Pomer +O Papulismo na América Latina ~ M? Ligia Prado TaTletorma Agraria na Nicaragua ~ Claudio T. Bornstein i | i O GAPITALISMO TARDIO Contribuigio a revisdo critica da formagio ¢ do desenvolvimento da economia brasileira Preficio: Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo 1? edligne 1982 4B edigan o Capitulo I AS RAIZES DO CAPITALISMO RETARDATARIO ‘Ter-se-ia inangurado, de acordo com o paradigma cepa- lino, nas duas Ultimas décadas do séeulo XIX, uma nova etaps do processo de desenvolvimento latino-americano com a constituigdo das economias primdrio-exportadoras. 0 ca- rater primério-exportador nio decorre simplesmente da for- ma material da produgdo predominante, alimentos ¢ ma- ‘térias-primas, e da localizagio do mercado em que se realiza, 0 externo. Ao contrario, advém, fundamentalmente, de que as exportagées representam o tinico componente auténomo de crescimento da renda, e, ipso facto, 0 setor externo surge como centro dindmico da economia. Bo modo de crescimento, crescimento para fora, que, em ultima anélise, torna as eco- nomias Jatino-americanas conformes ao “modelo primério- exportador”. A esta maneira de trescer corresponde uma determinada estrutura produtiva, cacacterizada por uma nf- tida especializagio entre dois setofes: de um lado, o setor (® Exendo por paradigma cepalino ss tentutivas de cristallzago da Teoria do Desenvolvimento Lstine.Americano da CEPAD, em “Modelos histéricos do crescimento”, Veja-se o trabalho de Maria dda Coneeigao Tavares “Auge y doctinacién del proceso de susti- fcion de importaciones en el Brasil, em Boleliz Eoonbinico de Amérlea Latina, marco de 1964, rebublicado em Da, Substt- fhulgio de Importagies ao Capitalisme Flaanceirg, ilo de Janeiro, 2atar, 1972, pp, 27/124. Também: A. B. CASTRO: “Uma tentativa Ge interpestagio do “modelo histérico Tatino-Americano, em Revisia Brasileira de Eoonomla, marco de 1967, republicado em 1 Ensaios sdbre Economia Brasileira, FR, de Janeiro, Porense, 1969, vol. Z, pp. 19/96; O. SUNKEL ¢ P. PAZ, El Subdesarroilo Lascamericano y Ia Teorta del Desarrolio, México, Siglo 33 Editores, 1970; @ C, FURTADO, Formagio Eeondiica ‘da América Tatina, 2° ed., R. de Janeiro, Lia Editor, 1970, 30 JOKO MANUEL CARDOSO DE MELLO extern, fonte de todo o dinamismo; de outro, o setor exter- no dele dependente, integraco por indistrins, pela agricul- tura mercantil de alimentos e matérior primas e por ativi- dades de subsisténcia. Em nenhum momento se indaga da natureza capitalista ou pré-capitalista das economias piimério-exportadoras. E cam isso se dé um imenso passo atrés em relagio tanto aos primeiros trabalhos cepalincs, quanto a algumas anilises concretas que, bem ou mal, néo puderam se desembaragar do problema, Nem poderia deixar de ser assim, pois se parte de um conceito de capital tomado como fator da protucio, identificado a instrumentos de trabalho, que se combina com recursos naturais e méo-de-obrd, quer dizer, homens, defi- indo uma fungdo de produgéo, Inversamente aspira-se a construir, a partir das macrofunf6es de produgdo dos diver- sos setores exportadores, uma tipologia das economias pri méatio-exportadoras e ento dedizir para cada tipo as cor- respondentes estruturas setorials, espaciais e até mesmo sociais. Pergunto: nesta perspective, onde residiria a differentia specifica entre a economia primario-exportadora e a econo- mia colonial? Indiscutivelmente, no inodo de insergio das economias nacionais latino-americanas na nova divisio in- {ernacioual do trabalho que se Vai estruturando a partir da Revolugio Industrial. Antes, colonia, produtora de metais preciosos e produtos agricolas coloniais, porque assim o determinavam os interesses da burguesia mercantil metro- politana, e sujeita a mecanismos compulsérios de comércio, quer dizer, ao monopélio de comércio metropolitano. Depois, Estado-Nagdo produzindo alimentos e matérias-primas para os paises industriais, economia tefexa porque atrelada aos tempos e contratempos da demarida externa. Antes e depois, estrutura produtiva pouco diferenciada, periferia subordi- nada ao centro, economia deperidente, Ndo é de espantar, portanto, que a passagem da economia colonial & economia primario-exportadora seja vista quase como resultado puro © CAPITALISMO TARDIO a e simples das transformagies ocorridas no nivel do mercado mundial, comandadas pelos paises centrais, verbi gratia pela Inglaterra, Qualquer esforgo para definir uma nova problematica deve se iniciar com a rejeicio do formalismo contido no pa radigma cepalino, que aparece claramente quando se pre- tende aplicé-lo ao “caso do Brasil”: hi, mesmo, duas ¢ ndo uma economia primério-exportadora, a apoiada no trabalho escravo ¢ a organizada com trabalho assalariado, Formalis- ‘mo, acrescento, que é mera decorréncia do conceito de capital Uc que se parte: néo hé capital, isto , instrumentes de tra- alho, e mao-de-obra, quer dizer homens, tanto numa quanto na outra? E ha de prosseguir com o recothecithento de que a diferenga fundamental entre economia colonial e economia primério-exporiadora encontra-se, exataniente, nas distintas relagdes sociais bisicas que Ihes estdo subjacentes; trabalho compulsério, servil ou escravo, de um lado; e trabalho assala- riado de outro, Isto posto, no é dificil compreender que o surgimento das economizs exportadoras organizadas tom trabalho assa~ lariado deve ser entendido como o nascimtnte do capitalismo na América Latina, Néo, é certo, do modo éspecificamente ea- pitalista de produgio, desde que nfo se cénstituem, simulta~ neamenth, forgas produtivas capitalistas, isto é desde que a reprodugdo das relagdes sociais de produgdo tapitalistas no esta assegurada endogenamente, quer dizer, to ambito das préprias economias latino-americanas. ‘Admite-se, no entanto, que muito thais complexo é 0 problema da determinagio do modo de se¥ da evonomia colo- nial e de sua dinamiea, Convém que nos detenbamos, mais demoradamente no exame desta tormentosa questio. E indiscutivel que cardcterizagao da “economia colo- nial tipiea”, porque mercantil e escravista, como economia de “plantation” é moeda corrente na América Latina. Tome- mas este conceito na formulagdo cléssica de Weber:

Você também pode gostar