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Pudovkin, cineasta e teórico do cinema soviético, é conhecido por sua conceituação da

montagem invisível do cinema clássico. Para intérpretes como George Wilson e James
Conant, sua posição se resume a que "os cortes dentro de uma cena devem corresponder
às mudanças naturais de um espectador interessado, hipotético, que observa, na hora e no
lugar exatos (on the spot), a ação que vemos retratada (depicted) na tela" (James Conant, A
Ontologia da Imagem Cinematográfica, p.40). O aspecto perspectivado das imagens que
vemos na tela de cinema representariam o ponto de vista de um observador imaginário
dentro do mundo ficcional fílmico. O espectador, ao assistir ao filme, como que se
identificaria com tal observador. O acesso ao conteúdo narrativo de um filme se explicaria
por essa identificação: é como se o espectador visse as coisas transcorrendo na sua frente,
sem mediação, de dentro do espaço ficcional. Só que essa posição gera inúmeros
problemas, como o seguinte: embora possa imaginar que esteja vendo ações e eventos
ficcionais, o espectador não imagina as consequências de está-las vendo diretamente. Ao
ver um filme de guerra, ele não se imagina no campo de batalha sujeito às agruras do
combate (caso contrário, ele procuraria abrigo imediatamente). Mas será essa intepretação
a melhor que pode ser feita de Pudovkin? Propomo-nos a fazer uma leitura alternativa, que
procura a enfatizar o aspecto fenomenológico da ideia de observador imaginário, chamando
atenção para passagens negligenciadas do texto em que o teórico apresenta a ideia.

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