Textos mais extensos apresentam esses procedimentos, mas nem sempre todos ao
mesmo tempo
Em determinados tipos ou gêneros, um ou outro procedimento pode não aparecer
sem prejuízo para a coerência
Operações concretas pelas quais os procedimentos se efetivam
Operações de:
Repetir
Substituir
Usar palavras semanticamente próximas
Usar uma conjunção ou outro conectivo
É comum:
No processo correlativo de adição → não só... mas também, não apenas... mas ainda, tanto...
quanto
Para indicar uma série de complementos ou adjuntos de um mesmo termo/séries enumerativas →
“O banco oferece cartão de crédito, seguro de vida e plano de capitalização”; “Os rebocos da
parede e do teto estavam desgastados”
Quando se usam expressões explicativas como isto é, ou seja, quer dizer, vale dizer
A não adoção desse recurso gera um efeito desagradável (ver p. 67)
“Técnico de futebol [Muricy] está aposentado após conquistar títulos e problemas de saúde”
(Folha de S.Paulo, 14/04/18)
O paralelismo também deve ocorrer no âmbito semântico do enunciado
“Gosto de chocolate e pipoca” → OK
“Gosto de frutas e de livros” → estranho
Tais referências podem ser apenas uma palavra ou uma predicação inteira
“As crianças não fazem distinção entre as pessoas, elas não têm preconceitos com os
colegas. Os adultos é que parecem ‘ensinar’ isso a elas”
É preciso ficar atento para avaliar a clareza do que é referido evitando ambiguidades
e imprecisões
Para isso, é importante conhecer as regras da gramática e da textualidade
Ex. de falta de clareza: “A mãe de Pedro entrou com seu carro na garagem”
A elipse tem sido incluída entre os recursos coesivos desde os primeiros estudos
linguísticos sobre o tema
Mas, em muitas gramáticas, ela costuma aparecer entre as figuras de linguagem e
formas de construção de efeitos de sentido
É vista como recurso sintático que confere maior expressividade ao texto
Quase não há o reconhecimento da sua função coesiva
Costumeira ausência de uma perspectiva textual para o estudo dos fatos linguísticos
Recurso mais presente em todo gênero (com exceção de textos mínimos, como
alguns anúncios e avisos)
Ocorrência relevante x ocorrências periféricas
Palavras do núcleo temático do texto x palavras que se ligam a subtópicos menores
Conectores:
Conjunções e locuções conjuntivas
Preposição e locuções prepositivas
Advérbios e locuções adverbiais
Nas gramáticas em geral o tratamento da conexão é restrito à ligação entre termos ou
orações
Pouco ou nenhum destaque é dado à ligação entre períodos, parágrafos ou blocos maiores
Nenhuma ou pouca menção é feita à função coesiva desses conectores
Não é feita nenhuma referência ao papel das conjunções:
No estabelecimento da coerência, nos usos reais da linguagem cotidiana
Na organização dos textos
Na condução orientação discursivo-argumentativa do autor
Adição: quando mais um item é introduzido num conjunto ou quando mais um argumento
é acrescido em favor de uma conclusão
Conectores: e, ainda, também, não só... mas também, além de, nem, além do mais (para
introduzir argumento decisivo), outrossim (uso mais formal)
Ex.: “Não é necessário apenas investimento, mas também formação”
Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...
(Autor anônimo)
Esse poema é coerente? Faz sentido?
Não: pela linearidade de sua composição e padronização de sua sequência
Sim: exatamente porque quebra essa linearidade e viola essa padronização com uma
função comunicativa definida, buscando um efeito único: reproduzir o estado de espírito de
uma amante
Ele é coerente não somente porque é um poema, mas porque se pode, por uma via
qualquer, recuperar uma unidade de sentido
A coerência não é uma propriedade linguística nem se prende apenas a
determinações gramaticais
Ela supõe tais determinações, mas as ultrapassa