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1947

(Dialektik der Aufklärung – Philosophische Fragmente)

Theodor W. Adorno
&
Max Horkheimer

(Fonte: http://antivalor.vilabol.uol.com.br)

ÍNDICE

Sobre a Nova Edição Alemã .......................................................................................... 1


Prefácio ............................................................................................................................ 2
O Conceito de Esclarecimento ....................................................................................... 5
EXCURSO I: Ulisses ou Mito e Esclarecimento ........................................................ 23
EXCURSO II: Juliette ou Esclarecimento e Moral................................................... 40
A Indústria Cultural: O Esclarecimento Como Mistificação das Massas............... 57
Elementos do Anti-Semitismo: Limites do esclarecimento ....................................... 80
Notas e Esboços ............................................................................................................. 99

CONTRA OS QUE TÊM RESPOSTA PARA TUDO ....................................................................................... 99


CONVERSÃO DA IDEIA EM DOMINAÇAO ................................................................................................ 100
SOBRE A TEORIA DOS FANTASMAS ......................................................................................................... 101
QUAND MÊME .................................................................................................................................................. 102
PSICOLOGIA ANIMAL ................................................................................................................................... 102
PARA VOLTAIRE ............................................................................................................................................. 103
CLASSIFICAÇAO ............................................................................................................................................. 103
AVALANCHA .................................................................................................................................................... 103
ISOLAMENTO PELOS MEIOS DE COMUNICAÇAO ................................................................................ 104
PARA UMA CRITICA DA FILOSOFIA DA HISTÓRIA .............................................................................. 104
MONUMENTOS DA HUMANIDADE............................................................................................................. 106
FRAGMENTO DE UMA TEORIA DO CRIMINOSO ................................................................................... 106
LE PRIX DU PROGRÉS ................................................................................................................................... 108
VÃO ESPANTO.................................................................................................................................................. 108
O INTERESSE PELO CORPO ......................................................................................................................... 108
SOCIEDADE DE MASSAS ............................................................................................................................... 111
CONTRADIÇOES .............................................................................................................................................. 111
MARCADOS ....................................................................................................................................................... 112
FILOSOFIA E DIVISÃO DO TRABALHO .................................................................................................... 113
O PENSAMENTO .............................................................................................................................................. 114
O HOMEM E O ANIMAL................................................................................................................................. 115
PROPAGANDA .................................................................................................................................................. 119
SOBRE A GÉNESE DA BURRICE .................................................................................................................. 120
ocial e a extrema especialização levaram de que milhões de pessoas particip
s cultural. Ora, essa opinião encontra a indústria imporia métodos de reprodução
um novo desmentido. Pois a cultura sua vez, tornam inevitável a disseminaçã
ânea confere a tudo um ar de semelhança. padronizados para a satisfação de ne
o rádio e as revistas constituem um iguais. O contraste técnico entre poucos
Cada sector é coerente em si mesmo e produção e uma recepção dispersa cond
são em conjunto. Até mesmo as organização e o planejamento pela di
ões estéticas de tendências políticas padrões teriam resultado originariam
toam o mesmo louvor do ritmo de aço. Os necessidades dos consumidores: eis po
s prédios administrativos e os centros de aceitos sem resistência. De facto, o que o
industriais mal se distinguem nos países círculo da manipulação e da necessidade r
s e nos demais países. Os edifícios no qual a unidade do sistema se torna cad
ais e luminosos que se elevam por toda coesa. O que não se diz é que o terreno
os sinais exteriores do engenhoso técnica conquista seu poder sobre a soci
nto das corporações internacionais, para o poder que os economicamente mais forte
se precipitava a livre iniciativa dos sobre a sociedade. A racionalidade técnic
s, cujos monumentos são os sombrios racionalidade da própria dominação. Ela é
esidenciais e comerciais de nossas compulsivo da sociedade alienada de si m
s cidades. Os prédios mais antigos em automóveis, as bombas e o cinema mantê
centros urbanos feitos de concreto já todo e chega o momento em que seu
ums1 e os novos bungalows na periferia nivelador mostra sua força na própria
e já proclamam, como as frágeis qual servia. Por enquanto, a técnica da
s das feiras internacionais, o louvor do cultural levou apenas à padronização e à
técnico e convidam a descartá-los como em série, sacrificando o que fazia a difere
onserva após um breve período de uso. lógica da obra e a do sistema social. Is
ojectos de urbanização que, em pequenos não deve ser atribuído a nenhuma lei ev
os higiénicos, destinam-se a perpetuar o técnica enquanto tal, mas à sua função na
como se ele fosse independente, actual. A necessidade que talvez pudesse
no ainda mais profundamente a seu controle central já é recalcada pelo c
o poder absoluto do capital. Do mesmo consciência individual. A passagem do t
os moradores são enviados para os rádio separou claramente os papéis.
mo produtores e consumidores, em busca telefone permitia que os participan
o e diversão, assim também as células desempenhassem o papel do sujeito. Dem
ais cristalizam-se em complexos densos e rádio transforma-os a todos igualmente em
anizados. A unidade evidente do para entregá-los autoritariamente aos p
mo e do microcosmo demonstra para os iguais uns aos outros, das diferentes esta
modelo de sua cultura: a falsa identidade se desenvolveu nenhum dispositivo de ré
sal e do particular. Sob o poder do emissões privadas são submetidas ao con
, toda cultura de massas é idêntica, e seu limitam-se ao domínio apócrifo dos “a
a ossatura conceitual fabricada por que ainda por cima são organizados de
meça a se delinear. Os dirigentes não baixo. No quadro da rádio oficial, porém,
sequer muito interessados em encobri-lo, de espontaneidade no público é dirigido e
se fortalece quanto mais brutalmente ele numa selecção profissional, por caça
de dificuldades técnicas, que à maneira do sinais, e escolher a categoria dos produtos
dominadas do mesmo modo que nos fabricada para seu tipo. Reduzidos a u
minantes da vida jazzística; ou quando a material estatístico, os consumido
” deturpadora de um movimento de distribuídos nos mapas dos institutos d
se efectua do mesmo modo que a (que não se distinguem mais dos de propa
de um romance de Tolstoi pelo cinema, o grupos de rendimentos assinalados p
s desejos espontâneos do público torna-se vermelhas, verdes e azuis.
lpa esfarrapada. Uma explicação que se O esquematismo do procedimento
mais da realidade é a explicação a partir no facto de que os produtos meca
pecífico do aparelho técnico e do pessoal, diferenciados acabam por se revelar semp
m todavia ser compreendidos, em seus mesma coisa. A diferença entre a série C
detalhes, como partes do mecanismo série General Motors é no fundo uma
de selecção. Acresce a isso o acordo, ou ilusória, como já sabe toda criança inter
s a determinação comum dos poderosos modelos de automóveis. As van
, de nada produzir ou deixar passar que desvantagens que os conhecedores discute
ponda a suas tabelas, à ideia que fazem apenas para perpetuar a ilusão da concorr
umidores e, sobretudo, que não se possibilidade de escolha. O mesmo se pas
a eles próprios. produções da Warner Brothers e da Metro
em nossa época, a tendência social Mayer. Até mesmo as diferenças entre o
se encarna nas obscuras intenções mais caros e mais baratos da mesma
dos directores gerais, estas são reduzem cada vez mais: nos automóve
te as dos sectores mais poderosos da reduzem ao número de cilindros, c
aço, petróleo, electricidade, química. novidade dos gadgets4, nos filmes ao n
os a esses, os monopólios culturais são estrelas, à exuberância da técnica, do tra
ependentes. Eles têm que se apressar em equipamento, e ao emprego de
aos verdadeiros donos do poder, para que psicológicas mais recentes. O critério u
na sociedade de massas – esfera essa que valor consiste na dosagem da co
tipo específico de mercadoria que ainda production5, do investimento ostensivo.
a ver com o liberalismo bonachão e os orçamentários da indústria cultural nada
s judeus – não seja submetida a uma série com os valores objectivos, com o se
os. A dependência em que se encontra a produtos. Os próprios meios técnicos ten
rosa sociedade radiofónica em face da vez mais a se uniformizar. A televisão
léctrica, ou a do cinema relativamente aos síntese do rádio e do cinema, que é
racteriza a esfera inteira, cujos sectores enquanto os interessados não se põem
por sua vez se interpenetram numa mas cujas possibilidades ilimitadas
trama económica. Tudo está tão aumentar o empobrecimento dos materiai
nte justaposto que a concentração do a tal ponto que a identidade mal disfa
nge um volume tal que lhe permite passar produtos da indústria cultural pode vir
a linha de demarcação entre as diferentes abertamente já amanhã – numa
ctores técnicos. A unidade implacável da escarninha do sonho wagneriano da ob
ultural atesta a unidade em formação da total. A harmonização da palavra, da im
s distinções enfáticas que se fazem entre música logra um êxito ainda mais perfeito
das categorias A e B, ou entre as histórias Tristão, porque os elementos sensíve
candidatos a jobs como a omnipotência inserem. Sua produção é administ
nhor, eis aí o que constitui o sentido de especialistas, e sua pequena diversidad
ilmes, não importa o plot7 escolhido em reparti-las facilmente no escritório. A
pela direcção de produção. cultural desenvolveu-se com o predomí
eu lazer, as pessoas devem se orientar por efeito, a performance tangível e o detal
de que caracteriza a produção. A função alcançaram sobre a obra, que era outrora
quematismo kantiano ainda atribuía ao da Ideia e com essa foi liquidada. Emanc
aber, referir de antemão a multiplicidade o detalhe tornara-se rebelde e, do roma
os conceitos fundamentais, é tomada ao expressionismo, afirmara-se como
a indústria. O esquematismo é o primeiro indómita, como veículo do protesto
estado por ela ao cliente. Na alma devia organização. O efeito harmónico isol
mecanismo secreto destinado a preparar obliterado, na música, a consciência do to
imediatos de modo a se ajustarem ao a cor particular na pintura, a composição p
a razão pura. Mas o segredo está hoje penetração psicológica no romance, a ar
Muito embora o planejamento do A tudo isso deu fim a indústria cultural m
o pelos organizadores dos dados, isto é, totalidade. Embora nada mais conheça
ria cultural, seja imposto a esta pelo peso efeitos, ela vence sua insubordinação e os
ade que permanece irracional apesar de fórmula que substitui a obra. Ela atinge i
onalização, essa tendência fatal é o todo e a parte. O todo se antepõe inexor
da em sua passagem pelas agências do aos detalhes como algo sem relação com e
modo a aparecer como o sábio desígnio como na carreira de um homem de suc
ncias. Para o consumidor, não há nada deve servir de ilustração e prova, ao pas
ssificar que não tenha sido antecipado no própria nada mais é do que a som
mo da produção. A arte sem sonho acontecimentos idiotas. A chamada Ideia
ao povo realiza aquele idealismo sonhador é um classificador que serve para estabele
ge demais para o idealismo crítico. Tudo mas não conexão. O todo e o detalhe
nsciência, em Malebranche e Berkeley da mesmos traços, na medida em que entr
a de Deus; na arte para as massas, da existe nem oposição nem ligação. Sua
a terrena das equipes de produção. Não garantida de antemão é um escárnio da
s tipos das canções de sucesso, os astros, conquistada pela grande obra de arte bur
ressurgem ciclicamente como invariantes Alemanha, a paz sepulcral da ditadura
o conteúdo específico do espectáculo é sobre os mais alegres filmes da democraci
o derivado deles e só varia na aparência. O mundo inteiro é forçado a passar
s tornam-se fungíveis. A breve sequência da indústria cultural. A velha exper
os, fácil de memorizar, como mostrou a espectador de cinema, que percebe a rua
sucesso; o fracasso temporário do herói, prolongamento do filme que acabou de v
be suportar como good sport8 que é; a boa este pretende ele próprio reproduzir rigoro
ue a namorada recebe da mão forte do mundo da percepção quotidiana, tornou-s
rude reserva em face da herdeira mimada da produção. Quanto maior a perfeição
todos os detalhes, clichés prontos para suas técnicas duplicam os objectos empír
pregados arbitrariamente aqui e ali e fácil se torna hoje obter a ilusão de que
ente definidos pela finalidade que lhes exterior é o prolongamento sem ruptura
quema. Confirmá-lo, compondo-o, eis aí que se descobre no filme. Desde a súbita
aneidade do consumidor cultural não Mozart ao jazz, ele não o modifica a
reduzida a mecanismos psicológicos. Os passagens em que Mozart seria difícil
odutos – e entre eles em primeiro lugar o demais, mas também nas passagens em q
terístico, o filme sonoro – paralisam essas limitava a harmonizar de uma maneira di
s em virtude de sua própria constituição até mesmo de uma maneira mais simples
São feitos de tal forma que sua apreensão costume hoje. Nenhum construtor mediev
exige, é verdade, presteza, dom de ter passado em revista os temas dos
o, conhecimentos específicos, mas esculturas com maior desconfiança d
e tal sorte que proíbem a actividade hierarquia dos estúdios de cinema ao exa
do espectador, se ele não quiser perder os tema de Balzac ou Victor Rugo, antes de
e desfilam velozmente diante de seus imprimatur do aceitável. Nenhum concíl
sforço, contudo, está tão profundamente ter designado o lugar a ser ocupado pe
que não precisa ser actualizado em cada diabólicas e pelos tormentos dos danados
recalcar a imaginação. Quem está tão amor supremo com maior cuidado do que
pelo universo do filme – pelos gestos, de produção ao calcular a tortura do h
e palavras –, que não precisa lhe altura da saia da leading lady na la
r aquilo que fez dele um universo, não superespetáculo. O catálogo explícito e
necessariamente estar inteiramente esotérico e exotérico, do proibido e d
no momento da exibição pelos efeitos estende-se a tal ponto que ele nã
s dessa maquinaria. Os outros filmes e circunscreve a margem de liberdade, ma
culturais que deve obrigatoriamente domina-a completamente. Os menores de
tornaram-no tão familiarizado com os modelados de acordo com ele. Exactam
hos exigidos da atenção, que estes têm seu adversário, a arte de vanguarda,
maticamente. A violência da sociedade proibições que a indústria cultu
instalou-se nos homens de uma vez por positivamente sua própria linguagem
produtos da indústria cultural podem ter a sintaxe e seu vocabulário. A compulsão p
e que até mesmo os distraídos vão a produzir novos efeitos (que, no
os abertamente. Cada qual é um modelo permanecem ligados ao velho esquem
sca maquinaria económica que, desde o apenas para aumentar, como uma regra su
dá folga a ninguém, tanto no trabalho o poder da tradição ao qual pretende esc
descanso, que tanto se assemelha ao efeito particular. Tudo o que vem a públi
É possível depreender de qualquer filme profundamente marcado que nada pode
qualquer emissão de rádio, o impacto que exibir de antemão os traços do jargão
poderia atribuir a nenhum deles credenciar à aprovação ao primeiro
nte, mas só a todos em conjunto na grandes astros, porém, os que pro
Inevitavelmente, cada manifestação da reproduzem, são aqueles que falam o ja
ultural reproduz as pessoas tais como as tanta facilidade, espontaneidade e alegri
indústria em seu todo. E todos os seus ele fosse a linguagem que ele, no entanto
o producer às associações femininas, reduziu ao silêncio. Eis aí o ideal do na
que o processo da reprodução simples do ramo. Ele se impõe tanto mais impe
o leve à reprodução ampliada. quanto mais a técnica aperfeiçoada redu
ueixas dos historiadores da arte e dos entre a obra produzida e a vida quo
da cultura acerca da extinção da força paradoxo da rotina travestida de naturez
. A reconciliação do universal e do par
rigatoriedade universal dessa estilização regra e da pretensão específica do object
rar a dos preceitos e proibições oficiais. única coisa que pode dar substância ao
te, é mais fácil perdoar a uma canção de vazia, porque não chega mais a haver u
e ela não se atenha aos 32 compassos ou entre os pólos: os extremos que se tocam p
o do intervalo de nona, do que a uma turva identidade, o universal pode s
, por mais secreto que seja, de um detalhe particular e vice-versa.
ou harmónico que não se conforme ao No entanto, essa caricatura do estilo
odas as infracções cometidas por Orson algo acerca do estilo autêntico do p
ntra as usanças de seu ofício lhe são conceito do estilo autêntico torna-se trans
porque, enquanto incorrecções indústria cultural como um equivalente e
apenas confirmam ainda mais dominação. A idéia do estilo co
te a validade do sistema. A compulsão do conformidade a leis meramente estétic
nicamente condicionado, que os astros e fantasia romântica retrospectiva. O que s
es têm que produzir como algo de natural na unidade do estilo não apenas da Ida
povo possa transformá-lo em seu idioma, cristã, mas também do Renascimento, é
com nuanças tão finas que elas quase diversificada do poder social, não a e
a subtileza dos meios de uma obra de obscura dos dominados que encerrava o
graças à qual esta, ao contrário daquelas, Os grandes artistas jamais foram aq
erdade. A capacidade rara de satisfazer encarnaram o estilo da maneira mais ínte
mente as exigências do idioma da perfeita, mas aqueles que acolheram o est
de em todos os sectores da indústria obra como uma atitude dura contra a
ma-se o padrão de competência. O que e caótica do sofrimento, como verdade ne
zem deve ser controlável pela linguagem estilo de suas obras, a expressão conquista
, como no positivismo lógico. Os sem a qual a vida se dilui sem ser o
são especialistas. O idioma exige a mais próprias obras que se chamam clássica
força produtiva, que ele absorve e música de Mozart, contêm tendências
. Ele superou satanicamente a distinção orientadas num sentido diverso do estilo
conservadorismo cultural entre o estilo encarnavam. Até Schõnberg e Picasso, o
e o estilo artificial. Artificial poder-se-ia artistas conservaram a desconfiança cont
estilo imposto de fora às potencialidades e, nas questões decisivas, se ativeram me
gura. Na indústria cultural, porém, os do que à lógica do tema. Aquilo
lementos do tema têm origem na mesma expressionistas e dadaístas
m que o jargão no qual é acolhido. As polemicamente de inverdade do estilo en
que os especialistas em arte se envolvem triunfa actualmente no jargão cantado d
nsor10 e o censor sobre uma mentira óbvia na graça consumada da estrela do cine
stam menos uma tensão intrinsecamente mesmo na perfeição da fotografia
o que uma divergência de interesses. O miserável de um camponês. Em toda obra
os especialistas, onde às vezes ainda se estilo é uma promessa. Ao ser acolhido n
iar um último resquício de autonomia dominantes da universalidade: a linguagem
ntra em conflito com a política comercial pictórica, verbal, aquilo que é expresso
u da corporação que produz a mercadoria deve se reconciliar com a Ideia da
Mas o tema já está, em virtude de sua universalidade. Essa promessa da obra
– a unidade problemática da forma e do mostrar sua superioridade por uma notori
do interior e do exterior, do indivíduo e planejada. Assim, também sobrevive na
de –, mas nos traços em que aparece a cultural a tendência do liberalismo a deixa
ia, no necessário fracasso do esforço livre a seus homens capazes. Abrir cam
o em busca da identidade. Ao invés de se esses competentes ainda é a função do me
sse fracasso, no qual o estilo da grande sob outros aspectos já é extensamente r
rte sempre se negou, a obra medíocre cuja liberdade consistia mesmo na épo
ateve à semelhança com outras, isto é, ao maior brilho – para os artistas bem como p
da identidade. A indústria cultural acaba idiotas – em morrer de fome. Não é à
ar a imitação como algo de absoluto. sistema da indústria cultural provém d
ao estilo, ela trai seu segredo, a obediência industriais liberais, e é neles que triunfam
a social. A barbárie estética consuma hoje seus meios característicos, sobretudo o
que sempre pairou sobre as criações do rádio, o jazz e as revistas. É verdade
sde que foram reunidas e neutralizadas a projecto teve origem nas leis universais
cultura. Falar em cultura foi sempre Gaumont e Pathé, Ullstein e Hugenberg c
à cultura. O denominador comum o sucesso seguindo a tendência intern
já contém virtualmente o levantamento dependência económica em face do
a catalogação, a classificação que Unidos, em que se encontrou o continen
cultura no domínio da administração. Só depois da guerra e da inflação, teve uma p
ção industrializada e consequente é processo. A crença de que a barbárie d
te adequada a esse conceito de cultura. cultural é uma consequência do cultura
inar da mesma maneira todos os sectores atraso da consciência norte-americana rel
ão espiritual a este fim único: ocupar os ao desenvolvimento da técnica, é profu
os homens da saída da fábrica, à noitinha, ilusória. Atrasada relativamente à ten
gada ao relógio do ponto, na manhã monopólio cultural estava a Europa p
com o selo da tarefa de que devem se Mas era exactamente esse atraso que d
urante o dia, essa subsunção realiza espírito um resto de autonomia e assegur
nte o conceito da cultura unitária que os últimos representantes a possibilidade
a personalidade opunham à massificação. ainda que oprimidos. Na Alemanha, a inc
m a indústria cultural, o mais inflexível de de submeter a vida a um controle democ
stilos, revela-se justamente como a meta um efeito paradoxal. Muita coisa es
smo, ao qual se censura a falta de estilo. mecanismo de mercado que se desenc
ente suas categorias e conteúdos são países ocidentais. O sistema educativ
es da esfera liberal, tanto do naturalismo juntamente com as universidades, os te
do quanto da opereta e da revista: as importantes na vida artística, as grandes
companhias culturais são o lugar os museus estavam sob protecção. O
onde ainda sobrevive, juntamente com políticos, o Estado e as municipalidades,
ondentes tipos de empresários, uma parte essas instituições foram legadas como h
de circulação já em processo de absolutismo, haviam preservado para elas
ão. Aí ainda é possível fazer fortuna, daquela independência das relações de d
não se seja demasiado inflexível e se vigentes no mercado, que os príncipes e
e é uma pessoa com quem se pode feudais haviam assegurado até o século
Quem resiste só pode sobreviver Isso resguardou a arte em sua fase tardi
Outrora, eles firmavam suas cartas como outros, quando a cultura distr
ume – com um “humilde servidor”, ao democraticamente seu privilégio a todos
mpo que solapavam os fundamentos do da trégua ideológica, o conformi
altar. Hoje chamam os chefes de governo compradores, assim como o descara
iro nome e estão submetidos em cada um produção que eles mantêm em marcha, a
pulsos artísticos ao juízo de seus patrões consciência. Ele se contenta com a repr
A análise feita há cem anos por que é sempre o mesmo.
e verificou-se integralmente nesse meio Essa mesmice regula também as rel
b o monopólio privado da cultura “a o que passou. O que é novo na fase da
xa o corpo livre e vai directo à alma. O massas em comparação com a fase do l
o diz mais: você pensará como eu ou avançado é a exclusão do novo. A máquin
le diz: você é livre de não pensar como sair do lugar. Ao mesmo tempo que já d
da, seus bens, tudo você há-de conservar, consumo, ela descarta o que ainda
oje em diante você será um estrangeiro experimentado porque é um risco.
12
. Quem não se conforma é punido com desconfiança que os cineastas conside
tência económica que se prolonga na manuscrito que não se baseie, para tra
espiritual do individualista. Excluído da sua, em um best-seller. Por isso é qu
industrial, ele terá sua insuficiência continuamente em idea, novelty e surpris
comprovada. Actualmente em fase de que seria ao mesmo tempo familiar a tod
ão na esfera da produção material, o jamais ocorrido. A seu serviço estão o
o da oferta e da procura continua actuante dinâmica. Nada deve ficar como era, tudo
trutura como mecanismo de controle em em constante movimento. Pois só a vitória
dominantes. Os consumidores são os do ritmo da produção e reprodução me
res e os empregados, os lavradores e os garantia de que nada mudará, de que na
burgueses. A produção capitalista os que não se adapte. O menor acréscimo ao
o bem presos em corpo e alma que eles cultural comprovado é um risco excessiv
sem resistência ao que Ihes é oferecido. fixas como o sketch, a história curta, o film
mo os dominados sempre levaram mais a o êxito de bilheteria são a média,
que os dominadores a moral que deles normativamente e imposta ameaçadora
hoje em dia as massas logradas gosto característico do liberalismo ava
mais facilmente ao mito do sucesso do directores das agências culturais – que e
m-sucedidos. Elas têm os desejos deles. harmonia como só os managers sabem
mente, insistem na ideologia que as importa se provêm da indústria de confec
O amor funesto do povo pelo mal que a um college – há muito sanaram e racion
z chega a se antecipar à astúcia das espírito objectivo. Tudo se passa com
de controle. Ele chega a superar o instância omnipresente houvesse exam
do Hays-Office13, quando este, nos material e estabelecido o catálogo oficia
omentos históricos, incitou contra o povo culturais, registrando de maneira clara e
mais altas como o terror dos tribunais. Ele séries disponíveis. As ideias estão inscri
key Rooney contra a trágica Garbo e o cultural, onde já haviam sido enumeradas
ld contra Betty Boop. A indústria ajusta- e onde, números elas próprias, estavam
to que ela própria conjurou. O que sem possibilidade de aumento ou transform
faux frais14 para a firma que não pode O entretenimento e os elementos d
e do Casino de Paris. Sua vitória é dupla: espectadores adoram é mais eficazmente
que ela extingue lá fora, dentro ela pode na omnipresença do estereótipo imposta p
a seu bel-prazer como mentira. A arte do que nas ideologias rançosas pelas
mo tal, a diversão, não é uma forma conteúdos efémeros devem responder. T
Quem a lastima como traição do ideal da indústria cultural permanece a indústria d
pura está alimentando ilusões sobre a Seu controle sobre os consumidores é me
A pureza da arte burguesa, que se diversão, e não é por um mero decreto
u como reino da liberdade em oposição à acaba por se destruir, mas pela hostilidad
erial, foi obtida desde o início ao preço da ao princípio da diversão por tudo aquilo
as classes inferiores, mas é à causa destas mais do que ela própria. Como a absorção
verdadeira universalidade – que a arte se as tendências da indústria cultural na c
el exactamente pela liberdade dos fins da sangue do público se realiza através do
rsalidade. A arte séria recusou-se àqueles social inteiro, a sobrevivência do merc
m as necessidades e a pressão da vida ramo actua favoravelmente sobre essas t
seriedade um escárnio e que têm todos os A demanda ainda não foi substituída pe
ara ficarem contentes quando podem usar obediência. Pois a grande reorganização
ples passatempo o tempo que não passam pouco antes da Primeira Guerra Mundial –
máquinas. A arte leve acompanhou a arte material de sua expansão – consistiu exac
como uma sombra. Ela é a má adaptação consciente às necessidades d
a social da arte séria. O que esta – em registradas com base nas bilheterias, ne
seus pressupostos sociais – perdeu em essas que as pessoas mal acreditavam ter
verdade confere àquela a aparência de um em conta na época pioneira do cinema. A
jectivo. Essa divisão é ela própria a pensam assim os capitães da
la exprime pelo menos a negatividade da cinematográfica – que no entanto se b
mada pela adição das duas esferas. A pior exemplo dos sucessos mais ou menos fen
reconciliar essa antítese é absorver a arte não, com muita sabedoria, no contra-ex
e séria ou vice-versa. Mas é isto que tenta verdade. Sua ideologia é o negócio. A v
cultural. A excentricidade do circo, do tudo isso é que o poder da indústria cultu
cera e do bordel relativamente à sociedade de sua identificação com a necessidade
sa para ela como a de Schönberg e Karl não da simples oposição a ela, mesm
por isso que o jazzista Benny Goodman tratasse de uma oposição entre a omni
presentar juntamente com o Quarteto de impotência. – A diversão é o prolonga
mais meticuloso quanto ao ritmo do que trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é
clarinetista filarmónico, enquanto os por quem quer escapar ao processo d
e Budapeste tocam, em compensação, de mecanizado, para se pôr de novo em co
ão uniforme e adocicada como Guy enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a m
O que é significativo não é a incultura, a atingiu um tal poderio sobre: a pessoa em
a impolidez nua e crua. O refugo de sobre a sua felicidade, ela deter
eliminado pela indústria cultural graças à profundamente a fabricação das m
ia perfeição, graças à proibição e à destinadas à diversão, que esta pessoa
ção do diletantismo, muito embora ela não mais perceber outra coisa senão as c
ometer erros crassos, sem os quais o nível reproduzem o próprio processo de tr
levado seria absolutamente inconcebível. pretenso conteúdo não passa de um
na medida em que exige o pensamento – público, o protagonista é jogado para cá
és de sinais. Toda ligação lógica que como um farrapo. Assim a quantidade d
ha um esforço intelectual é organizada converte-se na qualidade da
amente evitada. Os desenvolvimentos organizada. Os autodesignados censores d
ultar tanto quanto possível da situação cinematográfica, ligados a ela por uma
ente anterior, e não da Ideia do todo. Não electiva, vigiam a duração do crime a q
que resista ao zelo com que os roteiristas dimensão de uma caçada. A hilariedade p
am em tirar de cada cena tudo o que se prazer que a cena de um abraço
eender dela. Por fim, o próprio esquema pretensamente proporcionar e adia a satis
igoso na medida em que estabelece uma o dia do pogrom. Na medida em que os
nteligível, por mais pobre que seja, onde animação fazem mais do que habituar os s
ável a falta de sentido. Muitas vezes se novo ritmo, eles inculcam em todas as
ldosamente à acção o desenvolvimento antiga verdade de que a condição de
rsonagens e o tema exigiam segundo o sociedade é o desgaste contínuo, o esmag
antigo. Ao invés disso, a nova etapa toda resistência individual. Assim com
é a ideia aparentemente mais eficaz que Donald nos cartoons, assim também os d
roteiristas para a situação dada. Uma na vida real recebem a sua sova par
estupidamente arquitectada irrompe na espectadores possam se acostumar com
ica. A tendência do produto a recorrer próprios recebem.
nte ao puro absurdo – um ingrediente O prazer com a violência inf
a arte popular, da farsa e da bufonaria personagem transforma-se em violência
eus primórdios até Chaplin e os irmãos espectador, a diversão em esforço. Ao olh
parece da maneira mais evidente nos do espectador nada deve escapar daqui
enos pretensiosos. Enquanto nos filmes de especialistas excogitaram como estímulo
son e Bette Davis a unidade do caso tem o direito de se mostrar estúpido
ológico ainda justifica a pretensão de uma esperteza do espectáculo; é preciso ac
ente, essa tendência impôs-se totalmente tudo e reagir com aquela presteza que o e
a novelty song, no filme policial e nos exibe e propaga. Deste modo, pode-se qu
Exactamente como os objectos dos a indústria cultural ainda preenche a
micos e de terror, o pensamento é ele distrair, de que ela se gaba tão estentoream
massacrado e despedaçado. As novelty maior parte das rádios e dos cinem
mpre viveram do desprezo pelo sentido fechados, provavelmente os consumid
que elas – como predecessoras e sentiriam tanta falta assim. O passo que l
da psicanálise – reduzem à monotonia da ao cinema não leva mais, em todo caso, ao
sexual. Os filmes policiais e de aventuras desde que a mera existência das instituiç
permitem ao espectador de hoje assistir à de obrigar à sua utilização, também deixo
esclarecimento. Mesmo nas produções uma ânsia tão grande assim de utilizá
destituídas de ironia, ele tem que se fechamento de rádios e cinemas não ser
com os sustos proporcionados por comparável a uma destruição reacci
recariamente interligadas. máquinas. Os frustrados não seriam tan
lmes de animação eram outrora expoentes quanto aqueles que sempre “pagam o
a contra o racionalismo. Eles faziam atrasados. A obscuridade do cinema ofere
s animais e coisas electrizados por sua de-casa, apesar dos filmes destinados a
massificado, é própria do sistema quanto o riso de terror, acompanha
que recusa a utilização de capacidades instante em que o medo passa. Ele
trata da eliminação da fome. liberação, seja do perigo físico, seja das
dústria cultural não cessa de lograr seus lógica. O riso da reconciliação é como qu
res quanto àquilo que está continuamente facto de ter escapado à potência, o riso m
ometer. A promissória Sobre o prazer, medo passando para o lado das instâ
lo enredo e pela encenação, é prorrogada inspiram temor. Ele é o eco da potência
mente: maldosamente, a promessa a que de inescapável. Fun19 é um banho medic
eduz o espectáculo significa que jamais indústria do prazer prescreve incessante
s à coisa mesma, que o convidado deve riso torna-se nela o meio fraudulento de
ar com a leitura do cardápio. Ao desejo, felicidade. Os instantes da felicidad
or nomes e imagens cheios de brilho, o conhecem, só as operetas e depois
m se serve é o simples encómio do representam o sexo com uma gargalhad
cinzento ao qual ele queria escapar. De Mas Baudelaire é tão sem humor como
as obras de arte tampouco consistiam em Na falsa sociedade, o riso atacou – c
sexuais. Todavia, apresentando a renúncia doença – a felicidade, arrastando-a para
de negativo, elas revogavam por assim totalidade dessa sociedade. Rir-se de algu
milhação da pulsão e salvavam aquilo a sempre ridicularizar, e a vida que, segund
unciara como algo mediatizado. Eis aí o rompe com o riso a consolidação dos cost
da sublimação estética: apresentar a verdade a vida que irrompe barbaramen
como uma promessa rompida. A indústria afirmação que ousa festejar numa ocasião
não sublima, mas reprime. Expondo liberação do escrúpulo. Um grupo de pess
nte o objecto do desejo, o busto no suéter uma paródia da humanidade. São môn
u do herói desportivo, ela apenas excita o uma das quais se entrega ao prazer de esta
liminar não sublimado que o hábito da a tudo às custas dos demais e com o re
há muito mutilou e reduziu ao maioria. Sua harmonia é a caric
mo. Não há nenhuma situação erótica que solidariedade. O diabólico no riso
à alusão e à excitação a indicação precisa justamente em que ele é forçosamente um
mais se deve chegar a esse ponto. O Hays até mesmo daquilo que há de m
nas confirma o ritual que a indústria reconciliação. O prazer, contudo, é rig
e qualquer modo já instaurou: o de severa verum gaudium20. A ideol
s obras de arte são ascéticas e sem pudor, conventos, segundo a qual não é a asce
cultural é pornográfica e puritana. Assim, acto sexual, que demonstra a renúnc
o amor ao romance, e, uma vez reduzido, felicidade alcançável, é confirmada nega
a é permitida, até mesmo a libertinagem pela seriedade do amante que,
a especialidade vendável em pequenas pressentimentos, atrela sua vida ao instan
om a marca comercial “daring”18. A A indústria cultural coloca a renúncia jovi
em série do objecto sexual produz da dor, que está presente na embriaguês
mente seu recalcamento. O astro do ascese. A lei suprema é que eles não
quem as mulheres devem se enamorar é nenhum preço atingir seu alvo, e é exactam
o, em sua ubiquidade, sua própria cópia. isso que eles devem, rindo, se satisfa
de tenor acaba por soar como um disco de espectáculo da indústria cultural vem mai
os rostos das moças texanas já se aplicar e demonstrar de maneira ine
ário. Contrariamente ao que se passa na entretenimento corrente: ele é estorv
l, a cultura industrializada pode se contrafacção de um sentido coerente que
anto quanto a cultura nacional-popular cultural teima em acrescentar a seus pro
no fascismo, a indignação com o que ela, ao mesmo tempo, abusa espertam
o; o que ela não pode se permitir é a um mero pretexto para a aparição d
da ameaça de castração. Pois esta Biografias e outras fábulas remendam os r
a sua própria essência. Essa ameaça absurdo de modo a constituir um enred
ao relaxamento organizado dos costumes, Não são os guizos da carapuça do buf
trata de homens uniformizados nos filmes põem a tilintar, mas o molho de chaves
duzidos para eles, e sobreviverá, por fim, capitalista, que mesmo na tela liga o
de. O que é decisivo, hoje, não é o projectos de expansão. Cada beijo no film
o, muito embora ela ainda se faça valer deve contribuir para a carreira do bo
ma das organizações femininas, mas a qualquer outro perito em sucessos cuj
e imanente ao sistema de não soltar o esteja sendo glorificada. O logro, pois, nã
r, de não lhe dar em nenhum momento o que a indústria cultural proponha diversõ
ento da possibilidade da resistência. O facto de que ela estraga o prazer
mpõe que todas as necessidades lhe sejam envolvimento de seu tino comercial n
as como podendo ser satisfeitas pela ideológicos da cultura em vias de se liq
ultural, mas, por outro lado, que essas mesma. A ética e o gosto podam a
es sejam de antemão organizadas de tal irrefreada como “ingénua” – a ingen
ele se veja nelas unicamente como um considerada tão grave quanto o intelectu
nsumidor, como objecto da indústria impõem restrições até mesmo à pote
ão somente ela lhe faz crer que o logro técnica. A indústria cultural está corrom
erece seria a satisfação, mas dá a entender não como uma Babilónia do pecado, e
o que ele teria, seja como for, de se catedral do divertimento de alto nível. Em
om o que lhe é oferecido. A fuga do seus níveis, de Hemingway a Emil Ludwi
, que a indústria cultural promete em Miniver ao Lone Ranger, de Toscani
us ramos, se passa do mesmo modo que o Lombardo, a inverdade é inerente a um e
moça numa folha humorística norte- foi recebido pronto da arte e da ciência. A
é o próprio pai que está segurando a cultural conserva o vestígio de algo m
escuro. A indústria cultural volta a traços que a aproximam do circo, na
omo paraíso o mesmo quotidiano. Tanto o obstinada e insensata dos cavaleiros, a
anto o elopement21 estão de antemão palhaços, na “defesa e justificação da art
a reconduzir ao ponto de partida. A em face da arte espiritual23”. Mas o
avorece a resignação, que nela quer se refúgios da arte circense que perdeu a alm
representa o humano contra o mecanismo
de toda restrição, o entretenimento não inexoravelmente descobertos por um
ra antítese da arte, mas o extremo que a planejadora, que obriga todas as coisas a
surdo tipo Mark Twain, que a indústria sua significação e eficácia. Ela faz com q
rte-americana às vezes se põe a namorar, sentido na base da escala desapa
gnificar um correctivo da arte. Quanto radicalmente quanto, no topo, o sentido da
o ela leva a contradição com a vida, tanto arte.
e parece com a seriedade da vida, seu A fusão actual da cultura e do entre
e se reduz agora ao fundo dourado limitação o todo. Divertir significa semp
por trás da realidade. Ela se compõe dos que pensar nisso, esquecer o sofrimento a
m os quais, em perfeito paralelismo com a onde ele é mostrado. A impotência é a s
amente se investem, no espectáculo, o base. É na verdade uma fuga, mas n
vilhoso, o engenheiro, a jovem dinâmica, afirma, uma fuga da realidade ruim, mas
e escrúpulos disfarçada de carácter, o ideia de resistência que essa realidade a
sportivo e, finalmente, os automóveis e subsistir. A liberação prometida pela div
mesmo quando o entretenimento não é liberação do pensamento como ne
conta de publicidade de seu produtor descaramento da pergunta retórica: “Ma
mas na conta do sistema como um todo. A que as pessoas querem?” consiste em di
e alinha ela própria entre os ideais, ela pessoas como sujeitos pensantes, quando
gar dos bens superiores, que ela expulsa específica é desacostumá-las da subj
te das massas, repetindo-os de uma Mesmo quando o público se rebela
ainda mais estereotipada do que os indústria cultural, essa rebelião é o result
ublicitários pagos por firmas privadas. A do desamparo para o qual ela própria
de, forma subjectivamente limitada da Todavia, tornou-se cada vez mais difícil p
oi sempre mais submissa aos senhores pessoas a colaborar. O progresso da est
o que ela desconfiava. A indústria cultural não pode ficar atrás do simultâneo pro
-a numa mentira patente. A única inteligência. Na era da estatística, as ma
que ela ainda produz é a de uma lenga- muito escaldadas para se identificar
as pessoas toleram nos best-sellers milionário na tela, mas muito embrutecid
nos filmes psicológicos e nos women’s desviar um milímetro sequer da lei d
como um ingrediente ao mesmo tempo número. A ideologia se esconde no c
gradável, para que possam dominar com probabilidade. A felicidade não deve ch
rança na vida real seus próprios impulsos todos, mas para quem tira a sorte, ou me
Neste sentido, a diversão realiza a quem é designado por uma potência sup
o das paixões que Aristóteles já atribuía à maioria das vezes a própria indústria do p
agora Mortimer Adler ao filme. Assim é incessantemente apresentada como es
rreu com o estilo, a indústria cultural busca dessa pessoa. As personagens d
verdade sobre a catarse. pelos caçadores de talentos e depois lan
to mais firmes se tornam as posições da grande escala pelos estúdios são tipos idea
cultural, mais sumariamente ela pode classe média dependente. A starlet deve
com as necessidades dos consumidores, a empregada de escritório, mas de tal
o-as, dirigindo-as, disciplinando-as e, diferentemente da verdadeira, o grande
uspendendo a diversão: nenhuma barreira noite já parece talhado para ela. Assim, el
contra o progresso cultural. Mas essa a espectadora, não apenas a possibi
já é imanente ao próprio princípio da também vir a se mostrar na tela, mas a
nquanto princípio burguês esclarecido. Se enfaticamente a distância entre elas. Só
ade de diversão foi em larga medida tirar a sorte grande, só um pode se tornar
pela indústria, que às massas mesmo se todos têm a mesma probabilid
va a obra por seu tema, a oleogravura para cada um tão mínima que é melhor
a representada e, inversamente, o pudim vez e regozijar-se com a felicidade do
a imagem do pudim, foi sempre possível poderia ser ele próprio e que, no entanto
mo ser genérico. Cada um é tão-somente feliz ganhador do concurso organizado p
diante o que pode substituir todos os – de preferência uma dactilógr
e é fungível, um mero exemplar. Ele provavelmente ganhou o concurso graç
nquanto indivíduo, é o absolutamente relações com as sumidades locais – re
l, o puro nada, e é isso mesmo que ele impotência de todos. Eles não passam
rceber quando perde com o tempo a simples material, a tal ponto que os qu
a. É assim que se modifica a estrutura deles podem elevar um deles aos céus p
religião do sucesso, à qual, aliás, as jogá-lo fora: que ele fique mofando
rmanecem tão rigidamente agarradas. O direitos e seu trabalho. A indústria só s
per aspera ad astra26, que pressupõe a pelos homens como clientes e emprega
o esforço, é substituído cada vez mais pela facto, reduziu a humanidade inteira, bem
A parte do acaso cego que intervém na um de seus elementos, a essa fórmula
ineira da canção que se presta ao sucesso, Conforme o aspecto determinante em ca
te apta ao papel da heroína, é decantada ideologia dá ênfase ao planejamento ou a
ogia. Os filmes dão ênfase ao acaso. técnica ou à vida, à civilização ou à
seus personagens, com excepção do Enquanto empregados, eles são lemb
ma igualdade essencial, ao ponto de excluir organização racional e exortados a se in
mias rebeldes como, por exemplo, como com bom-senso. Enquanto clientes, verão
Greta Garbo, as que não parecem que se e a imprensa demonstrar-lhes, com
dar com um familiar “Hello sister”27 acontecimentos da vida privada das p
a princípio, é verdade, a vida do liberdade de escolha, que é o en
. Assegura-se a eles que absolutamente incompreendido. Objectos é que continu
sam ser diferentes do que são e que em ambos os casos.
ter o mesmo sucesso sem exigir deles Quanto menos promessas a indústr
e se sabem incapazes. Mas, ao mesmo tem a fazer, quanto menos ela consegu
se a entender a eles que o esforço também explicação da vida como algo dotado d
a para nada, porque a felicidade burguesa mais vazia torna-se necessariamente a ide
mais nenhuma ligação com o efeito ela difunde. Mesmo os ideais abst
de seu próprio trabalho. No fundo, todos harmonia e da bondade da sociedade são
m o acaso, através do qual um indivíduo concretos na era da propaganda universa
orte, como o outro lado do planejamento. abstracções são justamente o que apre
nte porque as forças da sociedade já se identificar como propaganda. A lingu
eram no caminho da racionalidade, a tal apela apenas à verdade desperta tão-s
e qualquer um poderia tornar-se um impaciência de chegar logo ao objectivo
ou um manager, que se tornou que ela na realidade persegue. A palavra
te irracional a escolha da pessoa em que a simples meio para algum fim parece de
deve investir uma formação prévia ou a sentido, e as outras parecem simpl
para o exercício dessas funções. O acaso e inverdade. Os juízos de valor são perc
ento tornam-se idênticos porque, em face como publicidade ou como conversa
ade dos homens, a felicidade e a ideologia assim reduzida a um discurs
e do indivíduo – da base ao topo da descompromissado nem por isso se t
– perde toda significação económica. O transparente e, tampouco, mais fraca. J
aso é planejado; não no sentido de atingir sua vagueza, a aversão quase científica a f
ente monótona e a mentira nua e crua tenham parado. É isso que fortalece a imu
u sentido, que não chega a ser proferida, é das situações. Os campos de trigo que o
mas, apenas sugerida, e inculcada nas vento ao final do filme de Chaplin so
ara demonstrar a divindade do real, a desmentem o discurso antifascista da liber
ultural limita-se a repeti-lo cinicamente. se assemelham às melenas louras da mo
a foto lógica como essa, na verdade, não é que a Ufa fotografou em sua vida ao ar
mas é avassaladora. Quem ainda duvida do vento do verão. É justamente porque o m
a monotonia não passa de um tolo. A de dominação social a vê como a antítese
ultural derruba a objecção que lhe é feita sociedade que a natureza se vê integrada à
mesma facilidade com que derruba a incurável e, assim, malbaratada. As
ao mundo que ela duplica com reiterando que as árvores são verdes, qu
dade. Só há duas opções: participar ou azul e as nuvens derivam ao vento tor
Os provincianos que invocam a beleza critpogramas para chaminés de fábricas e
correm ao teatro amador contra o cinema gasolina. Inversamente, as rodas e as
á chegaram, politicamente, ao ponto para máquinas têm que reluzir expres
ultura de massas ainda está empurrando degradadas que foram a suportes dessa
ntes. Ela está bastante acerada para, árvores e das nuvens. Assim a natureza e
a necessidade, escarnecer ou se valer são mobilizadas contra o mofo, contra a
mente dos velhos sonhos eles próprios, falsificada da sociedade liberal, na qual, s
ate do ideal paterno quer do sentimento diz, as pessoas se fechavam em quartos
A nova ideologia tem por objecto o mundo revestidos de pelúcia, ao invés de praticar
tal. Ela recorre ao culto do facto, costume hoje em dia, um naturismo asse
se a elevar – graças a uma representação na qual sofriam panes em modelos ante
quanto possível – a existência ruim ao da Benz, ao invés de se mandar com a vel
factos. Essa transferência converte a um foguete do lugar em que se está, de
istência num sucedâneo do sentido e do outra maneira, para outro lugar exactam
elo é tudo que a câmara reproduza. A O triunfo das corporações gigantescas so
da esperança de ganhar a viagem em torno iniciativa empresarial é decantada pela
corresponde a exactidão as regiões que se cultural como eternidade da livre
am durante a viagem. O que se oferece empresarial. O inimigo que se combate é
lia, mas a prova visível de sua existência. que já está derrotado, o sujeito pe
pode se permitir mostrar Paris, onde a ressurreição do anti-filistino Hans Sonnen
orte-americana pensa realizar suas Alemanha e o prazer proporcionado por
como uma paisagem erma e desolada, a Father têm o mesmo sentido.
purrá-la ainda mais inexoravelmente para Há uma coisa, porém, a propósito
e vivo compatriota, que ela poderia ter ideologia oca não admite brincadeiras: a p
em casa. Que tudo isso continue, que o social. “Ninguém deve sentir fome e f
mesmo em sua fase mais recente – sentir vai para o campo de concentra
a vida daqueles que o constituem, ao pilhéria da Alemanha hitlerista poderi
liminá-los logo, é mais uma razão para brilhar como uma máxima sobre todos os
conheça seu sentido e seu mérito. O indústria cultural. Ela pressupõe co
cto de continuar a existir e continuar a ingenuidade o estado que caracteriza a
verte-se em justificação da permanência mais recente: o facto de que ela sabe m
dos estão, via de regra, ligados a uma – coloca sob controle social o últim
e de conformismo às normas enseja privado, justamente na medida em
a ilusão de que os conhecimentos aparentemente torna imediatas, repriv
dos são os únicos que contam. Na relações dos homens na produção. Esta
az parte do planejamento irracional dessa “assistência aos flagelados” espiritual l
reproduzir sofrivelmente tão-somente as sombra conciliatória sobre os produtos au
seus fiéis. A escala do padrão de vida da indústria cultural muito antes que es
e com bastante exactidão à ligação saia da fábrica e se estenda sobre toda a
classes e dos indivíduos com o sistema. Mas os grandes ajudantes e benfe
onfiar no manager, e confiável também é humanidade, cujos feitos científicos tê
empregado, Dagwood, tal como este vive apresentados pelos escritores como
humorística e na realidade. Quem tem frio compaixão, a fim de extrair deles u
bretudo quando já teve boas perspectivas, interesse humano, funcionam como lug
do. Ele é um outsider e, abstracção feita dos chefes das nações, e estes acabam por
rimes capitais, a culpa mais grave é a de eliminação da compaixão e sabem pre
sider. Nos filmes, ele será no melhor dos contágio depois de exterminado o último p
indivíduo original, objecto de um Essa insistência sobre a bondade é
o maldosamente indulgente. Na maioria pela qual a sociedade confessa o sofrimen
será o vilão, identificado como tal desde causa: todos sabem que não podem m
ra aparição, muito antes que a acção tenha sistema, ajudar-se a si mesmos, e é i
olvido o suficiente para não dar margem ideologia deve levar em conta. Muito
e acreditar, ainda que por um instante simplesmente encobrir o sofrimento sob
e a sociedade se volta contra as pessoas uma camaradagem improvisada, a indústr
ontade. De facto, o que se desenvolve põe toda a honra da firma em encará-lo
e é uma espécie de Estado de bem-estar nos olhos e admiti-lo com uma fleuma
grande escala. Para afirmar sua própria manter. O patos da frieza de ânimo
s pessoas conservam em movimento a mundo que a torna necessária. Assim é
na qual, graças à técnica extremamente dura, mas por isso mesmo tão maravi
da, as massas do próprio país já são, em sadia. A mentira não recua diante do tr
supérfluas enquanto produtoras. Os mesmo modo que a sociedade total não
res, que são na verdade aqueles que sofrimento de seus membros, mas registra
a alimentação dos demais, são assim também a cultura de massas fa
s, como quer a ilusão ideológica, pelos trágico. Eis por que ela teima e
onómicos, que são na verdade os empréstimos à arte. A arte fornece a
s. A posição do indivíduo torna-se assim trágica que a pura diversão não pode por s
No liberalismo, o pobre era tido como mas da qual ela precisa, se quiser se man
, hoje ele é automaticamente suspeito. O uma ou de outra maneira ao princípio da r
uem não é objecto da assistência externa exacta do fenómeno. O trágico, transfo
m é o campo de concentração, ou pelo um aspecto calculado e aceito do mund
nferno do trabalho mais humilde e dos uma bênção para ele. Ele nos protege da
indústria cultural, porém, reflecte a não sermos muito escrupulosos com a
positiva e negativa dispensada aos quando de facto nos apropriamos dela c
dos como a solidariedade imediata dos pesar. Ele torna interessante a ins
ente é impregnada com o sofrimento situações desesperadas que estão sempre a
Ela assume o aspecto do destino. O os espectadores em seu dia-a-dia tornam-
eduzido à ameaça da destruição de quem sabe como, a promessa de que é possível c
ra, ao passo que seu sentido paradoxal viver. Basta se dar conta de sua própria
outrora numa resistência desesperada à subscrever a derrota – e já estamos inte
ítica. O destino trágico converte-se na sociedade é uma sociedade de desespera
sta, na qual a estética burguesa sempre isso mesmo, a presa de bandidos. Em a
nsformá-la. A moral da cultura de massas mais significativos romances do pré-fascis
degradada dos livros infantis de ontem. Berlin Alexanderplatz29 e Kleiner M
or exemplo, nas produções de melhor nun?30, essa tendência manifesta
o vilão aparece revestido dos trajes da drasticamente como na média dos fil
que, num estudo de pretensa exactidão técnica do jazz. No fundo, neles todos s
nta enganar sua adversária mais ajustada homem que escarnece de si mesmo. A po
ar sua felicidade, encontrando aí ela de tornar-se sujeito económico, um empr
a morte bem pouco teatral. Mas as coisas proprietário, está completamente liqu
am de maneira tão científica no topo da empresas autónomas (incluindo-se aí
is abaixo, nas produções de menor custo, humildes lojinhas), cuja direcção e tr
eciso recorrer à psicologia social para hereditária constituíam a base da família
s garras ao trágico. Assim como toda da posição de seu chefe, caíram numa de
enense digna desse nome deve encontrar sem perspectivas. Todos tornaram-se emp
rágico no segundo acto, deixando para o na civilização dos empregados, desa
nicamente a tarefa de desfazer os mal- dignidade (aliás duvidosa) do pai. O comp
, assim também a indústria cultural do indivíduo com relação ao crime org
para o trágico um lugar fixo na rotina. A seja nos negócios, na profissão ou no pa
xistência de uma receita conhecida é antes ou depois da admissão – a gestic
para apaziguar o medo de que o trágico Führer diante da massa, do homem e
apar ao controle. A fórmula dramática diante da mulher cortejada, assume
ma vez por uma dona-de-casa como peculiarmente masoquistas. A postura que
to trouble and out again”28 abrange toda forçados a assumir, para comprovar cont
de massas desde o mais cretino women’s sua aptidão moral a integrar essa soci
obra mais bem executada. Mesmo o pior lembrar aqueles rapazinhos que, ao serem
que tinha outrora um objectivo mais alto, na tribo sob as pancadas dos sacerdotes,
a confirmação da ordem e uma corrupção em círculos com um sorriso estereot
, seja porque a amante que infringe as lábios. A vida no capitalismo tardio é um
s da moral paga com a morte seus breves rito de iniciação. Todos têm que mostr
licidade, seja porque o final infeliz do identificam integralmente com o poder de
a mais clara a impossibilidade de destruir cessam de receber pancadas. Eis aí,
l. O cinema torna-se efectivamente uma princípio do jazz, a síncope, que ao mes
de aperfeiçoamento moral. As massas zomba do tropeção e erige-o em norma.
adas por uma vida submetida à coerção eunuco do crooner a cantar no rádio, o ga
a, e cujo único sinal de civilização são que, ao cortejar a herdeira, cai dentro,
mentos inculcados à força e deixando vestido de smoking, são modelos para
er sempre sua fúria e rebeldia latentes, que devem se transformar naquilo que
nto em face de um inimigo poderoso, de sim meras encruzilhadas das tendê
ersidade sublime, de um problema universal, que é possível reintegrá-los tota
”31. Hoje, o trágico dissolveu-se neste universalidade. A cultura de massas reve
é a falsa identidade da sociedade e do carácter fictício que a forma do indivíd
ujo horror ainda se pode divisar exibiu na era da burguesia, e seu úni
nte na aparência nula do trágico. Mas o vangloriar-se por essa duvidosa harm
integração, o permanente acto de graça universal e do particular. O prin
ade em acolher o desamparado, forçado a individualidade estava cheio de contradiç
ua renitência, tudo isso significa o o início. Por um lado, a individuação jam
Ele já se deixa entrever no sentimento a se realizar de facto. O carácter de
o onde Döblin encontra um refúgio para autoconservação fixava cada um no estági
agem Biberkopf, assim como nos filmes ser genérico. Todo personagem burguês
ca social. A própria capacidade de apesar de seu desvio e graças justamen
refúgios e subterfúgios, de sobreviver à mesma coisa: a dureza da sociedade com
na, com que o trágico é superado, é uma indivíduo, sobre o qual a sociedade se
própria da nova geração. Eles são aptos trazia em si mesmo sua mácula; em su
quer trabalho porque o processo de liberdade, ele era o produto de sua ap
ão os liga a nenhum em particular. Isso económica e social. O poder recorria às r
arácter tristemente amoldável do soldado poder dominantes quando solicitava o
ma de uma guerra que não lhe dizia pessoas a elas submetidas. Ao mesmo
u do trabalhador que vive de biscates e sociedade burguesa também desenvolve
ntrando em ligas e organizações processo, o indivíduo. Contra a vontad
es. A liquidação do trágico confirma a senhores, a técnica transformou os h
do indivíduo. crianças em pessoas. Mas cada u
ndústria, o indivíduo é ilusório não apenas progressos da individuação se fez à
da padronização do modo de produção. individualidade em cujo nome tinha lug
olerado na medida em que sua identidade nada sobrou senão a decisão de perseguir
nal com o universal está fora de questão. fins privados. O burguês cuja vida se div
visação padronizada no jazz até os tipos negócio e a vida privada, cuja vida privad
o cinema, que têm de deixar a franja cair entre a esfera da representação e a intimi
hos para serem reconhecidos como tais, o intimidade se divide entre a comunid
ina é a pseudo-individualidade. O humorada do casamento e o amargo conso
reduz-se à capacidade do universal de completamente sozinho, rompido consi
o integralmente o contingente que ele todos, já é virtualmente o nazista que
conservado como o mesmo. Assim, por tempo se deixa entusiasmar e se põe a pra
o ar de obstinada reserva ou a postura o habitante das grandes cidades de hoje, q
do indivíduo exibido numa cena conceber a amizade como social contac
da é algo que se produz em série contacto social de pessoas que não
te como as fechaduras Yale, que só por intimamente. É só por isso que a indústr
e milímetros se distinguem umas das pode maltratar com tanto sucesso a indivi
particularidades do eu são mercadorias porque nela sempre se reproduziu a frag
adas e socialmente condicionadas, que se sociedade. Nos rostos dos heróis do cine
sar por algo de natural. Elas se reduzem pessoas privadas, confeccionados segundo
peare, já se descobrira que a unidade da que, hoje, ele se declara deliberadamente c
ade não passa de uma aparência. Hoje, as é o facto de que a arte renega su
s produzidas sinteticamente mostram que autonomia, incluindo-se orgulhosamente
eceu até mesmo de que já houve uma bens de consumo, que lhe confere o e
vida humana. Ao longo dos séculos, a novidade. A arte como um domínio separ
se preparou para Victor Mature e Mickey possível, em todos os tempos, como arte
ua obra de dissolução é ao mesmo tempo Até mesmo sua liberdade, entendida com
ação. da finalidade social, tal como esta se imp
roificação do indivíduo mediano faz parte do mercado, permanece essencialmente
do barato. As estrelas mais bem pagas pressuposto da economia de mercado.
m-se a reclames publicitários para artigos obras de arte, que negam o carácter me
não especificada. Não é à toa que são sociedade pelo simples facto de segu
muitas vezes entre os modelos própria lei, sempre foram ao mesm
. O gosto dominante toma seu ideal da mercadorias: até o século dezoito, a pro
e, da beleza utilitária. Assim a frase de patronos preservava os artistas do mercad
egundo a qual o belo é o útil, acabou por compensação, eles ficavam nesta mesm
r de maneira irónica. O cinema faz submetidos a seus patronos e aos objectiv
a do truste cultural enquanto totalidade; A falta de finalidade da grande obra de art
s mercadorias em função das quais se cria vive do anonimato do mercado. As dem
nio cultural também são recomendadas mercado passam por tantas mediações qu
mente. Por cinquenta centavos vê-se o escapa a exigências determinadas, mas
milhões de dólares; por dez recebe-se a medida apenas, é verdade, pois ao longo
mascar por trás da qual se encontra toda a história burguesa esteve sempre associ
mundo e cuja venda serve para que esta autonomia, enquanto autonomia m
nda mais. In absentia, estando todos tolerada, um aspecto de inverdade que aca
os, investigam-se as finanças dos desenvolver no sentido de uma liquidação
sem que se tolere, todavia, a prostituição arte. O Beethoven mortalmente doente,
do país. As “melhores orquestras” (que longe um romance de Walter Scott com
) são entregues grátis a domicílio. Tudo “Este sujeito escreve para ganhar dinhei
paródia do país de Cocanha, assim como ao mesmo tempo, se mostra na explo
dade da nação” (Volksgemeinschaft)33 é últimos quartetos – a mais extremada
dia da comunidade humana. Todos são mercado – como um negociante
e alguma coisa. A constatação de um experimentado e obstinado, fornece o exe
provinciano do velho Monopoltheater de grandioso da unidade dos contrários, m
espantoso o que se oferece pelo preço de autonomia, na arte burguesa. Os que su
da!” há muito foi retomada pela indústria ideologia são exactamente os que o
transformada na substância da própria contradição, em vez de acolhê-la na cons
Esta não apenas se acompanha sempre do sua própria produção, como Beetho
nsistindo no simples facto de ser possível, exprimiu musicalmente a cólera pelo vinté
arga medida esse próprio triunfo. “Show” e derivou das reclamações da senhoria
mostrar a todos o que se tem e o que se pagamento do aluguel aquele metafísico
hoje, ele ainda é uma feira, só que Sein” (“Tem que ser”), que tenta
mente atingido pelo mal da cultura. Assim esteticamente as limitações impostas pelo
anto é abolido pela subsunção à utilidade. dela. Ao integrar todos os produtos cu
do-se totalmente à necessidade, a obra de esfera das mercadorias, o rádio renuncia
da de antemão os homens justamente da a vender como mercadorias seus próprio
do princípio da utilidade, liberação essa culturais. Nos Estados Unidos, ele n
incumbia realizar. O que se poderia nenhuma taxa do público. Deste modo, el
e valor de uso na recepção dos bens forma de uma autoridade desinteressada,
substituído pelo valor de troca; ao invés partidos, que é como que talhada sob med
, o que se busca é assistir e estar fascismo. O rádio torna-se aí a voz un
o que se quer é conquistar prestígio e Führer; nos alto-falantes de rua, su
nar um conhecedor. O consumidor torna- transforma no uivo das sirenes anunciando
ogia da indústria da diversão, de cujas das quais, aliás, a propaganda moderna é
s não consegue escapar. E preciso ver se distinguir. Os próprios nacional-
ver, do mesmo modo que é preciso assinar sabiam que o rádio dera forma à sua
Life e Time. Tudo é percebido do ponto mesmo modo que a imprensa fizera para a
a possibilidade de servir para outra coisa, O carisma metafísico do Führer, inven
vaga que seja a percepção dessa coisa. sociologia da religião, acabou por se reve
m valor na medida em que se pode trocá- simples omnipresença de seus
medida em que é algo em si mesmo. O radiofónicos, que são uma paródia dem
o da arte, seu ser, é considerado como um omnipresença do espírito divino. O facto
o fetiche, a avaliação social que é de que o discurso penetra em toda parte su
nte entendida como hierarquia das obras conteúdo, assim como o favor que nos faz
torna-se seu único valor de uso, a única transmissão do concerto de Toscanini tom
que elas desfrutam. E assim que o de seu conteúdo, a sinfonia. Nenhum
ercantil da arte se desfaz ao se realizar consegue mais apreender seu verdadeir
ente. Ela é um género de mercadorias, enquanto o discurso do Führer é, de qualq
, computadas, assimiladas à produção a mentira. Colocar a palavra humana com
compráveis e fungíveis, mas a arte como absoluto, como um falso imperativo, é a
de mercadorias, que vivia de ser vendida imanente do rádio. A recomendação tran
anto, de ser invendível, torna-se algo em um comando. A apologia das m
ente invendível, tão logo o negócio deixa sempre as mesmas sob diversas marcas, o
ramente sua intenção e passa a ser seu laxante, cientificamente fundamentado
incípio. O concerto de Toscanini adocicada do locutor entre as aberturas d
o pelo rádio é, de certa maneira, e de Rienzi, tornaram-se, já por sua
. É de graça que o escutamos, e cada nota insuportáveis. Um belo dia, a propaganda
a é como que acompanhada de um específicas, isto é, o decreto da produção
mercial anunciando que a sinfonia não é na aparência da possibilidade de esco
da por comerciais -”this concert is acabar se transformando no comando
o you as public service”34. A ilusão Führer. Numa sociedade dominada pelo
indirectamente através do lucro de todos bandidos fascistas, que se puseram de ac
ntes de automóveis e sabão reunidos, que a parte do produto social a ser des
as estações, e naturalmente através do primeiras necessidades do povo, parece
e vendas da indústria eléctrica que produz anacrónico convidar ao uso de um de
os de recepção. O rádio, esse retardatário sabão em pó. O Führer ordena de man
dos bens culturais não introduz as massas do rádio. Eles já tendem para o commerc
e que eram antes excluídas, mas serve, ao A televisão anuncia uma evolução qu
nas condições sociais existentes, facilmente forçar os irmãos Warner a
para a decadência da cultura e para o posição, certamente incómoda para
da incoerência bárbara. Quem, no século produtores de um teatro doméstic
ou no início do século vinte, conservadores culturais. Mas o sistema d
ava uma certa quantia para ver uma peça já se sedimentou no comportam
para assistir a um concerto dispensava ao consumidores. Na medida em que a
o pelo menos tanto respeito quanto ao apresenta como um brinde, cujas vantagen
asto. O burguês que pretendesse auferir e sociais no entanto estão fora de qu
antagem com isso podia eventualmente recepção converte-se no aproveitamento d
um contacto com a obra. As introduções Os consumidores se esforçam por medo
s musicais de Wagner, por exemplo, e os alguma coisa. O quê – não está claro, d
os do Fausto dão testemunho disso. São modo só tem chance quem não se
servem de transição para a embalagem fascismo, porém, espera reorganizar os re
e outras práticas a que se submetem de dádivas, treinados pela indústria cu
e as obras de arte. Mesmo na flor da batalhões regulares de sua clientela compu
negócios, o valor de troca não arrastou o A cultura é uma mercadoria para
so como um mero apêndice, mas também está tão completamente submetida à lei da
lveu como o pressuposto de sua própria não é mais trocada. Ela se confunde tão
e isso foi socialmente vantajoso para as com o uso que não se pode mais usá-la.
rte. A arte manteve o burguês dentro de que ela se funde com a publicidade. Qu
tes enquanto foi cara. Mas isso acabou. destituída de sentido esta parece ser no
midade ilimitada, não mais mediatizada monopólio, mais todo-poderosa ela se
iro, às pessoas expostas a ela consuma a motivos são marcadamente económico
e assimila um ao outro sob o signo de uma maior é a certeza de que se poderia vive
reificação. Na indústria cultural, essa indústria cultural, maior a saturação
m tanto a crítica quanto o respeito: a que ela não pode deixar de produzir
ransforma-se na produção mecânica de consumidores. Por si só ela não conse
iciais, o segundo é herdado pelo culto muito contra essa tendência. A publicid
ado da personalidade. Para os elixir da vida. Mas como seu prod
res nada mais é caro. Ao mesmo tempo, incessantemente o prazer que prom
es desconfiam que, quanto menos custa mercadoria a uma simples promessa, ele
, menos ela lhes é dada de presente. A coincidir com a publicidade de que preci
confiança contra a cultura tradicional intragável. Na sociedade concorr
deologia mescla-se à desconfiança contra publicidade tinha por função orientar o
a industrializada enquanto fraude. pelo mercado, ela facilitava a escolha e po
adas em simples brindes, as obras de arte ao fornecedor desconhecido e mais
s são secretamente recusadas pelos colocar sua mercadoria. Não apenas nã
dos juntamente com as bugigangas a que tempo de trabalho, mas também econo
ladas pelos meios de comunicação. Os Hoje, quando o mercado livre vai aca
es devem se alegrar com o facto de que donos do sistema se entrincheiram
oisas a ver e a ouvir. A rigor pode-se ter consolida os grilhões que encad
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hos económicos que controlam, no Estado sintética e dirigida de seus produtos, que é
a criação e a gestão das empresas. A não apenas no estúdio – cinematográ
e é hoje em dia um princípio negativo, também (pelo menos virtualmente) na c
itivo de bloqueio: tudo aquilo que não das biografias baratas, romances-repo
sinete é economicamente suspeito. A canções de sucesso, já estão adaptados de
e universal não é absolutamente publicidade: na medida em que cada el
para que as pessoas conheçam os tipos de torna separável, fungível e também tec
a, aos quais a oferta de qualquer modo alienado à totalidade significativa, ele s
da. Só indirectamente ela serve à venda. finalidades exteriores à obra. O efeito,
o de uma prática publicitária corrente por cada desempenho isolado e receptível fora
a particular significa uma perda de cúmplices da exibição de mercadorias
na verdade uma infracção da disciplina publicitários, e actualmente todo close de
ue dominante impõe aos seus. Durante a de cinema serve de publicidade de seu n
ontinua-se a fazer publicidade de sucesso tornou-se um plug36 de sua melo
as que já não podem mais ser fornecidas, técnica quanto economicamente, a publi
co fim de exibir o poderio industrial. Mais indústria cultural se confundem. Tanto lá
do que a repetição do nome, então, é a mesma coisa aparece em inúmeros lug
dos meios ideológicos. Na medida em repetição mecânica do mesmo produto cul
ssão do sistema obrigou todo produto a repetição do mesmo slogan propagand
técnica da publicidade, esta invadiu o como cá, sob o imperativo da eficácia,
“estilo”, da indústria cultural. Sua vitória converte-se em psicotécnica, em proced
pleta que ela sequer precisa ficar explícita manipulação das pessoas. Lá como cá,
ões decisivas: os edifícios monumentais normas do surpreendente e no entanto fa
s firmas, publicidade petrificada sob a luz fácil e no entanto marcante, do sofistic
tes, estão livres de reclames publicitários entanto simples. O que importa é subjuga
no melhor dos casos em suas ameias, que se imagina como distraído ou relutant
lapidarmente e dispensadas do auto- Pela linguagem que fala, ele próp
niciais da firma. Ao contrário, os prédios contribuição ao carácter publicitário da cu
evivem do século dezanove e cuja quanto mais completamente a linguagem
a ainda revela vergonhosamente a na comunicação, quanto mais as pa
como bem de consumo, ou seja, sua convertem de veículos substanciais do s
habitacional, estão recobertos do andar em signos destituídos de qualidade, quan
elhado de painéis e anúncios luminosos; a pureza e a transparência com que transm
torna-se um mero pano de fundo para se quer dizer, mais impenetráveis elas se
logotipos. A publicidade converte-se na desmitologização da linguagem, enquanto
e simplesmente, com a qual Goebbels do processo total de esclarecimento, é um
-a premonitoriamente, l’art pour l’art, na magia. Distintos e inseparáveis, a p
e de si mesma, pura representação do conteúdo estavam associados um
cial. Nas mais importantes revistas norte- Conceitos como melancolia, história e m
s, Life e Fortune, o olhar fugidio mal pode eram reconhecidos na palavra que os d
o texto e a imagem publicitários do texto conservava. Sua forma constituía-os e,
da parte redacional. Assim, por exemplo, tempo, reflectia-os. A decisão de separ
é a reportagem ilustrada, que descreve literal como contingente e a correlaçã
i-lo como instância de um aspecto experiência que seus elementos adqui
e tudo o mais, desligado da expressão forma popular. A difusão das popular so
xiste mais) pela busca compulsiva de uma de um só golpe. A expressão norte-
clareza, se atrofia também na realidade. “fad”37, usada para se referir a modas q
squerda no futebol, o camisa-negra, o como epidemias (isto é, que são lan
a Juventude Hitlerista etc. nada mais são potências económicas altamente concen
nome que os designa. Se, antes de sua designava o fenómeno muito tempo ant
ção, a palavra permitira não só a chefes totalitários da publicidade impu
mas também a mentira, a palavra linhas gerais da cultura. Se os fascista
da transformou-se em uma camisa de lançam um dia pelo alto-falante uma pal
a nostalgia, muito mais do que para “insuportável”, no dia seguinte o povo int
cegueira e o mutismo dos factos a que o dizendo “insuportável”. Foi segundo
o reduziu o mundo estendem-se à própria esquema que as nações visadas pelo
, que se limita ao registro desses dados. (guerra-relâmpago) alemão acolheram e
s próprias designações se tornam em seu jargão. A repetição universal d
veis, elas adquirem uma contundência, designando as decisões tomadas torna-as
de adesão e repulsão que as assimila a seu dizer familiares, do mesmo modo que, na
oposto, as fórmulas de encantamento mercado livre, a divulgação do nome
as voltam a operar como uma espécie de mercadoria fazia aumentar sua venda. A
ões, seja para compor o nome da diva no cega e rapidamente difundida de
m base na experiência estatística, seja designadas liga a publicidade à palavra
r o anátema sobre o governo voltado para totalitária. O tipo de experiência que per
ar social recorrendo a nomes tabus como as palavras ligando-as às pessoas
s” e “intelectuais”, seja acobertando a pronunciavam foi esvaziado, e a pronta a
m o nome da Pátria. Sobretudo o nome, das palavras faz com que a linguage
magia se prende de preferência, está aquela frieza que era própria dela a
actualmente por uma alteração química. cartazes e na parte de anúncios do
se transformando em designações Inúmeras pessoas usam palavras e locuçõe
e manejáveis, cuja eficácia se pode agora, ou não compreendem mais de todo, ou
calcular, mas que por isso mesmo se segundo seu valor behaviorista, assim com
despótica como em sua forma arcaica. Os comerciais, que acabam por aderir t
que são resíduos arcaicos, foram compulsivamente a seus objectos, quanto
dos: ou bem mediante uma estilização sentido linguístico é captado. O m
nsformou em marcas publicitárias – para Instrução Pública (Volksauf kliirung) fala
do cinema, os sobrenomes também são dinâmicas sem saber do que se trata, e o
– ou bem mediante uma padronização musicais falam sem cessar em rêverie e r
Em compensação, parece antiquado o e baseiam sua popularidade justamente na
uês, o nome de família, que, ao contrário incompreensível considerado como frém
s comerciais, individualiza o portador uma vida superior. Outros estereótip
do-o à sua própria história. Ele desperta memory, ainda são de certa maneira comp
americanos um estranho embaraço. Para mas escapam à experiência que poderia lh
a incómoda distância entre indivíduos sentido. Eles se inserem como en
s, eles se chamam de Bob e Harry, como linguagem falada. Na rádio alemã de
ftleiter alemão vê as palavras alemãs se
o sub-repticiamente sob a sua pena em
strangeiras. É possível distinguir em cada
é que ponto ela foi desfigurada pela
de nacional” (Volksgemeinschaft)
ssa linguagem, é verdade, acabou por se
versal, totalitária. Não se consegue mais
as palavras a violência que elas sofrem. O
rádio não precisa mais falar de maneira
Aliás, ele seria esquisito, caso sua
se distinguisse da entonação de seu
vinte. Em compensação, a linguagem e os
s ouvintes e espectadores, até mesmo
uanças que nenhum método experimental
captar até agora, estão impregnados mais
do que nunca pelos esquemas da
ultural. Hoje, a indústria cultural assumiu
civilizatória da democracia de pioneiros e
s, que tampouco desenvolvera uma
entido para os desvios espirituais. Todos
para dançar e para se divertir, do mesmo
e, desde a neutralização histórica da
o livres para entrar em qualquer uma das
seitas. Mas a liberdade de escolha da
que reflecte sempre a coerção económica,
m todos os sectores como a liberdade de
que é sempre a mesma coisa. A maneira
uma jovem aceita e se desincumbe do
gatório, a entonação no telefone e na mais
ituação, a escolha das palavras na
e até mesmo a vida interior organizada
s conceitos classificatórios da psicologia
ulgarizada, tudo isso atesta a tentativa de
si mesmo um aparelho eficiente e que
a, mesmo nos mais profundos impulsos
ao modelo apresentado pela indústria
s mais íntimas reacções das pessoas estão
etamente reificadas para elas próprias que
algo peculiar a elas só perdura na mais
bstracção: personality significa para elas
mais do que possuir dentes
ntemente brancos e estar livres do suor
e das emoções. Eis aí o triunfo da

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