Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Perito Judicial
MTE Nº 72/12345-0 – CREA SP Nº 1234567890
josé.silva@hotmail.com
LAUDO PERICIAL
Processo nº 001173-77.2017.5.15.0113
Origem: 5ª Vara do trabalho da Comarca de Ribeirão Preto
Autor: MOISES FRANCISCO NUNES
Réus: LATINA MANUTENCAO DE RODOVIAS LTDA
AUTOVIAS S/A
ARTERIS S.A
Sumário
1. IDENTIFICAÇÃO ...................................................................................................................... 3
2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ................................................................................... 3
3. DILIGÊNCIA .............................................................................................................................. 4
4. ATIVIDADE E LOCAL DE TRABALHO ................................................................................ 4
5. AGENTES INSALUBRES ....................................................................................................... 5
6. AGENTES PERICULOSOS.................................................................................................... 8
7. EPIs ............................................................................................................................................ 9
8. RESPOSTA AOS QUESITOS APRESENTADOS .............................................................. 9
9. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 14
1. IDENTIFICAÇÃO
Processo nº 001173-77.2017.5.15.0113
Origem: 5ª Vara do trabalho da Comarca de Ribeirão Preto
Objeto: Perícia Técnica (Insalubridade e/ou Periculosidade)
Autor: MOISES FRANCISCO NUNES
Réus: LATINA MANUTENCAO DE RODOVIAS LTDA
AUTOVIAS S/A
ARTERIS S.A
Assistentes técnicos do(s) reclamante(s): não indicado
Assistentes técnicos da(s) reclamada(s): José Ernesto da Costa Carvalho de Jesus
Everaldo Carlos de Campos
Antônio Luiz Gama Castro
2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O objetivo deste laudo é transcrever as informações obtidas e as observações feitas
durante a perícia realizada em
LATINA MANUTENÇÃO DE RODOVIAS LTDA
Avenida Thomaz Alberto Whately, n. 5205, Jardim Jóquei Clube, Ribeirão Preto,
SP
Onde verificamos o local, atividades e condições de trabalho do reclamante avaliando
de acordo com o disposto na Lei no 6.514, de 22 de dezembro de 1977 e Normas
Regulamentadoras (NR) aprovadas pela Portaria no 3.214 do Ministério do Trabalho
de 08 de junho de 1978, se este faz jus aos adicionais de periculosidade e/ou
insalubridade requisitados no período em que exerceu suas atividades na reclamada.
Alega o reclamante que “(...)durante o período contratual, o reclamante manteve
contato permanente com agentes nocivos a sua saúde, sobretudo, por estar exposto
a agentes físicos e químicos acima do limite de tolerância existentes no ambiente de
trabalho.
Além do ruído excessivo, o reclamante sempre trabalhou em ambiente externo onde
havia enorme carga solar, além do limite permitido (...)”
Alega a reclamada que “(...)não procedem as alegações do Reclamante. Isso porque
o mesmo no exercício de suas funções sempre dispunha de Equipamentos de
Proteção Individual aptos a inibir qualquer risco à sua saúde(...)
3. DILIGÊNCIA
A perícia ocorreu conforme anunciada previamente às partes no dia 07/08/2018, a
partir das 13:00 na sede da reclamada, sito à Avenida Thomaz Alberto Whately, n.
5205, Jardim Jóquei Clube, Ribeirão Preto, SP.
Estiveram presentes e acompanharam a perícia:
O reclamante, Sr. Moises Francisco Nunes e seu defensor, Dr. Rodrigo Eugenio
Zanirato
Da parte da reclamada, os assistentes técnicos Sr. José Ernesto da Costa Carvalho
de Jesus, Engenheiro de Segurança e Higienista Ocupacional, Sr. Everaldo Carlos
de Campos, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Sr. Antônio Luiz Gama Castro,
Engenheiro de Segurança do Trabalho, além do Sr. Nelson Freitas Souza, Gerente
de RH da primeira reclamada e o Dr. Ricardo De Arruda Soares Volpon, defensor da
reclamada.
O Sr. Luiz Sérgio Silva, Topógrafo da reclamada, paradigma.
5. AGENTES INSALUBRES
A CLT considera em seu artigo 189 que ”Serão consideradas atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição
aos seus efeitos” e em seu artigo 190 “O Ministério do Trabalho aprovará o quadro
das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos,
meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.”
A NR-15 – “Atividades e Operações Insalubres” – aprovadas pela Portaria nº
3.214/78, destaca a metodologia a ser empregada nas avaliações de insalubridade.
Os agentes insalubres descritos nessa norma, que apresentam limites de tolerância
são os agentes físicos previstos nos anexos 1, 2, 3 e 5, e os agentes químicos nos
anexos 11 e 12, agentes que quando detectados, para o enquadramento da atividade
insalubre torna-se necessária avaliação quantitativa para verificação se estes
encontram-se acima dos limites de tolerância. Também temos os agentes físicos
previstos nos anexos 7, 8, 9 e 10, comprovados através de inspeção do local de
trabalho e das atividades mencionadas no anexo 6, além das atividades mencionadas
que exponham os trabalhadores a agentes químicos previstos no anexo 13 e a
agentes biológicos previstos no anexo 14, constatados através de avaliação
qualitativa.
5.1. AGENTES QUÍMICOS
Nas atividades do reclamante não constatamos exposição permanente a agentes
químicos previstos nos Anexos 11, 12 e 13 da NR-15 capazes de caracterizar
insalubridade em suas atividades.
5.2. AGENTES BIOLÓGICOS
Nas atividades do reclamante não constatamos exposição permanente a agentes
biológicos previstos nos Anexos 14 da NR-15 capazes de caracterizar insalubridade
em suas atividades.
5.3. AGENTES FÍSICOS
5.3.1. AVALIAÇÃO PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE (ANEXO
1 DA NR-15)
Realizamos a avaliação dos níveis de ruído com uso de dosímetro marca CRIFFER,
modelo Sonus-2, cuja última calibração havia sido realizada em 25/05/18 por
laboratório acreditado pelo INMETRO e cadastrado à RBC (Rede Brasileira de
Calibração). As medições foram efetuadas na altura da zona auditiva do trabalhador
exposto (paradigma). O critério adotado foi o dB(A), isto é, equipamento operando no
circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW), para ruído contínuo
e intermitente, conforme prescreve o Anexo 1 da NR-15”.
O valor apurado foi de 80,40 dB.
Também foi avaliado o ruído a que o reclamante ficava exposto dentro do escritório
enquanto executa os cálculos e repassava os dados aos engenheiros da obra. O valor
apurado foi de 71,2dB.
Conforme o item 6 do anexo 1 da NR-15, “se durante a jornada de trabalho ocorrerem
dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser
considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes
frações:
𝐶1 𝐶2 𝐶3 𝐶𝑛
+ + +⋯
𝑇1 𝑇2 𝑇3 𝑇𝑛
exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.
Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível
de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível,
segundo o Quadro deste Anexo.”.
Como apurado em entrevista com o reclamante e o paradigma, eles chegam a
executar até 10 medições de aproximadamente 30 minutos, ou seja, 300 minutos que
correspondem a 6 horas. As duas horas restantes eles passam dentro do escritório
temporário montado ao lado da rodovia.
Portanto:
6 2
+ = 0,40625
16 64
A avalição do agente calor, IBUTG, foi realizada com termômetro de globo digital,
marca CRIFFER, modelo Protemp-4, composto de termômetros de globo (TG), de
bulbo úmido natural (TBN) e de bulbo seco (TBS) e calibrado em 10/04/18 por
laboratório acreditado pelo INMETRO e cadastrado à RBC (Rede Brasileira de
Calibração).
No anexo 3 da NR-15 as avaliações devem considerar o período mais desfavorável
do ciclo de trabalho em 60 minutos corridos. O instrumento foi ligado às 14 horas para
estabilização das temperaturas e horário da avaliação foi as 14h:30min.
Local avaliado TBN TG TBS IBUTG
Campo adjacente à Rodovia Anhanguera 25,2 46,5 33,8 30,3
Quadro 5.3.2.1 – Valores medidos e resultado do cálculo de IBUTG
Conforme o quadro 1 do anexo 3 da NR15, o valor máximo de IBUTG para uma
atividade leve em regime contínuo é de 30,0, portanto o valor obtido está acima do
limite de tolerância.
REGIME DE TRABALHO
INTERMITENTE COM DESCANSO NO
LEVE MODERADA PESADA
PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO
(por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a
acima de
adoção de acima de 32,2 acima de 31,1
30,0
medidas adequadas de controle
Quadro 5.3.2.2 – IBUTG máximo por regime de trabalho
5.3.3. OUTROS AGENTES INSALUBRES
O perito não encontrou evidências ou condições de exposição a ruído de impacto,
radiações ionizantes ou não ionizantes, condições hiperbáricas, vibração, frio,
umidade ou qualquer outro agente insalubre.
6. AGENTES PERICULOSOS
A periculosidade é definida no art. 193 da CLT: “São consideradas atividades e
operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do
trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato
permanente com:
I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II - Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial.”
Além destes pontos, a NR-16 destaca em seu artigo 1 que:
16.1 São consideradas atividades e operações perigosas as constantes dos Anexos
desta Norma Regulamentadora – NR
Até o fechamento deste laudo, os anexos constantes da NR-16 eram 6:
Anexo 1 – Atividades e Operações Perigosas com Explosivos;
Anexo 2 – Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis;
Anexo 3 – Atividades e Operações Perigosas com Exposição a Roubos ou Outras
Espécies de Violência Física (...);
Anexo 4 – Atividades e Operações Perigosas com Energia Elétrica;
Anexo 5 – Atividades Perigosas em Motocicleta e
Anexo (sem número) – Atividades e Operações Perigosas com radiações Ionizantes
ou Substâncias Radioativas.
Considera o perito, portanto, que o reclamante não esteve exposto a nenhuma
atividade periculosa.
7. EPIs
O item 6.6.1 da NR 06 declara que:
6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente
em matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros,
fichas ou sistema eletrônico.
O perito observou que foram juntadas aos autos cópias das fichas de entrega de EPI
pela reclamada, porém também notou que dentre todas as fichas há um único registro
de entrega de protetor auricular, além de não ter sido encontrada evidência de
orientação de uso ou treinamentos obre o uso dos EPIs ao reclamante. Também não
foram identificados os números CA (Certificado de Aprovação) de alguns EPIs
entregues ao reclamante.
9. CONCLUSÃO
Conforme a vistoria realizada pelo perito, foi constatado que o limite de tolerância
para exposição ao calor está sendo extrapolado, tornando a atividade do reclamante
insalubre em grau médio.
Quanto à exposição ao ruído, a perícia considera a atividade salubre, mas recomenda
que a reclamada forneça protetores auriculares para os trabalhadores atendendo ao
disposto nos itens 9.3.6.1 e 9.3.6.2 da NR-9.
Não foi constatada exposição a quaisquer outros agentes insalubres ou periculosos.
O perito põe-se à disposição das partes para esclarecimentos e quesitos
suplementares.