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Estratégica de Custos (isso lá pelos anos entre 1991 a 2003), ouvi muito e em muitas
ocasiões que "eliminar atividades que não agregam valor é a única forma de reduzir
custos e assegurar processos enxutos". Como aprendi a desconfiar de qualquer receita
vista como "a única solução", comecei a perguntar aos "gurus" desse evangelho o que
eram as tais "atividades que não agregam valor". Fiquei chocado com as respostas
evasivas que eles me davam. Resolvi, então, estudar o tema. Desses estudos acabei
chegando a uma conclusão: A discriminação das atividades em atividades que agregam
valor e atividades que não agregam valor é ingênua e inconsequente, não tendo,
portanto, nenhuma utilidade para orientar ações inteligentes cujo objetivo seja
melhorar a qualidade dos processos ou a eficiência da utilização de recursos
organizacionais.
Em vez de desperdiçar tempo e talentos em discriminar as atividades em agregadoras de
valor ou não, o mais adequado é analisar todas as atividades a partir de considerações
sobre inutilização de recursos.
Nota:
Esse texto foi elaborado em 2003, posteriormente publicado e m 06/01/2016 no
Linkedin Pulse https://www.linkedin.com/pulse/o-que-agrega-valor-n%C3%A3o-
andre-ambrosio-abramczuk .
1
A expressão definição operacional tem origem nas ideias enunciadas em 1914 pelo
cientista britânico Percy W. Bridgman. Uma definição operacional é a descrição de
algo em termos de um processo específico ou de um conjunto de testes de validação
para determinar a existência e a quantidade deste algo. As propriedades de um objeto
descritas desta maneira devem ser acessíveis, de modo que um número indeterminado
de pessoas possa repetir independentemente e à vontade o processo ou os testes de
validação. Apesar das controvérsias filosóficas suscitadas pelas ideias de Bridgman, a
noção de definição operacional tem grande utilidade prática. Em seus escritos sobre
qualidade, por exemplo, W. Edwards Deming dá especial importância à utilização da
definição operacional em todos os acordos e contratos de negócios. É de Deming a
ideia de que uma definição operacional é um procedimento com o qual as partes
envolvidas e afetadas concordam como forma de traduzir um conceito em mensuração
de alguma natureza (V. pág.s 276-296 de DEMING, W. E. Out of the
crisis. Cambridge, MA: MIT Center for Advanced Engineering Study, 1986). Embora
a definição operacional sirva na prática para traduzir um conceito em mensuração de
alguma natureza (por exemplo, ‘barra de aço chata’ em ‘barra de aço com secção
transversal retangular com 7 mm de espessura e 59 mm de largura’), a recíproca nem
sempre é verdadeira: de uma definição operacional não decorre necessariamente um
conceito. Uma receita de bolo é exemplo de definição operacional de um bolo, mas
uma criança não estrutura um conceito de bolo a partir da leitura de receitas de
diferentes bolos.
2
As ideias seminais sobre o método de custeio por atividades se encontram em
KAPLAN, R. S.; BRUNS, W. J. Accounting and management: a field study
perspective. Boston, MA: Harvard Business School Press, 1987.
3
O desperdício nas atividades empresariais se constituiu em objeto de atenção desde os
primórdios da Revolução Industrial, atenção que se tornou mais intensa a partir de
1911 com a disseminação das ideias de Frederick W. Taylor. Ver, por exemplo, as
ideias sobre desperdício de recursos materiais e de tempo apresentadas por Henry Ford
em FORD, H. Today and tomorrow (special edition of Ford’s 1926
classic). Portland, OR: Productivity Press, 1988.
4
OHNO, T. O sistema Toyota de produção: além da produção em larga
escala [Toyota production system: beyond large-scale production, 1988]. Trad.
Cristina Schumacher. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1997.
5
A EAV é objeto de vasta bibliografia (Ver
<https://en.wikipedia.org/wiki/Value_engineering>. Ver também um excelente artigo
em <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/287>). Eu
mesmo escrevi um livro a respeito: ABRAMCZUK, A. A. Engenharia e análise do
valor para cientistas, empresários e cia. São Paulo, SP: Scortecci, 2005.