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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

"Mediunidade na Umbanda" – EAD – Curso Virtual


Desenvolvido e Ministrado por Rodrigo Queiroz

Texto 87

Abaixo, apenas como curiosidade, algumas passagens do Malleus Malleficarum – O Martelo das
Feiticeiras, que durante quatro séculos foi o manual oficial da inquisição, escrito em 1484 por Heinrich Kramer
e James Sprenger. Mais de 100 mil mulheres foram torturadas e mortas tendo como “bula” passagens deste
“código da inquisição”. Porque há coisas que não devemos esquecer, não para culpar eternamente os
inquisidores, mas como lição do que um extremismo levado às últimas consequências pode produzir no seio do
que chamamos raça humana.
Alexandre Cumino

Malleus Maleficarum
“A categoria das bruxas é das Pitonisas – pessoas em quem e pelas quais o diabo ora fala, ora realiza
operações incríveis. É essa a primeira categoria. Já os Feiticeiros têm categoria própria, distinta da primeira.
E, como essas pessoas muito diferem entre si, incorreto seria incluí-las todas na categoria em que tantas
outras o são. O Cânon, apesar de fazer menção explícita a certas mulheres, não se pronuncia de forma tão
extensa a respeito de bruxas; estão, portanto, completamente enganados os que, por isso, veem no texto
canônico referência apenas a viagens imaginárias e ao ir e vir no próprio corpo, e também os que reduzem
toda a sorte de superstições a fenômenos ilusórios: assim como aquelas mulheres são transportadas em sua
imaginação, as bruxas o são de fato – corporeamente. E aos que insistem em inferir dessas passagens que os
efeitos das bruxarias – certas doenças e enfermidades – são puramente imaginários, basta dizer que erram
completa e notoriamente em sua interpretação.”
“Eis o segundo: Não obstante pensarem, as mulheres mencionadas em parágrafo anterior, que cavalgam
(como pensam e dizem) ao lado de Diana ou de Heródias, estão elas, na realidade, a cavalgar com o diabo,
que, tendo adotado um nome pagão, lhes faz recair todo o seu encanto.”
“Os demônios, pelo seu engenho, produzem efeitos maléficos através da bruxaria, apesar de ser verdade
não conseguirem criar qualquer forma sem o auxílio de algum outro agente, seja essa forma circunstancial ou
substancial, e não sustentamos que consigam infligir danos físicos sem o auxílio de certos agentes. Mas, com a
devida ajuda, conseguem provocar doenças e toda a sorte de sofrimento e de padecimento humanos, reais e
verdadeiros. De que modo as bruxas (em cooperação com os demônios) empregam tais agentes e os tornam
eficazes é questão de ser esclarecida nos capítulos seguintes.” (Esse parágrafo do tópico Se Há de Ser Heresia
Sustentar que as Bruxas Existem tem como objetivo demonstrar que muitos dos conhecimentos sobre
Astrologia e Herbologia, tidos como verdadeiros por grande parte do clero no que chamava de “Unidade O
culta de Deus na Natureza”, na verdade é arte dos demos.)
“E está de acordo com a Fé Católica sustentar que os demônios cooperam intimamente com as bruxas
para realizarem certos prodígios, ou se um sem as outras – ou seja, os demônios sem as bruxas ou vice-versa – é
capaz de realizá-los.” (QUESTÃO II)
“Com relação à época em que essa superstição maligna, a bruxaria, surgiu havemos primeiro de
distinguir os adoradores dos demônio dos meramente idólatras. Vicent de Beauvais, em seu Speculum
Historiale, citando muitos autores eruditos, professa ter sido Zoroastro o primeiro a praticar as artes mágicas e
a astrologia. Zoroastro, conhecido como Chem ou Cham, o filho de Noé. Segundo S. Agostinho na sua obra De
Ciutate Dei, Cham, ao nascer, riu às gargalhadas, provando assim ser um servo do diabo, e embora se tenha
transformado em grande e poderoso rei, foi destronado por Ninus, o filho de Belus, que construiu Nínive e cujo
reinado deu origem ao império da Assíria no tempo de Abraão. (QUESTÃO II)
“A bruxaria se inclui no segundo tipo de superstição – no da Advinhação – porque nela se invoca o diabo,
expressamente. Aí se encontram ainda três outros tipos de superstição: a Necromancia, a Astrologia (ou
Astromancia) e a Oneiromancia (a observação supersticiosa dos astros).” (QUESTÃO II)

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“Com relação ao quarto argumento, decerto é verdade que o diabo só se utiliza das bruxas para causar-
lhes a sua própria destruição. Deduzir-se daí, porém, que as bruxas não devem ser punidas, por serem meros
instrumentos que não agem por sua própria vontade, mas sim pela vontade e prazer de seu mandante
principal, é conclusão a ser refutada: são instrumentos humanos e agentes livres (...)” (QUESTÃO II)
“Na Necromancia há sempre a invocação expressa e particular de demônios, pois é atividade que implica
pacto e contrato expresso com tais criaturas. Prossigamos, portanto, considerando só a Astrologia. Na
Astrologia não há pacto com o diabo e, logo, não se invocam demônios: só por acaso há algum tipo de
invocação tácita, já que figuras diabólicas e seus nomes por vezes aparecem em Mapas Astrológicos. Por outro
lado, os sinais Necromânticos são escritos sob a influência de certos astros com a finalidade de se opor aos
efeitos de outros corpos celestes.” (QUESTÃO II. Esse parágrafo tem como finalidade distinguir as artes
mágicas mais ou menos demoníacas, todas são, mas as que invocam seriam piores...)
“É preciso observar especialmente que essa heresia – a da bruxaria – difere de todas as demais porque
nela não se faz apenas um pacto tácito com o diabo, e sim um pacto perfeitamente definido e explícito que
ultraja o Criador e quem tem por meta profaná-lo ao extremo e atingir suas criaturas. Pois que em todas as
demais heresias não há pacto com o demônio, seja tácito ou explícito, embora seus erros e suas falsas
doutrinas sejam diretamente atribuídos ao Pai dos erros e das mentiras. Ademais, a bruxaria difere de todas as
outras artes maléficas e misteriosas pelo fato de que, de todas as superstições, é a mais vil, a mais maléfica, a
mais hedionda – seu nome latino, maleficium, significa exatamente praticar o mal e blasfemar a fé
verdadeira.”

Por que a Superstição é encontrada principalmente em Mulheres

“Alguns homens propõem o seguinte motivo. Existem três coisas na natureza – as Línguas, os Eclesiásticos
e as Mulheres – que, seja na bondade, seja no vício, não conhecem moderação; e quando ultrapassam os
limites de sua condição atingem as maiores alturas na bondade e as mais fundas profundezas no vício. Quando
governadas por espíritos do bem, atingem o acme da virtude; mas quando governadas por espíritos do mal, se
comprazem nos piores vícios possíveis.”
“A segunda razão é que as mulheres são, por natureza, mais impressionáveis e mais propensas a
receberem a influência do espírito descorporificado; e quando se utilizam com correção dessa qualidade
tornam-se virtuosíssimas, mas quando a utilizam para o mal se tornam absolutamente malignas.”
“A terceira razão é que, possuidoras de língua traiçoeira, não se abstêm de contar às suas amigas tudo o
que aprendem através das artes do mal; e, por serem fracas, encontram modo fácil e secreto de se
justificarem através da bruxaria. Ver a passagem do Eclesiástico, já mencionada: „É melhor viver com um leão
ou um dragão que morar com uma mulher maldosa‟. Toda a malícia é leve comparada com a malícia de uma
mulher.”
“Mas a razão natural está em que a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas
muitas abominações carnais.”
“A causa mais poderosa a contribuir para o crescimento da bruxaria reside na rivalidade deplorável entre
pessoas casadas e solteiras, homens e mulheres. Se isso já ocorre entre as mulheres devotas e santas, o que
dizer entre as demais? Basta consultar o Gênese, 21.
“Em virtude da deficiência original em sua inteligência, são mais propensas a abjurarem a fé, por causa
falha secundária em seus afetos e paixões desordenados também almejam, fomentam e infligem vinganças
várias, seja por bruxaria, seja por outros meios. Pelo que não surpreende que tantas bruxas sejam desse sexo.”
“Se perquirirmos devidamente vamos descobrir que quase todos os reinos do mundo foram derrubados
por mulheres. Tróia, a cidade próspera, foi, pelo rapto de uma mulher, Helena, destruída e, assim,
assassinados milhares de gregos. O reino dos judeus padeceu de muitos flagelos e de muita destruição por
causa de Jezebel, a maldita, e de sua filha Atália, rainha de Judá, que causou a morte dos filhos de seu filho
para que pudesse reinar, e cada um deles foi assassinado. O império romano sofreu penosamente nas mãos de
Cleópatra, a Rainha do Egito, a pior de todas as mulheres. E assim com muitas outras. Portanto, não admira
que hoje o mundo padeça em sofrimentos pela malícia das mulheres.”
“Como dizia Cato de Utica: „Se pudéssemos livrar o mundo das mulheres, não ficaríamos afastados de
Deus durante o coito. Pois que, verdadeiramente, sem a perversidade das mulheres, para não falar da
bruxaria, o mundo ainda permaneceria à prova de inumeráveis perigos‟.”
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“Consideremos também o seu andar, a sua postura e o seu hábito, onde reside a vaidade das vaidades.
Não há homem no mundo que tanto se dedique aos seus estudos para agradar a Deus quanto uma mulher se
dedica a suas vaidades para agradar aos homens.”
“Toda bruxaria tem origem na cobiça carnal, insaciável das mulheres. Ver Provérbios 30: „Há três coisas
insaciáveis, quatro mesmo que nunca dizem: Basta!‟ A Quarta é a boca do útero, pelo que, para saciarem sua
lascívia, copulam até mesmo com demônios.”

Qual tipo de Mulher que se entrega, mais que todas as outras, à Superstição e à Bruxaria.
“...três parecem ser os vícios que exercem um domínio especial sobre as mulheres perversas, quais
sejam, a infidelidade, a ambição e a luxúria. São estas, portanto, mais inclinadas que as outras à bruxaria, por
mais se entregarem a tais vícios. Como desses três vícios predomina o último, por serem as mulheres
insaciáveis etc., conclui-se que, dentre as mulheres ambiciosas, as mais profundamente contaminadas são as
que mais ardentemente tentam saciar a sua lascívia obscena: as adúlteras, as fornicadoras e as concubinas dos
poderosos.”
“Existem, conforme se lê na Bula Papal, sete métodos pelos quais elas contaminam, através da bruxaria,
o ato venéreo e a concepção; primeiro: fomentando no pensamento dos homens a paixão desregrada; segundo:
obstruindo a sua força geradora; terceiro, removendo-lhes o membro que serve ao ato; quarto, transmutando-
os em bestas pela sua magia; quinto, destruindo a força geradora das mulheres; sexto, provocando o aborto;
sétimo, oferecendo, em sacrifício, crianças aos demônios, além de outros animais e frutas da terra, com o que
causam enormes males.”

QUESTÃO XV
Do Prosseguimento da Tortura, e dos Meios e Sinais pelos quais o Juiz é capaz de Identificar uma
Bruxa; e da maneira pela qual poderá se Proteger de seus malefícios. E também de que modo devem ser
Raspados os Pêlos daquelas Partes em que costumam Ocultar as Máscaras e os Símbolos do Demônio, além do
devido estabelecimento dos Vários Meios de Vencer-lhes a Obstinação em Manter o Silêncio e a Recusa da
Confissão. Eis a Décima Ação.
“Se deseja saber se a acusada possui o poder maléfico de preservar o silêncio, que repare se ela é capaz
de soltar lágrimas ao ficar em sua presença, ou quando estiver sendo torturada. Pois aprendemos tanto pelas
palavras de velhos sábios quanto pela própria experiência que este é sinal quase inequívoco: verifica-se que
mesmo quando a acusada é premida e exortada por conjurações solenes a derramar lágrimas, se for de fato
uma bruxa não vai chorar, não obstante assuma um aspecto choroso e molhe as bochechas e os olhos com
saliva para dar a impressão de lacrimejamento (....) O motivo da incapacidade de lágrimas talvez esteja no
fato de que a graça das lágrimas é um dos principais dons concedidos ao penitente.”
“Uma segunda precaução deverá ser observada, não só nesse momento mas durante todo o processo,
pelo Juiz e por todos os seus assessores, a saber, que não devem se deixar tocar fisicamente pela bruxa.
Devem evitar sobretudo qualquer contato com os braços nus ou com as mãos; devem ademais sempre trazer
consigo um pouco de sal consagrado em Domingo de Ramos e algumas Ervas Consagradas. (....) Mas que não se
pense que o contato físico com as juntas e com os membros seja a única coisa a ser evitada; às vezes, com a
permissão de Deus, e com o auxílio do demônio, elas são capazes de enfeitiçar o Juiz ao mero som das palavras
que dizem, especialmente no momento em que são submetidas à tortura.”
“A terceira precaução a ser observada nesta décima etapa é que os pêlos e os cabelos devem ser
raspados de todo o seu corpo. A razão para isso é a mesma porque se deve tirar-lhes as roupas, que já
mencionamos; pois para conservarem o poder do silêncio têm o hábito de esconder objetos supersticiosos nas
roupas e nos cabelos, até mesmo nas partes mais secretas do corpo, cujo nome não nos atrevemos a
mencionar. Ora, nos domínios da Germânia, a raspagem dos pêlos, sobretudo das partes íntimas, é conduta
considerada indecorosa, e, portanto nós inquisidores não a empregamos; mas costumamos raspar-lhes os
cabelos e também, depois de colocar um pedaço de Cera Consagrada numa xícara com Água Benta, invocando
a Santíssima Trindade, damos-lhes dessa água para beber três vezes, de estômago vazio, e pela graça de Deus
temos conseguido que muitas rompam o silêncio. Mas em outros países os Inquisidores ordenam a raspagem de
todos os pêlos do corpo. O Inquisidor de Como nos informou que no ano passado, ou seja, 1485, mandou
quarenta e uma bruxas para a fogueira, depois de terem tido todos os pêlos completamente raspados.”

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